universidade do vale do paraíba instituto de pesquisa e ......aos meus pacientes de caçapava, do...

77
Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IP&D Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia TAMIRES DE SOUZA MOREIRA PRIANTI MÉTODO PILATES x WATER PILATES NO ALINHAMENTO POSTURAL E SUA RELAÇÃO COM A CAPACIDADE RESPIRATÓRIA E FUNCIONALIDADE DE PESSOAS COM HEMIPARESIA ESPÁSTICA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO RANDOMIZADO São José dos Campos - SP 2015

Upload: others

Post on 02-Mar-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  

Universidade do Vale do Paraíba

Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IP&D

Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia

TAMIRES DE SOUZA MOREIRA PRIANTI

MÉTODO PILATES x WATER PILATES NO ALINHAMENTO POSTURAL E SUA

RELAÇÃO COM A CAPACIDADE RESPIRATÓRIA E FUNCIONALIDADE DE

PESSOAS COM HEMIPARESIA ESPÁSTICA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO

RANDOMIZADO

São José dos Campos - SP

2015

  

TAMIRES DE SOUZA MOREIRA PRIANTI

MÉTODO PILATES x WATER PILATES NO ALINHAMENTO POSTURAL E SUA

RELAÇÃO COM A CAPACIDADE RESPIRATÓRIA E FUNCIONALIDADE DE

PESSOAS COM HEMIPARESIA ESPÁSTICA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO

RANDOMIZADO

São José dos Campos - SP

2015

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós Graduação em Bioengenharia, como

complementação dos créditos necessários para

obtenção do título de Mestre em Bioengenharia.

Orientadora: Prof. Dra. Fernanda Pupio Silva

Lima.

  

FICHA CATALOGRÁFICA

Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial

desta dissertação, por processos fotocopiadores ou transmissão eletrônica, desde que citada à

fonte.

Assinatura do aluno:

Data da defesa:

  

TAMIRES DE SOUZA MOREIRA PRIANTI

MÉTODO PILATES x WATER PILATES NO ALINHAMENTO POSTURAL E SUA

RELAÇÃO COM A CAPACIDADE RESPIRATÓRIA E FUNCIONALIDADE DE

PORTADORES DE HEMIPARESIA ESPÁSTICA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO

RANDOMIZADO

Dissertação de mestrado aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em

Bioengenharia, do Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e

Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela

seguinte banca examinadora:

Presidente: Prof. Dr. PAULO ROXO BARJA (UNIVAP)_______________________

Orientador: Prof. Dra. FERNANDA PUPIO SILVA LIMA (UNIVAP)____________

Membro externo: Prof. Dr. PAULO ROBERTO GARCIA LUCARELI (UNINOVE)

_____________________________________________________________________

Profa. Dra. Sandra Maria Fonseca da Costa

Diretora do IP&D – Univap

São José dos Campos, 12 de Março de 2015.

  

AGRADECIMENTOS

 

Primeiramente, agradeço àquele sem o qual eu não estaria aqui: DEUS. Ao final dessa etapa da minha vida, posso olhar 

para trás e ver a mão dEle presente em cada etapa, me capacitando, me sustentando, sendo meu provedor. Sou grata por 

Ele ter me escolhido e me chamar de filha. Minha vida é Tua, Senhor! Que seja tudo sempre para Tua glória!! 

Ao melhor presente que Deus me deu... meu marido, meu amigo, meu co‐orientador em tantos momentos...rs, Bruno 

Prianti. Não sei como teria conseguido sem você. Ser sua companheira de turma e de vida tornou a jornada muito mais fácil. 

Obrigada pela ajuda, pelo carinho, pelo olhar amoroso dizendo que tudo ia dar certo! Te amo meu anjo.. pra sempre! 

Aos meus pais, Benedito e Ana, que nunca mediram esforços para me ajudar, sempre incentivando e intercedendo por 

mim. Devo a vocês muito do que sou. Essa vitória não é só minha, é nossa! Amo vocês daqui até o infinito.. um monte de 

vezes! 

A minha família como um todo, que sempre torceram e oraram por mim. Em especial as minhas irmãs, Tatiane e Taise; 

meus cunhados Claudir e Sidney e a aos meus amores, os meus sobrinhos: Manuella, Milena e Joaquim.  

Aos meus sogros, Francisco e Maria, que me ajudaram e me apoiaram como se fosse sua filha. Obrigada por permitir que eu 

faça parte da família de vocês! 

A minha orientadora, Profª. Fernanda Pupio Silva Lima por ter contribuído para o meu sucesso e crescimento pessoal. 

Ao Prof. Paulo Barja por todo apoio dedicado a essa pesquisa. 

Aos amigos, Izabela e Felipe, Marina e Claudinho, Evelina e Nilton. De perto ou de longe, vocês sempre deram um jeito de 

me animar, de torcer, de me ajudar. A amizade de vocês fez essa caminhada ficar mais leve...rs. 

A grandes mestres que passaram na minha vida acadêmica e de alguma forma me incentivaram a chegar até aqui e ser 

uma profissional melhor: Prof. Sérgio Takeshi, Profª Renata Amadei, Profº Rodrigo Silva.

  

Aos membros do LERSM que dividiram suas opiniões e conhecimento, sendo de grande ajuda para elaboração desse 

trabalho, além de toda descontração durante esses dois anos. Agradeço em especial a aluna Juliana Rosa que me auxiliou 

na coleta de vários pacientes. Obrigada, Ju! 

Aos queridos voluntários dessa pesquisa, o trabalho seria impossível sem a participação de vocês. Obrigada pela 

colaboração com esse trabalho e por permitir que eu conhecesse a história de vocês e de alguma forma contribuísse para sua 

melhor reabilitação. Que Deus os abençoe grandemente. 

Aos meus pacientes de Caçapava, do Stúdio Due Pilates, pela enorme colaboração e apoio. Vocês foram essenciais para que 

concluísse esse mestrado. Obrigada por entenderem as trocas de horários, por torcerem por mim e me apoiarem. 

A Fundação Valeparaibana de Ensino, pelo incentivo e bolsa de estudo concedida, contribuindo para a realização deste 

estudo. 

 

Que Deus abençoe ricamente a vida de vocês!!! Muito obrigada! 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém!” 

(Romanos 11.36) 

  

RESUMO

A hemiparesia espástica promove um desequilíbrio da atividade dos músculos que controlam o tronco, o que afeta a capacidade de manter o controle postural. A postura incorreta, além de interferir na autoconfiança, dificulta a eficiência do ciclo respiratório, alterando a capacidade respiratória desses indivíduos. O Método Pilates mostra-se eficaz na melhora da postura, mas há poucos estudos com pacientes neurológicos. A inovação dos recursos terapêuticos utilizados em indivíduos que sofreram o AVE é de fundamental importância, considerando que muitas sequelas instalam-se de forma definitiva e crônica. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficácia do tratamento com o Método Pilates, realizado no solo e na piscina terapêutica, no alinhamento postural e sua relação com a capacidade respiratória e funcionalidade de membros superiores em portadores de hemiparesia espástica. Realizou-se um estudo clínico, longitudinal do tipo experimental constituído por 12 indivíduos, com idade média de 56,5 anos, divididos em dois grupos: Grupo Pilates Solo (GPS), constituído de 6 indivíduos que realizaram o Pilates no solo e Grupo Water Pilates (GWP), onde 6 indivíduos realizaram os exercícios na piscina terapêutica. Antes e após tratamento foram avaliados atividade elétrica dos músculos posturais, a força dos músculos da região escapular, a postura em ortostatismo, a capacidade respiratória e a funcionalidade de membros superiores. Realizaram-se dez atendimentos, de 40 minutos cada, constituídos por exercícios baseados no Método Pilates. Os resultados mostraram que ambos os grupos obtiveram melhora no alinhamento postural, aumento da atividade mioelétrica e da força dos músculos da região escapular, além de melhora da funcionalidade. Somente o Grupo Pilates Solo promoveu melhora significativa da capacidade inspiratória (p= 0,0072). Ao comparar a eficiência das técnicas, o Grupo Pilates Solo apresentou-se mais eficaz apenas na melhora da capacidade respiratória (p= 0,0001). Concluiu-se então que o Método Pilates foi eficaz nas situações descritas para tratar o alinhamento postural de indivíduos com hemiparesia e melhorar sua funcionalidade de membros superiores, independente do ambiente que ele seja realizado, porém para a capacidade respiratória, o Pilates realizado no solo mostrou melhores resultados. Palavras-chave: Hemiparesia. Pilates. Postura. Capacidade Respiratória. Funcionalidade.

  

ABSTRACT

Pilates method x water pilates in posture alignment and its relation to the respiratory capacity and functionality for people with spastic hemiparesis: randomized controlled

clinical trial.

Spastic hemiparesis promotes an imbalance of activity of the muscles that control the trunk, which affects the ability to maintain postural control. Incorrect posture interfere with the self-confidence, hinders the efficiency of the respiratory cycle, changing the respiratory capacity of these individuals. The Pilates method is effective in improving posture, but there are few studies with neurological patients. The innovation of therapeutic resources used in individuals who have suffered a stroke is extremely important, considering that many sequels install in permanent and chronic form. Thus, the aim of this study was to evaluate the efficacy of the Pilates Method, held in soil and therapy pool, postural alignment and its relationship with respiratory capacity and functionality of the upper limbs in patients with spastic hemiparesis. We conducted a clinical, longitudinal study of experimental type consisting of 12 subjects with a mean age of 56.5 years, divided into two groups: Group Mat Pilates, consisting of 6 subjects who underwent the Pilates on the ground and Group Water Pilates, where six subjects performed the exercises in the therapy pool. Before and after treatment were evaluated electrical activity of postural muscles, the strength of the muscles of the scapular region, posture while standing upright, breathing capacity and functionality of the upper limbs. There were ten sessions, 40 minutes each, consisting of exercises based on the Pilates Method. The results showed that both groups improved postural alignment, increased myoelectric activity and muscle strength of the scapular region, in addition to improved functionality. Only the Solo Pilates Group substantially increased inspiratory capacity (p = 0.0072). When comparing the efficiency of techniques, Solo Pilates Group presented a more effective only in improving respiratory capacity (p = 0.0001). It was therefore concluded that the Pilates method was effective in the situations described to treat postural alignment of individuals with hemiparesis and improve functionality of the upper limbs, regardless of the environment that it is carried out, but for the respiratory capacity, Pilates held in the soil showed best results. Keywords: Hemiparesis. Pilates. Posture. Breathing Capacity. Functionality.

  

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Ilustração de um AVE isquêmico. ........................................................................... 17 Figura 2 - Ilustração de um AVE hemorrágico. ....................................................................... 17 Figura 3 - Principais artérias cerebrais como aparecem na base do encéfalo.ebrais como aparecem na base do encéfalo. ................................................................................................. 18 Figura 4 - Indivíduo posicionado nas quatro vistas para realização da fotogrametria. ............ 31 Figura 5 - Equipamentos utilizados para instrumentação: eletromiógrafo e seus respectivos acessórios (eletrodos, cabos, eletrodo de referência) e dinamômetro escapular. ..................... 32 Figura 6 - Ponto motor dos músculos segundo o protocolos Surface-EMG for the non invasive assessment of muscle (SENIAM). ............................................................................................ 33 Figura 7 - Indivíduo durante a coleta da eletromiografia dos músculos posturais. .................. 33 Figura 8 - Representação dos sinais obtidos de eletromiografia de superfície. (A) trapézio médio direito; (B) trapézio médio esquerdo; (C) eretor da espinha direito; (D) eretor da espinha esquerdo; (E) reto abdominal direito; (F) reto abdominal esquerdo. .......................... 34 Figura 9 - Representação do sinal obtido por meio do dinamômetro escapular....................... 35 Figura 10 - Equipamento de espirometria utilizado, junto ao clipe nasal e bucal descartável. 36 Figura 11 - Indivíduo realizando a coleta da espirometria. ...................................................... 37 Figura 12 - Indivíduo realizando o fortalecimento de glúteo máximo em decúbito dorsal. ..... 39 Figura 13 -Indivíduo realizando o fortalecimento de trapézio médio e rombóides em sedestaçãoFigura 13 - Indivíduo realizando o fortalecimento de trapézio médio e rombóides em sedestação. .......................................................................................................................... 39 Figura 14 - Indivíduo realizando alongamento ativo de cadeia posterior de membros inferiores em ortostatismo. ....................................................................................................................... 40 Figura 15 - Participante do Grupo Water Pilates realizando fortalecimento de reto abdominal. .................................................................................................................................................. 41 Figura 16 - Participante do Grupo Water Pilates realizando fortalecimento glúteo máximo em ortostatismo. ............................................................................................................................. 41 Figura 17 - Participante do Grupo Water Pilates realizando alongamento de cadeia posterior de membros inferiores em ortostatismo ................................................................................... 42 Figura 18 - Comparação da atividade mioelétrica do trapézio fibras médias, antes e depois do tratamento, no hemicorpo espástico (A) e sadio (B) respectivamente, em ambos os grupos. . 47 Figura 19 - Comparação da atividade mioelétrica dos eretores da espinha, antes e depois do tratamento, no hemicorpo espástico (A) e sadio (B) respectivamente, em ambos os grupos. . 48 Figura 20 - Comparação da atividade mioelétrica do reto abdominal, antes e depois do tratamento, no hemicorpo espástico (A) e sadio (B) respectivamente, em ambos os grupos. 49 Figura 21 - Comparação do percentual de melhora da atividade eletromiográfica de cada musculatura analisada, entre os grupos: trapézio médio (A), eretores da espinha (B) e reto abdominal (C). .......................................................................................................................... 50 Figura 22 - Dinamometria escapular, antes e após o tratamento no GPS e GWP respectivamente. ....................................................................................................................... 51 Figura 23 - Comparação do percentual de melhora da força muscular entre os grupos. .......... 51 Figura 24 - Score obtido na função motora antes e depois do tratamento, no GPS e GWP respectivamente ........................................................................................................................ 52 Figura 25 - Score obtido no item ‘movimento articular passivo’, antes e depois do tratamento no GPS e GWP respectivamente. ............................................................................................. 52 Figura 26 - Comparação do percentual de melhora do item ‘função motora’ e ‘movimento articular passivo’ da Escala de Fugl Meyer entre os grupos. ................................................... 53 Figura 27 - Comparação do volume de reserva inspiratório antes e depois do tratamento. ..... 53

  

Figura 28 - Comparação da capacidade inspiratória antes e depois do tratamento. ................. 54 Figura 29 - Comparação da frequência respiratória antes e depois do tratamento. .................. 54 Figura 30 - Comparação da frequência respiratória antes e depois do tratamento. .................. 55 Figura 31 - Comparação do percentual de melhora do ‘volume de reserva inspiratório’ e ‘capacidade inspiratória’ entre os grupos. ................................................................................ 55  

  

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Médias e desvios padrão das medidas da avaliação postural nas vistas anterior, posterior e lateral direita, antes e após o tratamento do Grupo Pilates Solo (GPS) ................. 45

Tabela 2 - Médias e desvios padrão das medidas da avaliação postural nas vistas anterior, posterior e lateral direita, antes e após o tratamento do Grupo Water Pilates (GWP) ............. 46

  

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

AVD’s – Atividades de Vida Diária

AVE – Acidentes Vascular Encefálico

CAAE – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

C3 – Terceira Vértebra Cervical

EFM – Escala de Avaliação de Fugl-Meyer

EIAS – Espinha Ilíaca Antero-Superior

EMG – Eletromiografia de Superfície

et al. - e outros

IP&D – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento

MMII – Membros Inferiores

MMSS – Membros Superiores

OMS – Organização Mundial da Saúde

RMS – Root Mean Square

SAPO – Software de Avaliação Postural

SENIAM - Surface-EMG for the Non Invasive Assessment of Muscle

SNC – Sistema Nervoso Central

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

T3 – Terceira Vértebra Torácica

UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba

WHO -World Health Organization

  

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 16 2.1 Acidente Vascular Encefálico ................................................................................. 16 2.2 Complicações clínicas .............................................................................................. 19 2.2.1 Alteração Postural ................................................................................................. 19 2.2.2 Comprometimento Respiratório ............................................................................ 21 2.2.3 Alteração da função motora .................................................................................. 23 2.3 Tratamento Fisioterapêutico ................................................................................... 24 2.3.1 Pilates .................................................................................................................... 24 2.3.2 Water Pilates ......................................................................................................... 26 3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 27 3.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 27 3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 27 4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 28 4.1 Aspectos éticos ......................................................................................................... 28 4.2 Caracterização do estudo ......................................................................................... 28 4.3 Caracterização da amostra ...................................................................................... 28 4.4 Local e data da realização do estudo ...................................................................... 29 4.5 Protocolo de pesquisa .............................................................................................. 29 4.6 Instrumentos de avaliação ....................................................................................... 30 4.6.1 Escala de Funcionalidade de Fugl-Meyer ............................................................ 30 4.6.2 Fotogrametria ........................................................................................................ 30 4.6.3 Eletromiografia de Superfície ............................................................................... 31 4.6.4 Dinamometria Escapular ...................................................................................... 34 4.6.5 Espirometria .......................................................................................................... 35 4.7 Protocolos de Intervenção ....................................................................................... 37 4.7.1 Protocolo de tratamento – Grupo Pilates Solo (GPS) .......................................... 38 4.7.2 Protocolo de tratamento – Grupo Water Pilates (GWP) ...................................... 40 4.8 Análise estatística .................................................................................................... 42 5 RESULTADOS .......................................................................................................... 44 5.1 Resultados da fotogrametria ................................................................................... 44 5.2 Resultados da atividade elétrica muscular ............................................................. 47 5.3 Resultados da dinamometria escapular .................................................................. 50 5.4 Resultados da funcionalidade – Escala de Fugl Meyer Adaptada ........................ 51 5.5 Resultados da espirometria ..................................................................................... 53 6 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 56 7 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 60 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO . 67 ANEXO I – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA ............................................ 71 ANEXO II – REGISTRO CLINICAL TRIALS ........................................................ 72 ANEXO III – ESCALA DE FUNCIONALIDADE DE FUGL MEYER ADAPTADA...................................................................................................................73 ANEXO IV - MARCAÇÃO DE REFERÊNCIAS ANATÔMICAS PELO PROTOCOLO DO SOFTWARE PARA AVALIAÇÃO POSTURAL – SAPO - V.0.68, NAS VISTAS ANTERIOR, POSTERIOR E LATERAIS (DIREITA E ESQUERDA)..................................................................................................................76

14  

1 INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) resulta da restrição na irrigação sanguínea ao

cérebro, causando lesão celular e danos às funções neurológicas. Ele pode ser de origem

isquêmica ou hemorrágica. Dentre suas principais causas estão a hipertensão arterial,

hiperlipidemia, malformação dos vasos sanguíneos, tumores cerebrais, entre outras condições

(NILANONT et al., 2014; TSAI et al., 2014).

A sequela mais comum após um AVE é a hemiparesia, onde os músculos apresentam-se

paréticos e com isso há uma perda importante da atividade seletiva nos músculos que

controlam o tronco, levando esses indivíduos a manterem-se em uma posição de assimetria

postural, com distribuição de peso menor sobre o hemicorpo parético, que compromete a

manutenção do controle postural (AKOSILE; FABUNMI, 2011; OBEMBE; OLAOGUN;

ADEDOYIN, 2014).

A postura incorreta, além de interferir na autoconfiança, dificulta a eficiência do ciclo

respiratório. Um estudo realizado por Manor e colaboradores (2012) comprovou uma relação

entre o controle postural e a respiração nos indivíduos que sofreram um AVE. Segundo o

mesmo autor, a eficiência da função muscular respiratória é profundamente influenciada e

dependente da mecânica respiratória, além de depender do alinhamento do tronco e da

integridade da condução neuromuscular.

A fisioterapia busca sempre expandir as opções de tratamento melhorando as perspectivas

de recuperação dos indivíduos. O Método Pilates tem como base o conceito denominado de

contrologia, ou seja, o controle consciente de todos os movimentos do corpo. Trabalha-se

constantemente o fortalecimento do centro de força (Powerhouse) que, quando fortalecido,

contribui para a melhora da postura e do alinhamento vertical do corpo. O princípio da

respiração no Método Pilates é um dos mais importantes, levando o indivíduo a respirar

corretamente durante a execução de todos os exercícios (MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004;

SACCO et al., 2005; MIRANDA; MORAIS, 2009).

Sabe-se que o Método Pilates contribui para a manutenção da postura, alinhamento vertical

do corpo, melhora do sinergismo muscular e flexibilidade (MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004;

MIRANDA; MORAIS, 2009). Quirino e colaboradores (2012) constataram a eficácia do

Pilates na melhora da força muscular respiratória, pico de fluxo expiratório e a mobilidade

toracoabdominal em jovens sedentários. Outro benefício proporcionado pelo método refere-se

ao alívio da dor na região lombar (CRITCHLEY; PIERSON; BATTERSBY, 2011;

POSADZKI; LIZIS; HAGNER-DERENGOWSKA, 2011).

15  

Um estudo de caso realizado com um paciente com esclerose múltipla analisou a

funcionalidade e qualidade vida, porém os resultados não foram significativos para as

variáveis estudadas (HAY-SMITH; STANDRING, 2010). Shea e Moriello (2014) realizaram

outro estudo de caso com um indivíduo com AVE, na fase subaguda, submetido a um

programa de tratamento de 9 meses, baseado no Pilates. Foram observadas melhorias no que

se diz respeito ao equilíbrio, força da extremidade inferior e qualidade de vida, além de uma

pequena mudança na postura.

Uma técnica baseada nos princípios do Método Pilates realizado no solo, denominada

Water Pilates, foi recentemente desenvolvida. A nova técnica adapta os exercícios do solo,

mudando os planos para que o corpo fique imerso, porém o indivíduo possa manter a cabeça

fora da água. A posição do corpo é diferente, porém os movimentos e músculos recrutados

são similares (GONZALEZ, 2006). Os exercícios realizados no meio aquático facilitam a

realização de movimentos que, muitas vezes, são realizados com dificuldades nos programas

tradicionais de exercícios em solo, sendo um grande recurso de tratamento pós AVE

(FREITAS JUNIOR, 2005; BECKER, 2009; MOOVENTHAN; NIVETHITHA, 2014).

A inovação dos recursos terapêuticos utilizados em indivíduos que sofreram o AVE é de

fundamental importância, considerando que muitas sequelas instalam-se de forma definitiva e

crônica, levando-os a um tratamento a longo prazo. O Método Pilates, segundo a literatura,

apresenta importantes benefícios no que diz respeito à melhora da postura e funcionalidade de

indivíduos saudáveis, porém com pouca utilização em indivíduos portadores de sequelas

neurológicas. Além disso, torna-se necessário o uso de instrumentos de avaliação que

permitam um melhor acompanhamento da melhora adquirida por esses indivíduos, como uso

de equipamentos biomédicos que auxiliam na avaliação dos fenômenos fisiológicos e

fisiopatológicos.

16  

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 

Na revisão sistemática de literatura foram abordados temas pertinentes ao trabalho

executado, com a busca da interação dos aspectos mais relevantes sobre a pesquisa. 

2.1 Acidente Vascular Encefálico

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é caracterizado por uma perturbação focal da

função cerebral, de origem vascular e início súbito, no qual os sintomas devem persistir por

mais de 24 horas. Dentre as suas causas encontram-se a hipertensão arterial, hiperlipidemia,

diabetes, malformação dos vasos sanguíneos, tumores cerebrais, traumas e outras condições.

Encontra-se entre as quatro principais causas de morte em muitos países, tornando-se um

importante problema de saúde pública, sendo a principal causa de incapacidade em adultos

(CURY; PINHEIRO; BRUNETTO, 2009; HOSP; LUFT, 2011). O número de mortes em

decorrência de um AVE, a nível mundial, poderá atingir 6,5 milhões de pessoas em 2015 e

7,8 milhões em 2030 se não forem implementadas iniciativas estratégicas. De acordo com a

World Health Organization (WHO, 2011) mais de um bilhão de pessoas no mundo convivem

com algum tipo de deficiência, sendo que 1 em cada 6 habitantes poderão sofrer um AVE

(MARQUES; NOGUEIRA, 2011; NILANONT et. al, 2014).

Existem dois tipos patológicos de AVE: isquêmico e hemorrágico. O AVE isquêmico é

causado por uma redução transitória ou permanente no fluxo sanguíneo cerebral devido a uma

embolia ou trombose local. Após a isquemia cerebral, ocorre uma cascata complexa de

eventos bioquímicos, que envolvem a inflamação, necrose neuronal, interrupção da barreira

sangue-cérebro e disfunção neurológica (TSAI et al, 2014).

17  

Figura 1 - Ilustração de um AVE isquêmico.

Fonte: Medicinenet, 2015.

O AVE hemorrágico é resultante da ruptura dos vasos intracranianos, com extravasamento

de sangue para o tecido cerebral ou para o espaço subaracnóideo (BROWN; KING, 2011),

tendo diversos fatores predisponentes como a hipertensão, arteriosclerose, aneurismas

congênitos, tumores, entre outros (MARTINS, 2002). Apesar de ocorrerem mais raramente

(em apenas 15% dos casos), constituem a forma mais grave de AVE, com mortalidade até

50% nos 30 dias subsequentes, ocorrendo mais frequentemente numa população mais jovem

(MENOITA, 2012).

Figura 2 - Ilustração de um AVE hemorrágico.

Fonte: Barrow Neurological Institute, 2015.

As sequelas do AVE estão relacionadas diretamente com a localização, tamanho da área

atingida e o tempo que o indivíduo esperou para ser socorrido. Assim, a oclusão de diferentes

artérias cerebrais origina quadros clínicos distintos. Sabe-se inicialmente que o encéfalo é

irrigado por vasos que fazem parte do Polígono de Willis, formado por: artéria cerebral

anterior, artéria cerebral posterior, artéria comunicante anterior e artéria comunicante

posterior. Outras artérias importantes parra irrigação encefálica são as vertebrais, que

18  

posteriormente se unem formando a artéria basilar (MACHADO, 2006;  PATYAR et al.,

2011).

A artéria cerebral média é a mais comumente atingida durante um AVE (VALENTE et al.,

2006). Essa artéria é responsável pelo irrigamento da área motora, córtex sensitivo e de

associação sensório-motora, áreas de Broca e Wernick (no hemisfério esquerdo), putâmen,

núcleo caudado, globo pálido, cápsula interna e coroa radiada. Isso resulta ao indivíduo um

padrão de acometimento de hemiparesia ou hemiplegia com predomínio braquial, onde o

membro superior e face são mais acometidos que o membro inferior (MACHADO, 2006;

VOOS, VALLE, 2008).

Figura 3 - Principais artérias cerebrais como aparecem na base do encéfalo.ebrais como aparecem na base do

encéfalo.

Fonte: Machado, 2006.

Inicialmente, logo após o AVE, o paciente apresenta fraqueza e hipotonia muscular,

confusão mental e incontinência urinária. Após aproximadamente 6 meses, ocorre a

espasticidade, que é definida como uma desordem motora caracterizada pelo aumento do

tônus muscular dependente da velocidade. Com o estiramento exagerado do tendão,

resultante da hiperexcitabilidade do estiramento reflexo, há a dificuldade de movimentar

passivamente uma articulação, devido à intensa contração dos músculos que normalmente a

mobilizam e pela tendência de volta imediata para a posição original quando a força imposta é

cessada (SCHUSTER; SANT; DALBOSCO, 2007; AKOSILE; FABUNMI, 2011).

Outra característica bastante comum adquirida pelo indivíduo após sofrer um AVE é a

hemiparesia, que corresponde à deficiência motora caracterizada por fraqueza no hemicorpo

contralateral a lesão, onde os músculos apresentam-se paréticos (ROWLAND, 2002). A

hemiplegia é definida como uma sequela neurológica caracterizada por paralisia em um

hemicorpo devido a uma doença neurovascular com consequências e comprometimentos em

19  

vários níveis de acordo com a área atingida. Isso leva a limitações funcionais e incapacidades

contralaterais ao hemisfério lesado, causando alterações de tônus, coordenação e equilíbrio.

Inicialmente as hemiplegias são acompanhadas por um estado de flacidez e hipotonia

muscular, variando desde um pequeno período até meses, seguindo de retorno das funções

musculares e instalação de um quadro hipertônico. O resultado dessa deficiência é um

impacto significativo sobre independência, qualidade de vida e perda de produtividade

(MACHADO, 2006; BENSMAIL et al., 2010; OBEMBE; OLAOGUN; ADEDOYIN, 2014).

Na hemiparesia, há uma perda importante da atividade seletiva nos músculos que

controlam o tronco, particularmente nos músculos responsáveis pela flexão, rotação e flexão

lateral, podendo haver uma inclinação da coluna torácica para trás, usando a posição

anteriorizada de cabeça para contrabalançar a si próprio (GOMES; NARDONI; GODOY,

2006). Também há um padrão do membro superior, onde o indivíduo adquire uma protrusão e

adução de ombro, flexão de cotovelo, flexão e pronação de punho com flexão de dedos e

adução do polegar. No membro inferior, o padrão extensor é caracterizado pela rotação

interna e adução de quadril, semiflexão de joelho, tornozelo em flexão plantar e inversão de

pé. Além dessas alterações, o comprometimento mais evidente é a tendência em manter-se em

uma posição de assimetria postural, com distribuição de peso menor sobre o hemicorpo

parético, afetando na capacidade de manter o controle postural (STOKES, 2000).

2.2 Complicações clínicas

 

As complicações clínicas do AVE incluem a alteração postural, comprometimento

respiratório e alteração da função motora, que serão descritos a seguir.

2.2.1 Alteração Postural

Postura pode ser definida como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo das

partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneira característica de alguém

sustentar seu corpo, sendo também usado para descrever o alinhamento do corpo. A postura

correta implica num mínimo de estiramento e estresse das estruturas do corpo com o menor

gasto de energia para se obter o máximo de eficiência no uso do corpo (ROSÁRIO, 2014;

FERREIRA et al., 2010). Partindo desse princípio, qualquer posição que aumente esse

estresse é considerada uma postura errônea. Se um indivíduo possuir músculos fortes e

flexíveis, as articulações se tornam capazes de mudar de posição facilmente, não causando

20  

estresse em excesso. Porém, se as articulações forem rígidas, ou os músculos forem fracos ou

encurtados, a postura não poderá ser alterada facilmente, ocasionando alguma forma de

incômodo que, com o passar do tempo, pode gerar algum tipo de condição clínica, como uma

alteração significativa do esquema corporal, que ocorre quando há assimetria entre os

segmentos corporais (MAGEE, 2002; ROSÁRIO, 2014).

A avaliação postural é o passo inicial para qualquer tratamento fisioterapêutico. A partir do

alinhamento dos segmentos corporais, cria-se uma hipótese de distribuição de carga e

solicitação mecânica para estruturas como músculos, ligamentos e articulações, o que permite

que o profissional elabore sua conduta de tratamento com o propósito de conduzir o indivíduo

ao mais próximo do padrão de referência, diminuindo sobrecargas e estresses (FERREIRA et

al., 2010). No entanto, a observação experimental revela que o padrão ideal de simetria

postural proposto como referência por Kendall et al (1995) é subjetivo e não predominante na

população em geral, apesar de ter sido adotado como base internacional para postura

(HADDICK, 2007).

Nas fases iniciais pós AVE, o nível de disfunção em relação a capacidade de manter a

postura em ortostatismo sem suporte é um dos maiores fatores a serem trabalhados antes de se

obter um bom resultado funcional. Isto pode ocorrer devido ao fato que essa atividade requer

estabilidade postural de tronco. A diminuição da estabilidade postural do tronco em

indivíduos acometidos pelo AVE atrapalha a recuperação do desempenho funcional global e

precisa ser melhor compreendida (GEURTS et al, 2005; VAN NES et al., 2008).

Inicialmente, pensava-se que o comprometimento do tronco observado após o AVE

unilateral poderia ter um curso de recuperação mais rápido em comparação com as

extremidades. Embora as extremidades sejam predominantemente controladas pelo hemisfério

contralateral, há evidências que sugerem que os aglomerados de neurônios motores da

musculatura do tronco são bilateralmente conduzidos a partir do tronco encefálico, bem como

de cada hemisfério (PARTRIDGE; JOHNSTON; EDWARDS, 1987; CARR; HARRISON;

STEPHENS, 1994; PURVES et al., 2004).

Em decorrência dessas múltiplas projeções que contribuem para a manutenção postural do

tronco, acredita-se que o hemisfério não lesionado e as regiões sub-corticais podem fornecer

um adequado controle postural após o AVE. Torna-se então necessário estudar a estabilidade

postural do tronco durante a postura em ortostatismo, usando ferramentas quantitativas para

melhorar a nossa compreensão dessa disfunção e potencializar a reabilitação desses

indivíduos (GENTHON et al., 2007; VAN NES et al., 2008; PERLMUTTER; LIN;

MAKHSOUS, 2010).

21  

A necessidade de quantificar as variáveis relacionadas à avaliação postural é antiga e o

desenvolvimento tecnológico possibilitou o uso de ferramentas simples e que oferecem boa

resposta. O software para avaliação postural (SAPO) foi desenvolvido por Ferreira (2005)

com o objetivo de avaliar o alinhamento e controle postural de adultos e jovens por meio de

um método quantitativo de avaliação postural, de fácil utilização pelo usuário que possibilita

marcação livre de pontos ou de acordo com o protocolo SAPO, além da medição de ângulos e

distâncias.

Outras formas de mensuração que vêm sendo utilizadas para correlacionar com

alinhamento postural são a eletromiografia de superfície e a dinamometria escapular. A

eletromiografia de superfície é um recurso de monitoramento não invasivo que permite o

registro dos sinais elétricos gerados pelas fibras musculares e a análise da atividade muscular

durante o movimento ou em repouso. O dinamômetro isocinético permite a mensuração da

força muscular, com comprovação científica de estudos que utilizaram o dinamômetro para

avaliar a força da musculatura escapular de indivíduos portadores de hemiparesia (AQUINO

et al., 2007; BACK et al., 2008; AL-MULLA; SEPULVEDA; COLLEY, 2011;

NASCIMENTO et al., 2012).

A utilização de todos os recursos supracitados (fotogrametria, eletromiografia e

dinamometria escapular) fornece ao terapeuta recursos suficientes para analisar

quantativamente o estado inicial de um paciente ou a melhora do mesmo após um tratamento

fisioterapêutico estabelecido.

2.2.2 Comprometimento Respiratório

A hemiparesia espástica ocasiona fraqueza muscular em todo hemicorpo acometido,

incluindo importantes músculos do sistema respiratório, como diafragma, reto abdominal,

intercostais internos e externos, entre outros. Associada a essa fraqueza, ocorrem as

disfunções posturais do tronco que promovem o comprometimento respiratório

(SARMENTO, 2009; SILVA et al., 2013).

A evolução e o tratamento de complicações respiratórias que ocorrem durante a fase aguda

da doença têm sido amplamente estudados porque são um risco importante para o paciente

durante as primeiras horas de evolução (ROWAT; WARDLAW; DENNIS, 2007). No

entanto, quando se trata de pacientes com hemiplegia/hemiparesia crônica, um dos fatores que

foi e continua sendo esquecido é a função pulmonar. Talvez porque esses pacientes não

22  

relatam sintomas respiratórios e as estratégias terapêuticas são abordadas especialmente para

diminuir suas deficiências motoras (PAZ; DONIZ, 2011).

As alterações nos padrões respiratórios alteram a mecânica pulmonar e desencadeiam uma

diminuição na potência diafragmática, além de um bloqueio inspiratório, prejudicando a

função pulmonar desses indivíduos que acabam acometidos por complicações respiratórias

(ANNONI; ACKERMANN; KESSELRING, 1990; SILVA et al., 2013) .

Os músculos do tronco recebem inervação bilateral do sistema nervoso central (SNC), por

meio dos tratos descendentes anteriores e dos interneurônios cruzados, afetando a musculatura

respiratória contralateral a lesão focal. A fraqueza e a ativação insuficiente da abdominal

combinada a um assoalho pélvico hipotônico impossibilita o paciente de criar pressões

positivas intra-abdominais suficientes para gerar fluxos expiratórios eficazes (LANINI et al.,

2003).

Annoni, Ackermann e Kesselring (1990) fizeram um estudo com 23 pacientes

hemiplégicos não-fumantes, onde os mesmos realizaram a espirometria dinâmica após a fase

aguda. Os achados comprovaram que a diminuição da capacidade inspiratória forçada lenta

está relacionada com comprometimento motor e não varia com o tempo. A inspiração forçada

e capacidades vitais expiratórias são semelhantes à capacidade vital inspiratória lenta nos

primeiros seis meses de doença, mas tendem depois a diminuir significativamente,

independentemente da deficiência motora. Seus resultados apontaram para uma síndrome

respiratória restritiva devido à limitação mecânica da excursão do tórax causada por fraqueza,

hipotonia e descoordenação da musculatura do tronco, enfatizando a importância da

fisioterapia de tronco em longo prazo.

Uma forma de mensuração da capacidade respiratória que vem ganhando espaço, tanto no

âmbito científico como no clínico, é a espirometria, que avalia a medida do ar que entra e sai

dos pulmões, podendo ser realizada durante a respiração lenta ou manobras expiratórias

forçadas. É um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico e a quantificação de

distúrbios ventilatórios (PEREIRA, 2002). Teixeira-Salmela et al. (2005) realizaram um

estudo que visava investigar e caracterizar os componentes de padrão respiratórios em

sobreviventes de um AVE. Os autores concluíram que há um comprometimento da

capacidade respiratória nesses indivíduos, fato que pode ser associado à fraqueza da

musculatura, no caso respiratória, característica da lesão.

23  

2.2.3 Alteração da função motora

Na maioria dos casos, o AVE tende a deixar suas vítimas com incapacidades seja de

caráter temporário ou permanente, levando os indivíduos a assumir um padrão de vida

sedentário, com limitações que implicam em necessidades variadas de grau de dependência,

principalmente para o desenvolvimento das atividades de vida diária (SHELTON; REDING,

2001).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a funcionalidade deve ser entendida

como termo genérico para as funções e estruturas do corpo, atividades e participação,

indicando os aspectos positivos entre a interação entre um indivíduo com uma condição de

saúde e seus fatores contextuais, sejam eles ambientais ou pessoais (FARIAS; BUCHALLA,

2005).

Os locais mais comuns para a ocorrência de lesões são a origem da artéria carótida comum

ou a transição desta para a artéria cerebral média (em sua bifurcação principal) e a junção das

artérias vertebrais com a artéria, levando a um déficit maior na funcionalidade dos membros

superiores (O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2004; VALENTE et al., 2006).

Os programas de reabilitação de pessoas com sequelas de AVE têm o objetivo de

minimizar os impactos causados pelas alterações das funções sensório-motoras, adquiridas em

decorrência de um AVE, promovendo a independência funcional. A mensuração dos

parâmetros relacionados à funcionalidade permitem o direcionamento e acompanhamento da

eficácia da conduta de tratamento adotada (TELES; GUSMÃO, 2012).

Uma forma de mensuração do comprometimento motor e sensorial em decorrência a um

AVE é a Escala de Avaliação de Fugl- Meyer (EFM), que é uma escala muito conhecida e

usada para a pesquisa e/ou prática clínica. Trata-se de um sistema de pontuação numérica

acumulativa que avalia seis aspectos do indivíduo: a amplitude de movimento, dor,

sensibilidade, função motora da extremidade superior e inferior e equilíbrio. Esta escala tem

um total de 100 pontos para a função motora normal, em que a pontuação máxima para a

extremidade superior é 66 pontos e para a inferior, 34. A avaliação motora inclui mensuração

do movimento, coordenação e atividade reflexa de ombro, cotovelo, punho, mão, quadril,

joelho e tornozelo (MAKI et al., 2006).

Teles e Gusmão (2012) avaliaram a função motora dos pacientes com AVE, utilizando

para isso a escala de Fugl-Meyer e concluíram que esses indivíduos possuíam

comprometimento da sua funcionalidade, principalmente na amplitude articular, sendo que a

maioria (95%) possuía diminuição da motricidade de membro superior.

24  

2.3 Tratamento Fisioterapêutico

Os indivíduos que sofreram um AVE perdem algumas funções e as recuperam (em parte

ou quase totalmente) devido a dois componentes: o intrínseco, por recuperação neurológica,

anatômica e fisiológica, pela redução de edema cerebral e desenvolvimento de novas vias e

plasticidade neuronal; e o adaptativo, que ocorre por meio do aprendizado de novas maneiras

para executar as funções. Sendo assim, a fisioterapia torna-se indispensável para a

reorganização cortical e, consequentemente, o reaprendizado motor (LAURITO;

BUSTAMANTE, 2001).

O grande impacto epidemiológico e social que envolve o AVE tem impulsionado

progressos nos métodos de reabilitação de pacientes que sofrem de suas consequências,

estimulando-os buscar sua independência funcional e reintegração social (PAZ; DONIZ,

2011).

Na elaboração do tratamento fisioterapêutico, deve-se priorizar os objetivos funcionais,

estabelecendo os componentes do movimento e as deficiências significativas que interfiram

no desempenho do indivíduo (MARQUES; NOGUEIRA, 2011). Nesse contexto cresce a

busca por novas terapias de reabilitação que promovam a melhora dos déficits motores e

funcionais desses indivíduos e sirvam de estímulo para pacientes que, devido a sofrerem de

sequelas crônicas, necessitam de fisioterapia por um longo período de suas vidas (SHEA;

MORIELLO, 2014). Uma técnica que vem crescendo nos ultimos anos e pode servir como

uma nova modalidade de terapia para pacientes neurológicos é o Método Pilates, muito

utilizado para desordens ortopédicas, porém com pouca utilização em reabilitação de sequelas

neurológicas.  

 

2.3.1 Pilates

O Método Pilates foi criado pelo alemão Joseph Pilates após a observação e pesquisa do

corpo humano e do seu funcionamento natural. É um programa de treinamento físico e mental

que considera o corpo e a mente como uma unidade, tendo como base o conceito denominado

de contrologia, ou seja, o controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo,

trabalhando em sequências de movimentos controlados e precisos (PILATES; MILLER,

1945; JUNIOR; TEIXEIRA; RODRIGUES, 2008; MIRANDA; MORAIS, 2009).

O método baseia-se em seis princípios fundamentais (PILATES; MILLER, 1945;

MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004; HERRINGTON; DAVIES, 2005):

25  

• Centro - conhecido como “Powerhouse”, seria a origem de todos os movimentos. O

método preconiza a importância de um centro alongado e fortalecido;

• Respiração - princípio mais importante do método. Segundo seu criador, “se não

conseguir fazer nada correto, apenas respire corretamente”. Consiste em uma inspiração lenta

seguida de uma expiração prolongada e forçada, ativando a musculatura acessória da

expiração;

• Concentração - essencial para realização dos exercícios com qualidade, é “a mente que

controla o corpo”;

• Controle - controle consciente de todos os movimentos executados pelo corpo, além do

controle sobre o alongamento axial, importantíssimo durante a execução dos exercícios;

• Precisão - movimentos precisos e harmônicos, sem compensações desnecessárias. O

método busca a excelência de movimento;

• Fluidez – os exercícios são realizados de forma lenta, evitando lesões musculares.

A base do trabalho do Método Pilates está no fortalecimento do centro de força

(Powerhouse) expressão que denomina a circunferência do tronco inferior, estrutura que

suporta e reforça o tronco (formado pela musculatura abdominal superficial e profunda,

assoalho pélvico e multífidos) que, quando fortalecido, contribui para a melhora da postura,

facilitando a realização de movimentos harmônicos e aprimorando o controle motor das

extremidades (MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004).

Durante uma sessão de exercícios utilizando o Método Pilates, o praticante tem que se

concentrar para ativar os músculos específicos, em uma velocidade controlada, enfatizando a

qualidade, precisão e controle do movimento. As repetições de exercícios raramente excedem

a quantidade de 10 movimentos, com resistência geralmente sob a forma do peso do corpo ou

molas (KEAYS et al., 2008). Os proponentes do Método Pilates afirmam que a prática regular

promove o relaxamento e controle da mente e do corpo, maior auto-conhecimento, melhor

estabilidade do centro de força (Powerhouse) e coordenação, promovendo uma adequação

postural, além do desenvolvimento muscular uniforme e diminuição do estresse mental. O

Método Pilates contribui para a restauração da postura, alinhamento vertical do corpo,

corrigindo os desequilíbrios musculares, melhorando a flexibilidade e fortalecendo os

músculos posturais (JUNIOR; TEIXEIRA; RODRIGUES, 2008).

26  

2.3.2 Water Pilates

 

A força física da água, agindo sobre um organismo imerso, provoca alterações fisiológicas

extensas, influenciando no funcionamento de todos os sistemas do organismo. Os efeitos

fisiológicos da imersão dependem de alguns fatores, como a temperatura da água,

profundidade da piscina, tipo e intensidade do exercício, duração da terapia, postura e

condição patológica do paciente (MORRIS, 1997; FIORELLI; ARCA, 2002).

Ao explorar as diferentes propriedades físicas da água, podem-se encontrar muitos efeitos

benéficos, tais como a redução do impacto sobre as articulações, a melhora do retorno venoso,

o fortalecimento da musculatura respiratória, o estímulo sobre a circulação periférica e a

diminuição da fadiga muscular. Muitos são os protocolos utilizados para reabilitação no solo,

porém nota-se uma escassez de estudos sobre programas de reabilitação em meio aquático

(BATES; HANSON, 1998; PAULIN, 2003). Esses programas aquáticos para alcançar aptidão

e restaurar a função podem ser concebidos para uma ampla gama de indivíduos, por meio do

entendimento dos princípios físicos e fisiológicos da imersão em piscina aquecida, trazendo

grande benefício aos mesmos (BECKER, 2009).

Kakihara e Neves (2005) realizaram um estudo cujo objetivo era avaliar o grau de

funcionalidade de pacientes que sofreram um AVE, antes e após intervenção fisioterapêutica

no solo e na hidroterapia. Os autores concluíram que, mesmo em um curto período de tempo,

tanto a fisioterapia no solo como a hidroterapia auxiliaram na melhora da realização das

atividades de vida diárias (AVD’s) nos pacientes com AVE, sugerindo que, sempre que

possível, à hidroterapia deve ser utilizada como uma terapia complementar ao tratamento.

Nesse contexto, unindo os benefícios da hidroterapia aos conceitos do Método Pilates, na

ultima década surgiu o Water Pilates, que vem ganhando seu espaço no meio clínico, porém

com escassez de estudos científicos. É um método relativamente novo, cujos primeiros

registros datam de 2005 e consiste na adaptação do Método Pilates ao ambiente aquático, com

a finalidade de proporcionar de maneira inovadora um tratamento para diversas doenças e o

condicionamento físico. O Pilates na água adapta os exercícios em solo mudando os planos

para manter a cabeça fora da água. A posição do corpo é diferente, porém os movimentos e

músculos usados são similares (GONZALEZ, 2006).

27  

3 OBJETIVOS

 

3.1 Objetivo Geral

Avaliar a eficácia do tratamento com o Método Pilates no alinhamento postural e sua

correlação com a capacidade respiratória e funcionalidade de membros superiores em

indivíduos com hemiparesia.

3.2 Objetivos Específicos

Analisar a atividade elétrica dos músculos responsáveis pela manutenção postural

em ortostatismo, por meio da eletromiografia;

Avaliar a força da musculatura escápulo torácica, por meio do dinamômetro

escapular;

Avaliar o alinhamento postural por meio da fotogrametria, utilizando o Protoloco

SAPO;

Mensurar a capacidade respiratória, por meio da espirometria;

Mensurar a funcionalidade de membros superiores, por meio da Escala de Fugl

Meyer.

Comparar os parâmetros supracitados antes e após a aplicação do Método Pilates

realizado no solo e na piscina terapêutica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

28  

4 METODOLOGIA

4.1 Aspectos éticos

O projeto referente a esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

envolvendo Seres Humanos da Universidade do Vale do Paraiba, sob o nº. CAAE

19284013.6.0000.5503 em 7 de outubro de 2013 (ANEXO I), e no Clinical Trials

NCT02065505 (ANEXO II), cumprindo todas as exigências éticas de respeito humano

previstas na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os voluntários que

participaram do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(APÊNDICE A).

4.2 Caracterização do estudo

O estudo se caracteriza por ser do tipo longitudinal e experimental.

4.3 Caracterização da amostra

Participaram deste estudo 12 indivíduos com hemiparesia em decorrência de um Acidente

Vascular Encefálico (AVE), de origem isquêmica ou hemorrágica, de ambos os gêneros, de

idade entre 40 a 70 anos. Foram convidados a participar do estudo os indivíduos que

frequentam o Setor de Fisioterapia Neurológica da Clínica de Fisioterapia da Universidade do

Vale do Paraíba (UNIVAP) que correspondessem aos critérios de inclusão e exclusão.

O recrutamento seguiu os critérios de inclusão estabelecidos, como: indivíduos que foram

acometidos pelo AVE há no mínimo 2 anos (para garantir que estivessem na fase crônica da

doença, onde não há mais brotamentos e o grau de espasticidade já está definido), com

predomínio de MMSS (artéria cerebral média); espasticidade grau 1, 1+ e 2 pela escala de

Ashworth Modificada (permitindo a funcionalidade do indivíduo, sem a presença de

deformidade articular); que possuíssem boa cognição; conseguissem assumir a posição

ortostática e aqueles que concordaram e assinaram o TCLE.

Foram considerados como fatores de exclusão os seguintes aspectos: indivíduos com

doenças cardiovasculares graves; deformidades articulares; déficit de equilíbrio; convulsão;

hipertensão e diabetes descontrolados; restrição ao meio líquido, déficit cognitivo que

29  

impedisse o entendimento das atividades propostas e a realização de qualquer atividade física

ou outro tratamento em paralelo, evitando assim interferências no estudo.

Os participantes que correspondiam aos critérios pré-estabelecidos eram submetidos

inicialmente à avaliação da atividade eletromiográfica e força muscular, avaliação da postura

em ortostatismo, avaliação da funcionalidade de membros superiores e análise da capacidade

respiratória, sendo reavaliados após o término do tratamento. Após avaliação fisioterapêutica

os indivíduos foram divididos em dois grupos, de forma aleatória por meio de sorteio: Grupo

Pilates Solo (GPS) e Grupo Water Pilates (GWP), onde foram submetidos aos respectivos

protocolos de tratamento.

Grupo Pilates Solo (GPS) constituído de 6 voluntários que realizaram os exercícios

provenientes do Método Pilates, no solo e com auxílio da bola suíça e faixas elásticas.

Grupo Water Pilates (GWP) – constituído de 6 indivíduos que realizaram os mesmos

exercícios que foram aplicados no solo, entretanto na piscina aquecida à 34º C.

4.4 Local e data da realização do estudo

A coleta de dados e os protocolos de tratamento do estudo foram realizados nas

dependências do Laboratório de Engenharia de Reabilitação Sensório Motora do Instituto de

Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) e Setor de Hidroterapia, pertencentes à Universidade do

Vale do Paraíba (UNIVAP), no período compreendido entre março e novembro de 2014.

4.5 Protocolo de pesquisa

Após a divisão dos participantes nos grupos supracitados, foram executados os protocolos

de tratamento, que para ambos os grupos tiveram a duração de quatro semanas consecutivas,

com sessões três vezes por semana, utilizando o primeiro e o último dia desse período para

realização das avaliações, totalizando assim 10 sessões de tratamento com duração de 40

minutos cada sessão.

A escolha da duração do protocolo de tratamento foi baseada no levantamento

bibliográfico realizado, como no estudo de Newell, Shead e Sloane (2012), que visava

benefício na estabilidade postural dos seus voluntários e com 8 sessões (realizadas uma vez

por semana), obteve resultados positivos, sugerindo que um programa de Pilates com curta

duração pode ter potencial para melhorar os parâmetros estudados. Como orienta a teoria do

30  

Método Pilates, os exercícios foram realizados com poucas repetições (de 8 a 10), apenas uma

série de cada modalidade.

4.6 Instrumentos de avaliação

A seguir serão descritos os métodos utilizados para a coleta dos dados e o protocolo de

tratamento.

4.6.1 Escala de Funcionalidade de Fugl-Meyer

A funcionalidade de membros superiores foi avaliada por meio da Escala de

Funcionalidade de Fulg-Meyer adaptada, que avaliava quatro aspectos do indivíduo: função

motora da extremidade superior (ombro, cotovelo, punho e mãos), sensibilidade, movimento

articular passivo e dor articular, onde a pontuação máxima para se alcançar no teste todo é de

126 pontos (extremidade superior=66; sensibilidade=12; movimento articular passivo=24; dor

articular=24) (ANEXO III).

Essa escala foi aplicada individualmente, na forma de entrevista por um único pesquisador

com o intuito de evitar diferenças de interpretação, antes e após completar todas as sessões de

tratamento.

4.6.2 Fotogrametria

A postura dos indivíduos foi avaliada em quatro vistas (anterior, posterior, vista de perfil

direita e perfil esquerda), antes e após a aplicação do tratamento pelo programa e protocolo

SAPO®, onde os indivíduos permaneceram em pé, relaxados e confortáveis, com as

demarcações nos pontos anatômicos específicos para que fossem fotografados.

Os pontos anatômicos foram manualmente palpados e demarcados com bolas de isopor e

fita crepe, de acordo com o protocolo de marcação de pontos do protocolo SAPO®. Na vista

anterior, bilateralmente, foram: tragus, acrômio, espinha ilíaca ântero-superior (EIAS),

trocânter maior, projeção lateral da linha articular do joelho, centro da patela, tuberosidade da

tíbia, maléolos laterais e maléolos mediais. Na vista posterior, bilateralmente, foram: ângulo

inferior da escápula, terceira vértebra torácica (T3), ponto medial da perna, linha

intermaleolar e tendão do calcâneo. Na vista lateral esquerda: tragus, sétima vértebra cervical

(C7), acrômio, EIAS, espinha ilíaca póstero - superior, trocânter maior, projeção lateral da

31  

linha articular do joelho, maléolo lateral, região entre o segundo e o terceiro metatarso

(ANEXO IV).

Figura 4 - Indivíduo posicionado nas quatro vistas para realização da fotogrametria.

Fonte: Autor.

Os dados obtidos foram processados por meio do próprio software, onde o mesmo

realizava a medida das angulações e distâncias entre as demarcações pré-estabelecidas,

fornecendo valores de referência indicados pela literatura, para que pudesse ser acompanhada

a melhora do indivíduo. Posteriormente o programa gerava uma planilha no Microsoft Office

Excel®2013, para posterior análise estatística.

4.6.3 Eletromiografia de Superfície

A captação da atividade elétrica muscular foi obtida por um eletromiógrafo de 8 canais da

marca EMG System do Brasil, modelo EMG830 WF, sendo os sinais adquiridos a uma taxa

de 2000 Hz para cada canal utilizado. O equipamento possuía as seguintes propriedades: uma

placa de conversão analógico-digital (A/D) de 16 bits de resolução; eletrodo pré-amplificado

bipolar diferencial com ganho de 20 vezes, totalizando amplificação final de 1000 vezes;

impedância > 10 M Ohms, taxa de ruído do sinal < 3 µV RMS, razão de rejeição de modo

comum > 120 dB, além de um filtro analógico passa-faixa de 20-500Hz, com unidade µv,

Ymin -2000, Ymáx 2000, Coef.A 0 e Coef.B 500.

Para aquisição de sinais foram utilizados eletrodos reutilizáveis de Ag/AgCl (prata/cloreto

de prata) com borda plástica e centro de metal, em forma de disco, bipolares ativos (pré-

32  

amplificado) com tamanho de dez milímetros e distância entre o centro do eletrodo de vinte

milímetros entre eles. Os eletrodos foram untados com gel condutor e aderidos à pele,

constituindo uma superfície de detecção que capta corrente por meio da interface pele-

eletrodo, sendo fixados com discos adesivos descartáveis após a higienização da área com

algodão embebecido de álcool a 70% a fim de minimizar a impedância da pele (figura 5).

Figura 5 - Equipamentos utilizados para instrumentação: eletromiógrafo e seus respectivos acessórios (eletrodos, cabos, eletrodo de referência) e dinamômetro escapular.

 Fonte: Autor.

Os mesmos foram colocados aos pares, bilateralmente, sobre os músculos trapézio fibras

médias, eretores da espinha e reto abdominal, conforme o protocolo Surface-EMG for the Non

Invasive Assessment of Muscle (SENIAM), acompanhando o sentido longitudinal das fibras

musculares (figura 6).

33  

Figura 6 - Ponto motor dos músculos segundo o protocolos Surface-EMG for the non invasive assessment of muscle (SENIAM).

Fonte: Seniam, 2015.

O eletrodo de referência do tipo pregador, untado com gel, foi posicionado sobre o

processo estiloide da ulna no lado contralateral ao lado hemiparético.

Os dados foram coletados com o voluntário posicionado em ortostatismo, sendo orientado

a ficar de forma confortável, como lhe é de costume, para captar o sinal eletromiográfico dos

músculos posturais em repouso, durante 30 segundos.

Figura 7 - Indivíduo durante a coleta da eletromiografia dos músculos posturais.

Fonte: Autor.

Após as coletas, os sinais captados foram gravados no banco de dados do computador, para

posterior análise e interpretação. Os dados foram processados pelo software EMGWorks

Analysis da Delsys®, utilizando filtro passa banda de 4ª ordem Butterworth, ajustado para

34  

frequência de corte de 20Hz a 400Hz para eliminar ruído residual, obtendo-se o valor médio

quadrático RMS – Root Mean Square de cada musculatura analisada (Figura 8).

Os dados foram agrupados em uma planilha do Microsoft Office Excel® 2013, onde foram

calculadas as médias de cada musculatura analisada, tanto do lado sadio quanto do lado

espástico, sendo posteriormente feita a análise estatística.

Figura 8 - Representação dos sinais obtidos de eletromiografia de superfície. (A) trapézio médio direito; (B) trapézio médio esquerdo; (C) eretor da espinha direito; (D) eretor da espinha esquerdo; (E) reto abdominal

direito; (F) reto abdominal esquerdo.

Fonte: Autor.

4.6.4 Dinamometria Escapular

Para mensuração da força escapular, foi utilizado um dinamômetro escapular portátil da

marca EMG System do Brasil, modelo dinamômetro escapular DFE021115/200, conectado ao

eletromiógrafo e este á rede do computador, com a seguinte calibração: frequência de

amostragem de 2000 Hz, unidade adotada Kgf, Xmin 0, Ymáx 100, Coef. A -0,753, Coef. B

35,79.

Os dados foram coletados com o voluntário posicionado em sedestação, mantendo os pés

apoiados no chão. Os ombros ficaram em abdução de 90º, juntamente com flexão de

cotovelos e ambas as mãos posicionadas no pegador do equipamento, a frente do tronco, na

altura dos ombros. Após o correto posicionamento, os participantes foram orientados a

35  

realizar movimento de adução das escápulas durante 15 segundos realizando a força

isométrica máxima.

Os sinais obtidos de dinamometria (Figura 9) foram salvos no formato txt e processados

pelo software EMGWorks Analysis da Delsys®, excluindo-se o segundo inicial e o último

segundo do tempo total da coleta, obtendo-se deste modo os valores de RMS, que

posteriormente foram organizados em uma planilha da Microsoft Office Excel® 2013 para

posterior análise.

Figura 9 - Representação do sinal obtido por meio do dinamômetro escapular.

Fonte: Autor.

4.6.5 Espirometria

A avaliação foi realizada utilizando um espirômetro da marca MicroQuark, onde o

indivíduo permaneceria em sedestação, com bucais descartáveis e clipe nasal (Figura 10). O

indivíduo permaneceu em repouso por 5 minutos antes da realização do teste, para

normalização da frequência respiratória. Em seguida, o mesmo foi instruído a respeito do teste

que iria realizar, sendo explicado pelo terapeuta quais seriam os ciclos respiratórios

necessários, fazendo um ciclo de teste para se acostumar com a tarefa. Sempre era utilizado

um clipe nasal e o indivíduo era instruído a realizar ajuste dos lábios no bocal de forma a não

permitir o escape aéreo.

36  

Figura 10 - Equipamento de espirometria utilizado, junto ao clipe nasal e bucal descartável.

Fonte: Autor.

Após o treino, iniciou-se de fato a coleta onde o participante realizava vários ciclos

respiratórios normais e ao comando do terapeuta realizava uma inspiração máxima, seguida

de expiração rápida e sustentada, voltando a realizar ciclos respiratórios normais até que se

encerrasse o tempo da coleta. A mesma tarefa era realizada por três vezes para que

posteriormente fosse feito uma média dos resultados.

Posteriormente, realizando primeiro um treinamento da tarefa e a repetindo por três vezes,

o participante era instruído a realizar uma inspiração máxima, seguida de expiração rápida e

sustentada até que o terapeuta ordenasse a interrupção, sendo que a duração da expiração

forçada deveria ser no mínimo de 6 segundos. Todo o procedimento foi realizado conforme

recomendações das Diretrizes para Testes de Função Pulmonar (figura 11).

37  

Figura 11 - Indivíduo realizando a coleta da espirometria.

Fonte: Autor.

Posteriormente, os dados foram exportados para o software PFT Suite, onde foram

analisados e organizados em uma planilha do Microsoft Office Excel®2013, sendo executada

uma média para cada variável analisada, seguindo para posterior análise estatística.

Para todas as variáveis analisadas, um terapeuta era responsável pela coleta dos dados e

tratamento dos participantes do estudo, e outro indivíduo foi responsável pela análise dos

dados, garantindo assim a confiabilidade dos resultados encontrados.

4.7 Protocolos de Intervenção

Antes do tratamento, os voluntários realizaram um leve aquecimento, com duração de 3

minutos aproximadamente, composto por movimentos ativos das articulações a serem

trabalhadas, como dissociação de cíngulos escapular e pélvico, movimentos ativos dos

ombros e coluna cervical, além da mobilidade de cotovelos e joelhos.

38  

O protocolo de exercícios foi constituído de uma sequencia de posicionamentos funcionais,

que, inicialmente, foram realizados em decúbito dorsal, seguido pelo posicionamento em

sedestação, finalizando com exercícios e alongamento final em ortostatismo.

Os exercícios, baseados no Método Pilates, foram realizados com o propósito de alongar

os músculos encurtados em decorrência do padrão postural característico da hemiparesia

(peitoral maior e menor, adutores de ombro, bíceps braquial, flexores de punho cadeia lateral

de tronco); fortalecer os músculos responsáveis por fornecer suporte postural e a realização

das atividades de vida diária relacionadas ao uso do membro superior (tríceps, bíceps

braquial, rotadores internos, rotadores externos e abdutores de ombro). Foi realizado o

alongamento da cadeia posterior de membro inferior, que segundo Busquet (2001) tem grande

importância na manutenção postural devido à ligação entre as cadeias musculares, onde se um

indivíduo não possuir boa flexibilidade da cadeia posterior de membros inferiores, terá

dificuldade em manter alinhamento postural em sedestação.

Para o Grupo Water Pilates (GWP), foi mantido o nível de imersão na altura do processo

xifoide, com a água sempre aquecida a 34ºC. O protocolo de tratamento foi semelhante ao

realizado no GPS, porém com auxílio de flutuadores e halteres. Foram necessárias algumas

adaptações no posicionamento dos indivíduos para evitar a imersão da cabeça. Entretanto,

também foi trabalhada a execução dos exercícios nos três posicionamentos funcionais

supracitados. Em todas as situações, o terapeuta estava constantemente ao lado do

participante, fornecendo apoio quando necessário e garantindo sua segurança.

4.7.1 Protocolo de tratamento – Grupo Pilates Solo (GPS)

Foi realizado um protocolo composto por exercícios de fortalecimento muscular,

elaborados com base no conceito do Método Pilates, acompanhados da respiração específica

do método, realizando 10 repetições de cada exercício. O indivíduo era sempre orientado a

inspirar ao se preparar para realizar o exercício e expirar durante a realização do mesmo. Com

isso, era realizado o fortalecimento isotônico enquanto era vencida a resistência imposta e o

fortalecimento isométrico enquanto o indivíduo inspirava novamente para retornar a posição

inicial do exercício. A resistência era dada por meio de um tubo elástico da cor verde, da

marca Arktus, onde o terapeuta ou uma superfície de fixação era considerado um ponto fixo e

o participante iniciava o tratamento se posicionando próximo ao ponto de fixação, evoluindo

39  

de forma a ficar cada vez mais longe desse ponto de fixação, aumentando a resistência que lhe

era imposta.

As seguintes musculaturas foram fortalecidas, na ordem apresentada:

Em decúbito dorsal: glúteo máximo, reto abdominal, oblíquo abdominal, abdômen

inferior.

Em sedestação: trapézio médio, romboides, latíssimo do dorso.

Em ortostatismo: tríceps braquial, rotadores externos e abdutores de ombro.

Figura 12 - Indivíduo realizando o fortalecimento de glúteo máximo em decúbito dorsal.

Fonte: Autor.

Figura 13 -Indivíduo realizando o fortalecimento de trapézio médio e rombóides em sedestaçãoFigura 13 - Indivíduo realizando o fortalecimento de trapézio médio e rombóides em sedestação.

Fonte: Autor.

40  

Ao final dessa sequência de exercícios, foi realizado alongamento ativo das seguintes

cadeias musculares, mantendo 1 minuto em cada posição:

Cadeia anterior de membros superiores (peitoral maior, bíceps e flexores de punho);

Cadeia posterior de membros inferiores;

Cadeia lateral de tronco.

Figura 14 - Indivíduo realizando alongamento ativo de cadeia posterior de membros inferiores em ortostatismo.

Fonte: Autor.

4.7.2 Protocolo de tratamento – Grupo Water Pilates (GWP)

O aquecimento realizado na piscina terapêutica foi o mesmo do que o realizado no solo.

Em seguida realizou-se um protocolo composto por exercícios de fortalecimento, trabalhando

os mesmos grupos musculares que o Grupo Pilates Solo. A resistência nesse grupo era dado

por halteres e caneleira de 1 kg, evoluindo para 2 kg posteriormente, além da própria

resistência que a água exercia sobre o indivíduo. Para flutuação em decúbito dorsal, foram

utilizados coletes cervicais e lombares, além de flutuadores de espuma na altura de fossa

poplítea.

Algumas posturas foram adaptadas para a piscina terapêutica, evitando a imersão da

cabeça. Foram fortalecidos os seguintes músculos, na ordem e posicionamento apresentados:

41  

Decúbito dorsal: Reto abdominal e obliquo abdominal.

Sedestação: trapézio médio, rombóides e latíssimo do dorso.

Ortostatismo: abdômen inferior, glúteo máximo, tríceps braquial, rotadores externos e

abdutores de ombro.

Figura 15 - Participante do Grupo Water Pilates realizando fortalecimento de reto abdominal.

Fonte: Autor.

Figura 16 - Participante do Grupo Water Pilates realizando fortalecimento glúteo máximo em ortostatismo.

Fonte: Autor.

42  

Ao final dessa sequência de exercícios, realizou-se alongamento ativo das seguintes

cadeias musculares, mantendo 1 minuto em cada posição:

Cadeia anterior de MMSS (peitoral maior, bíceps e flexores de punho)

Cadeia lateral de tronco

Cadeia posterior de MMII, utilizando um flutuador de membros inferiores.

Figura 17 - Participante do Grupo Water Pilates realizando alongamento de cadeia posterior de membros inferiores em ortostatismo

Fonte: Autor.

4.8 Análise estatística

A análise estatística foi realizada por meio do software estatístico Instat®. A metodologia

utilizada na análise foi descritiva e paramétrica, visto que todas as variáveis apresentaram

distribuição normal de acordo com o teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov.

Para a verificação de existência de diferenças estatísticas entre as médias dos dados,

utilizou-se o Teste T-Student pareado, considerando as seguintes condições para os dois

grupos da pesquisa (intragrupos): antes e depois do tratamento, sendo mensurada a atividade

eletromiográfica, dinamometria, fotogrametria, espirometria e funcionalidade. O mesmo teste

foi utilizado posteriormente na comparação intergrupos, a fim de verificar se alguma das

técnicas utilizadas apresentou uma melhoria mais significativa do que a outra.

Neste estudo, o nível de significância de cada comparação foi definido como

estatisticamente significativo para p ≤ 0,05.

43  

Os dados estão apresentados em forma de tabelas, valores de p, gráficos de caixa (Box

Plot) com valores de média e erros padrões. Todos gráficos foram realizados por meio do

programa estatístico BioEstat® versão 5.0.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

44  

5 RESULTADOS

Foram concluídas as coletas de 6 indivíduos que realizaram o tratamento no Grupo Pilates

Solo (GPS), com idade média de 58±10 anos, onde 50% eram do sexo feminino e 50% do

sexo masculino; 83,3%% apresentavam hemiparesia a direita e 16,7% hemiparesia a esquerda

e o tipo de lesão era 50% por isquemia e 50% por hemorragia.

Já em relação ao Grupo Water Pilates (GWP), foram concluídas as coletas de 6 indivíduos

que realizaram o tratamento no (GWP), com idade média de 59±9 anos, onde 50% eram do

gênero feminino e 50% do gênero masculino; 33,3% apresentavam hemiparesia a direita e

66,7% hemiparesia a esquerda e o tipo de lesão era 66,7% por isquemia e 33,3% por

hemorragia.

5.1 Resultados da fotogrametria

Inicialmente, foi realizada uma comparação entre os grupos, quando a situação inicial dos

participantes desse estudo, analisando as principais assimetrias posturais avaliadas, para que

fosse possível comprovar uma situação postural homogênea entre eles, ou seja, que nenhum

grupo possuía indivíduos inicialmente com uma assimetria postural discrepante, que pudesse

ludibriar os resultados positivos de alguma das técnicas. O teste estatístico indicou que não

havia diferença significativa entre os grupos (p=0,66).

Em relação à postura corporal dos indivíduos, em todas as vistas onde as fotografias foram

analisadas pelo protocolo SAPO, houve melhora dos valores. Das dez medidas angulares que

o protocolo SAPO fornece como referência, em sete ambos os grupos apresentaram melhora

estatística, chegando próximo ao valor de referência dado pelo software.

Segundo o protocolo SAPO de medidas, na vista anterior, o alinhamento horizontal da

cabeça é o ponto entre o trago direito e o esquerdo, sendo que um ângulo positivo significa

que a cabeça está rodada para o lado direito. O alinhamento horizontal dos acrômios nos

indica o alinhamento dos ombros, seguindo o mesmo princípio supracitado para valores

positivos e negativos.

O alinhamento horizontal das espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS) mostra qual delas

encontra-se mais alta e o ângulo positivo significa que a EIAS esquerda está mais alto que a

direita, podendo indicar uma alteração no ilíaco do indivíduo ou uma diferença no

comprimento dos membros.

45  

Em relação ao ângulo entre os dois acrômios e as duas EIAS, um ângulo positivo significa

que a distância entre o acrômio e EIAS direito é menor que no lado esquerdo, nos mostrando

uma inclinação lateral do tronco. Os resultados mostraram um padrão entre os indivíduos

nessa medição, onde os indivíduos que possuíam hemiparesia a direita apresentaram

inclinação do tronco para a direita e os indivíduos com inclinação para o lado esquerdo foram

aqueles que apresentaram hemiparesia a esquerda.

A diferença no comprimento dos membros inferiores foi medida através da distância entre

a EIAS e o maléolo medial homolateral. Ressalta-se que em indivíduos com hemiparesia o pé

tende a ficar em equino varo, posição que tende a atrapalhar essa medida.

O ângulo Q trata-se do ângulo que é formado a partir de uma linha imaginária que se

estende da EIAS até o centro da patela e outra que se estende do centro da patela até o a

tuberosidade da tíbia homolateral. Este indica uma possível lateralização da patela e seu

aumento pode indicar um varo de joelho. Todos os indivíduos apresentaram esse ângulo

diminuído bilateralmente, indicando um valgo de joelho, o que foi melhorado após o

tratamento, chegando bem próximo ao valor de referência preconizado na literatura (15º).

Em relação à assimetria da escápula em relação a terceira vértebra torácica (T3), medida

que quando aumentada indica uma abdução das escápulas, todos apresentaram alteração,

predominante do lado hemiparético. Ao comparar a eficácia das duas técnicas para a melhora

da postura, ambas apresentaram melhora ao indivíduo, porém sem diferença significativa

entre elas.

Para uma melhor análise dos dados, o software nos fornece valores negativos ou positivos,

para que possa ser compreendido o lado da assimetria. As tabelas a seguir representam a

média desses valores.

Tabela 1- Médias e desvios padrão das medidas da avaliação postural nas vistas anterior, posterior e lateral direita, antes e após o tratamento do Grupo Pilates Solo (GPS)

AVALIAÇÃO POSTURAL

ASSIMETRIAS ANTES/DP GPS

DEPOIS/DP GPS

REFERÊNCIA TESTE T GPS

Vista Anterior

Alinhamento horizontal dos acrômios

2,5±1,0 1,1±0,4 0° 0, 026*

Alinhamento horizontal das EIAS

2,9±1,1 1,5±0,5 0° 0, 036*

Ângulo entre os dois acrômios e as duas EIAS

2,5±1,2 1,2±0,3 0° 0,105

Alinhamento horizontal das tuberosidades das tíbias

6,4±3,0 2,6±0,7 0° 0,042*

46  

Ângulo Q direito 11,5±1,3 13,7±0,8 15° 0,002* Ângulo Q esquerdo 10,9±1,3 14,2±0,5 15° 0,001*

Vista Posterior

Assimetria horizontal da escápula em relação à T3

25,8±10,8 12,1±2,9 0% 0,019*

Vista Lateral Direita

Alinhamento vertical da cabeça (acrômio)

21,9±2,8 17,2±4,7 0° 0,465

Legenda: DP = Desvio Padrão; * = valor estatisticamente significativo. Fonte: Aautor.

Tabela 2 - Médias e desvios padrão das medidas da avaliação postural nas vistas anterior, posterior e lateral direita, antes e após o tratamento do Grupo Water Pilates (GWP)

AVALIAÇÃO POSTURAL

ASSIMETRIAS ANTES/DP GWP

DEPOIS/DP GWP

REFERÊNCIA TESTE T GWP

Vista Anterior

Alinhamento horizontal dos acrômios

1,2±0,5 0,2±0,3 0° 0,009*

Alinhamento horizontal das EIAS

3,5±1,5 1,3±0,6 0° 0, 012*

Ângulo entre os dois acrômios e as duas EIAS

4,5±2,5 2,4/2,1 0° 0,215

Alinhamento horizontal das tuberosidades das tíbias

1,9±0,5 0,8±0,3 0° 0,001*

Ângulo Q direito 8,6±1,3 13,8±0,7 15° 0, 001*

Ângulo Q esquerdo 9,9±2,9 14,1±1,0 15° 0, 011*

Vista Posterior Assimetria horizontal da escápula em relação à T3

24,2±12,1 18,6±10,9 0% 0, 046*

Vista Lateral Direita

Alinhamento vertical da cabeça (acrômio)

36,6±3,1 13,6±5,9 0° 0,054

Legenda: DP = Desvio Padrão; * = valor estatisticamente significativo. Fonte: Autor.

Conforme indicado nas tabelas acima, em sete itens os valores analisados apresentaram

ganho estatisticamente significante, indicando assim uma redução na assimetria postural de

todos os indivíduos.

47  

5.2 Resultados da atividade elétrica muscular

A normalização dos dados referentes a eletromiografia foi realizada com relação ao valor

inicial de cada paciente, onde dividiu – se o valor final pelo valor inicial, com o intuito de

obter uma comparação pareada, garantindo a avaliação do ganho real de cada paciente. A

partir disso, foi feita a comparação da melhora de ambos os lados em cada indivíduo.

Ao proceder à análise do trapézio médio, houve aumento na atividade muscular tanto no

lado espástico como no lado saudável em ambos os grupos estudados, com os seguintes

valores estatísticos: lado espástico - valor de p=0,004 para o GPS e p=0,001 para o GWP;

lado saudável - valor de p= 0,043 para o GPS e p= 0,040 para o GWP.

Figura 18 - Comparação da atividade mioelétrica do trapézio fibras médias, antes e depois do tratamento, no hemicorpo espástico (A) e sadio (B) respectivamente, em ambos os grupos.

Fonte: Autor.

O mesmo aconteceu com a musculatura de eretores da espinha, onde ambos os grupos

apresentaram aumenta da atividade mioelétrica dos dois lados analisados, com os seguintes

valores estatísticos: lado espástico - valor de p=0,030 para o GPS e p=0,037 para o GWP;

(A) (B)

(A) (B)

48  

lado saudável - valor de p=0,030 para o GPS e p=0,048 para o GWP, conforme representado

na figura abaixo.

Figura 19 - Comparação da atividade mioelétrica dos eretores da espinha, antes e depois do tratamento, no hemicorpo espástico (A) e sadio (B) respectivamente, em ambos os grupos.

Fonte: Autor.

O mesmo padrão repetiu-se para a musculatura de reto abdominal, onde os valores

estatísticos nos dois grupos analisados foram: lado espástico – p=0,048 para o GPS e p= p=

0,037 para o GWP; lado saudável – p=0,015 para o GPS e p= 0,028 para o GWP.

(A)

(B) (A)

(B)

49  

Figura 20 - Comparação da atividade mioelétrica do reto abdominal, antes e depois do tratamento, no hemicorpo espástico (A) e sadio (B) respectivamente, em ambos os grupos.

 

Antes Depois0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

RM

S (

106

V)

GWPAtividade Mioelétrica

Reto Abdominal - Espástico

          

Fonte: Autor.

Apesar de todos os indivíduos apresentarem um aumento do recrutamento muscular, do

lado espástico e do lado sadio, após o tratamento em ambos os grupos, na comparação entre

as técnicas nenhuma apresentou diferença com valor estatisticamente significativo (figura 21).

(A) (B)

(A) (B)

50  

Figura 21 - Comparação do percentual de melhora da atividade eletromiográfica de cada musculatura analisada, entre os grupos: trapézio médio (A), eretores da espinha (B) e reto abdominal (C).

Fonte: Autor.

5.3 Resultados da dinamometria escapular

Em relação à dinamometria escapular, os indivíduos participantes de ambos os grupos

obtiveram ganho de força, com valor significativo e p=0,008 para o GPS e p=0,011 para o

GWP, como se pode ver no gráfico a seguir.

(A)

(B)

(C)

51  

Figura 22 - Dinamometria escapular, antes e após o tratamento no GPS e GWP respectivamente.

Fonte: Autor.

Ao comparar aos dois grupos, novamente notou-se que não houve diferença

estatisticamente significante, com valor de p=0,230 entre eles, sem superioridade de alguma

técnica, conforme indicado na figura abaixo.

Figura 23 - Comparação do percentual de melhora da força muscular entre os grupos.

Fonte: Autor.

5.4 Resultados da funcionalidade – Escala de Fugl Meyer Adaptada

 

Notou-se, ao analisar isoladamente os itens que formam a função motora (extremidade

superior, punho, mão, coordenação/velocidade), que o GPS e o GWP não apresentaram

melhora estatística em nenhum item. Porém no somatório delas – que forma a função motora

total – houve melhora estatística em ambos os grupos, com p=0,045 para o GPS e p=0,004

para o GWP.

52  

Figura 24 - Score obtido na função motora antes e depois do tratamento, no GPS e GWP respectivamente

 

Fonte: Autor.

 

Nos outros critérios avaliados (sensibilidade, movimento articular passivo e dor articular),

houve melhora em ambos os grupos, porém com resultado estatístico apenas em um item:

movimento articular passivo (com valor de p=0,024 para GPS e p=0,013 para GWP).

Figura 25 - Score obtido no item ‘movimento articular passivo’, antes e depois do tratamento no GPS e GWP respectivamente.

 

Fonte: Autor.

Ao comparar aos dois grupos, notou-se que não houve diferença estatística entre eles, ou

seja, ambas as técnicas foram eficientes para melhora da funcionalidade, mas nenhuma

apresentou resultado superior à outra, conforme indicado na figura abaixo.

53  

Figura 26 - Comparação do percentual de melhora do item ‘função motora’ e ‘movimento articular passivo’ da Escala de Fugl Meyer entre os grupos.

Fonte: Autor.

5.5 Resultados da espirometria

Analisando os dados obtidos por meio da espirometria no GPS, nota-se melhora

estatisticamente significante em três importantes aspectos: volume de reserva inspiratório

(p=0,0314), frequência respiratória (p=0,0293) e capacidade inspiratória (p=0,0072),

conforme gráficos abaixo.

Figura 27 - Comparação do volume de reserva inspiratório antes e depois do tratamento.

Fonte: Autor.

54  

Figura 28 - Comparação da capacidade inspiratória antes e depois do tratamento.

  

Fonte: Autor.

Figura 29 - Comparação da frequência respiratória antes e depois do tratamento.

Fonte: Autor.

 

Ao analisar os resultados do GWP, notou-se em todos os indivíduos que a maioria dos

aspectos analisados permaneceu com os mesmos valores, sem indicativo de melhora após o

tratamento. Apenas a frequência respiratória apresentou melhora estatisticamente significante

(p=0,04), chegando mais próximo à frequência preconizada pela literatura, que é de 12 a 15

ciclos respiratórios por minuto, conforme indicado na figura 30.

55  

Figura 30 - Comparação da frequência respiratória antes e depois do tratamento.

Fonte: Autor.

Ao comparar o percentual de melhora das duas técnicas, observou-se que o GPS

apresentou-se mais eficaz para melhora da capacidade respiratória nesses indivíduos, quando

comparado ao tratamento realizado na piscina terapêutica. Essa diferença estatística teve

resultado significativo, com valor de p= 0,0001 para a capacidade inspiratória.

Figura 31 - Comparação do percentual de melhora do ‘volume de reserva inspiratório’ e ‘capacidade inspiratória’ entre os grupos.

 Fonte: Autor.

 

 

 

 

 

56  

6 DISCUSSÃO

A hemiparesia espástica ocasiona disfunções sensório-motoras que interferem na qualidade

de vida do indivíduo. Os recursos terapêuticos utilizados no âmbito da fisioterapia tem o

objetivo de promover a melhora funcional, entretanto há necessidade da realização de estudos

científicos para avaliar e identificar quais deles são os mais eficazes e que subsequentemente

podem acelerar o processo de recuperação do mesmo.

Sabe-se que o Método Pilates proporciona diversos benefícios no que concerne ao

alinhamento postural e sinergismo muscular de indivíduos saudáveis (MIRANDA; MORAIS,

2009; MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004). No caso dos pacientes neurológicos, essa pesquisa

quantificou e demonstrou os efeitos terapêuticos do método na postura, atividade elétrica,

força muscular, função motora e respiratória.

Neste estudo, no que diz respeito à avaliação postural, foi constatado por meio da

fotogrametria que todos os participantes dos grupos 1 e 2 possuíam alterações posturais

significativas, principalmente em medidas relacionadas ao tronco, como alinhamento dos

acrômios, alinhamento das espinhas ilíacas ântero-superiores e assimetria da escápula em

relação a T3. Após a realização dos exercícios do Método Pilates, tanto no solo quanto no

meio aquático, houve melhora significativa em todos os parâmetros supracitados. Em

contrapartida, Shea e Moriello (2014) realizaram uma pesquisa com um indivíduo acometido

por AVE há 8 meses. Os autores avaliaram a postura, utilizando uma régua flexicurva,

marcha, equilíbrio e força e após a realização de dois atendimentos por semana durante nove

meses. Houve melhora do equilíbrio, força dos músculos da extremidade inferior (reto

femoral, isquiotibiais, iliopsoas), da qualidade de vida e uma pequena melhora na postura,

porém sem resultados significativos. Os próprios autores creditam a manutenção da postura à

ênfase em exercícios de supino durante as sessões, em posições favoráveis à gravidade

(SHEA; MORIELLO, 2014).

O nível de disfunção em relação à capacidade de manter a postura em ortostatismo pode

ocorrer devido ao fato que essa atividade requer estabilidade postural de tronco, com uma

adequada ativação da musculatura de tronco, fator este que está debilitado em indivíduos pós-

AVE (VAN NES et al, 2008). Segundo Jandt e colaboradores (2011), as sequelas de lesões

encefálicas incluem a perda de seletividade dos grupos musculares do tronco, onde os

músculos abdominais são recrutados isoladamente, sem o auxílio do tronco superior para

mover a coluna. Esta alteração é apresentada tanto nos músculos que estão diretamente

57  

relacionados com a manutenção do controle da postura, como naqueles associados à

respiração.

De acordo com a eletromiografia, pôde-se constatar o aumento da atividade elétrica em

todos os músculos analisados, após a realização dos exercícios do Método Pilates, no solo e

no meio aquático, tanto no hemicorpo parético quanto no não parético. Pereira et al. (2011)

realizaram um estudo com o propósito de avaliar a atividade dos músculos do tronco de

indivíduos hemiparéticos, por meio da eletromiografia de superfície, durante a execução de

exercícios de flexão e extensão do tronco. O músculo reto abdominal apresentou maior

ativação do lado parético do grupo experimental que no lado correspondente do grupo

controle, indicando assim a ocorrência de estratégias compensatórias em indivíduos

portadores de hemiparesia.

As pessoas com sequelas de AVE, geralmente, apresentam fraqueza dos músculos

rombóides, serrátil anterior e trapézio médio, além do consequente encurtamento da cadeia

muscular anterior (OBEMBE; OLAOGUN, ADEDOYIN, 2014). No estudo realizado, foi

constatada a melhora significativa da força dos músculos da região escapular, mensurada por

meio da dinamometria, pois inicialmente todos os participantes, independente do grupo que

estavam, apresentavam uma fraqueza notória dessa musculatura. Além desses achados,

também notou-se melhora significativa da assimetria das escápulas, avaliadas por meio da

fotogrametria, após a realização dos tratamentos propostos pelo estudo. De acordo com

Soares et al. (2012), a força muscular, avaliada por meio do dinamômetro isocinético,

apresenta uma importante relação com a capacidade funcional.

Em relação aos critérios referentes à funcionalidade, foi constatado que nenhum

participante atingiu a pontuação máxima da escala, entretanto, após o término do tratamento,

todos obtiveram melhora da função motora total. Confirmando os achados deste trabalho,

Teles e Gusmão (2012) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a função motora de

pacientes com AVE, por meio do protocolo de desempenho físico de Fugl-Meyer. Como

resultado, foi constatado que os indivíduos avaliados não conseguiram alcançar a pontuação

máxima (66 pontos), onde 5% receberam pontuação 0 e 95% cursavam com pontos abaixo do

valor previsto, além de apresentar limitação da amplitude de movimento e dores a

movimentação passiva de membro superior.

Ao analisar a capacidade pulmonar, verificou-se o grande ponto de diferença entre as duas

técnicas: embora todos os indivíduos apresentassem redução da função respiratória, apenas o

grupo que realizou os exercícios no solo apresentou melhora estatisticamente significante.

Fagundes e Silva (2006) avaliaram os efeitos da imersão em água aquecida sobre o sistema

58  

respiratório de estagiários de hidroterapia e observaram que houve redução significativa da

capacidade inspiratória. Mesmo com situações de análise diferentes as deste trabalho,

considerando amostra e intervenção terapêutica, os achados quanto à capacidade respiratória

foram semelhantes. Os autores supracitados creditam essa redução a dois fatores: a ação da

pressão hidrostática contra o tórax e o deslocamento de sangue da periferia aos pulmões,

diminuindo a complacência e expansibilidade pulmonar.

A redução da capacidade respiratória dos indivíduos antes da aplicação do protocolo de

tratamento proposto, pode se justificar com a afirmação de Jandt e colaboradores (2011), ao

dizer que na presença de lesão cerebral e alterações na ativação da musculatura de tronco,

pode haver consequências na atividade do diafragma, bem como uma diminuição da eficácia

do processo respiratório.

As análises realizadas nesse estudo demonstraram a eficácia do Método Pilates na melhora

da postura e da função motora tanto no solo, quanto no meio aquático. Quando realizado no

solo, o método proporcionou benefícios terapêuticos significativos ao sistema respiratório.

Este estudo foi pioneiro no que concerne a comparação dos benefícios do Pilates dois

ambientes distintos: solo e água.

Os instrumentos de mensuração utilizados proporcionaram um melhor acompanhamento

da evolução do tratamento. Portanto, considera-se que o Pilates possa ser utilizado como um

recurso terapêutico diferencial na reabilitação de pacientes neurológicos, sendo uma opção ao

tratamento conservador desses indivíduos.

No decorrer desta pesquisa foram identificados pontos a serem desenvolvidos em

futuros estudos, os quais validarão mais os resultados descritos. Entre eles destacam-se um

maior número de voluntários; a existência de um Grupo Controle que realizasse uma técnica

convencional de reabilitação para comparar com o uso da técnica ou de um Grupo Controle

que não passasse por nenhuma intervenção a fim de verificar se simplesmente com o passar

do tempo, os indivíduos não melhorariam nos critérios avaliados.

 

 

 

 

59  

7 CONCLUSÃO

 

O Método Pilates foi eficaz nas situações descritas para tratar o alinhamento postural de

indivíduos com hemiparesia, aumentando a atividade elétrica dos músculos posturais e a força

dos músculos da região escapular, além de melhorar sua funcionalidade de membros

superiores, seja a técnica realizada no solo como na piscina terapêutica. Quanto à capacidade

respiratória, o Método Pilates realizado no solo mostrou melhores resultados, indicando que

essa modalidade de exercícios pode ser utilizada no tratamento do alinhamento postural e

respiratório desses indivíduos.

Deste modo o Método Pilates pode ser usado na reabilitação de pacientes neurológicos,

sendo uma opção ao tratamento conservador desses indivíduos. Estudos futuros podem ser

realizados utilizando um número maior de participantes ou mesmo avaliando indivíduos

portadores de outras sequelas neurológicas.

 

 

 

 

 

60  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, C. F. et al. A Utilização da Dinamometria Isocinética nas Ciências do Esporte e Reabilitação. Revista Brasileira Ciência e Movimento, v. 15, n. 1, p. 93-100, 2007. AKOSILE, C. O.; FABUNMI, A. A. Pathophysiology, Functional Implications and Management of Spasticity in Stroke – A review. AJPARS, v. 3, n. 1, p. 6-12, 2011. AL-MULLA, M. R.; SEPULVEDA, F.; COLLEY, M. A Review of Non-Invasive Techniques to Detect and Predict Localised Muscle Fatigue. Journal Sensors, v. 11, n. 4, p. 3545-3594, 2011. ANNONI, J. M.; ACKERMANN, D; KESSELRING, J. Respiratory function in chronic hemiplegia. Int Disabil Stud, v.12, n. 2, p.78-80, 1990. BACK, C. G. N. et al. Correlação entre a proporção de fibras rápidas do músculo bíceps braquial e o torque relativo da flexão do cotovelo em sujeitos com hipótese clínica de miopatia. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 12, n. 2, p. 107-12, 2008. BARROW NEUROLOGICAL INSTITUTE. 2015. Disponível em: <http://www.thebarrow.org/index.htm >. Acesso em: 10 jan. 2015. BATES, A.; HANSON, N. Exercícios Aquáticos Terapêuticos. São Paulo: Manole, 1998. 320p. BECKER, B. E. Aquatic Therapy: Scientific Foundations and Clinical Rehabilitation Applications. American Academy of Physical Medicine and Rehabilitation, v. 1, n. 9, p. 859-872, 2009. BENSMAIL, D. et al. Botulinum Toxin to Treat Upper-Limb Spasticity in Hemiparetic Patients: Analysis of Function and Kinematics of Reaching Movements. Neurorehabil Neural Repair, v. 24, n. 2, p. 273-281, 2010. BROWN, A.; KING, D. Urgências Neurológicas: da teoria á prática. Loures: Lusociência, 2011. BUSQUET, L. As cadeias musculares: membros inferiores. Rio de Janeiro: Busquet. 2001. CARR, L.; HARRISON, L.; STEPHENS, J. Evidence for bilateral innervation of certain homologous motoneurone pools in man. J Physiol., v. 475, n. 2, p.217-27, 1994. CRITCHLEY, D. J.; PIERSON, Z.; BATTERSBY, G. Effects of Pilates mat exercises and conventional exercise programmes on transverse abdominis and obliquus internus abdominis activity: pilot randomized trial. Man. Ther. J., v. 16, n. 2, p.183-189, 2011. CURY, J. L.; PINHEIRO, A. R.; BRUNETTO, A. F. Modificações da dinâmica respiratória em indivíduos com hemiparesia pós-acidente vascular encefálico. ASSOBRAFIR Ciência, 2009

61  

FAGUNDES, A. A.; SILVA, R. F. Efeitos da imersão em água aquecida sobre o sistema respiratório. Fisioterapia em Movimento, v. 19, n. 4, p. 113-118, 2006. FARIAS, N.; BUCHALLA, C. M. A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde da organização mundial da saúde:conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol, v. 8, n. 2, p. 187-93, 2005. FERREIRA, E. A. G., et al. Postural assessment software (PAS/SAPO): validation and reliability. Clinics, v. 65, n. 7, p. 675-681, 2010. FERREIRA, E. A. G. Postura e controle postural: desenvolvimento e aplicação de método quantitativo de avaliação postural. 114 p. 2005. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. FIORELLI, A.; ARCA, E. A. Hidrocinesioterapia: princípios e técnicas terapêuticas. São Paulo: Imprensa Oficional. 2002, p. 23-43. FREITAS JUNIOR, G. C. A Cura pela Água: Hidrocinesioterapia. 1. ed. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2005. GENTHON, N. et al. Biomechanical assessment of the sitting posture maintenance in patients with stroke. Clin Biomech, v. 22, n. 9, p. 1024-1029, 2007. GEURTS, A. et al. A review of standing balance recovery from stroke. Gait Posture., v. 22, n. 3, p. 267-281, 2005. GOMES, B. M.; NARDONI, G. C. G.; GODOY, E. O efeito da técnica de reeducação postural global em um paciente com hemiparesia após acidente vascular encefálico. Acta Fisiatr., v. 3, n. 2, p. 103-108, 2006. GONZALEZ, P. R. Curso do método de Water Pilates, Sistema de Treinamento Aqua Training. México, 2006. HADDICK, E. Management of a patient with shoulder pain and disability: a manual therapy approach addressing impairments of the cervical spine and upper limb neural tissue. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 37, n.6, p. 342-350, 2007. HAY-SMITH, J., STANDRING, D. Choosing outcome measures that reflect what is important to the patient: a case study of clinical Pilates in a woman with multiple sclerosis. N. Z. J. Physiother., v. 38, n. 3, p. 91-97, 2010. HERRINGTON, L.; DAVIES, R. The influence of Pilates training on the ability to contract the transversus abdominis muscle in asymptomatic individuals. Journal of bodywork and movement therapies, v.9, n. 1, p.52-57, 2005. HOSP, J. A.; LUFT, A. R. Cortical Plasticity during Motor Learning and Recovery after Ischemic Stroke. Neural Plasticity., v. 2011, n. 2011, p.1-9, 2011.

62  

JANDT, R. S. et al. Correlation between Trunk Control, Respiratory Muscle Strength and Spirometry in Patients with Stroke: An Observational Study. Physiother. Res. Int., v.16, n. 4, p. 218-224, 2011. JUNIOR, P. C. N.; TEIXEIRA, A. L. M.; RODRIGUES, C. Os efeitos do método pilates no alinhamento postural: estudo piloto. Fisioterapia Ser., v. 3, n. 4, 2008. KAKIHARA, C. T.; NEVES, C. G. Avaliação do grau de funcionalidade de pacientes que sofreram acidente vascular encefálico antes e após intervenção fisioterapêutica no solo e na hidroterapia. Fisioter. Bras., v. 6, n. 5, p.332-338, 2005. KEAYS, K. S. et al. Effects of Pilates Exercises on Shoulder Range of Motion, Pain, Mood, and Upper-Extremity Function in Women Living With Breast Cancer: A Pilot Study. Phys ther., v. 88, n. 4, p. 494-510, 2008. KENDALL, F. P. et al. Músculos: provas e funções – com postura e dor. 4. ed. São Paulo: Manole; 1995. LANINI, B. et al. Chest wall kinematics in patients with hemiplegia. Am J Respir Crit Care Med., v. 168, n. 1, p. 109-113, 2003. LAURITO, D.; BUSTAMANTE, M. La eficacia de un programa de rehabilitación en pacientes com accidente carebrovascular. Salus Militiae., v. 26, n. 2, p. 85-88, 2001. MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia Funcional. São Paulo: Atheneu. 2006 MAKI, T. et al. Estudo de confiabilidade da aplicação da escala de fugl-meyer no Brasil. Rev. bras. fisioter., v. 10, n. 2, p. 177-183, 2006. MARTINS, M. M. Uma Crise Acidental na Família O doente com AVC. Coimbra: Formasau, 2002. MANOR, B. D. et al. Posturo-respiratory synchronization: Effects of aging and stroke. Gait & Posture., v. 36, n. 2, p. 254–259, 2012. MARQUES, P. S.; NOGUEIRA, S. P. B. O. Efeitos da Eletroestimulação Funcional e Kabat na Funcionalidade do Membro Superior de Hemiparéticos. Rev Neurocienc., v. 19, n. 4, p. 694-701, 2011. MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002. MENOITA, E. C. Reabilitar a Pessoa Idosa com AVC. Contributos para um Envelhecer Resiliente. Loures: Lusociência, 2012. MEDICINENET. 2015. Disponível em: <http://www.medicinenet.com/script/main/hp.asp>. Acesso em: 30 out. 2014. MIRANDA, L. B.; MORAIS, P. D. C. Efeitos do método Pilates sobre a composição corporal e flexibilidade. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 3, n. 13, p. 16-21. 2009.

63  

MOOVENTHAN A, NIVETHITHA L. Scientific Evidence-Based Effects of Hydrotherapy on Various Systems of the Body. North American Journal of Medical Sciences, v.6, n. 5, 2014. MORRIS, D. M. Reabilitação Aquática do Paciente com Prejuízo Neurológico, In: RUOTI, R. G.; Morris, D. M. Cole AJ. Aquatic Rehabilitation. Lippincott: Philadelphia, 1997, cap. 7. MUSCOLINO J. E.; CIPRIANI, S. Pilates and the “Powerhouse” - Journal of bodywork and movement therapies, v. 8, n. 1, p. 15-24, 2004. NASCIMENTO, L. R. Isometric hand grip strength correlated with isokinetic data of the shoulder stabilizers in individuals with chronic stroke. Journal of Bodywork & Movement Therapies. 2012. NEWELL, D.; SHEAD, V.; SLOANE, L. Changes in gait and balance parameters in elderly subjects attending an 8-week supervised Pilates programme. Journal of Bodywork & Movement Therapies., v. 16, n. 4, p. 549-554, 2012. NILANONT, Y. et al. Quality of Acute Ischemic Stroke Care in Thailand: A Prospective Multicenter Countrywide Cohort Study. Journal of Stroke and . Cerebrovascular Diseases, v. 23, n. 2, p. 213-219, 2014. OBEMBE, A. O.; OLAOGUN, M. O.; ADEDOYIN, R. Gait and balance performance of stroke survivors in South-Western Nigeria - A cross-sectional study. Pan Afr Med J., v. 17, n.6, 2014. O’SULLIVAN, S. B.; SCMHMITZ, T. J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 4. ed. São Paulo: Manole, 2004. PARTRIDGE, C.; JOHNSTON, M.; EDWARDS, S. Recovery from physical disability after stroke: normal patterns as a basis for evaluation. Lancet, 1987. PATYAR, S.et al. Role of vinpocetine in cerebrovascular diseases. Pharmacological Reports., v. 63, n. 3, p. 618-628, 2011. PAULIN, E. Efeitos de programa de exercícios físicos direcionado ao aumento da mobilidade da caixa torácica em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. J pneumol., v. 29, n. 5, p. 287-94, 2003. PAZ, A. L.; DONIZ, M. L. G. La función pulmonar en sujetos con hemiplejía/hemiparesia crónica. Revisión bibliográfica. Rev Iberoam Fisioter Kinesiol., v. 14, n. 1, p. 38-45, 2011. PEREIRA, C. A. C. Espirometria. J Pneumol., v. 28, Supl. 3. 2002. PEREIRA, L. M. et al. Electromyographic activity of selected trunk muscles in subjects with and without hemiparesis during therapeutic exercise. Journal of Electromyography and Kinesiology., v. 21, n. 2, p. 327–332, 2011.

64  

PERLMUTTER, S.; LIN, F.; MAKHSOUS, M. Quantitative analysis of static sitting posture in chronic stroke. Gait & Posture, v. 32, n. 1, p. 53-56, 2010. PILATES, J. H.; MILLER, W. Pilates’ Return to Life through Contrology. Incline Village, NV, Presentation Dynamics, 1945 POSADZKI, P.; LIZIS, P.; HAGNER-DERENGOWSKA, M. Pilates for low back pain: a systematic review. Complement. Ther. Clin. Pract., v. 17, n. 2, p. 85-89, 2011. PURVES, D. et al. Neuroscience. 3rd ed. Sunderland: Sinauer Associated, Inc., 2004. QUIRINO, C. P. et al. Efeitos de um protocolo de exercícios baseados no método Pilates sobre variáveis respiratórias em uma população de jovens sedentários. Fisioterapia Brasil, v. 3, n. 2, p. 124-132, 2012. ROSÁRIO, J. L. P. Biomechanical assessment of human posture: A literature review. Journal of Bodywork & Movement Therapies., v. 18, n. 3, p. 368-373, 2014. ROWAT, A. M.; WARDLAW, J. M.; DENNIS, M. S. Abnormal breathing pat- terns in stroke: relationship with location of acute stroke lesion and prior cerebrovascular disease. Neurol Neurosurg Psychiatry., v. 78, n. 3, p. 277-279, 2007. ROWLAND, L. P., Merritt Tratado de Neurologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. SACCO, I. C. N. et al. Método pilates em revista: aspectos biomecânicos de movimentos específicos para reestruturação postural – Estudos de caso. Rev. Bras. Ciênc. Mov., v. 13, n. 4, p. 65-78, 2005. SARMENTO, G. J. V. Fisioterapia respiratória no paciente crítico: rotinas clínicas. 1. ed. Barueri: Manole. 2009. SCHUSTER, R. C.; SANT, C. R.; DALBOSCO, V. Efeitos da estimulação elétrica funcional (FES) sobre o padrão de marcha de um paciente hemiparético. Acta Fisiatr., v. 14, n. 2, p. 82-86, 2007. SENIAM. 2015. Disponível em: <http://www.seniam.org/>. Acesso em: 10 jan. 2015. SHEA, S.; MORIELLO, G. Feasibility and outcomes of a classical Pilates program on lower extremity strength, posture, balance, gait, and quality of life in someone with impairments due to a stroke. Journal of Bodywork & Movement Therapies, v. 18, n. 3, p. 332-360, 2014. SHELTON, F. N.; REDING, M. J. Effect of lesion location on upper limb motor after stroke. Stroke, v. 32, n. 1, p. 107-112, 2001. SILVA, S. M. et al. Comparação da força muscular respiratória entre idosos após acidente vascular cerebral. Acta Fisiatr., v. 20, n. 1, p. 20-23, 2013.

65  

SOARES, A. V. et al. Correlação entre os testes de dinamometria de preensão manual, escapular e lombar. Rev. Acta Brasileira do Movimento Humano., v. 2, n. 1, p. 65-72, 2012. STOKES, M. Neurologia para Fisioterapeutas. São Paulo: Premier, 2000. TEIXEIRA-SALMELA, L. F. et al. Respiratory Pressures and Thoracoabdominal Motion in Community- Dwelling Chronic Stroke Survivors. Arch Phys Med Rehabil., v. 86, n. 10, p. 1974-1978, 2005. TELES, M. S.; GUSMÃO, C. Avaliação funcional de pacientes com Acidente Vascular Cerebral utilizando o protocolo de Fugl-Meyer. Rev Neurocienc., v. 20, n. 1, p. 42-49, 2012. TSAI, J. P. et al. A prescription at discharge improves long-term adherence for secondary stroke prevention. Journal of Stroke and Cerebrovascular Diseases, v. 23, n. 9, p. 2308-2315, 2014. VALENTE, S. C. F. et al. Resultados da fisioterapia hospitalar na função do membro superior comprometido após acidente vascular encefálico. Rev Neurocienc., v. 14, n. 3, p. 122-126, 2006. VAN NES, I. et al. Posturographic assessment of sitting balance recovery in the subacute phase of stroke. Gait Posture, v. 28, n. 3, p. 507-512, 2008. VOOS, M. C., VALLE, L. E. P. Estudo comparativo entre a relação do hemisfério acometido no acidente vascular encefálico e a evolução funcional em indivíduos destros. Rev Bras fisioter., v. 12, n. 2, p. 113-20, 2008. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). World Report on Disability. [S. l.]: The World Bank, 2011, 349 p. Disponível em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2011/ 9789240685215_eng.pdf?ua=1>. Acesso em: 30 out. 2014.

 

66  

67  

 

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Dados de identificação:

Título do Projeto: Método Pilates x Water Pilates no alinhamento postural e sua

correlação com a capacidade respiratória de portadores de hemiparesia espástica.

Pesquisador Responsável: Tamires de Souza Moreira Prianti

Equipe Executora: Tamires de Souza Moreira Prianti, Fernanda Pupio Silva Lima.

Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Universidade do Vale do

Paraíba (UNIVAP) – Laboratório de Engenharia de Reabilitação Sensório Motora.

Telefones e e-mails para contato: (12) 3947-1000 ramal: 2066;

[email protected], tel. (12) 9139-4476; [email protected], tel. (12)9770-0096.

Nome do voluntário: ________________________________________________

Idade: ___________________________________

R.G.: ____________________________________

O (A) Sr. (ª)_______________________________________________________ está

convidado(a) a participar do projeto de pesquisa de mestrado tendo como título: “ Método

Pilates x Water Pilates no alinhamento postural e sua correlação com a capacidade

respiratória de portadores de hemiparesia espástica.”, de responsabilidade do pesquisador

Tamires de Souza Moreira Prianti.

O Método Pilates, que é formado por exercícios realizados com a ajuda de bolas

terapêuticas e faixas elásticas e que são feitos junto com uma respiração específica, foi o

recurso escolhido para ser utilizado nessa pesquisa, por ser considerado uma técnica

postural nova, muito comentada nos últimos anos, mas que apresenta poucos estudos que

mostrem seu resultado no tratamento de indivíduos acometidos por um Acidente Vascular

Encefálico (AVE, mas conhecido como derrame).

O objetivo desse estudo é avaliar o alinhamento postural, a atividade e força do

músculo, mensurar a capacidade do pulmão e funcionalidade de indivíduos que tiveram

um AVE antes e após a aplicação de protocolos de tratamento, através do Método Pilates.

O participante será submetido à avaliação fisioterapêutica, a fim de analisar a atividade

elétrica dos músculos, força muscular, alinhamento postural (por meio de fotos),

mensuração da capacidade do pulmão e funcionalidade antes do início do tratamento e

68  

após completar todas as sessões. Na avaliação do alinhamento postural, o participante será

fotografado vestindo trajes de banho e com bolinhas de isopor em determinadas partes do

corpo. É assegurado que em nenhum momento sua identidade será revelada.

Neste estudo, o voluntário poderá participar somente de um grupo, onde sua

participação vai ser escolhido por meio de um sorteio, podendo ser: (G1) grupo pilates

solo, que serão tratados com o Método Pilates realizando os exercícios no solo, com

auxílio da bola terapêutica e faixas elásticas; (G2) water pilates, onde o voluntário também

será tratado com o Método Pilates, porém realizando os exercícios na piscina aquecida,

com auxílio de flutuadores e pesos específicos para piscina, trabalhando os mesmos

músculos que o G1. Haverá ainda um Grupo Controle (G3), composto por indivíduos sem

hemiparesia que serão avaliados e passarão pelo mesmo atendimento do G1.

A execução dos protocolos de tratamento para ambos os grupos terá a duração de 2

semanas consecutivas, de segunda a sexta-feira, totalizando 10 sessões de tratamento com

duração de 40 minutos cada. Este estudo será realizado no Laboratório de Engenharia de

Reabilitação Sensório Motora e no Setor de Hidroterapia, da Universidade do Vale do

Paraíba (UNIVAP), situado a Av. Shishima Hifumi, 2911, Urbanova, bloco 9.

Os fatores de risco estão relacionados à presença de desconfortos, dores musculares ou

cansaço físico por causa dos exercícios realizados. Para minimizar esta possibilidade, o

protocolo de tratamento foi elaborado contendo intervalos de descanso entre as atividades,

e se necessário, haverá interrupção na atividade quando os participantes relatarem dores

ou cansaço à terapia.

Os benefícios esperados deste estudo são a melhora da postura corporal, aumento da

capacidade de trabalho do pulmão, aumento da atividade do músculo e melhora da força

da musculatura da escápula, promovendo melhora da funcionalidade dos indivíduos após a

realização do tratamento.

Sempre que necessário o voluntário poderá entrar em contato para obter informações

sobre o projeto de pesquisa, sua participação no mesmo ou outros assuntos relacionados à

pesquisa, com o pesquisador responsável, equipe executora ou o CEP – Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), pelo telefone (12) 3947-

1111, ou pessoalmente na Av. Shishima Hifumi, 2911, Urbanova, bloco 11 - Instituto de

Pesquisa e Desenvolvimento II, sala 19, de segunda a sexta feira, 8:00h-12:00h e 13:00h-

17:00h.

Fica ciente deste termo, que ao concordar em participar desta pesquisa o voluntário

poderá se retirar a qualquer momento antes ou durante o estudo, sem penalidades, prejuízo

69  

a sua saúde ou perda de qualquer benefício para seu acompanhamento ou sofrer quaisquer

sanções ou constrangimentos. Também é garantido que não haverá custo algum para a

participação neste estudo. Caso necessário à instituição responsável pela pesquisa

fornecerá auxílio transporte e alimentação ao voluntário.

O voluntário terá assistência integral e indenização no caso de qualquer dano causado

pela pesquisa, de forma imediata ou tardia pela instituição responsável pela pesquisa.

Os dados obtidos do voluntário não poderão ser utilizados para outras finalidades não

descritas no termo, e terão sigilo, confidencialidade e privacidade de acordo com as

normas éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, da Comissão Nacional de

Ética em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde.

Eu, ______________________________________________________________, RG

nº _________________________________, fui informado (a) e concordo em participar,

como voluntário (a), do projeto de pesquisa acima descrito.

São José dos Campos, _____ de ______________________ de 2013.

Assinatura do paciente/representante legal:___________________________________

Data:____/_____/_______.

Assinatura da testemunha:

_____________________________________________

Data: ____/_____/_______.

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste voluntário ou representante legal para a participação neste estudo.

Assinatura do responsável pelo estudo:

___________________________________

Data: ____/_____/_______.

Assinatura da testemunha:

_____________________________________________

Data: ____/_____/_______.

70  

APÊNDICE B – TRABALHOS DESENVOLVIDOS

o Trabalhos apresentados em Congressos:

PRIANTI, T. S. M. ; PRIANTI, B. M. ; MENDES, I. S. ; LIMA, F. P. S. . A eficácia do

método Pilates x Water Pilates na simetria postural e na capacidade respiratória de

portadores de hemiparesia espástica - Projeto de pesquisa. In: XI Congresso de Saúde e

Qualidade de Vida do Cone Leste Paulista, 2013, São José dos Campos. XI Congresso de

Saúde e Qualidade de Vida do Cone Leste Paulista, 2013.

PRIANTI, T. S. M.; PRIANTI, B. M.; LIMA, M. O.; LIMA, F. P. S. Eficácia do Método

Pilates no alinhamento postural e capacidade respiratória de indivíduo portador de

hemiparesia espástica – Estudo de caso. In: XII Congresso de Saúde e Qualidade de Vida

do Cone Leste Paulista, 2014, São José dos Campos.

o Artigo submetido:

PRIANTI, T. S. M.; PRIANTI, B. M.; LIMA, M. O.; LIMA, F. P. S. Pilates x Water Pilates

postural alignment and its relationship with respiratory capacity and functionality of

patients with spastic hemiparesis. Acta of Bioengineering and Biomechanics - B1 em

Engenharias IV.

o No prelo:

PRIANTI, T. S. M.; PRIANTI, B. M.; LIMA, M. O.; LIMA, F. P. S. Pilates x Water Pilates

postural alignment and its relationship with respiratory capacity and functionality of

patients with spastic hemiparesis. Acta of Bioengineering and Biomechanics - B1 em

Engenharias IV.

71  

ANEXO I – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

72  

ANEXO II – REGISTRO CLINICAL TRIALS

 

 

 

 

 

 

 

 

73  

ANEXO III – ESCALA DE FUNCIONALIDADE DE FUGL MEYER ADAPTADA

74  

75  

76  

ANEXO IV - MARCAÇÃO DE REFERÊNCIAS ANATÔMICAS PELO

PROTOCOLO DO SOFTWARE PARA AVALIAÇÃO POSTURAL – SAPO - V.0.68,

NAS VISTAS ANTERIOR, POSTERIOR E LATERAIS (DIREITA E ESQUERDA).