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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURIDICAS POLÍTICAS E SOCIAS MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ANÁLISE SÓCIO POLÍTICA DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO - Município de Blumenau no período de 1997 a 2003. Mestranda: Marilete de Souza Orientador: Dr. Valério Igor P. Victorino Itajaí(SC), novembro de 2003.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS JURIDICAS POLÍTICAS E SOCIAS

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

ANÁLISE SÓCIO POLÍTICA DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO -

Município de Blumenau no período de 1997 a 2003.

Mestranda: Marilete de Souza

Orientador: Dr. Valério Igor P. Victorino

Itajaí(SC), novembro de 2003.

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ANÁLISE SÓCIO POLÍTICA DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Município de Blumenau no período de 1997 a 2003.

Marilete de Souza

Dissertação apresentada para o Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, com requisitos para obtenção do grau “Mestre em Políticas Públicas”.

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BANCA EXAMINADORA

___________________________________

Dr. Valério Igor P. Victorino

Orientador, UNIVALI

___________________________________

Dr. Julian Borba

Membro, UNIVALI.

___________________________________

Dra. Mariani Balland Christovão

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Aos meus Pais em memorian.

Manoel João de Souza e Virgínia

Zulmira de Souza

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer ao meu Orientador Valério Igor, por toda

a sua paciência e por ele ser o maior apoiador deste meu trabalho, dedico a ele todo o

meu orgulho em ser sua aluna.

Ao Professor Julian Borba, por ser um elo de meu trabalho e por sua

compreensão neste tema de pesquisa.

Ao Vereador e Empresário Humberto Jorge Sackl, que foi o incentivador

do mestrado de políticas públicas o maior de todos os meus agradecimentos.

A todos os que me ajudaram, professores e funcionários do mestrado,

da Prefeitura, Vereadores, peças importantes para a construção de minha pesquisa.

Aos vários amigos que tiveram o discernimento de me apoiar quando

muito quis desistir, em especial a Jussara Alves ao Vereador Jean Jackson Kulmann e,

em especial, a Claúdia Perrone.

Ao meu marido, Valmir Hostin, por sua importância em minha vida, sua

paciência e carinho e amor em todos os períodos de dificuldades e desânimo de minha

vida.

E a toda a minha Família, por dar tanto carinho e compreensão.

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 – Resultado das eleições municipais de Blumenau,03 de outubro de

1996................................................................................................................38

Tabela 2 – Resultado das eleições municipais de Blumenau, 03 de outubro

de 2000...........................................................................................................39

Gráfico 1 – Comparativo das eleições de 1996- 2000...................................40

Mapa 1 - Distribuição das regiões do Orçamento Participativo.....................46

Tabela 3 – Indíce provisório de dsitribuição de recursos orçamentários........48

Tabela 4 – Carências e Serviços do OP Blumenu..........................................50

Tabela 5 – Estrutura e Funcionamento do OP de Blumenau.........................51

Tabela 6 – Critérios de Proporcionalidade dos delegados segundo a

participação.....................................................................................................53

Tabela 7 – Número de pessoas envolvidas na 3º etapa do OP 97-2003.......60

Gráfico 2 – Numero de participantes no OP em 2000 por região..................60

Tabela 8 – Demontrativo de participantes nas reuniões do OP 97-2003.......61

Gráfico 3 – Resultado eleições de delegados de 2000 e 2002......................64

Tabela 9 - Distribuição de recursos para a área de Saúde do OP 1997-

2003................................................................................................................65

Tabela 10 – Distribuição de recursos para a área de pavimentação e

drenagem do OP de 1997-2003......................................................................66

Tabela 11 - Distribuição de recursos para a área de educação e cultura do

OP 1997-2003.................................................................................................67

Tabela 12 – Distribuição de Investimentos.....................................................68

Gráfico 4 – Distribuição dos recursos aprovados em 1997 – 2003 ...............69

Grafico 5 – Situação física do OP de 1997-2003 ..........................................70

Gráfico 6 – Situação física do OP de 1998 ...................................................71

Gráfico 7 – Situação fisica do OP de 2000....................................................72

Gráfico 8 - Situação física do OP de 2001....................................................73

Gráfico 9 - Situação física do OP de 2003....................................................73

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 – Lei de criação da Superintendência do OP

ANEXO 2 – Organograma da Prefeitura Municipal

ANEXO 3 - Relatório da Obras do OP de Blumenau

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ÍNDICE GERAL

1. Introdução ...............................................................................................11

2. Orçamento Participativo como Instrumento de Democratização da

Administração Pública................................................................................ 16

2.1 Participação Popular............................................................................. 19

2.2 Planejamento Municipal, Orçamento Público e OP.............................. 22

3. Orçamento Participativo de Porto Alegre........................................... 27

3.1 As dificuldades do Orçamento Participativo de Porto Alegre.............. 28

4. Forças Políticas No Brasil................................................................... 31

4.1 Contexto das eleições de 1996 e 2000 em Blumenau........................... 34

5. Orçamento Participativo no Município de Blumenau.......................... 43

5.1 Instância de deliberação do Orçamento Partcipativo............................. 44

5.1.2 Assembléias Populares ...................................................................... 46

5.1.3 CRDs – Coordenadoria Regionais de Delegados do OP/ BNU......... 47

5.1.4 Conselho Municipal do Orçamento Participativo............................... 48

6. Funcionamento do OP em Blumenau de 1997 a 2003...................... 57

6.1 Distribuição dos recursos por setor ..................................................... 58

6.2. Situação Física do OP 1997 a 2003..................................................... 62

6.3 Posicionamento do Legislativo no OP .............................................. 65

7. Conclusão ........................................................................................... 68

8. Referências Bibliográfica.................................................................... 72

Anexos ....................................................................................................... 72

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RESUMO

Este trabalho objetiva a compreensão de como se definem as políticas

públicas no Orçamento Participativo na gestão democrática em nível local de um

Governo Popular.

Para a realização desta análise optou-se por um estudo de caso no

município de Blumenau, no governo do Partido dos trabalhadores (PT) no período de

1997 a 2003, quando foi implantado o programa o Orçamento Participativo.

A pesquisa demonstra como se constituiem o grau de participação

social no OP do governo municipal e se o mesmo responde com a socialização das

políticas públicas e na distribuição dos recursos, destacando que: (1) o trabalho de

governo municipal é o de garantir o respeito dos princípios fundamentais como:

governabilidade, eficiência, eficácia, transparência, comunicação e integração entre os

setores públicos e a sociedade. (2) no planejamento e na distribuição dos recursos

públicos os grupos comunitários tem papel importante para a conformação das políticas

públicas e no uso do poder na tomada de descisões pois é a presença desses atores a

nível local é que se da a origem da experiência do orçamento Participativo.

Palavras-chaves: Democracia, orçamento público, participação popular e Orçamento Participativo.

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ABSTRACT

This work objectifies the understanding of as they are defined the public

politics in the Orçamento Participativo in the democratic administration in local level of a

Popular Government.

For the accomplishment of this analysis he/she/it opted for a case study

in the municipal district of Blumenau, in the government of the workers' Party (PT) in the

period from 1997 to 2003, when the program was implanted the Orçamento

Participativo.

The research demonstrates as if constituiem the degree of social

participation in the municipal government's OP and if the same answers with the

socialização of the public politics and in the distribution of the resources, highlighting

that: (1) municipal government's work is it of guaranteeing the respect of the

fundamental beginnings as: governabilidade, efficiency, effectiveness, transparency,

communication and integration between the public sections and the society. (2) in the

planning and in the distribution of the public resources the community groups have

important paper for the conformação of the public politics and in the use of the power in

the descisões taking because it belongs the presence to those actors at local level it is

that if of the the origin of the experience of the budget Participativo.

Word-keys: Democracy, public budget, popular participation and Orçamento

Participativo

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1. Introdução

Amparada em ampla literatura de co-gestão do “Orçamento Público”

municipal, podemos afirmar que os anos 80 foram o marco da adoção de práticas

diferenciadas de gestão orçamentária, onde a participação popular no processo de

destinação dos recursos públicos das prefeituras reflete uma maior eficácia e eficiência

como efeito positivo à transparência das decisões e dos gastos públicos, um

verdadeiro elo entre o cidadão e o poder público, consolidando a prática de uma

gestão democrática.

Segundo Pozzobon1:

O orçamento público no Brasil foi durante muito tempo elaborado a partir de uma visão estritamente técnico-administrativa sem qualquer consulta ou participação popular.

Nos anos 80 ocorreu uma ampliação das estruturas burocráticas do

Estado, um intenso processo de democratização e descentralização administrativa,

ampliando a proposta de participação popular, que é marcada por uma profunda crise

estrutural, principalmente a crise econômica, que implica disputa de recursos escassos.

1 POZZOBON, Maria Regina . Cidadania com igualdade plena: um caminho em construção na Cidade de Porto Alegre.Em http://www.portoweb.com.br/ong/cidade/bibliotaca.htm.

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Segundo Borba (1998, p:04)2:

O espaço local de governo, que historicamente foi o lócus de maior expressão do poder e das práticas patrimonialistas no Brasil, foi também de onde surgiram as primeiras tentativas de estabelecimento de novas relações entre o Estado e a Sociedade, que buscavam romper com a cultura política vigente.

Para alguns autores, os anos 80 foram marcados por uma completa

cooptação, mas é a partir da década de 90 que a proliferação das formas participativas

vem alterar o modelo de gestão administrativa.

Nos últimos anos, uma nova forma de conceber a gestão pública passou

a ser discutida por vários setores organizados da população do Brasil. Esses setores

reivindicaram uma maior democratização nos processos de decisão que afetassem as

vidas em comunidade. Dessa forma, começou a crescer a idéia de que o processo de

elaboração do orçamento público deveria contemplar uma efetiva participação popular

nas discussões e definições das políticas públicas, assim como as prioridades na

aplicação dos recursos necessários para implementação de tais políticas.

Para uma melhor compreensão dessa forma de governar as cidades,

buscamos as várias noções que cabem no tema da participação, que são

fundamentais para se delimitar o conceito de controle social. No que se refere à

Participação, entendida como fenômeno político, deve-se se pressupor uma real

2 BORBA, Julian. A Burocracia Estatal Frente a Reforma do Estado em Gestões Democrático-Populares. O caso da Secretaria de Planejamento Municipal de Porto Alegre 1989. Maio de 1998.p:04.

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ampliação da estrutura do poder da gestão pública, em direção a uma forma de

governar onde os cidadãos atuem como sujeitos políticos capazes de orientar e

fiscalizar a ação do Estado.

Segundo a interpretação de Regina Maria Pozzobon3:

O “Orçamento Participativo”, enquanto processo, efetivou esta nova pratica da gestão da coisa pública. Esse espaço público de decisão estabeleceu – a partir da discussão dos investimentos municipais – uma espécie de “contrato social”, onde os direitos e a cidadania são elementos centrais para atingir um objetivo coletivo: a busca constante do término das exclusões e desigualdades, com a inversão de prioridades através do atendimento preferencial de demandas sociais das camadas mais pobres.

Apesar dessa prática ter sido promissora como o modelo de gestão

participativa de Porto Alegre que foi palco dos discursos políticos e para a realidade

brasileira o Orçamento Participativo também tem sido objeto de polêmica,

principalmente por observar que ha registros de experiências tão visíveis, mais menos

duradouras como Lages, causando uma imensa curiosidade sobre o alastramento de

sua adoção.

De acordo com Sérgio Baierler5:

O Orçamento Participativo é um processo de múltiplas dimensões: produto da prática social e tem como conflito um dos seus elementos constitutivos. Conflito que atravessa todo

3 POZZOBON, Maria Regina . Cidadania com igualdade plena: um caminho em construção na Cidade de Porto Alegre.Em http://www.portoweb.com.br/ong/cidade/bibliotaca.htm. 5 BAIERLE, Sérgio . Experiência do Orçamento Participativo: oásis no deserto neoliberal? Em http://www. Portoweb.com.Br/ong/cidade/biblioteca.htm.

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ambiente no qual opera (associações comunitárias e corporativas; Conselhos populares, espaço de co-gestão; outros conselhos existentes na cidade, governo; burocracia do governo, sobretudo no âmbito do planejamento, partidos que compõem a Frente Popular, partidos de oposição, meios de comunicação, etc.). Envolve história, vontade política, espaço próprio, um ciclo de participação e implica justiça social, em cidadania, e embrião de uma nova cultura política.

O conceito de participação popular e democracia é o desafio teórico

deste trabalho, realizado através de uma análise como se define as políticas públicas

gestão democrática em nível local e de um Governo Popular, que tem como um de

seus maiores parceiros na administração municipal o programa Orçamento

Participativo.

Para realização desta análise sócio política optamos por um estudo de

caso no município de Blumenau, onde pudemos buscar respostas sobre a

administração popular do Prefeito Décio Nery de Lima, que administra o governo

municipal em sua segunda gestão, numa das maiores vitórias política do PT (Partido

dos Trabalhadores) registrada no município, tendo como plataforma de governo o

modelo de gestão participativa. Assim procuramos nos resultados da pesquisa se há

eficácia e eficiência das políticas públicas e o grau de participação social e política do

Orçamento Participativo.

A hipótese central é de que o Orçamento Participativo no Município de

Blumenau é fortemente condicionado por fatores políticos e sociais, tema no qual torna

necessário verificar: a) se há eficiência do Orçamento Participativo na gestão

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democrática em Blumenau; b) se orçamento participativo reflete a socialização das

políticas públicas.

Segundo o raciocínio de Giacomini6(1993,p 152):

“[...] a eficiência e a legitimidade na gestão de políticas públicas são alcançadas através da participação popular”.

Optei por um estudo de caso no município de Blumenau, no período de

1997 a 2003, que consistirá numa pesquisa bibliográfica e documental.

A coleta de dados foi feita através das seguintes fontes:

(1) Primárias – Obtivemos entrevistas com diferentes atores envolvidos no processo.

Para a análise foram realizadas entrevistas com: Coordenação do Orçamento

Participativo; Secretaria de Obras; Câmara de Vereadores; Gabinete do Prefeito e

utilizamos as nove regiões: associações de moradores e delegados do OP,

vereadores, funcionários da Superintendência do OP, o Vice-Prefeito.

(2) Secundária – (a) documentos administrativos, balancetes, folders, encartes. (b)

jornais locais e nacionais dos sete anos de governo popular. (c) livros, artigos, trabalhos

acadêmicos sobre o tema, tecnocracia, burocracia, orçamento participativo,

6 GIACOMONI,James. A comunidade como instância executora do planejamento: o caso do “Orçamento Participativo” de Porto Alegre:UFRGS,1993.152p.

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administração popular, Orçamento Público, dicionário político. (d) Leis e Decretos

Municipais.

A questão principal da pesquisa é analisar a eficiência do Orçamento

Participativo no município de Blumenau, como também observar se OP modifica a

forma de distribuição de recursos de forma igualitária para a comunidade.

O Capítulo dois tem como objetivo fazer uma descrição conceitual

sobre Orçamento Participativo, a democratização e a institucionalização do Orçamento

Participativo da década de 70 até a presente data.

O Capítulo três é dedicado à descrição histórica sobre o Orçamento

Participativo de Porto Alegre, experiências essa que contribuiu para a formulação do

processo do OP de Blumenau. Além disso, é uma das experiências mais bem

sucedidas no contexto nacional.

O Capítulo quatro procura enfatizar o processo político no contexto do

Orçamento Participativo. O Capítulo define toda a transformação política e social

oriunda das forças políticas regionais, incluindo a administração anterior da gestão do

Partido dos Trabalhadores (PT) no município .

O Capitulo cinco é dedicado à descrição do modo de funcionamento do

OP de Blumenau. Descrição da realização de obras e serviços, avaliando os possíveis

impactos que o OP tem realizado pela administração municipal.

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O capítulo seis procurou-se fazer enfatizar a participação popular e o

modo como o Executivo responde às necessidades das políticas públicas locais.

No capítulo sete a conclusão detalhda do trabalho de pesquisa,

reativando a questão da participação popular e como se da este processo no OP.

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2. ORÇAMENTO PARTICIPATIVO COMO INSTRUMENTO DE DEMOCRATIZAÇÃO

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

O primeiro orçamento, em sua forma mais simples, segundo grande

parte dos autores voltados para a área pública, tem seu primeiro registro datado em

1215, com o disposto em uma carta outorgada pelo Rei João Sem Terra, por causa da

pressão exercida pelos barões feudais.

Entretanto, antes mesmo da carta, já existiam formas rudimentares de

orçamentação, conforme Silva7(1973):

“[...] a idéia de controle de recursos públicos era prevista já em 1300 a.C., quando eram reguladas as funções da justiça e arrecadação dos dízimos”.

No Brasil, somente em 1808 o início de um processo de orçamentação

começou a despertar a atenção dos gestores públicos. Foram criados então o “Erário

Régio” e também o Conselho da Fazenda, para controlar o patrimônio real e os fundos

públicos. A partir daí, tivemos diversas constituições e outras leis complementares que

trataram dos assuntos públicos. A mais importante delas é a Lei 3420/648, tratando os

recursos públicos de forma pormenorizada, representando um avanço da época e

estando vigente até hoje.

7 SILVA, José Afonso da. Orçamento-Programa no Brasil. São Paulo. Revista dos Tribunais, 1973. 8 Lei 4320 de 17 de março de 1964

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Os grandes avanços alcançados, segundo Ferreira9(2000,p.06):

[...] Referem-se, principalmente, à padronização dos orçamentos e balanços em todas as esferas; federal, estadual e municipal, facilitando sua elaboração. Suas exigências são contempladas com a Constituição de 1988, que estabeleceu a necessidade de planejamento de médio e longo prazo, através da criação de instrumentos como Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA). Juntos esses três representam o planejamento dos administradores públicos e a forma como ocorrerá a aplicação dos recursos.

Os procedimentos que resultam na elaboração da proposta

orçamentária invariavelmente não contam muito com o interesse da população, seja

pelo seu teor técnico, seja pelas próprias falhas do procedimento, que muitas vezes

fazem das leis orçamentárias instrumento eleitoreiro para a distribuição de recursos

apaziguados dos Poderes Legislativo e Executivo.

Segundo Santos10(2002,p.23):

No período atual do sistema político brasileiro, a Nova República, o poder municipal reside em duas instâncias eleitas separadamente: o Prefeito, que é a instância executiva, e a Câmara de Vereadores, que é a instância legislativa. De acordo com a Constituição de 1988, à Câmara de Vereadores está cometida a competência para aprovar o orçamento.

9 FERREIRA, Denize de Queiroz. Orçamento Participativo: Instrumento de Democratização da Administração Pública. Graduação em Ciências Contábeis da UFMG.2000 p: 06. 10 SANTOS, Boaventura de Souza. Democracia e participação: o caso do orçamento participativo de Porto Alegre.Porto: Editora Afrontamento Ltda.2002.p:23.

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De acordo com James Giacomoni(1994)11, o processo orçamentário

público compreende quatro fases: a) elaboração do projeto de Lei orçamentária anual

(LOA); b) discussão, votação e aprovação da Lei orçamentária; c) execução do

orçamento; e d) controle e avaliação da execução orçamentária. As etapas (a) e (c)

desenvolvem-se no âmbito do Poder Executivo, e as etapas (b) e (d) dependem, em

grande parte, do Poder Legislativo.

Para Aliomar Baleeiro (apud Sanches)12:

[...] o orçamento no regime democrático é o ato em que o Poder Legislativo autoriza a execução do planejamento feito pelo Poder Executivo, onde constam as despesas necessárias para o funcionamento dos serviços públicos (despesas de custeio) e também do cumprimento das políticas públicas estabelecidas, bem como a arrecadação das receitas legalmente instituídas.

É através da discussão orçamentária que o Legislativo fica à margem do

processo decisório sobre a maior parte das realizações e é nesse processo que ocorre

a coalizão político-partidária do Executivo, onde se tem a oportunidade de influenciar as

definições administrativas sobre obras e serviços.

Segundo Sanches(1997)13, sendo um planejamento que envolve os

recursos públicos, o orçamento passa a ter então várias instrumentalidades, tendo

11 GIACOMONI, James. Orçamento Público. São Paulo, Atlas, 5º edição.,1994. 12 BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. Rio de Janeiro, Forense, 15º ed. 1997. 13 SANCHES, Osvaldo M. Dicionário de Planejamento e áreas afins. Brasília. Ed. Prisma, 1997.

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assumido o “caráter de instrumento múltiplo, isto é, político, econômico, programático

(de planejamento), gerencial (administração e controle) e financeiro”.

Planejamento é a elaboração, por etapas, com bases técnicas, de

planos e programas com objetivos definidos, planificação. Assim, o ato de planejar

torna-se essencial para as pessoas jurídicas, sendo a sua eficiência e aplicabilidade

fatores primordiais para o seu bom desempenho.

Além de instrumento de gestão, quando começa a ser realizado, o

Orçamento torna-se também uma forma de exercer o controle de aplicação de gastos

públicos. A avaliação dos resultados geralmente é feita a posteori. Ela obriga a

administração a definir claramente seus objetivos e metas. Uma possível mudança

desse processo seria a concepção e o estabelecimento de um “contrato de gestão”

entre os diversos órgãos da Administração Pública, tendo como base metas qualitativas

e quantitativas definidas a priori e avaliadas no curso de sua aplicação.

Atualmente, o país está passando por um processo de mudanças na

área pública, onde a eficácia e a transparência na gestão dos recursos públicos,

ganham ampla visibilidade perante o eleitorado. Desse modo alternativo a gestão

orçamentária de infringir a democratização e a transparência via participação popular

adquire relevância empírica e crônica de análise.

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2.1 A PARTICIPAÇÃO POPULAR

O processo de elaboração do orçamento público municipal pode ser

aperfeiçoado com a participação do cidadão nas discussões e definições das demanda.

É o que acontece com as práticas orçamentárias modernas, que introduziram inovações

nas formas de organizar, elaborar e apresentar o orçamento público, objetivando

responder às realidades políticas.

A efetivação da participação popular é o grande desafio da

democratização da gestão municipal através da participação na formulação e

implementação de políticas públicas, o que implica reverter uma tradição histórica de

apropriação privada dos espaços públicos pelas elites que detêm o poder econômico.

No Plano do poder municipal, a privatização dos espaços públicos

sempre se revestiu de práticas clientelistas, autoritárias ou populistas, que impregnaram

a máquina administrativa e moldaram a relação da população com as prefeituras.

Romper com essa cultura requer transformar a administração municipal

em espaço de representação dos diversos interesses da sociedade local, criando novas

regras de convivência política. Para tanto é preciso conquistar ampla adesão à

participação direta na gestão, abrindo canais e gerando processo participativo onde se

reconheçam as diferenças, demandas e direitos setores sociais e legitimando a disputa

entre eles.

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Nesse sentido, a participação popular, mais do que um meio de legitimar

as ações de governo, ela impulsiona o processo de radicalização da democracia. É,

portanto, inerente a todas as experiências de relação entre as prefeituras municipais e

a sociedade local.

A abertura de canais de participação, mais do que a formalidade deve

contar com a forte determinação e vontade política do governo deve deflagrar a

construção de uma cultura política que faça avançar a consciência de cidadania e traga

resultados concretos para a melhoria de qualidade de vida a população.

Segundo Pires(1999,p.19)14, essa participação popular na elaboração

do orçamento pode ser analisada em diversos municípios brasileiros, a começar pela

experiência em 1970, Lages (SC) (MDB) e Boa Esperança (ES), que, entre 1978-82,

sobre governos de diferentes partidos, procuraram estabelecer um diálogo entre a

prefeitura e a população, sendo o marco da gestão administrativa descentralizada, e

posteriormente na década de 80 com Porto Alegre, que implantou o “Orçamento

Participativo”.

Essas experiências ocorreram num momento em que a oposição ao

regime militar se acentua no movimento das Diretas-já (1985) e com a conclusão dos

trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte (1988). É nas eleições de 1988 que o

Partido dos Trabalhadores (PT) registra seu maior número de administrações

14 PIRES, Valdemir. O orçamento participativo: o que é, para que serve. Como se faz.Piracicaba: ed. Do autor, 1999.p:19

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municipais brasileiras (36), imprimindo um novo modo de gestão com a participação

popular na elaboração do orçamento.

A adoção deste tipo de prática não é exclusiva de administrações de orientação semelhante àquele partido. As prefeituras de Yokohama e Portland, entre outras, de orientação ideológica diversa, têm-se valido com sucesso da participação dos cidadãos na elaboração dos orçamentos municipais. (RIBEIRO e SIMON,1993,p.29)15:

Segundo Ribeiro e Simon16, nas raízes das dificuldades para a adoção

de inovações como o orçamento participativo, estão as exigências de caráter

organizacional e administrativo, entre elas principalmente a institucionalização do

processo. Há grandes chances de os esforços serem perdidos por ocasião da troca de

governo.

Embora já se encontrem diversos estudos sobre essa nova forma

participativa, muito se tem relatado sobre experiências concretas, mas pouco se tem

concluído sobre as diversas experiências já vividas.

A implantação desse processo orçamentário participativo depende de

muitos fatores, entre eles: a) a cultura política da sociedade envolvida; b) os dirigentes

comunitários na mobilização; e c) a metodologia utilizada.

15 RIBEIRO , Carlos A. C. & SIMON, Walter T. Práticas Orçamentárias Participativas: um Estudo de Caso de Prefeituras Paulistas. In.Ver. Adm. Púb..RJ. 27(1) 28-46 – Jan/Mar 1993, p.29. 16 RIBEIRO, Carlos A. C. & SIMON, Walter T. Práticas Orçamentárias Participativas: um Estudo de Caso de Prefeituras Paulistas. Texto para discussão nº 16. FGV. EAESP. Departamento de Economia.1993.

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Segundo Bastos (1997 p.166)17:

A metodologia utilizada pelos diversos municípios é semelhante, mas

possuem diversas peculiaridades próprias de cada região “(...) há municipalidades que

agrupam as discussões por regiões geográficas e outras por critérios setoriais

(educação, saúde etc.), constatando-se maior eficiência na participação agrupada por

assunto”.

Segundo Giacomoni(1996,p.193)18, Celso Daniel, ex-prefeito de Santo

André (SP), responsável pela condução de uma experiência de Orçamento Participativo

no período de 1989-92, considera que o sucesso do processo depende,

fundamentalmente, da capacidade de organização da comunidade. Quanto maior o

número de instituições representativas dos segmentos sociais que participem das

decisões sobre a programação e do controle e o acompanhamento orçamentário, maior

será a garantia de que o compartilhamento orçamentário da capacidade decisória com

a comunidade é efetivamente legitimo.

O orçamento participativo surge, no Brasil, como um método inovador no

gerenciamento dos recursos públicos municipais, e a defesa da descentralização e

ampliação do poder local e dos mecanismos de participação da sociedade civil nas

decisões do governo ganharam um espaço ineditamente significativo.

17 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Finaceiro Tributário. São Paulo: 1998.pg:103. 18 GIACOMONI. James. O “Orçamento Participativo” da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. In Gestão Contemporânea, Cidades Estratégicas e Organizações Locais. Organizadora: Tania Fischer.FGV, 1996. Capítulo 7,p.193.

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Constata-se que as decisões tomadas pela participação popular ficam

sempre na dependência do Poder Executivo, sendo que o mecanismo do orçamento

participativo é o total aperfeiçoamento do orçamento-programa, trazendo a

possibilidade do controle dos gastos públicos. Segundo Burg (1999).19

A participação da população na gestão pública exige a implantação de uma rigorosa reforma na gestão municipal. No caso do Orçamento Participativo, parece fundamental resgatar a idéia de planejamento. Não o planejamento tecnocrata de gabinete, cujos resultados têm sido a produção de planos e projetos que não saem do papel, mas sim a implantação de processos de planejamento estratégico, concebidos como plano de governo.

Assim, o Orçamento Participativo demonstra a possibilidade de uma

concepção intermediária entre a posição weberiana de acesso exclusivo dos técnicos

às arenas de tomada de decisão e a concepção defendida pelas visões participativas

da democracia no aumento da participação no próprio processo administrativo.

19BURG, Antônio Pires. Orçamento Participativo na Administração Pública. Monografia do curso de especialização em Contabilidade Geral e Auditoria – UNIPLAC. 1999..

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27

2.2 PLANEJAMENTO MUNICIPAL

O orçamento constitui, a partir do ponto de vista institucional, de acordo

com Silberscneider(1993)20, a síntese do compromisso de contribuições da sociedade e

de realizações do governo, tal como contrato firmado entre governo e sociedade que

reflete, em termos monetários, o que o governo faz pelo povo e que o povo contribui

para o governo.

Segundo Souza(2002).21

“O orçamento público, hoje em dia, é um dos instrumentos mais importantes e corriqueiros de gestão dos negócios de uma coletividade politicamente organizada”.

A peça orçamentária é um dos maiores instrumentos de controle político

sobre o Executivo, sustentado pelo advento da racionalização administrativa,

possibilitando através da consolidação da administração enquanto ciência no início do

século XX, o surgimento da metodologia do orçamento-programa. Essa metodologia

pode ser definida através do processo de fixação das despesas públicas a partir da

identificação das necessidades públicas segundo níveis de prioridade e estruturas

apropriadas de classificação de programação.

20 SILBERSCHNEIDER, W. Democracia e Participação Política: o Partido dos Trabalhadores e o Conselho Municipal de orçamento na Administração Chico Ferramenta (1989-1992). BH: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, 1993. Dissertação de Mestrado em Sociologia. 21 SANTOS, Boaventura de Souza. Democracia e Participação: O caso do orçamento participativo de Porto Alegre. Porto: Editora Afrontamento Ltda. 2002.

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Enquanto que na metodologia da orçamentação tradicional o orçamento

é dissociado do planejamento e da programação, no orçamento-programa o processo

orçamentário é um elo entre o planejamento e as funções executivas do Estado. A

alocação dos recursos tem em vista a realização de metas, e as decisões

orçamentárias levam em conta análises de diversas alternativas.

Podemos dizer que o “Orçamento-Programa” consegue articular

aspectos ligados tanto à dimensão da gestão quanto à do planejamento. É interessante

esclarecer que quando pensamos em planejamento e gestão estamos tratando de

atividades marcadamente diferentes, que podem vir a ser confundidas, mas não se

substituem. Gestão pode ser entendida como a administração dos recursos e dos

problemas. Por sua vez, planejamento é a preparação para os anos posteriores voltada

para evitar ou minimizar problemas e explorar potencialidades.

Podemos dizer que a elaboração anual do orçamento constitui o

momento em que o poder público local, tendo em vista suas funções e competências,

define os programas e atividades que irá empreender. De certa forma, o orçamento

municipal expressa a forma como a administração pretende lidar com as suas funções e

competências, que podem ser verificadas na Constituição e na Lei Orgânica Municipal.

Tal reflexão em relação à forma de atuação constitui, sem dúvida, uma atividade de

planejamento.

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Segundo Azevedo(1994).22

O Planejamento Municipal tem a função de pensar a cidade a curto, médio e longo prazo, e compatibilizar as políticas setoriais e as intervenções pontuais com os objetivos estabelecidos. Caberia ao planejamento a tarefa de realizar estudos e pesquisas prospectivas que forneçam subsídios para a formulação de políticas, bem como para análises do seu impacto sobre a estrutura urbana.

Um outro fato que demonstra a existência da forte relação entre o

orçamento e planejamento no âmbito municipal é o Estatuto das Cidades. Tal estatuto

constitui a lei complementar que regulamenta o artº 182 e o artº 183 da Constituição,

estabelecendo as diretrizes gerais da política urbana no país. Nele, o inciso III do artº 4

destaca não apenas o orçamento anual, mas também a gestão orçamentária

participativa, como instrumento de planejamento municipal.

22 AZEVEDO, Sérgio de. AVRITZER, Leonardo. A política do orçamento participativo: nova forma de relacionamento entre o estado e sociedade civil. Trabalho apresentado no XVIII Encontro Anual da ANPOCS, 1994b.

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3. ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE PORTO ALEGRE.

Apesar de muitos associarem o surgimento do Orçamento Participativo à

experiência de Porto Alegre (RS), a mais ousada e consolidada, cujo início data de

1989, outras iniciativas já haviam sido empreendidas no Brasil no Final dos anos 70.

Ainda durante o regime militar, registraram-se experimentos em Lages (SC), Vila Velha

(ES) e Pelotas (RS) que tiveram pouca visibilidade e vidas curtas dadas as condições

restritivas do contexto político do momento .

De acordo com Somarriba & Dulc(1996)23:

Estas experiências de orçamento participativo, somadas a outras iniciativas de incorporação da participação popular na gestão pública que também ocorreram no período do regime autoritário, constituíram o primeiro momento das formas de democracia local no Brasil.

Mas uma compreensão mais apurada da gênese e do desenvolvimento

desta proposta não pode prescindir de uma retrospectiva histórica, embora ela não seja

fácil de ser feita, dada a carência de informações e a descontinuidade de muitas

experiências de que se tem conhecimento. Porém poucas gozaram ou gozam dessa

longevidade do caso de Porto Alegre, por isso a mais conhecida.

23 SOMARRIBA, Maria das Mercês G. & DULCI, Otávio. Democratizando o Poder Local: O Orçamento Participativo em Belo Horizonte, 1996.

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Segundo Ferreira(2000)24, Porto Alegre tem sido tomada como marco

importante nas experiências de democratização da gestão municipal na América Latina.

Em um cenário político institucional instável como o que temos em nosso continente,

aliado a uma longa tradição tecno-burocrática centralizadora, não há dúvida de que a

experiência se tornou um farol para aqueles que estão preocupados em reverter a

tradição e devolver a coisa pública à discussão pública. Corre-se o risco, no entanto,

de, ao fazer o justo elogio do processo de Porto Alegre, tornar opacas as dificuldades e

obstáculos envolvidos em uma experiência historicamente inovadora e que não poderia

estar livre das contradições de sua época.

Iniciou-se seu processo gradual de fortalecimento das entidades

representativas de bairros, que, com o passar dos anos, formaram uma espécie de

coalizão, que reuniu associações de zonas urbanas e de bairros. O ápice desse

movimento de fortalecimento das lideranças comunitárias foi, sem dúvida, a fundação

da associação moradores de Porto Alegre – UAMPA, formada pela influência partidária

do PDT (Partido Democrático Trabalhista) e PT (Partido dos Trabalhadores) ainda

recentes no cenário político nacional.

No ano de 1989, com a força ascendente na política gaúcha, o PT

(Partido dos Trabalhadores), chega à prefeitura com Olívio Dutra, apoiado pelas

associações comunitárias.

24 FERREIRA, Denize de Queiroz. Orçamento Participativo: Instrumento de Democratização da Administração Pública. Graduação em Ciências Contábeis da UFMG. 2000.

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Nesse Sentido são importantes as observações de Celso

Bastos(1998)25:

Em Porto Alegre o Orçamento Participativo é a prática adotada desde 1989, e, a partir daí, vem aperfeiçoando um modelo de escolha de prioridades de investimentos em que a administração municipal compartilha as decisões com a comunidade.O interessante é que não só ocorre uma grande transformação nos gastos públicos e na transparência da administração pública; mais profunda ainda é a transformação que sofre a população que realmente torna-se um modelo de cidadania.

De acordo com James Giacomoni(1992,p.152)26:

[...] as definições sobre a realização de obras e serviços no âmbito municipal, em particular as melhorias locais que possuem especial significado para os moradores e bairros, tradicionalmente se dão na arena política limitada, onde pesam as opiniões do prefeito, de secretários e diretores da área respectiva, dos vereadores e de algumas poucas lideranças próximas.

Segundo Avritzer27, “a experiência democrática de Porto Alegre é uma

das mais conhecidas em todo o mundo, aclamado por ter possibilitado uma gestão

eficaz e extremamente democrática dos recursos urbanos”. Sendo assim escolhida

pelas Nações Unidas como uma das quarenta inovações em Istambul, em junho de

1996.

25 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Finaceiro Tributário. São Paulo: Saraiva.1998. 26 GIACOMONI, James. A comunidade como instância executora do planejamento: o caso do “Orçamento Participativo” de Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 1993.152p 27 AVRITZER, Leonardo. Modelos de deliberação democrática: uma análise do orçamento participativo: www.http Portoweb.com.Br/ong/cidade/biblioteca.htm

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De acordo co James Giacomoni(1993,p.155)28:

A prefeitura municipal de Porto Alegre (RS), ao longo das gestões do prefeito Olívio Dutra (1989-92) e de seu sucessor, Tarso Genro, vem aperfeiçoando um modelo de escolha de escolha de prioridades de investimentos em que a administração municipal compartilha as decisões, como uma nova instância política: o poder comunitário.

O Orçamento Participativo de Porto Alegre tem por base a discussão

com a comunidade, seja de forma direta ou através de delegados e conselheiros. Hoje

o processo de debates é dividido por dois critérios principais: o regional e o temático.

O OP de Porto Alegre é um processo quase permanente de intervenção

dos cidadãos nos negócios da cidade com interrupção apenas nos meses de janeiro e

fevereiro. A cidade é dividida em 16 setores por sua carência geográfica e social, para

os problemas local e municipal, sendo cinco os temas transversais: circulação e

transporte; desenvolvimento econômico e tributação; organização da cidade e

desenvolvimento urbano; saúde e assistência social; educação e lazer.

Em março e abril, as primeiras rodadas do OP são apresentadas. São

debatidas, na presença de autoridades municipais, o estado de desenvolvimento dos

trabalhos decididos no ano precedente e o plano de investimentos do ano em curso, e

eleitos os delegados do fórum setorial e temático, cujos mandatos são de um ano,

28 GIACOMONI, James. A comunidade como instância executora do planejamento: o caso do “Orçamento Participativo” de Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 1993.155p

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renováveis por uma vez. Em seguida, a etapa intermediária, que se conclui em fins de

maio, onde a população se reúne de forma autônoma para decidir as prioridades e

hierarquizar suas demandas de obras e serviços.

Após a primeira rodada (que define as prioridades) e as reuniões

intermediárias organizadas pelos delegados eleitos (que aprimoram a proposta de

planejamento inicial), vem a segunda rodada de discussões. Ela tem importância

decisiva, já que dela sairão os dois resultados finais da fase do planejamento: o

relatório de prioridades eleitos pelos participantes e delegados, e os nomes que

comporão o Conselho do Orçamento Participativo (COP). Geralmente, a segunda

rodada ocorre durante 15 dias, entre os meses de julho e agosto.

Que de acordo com Avritzer(2000,p.575)29:

O orçamento participativo é uma política em nível local que responde às demandas dos setores desfavorecidos por uma distribuição mais justa dos bens públicos nas cidades brasileiras. Ele inclui atores sociais, membros de associações de bairro e cidadão comuns em um processo de negociação e deliberação dividido em duas etapas: uma primeira na qual a participação dos interessados é direta e a segunda etapa, na qual a participação ocorre através da constituição de um conselho de delegados.

As demandas votadas nas 16 assembléias são processadas pela

Secretaria de Planejamento da Prefeitura (SEPLAN), enquanto o conselho do OP se

instala e acompanha a sessão de formação das finanças municipais. Esse conselho se 29 AVRITZER, Leonardo. Modelos de deliberação democrática: uma análise do orçamento participativo.Capitulo 11. Democratizar a Democracia. 2000,p.575.

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pronuncia sobre o primeiro projeto orçamentário que se transforma, em setembro, em

proposta orçamentária elaborada pelo (SEPLAN). Essa proposta orçamentária é

enviada pelo Prefeito à Câmara de Vereadores em única obrigação legal a ser

respeitada pelo orçamento.

Segundo Pozzobon(2000)30, já no primeiro ano, o governo da

administração popular de Porto Alegre materializou essa idéia ao inserir em seu

programa de ação a participação popular para discutir os investimentos e gastos do

poder público. Esta participação se deu principalmente com abertura de um canal de

discusão e deliberação da população juntamente com os movimentos populares.

Para Fedozzi(2001)31, o Orçamento Participativo de Porto Alegre, como

ficou conhecida essa inovação, vem sendo reconhecido desde então como uma

experiência bem sucedida de participação popular e de governabilidade de gestão

pública e, como tal, vem alcançando uma ampla repercussão no cenário político

nacional e até internacional, sendo interpretado no discurso de diversos atores políticos

e sociais como uma estratégia para sua instituição de cidadania no Brasil.

30 POZZOBON, Maria Regina . Cidadania com igualdade plena: um caminho em construção na Cidade de Porto Alegre.2000. Em http://www.portoweb.com.br/ong/cidade/bibliotaca.htm 31 FEDOZZI, Luciano – Orçamento Participativo: Reflexões sobre a experiência de Porto Alegre. 3º ed – Porto Alegre: Tomo: 2001. 248p,: il.

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3.1 AS DIFICULDADES DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE PORTO ALEGRE.

Segundo Chaves32, nos 10 anos de Orçamento Participativo de POA

algumas falhas foram detectadas, entre elas os conflitos das alocações orçamentárias,

rivalidade entre as regiões e a baixa participação da classe média nas assembléias.

Além disso, ao analisar as demandas de 1989 até 2000, obtivemos resultados ilógicos,

que retratam um pensamento excessivamente pragmático dos participantes.

O autor chama a atenção, por exemplo, que as demandas nas áreas

sociais (saúde, educação, assistência social e geração de emprego e renda) não

consigam figurar entre as duas primeiras da cidade, após 10 anos de OP. Seria de se

esperar que, após o atendimento de grande parte das demandas de pavimentação e

saneamento, houvesse uma migração progressiva para as demandas de outro tipo.

Os participantes do OP sabem que as questões que envolvem ações

judiciais e aí incluem-se as questões fundiárias, demoram anos até a solução definitiva,

terminando por não priorizar essas demandas, uma vez que não poderão ser cumpridas

no exercício orçamentário anual.

Outro problema, ainda não solucionado, é o do aproveitamento das

rodadas do OP, principalmente a segunda. Boa parte do tempo disponível para as

32 CHAVES, João Freitas de Castro. Orçamento e Participação Popular no Modelo Porto –Alegrense: Breves Comentários. http.//www.apriori.com.Br/artigo/orçamento_participativo.shtml.

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discussões é ocupada pela disputa entre chapas de conselheiros, transformando as

assembléias num espaço eleitoral por excelência. Essa priorização do aspecto político-

eleitoral, esvazia por muitas vezes, o debate final sobre as propostas.

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4. FORÇAS POLÍTICAS NO BRASIL.

Segundo Pires(1999,p.20)33, O movimento Democrático (MDB) esteve à

frente das experiências de planejamento participativo na primeira fase do período que

vai de meados da década de 70 e meados da década de 80. Tanto nessa frente quanto

na frente municipal, em que também atuava incisivamente, esse partido buscava

praticar uma oposição centrada na luta pelo resgate dos direitos políticos da

democracia.

Enquanto o Governo Federal, nas mãos dos militares, centralizava e

formava uma casta de burocratas para tomar decisões, o segmento progressista do

MDB propunha e tentava praticar a descentralização e decidir juntamente com a

população das cidades que governava. Como o MDB era um partido nacional, com

fortes representações em nível federal e detentor de um grande número de prefeituras,

sua estratégia de luta era traçada tendo em vista o cenário nacional.

Para Fachin & Chanlat (apud Souza)34, as capitais brasileiras tiveram

sua primeira eleição popular para prefeito em 1985, seguida das de 1988 e 1992. O

PMDB, então como partido identificado como o de oposição ao regime militar, ganhou

33PIRES, Valdemir. Orçamento participativo: o que é, para que serve, como se faz. Piracicaba: Ed. do autor, 1999.p.20. 34 FACHIN, Roberto. CHANLAT, Alain. Governo Municipal na América Latina. Porto Alegre:Sulina/Editora da Universidade/UFRGS, 1998. pg: 35-39

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19 das 23 prefeituras das capitais. Desde 1988, os partidos que podem ser rotulados

como progressistas têm experimentado um crescimento constante nas eleições para

prefeito, com a vitória de candidatos do PT, PDT e PSB. Nas eleições seguintes os

progressistas passam a comandar um quarto da população municipal e em 1992, o

PSDB, PT, PDT e PSB juntos elegeram 61% dos prefeitos das capitais, apesar de

apresentarem um fraco desempenho no país como um todo, onde PSDB, PT e PDT

possuem apenas 15% das prefeituras.

As eleições locais, assim como as políticas locais, se tornaram

laboratórios para os arranjos políticos promovidos pela redemocratização. Além do

mais, a esfera política local tem se mostrado mais aberta do que a estadual para

incorporar novos atores políticos sem vínculo com o regime militar. Portanto, os

resultados das eleições locais devem ser vistos a partir de uma perspectiva mais ampla

que a simples eleição de prefeitos e vereadores.

Segundo ainda Fachin & Chanlat apud Souza35:

Uma amostra do perfil dos prefeitos que passaram a governar as cidades do país após a redemocratização são diferentes daqueles prefeitos que governam os municípios durante o regime militar. Em primeiro lugar, a escolaridade dos prefeitos melhorou em 17%. Desses, em 1973, possuíam nível superior, enquanto que em 1989, esse número cresceu para 52%. Em segundo lugar, 63% dos prefeitos, em 1997, tinham experiência política anterior, enquanto que, em 1989, 52% estavam exercendo uma função coletiva pela primeira vez.

35 Fachin, Roberto Costa. Chanlat, Alain.Governo Municipal na América Latina/Roberto Costa Fachin e Alain Chanlat-Porto Alegre: Sulina/Editora da Universidade/UFRGS,1998.

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Com essa história, o PT tinha motivo diferente do PMDB para defender a

participação popular. Para ele, essa participação não era apenas mais uma frente de

luta que se acrescentava às lutas operadas no campo estritamente institucional. Era

uma reivindicação de origem genética: O Partido dos Trabalhadores (PT) tem em seu

manifesto de fundação a declaração de que é instrumento de luta daqueles que até

então não haviam tido oportunidade senão de votar. E é nesse sentido que as

experiências lideradas pelo antigo MDB e depois PMDB se diferenciam das

experiências do PT.

Em síntese, a prática do planejamento participativo e sua vertente mais

específica, o Orçamento Participativo, serviram no Brasil recente a diferentes

estratégias de luta política. Nas mãos do MDB/PMDB foi instrumento de combate à

centralização e ao burocratismo, praticados pelos governos militares. Foi um dos

ingredientes de um movimento de caráter nacional focalizado na tentativa de superação

de um problema nacional – a ditadura militar. Nas mãos do PT, revelou-se uma arma de

combate de predomínio político das oligarquias locais.

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4.1 CONTEXTO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS 1996 E 2000 EM BLUMENAU.

O ano de 1996 foi marcado pelas eleições municipais, as quais

representavam a possibilidade de confirmação da aprovação da população de

Blumenau às transformações na gestão municipal realizadas pelo primeiro ano de

governo da administração popular.

Quando o candidato da oposição apresentava-se nas pesquisas durante

4 meses com mais de 50,44% dos votos e da preferência, em menos de quinze dias a

coligação da Frente Popular tem uma das vitórias mais inesperadas de todas as épocas

de Blumenau.

A história administrativa de Blumenau registra-se pelos governos de

centro-esquerda, e desde 1973, o MDB, atualmente PMDB, administrou o município

durante mais de 20 anos. Segundo ainda esses registros somente, em 1915 tivemos

um governo popular chamado Weiktaurer – popular.

Numa cidade tradicionalmente operária, onde o pólo têxtil é a maior

receita do município, no ano das eleições enfrentava a sua maior crise, onde o índice

de desemprego no ano de 1990 a 2000 registrou-se muito elevado. Blumenau, nas

eleições de 1996, estava em crise total, e inúmeras empresas atravessavam a falência,

alterando o modelo econômico, social e político do município.

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42

Segundo o quadro abaixo podemos observar a vitória eleitoral do Partido

dos Trabalhadores,como também a sua composição na Câmara de Vereadores. No

princípio de governo, o Prefeito teve que trabalhar com a oposição, e dos 21

vereadores, apenas três eram da mesma sigla partidária; os outros 18 faziam parte dos

partidos que eram de oposição ao PT.(vide tabela abaixo)

Tabela 01 Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Blumenau - 2003.

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43

Com a reeleição do vitorioso Prefeito Décio Nery de Lima, em 2000, com

a coligação PT, PPS, PMN, PSB, PC do B, PDT e PTB, incluindo neste quadro político

uma maior coligação e com mais de 70 % dos votos, mostrando que a população era

favorável à permanência da administração popular, com uma nova realidade o

legislativo municipal registra 10 vereadores eleitos pela coligação Frente Popular. 06

vereadores do PT, 01 vereador do PPS, 02 vereadores do PTB, 01 vereador do

PDT.(vide tabela abaixo)

Tabela 02 Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Blumenau.

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Segundo alguns vereadores que estão na sua terceira ou quarta

legislatura descrevem, a vitória do PT (Partido dos Trabalhadores) no segundo pleito

refere-se aos planos de governo apresentados na campanha eleitoral com a proposta

Orçamento Participativo. (vide gráfico abaixo)

GRÁFICO 01 FONTE: Tribunal Eleitoral de Blumenau.

52% 48%63%

37%

0%

20%

40%

60%

80%

1996 2000

Eleições de 1996 e 2000

Decio Neri De Lima Outros

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5. ORÇAMENTO PARTICIPATIVO NO MUNICÍPIO DE BLUMENAU

A abertura das decisões governamentais à população, que transforma o

cidadão em co-autor das decisões políticas, também foi o caminho escolhido pela

Administração Municipal de Blumenau, cidade que atualmente tem em seu aspecto

físico uma superfície de 510 3 Km2, com área urbana de 192 Km2 e a área rural de

313,8 Km2 com a altitude de 21 metros acima do nível do mar, com a população de

261.868 habitantes, onde 241.987 habitantes são da área urbana, 19.881 habitantes da

área rural, com a população em idade ativa de 167.999 habitantes e uma população

economicamente ativa de 145.127 habitantes e que tem como arrecadação R$ 170

milhões anual.

O município tem como principais atividades econômicas a indústria, com

38.463 empregados, o comércio com 39.062 empregados e o turismo. Como principais

atividades se destacam a indústria têxtil, os setores de vestuário e alimentício e

metalurgia, com um PIB per Capita de R$ 13.619,00 e a Renda Per Capita em torno de

U$ 7.000,00.

Quanto ao aspecto social tem em média a expectativa de vida de 72

anos, habitantes em nível de pobreza de 79,7%, com uma taxa de natalidade de

19,25%/1000 hab. e a taxa de mortalidade infantil de 11,26% por 1000 nascidos vivos

( 1 ano).

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46

Ao longo dos seus 230 anos, desde sua fundação, Blumenau passou

por várias administrações ou gestões municipais. Com exceção dos governos

anteriores, somente em 1996 uma nova gestão municipal veio romper com uma cultura

impregnada pela centralização, pelo fisiologismo e pela prática antidemocrática e

paternalista. As decisões acerca dos gastos do dinheiro público eram tomadas dentro

dos gabinetes e a população era sempre excluída, marginalizada, enfim, alijada do

processo de decisão sócio político em relação a esses gastos e aos destinos da cidade.

Na verdade, essa nova gestão veio romper com uma estratégia político-

administrativa que visava manter o povo subjugado através de práticas clientelistas,

adotadas como instrumento eleitoreiro. Somente às vésperas do pleito realizavam-se

doações e obras emergenciais para atender a interesses localizados. E foi mais ou

menos nessas bases que foram se atravessando séculos.

Segundo Santos(2002)36, o Brasil é uma sociedade com uma longa

tradição de política autoritária. A predominância de um modelo de dominação

oligárquico, patrimonialista e burocrático resultou numa formação de Estado, num

sistema político e numa cultura caracterizados pelos seguintes aspectos: a

marginalização política e social das classes populares, ou a sua integração através do

populismo e do clientelismo; a restrição da esfera pública e a sua privatização pelas

elites patrimoniais; a “artificialidade” do jogo democrático e da ideologia liberal,

originando uma imensa discrepância entre o país legal e o país real.

36 SANTOS, Boaventura de Souza. Democracia e Participação: O caso do orçamento participativo de Porto Alegre. Porto: Editora Afrontamento Ltda. 2002.

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47

Segundo Rodrigues37:

A exclusão política e social onde a maioria da população, ao longo dos séculos, criou uma “cultura” visando consolidar um suposto conformismo e acomodação da maioria do povo, podendo ser representada nas seguintes idéias: “política é assim mesmo, fulano rouba, mas faz”, “os políticos são todos iguais”, entre outras.

Esse tipo de cultura ideológica levou, em 1996, a população de

Blumenau, a acabar com o continuísmo imutável, que era o processo político-

administrativo do município, elegendo para Prefeito da cidade um trabalhador

comprometido com a transformação social, representando uma frente de esquerda (PT,

PPS, PMN, PSB e PC do B) e um projeto político que alteraria completamente a

correlação de forças no município, segundo um governo em que a população

historicamente participa.

Com essa proposta o governo popular assume a cidade de Blumenau,

herdando um passado de tradição política, baseado em contra-valores, com o

paternalismo, o fisiologismo e a falta de participação popular nas tomadas de decisão,

o que permitia aos grupos dominantes se perpetuarem no poder mediante esses

instrumentos constante de miséria da maioria da população.

37 SANTOS, Boaventura de Souza. Democracia e Participação: O caso do orçamento participativo de Porto Alegre. Porto: Editora Afrontamento Ltda. 2002.

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Os primeiros atos do Governo popular confirmaram sua intenção de

inverter prioridades, implementar uma gestão democrática, com a participação popular,

visando à radical transformação da cultura política, que imperava na relação entre

governo e sociedade.

A implementação do Orçamento Participativo na cidade de Blumenau

teve início em 1997. O OP é introduzido com objetivo de ampliar a abrangência da

participação popular do nível regional para a cidade como um todo, democratizando as

decisões sobre os investimentos estruturantes da cidade e gastos com políticas sociais.

Nesse sentido são importantes as observações de Andrade(1994)38:

No ano de 1997, a apresentação do Projeto Orçamento Participativo para a sociedade blumenauense se deu no teatro Carlos Gomes, no dia 28 de fevereiro. Naquela oportunidade foram convocadas pela prefeitura municipal todas as lideranças e entidades locais com a finalidade de desencadear um processo de debate sobre o projeto em questão.

Quanto à proposta metodológica do Orçamento Participativo, segundo

Andrade, o OP inicialmente foi composto por 5 integrantes e um coordenador, que

tinham as funções de coordenar todo o processo, articular e assistir as regiões, equipe

ligada diretamente ao gabinete do prefeito e que compõe a Superintendência do

Orçamento Participativo. Sua principal função seria elaborar o OP, de forma

38 ANDRADE, Edinara Terezinha. Os impactos do Orçamento Participativo nas Associações de Moradores em Blumenau, relatório final. FURB. 2001.

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49

participativa, ouvido as comunidades através de assembléias e reuniões dos delegados

eleitos democraticamente.

Segundo o coordenador do OP, para a operacionalização deste, o

município de Blumenau foi dividido em nove (09) principais regiões, sendo que essa

divisão partiu de uma base geopolítica, considerando critérios, tais como: população

total, área geográfica, níveis de desenvolvimento social, aspectos culturais, organização

da população e capacidade de mobilização, facilidade de deslocamento e condições

estruturais da prefeitura. (vide Mapa abaixo)

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50

MAPA

R. 1 � ��������� �������������������������������� ���! #"��%$%$&���' )('*&�# �$+�,�-�.�.0/1$��.�&�2�3.45�6 R. 2 7 8�95:';.<5=?>'@�ACB%D; E5A�F,G�9&H ACFB.I�A�F�>J�9LK�9 M�N#<'O.95B'PQN�K'N E.90IR<�:'9.N�9�HSB5GT9�H A�FU:'FWV�F�@�A�;&X R. 3 Y Z\[#]�^,_�`�acbd�^ e�^+f,_�`�a�b�d�^ e a Central. R. 4 g hQi#j�k&i#l ão Fresco, Vorstadt, Ponta Aguda, Centro e Rua Araranguá. R. 5 m nTo�p'q�o2rLs�s�pUr+tvu)w�o!x�y�z R. 6 { |~}&���.��}��L�-}��#�.}&�2}�����������#��}��.���������.}��%��}����������Q�#�.�,����}��&� R. 7 � ���'�#�)�1���\�#��� ���.¡.�5�£¢c��¤5¥�¦¨§'�ª©T�&��¥���\©��&� ¥C�¬«­¦�������®&�5¯&°.���\��¯±¥���²�³��c¤.§�¦�²��µ´����¶�·� �5¥����

Itoupava Seca, Passo Manso. R. 8 ¸ ¹-º.»R¼�½¿¾1º�ÀcÁ�º'Â�½�ÃÅÄ\Á�½ÇÆ�È'ÉÇÊ�½�Ë5½%ÆÈ�Ì2º É&ÃWÍ~Î�Á�½Ï¹Ðº�Ì�Æ'º�ÃÅÄ\Á�½ÒÑÓº&Â.º&Ì�½�»ÕÔÖÉ.×�Ì!Ø)ÈÙºtransversais. R. 9 Ú ¹-º�»#¼�½ÛÑvÌ2½�Â�Æ'º�Ã&Ü-È'Ý�Ä�º Þ?Ø#Ì�ÈÃ�¾º�Þ?Ì�×�ß.È�»#Ø É.à à5È ão Pessoa, Jorge Lacerda e transversais.

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51

Para que os recursos existentes destinados ao investimento não fossem

concentrados em apenas uma área, foi estabelecido um conjunto de áreas de

investimentos e de distribuição dos recursos existentes, garantindo uma equidade na

evolução dos índices sociais do município, que são: pavimentação e drenagem;

educação e cultura; saúde; saneamento básico; transporte coletivo; habitação e

urbanismo; iluminação pública, trabalho e renda; assistência social e meio ambiente,

esporte e lazer.

Numa das propostas do OP estaria a questão do plano de investimentos

fazendo-se necessário estabelecer critérios para a sua distribuição, entre eles a divisão

regional onde se receberiam percentuais por área conforme critérios e notas a serem

dividas e aprovadas pelo conselho Municipal. (vide tabela abaixo)

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Tabela Nº 03

A distribuição dos recursos para cada região foi discutida e aprovada

pela Coordenação do Orçamento Participativo e leva em conta a carência dos serviços

e infra-estrutura urbana de cada região, população total; e prioridades temáticas

escolhidas pela região.

A cada critério são distribuídos pesos, distribuídos da seguinte forma:

1º - CARÊNCIA DOS SERVIÇOS, OU INFRA - ESTRUTURA BÁSICA – PESO 3

REGIÃO 1REGIÃO 2REGIÃO 3REGIÃO 4REGIÃO 5REGIÃO 6REGIÃO 7REGIÃO 8REGIÃO 9Fonte: IPPUB Censo Demográfico IBGE 2000

12355,0025129,0017833,00

0,360,46

19437,0021644,0042579,00

10811,0018281,00

0,410,61

9880,008880,00

12355,0010811,00

0,390,48

35339,00 0,61 12741,0023000,00 0,68 11583,00

COTA DERECURSOS (%)

45061,00 0,41 11533,00

ÍNDICE PROVISÓRIO DE DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS ORÇAMENTÁRIOSPARA INVESTIMENTOS

REGIONAL(HAB)

POPULAÇÃO RENDA MÉDIA(S.M.)

De 41% a 60% De 61% a 80% De 81% a 100%

NOTA 3NOTA 4NOTA 5

De 11% a 20% NOTA 1 De 21% a 41% NOTA 2

PAVIMENTAÇÃO E DRENAGEM NOTA

Até 10% de carência NOTA 0

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2º - POPULAÇÃO EM ÁREAS DE CARÊNCIA – PESO 2

3º - POPULAÇÃO TOTAL DA REGIÃO- PESO 1

4º - PRIORIDADES DA REGIÃO – PESO 2

5º EXTENSÃO TERRITORIAL – PESO 1

Fonte: Superintendência do OP/BNU

Somando as notas de todas as prioridades escolhidas pelas 09 (nove)

regiões, chega-se à principal prioridade, que será a que somar maior pontuação, tendo

como indicador de planejamento para distribuição dos recursos em obras e serviços. A

análise desses documentos é apresentada na plenária temática conforme a tabela .

De 3.001 até 4.000 NOTA 4

Acima de 4.000 NOTA 5

De 1.001 até 2.000 NOTA 2 De 2.001 até 3.000 NOTA 3

POPULAÇÃO E ÁREA CARÊNCIA NOTA Até 1.000 habitantes NOTA 1

Acima de 34.501 NOTA 5

De 21.501 até 28.000 NOTA 3 De 28.001 até 34.500 NOTA 4

Até 15.000 habitantes NOTA 1 De 15.001 até 21.500 NOTA 2

POPULAÇÃO TOTAL DA REGIÃO NOTA

Acima de 40,1 Km NOTA 5

Até 10 Km NOTA 1NOTA 2 De 10,1 Km a 20 Km

De 20,1 Km a 30 Km NOTA 3 De 30,1 Km a 4O Km NOTA 4

EXTENSÃO TERRITORIAL NOTA

Terceira Prioridade NOTA 3

Primeira Prioridade NOTA 5 Segunda Prioridade NOTA 4

PRIORIDADES DA REGIÃO NOTA

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Tabela Nº 04 Fonte: Superintendência do OP/BNU.

A estrutura e funcionamento do Orçamento Participativo vêm sofrendo

grande mudança. O processo acontece em 04(quatro) etapas nas regiões do OP. Na

primeira, realiza-se o levantamento e reivindicação da população das demandas da

comunidade. A discussão das prioridades acontece na 2º etapa, diferenciada de cada

região. Na 3a acontece a eleição dos conselheiros e coordenador. Elegem-se 03 (três)

conselheiros, sendo que um, obrigatoriamente, deverá ser escolhido entre os atuais

conselheiros. Dessa maneira oportuniza-se a continuidade e a seqüência dos trabalhos

dos conselhos, sendo que o número de conselheiros deve chegar a 34 efetivos com um

mandato dos delegados e conselheiros de 2 anos.

* levantamento das demandas caráter da reunião * reivindicações da população * discussão * solicitações de interesse da populção * aprovação

* priorizaçaõ e definição das demandas caráter da reunião * definir prioridades de cada região * informativo

* preparatório

* eleição dos representantes do conselho caráter da reunião* eleição do coordenador de cada região * prepartório

* discussões preliminares

* reunião dos conselhos CMDP,CMS, caráter da reunião CMAS, CME, CMC, CMDS * deliberativo* apresentação da situação econômica * operativo* projeções orçamentárias

2ª Etapa - Em cada região

4ª Etapa - coordenação do O.P.

Carência Serviço1ª Etapa - Geral

3ª Etapa - Montagem dos conselhos

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As rodadas das Assembléias ocorrem no ciclo anual OP. A primeira

rodada da Assembléia ocorre de março a abril, que tem como objetivo organizar as

Assembléias. De maio a junho, realização das Assembléias nas 09 regiões, a

instalação Conselho Regional e Delegados, eleição dos conselheiros e posse dos

conselheiros. De junho a julho discussão das áreas prioritárias. Agosto a setembro,

revisão das obras incluídas, ajustes técnicos e a elaboração do plano de investimentos.

Outubro a novembro, entrega do Orçamento à Câmara Municipal para apreciação e

acompanhamento do Orçamento, avaliação e metodologia do Orçamento Participativo.

(vide Tabela)

Tabela nº 05 Fonte: Superintendência do OP/BNU

FevereiroMarço/Abril retomada dos trabalhos C.R.D.s

Organização AssembléiasMaio/Junho Realização Assembléias nas 09 regiões

Instalação C.R.D.s - Eleição ConselheirosPosse dos Conselheiros

Junho/Julho Discussão da Áreas PrioritáriasJulho/AgostoAgosto/Setembro Revisão Obras Listadas - Ajustes Técnicos

Elaboração Plano de InvestimentosOutubro/Novembro Entrega do Orçamento à Câmara MunicipalCâmara MunicipalNovembro Acompanhamento do Orçamento na Cãmara MunicipalCâmara municipal

Avaliação e Metodologia do Orçamento ParticipativoDezembro Encerramento

Recesso até fevereiro

ESTRUTURA DE FUNCIONAMENTO DA OP BLUMENAUCOP entra em recesso

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5.1 INSTÂNCIA DE DELIBERAÇÃO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

O Orçamento Participativo em Blumenau é formado por três tipos de

instâncias que realizam o processo de mediação entre o Executivo Municipal e os

Moradores da cidade. 1º - Unidades administrativas e órgãos internos ao Executivo

Municipal voltados para o gerenciamento e o processo técnico-político da discussão

orçamentária com os moradores. 2º- Instâncias comunitárias, autônomas em relação à

administração municipal, formadas principalmente por organizações de base regional

na cidade, que são os delegados eleitos pela comunidade; 3º- Instâncias institucionais

permanentes de participação comunitária, como o Conselho Municipal do Orçamento

Participativo – CMOP. Esse conselho é coordenado por um representante do poder

público (coordenador do OP) e conta com a participação de representantes

(conselheiros) eleitos entre os delegados da Região, (Andrade, 2001)38

5.1.2 Assembléias Populares

Assim, em cada uma das nove regiões administrativas a comissão

técnica do OP realiza uma Assembléia Popular, que tem como objetivo:

- apresentar a prestação de contas para a região;

- apresentar o novo plano de investimento;

- eleger os novos delegados do OP, na proporção de um delegado

para dez moradores presentes nas Assembléias.

38 ANDRADE, Edinara Terezinha. Os limites da democracia representativa: uma análise a partir das contribuições de Manin, Hirst e Bobbio. In Revista Dynamis, nº 25. Blumemau, Editora da FURB, 1998.

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O OP teve muitas alterações na sua forma metodológica principalmente

na escolha de delegados. Atualmente o OP 2003 apresenta o seguinte critério: Até 100

participantes elege-se um delegado para cada 10 participantes; de 101 a 250

participantes , um por 20; de 251 a 400 participantes, um para cada 30; de 401 a 550,

um para cada 40; de 551 a 700 participantes , um por 50; de 701 a 850 participantes,

um para cada 60; de 851 a 1000 participantes, um para cada 70; mais de 1000

participantes, um para cada 80. (vide tabela Abaixo)

Tabela 06

É nas reuniões do OP que são eleitos, entre os delegados, os

representantes da região no Conselho Municipal do Orçamento Participativo

(CMOP),três conselheiros efetivos e um suplente (com mandato revogável, em caso de

falta: três consecutivas ou cinco alternadas, sem justificativa), para cada região. Entre

outras funções, elegem um coordenador regional que integrará o fórum de

eleitos

Fonte: Superintendência do OP/BNU.

Critério de Proporcionalidade de Delegados Segundo a Participação

01 por 1001 por 2001 por 30

Até 100101 a 250251 a 400

01 por 4001 por 5001 por 60

401 a 550551 a 700701 a 850

01 por 70

332851 a 1.000

Nº de delegadosProporção de delegados porNº de participantes nareunião participantes

10854

mais de 1.000 01 por 80 proporcional

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coordenadores regionais. Multiplicam as discussões relativas do OP na sua região,

fiscalizam as suas ações do CMOP, a proposta de obras e serviços para a sua região a

serem incluídas na peça orçamentária, acompanham e fiscalizam a execução das obras

e serviços de sua região. Convocam representantes do poder público, sempre que se

fizer necessário, acompanham a votação do orçamento na câmara de vereadores.

As Assembléias acontecem no mês de abril, onde a divulgação é feita

pela equipe do OP, através dos meios de comunicação local (rádios, TVs, jornais,

escolas e comunidades, através de cartazes).

A dinâmica das Assembléias, segundo Andrade(2001)39:

1º - Assinatura da lista de presença conforme a população chega, com a

entrega de uma cartilha;

2º - pronunciamento dos membros da mesa;

3º - apresentação de um vídeo das obras realizadas para prestação de

contas;

4º - divulgação do número de participantes nas Assembléias;

5º - eleição para os novos delegados para compor a CRD ( assim que as

inscrições dos candidatos se encerram);

6º - contagem de votos

7º - divulgação dos delegados eleitos;

8º- encerramento.

39 ANDRADE, Edinara Terezinha. ANDRADE, Edinara Terezinha. Os impactos do Orçamento Participativo nas Associações de Moradores em Blumenau, relatório final. FURB. 2001.

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59

5.1.3 CRDs – Coordenadoria Regionais de Delegados do OP/BNU

Outra instância de participação no OP são as coordenadorias Regionais

de Delegados – CRDs. Elas são compostas pelos delegados de cada região e entre as

suas funções esta a escolha dos representantes da região junto ao Conselho Municipal

do Orçamento Participativo, sendo: 02 conselheiros efetivos e um suplente com

mandato revogável; Escolhem também um dos delegados como coordenador da CRD.

Têm como principal função multiplicar as discussões relativas ao OP,

estimulando a participação popular e o surgimento de novas formas de organização e

consulta popular – fiscalizar as ações do CMOP; apresentar ao CMOP a proposta das

obras e serviços da sua região; acompanhar e fiscalizar a execução de obras e serviços

de sua região; convocar representantes do poder público sempre que se fizer

necessário; acompanhar a votação da peça orçamentária na Câmara de Vereadores;

eleger o Coordenador Regional que integrará o Fórum das Coordenadorias Regionais.

(Cartilha da Prefeitura, 2002)40

40 PREFEITURA MUNICIPAL DE BLUMENAU. Orçamento Participativo – A vontade do Povo vai mostrar a sua força. Blumenau. 2002.

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5.1.4 Conselho Municipal do Orçamento Participativo

O CMOP é o órgão que constitui o grupo executivo operacional do OP,

formado pelo coordenador e pelos conselheiros de cada região, visando definir o

Orçamento e o Plano de Investimento para cada ano seguinte, tendo também como

função debater sobre a proposta orçamentária do município e aplicar critérios para a

distribuição, apreciar as propostas de governo para o plano de investimento, apresentar

o projeto de lei orçamentária juntamente com os representantes do governo para a

Câmara de Vereadores, acompanhar e fiscalizar a execução de obras do plano de

investimentos, compor a Comissão de Licitação da Prefeitura Municipal de Blumenau,

bem como as negociações salariais e convocar, quando necessário, o Fórum do OP a

assembléia e o conjunto dos delegados e conselheiros, redefinir a metodologia, se for

o caso , o regimento interno que deverá ser apreciado no início de cada ano, zelar pelo

regimento interno a cada exercício.

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61

6. FUNCIONAMENTO DO OP EM BLUMENAU DE 1997 A 2003.

Nos primeiros anos de funcionamento do OP em Blumenau, a decisão

popular no processo de definição e priorização de obras regionais acabou por revelar

explicitamente a incapacidade gerencial dos órgãos executores da Prefeitura para atuar

de forma programada. As secretarias não estavam preparadas para esclarecer e expor

antecipadamente para a população critérios técnicos ligados a projetos nem para atuar

de forma transparente em relação aos custos dos empreendimentos, a efetividade na

condução dos processos licitatórios das obras.

Tais deficiências em relação aos planos de investimentos, juntamente

com as dificuldades encontradas segundo o Vice-Prefeito na questão do Orçamento

Participativo, envolvem diversos aspectos. Em primeiro lugar, Blumenau se baseou na

experiência de Porto Alegre , mas não se conseguiu implementá-la da mesma forma ,

não se chegou a todos os níveis que Porto Alegre tem. Por exemplo, na questão

setorial, aqui quase não se avançou, pois a grande dificuldade do OP é que, no caso

específico de Blumenau, foi dado um percentual muito pequeno da receita por diversas

circunstâncias e isso fez com que muito do que estava estimado não pôde ser realizado

para o ano seguinte. (Entrevista, em 14 de agosto de 2003).

Os resultados foram graves erros na estimativa de custos para

elaboração das obras e investimentos do OP. O erro nas estimativas dos dois primeiros

anos de OP chegou a representar quase 50%. No anos posteriore 1999, houve uma

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62

considerável evolução na precisão de valores no plano de investimento, de forma a

reduzir os erros nas estimativas.

Sabendo que os grandes articuladores deste processo são as lideranças

comunitárias, mobilizando a comunidade para participar das discussões das

prioridades, é a eleição de delegados do OP, que se inicia a cada ano, que movimenta

esse espaço decisório. Quanto maior a capacidade de mobilização, maior será o

número de delegados das Regiões e maior seram as chances de concretizar as suas

demandas, de inclusão no Orçamento Participativo, garantidas as suas reivindicações e

aumentando a participação popular nesse processo.

Quanto à participação das associações de moradores, somente nos

últimos anos de gestão é que as associações vêm se organizando para formarem os

seus representantes (delegados), numa forma de manterem vivas as suas lideranças,

reforçando o papel do delegado para a inclusão de obras no OP. São eles que definem

as chances de cada uma das reivindicações serem aprovadas. Muito embora haja

sempre um acordo anterior, antes mesmo da eleição do delegado, geralmente este se

apóia através dos lideres comunitários. Estes, por sua vez, geralmente são os membros

das associações de moradores.

Não surpreende que os números da participação e o seu significado

sejam fatores de luta política. Não surpreende também que as forças políticas e sociais

que apóiam o OP procurem soluções para incrementar a participação. No pressuposto

de que mais participação é sempre melhor que menos participação. A verdade é que,

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63

neste pressuposto, em si mesmo evidente, se esconde um dilema: como grupos sociais

diferentes se mobilizam para a participação por objetivos diferentes, com certo limite, só

é possível ampliar a participação na medida em que se restringir o âmbito de objetivos

competitivos, agora mais numerosos. Na impossibilidade de resolver este dilema, uma

solução que o minimiza consiste em estabelecer custos diferenciados de participação

através da multiplicação das formas de participação, umas mais intensas do que

outras.

Quanto à participação da comunidade nas etapas do OP, observou-se

que houve um crescimento no número de pessoas que participaram das etapas do OP,

conforme dados fornecidos pela coordenação do OP dos anos de 1998, 2000 e 2001.

Porém questiona-se os períodos 1997, 1999, 2002, cuja fonte não possui registro (vide

tabela abaixo).

Tabela nº 07 Fonte: Superintendência do OP/BNU.

Sabe-se que os setores populares mais carentes e menos organizados

têm dificuldades acrescidas em participar. A participação democrática é uma forma de

investimento político para o qual o capital político mínimo, o de ser formalmente

cidadão, não basta. Conforme gráfico abaixo pode-se observar que somente as regiões

mais organizadas e com maior possibilidade de informações e viabilidade estão

Números de pessoas envolvidas na 3ª etapa do OP 97, 98, 99, 2000, 2001.. 2003OP 97 OP 98 OP 99 OP 2000 OP 2001 OP 2003

Rodada 3ª 3ª 3ª 3ª 3ª 3ª Total de pessoas 2.600 8.256 12.142Fonte: Superintendencia do OP/BNU.

ANO DAS OPS

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64

inseridos no processo do OP, as regiões mais carentes ficam por último.(Vide Gráfico

Abaixo)

Grafico 02 Fonte: Superintendência do OP/BNU.

A gestão eficaz das ações de participação é complexa, pois envolve

vários fatores: freqüência, organização e duração das reuniões; facilidade de acesso

aos locais de reunião; relação positiva entre o investimento na ação de participação e

seus resultados.

Participantes de 2000

Região 1

Região 2

Região 3

Região 4Região 5

Região 6

Região 7

Região 7

Região 8

Região 9

Região 1 Região 2 Região 3 Região 4 Região 5 Região 6 Região 7 Região 7 Região 8 Região 9

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65

Tabela 08 Fonte: Superintendência OP/BNU.

Blumenau tem 162 associações de moradores, sendo 153 cadastradas

no município, que comprovam sua existência no Departamento de Movimento Social.

Segundo o Coordenador da Superintendência do OP, em 1996 o município tinha

apenas 83 associações de moradore registrando um crescimento, as comunidades

sentiram a necessidade de se organizar e eleger seus delegados, priorizando desta

forma as suas demandas comunitárias. O presidente da associação de moradores

deixa de ser apenas o presidente. Passa, em conjunto com outras pessoas da

diretoria, a ser representante da comunidade, porque, hoje, os membros da diretoria

dessas associações são os delegados e membros de comunidades inteiras são

delegados do OP. Nas reuniões dos CRTs e das coordenadorias regionais de

delegados, vão para lá auxiliar a associação e as diretorias para buscar aquilo que eles

tanto desejam dentro da comunidade, ou seja, houve um crescimento quantitativo e

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003Região 1 *** *** *** 1600 *** 213 ***Região 2 *** *** *** 806 *** 1800 ***Região 3 *** *** *** 1150 *** 1600 ***Região 4 *** *** *** 880 *** 1240 ***Região 5 *** *** *** 860 *** 1470 ***Região 6 *** *** *** 330 *** 254 ***Região 7 *** *** *** 1200 *** 1240 ***Região 8 *** *** *** 580 *** 1270 ***Região 9 *** *** *** 580 *** 840 ***TODAS REGIÕES 8256 11920

REGIÕES ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS

DEMONSTRATIVO NÚMERO DE PARTICIPANTES NAS REUNIÕES DO OP

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66

qualitativo na questão da participação da vida política do município. (Entrevista, em 22

de agosto de 2003).

Segundo Andrade(2001)41:

Através da observação participante, bem como da leitura de pesquisas

anteriores, pode-se constatar que as Associações de Moradores têm papel

preponderante em todo o processo do OP. Isto fica evidente no fato de que mesmos

antes dessa gestão do OP, já havia discussões nas reuniões e encontros das

Associações de Moradores sobre o que era Orçamento . Além do mais cabe a elas a

tarefa de mobilizar a população para a participação, não só das Assembléias

Populares, como também no modo de desenvolvimento do OP.

No OP existem pessoas chaves que movimentam a eleição de

delegados. Eleitos estes elegem mais cinco, mais 10, 20, 30, conforme a sua

capacidade de mobilização e politização e automaticamente têm função política e

objetivo comunitário. Muitos têm mais forteobjetivo comunitário, alguns tem mais forte o

objetivo político. O que move as eleições dos delegados é uma parcela de pessoas

que estão inseridas no contexto político municipal, que é geralmente o presidente da

associação de moradores, por iniciativa do governo que cede os ônibus gratuitamente,

41 ANDRADE, Edinara Terezinha. Os impactos do Orçamento Participativo nas Associações de Moradores em Blumenau, relatório final. FURB. 2001.

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67

levando-os para a eleição logicamente esse presidente da associação vai eleger os 20

ou mais delegados para conseguir o posto de saúde ou outra obra. Só que aquele

presidente da associação de moradores já tem uma ligação política e com certeza, por

ser um programa iniciado em Blumenau pelo governo do PT, a grande parte das

pessoas que têm uma conotação de formação de delegados, normalmente esses tem

uma vinculação maior com o governo, porque o governo as procurou para fazer isso.

Deve ser destacado, assim como afirma o Vereador e ex-delegado do OP, que a

participação das associações de moradores é o ponto chave para a eleição dos

delegados, automaticamente a inclusão das obras no OP. (Entrevista, em 08 de agosto

de 2003).

A alteração da metodologia do OP que diz respeito à introdução da bi-

anualidade da Eleição dos delegados trouxe como conseqüência a melhoria na

capacidade de resposta quanto à realização dos empreendimentos. Mudança que

segundo o Superintendente do OP foi fundamental para que fosse possível

compatibilizar os prazos envolvidos em ações, como a licitação de projetos, a execução

das obras e a discussão das políticas setoriais.(Entrevista, em 22 de agosto de 2003).

Quanto à participação dos delegados nas OPs conforme gráfico abaixo,

houve um acréscimo na participação da população nas eleições de delegados, na

tentativa de alcançar seu objetivo, que é a inclusão de obras no OP.

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68

Participação dos delegados do OP em 2000 a 2002.

Gráfico 03 Fonte: Superintendência do OP/BNU.

A transparência de alta intensidade exigida pela democracia participativa

tem ainda a ver com a capacidade e a qualidade do retorno à base por parte das

estruturas de delegação e de representação, ou seja, por parte dos fóruns de

delegados e dos conselheiros do CMOP. Essa é, sem dúvida, uma das dimensões da

qualidade da participação que terá de merecer uma atenção mais cuidadosa. O que

está em causa é saber se e em que medida a cultura política da participação induzida

pelo OP tem sido interiorizada pelo público do OP, tanto pelos cidadãos e suas

associações, como pelos delegados e conselheiros.

85

58

120

33

86

88

115

80

160

84

127

124

25

147

124

160

188

213

Região 9

Região 8

Região 7

Região 6

Região 5

Região 4

Região 3

Região 2

Região 1

20022000

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69

Em relação a distribuição dos recursos está claro de que há um

decréscimo gradual dos valores. De acordo com a prefeitura a diminuição dos valores

destinados a obras, faz parte de um conjunto de ajuste.

Podemos observar que, na área de saúde conforme tabela abaixo de

1998, 2000, 2001 para 2003 há também um decréscimo de valores para investimento

nas obras do OP, como também segundo a superintendência do OP não houve

investimentos nos anos de 1999 devido aos valores superestimados no ano anterior

(1998) e 2002 poe estarem em atraso com as obras do OP dos referidos anos

anteriores.

Tabela 09

OP 1997 OP 1998 OP 1999 OP 2000 OP 2001 OP 2002 OP 2003(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)

Região 1 **** 184.080,00 **** 133.852,00 99.228,00 **** 136.000,00Região 2 **** 156.750,00 **** 127.105,00 74.484,00 **** 126.172,00Região 3 **** 177.300,00 **** 40.609,00 85.125,00 **** 105.324,00Região 4 **** 136.500,00 **** 48.362,00 86.608,00 **** 113.749,00Região 5 **** 163.650,00 **** 40.609,00 70.934,00 **** 88.472,00Região 6 **** 156.750,00 **** 22.335,00 53.200,00 **** 92.685,00Região 7 **** 204.600,00 **** 38.578,00 58.000,00 **** 113.750,00Região 8 **** 150.000,00 **** 30.000,00 74.484,00 **** 80.046,00Região 9 **** 170.400,00 **** 56.700,00 92.217,00 **** 75.833,00Total 1.500.030,00 538.150,00 694.280,00 **** 932.031,00Fonte: COPP - Cordenadoria de Participação Popular/Bnu

Distribuição de Investimentos para Área de Saúde no OrçamentoParticipativo 97/98/99/2000/2001/2002/2003

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Quanto à tabela nº 10 (dez), na pavimentação e drenagem, também

houve um redução dos recursos estimados para as regiões de 1998, 2000, 2001 e 2003

( há um decréscimo em suas estimativas). No ano de 1999 e 2002 não há registros. O

OP, de acordo com a Superintendência, não funcionou naquele período.

Tabela 10

No que diz respeito à educação e cultura, houve uma redução também

em seus valores e na distribuição desses recursos de 1998, 2000, 2001, 2003, não

havendo estimativas também de valores nos anos de 1999 e 2002.

OP 1997 OP 1998 OP 1999 OP 2000 OP 2001 OP 2002 OP 2003(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)

Região 1 **** 534.240,00 **** 527.393,00 238.030,00 **** 236.125,00Região 2 **** 552.720,00 **** 262.277,00 301.769,00 **** 278.131,00Região 3 **** 499.929,00 **** 347.430,00 319.900,00 **** 235.500,00Região 4 **** 478.800,00 **** 536.584,00 226.871,00 **** 220.250,00Região 5 **** 423.780,00 **** 179.820,00 191.697,00 **** 168.300,00Região 6 **** 294.290,00 **** 302.578,00 150.628,00 **** 181.850,00Região 7 **** 423.780,00 **** 300.178,00 206.077,00 **** 225.200,00Região 8 **** 440.807,00 **** 358.290,00 152.275,00 **** 205.405,00Região 9 **** 589.260,00 **** 208.582,00 143.781,00 **** 274.379,00Total 4.237.597 3.023.132,00 1.931.028,00 2.025.140,00Fonte: COPP - Cordenadoria de Participação Popular/Bnu

Distribuição de Investimentos para Área de Pavimentação e Drenagem no Orçamento Participativo 97/98/99/2000/2001/2002/2003

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Tabela 11

6.1 DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS POR SETOR

Em relação à distribuição dos recursos por setor, verifica-se que a

grande maioria concentrou-se na área de pavimentação e drenagem dos bairros mas

Educação, Cultura, Saúde, e outras áreas que na sua grande maioria são deixadas

para segundo plano e muitas dela nunca foram realizadas.(vide Tabela abaixo)

OP 1997 OP1998 OP 1999 OP 2000 OP 2001 OP 2002 OP 2003(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)

Região 1 **** 160.750,00 **** 74.805,00 183.255,00 185.000,00Região 2 **** 181.250,00 **** 181.250,00 183.755,00 213.727,00Região 3 **** 174.000,00 **** 56.333,00 227.000,00 210.000,00Região 4 **** 203.000,00 **** 18.000,00 206.551,00 193.912,00Região 5 **** 145.000,00 **** 214.454,00 115.380,00 146.938,00Região 6 **** 130.000,00 **** 135.749,00 160.296,00Região 7 **** 159.500,00 **** 242.006,00 234.292,00 187.012,00Região 8 **** 145.000,00 **** 36.000,00 166.106,00 215.869,00Região 9 **** 174.000,00 **** 222.805,00 149.325,00 180.333,00Total 1.473.000,00 1.045.653,00 1.600.913,00 1.693.087,00Fonte: COPP - Cordenadoria de Participação Popular/Bnu

Distribuição de Investimentos para Área de Educação e Cultura no OrçamentoParticipativo 97/98/99/2000/2001/2002/2003

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Fonte: Superintendência do OP/BNU. Tabela 12

InvestimentoPavimentação e drenagem 1.900.000,00R$ Educação e Cultura 1.623.000,00R$ Saúde 910.000,00R$ Trabalho, Renda e Assistência 80.000,00R$ Habitação e Urbanismo 95.000,00R$ Meio Ambiente, Esporte e Lazer 210.000,00R$ Saneamento Básico 85.000,00R$ Iluminação Pública 49.000,00R$ Transporte 48.000,00R$

Áre

asDistribuição de Investimentos

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73

Distribuição dos recursos aprovados

98/2000/2001/2003

Grafíco 04 Fonte: Superintendência do OP/BNU.

6.2 SITUAÇÃO FÍSICA DO OP (1997 A 2003).

Durante os sete (07) anos de funcionamento do OP foram alocadas 720

obras (vide Gráfico Abaixo), sendo que foram executadas 241 . 448 ainda estão para

serem executadas ou em contratação de projeto e em execução/andamento. As obras

paralisadas e não iniciadas/ em redefinição somam 37. Pode-se dizer que, no total

desses períodos, o OP apresenta situação insatisfatória, principalmente se observada

essa situação ao longo dos anos.

No primeiro ano de funcionamento, o OP de Blumenau apresentou

grandes dificuldades no que diz respeito ao planejamento e execução. Algumas obras

18%

54%

28%Saúde

Pavimentação eDrenagemEducação e Cultura

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74

que estão incluídas no OP de 1997 ainda não foram realizadas. Apesar das mudanças,

o cronograma das obras não foi respeitado, tanto por problemas financeiros, como por

simples erros na elaboração do Orçamento Participativo (muitas das obras foram

estimadas em baixos valores, muito aquém do valor real da obra para a sua

conclusão).

SITUAÇÃO FÍSICA DO OP DE 1997 A 2003.

Fonte: Superintendência do OP/BNU

448

37

720

241

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Obras AlocadasObras ExecutadasObras`a ExecutarObras em Execução

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SITUAÇÃO FÍSICA DO OP DE 1998

Fonte: Superintendência OP/BNU.

Pelo fato de os planos de investimentos para 1997 e 1998 terem sido

superestimados, para 1999 não foi elaborado nenhum plano de investimento. Buscou-

se desta forma, finalizar, ou iniciar as obras que já haviam sido incluídas nas OPs

escolhidas pela população nos anos anteriores.

104

66

9

179

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Obras Alocadas

Obras Executadas

Obras à Executar

Obras em Execução

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SITUAÇÃO FÍSICA DO OP DE 2000

Fonte: Superintendência do OP/BNU.

Para o ano de 2000, assim como para o ano de 2001, além dos 3% do

total do investimento do orçamento, foi destinada uma quantia de R$ 450.000,00 para a

conclusão das carências de saneamento básico.

Entretanto, para o ano de 2001, conforme gráfico abaixo, a quantia de

obras a ser investida pelo Orçamento Participativo foi um pouco mais reduzida, pois

4,85% do total de R$ 4.350.000,00 (Quatro milhões trezentos e cinqüenta mil) previstos

para investimentos foram aplicados no projeto novo de nome “século XXI”42.

áãâA assinatura do contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),

confirmando a liberação de R$ 19,7 milhões do governo federal para investimentos no sistema viário do município, alavanca as obras do projeto Blumenau Século 21. A contrapartida da Prefeitura Municipal de Blumenau é de R$ 13 milhões, totalizando R$ 33 milhões a serem investidos na melhoria da malha viária do município. São 67 obras previstas para serem executadas nos próximos três anos, incluindo melhorias na malha viária, na ligação dos bairros e no serviço de transporte coletivo. Dos recursos municipais, R$ 7 milhões já foram aplicados na construção do Terminal Urbano Fortaleza, das alças de acesso a ponte do Tamarindo e no asfaltamento das ruas Francisco Vahldieck, na Fortaleza, Estanislau Schaette, na Velha, Progresso, no Garcia, e Almirante Tamandaré, na Vila Nova, entre outras obras. O cronograma do projeto Blumenau Século 21 prevê a execução das obras no prazo de 36 meses, pois os recursos federais serão

158

84

63

11

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Obras Alocadas

Obras Executadas

Obras à Executar

Obras em Execução

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SITUAÇÃO FÍSICA DO OP DE 2001.

Fonte: Superintendência do OP/BNU.

SITUAÇÃO FÍSICA DO OP EM 2003.

Fonte: Superintendência do OP/BNU.

liberados em etapas. Mas as primeiras ordens de serviço para utilização do financiamento do BNDES devem ser assinadas ainda em março.

4

151

6

161

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Obras Alocadas

Obras Executadas

Obras à Executar

Obras em Execução

26

185

11

222

0

50

100

150

200

250

Obras Alocadas

Obras Executadas

Obras à Executar

Obras em Execução

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6.3 O LEGISLATIVO NO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO.

De acordo com Pires(1999)43,dada a natureza essencialmente

representativa da democracia formal, a relação entre os mecanismos de participação

popular no orçamento público e o processo legislativo que tem por incumbência decidir

sobre ele e fiscalizar sua execução podem entrar em colisão, com prejuízo para ambos

e com tendência a enterrar o OP. Um dos mais freqüentes desafios tem sido solucionar

esse problema, sendo que a via mais fácil encontrada é a pressão ou a troca de

gentilezas entre o Executivo e Legislativo.

No início do processo a Administração Municipal sofreu várias críticas da

Câmara Municipal, dos 21 vereadores, apenas 3(três) vereadores eram do PT(Partido

dos Trabalhadores) os outros 18 (PMDB, PPB, PSDB, PFL, PTB) eram de Coligação

de oposição à Frente Popular, sendo duramente contrários a propostas da implantação

do de Orçamento Participativo.

Segundo Santos44, “ A representatividade e a qualidade da participação”.

Trata-se de um problema que ecoa outro bem mais amplo, o da relação entre

democracia participativa e democracia representativa. A tensão entre as duas formas

43 PIRES, Valdemir. Orçamento participativo: o que é, para que serve, como se faz. Piracicaba: Ed. Do autor, 1999. 44 SANTOS, Boaventura de Souza. Democracia e Participação: O caso do orçamento participativo de Porto Alegre. Porto: Editora Afrontamento Ltda. 2002.

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de democracia parece constitutiva das democracias modernas, pois nem a prática

política nem a teoria política democrática têm sido capazes de formular outra relação

entre elas que não seja a relação de soma zero: a expansão de qualquer delas só pode

ser obtida à custa da restrição da outra.

Segundo este autor as emendas de subvenção causam um equivoco

administrativo e governamental, sendo um dos grandes mantenedores do paternalismo

e das políticas assistencialista.

O orçamento participativo trouxe, sem dúvida, alguma forma de buscar

a democratização das decisões de obras que seriam feitas no município. Através da

decisão de pessoas eleitas pela comunidade, discuti-se realmente o direcionamento de

quais obras devem ser feitas e seus valores e o orçamento participativo acaba sendo

uma forma de privilegiar através de obras , através de execuções de governo municipal

as pessoas que participam desse processo, automaticamente excluindo as pessoas

que não têm condições de participar das reuniões,tirando a responsabilidade do prefeito

, do administrador público em resolver as políticas públicas.(Entrevista, em 22 de

agosto de 2003).

O início foi marcado pela exclusão dos vereadores dentro de um projeto

equivocado, Eu sinto que a participação do vereador é importante em tudo, no que se

faz dentro Legislativo e no próprio Executivo. O OP foi feito no sentido de demasia. O

que quero dizer com isso foram prometidas muitas obras com poucos recursos.

prejudicando o projeto. (Entrevista, em 20 de agosto de 2003).

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O Orçamento poderia ser uma peça muito mais importante de forma

participativa e democrática se de fato houvesse uma consistência, uma rigidez, uma

efetivação daquilo que é planejado, o que não ocorreu. Agora sobre o aspecto

pedagógico na participação e mobilização é uma proposta muito rica. Lógico que essa

proposta pode ser aperfeiçoada porque um poder público municipal já tem grande parte

do seu orçamento destinado pela Constituição pela Legislação. Aquilo que é verba ou

recursos para investimento já é pequeno e se você já tem projeto que não passa pelo

orçamento participativo , esse recurso de investimento especificamente para o OP se

torna menor ainda. ( Entrevista, em 22 de agosto de 2003).

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7. CONCLUSÃO.

A análise do Orçamento Participativo de Blumenau, foi eleborada à luz

de um amparado teórico. Como demonstrado ao longo do trabalho, na dinâmica do

Orçamento Participativo e as suas alterações que este sofreu em relação à

metodologia e ao funcionamento, não alteraram muito os resultados. O não

atendimento das demandas e do cumprimento dos compromissos assumidos pela

Administração junto à população devem ser repensados, pois a dinâmica de

funcionamento do OP e das instituições que o compõem atuaram de forma a não

contemplar a cultura de planejamento transparente tão ilustrada pela plano de

Orçamento Participativo.

Retomando as indagações colocadas como orientadora da reflexão

central deste trabalho: “terá o OP modificado a forma de distribuição de recursos de

forma igualitária para a comunidade? O OP é um modelo eficiente de gestão de

políticas públicas”?

Seria ingênuo imaginar que um processo rico como esse em curso na

cidade de Blumenau se desenvolva sem tropeços, ambigüidades e contradições.

Sinteticamente, cumpre nos debruçarmos sobre os pontos em que esse processo

precisa ainda ser aperfeiçoado, bem como refletir sobre os riscos históricos desse

processo.

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Temos claro que o Orçamento Participativo, enquanto instrumento de

democratização de gestão já se incorporou à cultura política da cidade e a mera

continuidade do mesmo, sem inovações que permeabilizem ainda mais a condução do

governo ao crivo da esfera pública não estatal que se construiu na cidade tende à

estagnação e à decadência. A principal tarefa política do atual governo é consolidar o

patrimônio político conquistado e dar um salto de qualidade na relação com a

sociedade civil, alcançando um novo patamar no processo governamental urbano.

A experiência do Orçamento Participativo não pode ser tomada como

fórmula, uma receita para todas as administrações municipais interessadas em

democratizar o Poder Local, pelo menos não como está sendo concebida em

Blumenau.

Podemos dizer que a autoria do Orçamento Participativo, portanto, é

tanto da administração popular quanto dos movimentos sociais. É falso atribuir todo

mérito de uma experiência tão importante apenas à Administração Municipal. Nesse

caso, a implementação da prática pública foi possível graças ao acúmulo anterior ao

movimento popular. O processo é uma via de dupla mão. Trata-se de uma política

contextualizada, historicamente situada, fortemente marcada por condições sociais no

município.

Outra questão a ser analisada é a relação estabelecida entre as

instâncias de democratização da gestão municipal tais como OP, como as instâncias

derivadas da Democracia Representativa e que são Poder instituído através das

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eleições gerais periódicas. Essa relação, embora complementar deve ser manejada

com cuidado. Em alguns momentos, no inicio da gestão do PT em Blumenau houve

conflitos relativamente sérios. De um lado os vereadores tinham desconfiança do

processo do Orçamento Participativo, como se ele fosse um espaço de manobra e um

mecanismo de legitimação das propostas do Executivo; e de outro, os conselheiros do

OP e as associações participavam ativamente do processo.

A experiência de Blumenau ainda deve se aprofundar a fim de se

aperfeiçoar a prática democrática: a participação popular só pode se dar em condições

dignas e eficientes para a gestão de planejamento do desenvolvimento local, quando há

informação e formação adequada da população para inserir-se no processo das

condições de compreender, minimamente, o que está sendo discutido e decidido.

A população que participa dos Fóruns destinados a democratizar a

gestão não é, em nenhum aspecto, homogêneo. As arenas urbanas são marcadas

pelos conflitos de classe, de gênero, de gerações, de identidades, de lutas contra a

opressão étnica, etc. Esses conflitos se baseiam em relações de poder. Ignorar essas

relações de poder é reforçar a opressão.

Assim, a política pública implementada, aparentemente, sem uma

perspectiva de gênero, tem o efeito de reforçar as relações de dominação, injustiça e

exclusão. Quer queiram quer não, as políticas públicas sempre estarão incidindo

nessas relações, transformando-se e tornando-as mais igualitárias ou consagrando

injustiças.

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