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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CLAUDIA VIVIANE CARNIEL A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR PARA O MENOR: responsabilidades e efeitos à luz da legislação vigente Tijucas 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CLAUDIA VIVIANE CARNIEL

A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR PARA O MENOR: responsabilidades e efeitos à luz da

legislação vigente

Tijucas

2008

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CLAUDIA VIVIANE CARNIEL

A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR PARA O MENOR: responsabilidades e efeitos à luz da legislação vigente

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí, Campus Tijucas.

Orientador: Prof. MSc. Marcos Alberto Carvalho de Freitas

Tijucas 2008

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3

CLAUDIA VIVIANE CARNIEL

A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR PARA O MENOR: responsabilidades e efeitos à luz da

legislação vigente

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Direito e aprovada pelo Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, Campus

Tijucas.

Área de Concentração: Direito Privado

Tijucas (SC), 10 de junho de 2008.

Prof. MSc. Marcos Alberto Carvalho de Freitas

UNIVALI – CE Tijucas

Orientador

Prof. Fulano de Tal

UNIVALI – CE Tijucas

Membro

Prof. Fulano de Tal

UNIVALI – CE Tijucas

Membro

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4

ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale

do Itajaí - UNIVALI, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Tijucas (SC), 10 de junho de 2008.

___________________________________

Claudia Viviane Carniel

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5

Á Deus, pela vida e ainda por todas as oportunidades

oferecidas.

A minha querida mãe pelo esforço, amor e carinho e aos

meus irmãos pelo apoio e confiança.

Ao meu filho, Mateus que desde muito pequeno abdicou

de momentos de carinho materno para que eu pudesse me

dedicar a vida acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Orientador MSc. Marcos Alberto Carvalho de Freitas, pela

atenção e valiosa orientação de conteúdo.

A todos os professores pelas informações e conhecimentos transmitidos no

decurso do curso.

A Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, especialmente ao Coordenador

do Curso de Direito, Professor Celso Leal da Veiga Júnior, pelo esforço na qualidade

do curso.

A todos que de certa maneira colaboraram com críticas e sugestões para a

realização deste trabalho.

E as minhas colegas e amigas Alessandra, Márcia, Marlene, Katy e a todos os

meus colegas de curso, pelo apoio, amizade, caronas, brincadeiras e pelos

momentos de felicidades que juntos passamos.

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“Ser feliz é encontrar força no perdão,

Esperança nas batalhas,

Segurança no palco do medo,

Amor nos desencontros.

É agradecer a Deus a cada Minuto pelo milagre da vida”

Fernando Pessoa

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RESUMO

A presente monografia tem por objeto concentrar-se em discorrer a cerca da

Obrigação Alimentar para o Menor, com a finalidade de investigar a

responsabilidade e efeitos à luz da legislação vigente. Trata-se de uma discussão

em relação aos Alimentos devidos aos filhos Menores. É notório que praticamente

até os dias atuais o dever de Alimentos, acima de tudo está lastreado no

fundamento de uma obrigação de caridade e solidariedade familiar, ante a

relevância e qualidade dos laços existentes entre o Alimentário e o Alimentante.

Objetiva-se com este estudo, expor algumas características relativas à Obrigação

Alimentar no direito de Família, passando pela historicidade do instituto, assim como

pelo conceito de Alimentos, natureza jurídica, princípios, características gerais dos

Alimentos, e em especial a possibilidade dos Menores pleitearem Alimentos aos

parentes na falta dos pais ou quando os mesmos não tiverem meios suficientes para

tanto, seguindo os ditames do Código Civil Brasileiro, especialmente no tocante ao

princípio da solidariedade humana.

Palavras-chave: Alimentos. Menor. Obrigação alimentar.

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ABSTRACT

This monograph is subject concentrate on talk about the obligation to feed the Minor,

with the purpose of investigating the responsibility and purpose in the light of current

legislation. This is a discussion in relation to foods due to Minors children. It is

noticeable that virtually until the present day the duty of Food, above all on the

ground lastreado is an obligation of charity and family solidarity, before the relevance

and quality of the link between the food and Alimentante. The objective is to this

study, exposing some features relating to the right to food Obligation Family through

historical development of the institute as well as the concept of Food, legal,

principles, general characteristics of foods, and in particular the possibility of Minors

pleitearem Food relatives in the absence of the parents or when they do not have

sufficient means to do so, following the dictates of the Brazilian Civil Code,

particularly with regard to the principle of human solidarity.

Keywords: Food. Menor. Obligation food

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. Artigo

CC Código Civil

Civ Civil

CPC Código de Processo Civil

CP Código Penal

CRFB/1988 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

Dec. Decreto

Inc. Inciso

n. número

p. página

RT Revista dos Tribunais

Segs. Seguintes

Vol. Volume

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CATEGORIAS BÁSICAS E CONCEITOS OPERACIONAIS

Alimentando: “Aquele a quem se dá ou deve Alimentos. O mesmo que

alimentário e alimentado”. (FRANÇA, v. 6, 1978, p. 114).

Alimentante: “Aquele que dá, paga, fornece Alimentos. É o sujeito passivo da

Obrigação alimentar, o devedor. Na linguagem jurídica, é usado, preferencialmente,

a alimentador que tem o mesmo significado”. (FRANÇA, v. 6, 1978, p. 114).

Alimentos: “São prestações para satisfação das necessidades vitais de quem

não pode provê-las por si”. (GONÇALVES, v. 2, 2006, p. 157)

Ascendente: “[...] é empregado para designar a pessoa de quem outra

procede, em linha reta”. (DINIZ, 2002, v. 1 p. 369).

Descendente: “[...] é empregado para designar todo parente que descende

(provém) de um progenitor comum, o qual, na ordem em que se coloca na linha reta,

que desce, sucede sempre o que lhe antecede”. (SILVA, 2005, p. 508).

Dever de Sustento: “O Dever de Sustento significa a provisão, a subsistência

material e moral, fornecimento de alimentação, vestuário, abrigo, medicamentos, ou

seja, propiciar condições para sobrevivência e desenvolvimento do filho. É resultante

do Poder Familiar. Existe enquanto os filhos são Menores de 18 anos e subsiste à

autoridade. Com a maioridade ou emancipação rompe-se, então, o Poder Familiar e,

portanto, cessa o Dever de Sustento”. (LEITE, 2004, p. 292).

Maioridade Civil: “É empregado para designar o estado da pessoa, que

atingiu a idade necessária para que se diga maior e adquira a plena capacidade civil,

para que possa dirigir sua pessoa e administrar livremente seus bens, Refere-se aos

dois sexos: masculino e feminino”. (SILVA, 2005, p. 975).

Família: “Em sentido genérico e biológico, considera-se Família o conjunto de

pessoas que descendem do tronco ancestral comum. Ainda neste plano geral,

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acrescenta-se o cônjuge, aditam-se os filhos dos cônjuges (enteados), os cônjuges

dos filhos (genros e noras), os cônjuges dos irmãos e os irmãos do cônjuge

(cunhado). [...] Na verdade em sentido estrito, a Família se restringe aos grupos

formados pelos pais e filhos”. (PEREIRA, v. 5, 2004, p. 19-20).

Filiação: “[...] é a relação de Parentesco consangüíneo, em primeiro grau e

em linha reta, que liga uma pessoa àquelas que a geraram, ou a receberam como se

a tivesse gerado. Essa relação de Parentesco, dada a proximidade de grau, cria

efeitos no campo do direito, daí derivando a importância de sua verificação”.

(RODRIGUES, 2004, p. 297).

Menor: “Na concepção técnico-jurídica “Menor” designa aquela pessoa que

não atingiu ainda a maioridade, ou seja, 18 anos” (LIBERATI, 2003).

Obrigação Alimentar: “[...] baseada em laços de Parentesco que nasce

diretamente do fato de não possuir o beneficiário meios próprios para o seu sustento

e remanesce até a cessação da necessidade que justificou a concessão”.

(NÓBREGA, 1998, p. 01).

Parentesco: “Parentesco é a relação vinculatória não só entre pessoas que

descendem umas das outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre

um cônjuge e os parentes do outro e entre adotante e adotado” (DINIZ, 2002, p.

371).

Poder Familiar: “O Poder Familiar pode ser conceituado como o conjunto de

obrigações, a cargo dos pais, no tocante à pessoa e bens dos filhos Menores. Por

natureza é indelegável”. (MONTEIRO, 2004, p. 348).

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................15

1.1 TEMA .................................................................................................................15

1.2 DELIMITAÇÃO...................................................................................................15

1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................15

1.4 PROBLEMAS E HIPÓTESES ...........................................................................16

1.5 OBJETIVO GERAL ............................................................................................17

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................17

1.7 METODOLOGIA.................................................................................................18

1.8 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS........................................................................18

2 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DO INSTITUTO JURÍDICO DOS ALIMENTOS 20

2.1 HISTORICIDADE DO INSTITUTO JURÍDICO DOS ALIMENTOS.....................20

2.2 CONCEITO ........................................................................................................23

2.3 FINALIDADE DO INSTITUTO JURÍDICO DOS ALIMENTOS............................26

2.4 ESPÉCIES .........................................................................................................26

2.4.1 Quanto à Finalidade ........................................................................................27

2.4.2 Quanto à Natureza ..........................................................................................28

2.4.3 Quanto à Causa Jurídica.................................................................................29

2.5 NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AOS ALIMENTOS...................................30

2.6 CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR........................................31

2.6.1 Irrenunciabilidade ............................................................................................31

2.6.2 Ausência de solidariedade ..............................................................................32

2.6.3 Irrepetibilidade.................................................................................................34

2.6.4 Transmissibilidade...........................................................................................35

2.6.5 Impenhorabilidade...........................................................................................36

2.6.6 Incompensabilidade ........................................................................................37

2.6.7 Irretroatividade ................................................................................................37

2.6.8 Imprescritibilidade ...........................................................................................37

2.6.9 Periodicidade...................................................................................................38

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3 O PARENTESCO PERANTE A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR E SEUS EFEITOS

LEGAIS ....................................................................................................................39

3.1 PARENTESCO...................................................................................................39

3.2 CONCEITO ........................................................................................................40

3.3 MODALIDADES DE PARENTESCO..................................................................41

3.3.1 Parentesco Consangüíneo ..............................................................................42

3.3.2 Parentesco por Afinidade ................................................................................42

3.3.3 Parentesco Civil ..............................................................................................43

3.4 VÍNCULO DE PARENTESCO: LINHAS E GRAUS............................................45

3.5 SIMETRIA ENTRE AFINIDADE E PARENTESCO NATURAL...........................47

3.6 EFEITOS LEGAIS DO PARENTESCO ..............................................................47

3.7 PODER FAMILIAR .............................................................................................50

3.7.1 Conceito ..........................................................................................................50

3.7.2 Poder Familiar Quanto à Pessoa e Bens do Filho Menor................................52

3.7.3 Extinção do Poder Familiar .............................................................................54

4 OBRIGAÇÃO ALIMENTAR EM RELAÇÃO AS NECESSIDADES DO MENOR .56

4.1 PRESSUPOSTOS DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS....................57

4.2 DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR E DEVER DE SUSTENTO ..58

4.3 SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR........................................................61

4.4 MODOS DE SATISFAÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ..............................64

4.5 MUTABILIDADE DO QUANTUM DA PENSÃO ALIMENTÍCIA ..........................66

4.6 CESSAÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR .....................................................68

4.7 PROVIDÊNCIAS PARA GARANTIR O ADIMPLEMENTO DA

OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ......................................................................................69

4.7.1 Ação de Alimentos de Rito Especial................................................................70

4.7.2 Execução de Alimentos...................................................................................72

4.7.3 Prisão do Devedor...........................................................................................73

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................76

REFERÊNCIAS .......................................................................................................79

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1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

A presente monografia tem como tema central a Obrigação Alimentar para o

Menor: responsabilidades e efeitos à luz da legislação vigente, com enfoque

específico voltado para o instituto jurídico dos Alimentos. O tema pertence ao ramo

do Direito de Família.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

O estudo que ora se apresenta tem por finalidade precípua a investigação em

caráter acadêmico-científico, do instituto da Obrigação Alimentar em relação ao

Menor. A Obrigação Alimentar não se limita a existir entre pais e filhos e envolvem

outros membros da Família. É comum a pendência alimentar entre filhos e pais e

nenhuma repercussão mais acentuada se verifica. Por fim, pretende-se uma análise

mais detida sobre os Alimentos entre parentes, com destaque ao caráter da

reciprocidade entre os parentes, em que todos, ao mesmo tempo, são potenciais

obrigados e beneficiários da prestação alimentar. Isto porque nem sempre o parente

mais remoto se curva ao entendimento prescrito na lei, considerando-se que, a

Obrigação Alimentar caberia tão somente aos pais em relação aos filhos.

1.3 JUSTIFICATIVA

A escolha do tema pode ser justificada pelos seguintes argumentos:

a) O tema Alimentos, pela sua amplitude e importância, tem provocado

inúmeros debates ao longo do tempo, mas, com certeza, a questão relacionada à

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Obrigação Alimentar entre parentes tem sido a mais candente, tanto no embate

doutrinário quanto no jurisprudencial.

b) O tema proposto diz respeito à situação relevantíssima no Direito de

Família e de aplicação constante na prática forense. As questões relativas à

Obrigação alimentar dizem respeito às necessidades vitais dos seres humanos, haja

vista que são atinentes à própria sobrevivência. O direito à vida e o direito à

dignidade, essenciais a toda pessoa, são salvaguardados pela prestação de

Alimentos.

c) Também em relação ao Interesse da autora que se sente atraída por temas

pertinentes ao Direito de Família por ser de grande aplicabilidade prática e envolver

a generalidade das pessoas. A Obrigação Alimentar relaciona-se com interesses de

natureza superior, garantindo que as pessoas tenham meios de sobreviverem. Tudo

isso tornou atraente o referido tema.

1.4 PROBLEMAS E HIPÓTESES

Foram elencados os seguintes problemas e hipóteses para a presente

pesquisa:

a) Se o responsável pelo sustento do Menor, não estiver em condições de

suportar totalmente com o encargo, quem poderá ser chamado para fazê-lo?

A Família se assenta sobre o princípio da solidariedade havida entre seus

sujeitos. Esta solidariedade se impõe aos parentes, ao menos a alguns, a fim de

fornecer os Alimentos aos membros mais próximos que se encontram necessitados.

A Obrigação Alimentar não se limita a existir entre pais e filhos e envolvem outros

membros da Família. Dispõe, ainda, o artigo 1.696 do Código Civil que o direito à

prestação de Alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os

Ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de

outros.

b) No caso do Menor necessitado não ter parentes que possam prover seu

sustento, de quem é a responsabilidade em relação à Obrigação Alimentar do

mesmo?

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Ressalta-se que a Obrigação Alimentar constitui estudo que interessa ao

Estado, à sociedade e à Família. Neste sentido pode-se dizer que a finalidade dos

Alimentos é assegurar o direito à vida, substituindo a assistência da Família à

solidariedade social que une os membros da coletividade, pois as pessoas

necessitadas, que não tenham parentes, ficam em tese, sustentadas pelo Estado. A

Família compreende o primeiro círculo de solidariedade, e somente na sua falta é

que o Estado é convocado a suprir as necessidades do Alimentando. Desta forma

são chamados os parentes a participarem para o suprimento dos necessitados por

conta do disposto no artigo 1.694, do Código Civil, que autoriza os parentes a

pedirem uns aos outros os Alimentos de que necessitem para viver de modo

compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de

sua educação.

1.5 OBJETIVO GERAL

Tem como objetivo geral demonstrar a possibilidade de a Obrigação Alimentar

pertencente ao Direito de Família transmitir-se aos parentes do Menor em face das

disposições no ordenamento jurídico brasileiro.

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos são:

a) Apresentar noções gerais sobre o instituto dos Alimentos;

b) Conceituar a Obrigação Alimentar;

c) Individualizar os tipos de obrigações alimentares;

d) Elencar e explicar as características da Obrigação Alimentar no Direito de

Família;

e) Definir quem são os responsáveis pela Obrigação Alimentar do Menor e

qual o limite de suas responsabilidades;

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f) Analisar os modos de extinção da Obrigação Alimentar no Direito de

Família;

g) Destacar quais as providências para garantir o adimplemento da Obrigação

alimentar ao Menor.

1.7 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta pesquisa, o método de investigação a ser

utilizado será o dedutivo que, segundo Pasold (2003, p. 87), consiste em “[...]

estabelecer uma formulação geral e, em seguida, buscar as partes do fenômeno de

modo a sustentar a formulação geral”.

Como técnica1 de pesquisa utilizar-se-á as categorias e conceitos

operacionais, pesquisas bibliográficas, consistentes em doutrinas e artigos de

Internet, legislação brasileira.

1.8 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

A monografia constitui-se de três Capítulos, inicia-se pela introdução e

finaliza-se com as considerações finais, que apresentará uma breve síntese de cada

capítulo e demonstrara se as hipóteses básicas da pesquisa foram ou não

confirmadas.

A introdução, além do contexto em que o tema da pesquisa está inserido, os

problemas, o objetivo geral e específico, as hipóteses, o método de abordagem e as

técnicas de pesquisa utilizadas.

O primeiro Capítulo será destinado a definir o conceito legal do instituto dos

Alimentos, relatar as origens históricas, conceito, definição, seus fundamentos,

pressupostos e sua aplicabilidade no ordenamento jurídico.

1 “[...] é um conjunto diferenciado de informações reunidas e acionadas em forma instrumental para realizar operações intelectuais ou físicas, sob o comando de uma ou mais bases lógicas investigatórias”. (PASOLD, 2003, p. 88).

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19

O segundo Capítulo faz um relato geral sobre as Relações de Parentesco e

seus efeitos legais, perante a legislação atual. Traz seu conceito, as modalidades,

além de listar as relações de Parentesco que afetam os mais diversos campos do

direito.

Ao final, no terceiro e último Capítulo, será abordado a Obrigação Alimentar

em relação às necessidades do Menor, será feito inclusive um estudo sobre a

finalidade do instituto jurídico dos Alimentos, seus pressupostos, os modos que

podem ser satisfeitas estas obrigações alimentares. E, para finalizar o estudo será

feita uma breve análise sobre as causas de extinção e suspensão da Obrigação

Alimentar, como também as providencias para garantir o adimplemento da

Obrigação Alimentar.

Nas Considerações Finais, remetem-se breves análises do presente trabalho

monográfico e algumas considerações sobre as hipóteses outrora elencadas, no

sentido de demonstrar se foram ou não confirmadas ao longo do estudo procedido;

seguida da estimulação à continuidade dos estudos e de reflexões sobre as novas

tendências do direito da Obrigação Alimentar ao Menor.

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20

2 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DO INSTITUTO JURÍDICO DOS ALIMENTOS

Neste capítulo será abordado o instituto dos Alimentos de uma forma

genérica, deste o seu surgimento até a atualidade, a partir do capítulo seguinte

centralizar-se-á o estudo especificamente na questão da Obrigação Alimentar para o

Menor.

2.1 HISTORICIDADE DO INSTITUTO JURÍDICO DOS ALIMENTOS

Pereira (2004, p. 497), assevera que a doutrina é unânime ao manter intacta a

regra do art. 398 do Código de 1.916, recepcionado pelo art. 1.697 do Código Civil

de 2002, ao determinar que “na falta de Ascendentes ou Descendentes, estende-se

aos irmãos, assim germanos (do mesmo pai e mesma mãe), como unilaterais (de

pais diferentes)”.

Denota-se que o dever de alimentar não é recente, o amparo mútuo entre as

pessoas de uma mesma Família foi surgindo naturalmente, até mesmo como forma

de dever moral, a fim de poder ser preservado o próprio grupo, tendo em vista que o

ser humano possui a necessidade de viver em sociedade. (COVELLO, 1992).

Com relação à evolução histórica do instituto dos Alimentos pode-se dizer que

no Direito Romano ela foi estatuída inicialmente entre as relações de clientela e

patronato, vindo a ter aplicação só na época imperial, nas relações de Família.

(VENOSA, 2005).

Em consonância com o autor acima, diz-se que o reconhecimento da

Obrigação de Alimentar foi reconhecida ainda no Direito Romano. Porém,

necessariamente deveria estar fundada em uma das seguintes causas: convenção,

testamento, relação familiar, relação de patronato ou na tutela. (BACOVIS, 2003).

Segundo Cahali (2002, p. 41) “essa omissão seria reflexo da própria

constituição da Família Romana, que subsistiu durante todo período arcaico e

republicano; um direito a Alimentos, resultante de uma relação de Parentesco”.

Há que se enfatizar uma interferência direta do Direito Canônico, em todo

este processo, através de seus conceitos religiosos com alicerces fundados na

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solidariedade humana, bem como a importância dos laços sanguíneos e a

valorização da Família, sendo esta a base de todas as relações sociais, tornando as

relações entre os membros da Família, fundamental nos seus mais diferentes graus.

(VENOSA, 2005).

Em nove de abril do ano de 1.772, houve no direito brasileiro a elaboração de

um documento muito importante conhecido como:

[...] ‘Assento de 1.772’, o qual proclamava que cada um tem o dever de alimentar e sustentar a si mesmo, ressaltando algumas exceções ao princípio em alguns casos e Descendentes legítimos e ilegítimos, primos e outros consangüíneos legítimos, primos e outros consangüíneos ilegítimos. (CAHALI, 2002, p. 47).

A historicidade do instituto jurídico dos Alimentos no Brasil, tem seus

primeiros passos na legislação portuguesa que vigia no Brasil Colônia, legislação

esta chamada de “ordenações do Reino”, sendo que muitas da suas disposições,

especialmente àquelas relacionadas ao Direito de Família, permaneceram válidas

até a entrada em vigor do Código Civil de 1.916. (OLIVEIRA, 2004).

A elaboração do Código Civil de 1.916 foi fundada nas lições do Código Civil

Francês e nas relações familiares patriarcais, a entidade familiar era lastreada na

Família centrada econômica, social e afetivamente na figura do pai ou de qualquer

outro homem que estivesse substituindo o cônjuge varão. De certo, priorizava o

interesse deste em detrimento dos demais integrantes da entidade. (OLIVEIRA,

2004).

A partir deste momento histórico ( C.C.1916), a noção de entidade familiar

passou por um novo momento histórico, com mudanças significativas. Mas, foi

somente após a elaboração da Constituição Federal de 1988, que os Alimentos

adquiriram nova feição, pois, sob a ótica do Direito de Família, passaram a ser o

conteúdo material do Princípio Constitucional da Dignidade Humana. A Constituição

trouxe em seu bojo uma Família estruturada em bases de solidariedade. (OLIVEIRA,

2004).

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Pelos ensinamentos de Bittar (2006), pode-se compreender que a obrigação

de prestar Alimentos chamava-se officium pietatis2 e aproximava tal à noção de

caridade, e não como uma obrigação imposta pela lei.

Aduz Rodrigues (2004, p. 375) “que, desde o instante em que o legislador deu

ação ao alimentário3 para exigir o socorro, surgiu para o Alimentante uma obrigação

de caráter estritamente jurídico, e não apenas moral”.

Não há um marco inicial, uma data que indique a transformação desta

obrigação que antes era tida como moral, para uma obrigação legal. (PEREIRA,

2004).

Ressalta-se que atualmente o Direito de Família prioriza os interesses e

anseios das crianças, dos adolescentes e das relações afetivas, ou seja, dos

diversos integrantes da entidade familiar considerados tanto de forma global quanto

individualmente. Existe um dever de assistência entre os membros da entidade

familiar, propiciando àquele que não tem condições materiais de se auto-promover,

pelo menos, a possibilidade de ter uma vida digna materialmente. (QUEIROZ, 2006).

Ademais, a CRFB/1988 dispõe em seu artigo 229, in verbis:

Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos Menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. (BRASIL, 2007, p. 107).

É, sem dúvida, o reconhecimento da responsabilidade jurídica, além de ética

e moral, inerente aos membros de uma mesma Família, de uns para com os outros,

incluindo-se aí, por óbvio, o dever de prestar Alimentos como disciplinado na lei civil.

(QUEIROZ, 2006).

O atual Código Civil trata dos Alimentos nos artigos 1.694 a 1.710, valendo

ressaltar que os parentes, os cônjuges ou companheiros podem pedir uns aos

outros os Alimentos que necessitem para viver. Esse direito é recíproco entre pais e

filhos e extensivo a todos os Ascendentes, na regra disposta no art. 1.696. Na falta

de Ascendentes a obrigação cabe aos Descendentes e, faltando estes, aos irmãos,

quer germanos (mesmo pai e mesma mãe), quer unilaterais (pais diferentes),

consoante expressamente estabelece o art. 1.697. (QUEIROZ, 2006).

2 Officium Pietatis: Expressão latina que significa “Oficio de Piedade”. (FONTANELLA, 2003, p. 181).

3 Alimentário: É aquele a quem se dá ou deve Alimentos. (FRANÇA, 1978, p. 114).

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Pereira (2004, p. 497), assevera que a doutrina é unânime ao manter intacta a

regra do art. 398 do Código de 1.916, recepcionado pelo art. 1.697 do Código Civil

de 2002, ao determinar que “na falta de Ascendentes ou Descendentes, estende-se

aos irmãos, assim germanos (do mesmo pai e mesma mãe), como unilaterais (de

pais diferentes)”.

Com relação às alterações sobre os Alimentos, comenta Cahali (2002, p. 48)

que o código Civil atual deveria ter sido atualizado fazendo referência que:

Diante desse quadro extremamente complexo, esperava-se que o Novo Código Civil, viesse a proporcionar um instituto atualizado e sistematizado, pelo menos para tornar menos dificultosa a sua utilização pelos operadores do direito. Mas isso acabou não acontecendo, seja em decorrência do largo período de estagnação do anteprojeto e projeto, intercalada a sua tramitação com uma gama de inovações no plano da legislação da Família; seja, igualmente, pela falta de uma visão de conjunto do nosso sistema jurídico por aqueles que assumiram a responsabilidade pela nova codificação.

Pode-se perceber que ao ser analisado os artigos que tratam acerca dos

Alimentos no Código Civil, grande parte dos dispositivos correspondem ao Código

Civil de 1.916 ou às leis esparsas que tratam do assunto.

Devido a sua importância, as normas atinentes ao direito alimentar são

consideradas de ordem pública, pois objetivam proteger e preservar a vida humana.

2.2 CONCEITO

Alimentos na linguagem do Direito têm um significado técnico, devendo se

entender por “tudo que é necessário para satisfazer as necessidades da vida, isto é,

para o sustento, tratamento de moléstias, vestuário e habitação, e, se o alimentário é

Menor, também para as despesas de criação e educação”. (SANTOS, 1978, p. 157).

Existe uma grande variedade de conceitos sobre “Alimentos”, correspondendo

ao direito de grande abrangência indo mesmo além da acepção fisiológica,

compreendendo o estritamente necessário à vida de determinada pessoa: sustento,

habitação, educação, vestuário, tratamento, etc. Todos os autores ora pesquisados

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elaboraram conceitos, sinalizando para a mesma definição, uns complementando os

outros.

Primeiramente se têm o conceito elaborado por Gomes (2002, p. 114):

Alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si, em razão de idade avançada, enfermidade ou incapacidade, podendo abranger não só o necessário à vida, como ‘a alimentação, a cura, o vestuário e a habitação, mas também outras necessidades, compreendidas as intelectuais e morais, variando conforme a posição social da pessoa necessitada.

Para Cahali (2002, p. 54):

Adotada no direito para designar o conteúdo de uma pretensão ou de uma obrigação, a palavra "Alimentos" vem a significar tudo o que é necessário para satisfazer aos reclamos da vida; são as prestações com as quais podem ser satisfeitas as necessidades vitais de quem não pode provê-las por si; mais amplamente, é a contribuição periódica assegurada a alguém, por um título de direito, para exigi-la de outrem, como necessário à sua manutenção.

No entendimento de Gonçalves (2006, p. 440) o vocábulo Alimentos tem,

todavia conotação muito mais ampla do que na linguagem comum, não se limitando

ao necessário para sustento de uma pessoa:

Nele se compreende não só a obrigação de prestá-los, como também o conteúdo da obrigação a ser prestada. A aludida expressão tem, no campo do direito uma só acepção técnica de larga abrangência compreendendo não só o indispensável ao sustento, como também o necessário à manutenção da condição social e moral do alimentado.

Em sua abordagem sobre o conceito de Alimentos Rodrigues (2004, p. 374)

assim se manifesta:

[...] Alimentos, em Direito, denomina-se a prestação fornecida a uma pessoa, em dinheiro ou em espécie, para que possa atender às necessidades da vida. A palavra tem conotação muito mais ampla do

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que na linguagem vulgar, em que significa o necessário para o sustento. Aqui se trata não só do sustento, como também do vestuário, habitação, assistência médica em caso de doença, enfim de todo o necessário para atender às necessidades da vida; e, em se tratando de criança, abrange o que for preciso para sua instrução.

No mesmo sentido, afirma Gomes ([s.d] apud ASSEF, 2004, p. 114) ao referir-

se sobre os Alimentos, afirmando que “o alicerce do dever de prestá-los, encontra-se

no princípio da solidariedade ou dependência familiar”.

Diniz (2002, p. 468) afirma que:

Há uma tendência moderna de impor ao Estado o dever de socorrer os necessitados, através de sua política assistencial e previdenciária, mas com o objetivo de aliviar-se desse encargo, o Estado o transfere, mediante lei, aos parentes daqueles que precisam de meios materiais para sobreviver, pois os laços que une membros de uma mesma Família impõem esse dever moral e jurídico.

Salienta-se que no Código Civil, consta expresso no sentido de que a palavra

Alimentos não se restringe ao necessário para alimentar, conforme o que prescreve

o artigo 1694 do referido ordenamento jurídico, in verbis:

Art. 1694 – Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os Alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. Parágrafo 1º Os Alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Parágrafo 2º Os Alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem, os pleiteia. (BRASIL, 2007, p. 454).

Na linguagem jurídica, Alimentos significa tudo aquilo que é necessário para

garantir a subsistência humana. Atualmente, a noção de subsistência passou a ser

entendida não somente a alimentação propriamente dita, mas compreende também

gastos com vestuário, educação, assistência médica e até mesmo o lazer.

(VENOSA, 2005).

Na atualidade o instituto dos Alimentos não deve mais ser visto como um ato

de piedade ou solidariedade, pois está regulado pelo ordenamento jurídico.

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Para finalizar, pode-se afirmar que os Alimentos têm conteúdo econômico e

visam assegurar a subsistência do necessitado. Alimentos é tudo aquilo que seja

necessário a uma pessoa para a sua sobrevivência, respeitando os seus padrões

sociais.

2.3 FINALIDADE DO INSTITUTO JURÍDICO DOS ALIMENTOS

Como visto anteriormente, a obrigação de prestar Alimentos repousa no

princípio da solidariedade existente entre os membros de um grupo familiar, cujo

dever de ajuda mútua é recíproco. Depende, todavia, do estado de necessidade do

requerente e das possibilidades do obrigado pela prestação alimentar (binômio

necessidade/possibilidade). (MONTEIRO, 2004).

O Dever de Sustento resulta de imposição legal dirigida a determinadas

pessoas ligadas por vínculos familiares, é unilateral e deve ser cumprido

incondicionalmente. Exemplo deste são os deveres familiares de sustento,

assistência e socorro dos pais em relação aos filhos Menores, os quais revertem-se

em obrigação de alimento. (VENOSA, 2005).

Gomes ([s.d] apud DINIZ, 2002, p. 466) acrescenta que tal dever consiste "na

prestação do necessário ao sustento de quem o necessita, sem que o direito

correspondente seja correlato a um dever inerente ao estado de cônjuge, ou de pai".

2.4 ESPÉCIES

Com relação às espécies de Alimentos, procurou-se seguir os ensinamentos

abordados por Diniz (2002), onde a autora faz a divisão de três espécies que estão

assim relacionadas: quanto à finalidade, quanto à natureza e quanto à causa

jurídica. Complementando, encontra-se dentro desta divisão uma subdivisão destas

espécies, conforme poderá ser observado no decorrer da pesquisa.

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2.4.1 Quanto à Finalidade

Quanto à finalidade, os Alimentos podem ser provisórios, provisionais ou

definitivos. Leciona Diniz, (2002, p. 476) asseverando que os Alimentos quanto à

finalidade podem ser:

a) Provisionais ou acautelatórios, se concedidos concomitantemente ou antes da ação de separação judicial, de nulidade ou anulação de casamento ou de Alimentos, para manter o suplicante ou sua prole na pendência da lide, tendo, portanto, natureza antecipatória e cautelar;

b) Provisórios, se fixados incidentalmente no curso de um processo de cognição ou liminarmente em despacho inicial, em ação de Alimentos, de rito especial, após prova de Parentesco, casamento ou união estável;

c) Regulares ou definitivos, se estabelecidos pelo magistrado ou partes (no caso de separação judicial consensual), com prestações periódicas, de caráter permanente, embora sujeitos a revisão.

Os Alimentos provisórios constituem uma antecipação de tutela, devendo

obrigatoriamente ser fixados na ação de Alimentos, que seguirá o rito especial, após

a prova do Parentesco ou de sua probabilidade, sendo regulado pela Lei n.

5.478/68. (WELTER, 2003).

Com relação aos Alimentos provisionais pode-se dizer que os mesmos são

simples antecipações dos Alimentos definitivos, por isso sua concessão provisória

considera igualmente as necessidades do devedor. Fixados antecipadamente e

provisoriamente, o não pagamento enseja o pedido de execução, mas a justificação

da impossibilidade de pagá-los obriga sua apreciação, obstando o decreto de prisão.

(OLIVEIRA, 2004).

O Código Civil, em seu art. 1.706, dispõe que os Alimentos provisionais

”serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual”.

Ressalta-se que a diferença entre os Alimentos provisórios e provisionais, é

que os provisórios devem ser concedidos liminarmente em uma ação de Alimentos

já os provisionais são obtidos através de uma ação cautelar. Segundo se sustenta,

existe uma diferença de regramento jurídico: os provisórios permanecem até o

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trânsito em julgado da sentença e os provisionais podem ser modificados ou

revogados. (VENOSA, 2005).

2.4.2 Quanto à Natureza

Através dos ensinamentos de Diniz (2002, p. 476) pode-se dizer que “quanto

à natureza dos Alimentos os mesmos estão divididos em naturais e civis”.

Naturais ou necessários são aqueles destinados somente às despesas

essenciais e necessárias para a subsistência da pessoa, ou seja, se limitam ao mero

sustento do Alimentando, como a alimentação, saúde, vestuário e habitação. (DINIZ,

2002).

Já os civis são aqueles destinados não somente ao estritamente necessário à

subsistência, mas também à manutenção do padrão e qualidade de vida. São

estipulados segundo as possibilidades do Alimentante e as condições do

Alimentando, para este viver de modo compatível com sua posição social, indo além

da sobrevivência. (DINIZ, 2002).

Com relação aos Alimentos naturais pode-se afirmar que sejam aqueles

indispensáveis a manutenção da pessoa, como a alimentação, o necessário à

saúde, habitação e vestuário. E, os Alimentos civis abrangem o que for

imprescindível com relação à educação e ao lazer da pessoa. (MONTEIRO 2004).

Venosa (2005, p. 372) salienta que:

A doutrina costuma distinguir os Alimentos naturais ou necessários, aqueles que possuem alcance limitado, compreendendo estritamente o necessário para a subsistência. E os Alimentos civis ou côngruos, isto é, convenientes, que incluem os meios suficientes para a satisfação de todas as outras necessidades básicas do Alimentando, segundo as possibilidades do obrigado.

No dizer de Pontes de Miranda (2001, p. 251) “Alimentos civis são aquleles

que se taxam segundo os haveres do Alimentante e a qualidade e situação do

alimentado”, refere-se às necessidades da pessoa em meio a situação social vivida

pelo ente necessitado em relação à pessoa obrigada.

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Prossegue o autor afirmando que “abrange não só os Alimentos essenciais,

mas engloba outros, segundo a necessidade de quem os pleiteia e a possibilidade

de quem os fornece concerentes às necessidades intelectuais e morais como

educação, instrução, assistência, recreação”. (MIRANDA, 2001, p. 251).

O Código Civil de 1.916 não distinguia Alimentos civis dos naturais

(necessários), já o Código civil de 2002 o faz em seu art. 1.694, discriminando

Alimentos necessários ao lado dos indispensáveis, permitindo ao juiz que fixe

apenas estes últimos em determinadas situações restritivas. (PEREIRA, 2004).

O artigo acima mencionado garante, através do instituto dos Alimentos civis, a

fixação destes de modo compatível com a condição social do Alimentando. Isso,

contudo, não significa que seu padrão de vida não poderá ser diminuído. (PEREIRA,

2004).

2.4.3 Quanto à Causa Jurídica

Os Alimentos podem decorrer da vontade das partes, ou seja, serem

instituídos em contrato gratuito ou oneroso e por testamento, bem como derivar de

sentença condenatória decorrente de Responsabilidade Civil aquiliana. (VENOSA,

2005).

No entendimento de Cahali (2002, p. 22-23) o direito de Alimentos pode

nascer “a benefício do necessitado, sem que ele próprio, ou terceiro, tenha buscado

intencionalmente esse resultado, podendo, porém, surgir tanto da atividade do

necessidade como da atividade de terceiros”.

Para Diniz (2002, p. 478) os Alimentos quanto a causa jurídica subdivide-se

em:

a) Voluntários são aqueles que advêm da declaração da vontade, inter vivos4 ou causa mortis5;

b) Ressarcitórios, se destinados a indenizar a vítima de ato ilícito.

4 Inter vivos: È a obrigação assumida contratualmente por quem não tinha a obrigação legal de pagar. (DINIZ, 2002, p. 478). 5 Causa mortis: Quando manifestada em testamento, em geral sob a forma de legado de Alimentos, e pertencem ao direito das sucessões e são também chamados de testamentários. (DINIZ, 2002, p. 478).

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c) Legítimos são os impostos pela lei àqueles que possuem entre si, vínculo familiar, ou seja, encontram-se inseridos no contexto.

Consta-se que os Alimentos legítimos são os decorrentes da lei, os

voluntários são os resultantes da declaração de vontade de quem irá prover, e os

ressarcitórios por sua vez, são os decorrentes de ato ilícito, tendo como objetivo

indenizar a vítima. (CAHALI, 2002).

Salienta-se que a obrigação de alimentar entre cônjuges e companheiros,

provém do dever de mútua assistência, ou da solidariedade, totalmente diferente da

relação entre pais e filhos, em que são devidos Alimentos em razão do Parentesco.

(RODRIGUES, 2004).

2.5 NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AOS ALIMENTOS

No que se refere à natureza jurídica do direito à prestação de Alimentos, é

bastante controvertida, fruto de posições divergentes de três correntes doutrinárias.

(DINIZ, 2002, p. 471).

A primeira defende como sendo direito pessoal extra-patrimonial. Não teria o Alimentando interesse econômico na prestação de Alimentos, já que a verba não objetiva ampliar o seu acervo patrimonial, mas sim suprir o seu direito à vida, que é personalíssimo. Funda-se num conteúdo ético-social. A segunda, em sentido oposto, a entende como direito patrimonial, retratado na prestação paga em pecúnia ou em espécie, em que o caráter econômico não resta afastado. A terceira, defende uma mescla dos entendimentos anteriores. Assim, a natureza jurídica do direito à prestação de Alimentos seria um direito de conteúdo patrimonial e finalidade pessoal.

No entendimento de Gomes ([s.d], apud DINIZ, 2002, p. 471):

[...] não se pode negar a qualidade econômica da prestação própria da Obrigação alimentar, pois consiste no pagamento periódico, de soma de dinheiro ou no fornecimento de víveres, cura e roupas. Apresenta-se, conseqüentemente, como uma relação patrimonial de

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crédito - débito; há um credor que pode exigir de determinado devedor uma prestação econômica.

Como pode ser visto através da posição do autor acima, dentre as três

posições doutrinárias, a que mais se apresenta consentânea, sem embargos, é a

terceira. Não se pode negar que a prestação de Alimentos se insere no plano

econômico.

Por óbvio que por meio dela o Alimentando não visa a ampliação de seu

patrimônio, e isto seria um desvio de finalidade totalmente censurável, todavia, a

prestação de Alimentos pode impedir que o patrimônio deste seja corroído ou venha

a desaparecer. (GONÇALVES, 2006).

Na realidade, tem por objetivo suprir as necessidades da vida do

Alimentando, consistindo não apenas no sustento, mas também nos demais fatores

agregados à sua posição social. (OLIVEIRA, 2004).

Para finalizar pode-se dizer que a natureza jurídica do direito à prestação, se

caracteriza mais apropriadamente como sendo um direito de conteúdo patrimonial e

finalidade pessoal, uma vez que os Alimentos se inserem no plano econômico tanto

do Alimentante quanto do Alimentando.

2.6 CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

Entre as inesgotáveis características do instituto dos Alimentos, mostraram-se

de maior relevância as seguintes:

2.6.1 Irrenunciabilidade

O caráter imperativo das normas sobre Alimentos tem como corolário serem

estes irrenunciáveis, como o próprio direito à vida. O necessitado pode deixar de

exercer o direito de exigir Alimentos, mas a eles não pode renunciar. (WALD, 2005).

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Os Alimentos são irrenunciáveis, pode, contudo ser renunciado o seu

exercício do direito aos Alimentos, observa-se o disposto no art. 1.707 do Código

Civil, in verbis:

Art. 1.707 - Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a Alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. (BRASIL, 2007, p. 455).

O Código Civil de 2002 manteve o mesmo entendimento de outrora, ou seja,

pode-se renunciar aos Alimentos entre cônjuges e companheiros, mas não entre

pais e filhos. (DINIZ, 2002).

Para Venosa (2005, p. 399) “a prestação alimentícia é um problema de ordem

pública, já que se o Alimentando renunciar aos Alimentos, a sociedade deverá lhe

prestar auxílio”.

Os Alimentos derivados de Parentesco são de fato irrenunciáveis, como o

pagamento da pensão fixada ao pai em favor do filho que não está sob sua guarda.

Pessoas maiores e capazes, que, consensualmente e de livre e espontânea

vontade, pretendem renunciar ao direito que a lei lhes confere. (WALD, 2005).

2.6.2 Ausência de Solidariedade

A Obrigação alimentar não é solidária. Pode ser conjunta e divisível. Ou seja,

para melhor esclarecer esta situação toma-se como exemplo os ensinamentos de

Clóvis Beviláqua ([s.d] apud WALD, 2005, p. 54) que assim se pronunciava sobre o

assunto, “se os Alimentos forem devidos por mais de uma pessoa, a prestação

deverá ser cumprida por todas, na proporção dos haveres de cada uma”.

Atualmente o Código Civil reafirmou o preceito contido nos artigos 1.696,

1.697 e 1.698 como se pode observar na continuação do texto. Primeiramente o art.

1.696:

Art. 1.696. O direito à prestação de Alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os Ascendentes, recaindo a obrigação

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nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. (BRASIL, 2007, p.454).

Leciona Cahali (2002, p. 704) ao analisar o respectivo artigo acima transcrito,

que:

A Obrigação alimentar recai, em primeiro lugar, nos parentes de grau mais próximo, passando-se aos mais distantes na falta daqueles. Assim, deve-se pedir Alimentos ao pai ou à mãe; na falta destes, aos avós maternos e paternos; na ausência destes, aos bisavós matemos e paternos e assim por diante. À falta de parentes em grau mais próximo é equiparada a ausência de possibilidades. Assim, somente após a demonstração da inexistência ou da impossibilidade de um dos parentes de determinada classe em prestar Alimentos é que se pode exigir pensão alimentícia de parentes pertencentes às classes mais remotas. O Alimentando não pode, sob pena de subverter toda a sistemática do direito-dever dos Alimentos, eleger, discricionariamente, os Ascendentes que devem socorrê-lo. A prova da impossibilidade, neste caso, deve ser robusta, clara, pois, enquanto o obrigado mais próximo tiver condições de prestar Alimentos, ele é o devedor e não se convoca o mais afastado.

O art. 1.697 do Código Civil, é expresso ao estatuir que: “Na falta do.

Ascendentes cabe a obrigação aos Descendentes, guardada a ordem de sucessão

e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”. (BRASIL, 2007, p.

454).

Inexistindo Ascendentes hábeis à prestação de Alimentos, a obrigação recai

nos Descendentes, observada a ordem sucessiva e independentemente da origem

da filiação. Na falta de Descendentes a obrigação transfere-se aos irmãos , tanto

germanos (filhos do mesmo pai e da mesma mãe) como unilaterais (filhos de um

mesmo pai ou de uma mesma mãe). Assim, enquanto na linha reta de Parentesco

não há limitação de grau, na linha colateral há limitação ao segundo grau de

Parentesco na obrigação de Alimentos. (DINIZ, 2002).

E por último encontra-se disposto no art. 1.698 do Código Civil que:

Art. 1.698 - Se o parente, que deve Alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão cha-mados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar Alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas,

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poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. (BRASIL, 2007, p. 454).

Este dispositivo refere expressamente a possibilidade do chamamento à lide

dos parentes obrigados a prestar Alimentos, na ação intentada contra um deles.

Repete a ordem sucessiva dos graus de Parentesco na Obrigação alimentar, de

modo que dentro dessa ordem podem; ser demandados vários parentes numa

mesma ação, na medida de suas possibilidades. Diante da impossibilidade parcial

dos parentes mais próximos de prestar Alimentos, a responsabilidade a que estão

sujeitos os parentes mais distantes é complementar. (WALD, 2005).

2.6.3 Irrepetibilidade

Os Alimentos não podem ser repetidos, ou seja, restituídos, caso se constate

posteriormente que eles não eram devidos. Portanto, sejam eles provisórios,

provisionais ou definitivos, uma vez prestados, são irrepetíveis. (DINIZ, 2002).

Os Alimentos são irrestituíveis, pois quando pagos, não poderão ser

devolvidos, mesmo que a ação de Alimentos seja julgada improcedente.

(GONÇALVES, 2006).

Isso quer dizer que o devedor não tem o direito de pleitear sua devolução

mesmo que, após o pagamento, tenha sido reconhecida a desnecessidade do

Alimentando, ou ainda, mesmo que o montante fixado tenha-se mostrado excessivo

e por consequinte reduzida. (WALD, 2005).

Para Welter (2003, p. 37), apenas os Alimentos pagos em virtude do Dever de

Sustento, são irrepetíveis, ou seja, pagos a Menores ou incapazes. Os Alimentos

pagos a filhos maiores e capazes, cônjuges ou companheiros devem ser devolvidos,

ou mesmo compensados nas prestações vincendas, com o escopo de evitar o

enriquecimento ilícito do credor.

Portanto, admite-se a irrepetibilidade dos Alimentos quando quem os prestou

não os devia, mas somente se fizer a prova no sentido de que cabia a terceiro a

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Obrigação alimentar, pois o Alimentando, utilizando-se dos Alimentos, não teve

nenhum enriquecimento ilícito. (CAHALI, 2002).

2.6.4 Transmissibilidade

A titularidade dos Alimentos não pode ser transmitida a outrem, visto que

imanente ao direito à vida, sem o qual ela não se torna materialmente possível.

O direito a Alimentos é intransmissível, em face do seu caráter

personalíssimo. Ocorre intransmissibilidade ativa no caso da morte do credor de

Alimentos, ou seja, o Alimentando; e passiva no caso da morte do Alimentante.

(GONÇALVES, 2006).

Vale dizer que se o alimentário não estiver necessitando de Alimentos este

não poderá transmitir tal direito a outrem, vez que tal obrigação foi fixada com o

escopo de preservar o seu direito a uma vida saudável, que possa ser vivida de

forma digna. A Obrigação alimentar, portanto, extingue-se com a morte do

alimentário. (WALD, 2005).

Com relação ao Código Civil antigo, e o caráter personalíssimo dos Alimentos,

a legislação atual contempla a transmissibilidade da Obrigação alimentar, em seu

art. 1.700 que: “A obrigação de prestar Alimentos transmite-se aos herdeiros do

devedor, na forma do art. 1.694”.

O dispositivo acima transcrito stabelece que a transmissão da obrigação de

Alimentos ocorrerá nas condições do art. 1.694, cujo parágrafo 1o ’ dispõe que “Os

Alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos

recursos da pessoa obrigada”. Desse modo, segundo o artigo em análise, a

obrigação de prestar Alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor segundo as

suas possibilidades, independentemente dos limites das forças da herança.

(CAHALI, 2002).

O referido dispositivo legal traz uma inovação radical: a transmissibilidade da

Obrigação alimentar como regra geral. Deste modo, seja em razão do Parentesco,

ou em razão da união estável, o dever de prestar Alimentos será transmitido aos

herdeiros do devedor, o que irá gerar situações no mínimo inusitadas. (DINIZ, 2002).

É evidente, portanto, que os sucessores do Alimentante devem participar do

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pagamento da pensão alimentícia apenas com os recursos provenientes da herança

por eles recebida e na proporção de seus quinhões (respeitando-se, assim, também

o princípio da proporcionalidade dos Alimentos). (WALD, 2005).

Finalizando, pode-se afirmar que, se ocorrer o falecimento do pai que dava

Alimentos ao filho, este se torna herdeiro dos bens paternos. Se não obstante ter

recebido a herança continuar necessitando de Alimentos, deverá pedi-los aos avós.

(WALD, 2005).

2.6.5 Impenhorabilidade

De acordo com o art. 1.707 do Código Civil, “Pode o credor não exercer, porém

lhe é vedado renunciar o direito a Alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível

de cessão, compensação ou penhora”. Portanto, o direito aos Alimentos não pode

ser cedido, penhorado ou compensado com outros créditos. Essas proibições legais

visam garantir a preservação da vida do Alimentando, possibilitada materialmente

pelo pagamento da pensão alimentícia. (WALD, 2005).

Cahali (2002, p. 102), explica que:

Tratando-se de direito personalíssimo, destinado o respectivo crédito à subsistência da pessoa alimentada, que não dispõe de recursos para viver, nem pode prover às suas necessidades pelo próprio trabalho, não se compreende possam ser as prestações alimentícias penhoradas; inadmissível, assim, que qualquer credor do Alimentando possa privá-lo do que é estritamente necessário à sua subsistência.

Diniz, (2002, p. 472) assevera que:

O direito a Alimentos não pode ser cedido em razão da sua natureza. É inerente ao Alimentando. O crédito é inseparável do credor. É impenhorável, em razão da finalidade do instituto; uma vez que se destina a manter a mantença do necessitado, não pode, de modo algum, responder por suas dívidas [...].

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2.6.6 Incompensabilidade

Dentre as mais importantes destaca-se que os Alimentos são

personalíssimos, uma vez que não podem ser compensados, nem cedidos a outrem.

Visam à subsistência do alimentado, sendo assim um direito pessoal. (DINIZ, 2002).

Em virtude do seu caráter personalíssimo e de sua natureza indisponível, o

direito a Alimentos não pode ser transacionável, uma vez que a sua finalidade é

garantir o sustento do alimentado. O que são alienáveis são as prestações

alimentícias, quando adimplidas in natura, porém o direito subjetivo à obtenção de

Alimentos é intransacionável. Por se tratar de um direito de ordem pública, é

indisponível em razão da sua finalidade, portanto, não pode ser transacionado.

(WALD, 2005).

2.6.7 Irretroatividade

Os Alimentos são devidos apenas a partir da citação para a ação. Visando os

Alimentos garantir a subsistência do Alimentando, discute-se o problema do

pagamento dos Alimentos pretéritos. (WALD, 2005).

Para Diniz (2002, p. 473), “o direito aos Alimentos visa satisfazer

necessidades atuais ou futuras e não as passadas do Alimentando”. Portanto, este

jamais poderá requerer que lhe seja concedido pensão alimentícia relativa às

dificuldades que teve no passado. “Alimentos atrasados só são devidos se fundados

em convenção, testamento ou ato ilícito, quer dizer, por título estranho ao direito de

Família”.

2.6.8 Imprescritibilidade

O direito aos Alimentos é imprescritível, ainda que por longo tempo não

exercido. É imprescritível, uma vez que este direito pode ser pleiteado enquanto o

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Alimentando for vivo e necessitar de recursos indispensáveis para a sua

sobrevivência. (DINIZ, 2002).

A cobrança das prestações pretéritas, contudo prescreve em dois anos,

conforme encontra-se disposto no art. 206, Parágrafo 2º do Código Civil. “Prescreve:

[...], Parágrafo 2º - Em dois, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir

da data em que se venceram”. (BRASIL, 2007, p. 281).

2.6.9 Periodicidade

O fornecedor de Alimentos não pode exonerar-se de sua obrigação pagando,

de uma vez, uma soma maior correspondente a prestações futuras de diversos

anos, pois, sempre que houver necessidade do Alimentando e possibilidade do

Alimentante, este deverá pagar a pensão alimentícia. (WALD, 2005).

Também no que diz respeito à periodicidade da obrigação, é importante

salientar que o dever alimentar não se extingue por transação entre as partes,

aplicando-se a regra que veda a sua renúncia, contida no art. 1.707 do Código Civil,

(citado anteriormente). (CAHALI, 2002).

O contexto apresentado neste capítulo teve como objetivo destacar os

aspectos concernentes ao entendimento jurídico do Instituto dos Alimentos No

capítulo seguinte, será abordado a determinação de Parentesco e seus efeitos

legais, conceito, natureza jurídica, na legislação brasileira.

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3 O PARENTESCO PERANTE A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR E SEUS EFEITOS

LEGAIS

3.1 PARENTESCO

No direito romano havia uma distinção entre a Família próprio jure (em

sentido restrito), na qual se incluíam as pessoas que estavam sob a pátria potestas

(poder) do mesmo pater (pai), e a Família communi júris (em sentido lato), que

reunia os Descendentes de um antepassado comum. (WALD, 2005).

O laço existente entre os diversos membros da Família ou Parentesco tinha

então uma importância política, econômica, social e religiosa. Com o tempo, a

Família perdeu diversas das suas funções, deixando de ser uma unidade política,

econômica, religiosa e jurisdicional, mas o Parentesco continuou a ter importantes

efeitos legais. (WALD, 2005).

No ordenamento jurídico brasileiro as relações de Parentesco estão previstas

legalmente no Código Civil entre os arts. 1.591 ao 1.638, determinando quais as

espécies de Parentesco e quando ela surge.

O Parentesco se apresenta como um dos mais importantes institutos da

sociedade, pois é ele que estabelece o vínculo existente entre as pessoas que

descendem do mesmo tronco ancestral. (GONÇALVES, 2006).

Nas palavras de Pereira (2004, p. 234) “dentre as várias espécies de relações

humanas, o Parentesco é das mais importantes e a mais constante, seja no

comércio jurídico, seja na vida social”.

Para Venosa (2005, p. 197), a compreensão do Parentesco é “a base para

inúmeras relações de Direito de Família, com repercussões intensas em todos os

ramos da ciência jurídica”.

A determinação do Parentesco depende, portanto de um lado, da existência

de casamento ou união estável e da relação de descendência e, de outro, de

adoção. Chama-se o Parentesco, quando do lado masculino, de agnação e, quando

do lado feminino, de cognação. (BITTAR, 2006).

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3.2 CONCEITO

Parentesco no entendimento de Diniz (2002, p. 367) “[...] é a relação

vinculatória existente não só entre pessoas que descendem umas das outras ou de

um mesmo tronco comum, mas também entre um cônjuge e os parentes do outro e

entre adotante e adotado”.

Para Gonçalves (2006, p. 100) a palavra ‘Parentesco’ pode ser conceituada

de duas maneiras:

a) Sentido estrito: [...] abrange somente o consangüíneo; b) Sentido amplo: [...] inclui o Parentesco por afinidade e o

decorrente da adoção ou de outra origem, como algumas modalidades de técnicas de reprodução medicamente assistida.

No entendimento de Venosa (2005, p. 197), o Parentesco é “o vínculo que

une duas ou mais pessoas, em decorrência de uma delas descender da outra ou de

ambas procederem de um genitor comum”.

Para Bittar (2006, p. 184) Parentesco compreende “o conjunto de princípios e

de regras que rege as relações jurídicas constituídas entre os cônjuges e os

parentes respectivos, entre Descendentes de um mesmo tronco comum, e entre os

adotantes e adotados”.

Nas palavras de Miranda (2001, p. 23):

Parentesco é a relação que vincula entre si pessoas que descendem umas das outras, ou de autor comum (consangüinidade), que aproxima cada um dos cônjuges dos parentes do outro (afinidade), ou que estabelece, por fictio iuris, entre o adotado e o adotante.

Conclui-se, portanto, que o Parentesco pode decorrer de um mesmo tronco

ancestral, como entre o cônjuge e os parentes do outro e entre o adotante e

adotado.

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3.3 MODALIDADES DE PARENTESCO

Os artigos 330 a 336 do Código Civil de 1.916, instituíam que o Parentesco

resultava da consangüinidade, da afinidade que liga o cônjuge aos parentes do outro

cônjuge e da Adoção. (WALD, 2005).

Neste sentido, o Código Civil de 2002 não fez alterações a essas espécies de

Parentesco, fazendo com que a afinidade possa ser alcançada inclusive na união

estável, conforme se encontra disposto no art. 1.595. (WALD, 2005).

Pode-se observar outra inovação, a que o Parentesco é Natural quando

resultante da consangüinidade e Parentesco Civil quando tiver outra origem segundo

as disposições do artigo 1.593 do Código Civil. (WALD, 2005).

Ressalta-se que independentemente da espécie de Parentesco é vedada

qualquer distinção, entre os filhos, devendo estes ser tratados em pé de igualdade

mesmo que provenientes de relações diversas do casamento. (GONÇALVES, 2006).

Complementando, quando da elaboração da Constituição Federal de 1988,

houve a preocupação do legislador em evitar qualquer tipo de desigualdade entre os

filhos, sejam eles havidos do casamento ou não, ou, ainda, adotivos, conforme

observa-se o disposto no art. 227, Parágrafo 6º, in verbis:

Art. 227 – [...] Parágrafo 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

No entendimento de Diniz (2002, p. 367-368), o Parentesco pode ser dividido

em:

a) Parentesco Natural ou Consangüíneo: é o vínculo entre pessoas Descendentes de um mesmo tronco ancestral, portanto ligadas, umas às outras, pelo mesmo sangue;

b) Parentesco por Afinidade: consistente em um vínculo que é estabelecido entre cada cônjuge ou companheiro e os parentes do outro conforme estabelecido no artigo 1.595 do Código Civil Brasileiro de 2002;

c) Parentesco Civil: Caracterizado como sendo o vínculo da adoção, entre adotante e adotado, que se estende aos parentes de um e de outro.

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3.3.1 Parentesco Consangüíneo

Considera-se natural o Parentesco que decorre da consangüinidade. Pai e

Filho são parentes naturais, pois seu Parentesco foi criado pela própria natureza,

através do sangue. (MONTEIRO, 2004).

Divide-se o Parentesco natural em matrimonial, quando proveniente do

casamento, ou extra-matrimonial quando surge de união estável ou relações sexuais

eventuais ou concubinárias. (GONÇALVES, 2006).

É na consangüinidade que se encontra a diferença específica do Parentesco

derivado da procriação natural.

Portanto, o Parentesco consangüíneo é formado por pessoas originárias de

um mesmo tronco, ao passo que o Parentesco civil é decorrente da criação artificial

da Lei, fruto de manifestação espontânea das pessoas, comumente caracterizado

pela adoção. Ressalta-se que a afinidade não se enquadra no conceito de parentes,

constituindo-se em um vínculo entre o casal (marido e mulher) e os parentes do

outro, isto é, entre sogro e genro, sogra e nora, cunhados, etc. (PEREIRA, 2004).

3.3.2 Parentesco por Afinidade

Têm-se o Parentesco por afinidade, consistente em um vínculo que é

estabelecido entre cada cônjuge ou companheiro e os parentes do outro conforme

estabelecido no art. 1.595 Parágrafos 1º e 2º, do Código Civil in verbis:

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. Parágrafo 1º O Parentesco por afinidade limita-se aos Ascendentes, aos Descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. Parágrafo 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. (BRASIL, 2007, p. 442).

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Prosseguindo, destaca-se que a afinidade é um vinculo de ordem jurídica; ela

não decorre da natureza, ou do sangue, como Parentesco por consangüinidade.

Portanto, não se estende além dos limites traçados em lei. (MONTEIRO, 2004).

Wald (2005, p. 36) afirma que:

A afinidade não é Parentesco, consistindo na relação existente entre um dos cônjuges e os parentes do outro. É um vínculo que não tem a mesma intensidade que o Parentesco e se estabelece entre sogro e genro, cunhados, etc. Por outro lado, marido e mulher não são parentes, por não descenderem de um antepassado comum.

Bittar (2006, p. 185), realça que em relação ao Parentesco, por afinidade e

por adoção, as mesmas decorrem da lei e, embora se discuta sobre a primeira, em

que “se chega a negar a existência, propriamente, de Parentesco, afirma ela

vínculos que participam dessa natureza, estando, ademais, consagrada como tal na

prática”.

3.3.3 Parentesco Civil

O Parentesco civil é aquele que tem outra origem, no qual se enquadra o

instituto da Adoção6. Pai e filho Adotivo são parentes civis; a relação jurídica que os

vincula é produto exclusivo da lei que procura imitar a natureza (art. 1.596 do Código

Civil).

Tal modalidade é decorrente de origem diversa da consangüinidade, podendo

citar a adoção, uma vez que o adotado não possuirá mais nenhum vínculo com os

genitores biológicos e seus parentes, exceto no efeito de impedimento para o

casamento. (DINIZ, 2002).

Para Rodrigues (2002, p. 317-318) o Parentesco civil é aquele decorrente da

adoção, bem como explica:

[...]. A lei é que denomina Parentesco o vínculo que se estabelece entre adotante e adotado. [...] Pelo novo Código, também nesse

6 É um ato jurídico bilateral que gera laços de paternidade e filiação entre pessoas para as quais tal relação inexiste naturalmente. (WALD, 2005, p.270).

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caso, “a adoção atribui a situação de filho ao adotado, desligando-o de qualquer vínculo com os pais e parentes consangüíneos, salvo quanto aos impedimentos matrimoniais”.

Com relação ao Parentesco natural ou civil, o art. 1.593, caput, do Código

Civil assim se manifesta: “O Parentesco é natural ou civil, conforme resulte de

consangüinidade ou outra origem”. (BRASIL, 2007, p. 442).

Analisando o artigo acima transcrito, observa-se que além destas

modalidades de Parentesco o artigo ainda estabelece a denominação ‘outra origem’,

abrindo espaço assim “ao reconhecimento da paternidade desbiologizada ou sócio-

afetiva, em que, embora não existam elos de sangue, há laços de afetividade que é

mais importante perante nossa sociedade do que o vínculo sangüíneo”.

(MONTEIRO, 2004, p. 294).

Prossegue o autor afirmando que:

A denominação outra origem faz com que o reconhecimento do Parentesco abranja não apenas aquele proveniente do casamento, mas também das relações existentes de uniões estáveis, de filhos havidos fora do casamento e os resultantes das técnicas de reprodução medicamente assistida. (MONTEIRO, 2004, p. 294).

Com respeito, ainda, ao Parentesco natural, na visão de Bittar (2006, p. 185):

Diz-se duplo se advém de dois genitores, e simples se apenas de um. Nesse sentido, são germanos os irmãos oriundos dos mesmos pais, enquanto unilaterias são os nascidos de pais diversos, subdivididos em uterinos, quando da mesma mãe, e consangüíneos, se do mesmo pai.

Acrescenta Monteiro (2004, p. 293) que:

[...] o direito canônico reconhece ainda a existência de outra espécie de Parentesco, o Parentesco espiritual, derivado das qualidades do padrinho ou madrinha e afilhado, e que até constitui impedimento matrimonial. Mas nosso direito positivo nenhuma importância dá a esse suposto Parentesco, insusceptível de produzir qualquer efeito jurídico.

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Finalizando, salienta-se que no tocante as relações de Parentesco, essas são

de grande relevância, pois, em razão delas, estabelecem-se direitos e deveres entre

os parentes, tanto natural, por afinidade ou civil. (DINIZ, 2002).

3.4 VÍNCULO DE PARENTESCO: LINHAS E GRAUS

As regras de contagem do grau7 de Parentesco estão estabelecidas no

Código Civil, segundo o qual, na linha8 reta, contam-se os graus de Parentesco pelo

número de gerações e na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos

parentes até o Ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.

(DINIZ, 2002).

O vínculo de Parentesco se estabelece por linhas, reta e a colateral a

contagem faz-se por graus. Segundo o art. 1.591 do Código Civil, são parentes em

linha reta, as pessoas que estão umas para com as outras na relação de

Descendentes, ou seja, bisavô, avô, pai, filho, neto e bisneto. E na linha

Ascendentes são: pai, avô bisavô etc. (GONÇALVES, 2006).

Gomes [s.d] apud Diniz (2002, p. 369) complementa destacando que:

A linha reta é Ascendente ou Descendente conforme se encare o Parentesco, subindo-se da pessoa a seu antepassado ou descendo-se, sem qualquer limitação; por mais afastadas que estejam as gerações, serão sempre parentes entre si pessoas de descendem umas das outras.

Já as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da

outra, são parentes em linha colateral, transversal ou oblíqua. É o caso de irmãos,

tios, sobrinhos e primos. Na linha reta não há limite de Parentesco; na colateral, este

se estende somente até o quarto grau, conforme disposto no artigo 1.592 Código

Civil. (GONÇALVES, 2006).

7 Grau: É a distância, em gerações, que vai de um a outro parente. (GONÇALVES, 2006, p. 97).

8 Linha: Vem a ser a vinculação de alguém a um tronco ancestral comum. (GOMES, 1978, p. 332).

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Conta-se o grau de Parentesco em linha reta pelo número de gerações que

separam as pessoas conforme previsto no art. 1.5949 Código Civil (primeira parte).

As pessoas que estão umas para com as outras na relação de Ascendentes e

Descendentes, ou vice-versa, são sempre parentes, estejam próximas ou distantes

em graus. (WALD, 2005).

Prosseguindo em relação à análise do art. 1.59410 do Código Civil (segunda

parte) o mesmo faz menção à contagem do grau de Parentesco em linha colateral

ou transversal, partindo-se do parente cujo grau de Parentesco se pretende

determinar, sobe-se em linha reta, contando cada degrau ou grau, até o Ascendente

comum, descendo depois até chegar ao paradigma. (WALD, 2005).

Diniz (2002, p. 370), salienta que na linha colateral, a denominação que

interessa ao direito é a que vai até o 4º grau: irmão, primo, tio, sobrinho, tio-avô e

sobrinho-neto, e complemento destacando que:

Esse Parentesco em linha transversal não é infinito, ou seja, não vai, perante nosso direito, além do 4º grau, pois há presunção de que, após esse limite, o afastamento é tão grande que o afeto a solidariedade não mais servem de apoio às relações de direito.

Prossegue a autora fazendo menção ao Parentesco duplo, “para a hipótese

dos duplamente primos, ou seja, primos por parte de pai e, ao mesmo tempo, por

parte de mãe”. (DINIZ, 2002, p. 370).

Conquanto não haja limitação em graus, porque tal ocorre por força da

natureza, como já visto, os graus podem ser contados porque os parentes mais

próximos precedem aos mais remotos, para apuração de direitos e obrigações.

(BITTAR, 2006).

O Código Civil repete a regra constitucional, no art. 1.596 “Os filhos, havidos

ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e

qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.

Somente em razão da natureza da união manteve-se o sistema da presunção da

paternidade no casamento, que não pode existir no tocante aos filhos oriundos de

outras relações, estáveis ou não estáveis. (MONTEIRO, 2004). 9 Art. 1.594 - “Contam-se, na linha reta, os graus de Parentesco pelo número de gerações, [...]. (BRASIL, 2007, p.442). 10 Art. 1.594 - [...] e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao Ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente”. (BRASIL, 2007, p. 442).

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A distinção entre irmãos bilaterais e unilaterais repercute no Direito das

Sucessões. Em matéria de Alimentos, o Código Civil utiliza a expressão germanos.

Estes, assim como os unilaterais, são responsáveis pela Obrigação alimentar, na

hipótese prevista no art. 1.69711. (MONTEIRO, 2004).

3.5 SIMETRIA ENTRE AFINIDADE E PARENTESCO NATURAL

Pode-se dizer que a afinidade é “o liame jurídico que se estabelece entre

cada consorte ou companheiro e os parentes do outro, em linha reta até o infinito, e

em linha colateral até 2º grau”, mantendo certa analogia com o Parentesco

consangüíneo no que concerne à determinação das linhas e graus. (DINIZ, 2002, p.

377).

Encontra-se disposto no art. 1.595 Parágrafo 1º12 e 2º13 do Código Civil que a

afinidade dá-se em linha reta ou em linha colateral, limitada a última aos irmãos do

cônjuge ou companheiro, com a observação de que não se extingue a afinidade em

linha reta (Ascendentes/Descendentes) com a dissolução do casamento ou da união

estável. (GONÇALVES, 2006).

Na linha reta tem-se a afinidade entre sogro e nora, sogra e genro, padrasto e

enteada, madrasta e enteado. São, portanto, afins em primeiro grau. Em segundo

grau, na linha reta, o cônjuge, ou companheiro, será afim com os avós do outro e

este com os avós daquele, porque na linha reta não há limite de grau. (DINIZ, 2002).

Na linha colateral, o Parentesco por afinidade não vai além do segundo grau,

existindo tão-somente com os irmãos do cônjuge ou companheiro; assim, com o

casamento ou união estável, uma pessoa torna-se afim com os irmãos do cônjuge

ou convivente. Cunhados serão parentes por afinidade em segundo grau, mas entre

consortes e companheiros não há Parentesco, nem afinidade. (WALD, 2005).

11 Art. 1.697 – “Na falta dos Ascendentes, cabe a obrigação aos Descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”. (BRASIL, 2007, p. 454). 12 Parágrafo 1º “O Parentesco por afinidade limita-se aos Ascendentes, aos Descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro”. 13 Parágrafo 2º -“Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável”. (BRASIL, 2007, p. 442).

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3.6 EFEITOS LEGAIS DO PARENTESCO

As relações de Parentesco afetam os mais diversos campos do direito, desde

os impedimentos que se traduzem em inelegibilidades da Constituição até os

impedimentos para o casamento. (VENOSA, 2007).

O reconhecimento da relação de Parentesco reveste-se de grande

importância, estatuindo direitos e obrigações recíprocos entre os parentes de ordem

pessoal e patrimonial, e fixando proibições com fundamento em sua existência. Têm

os parentes direito à sucessão e Alimentos, não podem casar uns com os outros, na

linha reta e em certo grau da colateral. Tem importância no ramo do Direito

processual e o eleitoral. (GONÇALVES, 2006).

A condição de parente produz efeitos em várias áreas do direito, dentre as

quais destacam-se as mais importantes.

No Direito de Família, se vislumbra com maior nitidez a importância do

Parentesco, pois seus efeitos atingem o casamento, ao impedir (Art. 1.52114, I a V),

ou impor cláusulas suspensivas os filhos e cônjuges (art. 1.52415), no caso de

Alimentos (art. 1.69416); e na tutela (art. 1.73117, I e II), todos do Código Civil.

(VENOSA, 2007).

No Direito Sucessório, o Parentesco estabelece as classes de herdeiros que

podem concorrer à herança, limitando-se, na classe dos colaterais, àqueles até o

quarto grau. (art. 1.82918, I ao IV do Código Civil ). (GONÇALVES, 2006).

14 Art. 1.521- Não podem casar: I - os Ascendentes com os Descendentes, seja o Parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; [...] (BRASIL, 2007, p. 431). 15 Art. 1.524 - As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins. (BRASIL, 2007, p. 432). 16 Art. 1.694 - Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os Alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação (BRASIL, 2007, p. 454). 17 Art. 1.731 - Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes consangüíneos do Menor, por esta ordem: I - aos Ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto; II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do Menor. (BRASIL, 2007, p. 457). 18 Art. 1.829 - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

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No Direito processual ou judiciário, estão impedidos de depor como

testemunhas, além do cônjuge da parte, seu Ascendente ou Descendente em

qualquer grau, assim como o colateral até o terceiro grau, seja consangüíneo ou

afim. (art. 40519, Parágrafo 2º, I, do Código de Processo Civil). (DINIZ, 2002).

No Direito Administrativo, há restrições de Parentesco para ocupar certos

cargos, conforme, observa-se no contexto do art. 117, inc. VIII da Lei n. 8.112/90

que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos e civis da União, das

autarquias e das fundações públicas federais, determina que o servidor fique

proibido de "manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança,

cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil". (DINIZ, 2002).

No Direito Constitucional, o art. 14, Parágrafo 7º da CRFB/1988, impede a

eleição do cônjuge e dos parentes consangüíneos ou afins até o 2º grau do

Presidente da República, de Governador de Estado, do Distrito Federal, de Prefeito

ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.

(VENOSA, 2007).

No Direito Penal, o Parentesco entre a vítima e o autor do crime pode

acarretar agravação da pena, conforme disposto no art. 6120, II, letra ‘e’, e sua

isenção e até mesmo exclusão do Ministério Público para oferecimento da denúncia,

como ocorre nos casos dos arts. 18121 e 18222 todos do Código Penal.

(GONÇALVES, 2006).

I - aos Descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos Ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais (BRASIL, 2007, p. 470). 19 Art. 405 - Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. Parágrafo 2º - São impedidos: I - o cônjuge, bem como o Ascendente e o Descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; (BRASIL, 2007, p. 653). 20 Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: II - ter o agente cometido o crime: [...] e) contra Ascendente, Descendente, irmão ou cônjuge; (BRASIL, 2006, p. 898). 21 Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de Ascendente ou Descendente, seja o Parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. (BRASIL, 2007, p. 940).

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Por último, no Direito Fiscal, o Parentesco pode definir isenções, deduções ou

a nível de tributação.

Diante do que foi exposto neste capítulo, pode-se afirmar que o Parentesco

tem grande relevância para o direito, pois a condição de parente pode obstar ou

legitimar o indivíduo à prática de alguns atos nas esferas civil, criminal ou

processual.

3.7 PODER FAMILIAR

Primitivamente, o pátrio poder, no Direito Romano, visava tão-somente ao

interesse do chefe de Família. Modernamente, despiu-se do caráter egoístico de que

se impregnava. (MONTEIRO, 2004).

No Direito brasileiro, dizia-se que o pátrio poder era exercido pelo pai e na

falta dele pela mãe, ou seja, o pai tinha prioridade ao pátrio poder. (Código Civil de

1.916, art. 380).

A expressão, pátrio poder dava idéia, em primeiro lugar, do poder da pessoa

do pai sobre os filhos. Houve, entretanto, uma grande mudança, tanto em relação ao

exercente (também a mãe) quanto aos poderes, que agora abarcam obrigações

(artigos 1.630 a 1.638 e 1.689 a 1.693 do Código Civil). (RIZZARDO, 2006).

Ressalta-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei n. 8.069/90

continua a mencionar pátrio poder, como se pode observar através do disposto em

seu art. 21, in verbis:

O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito, de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. (BRASIL, 2007, p. 981).

22 Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. (BRASIL, 2007, p. 940).

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3.7.1 Conceito

Monteiro (2004, p. 348), traz sua contribuição quanto ao conceito, destacando

que o Poder Familiar na atualidade, é profundamente diverso. Ele é presentemente

um conjunto de deveres, de base nitidamente altruística. “E pode ser conceituado

como o conjunto de obrigações, a cargo dos pais, no tocante à pessoa e bens dos

filhos Menores. Por natureza é indelegável”.

“O Poder Familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, em

relação à pessoa e aos bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a proteção

destes”. (RODRIGUES, 2004, p. 356).

Segundo artigo 1.63123 do Código Civil, com relação à titularidade do Poder

Familiar, atento à igualdade entre os cônjuges, atribui o poder Família durante o

casamento (ou na constância da união estável) a ambos os pais, só assumindo um

com a exclusividade na falta ou impedimento do outro.

A CRFB/1988 concedeu o Poder Familiar ao casal. No entanto, havendo

divergência entre os cônjuges, não mais prevalece a vontade paterna, e aquele que

estiver inconformado, deverá recorrer à Justiça, pois o exercício do Poder Familiar é

de ambos os cônjuges. (WALD, 2005).

Cumpre ressaltar que de acordo com as disposições do artigo 227, Parágrafo

6º da CRFB/1988 (citado anteriormente) e do art. 1.59624 do Código Civil, que

instituem a igualdade jurídica entre os filhos, tanto aos pais biológicos quanto aos

adotivos, incumbe o exercício do Poder Familiar com os deveres e direitos a ele

inerentes.

O Código Civil, no art. 1.631, estabelece que:

Durante o casamento ou a união estável, compete o Poder Familiar aos pais; na falta ou impedimento de algum deles, o outro o exercerá com exclusividade. Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do Poder Familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. (BRASIL, 2007, p. 447).

23 Art. 1.631 – Durante o casamento e a união estável, compete o Poder Familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro exercerá com exclusividade. (BRASIL, 2007, p. 446). 24 Art. 1.596 – Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. (BRASIL, 2007, p.443).

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Observa-se a posição assumida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente

Lei n. 8.069/90 ao estabelecer no art. 22 que:

Aos pais incumbe o Dever de Sustento, guarda e educação dos filhos Menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. (BRASIL, 2007, p. 981).

Na ordem pessoal, os atributos do poder familiar manifestam-se sob três

aspectos fundamentais: guarda, educação e correição dos filhos; na ordem

patrimonial, os atributos do poder familiar compreendem: a administração e o

usufruto dos bens dos filhos. (GOMES, 2002).

Aos incapazes que se encontram proibidos de atuarem, por si mesmos, na

vida jurídica; a lei confere proteção e colocá-os sob a orientação de uma pessoa

capaz, que os represente ou os assiste em todos os atos da vida civil.

(RODRIGUES, 2004).

No entendimento de Pereira (2004, p. 420) encontram-se presentes os

deveres fundamentais que compõem o Poder Familiar, a saber:

a) a manutenção dos filhos Menores, proporcionando-lhes Alimentos, em todos os sentidos; b) a guarda, eis que está articulada com o Poder Familiar, e é um direito-dever atribuído aos pais; c) o Poder Familiar não constitui um complexo absoluto de atributos de que a lei investe os pais. Cabe às autoridades supervisionar-lhes o comportamento e controlar o exercício, bem como lhes cabe cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

No intuito de zelar pelo interesse do Menor, encontra-se disposto no Art.

1.692 caput do Código Civil o seguinte: “Sempre que no exercício do Poder Familiar

colidir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste ou do Ministério

Público o juiz lhe dará curador especial”. (RODRIGUES, 2004).

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3.7.2 Poder Familiar Quanto à Pessoa e Bens do Filho Menor

No instituto de proteção e defesa da pessoa e bens do filho, as relações

oriundas do Poder Familiar sistematicamente se desdobram em duas ordens de

princípios: relativos à pessoa dos filhos e aos bens do filho.

Quanto à pessoa dos filhos pode-se destacar o art. 1.634 do Código Civil tais

são os deveres dos pais em relação aos filhos:

Art. 1.634 - Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos Menores: I - dirigir-lhes a criação e educação; II - tê-los em sua companhia e guarda; III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o Poder Familiar; V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. (BRASIL, 2007, p. 447).

Ao se fazer uma análise do artigo acima citado, com relação ao inciso II, “tê-

los em sua companhia e guarda”, ressalta-se que a guarda implica na obrigação de

prestação de assistência material, moral e educacional. Diante do Poder Familiar,

ambos os pais devem contribuir com os recursos para o sustento do filho, desde que

os tenham e na proporção das possibilidades de cada qual (art. 1.703 do Código

Civil).

Destaca-se que embora um dos pais não possua meios próprios para

sustentar o filho, tal fato não será motivo de perda da guarda, eis que deverá o outro

pai, dentro do alcance de suas possibilidades, prestar pensão alimentícia ao filho

(MONTEIRO, 2004).

No que tange a esfera patrimonial o primeiro dever imposto aos pais, no

exercício do Poder Familiar, é o de administrar os bens do filho, eis que reza o artigo

1.689 do Código Civil: “o pai e a mãe, enquanto no exercício do Poder Familiar, são

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usufrutuários dos bens dos filhos e têm a administração dos bens dos filhos Menores

sob sua autoridade”. (BRASIL, 2007, p. 453).

Com efeito, a lei ao dispor que o usufruto dos bens dos filhos é inerente ao

exercício do Poder Familiar, aos pais pertence as rendas produzidas pelos

patrimônios dos filhos. Diante disso, tem-se a idéia de que tais rendimentos

auferidos compensam-se pelas despesas que o pai deve efetuar com a criação e

educação dos filhos. (RODRIGUES, 2004).

3.7.3 Extinção do Poder Familiar

A extinção do Poder Familiar pode ocorrer por fatos materiais ou humanos. A

extinção se dá com a morte do filho ou dos pais. Também se dá no caso de

ausência prolongada, em que não se tenha notícia do paradeiro da pessoa. Ainda, a

extinção pode se dar com a emancipação ou com a maioridade do Menor. (BITTAR,

2006).

Encontram-se previstas nos arts. 1.635 e 1.637 do Código Civil, situações em

que o Poder Familiar poderá haver suspensão, cessação ou destituição.

(RODRIGUES, 2004).

O art. 1.635 do Código Civil consta às hipóteses em que se extingue o Poder

Familiar, quais sejam: pela morte dos pais ou do filho; pela emancipação, nos

termos do art. 5º, parágrafo único; pela maioridade; pela Adoção; por decisão

judicial. (BRASIL, 2007, p. 447).

Outra situação pode ser observada no disposto do art. 1.637 do Código Civil

onde ocorre a suspensão do Poder Familiar: a) abuso do poder pelo pai ou pela

mãe; b) falta aos deveres maternos ou paternos; c) dilapidação dos bens dos filhos;

d) condenação criminal paterna ou materna por sentença irrecorrível por crime cuja

pena exceda de dois anos de prisão. (RODRIGUES, 2004).

Salienta-se que ocorre também, a suspensão ou extinção do Poder Familiar

quando os pais praticam atos lesivos à pessoa ou aos bens do Menor. Atos menos

graves geram suspensão e atos mais graves geram extinção do pátrio poder. A

suspensão é temporária e a extinção é permanente, entretanto nenhuma delas é

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definitiva, ou seja, mesmo no caso da extinção, pode-se restituir o pátrio poder aos

pais do Menor. (WALD, 2005).

A extinção do Poder Familiar desvincula os pais biológicos do Menor,

entretanto permanecem os impedimentos matrimoniais e as obrigações pelo

sustento do filho. A suspensão ou a extinção pode inabilitar o pátrio poder em

relação a todos os filhos e não somente àquele sobre o qual recaiu o ato lesivo.

(PEREIRA, 2004).

No capítulo seguinte, abordar-se-á especificamente a Obrigação alimentar em

relação as necessidade do Menor, que é o tema do trabalho monográfico. Será

analisada a Obrigação alimentar decorrente da relação de Parentesco, a obrigação

entre Ascendente e a natureza dos Alimentos devidos aos Menores, entre outros

itens importantes.

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4 OBRIGAÇÃO ALIMENTAR EM RELAÇÃO ÀS NECESSIDADES DO MENOR

Pretende-se neste último capítulo expor ainda que de maneira breve, a

Obrigação alimentar em relação às necessidades do Menor, seus pressupostos, os

sujeitos que fazem parte dessa relação, para que posteriormente possa dedicar

algumas laudas a dinâmica dos meios de execução, que a lei confere ao credor,

para o caso de inadimplência do Alimentante, fazendo comentários breves, porém

concisos de todas as minúcias que permeiam a polêmica questão das obrigações

alimentares. Serão avaliadas também as estruturas que regulam o instituto da prisão

civil do devedor pelo inadimplemento da Obrigação alimentar, a partir das várias

interpretações que a legislação suscita, até pela dinamicidade que possui o direito.

Para que se possa dar continuidade ao tema proposto neste trabalho,

primeiramente se dará uma pequena noção sobre incapacidade civil. Como é

sabido, o Código Civil atual, como o anterior, dividiu as pessoas sem capacidade de

fato para o exercício dos atos civis em: absolutamente incapazes (representados) e

relativamente capazes (assistidos).

Destaca-se que os absolutamente incapazes são os Menores de 16 anos;

quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento

para prática dos atos da vida civil; quem, mesmo por causa transitória, não pode

exprimir sua vontade. Quanto aos que possuem Incapacidade relativa, são os

maiores de 16 anos e Menores de 18 anos; ébrios habituais e viciados em tóxicos;

quem por deficiência mental, tenha o discernimento reduzido; os excepcionais, sem

desenvolvimento mental completo; pródigos. (MONTEIRO, 2004).

Com efeito, embora cada ser humano deva buscar por si, com suas energias,

o respectivo sustento, vicissitudes da vida podem, no entanto, privá-los de recursos

ou de meios necessários à sua mantença, razão pela qual a lei institui o dever de

prestações recíproca de Alimentos, destinados a suprir essas eventualidades.

(BITTAR, 2006).

De outro lado, com respeito à filiação, mostra-se como decorrência natural da

impossibilidade fisiológica de geração de recursos próprios para a sua subsistência,

que a criança ou o adolescente, em geral, manifesta, enquanto não se encontra

formada ou preparada.

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Rizzardo (1994 apud VENOSA, 2007, p. 350), observa que também ao

nascituro é possível a prestação alimentícia, sob o fundamento de que a lei ampara

a concepção. “Desde que presentes os requisitos próprios, como o fumus boni iuris25

e a certeza de quem é o pai, mesmo os Alimentos provisionais é possível conceder;

com o que se garantirá uma adequada assistência pré-natal ao concebido”.

Como a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida (art.

2º do Código civil), o nascituro não pode ser titular atual da pretensão alimentícia.

Somente se reconhece ao nascituro “direitos a Alimentos, no sentido das coisas

necessárias à sua manutenção e sobrevivência, de modo indireto, compondo os

valores respectivos a pensão deferida à esposa”. (CAHALI, [s.d] apud GONÇALVES,

2006, p. 168).

A Obrigação alimentar representa, assim mecanismo legal de suprimento

dessas necessidades (deficiência etária, incapacidade laborativa, enfermidade grave

e outras adversidades da vida).

Tal obrigação decorre, naturalmente, do pátrio poder, devendo os pais assistir

aos filhos Menores, conforme previsto no art. 229 da CRFB/1988: "Os pais têm o

dever de assistir, criar e educar os filhos Menores, [...]".

Neste estudo em especial tratar-se-á das obrigações alimentares em relação

às necessidades do Menor, tanto (absolutamente/relativamente) incapazes.

4.1 PRESSUPOSTOS DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS

De acordo com o artigo 1.695 do Código Civil, “são devidos Alimentos quando

quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à

própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque

do necessário ao seu sustento”. (BRASIL, 2007, p. 538).

Acerca do dispositivo acima citado o Venosa (2007, p. 339), afirma que “o

dispositivo coroa o princípio básico da Obrigação alimentar pelo qual o montante dos

Alimentos, deve ser fixado de acordo com as necessidades do Alimentando e as

possibilidades do Alimentante, [...]”.

25 Fumus boni iuris: “Expressão latina que significa ‘fumaça do bom direito’, probabilidade da existência de um direito ainda que falte uma comprovação definitiva”. (FONTANELLA, 2003, p. 159).

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No entendimento de Diniz (2002, p. 469) elenca mais um pressuposto

essencial da obrigação de prestar Alimentos, qual seja a existência de um vínculo de

Parentesco entre o Alimentando e o Alimentante, ressaltando que “[...] não são todas

as pessoas ligadas por laços familiares que são obrigadas a suprir Alimentos, mas

somente Ascendentes, Descendentes maiores, ou adultos, irmãos germanos ou

unilaterais[...]”.

Desse modo, infere-se que os pressupostos essenciais da obrigação de

prestar Alimentos são: a existência de um vínculo de Parentesco, a necessidade do

alimentado e a possibilidade econômica do Alimentante, não esquecendo da

necessidade de proporcionalidade entre possibilidade e necessidade. Assim, na

clara dicção da lei, os Alimentos, devem, em princípio, atender à manutenção do

status do demandante. (WALD, 2005).

Em relação ao segundo pressuposto (necessidade do Alimentando), importa

considerar que o credor da prestação alimentar deve, efetivamente, encontrar-se em

estado de necessidade, de maneira que se não vier a receber os Alimentos, isso

poderia pôr em risco a sua própria subsistência. (DINIZ, 2002).

Por fim, no que diz respeito ao terceiro pressuposto (possibilidade econômico-

financeira do Alimentante), deve ser ressaltado que para buscar os Alimentos é

necessário também que aquele de quem se pretende esteja em condições de

fornecê-los. Caso contrário estará desobrigado para tanto. A necessidade de um

importa na possibilidade do outro. (PEREIRA, 2004).

Verificada a ausência de um dos referidos pressupostos, cessa para o

devedor a sua obrigação pelos Alimentos.

4.2 DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR E DEVER DE SUSTENTO

Perante a doutrina existem duas modalidades de encargos legais a que se

sujeitam os genitores em relação aos filhos: uma decorrente do Poder Familiar dos

pais perante seus filhos, enquanto Menores (até os 18 anos de idade – art. 5º26 do

26 Art. 5º A Menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. (BRASIL, 2006, p. 257).

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Código Civil), de forma absoluta, de acordo com os artigos, 1.56627, IV e 1.63028

Código Civil; e outra, resultante da relação de Parentesco em linha reta daqueles

filhos que não mais se encontram sob o Poder Familiar de seus pais, isto é, dos

filhos maiores. Portanto no se deve confundir a obrigação de prestar Alimentos com

os deveres familiares de sustento.

Ressalta-se que o Dever de Sustento não deve ser confundido com a

Obrigação alimentar decorrente do Parentesco, posto que naquele a precariedade

da condição econômica do genitor não tem o condão de exonerá-lo dessa

obrigação, que subsiste sempre enquanto perdurar o poder familiar, mesmo que já

estando o filho, pela sua idade, apto para o trabalho em face da legislação

específica. (MONTEIRO, 2004).

O Dever de Sustento origina-se do dever natural dos pais de educar e prover

a subsistência de seus filhos, tanto material quanto moralmente (Alimentos naturais

e civis). Isto significa dar-lhes estudo, vestuário, casa, alimentação, entre outros. No

mais, cessa com a maioridade do filho e não é recíproca aos genitores (é unilateral).

(PEREIRA, 2004).

O Dever de Sustento dos pais em relação aos filhos Menores consta

expressamente na CRFB/1988 em seu art. 22929, 1ª parte, bem como no art. 22 do

Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei n. 8.069/90, que assim dispõe: "Aos pais

incumbe o Dever de Sustento, guarda e educação dos filhos Menores, cabendo-lhes

ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações

judiciais". (BRASIL, 2006, p. 1.927).

Ademais, o Dever de Sustento não requer uma prestação em dinheiro, mas

sim o cumprimento da obrigação genérica de alimentar os filhos, transformando-se

em prestação pecuniária somente quando não há possibilidade de ambos os pais

conviverem sob o mesmo teto ou, ainda, quando mesmo assim convivendo um se

negue a contribuir com o necessário para a sobrevivência do filho(a). (BUKOWSKI,

2003).

No entedimento de Cahali (2002, p. 132) o Dever de Sustento diz respeito,

”ao filho Menor, e vincula-se ao Poder Familiar; seu fundamento encontra-se no art. 27 Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: [...] IV - sustento, guarda e educação dos filhos; (BRASIL, 2006, p. 512). 28 Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao Poder Familiar, enquanto Menores. (BRASIL, 2006, p. 524). 29 Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos Menores [...]. (BRASIL, 2006, p. 174).

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1.566, IV, do Código Civil (citado acima); cessando o Poder Familiar, pela

maioridade ou pela emancipação, cessa conseqüentemente o dever em questão”.

Por outro lado, a situação se modifica, quando o Alimentando atinge a

Maioridade Civil, passando o dever irrestrito de sustento à Obrigação alimentar típica

(Alimentos no sentido estrito), cujo binômio necessidade x possibilidade deve ser

preenchido, consoante art. 1.69430, Parágrafo 1º do Código Civil. Exceção, admitida

pela doutrina e pela jurisprudência, em que os filhos maiores ainda podem receber

pensão alimentícia de seus pais dá-se quando estão estudando, principalmente em

curso superior, e não exerçam atividade garantidora de sua subsistência. (DINIZ,

2002).

A maioridade não implica no sobrestamento da pensão alimentícia devida

pelos genitores à respectiva prole. Na realidade, opera-se apenas a mudança da

causa da Obrigação alimentar, que deixa de ser o Dever de Sustento decorrente do

poder familiar e passa a ser o dever de solidariedade resultante do Parentesco.

(CAHALI, 2002).

Leciona Cahali (2002, p. 133) que a Obrigação alimentar não se vincula ao

poder familiar, mas à relação de Parentesco, representando uma obrigação mais

ampla que tem seu fundamento no art. 1.69631 do Código Civil; tem como causa

jurídica o vínculo Ascendente-Descendente.

A Obrigação alimentar recíproca entre pai e filhos, estatuída no art. 1.696, não

se submete a qualquer critério etário, e acrescenta que “se é certo que, com a

maioridade ou emancipação, cessa o pátrio poder, também é certo que, tão-somente

com o implemento de tal fato, não será extinto o dever alimentar, merecendo que se

analise, caso a caso, o binômio necessidade-possibilidade". (PEREIRA, 2004, p.

505).

Como essa obrigação não guarda nenhuma relação com o Poder Familiar, o

fato de o filho Menor alcançar a maioridade não possui o condão de extingui-la.

Numa situação como essa, o que se vê, é apenas a mudança na causa dessa

30 Art. 1.694 - Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os Alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. Parágrafo 1º - Os Alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. (BRASIL, 2006, p. 537). 31 Art. 1.696 - O direito à prestação de Alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os Ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. (BRASIL, 2006, p. 538).

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obrigação, que deixa de ser o Dever de Sustento decorrente do Poder Familiar e

passa a ser a solidariedade. (BITTAR, 2006).

Pode-se dizer que a Obrigação alimentar exige a existência concomitante dos

pressupostos legais (vínculo de Parentesco, necessidade do alimentado e

possibilidade econômico-financeira do Alimentante), ao contrário do dever familiar de

Alimentos que basta ao credor alegar tão-somente a sua necessidade pelos

Alimentos, que ao devedor resultará no ônus de provar o contrário. (BUKOWSKI,

2003).

Com base em todo o exposto, apenas uma conclusão se mostra como

correta: a maioridade de um filho Menor não importa na automática interrupção do

pagamento da pensão alimentícia. Nunca é de mais lembrar que os Alimentos são

fixados com base nas necessidades do reclamante (alimentado) e nos recursos da

pessoa obrigada (Alimentante). Assim, para eximir-se da obrigação de pagar a

pensão ao filho, o pai deverá, necessariamente, comprovar que aquele não mais

necessita dos Alimentos, ou, que não mais possui condições de prestá-los. Caso

contrário, o direito do filho em recebê-los subsistirá, agora, com fundamento no

dever de solidariedade.

4.3 SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

Como já visto anteriormente o art. 1.694 do Código Civil define a Obrigação

alimentar dos parentes, como a obrigação que repousa no princípio da solidariedade

presente nos vínculos afetivos. Para a melhor compreensão da matéria focalizada

neste tópico, importante relembrar, rapidamente, as noções básicas sobre o

significado do termo parentes.

Portanto, pode-se dizer que, parentes são Ascendentes e Descendentes (art.

1.591 do Código Civil), pais, filhos, avós, netos, bisavós, etc., todos são parentes em

linha reta. Parentes também são os irmãos, tios, sobrinhos, primos, sobrinhos-netos

e tios-avós. Estes são denominados parentes em linha colateral ou transversal. Mas,

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quanto a eles, há uma limitação para serem reconhecidos como parentes, só o são

até o quarto grau, (art. 1.59232 do Código Civil).

Conforme preceitua o art. 1.696 do Código Civil, “O direito à prestação de

Alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os Ascendentes,

recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros” aduz-se,

portanto que são sujeitos da obrigação de alimentar, os pais, os Ascendentes, os

Descendentes e os irmãos germanos bilaterais ou unilaterais, recaindo-nos mais

próximos em grau, uns em falta de outros. De forma que o Alimentando deverá

pleitear Alimentos, primeiramente, aos parentes em linha reta, isto é, ao pai ou à

mãe, na falta ou impossibilidade destes, os avós maternos ou paternos, e assim

sucessivamente. (VENOSA, 2005).

Logo, havendo Ascendente de grau mais próximo, este liberará o de grau

mais remoto. Sendo assim, os Ascendentes, os Descendentes, os Colaterais até 2°

grau consignam-se em possíveis sujeitos ativos e passivos da obrigação de

alimentar, sendo esta uma nítida manifestação da solidariedade que une os

membros do agrupamento familiar, impondo aos mesmos o dever recíproco de

socorro. (GOMES, 2002).

Venosa (2007, p. 347) adverte para o Princípio da Divisibilidade da Obrigação

Alimentícia, com base no art. 1.69833 do Código Civil, sendo possível o chamamento

à lide outros parentes que também são obrigados a prestar Alimentos. Porém, há

uma hierarquia nos sujeitos da Obrigação alimentar, sendo primeiros chamados os

parentes em linha reta, sendo que os mais próximos excluem os mais distantes.

Gomes (2002, p. 471) complementa destacando que:

A lei dispõe que os Ascendentes devem Alimentos uns em falta dos outros, é possível que o Alimentando só consiga dos parentes em grau mais próximo parte dos que necessita. Nesta hipótese, podem ser chamados a concorrer para a prestação alimentícia parentes de grau posterior. Dá-se, então, o concurso entre parentes que pertencem a categorias diversas. É possível, assim, que a dívida seja paga, em conjunto, por um avô e um bisavô.

32

Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. (BRASIL, 2006, p. 518). 33

Art. 1.698 - Se o parente, que deve Alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar Alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. (BRASIL, 2006, p. 538).

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Portanto, quem necessita de Alimentos deve pedir, primeiramente, aos pais,

e, na falta destes, aos avós paternos e/ou maternos e assim sucessivamente,

recaindo nos mais próximos em graus, uns na falta dos outros. Assim, a obrigação

do bisavô é anterior à obrigação do irmão. A obrigação entre os parentes de

segundo grau compreende tanto os irmãos germanos quanto os unilaterais,

conforme artigo 1.697 do Código Civil. (DIAS, 2005).

Na falta do pai, a Obrigação alimentar transmite-se ao avô; na falta deste, a

obrigação é do bisavô e assim sucessivamente. Também não existe limite na

Obrigação alimentar dos Descendentes, ou seja, filhos, netos, bisnetos, tataranetos

devem Alimentos a pais, avós, bisavós, tataravós e assim por diante. (DIAS, 2005).

Persistindo a necessidade, na falta dos Ascendentes e Descendentes, cabe,

por fim, ressalva a responsabilidade do Estado Democrático de Direito e a

decorrente das relações afetivas, ou seja, duradouras, públicas e contínuas, a

Obrigação alimentar aos irmãos colaterais de segundo grau, germanos, que são os

filhos do mesmo pai e mãe, ou, unilaterais, que são os filhos de pais diversos, de

forma conjunta e proporcional. (VENOSA, 2007).

Diniz (2002, p. 468), esclarece que:

Há uma tendência moderna de impor ao Estado o dever de socorrer os necessitados, através de sua política assistencial e previdenciária, mas com o objetivo de aliviar-se desse encargo, o Estado o transfere, mediante lei, aos parentes daqueles que precisam de meios materiais para sobrevive, pois os laços que unem membros de uma mesma Família impõem esse dever moral e jurídico.

Bittar (2006, p. 231), ressalta ainda que:

Em razão da atual submissão do Estado a programas de proteção de Família, cabe-lhe socorrer os necessitados, por meio de esquemas especiais de assistência à Família, a crianças, a adolescentes e a idosos, na senda traçada pela constituição de 1988 (arts. 226 a 230) e legislação posterior (Lei n. 8.069/1990, arts. 4º e segs,. e 86 e segs.). Mas esse dever insere-se no contexto das obrigações constitucionais e organizacionais do Estado, não se confundindo, pois, com a Obrigação alimentar, em que o legislador procura atrelar parentes à assistência mútua, aliviando, ademais, os ônus públicos.

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A Obrigação alimentar é também divisível, mas não solidária, porque a

solidariedade não é presumida, resulta da lei ou da vontade das partes. Não

havendo texto legal impondo a solidariedade, é ela divisível. Cada devedor responde

por sua quota-parte, de acordo com as possibilidades econômicas de cada um,

exonerando do encargo o que se achar incapacitado financeiramente. A exclusão,

portanto, só se legitima no nível do exame de mérito, se provada a sua incapacidade

econômica. (PEREIRA, 2004).

Com relação aos filhos adotivos, há irrevogável vínculo parental ligando o

Menor adotado e os demais membros da Família do adotante, como se filho legítimo

fosse. Por outro lado, desliga-o de qualquer vínculo com os pais biológicos e seus

parentes, exceto os impedimentos matrimoniais. Isto implica dizer que o filho adotivo

poderá exercer o seu direito à Alimentos contra o adotante e todos os parentes

deste. (DINIZ, 2002).

O art. 1.705 do Código Civil refere-se à possibilidade de o filho havido fora do

casamento acionar o genitor para obter Alimentos. Nesse caso, será facultado ao

juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se processo em

segredo de justiça. Cabe mencionar que é comum o ajuizamento de ações de

investigação de paternidade cumuladas com pedido de Alimentos, cujo rito será

ordinário. (VENOSA, 2007).

Pode-se, concluir com relação aos Alimentos ao filho Menor, que estes devem

ser cumpridos incondicionalmente. Esse dever importa total submissão dos pais no

que diz respeito aos Alimentos dos seus filhos Menores, não podendo cogitar-se,

sequer, se os mesmos têm condições econômico-financeiras de supri-los, ou seja:

ainda que de vida precária, devem os pais privar-se dos recursos para a sua própria

subsistência, dividindo o pouco ou quase nada que têm, em socorro de sua prole.

(PEREIRA, 2004)

4.4 MODOS DE SATISFAÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

Diniz (2002, p. 482) assevera que pode haver dois modos de satisfazer a

Obrigação alimentar ao Alimentante, ou seja: “dando uma pensão ao Alimentando,

ou dando-lhe, em sua própria casa, hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever

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de prestrar o necessário à sua eduação, quando Menor, não podendo interná-lo em

asilos, nem sustentá-lo em casa alheia”.

Os Alimentos podem ser pagos em pecúnia ou em espécie, tal como prevê o

art. 1.701 do Código Civil, in verbis:

Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir Alimentos poderá pensionar o Alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando Menor. Parágrafo único - Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação. (BRASIL, 2006, p. 538).

Por este dispositivo legal é facultado ao devedor dar ao Alimentando

hospedagem e sustento e, ainda, enquanto Menor, educação, em vez de pensionar

o Alimentando. (GOMES, 2002).

Pode-se dizer que o artigo acima citado ampliou os ditames do art. 403 do

Código Civil antigo, ao dispor que o Alimentante poderá pagar pensão ao

alimentário, ou dar-lhe hospedagem, sustento e educação, enquanto for Menor.

Esse é o permissivo legal que admite que os Alimentos sejam pagos em pecúnia ou

de forma direta aos credores, ou seja, in natura34. (CAHALI, 2002).

Com relação ao direito de escolha do devedor não é absoluto. Preceitua o

parágrafo único deste artigo que o juiz pode determinar outra forma de prestação, se

assim for mais conveniente para as partes. (WALD, 2005).

Monteiro (2004, p. 309) assevera que:

Existindo situação de incompatibilidade entre Alimentante e Alimentando não pode o juiz constranger o segundo a coabitar com o primeiro sob o mesmo teto. Tal convivência contribuiria certamente para recrudescimento da incompatibilidade, convertendo-se em fonte de novos atritos.

Os Alimentos pagos in natura proporcionam esta garantia ao Alimentante de

satisfação dos gastos do alimentário.

34 In natura: Expressão utilizada para descrever os Alimentos de origem vegetal ou animal que são consumidos em seu estado natural, como as frutas, por exemplo. (FONTANELLA, 2003, p. 167).

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4.5 MUTABILIDADE DO QUANTUM DA PENSÃO ALIMENTÍCIA

Quando da estipulação da prestação de Alimentos, a observância do binômio

necessidade/possibilidade do art. 1.694, Parágrafo 1º do Código Civil (citado

anteriormente), se impõe, devendo os mesmos ser fixados de forma equilibrada.

Assim, na mesma oportunidade em que se busca responder às necessidades

daquele que os reclama, deve-se atentar aos limites das possibilidades daquele que

se encontra na condição de responsável pela prestação alimentícia. Não se admite

que esta se torne um fardo impossível de ser carregado. A busca da proporção,

portanto, é fundamental. (CAHALI, 2002).

Há a necessidade de pensionamento, quando o Alimentando não possui

condições de prover por si só o seu sustento. Isso se aplica tanto no que concerne

aos Alimentos devidos entre parentes, quanto naqueles arbitrados em favor de

cônjuges ou conviventes. (WALD, 2005).

O art. 1.694 do Código Civil refere que os parentes podem pedir Alimentos de

que necessitem para viver de modo compatível com sua condição social. Deve

haver precaução na interpretação desse dispositivo, haja vista que, num primeiro

contato, pode-se entender que o credor dos Alimentos não poderá diminuir seu

padrão de vida. Ocorre que, na verdade, do citado artigo, depreende-se que o

padrão de vida a ser garantido deve ser o dos pais para os filhos. Portanto, o padrão

de vida dos filhos será consoante com o dos pais. (DINIZ, 2002).

Sabe-se que ambos os pais têm obrigação de sustentar seus filhos,

contribuindo com valores fixados de acordo com suas possibilidades e com as

necessidades daqueles que receberão a pensão alimentícia. (VENOSA, 2007).

Não há norma jurídica que imponha um valor ou padrão ao magistrado.

Quando se trata de pessoa assalariada regularmente, os tribunais tem fixado a

pensão em torno de um terço dos vencimentos. Os Alimentos devem ser fixados

com base nos rendimentos do Alimentante, e não com fundamento em seu

patrimônio. O sujeito pode ter bens que não produzem renda. Não há a mínima

condição de forçá-lo, direta ou indiretamente, a vender seus bens para suportar o

pagamento. (BITTAR, 2006).

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No geral, os Alimentos são fixados tendo como base as despesas geradas

pelos filhos do casal, englobando aí despesas com educação, saúde, atividades

extracurriculares, alimentação, vestuário, entre tantas outras. (GONÇALVES, 2006).

A pensão alimentar é, via de regra, dividida na mesma proporção os pais do

Menor, porém existem casos em que isso é impossível. Pode ocorrer, por exemplo,

que um dos pais esteja desempregado, ou tenha rendimentos muito inferiores ao

outro. Assim, um dos pais arcará com uma maior parte das despesas, de modo a

perfazer valor suficiente para sustento de seus filhos, os únicos que não podem ser

prejudicados e que devem ser protegidos conforme determinam nossas leis.

(MONTEIRO, 2004).

As condições financeiras daquele que paga pensão alimentícia podem sofrer

variações, impossibilitando que contribua com o mesmo valor com o qual vinha

contribuindo anteriormente. (CAHALI, 2002).

Se a situação econômica do Alimentante ou do alimentado mudar de tal modo

que o primeiro não os possa prestar, ou não os suporte no quantitativo determinado,

ou se o alimentado melhorar as condições. Portanto, a decisão mais correta a ser

tomada pelo Alimentante é a propositura de uma ação judicial, seja requerendo a

revisão do valor pago (ação revisional de Alimentos), pleiteando a sua redução ou

ação própria que o autorize a deixar de pagar Alimentos, denominada ação de

exoneração de Alimentos. Neste caso poderá o juiz exonerar o devedor ou reduzir o

encargo. Reversamente, se o credor de Alimentos vier a necessitar de reforço da

prestação, e o devedor o suportar, pode o suprimento ser agravado. (PEREIRA,

2004).

Para tais requerimentos, o devedor deve comprovar, de forma inequívoca, a

redução de sua capacidade contributiva ou a impossibilidade de continuar arcando

com os valores fixados. (DINIZ, 2002).

Geralmente com a separação dos pais, estes passam a constituir nova

Família, inclusive com nascimento de filhos, gerando a princípio um dos motivos a

redução do valor da pensão alimentícia É evidente que o fato de o Alimentante

passar a manter duas Famílias acaba por gerar uma redução de seus ganhos e,

consequentemente, a redução do valor da pensão alimentícia. Mas, todos são

igualmente filhos do mesmo pai e todos precisam ser sustentados e educados da

mesma forma por ele. (GONÇALVES, 2006).

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Estes são alguns dos motivos que justificam os pedidos de redução de

pensão alimentícia. Porém, em nome dos filhos do casal, esses requerimentos só

devem ser feitos quando fundados em situações reais de diminuição da capacidade

contributiva. (PEREIRA, 2004).

Infelizmente, observa-se muitas vezes que alguns pais, requerem a redução

da pensão paga aos filhos com o propósito de atingir o ex-cônjuge, como uma mera

vingança, vindo a atingir em primeiro lugar os filhos do casal, que não podem ser

vítimas da falta do bom senso de seus pais.

4.6 CESSAÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR OU DEVER DE SUSTENTO

A cessação da prestação alimentícia se dá de forma diferente na Obrigação

Alimentar e no Dever de Sustento. Em se tratando do Dever de Sustento, extingue-

se com a maioridade (18 anos), contudo pode permanecer a Obrigação alimentar

(calcada na possibilidade e necessidade) para que o Alimentando maior, que apenas

estude conclua seu curso superior, ou sua formação profissional. (DIAS, 2008).

Logo, cessado o Poder Familiar com o atingimento da Maioridade Civil,

extingue-se, o Dever de Sustento, nada mais se podendo exigir sob tal rubrica. O

dever originado daquele Poder Familiar finda quando este cessa por inteiro.

Enquanto houver Menoridade, haverá Dever de Sustento; atingida a capacidade civil

plena, cessa-se o Dever de Sustento juntamente com a extinção do Poder Familiar,

e nasce a Obrigação alimentar. (BUKOWISKI, 2003).

Pode ocorrer a cessação da Obrigação alimentar pela morte do Alimentando

ou Alimentante, ou então pelo desaparecimento de um dos pressupostos do art.

1.69535 do Código Civil.

A rigor, cessa também o Dever de Sustento com o casamento ou união

estável, ou ainda com o concubinato do credor, porém há possibilidade de continuar

sendo pago a título de Obrigação alimentar, para que este filho possa terminar sua

formação profissional. (BUKOWISKI, 2003).

35

Art. 1.695 - São devidos os Alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. (BRASIL, 2006, p. 538).

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Também são causas o empobrecimento ou enfermidade do devedor; a recusa

injustificada do beneficiário de habitar a casa do Alimentante, em caso da obrigação

ser prestada pela forma da hospedagem; a renúncia a Alimentos em razão de

acordo em caso de separação consensual; casamento ou união estável de outro

cônjuge. (MARMITT, 1993).

Em regra, há possibilidade de exoneração do encargo alimentar quando o

alimentado deles não mais necessita ou o Alimentante não mais os pode prover por

alterações em suas possibilidades supervenientes à Sentença que fixou os

Alimentos.

Finalizando, pode-se afirmar que o advento da maioridade do filho não implica

na cessação do pagamento da pensão alimentícia, a qual apenas deixa de ter como

causa o Poder Familiar e passar a subsistir com fundamento no princípio da

solidariedade entre os parentes.

4.7 PROVIDÊNCIAS PARA GARANTIR O ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO

ALIMENTAR

Não pode o devedor de Alimentos optar por cumprir ou não sua obrigação.

Há, no entanto, meios para garantir o direito à pensão alimentícia e o adimplemento

da obrigação.

Gonçalves (2006, p. 172), destaca quais os meios que o credor poderá agir

para garantir seu direito.

a) ação de Alimentos para reclamá-los (Lei n. 5.478/68); b) execução por quantia certa (CPC, art.732); c) penhora em vencimento de magistrados, professores e funcionários públicos, soldo de militares e salários em geral, inclusive subsídios de parlamentares (CPC, art.649, IV); d) desconto em folha de pagamento da pessoa obrigada (CPC, art. 734); e) reserva de aluguéis de prédios do Alimentante (Lei n. 5.478/68, art. 17); f) entrega ao cônjuge, mensalmente, para assegurar o pagamento de Alimentos provisórios (Lei n. 5.478/68, art. 4º, parágrafo único), de parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor, se o regime de casamento for o da comunhão universal de bens;

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g) constituição de garantia real ou fidejussória e de usufruto (Lei n. 6.515/77, art. 21); h) prisão do devedor (Lei n. 5.478/68, art. 21; CPC, art. 733).

Pode o credor optar pela prisão do executado, mas convém que o faça

apenas se o devedor não dispuser dos meios considerados como menos gravosos

de execução (art. 62036 do CPC), como o desconto em folha de pagamento, ou a

cobrança dos Alimentos pela expropriação de aluguéis ou de rendimentos

percebidos pelo devedor. (BORELLI, 2007).

Em realidade, o credor não está obrigado a experimentar primeiro, os meios

executórios menos gravosos, pois em princípio é dele a escolha de uma das trilhas

executivas disponibilizadas pela lei processual, muito embora o artigo 1737 da Lei n.

5.478/68 imponha certa gradação na escolha dos ritos, tanto que este dispositivo

sugere o recurso da constrição pessoal apenas quando não for possível a efetivação

da cobrança por desconto em folha, ou quando não for igualmente viável a cobrança

de alugueres de prédio ou de quaisquer outros rendimentos do devedor, e que

possam ser recebidos diretamente pelo alimentado. (WALD, 2005).

A seguir analisar-se-á somente à Ação de Alimentos, execução de Alimentos

e prisão do devedor.

4.7.1 Ação de Alimentos de Rito Especial

Só pode valer-se do rito especial quem estiver munido de prova pré-

constituída de Parentesco (certidão de nascimento) ou do dever alimentar (certidão

de casamento ou comprovante do companheirismo). Aquele que carecer de tais

provas, ingressará ação no rito ordinário. Despachando a inicial no rito especial, o

magistrado fixará desde logo Alimentos provisórios, geralmente em 1/3 dos

rendimentos do devedor. (BORELLI, 2007).

36 Art. 620 - Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor. (BRASIL, 2006, p. 747). 37 Art. 17 - Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo mediante desconto em folha, poderão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do devedor, que serão recebidos diretamente pelo Alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz. (BRASIL, 2006, p. 1.659).

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Venosa (2007, p. 361) acresce que:

A ação de Alimentos disciplinada pela Lei n. 5.478/68 tem rito procedimental sumário especial, mas célere que o sumário; uma espécie de sumaríssimo, como o dos juizados Especiais, e destina-se àqueles casos em que não há necessidade de provar a legitimação ativa do Alimentando.

Proposta a ação de Alimentos, mediante a prova do vínculo de Parentesco ou

da Obrigação alimentar conforme previsto no art. 2º38 da Lei n. 5.478/68, o juiz

estipula, desde logo, Alimentos provisórios. As necessidades do autor não precisam

ser comprovadas, pois a busca de Alimentos é a prova da necessidade de quem os

pleiteia. Tanto é assim, que a própria lei impõe a concessão dos Alimentos

provisórios. (WALD, 2005).

A necessidade é presumida. Independente da origem do encargo alimentar,

impositiva a concessão de Alimentos provisórios, ainda que não requeridos. Trata-se

de presunção juris tantum (apenas de direito). É o que está dito claramente na Lei n.

5.478/68 em seu art. 4º39: (GONÇALVES, 2006).

Vem sendo admitida a cumulação de pedido de Alimentos nas ações de

investigação de paternidade e de reconhecimento da união estável. Nessas ações

em que é busca da declaração da existência da relação jurídica, de um modo geral,

não há prova pré-constituída de Obrigação alimentar. (VENOSA, 2007).

No entanto, como a própria lei admite a possibilidade de ser dispensada a

prova da Obrigação alimentar (art. 2º, Parágrafo 1º40), havendo indícios da

verossimilhança da existência do vínculo obrigacional, são deferidos Alimentos

provisórios a título de tutela antecipada. (VENOSA, 2007).

Os Alimentos são devidos desde a data em que são fixados, ou seja, mesmo

antes de ser o réu citado para a ação. Não há como sujeitar o pagamento ao ato

38 Art. 2º - O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-á ao juiz competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas, o Parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou os recursos de que dispõe. (BRASIL, 2006, p. 1.649). 39 Art. 4º - Ao despachar a inicial, o juiz fixará desde logo Alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita. (BRASIL, 2006, p. 1.649). 40 Art. 2º [...] Parágrafo 1º - Dispensar-se-á a produção inicial de documentos probatórios; (BRASIL, 2006, p. 1.649).

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citatório. O credor não pode aguardar a citação do devedor para começar a perceber

os Alimentos, quer seja o pagamento feito por meio de desconto dos rendimentos do

Alimentante quer não. Como a obrigação é preexistente, o adimplemento tem de ser

imediato. Fixados os Alimentos, a quitação deve ser realizada de forma antecipada,

e não subseqüente ao vencimento. Descabido determinar o pagamento para depois

de vencido o prazo de um mês, como vem ocorrendo. (GONÇALVES, 2006).

Na ação de Alimentos, há inversão dos encargos probatórios. Ao autor cabe

tão-só provar o vínculo de Parentesco ou a Obrigação alimentar do réu. Não há

como lhe impor que comprove o quanto percebe o demandado, pois são

informações sigilosas que integram o direito à privacidade. (MONTEIRO, 2004).

É do réu o ônus de demonstrar seus ganhos, para que o juiz fixe os Alimentos

atendendo ao critério da proporcionalidade. A ausência deste dado, no entanto, não

pode inibir o juiz. Mesmo que o réu só possa trazer a prova de seus rendimentos

quando da contestação, isso não serve de justificativa para não serem fixados

Alimentos provisórios. Há determinação legal para que sejam fixados ao ser

despachada a inicial. Descabe aguardar ou a audiência ou a contestação.

(MONTEIRO, 2004).

Somente em se tratando de Alimentos buscados por filhos Menores é que são

deferidos Alimentos provisórios, ainda assim em valores cada vez mais acanhados,

sob a justificativa de não se saber quais são os ganhos e encargos do genitor, para

que ele não corra o risco de acabar na cadeia. (WALD, 2005).

4.7.2 Execução de Alimentos

A execução da prestação alimentar é regulada pela CRFB/1988 em seu art.

5º, inciso LXVII “LXVII – “Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável

pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do

depositário infiel”. Também pelos arts. 732 a 735 do Código de Processo Civil e pela

Lei n. 5.478/68 - Ação de Alimentos, contudo desde que não haja conflito com a

CRFB/1988 e com o estatuto processual. (VENOSA, 2007).

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A execução da prestação de Alimentos deve obedecer primeiramente, quando

possível, a regra do art. 73441 do CPC, somente quando inviável a aplicação desse

artigo é que devem ser aplicadas às regras do art. 73342 do mesmo estatuto; e, por

último, os ditames dos arts. 732 e 646 e ss., todos do referido Código.

(GONÇALVES, 2006).

Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os Alimentos provisionais,

provisórios ou definitivos, em regra, atuais, o juiz mandará, a pedido do credor, citar

o devedor para, em 03 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar

a impossibilidade de efetuá-lo. (VENOSA, 2007).

No caso do devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão

pelo prazo de 01 (um) a 03 (três) meses, independentemente de prévia

manifestação do representante do Ministério Público. O cumprimento da pena não

exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas. Paga a

prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

(GONÇALVES, 2006).

4.7.3 Prisão do Devedor

A prisão do devedor de Alimentos é meio coercitivo adequado, previsto

inclusive em legislações alienígenas praticamente de todos os povos cultos, para

forçar o mesmo a cumprir com os deveres de ordem moral e legal, a pagar aquilo

que, injustificadamente, se nega a fazer. (WALD, 2005).

A prisão civil por dívida de Alimentos está textualmente autorizada no art. 5°

LXVII da CRFB/1988, sempre que houver inadimplemento voluntário e inescusável

de obrigação alimentícia. A prisão deve ser fundamentada, como de regra devem

ser fundamentadas todas as decisões judiciais, ainda que de modo conciso (art. 165

do Código de Processo Civil), sob pena de nulidade do decreto de prisão, pois o juiz

41 Art. 734 - Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia. (BRASIL, 2006, p. 733). 42 Art. 733 – Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os Alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para. Em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. (BRASIL, 2006, p. 733).

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deverá afastar a impugnação apresentada pelo executado na execução sob coação

pessoal, considerando que a segregação corporal só poderá ser ordenada se o

devedor, ao deixar de pagar os Alimentos, não se escusou justificada e

adequadamente, sendo tarefa indeclinável do julgador fundamentar a ordem de

prisão. (GONÇALVES, 2006).

Antes da prisão, no entanto, deve ser observado o disposto no artigo 17 da

Lei de Alimentos, in verbis:

Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo mediante desconto em folha, poderão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do devedor, que serão recebidos diretamente pelo Alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz. (BRASIL, 2006, p. 1.659)

No que diz respeito ao prazo da prisão civil, a jurisprudência distingue quando

se trata de Alimentos definitivos ou provisórios, e a duração máxima é de 60 dias

(previstos no art. 1943 da Lei n. 5.478/68); em caso de inadimplência de Alimentos

provisionais, o prazo máximo é de três meses, de conformidade com o artigo 733,

parágrafo 1º44 do Código de Processo Civil. (WALD, 2005).

O cumprimento integral da pena de prisão, entretanto, não eximirá o devedor

do pagamento das prestações a que se refere, nem, evidentemente, das prestações

seguintes, em relação às quais poderá incidir nova prisão. (MADALENO, 2007).

O devedor também poderá ser processado e condenado por abandono

material, segundo o artigo 244 do Código Penal, sujeitando-se à pena de um a

quatro anos de detenção e multa, se deixar, sem justa causa, de prover às

necessidades primárias da Família “ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia

judicialmente acordada, fixada ou majorada”. (MADALENO, 2007).

Se não for possível qualquer medida dentre as apontadas, sobrará ao juiz a

possibilidade de decretar a prisão do Alimentante, para compeli-lo a cumprir a

43 O juiz, para instrução da causa ou na execução da sentença ou do acordo, poderá tomar todas as providências necessárias para seu esclarecimento ou para o cumprimento do julgado ou do acordo, inclusive a decretação de prisão do devedor até 60 (sessenta) dias. (BRASIL, 2006, p. 1.659). 44 Art. 733 [...] Parágrafo 1º - Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses (BRASIL, 2006, p. 769).

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obrigação alimentícia, sem prejuízo de se proceder à execução na forma apontada

pelo artigo 1845 da Lei n. 5.478/68. (VENOSA, 2007).

Não há qualquer óbice a que o devedor de Alimentos tenha sua prisão

decretada tantas vezes quantas sejam necessárias para constrangê-lo ao pontual

desempenho de sua obrigação. Porém a prisão não pode ser decretada mais de

uma vez em relação às mesmas prestações em atraso, pois essa medida implicaria

constrangimento ilegal. (MADALENO, 2007).

Este trabalho monográfico teve como intenção realizar uma breve análise e

propiciar uma visão geral do tema Obrigação alimentar do Menor, responsabilidade

e efeitos à luz da legislação vigente. Neste último capítulo, abrangeu-se de forma

rápida diversos tópicos atinentes ao tema inclusive as estruturas que regulam o

instituto da prisão civil do devedor pelo inadimplemento da Obrigação alimentar, a

partir das várias interpretações que a legislação suscita, até pela dinamicidade que

possui o direito.

45 Art. 18. Se, ainda assim, não for possível a satisfação do débito, poderá o credor requerer a execução da sentença na forma dos artigos 732, 733 e 735 do Código de Processo Civil. (BRASIL, 2006, p. 1.659).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho monográfico proporcionou um importante e efetivo

aprendizado em face aos relevantes conflitos existentes acerca do tema. É claro que

não foi possível abranger todos os pontos que o assunto abrange. Seria, contudo

audacioso querer afirmar que foram obtidos conhecimentos de forma minuciosa

sobre cada questão. Mas, por outro lado, muitas questões relativas à Obrigação

alimentar, tornaram-se claras, e de fácil compreensão.

O ponto inicial a ser destacado é que atualmente o Direito de Família está

fundado nos anseios e interesses dos integrantes da entidade familiar, priorizando

os interesses dos mais necessitados.

Assim, neste sentido é que o direito à prestação de Alimentos, encontra-se

fundado na relação de Parentesco, portanto é recíproco entre pais e filhos, sendo

extensivo a todos os Ascendentes, podendo recair a obrigação sobre tudo nos mais

próximos em grau, uns na falta de outros.

O Dever de Sustento dos pais em relação aos filhos Menores, decorre do

Poder Familiar enquanto não atingirem a Maioridade Civil ou por outra causa

determinada pela legislação; e, por outra ponta, parentes, cônjuges, companheiros e

pessoas integrantes de entidades familiares lastreadas em relações afetivas podem

buscar Alimentos com base na Obrigação alimentar e no Direito de Família, ficando

de lado as posições tradicionais que limitam rigidamente as pessoas que prestam e

recebem Alimentos.

Em relação ao direito à pensão alimentícia, já era possível no Código anterior,

pleitear pensão alimentícia dos parentes. No atual Código, esta situação ficou mais

esclarecida, ou seja, se a pessoa que em primeiro lugar tiver a obrigação em prestar

Alimentos não reunir condições, serão chamados a concorrer os de grau imediato;

sendo, no entanto, várias as pessoas obrigadas a prestar Alimentos, todas devem

concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada a ação contra uma

delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide, ou seja, o processo.

Portanto, observa-se que a obrigação dos demais Ascendentes só emergirá

se os pais não estiverem em condições de suportar tal responsabilidade

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integralmente. Vale, mais uma vez, enfatizar que a Obrigação alimentar advinda de

Parentesco tem caráter complementar, jamais solidário.

Acrescenta-se, ainda, que o efetivo dever de alimentar surge do binômio

necessidade/possibilidade, quando aquele que paga não pode sofrer privações

demasiadas por isso, e aquele que recebe deve, efetivamente ter necessidade destes,

ou seja, não pode prover seu sustento por si próprio.

O conceito de Alimentos não é divergente entre os doutrinadores, pelo

contrário, um só tem a complementar o outro. Assim, Alimentos são as prestações

em dinheiro ou em espécie, determinadas por lei, que abrangem o sustento, o

vestuário, a habitação, a educação, tudo em consonância com as necessidades do

Alimentando e as condições financeiras do Alimentante.

Foi citado no decorrer do trabalho que a pessoa obrigada a suprir Alimentos

poderá pensionar o alimentado, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do

dever de prestar o necessário à sua educação, quando Menor. É óbvio, no entanto,

que o caso concreto deverá ser analisado pelo Juiz, considerando, por exemplo, a

quem foi atribuída a guarda do Menor/credor quando da separação do casal, para

então fixar a forma do cumprimento da prestação.

A diferença latente entre o Dever de Sustento e a Obrigação Alimentar dos

pais com relação aos seus filhos é que, na primeira, os Alimentos surgem como um

dever natural e incondicional dos pais, enquanto seus filhos são Menores e

encontram-se sob o Poder Familiar.

No que concerne à Obrigação alimentar entre Ascendentes e Descendentes,

importante ressaltar que o dever de socorrer os membros da própria Família advém

do vínculo de solidariedade entre eles existente e encontra-se disposto nos artigos

1696 e 1697 do Código Civil.

Com relação à forma de cumprimento da prestação alimentar, pode-se dizer

que na grande maioria dos casos é feita em espécie, mediante o pagamento do

valor arbitrado pelo Juiz diretamente ao credor, ou através do seu desconto em folha

de pagamento do devedor.

A fixação, majoração, exoneração ou revisão de Alimentos ou a prisão do

devedor sob quaisquer fundamentos jurídicos e fáticos deve garantir o devido

processo legal, o contraditório e da ampla defesa, sendo inaceitável restringir

situações jurídicas consolidadas sem escutar a parte contrária.

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Mister, se faz concluir que o ideal para impedir a existência de um conflito

judicial entre parentes seria a oferta espontânea dos Alimentos, de acordo com suas

possibilidades para tanto, visando um recíproco respeito aos sentimentos e valores

envolvidos em tais circunstâncias.

Pode-se dizer que, agindo assim, as pessoas envolvidas na prestação de

Alimentos estariam dando efetividade aos princípios constitucionais da dignidade,

solidariedade e igualdade humana, através da fixação de Alimentos para quem o

reclama como forma de manutenção e subsistência. E, o dever de prestar Alimentos e

o direito de recebê-los não pode ser motivo de discórdia entre parentes.

Com a elaboração da presente pesquisa monográfica, foram analisados os

problemas levantados e considerou-se que as hipóteses foram confirmadas.

Também é importante destacar para a finalização deste trabalho que estas

são apenas algumas reflexões em que se assenta o importante mecanismo de

mútua ajuda entre os membros pertencentes à mesma Família, cujo dever de

socorro recíproco assume contornos de ordem pública, principalmente do conteúdo

ético-social que nele se encerra, e que, como afirmado anteriormente, interessa

sobremaneira à toda sociedade.

Tentou-se, contudo, elucidar sem pretensão de esgotar o estudo da

Obrigação alimentar ao Menor, pois tal seria impossível no âmbito da investigação a

que se propõe a presente pesquisa monográfica.

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