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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGÉRIO DE SOUZA E SILVA LOSA (LINE OPERATIONS SAFETY AUDIT) NA OPERAÇÃO OFF SHORE DENTRO DA ÁREA DO PRÉ-SAL Palhoça 2018

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ROGÉRIO DE SOUZA E SILVA

LOSA (LINE OPERATIONS SAFETY AUDIT) NA OPERAÇÃO OFF SHORE

DENTRO DA ÁREA DO PRÉ-SAL

Palhoça

2018

ROGÉRIO DE SOUZA E SILVA

LOSA (LINE OPERATIONS SAFETY AUDIT) NA OPERAÇÃO OFF SHORE

DENTRO DA ÁREA DO PRÉ-SAL

Monografia apresentada ao Curso de

graduação em Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina, como

requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel em Ciências Aeronáuticas.

Orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

Palhoça

2018

ROGÉRIO DE SOUZA E SILVA

LOSA (LINE OPERATIONS SAFETY AUDIT) NA OPERAÇÃO OFF SHORE

DENTRO DA ÁREA DO PRÉ-SAL

Esta monografia foi julgada adequada à

obtenção do título de Bacharel em Ciências

Aeronáuticas e aprovada em sua forma final

pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 04 de Junho de 2018

__________________________________________

Orientador: Prof. Joel Irineu Lohn, MSc.

__________________________________________

Prof. Orlando Flavio Silva, Esp.

Dedico este trabalho aos familiares e amigos

que apoiaram esta caminhada, e em especial a

minha mãe, Maria de Lourdes que estará

sempre em meu coração.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a oportunidade que Deus me deu de alcançar este

grande objetivo: a construção e finalização deste trabalho acadêmico, que representa enorme

vitória em minha vida.

Aos meus pais, Mario Dolores Pereira da Silva e Maria de Lourdes Souza e Silva

que me educaram, sempre acreditaram em mim e me deram uma vida digna e saudável.

Aos meus irmãos, Renato de Souza e Silva e Helena de Souza e Silva que sempre

estiveram ao meu lado em todos estes anos da minha vida.

A minha mulher, Renata Sodré Montebello, mãe do meu único filho, João Pedro

Montebello de Souza e Silva, minha grande companheira, corajosa, pessoa extremamente

forte e competente e principal motivadora para que este sonho se tornasse realidade agora.

À família que sempre acreditou nos meus sonhos.

Aos amigos do trabalho que apoiaram e ajudaram nos estudos para que

conseguisse completar a tão almejada graduação.

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo geral compreender a importância da aplicação do LOSA

(Auditoria de Segurança nas operações de Linha) nas empresas de taxi aéreo Off Shore.

Caracteriza-se como trabalho exploratório com procedimento bibliográfico e documental por

meio de leis, regulamentos e documentos expedidos pelos órgãos de aviação nacional e

internacional. Os dados coletados foram analisados por meio de fundamentação teórica

apresentada sob a visão pessoal do pesquisador, com abordagem qualitativa e quantitativa e

através de entrevistas estruturadas. Uma das grandes preocupações das empresas que utilizam

helicópteros para o transporte de seus funcionários e dos órgãos reguladores diz respeito à

segurança das operações aéreas. É neste escopo, que as companhias de transporte aéreo deste

setor vêm buscando constante aprimoramento na gestão de segurança operacional como a

aplicação do programa LOSA, elevando ainda mais a segurança de seus voos. Após análise

dos dados e resultados fica evidente que com o programa LOSA implementado e uma análise

SWOT bem estruturada, a organização estará comprometida com a elevação do seu nível de

segurança e à frente dos seus concorrentes para obtenção e manutenção de seus contratos,

alcançando longa permanência no mercado de Óleo e Gás.

Palavras-chave: LOSA. ANAC. ICAO. Gestão de Segurança Operacional. SWOT.

.

ABSTRACT

This research had, as a general purpose, to understand the importance of the application of the

LOSA (Safety Audit in Line Operations) in Off-Shore taxi companies. This is an exploratory

research with a bibliographic and documentary procedure through laws, regulations and

documents issued by international and national aviation bodies. The data collected for this

research were analyzed through a theoretical basis presented under the personal view of the

researcher with a qualitative and quantitative approach and also through a structured

interview. One of the major concerns of companies using helicopters to transport their

employees and also of regulators concerns the safety of air operations. It is within this scope

that the airlines of this sector have been seeking a constant improvement in their safety

management, such as the application of LOSA programs, further enhancing the safety of their

flights. When analyzing the data and results of this research, it is evident that with the LOSA

program properly implemented and, with a well-structured SWOT analysis, this company will

be committed to raising its level of safety and ahead of its competitors for obtaining and

maintenance of their contracts, thus seeking a long stay in the oil and gas market.

Keywords: LOSA. ANAC. ICAO. Operational Safety Management. SWOT.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Área do Pré-sal ........................................................................................................ 17

Figura 2 – Empresas e Áreas Licitadas .................................................................................... 19

Figura 3 – Evolução da Segurança ........................................................................................... 25

Figura 4 – Estrutura do PSO-BR .............................................................................................. 31

Figura 5 – Análise SWOT ........................................................................................................ 44

Figura 6 – Produção X Proteção ............................................................................................... 47

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Anexos ICAO ......................................................................................................... 26

Quadro 2 - Ameaças ................................................................................................................. 36

Quadro 3 - Erros ....................................................................................................................... 37

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.

LISTA DE SIGLAS

AC Advisory Circular

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

ASV Agente de segurança de Voo

CBAer Código Brasileiro de Aeronáutica

CRM Crew Resource Management

COMAER Comando da Aeronáutica

CENIPA Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

FAA Federal Aviation Administration

HFDM Helicopter Flight Data Monitoring

GSO Gerente de Segurança Operacional

IAC Instrução de Aviação Civil

ICA Instrução do Comando da Aeronáutica

ICAO International Civil Aviation Organization

LOSA Line Operations Safety Audit

MCA Manual do Comando da Aeronáutica

MGO Manual Geral de Operações

MGSO Manual Geral de Segurança Operacional

NSCA Normas de Serviço do Comando da Aeronáutica

PPAA Programa de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

PSO-BR Programa Brasileiro para a Segurança Operacional da Aviação Civil

PSAC Provedores de Serviço de Aviação Civil

RBAC Regulamento Brasileiro da Aviação Civil

RBHA Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica

RELPREV Relatório de Prevenção

RFM Rotorcraft Flight Manual

SARPs Standards and Recommended Practices

SGQ Sistema de Gestão de Qualidade

SGSO Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional

SMM Safety Management Manual

SWOT Strenghts Weakness Opportunities Threats

SOP Standard Operating Procedures

TEM Treat and Error Management

UAS Undesired Aircraft States

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ....................................................................................... 16

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 16

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 16

1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 16

1.4 METODOLOGIA........................................................................................................... 20

1.4.1 Natureza e tipo da pesquisa ....................................................................................... 20

1.4.2 Materiais ..................................................................................................................... 20

1.4.3 Procedimento de coleta de dados .............................................................................. 21

1.4.4 Procedimentos de análise de dados ........................................................................... 22

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................. 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 23

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO ............................................................................................ 23

2.1.1 International civil aviation organization .................................................................. 25

2.1.2 Line Operations Safety Audit ................................................................................... 26

2.1.3 Safety Management Manual ..................................................................................... 30

2.1.4 Agência Nacional de Aviação Civil ........................................................................... 31

2.2 MÉTODOS DO LOSA................................................................................................... 32

2.3 CARACTERÍSTICAS DO LOSA ................................................................................. 33

2.4 GERENCIAMENTO DE AMEAÇA E ERRO (TEM) .................................................. 34

2.4.1 Ameaças na operação off shore ................................................................................. 36

2.4.2 Erros na operação off shore ...................................................................................... 37

2.5 BENEFÍCIOS DO LOSA ............................................................................................... 38

2.5.1 Benefícios operacionais .............................................................................................. 38

2.5.2 Benefícios comerciais ................................................................................................. 39

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................... 45

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 49

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 51

APÊNDICE A - Questionário de Pesquisa ........................................................................ 54

APÊNDICE B - Roteiro de Entrevista .............................................................................. 56

13

1 INTRODUÇÃO

Com a necessidade da demanda para atender os voos entre o continente e as

plataformas marítimas na área do Pré-sal em face de uma nova rodada de licitações, a chegada

de novas empresas nacionais e estrangeiras configura uma nova realidade para o mercado do

petróleo. Empresas de transporte aéreo Off Shore precisam estar preparadas operacional e

estrategicamente para este novo cenário competitivo.

A ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional), criada em 1944 na

Convenção de Chicago com o objetivo de padronizar as operações entre os estados membros,

criou normas de padronização (SARPs - Standards and Recomended Practices), através de

seus 19 anexos, que se destinam a auxiliar no gerenciamento dos riscos de segurança na

aviação, em coordenação com seus prestadores de serviços (PSACs - Provedores de Serviço

de Aviação Civil). No ano de 2010, após uma conferência de segurança realizada pela ICAO,

o Anexo 19 foi desenvolvido, e no ano de 2013 teve a sua primeira edição publicada,

versando sobre o Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO), na qual

princípios modernos de gerenciamento com enfoque sistêmico são abordados de forma mais

proativa.

O SGSO tem uma abrangência não só no aspecto operacional, mas também em

todo o ambiente onde está inserida a aviação. Está embasado no Sistema de Gestão de

Qualidade (SGQ), com diferença apenas no escopo, em que um remete à segurança

operacional e o outro se volta para a satisfação do cliente. São complementares e trabalham

para a melhoria contínua do nível geral de segurança operacional.

Para a complementação do SGSO, ferramentas para a segurança da aviação foram

criadas. Uma delas, o programa LOSA (Line Operations Safety Audit) é objeto deste estudo.

Criado através do Doc 9803 A/N 761 da ICAO (Internacional Civil Aviation Organization), e

da AC (Advisory Circular) 120-90 do FAA (Federal Aviation Admnistration) consiste no

desenvolvimento de atividades voltadas para a coleta de dados durante as operações aéreas

cotidianas. Tem como objetivo identificar estados indesejáveis na atitude das aeronaves, as

ameaças existentes e os erros cometidos pelos tripulantes e como tudo isso é gerenciado.

Dados obtidos através deste programa serão úteis para a adequação das ações de prevenção de

acidentes e incidentes aeronáuticos, utilizando como recursos medidas de prevenção a serem

tomadas dentro de uma organização, e desta forma, estando de acordo com o que preconiza a

ANAC (Agencia Nacional de Aviação Civil) através do RBAC (Regulamento Brasileiro da

Aviação Civil) 135 item 135.29.

14

Segundo o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes

Aeronáuticos) (2012), o acidente resulta de uma sequência de acontecimentos. Eles se

originam em falhas enquadradas em dois fatores: Fator Humano e Material. Analisados e

identificados estes fatores, medidas poderão ser aplicadas para a neutralização destes. Ainda

de acordo com o CENIPA (2012), todo acidente resulta de uma sequência de eventos, e nunca

de uma causa isolada.

No mundo moderno, entre os diversos aspectos que caracterizam o

comportamento dos seres humanos, dois se destacam quando a matéria a ser analisa diz

respeito à segurança. O primeiro, a falibilidade, entendido como risco inerente a qualquer

ação de errar ou falhar. O segundo, o conceito inicial de imprevisibilidade, em que se verifica

a impossibilidade de estipular um padrão preciso para prever a reação ou resposta a um

determinado estímulo. Toda atividade humana tem a probabilidade de ocorrências diversas,

denominadas risco. Ele é medido em graus numa escala de menor a maior, prevendo as

conseqüências para cada uma dessas ocorrências.

No que diz respeito à aviação estes conceitos são temas centrais nos programas de

gestão de riscos contidos no Programa de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

Conforme a MCA (Manual do Comando da Aeronáutica) 3-3/2012, o PPAA

(Programa de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) é um programa que estabelece as

políticas de prevenção a serem adotadas pela organização, sendo esta a principal ferramenta

do SIPAER (Sistema de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que veio facilitar o

gerenciamento da prevenção de acidentes numa organização, estabelecendo todas as

atividades que serão implementadas pelas as empresas visando única e exclusivamente à

prevenção de acidentes aeronáuticos.

Da mesma forma que as empresas precisam estar estruturadas com relação à

segurança das suas operações, o lado estratégico deverá ter também um papel essencial. Para

isso aplica-se o uso de uma metodologia muito conhecida na área da administração, a análise

SWOT (Strenghts-Weakness-Opportunities-Threats), que consiste no conhecimento dos

sintomas do principal negócio de uma empresa e todo o ambiente que a cerca. Após esta

análise, cria-se a matriz SWOT, em que fatores internos e externos são devidamente

identificados e trabalhados, ajudando os gestores a conhecer o cenário real, a sua posição em

relação aos seus concorrentes para que se tenha uma tomada de decisão mais segura.

A aviação Off Shore no Brasil é um serviço indispensável no mercado do petróleo,

uma vez que todo o transporte de passageiros que trabalham nas plataformas marítimas é

realizado através da utilização de helicópteros, cabendo a este modal o transporte de 100% da

15

força de trabalho. Com o advento da exploração do Pré-sal no Brasil as empresas de aviação

Off Shore se viram na necessidade de se preparar para se manterem competitivas face à

perspectiva da intensa utilização de aeronaves de médio e grande porte com crescentes

volumes de passageiros em resposta a uma demanda de atividades de exploração nunca antes

imaginada.

A crise da Petrobrás entre 2015 e 2016 acarretou uma redução nos custos e corte de

investimentos por parte da empresa, devido ao processo interno de reestruturação, associado

também à queda do valor do barril do petróleo no mercado internacional.

Diante deste quadro as empresas que operavam neste ramo da aviação Off Shore

tiveram que procurar alternativas para se manterem no mercado, revendo seus planos de

negócio. Algumas sucumbiram com a crise, enquanto outras buscaram formas de se manterem

vivas operacionalmente, focando em: redução de seus custos, atração de novos investidores,

otimização de suas operações e novas práticas de gerenciamento, controle e aperfeiçoamento

na área de recursos humanos. O objetivo é alcançar mais competitividade, consolidando-se

cada vez mais neste mercado e atendendo às necessidades das empresas exploradoras de óleo

e gás. Investimentos são primordiais para implementação destas práticas que visam a atingir

um objetivo, que é o da excelência em suas operações aéreas. Implantar e melhorar os

sistemas gerenciais de segurança operacional é necessário, uma vez que toda a força de

trabalho nas plataformas é transportada por meio aéreo. Esta atividade tem aumento do valor

agregado e é passível de sofrer elevado impacto operacional e econômico em caso de

ocorrência indesejável, podendo tomar proporções catastróficas.

De outro lado, estão as empresas exploradoras de petróleo e gás que constantemente

buscam excelência e segurança do serviço prestado quando da contratação de empresas de

táxi aéreo Off Shore para o transporte de seus colaboradores, com a realocação de auditorias

em diversos setores da organização.

A Petrobrás é a principal contratante dos serviços de transporte aéreo deste setor, e

realiza anualmente o seu Programa de Excelência no Transporte Aéreo e Marítimo

(PEOTRAM) com todas as suas empresas contratadas.

O programa estabelece padrões de gestão a serem atendidos pelas empresas. O

objetivo principal do programa é apoiar as empresas prestadoras de serviços aéreo e marítimo

na melhoria do desempenho operacional, através de verificações periódicas da gestão de

segurança, meio ambiente e saúde. O PEOTRAM tem como base as Diretrizes Corporativas

de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobrás e as melhores práticas operacionais e

16

gerenciais nestes segmentos observados mundialmente, tendo com benchmarking práticas

adotadas no Mar do Norte e Golfo do México. (http://peotram.peoter.kinghost.net/)

Este trabalho visa a compreender a importância da aplicação da metodologia do

LOSA na aviação Off Shore brasileira, mais precisamente na área do Pré-sal (Bacia de

Santos), destacando a necessidade de utilização dos métodos operacionais preconizados no

programa, bem como os benefícios operacionais e comerciais através da análise SWOT, que

estes podem trazer para a uma organização.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Que benefícios o LOSA oferece a uma empresa operadora da aviação Off Shore

na área do Pré-sal?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Compreender a importância na aplicação do LOSA na aviação Off Shore na área

do Pré-sal.

1.2.2 Objetivos específicos

- Discriminar os métodos para análise do LOSA.

- Identificar as características principais do LOSA.

- Identificar os erros e ameaças nas operações Off Shore na área do Pré-sal.

- Descrever os benefícios operacionais e comerciais após a implementação do

LOSA.

1.3 JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento desta pesquisa é direcionado tanto para os profissionais que

operam helicópteros em voos Off Shore, em particular na área do Pré-sal situada na Bacia de

17

Santos, quanto para os gestores das empresas prestadoras deste serviço, uma vez que o LOSA

está ligado diretamente à gestão de segurança operacional e também a consequências

positivas no âmbito comercial.

Segundo (PINHO, 2014, n.p.)

A camada pré-sal é um gigantesco reservatório de petróleo e gás natural, localizado

nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (região litorânea entre os estados de

Santa Catarina e o Espírito Santo). Estas reservas estão localizadas abaixo da

camada de sal (que podem ter até 2 km de espessura). Portanto, se localizam de 5 a 7

mil metros abaixo do nível do mar.

Figura 1 - Área do Pré-sal

Fonte: http://www.tnpetroleo.com.br/noticia/producao-de-petroleo-ultrapassa-1-milhao-de-bpd-

na-area-do-pre-sal/ (2016).

Inseridas nesta operação há inúmeras variáveis que estão presentes nos voos entre o

continente e as plataformas marítimas, tais como: o clima, a autonomia, plataformas com

características de estruturas diversificadas com impacto direto nas aproximações para pousos

e decolagens, logística de transporte de passageiros e cargas, falta de cobertura radar para

monitoramento dos voos, aeroportos com poucos recursos e o tripulante operando aeronaves

com alta tecnologia embarcada.

Tudo isso deve ser gerenciado em voos que cobrem enormes distâncias, podendo

chegar até 300 km da costa, o que torna primordial o uso correto das ferramentas de segurança

operacional como o CRM (Crew Resource Management), SOP (Standard Operating

18

Procedures), HFDM (Helicopter Flight Data Recording) e o LOSA que passam a ter

importante impacto na segurança dos voos.

A tecnologia favorece muito, mas é preciso estar preparado para utilizá-la. Fatores

humanos são causa de grande parte dos acidentes com helicópteros no mundo.

Globalmente chega a 80%. O que podemos fazer para melhorar este índice é a

questão. A pergunta que fica é: Que tipos de ferramentas podemos adotar para

melhorar o aproveitamento da tecnologia? (VERGIS , 2016, n.p.)

O mercado de óleo e gás no Brasil e em especial na área do Pré-sal, como

mencionado anteriormente, sofreu com a ineficiência produtiva da Petrobrás, com a falta de

investimento e com os escândalos de corrupção, somados ao baixo valor do barril do petróleo.

Porém um novo horizonte começa a surgir e, com a retomada do crescimento, um novo

cenário pode voltar a trazer investimentos para o país, tornando-o mais competitivo no

mercado internacional.

No ano de 2017, depois de cinco anos sem a realização de licitações na aérea do

petróleo, um novo ciclo de leilões para diversos blocos na costa brasileira voltou a chamar a

atenção dos investidores.

Dados coletados do site Pré-sal Petróleo da Empresa Brasileira de Administração de

Petróleo e Gás Natural S/A - Pré-Sal Petróleo S/A, vide figura abaixo, mostram que vários

consórcios foram formados por diversas empresas como a Petrobras, Shell, Repsol, Statoil,

Petrogal, Exxonmobil e BP, mostrando que a crise que assolou a área de exploração e

produção de óleo e gás no país está sendo aos poucos superada com uma perspectiva de

retomada dos investimentos nos anos de 2018 e 2019.

19

Figura 2 - Empresas e Áreas Licitadas

Fonte: http://www.presalpetroleo.gov.br/ppsa/noticias/pre-sal-petroleo-comemora-resultado-em-

rodadas-de-licitacao (2017).

De acordo com especialistas do setor, a possibilidade de retomada dos investimentos

poderá ser responsável por uma das maiores movimentações de fusões entre empresas deste

segmento. Com isso, novas empresas estrangeiras e nacionais deverão chegar e, com elas, a

utilização de novas tecnologias. Como exemplo, a PetroRio, fundada em 2011, que pretende

investir 350 milhões de reais com a compra e contratações de serviços como locação de

helicópteros para o transporte de trabalhadores até suas plataformas.

Segundo o site Senado notícias (2016), foi sancionada em 2016 a Lei sobre

exploração do Pré-sal pela Petrobrás

Pela lei anterior, de 2010, a Petrobrás atuava como operadora única dos campos do

pré-sal, com uma participação de pelo menos 30%. Além de ser a empresa

responsável pela condução e execução, direta ou indireta, de todas as atividades de

exploração, avaliação, desenvolvimento e produção. De acordo com a nova lei,

caberá ao Conselho Nacional de Política Energética oferecer à Petrobras a

exploração mínima de 30% em cada campo, e a empresa se manifestará se aceita ou

não a responsabilidade.

(https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/11/30/sancionada-lei-que-

revoga-obrigatoriedade-de-exploracao-do-pre-sal-pela-petrobras)

Em 2016, a Lei federal nº13.365 acabou com esta obrigatoriedade de 30% de

participação na extração do petróleo nas áreas do Pré-sal. Já em 2017 uma resolução extinguiu

a obrigatoriedade de se contratar itens e fornecedores brasileiros, abrindo o mercado para

fornecedores internacionais. Por fim, o Decreto nº 9.128/2017 que regulamenta administração

20

das atividades aduaneiras que ampliou o prazo até 2040 para a isenção tributária na

exportação e importação de produtos relacionados à exploração do petróleo, favorece um

mercado mais ágil e competitivo globalmente. Todos estes fatores deram ânimo para que

novas empresas nacionais e estrangeiras se voltassem para o mercado do petróleo em nosso

país, especialmente na área do Pré-sal.

1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Natureza e tipo da pesquisa

Considerando o tema abordado neste trabalho, foi realizada uma pesquisa com

características exploratórias, com uma busca bibliográfica e documental, e abordagem tanto

quantitativa como qualitativa.

De acordo com Gil (2002) a pesquisa exploratória “tem como objetivo proporcionar

maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir

hipóteses” (Gil 2002).

Segundo Selltiz et al., (1967, p. 63), “na maioria dos casos estas pesquisam

envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram

experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a

compreensão”

As autoras, Marconi e Lakatos (2011, p. 43-44), enfatizam que uma pesquisa

documental engloba “todos os materiais, ainda não elaborados, escritos ou não, que podem

servir como fonte de informação para a pesquisa científica”.

O procedimento documental, conforme Gil (2002), “tem o objetivo de descrever e

comparar dados, características da realidade presente e do passado”. (GIL, 2002)

A abordagem da pesquisa foi qualitativa, “por se basear na realidade para

compreender uma situação única”, (RAUEN, 2002) e quantitativa por intermédio de

entrevistas estruturadas.

1.4.2 Materiais

Os materiais a serem analisados serão:

21

Bibliográficos: Livros e Manuais em meios físicos e eletrônicos em sites oficiais,

artigos físicos de organizações e eletrônicos em sites especializados sobre segurança na

aviação.

Documentais: Documentos diversos sobre as legislações que regem a Aviação Civil

brasileira e oferecem requisitos e padrões de procedimentos em relação ao tema proposto.

São eles:

o ANAC, RBAC 135, Requisitos Operacionais: Operações

Complementares por Demanda, de 21 de Fevereiro de 2014.

o ____, Lei 7565 Código Brasileiro de Aeronáutica, de 19 de Dezembro de

1986.

o ____, PSO-BR- Programa Brasileiro para a Segurança Operacional da

Aviação Civil, de 20 de Dezembro de 2017.

o COMAER, ICA 3-7, Programa de Reporte Voluntario para a Segurança

de Vôo, de 26 de Julho de 2016.

o ____, MCA 3-3, Manual de Prevenção do SIPAER, de 03 de Dezembro

de 2012.

o ____, NSCA 3-3, Gestão da segurança de vôo na Aviação Brasileira, de

23 de Dezembro de 2013.

o ICAO, Line Operations Audit (LOSA), Doc 9803 AN/761, First Edition,

2002.

o ____, Safety Management Manual (SMM), Doc 9859 AN/474, Third

Edition, 2013.

o FAA, Advisory Circular, AC No 120-90, de 27 de Abril de 2006.

1.4.3 Procedimento de coleta de dados

Os procedimentos técnicos para a coleta de dados serão levados a cabo por meio de

pesquisa bibliográfica e documental, através de levantamento de registros realizados em sites

oficiais e livros voltados para a segurança da aviação e por intermédio da realização de

entrevistas com profissionais ligados diretamente ao tema da pesquisa.

22

Anderson & Kanuka (2003), consideram “a entrevista com um método único na

recolha de dados, por meio do qual o investigador reúne dados, através da comunicação entre

indivíduos”.

1.4.4 Procedimentos de análise de dados

Os dados serão analisados pela relevância que têm para o objeto de estudo, com a

análise de relatórios, sites e documentos do conteúdo pesquisado.

Segundo Rauen (1999, p. 141), “é a parte que apresenta os resultados obtidos na

pesquisa e analisa-os sob o crivo dos objetivos e/ou das hipóteses. Assim, a apresentação dos

dados é a evidência das conclusões e a interpretação consiste no contrabalanço dos dados com

a teoria”.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O primeiro capítulo consta da introdução, onde se apresentam os problemas do

estudo, os objetivos e a metodologia.

No segundo capítulo, é apresentado o referencial teórico, com um resumo do

contexto histórico, sua introdução na regulamentação brasileira, conceitos, métodos e

características do LOSA. Foi abordado o tema sobre o gerenciamento de erros e ameaças bem

como os benefícios que o LOSA traz para uma organização.

Em seguida, no terceiro capítulo, é realizada uma apresentação e discussão dos

resultados.

As considerações finais são descritas no quarto capítulo, seguidas das referências,

apêndices e anexos.

23

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Desde o século passado, quando Santos Dumont voou com “ o mais pesado que o ar”

e a aviação era praticada esportivamente, com a realização de shows aéreos, constata-se uma

evolução enorme no aspecto tecnológico e humano, com reflexos diretos na segurança dos

voos. Naquela época, a segurança ainda era incipiente e, portanto, diversos acidentes eram

comuns de ocorrer.

A partir da primeira grande guerra, com o emprego do avião de forma mais efetiva, e

a consequente e necessária evolução da aviação, mesmo que lenta, tornou-se notório que o

emprego do avião, como meio de transporte, seria uma questão de muito pouco tempo.

Inicialmente as pessoas eram transportadas de forma precária e embarcavam junto com a

carga do correio aéreo, caso houvesse espaço. Não se tinha, neste período, nenhuma

preocupação com a segurança ou conforto do passageiro ou ainda, qualquer regulamentação

do setor aéreo neste sentido.

Ao final do conflito da segunda grande guerra, surgiu a necessidade de o homem

alcançar grandes distâncias em grandes velocidades, uma vez que apenas os navios faziam

este transporte. Assim, as travessias aéreas aparecem como ideia de se transportar pessoas

para fins comerciais além de possibilitar a expansão das viagens nacionais e internacionais. A

evolução da aviação sem uma normatização seguia e, neste cenário, foi criado o primeiro

avião a jato comercial, com a finalidade de suprir tais necessidades.

Entretanto, diante do binômio aumento da demanda de utilização do uso do avião

comercial e a não correspondente normatização necessária, pagou-se um preço alto. Com o

Comet, primeiro avião comercial a jato fabricado, houve um grande número de acidentes com

vítimas, devido ao projeto de suas janelas quadradas que sofriam fadiga do material a uma

determinada altura e se partiam em voo, danificando a fuselagem pela descompressão

explosiva. Constata-se, assim, que vários fatores foram responsáveis pelos acidentes ocorridos

ao longo dos anos, ressaltando-se o desconhecimento da engenharia, a falta de preparo dos

envolvidos na produção das aeronaves aliados à avidez das empresas pelo lucro, não sendo

priorizada a questão da segurança no afã de alcançar uma demanda elevada e, por fim, pilotos

e mecânicos pouco capacitados.

24

Diante de tais fatos, começou a surgir a preocupação com a segurança dos voos, com

projetos sendo modificados para resolver estas falhas e novas tecnologias empregadas na

busca de a aviação se tornar cada vez mais segura, e a confiança nos aviões ficar cada vez

maior.

Com base nesta breve narrativa da evolução histórica da aviação, verifica-se que

segurança de voo está dividida em três eras de acordo com o Doc 9859 da ICAO:

A Era Técnica, que datou de 1900 até o final de 1960, na qual a maioria dos

acidentes era atribuída a fatores técnicos, e a segurança era voltada para a solução destes

problemas. Próximo ao ano de 1950, os acidentes tiveram uma queda e os processos de

segurança foram ampliados para abranger o cumprimento e a supervisão regulatória.

A Era dos Fatores Humanos ficou compreendida entre 1970 e meados de 1990.

Apesar da diminuição dos acidentes devido aos avanços tecnológicos obtidos, a grande

questão era inserir o estudo dos fatores humanos, observando o homem, a máquina e o meio

como ocupantes de um mesmo lugar. Os acidentes relacionados aos fatores humanos

aconteciam e houve uma tendência de se julgar apenas o indivíduo, deixando a organização

fora deste contexto.

Já na Era Organizacional, que ocorre desde meados do ano de 1990 até a presente

data, a segurança teve o foco voltado para o gerenciamento da segurança, visando a adotar

uma postura mais proativa e reativa para monitorar os riscos de segurança conhecidos.

25

Figura 3 - Evolução da Segurança

Fonte: SMM (2013)

2.1.1 International civil aviation organization

De acordo com o site (https://cursoaviacao.wordpress.com/2011/07/20/oaci-

organizacao-da-aviacao-civil-internacional/), a história da ICAO, remete ao fim da primeira

guerra mundial, quando em Versailles ocorreu a “Conferência da Paz”. Esta conferência,

porém não obteve o sucesso esperado. Seus objetivos eram a regulamentação do tráfego aéreo

(Coordenação, Controle, Padronização e Sistemas de Medidas).

Com o crescimento da aviação comercial e das grandes distâncias percorridas pelas

aeronaves, as diferenças operacionais entre os países tornaram-se evidentes, fazendo-se

necessária a realização de uma nova convenção com o objetivo de desenvolver

procedimentos, normas e padrões internacionais, ocasião em que foram discutidos os mesmos

objetivos da Convenção de Paz. Uma nova Convenção foi realizada em Chicago, no ano de

1947, e contou com a presença de 51 países, entre eles o Brasil. (Hoje, esta Convenção tem

192 membros). Desta vez obteve-se sucesso com alcance dos objetivos propostos, resultando

na criação da ICAO em 1947, com status de agência técnica vinculada à ONU.

O objetivo da ICAO, segundo Orlando Silva (2012),

É o desenvolvimento da aviação civil internacional, por meio da criação de normas

técnicas de padronização de procedimentos, documentos, operação, fabricação e

desempenho mínimo, e da implementação de facilidades à atividade aérea, no qual

concerne a navegação, atualizando a Convenção de Chicago, à luz de novas

26

tecnologias e mudanças no cenário político internacional. (ORLANDO SILVA,

2012, p. 47-48)

Em função destes objetivos, a ICAO através do seu art.28, determina a uniformidade

de seus procedimentos, estabelecendo normas e métodos para cada área de responsabilidade

da aviação civil nos chamados de Anexos à Convenção. Estes anexos foram chamados de

SARPs (Standards And Recommended Practices), em português (Normas e Práticas

Recomendadas), divididos em 19 anexos de acordo com o quadro abaixo:

Quadro 1 - Anexos ICAO

Anexo 01 Licença de Pessoal

Anexo 02 Regras do Ar

Anexo 03 Meteorologia

Anexo 04 Cartas Aeronáuticas

Anexo 05 Uunidades de Medida

Anexo 06 Operações de Aeronaves

Anexo 07 Marca da Nacionalidade e Matrícula

Anexo 08 Aeronavegabilidade de Aeronaves

Anexo 09 Facilitação

Anexo 10 Telecomunicações Aeronáuticas

Anexo 11 Serviço de Tráfego Aéreo

Anexo 12 Busca e Salvamento

Anexo 13 Investigação de Acidentes e Incidentes

Aeronáuticos

Anexo 14 Aeródromos

Anexo 15 Serviços de Informações Aeronáuticas

Anexo 16 Ruído de Aeronaves

Anexo 17 Segurança (Interferência Ilícita)

Anexo 18 Transporte da Cargas Perigosas

Anexo 19 Gerenciamento de Segurança

Fonte: https://www.skybrary.aero/index.php/ICAO_Annexes_and_Doc_Series (2017)

2.1.2 Line Operations Safety Audit

O LOSA iniciou o seu desenvolvimento em 1991, com o financiamento do FAA, na

universidade do Texas, em Austin (UT-Austin), a pedido da Delta Airlines, para validar o

impacto operacional em seu curso de CRM. Este curso fora criado no final da década de 70

27

em gestões patrocinadas pela NASA a partir da identificação do erro humano como causa de

grandes acidentes. Pregava o uso eficaz de recursos humanos, de hardware e informações

disponíveis para que os pilotos tivessem melhores condições para tomadas de decisão a fim de

aumentar a segurança e eficiência das operações de voo. A Gestão de Recursos na Cabine de

Comando visava a fornecer variedade de estratégias à tripulação, para redução de erros.

A função do LOSA nesta perspectiva foi avaliar se o sistema de CRM funcionava de

forma adequada em toda sua extensão. Os analistas que participaram das análises do processo

chegaram à conclusão que os dados obtidos não possuíam informações adequadas a respeito

da adesão dos seus tripulantes para os procedimentos SOP’s.

O LOSA foi concebido para empresas que operam na aérea de aviação com o

objetivo de vir a desenvolver coletas de dados durante suas operações aéreas cotidianas em

diversos cenários, favoráveis ou de alta complexidade, levando em conta condições

ambientais com o objetivo de identificar as ameaças existentes, os erros sistêmicos cometidos

pelos tripulantes, bem como ambos são gerenciados.

A finalidade sempre foi - e ainda é - o controle de situações previsíveis ou não contra

atos que possam levar a situações indesejáveis nas operações desenvolvidas no ambiente da

aviação.

Em 1994, foi firmada a parceria da Delta Airlines e a Universidade do Texas (UT-

Austin) coma finalidade de desenvolver uma metodologia para a implementação do LOSA

nos seus voos regulares com observadores dentro da cabine. Inicialmente, o LOSA teve seu

foco no desempenho de CRM dos tripulantes, a fim de obter dados sobre os pontos fracos e

fortes, levando então à melhoria do treinamento.

O próximo passo foi o início da pesquisa de erros humanos no campo dos fatores

humanos na aviação.

Em 1997, a equipe da UT-Austin colaborou com a Continental Airlines para

expandir o método para se concentrar no gerenciamento de Ameaças e Erros (TEM)

e a criação do quadro teórico subjacente da LOSA atual. Em 1997 e 1998, o time de

pesquisa UT-Austin realizou o LOSA em três companhias aéreas.

(https://www.faa.gov/about/initiatives/maintenance_hf/losa/history/. Tradução do

autor).

Foram coletados dados referentes às ameaças como: condições meteorológicas

adversas, situações externas de solo, erros de tripulantes e, após a coleta, destes dados foram

classificados em uma escala de desempenho de TEM (Treat and Error Management).

Concluiu-se que erros e ameaças são comuns a estas operações de rotina e variam de acordo

com cada empresa.

28

Em 2001, o LOSA foi operacionalmente implantado pela ICAO como programa

voltado para a segurança da aviação, tornando-se hoje uma peça chave do SGSO de uma

empresa aérea. “Com base no sucesso do LOSA, a ICAO fez deste um foco central do seu

Programa de Segurança de voos e Fatores Humanos e aprovou-a como uma das melhores

práticas do setor para monitoramento de operações normais”.

(https://www.faa.gov/about/initiatives/maintenance_hf/losa/history/. Tradução do autor).

A UT-Austin ajudou a desenvolver duas diretrizes principais que balizam o programa

do LOSA:

1- Doc 9803 AN/761 Line Operations Safety Audit (LOSA) (ICAO, 2002)

Este manual descreve um programa para gestão de erro humano em operações de

aviação, conhecido como Auditoria de Segurança de Operações de Linha (LOSA).

De acordo com este documento de 2002, em 1986 foi adotada a Resolução A26-9

sobre segurança de voo e fatores humanos, a qual inclui materiais de orientação e uma série

de informações que abordam vários aspectos dos fatores humanos e seu impacto na segurança

da aviação.

O LOSA é proposto como uma estratégia organizacional crítica destinada a

desenvolver contramedidas a erros operacionais. É uma ferramenta organizacional

usada para identificar ameaças à segurança da aviação, minimizar os riscos que tais

ameaças podem gerar e implementar medidas para gerenciar erros humanos em

contextos organizacionais. (ICAO, 2002, Doc 9803 AN/761. Introduction 1, p.Vii,

Tradução do autor).

2- Advisory Circular AC No 120-90 (FAA, 2006)

O propósito desta AC é fornecer orientações para conduzir uma Auditoria de

Segurança nas Operações de Linha (LOSA) em uma companhia aérea.

O principal objetivo da ICAO é a manutenção da segurança nas operações aéreas em

todo o mundo. É sabido que melhorias no aumento da segurança têm sido obtidas, porém,

acidentes e incidentes resultantes de um desempenho humano abaixo do esperado ainda

continuam a ocorrer, principalmente em países onde o item fator humano não está sendo

trabalhado de forma correta e contínua. No caso do Brasil, verificou-se na aviação de táxi

aéreo que o principal fator contribuinte dos acidentes está relacionado ao aspecto psicológico.

É neste fator que as empresas devem identificar as falhas e atuar de forma pró-ativa.

Chapanis (1996) descreve que:

(...) a engenharia dos fatores humanos estuda e aplica a informação sobre o

comportamento humano, capacidades, limitações e outras características para a

concepção de ferramentas, máquinas, sistemas, tarefas, trabalhos e ambientes para

produção segura, confortável e de fácil emprego. (CHAPANIS, 1996, p.11).

29

O principal objetivo do LOSA é de identificar os estados indesejáveis na atitude das

aeronaves (UAS – Undesired Aircraft States), as ameaças existentes, os erros cometidos pelos

tripulantes e como todo este processo é gerenciado pela empresa de forma a identificar

oportunidades de melhoria nos processos e procedimentos que melhorem a eficácia e a

padronização das operações.

A aplicação do programa tem como pilares fundamentais a voluntariedade dos

tripulantes e a mais absoluta confidencialidade dos dados. Nenhum tripulante, aeronave,

dados de voo, ou qualquer outra forma de identificação pode ser mencionado nos relatórios.

Para a garantia da lisura e confidencialidade dos dados, todos os envolvidos na coleta

e análise do programa (colaboradores do setor de segurança operacional e observadores),

obrigatoriamente, devem assinar um termo de confidencialidade.

Normalmente os Gerentes de Segurança Operacional das empresas são os

responsáveis pelo programa, cabendo a eles planejar e coordenar a condução da LOSA.

Os observadores do programa são colaboradores da empresa, selecionados e

treinados para o desempenho da tarefa de colher dados nos voos regulares, inserindo-os nas

planilhas de acordo com os códigos e outras peculiaridades do programa.

O analista dos dados é o responsável por consolidar todos os registros feitos pelos

observadores em uma única planilha, transformando-os em dados estatísticos que servirão de

subsídios para a elaboração do relatório. O analista pode ser o próprio ASV (Agente de

Segurança de Voo) da empresa ou outro colaborador qualquer, desde que ligado ao setor de

Segurança Operacional.

Os tripulantes são os comandantes, copilotos e comissários da empresa, responsáveis

por conduzir as aeronaves e passageiros durante os voos observados. Devem concordar com a

realização da auditoria e são devidamente informados da sua realização.

O LOSA é uma ferramenta adicional fornecida para um sistema de Gerenciamento

de Segurança Operacional de voo, do qual fazem parte também outros sistemas já

desenvolvidos como o CRM, HFDM, RELPREV (Relatório de Prevenção), Boletins de

Segurança (Safety Alerts) entre outros.

Através do programa LOSA, são obtidos dados úteis para a adequação das ações de

prevenção de acidentes aeronáuticos, esses dados serão utilizados como recursos para o

estabelecimento de medidas de prevenção apropriadas. Outro aspecto muito importante está

calcado no compromisso da utilização do LOSA ser apenas para fins de prevenção de

acidente, ou seja, nenhuma informação observada através deste programa, poderá ser usada

30

para fins punitivos, sob pena de inviabilizar toda a sua essência que é a relação de confiança

entre os gestores de uma organização e os grupos operacionais.

Segundo Hemreich (2006), o LOSA “Fornece um instantâneo diagnóstico de pontos

fortes e fracos que uma companhia aérea pode usar para reforçar suas margens de segurança e

evitar sua degradação”.

Analisada temporalmente, a implementação do programa LOSA nas empresas Off

Shore brasileiras teve início a partir de 2014-15. Na ocasião, cada operadora procedeu de

forma distinta e de acordo com as experiências já conhecidas. Algumas buscaram expertise

nas coligadas estrangeiras, outras partiram para a contratação de empresas consagradas no

mercado de linha aérea (asa fixa), como, por exemplo, a empresa Baines/Simmons (World

Leaders in Aviation Safety), com reconhecimento comprovado no mercado europeu.

Em geral este processo levou toda a documentação existente para a aplicação em

empresas de aviação regular de asa fixa, para a aviação Off Shore de helicópteros, sendo

então adaptada as operações destes vôos para atender as plataformas marítimas.

2.1.3 Safety Management Manual

A ICAO desenvolveu um manual de prevenção de acidentes e incidentes

aeronáuticos baseado no Doc 9859 AN/474 do ano de 2013 que está na sua terceira edição, e

que deve ser adotado pelos seus membros.

De acordo com este documento, o conceito de segurança é:

No contexto da aviação, segurança é o estado em que a possibilidade de danos a

pessoas ou a danos à propriedade é reduzida e mantida em um nível aceitável ou

abaixo deles por meio de um processo contínuo de identificação de perigos e

gerenciamento de riscos de segurança. (SMM, Doc 9859 AN/474, Third Edition,

2013, Tradução do autor)

Por meio deste manual, cada Estado deverá desenvolver o seu SSP (State Safety

Program) ou PSO (Programa de Segurança Operacional - Brasil) e cada provedor de serviços

da aviação civil (PSAC) deverá implementar o seu SSM (Safety Management Manual) ou

SGSO (Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional - Brasil) com o objetivo de

alcançar níveis aceitáveis de segurança operacional.

31

2.1.4 Agência Nacional de Aviação Civil

No Brasil, em 8 de janeiro de 2009, o Programa Brasileiro para a Segurança

Operacional da Aviação Civil (PSO-BR) foi aprovado e assinado, consolidando uma ação

conjunta entre a ANAC e o COMAER para o gerenciamento da segurança operacional da

aviação civil brasileira. Neste programa buscou-se o cumprimento das emendas dos Anexos 1,

6, 8, 11, 13 e 14 da Convenção de Aviação Civil Internacional.

A partir desta data, o PSO-BR foi disposto em Programas Operacionais Específicos

(PSOE), isto é: O PSOE-COMAER, voltado para provedores de serviços de navegação aérea

e o PSOE-ANAC, voltado para organizações de treinamento, operadores de aeronaves

(empresas de táxis aéreos e regulares), organizações de manutenção e responsáveis por

projetos e fabricação de aeronaves.

Figura 4 - Estrutura do PSO-BR

Fonte: Brasil ([200-], p. 8).

Neste sentido, a organização que possui uma Gestão de Segurança Operacional

sólida, implementando uma cultura de segurança para todos os seus colaboradores, sejam

tripulantes ou pessoal de solo, estará elevando o seu alerta situacional e, assim, reduzindo as

possibilidades de ocorrências de acidentes e incidentes aeronáuticos dentro da organização.

Assim como o LOSA deve visar à prevenção de acidentes e incidentes aeronáuticos

como dito anteriormente, também deve estar em conformidade com PPAA da empresa, que

está fundamentado nos documentos abaixo relacionados:

Lei 7565 de 19 de dezembro de 1986 do CBAer

32

NSCA 3-3/2017

RBAC 135

MGO (Manual Geral de Operações) e MGSO (Manual Geral de Segurança

Operacional) da empresa

2.2 MÉTODOS DO LOSA

Para a implementação de um processo LOSA, cada empresa poderá mudar a sua

estrutura de acordo com o que está publicado nas regulamentações da ICAO e do FAA.

Este processo está dividido em: Coleta e Análise de dados e Feedback.

Primeiramente a empresa deverá elaborar um comitê e nomear um coordenador para

o LOSA. No caso de ser o primeiro LOSA a ser aplicado, a empresa deverá buscar

informações adicionais de outras empresas que já utilizam este programa, para que se

compartilhem técnicas, seleção de observadores e documentos de observação.

Um item muito importante no início de um programa LOSA, é dar ciência, por meio

de um comunicado específico a todos os envolvidos, explicitando qual o seu significado e

como ele será empregado na empresa. Dentro das prioridades de cada empresa, deverá ser

definido o foco que balizará o emprego do LOSA, podendo este foco ter uma abrangência

total ou observando apenas pontos específicos que foram identificados em outras ferramentas

como, por exemplo, o HFDM.

É importante, também, definir o número de observadores que serão colaboradores

treinados para a tarefa de colher dados dos voos de linha e que estejam familiarizados com a

operação, não sendo recomendável mais do que duas observações por dia bem como é de

importância que esses dados sejam colhidos em frotas diferentes de aeronaves. Assim, ao

final, o observador conseguirá inserir o maior número de dados possíveis em seu relatório.

Um formulário de observação deverá ser criado para inserção de dados relativos à

operação normal da empresa, constando aí suas particularidades.

Os dados observados devem ser seguramente guardados pelo coordenador do LOSA

e não poderão, em hipótese nenhuma, ter a sua fonte identificada, sejam dados de aeronaves,

vôos e nome de tripulantes. Um suporte logístico é fornecido aos observadores, para que estes

tenham uma pessoa responsável em caso de algum problema com a coleta de dados.

Na verificação de dados, o chefe da frota ou um membro do comitê do LOSA analisa

os dados coletados e os confronta com os manuais de voo (RFM- Rotorcraft Flight Manual) e

SOPs. Caso haja incompatibilidade nestes dados, o comitê excluirá este “Erro” do banco de

33

dados. Desta forma, a integridade dos dados coletados estará de acordo com os procedimentos

da empresa e do fabricante da aeronave.

A vulnerabilidade da operação é evidenciada na análise de dados do LOSA, quando é

investigado o gerenciamento de diferentes eventos e erros pela tripulação. Com o

conhecimento prévio, por parte do analista, das informações que são úteis para a segurança da

operação, os resultados obtidos serão adaptados ao trabalho desenvolvido pela empresa.

Como exemplo: o não cumprimento de alguns itens do SOP, com base nestes eventos,

determinará como alvo principal o aprimoramento destes itens.

O último estágio é a apresentação do relatório LOSA, que deverá apresentar apenas

os dados mais significativos; e junto será encaminhada uma lista de aprimoramento com

metas pré-estabelecidas. Um briefing com os gestores é realizado e os dados passam a ser

investigados mais profundamente.

Caberá à empresa apresentar o resultado do LOSA ao grupo de voo por meio de um

canal de comunicação efetivo, para que tomem ciência das recomendações e das mudanças na

operação decorrente do resultado da aplicação deste programa.

Todo este processo deverá ser monitorado para que a empresa possa agir de maneira

proativa na prevenção de acidentes e incidentes dentro da organização. O LOSA fornece

resultados quantitativos e específicos, e para que se tenha o máximo de aproveitamento, cabe

à empresa manter uma continuidade para a melhoria da segurança. A experiência mostra que

deve existir um intervalo de pelo menos um ano entre uma rodada de observações e outra,

considerando-se a mesma frota de aeronaves.

2.3 CARACTERÍSTICAS DO LOSA

De acordo com a AC 120-90, dez características definem o LOSA. Recomenda-se

que estas sejam observadas para que a integridade seja garantida e a qualidade do processo

seja atingida. São características:

1-Observadores em voos normais.

2- Acordo de pilotos e gestores

3-Participação voluntária da tripulação

4-Coleta de dados confidencial e não punitiva

5-Formulário de observação padronizado

6-Observadores treinados e confiáveis

34

7-Repositório de dados confiáveis

8-Verificação de dados

9-Proposta de melhoria

10-Feedback de resultados para o grupo de vôo

2.4 GERENCIAMENTO DE AMEAÇA E ERRO (TEM)

A origem e o desenvolvimento do Gerenciamento de Ameaça e Erro (TEM- Threat

and Error Management) foram previamente descritos no contexto histórico. Neste momento,

serão abordadas apenas suas definições e estrutura. Exemplos de ameaças e erros que estão

inseridos na operação Off Shore também serão comentados neste capítulo.

O modelo de Gerenciamento de Ameaça e Erro (TEM) é uma estrutura conceitual

para a compreensão do desempenho operacional em ambientes complexos. O

modelo é genérico e pode ser aplicado a inúmeras situações de trabalho. Este

modelo captura o desempenho contínuo em seu contexto operacional normal, e sua

descrição é realista, dinâmica e holística. Ele também pode quantificar as

especificidades do ambiente e a eficácia do desempenho nesse ambiente. (FAA, AC

120-90. Appendix 1, p.1, tradução do autor)

Para compreensão de forma prática, exemplificando, seria como ensinar voo

acrobático a um piloto. A função deste ensinamento não seria mostrar como se pousa ou

decola uma aeronave, mas sim como se deve atuar nos comandos para que se efetue uma

determinada manobra acrobática. O sistema de Gerenciamento de Ameaça e Erro funciona da

mesma forma, pois não vai ensinar como um piloto deve operar sua aeronave e sim como ele

deverá gerenciar seu trabalho de forma proativa para que as margens de segurança estejam

dentro de um limite aceitável, independente da complexidade da operação.

As ameaças e os erros que podem levar a estados indesejáveis da aeronave (UAS –

Undesired Aircraft States) estão presentes durante as operações aéreas independente de sua

complexidade. O que se espera é que todos os tripulantes possam lidar com estes fatores e

gerenciá-los com sucesso. O TEM permite que os tripulantes tenham a melhor técnica para o

gerenciamento de ameaças, erros e estados indesejados de aeronave, que se observam através

de ameaças do ambiente e ameaças da empresa.

Ameaças são situações externas que devem ser administradas pela tripulação no

cockpit durantes os voos normais. Tais eventos aumentam a complexidade

operacional do voo e representam um risco à segurança para o voo em algum nível.

Ameaças podem ser esperadas ou antecipadas, neste caso a tripulação deverá fazer

um Briefing antecipadamente. (OACI Doc 9803 AN/761 first edition-2002 Chapter

2 P.2-1 Tradução do autor).

35

De acordo com a definição acima, ameaças podem ser um mau funcionamento da

aeronave, dados inseridos incorretamente pelo despacho de voo, área congestionada por

outras aeronaves próximo a um aeroporto, mau tempo na rota, entre outras. Ou seja, são

eventos que ocorrem independentemente da tripulação de voo.

Algumas técnicas usadas pela tripulação para gerenciar estas ameaças são: efetuar

um pré-voo antes da partida, verificar os reportes de manutenção quanto ao correto

funcionamento dos sistemas da aeronave, checar antecipadamente toda a documentação do

voo e fazer o uso correto do radar meteorológico.

Erro da tripulação é definido como ação ou falta de ação que leva a um desvio das

expectativas e intenções da tripulação e da organização. Os erros no contexto

operacional tendem a reduzir a margem de segurança e aumentar a probabilidade de

acidentes ou incidentes. (AC 120-90. Appendix 1. p.2 Tradução do autor).

Reason (1990) diz que: “Erro humano é termo genérico que compreende toda a

ocasião nas quais a sequência mental planejada de atividades mentais ou físicas falha em

alcançar seu resultado pretendido”.

O erro da tripulação pode ser causado por um esquecimento não intencional que

levará o voo para uma condição de risco, por exemplo: durante a leitura do check antes da

decolagem, um fator externo qualquer que levou a uma interrupção da leitura e, após esta ser

retomada, algum item da lista foi esquecido. Ou também pode-se observar um erro

deliberado, quando o tripulante cria um atalho para o não cumprimento de um procedimento,

por exemplo: o não cumprimento do check de verificação antes da decolagem.

Esse erro pode ser dividido em três tipos: erros de pilotagem, de comunicação e de

procedimentos.

Erros de pilotagem podem ser definidos como erros de pilotagem manual ou erro

causado pela inserção de algum dado que leve a aeronave para uma atitude incompatível com

fase do voo atual. Erro de procedimentos diz respeito ao não cumprimento das normas

estabelecidas pela autoridade aeronáutica segundo as quais a aeronave está sobrevoando, bem

como o não cumprimento dos procedimentos preconizados pela empresa e desvios do manual

de voo. Por fim, o erro de comunicação é aquele que, por algum motivo, envolve membros da

tripulação ou um membro da tripulação e um controlador de tráfego aéreo e ou alguém que

esteja operando um rádio, como a coordenação de voo de uma empresa, por exemplo.

A AC 120-90 do FAA ressalta que compreender como foi gerenciado o erro é tão

importante, se não mais importante, do que compreender a prevalência de diferentes tipos de

erros. É de interesse saber quando e por quem o erro foi detectado, bem como a (s) resposta

(s) ao detectar o erro e o resultado do erro. Como as ameaças, alguns erros são rapidamente

36

detectados e resolvidos, enquanto outros são mal detectados e mal gerenciados. Um erro mal

gerenciado é definido como um erro que está vinculado e/ou induz a um erro adicional ou a

um estado indesejável da aeronave (UAS).

Estados Indesejáveis da Aeronave, (UAS) são definidos como uma posição, condição

ou atitude de uma aeronave que claramente reduz as margens de segurança e são resultado de

ações da tripulação. São estados comprometedores de segurança que resultam de um

gerenciamento ineficaz de erros, como por exemplo: aproximações não estabilizadas, incursão

na pista sem autorização, desvios laterais em rota, entre outras.

Neste caso, a técnica que deverá ser utilizada pela tripulação será de retornar a

atitude desta aeronave para o perfil de um vôo normal e seguro.

2.4.1 Ameaças na operação off shore

Tanto as ameaças como os erros e seus exemplos listados nas tabelas 2 e 3 foram

descritos através das características da operação Off Shore na área do Pré-sal, bem como nos

aeroportos nos quais estas aeronaves operam, em toda a área ao seu redor, e também na área

onde as plataformas de petróleo estão inseridas.

É através do conhecimento e experiência prévia neste tipo de voo e de dados

apresentados por meio de RELPREVs, que as ameaças e os erros nesta operação serão

representados.

Quadro 2 – Ameaças

Ameaças encontradas Exemplos

Aeroporto / Unidade Marítima Sinalização falha, tráfego aéreo elevado, falta de

sistema de aproximação por instrumentos.

Pássaros Grande concentração de pássaros no entorno dos

aeroportos e plataformas marítimas.

Controle de Tráfego Aéreo e Radioperador da

plataforma

Erros de controladores, problemas na recepção das

comunicações.

Meteorologia Falta de um boletim preciso nas áreas das

plataformas, fortes ventos nas unidades marítimas.

Aeronave Falha de sistemas.

Aeroportos Falta de estrutura para receber este tipo de

operação, bem como a falta de um procedimento

para pouso com auxílio de instrumentos.

37

Pressão operacional / empresa Tráfegos na área das plataformas, grandes

distâncias percorridas, autonomia, movimentos de

navios e de plataformas devido às condições do

mar, cumprimento de horários.

Despacho e coordenação de voo Erros no preenchimento da documentação,

mudanças de planejamento.

Manutenção / Pessoal de solo Reparos, erros de manutenção, suporte

inapropriado, erros de reabastecimento.

Fonte: Do autor (2018)

Como visto acima, há uma gama enorme de ameaças que cercam esta operação, e

cabe à tripulação procurar se antecipar e agir de forma correta para que estas ameaças sejam

bem gerenciadas

2.4.2 Erros na operação off shore

Entendemos que, dado que os seres humanos operam com sistemas complexos, erros

ocorrerão e que sob situações de estresse e/ou sobrecarga de trabalho (ou trabalho

monótono ou sub carga), a probabilidade de ocorrência de erro pode ser ainda maior.

(HELMERICH, 1998)

Quadro 3 - Erros

Erros Exemplos

Checklist Erros de leitura, não cumprimento do check list.

Comunicações Falha de comunicação entre a tripulação e/ou

controlador de voo ou radioperador da plataforma.

Automação Falha na inserção de dados.

Controles de voo e voo manual Falhas em ajustes de potência, desvios verticais e

laterais, velocidades acima dos limites.

Briefings Falha na execução dos briefings ou a sua não

realização.

Instrumentos e radios Falhas na seleção dos rádios, ou dos instrumentos.

Outros procedimentos Desvios dos regulamentos, manuais de voo e SOP.

Fonte: Do autor (2018)

38

2.5 BENEFÍCIOS DO LOSA

2.5.1 Benefícios operacionais

Segundo o site do FAA (2011), os benefícios que o LOSA apresenta para uma

organização são:

a) Envolve Colaboradores

Estes são considerados especialistas na área em que atuam, e estão em uma posição

muito importante para identificar e registrar erros e ameaças. Com o treinamento de

observador do LOSA, eles terão as ferramentas necessárias, condições de se afastar de seus

papéis diários e identificar ameaças e erros que não são óbvios.

b) Complementa Programas de Segurança

O LOSA é distinto e ao mesmo tempo complementa outros programas de segurança,

como o HFDM mencionado anteriormente, sendo este dependente de resultados para gerar

dados. Em contraste, o LOSA mostra todas as atividades em operações normais.

c) Identifica e Gerencia Ameaças

Observadores analisam eventos no ambiente operacional (clima adverso, pressão do

tempo, documentação incompleta, entre outros) e como eles são gerenciados, desenvolvendo

procedimentos especiais ou avisos para ajudar a equipe a lidar com a ameaça conhecida.

d) Identifica e Gerencia Erros

Observadores analisam erros decorrentes das operações da própria organização e

como eles são gerenciados (itens de mau funcionamento da aeronave, não cumprimento de

lista de verificações entre outros).

e) Avalia a Eficácia do Treinamento

Os dados fornecidos pelos programas de treinamento permitem uma visão sobre

como os conceitos de treinamento são aprendidos e não se eles são realmente praticados. O

LOSA fornece informações operacionais, que podem ser revisadas através da perspectiva do

treinamento, para entender em quais áreas do treinamento, se houver, não estão sendo

transferidas com sucesso.

f) Verifica a Qualidade e a Empregabilidade dos Procedimentos

O LOSA fornece informações sobre problemas potenciais com procedimentos. Por

exemplo, se 5% dos tripulantes não conseguem cumprir um determinado procedimento,

39

poderá então haver um problema com estes tripulantes. Porém se 50% deles cometerem o

mesmo erro, então esta evidência sugere um problema com este procedimento.

g) Avalia as Margens de Segurança

Ameaças e erros mal gerenciados podem resultar em estados indesejados, com

diferentes graus de gravidade. Um erro de manutenção que não foi corrigido antes do

despacho de uma aeronave é um exemplo de um estado indesejado, também conhecido como

acidente e incidente precursor. O LOSA fornece dados sobre a prevalência e gerenciamento

desses acidentes e incidentes precursores. Assim, uma organização adquire dados sobre o

quão perto é operar no limite deste envelope de segurança sem que se cruze o limite de um

acidente ou incidente.

h) Estabelece Linha de Base para Mudança Organizacional

Os resultados do LOSA fornecem dados de medição de resultado, em relação a quais

intervenções organizacionais podem ser medidos. Usando um exemplo da área de saúde, isso

seria semelhante à determinação de cortar alimentos fritos ao haver indicação de colesterol

alto. No próximo check up, vai-se verificar se esta nova estratégia foi eficaz na redução do

colesterol.

Da mesma forma, um acompanhamento LOSA fornece um novo conjunto de

resultados que irá mostrar se as mudanças organizacionais foram eficazes na redução de certas

ameaças, erros e ou estados indesejados.

2.5.2 Benefícios comerciais

Aqui se demonstra ao leitor a diversidade e importância que o LOSA possui para a

organização. Sabe-se que este programa possui uma importância técnica fundamental para

uma empresa aérea operadora de helicópteros Off Shore, como estudado neste trabalho. No

entanto, a preocupação neste sub-item é mostrar que esta importância não se restringe

unicamente à parte Técnica e de Segurança, mas também se torna uma grande oportunidade

como diferencial para a empresa que o possui quando se analisa a importância da vinda de

empresas concorrentes existentes hoje no mercado.

Para poder explicar melhor esta oportunidade, a seguir apresentamos breve estudo

sobre quando a acirrada ameaça mercadológica referenciada acima se iniciou, observando,

inicialmente, o conceito da Globalização.

40

De acordo com o site De acordo com o site Brasil Escola (2017), a globalização é um

nome muito empregado para descrever a atual conjuntura do sistema capitalista e sua

consolidação no mundo. Na prática, ela é a total ou parcial integração entre as diferentes

regiões do planeta e a maior instrumentalização proporcionada pelos sistemas de comunicação

e transporte.

Mas o que é globalização exatamente?

Seguindo o mesmo entendimento, diversos estudiosos nas diferentes áreas do

conhecimento apresentam diferentes maneiras de conceituar globalização.

Em síntese, a globalização é a inter-relação sócio-espacial em escala mundial,

instrumentalizada pela conexão entre as diferentes regiões de nosso planeta. Pode-se afirmar

ainda que se trata de um processo que se iniciou há muitos anos e que está em contínua

evolução e transformação, de tal maneira que a união mundial entre as partes (regiões) do

mundo está cada vez maior. Há um século, por exemplo, a comunicação entre diferentes

partes do planeta até existia, porém era muito mais lenta e menos eficiente que a dos dias

atuais; esta, por sua vez, poderá ser considerada menos eficiente / eficaz em comparação com

as prováveis evoluções tecnológicas que ocorrerão nas próximas décadas.

Podemos dizer, então, que o mundo se encontra cada dia mais globalizado? Fica a

pergunta para que o leitor possa pensar nas recentes mudanças mundiais, tais como o Brexit e

o crescente movimento nacionalista que vem ocorrendo nos últimos anos em diversos países,

como nos Estados Unidos, França e outros.

Muitos analistas utilizam a expressão “aldeia global” para justificar este termo

globalização. O termo “aldeia” faz referência a algo pequeno, onde todas as coisas estão

próximas umas das outras, e remete à ideia de que a integração mundial no meio técnico-

informacional tornou o planeta metaforicamente menor.

Uma das características da Globalização é o fato de ela se apresentar em diversas áreas

do conhecimento que definem uma sociedade: cultura, espaço geográfico, educação, política,

direitos humanos, saúde, economia, e por que não, tecnologia.

Existem muitos autores que apontam os problemas e os aspectos negativos da

globalização, embora existam muitas polêmicas e discordâncias no cerne desse debate. De

toda forma, considera-se que o principal, entre os problemas da globalização, é uma eventual

desigualdade social por ela proporcionada, em que o poder e a renda se encontram em maior

parte concentrados nas mãos de uma minoria, o que atrela a questão às contradições do

capitalismo.

41

Além disso, acusa-se a globalização de proporcionar uma desigual forma de

comunicação entre os diferentes territórios, em que culturas, valores morais, princípios

educacionais e outros são reproduzidos obedecendo a uma ideologia dominante. Nesse

sentido, forma-se, segundo essas opiniões, uma hegemonia em que os principais centros de

poder exercem um controle ou uma maior influência sobre as regiões economicamente menos

favorecidas, obliterando, assim, suas matrizes tradicionais.

Entre os aspectos positivos da globalização, é comum citar os avanços

proporcionados pela evolução dos meios tecnológicos, bem como a maior difusão de

conhecimento. Assim, por exemplo, se a cura para uma doença grave é descoberta no Japão,

ela é rapidamente difundida (a depender do contexto social e econômico) para as diferentes

partes do planeta.

Outra vantagem da globalização é a maior difusão comercial e também de

investimentos, entre diversos outros fatores.

É claro que o que pode ser considerado como vantagem ou desvantagem da

globalização depende da abordagem realizada e, também, de certa forma, da ideologia

empregada em sua análise.

Não é objetivo, portanto, entrar aqui no mérito da discussão para dizer se esse

processo é benéfico ou prejudicial para a sociedade e para o planeta.

Neste trabalho, o objetivo é mostrar a importância que o LOSA possui como

oportunidade contra a ameaça que a concorrência acirrada impõe entre as empresas de

transporte aéreo Off Shore justamente num mercado altamente globalizado

Para entender esta análise da oportunidade versus ameaça, apresentamos a seguir um

estudo sobre Análise SWOT (Strenghts-Weakness-Opportunities-Threats), muito utilizado

no âmbito da área administrativa, mas que pode ser empregado em outras áreas do

conhecimento, principalmente a tecnológica.

Análise SWOT

Com a globalização, o estudo da estratégia empresarial é muito importante para as

empresas.

Quando se fala em estratégia, o que mais se analisa são os recursos que a empresa

possui. Quando se fala em recursos, muitos os relacionam com a área financeira. Mas isto é

uma verdade só em parte. O conceito de recursos é muito mais amplo. “Recursos” incluem

todos os ativos tangíveis e intangíveis de uma empresa (como capital, empregados,

42

conhecimento, informação, tecnologia). Simplificando, são riquezas que a empresa possui ou

que deve possuir para poder continuar no processo de vida e crescimento.

As empresas vivem em um ambiente altamente mutável. Uma empresa somente

consegue sobreviver quando possui a capacidade de se transformar, de ser flexível às

mudanças que ocorrem no ambiente em que vive. Pode-se conceituar ambiente como o meio

em que a organização vive. E o ambiente pode ser dividido em dois ambientes: o macro

ambiente, formado por forças potenciais como Forças Tecnológicas (neste trabalho cita-se o

LOSA), Forças Político-Legais, Forças Econômicas e Forças Sociais; e o ambiente setorial,

formado pelas cinco forças setorias (conhecidas também como as 05 Forças de Potter). São

elas: Concorrentes, Fornecedor, Cliente, Produtos (novos produtos) e os Novos Concorrentes.

Para que as empresas possam sobreviver e buscar seu crescimento, é importante

realizar constantemente Análise SWOT e estabelecer seus cruzamentos, para garantir o

permanente crescimento e sobrevivência.

Análise SWOT (Strenghts-Weakness-Opportunities-Threats): metodologia

desenvolvida por professores de Harvard nos anos 1960, considera as forças internas da

empresa (representada por suas forças e fraquezas relativas), bem como as forças externas

(representadas por oportunidades e ameaças) que o mercado apresenta.

As empresas Off Shore de transporte aéreo de pessoas são fundamentais para que estas

possam se deslocar buscando objetivos para as empresas em que trabalham de forma rápida e

eficaz. Para tanto, a busca por segurança de voo é fundamental, para que as empresas de

transporte aéreo possam continuar buscando novos clientes e manter os que possuem. Mas

como manter esta segurança com concorrências acirradas e os clientes buscando cada vez

mais preços baixos para reduzirem custos (pode-se considerar para estes fatos as ameaças do

Mercado)? Estamos então, diante, de um verdadeiro dilema: Custo x Concorrência x Clientes.

Enfim, a análise SWOT pode ajudar, quando se trabalha na busca de uma

oportunidade sob a ameaça de uma quantidade de concorrentes executando o mesmo serviço

com qualidade, e com clientes buscando diminuição de preços (Custo). A oportunidade está

justamente em adquirir um produto (Força) que traga maior interesse para o cliente e ao

mesmo tempo, elimine os concorrentes. Assim como ocorreu nos anos 90 com o Certificado

ISO 9000, as empresas aéreas de transporte Off Shore, implementado o LOSA em suas

operações, podem apresentá-lo como um diferencial (um produto novo e revolucionário –

uma força interna), diretamente ligado à vida das pessoas que ali são transportadas. Neste

quesito, o LOSA traz este diferencial.

43

Análise Cruzada de SWOT. As informações referidas abaixo devem ser enquadradas

nas categorias SWOT, para análise do cenário da empresa:

Strengths (forças) - vantagens internas da empresa em relação às

concorrentes. Ex.: qualidade do produto oferecido, bom serviço prestado ao cliente,

solidez financeira, etc.

Weaknesses (fraquezas) - desvantagens internas da empresa em relação

às concorrentes. Ex.: altos custos de produção, má imagem, instalações inadequadas,

marca de pouco valor, entre outros.

Opportunities (oportunidades) - aspectos externos positivos que

podem potenciar a vantagem competitiva da empresa. Ex.: mudanças nos gostos dos

clientes, falência de empresa concorrente, etc.;

Threats (ameaças) - aspectos externos negativos que podem pôr em

risco a vantagem competitiva da empresa. Ex.: novos competidores, perda de

trabalhadores fundamentais, etc.

É nesta visão que a análise cruzada é trabalhada.

Parte diferencial deste trabalho é apontar que ter o LOSA como um “produto de

segurança de vida” para as pessoas que ali estão utilizando o serviço é fundamental para

manter a empresa no topo de seus serviços no quesito qualidade, estando à frente da

concorrência que possui um preço mais baixo, com um serviço de qualidade inferior no que

diz respeito à segurança.

A organização que utiliza o serviço de transporte para seus funcionários certamente

pagará um preço justo e / ou mais caro quando se trata da segurança de vida dos mesmos. Ou

seja, uma empresa de transporte aéreo que tem o programa LOSA como pilar diferenciado em

relação à gestão de Segurança Operacional, sairá à frente dos concorrentes, já que a vida

humana não possui preço. Esse é o pensamento comum nas empresas que utilizam este

serviço.

Com isto, concluímos que a crescente globalização de mercados aumenta a

competição entre as empresas e o decorrente desafio para sua sobrevivência.

As aquisições, fusões e privatizações em curso ilustram bem o quadro atual das

iniciativas estratégicas de resposta empresarial à confrontação global. O emprego cada vez

maior da informática, tecnologia associadas às telecomunicações, está eliminando barreiras,

encurtando distâncias e aproximando pessoas e organizações.

44

Ao analisarmos como as Forças e Fraquezas de uma empresa estão influenciando a

chance de Oportunidades ou Ameaças acontecerem, estamos realizando a Análise Cruzada de

SWOT. Esse cruzamento pode ser um dos principais determinantes de quais planos de ação

serão desenvolvidos para colocar na prática suas estratégias.

Figura 5 - Análise SWOT

Fonte: https://marketingdeconteudo.com/como-fazer-uma-analise-swot/ (2016)

45

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo tem por objetivo a apresentação dos resultados de pesquisa aplicada a

colaboradores de uma empresa operadora de helicópteros Off Shore no Rio de Janeiro que faz

o uso do LOSA como ferramenta adicional na gestão de segurança operacional. Foi elaborado

um questionário com cinco perguntas relacionadas ao objetivo proposto, levando em

consideração os conceitos teóricos apresentados no capítulo anterior. Este material foi

enviado via e-mail para ser respondido pelos seguintes entrevistados: Gerente de Operações,

GSO (Gerente de Segurança operacional), ASV (Agente de segurança de Voo), Chefe de

Equipamento que opera o maior número deste modelo de aeronave na área do Pré-sal,

observadores do LOSA e comandantes que operam na área da Bacia de Santos (Pré-sal).

Foram citadas as funções mantendo a identificação individual em sigilo para a preservação da

fonte.

Abaixo apresentamos o cruzamento das respostas de forma sintetizada para melhor

compreensão da pesquisa realizada.

Respondendo a primeira questão em relação ao diferencial das empresas que aplicam

o LOSA em suas operações, houve unanimidade dos entrevistados em suas respostas

ressaltando a importância da utilização desta metodologia. As expressões em destaque são:

alto padrão de excelência, segurança de voo, prévio gerenciamento de ameaças,

rastreabilidade de treinamento, identificação e correção de erros, implementação de barreira

de segurança para prevenção de acidentes e incidentes, diferencial comercial em disputas de

contratos, ferramenta proativa para sedimentar o SOP. Na análise das respostas fica claro que

todos os envolvidos apontam para a importância da questão da padronização das operações e

conseqüente aumento de segurança nos voos.

Na segunda questão, que destaca pontos positivos e negativos do LOSA, 100% dos

entrevistados citaram pontos positivos e apenas 20% mencionaram aspectos negativos.

Dentre os pontos positivos foram mencionadas a importância do diagnóstico com consequente

padronização, operações com a elevação de níveis de segurança, redução de vícios de

trabalho, boas práticas e melhoria contínua, minimização de estados indesejáveis. No que diz

respeito à análise dos aspectos negativos, foram observados problemas relacionados às

avaliações elaboradas por auditorias, apuração de erros individuais e coletivos, que, com a

quebra do sigilo, podem levar a punições para os colaboradores o que pode criar um ambiente

organizacional negativo. Neste ponto deve-se ter muita cautela na implantação e treinamento

de colaboradores. Em suma, a empresa não deve utilizar a implementação da metodologia

46

para outro fim que não seja a procura pela melhoria contínua dos procedimentos operacionais.

A possível punição de colaboradores pode representar obstáculo na implantação do LOSA.

A terceira pergunta aborda a questão da segurança após implantação do LOSA. Há

praticamente um consenso dos entrevistados em relação aos ganhos na qualidade da

segurança de voo e minimização dos possíveis riscos. É lugar comum nesta abordagem a ideia

de que a metodologia e conceitos aplicados pelo programa reforçam os padrões operacionais,

transmitindo mais confiança às pessoas envolvidas no processo.

Cabe, ainda, nesta questão levar em consideração a análise relativa a custo X

benefício. Toda organização tem custos diretos e indiretos, sendo que estes últimos não terão

cobertura em caso de sinistro (acidente ou incidente), acarretando prejuízos à operação tais

como: perdas de equipamentos materiais e humanos, ações judiciais e considerável dano à

imagem da organização junto aos seus contratantes e à sociedade, em face de evento adverso.

Acidentes e incidentes têm impacto negativo nos negócios de qualquer empresa,

principalmente do setor aéreo, onde o alto valor agregado está inserido em suas operações.

Gestores destas empresas precisam buscar um equilíbrio entre produção e segurança,

objetivando o planejamento dos recursos financeiros para alcance de melhor competitividade

no mercado.

Segundo o documento 9859 AN 474 da ICAO, a busca do equilíbrio citado no

parágrafo anterior é chamado de Management Dilemma (Dilema do Gerenciamento) e

consiste em:

Processos de gerenciamento de segurança que identificam riscos com o potencial de

afetar adversamente a segurança. Estes processos também fornecem mecanismos

efetivos e objetivos para avaliar o risco apresentado pelos perigos e formas de

eliminar ou mitigar os riscos associados a eles. O resultado desses processos é

facilitar a realização de um nível de segurança aceitável, equilibrando

simultaneamente a alocação de recursos entre a produção e a proteção / segurança.

(Doc 9859 AN 474. Chapter 2. P. 2-13. Tradução do autor)

Inserido neste processo de gerenciamento, temos o que se chama de Safety Space

(Espaço de Segurança). A figura abaixo mostra uma área onde deverá haver equilíbrio entre

produção e a proteção esperada. De nada adiantará para a organização investir em produção

em detrimento da proteção, ação que poderá resultar na ocorrência de acidente.

Em contrapartida, a maior alocação de recursos para a proteção pode vir a

inviabilizar a operação de uma empresa.

47

Figura 6: Produção X Proteção

Fonte: SMM ICAO Doc 9859 (2013)

Do ponto de vista comercial, foi pontuada vantagem competitiva em relação aos

concorrentes, uma vez que a operadora com o programa LOSA implantado reduz

significativamente os riscos de incidentes e acidentes. Nas respostas ficou clara a impressão

de que os clientes optam, preferencialmente por empresa com alta performance de segurança

operacional. Em termos de lucratividade, foi citada também, como conseqüência, a redução

do custo operacional relacionado ao valor do seguro e baixa rotatividade de colaboradores.

Finalmente, a questão que aborda ameaças e erros na operação Off Shore no Pré-sal

enfoca aspectos relativos às dificuldades na rotina com ênfase na precariedade do controle de

fluxo aéreo no percurso da base à plataforma. Outras dificuldades previstas no gerenciamento

de riscos são falhas no cumprimento do checklist, condições meteorológicas, gerenciamento

de combustível, sinalização de pistas e helidecks, voos visuais sob condições meteorológicas

por instrumentos e ameaça de perigo aviário. Para todas estas ocorrências existem

procedimentos padronizados de segurança de voo.

Sem deixar de valorizar a importância dos conceitos teóricos aqui fundamentados, o

trabalho ganhou corpo com as entrevistas realizadas em que a prática, experiência e vivência

dos entrevistados complementaram de forma enriquecedora a base teórica.

Concluindo, a pesquisa de campo nos permite verificar que o programa do LOSA é

considerado de suma importância para segurança e padronização dos procedimentos

operacionais. É imprescindível que a equipe responsável pela implantação do sistema

48

privilegie a conscientização dos envolvidos na busca de melhorias como ponto forte, deixando

claro que a intenção do processo não é ser um instrumento punitivo e, sim, de treinamento e

aprendizado contínuo.

49

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na aviação, acidentes e incidentes não são comuns mas, quando ocorrem, podem

trazer sérios danos para as pessoas e organizações envolvidas, como também um impacto

direto no mercado, gerando consequências financeiras e legais.

Prioritariamente, as empresas precisam assegurar o real cumprimento de normas

adotadas pelos órgãos reguladores e adotar técnicas para a manutenção de suas operações com

um alto padrão de segurança.

Como citado anteriormente, com o avanço tecnológico das aeronaves e, como

consequência, a diminuição de falhas, o fator humano ganhou destaque devido à relação com

o avanço da tecnologia e complexidade das operações.

Além disto, verificamos que a regulamentação internacional preconizada através da

ICAO sempre buscará a padronização dos procedimentos, bem como o aumento da segurança

operacional para que todos os estados membros possam adotar os mesmos padrões,

facilitando, assim, as operações aéreas e elevando o nível da segurança na aviação. Também é

fato que apenas o cumprimento ou adequação das normas impostas ou propostas pela agência

reguladora e instituições internacionais não garantem uma efetividade esperada dos

programas implementados pelas organizações. Os gestores devem incentivar e valorizar a

adoção de cultura de segurança para todos os colaboradores envolvidos, buscando um alto

nível de qualidade em seus voos, mitigando, desta forma, erros e ameaças que são inerentes às

operações aéreas e que podem ser mal gerenciados pelos tripulantes, levando a situações

indesejáveis.

Qualificação e treinamento também de nada adiantarão se a organização, através de

seus gestores, não estiver comprometida com uma cultura de segurança operacional proativa.

Sendo assim, estes processos apenas servirão para cumprir o que é preconizado pela agência

reguladora, deixando de ter um resultado efetivo na área da segurança das suas operações.

Cabe também aos gestores estruturar os diversos programas que estão inseridos no SGSO,

entre eles, o LOSA, descrito neste estudo.

O LOSA deve ser sistemático, estando em conformidade com um plano

predeterminado pela empresa, devendo ser aplicado em toda a sua estrutura. Proativo, uma

vez que identifica as ameaças e busca a mitigação dos riscos inseridos nas operações e, por

último, deverá ser explícito, pois o processo é integralmente documentado, ficando disponível

para todos os colaboradores da organização.

50

As empresas não deverão aceitar nenhum risco desnecessário, pois não obterão

qualquer retorno proporcional em termos de benefícios ou oportunidades. Tudo envolve risco.

As opções mais lógicas para realizar uma tarefa são aquelas que atendem a todos os

requisitos, com o risco mínimo aceitável, desde que, os benefícios superem os custos. Como

afirma Reason (2001, p. 27. Tradução do autor), “Eu comparo o gerenciamento da segurança

operacional com uma luta de guerrilha, na qual não ha vitoria final. É uma batalha sem fim

para identificar e eliminar ou controlar os perigos”.

Esta pesquisa visa a contribuir para que as empresas de táxi aéreo Off Shore,

operadoras de helicópteros, possam, através do LOSA, programa que surgiu das grandes

companhias aéreas, um avanço nas suas tomadas de decisões, já que buscam a redução dos

riscos de acidentes e incidentes, uma vez que o ambiente onde se localizam as plataformas

marítimas é extremamente hostil. Também procuram a alocação mais adequada de seus

recursos, da forma exemplificada na análise SWOT.

Após a apresentação e análise do vasto material bibliográfico utilizado nesta pesquisa,

aliado ao relato das experiências práticas apontadas nas entrevistas gentilmente concedidas

pelos colaboradores das empresas, não restam dúvidas quanto à importância da aplicação do

programa LOSA nos voos Off Shore na área do Pré-sal.

51

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54

APÊNDICE A - Questionário de Pesquisa

55

QUESTIONÁRIO

A - PERFIL DO ENTREVISTADO

1 Cargo:

( ) Gestor ( ) Tripulante ( ) Segurança de voo ( ) Terceirizado

Divisão/Unidade em que trabalha:______________________________________________

2 Faixa Etária:

( ) Até 19 anos ( ) 25 – 29 anos ( ) 35 – 39 anos ( ) 45 – 49 anos

( ) 20 – 24 anos ( ) 30 – 34 anos ( ) 40 – 44 anos ( ) Acima de 50 anos

3 Sexo:

( ) Feminino ( ) Masculino

4 Há quanto tempo trabalha na instituição?

( ) Há menos de 1 ano ( ) Entre 5 e 9 anos ( ) Entre 15 e 19 anos

( ) Entre 1 e 4 anos ( ) Entre 10 e 14 anos ( ) Há mais de 20 anos

5 Nível de escolaridade:

( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Técnico

( ) Graduação ( ) Graduação em andamento Curso: ___________________________

( ) Especialização ( ) Especialização em andamento Área: ________________________

( ) Mestrado ( ) Mestrado em andamento Área: ___________________________

( ) Doutorado ( ) Doutorado em andamento Área: ___________________________

56

APÊNDICE B - Roteiro de Entrevista

57

Roteiro de Entrevista

Entrevistado 1

Nome: A.R. Idade: 40 anos. Função: Gerente de Operações. Tempo de empresa: 10

anos. Graduação: Superior incompleto.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: As empresas produtoras de óleo e gás seguem um padrão de excelência no campo

da segurança de voo sempre visando a uma operação padronizada e com o máximo de

segurança para os seus colaboradores. Com isto, as empresas de táxi aéreo que definem este

mercado como target, precisam se adequar a estes padrões operacionais.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: De positivo, podemos garantir que a operação estará sempre buscando um padrão

operacional elevado, diminuindo assim os desvios possíveis na operação.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: Sim. Após a análise de um ciclo de auditoria LOSA, os erros e desvios são

informados para o grupo de voo. Com o objetivo de mitigar tais eventos, os tripulantes

tendem a se policiar na operação; com isso, podemos concluir que após a emissão dos

relatórios do LOSA, as ocorrências tendem a diminuir.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: Além de demonstrar para os clientes que a empresa tem em seu portfolio o LOSA,

mostrando assim o seu compromisso com a segurança nas suas operações, padronizam-se suas

operações, o que se traduz em economia operacional e, sobretudo em segurança.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: A maior ameaça é a falta de um controle de fluxo aéreo em todos os setores de Pré-

sal. Atualmente temos aeronaves oriundas de diversas direções sendo elas do Rio de Janeiro,

Cabo Frio. Após as saídas das aéreas monitoradas pelo radar de área, as aeronaves realizam

uma autocoordenação dentro da área do Pré-sal, elevando assim o risco destas operações. Um

dos maiores erros é o cumprimento incorreto da leitura do checklist.

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Entrevistado 2

Nome: F.K. Idade: 56 anos. Função: GSO. Tempo de empresa: 8 anos. Graduação:

Mestrado em Ciências Navais.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: Poder gerenciar as ameaças que se apresentam na operação de forma preventiva,

sem depender de reportes voluntários.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: Somente pontos positivos, tais como diagnosticar procedimentos e processos que

precisam ser mais bem entendidos ou aprimorados.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: Sim. Pois as ameaças da operação foram gerenciadas e com isso o risco pode ser

reduzido com a implementação de novas medidas de controle e/ou reformulação das medidas

já existentes.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: A elevação do nível de segurança da empresa é percebida por atuais ou potenciais

clientes que podem contratar a empresa baseados também na efetividade do SGSO.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: Principais ameaças são os movimentos de helideck, voos visuais sob condições

meteorológicas de voo por instrumentos, conflito de tráfego aéreo, pássaros nas imediações

das áreas de pouso, diversidades de documentos legais. E erros de cumprimento de padrões

operacionais.

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Entrevistado 3

Nome: H.C. Idade: 61 anos. Função: ASV. Tempo de empresa: 1 ano. Graduação:

Mestrado e MBA em gestão de Negócios.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: Certamente apresentará um sistema de padronização mais robusto e consistente

com resultados rastreáveis com aplicações eficazes, tanto na padronização quanto no

treinamento.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: Quando sua implementação é realizada de forma clara com apresentações objetivas

e demonstração de praticidade, o programa de auditoria LOSA é sempre bem aceito em

virtude da identificação de melhorias na condução padronizada das operações que as tornam

mais seguras.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: Sim. Porque os perigos e ameaças identificadas no processo são tratados de forma

sistêmica e permitem aplicar barreiras eficazes na padronização de procedimentos que visam

garantir a condução segura dos voos, não deixando margem a improvisos ou uso excessivo de

criatividade em situações em que as decisões da tripulação, face às ameaças já identificadas,

ganham respaldo e confiança dos clientes contratantes dos serviços da empresa.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: Com a diminuição das taxas de incidentes e ocorrências indesejadas há um reflexo

direto na lucratividade da empresa e um menor custo do seguro; com isso, a empresa passa a

ser mais competitiva no mercado.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: Em geral a operação Off Shore é realizada em ambiente muito peculiar quando

comparada a outras operações de linha aérea em geral. O pouso a bordo, a dinâmica das

unidades marítimas (navios, sondas e plataformas de produção) aliado à intensidade dos voos,

tornam as operações complexas e passíveis de diversas ocorrências que têm a origem em

ameaças sempre presentes e que, se não identificadas e devidamente tratadas com as barreiras

eficazes tais como treinamento, padronização e procedimentos claros, podem levar a eventos

indesejáveis e com grande impacto econômico.

Podemos elencar as seguintes ameaças e erros mais comuns:

Erros de planejamento de voos.

Erros de cumprimento de checklist.

Erros de interpretação de sinalização de pistas e helidecks.

Erros no cumprimento de procedimentos de voo.

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Ameaça de interferência de tráfego ou quase colisão.

Ameaça de vertigo por baixa proficiência e treinamento mal dimensionado para voos visuais

em condições meteorológicas por instrumentos.

Ameaça do perigo aviário.

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Entrevistado 4

Nome: D.L. Idade: 52 anos. Função: Chefe de Equipamento. Tempo de empresa: 6 anos.

Graduação: Mestrado em Ciências Navais.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: O programa LOSA traz padronização de procedimentos dentro da empresa e dentro

de uma frota específica, além de permitir identificação e correção de erros de procedimentos.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: Conforme a resposta anterior, o resultado positivo maior é a padronização dos

procedimentos. Os tripulantes que têm a consciência do que o LOSA traz de positivo, estarão

contribuindo para uma elevação nos níveis de segurança operacionais com o correto

cumprimento das normas operacionais preconizadas pela empresa.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: Sim. Todo o processo com o objetivo de identificar a falta de padronização e erros

de procedimentos traz uma maior segurança a toda a empresa.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: A adoção de um processo formal do LOSA, com ciclos completos de trabalho

confirmados em auditorias, pode pesar na decisão de potenciais contratantes que sabem da

real importância quando uma empresa investe na segurança de suas operações de vôo.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: Há uma gama enorme de ameaças e erros que podem ocorrer na operação Off

Shore, para os quais barreiras precisam ser criadas e nunca negligenciadas. Em minha

opinião, problemas de gerenciamento de combustível devido às grandes distâncias e o perigo

aviário representam grandes ameaças a esta operação no Pré-sal, e um dos maiores erros são

os desvios de procedimentos padronizados (SOP).

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Entrevistado 5

Nome: V.M. Idade: 42 anos. Função: Cmte e Observador LOSA. Tempo de empresa: 7

anos. Graduação: Superior completo.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: A empresa que adota o LOSA pode acompanhar com maior proximidade o nível de

adequação dos tripulantes aos procedimentos operacionais, as maiores fontes de ameaças e os

erros mais comumente ocorridos durante uma operação normal, ou seja, sem as diferenças em

relação a voos realizados em simuladores ou sob a presença de um examinador.

Consequentemente, ela pode se valer dos dados coletados para implementar barreiras de

segurança muito antes que tais ameaças ou erros ingressem ou resultem em uma cadeia de

eventos catastróficos – incidentes ou acidentes.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: De positivo, além de uma possível adoção de práticas ou barreiras que aumentam o

nível de segurança, como já citado, o grupo de voo se beneficia com uma maior padronização

do voo, com menor diferença entre as formas de trabalho dos indivíduos e menor nível de

estresse.

De negativo, entendo que o maior problema decorre de eventuais erros de implementação do

programa, que possam resultar em rejeição ás auditorias, aos relatórios emitidos ou ás práticas

que seriam adotadas em consequência das auditorias. Por exemplo: quebra nos sigilos das

auditorias, utilização das mesmas para punir erros (individuais ou coletivos) dos tripulantes

ou a implantação de metodologias contrárias á prática anteriormente adotada e

comprovadamente segura.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: Sim. Porque o programa permite a identificação de erros e ameaças que

efetivamente fazem parte do dia a dia da companhia. Em outras palavras, as alterações

procedimentais a serem implementadas a partir dos estudos do LOSA decorrem diretamente

de situações observadas na empresa e não de problemas vivenciados em outros locais ou

outros tipos de operação, que podem nem ser relevantes para a empresa.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: Os custos de implementação de uma auditoria LOSA são reduzidos e a empresa se

beneficia diretamente por um aumento geral dos níveis de segurança que tende a reduzir os

custos operacionais e um ganho de imagem perante aos seus clientes, o que aumenta a

possibilidade de uma contratação de serviços. Podemos dizer, também, que com o aumento da

segurança há uma satisfação dos colaboradores em fazer parte desta equipe, diminuindo assim

a rotatividade e os custos de treinamento.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

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Resposta: As ameaças mais frequentes encontradas são: perigo aviário, em especial nas

proximidades dos aeroportos, alteração de hora dos voos já planejados, variações nas

condições meteorológicas, erros de serviços de estações de comunicações (torres de controle e

serviços de rádio das plataformas), trafego aéreo e falhas de sistemas da aeronave.

Os erros mais observados são: utilização incompleta ou incorreta dos checklists, ausência de

briefings e erros de digitação de comandos nos sistemas da aeronave como piloto automático

e nos sistemas de navegação.

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Entrevistado 6

Nome: F.O. Idade: 60 anos. Função: Cmte e Observador LOSA. Tempo de empresa: 6

anos. Graduação: Superior incompleto.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: A empresa que tem o LOSA implementado demonstra que está preocupada com a

segurança e a padronização de seus procedimentos ligados ao voo. Ela será beneficiada com o

aumento da segurança de voo já que a padronização das operações minimizam as

possibilidades de erros no processo. Também será beneficiada por este diferencial sobre

outras empresas que ainda não aplicam o LOSA quando na disputa de contratos com as

empresas interessadas nos seus serviços.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: Para o grupo de voo o positivo é que com a padronização exigida os procedimentos

ficam mais claros, e a operação de voo mais segura, já que elimina boa parte dos vícios e

maus costumes que alguns pilotos trazem de operações anteriores. Não vejo parte negativa

para o grupo de voo.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: Teoricamente sim, já que a grande maioria dos envolvidos nas operações tende a

seguir a padronização que o LOSA exige. Mas é preciso ver se os resultados estão

melhorando realmente ou se os desvios se tornam repetitivos, demonstrando que os

envolvidos não estão assimilando as mudanças.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: Como dito acima, os benefícios comerciais serão mais clientes procurando os

serviços das empresas sabidamente envolvidas com uma padronização que leva ao aumento

da segurança de voo. Isso resultará em novos contratos.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: As ameaças na aviação são muitas: meteorologia, manutenção e muitas outras.

Especialmente no pré-sal, uma área bastante distante da costa, esses problemas ficam mais

evidentes já que pela distância e a quase inexistência de pousos seguros - caso haja algum

evento negativo - torna a operação bastante crítica. Somente com bastante treinamento, tanto

das equipes de voo como de manutenção, os padrões de segurança serão alcançados. A

prevenção é a melhor arma contra os imprevistos.

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Entrevistado 7

Nome: N.F. Idade: 56 anos. Função: Cmte. Tempo de empresa: 7 anos. Graduação:

Superior incompleto.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: O aumento dos níveis de segurança traz como consequência a qualidade dos

serviços prestados, a aderência por parte dos tripulantes aos diversos procedimentos da

empresa.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: De positivo, uma maior conscientização da importância do correto cumprimento

dos procedimentos operacionais, levando o tripulante a adotar uma forma proativa no

gerenciamento dos erros e ameaças durante os voos.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: As operações Off Shore já estão em um patamar de segurança elevado, porém com

a auditoria LOSA busca-se uma nova mentalidade dos tripulantes no sentido de se manterem

dentro dos parâmentos operacionais estabelecidos pela empresa.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: Com uma operação mais padronizada, a empresa vai gerar um lucro pela

continuação de seus voos sem incidentes ou acidentes, valores de seguro irão cair e assim a

empresa continuará com preços competitivos perante seus clientes.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: A maior ameaça é a localização da área de exploração que coloca as aeronaves em

seu limite de autonomia. Adicionado a isso, temos o fato de que um dos aeródromos que serve

como base principal, está limitado às operações VFR. Os erros de procedimento costumam ser

os mais comuns.

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Entrevistado 8

Nome: S.H. Idade: 52 anos. Função: Cmte. Tempo de empresa: 6 anos. Graduação:

Mestrado em Ciências Navais.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: O diferencial é a elevação do nível de padronização dos tripulantes através da

observação de desvios ou ausência de cumprimento de procedimentos ou regras, assim como

dos acertos e boas práticas, contribuindo desta forma, através de ajustes, para elevação do

nível de segurança das operações.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: Positivo: A identificação de “pontos fracos” ou falhas, muitas vezes fruto do

trabalho de rotina, ou vícios, trazidos de experiências anteriores; os quais, quando bem

interpretados, divulgados e trabalhados, irão contribuir para sua correção e aperfeiçoamento, o

que normalmente é bem recebido por todos. A identificação positiva de boas práticas e

procedimentos bem realizados tornanda-se um estímulo ao grupo de voo na busca da melhoria

contínua.

Negativo: A deficiente compreensão do objetivo do trabalho do LOSA ou ainda, a

participação de observadores sem qualificação e a interpretação por alguns tripulantes como

sendo este um processo que irá transmitir à chefia os erros ou deficiência individuais durante

a auditoria dos voos LOSA. Isto contribui para um clima organizacional indesejado, caso o

programa não seja bem disseminado e conduzido.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: Sim. O processo como um todo é uma oportunidade para uma contínua melhoria da

segurança e dos padrões operacionais da empresa, através de identificação de pontos fracos e

fortes, permitindo ajustes que ao longo do tempo levam a empresa aos mais elevados padrões

de qualidade.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: Um sistema de auditoria interna como o LOSA demonstra preocupação e

investimento da empresa na melhoria de seus processos e incremento da segurança das

operações, assim como a elevação da qualidade dos serviços prestados. Os benefícios

comerciais decorrerão da conquista de contratos e interesse dos clientes em empresas que

possam oferecer qualidade e, acima de tudo, segurança nas operações e transporte de seus

colaboradores, material e executivos.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: As principais ameaças estão relacionadas às condições meteorológicas, falta de

alternativas de pouso sobre o mar, limitação de autonomia, assim como um acompanhamento

e controle deficiente da movimentação destas aeronaves dentro da aérea do Pré-sal.

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Como erros podem-se considerar: deficiente planejamento em função de falhas na confecção

da documentação do voo, nos cumprimentos de regras além dos erros normalmente

conhecidos e atribuídos ao fator humano.

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Entrevistado 9

Nome: V.S. Idade: 63 anos. Função: Cmte. Tempo de empresa: 5 anos. Graduação:

Mestrado em Ciências Navais.

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: É uma ferramenta proativa para detectar falhas na operação e também para

sedimentar o cumprimento correto dos procedimentos operacionais padronizados.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: Só vejo pontos positivos, como uma conscientização do grupo de voo para manter

os níveis aceitáveis de segurança operacional de vôo, de forma a minimizar os estados

indesejáveis.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: Sim. Com o LOSA os erros e ameaças são mitigados, procurando evitar que um

acidente ou incidente possa a vir ocorrer durante as operações da empresa.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: Acredito que com o LOSA implementado, a empresa poderá aplicar valores mais

competitivos nas licitações e na busca de novos clientes, na medida em que o seu custo

operacional ficará mais barato em face da maior segurança das suas operações.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: Voos de longa duração tendem a levar as tripulações a serem menos diligentes nos

procedimentos operacionais. Essa redução do alerta situacional poderá levar a erros de

interpretação nos momentos mais críticos do voo. Longas distâncias também são uma grande

ameaça visto que a autonomia das aeronaves fica bem próxima de seu limite. O risco aviário e

erros de interpretação de documentos também estão presentes nesta operação.

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Entrevistado 10

Nome: G.S. Idade: 63 anos. Função: Cmte. Tempo de empresa: 6 anos

1- Qual o diferencial que uma empresa operadora de helicópteros Off Shore possui com o

LOSA implementado em seu Sistema de Segurança Operacional?

Resposta: É fato que o LOSA implementa uma elevação da consciência situacional,

principalmente ao permitir, a bordo, um auditor piloto com o objetivo de identificar as

“Fraquezas” no convívio de cabine.

2- O que o LOSA traz de positivo ou negativo para o grupo de voo?

Resposta: Traz de positivo exatamente a oportunidade de identificar atitudes cotidianas que

podem desviar a atenção dos procedimentos previstos.

3- As operações de uma empresa, após o processo do LOSA podem ser consideradas mais

seguras? Por quê?

Resposta: É evidente que após auditoria do LOSA a empresa adota procedimentos para

minimizar os desvios encontrados e, com isto, eleva-se a segurança das operações.

4 – Quais os benefícios comerciais que o LOSA pode trazer para a empresa?

Resposta: Ao corrigir desvios eventuais, eleva-se o nível de segurança através da disciplina e

da consciência situacional. Isto gera operações mais seguras e diminui a possibilidade de

incidentes/acidentes que são onerosos.

De forma similar, a operação mais segura atrai mais clientes.

5 – Descreva quais as ameaças e erros que podem estar inseridos na operação Off Shore na

área do Pré-sal.

Resposta: A maior ameaça na operação do Pré-sal é a autonomia restrita devido á grande

distância percorrida; também podemos incluir o risco de pássaros nas proximidades dos

aeroportos e unidades marítimas, além de panes nas aeronaves.

O erro mais preocupante é a execução de checklist e procedimentos operacionais

padronizados de forma incorreta por parte da tripulação.