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UNIVERSIDADE DE UBERABA UNIUBE VINICIUS DE FREITAS CARNEIRO SLACKLINE: A ATIVIDADE FÍSICO-ESPORTIVA COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUILÍBRIO BIOPSICOSSOCIAL UBERABA MG 2013

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UNIVERSIDADE DE UBERABA – UNIUBE

VINICIUS DE FREITAS CARNEIRO

SLACKLINE: A ATIVIDADE FÍSICO-ESPORTIVA COMO

FERRAMENTA DE PROMOÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUILÍBRIO

BIOPSICOSSOCIAL

UBERABA – MG

2013

VINICIUS DE FREITAS CARNEIRO

SLACKLINE: A ATIVIDADE FÍSICO-ESPORTIVA COMO

FERRAMENTA DE PROMOÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUILÍBRIO

BIOPSICOSSOCIAL

Trabalho apresentado à Universidade de

Uberaba, como parte das exigências à

conclusão do Trabalho de Conclusão de Curso

do 9º período do curso de Psicologia.

Orientador(a): Profª Ms. Liliane Cristina de

Além-Mar e Silva.

UBERABA – MG

2013

3

RESUMO

Toda e qualquer atividade física influencia em vários aspectos a vida do praticante. Sem distinção de idade, a

atividade físico-esportiva contribui para o desenvolvimento biológico, social e psicológico do indivíduo. Tendo

por base essas informações, este trabalho teve por objetivo pesquisar, através de experiência pessoal e revisão de

literatura na base de dados virtual Scielo, em artigos publicados entre o ano de 2000 e 2013, por meio das

palavras chave - equilíbrio, esporte, postura e psicologia -, a capacidade da atividade física e, por conseguinte, o

Slackline enquanto ferramenta na manutenção do equilíbrio do praticante. Com as pesquisas, verificou-se que o

esporte interfere diretamente em todo o contexto de vida do indivíduo dentro e fora da prática do exercício.

Através da prática do Slackline junto a um grupo de praticantes (SlackUra) da cidade de Uberaba, Minas Gerais,

foram percebidos fatores biopsicossociais sendo desenvolvidos pelos praticantes, desde as emoções, contatos

sociais ao condicionamento físico. Assim sendo, as diferentes modalidades do slackline mostram-se potentes

ferramentas para o desenvolvimento de diversos aspectos do sujeito, englobando sua interação social, e fatores

psicológicos que irão auxiliar na promoção e manutenção de equilíbrio como um todo.

Palavras-chave: Equilíbrio. Esporte. Slackline. Atividade Física.

4

Aos meus queridos e amados pais,

Ubiratan e Rosana por toda a

dedicação e empenho para a

realização deste sonho. Ao meu

querido e amado irmão Vitor pelo

apoio e incentivo que me foram

fundamentais para seguir nesta

caminhada. Amo vocês!

5

AGRADECIMENTOS

Palavras faltam-me para expressar a enorme e sincera gratidão que tenho pelos meus

pais Ubiratan Carneiro de Souza e Rosana Mára de Freitas, por terem, dentre milhares de

feitos, me incentivado durante toda essa jornada ao longo do curso, bem como por

acreditarem neste sonho junto comigo. Ao meu irmão Vitor, companheiro indiscutível, ainda

que longe durante quase todo o curso, se fez presente em coração e confiança que me foram

necessários para erguer ainda mais a cabeça e prosseguir caminhando confiante. Ao irmão de

jornada Rafael, pela energia e troca de experiências no decorrer dos longos anos de amizade

cultivados de evolução. Aos meus avós, tios, primos e àquelas pessoas especiais que cruzaram

minha, por cada gota de confiança que depositaram em mim e pelo apoio nessa minha

escolha.

Expresso também minha profunda gratidão a todo o grupo de Slackline de Uberaba, o

SlackUra, que me proporcionou momentos inesquecíveis, os quais foram dotados de uma

profunda satisfação pela vivência da união, da humildade, do aprendizado e muitos outros.

Em especial, àqueles que conduzem carinhosamente o grupo e o esporte na cidade, de modo

que outras pessoas também possam experimentar essas vivências.

Agradeço também, de coração, a todos os mestres com quem tive a oportunidade de

aprender e conviver no decorrer deste curso, presenciando momentos marcantes e eternos,

moldando-me profissionalmente. À minha orientadora Liliane que, com muita qualidade e

competência, orientou-me devidamente de acordo com minhas condições e limitações durante

toda a construção deste trabalho.

Aos amigos e colegas de curso que me somaram pessoal e profissionalmente. Em

especial, àqueles que convivi durante esses quase cinco anos, pelo respeito e pelo aprendizado

obtido. Cada um marcou-me uma lição importante ensinando-me algo que levarei ao longo da

minha vida. Agradeço as amizades que construí e cultivei com pessoas especiais que me

deram apoio e exemplo durante toda a trajetória percorrida ajudando-me a chegar onde estou.

Muito Obrigado!

6

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................. 7

1.1. SLACKLINE.............................................................. 8

2. OBJETIVO.........................................................................10

3. METODOLOGIA..............................................................11

4. RESULTADOS..................................................................12

5. DISCUSSÃO......................................................................15

6. CONCLUSÃO...................................................................18

6.1. RELATO DE EXPERIÊNCIA.................................18

7. REFERÊNCIAS................................................................22

7

INTRODUÇÃO

A atividade física traz inúmeros benefícios ao ser humano e, por isso, é vista como

sinônimo de saúde e bem estar pelas pessoas. Apesar desta visão positiva, há uma redução da

prática de atividades físicas no período da adolescência, fase a qual, há uma grande

determinação do estilo de vida que será seguido no futuro (VIANA et al, 2010).

A prática regular de exercícios físicos, também proporciona uma mudança física e

comportamental bastante notável na fase idosa, onde há perda de fatores biológicos

significativos para o indivíduo. Nesta fase, o ser humano passa a ser menos independente

devido a essas alterações fisiológicas e naturais (PEDRINELLI et al, 2009). Em virtude disso,

a atividade física nessa faixa etária, envolve fatores diversos além do físico.

Outro contexto em que as atividades físicas são inseridas é em casos específicos de

algumas doenças. Conforme um estudo relacionando a atividade física à Doença de Parkinson

de Rodrigues-de-Paula et al, (2011) foi comprovado não que o exercício cura, mas que ele

possui recursos para retardar a progressão da doença. O condicionamento físico também

torna-se uma consequência de suma importância ao praticante tanto em tratamentos, quanto

na prática periódica do exercício uma vez que ajuda-o a manter um bom desempenho e

melhorar seu equilíbrio estático (VIEIRA et al, 2006).

Além dos aspectos físicos, as atividades físico-esportivas, também influenciam o

aspecto emocional do praticante. Algumas atividades necessitam de atenção, foco,

concentração, agilidade mais do que outras. A capacidade do indivíduo em concentrar-se

determina seu sucesso na execução da grande maioria de suas atividades. Dependendo do

nível de concentração, o atleta pode entrar em estado de fluxo. Segundo Goleman (2007), o

fluxo representa, talvez, a última palavra na canalização das emoções a serviço do

desempenho e aprendizado. E acrescenta que, neste estado, a atenção fica tão concentrada que

as pessoas só têm consciência da estreita gama de percepção relacionada com o que estão

fazendo.

Todos os fatores supracitados podem ser encontrados na prática do Slackline,

entretanto, por se tratar de um esporte relativamente novo, não foi encontrada nenhuma

8

literatura científica respectiva ao esporte para embasamento teórico deste trabalho. Todavia,

pode-se através deste, abrir caminhos para discussões acerca do tema, bem como explorar o

esporte como ferramenta potencializadora na construção biopsicossocial do indivíduo por

meio da essência do Slackline, o equilíbrio.

SLACKLINE

O Slackline é um esporte que surgiu em meados da década de 80, nos Estados Unidos.

Em seus acampamentos no Vale do Yosemite, escaladores passaram a aproveitar o tempo vago

entre a busca por novos picos para escalarem, esticando suas fitas de escalada entre árvores ou

pedras. (GIBBON. Disponível em: http://www.gibbonslacklines.com.br/sobre1.html. Acesso

em: 13 jun. 2013).

Não demorou muito para que essa adaptação tornasse um esporte que logo se

modificou ganhando suas próprias especificações e padrões materiais. Composto por uma fita

de nylon, estreita e flexível, “amarrada” a partir de 30 cm do chão em variadas distâncias. Sua

prática, basicamente consiste em manter o equilíbrio físico e psíquico ao andar pela fita

movimentando-se coordenadamente. Para obter sucesso neste objetivo, é preciso que se tenha,

também, muita concentração. Sendo assim, este esporte une automaticamente dois aspectos

importantíssimos para o desenvolvimento saudável do ser humano e os trabalha em completa

harmonia: o corpo e a mente.

Este esporte, interage simultaneamente o exercício físico com os fatores psíquicos da

pessoa, fazendo com que o atleta, a todo momento, seja estimulado a desafiar-se por

completo. Pode-se dizer que o equilíbrio é o objetivo e a consequência mais notável deste

esporte.

Além dos benefícios citados acima, o Slackline vem se mostrando ser um dos esportes

mais promissores do últimos tempos. Cativando cada dia mais atletas de todas as idades, os

praticantes desenvolvem-se cada vez mais rapidamente e descobrem mais e mais utilidades

para a fita de nylon.

Atualmente, o Slackline possui quatro modalidades, são elas: o trickline, que consiste

em fazer manobras sobre a fita; o Longline, onde a fita é esticada com um comprimento acima

de 20 metros; o Highline onde pratica-se em alturas superiores a 5 metros; e o Waterline,

praticado sobre a água.

9

Ao subir na fita, são explorados inúmeras sensações e até emoções. As duas sensações

mais comuns ao encarar o esporte pela primeira vez, são o medo e ansiedade. Tais sensações

refletem na fita a fazendo perder a estabilidade impossibilitando exercer o equilíbrio sobre a

mesma. No seu tempo e com prática, a confiança faz com que este iniciante consiga perceber

seus primeiros progressos.

Com o avanço incessante da tecnologia, um mundo em uma crescente abundante da

globalização, o ser humano recebe milhões de informações simultâneas todos os dias. Devido

a sua capacidade limitada de organizá-las, é gerado uma sobrecarga psíquica que, se não

trabalhada, pode acarretar consideráveis danos à saúde mental e física do indivíduo. Na fita, o

praticante é instigado a desafiar-se. É o momento de entrar em contato consigo mesmo e, se

ele não tiver foco para concentrar-se ou eliminar quaisquer distratores externos, não obterá

quase que nenhum sucesso.

Em Uberaba, Minas Gerais, um grupo formado há mais de um ano reúne-se

semanalmente para praticar o esporte. Nomeado SlackUra, este grupo também desenvolve o

incentivo do Slackline na cidade levando a fita a eventos públicos, bem como instigando

incontáveis curiosos a praticarem. Atualmente, o grupo possui, nas redes sociais, mais de 300

(trezentos) afins do esporte, entretanto, o número de praticantes regulares gira em torno de 15

(quinze) a 20 (vinte) pessoas.

Através da experiência de acompanhar o grupo em seus encontros semanais, bem

como nos eventos em que esteve presente, pude notar inúmeros aspectos interessantes nos

diversos praticantes.

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OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo conhecer os fundamentos científicos para a

compreensão das possibilidades do slackline como ferramenta potencializadora do equilíbrio

biopsicossocial do indivíduo.

Compreendendo a natureza multifatorial e dinâmica do ser humano, é buscado saber

se o esporte tem potencial desenvolvedor de habilidades sociais e individuais através do seu

maior princípio, o equilíbrio.

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METODOLOGIA

A revisão de literatura é uma análise crítica dos materiais já publicados sobre o tema,

onde visa-se creditar e capacitar o trabalho com embasamentos teóricos a cerca do assunto em

questão, discutindo pesquisas e resultados científicos. Segundo Trentini e Paim (1999), a

revisão de literatura é um meio de reconhecimento dos autores e do que eles elaboraram sobre

o tema em questão.

O critério de inclusão de artigos para pesquisa baseou-se na fundamentação do

equilíbrio no esporte como base de estudos, bem como a influência da atividade física nas

relações sociais de construção pessoal do atleta. Para isso, foram feitas pesquisas na base de

dados científicos Scielo, em artigos publicados no intervalo entre os anos 2000 e 2013,

utilizando-se as seguintes palavras chave: psicologia, esporte, equilíbrio e postura.

12

RESULTADOS

As pesquisas realizadas com as palavras “psicologia esporte” apontaram 50

referências, enquanto que com “esporte equilíbrio” encontrou-se 35 referências e, por fim,

“postura equilíbrio” apontaram 64 referências. Destas referências, foram selecionados 6

artigos para análise no presente trabalho, por mais se aproximarem do seu objetivo. Devido o

surgimento recente do Slackline, não foi encontrado nenhum artigo científico referente ao

esporte.

O equilíbrio é um fator fundamental na prática de quaisquer atividades físicas. Ele

permite, além de outros benefícios, que o atleta excute o movimento de forma coordenada à

medida que sofre influências ambientais e sensoriais. É o que diz um artigo que estudou o

controle do equilíbrio em surfistas durante a postura ereta, onde os participantes ficaram em

cima de uma plataforma de força ao tempo de realizarem tarefas de olhos abertos ou fechados,

assim como tarefas de perturbações somatossensoriais elaboradas em uma superfície firme o

em espuma. Para isso, foram selecionados 22 participantes divididos em 2 grupos de 11, no

qual um grupo era composto por praticantes de surfe e o outro por estudantes de educação

física fisicamente ativos. Apesar de o surfe exigir grande controle de equilíbrio, este estudo

não verificou diferença significativa entre os dois grupos, entretanto, a pesquisa foi elaborada

entorno do equilíbrio estático, sendo que o equilíbrio usado no surfe é o dinâmico.

(ALCANTARA, et al. 2012)

Um estudo feito com 400 adolescentes com idade entre 14 e 18 anos, destacou a

importância dos estágios de mudança de comportamento relacionados ao exercício físico

nessa faixa etária. Verificou-se neste estudo, que 67,6% dos estudantes praticam algum tipo

de exercício físico com regularidade, enquanto apenas 9,8% não praticam e não pretendem

praticar nenhuma atividade. Segundo o estudo, a prática de atividades físico-esportivas na

adolescência, faz com que o indivíduo opte por adotar um estilo de vida mais ativo no futuro.

(VIANA; ANDRADE, 2010)

A atividade física no geral, também pode perfeitamente ser associada ao processo de

recuperação de uma disfunção física. É o que mostra um estudo feito sobre o exercício

aeróbico e o fortalecimento muscular no desempenho funcional da Doença de Parkinson. Este

estudo foi feito com dezessete indivíduos com idade média de 60 anos, sendo realizado três

13

vezes por semana durante 12 semanas. Concluiu-se que os exercícios elaborados

apresentaram melhoras no desempenho funcional e na capacidade física dos indivíduos com

Doença de Parkinson leve e moderada evitando assim, uma grande perda da independência,

riscos maiores de quedas, sedentarismo e decorrente isolamento social. (RODRIGUES, 2011)

Para que se tenha um bom desempenho em qualquer atividade física, é necessário,

dentre muitos outros fatores, que os músculos estejam em condições de nos proporcionar um

melhor equilíbrio cinestésico. É o que diz um artigo que estudou o efeito da fadiga muscular

sobre o controle postural durante o passe em atletas de futebol. Para isso, participaram 27

atletas com idade entre 14 e 16 anos que executaram o movimento do passe sobre uma

plataforma estabilométrica. O estudo mostrou que a fadiga muscular influencia negativamente

no desempenho do atleta proporcionando uma redução da estabilidade postural durante o

passe, e, consequentemente, durante o esporte. (BARONI, 2011)

Tanto no esporte quanto em outras atividades do dia a dia, para se chegar ao sucesso

nas mesmas, é preciso que se tenha, além de consideráveis fatores, concentração no que está

fazendo. Um estudo investigou o estado de fluxo em praticantes de escalada e skate downhill.

Para isso, foram selecionados 37 praticantes, e, como ferramentas dessa pesquisa, utilizou-se

a Escala de Motivação para o Esporte (SMS) e a Ficha de Percepção da Capacidade de

Realização da Tarefa. Foi demonstrado que 4,54% dos atletas de escalada e 13,33% de skate

downhill conseguiram atingir alguns fatores do estado de fluxo, sendo que, a grande maioria

situou-se entre a fase de relaxamento e exaltação durante a prática. O estudo concluiu que o

estado de fluxo é facilitado pelo tempo de prática, bem como influencia no equilíbrio entre os

objetivos, habilidades e desafios durante a atividade. (VIEIRA et al, 2011)

Outro aspecto a se levar em conta quando a questão é atividade física, é o

condicionamento físico. Um estudo feito com atletas e não atletas investigou a influência

exercida pelo condicionamento físico sobre o equilíbrio postural do praticante. Para este fim,

foram escolhidos 19 atletas remadores do Clube de Regatas Vasco da Gama, tendo competido

por pelo menos quatro anos. O outro grupo foi formado por 19 estudantes sedentários. Ambos

os grupos foram submetidos a ficarem de pé sobre uma plataforma de força durante 31

minutos, sendo que a cada 5 minutos era mostrada uma escala modificada de Borg onde o

praticante apontava de 0 a 10 seu nível de desconforto. Percebeu-se que o grupo de atletas

apresentou maior resistência ao desconforto na atividade. Assim sendo, comprovou-se que o

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condicionamento físico é um importante fator que influencia o equilíbrio estático em um

longo período. (VIEIRA; OLIVEIRA, 2006)

O ser humano em seu processo biológico natural passa por perdas físicas significantes

à medida que envelhece. Neste processo há perda de massa muscular, equilíbrio corporal, bem

como diminuição da massa óssea e osteoartrose, o que causa limitações no dia a dia e

comprometimento da qualidade de vida. Um estudo sobre o efeito da atividade física no

aparelho locomotor do idoso, revelou que os idosos que praticam atividade física

periodicamente possuem maior independência e melhor qualidade de vida em contraponto do

que aqueles sedentários. Conforme o estudo, cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos e

50% das pessoas com mais de 80 anos sofrem uma queda todo ano devido à diminuição da

força moderada, bem como à dificuldade de manter o equilíbrio dinâmico. A atividade física

então, possui a função de minimizar os efeitos físicos do envelhecimento, entretanto, deve-se

levar em conta a necessidade individual do idoso. (PEDRINELLI et al, 2009)

15

DISCUSSÃO

Através dos estudos e, com base nos resultados, podemos afirmar que a atividade

física influencia de várias maneiras a vida do praticante, independente da idade ou categoria

praticada. Uma das consequências mais permanentes do exercício físico, começa desde cedo

em nossas vidas. Conforme apontado anteriormente, o indivíduo que vem a praticar alguma

atividade físico-esportiva na adolescência tem maior chance de viver uma vida mais ativa,

menos sedentária, e, consequentemente, evitar algumas intempéries causadas pela negligência

em relação à saúde física.

Os resultados apontam que 9,8% dos adolescentes não praticam nenhuma atividade

física e, apesar de parecer um número relativamente baixo, ele merece considerável atenção,

pois a conscientização da importância do exercício físico na adolescência faz com que este

tema seja visto como uma notável intervenção de saúde pública, uma vez que, exercitar-se

regularmente produz um reforço positivo a longo prazo na vida do praticante, que irá refletir

em seu processo de envelhecimento.

Essa importância de exercitar-se fisicamente se dá também como ferramenta

preventiva de fatores de risco importantes no processo natural de envelhecimento do ser

humano, considerando que, as alterações fisiológicas causam perda de massa muscular,

diminuição do equilíbrio do corpo, redução da massa óssea, isto é, fatores que levam o

indivíduo a ter menor independência em seus afazeres diários comprometendo sua qualidade

de vida.

Como visto, a velhice possui, naturalmente, diversas complicações para a saúde do ser

humano. Quando essas complicações tornam-se patologias, como no caso da Doença de

Parkinson, a atividade física pode ser utilizada como ferramenta, conforme Rodrigues (2011),

de fortalecimento muscular, melhoria do desempenho funcional e da aptidão física, o que

evita uma grande dependência nos afazeres diários, grandes riscos de quedas, isolamento

social e, por fim, o sedentarismo que propicia danos consideráveis à saúde.

Além do aspecto saudável que o exercício proporciona ao praticante, devemos nos

atentar que, para a prática de qualquer exercício físico, são necessários também diversos

fatores que contribuem para melhores resultados ao ser humano. O controle postural é um

desses fatores. A postura correta durante, ou não, a prática da atividade, é extremamente

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importante para um melhor desempenho na mesma, bem como para não prejudicar o corpo do

praticante, ocasionando, por exemplo, uma fadiga muscular. Baroni (2011), verificou que a

fadiga muscular influencia diretamente na estabilidade postural do atleta, sendo que, à medida

que o músculo é desgastado, o praticante obtém uma queda no rendimento de alguns

movimentos e consequentemente, perda no aproveitamento do exercício.

Para diminuir o desgaste muscular, é necessário que o atleta tenha um bom

condicionamento físico. Vieira et al, (2006), comprovaram que o condicionamento físico

exerce direta influência sobre o equilíbrio postural, uma vez que, pessoas que não praticam

nenhuma atividade física sentem-se mais incomodadas no decorrer de uma atividade que

exige equilíbrio estático.

Além de todos os aspectos físicos que são necessários para um bom desempenho em

qualquer atividade física, Vieira et al, (2011) comprovaram que o equilíbrio psíquico também

influencia diretamente na atividade, quando verificaram que o estado de fluxo possui

resultados consideráveis no equilíbrio físico e psíquico que a atividade exige, isto é, quando o

atleta é requisitado tanto em seu condicionamento físico e habilidades para lidar com os

desafios do esporte, quanto em sua capacidade de concentração, determinação de metas e

objetivos a serem alcançados.

O estado de fluxo é um tema perspicaz em qualquer atividade do ser humano, não

somente voltada ao exercício físico. Como descreve Goleman (2007, p. 113, 114):

“O fluxo é um estado em que as pessoas ficam absolutamente

absortas do que estão fazendo, dando atenção exclusiva à tarefa,

a consciência em fusão com os atos. No fluxo – acrescenta o

autor -, as emoções são, não apenas contidas e dirigidas, mas

positivas, energizadas e alinhadas com a tarefa que está sendo

realizada. (...) O fluxo é um estado sem interferência emocional,

a não ser por um sentimento compulsivo, altamente motivador,

de suave êxtase. Esse êxtase parece ser um subproduto da

concentração de atenção que é um pré-requisito do fluxo.”

Conforme comprovaram Veira et al, (2011), o tempo de prática do exercício é um

fator a ser levado em conta para atingir este estado, entretanto, não são todos os praticantes

que conseguem atingir este estado. Goleman (2007, p. 113), completa que, “os atletas

17

conhecem esse estado como “a zona”, onde a excelência vem fácil, a multidão e os

competidores desaparecem numa feliz e constante absorção do momento”.

Somado a todo esse contexto que a atividade física se insere, podemos verificar a

importância do equilíbrio na prática do exercício. Alcantara et al (2012), trazem o equilíbrio

como uma habilidade de manter o centro da gravidade, com o mínimo de oscilação e máxima

estabilidade. Um bom equilíbrio, além de coordenar o movimento, proporciona ao praticante

uma diminuição do risco de lesões no esporte. Apesar de não ter sido encontrada diferença

significante no controle postural estático dos surfistas, para pessoas que fazem exercícios

físicos regularmente, o que deve ser avaliado, neste caso, para maior precisão científica, é o

controle postural dinâmico, uma vez que esportes praticados em ambientes instáveis recebem

diversos estímulos somatossensoriais dificultando a estabilidade do equilíbrio.

As pesquisas revelam que as atividades físicas não fazem bem tão somente para o

corpo do ser humano, como também para seu contexto social e psíquico. Revela-se também

que o exercício físico é uma ferramenta que pode ser inserida em diversos contextos e para

diversos fins, como por exemplo, no auxílio ao tratamento de uma determinada doença.

Rodrigues-de-Paula et al (2011), perceberam que programas de atividades físicas voltadas

para o fortalecimento muscular e condicionamento aeróbico significaram melhorias no

desempenho motor em pessoas com sequelas neurológicas. Não obstante, Rodrigues (2011)

constatou que na fase idosa, as atividades físicas, além de outros resultados, proporcionam

também uma maior interação social para o indivíduo.

18

CONCLUSÃO

Percebe-se que o equilíbrio está presente em todo o contexto esportivo, seja ele físico

ou psíquico. Ao praticar exercícios regularmente, o indivíduo estará trabalhando em si

diversos aspectos que o levarão a uma ter melhor conduta e melhor desempenho físico,

psíquico e também social. Sendo assim, a atividade físico-esportiva é de suma importância

para o desenvolvimento do ser humano em todo seu contexto existencial, pois influenciam

não somente na melhora de sua saúde, mas também seu contexto emocional e social, tendo

por si inúmeros benefícios em diversos âmbitos de sua vida.

As atividades físicas possuem, em sua maioria, fatores específicos que determinam seu

desenvolvimento. Com o Slackline não é diferente. Assim como ao longo de sua existência o

ser humano percebe que toda ação tem uma consequência, também é percebido que tudo o

que é feito em exagero é prejudicial à sua saúde. Esta percepção torna o equilíbrio a peça

fundamental para uma vida saudável, uma vez que, tendo-o como foco principal de

desenvolvimento, o Slackline é capaz de trabalhar no praticante a importância do mesmo em

sua vida, uma vez que, andar rápido ou devagar de mais, confiança ou ansiedade de mais,

dentre outros exageros, farão com que o indivíduo não consiga equilibrar-se vindo a cair em

seguida tanto na fita, quanto, metaforicamente, na vida.

Somado a esses fatores, o Slackline aparece então, como uma ferramenta físico-

esportiva, onde o indivíduo poderá trabalhar diretamente os diversos aspectos aqui estudados,

desde a reabilitação muscular, passando pelo desenvolvimento psíquico, até a manutenção do

convívio social do praticante, trabalhando com um primordial quesito de sobrevivência da

saúde humana, o equilíbrio.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Conheci o esporte há aproximadamente 2 anos, entretanto, há 1 ano venho praticando

com regularidade. Apesar do pouco tempo, pude notar incontáveis experiências que passei ao

longo da tentativa de equilibrar-me sobre uma fita de 5 cm de largura que me ajudaram em

meu contexto social, profissional, familiar, enfim, como ser humano. Um aspecto curioso, é

que em contato com o grupo SlackUra formado por praticantes em Uberaba e com a evolução

do esporte na cidade, pude, através de diálogos e vivências, observar e ouvir diversos relatos

de que o esporte também surtiu efeito na vida de inúmeros outros praticantes.

19

Um fator interessante a se levar em consideração para o sucesso do esporte, é que ele,

geralmente, é praticado em ambientes de contato direto com a natureza, como praças públicas,

praia, água (waterline), montanhas (highline). Enfim, são ambientes que fogem da rotina

estressora das cidades, mas, principalmente porque são ambientes que associam-se ao

relaxamento, descanso, lazer.

Nos eventos públicos presenciados junto ao SlackUra o grupo teve a intenção de levar

a fita e apresentar o esporte à comunidade. Sendo assim, os cidadãos que tivessem

curiosidade, poderiam, com a ajuda de um praticante mais experiente, andar na fita a fim de

conhecê-la e experimentar as sensações deste novo esporte. Um aspecto que chamou bastante

atenção neste processo é que entorno de 95% dos praticantes eram crianças e/ou adolescentes.

À medida que ajudava cada criança, fui percebendo a construção de cada ser ao

desafiar-se. Alguns olhavam atentamente para a fita enquanto davam seus passos, outros

pareciam não estarem preocupados onde pisavam, alguns tentavam sozinhos, outros

agarravam firmemente no instrutor. Cada qual com sua subjetividade, eram desenvolvidas

nesses momentos além de alguns fatores, a confiança e segurança em si mesmo e no outro,

que neste caso, era o instrutor. A criança ao aguardar sua vez na fila, interagia com outras

crianças que também estavam na fila, trabalhando em si seu potencial de socialização fazendo

amizades e descobrindo capacidades.

Através da experiência vivida, pude observar também que, ainda que executado de

maneira individual a modo que o praticante dependa apenas dele mesmo para obter resultado,

o Slackline pode ser visto também como um esporte construído em grupo, uma vez que,

durante a prática, a ajuda é recíproca favorecendo, dentre muitos fatores, a interação e a

comunicação social.

O Slackline é um esporte muito simples de se praticar e de montar. Além de ter o

equilíbrio como principal objetivo, andar sobre a fita requer concentração, foco, coordenação

motora, percepção corporal, confiança e certa coragem. Aspectos esses que são trabalhados ao

longo da prática e da tentativa de dar os primeiros passos.

Vivemos em um mundo onde há tempos o homem busca a perfeição, seja qual for o

contexto. Como consequência, todo ser humano é cobrado, por outros e, principalmente, por

si mesmo. A partir daí, torna-se então doloroso errar, pois o caminho da falha é um caminho

penoso para uma sociedade onde os melhores se sobressaem. O indivíduo não se permite errar

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e então se vê em dois caminhos: largar o que ficou errado ou tentar concertar o erro. Pude

observar a influência dessa escolha no processo de iniciação no esporte, que, basicamente, é o

mesmo para todos os praticantes. A primeira vista, a grande maioria que subirá pela primeira

vez na fita, demonstra receio, medo e desconfiança. Visto que, cada ser tem sua história de

vida e isto deve ser levado em consideração como fator de influência nesses primeiros passos,

as reações oscilam entre os iniciantes de maneira que os mesmos demonstrarão, exatamente

no primeiro passo, a emoção prevalecente.

Com pouco tempo - devido à praticidade do esporte - de treino, o indivíduo percebe

que é capaz de superar esse desafio dando seus primeiros passos mais confiantes sobre a fita.

Sem demora, seu próximo desafio será atravessá-la e, em seguida, arriscar algumas manobras

chamadas estáticas, que consistem em elaborar algumas posições onde o corpo fica

praticamente parado enquanto tenta manter-se equilibrado. Esses desafios referem-se ao

processo básico de iniciação no esporte, entretanto, ao longo do tempo de observação, pude

notar que inúmeras pessoas pularam algumas dessas etapas, como, por exemplo, antes de

conseguirem atravessar a fita, já tentavam algumas manobras estáticas.

O processo de aprender os movimentos básicos do esporte na iniciação é importante

para que o praticante ganhe maior confiança durante a prática posterior. Ao pular etapas, o

praticante estará dificultando seu desenvolvimento nas etapas seguintes, pois a essência dos

primeiros movimentos é a base de todos os outros que serão desenvolvidos posteriormente.

Ao perceber-se capaz de progredir, o praticante autoestimula-se a continuar tentando.

O processo de subir na fita, buscar o equilíbrio e, automaticamente entrar em contato consigo,

faz com que este, seja um belo caminho para o autoconhecimento, desenvolvendo neste

indivíduo a capacidade em lidar com algumas situações também no dia a dia. Isto é, este

esporte ajuda a trabalhar no praticante, seu equilíbrio dentro e fora da sua prática.

Como visto, a atividade física pode intervir beneficamente de várias formas na vida do

praticante, sendo que, com o Slackline não é diferente. Pude observar diferentes tipos de

comportamentos no contato com o esporte, entretanto, o que me chamou atenção, é a

ferramenta que o esporte pode vir a servir em diversos contextos, como por exemplo: uma

criança diagnosticada com hiperatividade poderá subir na fita de forma a trabalhar sua

agitação, pois, só conseguirá chegar ao outro lado, se mantiver o equilíbrio entre agir e

acalmar-se. Outro exemplo seria o de um jovem que possui déficit de atenção. Este subirá na

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fita com o intuito de trabalhar o foco e a concentração, pois, sem os mesmos, torna-se

impossível atravessá-la ou se quer caminhar gradualmente.

O Slackline, então, torna-se também uma grande ferramenta escolar para trabalhar a

disciplina e as dificuldades do aluno no processo educacional, reeducando-o através de um

esporte simples, visto que o jovem em plena fase de desenvolvimento físico e psíquico

necessita gastar sua energia através de brincadeiras, esportes, atividades físicas. Por ser uma

novidade, o Slackline também poderá ajudar na manutenção das práticas escolares renovando

métodos e intervenções de ensino, uma vez que, cada aluno/praticante entra em contato com

seus próprios limites e o esporte possui diversas modalidades que atingem os mais diversos

gostos populares.

Em suma, pude notar o quanto o Slackline pode ser utilizado em diversas áreas e para

diversos fins adaptando-o à necessidade de cada contexto, contribuindo para que o ser

humano inicie uma busca construtiva pelo equilíbrio de forma lúdica e saudável. Para auxiliar

nessa construção, este esporte insere-se como uma proposta prática na execução da atividade,

bem como no material necessário para tal, e também, firmar-se como uma proposta eficaz na

interação do indivíduo com suas potencialidades físicas, psíquicas e sociais, auxiliando em

seu crescimento como um todo simultaneamente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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