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Alessandra Gobatti Thomaz Aplicação da Motivação na Formação de Equipes de Alto Desempenho : Um Estudo de Caso Taubaté – SP 2003

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Alessandra Gobatti Thomaz

Aplicação da Motivação na Formação de Equipes de Alto Desempenho : Um Estudo de Caso

Taubaté – SP

2003

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Alessandra Gobatti Thomaz

Aplicação da Motivação na Formação de Equipes

de Alto Desempenho : Um Estudo de Caso

Monografia apresentada para obtenção do

Certificado de Especialização pelo Curso de Pós

Graduação MBA em Gerência Empresarial e

Negócios do Departamento de Economia,

Contabilidade e Administração – ECA da

Universidade de Taubaté.

Área de Concentração: Gerência Empresarial e

Negócios Orientador: Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo

Querido Oliveira

Taubaté – SP

2003

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Alessandra Gobatti Thomaz Aplicação da Motivação na Formação de Equipes de Alto Desempenho: Um Estudo de

Caso

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP

Data: 27/09/03

Resultado: _____________________________________

COMISSÃO JULGADORA Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira

Assinatura _____________________________________

Profa. Dra. Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci

Assinatura _____________________________________

Prof. MBA Paulo César Corrêa Lindgren

Assinatura _____________________________________

SUPLENTE

Prof. Dr. José Luís Gomes da Silva

Assinatura______________________________________

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Dedico este trabalho aos meus pais pelo incentivo apresentado durante a

elaboração deste estudo.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Professor Doutor Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira,

pelos ensinamentos e incentivo com que orientou este trabalho.

À Dimen Vale Medicina Diagnóstica S/C Ltda, pela colaboração financeira e

fornecimento de dados para este estudo.

Aos meus amigos, colegas de curso e professores que me ajudaram direta ou

indiretamente na conclusão deste estudo e do MBA.

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Thomaz, Alessandra Gobatti. Aplicação da Motivação na Formação de Equipes de

Alto Desempenho: Um estudo de caso. 2003 56 f. Monografia (Especialização em

Gerência Empresarial e Negócios) –Departamento de Economia, Contabilidade,

Administração – ECA, Universidade de Taubaté, Taubaté.

RESUMO O conceito de Motivação é central à compreensão do comportamento humano sendo

crítico ao sucesso administrativo. Fazendo uma fusão entre teorias sobre motivação e

as novas tecnologias, pode-se desenvolver sistemas e equipes de trabalho de alto

desempenho.

A partir de um Estudo de Caso, realizado em uma clínica de Medicina Nuclear,

localizada em São José dos Campos, Estado de São Paulo, Brasil, buscou-se retratar

o estado de satisfação da equipe em relação a diversos itens, que passam a ser

mencionados: satisfação centrada nas condições de trabalho da empresa, no próprio

trabalho, nos relacionamentos positivos entre os colegas de trabalho, na

chefia/gerência, entre outros aspectos, bem como a visualização e identificação do

nível de motivação em relação às ações realizadas no cotidiano da empresa.

Neste contexto, apontou-se falhas comuns nas organizações sobre uma série de

fatores-chave que dizem respeito à motivação, buscando apresentar, de forma mais

clara e mensurável, o quanto a satisfação, o grau de confiança que seus

colaboradores depositam na empresa, inclusive suas participações com opiniões e

sugestões sobre planejamento e desenvolvimento que interferem no alto desempenho

da equipe e nos padrões de excelência desejados.

Palavras-chave: motivação; equipe; desempenho; comportamento humano.

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Thomaz, Alessandra Gobatti. Motivation's Applicationin the Formation of Teams of

High acting: A Case. 2002. 56 f. Monograph (Specialization, Managerial Management

and Businesses) -department of Economy, Accounting, Administration - ECA,

University of Taubaté, Taubaté.

ABSTRACT The concept motivation is central to the understanding of the human behavior and it is

critical to the administrative success. Making a coalition among theories on motivation

and the new technologies, we can develop systems and teams of high acting work.

Starting from a Case accomplished at a clinic of Nuclear medicine, located in São José

dos Campos, State of São Paulo, Brazil. We looked for to portray the satisfaction of

the team in relation to several items, among which we can mention: to your work, the

company; to himself even; to the workmates, to the work conditions; to your

boss/manager, etc, as well as to visualize and to identify the motivation level in relation

to the actions accomplished in the day by day.

In this context, we will point out common flaws in the organizations on a factor-key

series about the motivation, looking for to present in a clearer and measurable way as

the satisfaction, the trust degree that your collaborators deposit in the company and

even your participations with opinions and suggestions on planning and development

interfere in the high acting of the team, and in the excellence results wanted. key-words: motivation; equips; acting; human behavior.

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SUMÁRIO

Resumo............................................................................................................. 06

Abstract.............................................................................................................. 07

Lista de Figuras.................................................................................................

Lista de Quadros...............................................................................................

Lista de Siglas...................................................................................................

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1. Introdução.....................................................................................................

1.1 Objetivo.....................................................................................................

1.2 Delimitação do estudo..............................................................................

1.3 Relevância do estudo...............................................................................

1.4 Metodologia do estudo.............................................................................

1.5 Estrutura do trabalho................................................................................

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2. Revisão bibliográfica...................................................................................

2.1 Comportamento organizacional................................................................

2.2 Perspectiva histórica da motivação..........................................................

2.3 Revisão das teorias motivacionais...........................................................

2.3.1 Teoria dos instintos...........................................................................

2.3.2 Teoria das decisões..........................................................................

2.3.3 Teoria da afetividade.........................................................................

2.3.4 Teoria da equidade...........................................................................

2.3.5 Teoria do reforço..............................................................................

2.3.6 Teoria de ERG..................................................................................

2.3.7 Teoria do equilíbrio............................................................................

2.3.8 Teoria da contingência......................................................................

2.3.8.1 Ambiente..........................................................................................

2.3.8.2 Tecnologia.......................................................................................

2.3.9 Teoria das necessidades...................................................................

2.3.10 Teoria X e Teoria Y............................................................................

2.4 Indivíduo....................................................................................................

2.4.1 Hereditariedade.................................................................................

2.4.2 Ambiente............................................................................................

2.4.3 Situação.............................................................................................

2.5 Equipe........................................................................................................

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2.6 Organização ............................................................................................. 34

2.7 Motivação como técnica de melhoria do desempenho............................. 35

3 Formação de equipes..................................................................................... 39

4 Estudo de caso...............................................................................................

4.1 Conflitos de idéias e interesses.................................................................

4.2 Solução proposta para reverter o quadro atual da empresa.....................

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5 Conclusão....................................................................................................... 53

Referências Bibliográficas................................................................................. 55

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Hierarquia das necessidades de Maslow......................................... 29

Figura 2 – Organograma da administração corporativa.................................... 47

Figura 3 – Organograma das unidades Dimen ................................................. 48

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LISTA DE QUADROS

Tabela 1 – Características da Equipe Dimen.................................................... 50

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LISTA DE SIGLAS

CO................................................................................. Comportamento Organizacional

DIMEN................................................................................. Diagnóstico Médico Nuclear

AMD..................................................................................... Associação Médica Nuclear

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1. INTRODUÇÃO

Neste momento de mudanças e de globalização, que pressiona as empresas face

à competitividade emergente, o administrador, qualquer que seja a sua especialidade,

necessita buscar, nos arcabouços teóricos e nas experiências práticas, formas de agir,

com o intuito de orientar e minimizar as dificuldades dos seus colaboradores para a

eficácia na realização das tarefas.

O alcance das metas de uma empresa está diretamente relacionado ao seu

componente humano. A organização necessita de pessoas que realizem tarefas e,

para a otimização dessa missão, deve buscar suporte nos princípios e estudos sobre

motivação humana, quer intrínseca ou extrínseca e nos pressupostos das

necessidades que mobilizam o comportamento humano.

As organizações modernas, em época de globalização, não podem repetir padrões

ultrapassados de estruturas empresariais. Cabe a elas revolucionar a empresa

visando às mudanças, em que a motivação e criatividade de cada colaborador sejam

desenvolvidas e respeitadas, aproveitando-se os valores pessoais, sem temer os

refluxos da competição desenfreada, que destrói a confiança e a reciprocidade.

1.1 OBJETIVO

Este estudo tem como propósito revisar algumas dentre as teorias motivacionais e

discutir como é possível sua aplicação, de forma a maximizar e otimizar a formação

de equipes de alto desempenho no contexto organizacional.

Ao estudar o comportamento e as necessidades dos indivíduos dentro de uma

organização, há de se especificar as estruturas da equipe, a diferenciação nas

mobilizações, entre outros aspectos.

O objetivo é investigar entre modelos motivacionais aqueles que, ao serem

implementados, favorecem o relacionamento e a satisfação entre os elementos da

equipe e sua correlação com o alto desempenho. 1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Quando se estudam os aspectos motivacionais, exaltam-se abordagens sobre os

motivos e as necessidades que mobilizam um indivíduo para alcançar seus objetivos

pessoais e os objetivos das organizações.

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No entanto, neste estudo, não será dada ênfase a questões relativas à falha de

gestão de pessoas, no que se refere a: incentivo à qualificação, delegação de poder,

remuneração, entre outros. 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Este estudo se faz relevante, uma vez que busca estimular o desenvolvimento de

uma postura crítica diante da apresentação dos modelos motivacionais, quando

aplicado efetivamente sobre uma equipe de trabalho.

Além de permitir a análise da estruturação da equipe, também acompanha o grau

de satisfação e comprometimento dos indivíduos com a organização, proporcionando,

através de estratégias e ações, o crescimento e desenvolvimento profissional das

pessoas e a máxima produtividade e qualidade, visando à consecução e à superação

dos resultados determinados pela organização.

1.4 METODOLOGIA DO ESTUDO

Como subsídios para esta discussão utilizaram-se revisões de materiais

bibliográficos e um estudo de caso. O cenário deste estudo de caso será uma clínica

de Medicina Nuclear.

Este cenário é um ambiente permeado de estresse contínuo por se tratar de um

ambiente médico, especialmente uma área de diagnóstico por imagem, onde,

diariamente, trabalha-se para detectar vários tipos de doenças, principalmente o

câncer. Neste contexto, o fator erro pode ter desagradáveis conseqüências.

Tendo em vista este ambiente tenso e habitado por clientes fragilizados, é que se

faz necessária uma equipe altamente qualificada e motivada, que saiba superar o

estresse diário e esteja, a todo momento, em busca de um desempenho eficaz.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Com vistas à obtenção de uma visão ampla sobre esta abordagem, o

desenvolvimento deste estudo deve contemplar cinco capítulos: O primeiro capítulo é a introdução, na qual será descrito o objetivo, a delimitação e

relevância do estudo e a estrutura do trabalho.

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O segundo capítulo conterá uma revisão bibliográfica, apresentando os conceitos

sobre comportamento organizacional, motivação, indivíduo, equipe, organização e

motivação como técnica de melhoria do desempenho.

O terceiro capítulo descreverá a formação de equipes, citando os conflitos e

frustrações das atividades em equipe.

No quarto capítulo será apresentado um estudo de caso e supostas soluções de

problemas para a questão da motivação.

O quinto capítulo será dedicado à conclusão.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Em um ambiente de negócios, cabe um questionamento relevante para o

presente estudo: como as empresas estão se assegurando através do comportamento

de seus colaboradores, conseguindo fortalecer e desenvolver seus negócios?

Para que a implementação de estratégias motivacionais pelas organizações

sejam eficazes, deve-se levantar questões relativas ao comportamento no ambiente

empresarial ou organizacional.

Partindo desse princípio, serão expostas algumas pesquisas que se fazem

necessárias para este trabalho.

2.1 Comportamento Organizacional

É de suma importância ressaltar algumas definições sobre comportamento

organizacional (CO), pois, através dele, pode-se entender melhor o comportamento

humano. Sem o entendimento desse comportamento, fica-se impossibilitado de

entender as necessidade que motivam as pessoas a desenvolverem bem suas tarefas.

Por esta razão, recorre-se a Wagner e Hollenbeck (2002), que discutem sobre

o CO, definindo-o como “um campo de estudo voltado a prever, explicar, compreender

e modificar o comportamento humano no contexto das empresas”.

Ainda definindo o CO, têm-se, no final dos anos 40, pesquisadores na área de

psicologia, sociologia, ciência política, economia e outras ciências sociais, que fazem

as seguintes afirmações:

• Comportamento Organizacional enfoca comportamentos observáveis e lida

também com ações internas, como pensar, decidir, perceber, as quais

interagem com ações externas;

• CO estuda não só os indivíduos, como também membros de sociedades

maiores;

• CO analisa o comportamento dessas sociedades maiores, grupos e

organizações, pois nem os grupos, nem as organizações se comportam da

mesma maneira que os indivíduos.

Segundo Eduardo Soto (2002), o comportamento organizacional está ligado às

atitudes e aos atos das pessoas dentro de uma organização. As organizações

entendem que incessantemente se torna importante o estudo e a compreensão das

atitudes e necessidades dos indivíduos dentro de uma organização, principalmente

neste século, em que os administradores estão enfrentando os desafios da

competitividade global.

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É notável a importância da qualidade nas empresas e é por isso que é

necessário conjugar o interesse pela qualidade com produtividade e pela satisfação e

necessidade dos clientes, internos e externos, e é justamente esse o desafio das

organizações: conseguir descobrir e satisfazer as necessidades dos clientes,

principalmente, clientes internos.

Robbins (2002) afirma que o comportamento organizacional é: Um campo de estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a

estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações, com o

propósito de utilizar esse conhecimento para promover a melhoria da eficácia

organizacional.

Ainda segundo o autor, por ser um campo de estudos, torna–se importante

analisar três determinantes: indivíduos, grupos e estrutura e aplicando-se os

resultados desse estudo nas organizações, para que elas tenham resultados positivos

e pessoas mais eficazes, ou seja, “o comportamento organizacional se preocupa com

o estudo que as pessoas fazem nas organizações e de como esse comportamento

afeta o desempenho dessas empresas”.

Pode-se notar que o CO atua sobre as necessidades, a personalidade, a

capacidade de trabalho em equipe, as ambições, os sonhos, de cada um dos

membros de uma organização. Pode-se afirmar, também, que tudo o que os

integrantes da organização almejam, podem alcançar, se a política atual da

organização permitir, pois, se as necessidades individuais não vierem de encontro

com as necessidades da organização, o resultado desta interação pode se retratar em

equipes de baixo redimento e baixa motivação.

Entende-se, então, que, para se obter equipes eficazes e motivadas, é preciso,

um cuidado especial na interação entre estas equipes e a organização, respeitando as

necessidades individuais.

2.2 Perspectiva Histórica da Motivação

Foi no início do século XX que a psicologia voltou-se para o estudo da

motivação, tendo como primeiro estudioso o pesquisador Willian Mc Dougal

(1871/1938). Na época, acreditava-se que o motivo advinha de uma representação

instintiva, algo compulsivo, irracional, e a partir desta crença, justificavam-se todas as

mobilizações do ser humano em suas ações.

Em 1903, Mc Dougal apresenta uma lista dos “motivos” que, segundo sua

teoria, determinam os comportamentos dos indivíduos e compõem sua lista,

descrevendo-os: agressão, repulsa, curiosidade, fuga, auto-afirmação, reprodução,

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fome, criação dos filhos, sociabilidade, construtivismo e aquisição. No entanto, para a

comunidade psicológica, consideraram que aquela breve descrição dos motivos

apresentava-se muito superficial, sem base para efetiva responsabilidade pelo

comportamento humano.

Na atualidade, Robbins (2002) descreve a motivação como o resultado final da

interação do indivíduo com a situação; pode ainda ser definida como o caminho

percorrido por uma pessoa, levando em conta seus esforços para alcançar

determinada meta.

Observam-se, hoje, organizações preocupadas com questões que envolvem a

motivação de suas equipes, levando-as a ajustar suas metas com as necessidades

pessoais de cada indivíduo dentro da organização.

Herzberg (1997) definiu motivação como sendo uma função do crescimento, a

partir da realização de um trabalho interessante e desafiador, através de

recompensas.

Outro autor atual, Soto (2002), define a motivação como uma pressão interna

que surge de uma necessidade, de origem interna, que, ao excitar as estruturas

nervosas, cria-se um impulso, para que o organismo consiga atingir alguma meta

(objetivo, incentivo), ou seja, a motivação é um processo cíclico que surge de uma

necessidade, de um motivo, seguidos de um impulso ou conduta para obtenção de

uma meta.

Analisando estas definições, acredita-se que não se pode falar em motivação

sem entender os três elementos básicos que a compõem: intensidade, direção e

persistência.

A intensidade nada mais é do que o esforço feito por uma pessoa para

conseguir ou realizar algo, e não pode ser dissociada da direção, pois de nada

adiantaria tanto esforço se a organização não der uma direção que a beneficie;

portanto, é preciso um esforço que vá de encontro à missão e política da organização.

Vê-se, ainda, que motivação está muito ligada à persistência, pois quanto mais

motivado estiver o indivíduo, mais persistente estará a atingir os objetivos pessoais e

da organização. Por isso, Soto (2002) acreditava que equipes motivadas são

altamente eficazes.

Sob a luz das teorias motivacionais, pode-se perceber que muitas

organizações, principalmente nos dias atuais, estão empregando ferramentas que a

compõem, buscando cada vez mais o melhor emprego destas, de modo que esta

interação resulte em satisfação ao individuo e em resultados de alto desempenho na

organização.

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2.3 Revisão das Teorias Motivacionais Desde longa data, discute-se sobre a origem e o entendimento da definição

sobre motivação. Aqui serão descritas, sucintamente, algumas de interesse para o

contexto do objetivo deste trabalho.

2.3.1 Teoria dos Instintos A teoria que ressalta os instintos como base da motivação, teve seu início na

segunda metade do século XIX e suas pesquisas são baseadas no estudo da conduta

dos animais. Essa teoria admite que o instinto é fundamental para qualquer atividade

humana e apresenta uma visão completamente oposta de que o comportamento

humano é puramente racional.

As motivações são o conjunto de fatores que afetam o comportamento de uma

pessoa. Segundo Mc Dougall, o instinto representa uma disposição psicofísica, que

obriga a pessoa a prestar atenção a determinados objetos, experimentando uma

excitação emocional ou impulso para realizar essa ação.

Mc Dougall sintetizou doze instintos associados à emoção, que permitem

explicar algumas atuações de compra por parte dos consumidores:

• Instinto de fuga: provoca, entre outros, a emoção de medo. Pode justificar

a compra dos cintos de segurança para os carros e seguros;

• Instinto de combate: origina a emoção da ira. Pode dar lugar à aquisição

de artigos desportivos diversos ou, simplesmente, a participar em

competições;

• Instinto de repulsa: origina a emoção do desporto, podendo justificar a

aceitação e compra de produtos diversos, que permitam combater os maus

cheiros e a falta de limpeza;

• Instinto paternal: conduz à ternura. Permite justificar a compra de

produtos destinados àquelas pessoas pelas quais se sente um especial

amor ou carinho;

• Instinto de curiosidade: origina a emoção de admiração (assombro) e

justifica a utilização de muitas mensagens, que atraem a atenção do

público, permitindo um maior conhecimento do objeto e, em consequência,

uma maior probabilidade de compra;

• Instinto de auto-afirmação: conduz à expressão emocional do orgulho,

podendo justificar a aquisição de muitos produtos ou a utilização de

determinados serviços associados ao orgulho da classe social e do nível

cultural;

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• Instinto de auto-humilhação: origina a emoção de submissão ante

pessoas de maior capacidade; pode justificar a aquisição de produtos que

outras pessoas utilizam, tomados como referência;

• Instinto de reprodução: dá origem à emoção de desejo sexual. Justifica a

aquisição de produtos a que, por algum motivo, se atribuem propriedades

do tipo erótico;

• Instinto gregário: conduz à emoção de solidão. Pode justificar a

contratação ou aquisição de produtos diversos, como vídeos e animais;

• Instinto de aquisição: leva à emoção de propriedade, permitindo a compra

de muitos produtos pelo prazer de "ter" e de "comprar";

• Instinto de construção: conduz a emoções complexas, como criação e

auto-relação, justificando a aquisição de produtos de "bricolage" e objetos

decorativos;

• Instinto de alimentação: provoca a emoção de fome; justifica a compra de

produtos alimentares e bebidas.

As motivações estão estreitamente vinculadas às necessidades, às carências

ou desejos que as pessoas podem apresentar em cada momento. Isto faz com que

para cada necessidade exista ao menos uma motivação, ainda que para a maior parte

das pessoas exista sempre uma pluralidade de motivações diversas, por exemplo, na

necessidade de dispor de um automóvel poderão surgir motivações muito diferentes

umas das outras.

Uma das motivações pode residir na utilidade do carro para facilitar a

deslocação para o emprego. Pode ser a independência face aos transportes públicos.

Para outros, a motivação principal pode estar na liberdade que o carro proporciona na

realização de viagens, a comodidade e o transporte dos familiares.

Estas breves considerações sobre as motivações mostram que estas podem

não só ser diferentes entre as pessoas como podem ter importâncias distintas, sendo

suscetíveis de mudanças com o tempo ou em situações diferentes. Em consequência

disto, é imprescindível ter-se um conhecimento adequado das motivações existentes

entre as pessoas, em cada momento, se se deseja que a publicidade se debruce

sobre elas para, assim, poder afetar o comportamento das mesmas.

2.3.2 Teoria das DecisõesA Teoria Comportamental entende que a organização é como um sistema de

decisões, ou seja, todas as pessoas, dentro de uma organização, em todas as áreas

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de atividades, em todos os níveis hierárquicos e em todas as situações, estão

continuamente tomando decisões relacionadas ou não ao seu trabalho.

Decisão é o processo de análise e escolha, entre várias alternativas

disponíveis, do curso de ação que a pessoa deverá seguir. O processo decisorial é

complexo e depende tanto das características pessoais do tomador de decisões

quanto da situação em que está envolvido e da maneira como percebe essa situação.

Soto (2002) salienta que o processo decisorial começa com o indivíduo,

permitindo-lhe solucionar problemas ou defrontar-se com situações. Como a

subjetividade nas situações é muito acentuada, Soto (2002) enumera algumas

decorrências da Teoria das Decisões:

• Racionalidade limitada: o indivíduo, que vai decidir, raramente possui todas as

informações necessárias para tomar a melhor decisão;

• Imperfeição nas decisões: não existem decisões perfeitas, apenas umas são

melhores que outras;

• Relatividade das decisões: toda decisão é uma acomodação, pois a alternativa

escolhida jamais permite uma realização perfeita ou completa dos objetivos

visados. O nível de realização é satisfatório e não ótimo;

• Hierarquia das decisões: o comportamento é planejado, sempre que guiado por

objetivos e é racional quando escolhe as alternativas mais adequadas que levam à

consecução dos objetivos (Meio x Fim);

• Racionalidade administrativa: o comportamento dos indivíduos nas organizações

é planejado, isto é, orientado para se alcançar objetivos;

• Influência organizacional: a organização retira de seus participantes a faculdade

de decidir independentemente sobre certos assuntos e a substitui por um processo

decisório próprio e previamente estabelecido.

2.3.3 Teoria da Afetividade

Como o próprio nome diz, essa teoria se baseia na afetividade; o

comportamento de um indivíduo é proporcional a sua afetividade, que pode estar em

alta ou em baixa.

O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento

intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento, como também

determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará.

Segundo Lima (1998), na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é

considerado frente a dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao

desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos,

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interesses , desejos, tendências, valores e emoções em geral. Piaget aponta que há

aspectos do afeto que se desenvolvem.

O afeto apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos

(amor, raiva, depressão) e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas). Na sua

visão, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência e é

responsável pela ativação da atividade intelectual.

Piaget descreveu, cuidadosamente, o desenvolvimento afetivo e cognitivo,

desde o nascimento até a vida adulta, centrando-se na infância. Com suas

capacidades afetivas e cognitivas expandidas através da contínua construção, as

crianças tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos validados nelas

mesmas. Neste aspecto, a auto-estima mantém uma estreita relação com a motivação

ou interesse da criança para aprender.

O afeto é o princípio norteador da auto-estima. Após desenvolvido o vínculo

afetivo, a aprendizagem, a motivação e a disciplina como 'meio' para conseguir o

auto-controle da criança e seu bem-estar são conquistas significativas.

Atendendo as necessidades afetivas de seus filhos, desde cedo, eles se

tornarão mais satisfeitos consigo mesmos e com os outros, e terão mais facilidades e

disposição para aprender.

A criança que se sente amada, aceita , valorizada e respeitada, adquire

autonomia, confiança e aprende a amar, desenvolvendo um sentimento de auto-

valorização e importância.

A auto- estima é um fator que se aprende. Se uma criança tem uma opinião

positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maiores condições de aprender. O

sentimento de 'não sou ninguém' levará a criança a não se esforçar muito, a não ter

desejo de aprender, a ficar indiferente diante do êxito ou do fracasso. E esse

sentimento pode criar problemas de aprendizagem e de comportamento em sua vida

adulta.

2.3.4 Teoria da Equidade (Equiparação/Equilíbrio) É uma teoria baseada no princípio da comparação social. Foi proposta por

Adams e defende que a força do desejo de trabalhar de uma pessoa depende das

comparações com os esforços de outras pessoas. Esta teoria possui uma base social

e perceptiva, defendendo que a motivação tem uma origem social, e não biológica.

(Muchinsky, 1994).

Esta teoria afirma que a pessoa estabelece uma relação entre as suas

entradas e saídas, sendo consideradas como entradas a inteligência, experiência,

habilidades, nível de esforço, saúde, entre outros, e como saídas, o salário, as

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condições de trabalho, os benefícios advindos do tempo de trabalho. A partir dessas

duas situações, o indivíduo as compara com as dos outros. Se o número de entradas

for o mesmo e as saídas forem diferentes, observa-se uma situação motivadora de

injustiça, pois o objetivo será o de reduzir a injustiça (Muchinsky, 1994).

Teoricamente, os sentimentos de ser bem pagos, motivando o indivíduo a

produzir mais e com mais qualidade, não duram muito tempo, e se os empresários se

utilizassem deste fator motivador, teriam de aumentar os salários, mensalmente, o que

os levaria à falência em pouco tempo. Foi comprovado, posteriormente, que estas

hipóteses eram falhas, ou seja, pouco precisas, visto que fazer com que o outro

trabalhe em um ritmo mais lento ou mais rápido não reduz a injustiça, pois o sentir e

pensar de outra pessoa poderá ser diferente. Por esta razão é que foram descobertos

métodos de redução da injustiça, que poderão se aproximar mais do seu objetivo.

Estes métodos estão agrupados em comportamentais e cognitivos. Os

comportamentais defendem a mudança das entradas e saídas, fazendo com que o

outro mude as entradas e saídas, e transferir-se para outro que seja mais justo. Os

cognitivos defendem a modificação das próprias entradas e saídas e também as dos

outros, visando à mudança do outro com quem se está comparando (Muchinsky,

1994).

Enfim, a comparação social é válida, podendo esta teoria ser parabenizada por

considerar este fenômeno como base da motivação. Infelizmente, o mundo do trabalho

não é tão simples, havendo necessidade de considerar muitos outros fatores para a

verdadeira motivação no trabalho.

2.3.5 Teoria do Reforço (condicionamento operante / condutismo)

Constitui um dos enfoques mais antigos sobre a motivação, sendo novidade

apenas o seu direcionamento para os trabalhadores. Originou-se no trabalho de

Skinner (1977) sobre o condicionamento dos animais. Suas variáveis centrais são

estímulo, resposta e recompensa.

O estímulo é qualquer variável ou condição que suscita uma resposta, que vem

a ser uma medida de rendimento no trabalho. A recompensa é algo de valor atribuído

ao trabalhador, em função da resposta manifestada pelo seu comportamento, sendo

um meio de reforçar a ocorrência da resposta desejada. Nesta teoria, a maior atenção

está voltada para a conexão resposta-reforço (Muchinsky, 1994).

Os defensores da teoria do reforço acreditam que, manipulando os programas

de reforço, pode-se moldar a magnitude da motivação da resposta do sujeito. Esta

teoria foi utilizada inclusive na redução do absenteísmo, através de um reforço

monetário a quem era pontual ao trabalho. A teoria do reforço foi aplicada na redução

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da rotação dos colaboradores, como um incremento da produtividade e para melhorar

a formação da supervisão (Muchinsky, 1994).

A investigação mostra que os princípios desta teoria realmente funcionam,

apesar de apresentarem algumas limitações dentro de organizações industriais. A

teoria do reforço possui atrás de si uma história de conseqüentes mudanças

desejadas na conduta do trabalho e se diferencia das outras teorias da motivação por

não se centrar no indivíduo, mas sim, nos fatores ambientais que modelam e

modificam o comportamento (Muchinsky, 1994).

2.3.6 Teoria ERG É uma teoria baseada nas necessidades. Segundo Muchinsky (1994), foi

proposta por Clayton Alderfer e defende que existem três tipos de necessidades: a de

existência, a de relação e a de crescimento no sentido de desenvolvimento.

As necessidades de existência são materiais, combinam fatores fisiológicos e

de segurança e se satisfazem mediante fatores ambientais como: alimento, água,

salário, benefícios complementares, segurança no cargo e condições de trabalho. As

necessidades de relação ou de relacionamento implicam a relação com os

companheiros, superiores, subordinados, família e amigos. E por último, as

necessidades de crescimento se referem ao desejo de alcançar o desenvolvimento

profissional, sendo satisfeitas quando o indivíduo desenvolve sua habilidade e

capacidade em uma área que seja importante para ele; envolvem o desejo de auto-

estima e de auto-realização (Muchinsky, 1994).

Esta teoria surgiu em decorrência de seu propositor discordar da hierarquia de

Maslow. Na realidade, ele considera que estas necessidades podem ser satisfeitas

independente da ordem, sendo que as pessoas buscam a satisfação das

necessidades mais concretas, caso não estejam satisfeitas com as mais abstratas

(conceito de frustração regressiva) (Muchinsky, 1994).

Muitos estudiosos apoiaram esta teoria, mas existiram aqueles que foram

contrários a ela, embora ela recebesse muito mais apoio do que a teoria da hierarquia

das necessidades de Maslow, apesar de muitos problemas serem comuns a ambas.

Alguns anos mais tarde, outros estudiosos chegaram à conclusão de que as teorias

das necessidades são pouco válidas para o trabalho cotidiano, por isso as

investigações sobre elas foram reduzidas (Muchinsky, 1994).

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2.3.7 Teoria do Equilíbrio Na teoria do equilíbrio, afirma-se que, devido a uma grande tensão, o ser

humano pode desencadear um processo de ativação para consecução do equilíbrio

fisiológico e social, que se refere à adaptação entre o meio social e seu organismo.

É importante ressaltar alguns conceitos e postulados básicos dessa teoria:

• Incentivos ou alicientes: são os "pagamentos" que a organização faz aos seus

participantes (salários, benefícios, prêmios de produção, elogios, promoções,

reconhecimento, entre outros);

• Utilidade dos incentivos: cada incentivo possui determinado valor de utilidade,

variando de um indivíduo para outro;

• Contribuições: são os "pagamentos" que cada participante efetua à

organização (trabalho, dedicação, esforço, assiduidade, pontualidade,

lealdade, reconhecimento, entre outros);

• Utilidade das contribuições: consiste no valor que o esforço de cada indivíduo

para com a organização, a fim de que esta alcance seus objetivos;

Dentre os postulados, seguem alguns bastante importantes:

• Uma organização é um sistema de comportamentos sociais inter-relacionados

de numerosas pessoas, que são seus participantes;

• Cada participante e cada grupo de participantes recebe incentivos

(recompensas) em troca dos quais faz contribuições à organização;

• Todo o participante manterá sua participação na organização enquanto os

incentivos, que lhe são oferecidos, forem iguais ou maiores que as

contribuições que lhe são exigidas;

• As contribuições, trazidas pelos vários grupos de participantes, constituem a

fonte na qual a organização se supre e se alimenta dos incentivos que oferece

aos participantes;

• A organização continuará existindo somente enquanto as contribuições forem

suficientes para proporcionar incentivos em grande qualidade para induzirem

os participantes à prestação de contribuições.

Faz-se relevante ressaltar os tipos existentes de participantes em uma

organização.

Os participantes da organização são todos aqueles que dela recebem

incentivos e que trazem contribuições para sua existência. Existem cinco classes de

participantes: empregados, investidores, fornecedores, distribuidores e consumidores.

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Nem todos os participantes atuam dentro da organização, mas todos eles mantêm

uma relação de reciprocidade para com ela.

2.3.8 Teoria da Contingência

A palavra contingência significa algo incerto ou eventual, que pode suceder ou

não. Dentro de um aspecto mais amplo, a Abordagem Contingencial, segundo

Bowditch e Buono (1992), salienta que não se atinge a eficácia organizacional

seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existe uma forma

única que seja melhor para organizar no sentido de alcançar os objetivos altamente

variados das organizações dentro de um ambiente também altamente variado.

Os estudos atuais sobre as organizações complexas levaram a uma nova

perspectiva teórica: a estrutura de uma organização e seu funcionamento são

dependentes da interface com o ambiente externo. A mais notável contribuição dos

autores da Abordagem Contingencial está na identificação das variáveis que

produzem maior impacto sobre a organização, como ambiente e tecnologia, para,

então, predizer as diferenças na estrutura e no funcionamento das organizações

devidas às diferenças nestas variáveis.

A Abordagem Contigencial marca uma nova etapa no estudo da Teoria Geral da

Administração, assumindo uma abordagem eclética, comparando as demais teorias

administrativas existentes à luz dessas variáveis, aplicando seus diversos princípios

em cada situação distinta de cada organização.

A Teoria da Contingência é um passo além da Teoria de Sistemas em

Administração. A visão contingencial da organização e de sua administração sugere

que uma organização é um sistema composto de subsistemas e delineado por limites

identificáveis em relação ao seu supra-sistema ambiental.

A Teoria da Contingência nasceu a partir de uma série de pesquisas feitas para

verificar os modelos de estruturas organizacionais mais eficazes em determinados

tipos de indústrias. Os pesquisadores, cada qual isoladamente, procuraram confirmar

se as organizações eficazes de determinados tipos de indústrias seguiam os

pressupostos da Teoria Clássica, como a divisão do trabalho, a amplitude de controle,

a hierarquia de autoridade, entre outros.

Os resultados surpreendentemente conduziram a uma nova concepção de

organização: a estrutura de uma organização e o seu funcionamento são dependentes

da interface com o ambiente externo. Em outros termos, não há uma única e melhor

forma de organizar. São apresentados pelos autores da Escola Contingencial duas

variáveis principais que determinam toda a organização da empresa e os

relacionamentos entre suas partes: o ambiente e a tecnologia.

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2.3.8.1 Ambiente Entende-se como ambiente tudo aquilo que envolve externamente uma

organização (ou um sistema). É o contexto dentro do qual uma organização está

inserida. Como a organização é um sistema aberto, ela mantém transações e

intercâmbio com seu ambiente. Isto faz com que tudo o que ocorre externamente no

ambiente passe a influenciar internamente o que ocorre na organização. Como o

ambiente é vasto, complexo, envolvendo tudo o que há ao redor da organização, ele

pode ser analisado em dois segmentos:

• Ambiente Geral: é o macroambiente, ou seja, o ambiente genérico e comum a

todas as organizações. O ambiente geral é constituído de um conjunto de

condições semelhantes para todas as organizações. As principais dessas

condições são:

• condições tecnológicas

• condições econômicas

• condições políticas

• condições legais

• condições demográficas

• condições ecológicas

• condições culturais

• Ambiente de Tarefa: é o ambiente mais próximo e imediato de cada organização.

É o segmento do ambiente geral do qual uma determinada organização extrai as

suas entradas e deposita suas saídas. O ambiente tarefa é constituído por:

• fornecedores de entradas

• clientes ou usuários

• concorrentes

• entidades reguladoras

O grande problema que as organizações de hoje defrontam é a incerteza. Aliás, a

incerteza é o grande desafio atual da Administração. Contudo, ela não está no

ambiente nem na realidade ambiental percebida, e sim, na percepção e interpretação

das organizações. Parece mais adequado falar-se em incerteza na organização, pois o

mesmo ambiente pode ser percebido de maneiras diferentes por duas organizações.

2.3.8.2 Tecnologia

Sob um ponto de vista administrativo, considera-se a tecnologia como algo que se

desenvolve predominantemente nas organizações, em geral, e nas empresas, em

particular, através de conhecimentos acumulados e desenvolvidos sobre o significado

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e execução de tarefas (know-how) e de suas manifestações físicas decorrentes -

máquinas, equipamentos, instalações - constituindo um enorme complexo de técnicas

usadas na transformação dos insumos recebidos pela empresa em resultados, isto é,

em produtos e serviços.

A tecnologia pode estar ou não incorporada a bens físicos. A tecnologia

incorporada está contida em bens de capital, matérias-primas intermediárias e

componentes. A tecnologia não incorporada encontra-se nas pessoas - como

técnicos, peritos, especialistas, engenheiros, pesquisadores - sob formas de

conhecimentos intelectuais ou operacionais, facilidade mental ou manual para

executar as operações, ou em documentos que a registram e visam a assegurar sua

conservação e transmissão - como mapas, plantas, desenhos, projetos, patentes,

relatórios (software).

Em suma, tecnologia é o conhecimento que pode ser utilizado para transformar

elementos materiais em bens ou serviços, modificando sua natureza ou suas

características. A tecnologia tem a propriedade de determinar a natureza da estrutura

e do comportamento organizacional. Existe um forte impacto da tecnologia sobre a

vida, natureza e funcionamento das organizações.

A tecnologia, em nome do progresso, cria incentivos em todos os tipos de

empresas, para levar os administradores a melhorarem cada vez mais a eficácia, mas

sempre dentro do critério normativo de produzir eficiência.

A Abordagem Contingencial é eminentemente eclética e integrativa, manifestando

uma tendência a absorver os conceitos das diversas teorias administrativas - cada

qual criticando as demais - no sentido de alargar os horizontes e mostrar que nada é

absoluto.

A tese central da abordagem contingencial afirma que não há um método ou

técnica geralmente válidos, ótimos ou ideais para todas as situações: o que existe é

uma variedade de alternativas de métodos ou técnicas proporcionados pelas diversas

teorias administrativas, um dos quais poderá ser apropriado para uma situação

determinada. A abordagem contingencial está sendo aplicada em quase todos os

campos da teoria administrativa com resultados animadores.

2.3.9 Teoria das Necessidades A mais famosa das teorias, formulada por Abraham Maslow, psicólogo clínico,

busca explicar a motivação pelas necessidade individuais. Para Maslow, os seres

humanos têm diferentes preferências pessoais e cada um em sua escolha é satisfeito.

Segundo Maslow, as pessoas apresentam cinco tipos distintos de

necessidades, dispostas hierarquicamente conforme a Figura 1, na próxima página.

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Auto-

Realização Estima Amor

Segurança

Fiosiológicas

Figura 1. Hierarquia das necessidades de Maslow.

Fonte: Robbins ( 2002 ).

No nível mais inferior da hierarquia de Maslow, estão as necessidades

Fisiológicas, como fome e sede, que, segundo ele, são essenciais e, se estiverem

supridas, o indivíduo já estará parcialmente motivado.

No segundo nível, vem a necessidade de segurança que tem a ver com a

aquisição de objetos contra ameaças futuras, principalmente, as relacionadas à

capacidade de satisfazer as necessidades fisiológicas; se ambas estiverem satisfeitas,

a necessidade de amor se torna prepotente.

No quarto nível, estão as necessidades de estima. O autor classifica dois tipos

de estima; a estima social, que consiste em reconhecimento, respeito e atenção, e a

auto-estima que são os próprios sentimentos pessoais de um indivíduo. Portanto,

neste nível, as necessidades do indivíduo são satisfeitas parte por elementos externos

e parte por elementos internos da própria pessoa.

No topo da hierarquia, encontra-se a necessidade de auto-realização. Maslow

acreditava que, se as outras necessidades estivessem atendidas, o indivíduo estaria

basicamente satisfeito, uma exceção em nossa sociedade; no entanto, sobre

indivíduos basicamente satisfeitos, sabe-se muito pouco de auto-realização. Definia

auto-realização com suas palavras: “poderia ser formulada como o desejo de sermos

cada vez mais o que somos, de virmos a ser tudo o que somos capazes de ser”. Esta

era a única necessidade que não era totalmente satisfeita.

Embora esta teoria não tenha muita sustentação empírica, foi aceita pelo fato

de ser uma das pioneiras em motivação e precursora das teorias modernas.

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2.3.10 Teoria X e Teoria Y Apresentada por Douglas McGregor (2002), que propõe duas visões distintas

do ser humano: uma negativa, que se chamou de Teoria X e outra, positiva,

denominada Teoria Y.

McGregor (2002) formulou esta teoria após perceber como os executivos

tratavam seus funcionários e de como eles tendiam a moldá-los de acordo com seu

próprio comportamento. Para entender um pouco mais sobre esta teoria, serão

descritas quatro premissas que o autor formulou com base no comportamento dos

executivos:

• Os funcionários, por natureza, não gostam de trabalhar e, sempre que

possível, tentarão evitar o trabalho;

• Como eles não gostam de trabalhar, precisam ser coagidos, controlados ou

ameaçados com punições para que atinjam as metas;

• Os funcionários evitam responsabilidades e buscam orientação formal

sempre que possível;

• A maioria dos trabalhadores coloca a segurança acima de todos os fatores

associados ao trabalho e mostra pouca ambição.

Em contrapartida, McGregor (2002) também definiu quatro premissas positivas,

sobre a Teoria Y:

• Os funcionários podem achar o trabalho algo tão natural quanto descansar

ou se divertir;

• As pessoas demonstrarão auto-orientação e autocontrole se estiverem

comprometidas com os objetivos;

• As pessoas, na média, podem aprender e aceitar, ou até buscar a

responsabilidade;

• A capacidade de tomar decisões inovadoras pode estar em qualquer

pessoa, não sendo um privilégio exclusivo daquelas em posições

hierárquicas mais altas.

As implicações motivacionais da análise de McGregor (2002), são melhor

expressas pela estrutura da teoria de Maslow, em que a teoria X assume que as

necessidades de baixo nível dominam o indivíduo; e a teoria Y é justamente o oposto,

necessidades de alto nível são as dominadoras. Acreditava que a teoria Y era mais

válida no processo motivacional, buscando integrar seus funcionários em processos

decisórios e participativos dentro da empresa.

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Poder-se-iam citar outras teorias sobre a motivação, já que este tema incita e

incitou vários estudiosos ao longo dos tempos, mas na realidade, pode-se resumir

que, baseando-se em Wagner e Hollenbeck (2002), a motivação está em direta

interação com o meio interior do indivíduo, contida intrinsecamente dentro do seu

organismo ( motivação intrínseca).

Entretanto, várias teorias afirmam que a motivação pode ser extremamente

influenciada por fatores externos ao organismo de cada pessoa (motivação

extrínseca), cabendo às organizações, representadas na figura dos gerentes, por

exemplo, a função de promover incentivos para levá-las a potenciar suas ações

profissionais e obter satisfação de suas necessidades em seu local de trabalho.

Wagner e Hollenbeck (2002) concluem que a motivação, em termos de

comportamento, tem sido conceituada como o esforço, a dedicação e a tenacidade

que mobilizam cada pessoa para atingir um objetivo ou executar suas funções.

2.4 Indivíduo Ressaltado ao longo deste trabalho, viu-se que, dentro de uma organização, é

preciso compreender as necessidades das pessoas, descobrir suas metas individuais

e profissionais, para, então, ajustá-las à organização e vice-versa.

Para a discussão sobre indivíduo, é preciso entender o que é personalidade.

Por que algumas pessoas são calmas, enquanto outras são agressivas? Será que

alguns tipos de personalidade se adaptam mais facilmente a determinados tipos de

trabalho?

Segundo Robbins (2002), a definição de personalidade foi criada por Gordon

Allport há 60 anos. Ele afirma que personalidade é “a organização dinâmica interna

daqueles sistemas psicológicos do indivíduo que determinam seu ajuste específico ao

ambiente”. A personalidade é mais descrita conforme os traços mensuráveis

característicos em um indivíduo.

Na visão de Bergamini (1997), a personalidade se resume em quem você é,

quem foi e quem será. Novamente se reportando a Soto (2002), este autor

complementa: a personalidade inclui também aspectos intelectuais, afetivos,

impulsivos, volitivos, fisiológicos e morfológicos.

Subsidiados destes conceitos sobre o indivíduo, é que acreditamos que as

organizações necessitam da consciência sobre as diferenças individuais, sobre como

as pessoas agem diferentes umas das outras e têm emoções singulares, precisando

ser sensíveis suficientemente para perceber e definir suas metas e objetivos e

facilitando, cada vez mais, a formação de equipes com características equivalentes às

suas necessidades.

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Para Wagner e Hollenbeck (2002), os gerentes, que não conseguem ter essa

visão, caem na falácia da imagem do espelho, isto é, pensam que as pessoas são

exatamente como nós.

De acordo com os autores, ainda, que, historicamente, acredita-se que a

hereditariedade e o ambiente são elementos que podem moldar a personalidade. Os

pesquisadores descobriram que o fator genético explica 50% das diferenças de

personalidade e quase 40% das variações do interesse em relação ao trabalho.

2.4.1 Hereditariedade É definida por Wagner e Hollenbeck (2002) como fatores: altura, cor dos

cabelos e olhos, sexo, estatura e outros, determinados desde a concepção do

indivíduo. Três ramos de pesquisas procuram argumentar que a hereditariedade

influencia diretamente na personalidade das pessoas.

Robbins (2002) descreve que o primeiro ramo enfatiza fatores genéticos do

comportamento e temperamento entre crianças pequenas; o segundo ramo estuda

irmãos gêmeos, que são separados no nascimento; e o terceiro ramo pesquisa a

satisfação para com o trabalho no dia a dia e em diferentes situações.

O autor salientou, ainda, que traços como timidez, angústia e medo podem ser

fatores genéticos, asiim como a cor dos cabelos e dos olhos. Foram pesquisados

também mais de 100 pares gêmeos separados no nascimento e que foram criados em

locais diferentes, evidênciando que traços de personalidade e até preferência de

cores, tipo de carros, entre outros aspectos, eram comuns nos dois irmãos, o que se

conclui que podem ser genético os fatores de personalidade.

2.4.2 Ambiente O ambiente em que se é criado e em que se vive também é um fator

determinante na formação dos traços da personalidade do indivíduo. Entre os fatores

que exercem influência na personalidade estão a cultura em que se cresce, normas de

família, os amigos e grupos sociais, além das experiências vividas ao longo da vida.

Bergamini e Code (1990) dizem que os argumentos que defendem a

hereditariedade e o ambiente como determinantes na formação da personalidade são

igualmente importantes. A hereditariedade determina os limites, enquanto que o

potencial de um indivíduo será determinado pelo ambiente em que vive.

2.4.3 Situação Autores como Robbins (2002), Soto (2002), colocam a situação como

determinante na formação da personalidade. As variáveis situações diárias trazem

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diversos aspectos de personalidade, mesmo nos indivíduos considerados estáveis no

convívio diário.

É redundante afirmar que o estudo da personalidade é essencial na formação

de equipes, nos dias atuais, posto que se vêem executivos interessados na

flexibilidade do indivíduo, ou seja, naqueles que se adaptem às mudanças constantes

e não só em uma tarefa específica.

Ainda sob a luz do pensamento de Robbins (2002), pode-se concluir que

características de personalidade estão intimamente ligadas ao desempenho no

trabalho e essa relação é melhor definida na Teoria da Adequação da Personalidade

ao Cargo de Holland (1992).

Holland e Gottfredson (1992) apresentam seis tipos de personalidade e

propõem que a satisfação, no trabalho, depende do grau de sucesso que cada

indivíduo consegue ajustar sua personalidade ao seu trabalho. Em sua teoria, ele

defende que pessoas sociáveis devem estar em trabalhos sociais; pessoas

convencionais, em trabalhos convencionais, e assim por diante. Desta forma, espera-

se que as organizações que conseguirem fazer essa relação entre cargo e

personalidade, obtenham um grande passo para conseguir indivíduos motivados.

2.5 Equipe De maneira crescente, as organizações estão trabalhando em equipes para

desenvolver trabalhos, mas como conseguir equipes de alto desempenho?

Primeiramente é necessário conceituar o que é uma equipe.

Segundo Maginn (1996), a interação de uma pessoa com outra desencadeia

um processo de formação de um grupo, que existe, quando há uma interdependência,

uma unidade identificada e objetivos comuns, porém os grupos não têm necessidade

nem oportunidade de realizarem um trabalho coletivo que requeira esforço conjunto.

Assim, seu desempenho resume-se na somatória de esforços e contribuições

individuais.

É importante pontuar neste momento a diferença entre grupo e equipe.

Esclarecendo, grupo e equipe não são a mesma coisa e as organizações estão cada

vez mais trabalhando para transformar seus grupos em equipes, por acreditarem que

estas dão mais resultados para a organização.

Maginn (1996) acredita que uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva

por meio de esforços coordenados e é justamente essa sinergia positiva que permite à

organização melhorar seu desempenho. Portanto, desempenho elevado significa

maior satisfação da equipe que gera novamente bons resultados e, assim,

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sucessivamente, gerando um ciclo voltado para trabalhos produtivos e satisfação da

organização e de seus colaboradores.

Não basta apenas chamar um grupo de equipe para melhorar automaticamente

seu desempenho, pois as equipes eficazes possuem características próprias e se os

dirigentes das empresas pretendem melhorar seu o desempenho organizacional

através de suas equipes, eles terão de entender e assegurar-se de que elas possuem

tais características.

As formas mais comuns de equipes, encontradas em uma organização, são as

equipes de solução de problemas, as autogerenciadas, as multifuncionais e as virtuais.

Resumidamente, Robbins (2002) definiu cada tipo de equipe:

• Equipes de solução de problemas: grupos de 5 a 12 funcionários do

mesmo departamento se reúnem algumas horas por semana e discutem

formas de melhoria para a qualidade, eficiência e para o ambiente de

trabalho;

• Equipes autogerenciadas: grupos de 10 a 15 pessoas assumem as

responsabilidades que eram de seus antigos chefes;

• Equipes multifuncionais: colaboradores do mesmo nível hierárquico, mas

de diferentes setores da organização, juntam-se para cumprir uma

determinada tarefa;

• Equipes virtuais: equipes que usam a tecnologia como forma de juntar

fisicamente seus membros que estão dispersos, para atingir objetivos

comuns.

Conforme descrito por Robinns (2002), as organizações tentam trabalhar com

um misto destas equipes, porque acreditam que, desta forma, terão pessoas bem

treinadas e, conseqüentemente, atingirão melhores resultados.

2.6 Organização

De modo geral, a organização primeiramente é formada por pessoas e a partir

destas desencadeia o comportamento organizacional, as equipes e os resultados.

Esses resultados, como já visto anteriormente, depende da eficiência das

equipes; portanto, quanto mais resultados deseja a organização, mais investimento

deverá fazer em seus recursos humanos.

A estrutura de uma organização, de forma resumida, pode ser formada da

seguinte maneira:

• Estrutura Organizacional: trata-se do modo como as tarefas são

distribuídas, agrupadas e coordenadas;

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• Especialização do Trabalho: visa ao grau em que as funções dentro da

organização são subdivididas em tarefas separadas;

• Departamentalização: é base para o agrupamento das tarefas;

• Cadeia de Comando: consiste em uma linha única de autoridade, que vai

desde o topo até o mais baixo escalão, determinando a quem se reporta

dentro da empresa;

• Amplitude de Comando: refere-se ao número máximo de colaboradores

que um administrador consegue dirigir com eficácia;

• Centralização: demostra o grau em que o processo decisório está

concentrado em uma única pessoa dentro da organização;

• Descentralização: quando o processo decisório é ampliado para escalões

inferiores da organização.

As organizações podem ter formatos mais simples ou mais complexos de

acordo com sua cultura, política e necessidade, cabendo a seus executivos a revisão

de suas posturas frente ao trabalho desenvolvido na empresa. Necessitam, também,

de conscientizar-se da importância da motivação de sua equipe, como estrutura

superior na competitividade e na consecução dos objetivos e das tarefas.

2.7 Motivação como Técnica de Melhoria do Desempenho No decorrer deste estudo, ficou evidente que o autoconhecimento é um dos

ingredientes da motivação e que a pessoa que se conhece melhor relaciona-se bem

com os outros, porque é capaz de entendê-los de forma mais segura.

Sendo assim, bons relacionamentos interpessoais constituem a base para

muitas outras conquistas, pois somos seres sociais, vivemos em comunidade desde

nossas origens. Pessoas precisam de pessoas à sua volta para manter acesa a

chama da motivação.

Frente à preocupação de se obter a motivação, enfatizam-se dois aspectos,

que traçam o caminho até ela: a automotivação e a tentativa da própria organização

em motivar seus funcionários. Acredita-se ser de extrema importância a

automotivação, pois se o indivíduo não for capaz de encontrar sozinho algum motivo

que o leve à busca de satisfação, não será a organização que conseguirá fazê-lo.

Uma pessoa, com alto grau de consciência de si mesma, dos seus valores, das

suas crenças, apresentando bom relacionamento interpessoal, passa a possuir dois

alicerces do seu edifício fortemente estruturado, faltando apenas o terceiro, que é o

trabalho.

Esse alicerce é polêmico; instrumento de torturas para uns e de prazeres para

outros, o trabalho tem passado por profundas mudanças, tem sido visto e revisto em

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todas as sociedades do mundo, se tendo chegado à conclusão de que o ser humano

precisa do trabalho para ser feliz.

E o mais surpreendente é que pesquisas mostram que não é apenas o dinheiro

proveniente do trabalho que traz felicidade, mas outras formas de recompensa que o

trabalho permite, e é, neste momento, que entra o papel da organização, oferecendo

aos seus colaboradores outras formas de felicidade.

Aos indivíduos cabe também a tarefa de buscar formas de felicidade e

motivação no trabalho e para se motivarem devem:

• Dar sugestões de melhorias;

• Procurar fazer suas tarefas com prazer;

• Cumprir horários e normas estabelecidas;

• Ajudar seus colegas de trabalho;

• Ser amigável com os colegas;

• Deixar claro que o salário não é condição sine-qua-non para o homem;

• Fazer de seu local de trabalho um lugar agradável, organizado e limpo.

Sente-se que a partir do momento em que o indivíduo se sente parte integrante

da empresa, como colaborador para a obtenção de resultados, automaticamente, seu

desempenho se eleva, e, consequentemente seus resultados.

Bergamini e Coda (1990) entendem que uma das formas mais eficazes de

motivação é estabelecer metas. No entanto, vale ressaltar que as metas devem ser

coerentes com a capacidade individual, pois resultados impossíveis de se conseguir

geram desmotivação. Destaca-se que o principal obstáculo para se alcançar as metas

é estabelecer metas sobre as expectativas irreais, que geram frustação e,

conseqüentemente, brotam-se sentimentos como: raiva e desgosto.

Cabe às organizações estabelecer metas, mas sempre atentas às

possibilidades e probabilidades de realização, as mais realistas possíveis.

A certeza é de que as probabilidades sempre serão de 50% a seu favor e 50%

contra. À medida que as etapas vão passando, elas irão aumentar ou diminuir, de

acordo com seu desempenho. Obstáculos podem ocorrer e as probabilidades deverão

ser readequadas. No final, as possibilidades não se esgotam e poderão até propiciar

condição de desenvolvimento, as quais se encerram quando atingimos as metas.

Vale destacar que não somente os indivíduos devem manter-se motivados,

mas também as organizações devem-se preocupar com o bem-estar de seus

colaboradores, propiciando o crescimento dos assuntos ligados a gestão de pessoas.

Técnicas e métodos, que enfocam os talentos humanos, estão sendo incorporados ao

ambiente organizacional, tornando-se alvo das atenções dos gerentes e especialistas.

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Em especial, algumas organizações estão empregando técnicas com base nas

teorias motivacionais, tais como:

• Administração por objetivos: trata-se de um programa que engloba

objetivos específicos e ação participativa, por um período de tempo, com

feedback do progresso dos funcionários em relação às metas pré-

estabelecidas;

• Programa de envolvimento dos funcionários: processo participativo que

utiliza todos os funcionários para estimular o comprometimento com o

sucesso da organização. Esse programa pode subdividir-se em:

• Gestão participativa: processo em que os subordinados participam de

decisões com seus superiores imediatos;

• Participação por representação: funcionários participam de decisões

através de grupos de representantes;

• Conselhos de trabalhadores: grupo de funcionários eleitos, que

devem ser consultados quando a alta direção tomar alguma decisão

que envolva diretamente a força de trabalho;

• Representantes do conselho: funcionários reunem-se com a diretoria

da empresa e expressam os interesses dos trabalhadores;

• Círculo da qualidade: grupo de colaboradores que se reúnem,

periodicamente, para discutir seus problemas de qualidade, investigar

as causas e propor soluções;

• Planos de participação acionária: trata-se dos planos de benefícios

fornecidos pela empresa, através dos quais os funcionários têm a

oportunidade de comprar ações da Companhia.

Os programas de envolvimento dos colaboradores buscam oferecer-lhes uma

motivação intrínseca, aumentando as oportunidades de participação, crescimento,

responsabilidades e envolvimento com o trabalho, como:

• Programas de remuneração variável: uma parte da remuneração do

funcionário se baseia no atingimento de alguma meta, individual e/ou

coletiva;

• Planos de remuneração por habilidades: o salário se baseia no nível de

habilidades do funcionário ou no número de tarefas que ele consegue

desempenhar;

• Benefícios flexíveis: em um cardápio de opções, o próprio funcionário

escolhe o benefício que melhor atende às suas necessidades.

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Os colaboradores sentem a oportunidade de tomar decisões, implementá-las,

acompanhando-as até o resultado final. Tudo isso reflete na satisfação, crescimento e

melhoria da auto-estima e do desempenho de cada indivíduo dentro da organização.

Como se observa, tudo gira em torno das necessidades das pessoas e como a

empresa pode atender essas necessidades sem se esquecer, também, de suas metas

e objetivos; por outro lado, as organizações que conseguirem balancear essas

necessidades terão equipes de sucesso.

Atualmente, as equipes tornaram-se populares e, segundo Robbins (2002),

elas são capazes de melhorar o desempenho do indivíduo quando a tarefa a ser

realizada requer muita habilidade, julgamentos e experiência.

Quando as organizações desejam competir mais eficazmente, escolhem as

euipes como forma de competitividade e melhor utilização de talentos de seus

colaboradores. O capítulo a seguir demonstrará como formar uma equipe de trabalho.

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3 FORMAÇÃO DE EQUIPES Como citado anteriormente, um dos diferenciais competitivos de uma

organização está associado à motivação de sua equipe. Há vinte anos, algumas

empresas começaram a introduzir suas equipes em processos de produção, tornando-

se hoje uma prática quase comum.

Moscovici (1998) define equipe como sendo um grupo de pessoas que somam

seus esforços individuais para geração de um nível de desempenho elevado.

Segundo Robbins (2002), “uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva

por meio do esforço coordenado” . Os administradores, continuamente, estão

buscando uma sinergia positiva, que irá permitir à organização melhorar seu

desempenho; necessitando, porém de equipes de alta qualificação e desempenho,

para conseguir bons resultados, o que nem sempre se consegue facilmente.

Todavia, não basta apenas chamar um grupo de pessoas de equipe, pois

equipes possuem características próprias, como já foi mensionado. As equipes de

solução de problemas, embora trouxessem bons resultados, não conseguiam

envolver todos os colaboradores nas decisões e processos de trabalho.

Como uma tentativa de envolver os colaboradores nas decisões da

organização, conseguindo, assim, mais comprometimento, criaram-se as equipes de

trabalho autogerenciadas. Trata-se de um grupo de pessoas, geralmente entre 10 e 15

colaboradores, que assumem responsabilidades de seus antigos gerentes ou

supervisores, incluindo o planejamento de um cronograma de trabalho, delegação de

tarefas, tomada de decisões e solução para os problemas.

Pesquisas mostraram que algumas empresas se desapontaram com esse tipo

de equipe. Por exemplo, segundo estudos, elas não apresentam bom funcionamento

durante o processo de downsizing, além disso, apresentam alto índice de rotatividade

e absenteísmo; portanto, devido à inconsistência dos resultados das pesquisas, a

eficácia deste tipo de equipe depende de cada situação.

As equipes multifuncionais tiveram seu auge no final dos anos 80, sempre

contando com pessoas de diversos setores e mesmo nível hierárquico para cumprir

determinada tarefa. Para o sucesso do cumprimento das tarefas propostas, algumas

vezes faz-se necessária a criação de uma força-tarefa ou de comitês, que serão

definidos a seguir:

• Força-Tarefa: equipe multifuncional temporária;

• Comitês: grupos formados por diversas linhas departamentais;

E, finalmente, as equipes virtuais, que, são equipes interligadas através de

sistemas on-line, utilizando-se de redes internas ou externas, videoconferência ou

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correio eletrônico, para atingirem um objetivo comum. Diferem-se dos tipos de equipes

face a face por três fatores:

• Pela ausência de gestos não verbais;

• Pelo contexto social limitado;

• Pela capacidade de superar as limitações de tempo e espaço.

Como se pode perceber, a formação de uma equipe não é uma tarefa fácil,

principalmente, porque as pessoas trazem para o grupo sua experiência, formação,

valores e personalidade. Como não há duas pessoas idênticas, cada grupo não

apenas é diferente de qualquer outro, mas também de si próprio em diferentes

momentos de sua existência, já que aqueles atributos pessoais se alteram com o

tempo e com as modificações na composição do grupo.

Um ambiente, geralmente, é formado pela organização (ambiente interno) e

pelo ambiente externo, e toda equipe situa-se dentro de um ambiente interno, porém o

ambiente externo pode afetar seus processos e resultados.

As pessoas, numa organização, fazem parte de algum grupo, formal ou

informal. O desempenho de uma pessoa depende não apenas de sua competência ou

motivação, mas também dos processos sociais que ocorrem dentro das equipes.

Como o desempenho das organizações depende das pessoas, o papel das equipes é

determinante na realização de objetivos.

Através de pesquisas, Moscovici (1998) lista algumas características que os

membros de equipes de alto desempenho devem possuir:

• Compartilhar propósitos / metas comuns;

• Construir relações de confiança e respeito;

• Equilibrar tarefas e processos;

• Planejar completamente antes de agir;

• Envolver a equipe na solução de problemas e tomadas de decisões claras

que fazem sentido;

• Respeitar e entender cada diversidade dos membros da organização;

• Estimular a sinergia e a interdependência;

• Recompensar desempenho individual de apoio à equipe;

• Comunicar eficientemente;

• Praticar o diálogo eficaz em vez de debate;

• Identificar e solucionar conflitos de grupo;

• Variar níveis e intensidade de trabalho;

• Promover um equilíbrio entre trabalho e casa;

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• Criticar regularmente e constantemente o modo com que eles trabalham

como equipe;

• Praticar melhoria contínua.

O ideal seria encontrar, nas organizações, uma equipe em equilíbrio total como

descrito por Moscovici (1998): membros das equipes agem em harmonia, sorrisos e

expressões de afeto positivo, há concordância em relação a objetivos e

procedimentos, o entendimento entre as pessoas é absoluto, a comunicação flui

livremente, respeito e confiança mútuos são elevados, consideração e carinho pelos

outros são constantes.

Na realidade empresarial, entretanto, não é esta a situação normalmente

encontrada, uma vez que conflitos constituem parte integrante do dia a dia das

instituições. A falta de condições para atender a tudo e a todos, pode gerar a

necessidade da interferência dos gerentes na solução das lacunas existentes,

orientando para evitar desavenças.

Logicamente, o conflito reflete parte da dinâmica social, tendo, muitas vezes,

características positivas e construtivas, refletindo, em parte, a própria energia que

emana das relações humanas e que possibilita, muitas vezes, que o grupo encontre

caminhos para mudar.

Uma equipe, em constante estado de concordância, pode estar encapsulando

uma grande crise interna, que, com sua implosão, irá prejudicar a interação entre as

pessoas e, consequentemente, a própria organização.

Moscovici (1998) propõe táticas para tentar orientar a equipe, visando à

solução de conflitos. Segundo ela, em primeiro lugar, o gerente deve perceber e

aceitar que está havendo desentendimentos entre seus colaboradores, predispondo-

se a agir frente à realidade detectada, podendo optar por duas estruturas de táticas.

As táticas de luta e fuga não apresentam eficácia, mas muitos gerentes ainda

as utilizam. Ora atuam com o comportamento competitivo, entrando em conflito aberto

com os responsáveis pelos questionamentos ou formas de rejeição a uma

determinada situação. Atuam, também, por outro lado, utilizando-se da fuga que

extrapola nas formas de repressão ou evasão.

Embora a competição seja uma forma de agir plenamente aceita, em países

capitalistas, quer sobre a forma da competitividade empresarial ou competitividade

entre equipes de uma mesma organização, ela deve ser evitada nas relações

interpessoais em pequenos grupos.

Se por um lado, o do mundo dos negócios considera a competição como

instrumento gerador do aperfeiçoamento dos processos, nas pequenas equipes,

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quando há um enfrentamento direto, pode gerar traumas e marcas cujas cicatrizes

dificilmente serão eliminadas, prejudicando a produtividade pessoal e da equipe.

Com a tática da repressão, o gerente pode minimizar temporariamente o

conflito, visando a envolver os componentes do grupo para atingir objetivos imediatos.

Entretanto, de alguma forma, pode gerar alguns problemas psicológicos, face aos

sentimentos não manifestos durante a ocorrência de alguma discórdia ou desavença

entre os colaboradores.

A tática de repressão é empregada pelo líder que utiliza uma forma de controle

encoberta, levando os colaboradores a adotarem um comprometimento com os

valores de lealdade, cooperação, trabalho e espírito de equipe.

Desta forma, ele não viabiliza a expressão das dificuldades interpessoais, nem

a expressão de discordâncias; entretanto, para manter um clima de “pseudoequilíbrio”,

o gerente utiliza a punição e a recompensa, premiando a harmonia da equipe e

reprime com restrições financeiras ou de valorização.

É evidente que algumas divergências ou conflitos latentes, que enfocam

diferenças políticas, religiosas ou filosóficas, nem sempre inviabilizam o desempenho

eficaz na execução das tarefas grupais. Entretanto, o gerente, que usa sempre a

repressão, atinge os sentimentos das pessoas envolvidas, que ficam sem

possibilidades de serem canalizadas para situações em que o diálogo e as

explicações poderiam minimizar as divergências, causando, assim, desmotivação.

Além disso, a repressão e a ação de ignorar as diferenças individuais nas

equipes não trazem consigo a capacidade de minimizá-los ou levá-los ao

esquecimento. Permanecem como conflitos latentes que podem ser canalizados para

situação onde não haja risco da repressão.

Por outro lado, na medida em que esses conflitos ficam pressionados e

omitidos, eles permanecem no âmago das relações, podendo crescer, aparecendo nos

momentos por demais inconvenientes e passíveis de produzir prejuízos irreparáveis à

convivência e à produção.

Outra tática proposta por Moscovici (1998), é a da resolução criativa, que deve

ser utilizada na perspectiva da resolução de problemas. Um solucionador criativo de

conflitos precisa possuir algumas características básicas. Deve ser uma pessoa com

intenligência acima da média, exposta a experiências diversificadas, interesses por

idéias e suas combinações, habilidade de jogar com idéias, capacidade de fazer

associações remotas, receptividade a metáforas e analogias, preferência pelo novo

complexo, independência no julgamento.

Importa ao gerente, voltado para essa modalidade de solução dos conflitos,

criar condições ambientais e psicológicas que viabilizem aos indivíduos envolvidos no

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conflito, estarem alerta, à vontade, sentindo-se livres de qualquer sentimento de

opressão. Desta forma, eles estarão aptos a auxiliar na busca de soluções para o

problema básico do conflito, e com isso aumentando seu desempenho. Outro fator,

bastante comum nas organizações atuais e que atrapalha o bom desempenho das

equipes, é o estresse.

Conforme definido por Wagner e Hollenbeck (2002), “estresse é um estado

emocional desagradável que ocorre quando as pessoas estão inseguras de sua

capacidade para enfrentar um desafio percebido em relação a um valor importante”.

A Organização Mundial de Saúde afirma que o estresse é uma “epidemia

global”. Vive-se um tempo de enormes exigências de atualizações. Os indivíduos são

constantemente chamados a lidar com novas informações. O ser humano cada vez

mais se vê diante de inúmeras situações às quais precisa adaptar-se, como por

exemplo, diante de demandas e pressões externas, vindas da família, do meio social,

do trabalho ou do meio ambiente. Outros fatores aos quais precisa adaptar-se são,

entre outros, as responsabilidades, obrigações, auto-crítica, dificuldades fisiológicas e

psicológicas.

O desenvolvimento do processo de estresse depende tanto da personalidade

do indivíduo quanto do estado de saúde em que este se encontra. Por isso,

atualmente, as empresas também se preocupam com a boa saúde de seu

colaborador, através dos planos de saúde e programas internos, com exercícios

posturais, relaxantes, entre outros.

Segundo Wagner e Hollenbeck (2002), Hans Selye (famoso médico e

pesquisador) transpôs o conceito de “estresse” da física para a medicina e biologia e o

dividiu, didaticamente, em três fases interdependentes. Com este conceito ele deu

uma nova interpretação aos distúrbios psicossomáticos. O processo de estresse

acontece da seguinte forma: O indivíduo depara-se com um(a) estímulo (condição) estressor(a),

como por exemplo: nova paixão; emprego novo tão desejado;

promoção; beijo; falta de tempo para lazer; trânsito caótico; contas a

pagar; salário congelado; intensa competição; ameaça de um predador;

mudança súbita, brusca e ameaçadora na posição social e/ou nas

relações do indivíduo; ameaça a segurança ou integridade física e

emocional da própria pessoa ou de pessoa por ela amada; vida afetiva

em desequilíbrio; conflito prolongado; guerra; acidente; assalto;

sequestro; estupro; catátrofe natural; injeções de proteínas estranhas

ao organismo; frio intenso; anestesia; cirurgia.

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Diante de um ou mais estímulos citados, o indivíduo entra na primeira fase

descrita por Selye, denominada fase de alarme. Nesta fase, o organismo entra em

estado de alerta para se proteger do perigo percebido e dá prioridade aos órgãos de

defesa, ataque ou fuga.

As reações corporais desenvolvidas nesta fase são: dilatação das pupilas,

estimulação do coração, alteração na respiração, frieza nos pés e mãos, tensão nos

músculos, inibição da produção de saliva, entre outros.

Caso o indivíduo consiga lidar com o estímulo agressor, eliminando-o ou

aprendendo a administrá-lo, o organismo volta à sua situação básica de equilíbrio

interno e continua a vida normal. Mas, se o contrário, o estímulo persistir sendo

entendido como estressor e o indivíduo não tenha encontrado uma forma de se

reequilibrar, vai ocorrer uma evolução para as outras duas fases do processo de

estresse.

Na segunda fase, denominada fase de resistência, intermediária ou estresse

contínuo, persiste o desgaste necessário à manutenção do estado de alerta. O

organismo continua sendo provido com fontes de energia rapidamente mobilizadas,

aumentando a potencialidade para outras ações no caso de novos perigos imediatos

serem acrescentados ao seu quadro de estresse contínuo. O organismo continua a

busca para ajustar-se à situação em que se encontra.

Com a persistência de estímulos estressores, o indivíduo entra na terceira fase,

denominada de exaustão ou esgotamento, onde há uma queda na imunidade e o

surgimento da maioria das doenças, como por exemplo: dores vagas, taquicardia,

alergias, caspa e seborréia, diabetes, hipertensão, ansiedade, fobias, lapsos de

memória, insônia, entre outros. Equipes e organizações que consigam lidar com o

estresse diário, com certeza terão uma chance maior de serem eficazes.

As organizações estão sempre em busca da perfeição para aumentar sua

competitividade no mercado, mas, como sabemos, a perfeição é uma busca

constante. Existe ainda outro aspecto fundamental para o sucesso de uma equipe,

conseguir transformar um indivíduo em membros de equipes.

Muitas pessoas preferem trabalhos solitários ou terem mérito individual por

suas realizações. Para que uma organização consiga integrar esse tipo de indivíduo a

uma equipe, em primeiro lugar deve ter uma cultura coletivista, isto é, mostrar para o

colaborador que seu sucesso não é reconhecido com trabalhos isolados, e sim, com o

sucesso de um trabalho coletivo.

Com certeza esse tipo de cultura enfrenta muita resistência das pessoas,

quando implantada, porém se a empresa souber gerenciar e recompensar trabalhos

em equipe, com o tempo todos absorverão esse sistema de trabalho.

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Robbins (2002) expõe algumas opções básicas para que gerentes transformem

indivíduos em membros de equipes:

• Seleção: dar preferência a candidatos que possuam características ou

habilidades interpessoais no momento de uma contratação;

• Treinamento: realizar treinamentos com especialistas e aplicação de

exercícios que permitam ao colaborador descobrir a satisfação do trabalho

em equipe;

• Recompensas: reformular o sistema de recompensas, para estimular

esforços cooperativos, ao invés dos competitivos. As promoções e

aumentos de salário devem ser dados aos indivíduos por sua eficácia e

participação colaborativa em equipe.

Portanto, uma equipe deve estar estruturada de forma a consubstanciar

situações que propiciem a interdependência de responsabilidades entre todos, onde

cada um seja capaz de assumir, de acordo com as necessidades e competências, as

funções de liderança, compartilhando-as de forma que todos e cada um sirvam de

suporte para a prevalência da equipe. É esta responsabilidade compartilhada que

oferece suporte para um ajustamento flexível entre todos, abrindo espaço para que

consigam atingir os melhores índices de produtividade motivada.

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4. ESTUDO DE CASO: GRUPO DIMEN – MEDICINA NUCLEAR A Dimen – Medicina Nuclear, é uma empresa especializada na atividade

assistencial, ensino e pesquisa em Medicina Nuclear e Laboratorial, com serviços de

ponta em Campinas, Presidente Prudente, Araçatuba, Ribeirão Preto, Cuiabá, Birigui,

São José dos Campos e Bauru.

Pioneira na transmissão de imagens e assídua na busca da evolução

tecnológica, oferece aos seus clientes serviços de alto padrão técnico – científico, com

um bom processo de atendimento.

A Dimen – Diagnóstico Médico Nuclear foi idealizada por três jovens médicos,

desde 1980. Na época, condições adversas, tais como: a desvalorização da moeda

em relação aos países produtores de equipamentos médicos, falta de incentivo

governamental, impossibilidade de acesso a financiamentos bancários, aliado à

pressão constante dos planos de saúde, levaram a Dimen à procura de alternativas

inovadoras.

Neste sentido, está sempre pronta a mudar, procurando novos aprendizados,

novas tecnologias, novos talentos e com um trabalho persistente, constante, firme e

diário de todos os colaboradores para a construção de uma Dimen do futuro.

Os desafios sempre impulsionaram esta empresa, como por exemplo, quando

lhes foi dito, em 1984, ao iniciarem a negociação para a primeira câmara de cintilação

(equipamento utilizado em Medicina Nuclear para realização de imagem) que não

conseguiriam adquirí-la. Passados 22 anos, instalaram 18 serviços e compraram 25

câmaras de cintilação.

Sua missão: “Trabalhar em atenção à saúde de todos” e política: “Exercer a

medicina com transparência, qualidade e seriedade, interagindo de forma saudável

com a comunidade e o meio ambiente, aperfeiçoando-se, constantemente, em busca

da satisfação dos clientes, fornecedores e colaboradores, obedecendo aos princípios

que regem as boas relações” e essa é a tarefa diária de todos.

A Dimen cresceu bastante e hoje possui um organograma bastante peculiar. É

composta de uma unidade base localizada em Campinas, denominada Administração

Corporativa, que dá assistência a todas as unidades de negócio. A Corporativa

apresenta as gerências financeira, qualidade e marketing, recursos humanos, setor

unificado de compras para todas as unidades, atendimento ao cliente e Associação

Médica Dimen (AMD), composta por nove médicos acionistas das unidades.

Cada unidade é composta basicamente por um Gestor, que obrigatoriamente é

um médico membro da AMD, um representante da direção e um coordenador

administrativo, geralmente a mesma pessoa. Os organogramas estão esquematizados

nas Figuras 2 e 3, nas páginas seguintes.

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AMD

DIRETORIAAMD

ADMINISTRAÇÃOCORPORATIVA

ASSESSORIARADIOPROTEÇÃO

GRUPO DIRETIVODA QUALIDADE

GERÊNCIAFINANCEIRA

GERÊNCIA ORGANIZACIONAL ERECURSOS HUMANOS

GERÊNCIA DA QUALIDADE EMARKETING

Setor deContas à Pagar/Receber

Setor deFaturamento

Setor deSuprimentos

Setor de Comunicaçãoe Marketing

Setor daQualidade

Setor deCredenciamento

Setor deAtendimento ao Cliente

Setor deServiços Gerais

Setor deRecursos Humanos/

Pessoal

Setor deInformática

Figura 2. Organograma da Administração Corporativa

Fonte: Associação Médica Dimen, 2003

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Coordenador Administrativo

Medicina Nuclear

Medicina Laboratorial

Microbiologia

Bioquímica

Hormônio

Triagem

Coleta

Limpeza/Esterilização/Descarte

Central de laudos

Setor de Emissão e Expedição de Laudos

Setor de Serviços Gerais

Setor de Recepção

Administração

Urinálise Parasitologia

Imunologia

Hematologia

Sala Médico

Sala Injeção

Sala Quente

Representante da Direção

Gerência da unidade

Figura 3. Organograma das unidades Dimen

Fonte: Associação Médica Dimen, 2003.

O grupo está atravessando uma nova fase, a da Qualidade. Atualmente,

encontra-se na etapa final do processo de implantação da ISO 9001, fato este que

gerou muitos conflitos dentro da organização e talvez tenha sido neste ponto que

começaram alguns problemas organizacionais que enfrenta no presente.

4.1 Conflitos de Idéias e Interesses Todas as unidades de negócio interagem entre si e esta interação nem sempre

acontece de forma harmônica, pelas diferenças de idéias e ideais dos gestores, e, com

isso, surgem os conflitos, como: diferentes visões das metas de trabalho, diferentes

interesses na distribuição de recursos e desequilíbrio na distribuição de tarefas, que

afetam todo o grupo.

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Esses conflitos começam nos níveis hierárquicos mais elevados; portanto, são

conflitos verticais e, com isso, refletem horizontalmente entre os colaboradores,

gerando expectativas, insatisfações e sensações constantes de instabilidade no

ambiente de trabalho.

Alguns gestores posicionavam-se contra a implantação da ISO, afirmando que

a empresa não se encontrava suficientemente amadurecida financeira e

intelectualmente para uma mudança desse porte, principalmente, por se tratar de uma

mudança cultural dos envolvidos; em contra partida, outros eram a favor por se tratar

de uma boa estratégia de mercado e marketing, visando a uma melhor qualidade de

atendimento ao cliente, que sempre foi o principal foco da Dimen.

A decisão por implantar ou não o sistema da qualidade foi definido através de

uma votação, na qual a maioria optou pela implantação.

A empresa resolveu implantar e certificar a norma ISO 9001 ao mesmo tempo

nas 13 unidades de negócio do grupo Dimen, e talvez tenha sido, nesse ponto, que os

problemas motivacionais se iniciaram, pois, com isso, houve uma mudança

organizacional gigantesca dentro da empresa, com a criação de cargos não existentes

e extinção de outros, gerando muita expectativa entre os colaboradores, que, de certa

forma, se sentiram “ameaçados”, principalmente, pela forma com que foram

conduzidas essas mudanças estruturais, não havendo um planejamento estratégico

para essas mudanças.

A alta administração, por ser formada de membros bastante heterogêneos, no

que diz respeito à personalidade e forma de comandar equipes, uns seguindo a linha

do reforço positivo, outros do reforço negativo, as normas estipuladas pela empresa

não se aplicaram a todos os colaboradores de forma homogênea e, provavelmente,

este seria o motivo pelo qual, atualmente, a Dimen apresente uma equipe desunida e

desmotivada.

Conforme dados levantados no setor de recursos humanos da empresa, antes

do processo de implantação da Qualidade, a Dimen possuía 80% de colaboradores

motivados e satisfeitos com a empresa e uma média de rendimento operacional tido

como muito bom. Atualmente, esses dados revelam uma insatisfação e desmotivação

de 60% dos colaboradores e uma média de rendimento operacional classificado como

insatisfatório.

Esses índices podem ser explicados pela sobrecarga de trabalho que está

acontecendo durante o processo de implantação da ISO 9001, gerando alto índice de

estresse nos colaboradores e, consequentemente, a visível queda no rendimento da

equipe.

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Nesse momento, talvez, fosse interessante aplicar a Teoria do Equilíbrio, pois

os colaboradores estão em grande tensão e precisam de um equilíbrio fisiológico e

social, que pode ser atingido através de incentivos, não só salariais, mas,

principalmente, por meio de elogios e prêmios de produção. Para um estudo mais ilustrativo, o Quadro 1 apresenta algumas características

da equipe do grupo Dimen antes e depois do processo de implantação da Qualidade.

Quadro 1. Características da Equipe Dimen

Pré – ISO Pós - ISO

- Participação e interesse pelos

assuntos da empresa; - Lealdade; - Respeito à hierarquia; - Bom relacionamento inter-

pessoal; - Ética; - Motivação constante; - Amor à profissão; - Cumprimento da jornada de

trabalho dentro do horário pré-estabelecido;

- Distribuição de trabalho de forma ordenada;

- Baixa rotatividade.

- Total desinteresse pelos

assuntos da empresa; - Procura por novas

oportunidades de emprego; - Críticas à hierarquia e à forma

de administração; - Ética; - Desmotivação constante; - Alto índice de estresse; - Sobrecarga de trabalho; - Alto índice de horas extras; - Alta rotatividade; - Alto índice de retrabalho.

Fonte: Elaborado pela autora

4.2 Solução Proposta para Reverter o Quadro Atual da Empresa Baseando-se na experiência diária e interna da empresa, pode-se notar que a

falta de planejamento de um projeto, de qualquer natureza, poderá refletir diretamente

na equipe, e isso é perfeitamente esperado, pois, atualmente, são as pessoas que

fazem as grandes empresas.

A Dimen sempre valorizou muito sua equipe, porém falta uma administração

mais participativa, na qual as idéias dos colaboradores possam ser colocadas em

prática visando às possibilidades. Assim eles sentiriam-se mais envolvidos nos

processos, ou até mesmo um plano de participação nos lucros, talvez pudesse haver

aumento consideravel do rendimento com diminuição do retrabalho.

A descentralização da tomada de decisões também faz parte dessa

administração participativa e das empresas com grande visão de negócios.

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No que se refere à implantação do projeto da qualidade, seria bom envolver

todos no processo, fazendo com que os colaboradores consigam perceber as

melhorias que a ISO trará para a empresa e para seu próprio crescimento profissional.

A implantação do processo de forma gradual nas unidades, uma a uma,

causaria menos impacto para o organização, seria uma mudança cultural lenta dentro

das unidades, trazendo melhor aceitação e melhores resultados.

As reuniões frequentes em cada unidade de negócio podem ser um bom

começo para que cada colaborador entenda a complexidade do sistema da qualidade,

pois tudo o que é conhecido e entendido torna-se mais fácil de ser trabalhado.

Os planos de incentivo à qualificação e treinamentos em cursos específicos da

área, ministrado pelos próprios médicos nucleares ou supervisor técnico, também é

uma proposta dos próprios colaboradores, por se tratar de uma área muito específica.

O fim do tratamento diferenciado para alguns colaboradores, pois a partir do

momento em que a empresa estabelece normas, elas devem ser cumpridas desde a

alta administração até os postos mais inferiores da organização, assim as pessoas

sentem-se igualmente respeitadas.

Nesse momento, além das sugestões acima citadas, a aplicação de teorias

motivacionais podem ser eficazes para reverter esse quadro. Com base em temas e

teorias apresentadas ao longo deste estudo, pode-se sugerir a aplicação de várias

teorias, porém a que mais se enquadra neste momento, além da Teoria do Equilíbrio,

já citada, é a Teoria X e Y, juntamente com a Teoria do Reforço, com vistas ao reforço

positivo.

Os colaboradores estão precisando sentir-se importantes novamente para a

empresa; portanto, a criação de metas claras e objetivas com a participação das

sugestões apresentadas pelos próprios colaboradores e após o cumprimento de

alguma meta, elogiá-los e premiá-los, seria um reforço positivo importantíssimo para

sua auto-estima.

A Teoria X e Y poderia ajudar por estar muito ligada à estrutura da Teoria de

Maslow. A empresa, a par dessa fase tumultuada, esqueceu-se de que toda pessoa

tem suas necessidades e estas devem ser supridas, e para que o indivíduo tenha um

bom desempenho, é necessário manter a auto-realização e estima dos colaboradores

em alta. Neste momento, a aplicação das quatro premissas positivas da Teoria Y, com

certeza, despertaria novamente o interesse dos colaboradores pelos negócios da

empresa, inclusive pelo projeto ISO 9001.

Certamente, esse processo de resgate de uma equipe eficaz não acontecerá

de imediato, mas sim, em um ritmo lento, que começará após a certificação, quando a

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rotina de trabalho e as pressões diárias, normais em um processo de implantação da

Gestão da Qualidade, voltarão ao normal.

Conseguindo resgatar a auto-estima da sua equipe, voltando a se preocupar

com as necessidades de seus colaboradores e fazendo com que eles se envolvam e

se comprometam novamente com os objetivos da organização, será, por certo, um

grande passo para reverter o quadro atual da equipe Dimen, conseguindo, dessa

forma, uma equipe altamente eficaz, que sempre possuiu.

Existem muitas outras soluções possíveis para os problemas diagnosticados no

estudo de caso, porém as soluções apresentadas são as que mais fazem parte da

realidade da empresa neste momento.

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5. CONCLUSÃO A importância de um estudo científico é a possibilidade de sua aplicabilidade e

o objetivo específico deste é o de investigar modelos motivacionais que mais

favorecem, quando aplicados, na obtenção de equipes de alto desempenho.

Espera-se ter alcançado o propósito de demonstrar a importância da formação

de uma equipe e como o comportamento organizacional, através de teorias

motivacionais, é importante ferramenta dentro de uma organização.

Um estudo de caso foi o método científico escolhido para desenvolver este

trabalho e foi apresentado ilustrando como a falta de planejamento na execução de um

projeto, que envolve todo o capital humano da empresa, pode tornar uma equipe

motivada em uma equipe altamente desmotivada, em virtude desse projeto, houve um

alto índice de estresse e sobrecarga de trabalho, fazendo com que a eficácia da

equipe diminuísse.

Foi apresentada a situação atual da empresa e possíveis soluções, através da

aplicação de teorias motivacionais, para reverter um quadro de desmotivação em

massa dentro da organização.

Uma cultura mais flexível, que permita e aceite mudanças organizacionais, é

fundamental para o sucesso da equipe e da organização. Num ambiente onde a

opinião alheia seja importante e exista a capacidade de ouvir, é possível agradar e

motivar a todos.

As teorias motivacionais, apresentadas como proposta para reverter o quadro

atual da equipe Dimen, foram a Teoria do Equilíbrio, pois como o próprio nome diz, os

colaboradores precisam de equilíbrio, tanto fisiológico, como social, sentindo-se

recompensados por tanto trabalho e estresse na fase de implantação da ISO 9001; a

Teoria do Reforço, principalmente reforço positivo, pois se a alta direção souber

elogiar sua equipe toda vez que desenvolverem um bom trabalho, eles, certamente, se

sentirão mais envolvidos nos processos da empresa e, finalmente, a Teoria do X e Y,

dando ênfase às premissas positivas do Y, citadas à página 30 deste trabalho, pois

acredita-se que resgatariam a auto-estima e realização dos colaboradores, suprindo,

desta forma, suas necessidades.

Ressalta-se que a base dos conflitos apresentados no estudo de caso pode

estar ligadas à complexidade do processo da implantação do sistema de qualidade.

Neste caso, a solução poderia tender para outros caminhos, que fogem ao escopo

deste estudo.

É importante concluir que as empresas cada vez mais estão tentando acertar,

seja à frente da competitividade e concorrência, seja na forma de gerenciar equipes. O

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importante é estar sempre procurando inovação e mudanças, independente do

negócio em que se atua.

A aplicação da motivação na formação de equipes de alto desempenho é

apenas uma abordagem que foi estudada para este trabalho e outros temas podem

ser estudados, futuramente, como por exemplo, Falhas Comuns dos Gerentes na

Gestão de Pessoas, Delegar Poder como Forma de Participação da Equipe, O Papel

da Empresa no Incentivo à Qualificação de seus Colaboradores, entre outros, pois

todo o tema que envolve gestão de pessoas é altamente amplo e polêmico, não se

esgotando neste trabalho.

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