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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA ÁLVARO HENRIQUE MELLO JOSÉ AVALIAÇÃO DE MÉTODO PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA USINA DE COMPOSTAGEM NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - USP Lorena 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

ÁLVARO HENRIQUE MELLO JOSÉ

AVALIAÇÃO DE MÉTODO PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA USINA DE

COMPOSTAGEM NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - USP

Lorena

2014

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ÁLVARO HENRIQUE MELLO JOSÉ

AVALIAÇÃO DE MÉTODO PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA USINA DE

COMPOSTAGEM NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - USP

Monografia apresentada à Escola de

Engenharia de Lorena como exigência

para obtenção do certificado de

Graduação em Engenharia Bioquímica

pela Universidade de São Paulo

Orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio

Kondracki de Alcântara

Lorena

2014

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar e acima de tudo, a Deus e meu Santo Anjo da Guarda

pela companhia e força cedidas a mim.

À minha família, João José, Ana Maria e João Paulo, por todo o suporte e

apoio durante toda a graduação.

Aos meus amigos da república, por fornecerem durante esses anos o

ambiente ideal para um aluno de graduação.

À amigos por incentivarem a participação em diversos projetos estudantis.

À professora Rita Rodrigues, por todo sacrifício em ensinar a trabalhar

academicamente.

Ao professor Marco Alcântara, por ter aceitado me orientar em um trabalho

tão importante como esse e ao Guilherme Alves, por ter me dado uma gigante

ajuda para finalizar este trabalho.

A todos aqueles que um dia me ajudaram a me tornar quem me tornei hoje.

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RESUMO

JOSÉ, A. H. M. Avaliação de Método para Implantação de uma Usina de

Compostagem na Escola de Engenharia de Lorena – USP. 2014. 26 f.

Monografia (Graduação) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de são

Paulo, Lorena, 2014

Processos variados para o tratamento de resíduos gerados por domicílios,

industriais e da agricultura estão cada vez mais sendo utilizados devido a

importância que vem sendo dada a preservação do meio ambiente. A

compostagem trata principalmente de resíduos sólidos orgânicos domiciliares e

de agroindústrias, transformando esses resíduos que seriam descartados em

aterros, ou queimados para geração de energia, em adubo com potencial

orgânico. Neste trabalho são discutidas práticas para se obter uma compostagem

ótima alterando a concentração dos produtos de entrada, ou então controlando o

sistema após iniciada a reação. Como aplicação prática, foi escolhido a Escola de

Engenharia de Lorena – USP como local de recebimento de material e

processamento como um todo, até a produção final de adubo orgânico, que pode

ter diferenciadas aplicações, como doação para fazendeiros vizinhos a fim de

melhorar a relação EEL – Vizinhos, como adubo para as próprias vegetações

presentes na Faculdade, ou até para uma futura produção de culturas

selecionadas.

.

Palavras-chave: Compostagem, fermentação sólida, adubo orgânico.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo básico de compostagem. Fonte: LIMA (2004). .................................................... 9

Figura 2 – Entrada e saída de um processo de compostagem. Fonte: BUDZIAK et al. (2004). ..... 11

Figura 3 – Classificação de processos de compostagem. Fonte: KIEHL (1979). ........................... 13

Figura 4 – Túnel de ventilação e sua aplicação em leiras estáticas de compostagem,

respectivamente. Fonte: BELEM (2004). ......................................................................................... 18

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composição de alguns materiais empregados no preparo do composto (resultados em

material seco a 110ºC). .................................................................................................................... 15

Tabela 2 – Diferentes condições de desenvolvimento microbiano, referente à temperatura.......... 20

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 9

2.1 Definição de compostagem ......................................................................................... 9

2.2 Princípios da compostagem ..................................................................................... 11

2.3 Natureza dos compostos .......................................................................................... 12

2.4 Requerimentos para uma compostagem ótima ........................................................ 13

2.4.1 Relação C/N ..................................................................................................................... 14

2.4.2 pH .................................................................................................................................... 15

2.4.3 Tamanho da partícula ..................................................................................................... 16

2.4.4 Aeração ........................................................................................................................... 17

2.4.5 Umidade .......................................................................................................................... 18

2.4.6 Temperatura ................................................................................................................... 19

2.4.7 Odor e controle de pragas .............................................................................................. 20

2.5. Produto final ............................................................................................................. 21

3 PROCESSO DE COMPOSTAGEM A SER UTILIZADO NA EEL - USP ......... 23

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 26

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 27

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1 INTRODUÇÃO

A cada dia a população em todo canto do mundo vem aumentando, e com

isso a demanda por água, alimentos e espaço crescem, logo, aumentando a

poluição como um todo. Hoje nós já atingimos estágios críticos em vários locais

do mundo em relação a poluição no ar, água e solos, sendo este problema cada

vez mais grave. Diversas soluções estão sendo implantadas para a redução da

produção de poluentes, como também para remover estes poluentes presentes

nos meios naturais, como a reciclagem, tratamento de efluentes, utilização de

resíduos agrícolas para geração de energia e a compostagem.

Utilizado na antiguidade pelos orientais através de criação de leiras para a

produção de adubo orgânico que seria utilizado na produção agrícola de cereais,

o processo de compostagem teve em 1920 a primeira tentativa de sistematizar o

processo, quando sir Albert Howard desenvolveu o processo Indore, na Índia. Até

os dias de hoje o processo de compostagem foi tomando muitas formas, desde

sistemas mais simples, onde o resíduo orgânico é simplesmente colocado em

formato de leiras, e os controles são efetuados através de sistemas rústicos,

como uma barra de ferro para medição de temperatura, como existem processos

mais sofisticados, com o auxílio de máquinas para fazer desde a triagem dos

alimentos, até a obtenção do produto final, o adubo orgânico.

Os campi de Lorena da Universidade de São Paulo (EEL –USP) hoje em

dia atendem cerca de 2 mil alunos e funcionários e possuem uma vasta área

construída, como também de jardins, onde todas as podas e capins recolhidos

durante a manutenção da faculdade hoje em dia são deslocados para um aterro

sanitário. Outro problema, por sua vez maior, é o restaurante universitário, que

serve cerca de 5 mil pratos por semana. Parte dos restos de alimentos gerados

por este restaurante hoje em dia são deslocados para alimentação de porcos de

fazendas vizinhas, e outra parte para aterros. A fim de diminuir a quantidade de

resíduos destinados a aterros sanitários e poder extrair um produto deste

material, a compostagem seria uma boa alternativa para os campi, diminuindo a

quantidade gerada de lixo, gerando uma pequena quantidade de empregos,

aumentando sua responsabilidade socioambiental, construindo uma possível

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futura fonte de pesquisa e servindo de exemplo para outras unidades USP, ou até

outras universidades.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Definição de compostagem

O processo de compostagem está bem representado na Figura 1, um

fluxograma apontando cada etapa do processo, desde a fonte da matéria

orgânica (Produtor), até a produção do adubo para compra (Consumidor).

Figura 1 – Modelo básico de compostagem. Fonte: LIMA (2004).

Inicialmente o resíduo de matéria orgânico é formado e encaminhando ao

centro de compostagem, onde o material será trabalhado para a formação de

adubo orgânico. Após a recepção do material no local, este material é estocado

em seu devido lugar, e com um volume suficiente, ele é triado de duas maneiras

diferentes: manual ou mecânico.

A triagem feita manualmente é feita através de uma esteira com os

operários dispostos em seus lados separando o material orgânico do material

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reciclável, ou até de materiais não recicláveis, que são encaminhados cada um

para seus destinos. Já a triagem mecânica possui um rendimento maior, fazendo

uma melhor triagem em um menor espaço de tempo, porém os custos de

instalação e manutenção são elevados, sendo necessário previamente um estudo

de viabilidade para escolher o modelo que será utilizado.

O material orgânico então triado é triturado para aumentar a superfície de

contato do material, aumentando assim a velocidade do processo de

compostagem como um todo. Porém, o tamanho das partículas tem um limite

inferior de tamanho, para não ocorrer o empacotamento das partículas e o ar

podem transitar pelo sistema.

A homogeneização e a fermentação são efetuadas em leiras, montes ou

equipamentos específicos. O processo mais simples é a fermentação em leiras,

onde o material orgânico é disposto no solo com aproximadamente 1,5 metros de

altura, 2 à 3 metros de largura e comprimento indefinido. O problema deste

processo é a exposição aos intemperismos físicos, como chuva ou sol, podendo

alterar as composições da leira. Para isso, se faz necessário o uso de pequenas

cabanas para cobrir a leira, ou adicionar água para manter a umidade necessária.

Um processo um pouco mais sofisticado e rápido utiliza digestores

aeróbios, que permitem que de 2 à 8 dias todo o material orgânico decomponível

já tenha sido fermentado, diminuindo o tempo do processo como um todo, e

também higienizando o meio, uma vez que a temperatura atingida tem também

função sanitária.

Após a fermentação, o material orgânico é disposto em pátios de

maturação para o processo de cura, onde a matéria digerida passa pelo processo

de humificação. Mais uma vez este processo pode ser aerado para a redução do

tempo do processo de 180 dias para 60 à 120 dias. Com a matéria toda

humificada, o adubo orgânico está pronto para ser comercializado.

O processo de compostagem também pode ser definido de acordo com a

Figura 2, que representa uma leira onde ocorre a adição de matéria orgânica

biodegradável (carbono, nitrogênio orgânico, entre outros nutrientes), água, O2,

microrganismos e elementos minerais, e, após sucessivas reações químicas e

bioquímicas com liberação de valor d’água CO2 e calor, é produzido o produto

final, um composto com matéria orgânica humificada, elementos minerais, água e

uma biomassa microbiana estável.

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Figura 2 – Entrada e saída de um processo de compostagem. Fonte: BUDZIAK et al. (2004).

2.2 Princípios da compostagem

O processo de compostagem consiste basicamente em sucessivas reações

biológicas e químicas de microrganismos, insetos, vermes, e outros seres vivos

presentes no meio. Esses microrganismos dissipam parte do carbono presente na

pilha de composto para o ambiente na forma de H2O e CO2, ao mesmo tempo que

os nutrientes presentes no meio são assimilados e mineralizados. Alguns

produtos das reações dos seres presentes, metabólitos secundários, compostos

mais resistentes (cadeias longas) e frações de biomassa microbiana são

condensados e polimerizados na forma de húmus.

O calor gerado através das reações de oxidação do carbono, a

competitividade gerada no meio de compostagem através de organismos

heterofílicos e compostos antagônicos produzidos por microrganismos

decompositores, tendem a matar patógenos presentes no composto, ou ao menos

reduzir suas concentrações a níveis aceitáveis para o composto final. Outra

característica que diminui a chance da contaminação por patógenos é que esses

organismos necessitam muitas vezes de substratos específicos e temperaturas

específicas para o seu desenvolvimento ótimo, características não encontradas

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em um processo adequado de compostagem (MARTIN, 1991).

2.3 Natureza dos compostos

Uma vez que no processo de compostagem ocorre a participação

majoritária de microrganismos, qualquer material biodegradável pode ser utilizado

em uma pilha de compostagem. Este material quando depositado na natureza é

biodegradado em um determinado período de tempo, de acordo com a sua

relação C/N, temperatura, pH, umidade, entre outras características. Porém, em

um processo de compostagem, busca-se uma otimização do processo, sendo

necessário desta maneira a união de mais de um composto para ser

metabolizado em cada vez, formando-se assim, a pilha de compostagem. Esses

materiais biodegradáveis contém, cada um em sua proporção, compostos

orgânicos solúveis, proteínas, lipídeos, polissacarídeos de armazenamento ou

estrutura (celulose, amido, quitina, glicogênio, hemicelulose, entre outros), e no

caso das plantas, compostos fenilpropaniodes compondo a lignina (MARTHUR et

al., 1990b).

Compostos como restos de matadouros, restos de carne, pequenos ossos,

sangue, e outros restos de animais podem ser adicionados as pilhas de

compostagem, porém é necessário que seja utilizado um tratamento especial para

cada um desses produtos (DALZELL et al., 1987).

Compostos líquidos também podem ser adicionados as pilhas de

compostagem, uma fazendo-se necessária a alteração das propriedades físicas

deste materia, adicionando compostos que absorvem a umidade presente no

líquido, como palha de arroz, serragem, ou cama de aviário (VALENTE et al.,

2009).

O lixo orgânico urbano é composto de restos de alimentos, cascas de

frutas e legumes, bagaços de frutas, borra de café, entre outros. Estes materiais

são a principal fonte de materiais para um processo de compostagem comum, e

possuem uma relação de carbono / nitrogênio (C/N) média adequada para o

processo. Porém, além do lixo orgânico domiciliar, temos restos de podas, capim,

serragens, que podem fazer parte do processo de compostagem, auxiliando em

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propriedades como remoção de umidade, ou até ajustando a relação C/N

(BELEM, 2004).

2.4 Requerimentos para uma compostagem ótima

Dentre os principais requerimentos para uma compostagem ótima, podemos

citar a relação entre carbono e nitrogênio (C/N) dos compostos que serão fonte de

energia e nutrientes para o microrganismo, o pH do meio onde acontecerá todo o

processo, o tamanho da partícula que será adicionada no meio, o tipo de

processo que será utilizado quanto a aeração, à qual umidade o processo deve

ser submetido, em qual temperatura o processo ocorre e como controlar

problemas como odores e pragas (MARTIN, 1991).

A figura 3 mostra diferentes tipos de processo de compostagem que podem

ser utilizados, uma vez que a escolha do processo deve ser feita antes de

prepara-lo, pois cada classificação diferente que se escolha para sua

compostagem, o modo de trabalhar também é alterado. Por exemplo: Os

processos estáticos são aqueles em que são depositadas a matéria orgânica na

forma de pilhas ou leiras, e são revolvidos periodicamente. Já o processo

dinâmico acelerado recebe esse nome pois são utilizados catalisadores (neste

caso, enzimas), utilizam injeção de ar e aquecimento forçado, tudo para obter um

processo mais rápido (NOGUERA, 2011).

Figura 3 – Classificação de processos de compostagem. Fonte: KIEHL (1979).

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2.4.1 Relação C/N

Os microrganismos possuem uma velocidade de metabolismo ótimo

quando submetidos a uma certa concentração de compostos orgânicos

específica: 50% de carbono, 5% de nitrogênio e 0,25 – 1% de fósforo, baseado

em seu peso seco (ALEXANDER, 1977).

As massas atômicas do nitrogênio e do carbono são muito parecidos (14 e

12, respectivamente), mas para facilitar os cálculo, podem ser considerados como

iguais. Para a assimilação de cada átomo de carbono no composto final, são

necessários a metabolização de 2 átomos do mesmo, chegando a um final de 30

átomos de carbono para cada átomo de nitrogênio no meio inicial de

compostagem (WAKSMAN, 1938). Porém, como estes valores são aproximados,

valores entre 26 e 35 para a relação de C/N foram encontrados para obter um

ótimo processo de compostagem (GOTAAS, 1956).

Resultados satisfatórios foram obtidos pela University of California (1953)

com uma relação C/N entre 30 e 40. Se a relação C/N for baixa, os

microrganismos partirão para uma via metabólica diferente, tendo como resultado

a eliminação de nitrogênio na forma de amônia para o meio, a fim de voltar na

concição ótima de crescimento (relação C/N 30/1). Já no caso da relação C/N foi

muito elevada, os microrganismos presentes no meio participarão de reações

sucessivas de formação de biomassa, até chegar na relação desejada,

diminuindo assim a velocidade do processo como um todo. A palavra composto já

tras consig uma definição que é formada de diferentes materiais, com diferentes

propriedades químicas, a fim de se conseguir uma relação ótima de C/N.

(MARTIN, 1991). Outra relação que é desejada de se obter no meio de

copostagem é a relação de carbono por fósforo, porém essa relação não causa

tantos problemas quando se difere da relação ótima como no caso do C/N, sendo

C/P ótimo perto dos 200/1.

A relação C/N pode ser utilizada como indicador de fases da compstagem,

tendo como início a relação 30/1, e ao decorrer do processo de maturação, ter um

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composto final de 10/1. O carbono é fonte de energia para o metabolismo das

células, já o nitrogênio atua como fonte de nutrientes (NOGUERA, 2011).

A Tabela 1 mostra a relação de alguns itens que podem ser adicionados ao

processo de compostagem de acordo com suas relações C/N, e a quantidade de

outras substâncias.

Tabela 1 – Composição de alguns materiais empregados no preparo do composto (resultados em material seco a 110ºC).

M.O. – matéria orgânica.

Fonte: Adaptado de Kiehl (1981 e 1985).

2.4.2 pH

A maioria dos produtos que fazem parte da compostagem tem pH perto do

valor neutro, alguns um pouco menores, perto do pH 5,0, outros chegando a 8,0

(MARTIN, 1991). Já os microrganismos que atuam no meio possuem uma faixa

ótima de funcionamento para o pH entre 6,5 e 8,0, fazendo com que uma pilha de

compostagem bem colocada e com camadas alternadas de rejeitos não crie

problema para os microrganismos fermentescíveis trabalharem (PEIXOTO, 1988).

Valores de pH muito acima de 7,0 no composto como um todo pode fazer

com que nos meios de reação aquosos contenha excesso de íons OH-, fazendo

com que elementos importantes para o composto final, como Cu e Zn, precipitem

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na forma de carbonatos insolúveis, ou então estes íons, em concentração elevada

a concentração intracelular, causa perda de água nas células por osmose. Na

outra extremidade, valores de pH muito ácidos podem descomplexar íons que são

essenciais para o funcionamento metabólico do microrganismo, como íons de

cálcio, ou de magnésio, diminuindo suas atividades. Ou até liberar íons tóxicos

para o meio, como Al, Mn e Cu, presentes estes em minerais e até na matéria

orgânica do composto (MARTIN, 1991).

Já durante o processo de compostagem, o pH do meio pode ser também

um indicativo do estágio em que o processo se encontra. Nas primeiras horas as

reações que liberam ácidos orgânicos no meio são as predominantes no

processo, fazendo com que o pH decresça até valores de 6,0. Após este estágio,

o pH é elevado até um valor levemente alcalino, estabilizando entre valores de 7,0

e 8,0, no pH ótimo para os microrganismos. Problemas como abaixamento de pH

para valores inferiores a 4,5 podem ser causados devido a falta de oxigênio no

meio, fazendo com que as reações predominantes sejam as anaeróbias que tem

como produto moléculas de ácidos orgânicos. Para a solução, basta o

remeximento da pilha de compostagem para aerar o meio e manter as reações

aeróbicas como principais (JIMÉNEZ e GARCIA 1989).

Portanto, quando uma compostagem é bem conduzida, mantendo suas

camadas alternadas, e o processo todo aerado, o pH tende a se estabilizar no pH

ótimo para o funcionamento dos microrganismos (PEIXOTO, 1998).

2.4.3 Tamanho da partícula

O processo de compostagem mais recomendado é o processo aeróbio.

Para o bom funcionamento deste processo, o meio deve ser devidamente aerado,

de acordo com cada tipo de processo. Uma das características principais para a

aeração deste composto é o tamanho das partículas que compõe toda a

composteira, não podendo ser muito pequena, pois o grau de empacotamento

entre partículas pequenas é muito elevado, dificultando a passagem de ar (O2

para o metabolismo celular e CO2 como desprendimento de gás) e tornando o

processo mais anaeróbico, e com redução nos valores de pH. Já partículas com

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tamanho elevado também não são desejadas, devido a superfície relativa de

contato ser menor, diminuindo a velocidade de todo o processo (OLIVEIRA,

2008).

O tamanho ótimo para as partículas é de valores entre 2,5 e 5,0cm, sendo

bom ter partículas de todos os tamanhos entre este intervalo, para que o ar possa

transitar mais facilmente entre as pilhas, e a velocidade de decomposição de cada

composto viável para o processo (MARTIN, 1991).

Um dos processos de diminuição do tamanho de partícula é o de trituração

do composto antes de ser implantado nas composteiras. Para diminuir o tamanho

dessas particulas, podem ser utilizados moinhos de diversos tipos, sendo os mais

utilizados os motinhos de martelo, devido a sua capacidade de trabalho e seu

rendimento serem elevados (LIMA, 2004).

Restos de monoculturas, como soja e feijão, ou de folhas e gramas pode

ser adicinados inteiros na composteira (OLIVEIRA, 2008).

2.4.4 Aeração

Existem diversos tipos de processos de compostagem distintos quanto a

presença de oxigênio no meio, sendo eles aeróbios, anaeróbios ou facultativos.

(NOGUERA, 2011)

Para acontecer o processo aeróbio, o meio deve ser aerado para que os

microrganismos presentes possam realizar reações que necessitam de O2. O ar a

ser utilizado pode ser o ar atmosférico, e, em muitos casos, esta aeração é feita

ao remexer a pilha de compostagem. As temperaturas neste processo são

elevadas (maior que 55°C) pois ocorre liberação de gases (CO, CO2 e vapor de

água) no meio através de reações exotérmicas. Existem outras maneiras de

aeração, algumas mais sofisticadas, com o auxilio de máquinas, e outras mais

criativas, como o uso de um túnel de ventilação, para a produção de uma leira

estática, conforme a Figura 3 (BELEM, 2004).

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Figura 4 – Túnel de ventilação e sua aplicação em leiras estáticas de compostagem, respectivamente. Fonte: BELEM (2004).

Já no processo anaeróbio, os microrganismos que dominam são aqueles

que conseguem viver sem a presença de O2 no meio. Este processo é mais lento

que o processo aeróbio, e pode gerar gases malcheirosos (NH3, CH4). Ele ocorre

geralmente quando o meio está com uma umidade elevada, acima de 60% (LIMA,

2004). Enquanto, o processo facultativo é uma mistura dos dois outros processos.

Durante certo tempo, o processo aeróbio domina, junto com seus

microrganismos, e durante outro período de tempo, o processo dominante é o

processo anaeróbio.

2.4.5 Umidade

Segundo Belem (2004), a umidade do meio de compostagem deve estar

entre 55 e 60% para que os microrganismos benéficos para este processo se

desenvolvam. Para manter esta umidade é necessário regar as composteiras

regularmente, de acordo com o clima local. Caso chova, esta ação se faz

desnecessária. A umidade é um fator indispensável para ocorrer um bom

processo de compostagem.

Outra faixa também a ser considerada é de 40 a 60% de umidade no meio,

em peso seco, de matéria orgânica decomponível. Umidades com valor abaixo de

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40% retarda o processo, uma vez que o microrganismo necessita de água

disponível no meio para seu metabolismo. Já valores superiores a 60% torna o

processo anaeróbio, podendo causar maus odores e aumentar o volume de

chorume produzido. Para a coleta de amostras, é recomendado coletar amostras

de diversos pontos da composteia, pois o centro tende a estar mais umido, e as

extremidades mais secas. A umidades inferiores a 12%, o processo de

compostagem é interrompido (NOGUERA, 2011).

2.4.6 Temperatura

A temperatura do processo é um dos fatores que mais importa na hora de

escolher qual será o tipo de composteira e quais serão suas características

operacionais. Esta temperatura pode variar entre 27 e 70°C. Processos com

temperaturas abaixo de 37°C são processos dominados por microrganismos

anaeróbios resultando em um tempo de processo maior e não tem como função a

sanitização do composto. Já nos processos com temperatura acima de 55°C os

microrganismos que dominam o processo são os termofílicos. Esta elevada

temperatura, além de fazer com que o processo como um todo seja mais rápido,

podem destruir ovos de larvas de pragas, deteriorar microrganismos patogênicos

(MARTIN, 1991).

O calor gerado principalmente pelo metabolismo das três maiores fontes de

carbono da biomassa: proteínas, carboidratos e lipídeos. Este calor vai da faixa

de 9 a 40 kJ/g, com os lipídeos tendo o maior rendimento como fonte de calor

para o processo. Com todo esse calor gerado para o meio, em apenas 2 à 5 dias

a temperatura já se encontra perto 40°C, onde até então os microrganismos

majoritários eram os mesofílicos, contribuindo com a produção de ácidos

orgânicos, que são produtos intermediários de seus metabolismos. Após o

aumento da temperatura, com valores próximos ou superiores a 60°C, os

mesofílicos morrem, restando apenas alguns esporos, e então começa a

dominação do meio por microrganismos termofílicos, e.g. Streptomyces. O cheiro

de “terra boa” que vem do processo é característico dos esporos dos

Streptomyces (LIMA, 2004)

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O conceito que vem das reações químicas de que quanto maior a

temperatura, mais rápida a reação não pode ser integralmente aplicada neste

caso, uma vez que este é um processo bioquímico, envolvendo enzimas que se

degradam a elevadas temperaturas, fazendo necessário um controle desta

temperatura para que não exceda 70°C. De acordo com Poincelot (1975),

baseado na análise de diversos critérios, a melhor faixa de temperatura para se

obter durante um processo de compostagem é de 48 à 70°C.

A escolha da temperatura vai da necessidade do processo ou do produto

final, como a dependência da remoção dos microrganismos patógenos do

processo em todos os períodos do mesmo, ou então da redução do período de

microrganismos antagonistas no meio que produziriam substâncias que

dificultariam o crescimento dos microrganismos desejados, ou até da necessidade

do controle de odores gerados pelo processo. Após ser observado que a

velocidade máxima de decomposição da matéria orgânica ocorre próximo 55°C,

foi chegado ao consenso de que a melhor temperatura para o processo é de 55 a

60°C (BOLLEN, 1985; FINSTEIN & MILLER, 1985; LOPEZ-REAL & FOSTER,

1985). A Tabela 1 apresenta uma síntese destas condições.

Tabela 2 – Diferentes condições de desenvolvimento microbiano, referente à temperatura.

Temperatura

Criofílico Mesofílico Termofílico

< 35°C 35 - 55°C >55°C Condição de organismo que

se desenvolve melhor em

baixa temperaturas

Melhor condição de

desenvolvimento

Condição de organismo

que se desenvolve melhor

em altas temperaturas

Fonte: SISTROM (1969).

2.4.7 Odor e controle de pragas

Dentro de processos anaeróbios, e até alguns processos aeróbios podem

ser liberados para o meio moléculas que geram maus odores, como amônia,

ácidos alifáticos, mercaptanas, H2S, metil aminas, diamnias e escatol. Algumas

dessas substâncias são encontradas em processos de putrefação, e também em

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cadáveres, ou seja, sã indesejáveis para o processo de compostagem. A pesensa

dessas substâncias pode causar o aparecimento de insetos indesejáveis para o

processo, que por sua vez colocariam ovos no composto, fazendo com que o

produto final do processo de compostagem esteja contaminado por possíveis

vetores que podem, além de ser patógenos a plantação, ser patógenos a

comunidade presente ao redor de seu local de aplicação, dificultando a venda

desse produto (MARTIN, 1991).

Para controlar esses problemas, Dalzell et al. (1987) utiliza um sistema

como utilizado a muito tempo na China. Esse sistema consiste de colocar uma

camada de um gesso de lama de 5 - 10cm cobrindo toda a composteira, com o

auxilio de palha de arroz picada como agente ligante. Outra possivel solução é

colocar uma camada de composto maduro sobre toda a pilha, de 10 – 15cm

(MTHUR et al., 1990a).

2.5. Produto final

Após todo o processo de compostagem ter chegado ao fim, ou seja, todo o

material orgânico ter sido humificado, o composto produzido tende a apresentar

características constantes e homogêneas, como relação C/N em torno de 10/1

(MARTIN, 1991).

Para se obter a maior eficiência ao usar o composto orgânico como adubo,

este produto deve ser utilizado imediatamente após a sua produção. Porém, caso

não seja possível o uso imediato, deve ser armazenado em um local protegido do

sol e de chuva. Este composto pode ser utilizado para a produção de orgânicos,

uma vez que é livre de agentes químicos (OLIVEIRA, 2008).

Este composto orgânico produzido através de resíduos, pode melhorar

propriedades físicas, químicas ou biológicas do solo, podendo então ser

classificado como um adubo orgânico, apesar de não poder substituir

integralmente os fertilizantes químicos, como o N.P.K. (LIMA, 2004) Porém, M. S.

Pinto (1979) verificou que a aplicação do composto orgânico produzido por este

método produz resultados satisfatórios, quando utilizado sozinho para adubação,

como: Retenção da umidade do solo em períodos de seca, prevenção contra

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erosão, fornecimento de alguns nutrientes principais, prevenção da lixiviação do

nitrogênio orgânico, entre outros.

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3 PROCESSO DE COMPOSTAGEM A SER UTILIZADO NA EEL - USP

O processo já descrito anteriormente no item 1.1 é um processo de simples

aplicação e com capacidade para ser aplicado na USP, unidade de Lorena (EEL –

USP).

Um processo que poderia ser adotado é uma adaptação do sistema de

Kiehl (1957). Simples e de baixo custo, o sistema de Kiehl (1957) pode ser

manuseado manualmente, não sendo necessário o uso de máquinas de grande

porte, tanto para preparar o composto que será compostado, quanto para remexer

as composteira.

Este processo é constituído de duas fases distintas: A disposição de

matéria prima e a irrigação e revolvimentos.

Na primeira fase, os resíduos são colocados no chão em formato de pilhas

ou leiras, todos intercalados para manter o meio homogêneo, de 1,5 a 1,8 metros

de altura, 3 a 4 metros de largura e de comprimento indefinido. As pilhas são

formadas por duas a quatro partes de restos vegetais e uma parte de meio de

fermentação, nomenclaturas de Kiehl. Os restos vegetais são fontes de carbono e

geralmente pobres em nitrogênio, já os meios de fermentação são materiais que

entram em fermentação espontânea, servindo de inoculo para o meio

fermentativo. Portanto, quando juntos, formam um meio de fermentação

inoculado.

Enquanto na segunda, para obter uma melhor homogeneidade e facilidade

ao remexer as leiras, é recomendado o uso de tratores, porém, estes podem ser

feitos com pás. Os revolvimentos devem ser feitos periodicamente e repetidos de

3 a 5 vezes, durante os 15 primeiros dias. Este revolvimento aera o meio, fazendo

com que a aerobiose domine o sistema. Para manter a umidade desejada no

composto, basta irrigar o meio com água, ou com um substrato em meio líquido,

auxiliando assim na correção do teor de umidade e na relação C/N.

Os substratos que podem ser utilizados na EEL – USP são variados, como:

Restos de alimentos do Restaurante Universitário (RU), restos de podas de

árvores, arbustos e capins, serragem de serralherias próximas para auxiliar na

relação C/N, que deve ser próxima a 30 (serragem esta que é um resíduo das

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serralherias, e que são descartadas para aterros), resíduos formados durante a

preparação dos alimentos do RU (encontrados na cozinha do restaurante, que se

localiza perto à Avenida Targino, na cidade de Lorena), qualquer resíduo orgânico

que não possua aditivos químicos (corantes, produtos à base de petróleo), e,

após certos tipos de tratamento, resíduos de matérias primas não totalmente

utilizadas em experimentos voltados para pesquisas nos departamentos da

faculdade, como restos de bagaço de cana, restos de sabugo de milho, entre

outros (estes restos devem ser tratados, pois muitas vezes estão com teor de pH

fortemente alcalinos ou fortemente ácidos, ou com algum tipo de contaminante

para os microrganismos), ou até restos de hidrolisados desses materiais (desde

que submetidos ao seu devido tratamento).

O processo a ser utilizado na EEL –USP inicialmente seria um protótipo, e

para a escolha de quais características este protótipo teria, podemos utilizar como

auxílio a Figura 4.

Em função da biologia, o sistema teria que ser aeróbio, pois em um

ambiente escolar e de pesquisas, além de obter resultados mais rápidos, não

aconteceria a liberação de maus odores e a presença de moscas e insetos

indesejados. Já referente à temperatura, o sistema seria termofílico, devido a sua

velocidade elevada em relação aos outros processos e a sua característica de

sanitização (temperaturas elevadas combatem seres patógenos).

Quanto ao ambiente, uma vez que a unidade de Lorena não possui

imediatamente um local para ser processado estes resíduos orgânicos em regime

fechado. Além disso, também o processo para conseguir um recipiente onde

possa ser efetuado este processo fechado é demorado (apesar de que processos

feitos em ambientes fechados são mais rápidos, e possuem um controle maior).

Portanto, o processo seria aberto com auxílio de telhados. Estes feito de telhas,

ou então de algum plástico, ou palha, para evitar contato com chuvas, pois Lorena

tem extensos períodos pluviométricos.

Já em termos do processo, seria Estático ou Natural, devido à simplicidade

da técnica, ainda que seja um pouco mais lenta, pois uma técnica Dinâmica ou

Acelerada apresenta uma grande complexidade para uma implementação

imediata da compostagem dentro da faculdade.

O produto de todo este projeto pode ser utilizado dentro da própria

faculdade para a adubação de árvores frutíferas, ou então junto com a criação de

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um pomar, ou horta, que seria uma atividade a mais para fins de pesquisa e de

lazer, mas isso não vem ao caso agora. Outro destino para este adubo podem ser

fazendas vizinhas, a doação desse produto pode diminuir a distância política entre

essas fazendas, fazendo com que caso seja necessária a utilização desta

fazenda para algum assunto acadêmico (visita, ou espaço físico), a conversa

entre Faculdade – Fazendeiro fica mais fácil. O adubo pode também ser uma

fonte de pesquisa, uma vez que hoje temos novos professores na área de

botânica, ou então, como última opção, porém não menos importante, este adubo

pode ser vendido para qualquer lugar que a unidade desejar.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas as características necessárias inicialmente para um processo de

compostagem ser implantado na EEL – USP foram discutidas neste trabalho,

necessitando agora de incentivo por parte da comunidade acadêmica para a

implantação de funcionamento deste projeto.

A geração de resíduos da faculdade como um todo seria reduzida, fazendo

com que ela sirva de exemplo de uma unidade com práticas sustentáveis para a

cidade e outras unidades da USP.

Tanto o Diretor como o Vice-Diretor da EEL têm-se mostrado abertos para

este projeto, bem como a outros dentro da área sustentável.

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