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i UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA EEL/USP FÁBIO DE PÁDUA NAKANO AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DOS PROCESSOS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO DA SABESP DE CARAGUATATUBA/SP, USANDO REATORES COM AERADORES SUBMERSÍVEIS E DIFUSORES: RELAÇÃO CUSTO/ BENEFÍCIO. Lorena 2012

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i

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL/USP

FÁBIO DE PÁDUA NAKANO

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DOS PROCESSOS DE TRATAMENTO

DE EFLUENTES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

DA SABESP DE CARAGUATATUBA/SP, USANDO REATORES COM

AERADORES SUBMERSÍVEIS E DIFUSORES: RELAÇÃO CUSTO/

BENEFÍCIO.

Lorena

2012

ii

FÁBIO DE PÁDUA NAKANO

Avaliação da eficiência dos processos de tratamento de efluentes de estações de Tratamento de Esgoto da Sabesp de

Caraguatatuba/SP, usando reatores com aeradores submersíveis e difusores: relação Custo/ Benefício.

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso,

apresentado ao Departamento de Engenharia

Química de Escola de Engenharia de Lorena -

Universidade de São Paulo, como parte dos

requisitos para conclusão do curso de

Engenharia Química.

Área de Concentração: Engenharia Ambiental

Orientadora: Prof.a Dr.a Teresa Cristina Brazil

de Paiva

Lorena

2012

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Alexandre e Nely pela educação, dedicação, apoio

e carinho durante todas as etapas da minha vida.

Agradeço a minha noiva Dayane pela paciência, companheirismo e apoio ao

desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço a minha orientadora Dra. Teresa Cristina Brazil de Paiva por me

orientar na iniciação científica e no trabalho de conclusão de curso.

Agradeço aos técnicos e ao Gerente Operacional da Sabesp de

Caraguatatuba pelo tempo e esclarecimentos disponibilizado.

Agradeço a toda comunidade da Escola de Engenharia de Lorena - USP,

funcionários e professores por contribuírem em grande parcela para minha

formação.

iv

EPÍGRAFE

“Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para

o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação,

conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias,

devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho.”

Dalai Lama

v

RESUMO

NAKANO, F. P. Avaliação da eficiência dos processos de tratamento de efluentes de estações de Tratamento de Esgoto da Sabesp de Caraguatatuba/SP, usando reatores com aeradores submersíveis e

difusores: relação Custo/ Benefício. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso –

Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

Com o objetivo de avaliar a eficiência dos processos de tratamento de efluentes

com reatores biológicos por lodo ativados que utiliza aeradores submersíveis ou

sopradores, foi realizado um estudo teórico e experimental desses processos

visando à relação custo/benefício. Um dos maiores problemas dos processos de

tratamento de efluentes é o alto consumo de energia elétrica para obtenção de

valores de parâmetros finais que atendam as legislações ambientais. A maior

parte deste gasto é devido aos aeradores ou sopradores. Por esta razão é

importante que se possa determinar a eficiência de transferência de oxigênio dos

aeradores sob as condições atuais de operação do sistema. Inicialmente, foi

realizado experimento no reator biológico, sob condições reais de operação, onde

foi avaliada a influência das variáveis (DQO, OD, Temperatura, pH, Vazão de

Entrada de Efluente). Em seguida, foi determinada a variabilidade dos valores de

DQO e pH obtido na entrada e saída de um tanque específico (Tanque 04) com o

intuito de avaliar as características do afluente e efluente relacionando-os com

consumo de energia elétrica total do processo.

Palavras-chave: Eficiência, Aeração, Transferência de oxigênio, Lodo ativado,

Otimização.

vi

ABSTRACT

NAKANO, F. P. Evaluation of the efficiency to the processes of the effluent treatment in a Sewage Treatment Station at Sabesp of Caraguatatuba/SP, using reactors with submersible aerators and blowers – relation Cost/Benefit. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

In order to evaluate the efficiency of wastewater treatment processes with

biological reactors by activated sludge, which uses submersible aerators or

blowers, a detailed theoretical and experimental study of the process to the cost

/benefit. One of the biggest problems of wastewater treatment processes is the

high energy consumption to obtain final parameter values that meet environmental

laws and, most of this spending is due to aerators or blowers. For this reason it is

important that we can determine the efficiency of oxygen transfer aerators under

the current conditions of system operation. Initially, the experiment was realized

place in the biological reactor, under actual operating conditions, which is

evaluated by the influence of the variables (COD, DO, Temperature, pH, Effluent

Flow Input). Then determinate the variability of COD and pH values obtained in the

entrance and exit of a specific tank (Tank 04) in order to evaluate the

characteristics of influent and effluent relating it with total electricity consumption of

the process.

Key-words: Efficiency, Aeration, Oxygen Transference, Activated Sludge,

Optimization.

vii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Mapa do Litoral Paulista e subdivisões: Litoral Sul, Baixada

Santista e Litoral Norte.

FIGURA 2 – Mapa de Caraguatatuba e seus limites territoriais.

FIGURA 3 – Classificação dos reatores biológicos aeróbios quanto ao tipo de

aglomeração de biomassa.

FIGURA 4 – Processo simplificado de degradação aeróbia de substâncias

orgânicas por microrganismos.

FIGURA 5 – Transformações entre os compostos nitrogenados no ciclo do

nitrogênio.

FIGURA 6 – Redução biológica de nitrato a nitrogênio gasoso.

FIGURA 7 – Representação do processo de lodos ativados convencional.

FIGURA 8 – Fluxograma do sistema de lodos ativados com operação

intermitente utilizando dois reatores.

FIGURA 9 – Fluxograma do sistema de lodo ativado convencional.

FIGURA 10 – Variação do pH em função de diferentes concentrações de CO2.

FIGURA 11 – (a) Biorreator 04 da ETE Martim de Sá e (b) Biorreator 04 da

ETE Porto Novo.

FIGURA 12 – Fluxograma do tratamento Biológico: (a) ETE Martim de Sá e (b)

ETE Porto Novo, mostrando três pontos de coletas de amostras.

FIGURA 13 – Medidor de pH, modelo de bancada 3 Star Plus, marca Thermo

Scientific Orion.

viii

FIGURA 14 – Medidor de temperatura e oxigênio dissolvido acoplado a uma

sonda com tecnologia luminescente por longa duração, tipo Pro

ODO, da Marca YSI.

FIGURA 15 – Digestor para DQO, do tipo DRB 200, marca Hach, com a

temperatura padrão e algumas amostras após digestão.

FIGURA 16 – Curvas de monitoramento da DQO e pH do efluente de chegada

ao biorreator 04 da ETE Martim de Sá.

FIGURA 17 – Curvas de monitoramento da DQO e pH do efluente de chegada

ao biorreator 04 da ETE Porto Novo.

ix

LISTA DE TABELA

TABELA 1 – Espécies de bactérias autotróficas capazes de oxidar amônia

e nitrito.

TABELA 2 – Monitoramento de Parâmetros para avaliação da

característica do efluente ETE Martim de Sá.

TABELA 3 – Monitoramento de Parâmetros para avaliação da

característica do efluente ETE Porto Novo.

TABELA 4 – Monitoramento geral dos parâmetros físico-químicos do

efluente do biorreator 04 da ETE Porto Novo.

TABELA 5 – Monitoramento geral dos parâmetros físico-químicos do

efluente do biorreator 04 da ETE Martim de Sá.

TABELA 6 – Dados utilizados para a montagem de indicador DQOr X

Energia Elétrica do biorreator 04 da ETE Martim de Sá.

TABELA 7 – Dados utilizados para a montagem de indicador DQOr X

Energia Elétrica do biorreator 04 da ETE Porto Novo.

TABELA 8 – Custo de pessoal ETE Porto Novo e Martim de Sá.

TABELA 9 – Custo com produtos químicos ETE Porto Novo e Martim de

Sá.

TABELA 10 – Custo com manutenção ETE Porto Novo e Martim de Sá.

TABELA 11 – Dimensão Econômica da ETE Porto Novo e ETE Martim de

Sá.

x

LISTA DE SIGLAS/ ABREVIATURAS

B04 ETE PN Biorreator 04 da Estação de Tratamento de Esgotos Porto

Novo.

B04 ETE MS Biorreator 04 da Estação de Tratamento de Esgotos Martim

de Sá.

DQO Demanda Química de Oxigênio

DQOr Demanda Química de Oxigênio Removida

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

EEL Escola de Engenharia de Lorena

ETE Estação de Tratamento de Esgotos

GIA Grau de Impacto antropogênico

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MBR Biorreator de Membranas

OD Oxigênio Dissolvido

PESM Parque Estadual da Serra do Mar

SABESP Cia de Saneamento do Estado de São Paulo

SS Sólidos Suspensos

SSVTA Sólidos Suspensos Voláteis no Tanque de Aeração

UASB Reatores Anaeróbios de fluo ascendente

UTGCA Unidade de Tratamento de Gás Caraguatatuba

xi

LISTA DE SÍMBOLOS

A Fator de frequência

CO2 Gás carbônico

CH4 Gás metano

C6H12O6 Glicose

°C Grau Celsius

E Energia de ativação

H+ Íon hidrogênio

H2O Água

K2Cr2O7 Dicromato de potássio.

K Constante de Arrhenius

Ks Constante de saturação pelo substrato

Ki Constante de inibição pelo substrato

Km Quilômetro

Km2 Quilometro quadrado

N2O Óxido nitroso

N2Or Óxido nitroso redutase

NO Óxido nítrico

Nor Óxido nítrico redutase

NH2OH Hidroxilamina

N2 Gás nitrogênio

xii

N-Amon. Nitrogênio amoniacal

N-NO3- Nitrogênio como nitrato

NH4+ Íon amônio

NO2- Ânion nitrito

Nir Nitrito redutase

NO3- Ânion nitrato

Nar Nitrato redutase

nm Nanômetro

O2 Oxigênio

pH Potencial hidrogeniônico

R Constante dos gases ideais

S Concentração de substrato

Ta Temperatura absoluta em Kelvin

µmT Taxa de crescimento máximo das bactérias a uma temperatura

qualquer

µS Velocidade específica de consumo de substrato

µSmax Velocidade específica máxima de consumo de substrato

θ Coeficiente de Arrehnius

V Volts

xiii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................6

2. OBJETIVO GERAL .............................................................................................................7

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..............................................................................................7

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................................8

4.1 LITORAL NORTE – CONTEXTO ...............................................................................8

4.2. MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA – CONTEXTO .............................................. 10

4.3. TRATAMENTO BIOLÓGICO DE EFLUENTES ...................................................... 11

4.4. REMOÇÃO DA MATÉRIA CARBONÁCEA ............................................................. 13

4.5. REMOÇÃO DA MATÉRIA NITROGENADA ............................................................ 14

4.6. SISTEMAS DE LODO ATIVADO ............................................................................. 17

4.6.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS................................................................... 17

4.6.2. FLUXO INTERMITENTE (REATORES SEQUENCIAIS POR BATELADA) . 19

4.6.3. LODOS ATIVADOS CONVENCIONAIS (FLUXO CONTÍNUO) .................... 21

4.6.4. AERAÇÃO PROLONGADA (FLUXO CONTÍNUO) ......................................... 22

4.7. FATORES AMBIENTAIS COM INFLUÊNCIA NO TRATAMENTO BIOLÓGICO

DE EFLUENTES ................................................................................................................... 23

4.7.1. TEMPERATURA ................................................................................................ 23

4.7.2. PH ........................................................................................................................ 24

4.7.3. CONCENTRAÇÃO DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) ................................. 26

4.7.4. CONCENTRAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA ............................................... 26

4.8. RELAÇÃO CUSTO BENEFÍCIO INFLUENCIANDO A TOMADA DE DECISÃO . 27

5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................... 29

5.1 MATRIZES ESTUDADAS .............................................................................................. 29

5.2. PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS .................................................................. 31

5.2.1. PH ........................................................................................................................ 31

5.2.2. TEMPERATURA E OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) ....................................... 32

5.2.3. VAZÃO DE ENTRADA....................................................................................... 33

5.2.4. DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO .............................................................. 33

5.2.5. CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA ............................................................. 34

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 34

6.1. ESTUDO DA CARACTERÍSTICA DOS EFLUENTES ........................................... 34

6.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DAS MATRIZES ESTUDADAS.......... 36

xiv

6.3. PARÂMETRO DE INDICAÇÃO DE EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO

RELACIONANDO DQO REMOVIDA COM ENERGIA ELÉTRICA .................................. 37

6.4. DETERMINAÇÃO DOS CUSTOS TOTAIS – DIMENSÃO ECONÔMICA ............ 38

6.4.1. CUSTOS DE PESSOAL ........................................................................................ 39

6.4.2. CUSTOS COM ENERGIA ELÉTRICA ................................................................. 39

6.4.3. CUSTOS COM PRODUTOS QUÍMICOS ............................................................ 40

6.4.4. CUSTOS COM MANUTENÇÃO ........................................................................... 40

6.4.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIMENSÃO ECONÔMICA ............................... 40

7. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 41

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 42

9. ANEXOS ............................................................................................................................ 48

6

1. INTRODUÇÃO

Na natureza, caso não houvesse a interferência humana, apenas a área

superficial do curso de água que fica em contato com o ar e os obstáculos

naturais, imporiam as limitações para o desenvolvimento da vida nos diferentes

ambientes aquáticos. Nos tempos atuais, com o lançamento desgovernado de

efluentes domésticos e industriais dos corpos de água, apenas a autodepuração

não tem a capacidade de devolver as características iniciais do rio. Portanto, é

necessário o devido tratamento dos efluentes para evitar a poluição ou até

mesmo a “morte” dos cursos de água naturais. O tratamento dos efluentes nada

mais é do que uma autodepuração acelerada, com as características

hidrodinâmicas e de qualidades dos efluentes controladas (VON SPERLING,

2005).

Os resíduos industriais e domésticos decorrentes das atividades humanas

devem ser adequadamente tratados em estação de tratamento de efluentes

(ETE), a fim de remover a maior quantidade possível de poluentes, minimizar os

efeitos adversos ao ambiente, prevenir a poluição e proteger a saúde pública

(LAMBOLEZ et al, 1994; FERNANDEZ et al, 1995). Um tratamento de efluente

adequado requer um rigoroso controle do sistema, entendimento sobre a

influência dos compostos tóxicos no processo de depuração e o quão eficiente é o

sistema para remoção da carga tóxica, o qual, normalmente, é quantificada pela

redução de DQO, DBO, toxicidade ou outro composto cuja remoção é

indispensável (ARAÚJO et al, 2005; BEAL et al, 2006; SANTOS et al, 2006). Os

tratamentos baseados em processos biológicos permitem tratar grandes volumes

de efluente, com menor custo de funcionamento e simplicidade operacional

(FREIRE et al, 2000; DA MOTTA et al, 2003). Para efluentes complexos, o

processo biológico mais amplamente utilizado é por lodos ativados, cujo nível de

eficiência é elevado (JENKINS; RICHARD; DAIGGER, 2003). O sistema de lodos

ativados consiste em uma complexa associação de micro-organismos composta

por bactérias, protozoários, fungos e micrometazoários que oxidam os compostos

7

orgânicos e inorgânicos presente nos efluentes (BENTO et al, 2005; DAVIES,

2005).

Na maioria dos sistemas de tratamentos de efluentes aeróbios, o oxigênio é

transferido da atmosfera para a fase líquida do sistema de tratamento, por meio

de aeradores ou sopradores mecânicos que utiliza motores elétricos. Para manter

a população microbiana “viva” e com boa capacidade metabólica, a

disponibilidade de oxigênio faz-se necessária. Contudo, pode haver, na prática,

interrupção da aeração, seja por problemas ocasionais na distribuição de energia

elétrica ou devido a interrupções planejadas em horários de preço elevado de

energia elétrica (COSTA; FERREIRA; HAANDEL, 2007). Devido a estas

observações, o controle e avaliação do consumo de energia pelo parâmetro final

da Demanda Química de Oxigênio encontrado no efluente tornam-se fundamental

para o sucesso da Estação de Tratamento de Efluentes.

2. OBJETIVO GERAL

O objetivo do presente trabalho é avaliar a eficiência, pela relação

custo/benefício dos processos de tratamento de efluentes com reatores biológicos

que utilizam aeradores submersíveis ou sopradores por ar difuso.

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para alcançar o objetivo principal serão realizados os seguintes objetivos

específicos:

Avaliar DQO do efluente doméstico gerado no Município de

Caraguatatuba/SP;

8

Avaliar as variáveis (DQO, OD, Temperatura, pH, Carga Orgânica

removida) e capacidade de transferência de oxigênio em aerador do Tanque

04 de ambas as estações de tratamento de esgoto;

Criar um parâmetro indicador para avaliar a relação: DQOR x Consumo de

energia elétrica;

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 LITORAL NORTE – CONTEXTO

O Litoral Norte Paulista compreende a faixa que se estende do canal de

Bertioga a São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba, conforme mostra a

Figura 1. Possui limites territoriais com o estado do Rio de Janeiro e possui 161

km de extensão, contendo 164 praias, 17 ilhas, intensa variedade de cursos

d’água (rios caudalosos e pequenos córregos), regiões costeiras e mangues. A

região possui inúmeros recursos naturais e paisagísticos; costa litorânea, Serra

do Mar e Mata Atlântica, com variada biodiversidade.

O litoral norte paulista é a região que possui a maior porcentagem de

remanescentes florestais da Mata Atlântica do estado de São Paulo com

cobertura média de 80%, salientando a importância da região, dentro de um

estado onde restam apenas 15% de remanescentes. No entanto vale ressaltar

que, das quatro cidades que compõe o Litoral Norte, Caraguatatuba é a que

possui menor porcentagem de remanescentes florestais da Mata Atlântica, com

73%, enquanto Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba possuem média de 84% (SOS

MATA ATLÂNTICA; INPE, 2009).

9

Figura 1 – Litoral Paulista e subdivisões: Litoral Sul, Baixada Santista e Litoral Norte. (HOGAN, 2009)

O Litoral Norte Paulista encontra-se em transformações socioambientais

importantes, como a construção do anel viário de Caraguatatuba/ São Sebastião,

o Aterro Sanitário Regional, o Centro de Detenção Provisória, a Unidade de

Tratamento de Gás Caraguatatuba (UTGCA), a expansão do Porto de São

Sebastião e a ampliação da rodovia Caraguatatuba/São José dos Campos.

Consequentemente, o risco de acidentes e enchentes aumentará

significativamente, ao mesmo tempo em que a precariedade dos serviços de

emergência hospitalar que não estão preparados para atender a demanda

resultante de uma possível expansão urbana.

10

4.2. MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA – CONTEXTO

Localizada no Litoral Norte paulista, a cidade de Caraguatatuba (Área

Territorial de 485 km2) se situa a 186 km de São Paulo, com limite norte-sul entre

as cidades de Ubatuba e São Sebastião, a oeste Paraibuna, noroeste Natividade

da Serra, enquanto sua face leste é banhada pelo Oceano Atlântico (Figura 2).

Possuem 40 km de orla formada praias tropicais, cada uma com características

diferenciadas propiciando uma variedade extensa de atividades de lazer e turismo

(PREFEITURA DE CARAGUATATUBA, 2012; IBGE, 2007).

Figura 2 – Mapa de Caraguatatuba e seus limites territoriais (GOOGLE, 2012).

As consequências econômicas decorridas do turismo compreendem a

substituição das características agrícolas pelo setor de serviços, construção civil e

administração de imóveis, além de marcado por grande número de empregos

informais como maneira de lidar com a sazonalidade (SOUZA, 2009). Do ponto de

vista demográfico, o constante crescimento populacional resulta na ocupação

11

desordenada, já que atraídos por melhores condições, os novos moradores

chegam à cidade. Sem recursos para ocupar a cidade legalmente acabam por

construir suas casas nas encostas da Serra do Mar e, assim uma inversão ocorre,

a região que anteriormente era ocupada por empreendimentos turísticos hoje é

ocupada por famílias de baixa renda (HOGAN, 2009). A ocupação desordenada

em conjunto com a especulação imobiliária, a caça e coleta predatória consiste na

maior ameaça para a preservação do PESM.

De acordo com o estudo de Pereira et al (2009), que avalia o grau de

impacto antropogênico (GIA) no Litoral Norte, utilizando técnicas de

geoprocessamento e considerando as dimensões política, espacial, cultural,

ecológica, econômica e social, o município de Caraguatatuba é apontado como

uma região que possui alto grau de efeito antropogênico, classificada com 0,63

(dentro de uma dimensão que vai de 0 a 1, onde quanto mais próximo de 0 menor

o impacto sofrido).

Desta forma o turismo molda a cidade, tanto economicamente como em

seus aspectos demográficos e de uso e ocupação do solo, influenciando a cultura

e, dando formas ao cenário atual de Caraguatatuba que se caracteriza pela maior

área urbanizada, população (100.840 habitantes), e densidade demográfica do

litoral norte com 207,92 hab./ km2 (IBGE, 2007).

4.3. TRATAMENTO BIOLÓGICO DE EFLUENTES

Os sistemas de tratamento de efluentes tem a finalidade de proporcionar a

aceleração das reações bioquímicas que ocorrem espontaneamente na natureza,

de forma que ocorra a degradação de substâncias poluentes por ação de

microrganismos. Dentro destes sistemas de tratamento há a classificação por:

Anaeróbios: os microrganismos sintetizam as reações na ausência de

oxigênio, em ambiente redutor. O carbono orgânico é convertido basicamente em

CO2, CH4 e biomassa.

12

Aeróbio: o oxigênio é fundamental para os microrganismos envolvidos nas

reações. Sendo o carbono orgânico convertido em basicamente CO2 e biomassa.

Os reatores biológicos podem ser classificados quanto à forma

predominante de aglomeração microbiana, que podem ser na forma de flocos ou

de filme aderido sob uma superfície (biofilme), designados de reatores com

crescimento de biomassa em suspensão e biomassa fixa (SCHNEIDER, 2010),

respectivamente (Figura 3).

Figura 3 – Classificação dos reatores biológicos aeróbios quanto ao tipo de

aglomeração de biomassa (SCHNEIDER, 2010).

Os reatores com biomassa em suspensão são os mais utilizados e

difundidos, devido à vasta aplicação do sistema de lodo ativado. Entretanto, os

reatores com biomassa fixa vêm conquistando espaço por apresentarem maior

eficiência e sustentabilidade do que os processos com biomassa em suspensão,

especialmente em condições operacionais críticas, como por exemplo, com

baixas temperaturas, na presença de compostos inibitórios, com altas cargas ou

variáveis (ROUSE et al., 2007).

13

4.4. REMOÇÃO DA MATÉRIA CARBONÁCEA

A conversão aeróbia de matéria carbonácea pode ser representada pela

equação geral da respiração aeróbia. A oxidação bioquímica por via aeróbia

apresenta um alto rendimento energético, tornando possível a produção mais

elevada de células do que em outros processos, como por exemplo, as reações

anaeróbicas (SCHNEIDER, 2010). A Figura 4 mostra um fluxograma que sintetiza

o processo de degradação aeróbia de compostos biodegradáveis pelos

microrganismos.

Figura 4 – Processo simplificado de degradação aeróbia de substâncias

orgânicas por microrganismos (SCHNEIDER, 2010).

14

4.5. REMOÇÃO DA MATÉRIA NITROGENADA

As principais formas de remoção da matéria nitrogenada são por

assimilação e pelo processo de nitrificação e desnitrificação. Devido ao fato do

nitrogênio ser um nutriente, os microrganismos presentes nos processos de

tratamento assimilam o nitrogênio amoniacal e o incorporam à massa celular

(SCHNEIDER, 2010). A Figura 5 representa um esquema das conversões

possíveis entre os compostos nitrogenados no ciclo do nitrogênio na natureza.

Figura 5 – Transformações entre os compostos nitrogenados no ciclo do

nitrogênio (SCHNEIDER, 2010).

Em ambiente aeróbio, ocorre a nitrificação biológica, processo em que

bactérias autótrofas e heterótrofas promovem a oxidação biológica do nitrogênio

amoniacal para nitrito e nitrato. A nitrificação pelas bactérias autófricas é

15

considerada mais significativa que a realizada pelas bactérias heterótrofas,

apesar da velocidade de crescimento das bactérias nitrificantes autótrofas serem

mais baixa que das heterótrofas. Contudo, os microrganismos heterótrofos

apresentam vantagem ecológica quando comparados aos microrganismos

autótrofos (mais sensíveis a baixas concentrações de oxigênio dissolvido), qual

seja o incremento na taxa de crescimento, causado pela utilização simultânea do

oxigênio e nitrato como aceptores de elétrons (PATUREAU, ET AL., 1994; ZHAO,

ET AL., 1999).

O rendimento energético destas reações de oxidação é baixo; logo, os

organismos nitrificantes crescem lentamente, com baixo rendimento celular. Para

levar o N-Amon. (nitrogênio amoniacal) à N-NO3- (nitrogênio como nitrato), é

necessário que o tempo de retenção celular seja suficientemente longo para

permitir o desenvolvimento dos microrganismos e garantir a permanência da

biomassa nitrificante no reator.

. O processo de nitrificação é realizado principalmente pelas bactérias,

sendo realizado também por outros microrganismos. O consórcio microbiano

responsável por esse processo é constituído principalmente pelas bactérias dos

gêneros Nitrosomonas sp, que faz a transformação da amônia em nitrito

(nitritação) e Nitrobacter sp, que converte o nitrito a nitrato (nitratação). Sendo que

outros gêneros de bactérias também podem realizar este processo (SILVA

FILHO, 2009). A Tabela 1 mostra a relação com as principais bactérias

responsáveis pela nitrificação.

Tabela 1 – Espécies de bactérias autotróficas capazes de oxidar amônia e

nitrito (SILVA FILHO, 2009).

Oxidadoras de amônia Oxidadoras de nitrito

Gênero Nome das espécies Gênero

Nome das

espécies

Nitrosococcus N. halophilus Nitrobacter N. alkalicus

N. mobilis N. hamburgensis

16

N. nitrosus N. vulgaris

N. oceani N. winogradsky

Nitrosospira N. briensis Nitrospira N. marina

N. multiformis N. moscoviensis

N. tenuis Candidatus N. efluvi

Nitrosomonas N. aestuarii Nitrospina N. gracilis

N. communis Nitrococcus N. mobilis

N. europaea

N. eutropha

N. marina

N. nitrosa

N. oligotropha

N. ureae

Na nitrificação, em suas duas etapas, nitritação e nitratação, são gerados

íons H+, que diminuem a alcalinidade do meio, gerando acidez no meio, com

valores de pH que inibem a nitrificação (pH < 5,5). A alcalinidade pode ser

mantida por injeção de produtos químicos no meio ou ser obtida através da

combinação da nitrificação com outros processos biológicos, como a

amonificação e a desnitrificação, que garantem a alcalinidade do meio (SILVA

FILHO, 2009).

Na desnitrificação o metabolismo bioenergético microbiano utiliza-se das

formas oxidadas de nitrogênio que servem como receptores finais de elétrons

para a cadeia respiratória (DEL POZO, 2003). O processo desnitrificante é

catalisado por enzimas nitrato redutase (Nar), nitrito redutase (Nir), óxido nítrico

redutase (Nor) e óxido nitroso redutase (N2Or). Esse processo converte as formas

oxidadas de nitrogênio (NO3-, NO2

-) em nitrogênio gasoso (N2) através da

oxidação da matéria orgânica oriunda de fontes de carbono orgânico, exige

baixas concentrações de oxigênio dissolvido disponível no meio para que os

microrganismos utilizem o oxigênio do nitrato e do nitrito para respirar, ao invés do

oxigênio dissolvido. Na figura 6 é mostrado o processo de desnitrificação.

17

Figura 6 – Redução biológica de nitrato a nitrogênio gasoso (TAKAYA,

2002).

Na desnitrificação heterotrófica o substrato orgânico doa elétrons ao nitrato,

ao nitrito ou ao sulfato. Nitrito e nitrato servem então como substitutos do oxigênio

nessa cadeia com algumas mudanças no processo metabólico, ou seja, na

síntese enzimática das bactérias (FERREIRA, 2002).

4.6. SISTEMAS DE LODO ATIVADO

4.6.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Esse processo foi originado na Inglaterra em 1914 por Andern e Lockett

(JORDÃO PESSOA, 2005). Sendo constituído de um tanque de aeração, onde é

mantida em suspensão uma alta concentração de flocos microbianos, conhecidos

como lodos ativados, que são os responsáveis pela degradação de matéria

orgânica e pela redução do nitrogênio amoniacal.

Após o tanque de aeração é implantado em série um sedimentador, com a

função de separar os flocos microbianos, provocando um adensamento dos

mesmos. A decantação da matéria orgânica nesta etapa é facilitada devido às

bactérias possuírem uma matriz gelatinosa, que permite a aglutinação das

18

mesmas e outros microrganismos, sendo que essa matriz recebe o nome de

zoogleia (VON SPERLING, 1997).

O sobrenadante clarificado pode ser descartado ou seguir para um

tratamento complementar. E uma parte do lodo sedimentado retorna ao tanque de

aeração, garantindo uma elevada concentração microbiana. E o excesso de lodo

é enviado para um tratamento para ser descartado.

O crescimento e reprodução de microrganismos no tanque de aeração

ocorrem de forma continua devido à constante entrada de matéria orgânica no

sistema. Esse crescimento populacional das bactérias deve ser limitado para

evitar que atinjam excessivas concentrações no tanque de aeração, dificultando a

distribuição do oxigênio para toda a população e na sobrecarga do sedimentador,

prejudicando a devida decantação dos sólidos e a qualidade do efluente final.

Para evitar o acumulo de lodo e manter o sistema em equilíbrio, deve-se

retirar aproximadamente a mesma quantidade de biomassa que é aumentada por

reprodução (lodo em excesso). Este pode ser removido diretamente do reator ou

ser encaminhado para uma linha de tratamento do lodo, que compreende as

etapas de adensamento, estabilização e desidratação (VON SPERLING, 1997).

Enquanto o lodo excessivo é descartado, uma parte do lodo restante é

recirculada de volta para o sistema, sendo enviado para o tanque de aeração,

isso faz com que se aumente em dez vezes a concentração dos flocos

microbianos em suspensão.

Outro efeito dessa recirculação é o aumento do tempo de permanência dos

flocos microbianos suspensos no sistema, sendo um tempo maior do que o de

residência dos líquidos. E isso confere ao sistema de lodos ativados uma elevada

eficiência, pois os microrganismos residem por mais tempo no sistema e são

capazes de promover a degradação dos poluentes contidos na água (VON

SPERLING, 1997).

Os sistemas de lodos ativados têm sido bastante utilizados devido à boa

qualidade do efluente: baixas concentrações de DBO (Demanda Bioquímica de

Oxigênio), de DQO (Demanda Química de Oxigênio) e de sólidos suspensos

19

(SS), além da possibilidade de remoção de nutrientes, mais precisamente, do

nitrogênio e do fósforo. Porém, os custos de implantação, manutenção,

mecanização e geração de lodo são elevados, implicando em desvantagens para

o sistema (VAN HAANDEL, 1999; SILVA FILHO, 2009).

A Figura 7 apresenta uma representação do sistema de lodos ativados

convencional.

Figura 7 – Representação do processo de lodos ativados convencional.

(VAZZOLER, 2002)

4.6.2. FLUXO INTERMITENTE (REATORES SEQUENCIAIS POR BATELADA)

O processo de lodos ativados com operação intermitente consiste na

incorporação de todas as unidades, processos e operações normalmente

associadas ao tratamento tradicional de lodos ativados (decantação primária,

oxidação biológica e decantação secundária) em um único tanque. Utilizando

tanque único, esses processos e operações passam a serem simplesmente

sequências no tempo, e não unidades separadas como ocorrem nos processos

convencionais de fluxo contínuo. O processo de lodos ativados com fluxo

intermitente pode ser utilizado, tanto na modalidade convencional, quanto na de

aeração prolongada, embora esta seja mais comum, devido à sua maior

simplicidade operacional (VON SPERLING, 2002). Neste processo utiliza um ou

20

mais reatores de mistura completa onde ocorrem todas as etapas do tratamento,

conforme Figura 8.

Figura 8 – Fluxograma do sistema de lodos ativados com operação

intermitente utilizando dois reatores (VON SPERLING, 2002).

Com o estabelecimento de ciclos de operação com durações definidas a

massa biológica permanece no reator durante todos os ciclos, eliminando a

necessidade de decantadores separados. Os ciclos normais de tratamento são:

Enchimento (entrada de efluente bruto ou decantado no reator);

Reação (aeração/mistura da massa liquida contida no reator);

Sedimentação (sedimentação e separação dos sólidos em suspensão do

efluente tratado);

Descarte do efluente tratado (retirada do efluente do reator);

Repouso (ajuste de ciclos e remoção do lodo excedente).

21

4.6.3. LODOS ATIVADOS CONVENCIONAIS (FLUXO CONTÍNUO)

Para economizar energia na aeração do sistema convencional deve-se

retirar parte da matéria orgânica (em suspensão, sedimentável), antes do tanque

de aeração, por meio do decantador primário. Assim, o sistema de lodo ativado

convencional tem como parte integrante também o tratamento primário (Figura 9).

Na figura, o processo de cima corresponde ao tratamento da fase líquida

(efluente), ao passo que o processo de baixo exemplifica as etapas envolvidas no

tratamento da fase sólida (lodo). No sistema convencional, a idade do lodo é

usualmente da ordem de 4 a 10 dias e o tempo de detenção hidráulica no reator,

da ordem de 6 a 8 horas. Com esta idade do lodo, a biomassa retirada do sistema

no lodo excedente requer ainda uma etapa de estabilização no tratamento do

lodo, por conter ainda um elevado teor de matéria orgânica armazenada nas suas

células. Esta estabilização ocorre nos digestores primário e secundário. De forma

a reduzir o volume dos digestores, o lodo é previamente submetido a uma etapa

de adensamento, na qual é retirada parte da umidade, diminuindo, em

consequência, o volume de lodo a ser tratado (VON SPERLING, 2002).

Figura 9 – Fluxograma do sistema de lodo ativado convencional (VON

SPERLING, 2002).

22

4.6.4. AERAÇÃO PROLONGADA (FLUXO CONTÍNUO)

Os sistemas de aeração prolongada usualmente não possuem

decantadores primários, evitando a necessidade de estabilização do lodo

primário. Com isso obtém-se uma grande simplificação do processo, devido à

inexistência de decantadores primários e nem unidades de digestão de lodo.

Como consequência, o gasto com energia para aeração é elevado, já que o lodo

é estabilizado aerobiamente no tanque de aeração. Entretanto, a reduzida

disponibilidade de alimento e sua praticamente total assimilação fazem com que a

aeração prolongada seja a variante de lodos ativados mais eficiente na remoção

de DBO. No entanto, a eficiência de qualquer variante do processo de lodos

ativados está intimamente associada ao desempenho do decantador secundário.

Caso haja perda de sólidos no efluente final, haverá uma grande deterioração na

qualidade do efluente, independentemente do bom desempenho do tanque de

aeração na remoção da DBO (VON SPERLING, 2002).

Quando a biomassa permanece no sistema por período mais longo, da

ordem de 18 a 30 dias (daí o nome aeração prolongada), recebendo a mesma

carga de DBO do esgoto bruto que o sistema convencional, haverá menor

disponibilidade de alimento para as bactérias. A quantidade de biomassa (kg

SSVTA) é maior que no sistema de lodos ativados convencionais, o volume do

reator aeróbio é também mais elevado, e o tempo de detenção do líquido é em

torno de 16 a 24 horas. Portanto, há menos matéria orgânica por unidade de

volume do tanque de aeração e também por unidade de biomassa do reator. Em

decorrência, as bactérias, para sobreviver, passam a utilizar forma mais intensa

nos seus processos metabólicos a própria matéria orgânica biodegradável

componente das suas células. Esta matéria orgânica celular é convertida em gás

carbônico e água através da respiração das células. Isto corresponde a uma

estabilização da biomassa, ocorrendo no próprio tanque de aeração. Enquanto no

sistema convencional a estabilização do lodo é realizada em separado (na etapa

de tratamento de lodo), usualmente em ambiente anaeróbio. Na aeração

prolongada ela é feita conjuntamente, no próprio reator, tendo-se um ambiente

aeróbio. O consumo adicional de oxigênio para a estabilização de lodo

23

(respiração endógena) é significativa e pode ser maior que o consumo para

metabolizar o material orgânico do afluente (respiração exógena) (VON

SPERLING, 2002).

4.7. FATORES AMBIENTAIS COM INFLUÊNCIA NO TRATAMENTO

BIOLÓGICO DE EFLUENTES

O pH, a concentração de oxigênio dissolvido, a temperatura e a presença

de constituintes tóxicos ou inibitórios exercem influência direta sobre a taxa de

crescimento das bactérias (DOWNING et al., 1978; VAN HAANDEL e MARAIS,

1999; VAN HAANDEL e VAN DER LUBBE, 2007; SILVA FILHO, 2009).

As bactérias nitrificantes são sensíveis a fatores ambientais e operacionais

que podem influenciar diretamente em seu metabolismo de forma a interferir no

seu crescimento (SILVA FILHO, 2009).

Devido a pouca energia obtida durante a oxidação da amônia as bactérias

nitrificantes crescem lentamente, sendo a idade do lodo um dos fatores que

influenciam a nitrificação (METCALF & EDDY, 2003). Em condições ótimas, as

bactérias nitrificantes reproduzem em um tempo de aproximadamente de 8 a 10

horas (GERARDI, 2006).

4.7.1. TEMPERATURA

A temperatura tem grande influência sobre o crescimento bacteriano devido

a sua associação à velocidade das reações metabólicas dos microrganismos. Isso

se deve ao fato das reações serem catalisadas por enzimas específicas, cuja

produção pode aumentar ou diminuir com a temperatura (PELCZAR et al., 1997;

BLACK, 2002). Existem três temperaturas referenciais para cada espécie de

organismo: temperatura mínima, ótima e máxima. As temperaturas mínima e

máxima estabelecem os limites mínimo e máximo, abaixo ou acima dos quais não

24

há crescimento, e a temperatura ótima se refere àquela onde a taxa de

crescimento atinge o valor máximo.

Em geral, considera-se a temperatura ótima para o crescimento de

bactérias nitrificantes na faixa de 25 a 36º C. Entre 7 e 35º C existe resposta

linear para a nitritação, mas os limites diminuem para a nitratação. Logo, a

temperatura ótima para a nitritação é maior que a nitratação. Para cada acréscimo

de 7º C a taxa de crescimento das bactérias nitrificantes dobra (PELCZAR et al.,

1997; BLACK, 2002).

Segundo STILLER (1989), o efeito da temperatura nas constantes cinéticas

pode ser definido pela equação de Van’t Hoff-Arrhenius, equação (1).

k=A.e-E/RTa (1)

Porém a equação largamente utilizada em processos biológicos de

tratamento de esgoto sanitário para correção da constante cinética está

apresentada na equação (2), que é um caso particular da equação (1)

(ECKENFELDER & FORD, 1968).

µmT = µm20.θ(T-20) (2)

O valor do coeficiente de Arrehnius (θ) para as bactérias autotróficas varia

entre 1,11 e 1,13, correspondendo a um aumento no valor de µm de 11 a 13% por

cada grau celsius de variação de temperatura (DOWNING et al., 1964; VAN

HAANDEL e MARAIS, 1999; VAN HAANDEL e VAN DER LUBBE, 2007; DERKS,

2007; SILVA FILHO, 2009).

4.7.2. PH

A concentração de íons hidrogênio representa uma indicação da condição

de acidez, neutralidade ou alcalinidade. Sua origem natural é a dissolução de

rochas, absorção de gases da atmosfera, oxidação da matéria orgânica e a

25

fotossíntese. É um parâmetro importante em diversas etapas do tratamento de

efluentes, se o pH está baixo indica corrosividade e agressividade do meio. Uma

grande variação em relação à neutralidade pode afetar a vida aquática e os

microrganismos responsáveis pelo tratamento biológico destes rejeitos.

Segundo VILLAVERDE (2001), para cada g N-NH4+ oxidada 7,14 g de

alcalinidade (CaCO3) são consumidos e se não houver alcalinidade suficiente os

valores de pH podem decrescer até níveis tóxicos e inibirem o processo de

nitrificação caso o pH ficar abaixo de 6,0.

VAN HAANDEL & MARAIS (1999) afirmaram que, para concentrações com

alcalinidade total acima de 35 ppm de CaCO3, o pH não varia consideravelmente.

No entanto, para alcalinidade abaixo dessa concentração há variação do pH com

a alcalinidade, podendo acarretar em prejuízos à estação de tratamento de

efluentes (ETE) caso esse pH atinja valores extremos (muito ácido ou muito

alcalino) danificando a massa biológica responsável pelo tratamento. A Figura 10

mostra a variação do pH em função de diferentes valores da concentração de

CO2 (alcalinidade). A redução da alcalinidade de 35 ppm para 0 ppm (zero) faz

com que o pH caia da faixa neutra para um valor de 4,2 aproximadamente.

Figura 10 – Variação do pH em função de diferentes concentrações de CO2

(VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).

26

A diminuição do pH pode ser atenuada com a aeração do efluente devido à

remoção de CO2 (BITTON, 2005). Segundo LOWENTHAL & MARAIS (1976), a

variação do pH em sistemas de lodo ativado tem relação direta com a alcalinidade

do meio, a qual é devida principalmente ao sistema carbônico (CO2 – HCO3 –

CO3).

4.7.3. CONCENTRAÇÃO DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)

Segundo SILVA FILHO (2009), a influência da concentração de OD na

cinética de nitrificação tem sido objeto de pesquisas e estudos ao longo dos anos.

Alguns autores propuseram uma modificação na equação de Monod, introduzindo

a influência da concentração de OD (Equação 3) (STENSTROM e PODUSKA,

1980).

µm = µmax . [S/(S+KS)] . [OD/(OD+K0)] (3)

Quando a concentração de oxigênio dissolvido diminui, este se torna um

fator limitante para o crescimento (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).

4.7.4. CONCENTRAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA

A matéria orgânica presente em corpos d’água e nos efluentes líquidos são

as principais causadoras do problema principal de poluição das águas: o consumo

de oxigênio dissolvido no meio para realização dos processos metabólicos de

utilização e estabilização da matéria orgânica pelos microrganismos. Os principais

componentes orgânicos são as proteínas, os carboidratos, a gordura e os óleos,

além da ureia, surfactantes, fenóis, pesticidas e outros em menor quantidade. Sua

27

origem natural é a matéria orgânica vegetal e animal, e sua origem antropogênica

são, geralmente, os despejos domésticos e industriais.

Grande parte do efluente despejado em Caraguatatuba/SP é de

característica doméstica. Estes efluentes são oriundos dos domicílios, bem como

de atividades comerciais e institucionais. Sendo função do consumo de água da

população, e de alguns fatores que influenciam neste consumo. Um destes

fatores é o clima e outro o nível econômico, pois climas mais quentes e secos; e

condições econômicas favoráveis induzem ao maior consumo de água da

população. Os esgotos domésticos possuem 99,9% de água e 0,1% de sólidos

orgânicos e inorgânicos, bem como microrganismos. Devido a esta quantidade

de 0,1% é que há a necessidade de tratar os efluentes (VON SPERLING, 1997).

A matéria orgânica destes efluentes divide-se em biodegradável e não

biodegradável. Para quantificar a matéria orgânica utilizam-se métodos indiretos,

como: a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio

(DQO), com o intuito de medir o consumo de oxigênio. Estes parâmetros são

importantes, pois retrata de uma forma indireta, o teor de matéria orgânica nos

efluentes líquidos, sendo, portanto, uma indicação do potencial do consumo do

oxigênio dissolvido e este, por sua vez, podem ser relacionadas com o grau de

poluição do efluente.

Ambos os métodos medem a quantidade de matéria orgânica oxidada,

porém a DBO avalia a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar, através

de processos bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea. É uma indicação

indireta do carbono biodegradável, sendo passível de ser metabolizado por

microrganismos. Já a DQO indica toda a matéria orgânica presente, pois a

amostra reage com oxidante forte, o dicromato de potássio (K2Cr2O7), ou seja, o

parâmetro DQO é um indicativo de toda a matéria orgânica passível de oxidação.

4.8. RELAÇÃO CUSTO BENEFÍCIO INFLUENCIANDO A TOMADA DE

DECISÃO

28

A relação custo-benefício é um indicador que relaciona os benefícios de

um projeto ou proposta, expressos em termos monetários, e o seus custos,

também expressos em termos monetários. Tanto os benefícios como os custos

devem ser expressos em valores presentes.

Um meio de relacionar o custo-benefício do processo é pela avaliação dos

impactos econômicos diretos que são os fluxos monetários entre as empresa e

seus clientes, fornecedores, funcionários, investidores e o governo em todas as

esferas. Esta abordagem é caracterizada também por uma abrangência maior

que aquelas utilizadas para os relatórios feitos para a gestão interna de

empresas. Dentro de uma visão sustentável da variável econômica, os relatórios

de sustentabilidade visam avaliar, além dos custos tradicionais diretos em termos

de receitas e despesas, os impactos econômicos no entorno da área de atuação

da empresa, incluindo, também, os ativos e passivos ambientais e trabalhistas

(GRI, 2002).

No que se refere à dimensão econômica, vinculada a projeto de

produtos/processos serve para analisar a estratégia do negócio ou as opções de

projeto em termos da eco-eficiência. O modelo trabalha com um indicador final

denominado virtual que é composto por custos virtuais de prevenção. Estes

custos estariam relacionados às medidas de controle de impactos ambientais com

relação a quantidade de carga estimada para o planeta, no que se refere ao uso

de energia, matéria-prima e reciclagem (VOGTLÄNDER et. al., 2000).

O objetivo da avaliação do impacto econômico é para a tomada de decisão,

que deve buscar a opção que apresente o melhor resultado, a melhor avaliação,

ou ainda o melhor acordo entre as expectativas do decisor e a sua disponibilidade

em adotá-la, considerando a relação entre elementos objetivos e subjetivos

(SOARES, 2003).

A complexidade da tomada de decisão requer um tratamento qualificado e

justifica a utilização de métodos de apoio à decisão. Estes métodos permitem

avaliar critérios que não podem ser transformados em valores financeiros. Sua

aplicação é apropriada para comparar alternativas de projetos, políticas e cursos

de ação e, também para analisar projetos específicos, identificando seu grau de

29

impacto global, as ações mais eficazes e as que devem ser modificadas

(FERNANDES, 1996).

5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

5.1 MATRIZES ESTUDADAS

Os dois processos de tratamento de efluentes que foram estudados são de

patrimônio da Cia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. O

processo que utiliza aeradores submersíveis localiza-se na Estação de

Tratamento de Efluente Martim de Sá e a que utiliza difusores localiza-se na

Estação de Tratamento de Efluente Porto Novo, ambas em Caraguatatuba/SP.

. A Figura 11 (a) e 11 (b) mostram o Biorreator 04 da ETE Martim de Sá e o

Biorreator 04 da ETE Porto Novo, respectivamente.

Figura 11 – (a) Biorreator 04 da ETE Martim de Sá e (b) Biorreator 04 da

ETE Porto Novo.

A Figura 12 mostra o fluxograma do Tratamento Biológico da ETE Martim de

Sá (a) e ETE Porto Novo (b) mostrando três pontos de coleta de amostras. A

posição C1 refere-se à entrada do biorretor 04; a posição C2 dentro do

(b) (a)

30

biorreator 04; e a posição C3 a saída do biorreator 04. A medição do consumo de

energia elétrica foi realizada levando em consideração as posições C1 e C2.

Figura 12 – Fluxograma do tratamento Biológico: (a) ETE Martim de Sá e (b)

ETE Porto Novo, mostrando três pontos de coletas de

amostras.

Nos efluentes domésticos recebido pelo Biorreator 04 de duas Estações de

Tratamento de Esgoto situadas no município de Caraguatatuba/SP foi

monitoramento os dados experimentais referentes à: Demanda Química de

Oxigênio na Entrada e Saída do biorreator, Oxigênio Dissolvido (OD),

C1

C2

C3

C1

C2

C3

(b)

(a)

31

Temperatura, pH, Vazão de Entrada e Energia Elétrica consumida para o

biotratamento. Em contrapartida a este monitoramento, realizou-se um o

monitoramento diário na entrada do biorreator 04 quanto a Demanda Química de

Oxigênio para avaliar o perfil do efluente recebido pelas duas ETEs.

A Estação de Tratamento de Efluente Martim de Sá baseia-se no tratamento

mediante sistema aeróbio com aeradores submersíveis. E a Estação de

Tratamento de Efluente Porto Novo tem seu tratamento baseado em um sistema

aeróbio com sopradores utilizando ar difuso

5.2. PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS

Alguns parâmetros físicos e químicos foram determinados, nas amostras

utilizadas, visando melhor caracterização de cada sistema de estudo. Os

parâmetros analisados serão descritos na sequência. As análises foram

realizadas nos Laboratórios de Controle Sanitário da Sabesp de

Caraguatatuba/SP localizados nas próprias Estações de Tratamento de Esgoto.

5.2.1. PH

O pH corresponde à quantidade de íons H+ presentes na amostra. Este

parâmetro foi medido através de um medidor de pH com eletrodo de vidro,

modelo de bancada 3 Star Plus, da marca Thermo Scientific Orion, conforme

mostrado na Figura 12.

32

Figura 12 – Medidor de pH, modelo de bancada 3 Star Plus, marca Thermo

Scientific Orion.

5.2.2. TEMPERATURA E OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)

A temperatura e o oxigênio dissolvido foram medidos “in loco” nos

Biorreatores 04 de cada ETE através de um medidor de temperatura e oxigênio

dissolvido acoplado a uma sonda com tecnologia luminescente por longa duração,

tipo Pro ODO, da Marca YSI (Figura 13).

Figura 13 – Medidor de temperatura e oxigênio dissolvido acoplado a uma

sonda com tecnologia luminescente por longa duração, tipo Pro

ODO, da Marca YSI.

33

5.2.3. VAZÃO DE ENTRADA

A vazão de entrada de esgoto doméstico no Biorreator 04 de cada ETE foi

medida por meio de medidor de vazão do tipo Calha Parshall localizada entre a

grade mecânica e o desarenador.

5.2.4. DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO

A DQO corresponde à quantidade de oxigênio consumida na oxidação

química da amostra pelo dicromato de potássio em meio fortemente ácido, a

temperaturas elevadas e na presença de catalisador.

A determinação da DQO foi realizada de acordo com metodologia padrão

em APHA (5220-D, 1995). O procedimento consiste basicamente na digestão da

amostra em tubo fechado seguida de determinação colorimétrica em 600 nm. As

curvas de calibração foram construídas entre 20 – 1500 mg L-1,utilizando-se

padrões de biftalato de potássio.

A metodologia foi validada empregando-se biftalato de potássio 300 mg L-1 e

desvios de até 5% foram considerados aceitos nas triplicatas realizadas.

A Figura 14 mostra o digestor para DQO, do tipo DRB 200, marca Hach,

com a temperatura padrão e algumas amostras após digestão.

Figura 14 – Digestor para DQO, do tipo DRB 200, marca Hach, com a

temperatura padrão e algumas amostras após digestão.

34

5.2.5. CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA

O consumo de energia elétrica foi medido em cada uma das Estações de

Tratamento de Efluentes. Na ETE Martim de Sá utilizou-se de um medidor portátil

de energia elétrica, modelo 435 Power Quality Analyzer, da marca Fluke,

instalado a jusante da chave selecionadora principal do painel de alimentação do

sistema de aeração do biorreator 04, alimentados em uma tensão de 440 V. Na

ETE Porto Novo utilizou-se de um medidor fixo de energia elétrica, modelo

Hartmann & Brun, da marca MGE-ABB, instalado no disjuntor principal do

barramento elétrico de alimentação dos painéis dos sopradores responsáveis pela

aeração do biorreator 04, alimentados também a uma tensão de 440 V. Ambos os

serviços de medição foram realizados pela equipe responsável pela manutenção

elétrica da Unidade da Sabesp do Litoral Norte de São Paulo, que possui a

atribuição e a liberação nos órgãos de classe para intervir em circuitos

energizados com alta tensão elétrica de trabalho.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A discussão dos resultados obtidos foi dividida em grupos para a melhor

contextualização dos dados relacionados aos diferentes efluentes avaliados. As

amostras foram coletadas em períodos onde a população flutuante da cidade de

Caraguatatuba/SP estava reduzida, para evitar discrepâncias que poderiam

ocasionar inviabilidades aos dados amostrados.

6.1. ESTUDO DA CARACTERÍSTICA DOS EFLUENTES

35

Um conjunto de amostras foi coletado nos biorreatores 04 de cada Estação

de Tratamento de Esgoto de maneira composta. Realizaram-se as coletas em

quatro períodos específicos do dia (00h00-0600; 06h00-12h00; 12h00-18h00;

18h00-24h00) levando em consideração um período de sete dias, conforme

demonstrado nas tabelas 2 e 3 (anexo). O objetivo deste monitoramento foi

determinar uma tendência das características quanto ao pH e DQO dos efluentes

que chegam a cada Estação de Tratamento estudada (Fig. 15).

Figura 15 – Curvas de monitoramento da DQO e pH do efluente de chegada

ao biorreator 04 da ETE Martim de Sá.

A Figura 15, mostra que o efluente recebido pela ETE Martim de Sá

apresentou um aumento na concentração de matéria orgânica até 12h00 da

manhã mantendo constante, por volta de 312 mg/L de DQO, até às 18h00. Logo

após a este período, apresentou uma queda em sua concentração. O valor de pH

tendeu a uma pequena elevação, em grande parte do tempo, um decréscimo no

período da tarde e a uma estabilização a partir das 18h00.

O efluente recebido pela ETE Porto Novo (Fig. 16) apresentou aumento na

concentração de matéria orgânica durante o período de 10h00 da manhã até às

16h00, por volta de 334 mg/L de DQO. Logo após este período houve uma leve

tendência de queda dessa concentração. Percebe-se que o valor de pH tende a

36

uma pequena elevação até 08h00; uma queda no valor do pH por volta de 14h00

e, em seguida, elevasse novamente seu valor.

Figura 16 – Curvas de monitoramento da DQO e pH do efluente de chegada

ao biorreator 04 da ETE Porto Novo.

Comparando-se as características dos efluentes em estudo, observou-se

que ambos os efluente de chegada de cada estação de Tratamento apresentaram

variações nos valores de DQO e pH. Os efluentes da ETE Martim de Sá

apresentaram valores de pH menores, indicando uma característica levemente

ácida, em relação ao efluente da ETE Porto Novo. Observou-se, também, que

ocorreu menos variação das concentrações de matéria orgânica presentes no

efluente da ETE Porto Novo, durante o dia.

6.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DAS MATRIZES ESTUDADAS

As matrizes estudadas foram analisadas com relação aos parâmetros físicos

e químicos para a melhor caracterização das mesmas. As Tabelas 4 e 5 (anexo)

mostraram todos os resultados obtidos para amostras provenientes do biorreator

04 das ETEs Porto Novo (PN) e Martim de Sá (MS), respectivamente.

Para o B04 ETE PN utilizando sopradores de ar difuso, apresentou variação

da temperatura entre 22,5-26,6 °C e o pH entre 6,49 – 7,34. Já para o B04 ETE

37

MS utilizando aeradores submersíveis, apresentou variação da temperatura entre

23,6-26,4 °C e o pH entre 6,32 – 6,76.

No início do processo, os biorreatores (B04 ETE PN e B04 ETE MS)

apresentaram baixas concentrações de OD, em média 0,703 mg/L e 0,660 mg/L,

respectivamente. E ao final do processo, altas concentrações de OD em torno de

5,919 mg/L e 5,846 mg/L, respectivamente. Estes resultados indicaram que no

início do processo há grande assimilação de oxigênio, por parte dos

microrganismos, durante o consumo da matéria orgânica de ambos os processos.

Os valores de DQOr foram maiores no B04 ETE PN que no B04 ETE MS

(Tabelas 4 e 5, no anexo) e com maior constância. O efluente proveniente do B04

ETE PN obteve redução de 95,63% da DQO enquanto o B04 ETE MS 91,72 % da

DQO. O processo B04 ETE MS apresentou maiores variações nos resultados de

DQOr (67,52 % em 16/09/12) comparados com o B04 ETE PN (90,65% em

15/09/12).

Quanto ao consumo de energia elétrica observado separadamente, os dois

sopradores do B04 ETE PN apresentam, em média, uma diferença de

aproximadamente 7166,68 KWh dos dois aeradores submersíveis do B04 ETE

MS. Porém, apenas com a avaliação de cada um destes fatores em separado não

se pode ter nenhuma inferência do melhor custo/benefício para tratamento.

6.3. PARÂMETRO DE INDICAÇÃO DE EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO

RELACIONANDO DQO REMOVIDA COM ENERGIA ELÉTRICA

Com o objetivo de observar a melhor eficiência no tratamento do consumo

de energia elétrica, relacionou-se a quantidade de DQO removida pelo consumo

de energia elétrica de cada processo, levando em consideração os biorreatores

04 de cada ETE.

Os dados para a plotagem dos gráficos da Figura 17 encontram-se

relacionados nas Tabelas 6 e 7 do anexo de trabalho

38

Figura 17 – Gráfico para avaliação da eficiência DQOr X Energia Elétrica dos

biorreatores 04 das ETEs: (a) Martim de Sá e (b) Porto Novo.

Observando os gráficos da Figura 17 pode verificar que o B04 ETE PN

apresenta melhor eficiência no tratamento por consumo de energia elétrica

(DQOr/KWh) que o B04 ETE MS. Conforme foi verificado anteriormente, o B04

ETE PN apresenta pouca variação dos valores da relação DQOr/KWh que o B04

ETE MS. O valor médio encontrado para a relação DQOr/KWh do B04 ETE PN foi

de 0,0191 DQOr/KWh e 0,0188 DQOr/KWh para o B04 ETE MS.

6.4. DETERMINAÇÃO DOS CUSTOS TOTAIS – DIMENSÃO ECONÔMICA

A metodologia de cálculo para a determinação do impacto econômico está

estruturada basicamente aos custos com o pessoal de operação, energia elétrica,

produtos químicos e manutenção. No que se refere a transporte de subprodutos

inerente dos processos, considerou-se que:

(a) (b)

39

- o custo de transporte do hipoclorito de sódio e polímero praestol utilizado

no tratamento de efluente de ambas as ETEs estão inclusos nos custos unitários

dos produtos químicos.

6.4.1. CUSTOS DE PESSOAL

O dimensionamento das despesas com pessoal e respectivos encargos

sociais baseou-se no Quadro de Pessoal da Sabesp, que está estruturado para

cumprir satisfatoriamente as atribuições inerentes ao papel da concessionária,

sejam aquelas propriamente dita, como também, aquelas voltadas para os

serviços de conservação e manutenção das instalações das ETEs PN e MS, bem

como, para o atendimento dos usuários. Considerou-se, ainda, o valor de 87,84 %

sobre os salários das categorias indicadas, levando em conta os encargos

sociais.

Para as despesas administrativas, considerou-se o percentual de 5 % sobre

os custos operacionais.

A Tabela 8 dos anexos contém todos os registros correspondentes aos

custos de pessoal e encargos considerados. A mesma quantidade de pessoal é

considerada para ambas ETEs.

6.4.2. CUSTOS COM ENERGIA ELÉTRICA

Em termos de custos variáveis foi considerado o custo de energia elétrica.

Os custos de demandas e consumo de energia elétrica foram calculados com

base no consumo energético médio obtido no B04 ETE PN e B04 ETE MS

multiplicados por quatro, pois cada estação de tratamento possui quatro

biorreatores. Levaram-se em consideração as tarifas praticadas pela

concessionária de Energia Elétrica com base em julho de 2012.

- Tarifa de Demanda: R$ 26,57/kWmês;

- Tarifa de Consumo: R$ 0,19706 /kWh.

40

6.4.3. CUSTOS COM PRODUTOS QUÍMICOS

Ambas as ETEs utilizam-se para o seu tratamento de esgotos os seguintes

reagentes: hipoclorito de sódio e polímero a base de poliacrilamida para

desidratação de lodo ativado. Os custos unitários de cada produto químico são:

- Hipoclorito de sódio = R$ 600,00/ Ton.

- Polímero a base de Poliacrilamida = R$ 10,10/ Kg.

A Tabela 9 dos anexos contêm todos os registros correspondentes aos

custos com produtos químicos para ambas ETEs.

6.4.4. CUSTOS COM MANUTENÇÃO

A Tabela 10, nos anexos, mostra os custos com manutenção da ETE MS e

PN, de acordo com dados coletados no mês de setembro de 2012.

6.4.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIMENSÃO ECONÔMICA

A Tabela 11, nos anexos, mostra a dimensão econômica de cada ETE ao

longo da operação dos processos utilizando sopradores no caso da ETE PN e

utilizando aeradores submersíveis no caso da ETE MS.

Observando os dados obtidos na Tabela 11, nos anexos, nota-se que a ETE

PN possui maior dimensão econômica.

41

7. CONCLUSÃO

Com o monitoramento dos parâmetros físicos e químicos combinado ao

consumo de energia elétrica dos B04 ETE PN e B04 ETE MS, determinou-se que

a quantidade de DQO removida por consumo de energia elétrica foi mais eficiente

no B04 ETE PN, utilizando sopradores por microbolhas, devido a menor variação

dos resultados apresentados e maior valor médio de DQOr.

Estudando a dimensão da economia de cada um dos processos de

tratamento pode-se concluir que o processo da ETE PN utilizando sopradores por

ar difuso apresentou maior impacto econômico mensal.

Os fatores que mais influenciam o impacto econômico é o consumo com

energia elétrica e custos com mão de obra operacional. Através deste fato, a

recomendação para continuidade deste trabalho é o controle do processo por

modelagem computacional utilizando o indicador implantado (DQOr/kWh).

Como consideração final, deveria ser implantando um novo indicador

referente a carga orgânica (DQO x Vazão) X consumo de energia elétrica.

42

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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48

9. ANEXOS

TABELA 2 - Monitoramento de Parâmetros para avaliação da característica do

afluente do Biorreator 04 da ETE Martim de Sá.

ETE MARTIM DE SÁ - BIORREATOR 04

DATA PERÍODO DQO (mg/L) pH

11/09/2012

00h00 / 06h00 128 6,40

06h00 / 12h00 658 6,40

12h00 / 18h00 267 6,80

18h00 / 24h00 138 6,80

18/09/2012

00h00 / 06h00 260 6,50

06h00 / 12h00 534 6,60

12h00 / 18h00 276 6,50

18h00 / 24h00 183 6,90

28/09/2012

00h00 / 06h00 186 6,67

06h00 / 12h00 162 6,83

12h00 / 18h00 225 6,84

18h00 / 24h00 255 6,70

29/09/2012

00h00 / 06h00 193 6,68

06h00 / 12h00 226 6,65

12h00 / 18h00 332 6,67

18h00 / 24h00 210 6,88

30/09/2012

00h00 / 06h00 165 6,85

06h00 / 12h00 163 6,91

12h00 / 18h00 449 6,90

18h00 / 24h00 285 6,81

01/10/2012

00h00 / 06h00 189 6,84

06h00 / 12h00 210 6,90

12h00 / 18h00 316 6,86

18h00 / 24h00 247 6,81

02/10/2012

00h00 / 06h00 110 6,77

06h00 / 12h00 238 6,94

12h00 / 18h00 322 6,98

18h00 / 24h00 321 6,68

PERIODO DQO (mg/L) pH

MÉDIA

00h00 / 06h00 175,86 6,67

06h00 / 12h00 313,00 6,75

12h00 / 18h00 312,43 6,79

18h00 / 24h00 234,14 6,80

49

TABELA 3 - Monitoramento de parâmetros para avaliação da característica do

afluente do Biorreator 04 da ETE Porto Novo.

ETE PORTO NOVO - BIORREATOR 04

DATA PERÍODO DQO (mg/L) pH

11/09/2012

00h00 / 06h00 222 7,20

06h00 / 12h00 289 7,10

12h00 / 18h00 322 6,90

18h00 / 24h00 260 7,00

18/09/2012

00h00 / 06h00 245 7,00

06h00 / 12h00 291 7,30

12h00 / 18h00 293 7,40

18h00 / 24h00 215 7,10

28/09/2012

00h00 / 06h00 241 7,59

06h00 / 12h00 207 8,02

12h00 / 18h00 322 7,58

18h00 / 24h00 278 7,75

29/09/2012

00h00 / 06h00 280 7,98

06h00 / 12h00 198 7,55

12h00 / 18h00 365 8,06

18h00 / 24h00 375 7,99

30/09/2012

00h00 / 06h00 289 7,36

06h00 / 12h00 208 7,62

12h00 / 18h00 341 7,59

18h00 / 24h00 372 7,42

01/10/2012

00h00 / 06h00 271 7,71

06h00 / 12h00 288 7,51

12h00 / 18h00 360 7,36

18h00 / 24h00 358 7,52

02/10/2012

00h00 / 06h00 257 7,78

06h00 / 12h00 214 7,57

12h00 / 18h00 340 7,46

18h00 / 24h00 332 8,01

PERIODO DQO (mg/L) pH

MÉDIA

00h00 / 06h00 257,86 7,52

06h00 / 12h00 242,14 7,52

12h00 / 18h00 334,71 7,48

18h00 / 24h00 312,86 7,54

49

TABELA 4 - Monitoramento geral dos parâmetros físico-químicos do efluente do biorreator 04 da ETE Porto Novo.

MONITORAMENTO DE PARÂMETROS ETE PORTO NOVO - BIORREATOR 04

DATA HORA

DQO (mg/L) DQO (mg/L) DQO (mg/L) OD (mg/L) OD (mg/L)

T (°C) pH CARGA ORGÂNICA

(Kg/dia)

VAZÃO DE ENTRADA

(L/ s) ENERGIA ELÉTRICA (KWh)

AFLUENTE EFLUENTE REMOVIDA (INÍCIO) (FINAL)

10/09/2012 17h00 912,00 26,00 886,00 0,66 5,92 26,1 7,00 4617,29 60,317 19381,25

11/09/2012 7h45 316,00 12,00 304,00 0,61 5,85 23,4 6,80 1547,44 58,915 19842,71

12/09/2012 23h30 128,00 9,00 119,00 0,58 5,83 24,4 6,90 723,52 70,370 16612,50

13/09/2012 16h30 748,00 13,00 735,00 0,55 5,75 26,6 6,90 4021,90 63,333 18458,33

14/09/2012 8h00 669,00 14,00 655,00 0,36 5,57 24,9 6,90 3584,14 63,333 18457,47

15/09/2012 7h30 214,00 20,00 194,00 0,88 6,10 24,0 7,10 824,52 49,191 23765,10

16/09/2012 16h10 527,00 36,00 491,00 0,54 5,77 25,2 6,80 2149,42 50,667 23072,92

17/09/2012 21h20 318,00 18,00 300,00 0,55 5,79 24,2 6,90 1397,11 53,901 21688,54

18/09/2012 06h50 286,00 11,00 275,00 0,74 5,99 23,2 6,80 4848,17 63,333 18459,00

28/09/2012 21h20 274,00 17,00 257,00 0,97 5,84 23,9 7,26 1704,62 76,768 15228,13

29/09/2012 15h00 319,00 16,00 303,00 0,98 6,12 24,7 7,16 1700,52 64,957 17996,88

30/09/2012 5h00 313,00 13,00 300,00 0,49 5,98 22,5 7,41 1397,11 53,901 21688,54

01/10/2012 21h00 364,00 24,00 340,00 0,33 6,11 25,3 7,13 2067,19 70,370 16612,50

02/10/2012 13h00 306,00 11,00 295,00 1,31 6,16 25,3 7,04 1195,74 46,914 24918,75

03/10/2012 5h40 275,00 10,00 265,00 0,67 6,11 23,1 6,49 1288,95 56,296 20765,63

04/10/2012 21h00 289,00 23,00 266,00 1,03 5,82 25,7 7,34 1712,42 74,510 15689,58

50

TABELA 5 - Monitoramento geral dos parâmetros físico-químicos do efluente do biorreator 04 da ETE Martim de Sá.

MONITORAMENTO DE PARÂMETROS ETE MARTIM DE SÁ- BIORREATOR 04

DATA HORA

DQO (mg/L) DQO (mg/L) DQO (mg/L) OD (mg/L) OD (mg/L)

T (°C) pH CARGA ORGÂNICA

(Kg/dia) VAZÃO DE ENTRADA (L/ s) ENERGIA ELÉTRICA (KWh)

AFLUENTE EFLUENTE REMOVIDA (INÍCIO) (FINAL)

10/09/2012 07h00 643,00 19,00 624,00 0,48 5,72 24,0 6,39 4375,03 81,149 14951,25

11/09/2012 11h15 253,00 20,00 233,00 0,96 6,00 25,1 6,45 1696,46 84,270 14397,50

12/09/2012 14h30 317,00 14,00 303,00 0,25 5,48 25,7 6,36 4412,24 168,540 7198,75

13/09/2012 18h30 284,00 13,00 271,00 1,10 6,13 25,9 6,57 2850,07 121,723 9967,50

14/09/2012 9h15 181,00 15,00 166,00 0,85 5,90 26,3 6,75 1122,31 78,251 15505,00

15/09/2012 14h40 234,00 4,00 230,00 0,54 5,80 25,7 6,32 2418,88 121,723 9967,50

16/09/2012 17h00 117,00 38,00 79,00 1,15 6,39 25,2 6,41 879,71 128,884 9413,75

17/09/2012 11h10 160,00 40,00 120,00 0,88 5,80 24,9 6,56 811,31 78,251 15508,67

18/09/2012 12h20 200,00 19,00 181,00 1,07 6,31 26,4 6,42 1557,46 99,592 12182,50

28/09/2012 23h50 271,00 28,00 243,00 0,31 5,55 23,7 6,44 1916,71 91,293 13290,00

29/09/2012 16h10 211,00 22,00 189,00 0,49 5,73 24,6 6,71 1703,73 104,334 11628,75

30/09/2012 10h40 134,00 12,00 122,00 0,38 5,62 24,4 6,54 1215,53 115,317 10521,25

01/10/2012 01h00 234,00 32,00 202,00 0,52 5,76 24,3 6,62 1593,32 91,293 13291,65

02/10/2012 17h25 335,00 24,00 311,00 0,43 5,67 24,5 6,52 2505,26 93,235 13013,12

03/10/2012 09h20 132,00 13,00 119,00 0,54 5,80 24,0 6,76 938,64 91,293 13289,89

04/10/2012 22h30 353,00 23,00 330,00 0,60 5,87 23,6 6,65 2498,82 87,641 13843,75

51

TABELA 6 – Dados utilizados para a montagem de indicador DQOr X Energia

Elétrica do biorreator 04 da ETE Martim de Sá.

ETE MARTIM DE SÁ - BIORREATOR 04

DATA DQO (mg/L)

ENERGIA ELÉTRICA (KWh) DQOR/KWh REFERÊNCIA

DQOR/KWh REMOVIDA

10/09/2012 624,00 14951,25 0,0417 0,018805801

11/09/2012 233,00 14397,50 0,0162 0,018805801

12/09/2012 303,00 7198,75 0,0421 0,018805801

13/09/2012 271,00 9967,50 0,0272 0,018805801

14/09/2012 166,00 15505,00 0,0107 0,018805801

15/09/2012 230,00 9967,50 0,0231 0,018805801

16/09/2012 79,00 9413,75 0,0084 0,018805801

17/09/2012 120,00 15508,67 0,0077 0,018805801

18/09/2012 181,00 12182,50 0,0149 0,018805801

28/09/2012 243,00 13290,00 0,0183 0,018805801

29/09/2012 189,00 11628,75 0,0163 0,018805801

30/09/2012 122,00 10521,25 0,0116 0,018805801

01/10/2012 202,00 13291,65 0,0152 0,018805801

02/10/2012 311,00 13013,12 0,0239 0,018805801

03/10/2012 119,00 13289,89 0,0090 0,018805801

04/10/2012 330,00 13843,75 0,0238 0,018805801

52

TABELA 7 – Dados utilizados para a montagem de indicador DQOr X Energia

Elétrica do biorreator 04 da ETE Porto Novo.

ETE PORTO NOVO - BIORREATOR 04

DATA

DQO (mg/L)

ENERGIA ELÉTRICA (KWh) DQOR/KWh REFERÊNCIA

DQOR/KWh REMOVIDA

10/09/12 886,00 19381,25 0,0457 0,019143557

11/09/12 304,00 19842,71 0,0153 0,019143557

12/09/12 119,00 16612,50 0,0072 0,019143557

13/09/12 735,00 18458,33 0,0398 0,019143557

14/09/12 655,00 18457,47 0,0355 0,019143557

15/09/12 194,00 23765,10 0,0082 0,019143557

16/09/12 491,00 23072,92 0,0213 0,019143557

17/09/12 300,00 21688,54 0,0138 0,019143557

18/09/12 275,00 18459,00 0,0149 0,019143557

28/09/12 257,00 15228,13 0,0169 0,019143557

29/09/12 303,00 17996,88 0,0168 0,019143557

30/09/12 300,00 21688,54 0,0138 0,019143557

01/10/12 340,00 16612,50 0,0205 0,019143557

02/10/12 295,00 24918,75 0,0118 0,019143557

03/10/12 265,00 20765,63 0,0128 0,019143557

04/10/12 266,00 15689,58 0,0170 0,019143557

53

TABELA 8 – Custo de pessoal ETE Porto Novo e Martim de Sá

Função Categoria Quantidade

Salário Mensal

Leis Sociais

Total Mensal

Engenheiro Nível Superior 1,00 R$ 4200,00 R$ 3689,28 R$ 7889,28

Técnico Eletromecânic

o Nível Médio 1,00 R$ 2250,00 R$ 1976,40 R$ 4226,40

Auxiliar de Serviços Gerais

Auxiliar 4,00 R$ 1100,00 R$ 966, 24 R$ 8264,96

Soma Total Mensal

R$ 20380,64

Despesa Administrativa

Mensal (5%) R$ 1019,03

Total Mensal R$ 21399,67

54

TABELA 9 – Custo com produtos químicos ETE Porto Novo e Martim de Sá.

ETE MARTIN DE SÁ CONSUMO

CUSTO TOTAL MENSAL

Hipoclorito de Sódio 19,630 Ton R$ 11.778,000

Polímero a base de Poliacrilamida

500 Kg R$ 5.050,000

ETE PORTO NOVO CONSUMO

CUSTO TOTAL MENSAL

Hipoclorito de sódio 15,090 Ton R$ 9.054,000

Polímero a base de Poliacrilamida

225 Kg R$ 2.272,500

55

TABELA 10 – Custo com manutenção ETE Porto Novo e Martim de Sá.

CUSTOS COM MANUTENÇÃO ETE PORTO NOVO ETE MARTIM DE SÁ

TIPO DE MANUTENÇÃO CUSTOS TIPO DE MANUTENÇÃO CUSTOS

SOPRADOR R$ 576,40 MOTOR R$ 144,1

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO

R$ 1.625,45

DESIDRATAÇÃO DE LODO R$ 2497,4

MOTOR R$ 271,91

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO

R$ 1880,66

PAINÉIS ELÉTRICOS R$ 72,05 AERADOR R$ 764,87

TOTAL R$ 2.545,81

BOMBA DE RETORNO CENTRIFUGA

R$ 72,05

TANQUE DE AERAÇÃO R$ 1265,66

TOTAL R$ 6624,74

56

TABELA 11 – Dimensão Econômica da ETE Porto Novo e ETE Martim de Sá.

ET

E

VA

O(L

/s)

PR

OD

UT

OS

QU

ÍMIC

OS

(R$)

MA

NU

TE

ÃO

(R$)

CU

ST

OS

SA

LA

RIA

IS (R

$)

CO

NS

UM

O (R

$)

DE

MA

ND

A (R

$)

HO

RA

S D

E

FU

NC

ION

AM

EN

TO

(h/d

ia)

CU

ST

O T

OT

AL

(R$)

PORTO NOVO 61,07 11326,50 2545,81 21399,67 462063,08 86529,03 24 583864,09

MARTIM DE SÁ

102,30 16828,00 6624,74 21399,67 292590,99 54792,55 24 392235,95