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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E ATUÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTROLADORIA E CONTABILIDADE VITOR HIDEO NASU O efeito do Sistema de Resposta do Estudante (SRE) sobre o desempenho acadêmico e a satisfação discente: um quase-experimento com alunos de ciências contábeis Orientador: Prof. Dr. Luís Eduardo Afonso São Paulo 2016

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E ATUÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTROLADORIA E CONTABILIDADE

VITOR HIDEO NASU

O efeito do Sistema de Resposta do Estudante (SRE) sobre o desempenho acadêmico e a

satisfação discente: um quase-experimento com alunos de ciências contábeis

Orientador: Prof. Dr. Luís Eduardo Afonso

São Paulo

2016

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Prof. Dr. Marco Antônio Zago

Reitor da Universidade de São Paulo

Prof. Dr. Adalberto Américo Fischmann

Diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

Prof. Dr. Ariovaldo dos Santos

Chefe do Departamento de Contabilidade e Atuária

Prof. Dr. Luiz Paulo Lopes Fávero

Coordenador do Programa de Pós-graduação em Controladoria e Contabilidade

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VITOR HIDEO NASU

O efeito do Sistema de Resposta do Estudante (SRE) sobre o desempenho acadêmico e a

satisfação discente: um quase-experimento com alunos de ciências contábeis

Dissertação apresentada ao Departamento de

Contabilidade e Atuária da Faculdade de

Economia, Administração e Contabilidade da

Universidade de São Paulo como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre

em Ciências.

Área de Concentração:

Controladoria e Contabilidade

Orientador: Prof. Dr. Luís Eduardo Afonso

Versão Corrigida

(Versão original disponível na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade)

São Paulo

2016

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Seção de Processamento Técnico do SBD/FEA/USP

Nasu, Vitor Hideo O efeito do Sistema de Resposta do Estudante (SRE) sobre o desem- penho acadêmico e a satisfação discente: um quase experimento com alunos de Ciências Contábeis / Vitor Hideo Nasu. – São Paulo, 2016. 150 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, 2017. Orientador: Luís Eduardo Afonso.

1. Contabilidade – Estudo e Ensino 2. Sistema de resposta do estu- dante 3. Desempenho acadêmico 4. Satisfação discente 5. Quase-expe- rimento I. Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia, Adminis- tração e Contabilidade. II. Título. CDD – 657.07

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Antonio e Silvia, por todos os esforços que fizeram e fazem por mim nos mais

amplos sentidos. Pelo encorajamento contínuo no qual me sustento para seguir aprimorando a

minha educação. Palavras são incapazes de alcançar a profundidade com a qual gostaria de

fazê-los sentir a minha gratidão. Às minhas irmãs, Mariana e Natália, e à minha avó, Alice

(em memória), pela parceria, carinho e acompanhamento da minha trajetória pessoal e

acadêmica. A vocês, devo tudo!

Ao meu orientador, Prof. Dr. Luís Eduardo Afonso, pela paciência, compreensão e

ensinamentos. Atuou com rigor na correção desta dissertação, contribuindo com

direcionamentos decisivos para o seu aperfeiçoamento. Obrigado pela experiência no PAE e

por me guiar ao longo do período do mestrado (e, ainda, pelos almoços e cafés)!

Aos professores doutores Edgard Bruno Cornacchione Jr., Gilberto José Miranda e Lígia

Silva Leite, os quais constituíram a banca de qualificação do meu projeto de dissertação e que,

sem dúvida, forneceram contribuições valiosas para o seu melhoramento. Além destes, os

mais sinceros agradecimentos aos professores Kevin Jackson (University of Illinois at

Urbana-Champaign) e David Stout (Youngstown State University) pelas conversas

enriquecedoras acerca de experiências acadêmicas e do desenvolvimento da pesquisa. Os

comentários realizados foram mais do que pertinentes.

À instituição que recebeu o estudo, bem como ao professor e aos mais de 100 alunos

mobilizados para a consecução da pesquisa. Obrigado a cada um pela colaboração!

Aos docentes do PPGCC/FEA/USP pelos conhecimentos compartilhados, principalmente aos

professores Ariovaldo, Murcia, Lucas, Edgard, Silvia, Fávero e Nelson. Daqui, torno-me um

acadêmico mais maturo, mas que muitíssimo ainda tem a aprender.

A todos os colegas do PPGCC/FEA/USP, em especial aos amigos Alan, Camilla, Daiana,

Maiara, Robson, Gabi, Caio, Arthur, Nádia, Christian, Daniel, Suave, Adriana, Leide,

Luciano, Jeíce, Verônica, Raquel, Samantha, Bianca, William, Bona, Vitor e Samuel, pelo

prazer da convivência. Com vocês foi sempre melhor!

Aos funcionários da FEA/USP, particularmente à Belinda, ao Cristiano e à Dona Maria.

Aos meus professores da graduação, Daniel, Marcelo e João Américo, pela motivação e apoio

durante o período do mestrado. Continuem incentivando os próximos!

Aos amigos Mateus Saffaro, Eric Ferreira, Alexandre Takaoka, Gabriel Pirolo, Allan

Marcelo, Edicléia, Matheus Magalhães, Andressa Fujimoto, Rafael Haddad, Elenice de Castro

e Carl Gultia, pelas conversas e descontrações.

Ao CNPq pelo suporte financeiro.

Aos demais familiares, amigos e conhecidos que, apesar do contato e da distância, torcem por

mim.

Muito obrigado!

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Aos meus pais, Antonio e Silvia,

pelo apoio incondicional.

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RESUMO

Nasu, V. H. (2016). O efeito do Sistema de Resposta do Estudante (SRE) sobre o desempenho

acadêmico e a satisfação discente: um quase-experimento com alunos de ciências contábeis.

Dissertação de Mestrado, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade,

Universidade de São Paulo.

O desenvolvimento tecnológico vem impactando o campo da educação de múltiplas maneiras.

Entretanto, a educação tradicional parece estar estagnada sob vários aspectos. No ensino

superior de ciências contábeis, há diversas evidências. Com base nesse cenário, apresenta-se o

Sistema de Resposta do Estudante (SRE), um recurso tecnológico que, em sua versão mais

recente, consiste de dispositivos pessoais e um software interconectados pela internet usados

para que os alunos possam responder questões propostas pelo docente e para que haja

feedback instantâneo. Nesse sentido, o presente estudo objetivou verificar o impacto do SRE

no desempenho acadêmico e na satisfação dos alunos de ciências contábeis. Foi conduzido

um quase-experimento, dividido em duas partes, com alunos da disciplina de Contabilidade

de Entidades Diversas de uma instituição de ensino superior pública brasileira. Ao todo, 55

alunos participaram do quase-experimento, separados em duas turmas (A e B). A Parte 1 do

quase-experimento ocorreu no 1º bimestre do ano letivo de 2016 da instituição, tendo a Turma

A como grupo de controle a Turma B como grupo de tratamento. A Parte 2, por sua vez, foi

realizada no 2º bimestre, com a inversão dos grupos de tratamento e de controle. No início da

pesquisa, foram aplicadas provas com o intuito de verificar o conhecimento prévio do

conteúdo. Outros dados foram coletados por meio dos documentos da disciplina e de um

questionário que compreendeu questões sobre o perfil socioeconômico dos discentes e acerca

do uso (14 questões) e satisfação (10 questões) com o SRE. Em ambos os bimestres, os testes

t (sig. > 0,10) e Mann-Whitney (sig. > 0,10) não indicaram que o emprego do SRE tem efeito

positivo estatisticamente significativo sobre o desempenho acadêmico dos alunos.

Complementarmente, analisou-se o impacto do SRE na performance discente em conjunto

com fatores individuais, acadêmicos e socioecômicos por meio de modelos de regressão. Os

resultados reforçaram que o SRE não exerce influência significativa sobre o desempenho

acadêmico (sig. > 0,10). Em relação à satisfação discente, as estatísticas descritivas apontaram

que os alunos gostaram de usar a tecnologia (média = 9,59; dp = 0,93), o SRE tornou a aula

mais divertida em comparação com o ensino tradicional (média = 9,55; dp = 1,14) e houve

satisfação com o equipamento (média = 9,28; dp = 1,61). Além disso, o teste U de Mann-

Whitney sinalizou que não houve diferença de percepção entre as Turmas A e B em se

tratando de satisfação com o SRE. Ambas as turmas mostraram padrão similar de satisfação.

Da mesma forma, pela matriz de correlação de Spearman dos itens de satisfação, verificaram-

se significantes relações, com destaque para a correlação que indica que quanto maior a

satisfação discente com o SRE, maior tende a ser a satisfação com a disciplina (coef. =

0,2331; sig. < 0,10). Nesse sentido, constatou-se que o SRE não aumenta a performance

acadêmica, mas colabora para o desenvolvimento da satisfação discente de modo geral.

Palavras-chave: Contabilidade – Estudo e Ensino; Sistema de resposta do estudante;

Desempenho acadêmico; Satisfação discente; Quase-experimento.

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ABSTRACT

Nasu, V. H. (2016). The effect of Student Response System (SRS) on academic performance

and student satisfaction: a quasi-experiment with accounting students. Master’s Dissertation.

School of Economics, Business and Accounting, University of São Paulo.

Technological development has impacted the field of education in many ways. However, a

traditional education seems to be stagnated in many aspects. In higher accounting education,

there are several evidences. Based on this scenario, the Student Response System (SRS) is

presented, which is a technological tool that, in its most recent version, consists of personal

devices and a software interconnected by the internet, so that students are able to answer

questions proposed by the professor with instant feedback. In this sense, the present study

aimed to verify the impact of the SRS on academic performance and satisfaction of the

accounting students. It was conducted a quasi-experiment, divided into two parts, with

students enrolled in the Accounting for Diverse Entities discipline of a Brazilian higher

education institution. In all, 55 students participated in a quasi-experiment, separated into two

classes (A and B). The Part 1 of the quasi-experiment occurred in the first two-months of the

2016 institutional calendar, with Class A as control group and Class B as treatment group.

The Part 2, in turn, was performed in the second two-month period, with an inversion of the

treatment and control groups. At the beginning of the research, initial tests were applied with

the students in order to verify the previous knowledge of the content. Other data were

collected through class documents and a questionnaire that included questions on

socioeconomic profile of the students and about the use (14 questions) and satisfaction (10

questions) with the SRS. In both parts of the quasi-experiment, the t (sig. > 0.10) and Mann-

Whitney (sig. > 0.10) tests did not indicate that the use of SRS has a statistically significant

positive effect on students’ academic performance. Additionally, the impact of SRS on

student performance was analyzed in conjunction with individual, academic and

socioeconomic factors through regression models. The results reinforce that the SRS does not

have a significant influence on the academic performance (sig. > 0.10). Regarding student

satisfaction, descriptive statistics revealed that students liked to use the technology (mean =

9.59; sd = 0.93), SRS made classes funnier than traditional teaching (mean = 9.55; sd = 1.14),

and there was satisfaction with the equipment (mean = 9.28; sd = 1.61). In addition, the

Mann-Whitney test showed that there was no difference between Class A’s and Class B’s

perception in terms of satisfaction with SRS. Both groups felt satisfied similarly. Likewise,

Spearman's correlation matrix of satisfaction items showed significant relationships, with

emphasis on the correlation that indicates that the higher the student satisfaction with the

SRS, the greater the satisfaction with the discipline tends to be (coeff. = 0.2331, sig. < 0.10).

In general, it was verified that SRS does not increase academic performance, but it contributes

to the development of students’ satisfaction.

Keywords: Accounting – Study and Teaching; Student response system; Academic

performance; Student satisfaction; Quasi-experiment.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Crescimento das TICs no mundo: 2000-2015 ........................................................... 19

Figura 2. Proporção de domicílios com computador, por tipo de equipamento: 2008-2014 ... 20

Figura 3. “A 50-station student response system” e “student station” ..................................... 28

Figura 4. Modelos de SRE de frequência de rádio e sinal infravermelho ................................ 29

Figura 5. Etapas para entrar no sistema Kahoot! ...................................................................... 66

Figura 6. Exemplo de questão conceitual no sistema Kahoot! ................................................. 67

Figura 7. Exemplo de questão prática no sistema Kahoot! ...................................................... 67

Figura 8. Feedback do sistema Kahoot! ................................................................................... 68

Figura 9. Desenho da pesquisa ................................................................................................. 72

Figura 10. Modelo de análise do efeito do tratamento sobre o desempenho acadêmico ......... 93

Figura 11. Desempenhos inicial e final do GC e do GT: PT1 .................................................. 96

Figura 12. Desempenhos inicial e final do GC e do GT: PT2 ................................................ 107

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Histórico e gerações do SRE .................................................................................. 30

Tabela 2 – Fornecedores e tipos de SRE .................................................................................. 30

Tabela 3 – Estudos sobre o SRE na educação contábil ............................................................ 52

Tabela 4 – Questões sobre satisfação com o SRE .................................................................... 60

Tabela 5 – Questões sobre o uso do SRE ................................................................................. 61

Tabela 6 – Cronograma de atividades do Teste-piloto ............................................................. 69

Tabela 7 – Conteúdo, tópicos e questões das provas iniciais ................................................... 74

Tabela 8 – Conteúdo, tópicos e questões da prova de Contabilidade Industral: 1º Bimestre .. 75

Tabela 9 – Cronograma de atividades do 1º bimestre: PT1 ..................................................... 76

Tabela 10 – Conteúdo, tópicos e questões da prova de Contabiliade Agrícola: 2º Bimestre ... 77

Tabela 11 – Cronograma de atividades do 2º bimestre: PT2 ................................................... 78

Tabela 12 – Caracterização dos participantes........................................................................... 85

Tabela 13 – Distribuição dos dados da Percepção de Uso do SRE .......................................... 87

Tabela 14 – Satisfação discente ................................................................................................ 88

Tabela 15 – Perfil sociodemográfico dos alunos da PT1: Variáveis qualitativas .................... 90

Tabela 16 – Caracterização dos alunos da PT1: Variáveis quantitativas ................................. 91

Tabela 17 – Desempenhos nas provas iniciais e bimestrais dos grupos: 1º Bimestre .............. 92

Tabela 18 – Comparação do desempenho inicial do GT e do GC: 1º Bimestre ....................... 94

Tabela 19 – Comparação do desempenho inicial dentro dos grupos, por gênero: 1º Bimestre 94

Tabela 20 – Comparação do desempenho inicial entre os grupos, por gênero: 1º Bimestre .... 94

Tabela 21 – Comparação do desempenho inicial dos grupos, por nível de educação dos pais:

1º Bimestre ............................................................................................................................... 95

Tabela 22 – Comparação do desempenho final dos grupos: 1º Bimestre................................. 96

Tabela 23 – Pressupostos dos modelos de regressão: 1º Bimestre ........................................... 98

Tabela 24 – Resultados dos modelos de regressão: 1º Bimestre .............................................. 99

Tabela 25 – Perfil sociodemográfico dos alunos da PT2: Variáveis qualitativas .................. 101

Tabela 26 – Caracterização dos alunos da PT2: Variáveis quantitativas ............................... 102

Tabela 27 – Desempenhos nas provas iniciais e bimestrais dos grupos: 2º Bimestre ............ 103

Tabela 28 – Comparação do desempenho inicial do GT e do GC: 2º Bimestre ..................... 104

Tabela 29 – Comparação da variação entre os desempenhos inicial e final dos grupos: 2º

Bimestre .................................................................................................................................. 104

Tabela 30 – Comparação do desempenho inicial dentro dos grupos, por gênero: 2º Bimestre

................................................................................................................................................ 104

Tabela 31 – Comparação do desempenho inicial entre os grupos, por gênero: 2º Bimestre .. 105

Tabela 32 – Comparação do desempenho inicial dos alunos do GC, por condição de

repetência: 2º Bimestre ........................................................................................................... 105

Tabela 33 – Comparação dos desempenhos iniciais dos alunos, por bimestre ...................... 106

Tabela 34 – Comparação do desempenho inicial dos grupos, por nível educacional dos pais:

2º Bimestre ............................................................................................................................. 106

Tabela 35 – Comparação dos desempenhos iniciais dos grupos, por categorias de renda

familiar e trabalho: 2º Bimestre .............................................................................................. 107

Tabela 36 – Comparação do desempenho final dos grupos: 2º Bimestre............................... 108

Tabela 37 – Pressupostos dos modelos de regressão: 2º Bimestre ......................................... 108

Tabela 38 – Resultados dos modelos de regressão: 2º Bimestre ............................................ 109

Tabela 39 – Percepção de Uso do SRE .................................................................................. 111

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Tabela 40 – Satisfação Geral discente: Turma A ................................................................... 112

Tabela 41 – Satisfação Geral discente: Turma B ................................................................... 113

Tabela 42 – Satisfação Geral discente: Geral ......................................................................... 114

Tabela 43 – Testes de normalidade das questões de satisfação .............................................. 115

Tabela 44 – Comparação da percepção de satisfação entre as turmas ................................... 115

Tabela 45 – Matriz de correlação de Spearman: Questões de satisfação ............................... 116

Tabela 46 – Alteração nos hábitos de estudo ......................................................................... 117

Tabela 47 – Comentários discentes sobre a alteração nos hábitos de estudo ......................... 118

Tabela 48 – Dedicação em relação à disciplina ...................................................................... 118

Tabela 49 – Comentários discentes sobre a pesquisa ............................................................. 119

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAA American Accounting Association

ANPCONT Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Ciências Contábeis

BYOD Bring Your Own Device

CED Contabilidade de Entidades Diversas

CGIB Comitê Gestor da Internet no Brasil

DCs Demonstrações Contábeis

DP Desvio-Padrão

EaD Educação à Distância

EUA Estados Unidos da América

GC Grupo de Controle

GT Grupo de Tratamento

IES Instituição de Ensino Superior

ITU International Telecommunication Union

MGA Média Geral Acumulada

MOOC Massive Open Online Course

MQO Mínimos Quadrados Ordinários

m-learning Mobile-learning

PAA Plano de Atividade Acadêmica

PC Personal Computer

PT1 Parte 1

PT2 Parte 2

SCIELO Scientific Electronic Library on Line

SRE Sistema de Resposta do Estudante

SRS Student Response System

S-F Shapiro-Francia

S-W Shapiro-Wilk

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

USB Universal Serial Bus

VIF Variance Inflation Factor

WEB World Electronic Base

WVU West Virginia University

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 19

1.1 O PROGRESSO TECNOLÓGICO E A EDUCAÇÃO ................................................................... 19

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESES .............................................................................. 21

1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 24

1.3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 24

1.3.2 Objetivos específicos................................................................................................ 24

1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 24

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................... 25

2 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 27

2.1 SISTEMA DE RESPOSTA DO ESTUDANTE (SRE) ................................................................ 27

2.1.1 História do SRE: evolução e utilização .................................................................... 27

2.1.2 Benefícios da utilização do SRE .............................................................................. 31

2.1.2.1 Benefícios em ambiente de sala de aula ............................................................ 31

2.1.2.2 Benefícios na aprendizagem .............................................................................. 34

2.1.2.3 Benefícios na avaliação ..................................................................................... 38

2.1.3 Desafios do uso do SRE ........................................................................................... 40

2.1.3.1 Desafios tecnológicos ........................................................................................ 40

2.1.3.2 Desafios docentes .............................................................................................. 41

2.1.3.3 Desafios discentes ............................................................................................. 43

2.1.4 O uso do SRE no ensino contábil ............................................................................. 44

2.2 DETERMINANTES DO DESEMPENHO ACADÊMICO .............................................................. 53

2.2.1 Fatores individuais ................................................................................................... 53

2.2.2 Fatores acadêmicos .................................................................................................. 54

2.2.3 Fatores socioeconômicos.......................................................................................... 57

2.3 SATISFAÇÃO DISCENTE ..................................................................................................... 58

2.3.1 Motivações para a investigação da satisfação dos alunos ........................................ 58

2.3.2 Satisfação geral dos estudantes com o SRE ............................................................. 59

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 63

3.1 FASES DA PESQUISA ......................................................................................................... 63

3.1.1 Fase Inicial ............................................................................................................... 63

3.1.2 Fase de Testes........................................................................................................... 64

3.1.2.1 Teste-piloto: Período, participantes e conteúdo ensinado ................................. 64

3.1.2.2 Teste-piloto: SRE .............................................................................................. 65

3.1.2.3 Teste-piloto: Cronograma e descrição das atividades ....................................... 69

3.1.3 Fase Experimental .................................................................................................... 71

3.1.3.1 Parte 1 (PT1) ...................................................................................................... 72

3.1.3.2 Parte 2 (PT2) ...................................................................................................... 76

3.2 VALIDADE DO MÉTODO .................................................................................................... 78

3.2.1 Validade interna ....................................................................................................... 79

3.2.2 Validade externa ....................................................................................................... 80

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4 RESULTADOS .................................................................................................................... 85

4.1 RESULTADOS DO TESTE-PILOTO ....................................................................................... 85

4.2 RESULTADOS DA PARTE 1 (PT1) ...................................................................................... 89

4.3 RESULTADOS DA PARTE 2 (PT2) .................................................................................... 100

4.4 RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO: USO E SATISFAÇÃO ................................................... 110

4.5 RESULTADOS SUPLEMENTARES ...................................................................................... 117

4.5.1 Hábitos de estudo ................................................................................................... 117

4.5.2 Dedicação à disciplina ............................................................................................ 118

4.5.3 Comentários gerais dos alunos ............................................................................... 119

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 121

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 126

ANEXOS ............................................................................................................................... 134

APÊNDICES ......................................................................................................................... 140

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19

1 INTRODUÇÃO

1.1 O progresso tecnológico e a educação

O avanço da tecnologia vem modificando os modos de convivência humana em múltiplos

sentidos. Os processos de comunicação, por exemplo, foram profundamente impactados,

tornando-os mais rápidos e práticos. Da mesma forma, os apps, aplicativos de celular,

produziram novos efeitos sobre o cotidiano dos indivíduos. Diariamente, milhares de pessoas

se orientam no trânsito, postam fotos, assistem a filmes e pagam contas via apps. O progresso

tecnológico tornou o mundo mais dinâmico e competitivo, obrigando as pessoas a se

adaptarem rapidamente às novas realidades.

Este padrão de comportamento tende a se intensificar à medida que as tecnologias móveis se

tornam mais acessíveis, conforme os dados da International Telecommunication Union (ITU).

Figura 1. Crescimento das TICs no mundo: 2000-2015

Fonte: ITU (2015)/ICT Indicators Database

Pela Figura 1, percebe-se que há mais de 7 bilhões de assinaturas de celulares, o que

corresponde a uma taxa de penetração de 96,8%. De 2000 a 2015, o percentual da população

mundial com acesso à internet aumentou de 6,5% para 43,4%. Além disso, a proporção de

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20

residências com acesso à internet cresceu de 18%, em 2005, para 46,4%, em 2015. Por este

contexto, observa-se que, muito rapidamente, o acesso à internet e o uso de dispositivos

móveis vêm se popularizando.

Em âmbito nacional, o cenário é semelhante. Em pesquisa elaborada pelo Comitê Gestor de

Internet no Brasil (CGIB), verifica-se o crescimento na proporção de domicílios com

equipamentos móveis. A Figura 2 revela que os computadores portáteis (laptops/notebooks) e

os tablets apresentam uma curva crescente, opostamente à dos computadores de mesa

(desktop/PC). A acessibilidade e o interesse dos indivíduos por dispositivos móveis são

fatores relevantes que podem explicar essa situação.

Figura 2. Proporção de domicílios com computador, por tipo de equipamento: 2008-2014

Fonte: CGIB (2015)

Deste modo, os indícios apontam que a tendência de uso de tecnologia móvel conectada à

internet está em ascensão. As esferas social, econômica e cultural vêm absorvendo esta

inovação que deve gerar ganhos de bem-estar. Da mesma forma, o campo da educação recebe,

continuamente, os impactos do avanço tecnológico (Lea, 2008; Quintana, 2015). Os Massive

Open Online Courses (MOOCs) e o mobile-learning (m-learning) são reflexos recentes desse

progresso. Contudo, a educação tradicional aparenta não ter acompanhado tais modificações.

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Embora as técnicas convencionais de ensino (exposição e leituras) sejam costumeiramente

usadas para transmitir conceitos, são, ao mesmo tempo, passivas por natureza e omissas em

gerar o entusiasmo que os atuais estudantes buscam em um processo pedagógico (Lea, 2008).

As novas gerações de alunos são caracterizadas por serem conhecedoras e nativos digitais e

de realizarem múltiplas tarefas isocronicamente (Lea, 2008). Por isso, tendem a preferir

métodos de ensino que os entretenham (Harris, 2010). Nesse sentido, parece razoável

considerar que a busca por práticas pedagógicas que envolvam o emprego de dispositivos

móveis caracteriza aspecto relevante a ser estudado no presente contexto.

1.2 Problema de pesquisa e hipóteses

No ensino superior, especificamente nas ciências contábeis, também são notáveis as

deficiências ligadas ao processo educativo, especialmente no ensino presencial. Aulas

puramente expositivas tendem a produzir desinteresse discente. Leituras monótonas em sala

de aula podem ter similar efeito. Apesar desses aspectos serem evidentes, diversos cursos de

contabilidade permanecem estagnados (Behn et al., 2012). Quintana (2015) argumenta que o

processo educativo deve ser desenhado de forma atrativa para os graduandos, o qual, na visão

do autor, deve incluir o uso de tecnologias da educação. A Pathways Comission (2012), órgão

vinculado à American Accounting Association (AAA), traz em seu relatório que

os estudantes de hoje sempre tiveram acesso à Internet e eletrônicos pessoais,

resultando em novas habilidades e padrões de aprendizagem. Mas a maioria das

disciplinas dos primeiros anos do curso de ciências contábeis ainda usa palestras e

métodos de ensino expositivos. Para capturar o interesse de estudantes de alto

potencial e recrutá-los para a profissão contábil, esforços significativos deveriam ser

empreendidos para prover materiais que promovam a aprendizagem baseada em

projetos e para tirar vantagem da tecnologia. [...]. Os recursos de ensino atuais são

carentes nessa dimensão. Novos materiais são necessários para auxiliar as mudanças

em conteúdo e métodos de ensino1 [grifo nosso] (Pathways Comission, 2012, pp. 87-

88).

Posto isso, uma alteração estratégica na educação contábil por meio da inserção de

tecnologias educacionais como auxílio ao desenvolvimento do estudante é demandada

1 Today’s students have always had access to the Internet and personal electronics, resulting in new skills and

learning patterns. Yet most first accounting courses still use traditional lecture and demonstration teaching

methods. To capture the interest of high-potential students and recruit them into the accounting profession,

significant efforts should be undertaken to provide materials that promote project-based learning and take

advantage of technology. […]. Current teaching resources are lacking in this dimension. New materials are

needed that support the changes in content and teaching methods. (Pathways Comission, 2012, pp. 87-88).

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(Gaviria, Arango & Valencia, 2015; Pathways Comission, 2012). Cheong, Bruno e Cheong

(2012) e Lea (2008) afirmam que os alunos da era atual possuem conhecimento prático para

utilizar tecnologias e que educadores devem adotar os mesmos equipamentos que os discentes

já fazem uso. Nesse sentido, com a ampla familiaridade com os smartphones, tablets e

notebooks, fica clara a necessidade de uso de tais dispositivos (Cheong et al., 2012).

Considerando o exposto acima, apresenta-se o Sistema de Resposta do Estudante (SRE). O

seu uso é relativamente recente em sala de aula (Premuroso, Tong & Beed, 2011). O SRE

aparece na literatura sob variadas nomenclaturas, sendo as principais na educação contábil as

seguintes: Sistema de Resposta do Estudante (Carnaghan, Edmonds, Lechner & Olds, 2011;

Chui, Martin & Pike, 2013; Cummings & Hsu, 2007; Edmonds & Edmonds, 2008; Mula &

Kavanagh, 2009), Sistema de Resposta da Audiência (Premuroso et al., 2011), Sistema de

Resposta Grupal (Carnaghan & Webb, 2007), Sistema de Resposta Eletrônico (Freeman,

Blayney & Ginns, 2006) e Sistema de Resposta Pessoal (Beekes, 2006; 2009; Cunninghan,

2008; Humphries & Whelan, 2009; Segovia, 2006; 2008). Ainda são chamados,

popularmente, de Clickers nos Estados Unidos da América (EUA) ou Zappers no Reino

Unido (Caldwell, 2007; Morales, 2011). Para simplificar, o presente estudo utilizará daqui em

diante a denominação “SRE”, com a eventual exceção de situações particulares que requeiram

outra especificação.

Em sua versão mais moderna (web-based student response system), o SRE consiste de

dispositivos remotos, como celulares e tablets, e um software interconectados pela internet.

Este sistema funciona da seguinte maneira: o professor apresenta uma questão, geralmente de

múltipla-escolha, que é respondida pelos estudantes por meio dos dispositivos. O software

recebe as respostas via internet e fornece o feedback em forma gráfica. Deste modo, o

professor acompanha os alunos e pode saber instantaneamente os tópicos de maior

dificuldade. Sob a perspectiva discente, o feedback ajuda a verificar o entendimento do aluno

sobre o conteúdo aula a aula individualmente e de forma comparativa à classe. Isso pode

contribuir para a sua reflexão em relação a hábitos de estudo e dedicação com o curso.

Dado o potencial das tecnologias digitais móveis de alavancar positivamente o processo de

ensino-aprendizagem, investigações sobre a utilização do SRE são oportunas e podem gerar

insights que poderão ajudar no aprimoramento da formação do profissional contábil (Segovia,

2006; Mula & Kavanagh, 2009). Com base neste contexto, o presente estudo estabelece a

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seguinte questão de pesquisa: Qual o efeito do SRE sobre o desempenho acadêmico e a

satisfação de estudantes de ciências contábeis? Visando responder o problema proposto,

desenvolvem-se duas hipóteses.

Primeiramente, a literatura sobre o SRE indica que esta tecnologia encoraja a aprendizagem

ativa (Carnaghan & Webb, 2007; Cunningham, 2008; Edmonds & Edmonds, 2008; Eng et al.,

2013; Fies & Marshall, 2006; Kay & LeSage, 2009; Lea, 2008; Mula & Kavanagh, 2009). Ou

seja, situações nas quais os alunos deixam de ter posturas passivas para assumirem atitudes

participativas. Dois aspectos são fundamentais na aprendizagem ativa: (1) os alunos têm mais

responsabilidade pela sua aprendizagem (Zhu, 2007); e (2) a reflexão sobre o que se aprende é

tão essencial quanto aprender o conteúdo (Bonwell & Eison, 1991). Desse modo, os alunos,

ao estarem mais propensos a tomar iniciativas acerca da sua educação, podem aumentar o seu

desempenho acadêmico.

Paralelamente, o feedback imediato proporcionado pelo SRE é outro ponto a ser destacado.

Por meio de meta-análise, Kulik e Kulik (1988) encontraram que o provimento de feedback

instantâneo aos alunos é mais efetivo do que o tardio. Dufresne, Gerace, Leonard, Mestre e

Wenk (1996), Chui et al. (2013) e Yourstone, Kraye e Albaum (2008) também notam essa

efetividade do feedback quando este é fornecido mais rapidamente aos estudantes. Além

disso, Edmonds e Edmonds (2008) ressaltam que o feedback imediato ajuda os estudantes

porque permite o acompanhamento do seu desempenho a cada aula, podendo levar à

mudanças nos hábitos de estudo e, consequentemente, aumento da aprendizagem. Desta

forma, com base nessas considerações e nas evidências encontradas na literatura, formula-se a

primeira hipótese:

H1: O uso do SRE aumenta o desempenho acadêmico dos alunos de ciências contábeis.

Considera-se que a satisfação dos estudantes com o SRE seja outro aspecto relevante a ser

investigado, por sinalizar a eficácia do uso da ferramenta (Beckert, Fauth & Olsen, 2009). Da

mesma forma, estudos sugerem que o SRE proporciona um ambiente de aprendizagem

diferente das aulas tradicionais (Caldwell, 2007; Edmonds & Edmonds, 2010; Fies &

Marshall, 2006; Han & Finkelstein, 2013; Mula & Kavanagh, 2009; Premuroso et al., 2011;

Sprague & Dahl, 2009; Zhu, 2007). Nesse sentido, Edmonds e Edmonds (2010) constataram

que alunos que utilizaram o SRE perceberam ambientes educacionais mais eficientes e mais

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propícios ao desenvolvimento da aprendizagem ativa, em contraposição aos que não usaram.

Da mesma forma, Cunninghan (2008) e Mula e Kavanagh (2009) destacam que o emprego do

SRE no processo educacional diminui práticas passivas do ensino tradicional, como a cópia

do conteúdo exposto. Por isso, os estudantes podem se sentir mais satisfeitos de modo geral.

Complementarmente, a literatura mostra que o SRE é um recurso para fomentar a

interatividade em sala de aula entre os próprios alunos e também com o professor (Bristol,

2011; Caldwell, 2007; Cunninghan, 2008; d’Inverno et al., 2003; Eng et al., 2013; Fies &

Marshall, 2006; Kay & LeSage, 2009; Lea, 2008; Rana, Dwivedi & Al-Khowaiter, 2016).

Essa interação é importante para fins de relacionamento social e de melhoria no desempenho

acadêmico, já que os alunos podem aprender a partir da troca de experiências (Cohn &

Johnson, 2006). Deste modo, estabelece-se a segunda hipótese do estudo:

H2: Os alunos de ciências contábeis se sentem satisfeitos ao usar o SRE.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar a influência do SRE sobre o

desempenho acadêmico e a satisfação dos estudantes de graduação em ciências contábeis.

1.3.2 Objetivos específicos

No intuito de alcançar o objetivo geral, traçam-se os seguintes objetivos específicos:

(a) Apresentar criticamente a literatura que fundamenta as hipóteses estabelecidas;

(b) Mensurar o impacto do SRE sobre o desempenho acadêmico dos estudantes; e

(c) Identificar a satisfação dos discentes quanto ao uso do SRE e sua relação com os aspectos

acadêmicos.

1.4 Justificativa

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Para assegurar que a contabilidade continue relevante para o meio socioeconômico mundial,

são demandadas práticas mais efetivas de ensino-aprendizagem que colaborem beneficamente

com a formação do profissional contábil (Gaviria et al., 2015). Em resposta a essa

necessidade, Premuroso et al. (2011) indicam que o emprego de tecnologias educacionais

pode criar um ambiente mais interativo e dinâmico em comparação com o ensino tradicional.

Apostolou, Dorminey, Hassell e Rebele (2016) ainda lembram que:

os estudantes de contabilidade tornaram-se tecnologicamente habilidosos, e os

professores devem continuar a explorar maneiras efetivas de integrar a tecnologia aos

cursos de contabilidade e ao processo de aprendizagem. A tecnologia móvel, até o

momento, não foi explorada como um tópico de pesquisa na educação contábil.

Pesquisas são necessárias para construir modelos de educação que se apoiam em

modos atualizados de entrega [de conteúdo], especialmente no contexto de inovação

curricular2 (p.46).

Nesse sentido, a investigação sobre o SRE é oportuna, dado o potencial de contribuição que a

tecnologia detém para capturar a atenção e manter a concentração dos alunos no processo de

ensino-aprendizagem da contabilidade no contexto corrente. De forma complementar,

Carnaghan et al. (2011) ressaltam que o SRE ainda não foi adotado amplamente pelos

educadores contábeis. Da mesma forma, nota-se uma lacuna na literatura de educação

contábil nacional acerca do SRE, visto que, até o presente momento, não foram encontradas

referências em periódicos da área sobre a utilização deste recurso tecnológico. Dessa forma, o

uso incipiente desta ferramenta no ensino de contabilidade brasileiro e internacional só

reforça a necessidade de maiores investigações.

1.5 Delimitação do estudo

O presente trabalho tem suas fronteiras delimitadas ao ambiente de aprendizagem de duas

turmas de um curso de ciências contábeis de uma IES pública brasileira. Tem como base o

método quase-experimental para o teste das hipóteses levantadas anteriormente. Ainda, o foco

repousa na análise de um modelo de SRE baseado em web, precisamente o sistema “Kahoot!”,

e seus impactos na performance acadêmica e na satisfação dos estudantes de contabilidade.

2 Accounting students have become technologically savvy, and faculty should continue to explore effective ways

of integrating technology into accounting courses and the learning process. Mobile technology has not, to date,

been explored as a research topic in accounting education. Research is needed to construct models of education

that rely on updated modes of delivery, especially in the context of curricular innovation (Apostolou et al., 2016,

p. 46).

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Nesta seção, apresenta-se o histórico do SRE, bem como suas principais características e

formas de utilização. Adicionalmente, expõe-se a literatura relevante na área de educação

contábil com o intuito de apresentar um panorama da produção científica sobre o SRE. E, por

fim, apresenta-se as literaturas sobre o desempenho acadêmico e a satisfação dos estudantes.

2.1 Sistema de Resposta do Estudante (SRE)

Para compreender melhor a ferramenta em foco, este tópico discorre sobre o desenvolvimento

histórico do SRE. Em seguida, apresentam-se os benefícios e desafios mais relevantes

proporcionados por este dispositivo e, por fim, enfatiza-se o seu uso na área de ensino

contábil.

2.1.1 História do SRE: evolução e utilização

O primeiro protótipo do SRE, segundo Han e Finkelstein (2013), foi desenvolvido por

Carpenter (1950). O então denominado Classroom Communicator (Comunicador de Sala de

Aula) emergiu da necessidade de mensurar a aprendizagem dos estudantes de forma

automatizada e individual (Carpenter, 1950). Para tanto, foi instituída uma comissão formada

por psicologistas, educadores, engenheiros e físicos de tal sorte que o protótipo do Classroom

Communicator fosse capaz de: (a) Prover meios de registrar e mensurar as reações da

audiência de modo individual; e (b) Prover meios de melhorar, facilitar ou aumentar a taxa e

efetividade da aprendizagem (Carpenter, 1950). Froelich (1963) revela como funcionava esta

tecnologia: durante a aula, o professor apresentava uma questão verbal ou visualmente aos

seus alunos, os quais respondiam por meio de seus dispositivos fixados em seus assentos

(Froelich, 1963). O professor olhava para um painel em que luzes acesas e apagadas

correspondiam às respostas certas ou erradas, recebendo o feedback sobre o aprendizado

(Froehlich, 1963).

Estes sistemas chegaram às universidades ao final da década de 1960 (Edmonds & Edmonds,

2008; Judson & Sawada, 2002; Stowell, 2015). O “SRE Spitz”, desenvolvido pela Spitz

Laboratories, Inc., foi instalado em uma sala do tipo anfiteatro na Southern Methodist

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University a um custo aproximado de US$18.000,00, em 1969. Compreendia 68 estações

individuais localizadas em cada assento e uma central de comando com botões e

teleimpressores instalada na frente do anfiteatro (Brown, 1971). Os alunos utilizavam as

estações para realizar a interação com o professor, o qual conduzia a aula pela central de

comando. Da mesma forma, Casanova (1971) documenta o surgimento dos primeiros SREs

nas salas de aula:

Figura 3. “A 50-station student response system” e “student station”

Fonte: Casanova (1971, p. 453)

Como se pode perceber pela Figura 3 (à esquerda), o painel de comando era fixado em uma

estrutura ligada ao piso. O painel de comando permitia projetar a questão remotamente e

visualizar as respostas corretas e incorretas, além de mostrar o percentual de acerto de cada

questão (Casanova, 1971). A quantidade de estações dos estudantes (Figura 3, à direita), neste

modelo, limitavam-se a 50.

Os modelos iniciais de SRE utilizados nas décadas de 1960 e 1970 eram custosos, não

funcionavam bem e eram de difícil uso (Judson & Sawada, 2002; Kay & LeSage, 2009). Com

o amadurecimento da tecnologia, os custos tornaram-se mais acessíveis, aumentando a

disseminação desta ferramenta entre as IES estadunidenses, principalmente a partir de 1980

(Mula & Kavanagh, 2009; Premuroso et al., 2011; Zhu, 2007). Os novos modelos ganharam

mais mobilidade, devido à redução de tamanho, e sofisticação. As estações fixas individuais

foram substituídas por dispositivos alfanuméricos e o painel de comandos deu lugar aos

computadores e receptores de sinais. A Figura 4 ilustra alguns desses modelos.

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Figura 4. Modelos de SRE de frequência de rádio e sinal infravermelho

Fonte: Google imagens

Essas novas versões dos SREs são compostas por três partes: (i) dispositivo individual

alfanumérico; (ii) receptor; e (iii) software (Eng et al., 2013; Premuroso et al., 2011). Os

dispositivos funcionam semelhantemente aos controles remotos de televisão (Edmonds &

Edmonds, 2008). Possuem teclado alfanumérico e são utilizados para responder as questões

por frequência de rádio ou sinal infravermelho (Mula & Kavanagh, 2009). A frequência de

rádio pode ser ajustada para que não haja interferência entre salas de aulas adjacentes que

utilizam o SRE ao mesmo tempo (Eng et al., 2013). Já no caso do SRE baseado em sinal

infravermelho, os dispositivos devem ser apontados em direção ao receptor para que a

resposta seja recebida e registrada. Uma desvantagem deste tipo é a necessidade de uma linha

direta entre o aluno e o receptor para que o sinal consiga ser lido (Caldwell, 2007). Em ambos

os tipos, deve haver proximidade física entre o receptor e o aluno para que os dispositivos

consigam funcionar (Cheong et al., 2012). Os receptores são equipamentos de informática que

fazem conexão USB com o computador que possui o software do SRE. Alguns receptores têm

o formato de um pen drive, outros possuem antenas e são parecidos com roteadores. São

responsáveis por captar os sinais infravermelhos ou a frequência de rádio e registrar as

respostas dos alunos (Mula & Kavanagh, 2009). O software, por sua vez, tem o papel de

tabular os dados e mostrar o gráfico das respostas.

Com o advento da internet, desenvolveu-se, em meados da década de 1990, o mais recente

modelo do SRE, o qual se emprega por meio de dispositivos pessoais (celulares, tablets,

notebooks etc.) interconectados pela internet (Carnaghan et al., 2011; Lowery, 2005). Três

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principais vantagens deste modelo são destacadas por Carnaghan et al. (2011): (i) o número

de envio de respostas simultâneas é ilimitado, pois a largura da banda é suficiente para o

tráfego eletrônico massivo; (ii) Não existe distância máxima entre o transmissor e o receptor

das respostas; e (iii) Pode ser utilizado tanto no ensino presencial como na EaD. Em contraste,

a falta de uma conexão estável com a internet e a distração com os dispositivos podem ser

evidenciados como potenciais desvantagens. Considerando os aspectos supramencionados, é

neste modelo de SRE que o interesse da presente pesquisa reside. O funcionamento do SRE

baseado em web é basicamente o mesmo de suas versões prévias. No entanto, os dispositivos

alfanuméricos são substituídos por celulares, tablets ou computadores. E, além disso, os

receptores são dispensáveis, pois as respostas discentes são enviadas diretamente ao software

por meio da internet. A Tabela 1 traz um breve resumo histórico:

Tabela 1 – Histórico e gerações do SRE

Período Geração Descrição

1950 Protótipos Desenvolvimento dos primeiros protótipos.

1960 - 1970 1ª geração SRE fixos em estrutura física e elétrica.

1980 - presente 2ª geração SRE baseado em frequência de rádio ou sinal infravermelho.

1990 - presente 3ª geração SRE baseado em conexão com a internet (web).

Fonte: Elaborada pelo autor com base em Carpenter (1950) e Lowery (2005).

Premuroso et al. (2011) explicam que, de forma geral, o emprego do SRE tem aumentado.

Entretanto, os educadores contábeis ainda não o adotaram significativamente (Carnaghan et

al., 2011). Apesar disso, variados modelos podem ser encontrados. A Tabela 2 identifica

alguns fornecedores de SREs.

Tabela 2 – Fornecedores e tipos de SRE

Fornecedor/Desenvolvedor Website Tecnologia de resposta

i>Clicker https://www1.iclicker.com/ Frequência de rádio e web-based SRS

Turning Technologies www.turningtechnologies.com Frequência de rádio e web-based SRS

Poll Everywhere, Inc. www.polleverywhere.com web-based SRS

Promethean Ltd. www.prometheanworld.com Receptor USB

Socrative www.socrative.com web-based SRS

Verso Learning www.versoapp.com web-based SRS

Qwizdom http://qwizdom.com/?lang=pt Frequência de rádio e web-based SRS

Mentirmeter AB www.mentimeter.com web-based SRS

Quiz Socket www.quizsocket.com web-based SRS

Kahoot! www.getkahoot.com web-based SRS

Nearpod https://nearpod.com/index.php web-based SRS

ClickerSchool www.clickerschool.com web-based SRS

myVote https://www.myvote.io/ web-based SRS

Easy Polls https://www.easypolls.net/ web-based SRS

Poll Maker http://www.poll-maker.com/ web-based SRS

GoSoapBox http://www.gosoapbox.com/ web-based SRS

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2.1.2 Benefícios da utilização do SRE

Para que uma tecnologia educacional seja implantada, deve-se refletir, a priori, sobre os

benefícios mais relevantes que podem ser obtidos do seu uso (Edmonds & Edmonds, 2008).

Nesse sentido, Kay e LeSage (2009) apresentam os benefícios do SRE sob três perspectivas:

(i) ambiente de sala de aula; (ii) aprendizagem; e (iii) avaliação. O presente estudo utiliza esta

classificação para debater as qualidades deste recurso tecnológico.

2.1.2.1 Benefícios em ambiente de sala de aula

Anonimato. Os estudantes podem responder às questões sem serem julgados pelos seus pares

(Beekes, 2006; 2009; Fies & Marshall, 2006; Kay & LeSage, 2009). Imagine que um único

aluno tenha respondido erroneamente as questões mais fáceis e seus colegas fiquem sabendo

imediatamente quem foi este estudante, causando implicações socioemocionais. Portanto, o

anonimato é fundamental para proteger a identidade e mitigar possíveis constrangimentos

(Beckert et al., 2009; Beekes, 2009; Marshall & Varnon, 2012).

Este benefício também é um critério vantajoso em relação aos sistemas de flash cards e hands

up (“levantar as mãos”). Nestes dois casos, os cartões e as mãos são mantidos levantados para

a contagem pelo professor, quebrando o anonimato (Kay & LeSage, 2009). Desta forma, os

respondentes em minoria podem se sentir desconfortáveis, especialmente em salas de aula

pequenas (Freeman et al., 2006). Com o uso do SRE, os estudantes podem se sentir mais

envolvidos na aula sem o receio de responder erroneamente às questões (Jones, Henderson &

Sealover, 2009).

O anonimato também ajuda a evitar o Efeito Manada. No sistema de hands up, por exemplo,

os estudantes podem esperar seus pares decidirem por uma resposta e imitá-los, seguindo a

maioria sem pensar na resolução do exercício (Stowell & Nelson, 2007). Isso não é adequado

porque os alunos que sabem as respostas podem se sentir intimidados e pressionados por ser o

foco de outros estudantes (Freeman et al., 2006). Sem contar que a resposta por reprodução

provavelmente não conduzirá à aprendizagem. Logo, quando existe o anonimato nas

respostas, os alunos não têm justificativa para agir de tal maneira.

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Ainda, o anonimato promovido pelo SRE é interessante porque não reduz a participação do

aluno. Quando o SRE é utilizado, os alunos podem participar sem se exporem (Jones et al,

2009). Essa característica é essencial para os alunos mais tímidos (Freeman et al., 2006).

Atenção. Pesquisadores constataram que a duração da atenção das pessoas gira em torno de 15

a 20 minutos, decaindo drasticamente após este tempo (Beekes, 2006; d’Inverno, Davis &

White, 2003; Lea, 2008). Alguns educadores recomendam interromper a exposição do

conteúdo e fazer pausas para realizar perguntas sobre o que foi exposto (Caldwell, 2007;

d’Inverno et al., 2003; Elliot, 2003; Kay & LeSage, 2009). Por essa ótica, o uso do SRE

parece ideal para manter a atenção e o foco dos discentes, até de uma forma descontraída,

entre uma atividade e outra (Beekes, 2006; Caldwell, 2007; d’Inverno et al., 2003; Dufresne

et al., 1996). Kay e LeSage (2009) colocam que a atenção é natural quando se usa o SRE, pois

o foco está em responder as questões. Dificilmente o aluno responderá corretamente as

questões se não estiver prestando atenção na aula e no material. Caso o discente não esteja

concentrado, o professor pode perceber o baixo desempenho durante a aula e poderá tomar

medidas que aumentem o interesse do aluno. Uma das alternativas, por exemplo, é atribuir

nota às questões do SRE.

Diversos estudos reportam, qualitativa e quantitativamente, que a utilização do SRE aumenta

a atenção do aluno (Beckert et al., 2009; Caldwell, 2007; Cummings & Hsu, 2007; Kay &

LeSage, 2009; Marshall & Varnon, 2012; Premuroso et al., 2011; Segovia, 2008; Sprague &

Dahl, 2009; Zhu, 2007). Logo, isso sinaliza que o docente pode fazer uso dos dispositivos

para reter a atenção discente durante as aulas.

Comparecimento. Com a utilização do SRE, dificilmente algum aluno passa despercebido

pelo professor durante o semestre, ou mesmo em uma aula. Uma vez que os estudantes devem

responder as questões, o professor sabe com precisão quem compareceu à aula e quem está

ausente (Jones et al., 2009). O próprio uso do SRE pode ser destinado à verificação da

presença do aluno (Beekes, 2009; Cunninghan, 2008; Fies & Marshall, 2006; Jones et al.,

2009). Como documentado por Dallaire (2011), 81% dos estudantes (n=151) obsevaram que o

emprego do SRE pelos docentes foi feito para acompanhar a frequência às aulas. Devido a

esta característica, o SRE foi implementado em diversas universidades (Kay & LeSage,

2009). Contudo, Chui et al. (2013) alertam que é preciso ter cuidado com este tipo de

utilização, pois os estudantes podem usar o dispositivo de seus colegas para responderem por

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eles. Igualmente, não é recomendável utilizar o SRE somente para registrar a presença dos

estudantes. Carnaghan et al. (2011) e Zhu (2007) sugerem que outras atividades, tais como

avaliar a compreensão discente, fomentar a geração de discussões e ideias e pensar

criticamente sobre o conteúdo, também devem ser realizadas para aproveitar melhor a

tecnologia, já que a verificação da frequência é apenas uma função complementar.

O comparecimento às aulas pode ser ainda mais incentivado quando se atribuem notas às

questões do SRE para a composição da avaliação geral (Caldwell, 2007). Caldwell (2007)

relata que professores de um curso de física perceberam diminuição considerável no

absenteísmo dos graduandos quando as questões aplicadas via SRE passaram a representar

15% ou mais da nota geral da disciplina. Duncan (2006) também reporta que a atribuição de

pontos às questões empregadas via SRE motiva os alunos a comparecerem. Qualitativamente,

Cunninghan (2008) anotou como ponto positivo que: “levar as pessoas a comparecerem às

aulas sabendo que existem pontos atribuídos à participação por usarem o Clicker”3 (p. 16).

Em resumo, o SRE pode influenciar os alunos a comparecem com maior frequência às aulas

principalmente se a utilização dos dispostivos for adotada com esta finalidade. Todavia,

observa-se que o uso exclusivo para registrar a presença do estudante não é recomendável

(Zhu, 2007), já que se desperdiça o benefício de outras funcionalidades desta tecnologia.

Divertimento/Entretenimento. Um dos principais benefícios reportados em estudos referentes

ao SRE é o divertimento discente durante a aula (Beekes, 2006; Carnaghan et al, 2011;

Caldwell, 2007; Fies & Marshall, 2006; Keough, 2012; Rana et al., 2016). Da perspectiva

docente, Beekes (2006) relata que a sua experiência de lecionar com o apoio do SRE

estimulou o nível de concentração e o interesse dos discentes no conteúdo ao mesmo passo

que tornou o ambiente envolvente e divertido. De outro lado, estudantes indicam que se

sentem mais entretidos nas aulas e que gostam do uso do SRE (Carnaghan et al., 2011;

Cummings & Hsu, 2007; Dufresne et al., 1996). Isso pode ocorrer porque este dispositivo

torna a aula mais divertida e interessante (Zhu, 2007).

Percebem-se evidências quantitativas e qualitativas que sustentam a sensação de

entretenimento pelos alunos. Cunninghan (2008), por exemplo, anotou que “[o SRE] torna a

3 Getting people to show up for class knowing that there were participation points given for using the clicker

(Cunninghan, 2008, p. 16).

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aula divertida. Lembra-me de um ‘jogo de trivia’. Eu realmente gostei de usar isso”4 (p. 22).

Quantitativamente, a análise dos dados de Caldwell (2007) revelou que 88% dos alunos (n =

125) responderam que “frequentemente” ou “sempre” gostam de utilizar o SRE nas aulas. Em

uma escala de 1 (discordo fortemente) a 5 (concordo fortemente), Spraque e Dahl (2009)

verificaram que a satisfação geral dos estudantes de negócios no que tange ao uso do SRE

resultou em 3,79. Isso denota que houve ampla apreciação pelos estudantes e que os alunos

julgaram divertido aprender com o SRE (Spraque & Dahl, 2009). Por isso, sustenta-se a ideia

de que o emprego do SRE torna o ambiente mais divertido.

Envolvimento e participação. Um ótimo ambiente de aprendizagem deve compreender o

envolvimento entre professores e alunos (Dufresne et al., 1996; Rana et al., 2016). Uma

motivação para utilizar o SRE é a oportunização de maior envolvimento e participação dos

alunos no processo educacional comparativamente ao ensino convencional (Eng et al., 2013;

Caldwell, 2007; Fies & Marshall, 2006; Lea, 2008; Simpson & Oliver, 2007). O uso desta

tecnologia visando o envolvimento discente pode ser particularmente interessante aos alunos

mais tímidos, cuja participação nas aulas precisa ser mais motivada (Beckert et al., 2009).

Como discutido anteriormente, é possível que o aluno participe mais ativamente da aula sem

se expor, devido à característica do anonimato.

As pesquisas sobre o SRE vêm alimentando um corpo de evidências que indica correlação

positiva entre o uso deste recurso tecnológico e o envolvimento discente em sala. Lea (2008)

e Simpson e Oliver (2007) colocam que, embora existam outras metodologias de ensino que

promovam o envolvimento do aluno, a utilização do SRE facilita a consolidação deste

aspecto, inclusive em integração com uma variedade de práticas.

2.1.2.2 Benefícios na aprendizagem

Aprendizagem ativa. Bonwell e Eison (1991) afirmam que educadores têm usado o termo

“aprendizagem ativa” de forma mais intuitiva do que como uma definição consensual. Harris

(2010), Gainor, Bline e Zheng (2014) e Sullivan (2009), no entanto, concordam que a

aprendizagem ativa é qualquer método instrucional que envolva ativamente o aluno no

processo educacional e que se coloca opostamente ao modelo de aprendizagem passivo e de

4 Makes class fun. It reminds me of a trivia game. I really enjoyed using it (Cunninghan, 2008, p. 22).

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35

absorção de conteúdo. O principal ponto da aprendizagem ativa é a inconformidade com a

abordagem de ensino-aprendizagem centralizada na figura do professor e na postura passiva

dos estudantes (Sivan, Leung, Woon & Kember, 2000; Sullivan, 2009). Tendo isso em mente,

as revisões de literatura de Fies e Marshall (2006) e Kay e LeSage (2009) indicam forte

conexão entre o SRE e a aprendizagem ativa. Diversos estudos sugerem que o uso do SRE

promove em maior intensidade a aprendizagem ativa (Carnaghan & Webb, 2007;

Cunningham, 2008; Edmonds & Edmonds, 2008; Eng et al., 2013; Lea, 2008; Mula &

Kavanagh, 2009). Simpson e Oliver (2007) colocam que o ensino interativo aumenta a

motivação do aluno para se tornar um aprendiz ativo.

d’Inverno et al. (2003) afirmam que a forma como os estudantes aprendem mudou. Ainda que

o aperto de botões do dispositivo alfanumérico, ou o toque da tela do telefone celular, possa

não ser percebido como uma prática ativa (Caldwell, 2007; Marshall & Varnon, 2012),

docentes relatam que os alunos ganham mais visibilidade e tornam-se participantes ativos e

mais dispostos a responderem a perguntas (Caldwell, 2007). Na educação contábil, Gainor et

al. (2014) destacam que os atuais graduandos preferem um processo pedagógico que progride

rapidamente e os envolvam em sala de aula a discussões que se desenrolam lentamente e com

comunicação, basicamente, unilateral. Quando do uso da aprendizagem ativa, estudantes

mudam de receptores passivos do conhecimento para participantes interativos em exercícios

de análise, síntese e avaliação (Sivan et al., 2000; Sullivan, 2009). Bonwell e Eison (1991)

enfatizam que a reflexão do próprio aprendizado é um aspecto diferencial da aprendizagem

ativa em relação a outras práticas. Isto é, refletir sobre o que foi aprendido é tão importante

como aprender. Logo, o feedback imediato proporcionado pelo SRE pode contribuir para esta

reflexão discente.

Flexibilidade e ensino contingente. O SRE é uma tecnologia benéfica ao ensino porque tem

ampla aplicabilidade em termos de conteúdo e nível de educação (Caldwell, 2007). Keough

(2012) inventariou 66 estudos sobre o SRE de 20 áreas do conhecimento. Para citar alguns,

observam-se estudos nas áreas de Astronomia (Duncan, 2006), Contabilidade (Edmonds &

Edmonds, 2008), Desenvolvimento Humano (Beckert et al., 2009), Marketing (Blasco-Arcas,

Buil, Hernández-Ortega & Sese, 2013), Psicologia (Stowell, 2015), Química (Casanova,

1971) entre outros. Adicionalmente, Keough (2012) reporta que o SRE tem sido percebido,

em geral, como sendo de fácil uso. Logo, pode-se utilizá-lo em quase todos os níveis

educacionais (Caldwell, 2007). Penuel, Boscardin, Masyn e Crawford (2007) examinaram as

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36

percepções de 584 professores do ensino fundamental e médio quando do uso do SRE. Os

resultados indicaram que as práticas utilizadas pelos professores nesses níveis são as mesmas

ou similares as dos professores universitários. Da mesma forma, o emprego do SRE nos

ensinos fundamental e médio tem as mesmas justificativas e fundamentos para o uso no

ensino superior (Penuel et al., 2007). Isso sustenta a ideia de que o SRE é flexível quanto ao

nível educacional, podendo assumir papel periférico ou central nas aulas (Caldwell, 2007). O

instrutor pode usar o SRE a todo instante para incentivar uma postura ativa contínua dos

alunos, ou pontualmente para verificar o entendimento e atenção do que está sendo exposto.

Correlato à flexibilidade da ferramenta, outro benefício do emprego do SRE é o ensino

contingencial. Em outras palavras, permite ao instrutor a modificação da aula em tempo real

baseado no entendimento dos alunos observado através do feedback imediato (Arendse &

Jürgens, 2011; Casanova, 1971; Froehlich, 1963; Marshall & Varnon, 2012; Kay & LeSage,

2009). Professores podem ajustar o montante de conteúdo exposto e a velocidade das aulas

(Arendse & Jürgens, 2011; Zhu, 2007). Porém, é essencial que educadores planejem as aulas

com antecedência para que o ensino contingente não seja percebido pelos estudantes como

falta de organização do docente.

Finalmente, muitas ferramentas tecnológicas podem não ser facilmente alteradas e adaptáveis

durante a aula como o SRE. Desta forma, a flexibilidade e o ensino contingencial

proporcionados pelo SRE podem ser critérios de desempate quando da escolha por uma

tecnologia educacional a ser implementada.

Interatividade e discussão. Docentes têm enfrentado o desafio de conseguir manter a atenção,

o interesse e o foco dos alunos, os quais têm a expectativa de maior estimulação visual e a

integração de tecnologias às aulas (Sprague & Dahl, 2009). Dessa forma, o incentivo à

interação entre professor-aluno e colega-colega se torna substancial para capturar e conservar

a atenção discente. Nesse sentido, o uso do SRE com fins de se elevar a interatividade e as

discussões entre o professor e os alunos tem sido frequente, apresentando-se como quesito a

favor do emprego desta tecnologia (Caldwell, 2007; Cunninghan, 2008; d’Inverno et al.,

2003; Eng et al., 2013; Jones et al., 2009; Lea, 2008). Diversos estudos apontam a

interatividade e o encorajamento às discussões como vantagens importantes proporcionadas

por este dispositivo (Bristol, 2011; Caldwell, 2007; d’Inverno et al., 2003; Fies & Marshall,

2006; Kay & LeSage, 2009; Lea, 2008; Rana et al., 2016). Os procedimentos de uso do SRE

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naturalmente já estimulam maior participação e interação do estudante no processo

educacional em comparação com a tradicional aula expositiva, podendo ser elevadas se

combinada com outros métodos.

A interatividade é um ponto é crucial, já que se os estudantes não se sentirem envolvidos no

processo educativo, menor será o seu esforço e mais reduzida a sua nota. Adicionalmente, a

interação social ajuda a melhorar o entendimento do conteúdo e formar um ambiente de

compromisso com a educação (Cohn & Johnson, 2006; Dufresne et al., 1996; Fies &

Marshall, 2006), e que pode ser maximizada por meio da utilização do SRE em conjunto com

outras metodologias de ensino para transformar a dinâmica da sala de aula (Dallaire, 2011;

Kay & LeSage, 2009).

Qualidade de aprendizagem. A maioria dos estudos mostra que os discentes permanecem

mais envolvidos nas aulas quando o SRE é empregado (Rana et al., 2016). Isso pode ocorrer

porque, segundo Kay e LeSage (2009), o emprego deste dispositivo visa a profundidade da

compreensão do conteúdo pelo aluno, ao invés da quantidade de material abarcado. Desse

modo, a concentração na aula é mais demandada. Conforme Elliot (2003) salienta, o nível de

concentração da maioria dos estudantes foi aumentado em virtude do uso do SRE. Este

aumento na concentração pode resultar em maior retenção de conteúdo pelo discente.

Outro fator que concorre para a qualidade da aprendizagem é o feedback proporcionado por

pelos alunos. Zhu (2007) coloca que o SRE pode ser empregado para coletar feedback sobre o

andamento da aula. Além disso, se o dispositivo for utilizado no início da aula, o professor

pode alterar a aula em virtude das necessidades percebidas resultantes do uso prévio (ensino

contingente). Com as modificações baseadas no feedback discente, o ensino pode se tornar

mais impactante e, consequentemente, oferecer melhor aprendizagem aos alunos (Beekes,

2006; Casanova, 1971; Zhu, 2007). Por isso, estudantes têm percebido a melhoria na

efetividade da sua aprendizagem (Caldwell, 2007; Carnaghan et al., 2011; Eng et al., 2013;

Lea, 2008). Beckert et al. (2009), Lea (2008) e Premuroso et al. (2011) reportam resultados

que corroborama visão de melhor aprendizagem.

Em síntese, o SRE ajuda na qualidade da aprendizagem quando o instrutor consegue fazer a

gestão adequada do feedback no sentido de atender às necessidades dos alunos em termos de

compreensão de conteúdo e conduta das aulas. Da mesma forma, a necessidade de uma maior

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38

concentração e participação discente na atividade com o SRE pode ser um aspecto

contributivo para a melhora na qualidade de aprendizagem.

2.1.2.3 Benefícios na avaliação

Avaliação formativa. Segundo Kay e LeSage (2009), a avaliação formativa é usada para

determinar a compreensão dos alunos sobre o conteúdo sem a atribuição de notas, no intuito

de mapear falhas no entendimento e de alterar práticas instrucionais consoante o diagnóstico

do mapeamento. Devido ao feedback instantâneo, o professor pode efetuar mudanças na

forma de ensino durante (ensino contingencial) ou posteriormente (avaliação formativa) a

cada aula (Caldwell, 2007). Os relatórios do SRE permitem fazer análises detalhadas de

quanto e como os discentes erraram e quem está necessitando de mais auxílio. A partir disso,

verificam-se os estudantes e os conteúdos com baixa compreensão e as aulas podem ser

modificadas prospectivamente em virtude deles (Beekes, 2006). Na ausência de uma

ferramenta como o SRE, seria muito difícil alcançar uma avaliação formativa que

possibilitasse mudanças nas práticas educativas tempestivamente (Kay & LeSage, 2009).

A avaliação formativa sobre o estado presente da compreensão dos alunos é primordial para o

melhor aproveitamento do tempo de aula e sobre no que focar. Para usá-la com sucesso, é

necessário elaborar questões adequadas no intuito de identificar as fronteiras do conhecimento

discente, sendo recomendado desenvolver perguntas que nem todos os alunos serão capazes

de responder (Caldwell, 2007). Bangert-Drowns, Kulik, Kulik e Morgan (1991) justificam

que se as perguntas forem fáceis, a informação sobre o desempenho discente pode se tornar

desnecessária, deixando o feedback de contribuir com a aprendizagem. Nesse sentido, o

diagnóstico da compreensão dos alunos é fundamental porque colabora com o fornecimento

de coordenadas para a elaboração das questões e das próximas aulas. Logo, a avaliação

formativa pode contribuir com o objetivo de constantemente rever e melhorar as práticas

pedagógicas e torná-las mais efetivas a fim de impactar positivamente a aprendizagem do

aluno (Casanova, 1971; Han & Finkelstein, 2013; Segovia, 2008).

Comparabilidade das respostas. A comparação de respostas entre os alunos também é vista

como um dos benefícios associados ao emprego do SRE (Carnaghan & Webb, 2007; Beekes,

2006; Simpson & Oliver, 2007). Posteriormente à divulgação do feedback das respostas, os

discentes conseguem comparar o que responderam com os seus pares. A possibilidade de

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comparação do conteúdo compreendido é substancial porque os estudantes podem querer

acompanhar o seu progresso ou assegurar que não estão sós quando não entenderam a matéria

(Caldwell, 2007; Kay & LeSage, 2009). A utilidade da informação aumenta para os alunos

quando o feedback é comparável (Carnaghan & Webb, 2007). A comparação pode ser no

sentido de o estudante situar como está a sua compreensão do conteúdo em relação à sala ou

pelo compartilhamento da sua resposta com os colegas para verificar se estão entendendo a

matéria da mesma maneira. Averiguar como está o conhecimento individual diante dos

colegas é importante para motivá-lo a alcançar, pelo menos, o desempenho médio da sala ou

manter o bom desempenho preteritamente atingido. Já o compartilhamento oral das respostas

entre os estudantes, ainda que quebre o anonimato, pode ajudar a detectar os alunos que

podem oferecer auxílio aos outros discentes.

Destaca-se que nem toda tecnologia educacional permite a comparabilidade do entendimento

entre alunos, ou entre grupos de alunos, imediatamente. No caso do SRE, o feedback

instantâneo e a comparação das respostas tornam-se valiosos para os estudantes que

verdadeiramente tomam decisões pautadas nas informações em relação à forma como

estudam, se comportam em sala e progridem nas avaliações.

Feedback imediato. O feedback instantâneo possibilitado pelo SRE contribui positivamente

com o processo educativo em múltiplos sentidos. Carnaghan e Webb (2007) mencionam que

o feedback veloz aumenta a qualidade da informação para os estudantes no sentido de

oportunizar maior entendimento sobre um tópico recentemente exposto e discutido. Edmonds

e Edmonds (2008) destacam que o feedback provido pelo SRE permite aos estudantes avaliar

a sua compreensão do conteúdo diariamente. O imediatismo do feedback é especialmente

importante aos alunos com menor compreensão na matéria porque dão a eles a oportunidade

de mudar os hábitos de estudo e buscar por assistência antes da primeira prova (Edmonds &

Edmonds, 2008). Já para professores, é uma forma de receber feedback regularmente sobre o

que, quanto e quão bem os estudantes estão compreendendo a matéria durante a aula (Chui et

al., 2013; d’Inverno et al., 2003; Froehlich, 1963; Marshall & Varnon, 2012; Yourstone et al.,

2008). De forma geral, o feedback imediato para o docente é fundamental porque pode

contribuir para a elevação da qualidade do ensino.

Em adição, de acordo com a meta-análise de Kulik e Kulik (1988), estudos apontaram que a

utilização de materiais sob a forma de quizzes durante as aulas geralmente são mais efetivos

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40

quando proporciona feedback imediato do que feedback demorado. Consistente com essa

visão, Chui et al. (2013) compararam questões respondidas via SRE com feedback instantâneo

e quizzes tradicionais de papel com feedback demorado (corrigidos na aula subsequente). Foi

verificado que os alunos obtiveram melhor performance quando do uso do SRE. Em outras

palavras, Kulik e Kulik (1988) consideram que o feedback é mais efetivo se for provido

rapidamente. As evidências de Dufresne et al. (1996) e a ótica de Yourstone et al. (2008)

corroboram o mesmo raciocínio. Nesse sentido, ter um recurso como o SRE é uma grande

vantagem.

2.1.3 Desafios do uso do SRE

Recursos tecnológicos possuem limitações de uso, sejam ligadas ao hardware ou ao software.

Essas restrições impõem aos usuários da tecnologia diversos desafios a serem superados para

que o funcionamento adequado seja alcançado. Não diferente de outras tecnologias, o SRE

enfrenta empecilhos que podem restringir o uso apropriado, acarretando prejuízo ao ensino.

Dentro da discussão dos desafios de utilização do SRE, Kay e LeSage (2009) destacam três

pontos: (i) desafios tecnológicos; (ii) desafios docentes; e (iii) desafios discentes. O presente

estudo utiliza esta forma de categorização para debater os desafios e possíveis contornos em

reação a essas limitações.

2.1.3.1 Desafios tecnológicos

Funcionamento apropriado. Estudos mostram que problemas técnicos durante as aulas

permanecem como sendo a maior causa de atitudes negativas dos alunos para com o uso do

SRE (Caldwell, 2007; Keough, 2012), ainda que o dispositivo seja fácil de ser aprendido e

empregado (Caldwell, 2007; Jones et al., 2009; Zhu, 2007). Falhas e bugs podem produzir

frustração e insatisfação discente (Blasco-Arcas et al., 2013; Rana et al., 2016).

O modelo de dispositivo e o acesso à internet podem se transformar em empecilhos ao uso do

SRE baseado em web no ensino presencial. Se, por um lado, não há gastos na compra dos

dispositivos alfanuméricos, por outro, as IES precisariam de estrutura para fornecer internet

sem fio de alta qualidade. Sintetizando, problemas técnicos demandam planejamentos e

cuidados adicionais. Como qualquer outra tecnologia, o SRE não está isento de mal

funcionamento.

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Perda e esquecimento. Os dispositivos alfanuméricos são pequenos e parecidos com um

controle remoto de televisão ou um telefone celular (Carnaghan & Webb, 2005; Caldwell,

2007; Duncan, 2006; Keough, 2012; Rana et al., 2016). Devido a esta característica, o

esquecimento ou a perda do dispositivo pode se tornar um problema quando do momento da

atividade com o uso do SRE, especialmente se envolver atribuição de nota. Em concordância

com esta visão, Dallaire (2011) registrou que 57% dos alunos (n = 151) declararam que o

esquecimento do dispositivo alfanumérico é um dos principais obstáculos para o seu emprego

nas aulas.

Para os modelos de SRE sustentados pela web esse problema é menor, visto que se utiliza os

dispositivos pessoais (celular, tablet, PC portátil) que são, geralmente, mantidos o dia inteiro

junto ao indivíduo. Mesmo assim, a política do Bring Your Own Device (BYOD) deve ser

previamente acordada e reforçada durante o decorrer das aulas.

2.1.3.2 Desafios docentes

Forma de ensino. Um dos primeiros passos para a implantação do SRE é que os docentes

saibam utilizá-lo competentemente. Professores precisam aprender formas de instrução

apropriadas para o uso conjunto com o SRE (Judson & Sawada, 2002). No entanto, a

obtenção da competência para gerir a tecnologia pode não ser um grande obstáculo, visto que

é de fácil uso e adoção (Beekes, 2006; Han & Finkelstein, 2013; Keough, 2012; Segovia,

2006; Sullivan, 2009). Igualmente, pode ser desnecessário providenciar treinamento aos

estudantes. Entretanto, recomenda-se que exista algum recurso, material físico ou eletrônico,

para que os alunos possam recorrer quando eventuais dúvidas surgirem (Zhu, 2007).

Na visão de Sprague e Dahl (2009), uma das modificações mais significativas na adoção do

SRE é a mudança demandada no método de ensino do professor. O aumento do tempo

necessário para o preparo das aulas é considerável, principalmente em termos de formular

questões efetivas a serem aplicadas (Kay & LeSage, 2009; Sprague & Dahl, 2009). Sprague &

Dahl (2009) alertam que os educadores devem estar preparados para abarcar menos matéria

em função do tempo gasto com a aplicação do SRE. Conclui-se, portanto, que o esforço de

reestruturar e preparar as aulas pode ser um empecilho à utilização deste recurso. O uso

tecnológico sem os devidos ajustes no método de ensino pode não ser revertido em processo

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educativo mais efetivo. Tendo isso em mente, a reestruturação das aulas pode ser vista como

um desafio aos docentes que não estiverem predispostos à repensarem suas estratégias de

ensino e tomar ações para modificá-las.

Questões efetivas. A missão de elaborar questões pertinentes para o emprego junto ao SRE é

tão substancial quanto aprender a utilizar a tecnologia (Zhu, 2007). É a ação de desenhar e

preparar boas questões que fazem o SRE efetivo (Sullivan, 2009). Ou seja, a efetividade,

antes, deve partir das questões, sendo o papel da tecnologia o de assistir e melhorar a sua

eficiência e praticidade.

Consoante Dufresne et al. (1996), as decisões tomadas pelo professor no que concerne à

abordagem de instrução e seleção da resposta correta possuem implicações para a

profundidade, qualidade e dinâmica de trabalho em grupo do processo educacional. Zhu

(2007) coloca que diferentes questões requerem diferentes respostas que demandam diferentes

níveis de envolvimento cognitivo. Questões de nível conceitual exigem apenas a

memorização de fatos e datas, enquanto que questões de análise e avaliação necessitam

pensamento e julgamento crítico (Zhu, 2007). Cheong et al. (2012) mostraram que é possível

utilizar um mesmo tipo de SRE para estimular três níveis cognitivos: (1) o reforço de

conceitos comuns (teste de compreensão no qual os alunos selecionavam uma alternativa da

questão de múltipla-escolha); (2) a extração de conhecimento discente (na ausência de

alternativas, os alunos deveriam sugerir uma resposta); e (3) pensamento e análise crítica (não

existe uma resposta correta, os estudantes deveriam discutir criticamente possíveis soluções à

questão exposta). Assim, Zhu (2007) determina que quando os professores querem avaliar os

conhecimentos básicos dos alunos, uma questão conceitual pode ser suficiente. Entretanto, se

o desejo é o de envolver os discentes em exercício de pensamento crítico, apenas uma questão

de compreensibilidade pode não ser adequada (Zhu, 2007). Similarmente, as questões não

podem ser de baixa dificuldade ao ponto de não necessitarem de feedback por possuírem

respostas óbvias.

A literatura aponta recomendações para o desenvolvimento de questões efetivas. Jones et al.

(2009) recomendam que as questões sejam curtas o suficiente para serem respondidas no

intervalo de 30 a 60 segundos e que o feedback seja dado rápido. Zhu (2007) apresenta quatro

sugestões para a preparação das questões: (1) Distinguir o entendimento discente sobre o

jargão e o conceito de termos; (2) Criar respostas erradas (distrações) que pareçam lógicas e

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plausíveis de serem assinaladas para prevenir que estudantes desconsiderem facilmente as

alternativas falsas; (3) Limitar a cinco o número de alternativas; e (4) Considerar colocar a

opção “Eu não sei” para prevenir que os alunos aleatoriamente selecionem uma resposta.

Outras recomendações de elaboração de questões podem ser encontradas em Sullivan (2009).

No entanto, apesar das sugestões apresentadas, Caldwell (2007) afirma que não existe um

caminho singular para a elaboração das questões. A única “norma” é a de que cada questão

deva ser alinhada aos fins específicos da atividade acadêmica (Caldwell, 2007).

Tomar tempo de outros conteúdos. Estudos reportam preocupação adicional com a

transmissão de conteúdo em tempo hábil quando do emprego do SRE (Dallaire, 2011;

d’Inverno et al., 2003; Elliot, 2003). Dado que o docente tem uma quantidade limitada de

tempo para passar o conteúdo, a aplicação do SRE pode ser vista negativamente pelos

discentes por diminuir o tempo da aula expositiva ou prejudicar o ensino de tópicos

importantes subsequentes (Dallaire, 2011). Em adição, estudantes podem sentir que as aulas

estão sendo aceleradas para que o SRE consiga ser utilizado (d’Inverno et al., 2003). Por isso,

educadores devem adaptar as aulas de maneira a cobrir menos material para que o SRE seja

integrado adequadamente (Sprague & Dahl, 2009). Nesse sentido, considerando que o SRE

toma parte do tempo de aula, os instrutores devem avaliar e encontrar o equilíbrio entre o

ensino de tópicos essenciais programados e a quantidade de tempo disponível.

2.1.3.3 Desafios discentes

Custo. Nas versões de SRE baseados em sinal infravermelho ou frequência de rádio, os

dispositivos alfanuméricos necessitam ser adquiridos. A aquisição depende da política

institucional desenvolvida pela IES. Os dispositivos podem ser comprados pela IES que adere

à tecnologia ou por seus alunos.

Caldwell (2007) e Jones et al. (2009) contam que o custo de aquisição dos equipamentos

móveis é uma das principais reclamações discentes em relação ao SRE. Nesse sentido,

algumas IES (ex.: WVU) compram os dispositivos e emprestam aos alunos, os quais devem

devolver ao término de cada aula (Caldwell, 2007; Mula & Kavanagh, 2009). Blasco-Arcas et

al. (2013) e Rana et al. (2016) colocam que, embora o custo com os dispositivos

alfanuméricos tenha decrescido nos últimos anos, ainda pode ser um gasto considerável para

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algumas IES. Este desembolso pode ser um empecilho na adoção e integração do SRE ao

processo de ensino-aprendizagem (Rana et al., 2016).

O repasse do custo dos dispositivos aos estudantes pode ser uma opção interessante de

economia para as instituições (Zhu, 2007), mas nem sempre é bem vista pelos estudantes.

Para Dallaire (2011), o desembolso por parte dos discentes provavelmente afetará a sua

aceitação e satifação com a tecnologia. Zhu (2007) clarifica que a preocupação com o custo

dos dispositivos torna-se exagerada especialmente quando os alunos não veem o valor do seu

uso. É imprescindível que instrutores assegurem que a tecnologia será realmente empregada

nas aulas antes que os estudantes adquiram os dispositivos (Zhu, 2007). A percepção discente

está baseada na utilidade que a tecnologia guarda. Estudantes que verdadeiramente usam os

dispositivos para analisar seu desempenho aula a aula e tentam entender a matéria com o

auxílio da tecnologia tendem a compreender o seu emprego positivamente.

Trapaça. Conforme Carnaghan et al. (2011) e Duncan (2006) o SRE pode ser utilizado para

trapacear. O jeito mais comum é o de emprestar o dispositivo de colegas para registrar a

presença alheia ou responder às questões (Duncan, 2006; Caldwell, 2007). Duncan (2006)

relata que um aluno sentado na fileira da frente da sala portava uma porção de dispositivos

alfanuméricos pertencentes aos colegas que estavam dormindo. Quando o estudante foi

questionado sobre este ato, ele respondeu que não foi dito que isso não poderia ser feito.

Tendo esse cenário em mente, Duncan (2006) ressalta que um passo substancial para prevenir

as trapaças é o esclarecimento das expectativas que se tem em relação ao uso do SRE no

ensino.

Similar ao empréstimo dos dispositivos, outro modo de trapacear é observando qual botão os

colegas irão apertar (Carnaghan et al., 2011). Esforços docentes podem ser empreendidos para

coibir esta prática, entretanto, pouco pode ser feito para evitar que alunos combinem de passar

as respostas uns aos outros.

2.1.4 O uso do SRE no ensino contábil

As pesquisas envolvendo o SRE tiveram sua origem na área das ciências naturais e da saúde

(Keough, 2012). Especificamente na área de ensino em administração, poucos esforços foram

dedicados para entender como o SRE poderia auxiliar na formação dos futuros gestores

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45

(Keough, 2012). Similarmente, o SRE não é uma tecnologia amplamente adotada pelos

educadores contábeis (Carnaghan et al., 2011; Chatham & Davidson, 2011). Apesar disso, a

literatura sobre a aplicação desta tecnologia no ensino da contabilidade vem aumentando na

última década.

A busca bibliográfica foi realizada nos meses de junho e julho de 2016, compreendendo

quatro repositórios (Google Scholar, Scielo, Science Direct e Scopus) e sete termos/palavras-

chave: (1) clicker/zapper in accounting education; (2) student response system/SRS and

accounting education; (3) group response system/GRS and accounting education; (4)

audience response system/ARS and accounting education; (5) personal response system/PRS

and accounting; (6) Electronic response system/ERS and accounting education; e (7)

accounting and clicker/zapper. Os termos foram pesquisados em inglês e português.

Dissertações e teses não foram levadas em consideração. Complementarmente, as palavras-

chave também foram buscadas nos periódicos nacionais de contabilidade constantes no site da

ANPCONT (http://www.anpcont.org.br/periodicos-de-contabilidade). Dessa forma, 37

periódicos (Anexo I) tiveram seus websites visitados. Apesar disso, não foram encontrados

estudos nacionais sobre o SRE na educação contábil. Desse modo, foram identificados 24

trabalhos na literatura internacional, sendo descritos a seguir.

Beekes (2006), na Lascaster University (Reino Unido), teve como objetivo investigar a reação

dos alunos (n = 60) sobre o uso do SRE em uma disciplina do mestrado em Contabilidade e

Administração Financeira. Foram aplicados questionários contendo seis itens mensurados por

uma escala de concordância de 5 pontos. Os resultados apontaram que o SRE é de fácil uso

(média = 4,45), aumenta o divertimento em sala de aula (média = 4,25) e ajuda na

concentração dos estudantes (média = 3,75).

Freeman et al. (2006) compararam o nível de anonimato das respostas discentes oportunizado

pelo SRE com o de outras técnicas de ensino. Ao final da pesquisa, 135 alunos responderam

surveys. Como principais achados, os autores indicaram que a preferência dos estudantes pelo

método de ensino é influenciada pelo nível de anonimato da técnica. Além disso, os alunos

têm maior propensão a participarem das aulas à medida que o nível de anonimato aumenta.

Segovia (2006) produziu um trabalho descritivo no qual explica o que é um SRE, focando os

elementos do sistema e potenciais benefícios. Em adição, a autora discorre sobre como utilizar

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46

esta ferramenta e o seu custo. Ao final, conclui-se que o SRE pode ser uma tecnologia

importante para aumentar a interatividade das aulas de contabilidade e que oportunidades de

pesquisas emergem do seu uso, especialmente ligadas à aprendizagem dos estudantes.

Carnaghan e Webb (2007) investigaram o impacto do SRE na aprendizagem, envolvimento e

satisfação discente. Para tanto, conduziram um experimento com alunos da disciplina de

Introdução à Contabilidade Gerencial, tendo uma amostra final de 172 observações. As

evidências obtidas sinalizam que o SRE não aumenta a aprendizagem discente de modo geral

(sig. > 0,10). Além disso, ao contrário do que afirma a literatura, o uso do SRE diminuiu o

envolvimento do estudante em relação a fazer (estimate = -0,48; sig. < 0,01) e responder

(estimate = -0,42; sig. < 0,01) perguntas em sala de aula. Contudo, os autores encontraram,

por meio da aplicação de surveys, que os alunos se sentiram satisfeitos com o SRE.

Cummings e Hsu (2007) verificaram o efeito do SRE sobre a performance e a satisfação dos

alunos de quatro classes da disciplina de Contabilidade Tributária durante dois semestres. As

análises de regressão múltipla revelaram que a Média Geral Acumulada impactou o

desempenho positivamente nos dois semestres (coef. = 0,27; sig. < 0,00; coef. = 0,30; sig. <

0,01). Entretanto, o SRE teve efeito significativo apenas no primeiro (coef. = 0,26; sig. <

0,01). Em relação à satisfação, de modo geral, os alunos se sentiram satisfeitos com a

tecnologia.

Cunninghan (2008), por meio de pesquisa-ação, descreve como o uso do SRE pode ajudar a

contornar empecilhos encontradas na sala de aula, como a falta de interatividade entre os

alunos e o professor. O autor conduziu dois ciclos de utilização do SRE, avaliando no

primeiro a percepção de 88 discentes e, no segundo, a de 326 alunos. Como resultados,

destaca-se que, no primeiro ciclo, os alunos não gostaram de usar o SRE (44,3%), o SRE não

ajudou a entender melhor o material (46,6%) e não ajudou a classe a focar no conteúdo

durante as aulas (42%). Já no segundo ciclo, enfatiza-se que os alunos gostaram do SRE

(48,8%), o uso do SRE aumentou o interesse nas aulas (55,2%) e auxiliou no foco da classe

(45,1%). Cunninghan (2008) atribui a melhoria da percepção discente no segundo ciclo

devido aos ajustes realizados com base nos resultados do primeiro ciclo. Ainda, o autor

fornece direcionamentos futuros de uso do SRE.

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47

Edmonds e Edmonds (2008) realizaram um quase-experimento para testar o impacto do SRE

no desempenho acadêmico de alunos da disciplina de Introdução à Contabilidade Gerencial.

A amostra final contou com 554 observações. Os procedimentos empíricos utilizados

mostraram que o SRE afeta positivamente a performance discente (coef. = 2,89; sig. < 0,01).

Além disso, estudantes com menor Média Geral Acumulada tendem a se beneficiar mais do

uso do SRE.

Lea (2008) procurou averiguar se a percepção discente em relação ao uso do SRE se modifica

com o passar do tempo. A autora desenvolveu a pesquisa com duas turmas (Fall 2006 = 20

alunos; Spring 2007 = 13 alunos), utilizando o SRE em quase todos os 15 encontros da

disciplina de Contabilidade Gerencial. Surveys foram aplicadas no início e ao final do

semestre. Os achados indicaram que a percepção dos estudantes não muda com o tempo para

nenhum aspecto pesquisado (Frequência, Preparação, Aprendizagem Ativa, Interatividade,

Feedback imediato, Compreensão, Profundidade do Conteúdo, Divertimento e Melhoramento

da Aprendizagem).

Segovia (2008) buscou verificar o efeito do SRE na aprendizagem dos alunos de

Contabilidade Introdutória. Para tanto, a turma Fall 2002 (n = 44) respondeu quizzes online

por meio da WebCT enquanto a turma Summer 2003 (n = 31) respondeu quizzes com o

auxílio do SRE. Ao analisar o desempenho geral das duas turmas, encontrou-se diferença

significante (F = 0,566; sig. < 0,10), a qual sinalizou que a turma Summer 2003 obteve

melhor performance. Adicionalmente, a autora aplicou surveys para examinar a percepção dos

estudantes. Na visão destes, houve maior participação nas aulas devido ao uso do SRE e

averiguou-se, também, a preferência por aulas com o emprego do SRE.

Beekes (2009) realizou um estudo de caso sobre a utilização do SRE na disciplina de

Contabilidade Gerencial na Lancaster University (Reino Unido). Apesar disso, a análise dos

resultados foi baseada apenas em questionários aplicados ao final da disciplina com 117

estudantes e na observação do pesquisador. Como principais resultados, tem-se que o SRE é

de uso fácil (média = 3,8; escala = 1 a 5) e aumenta o divertimento em sala (média = 3,6;

escala = 1 a 5). O autor também pensa que o SRE encoraja os estudantes a tomarem atitudes

positivas em relação à disciplina, especialmente no aspecto participação.

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48

Humpfries e Whelan (2009) conduziram experimentos em duas disciplinas (Comunicação de

Negócios e Princípios de Contabilidade I) para testar o efeito do SRE sobre a aprendizagem.

Os testes de média sinalizaram que não houve diferença significativa entre o desempenho dos

grupos de controle e tratamento, indicando que o SRE não aumenta a aprendizagem.

Complementarmente, foi identificado, em uma escala de concordância de 0 a 10, que os

estudantes acharam fácil (média = 6,77) e divertido (média = 6,74) usar o SRE, além de

reportarem que o feedback instantâneo é útil (média = 6,16).

Mula e Kavanagh (2009), em uma universidade australiana, avaliaram o uso do SRE em três

semestres (1º = 33 alunos, 2º = 61 alunos; 3º = 26 alunos) em uma disciplina de Contabilidade

do primeiro ano. Porém, o SRE foi utilizado só no segundo semestre. A partir da comparação

dos resultados entre as classes, os autores encontraram que a turma que usou o SRE percebeu

mais intensamente que quizzes em sala de aula auxiliam a aprendizagem. Entretanto, nenhuma

correlação foi obtida entre o desempenho discente nos quizzes e as notas das provas.

Edmonds e Edmonds (2010) buscaram entender a percepção discente sobre o SRE acerca de

cinco dimensões: (1) ambiente de aprendizagem ativa; (2) ambiente eficiente de

aprendizagem; (3) feedback significativo; (4) motivação; e (5) desenvolvimento de

comunicação e trabalho em equipe. Duas classes da disciplina de Contabilidade Gerencial

participaram do estudo, sendo uma turma de controle (n = 88) e outra de tratamento (n = 51).

Ao final da pesquisa, foram aplicadas surveys com 50 itens mensurados por uma escala de

concordância de 5 pontos. Os resultados apontaram que houve diferença significante de

percepção para as dimensões (1) e (2), tendo o grupo de tratamento concordado mais do que o

grupo de controle.

Morse, Ruggieri e Whelan-Berry (2010) desenvolveram experimentos com alunos de

Contabilidade Intermediária e Gerencial visando compreender o efeito do SRE sobre a

participação e discussão. Ao todo, a pesquisa envolveu dois professores e 72 alunos, estes

separados em grupos de controle e tratamento em cada disciplina. Para a coleta de dados, um

observador acompanhou as aulas para fazer anotações sobre a quantidade e qualidade das

discussões em sala. Em complementação, ao final das disciplinas, os estudantes responderam

a uma survey através da escala de concordância do tipo Likert de 5 pontos. Como principais

achados, destaca-se que, para as ambas as disciplinas, os alunos que usaram o SRE tiveram

maior participação nas aulas. Da mesma forma, a maioria dos alunos de ambas as disciplinas

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49

reportou que o SRE proporciona maior divertimento às aulas. Por outro lado, os discentes de

Contabilidade Gerencial perceberam que o uso do SRE toma bastante tempo de aula.

Na University of Western Cape (África do Sul), Arendse e Jürgens (2010) produziram um

estudo com duas turmas de Contabilidade do primeiro ano da graduação para testar o impacto

do uso do SRE em conjunto com a técnica de Peer Instruction no envolvimento dos

estudantes. Os autores concluíram que o SRE é um modo de criar entusiasmo em sala de aula

e que envolve ativamente os estudantes. Apesar disso, o estudo dá margem para contestações,

já que não apresenta nenhum resultado numérico ou qualitativo.

Carnaghan et al. (2011), por meio de um estudo descritivo, proporcionam uma visão geral do

uso do SRE. Os autores apresentam os tipos de SRE, bem como os principais fornecedores.

Além disso, a partir da revisão de literatura, pontuam que os alunos se sentem satisfeitos com

o uso do SRE, entretanto, evidenciam também frágeis evidências de melhoria no desempenho

acadêmico. Por fim, são oferecidas sugestões para uma efetiva incorporação do SRE às aulas.

Chatham e Davidson (2011) verificaram a percepção dos discentes das disciplinas de Direito

Empresarial, Introdução à Contabilidade Financeira e Contabilidade Intermediária sobre o uso

do SRE. Os autores utilizaram um SRE baseado em frequência de rádio (i>clicker) e outro

baseado em web (web>clickerTM

) em sala de aula, aplicando de duas a seis questões por

encontro. Ao final da disciplina, os alunos responderam surveys (n = 860). Como principais

achados, salienta-se que os estudantes gostaram de usar o SRE (94,88%), acharam a

tecnologia útil (94,42%), entenderam que houve aumento em sua participação (92,59%) e

recomendariam o SRE para ser usado futuramente (97,20%).

Morales (2011), por meio de um estudo de caso, explorou o SRE como ferramenta para

incentivar discussões em sala e o pensamento crítico de 46 alunos do último ano do curso de

bacharelado em Contabilidade e Finanças na Dublin Institute of Technology (Irlanda). O

estudo reporta que, de modo geral, o uso do SRE contribuiu para um ambiente no qual os

alunos se sentiram mais relaxados e menos apreensivos. Por outro lado, não ajudou a

melhorar o desempenho acadêmico discente e, tampouco, o pensamento crítico. Contudo,

esses achados são questionáveis, dado que o autor não reporta os resultados da pesquisa.

Além disso, não está claro quais foram as fontes e os instrumentos de coleta de dados.

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50

Newmark, Seaton e Stallings (2011) avaliaram a percepção e satisfação dos discentes acerca

da utilização do SRE na disciplina de Sistemas de Informação Contábil. Para a coleta dos

dados, os autores empregaram surveys contendo questões sobre o perfil dos alunos e 13

afirmativas sobre uso e satisfação com o SRE a serem avaliadas pelos estudantes através da

escala de Likert de 5 pontos. De modo geral, os alunos se sentiram satisfeitos com o SRE.

Ainda, por meio de Análise Fatorial, foi verificado que três fatores (aprendizagem, ambiente e

interatividade) explicam 58% da satisfação dos estudantes. Constatou-se também que o

gênero do estudante não está diretamente relacionado a sua satisfação geral com o SRE.

Finalmente, os autores propõem um modelo para analisar a satisfação com base nos resultados

da Análise Fatorial.

Premuroso et al. (2011) investigaram os efeitos do SRE sobre a satisfação e desempenho dos

alunos de Introdução à Contabilidade Financeira. Foi realizado um experimento com as

turmas de Spring 2009 (n = 94) e Spring 2010 (n = 94), sendo que o grupo de tratamento

(Spring 2010) utilizou o SRE e a turma de controle (Spring 2009) utilizou quizzes em papel.

A análise de regressão mostrou que o SRE tem impacto positivo na performance (coef. =

0,226; sig. < 0,05). Ademais, os estudantes do grupo de tratamento responderam a surveys,

cujos resultados evidenciaram que os alunos se sentiram satisfeitos com a tecnologia.

Smith e Maguire (2011) pesquisaram a eficiência e a eficácia do SRE com quatro turmas da

disciplina de Contabilidade Introdutória. Analisou-se a eficiência por meio da comparação

dos desempenhos do grupo que usou o SRE (n = 161) com o do grupo que não usou (n = 68).

Similarmente, a eficácia do SRE foi avaliada, com outras duas turmas, por meio da

manipulação do momento de aplicação dos quizzes via SRE. Ou seja, as duas turmas usaram o

SRE, porém, uma (n = 64) respondeu às questões ao longo da aula e a outra (n = 97) apenas

ao final. Os resultados indicaram que o uso do SRE não impactou o desempenho acadêmico,

bem como o momento de aplicação dos quizzes não influenciou a performance discente.

Marshall e Varnon (2012) estudaram a influência do uso do SRE individualmente e com o

Peer Instruction sobre a performance dos discentes da disciplina de Princípios de

Contabilidade Financeira. Desenvolveu-se um experimento com 31 alunos no grupo de

controle e 61 no grupo de tratamento (uso do SRE). Os resultados apontaram que o SRE tem

efeito significativo (t = 2,04; sig. < 0,05) sobre o desempenho somente quando usado em

conjunto com a técnica de Peer Instruction. Em complementação, surveys foram aplicadas no

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51

último dia de aula para captar a percepção discente sobre o emprego do SRE. De forma geral,

encontrou-se evidências de que a utilização desta tecnologia foi benéfica aos alunos.

Chui et al. (2013) desenvolveram um quase-experimento para entender os impactos do SRE

na confiança, esforço e performance discentes. Foi coletada a expectativa dos alunos em

relação as suas notas finais como proxy para confiança de que compreenderam o conteúdo.

Como proxy para o esforço discente, utilizou-se as horas de estudo extra-sala. E a

performance acadêmica foi mensurada pelos acertos das questões dos quizzes aplicados em

sala e pela nota final (quizzes e provas). Por meio da comparação dos resultados do grupo de

controle (n = 32) e tratamento (n = 28), foi verificado que o segundo obteve melhor

performance nos quizzes em sala (t = 2,31; sig. < 0,01), mas não na nota final (t = 0,817; sig.

= 0,41). Porém, os alunos deste grupo se mostraram com excesso de confiança acerca da sua

nota final em relação ao grupo de controle (sig. < 0,04), sinalizando que obtiveram menor

performance do que esperavam. Por fim, o grupo de tratamento se esforçou menos do que o

grupo de controle (t = 2,452; sig. < 0,01) para obter notas finais similares.

Eng et al. (2013) estudaram o efeito do SRE sobre o desempenho acadêmico de alunos de

Introdução à Contabilidade Financeira em dois semestres (Fall 2009 e Spring 2010). Somente

os alunos do segundo semestre (Spring 2010) usaram o SRE. Em adição, as autoras aplicaram

surveys no início e ao final da pesquisa com a turma de Spring 2010 para constatar se a

percepção discente sobre aspectos ligados ao SRE variava com o passar do tempo. A Análise

de Variância revelou que a turma que usou o SRE alcançou melhor performance do que a que

não usou (F = 5,64; sig. = 0,05) e, adicionalmente, foi verificado que estudantes que

obtiveram melhores notas nas provas também foram melhores nos quizzes. Os achados da

survey sinalizaram que a percepção discente sobre o SRE não varia conforme o tempo.

A partir da revisão da literatura realizada, percebe-se que a produção científica sobre o SRE

na educação contábil é relativamente recente, mesmo no âmbito internacional, uma vez que se

tem indícios de que as publicações se iniciaram há, aproximadamente, uma década. Nota-se

que um terço dos trabalhos identificados está publicado nos principais periódicos de educação

contábil: Issues in Accounting Education, Journal of Accounting Education e Advances in

Accounting Education (ver Tabela 3). Os demais estão distribuídos em periódicos dos campos

de Educação, Comunicação e Negócios. Por fim, a Tabela 3 traz um resumo dos trabalhos.

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52

Tabela 3 – Estudos sobre o SRE na educação contábil

Autores Periódico Principais resultados/Conclusão Citações1

Beekes (2006) Active Learning in Higher

Education

O SRE é fácil de usar, aumenta o divertimento e

ajuda na concentração dos alunos em sala. 158

Freeman et al. (2006) Australasian Journal of

Educational Technology

A preferência dos discentes é influenciada pelo

nível de anonimato das técnicas de ensino. 40

Segovia (2006)2 Accounting Instructors' Report O SRE mostra-se importante como ferramenta de

aprendizagem ativa. -

Carnaghan e Webb

(2007) Issues in Accounting Education

O SRE não aumenta a aprendizagem, reduz a

interatividade e aumenta a satisfação discente. 100

Cummings e Hsu

(2007)

Journal of College Teaching &

Learning

Os alunos se sentes satisfeitos ao usar o SRE, o

qual pode impactar o desempenho também. 19

Cunninghan (2008) Issues in Accounting Education O SRE é percebido positivamente apenas no

segundo ciclo de uso da pesquisa. 63

Edmonds e Edmonds

(2008) Issues in Accounting Education O SRE aumenta o desempenho. 35

Lea (2008) Decision Line A percepção discente sobre os aspectos do SRE

não muda com o passar do tempo. 7

Segovia (2008) Accounting Instructors' Report O SRE aumentou o desempenho acadêmico e os

alunos se mostraram satisfeitos com o seu uso. 2

Beekes (2009)

Enhancing Student-Centred

Learning in Business and

Management, Hospitality,

Leisure, Sport, Tourism

O SRE é de uso fácil e encoraja maior

divertimento e participação dos alunos. 2

Humphries e Whelan

(2009)

Business Education Innovation

Journal

O SRE não aumenta o desempenho, mas é de uso

fácil, útil e divertido. 1

Mula e Kavanagh

(2009)

e-Journal of Business Education

& Scholarship of Teaching

O desempenho nos quizzes não têm relação com

as notas das provas. 33

Edmonds e Edmonds

(2010)

Advances in Accounting

Education

Alunos que usaram o SRE reportaram um

ambiente mais propício à aprendizagem ativa e à

eficiência.

5

Morse et al. (2010) American Journal of Business

Education

O SRE aumentou a participação e o divertimento

em sala. 18

Arendse e Jürgens

(2011)

Case studies of epistemological

access in foundation/extended

curriculum programme studies

in South Africa

O SRE cria entusiasmo em sala e aumenta o

envolvimento discente. 0

Carnaghan et al. (2011) Journal of Accounting

Education

O SRE aumenta a satisfação dos estudantes, mas

poucas evidências de aumento do desempenho

foram encontradas.

17

Chatham e Davidson

(2011)

Business Education Innovation

Journal

O SRE é útil e aumenta a participação discente.

Os alunos gostaram de usá-lo. 1

Morales (2011) Higher Learning Research

Communications

O SRE não ajuda a aumentar o desempenho e o

pensamento crítico. 7

Newmark et al. (2011) AIS Educator Journal O SRE aumenta a satisfação. 2

Premuroso et al. (2011) Issues in Accounting Education O SRE aumenta o desempenho e satisfação

discentes. 17

Smith e Maguire (2011) International Journal of

Business and Social Science

O SRE não aumenta o desempenho em termos de

eficiência e eficácia. 0

Marshall e Varnon

(2012)

Journal of Learning in Higher

Education

O SRE aumenta o desempenho só quando

empregado com o Peer Instruction. 3

Chui et al. (2013) Journal of Accounting

Education

O SRE não aumenta o desempenho e deixa os

alunos com excesso de confiança sobre as suas

notas, mas reduz o esforço discente fora da sala de

aula para obter a mesma performance de alunos

que não usaram o SRE.

16

Eng et al. (2013) Advances in Accounting

Education

O SRE aumenta o desempenho. A percepção

discente sobre o SRE não muda com o passar do

tempo.

1

1 Quantidade de citações pelo Google Scholar (Julho/2016). 2 Não foi possível identificar a quantidade de citações.

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53

2.2 Determinantes do desempenho acadêmico

Diversas variáveis agem sobre o processo de ensino-aprendizagem, impactando o

desempenho acadêmico distintamente. Para entender o efeito do SRE sobre a performance dos

alunos, é preciso mensurá-la acuradamente. Portanto, este tópico trata dos aspectos mais

relevantes a serem considerados nesta análise.

2.2.1 Fatores individuais

Consideram-se fatores individuais àquelas características particulares que compõem o perfil

dos estudantes com potencial para influenciar significativamente a performance acadêmica.

Desta forma, com base na literatura, dois fatores individuais dos alunos podem ser destacados:

idade e gênero.

Idade. Alcock, Cockcroft e Finn (2008) sugerem que, dentre outros aspectos, a idade seja uma

proxy da maturidade mental do aluno. Säljö (1979) pontua que quanto maior a maturidade

mental, mais atento o estudante está em relação à avaliação de seu desempenho e, por

conseguinte, possui maior propensão a adotar uma estratégia de aprendizagem profunda. Em

outras palavras, alunos de idades mais avançadas têm maior capacidade de autoavaliação e,

possivelmente, mais motivação para estudar.

Da mesma forma, a idade captura as experiências de vida do estudante que podem influenciar

significativamente a forma de agir. O aluno ingressante na graduação geralmente está perto ou

já possui idade adulta, detendo seus costumes, gostos e vieses, inclusive em se tratando do

hábito acadêmico. Por isso, a idade do estudante pode impactar a performance acadêmica.

Estudos envolvendo a idade e o desempenho discente não demonstram um sentido claro da

relação entre essas variáveis (Lane & Porch, 2002, Miranda, Lemos, Oliveira & Ferreira,

2015). Por um lado, Lane e Porch (2002) verificaram uma correlação positiva entre a idade e

o desempenho acadêmico de alunos dos modúlos de Demonstrações Financeiras (n = 199;

coef. = 0,227; sig. < 0,01) e de Introdução à Contabilidade Gerencial (n = 184; coef. = 0,280;

sig. < 0,01). Os achados de Guney (2009) também sustentam uma correlação positiva entre os

dois fatores. Em contraposição, Koh e Koh (1999), a partir de uma amostra de 526 estudantes,

encontraram que estudantes mais jovens obtiveram melhor performance. Apesar dos

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54

resultados inconclusivos, pode-se esperar que a variável idade tenha impacto positivo sobre a

performance discente por estar correlacionada com a maturidade do aluno (Alcock et al.,

2008; Säljö, 1979).

Gênero. Diferenças advindas do gênero podem influenciar a escolha do curso e da carreira

profissional, assim como a maneira com que as pessoas fazem uso do conhecimento (Guney,

2009). Da perspectiva social, o gênero dos indivíduos pode resultar em diferenças

comportamentais (Ravenscroft & Buckless, 1992), bem como ter efeito sobre o grau de

motivação (Guney, 2009). Desta forma, podem afetar a performance acadêmica.

As pesquisas relacionando o gênero ao desempenho acadêmico não apresentam evidências

que sustentam uma conclusão consensual (Byrne & Flood, 2008; Miranda et al., 2015;

Ravenscroft & Buckless, 1992; Seow, Pan & Tay, 2014; Surridge, 2009). Miranda et al.

(2015) detectaram 16 trabalhos que estudaram a variável gênero no ensino de disciplinas de

negócios. Seis trabalhos encontraram correlação positiva entre o gênero feminino e

desempenho acadêmico, outros seis não verificaram efeito algum e quatro relataram impacto

negativo na performance. Seow et al. (2014), por exemplo, a partir de uma amostra de 823

alunos (62,5% mulheres) da Singapore Management Univerty, acharam por meio da análise

de regressão que estudantes do sexo masculino obtiveram, em média, 0,199 pontos (sig. <

0,01) a mais que alunos do sexo feminino na Média Geral Acumulada (MGA). Em contraste,

Surridge (2009) encontrou evidências de que discentes do sexo feminino têm melhores

performances do que do sexo masculino a partir de uma amostra de 134 alunos do primeiro

ano dos cursos de contabilidade e finanças. Diante desse cenário, permanece inconclusivo o

efeito do gênero sobre o desempenho discente (Miranda et al., 2015).

2.2.2 Fatores acadêmicos

Entende-se por fatores acadêmicos os aspectos do ambiente e da vida escolar dos alunos que

contribuem para a sua performance. Conforme a literatura aponta, o conhecimento prévio

sobre o conteúdo, o desempenho anterior, a frequência às aulas e o tempo de estudo são

variáveis pertinentes a serem consideradas na análise do desempenho acadêmico.

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55

Conhecimento prévio sobre o conteúdo. Os estudantes trazem consigo experiências e

conhecimentos prévios que podem influenciar o modo como aprendem e desempenham

atividades. Por isso, comportamentos e costumes podem influenciar a performance discente.

Pesquisas revelaram correlações positivas entre o conhecimento contábil prévio e o

desempenho acadêmico no 1º ano de graduação em ciências contábeis (Byrne & Flood, 2008).

Semelhantemente, Miranda et al. (2015) mapearam oito estudos na área de negócios que

trataram acerca do conhecimento prévio de conteúdo e o desempenho acadêmico, dos quais

62,5% dos achados dessas pesquisas verificaram relação positiva entre os dois aspectos.

Byrne e Flood (2008), por exemplo, examinaram a relação entre as características e

experiências anteriores à graduação e a performance acadêmica no 1º ano do curso de

contabilidade. Foi aplicado um questionário para a coleta de dados (n = 121). Especificamente

em relação ao conhecimento prévio sobre o conteúdo, foi encontrada correlação positiva com

a performance geral dos estudantes (coef. = 3,629; sig. = 0,014). Em outro estudo, Alcock et

al. (2008) investigaram o impacto do conhecimento prévio em matemática na aprovação dos

alunos inscritos em disciplinas da área de negócios. Utilizou-se uma base de dados

institucional contendo 663 alunos. Os achados indicaram que quanto maior o conhecimento

prévio em matemática, maior é a probabilidade de aprovação nas disciplinas. Posto isso,

considera-se que o conhecimento prévio sobre o conteúdo pode influenciar a performance

acadêmica substancialmente e deve ser levada em consideração na análise.

Desempenho acadêmico anterior. O desempenho acadêmico em avaliações anteriores

também é outro determinante do desempenho atual. Segundo Guney (2009), a performance

anterior pode prover algumas ideias relativas ao comprometimento, à capacidade intelectiva e

à disciplina dos estudantes.

Miranda et al. (2015) encontraram 27 artigos na área de negócios reportando achados entre o

desempenho acadêmico anterior e o atual, sendo que 100% desses estudos apontaram para

uma relação positiva entre os desempenhos. A pesquisa de Byrne e Flood (2008) constatou

correlação positiva entre a performance anterior e a atual para as disciplinas de contabilidade

gerencial (coef. = 0,167; sig. = 0,000) e de contabilidade financeira (coef. = 0,14; sig. =

0,000), bem como para o desempenho médio como um todo (coef. = 0,123; sig. = 0,000) do 1º

ano do curso de contabilidade. De forma similar, Waples e Darayseh (2011) desenvolveram

uma pesquisa sobre a performances prévia e a atual dos alunos da disciplina de Contabilidade

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56

Intermediária I (n = 157). Os resultados indicaram que o desempenho prévio influencia

positivamente a nota no curso (coef. = 0,7679; sig. = 0,01). Logo, reforça-se que o

desempenho prévio é relevante para explicar a variação na performance acadêmica presente.

Frequência às aulas. O comparecimento às aulas é amplamente reconhecido como um

aspecto fundamental da experiência na educação superior (Cohn & Johnson, 2006; Guleker &

Keci, 2014). As políticas de frequência às aulas variam de instituição para instituição (Cohn

& Johnson, 2006; Guleker & Keci, 2014). Enquanto algumas políticas encorajam maior

presença do aluno em sala de aula (Latif & Miles, 2013), outras não possuem tal característica

(Guleker & Keci, 2014). Apesar dessas diferenças, parece haver um consenso entre

educadores de que o comparecimento reflete positivamente no desempenho acadêmico dos

alunos (Guleker & Keci, 2014).

Cohn e Johnson (2006) argumentam que uma razão essencial do comparecimento às aulas é a

interação que se tem com os colegas e o professor. Informações não contidas nos livros-textos

e outros materiais didáticos podem ser obtidas através da comunicação com os colegas por

meio das experiências individuais (Cohn & Johnson, 2006). Complementarmente, a presença

nas aulas pode nutrir habilidades sociais e de responsabilidade do ensino (Cohn & Johnson,

2006). Diversos pesquisadores investigaram o seu efeito sobre o desempenho acadêmico

(Cohn & Johnson, 2006; Guleker & Keci, 2014; Jones, 1984; Latif & Miles, 2013). Jones

(1984) coletou dados de 496 alunos e encontrou correlação negativa entre o absenteísmo e o

desempenho acadêmico (coef. = -0,33; sig. < 0,001). Quanto mais o aluno falta, menor é o seu

desempenho. Nogueira, Costa, Takamatsu e Reis (2013) abordagaram o tema com 208 alunos

de ciências contábeis. A análise de regressão acusou que a variável “Faltas” produzia efeito

negativo sobre a performance do estudante individual (coef. = -1,1381; sig. < 0,000) e

coletivamente (coef. = -1,044; sig. < 0,000) com outras variáveis. Observa-se que a ação de

comparecer às aulas tem impacto significativo na performance acadêmica e, portanto, é

recomendável a sua avaliação para observar o seu impacto, em conjunto com o SRE, no

desempenho discente (Dallaire, 2009).

Tempo de estudo. O tempo extra-classe para estudar é uma decisão individual de cada aluno e

que reflete o seu esforço e dedicação em relação ao curso. Por isso, normalmente, espera-se

uma relação positiva entre o desempenho acadêmico e o esforço discente (Guney, 2009).

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57

Krieg e Uyar (2001) sustentam uma correlação positiva entre o percentual de realização das

tarefas de casa e a performance acadêmica. Por outro lado, os resultados de Guney (2009)

apontam que quanto mais se estuda, menor é o desempenho. O autor conclui que podem

existir outros fatores que implicam na diminuição da sua performance não considerados na

pesquisa (Guney, 2009). Latif e Miles (2013), por sua vez, constataram que as horas de estudo

não guardam relação significativa com a performance acadêmica. Apesar desses resultados, a

expectativa é de que quanto mais se estuda, melhor desempenho é alcançado, visto que a

dedicação com o curso é maior.

2.2.3 Fatores socioeconômicos

Fatores socioeconômicos compreendem variáveis presentes nos ambientes social e econômico

dos estudantes que podem influenciar o seu desempenho acadêmico. A esse respeito, tem-se

que o status socioeconômico e a educação parental são variáveis que podem agir sobre a

performance acadêmica.

Status socioeconômico. Estudos sugerem que pais com maior status socioeconômico estão

mais envolvidos com a educação de seus filhos do que pais com menor status (Sui-Chu &

Willms, 1996). Esse maior envolvimento produz mais atitudes positivas de seus filhos no

tocante à vida acadêmica, como a melhoria do hábito de estudo, a redução do absenteísmo e

da desistência e, ainda, o aumento na performance acadêmica (Sui-Chu & Willms, 1996). Win

e Millner (2005) também evidenciaram que crianças com melhor situação socioeconômica

têm maiores chances de ingressar na educação superior.

Presume-se que o mesmo pode ocorrer com alunos do ensino superior, embora em menor

grau. Por exemplo, Krieg e Uyar (2001) geraram evidências de que graduandos que são

financiados essencialmente pelos pais durante o período de estudo possuem melhor

performance do que aqueles que não recebem este apoio. Para Titus (2006), estudantes que

possuem baixo status socioeconômico têm menor probabilidade de completarem a graduação.

Adicionalmente, estão mais propensos, ao final do primeiro ano do curso, à terem reduzida

Média Geral Acumulada, menor envolvimento com a IES, maiores necessidades financeiras e

à trabalharem mais horas (Titus, 2006). Por isso, essa situação pode ter impacto direto no

desempenho acadêmico.

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58

Educação dos pais. A educação parental atua de múltiplas maneiras na educação dos filhos.

Pais com maiores níveis educacionais estão mais propensos a valorizarem a educação,

levando a uma maior preocupação com a vida acadêmica de seus filhos (Davis-Kean, 2005;

Magnuson, 2007). Hill et al. (2004) ressaltam que os pais podem se envolver nas atividades

acadêmicas de seus filhos. De forma similar, o ambiente domiciliar pode ser influenciado pela

educação dos pais em termos de auxílio e cobrança da realização das tarefas acadêmicas e na

forma de interação (Davis-Kean, 2005; Hill et al., 2004). Magnuson (2007) exemplifica que

mães com alto nível de educação tendem a utilizar formas ricas de comunicação. Win e

Millner (2005) salientam que pesquisas mostram que quanto maior a educação dos pais, maior

é a performance acadêmica de seus filhos. Similarmente, no ensino superior, Smith e Naylor

(2001) e Blundell, Dearden, Goodman e Reed (2000) reportaram que o sucesso acadêmico na

graduação está correlacionado de modo positivo com a educação dos pais. Nesse sentido,

sustenta-se a ideia de que quanto maior o nível de educação parental, maior é a performance

discente.

2.3 Satisfação discente

Entende-se que a satisfação discente é um ponto crucial nas discussões sobre tecnologias

educacionais. Assim, este tópico abordará, especificamente, a satisfação dos alunos em

relação ao uso do SRE. Ao particularizar a satisfação discente, pretende-se evidenciar como

esta tecnologia é percebida através das lentes dos estudantes. Isso é importante porque pode

influenciar a decisão de implementação desta tecnologia e fornecer direcionamentos para o

aperfeiçoamento de futuras aplicações no ensino de ciências contábeis.

2.3.1 Motivações para a investigação da satisfação dos alunos

Estudos vêm explorando o aspecto da satisfação com o SRE (Beckert et al., 2009; Beekes,

2006; Caldwell, 2007; Carnaghan & Webb, 2007; Cummings & Hsu, 2007; Dufresne et al.,

1996; Elliot, 2003; Sprague & Dahl, 2009; Premuroso et al., 2011). Devido a isso, sente-se a

necessidade de justificar as razões pelas quais esta investigação também trata desse aspecto.

Nesta pesquisa, focam-se três motivos.

Primeiramente, estudos sugerem que o SRE tem o potencial de proporcionar experiências de

aprendizagem positivas (Caldwell, 2007; Fies & Marshall, 2006; Han & Finkelstein, 2013;

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Mula & Kavanagh, 2009; Premuroso et al., 2011; Sprague & Dahl, 2009; Zhu, 2007). A

introdução do SRE no processo educativo abre caminho para um ambiente diferente das aulas

expositivas, reduzindo práticas rotineiras passivas de aprendizagem, como memorização e

cópia (Cunninghan, 2008; Mula & Kavanagh, 2009). O estudo de como isso se reflete na

satisfação é importante, uma vez que pode fornecer indícios de melhorias na experiência de

aprendizagem, podendo significar o aperfeiçoamento dos métodos de ensino.

Em segundo lugar, a Pathways Comission (2012) coloca que as tecnologias educacionais

precisam ser aproveitadas pelos instrutores contábeis a fim de proporcionar metodologias de

ensino que capturem o interesse de estudantes para retê-los na profissão contábil. Nesse

raciocínio, Premuroso et al. (2011) reforçam que é necessário que os alunos se sintam

satisfeitos com o curso, principalmente, com as disciplinas introdutórias. Estudantes

satisfeitos possuem maior probabilidade de persistirem no curso (Pike, 1991). Desse modo,

determinar se o SRE aumenta ou diminui a satisfação dos estudantes torna-se fundamental

para recomendar o seu uso futuro.

Finalmente, a percepção discente é importante para indicar se recursos didáticos estão sendo

efetivos e alinhados com as expectativas que os estudantes têm sobre as aulas. Carnaghan e

Webb (2007) alertam que é primordial examinar a satisfação dos alunos porque sinaliza o

quão adequado se deu a incorporação do SRE ao processo educacional. É uma etapa lógica

para se averiguar a eficácia da tecnologia (Beckert et al., 2009). Carnaghan e Webb (2007)

alertam que uma má implantação desse recurso tecnológico pode conduzir à insatisfação dos

estudantes, afetando a sua performance acadêmica. Logo, se não houver constatação de que a

tecnologia foi corretamente introduzida nas aulas, hipóteses de desempenho acadêmico

podem ser “contaminadas” pelo seu uso equivocado. Dado que uma das pretensões desta

pesquisa é verificar os impactos do SRE na performance acadêmica (H1), a análise da

satisfação discente se faz necessária (H2).

2.3.2 Satisfação geral dos estudantes com o SRE

Avaliar a satisfação discente com o SRE é tão importante quanto analisar o seu efeito sobre a

performance acadêmica (Beckert et al., 2009). Para os autores, os estudantes devem ter voz na

determinação da efetividade e desejabilidade de novos métodos de envolvimento em sala de

aula. Desta forma, consistentemente com a literatura prévia, este trabalho também tem a

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60

preocupação em analisar a percepção dos alunos acerca da sua satisfação com o recurso

tecnológico.

Apesar de diversas pesquisas terem investigado a satisfação discente com o SRE (Beckert et

al., 2009; Carnaghan & Webb, 2007; Cummings & Hsu, 2007; Dufresne et al., 1996;

Newmark et al., 2011; Premuroso et al., 2011; Segovia, 2008), não foi possível identificar

uma definição. Desta forma, como a satisfação dos estudantes em relação ao SRE pode ser

entendida de modos diferentes, o presente trabalho adota a terminologia “Satisfação Geral” e

propõe estudá-la sob o seguinte conceito: percepção discente positiva acerca dos aspectos

ligados à utilização do SRE no processo educacional e no ambiente acadêmico. Pautada nesta

definição, a Satisfação Geral dos alunos é, portanto, a maneira com a qual os estudantes

percebem favoravelmente o uso do SRE no processo de ensino-aprendizagem e no ambiente

educacional.

Com base no conceito estabelecido, buscou-se na literatura do SRE questões que tratavam da

satisfação discente. A compilação e filtragem destas questões resultaram em um questionário.

Em adição, visando tornar a análise mais completa, o pesquisador acrescentou duas questões,

conforme segue a Tabela 4.

Tabela 4 – Questões sobre satisfação com o SRE

Questão (Satisfação Geral) Literatura

Gostei de usar o SRE. Carnaghan e Webb (2007); Cunninghan (2008);

Humpfries e Whelan (2009); Stowell (2015).

O SRE tornou a aula mais divertida em relação às aulas

tradicionais. Eng et al. (2013); Lea (2008).

Estou satisfeito(a) com as questões elaboradas para o

uso com o SRE. Sprague e Dahl (2009).

Estou satisfeito(a) com o SRE como recurso de ensino. Humpfries e Whelan (2009)

A minha satisfação com a disciplina aumentou devido

ao uso do SRE. Mula e Kavanagh (2009); Segovia (2008).

A competição proporcionada pelo SRE aumentou a

minha satisfação em relação às aulas tradicionais. *Elaborada pelo pesquisador.

Estou satisfeito(a) com a interatividade proporcionada

pelo SRE. Eng et al. (2013); Lea (2008).

Tive uma impressão positiva acerca do uso do SRE no

ensino de contabilidade. *Elaborada pelo pesquisador.

Estou satisfeito(a) com a incorporação do SRE à

disciplina.

Carnaghan e Webb (2007); Chui et al. (2013);

Cunninghan (2008); Premuroso et al. (2011); Sprague e

Dahl (2009).

Estou satisfeito(a) com a utilização do SRE. Chui et al. (2013); Mula e Kavanagh (2009); Newmark

et al. (2011); Stowell (2015).

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61

Dado que a percepção de uso dos alunos também é importante para se verificar a eficácia do

recurso tecnológico (Beckert et al., 2009), também foram coletadas questões da literatura para

a sua avaliação, como podem ser vistas na Tabela 5.

Tabela 5 – Questões sobre o uso do SRE

Questões (Percepção de Uso) Literatura

O SRE é de uso fácil. Beekes (2006); Carnaghan e Webb (2007); Cunninghan (2008);

Humpfries e Whelan (2009); Stowell (2015).

O SRE me ajudou como recurso didático.

Beckert et al. (2009); Carnaghan e Webb (2007); Cunningahn

(2008); Marshall e Varnon (2012); Mula e Kavanagh (2009);

Premuroso et al. (2011); Sprague e Dahl (2009).

O SRE tornou a aula mais interativa em

relação às aulas tradicionais. Beckert et al. (2009); Cunninghan (2008); Lea (2008).

O SRE foi benéfico à minha aprendizagem.

Cummings e Hsu (2007); Cunninghan (2008); Duncan (2006);

Eng et al. (2013); Lea (2008); Mula e Kavanagh (2009);

Newmark et al. (2011); Premuroso et al. (2011); Sprague e Dahl

(2009).

O SRE deveria ser utilizado em outras

disciplinas.

Carnaghan e Webb (2007); Chui et al. (2013); Premuroso et al.

(2011); Stowell (2015).

O SRE aumentou a minha facilidade de

aprendizagem em relação às disciplinas que

não o utilizam.

Premuroso et al. (2011); Sprague e Dahl (2009).

O uso do SRE me ajudou a permanecer

concentrado(a) nas aulas.

Beekes (2006); Cunninghan (2008); Eng et al. (2013);

Humpfries e Whelan (2009); Lea (2008); Premuroso et al.

(2011).

Permaneci mais ativamente envolvido(a) nas

aulas devido ao uso do SRE.

Beckert et al. (2009); Cummings e Hsu (2007); Newmark et al.

(2011), Segovia (2008); Sprague e Dahl (2009).

Não tive dificuldades de entender as questões

aplicadas com o auxílio do SRE. Premuroso et al. (2011); Segovia (2008).

A utilização do SRE me encorajou a

comparecer mais às aulas.

Beekes (2006); Duncan (2006); Eng et al. (2013); Humpfries e

Whelan (2009); Lea (2008); Marshall e Varnon (2012);

Newmark et al. (2011); Premuroso et al. (2011).

O SRE aumentou a minha motivação nas

aulas. Eng et al. (2013); Humpfries e Whelan (2009); Lea (2008).

A quantidade de questões aplicadas com o

auxílio do SRE foi adequada. Premuroso et al. (2011).

O tempo para responder as questões foi

satisfatório. Carnaghan e Webb (2007); Segovia (2008).

As instruções fornecidas foram adequadas

para o manuseio do SRE. *Elaborada pelo pesquisador.

Considerando que questionários e surveys foram utilizados por pesquisas anteriores para a

constatação da satisfação dos estudantes (Beckert et al., 2009; Carnaghan & Webb, 2007;

Humpfries & Whelan, 2009; Newmark et al., 2011; Premuroso et al., 2011, Segovia, 2008),

espera-se que as percepções de uso e satisfação dos alunos relativas ao SRE no ensino

contábil sejam captadas.

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3 METODOLOGIA

Esta seção descreve os procedimentos metodológicos da dissertação. São apresentadas as

fases, o método e o desenho da pesquisa, bem como a escolha do SRE, os participantes, os

instrumentos e o processo de coleta dos dados. Discutem-se também os aspectos de validade

interna e externa da pesquisa.

3.1 Fases da pesquisa

A metodologia da pesquisa foi dividida em três fases: Fase Inicial (1ª Fase); Fase de Testes

(2ª Fase); e Fase Experimental (3ª Fase). A Fase Inicial consistiu no planejamento para o

início das atividades operacionais da pesquisa. A 2ª Fase compreendeu o pré-teste, período no

qual foi simulado o que se pretendia desenvolver. Finalmente, a Fase Experimental

correspondeu à parte em que as hipóteses do estudo foram efetivamente testadas.

3.1.1 Fase Inicial

Nos meses de julho e agosto de 2015, realizou-se o contato com três departamentos de

ciências contábeis de IESs que pudessem aceitar a realização da pesquisa. O pesquisador se

reuniu com os coordenadores dos cursos de graduação desses departamentos pessoalmente ou

à distância. Embora os três coordenadores tivessem aceitado receber o estudo, a escolha pela

INSTITUIÇÃO5 se deu por motivos de acessibilidade às instalações e viabilidade econômica

do pesquisador. A INSTITUIÇÃO é pública e se localiza na região Sul do Brasil.

Após a escolha da IES, o pesquisador entrou em contato com o professor da disciplina em que

se pretendia realizar o pré-teste da pesquisa. Com base na recomendação de Chui et al.

(2013), que perceberam que os trabalhos sobre o SRE na educação contábil focam em

disciplinas dos primeiros anos da graduação e, por este motivo, sugerem pesquisas com

estudantes de séries mais avançadas, foi escolhida a disciplina de Contabilidade de Entidades

Diversas (CED). Esta disciplina de caráter obrigatório tem periodicidade anual e é ofertada no

4º ano do curso de ciências contábeis. Nela, os alunos aprendem a aplicar os conhecimentos

5 Por motivos de confidencialidade, o nome da IES não pode ser divulgado. Desta forma, a partir deste ponto

será utilizado o termo “INSTITUIÇÃO”.

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de contabilidade a diversos segmentos empresariais: Contabilidade Industrial; Contabilidade

do Agronegócio (Agrícola e Pecuária); Contratos de Construção e Contabilidade para

Incorporação Imobiliária; e Contabilidade Hospitalar.

Em dezembro de 2015, foi escolhido o tipo de SRE baseado em web a ser utilizado. Para

tanto, o pesquisador analisou as características de cinco tipos de SRE (ClickerSchool,

I>Clicker, Kahoot!, Socrative e Quiz Socket), pautando-se em três critérios: (1) Facilidade de

uso; (2) Custo; e (3) Utilidade para a disciplina. Com relação ao primeiro critério, todos os

SREs mostraram-se fáceis de serem usados. Entretanto, O Kahoot! e o Quiz Socket se

destacaram, já que são inteiramente gratuitos. Por fim, o pesquisador selecionou o Kahoot!

(www.getkahoot.com), pois este permite, além da aplicação de quizzes, a inserção de

imagens. Adicionalmente, possui um sistema de competição baseado no acerto da questão e

no tempo de resposta discente. Quanto mais rápido o estudante responder o exercício

corretamente, melhor é a sua pontuação. Cada questão vale até 1000 pontos e o Kahoot!

mostra o ranking dos cinco alunos mais bem pontuados ao final da aplicação de cada

exercício. Essas características elevaram a utilidade do Kahoot! em relação ao Quiz Socket, o

qual somente oportuniza o uso de quizzes.

3.1.2 Fase de Testes

Consistentemente com o objetivo de se verificar o efeito do SRE sobre o desempenho e

satisfação discente, o presente estudo pretendeu empregar o método experimental, uma vez

que é o mais robusto para se identificar relações de causa e efeito entre duas ou mais variáveis

(Gall, Gall & Borg, 2003). Para que o método fosse conduzido da forma mais adequada

possível, foi efetuado um teste-piloto. Estudos-piloto são cruciais por oportunizarem ao

pesquisador indicações de mudanças e ajustes nos procedimentos metodológicos antes que o

experimentador conduza inteiramente a pesquisa (Cozby & Bates, 2012).

3.1.2.1 Período, participantes e conteúdo ensinado

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O teste-piloto foi desenvolvido no 4º bimestre6 do calendário letivo de 2015 da

INSTITUIÇÃO. Três turmas da disciplina de CED participaram desta fase, uma do período

diurno e duas do noturno. Para simplificar, a turma da manhã será chamada de “Turma C” (n

= 30) e as duas turmas da noite de “Turma D” (n = 23) e “Turma E” (n = 24). Ao todo, 77

alunos participaram do estudo-piloto. As aulas da Turma C ocorriam às quartas-feiras,

enquanto que para as Turmas D e E aconteciam às quintas-feiras. Em relação ao professor7,

também participante da pesquisa, tem-se as seguintes características: (a) Possui 30 anos; (b)

Gênero masculino; (c) Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São

Paulo; (d) Ministra aulas desde agosto de 2008 no ensino superior em ciências contábeis; (e)

Trabalhou de 2008 a 2012 com os ensinos presencial e à distância; (f) Realiza pesquisas com

foco em Contabilidade Financeira e em Educação Contábil; e (g) Disponibiliza vídeo-aulas no

Youtube.

O conteúdo lecionado nesta fase foi o de Contratos de Construção e Contabilidade para

Incorporação Imobiliária, conforme o planejamento prévio da disciplina do ano de 2015. O

teste-piloto visou, essencialmente, identificar eventuais problemas técnicos com o emprego do

SRE e falhas no instrumento de coleta de dados (Apêndice E). Por isso, nesta etapa, foi

decidido que as três turmas usariam o SRE.

3.1.2.2 Testes de uso do SRE

O pesquisador esteve presente nas aulas das três turmas do teste-piloto para auxiliar o docente

no manuseio do SRE (Kahoot!). Nesta fase, foram realizados os primeiros testes de utilização

do sistema. Os quizzes eram elaborados semanalmente pelo pesquisador e pelo docente e

gerenciados por meio do notebook do professor, desde a exposição das questões até o

fornecimento do feedback na forma gráfica. Os estudantes, por sua vez, participavam da

atividade por meio do uso dos seus celulares para responder às questões.

Para o desenvolvimento da atividade, foi preciso fornecer sinal de internet em sala de aula.

Por isso, o pesquisador instalava de um a dois roteadores de fácil mobilidade a cada aula e só

os ligavam no momento da atividade com o SRE. Também foi solicitado aos alunos que, se

6 A INSTITUIÇÃO sofreu greves de funcionários ao longo do ano de 2015. Nesse sentido, o calendário

institucional ficou atrasado. Por isso, o 4º bimestre do ano letivo de 2015 compreendeu o período de 07/01/2016

a 04/03/2016. 7 Por motivos de sigilo, o nome do professor não será divulgado.

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possível, utilizassem a rede de dados dos seus celulares. Verificou-se que cada roteador

sustentava, aproximadamente, oito alunos no sistema. Por isso, nem todos os estudantes

conseguiam participar. Nesse sentido, foi permitido que os alunos respondessem às questões

individualmente, duplas ou trios, para contornar este problema.

Para ilustrar o uso do Kahoot!, a Figura 5 mostra como acessar este sistema. Quatro passos

eram demandados:

1º Passo: os estudantes eram orientados a entrar no endereço eletrônico www.kahoot.it por

meio dos navegadores de internet dos seus respectivos celulares;

2º Passo: o sistema solicitava um Game PIN. Este código era fornecido pelo docente e

servia para conectar o dispositivo do aluno ao quiz da aula;

3º Passo: o Kahoot! requisitava o nome do aluno; e

4º Passo: o sistema emitia a mensagem de confirmação de acesso ao sistema.

Figura 5. Etapas para entrar no sistema Kahoot!

Uma vez que os alunos estavam conectados ao Kahoot!, o professor dava prosseguimento à

atividade. A aplicação dos quizzes obedecia à seguinte sequência: (1) Exposição da questão

em tela; (2) Visualização do exercício; (3) Envio das respostas por meio dos celulares; e (4)

Fornecimento de explicações, esclarecimentos e feedback sobre a questão pelo professor. Para

ilustrar, a Figura 6 exemplifica a visualização das telas do notebook do docente (à esquerda) e

do celular de um aluno (à direita) retratando uma questão conceitual.

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67

Figura 6. Exemplo de questão conceitual no sistema Kahoot!

Imagens também foram utilizadas como forma de complementar o enunciado, especialmente

nas questões práticas, as quais demandavam o provimento de mais dados aos estudantes. A

Figura 7 traz a ilustração de um exercício prático.

Figura 7. Exemplo de questão prática no sistema Kahoot!

Consideram-se questões conceituais aquelas que demandavam raciocínio crítico e reflexão

sobre conceitos. E as práticas aquelas que requeriam cálculos e lançamentos contábeis. Para

tornar a atividade mais dinâmica e interativa, havia um limite de tempo de 90 segundos para

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68

as questões conceituais e 120 segundos para as práticas. Além disso, a tela do notebook do

prefessor mostrava a quantidade de respostas enviadas ao sistema à medida que o tempo se

esgotava.

Um aspecto fundamental ainda é o feedback do Kahoot!, o qual consiste de um histograma

que representa as frequências das respostas discentes em cada alternativa, como ilustra a

Figura 8. Na tela do celular (à direita), o “Aluno 1” obteve 974 pontos por ter respondido

corretamente à questão. Esses pontos fazem parte da competição previamente explanada.

Figura 8. Feedback do sistema Kahoot!

Através dos testes com o Kahoot!, foi possível identificar dois pontos principais de ajuste.

Primeiramente, a dimensão das imagens inseridas nas questões foi regulada no decorrer do

estudo-piloto, pois algumas imagens ficaram ilegíveis por serem pequenas, ou “cortadas”

quando muito grandes. Desta forma, esta correção permitiu a aplicação dos quizzes

adequadamente na fase subsequente da pesquisa (3ª Fase).

O segundo aspecto se refere ao fornecimento de internet em sala de aula. Averiguou-se que

alguns estudantes não conseguiam se conectar ao sistema Kahoot!, ou perdiam conexão

durante os quizzes, devido à deficiência do sinal de wi-fi. Deste modo, com base nas

observações do teste-piloto (cada roteador sustentava aproximadamente oito alunos), foram

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69

providenciados, ao todo, quatro roteadores para a fase subsequente da pesquisa, que

supostamente sustentariam turmas com até 32 alunos. Este ponto foi fundamental para reduzir

os problemas na Fase Experimental em relação à internet.

3.1.2.3 Cronograma e descrição das atividades

As atividades da Fase de Testes duraram cerca de dois meses, conforme apresenta a Tabela 6:

Tabela 6 – Cronograma de atividades do Teste-piloto

Data Turma Atividades/Observações

07/01/2016 Turmas D e E Não houve aula.

13/01/2016 Turma C

Primeiro dia do teste-piloto. Apresentação formal do projeto de pesquisa ao chefe do

departamento, ao docente e aos alunos. Entrega dos TCLEs (Apêndice A). Testes

iniciais com o SRE (quiz de 6 questões). Dezoito alunos conseguiram conexão com o

SRE. Tempo consumido para conexão: 15 minutos. Dois roteadores foram

empregados.

14/01/2016 Turmas D e E

Primeiro dia do teste-piloto nas turmas da noite. Apresentação formal do projeto de

pesquisa aos alunos. Entrega dos TCLEs (Apêndice A). Testes iniciais com o SRE

(quiz de 6 questões). Nove alunos da Turma D e 11 da Turma E conseguiram

conexão com o SRE. Tempo consumido para conexão: 8 minutos (Turma D); 12

minutos (Turma E). Dois roteadores foram utilizados.

20/01/2016 Turma C

Quiz de 6 questões. Quinze alunos conectaram-se ao SRE. Tempo consumido para

conexão: 10 minutos. Obs: Conexão instável, alguns alunos se desconectavam

durante a atividade. Dois roteadores foram usados.

21/01/2016 Turmas D e E Houve aula, porém, sem utilização do SRE.

27/01/2016 Turma C

Quiz de 8 questões. Dezesseis alunos conectaram-se ao SRE. Tempo consumido para

conexão: 10 minutos. Obs: Conexão instável, alguns alunos se desconectaram

durante a atividade. Dois roteadores foram empregados. Identificou-se problemas

com as imagens inseridas no SRE (ilegíveis).

28/01/2016 Turmas D e E

Quiz de 8 questões. Treze alunos da Turma D e 17 da Turma E conseguiram conexão

com o SRE. Tempo consumido para conexão: 8 minutos (Turma D); 12 minutos

(Turma E). Dois roteadores foram usados. Obs: Conexão instável e problemas com

as imagens do SRE (ilegíveis).

03/02/2016 Turma C

Quiz de 10 questões. Dezesseis alunos conectaram-se ao SRE. Tempo consumido

para conexão: 10 minutos. Obs: Conexão continuou instável e alguns alunos se

desconectaram durante a atividade. Dois roteadores foram empregados. Outro

problema com as imagens surgiu (muito grande para o padrão do SRE utilizado).

04/02/2016 Turmas D e E

Quiz de 10 questões. Dezoito alunos da Turma D e 17 da Turma E conseguiram

conexão com o SRE. Tempo consumido para conexão: 10 minutos (Turma D); 10

minutos (Turma E). Um roteador foi usado. Obs: Conexão instável e problemas com

as imagens do SRE.

10/02/2016 Turma C Recesso (Cinzas).

11/02/2016 Turmas D e E

Quiz de oito questões. Quinze alunos da Turma D e 7 da Turma E conseguiram

conexão com o SRE. Tempo consumido para conexão: 10 minutos (Turma D); 10

minutos (Turma E). Um roteador foi usado. Obs: Conexão instável e problemas com

as imagens do SRE.

17/02/2016 Turma C

Quiz de oito questões. Dezenove alunos conectaram-se ao SRE. Tempo consumido

para conexão: 10 minutos. Dois roteadores foram usados. Obs: Conexão instável e as

imagens foram ajustadas para o padrão do SRE. Aplicação dos questionários

(Apêndice E).

18/02/2016 Turmas D e E Avaliação bimestral e aplicação dos questionários (Apêndice E).

24/02/2016 Turma C Avaliação bimestral.

25/02/2016 Turmas D e E Vista de prova.

02/03/2016 Turma C Vista de prova e encerramento da disciplina para a Turma C.

03/03/2016 Turmas D e E Sem aula. Encerramento do ano letivo de 2015 da disciplina de CED.

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70

O 4º bimestre começou no dia 07/01/2016 (quinta-feira), porém, a disciplina teve início

efetivo na data de 13/01/2016 (quarta-feira). Nesta aula, foram realizadas quatro etapas: (1) o

pesquisador apresentou formalmente o projeto de pesquisa ao chefe do departamento de

ciências contábeis da INSTITUIÇÃO, ao professor da disciplina e aos alunos; (2) Os Termos

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A) foram distribuídos aos

estudantes (Turma C) para leitura e coleta das assinaturas referentes a sua participação no

teste-piloto; (3) Foi ministrada a matéria da aula; e (4) O SRE foi utilizado próximo ao final

do encontro para reforçar a aprendizagem do conteúdo. O mesmo procedimento foi realizado

no dia seguinte (14/01/2016) com as Turmas D e E.

As aulas subsequentes tinham o seguinte formato: (i) correção dos exercícios de aulas

anteriores (quando remanescentes); (ii) Exposição do conteúdo da aula; (iii) Realização de

exercícios em sala; e (iv) Aplicação dos quizzes através do SRE para revisar o conteúdo e

testar a compreensão dos estudantes. As aulas ocorreram identicamente para as três turmas.

Especificamente na data de 21/01/2016, as Turmas D e E não utilizaram o SRE, pois o

encontro foi destinado, exclusivamente, à execução e correção de exercícios prévios conforme

o planejamento da disciplina para as aulas do período noturno. Por isso, as Turmas D e E

usaram o SRE em quatro das cinco aulas possíveis (80%).

Próximo ao fim do bimestre, houve a aplicação dos questionários (Apêndice E) no dia

17/02/2016 para a Turma C e no dia 18/02/2016 para as Turmas D e E. O questionário era

subdividido em três partes: (a) Questões sobre o perfil do aluno (informações sociais e

econômicas); (b) Questões sobre o uso do SRE; e (c) Questões sobre a satisfação com o SRE.

As questões sobre o uso e satisfação compreendiam afirmações com as quais os alunos

deveriam atribuir uma nota de 1 (discordo totalmente) a 10 (concordo totalmente). O teste-

piloto foi fundamental para aprimorar este instrumento de coleta de dados para a Fase

Experimental. Duas principais modificações podem ser destacadas: (1) Substituição e

alteração na quantidade de questões; e (2) Mudança na escala de concordância. Em relação à

primeira modificação, algumas questões foram substituídas por outras (por exemplo, a

questão 7 do Apêndice E pela questão 7 do Apêndice F). Da mesma forma, a quantidade de

questões sobre o uso e satisfação com o SRE sofreu alteração (de 22 passaram a ser 24

questões). Essas modificações foram necessárias porque a novas questões atendiam melhor o

que se buscava analisar. No que tange ao segundo aspecto modificativo, notou-se que alguns

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alunos responderam “0” (zero). Isso ocorreu devido à falta de atenção e leitura do enunciado

pelos discentes. Para solucionar este empecilho, a escala do questionário foi alterada para o

intervalo de 0 a 10. Como resultado das modificações, obteve-se o Apêndice F.

Finalmente, as avaliações bimestrais foram realizadas no dia 18/02/2016 pelas Turmas D e E

e na data de 24/02/2016 pela Turma C. As vistas de prova foram efetuadas na semana

subsequente à realização das avaliações bimestrais de cada turma, encerrando a Fase de

Testes.

3.1.3 Fase Experimental

A Fase Experimental constituiu o período de teste das hipóteses H1 (o SRE aumenta o

desempenho acadêmico) e H2 (os alunos se sentem satisfeitos ao utilizar o SRE). Para tanto,

empregou-se o método de experimento. Todavia, não foi possível obter autorização para

aleatorizar os alunos em grupos de controle e de tratamento, uma vez que esta ação teria

impacto em outras instâncias da INSTITUIÇÃO. Da mesma forma, não se pode afirmar, a

priori, que a formação das turmas participantes desta fase ocorreu de forma aleatória, visto

que as características das classes podem variar em função de estudantes repetentes,

desistentes, transferidos e de outros fatores, especialmente em turmas de disciplinas

obrigatórias do último ano do curso, que é o caso deste trabalho. Portanto, ainda que Cozby e

Bates (2012) descrevam a importância do procedimento de aleatorização para o método de

experimento, Smith (2015) coloca que a execução desta etapa nem sempre é possível. Neste

caso, tem-se um quase-experimento (Cozby & Bates, 2012; Gall et al., 2003; Shadish, Cook

& Campbell, 2002). Desta maneira, a Fase Experimental compreendeu o desenvolvimento de

um quase-experimento dividido em duas partes.

A Parte 1 (PT1) e a Parte 2 (PT2) foram conduzidas, respectivamente, no 1º e 2º bimestre8 do

calendário letivo de 2016 da INSTITUIÇÃO na disciplina de CED com o mesmo docente

participante do teste-piloto. Duas turmas, nomeadas neste estudo de “Turma A” e “Turma B”,

participaram desta fase. A Turma A tinha 29 estudantes e a Turma B, 26, totalizando 55

alunos. Os encontros, para ambas as turmas, ocorriam às quintas-feiras à noite. As aulas da

8 A IES sofreu greves de funcionários e professores públicos no ano de 2015, atrasando o seu calendário letivo.

Desse modo, o 1º bimestre de 2016 se iniciou em 11/04/2016 e finalizou em 10/06/2016. O 2º bimestre começou

em 13/06/2016 e se encerrou em 12/08/2016. Como a disciplina de CED era lecionada às quintas-feiras, a Fase

Experimental teve início em 14/04/2016 e término em 11/08/2016.

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Turma A começavam às 19h20 e terminavam às 21h00. Já as da Turma B se iniciavam às

21h15 e se encerravam às 22h55.

O quase-experimento foi estruturado com base no Nonequivalent Control-Group Design (Gall

et al., 2003). Este desenho é caracterizado pela atribuição não aleatória dos participantes para

a formação dos grupos de controle e tratamento e contém a aplicação de um pré-teste e pós-

teste entre a intervenção (Gall et al., 2003; Shadish et al., 2002). Nesta pesquisa, o pré-teste

corresponde às provas iniciais realizadas no começo do período de aulas para verificar o

conhecimento prévio dos alunos. O pós-teste se refere às provas bimestrais, aplicadas ao final

das aulas do bimestre. A intervenção, ou tratamento, é a utilização do SRE. O grupo de

tratamento (GT) é o conjunto de participantes que recebe a intervenção. E o grupo de controle

(GC) representa os indivíduos que não recebem o tratamento. No 1º bimestre, a Turma A foi

selecionada como GC e a Turma B como GT. No 2º bimestre, houve a inversão dos grupos. A

Turma B passou a ser o GC e a Turma A o GT. Essa etapa, além de oportunizar o uso do SRE

por ambas as classes, foi realizada para reduzir o Efeito Hawthorne, a Imitação de Tratamento

e a Desmoralização Ressentida, ameaças ao método discutidas no tópico de validade do

estudo. Para ilustrar, a Figura 9 retrata o desenho da pesquisa.

Parte 1

(1º bimestre)

Turma A Grupo de Controle (GC) N-A O1 O2

Turma B Grupo de Tratamento (GT) N-A O1 X O2

Parte 2

(2º bimestre)

Turma A Grupo de Tratamento (GT) N-A O1 X O2

Turma B Grupo de Controle (GC) N-A O1 O2

N-A = Não aleatorização dos participantes

O1 = Pré-teste

X = Tratamento/Intervenção (uso do SRE)

O2 = Pós-teste

Figura 9. Desenho da pesquisa

Fonte: Adaptado de Gall et al. (2003) para dois períodos.

3.1.3.1 Parte 1 (PT1)

A PT1 foi desenvolvida no 1º bimestre do calendário letivo do ano de 2016 da

INSTITUIÇÃO. Neste período, o conteúdo lecionado foi o de Contabilidade Industrial, como

previsto no Plano de Atividade Acadêmica (PAA) que é um documento que reúne as

informações e diretrizes sobre a condução da disciplina (Anexo II).

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73

Na PT1, a Turma B foi selecionada como GT e a Turma A como GC. Ou seja, a Turma B

respondeu os quizzes com o uso do SRE e a Turma A, equivalentemente, respondeu os

quizzes em papel. Este procedimento também foi adotado pela literatura prévia (Chui et al.,

2013; Premuroso et al., 2011). Juntamente com o quizzes em papel, eram entregues folhas

com alternativas nos quais os alunos do GC deveriam assinalar as suas respostas e devolver

ao professor anteriormente à correção dos exercícios. Estas folhas serviram para estruturar o

Índice Quiz, o qual representa a proporção de acertos das questões dos quizzes. O índice pode

variar de 0 a 1. O GT não precisava do gabarito porque o relatório de erros e acertos das

questões provinha do site do SRE (Kahoot!). As questões dos quizzes eram exatamente as

mesmas para o GC e o GT. Semanalmente, o pesquisador e o professor da disciplina

elaboravam um novo conjunto de questões, conceituais e práticas, de acordo com o tópico a

ser lecionado na aula. O tempo para responder os quizzes de papel era o mesmo despendido

com a atividade empregando o SRE. Procedimentos equitativos entre os grupos foram

adotados visando aumentar a validade interna do método. Para que o SRE fosse usado

adequadamente, quatro roteadores de fácil mobilidade eram instalados na sala previamente às

aulas e retirados ao seu término. Cabe destacar que o pesquisador não participou das aulas da

Fase Experimental.

As aulas da PT1 tiveram início no dia 14/04/2016. Neste encontro, foram realizadas quatro

etapas com ambas as turmas: (1) o docente explicou o PAA da disciplina de CED; (2) foi dada

voz ao pesquisador para apresentar o projeto de pesquisa aos alunos; (3) foram entregues os

TCLEs (Apêndice B) aos estudantes para leitura e coleta das assinaturas; e (4) os alunos

realizaram as provas iniciais dos conteúdos a serem ministrados no 1º e 2º bimestre

(Contabilidade Industrial e Contabilidade Agrícola, respectivamente).

Gall et al. (2003) e Smith (2015) enfatizam que no quase-experimento podem haver

características diferenciadas entre os grupos de tratamento e controle previamente à aplicação

da intervenção, implicando em problemas na interpretação dos resultados. Por isso, para

mitigar este problema, o quase-experimento necessita do uso de testes preliminares

antecedentes à manipulação da variável de tratamento (Smith, 2015). Nesse sentido, as provas

iniciais serviram como pré-teste para avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre os

conteúdos, podendo também ser interpretado como o desempenho inicial discente.

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74

As provas iniciais foram compostas por cinco tópicos de cada conteúdo. Ao todo, 19 questões

foram elaboradas, sendo dez questões de Contabilidade Industrial e nove de Contabilidade

Agrícola. Das dez questões de Contabilidade Industrial, cinco eram conceituais (questões de

número 1, 2, 3, 4 e 5) e cinco eram práticas (questões de número 11, 12, 13, 14 e 15). Das

nove questões de Contabilidade Agrícola, cinco eram conceituais (questões de número 6, 7, 8,

9 e 10) e quatro eram práticas (questões de número 16, 17, 18 e 19). Ressalta-se que uma

mesma questão poderia demandar o conhecimento de mais de um tópico do conteúdo. Por

exemplo, a questão de número 13 abarcava os tópicos (2) Fluxo contábil na atividade

industrial e Demonstrações Contábeis (DCs) e (5) Equivalente de produção (ver Tabela 7).

Cada turma fez as provas iniciais nos seus respectivos horários de aula, tendo a duração

máxima de 1h25. A aplicação das provas iniciais dos dois conteúdos ocorreu simultaneamente

e da seguinte maneira: primeiro, os alunos fizeram a parte conceitual e, posteriormente, a

parte prática. Após o término das provas iniciais, os alunos foram dispensados da aula. A

Tabela 7 discrimina os conteúdos das provas iniciais.

Tabela 7 – Conteúdo, tópicos e questões das provas iniciais

Nº Conteúdo: Contabilidade Industrial Conceitual Prática

Tópicos / Nº das questões 1 2 3 4 5 11 12 13 14 15

1 Conceitos sobre contabilidade de custos X X

X

X

2 Fluxo contábil na atividade industrial e DCs1

X

X X

3 Aspectos tributários na indústria

X

X

4 Apropriação de custos diretos e indiretos

X

X X

5 Equivalente de produção X X

Nº Conteúdo: Contabilidade Agrícola Conceitual Prática

Tópicos / Nº das questões 6 7 8 9 10 16 17 18 19

1 Conceitos básicos e nomenclaturas X X

X X

2 Fluxo contábil na atividade agrícola e DCs

X

X

3 Métodos de custo e valor justo

X X

4 Culturas temporárias X

X

X X X

5 Culturas permanentes X X X 1 DCs = Demonstrações contábeis.

Na semana seguinte (21/04/2016) não houve aula, por conta do feriado. A partir do dia

28/04/2016, as aulas obedeceram, de modo geral, às seguintes etapas: (1) correção de

exercícios prévios (quando remanescentes); (2) exposição dos tópicos da aula pelo professor;

(3) realização de exercícios práticos em sala de aula; e (4) aplicação dos quizzes para reforçar

o conteúdo próximo ao final das aulas. O encontro do dia 19/05/2016 foi uma exceção, porque

foi destinada exclusivamente à realização e correção de exercícios práticos mais longos e

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75

elaborados. No entanto, argumenta-se que a interrupção do uso do SRE neste momento não

tenha sido um problema, já que a aula se manteve idêntica para ambos os grupos.

Durante o 1º bimestre, foram aplicados quatro quizzes que compreenderam, ao todo, 24

questões. Considerando a aula que não foi possível a aplicação dos quizzes, o GT e o GC

responderam, em média, a 4,8 questões por encontro na PT1.

Por último, a prova bimestral foi realizada no dia 09/06/2016 por ambas as turmas, com

duração máxima de 1h40. Houve negociação entre os professores das disciplinas que

ministraram aulas naquela data para que a prova bimestral pudesse ser realizada ao mesmo

tempo por ambos os grupos. A prova bimestral abarcou os mesmos tópicos exigidos na prova

inicial de Contabilidade Industrial e consistiu de sete questões, das quais três eram conceituais

(questões de número 1, 2 e 3) e quatro eram práticas (questões de número 4, 5, 6 e 7). Da

mesma forma que na prova inicial, uma mesma questão poderia exigir o conhecimento de

mais de um tópico. Ainda cabe ressaltar que foi feito o esforço de manter similar os critérios

de correção das provas inicial e bimestral. A Tabela 8 mostra o conteúdo, os tópicos e as

questões da prova do 1º bimestre.

Tabela 8 – Conteúdo, tópicos e questões da prova de Contabilidade Industral: 1º Bimestre

Nº Conteúdo: Contabilidade Industrial Conceitual Prática

Tópicos / Nº das questões 1 2 3 4 5 6 7

1 Conceitos sobre contabilidade de custos X X

2 Fluxo contábil na atividade industrial e DCs1

X X

X

3 Aspectos tributários na indústria X X

X

4 Apropriação de custos diretos e indiretos X X

X

5 Equivalente de produção X X 1 DCs = Demonstrações contábeis.

Como resumo das datas e das atividades desempenhadas na PT1, a Tabela 9 traz o

cronograma deste período.

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Tabela 9 – Cronograma de atividades do 1º bimestre: PT1

Data Atividades

GC (Turma A) GT (Turma B)

14/04/2016

Leitura do PAA. Apresentação do projeto de

pesquisa. Entrega dos TCLEs e realização das

provas iniciais.

Leitura do PAA. Apresentação do projeto de

pesquisa. Entrega dos TCLEs e realização das

provas iniciais.

21/04/2016 Feriado. Feriado.

28/04/2016

Introdução da matéria (conceitos sobre

contabilidade de custos). Aula expositiva,

exercícios básicos e quiz de 7 questões impresso

em papel.

Introdução da matéria (conceitos sobre

contabilidade de custos). Aula expositiva,

exercícios básicos e quiz de 7 questões com o

uso do SRE.

05/05/2016

Aula expositiva (Fluxo contábil e DCs).

Exercícios práticos e quiz de 6 questões

impresso em papel.

Aula expositiva (Fluxo contábil e DCs).

Exercícios práticos e quiz de 6 questões com o

uso do SRE.

12/05/2016

Aula expositiva (Fluxo contábil, DCs e

apropriação dos custos). Exercícios práticos e

quiz de 6 questões impresso em papel.

Aula expositiva (Fluxo contábil, DCs e

apropriação dos custos). Exercícios práticos e

quiz de 6 questões com o uso do SRE.

19/05/2016

Realização e correção de exercícios práticos

(Fluxo contábil e aspectos tributários). Sem

quiz.

Realização e correção de exercícios práticos

(Fluxo contábil e aspectos tributários). Sem uso

do SRE.

26/05/2016 Feriado. Feriado.

02/06/2016

Aula expositiva (Equivalente de produção).

Exercícios práticos e quiz de 5 questões

impresso em papel.

Aula expositiva (Equivalente de produção).

Exercícios práticos e quiz de 5 questões com o

uso do SRE.

09/06/2016 Avaliação bimestral (Contabilidade Industrial) Avaliação bimestral (Contabilidade Industrial)

Por fim, cabe ressaltar que, dos 55 alunos da disciplina, três foram excluídos para fins de

análise da PT1, sendo um da Turma A e dois da Turma B. O aluno da Turma A não assinou o

TCLE e, portanto, os seus dados não foram utilizados para as análises realizadas. Os dois

alunos da Turma B foram excluídos porque um não utilizou o SRE, dado que compareceu

somente à aula do dia 19/05/2016, encontro no qual não houve o uso da tecnologia. E o outro

porque fez a prova bimestral de segunda chamada, a qual foi diferente das aplicadas para o

GC. Desta maneira, 52 alunos (Turma A = 28 alunos; Turma B = 24 alunos) participaram

efetivamente das análises da PT1.

3.1.3.2 Parte 2 (PT2)

A PT2 foi conduzida no 2º bimestre do calendário letivo de 2016 da INSTITUIÇÃO. O

conteúdo trabalhado neste período foi o de Contabilidade Agrícola, conforme a organização

prévia da disciplina descrita no PAA (Anexo II). Os demais conteúdos (Contabilidade da

Pecuária, Contratos de Construção e Contabilidade para Incorporação Imobiliária e

Contabilidade Hospitalar) foram ministrados fora do recorte temporal deste estudo.

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77

Na PT2, os grupos foram invertidos, como já explicado. A Turma A tornou-se o GT e a

Turma B o GC. Manteve-se a forma de empregar o SRE, bem como o modo de aplicação dos

quizzes em papel e a estruturação do Índice Quiz do 2º bimestre, feitas na PT1. Os mesmos

quatro roteadores foram usados para gerar sinal de wi-fi em sala, sendo instalados

previamente às aulas e retirados ao final. O pesquisador não participou dos encontros.

A PT2 teve início no dia 16/06/2016, no qual foram efetuadas as vistas de prova do 1º

bimestre (Contabilidade Industrial) e introduzido o conteúdo programado do 2º bimestre

(Contabilidade Agrícola). Neste encontro não foi possível usar o SRE, em virtude da

limitação de tempo e, especialmente, da vista de prova que consumiu parte da aula. A partir

da data de 23/06/2016, de modo geral, as aulas seguiram os seguintes passos: (1) correção de

exercícios anteriores (quando remanescentes); (2) exposição dos tópicos da aula pelo

professor; (3) realização de exercícios práticos em sala de aula; e (4) aplicação dos quizzes

para reforçar o conteúdo próximo ao final das aulas.

Ressalta-se que no dia 28/07/2016 não houve aula porque ambos o docente e o pesquisador

estavam em evento científico da área. Isso já estava previsto no planejamento da disciplina.

Por fim, a avaliação bimestral foi aplicada no dia 04/08/2016 e consistiu de sete questões, das

quais quatro eram conceituais (questões de número 1, 2, 3 e 6) e três práticas (questões de

número 4, 5, e 7). Os mesmos tópicos da prova inicial de Contabilidade Agrícola foram

exigidos na prova bimestral, sendo que uma mesma questão poderia compreender mais de um

tópico, como mostra a Tabela 10. Também foi realizado o esforço de manter os mesmos

critérios de pontuação e correção das provas inicial e bimestral do 2º bimestre.

Tabela 10 – Conteúdo, tópicos e questões da prova de Contabiliade Agrícola: 2º Bimestre

Nº Conteúdo: Contabilidade Agrícola Conceitual Prática

Tópicos / Nº das questões 1 2 3 6 4 5 7

1 Conceitos básicos e nomenclaturas X

X

2 Fluxo contábil na atividade agrícola e DCs1

X

3 Métodos de custo e valor justo X

X X X X

4 Culturas temporárias X X X

X

5 Culturas permanentes X X X X X 1 DCs = Demonstrações contábeis

Em adição, após o término da prova bimestral, os estudantes responderam os questionários

(Apêndice F) entregues pelos professores que estavam monitorando os alunos. Após o seu

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78

preenchimento, os discentes foram liberados. Desta forma, restou apenas a vista de prova no

dia 11/08/2016, data na qual foram encerrados formalmente a PT2 e a Fase Experimental.

Para entender melhor as atividades desempenhadas no 2º bimestre, a Tabela 11 retrata o

cronograma da PT2.

Tabela 11 – Cronograma de atividades do 2º bimestre: PT2

Data Atividades

GT (Turma A) GC (Turma B)

16/06/2016

Vista de prova (Contabilidade Industrial) e

introdução da matéria (Contabilidade Agrícola).

Não houve uso do SRE.

Vista de prova (Contabilidade Industrial) e

introdução da matéria (Contabilidade Agrícola).

23/06/2016

Aula expositiva (conceitos básicos e

nomenclaturas). Exercícios práticos e quiz de 6

questões com uso do SRE.

Aula expositiva (conceitos básicos e

nomenclaturas). Exercícios práticos e quiz de 6

questões impresso em papel.

30/06/2016

Aula expositiva (Fluxo contábil da atividade

agrícola e DCs). Exercícios práticos e quiz de 6

questões com uso do SRE.

Aula expositiva (Fluxo contábil da atividade

agrícola e DCs). Exercícios práticos e quiz de 6

impresso em papel.

07/07/2016

Aula expositiva (Fluxo contábil da atividade

agrícola e DCs e Culturas temporárias).

Exercícios práticos e quiz de 7 questões com uso

do SRE.

Aula expositiva (Fluxo contábil da atividade

agrícola e DCs e Culturas temporárias).

Exercícios práticos e quiz de 7 questões

impresso em papel.

14/07/2016

Aula expositiva (Culturas permanentes e

métodos de custo e valor justo). Exercícios

práticos e quiz de 7 questões com uso do SRE.

Aula expositiva (Culturas permanentes e

métodos de custo e valor justo). Exercícios

práticos e quiz de 7 questões impresso em papel.

21/07/2016

Aula expositiva (Culturas permanentes, com

foco na depreciação, amortização, exaustão e

DCs). Exercícios práticos e quiz de 7 questões

com uso do SRE.

Aula expositiva (Culturas permanentes, com

foco na depreciação, amortização, exaustão e

DCs). Exercícios práticos e quiz de 7 questões

impresso em papel.

28/07/2016 Não houve aula (o professor e o pesquisador

estavam em evento científico de contabilidade).

Não houve aula (o professor e o pesquisador

estavam em evento científico de contabilidade).

04/08/2016 Avaliação bimestral (Contabilidade Agrícola) e

entrega dos questionários (Apêndice F).

Avaliação bimestral (Contabilidade Agrícola) e

entrega dos questionários (Apêndice F).

11/08/2016 Vista de prova. Vista de prova.

É preciso destacar que na PT2 todos os alunos foram considerados para fins de análise, com

exceção do aluno da Turma A que não assinou o TCLE. Por isso, ao todo, 54 estudantes

(Turma A = 28 alunos e Turma B = 26 alunos) foram incluídos nas análises. Uma última

consideração acerca dos questionários aplicados após a prova bimestral (Apêndice F), é que o

aluno da Turma B que não utilizou o SRE na PT1 não esteve apto a responder às questões de

uso e satisfação. Portanto, as análises desta parte do questionário totalizam 53 respostas

discentes.

3.2 Validade do método

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79

Em se tratando de metodologia experimental, é importante atentar para as validades interna e

externa para verificar a confiabilidade dos resultados obtidos. Nesse sentido, explicitam-se as

ameaças de validade ao método e as decisões metodológicas adotadas para gerenciá-las da

maneira mais adequada.

3.2.1 Validade interna

Cook e Campbell (1979) e Smith (2015) elencam dez ameaças acerca da validade interna: (1)

Maturação; (2) História; (3) Testagem; (4) Mortalidade dos Participantes; (5) Mortalidade

Experimental; (6) Instrumentação; (7) Seleção; (8) Regressão Estatística; (9) Imitação do

Tratamento; e (10) Desmoralização Ressentida.

A Maturação, a História, a Mortalidade dos Participantes e a Mortalidade Experimental estão

ligadas à perda de dados em virtude da passagem do tempo. Do mesmo modo, a ameaça da

Regressão Estatística corresponde à tendência de resultados sucessivos que os indivíduos

possuem de regredir à média (Cohen, Manion & Morrison, 2007; Cook & Campbell, 1979;

Cozby & Bates, 2012; Smith, 2015). Considerando que o recorte da pesquisa compreendeu

apenas dois bimestres, é menos plausível que o quase-experimento tenha sofrido impactos

advindos dessas ameaças.

A ameaça da Testagem se refere à contaminação dos resultados finais, por estes poderem

advir de tratamentos anteriores (Cohen et al., 2007; Cook & Campbell, 1979; Cozby & Bates,

2012; Smith, 2015). A esse respeito, duas medidas foram tomadas. A primeira, foi a aplicação

de uma prova inicial que visou captar o conhecimento prévio dos alunos. Portanto, nem todo

desempenho acadêmico foi creditado às aulas e ao SRE. Em segundo lugar, verificou-se, por

meio do questionário aplicado, que somente 2,6% dos participantes haviam utilizado o SRE,

ou equipamento similar, em ocasião anterior a esta pesquisa, o que é um percentual bastante

reduzido.

A ameaça da Instrumentação diz respeito à utilização e provimento dos mesmos materiais e

instruções para os grupos de controle e tratamento (Cook & Campbell, 1979). Nesse sentido,

todas as instruções e materiais foram fornecidas identicamente para ambos os grupos, exceto

pelo uso do SRE. Adicionalmente, as aulas ocorreram no mesmo período (noturno) com o

mesmo professor.

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80

Em relação à Seleção dos indivíduos, não foi possível realizar a etapa de aleatorização. Nesse

sentido, a execução de pré-testes é necessária (Smith, 2015). Consistentemente com esta

recomendação, a aplicação da prova inicial foi um meio de conhecer as características prévias

dos alunos participantes. Da mesma forma, a inclusão de uma variável de desempenho

anterior nas análises também foi um modo de reduzir o impacto dessa ameaça. E, além disso,

todos os alunos aceitaram participar da pesquisa, não havendo incentivo algum destinado a

um público de estudantes para motivá-los a participar.

Em termos da ameaça de Imitação de Tratamento, situações nas quais os participantes dos

grupos de controle e tratamento se comunicam e tornam as respostas dependentes (Cook &

Campbell, 1979), foram tomadas três providências. Primeiramente, ambas as Turmas A e B

fizeram as provas iniciais e bimestral sob a observação do pesquisador e do professor da

disciplina. Complementarmente, os discentes responderam o questionário de forma

independente, ou seja, não foi identificado conversas entre os estudantes. E, finalmente, a

inversão do grupo de tratamento e controle de um bimestre ao outro foi um modo evitar a

troca de informação sobre as aulas entre as turmas, já que ambas usariam a tecnologia. Este

último procedimento também foi utilizado por Quintana (2015).

Por último, Smith (2015) e Gall et al. (2003) discorrem sobre a Desmoralização Ressentida,

circunstância na qual diferentes tratamentos podem causar níveis desiguais de motivação entre

os participantes e, consequentemente, ter impacto nos resultados. Nesse sentido, a inversão

dos grupos de tratamento e controle também serviu para equalizar as oportunidades de uso do

SRE. Este artifício também foi empregado por Quintana (2015).

3.2.2 Validade externa

A validade externa busca constatar a extensão na qual os resultados advindos de um estudo

experimental podem ser generalizados (Cohen et al., 2007; Gall et al., 2003). Basicamente,

dois tipos de validades externas são identificados por Gall et al. (2003): (1) Populacional; e

(2) Ecológica. A Validade Populacional se refere à extensão com a qual os resultados podem

ser estendidos para outros indivíduos, empresas, países ou culturas. E a Validade Ecológica

está associada à generalização dos resultados para outras situações e ambientes. Em relação à

validade populacional, dois fatores podem ser restritivos:

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Extensão na qual se pode generalizar os resultados da amostra do experimento para uma

população definida: Cohen et al. (2007) e Gall et al. (2003) alertam que pode ser errôneo

generalizar os resultados de uma amostra para uma população porque as características

amostrais e populacionais dos participantes são diferentes.

Extensão na qual variáveis personológicas interagem com os efeitos do tratamento:

Características individuais dos participantes do experimento podem guardar relação com o

tratamento, dificultanto a observação da relação de causalidade entre a variável dependente e

a de interesse. A habilidade do participante, o gênero e o nível de ansiedade são exemplos de

variáveis personológicas que podem afetar a generalização dos achados (Gall et al., 2003). A

esse respeito, a presente investigação levou em consideração os fatores individuais e

socioeconômicos dos alunos nas análises.

Portanto, considerando os fatores acima, os resultados do quase-experimento podem ser

estendidos para alunos de ciências contábeis que se encontram em fase final do curso de

graduação cujas características individuais se assemelham aos dos participantes da presente

pesquisa. Ainda, o tipo de SRE (Kahoot!) utilizado no estudo restringe a generalização dos

resultados, visto que as suas características podem diferir de outros modelos.

No que tange à Validade Ecológica, Gall et al. (2003) e Cohen et al. (2007) observam os

seguintes pontos:

Descrição explícita do tratamento experimental: o pesquisador necessita descrever o

tratamento experimental com suficientes detalhes a fim de possibilitar a sua replicação em

outros estudos. Isso é importante para verificar a generalização dos resultados a outras

situações. Nesse sentido, o capítulo da Metodologia buscou atender essa recomendação.

Interferência de múltiplos tratamentos: os participantes de um experimento são expostos a

mais de um tratamento, sendo difícil a interpretação dos resultados principalmente quando os

efeitos dos tratamentos dependem uns dos outros. Por isso, neste estudo, foi adotado somente

um tratamento (uso do SRE).

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Efeito Hawthorne: situação na qual os alunos aumentam seu desempenho em virtude de terem

consciência de que estão participando de um experimento, saberem as hipóteses do estudo ou

receberem atenção especial. No presente trabalho, não foi informado o sentido das hipóteses e

tampouco se destinou atenção especial a um grupo de alunos. Além disso, a inversão dos

grupos de tratamento e controle foi um meio de mitigar este efeito, conforme explica

Quintana (2015). Mas reconhece-se que os alunos tendem a se esforçar de qualquer jeito,

dado que a nota é necessária para a aprovação na disciplina com ou sem o uso do SRE.

Efeitos novidade e ruptura: um tratamento experimental novo pode ser efetivo pelo simples

fato de ser diferente dos tratamentos usuais recebidos pelos participantes. Por isso, os GCs

foram importantes parâmetros de comparação. Adicionalmente, o emprego do método

experimental e da coleta de dados seguiu em conformidade com a literatura prévia

(Carnaghan & Webb, 2007; Chui et al., 2013; Edmonds & Edmonds, 2008; Premuroso et al.,

2011), no intuito de que nesses estudos o efeito novidade já tivesse sido observado. O efeito

ruptura, por sua vez, é relativo as mudanças significativas ocorridas na rotina dos indivíduos

devido à introdução do tratamento que podem ocasionar impactos negativos nos resultados.

Visto que a pesquisa se utilizou dos celulares dos próprios estudantes em sala de aula, é pouco

provável que tenha existido alterações relevantes nas rotinas discentes.

Efeito do experimentador: um tratamento pode ser eficiente ou ineficiente devido ao

experimentador que conduz o experimento. Neste aspecto, o pesquisador somente fez a

apresentação do projeto de pesquisa aos estudantes e não participou das aulas do quase-

experimento. Além disso, forneceu as instruções ao professor da disciplina acerca do uso do

SRE e da condução da pesquisa. Todavia, reconhece-se que as respostas discentes ao

questionário podem ter sofrido viés em função de que sabiam que estavam participando da

pesquisa.

Interação entre efeitos história e tratamento: os resultados devem ser restritos ao momento no

qual o experimento foi conduzido. Dado que o SRE é uma tecnologia recentemente utilizada

por educadores contábeis (Carnaghan et al., 2011), os resultados não são descartáveis de

imediato e poderão perdurar até o momento em que o recurso tecnológico se torne obsoleto.

Mensuração da variável dependente: os resultados de um experimento podem estar limitados

à forma como a variável dependente foi mensurada no pré-teste e pós-teste. Por isso, este

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estudo exigiu, tanto nas provas iniciais quanto nas bimestrais, a resolução de questões

conceituais e práticas.

Interação entre o tempo de mensuração e o efeito do tratamento: aplicar um pós-teste em dois

ou mais momentos do tempo pode ocasionar diferentes resultados do efeito do tratamento. A

prática usual é empregar o pós-teste logo após o tratamento. Por isso, as provas bimestrais

foram aplicadas apenas em um momento do tempo e o questionário para a coleta de dados foi

aplicado imediatamente após o término do quase-experimento.

Dado as considerações acima sobre a validade externa, o desenho experimental deve levar em

conta a ponderação sobre a generalização dos resultados em termos das validades

populacional e ecológicas (Gall et al., 2003). Além disso, é importante que se identifique o

contexto da vida real para o qual se deseja generalizar os resultados (Gall et al., 2003).

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4 RESULTADOS

Este capítulo objetiva analisar os resultados do teste-piloto e do quase-experimento, tecendo

observações sobre os achados mais importantes obtidos. Além disso, são apresentados os

resultados quantitativos e qualitativos referentes ao questionário (Apêndice F). Também é

feita a referenciação dos resultados com a literatura.

4.1 Resultados do Teste-piloto

Os resultados do teste-piloto compreendem somente a análise da percepção de uso e da

satisfação dos estudantes em relação ao SRE, uma vez que não foi possível isolar o efeito da

tecnologia sobre o desempenho acadêmico individual dos estudantes.

Três turmas da disciplina de CED foram alvos do teste-piloto conduzido no 4º bimestre do

ano letivo de 2015 da INSTITUIÇÃO. Ao todo, 77 questionários foram respondidos e

validados. No entanto, como o questionário possuía duas folhas, alguns alunos desatentos

acabaram se esquecendo de responder uma seção de questões, ou não sabiam responder

algumas questões. Portanto, frisa-se que houve pelo menos um missing para n abaixo de 77.

Tabela 12 – Caracterização dos participantes

Perfil discente: Teste-piloto n % Média DP

Sexo 77 100,0%

Masculino 35 45,5%

Feminino 42 54,5%

Idade 77 100,0% 25,3 5,1

Horas de estudo semanal 77 100,0% 2,0 1,8

Inserção no mercado de trabalho 77 100,0%

Trabalho 54 70,1%

Faço estágio 11 14,3%

Não trabalho nem faço estágio 12 15,6%

Escolaridade do pai 77 100,0%

Sem alfabetização 0 0,0%

Ensino fundamental I 18 23,4%

Ensino fundamental II 8 10,4%

Ensino médio 33 42,9%

Ensino superior 10 13,0%

Pós-graduação 8 10,4%

Escolaridade da mãe 77 100,0%

Sem alfabetização 1 1,3%

Ensino fundamental I 13 16,9%

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Ensino fundamental II 12 15,6%

Ensino médio 27 35,1%

Ensino superior 16 20,8%

Pós-graduação 8 10,4%

Formação técnica em contabilidade 77 100,0%

Sim 6 7,8%

Não 71 92,2%

Renda familiar mensal 76 100,0%

até R$880,00 0 0,0%

de R$880,01 a R$2.640,00 12 15,8%

de R$2.640,01 a R$4.400,00 29 38,2%

acima de R$4.400,00 35 46,1%

Contato prévio com o SRE. 76 100,0%

Sim 2 2,6%

Não 74 97,4%

Pela Tabela 12, nota-se que a maioria dos participantes do teste-piloto é do sexo feminino

(54,5%). A idade média dos participantes é de 25,3 anos (dp = 5,1 anos). Semanalmente, os

alunos estudavam, em média, 2 horas (dp = 1,8 horas) para a disciplina de CED, seja por meio

das tarefas ou estudos complementares. Em termos de inserção no mercado de trabalho,

70,1% dos estudantes exerciam algum tipo de trabalho, 14,3% faziam estágio e 15,6% não

desempenhavam atividade. No que tange à educação parental, observa-se que, para os pais, a

categoria com maior frequência é a do ensino médio (42,9%), obtendo-se o mesmo para as

mães (35,1%). Quando questionados sobre a realização do curso técnico de contabilidade,

apenas 7,8% dos estudantes declararam que haviam feito. Em se tratando de renda familiar

mensal, 46,1% dos participantes auferiam renda acima de R$4.400,00,00 por mês.

Finalmente, somente 2 estudantes (2,6%) já haviam utilizado o SRE, ou ferramenta similar,

previamente ao teste-piloto.

Os resultados a seguir são relativos à percepção discente sobre o uso e satisfação com a

tecnologia. Inicialmente, para cada conjunto de questões, foi realizado o cálculo do

Coeficiente de Alpha de Cronbach, o qual fornece indicação sobre a consistência interna dos

itens que mensuram um mesmo construto (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005). A Tabela

13 reporta os demais resultados do questionário sobre a utilização do SRE.

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87

Tabela 13 – Distribuição dos dados da Percepção de Uso do SRE

Questão Percepção de uso (α = 0,7745) n Min. Máx. Mediana Média

DP

Q10 O SRE é de uso fácil. 76 5 10 10 9,67 0,87

Q11 O SRE me ajudou como material

didático. 76 1 10 10 8,74 2,02

Q12 O SRE tornou a aula mais interativa. 76 5 10 10 9,72 0,81

Q13 O SRE foi benéfico à minha

aprendizagem. 76 1 10 10 8,96 1,74

Q14 O SRE deveria ser utilizado em outras

disciplinas. 76 5 10 10 9,62 0,97

Q15

O uso do SRE aumentou a minha

facilidade de aprendizagem em relação à

disciplinas que não o usam.

76 1 10 8 6,92 2,97

Q16

Creio que a minha nota na prova foi

melhor do que o esperado devido ao uso

do SRE.

71 1 10 7 6,93 2,36

Q17 O uso do SRE em todas as aulas me

ajudou a permanecer focado. 76 1 10 8 8,12 2,05

Q18 Permaneci mais ativamente envolvido

nas aulas devido ao uso do SRE. 76 4 10 10 9,70 1,62

Q19 Tentei o meu melhor para acertar as

questões. 76 1 10 10 9,13 1,47

Q201 Tive dificuldades de entender as

questões do SRE. 76 1 10 9 7,40 2,99

Q21 A utilização do SRE me motivou a

comparecer às aulas. 76 1 10 7 6,04 2,95

1Afirmativa feita em sentido contrário às outras. As notas foram invertidas equivalentemente.

O Coeficiente de Alpha de Cronbach foi de 0,7745, podendo ser considerado que os itens são

consistentes na mensuração do construto denominado de “Percepção de Uso”. Analisando as

questões cujos valores mínimos e máximos são 1 e 10, respectivamente, produziram

percepções opostas de concordância com as afirmativas. Entretanto, as elevadas medianas e

médias dessas mesmas questões fornecem evidências de que, em geral, os alunos estão mais

propensos à concordarem com as questões. Destacam-se a questão 12, para a qual verificou-se

a maior média (9,72) do conjunto de itens, seguida pelas questões 18 (9,70) e 10 (9,67). Ou

seja, os estudantes reportam que o uso do SRE torna a aula mais interativa, incentiva o

envolvimento constante e é um equipamento de fácil manuseio. Estes resultados são

consistentes com os trabalhos de Beekes (2006), Carnaghan e Webb (2007), Eng et al. (2013),

Lea (2008) e Stowell (2015).

Na sequência, a Tabela 14 apresenta os resultados das questões de satisfação discente ao

utilizarem o SRE.

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Tabela 14 – Satisfação discente

Questão Satisfação discente (α = 0,8242) n Min. Máx. Mediana Média DP

Q22 A quantidade de questões aplicadas

com o auxílio do SRE foi adequada. 74 5 10 10 9,23 1,34

Q23 O tempo para responder as questões

foi satisfatório. 74 4 10 10 9,03 1,51

Q24 Sinto-me satisfeito com as questões

elaboradas para o uso com o SRE. 74 1 10 10 9,00 1,61

Q25

As instruções fornecidas foram

satisfatórias para o manuseio

adequado do SRE.

74 5 10 10 9,64 0,87

Q26 O SRE como material didático se

revelou adequado. 74 5 10 10 9,58 0,94

Q27 O SRE como ferramenta interativa

se revelou adequado. 74 5 10 10 9,65 0,88

Q281

A competição proporcionada pelo

SRE aumentou a minha satisfação

em relação as aulas tradicionais.

74 1 10 10 8,99 1,65

Q29 A minha satisfação com a disciplina

aumentou devido ao uso do SRE. 74 1 10 9 7,86 2,58

Q302 Estou satisfeito com a integração do

SRE à disciplina. 74 5 10 10 9,36 1,19

Q31 Estou satisfeito com a utilização do

SRE. 74 5 10 10 9,42 1,21

1Elaboradas pelo autor.

Analisando o Coeficiente de Alpha de Cronbach ( = 0,8242), verifica-se que está acima do

nível de aceitação recomendado por Hair et al. (2005) e por Smith (2015). Em outras palavras,

os itens são consistentes para mensurar o construto chamado de “Satisfação Discente” dos

estudantes.

Nota-se que existem questões (24, 28 e 29) com valores mínimos e máximos extremos. Este

resultado indica haver percepções contrárias. No entanto, as altas medianas e médias

sinalizam que os alunos, de maneira geral, concordam com as afirmativas. Observa que para a

questão 29, constatou-se o menor nível de concordância dos estudantes (média = 7,86; dp =

2,58). Isso pode ter ocorrido porque as aulas já eram satisfatórias previamente ao uso do SRE.

Por outro lado, os alunos declaram que o SRE se revelou uma ferramenta adequada para

maior interatividade em sala de aula (média = 9,65; dp = 0,88) e como material didático

(média = 9,58; dp = 0,94). Além disso, os alunos declararam estar satisfeitos com a integração

da tecnologia às aulas (média = 9,36; dp = 1,19). Estes resultados podem ter como uma das

causas as instruções de uso da tecnologia foram satisfatórias (média = 9,64; dp = 0,87).

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89

Em suma, ainda que não tenha sido possível realizar análises mais detalhadas acerca do

desempenho discente no teste-piloto, há evidências significativas que a implantação da

tecnologia foi adequada, dados os resultados positivos referentes à percepção de uso e à

satisfação dos estudantes. Os resultados do estudo-piloto foram importantes para fornecer

subsídio à utilização do SRE na Fase Experimental. Em complementação, estes achados

preliminares não refutam a hipótese H2, para a qual se espera que os alunos se sintam

satisfeitos, de forma geral, ao usar o SRE.

4.2 Resultados da Parte 1 (PT1)

Inicialmente, é importante verificar as características observáveis dos componentes do GC e

GT visto que, como apontado previamente, não houve a possibilidade de composição

aleatória dos grupos, conforme planejado. A seguir, apresentam-se análises descritivas das

variáveis qualitativas e quantitativas dos estudantes da PT1.

A Tabela 15 reporta as frequências absolutas e percentuais de cada categoria das variáveis

qualitativas dos participantes. Comparando o GC (Turma A) com o GT (Turma B), pode-se

observar que existe diferença em termos de gênero. Enquanto o GC é composto por 67,9% de

alunos do gênero masculino e 32,1% do feminino, o GT tem 50% de cada. Com relação à

inserção no mercado de trabalho, os dois grupos são similares, estando a maioria dos alunos

na categoria “trabalho”. No que tange ao nível educacional dos pais, os grupos são

relativamente semelhantes, visto que a categoria de maior frequência é “ensino médio”. Em se

tratando de renda familiar mensal, os grupos são bastante semelhantes. A faixa de renda que

concentra as frequências é “acima de 5 salários mínimos” (GC = 50,0%; GT = 45,8%). Da

mesma forma, os grupos são muito similares quanto ao uso prévio do SRE. Apenas um aluno

de cada classe havia utilizado este equipamento em ocasião anterior à esta pesquisa (GC =

3,6%; GT = 4,2%). Por fim, o GT possui dois discentes que estão fazendo novamente a

disciplina, mas isto não deve gerar problemas porque estes representam um reduzido

percentual (8,3%). De modo geral, com exceção da variável gênero, as características

qualitativas do GC e do GT são similares.

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90

Tabela 15 – Perfil sociodemográfico dos alunos da PT1: Variáveis qualitativas

Variáveis qualitativas

(1º bimestre)

GC (n = 28) GT (n = 24) Geral (n = 52)

freq. % freq. % freq. %

Gênero 28 100,0% 24 100,0% 52 100,0%

Masculino 19 67,9% 12 50,0% 31 59,6%

Feminino 9 32,1% 12 50,0% 21 40,4%

Mercado de trabalho 28 100,0% 24 100,0% 52 100,0%

Sem atividade 2 7,1% 0 0,0% 2 3,8%

Estágio 2 7,1% 5 20,8% 7 13,5%

Trabalho 24 85,7% 19 79,2% 43 82,7%

Nível de educação - Pai 28 100,0% 24 100,0% 52 100,0%

Sem alfabetização 1 3,6% 0 0,0% 1 1,9%

Ensino fundamental I 9 32,1% 5 20,8% 14 26,9%

Ensino fundamental II 3 10,7% 5 20,8% 8 15,4%

Ensino médio 9 32,1% 12 50,0% 21 40,4%

Ensino superior 4 14,3% 2 8,3% 6 11,5%

Pós-graduação 2 7,1% 0 0,0% 2 3,8%

Nível de educação - Mãe 28 100,0% 24 100,0% 52 100,0%

Sem alfabetização 0 0,0% 2 8,3% 2 3,8%

Ensino fundamental I 10 35,7% 3 12,5% 13 25,0%

Ensino fundamental II 2 7,1% 4 16,7% 6 11,5%

Ensino médio 11 39,3% 12 50,0% 23 44,2%

Ensino superior 5 17,9% 2 8,3% 7 13,5%

Pós-graduação 0 0,0% 1 4,2% 1 1,9%

Renda familiar mensal 28 100,0% 24 100,0% 52 100,0%

Até 1 salário mínimo 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%

de 1 a 3 salários mínimos 5 17,9% 4 16,7% 9 17,3%

de 3 a 5 salários mínimos 9 32,1% 9 37,5% 18 34,6%

acima de 5 salários mínimos 14 50,0% 11 45,8% 25 48,1%

Uso prévio do SRE. 28 100,0% 24 100,0% 52 100,0%

Sim 1 3,6% 1 4,2% 2 3,8%

Não 27 96,4% 23 95,8% 50 96,2%

Alunos repetentes 28 100,0% 24 100,0% 52 100,0%

Sim 0 0,0% 2 8,3% 2 3,8%

Não 28 100,0% 22 91,7% 50 96,2%

Em relação às variáveis quantitativas dos estudantes da PT1 (Tabela 16), percebe-se que as

idades médias do GC (25,96 anos) e do GT (24,92 anos) são similares. Em relação ao tempo

de estudo semanal, o GC (2,18 horas) declarou que estuda mais tempo que o reportado pelo

GT (1,64 horas), em média. A Média Geral Acumulada (MGA) dos dois grupos é muito

similar (GC = 7,38; GT = 7,36). O Índice Quiz, o qual resulta em um valor entre 0 e 1 que

reflete a proporção de questões acertadas em relação ao total de questões dos quizzes

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91

aplicados durante o bimestre, nota-se o GC (0,66) obteve melhor desempenho do que o GT

(0,53), isto é, o GC acertou, proporcionalmente, mais questões dos quizzes do que o GT. Em

relação à frequência dos discentes, o GT (1,08 falta), em média, faltou mais às aulas do que o

GC (0,43 falta). No aspecto nota da prova inicial (Contabilidade Industrial), os desempenhos

dos grupos foram similares (GC = 3,85 pontos; GT = 3,40 pontos). Ressalta-se que é natural

que o desempenho nesta prova seja reduzido, uma vez que os alunos ainda não tiveram as

aulas sobre o conteúdo. Por fim, o GC (6,43 pontos) obteve melhor performance do que o GT

(5,81 pontos) na prova bimestral.

Em adição, foram realizados testes estatísticos com o intuito de verificar diferenças

significantes entre as variáveis quantitativas dos estudantes. O teste de Shapiro-Wilk revelou

que somente os dados da variável MGA seguia distribuição normal, pressuposto para a

execução do teste t de diferença de médias para grupos independentes. Portanto, para as

demais variáveis (idade, tempo de estudo, índice quiz e faltas), utilizou-se o teste U de Mann-

Whitney, que é a alternativa não-paramétrica ao teste t (Cohen et al. 2007; Smith, 2015).

Conforme os resultados indicam, somente foi encontrada diferença significativa no

desempenho dos quizzes (sig. < 0,01), sendo que o GC foi melhor do que o GT. Este resultado

é interessante porque se contrapõe ao de Edmonds e Edmonds (2008) e ao de Chui et al.

(2013), estudos nos quais os alunos que usaram o SRE obtiveram desempenhos mais elevados

nos quizzes. Apesar disso, a performance nos quizzes não necessariamente indica que o SRE

irá reduzir a nota na prova bimestral, já que os estudantes ainda estão em processo de

aprendizagem.

Tabela 16 – Caracterização dos alunos da PT1: Variáveis quantitativas

Variáveis quantitativas

(1º bimestre)

GC (n = 28) GT (n = 24) Geral (n = 52)

Média DP Média DP Média DP

Idade (anos)2

25,96 5,20 24,92 5,47 25,48 5,30

Tempo de estudo semanal (horas)2

2,18 2,04 1,64 1,42 1,93 1,79

MGA (nota média aritmética)1

7,38 0,73 7,36 0,72 7,37 0,71

Índice Quiz (proporção de acertos)2

0,66*** 0,16 0,53*** 0,10 0,60 0,15

Faltas (quantidade de abstenções)2

0,43 0,83 1,08 1,86 0,73 1,43 1 Teste t (bicaudal) de diferença de média. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

2 Teste U de Mann-Whitney de diferença de medianas. ***Sig. <0,01; **Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Dando prosseguimento à análise, descreve-se o resultado do desempenho discente nas provas

iniciais e bimestrais. A prova inicial é importante para diagnosticar o conhecimento prévio

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sobre o conteúdo e para servir de base de comparação em relação ao resultado final (prova do

bimestre). A Tabela 17 mostra os desempenhos do GC e GT nestas provas.

Para assegurar o sigilo dos participantes da pesquisa, os nomes dos alunos foram substituídos

pelas nomenclaturas “Aluno Controle 1”, “Aluno Controle 2” e assim por diante. O mesmo

procedimento foi empregado para o GT. Desta forma, quando for necessária a especificação

de algum estudante, será usada tal notação.

Tabela 17 – Desempenhos nas provas iniciais e bimestrais dos grupos: 1º Bimestre

Grupo de

Controle

1º Bimestre Grupo de

Tratamento

1º Bimestre

Inicial Bimestral Variação Inicial Bimestral Variação

Aluno Controle 1 3,10 8,40 5,30 Aluno Tratamento 1 2,90 5,90 3,00

Aluno Controle 2 0,60 3,30 2,70 Aluno Tratamento 2 4,60 9,10 4,50

Aluno Controle 3 5,60 9,80 4,20 Aluno Tratamento 3 2,10 6,80 4,70

Aluno Controle 4 3,10 8,00 4,90 Aluno Tratamento 4 2,50 5,50 3,00

Aluno Controle 5 0,60 4,30 3,70 Aluno Tratamento 5 3,60 6,00 2,40

Aluno Controle 6 7,00 10,00 3,00 Aluno Tratamento 6 4,50 5,30 0,80

Aluno Controle 7 4,50 6,80 2,30 Aluno Tratamento 7 3,50 7,10 3,60

Aluno Controle 8 6,00 9,60 3,60 Aluno Tratamento 8 3,50 3,70 0,20

Aluno Controle 9 2,60 7,60 5,00 Aluno Tratamento 9 8,50 9,40 0,90

Aluno Controle 10 4,50 5,10 0,60 Aluno Tratamento 10 1,00 2,60 1,60

Aluno Controle 11 2,50 4,50 2,00 Aluno Tratamento 11 6,10 9,40 3,30

Aluno Controle 12 6,50 8,00 1,50 Aluno Tratamento 12 3,50 6,90 3,40

Aluno Controle 13 1,00 3,40 2,40 Aluno Tratamento 13 1,50 2,80 1,30

Aluno Controle 14 4,00 7,90 3,90 Aluno Tratamento 14 5,10 7,70 2,60

Aluno Controle 15 3,10 4,10 1,00 Aluno Tratamento 15 3,00 7,80 4,80

Aluno Controle 16 3,00 5,10 2,10 Aluno Tratamento 16 2,50 2,90 0,40

Aluno Controle 17 6,10 9,20 3,10 Aluno Tratamento 17 2,00 7,60 5,60

Aluno Controle 18 3,00 5,10 2,10 Aluno Tratamento 18 3,00 6,40 3,40

Aluno Controle 19 6,10 7,50 1,40 Aluno Tratamento 19 1,00 2,30 1,30

Aluno Controle 20 4,00 9,60 5,60 Aluno Tratamento 20 3,00 3,40 0,40

Aluno Controle 21 4,60 8,40 3,80 Aluno Tratamento 21 4,60 7,80 3,20

Aluno Controle 22 4,60 4,90 0,30 Aluno Tratamento 22 5,60 4,80 -0,80

Aluno Controle 23 5,60 7,00 1,40 Aluno Tratamento 23 1,60 3,60 2,00

Aluno Controle 24 2,00 2,40 0,40 Aluno Tratamento 24 2,50 4,70 2,20

Aluno Controle 25 7,00 8,10 1,10

Aluno Controle 26 3,10 4,60 1,50

Aluno Controle 27 1,00 3,10 2,10

Aluno Controle 28 3,10 4,30 1,20

Média 3,85 6,43 2,58 Média 3,40 5,81 2,41

Desvio-Padrão 1,91 2,34 1,53 Desvio-padrão 1,75 2,22 1,65

Em relação aos desempenhos na prova inicial e final, verifica-se que a média de ambos os

grupos são bastante similares. Além disso, ambas as classes foram melhores na prova

bimestral do que na inicial, como esperado. Por fim, destaca-se que apenas o Aluno

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Tratamento 22 obteve variação negativa, indicando diminuição no desempenho final em

relação ao inicial.

Para testar a hipótese H1, a Figura 10 apresenta o modelo de análise do efeito do SRE sobre o

desempenho acadêmico, utilizando representação gráfica adaptada de Gall et al. (2003):

Figura 10. Modelo de análise do efeito do tratamento sobre o desempenho acadêmico

Fonte: Adaptado de Gall et al. (2003)

O gráfico da esquerda da Figura 10 representa a situação hipotética em que as características e

o desempenho inicial dos participantes são iguais e, portanto, a variação no resultado final

pode ser atribuída ao efeito do tratamento, o qual, neste estudo, é o uso do SRE. No entanto,

Gall et al. (2003) colocam que quando o desempenho inicial dos grupos não é igual (Figura

10, à direita), faz-se preciso a comparação da variação entre as performances inicial e final.

Para constatar se o desempenho inicial dos grupos é igual, executou-se o teste t bicaudal para

grupos independentes. O teste Shapiro-Wilk indicou que as notas da prova inicial do GT e do

GC seguem uma distribuição normal. Da mesma forma, o Teste de Levene (F = 0,864; sig. <

0,357) acusou igualdade de variâncias. Atendidos os pressupostos da técnica, reporta-se o

resultado na Tabela 18. Por meio da comparação dos desempenhos entre os grupos, pode-se

apurar que o teste t não rejeita a hipótese de que as médias são iguais (t = 0,880; = Sig. =

0,383). Portanto, não existe diferença estatisticamente significante entre os desempenhos

iniciais do GC e do GT.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Teste inicial Teste final

Grupo de Controle

Grupo de Tratamento

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Teste inicial Teste final

Grupo de Controle

Grupo de Tratamento

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Tabela 18 – Comparação do desempenho inicial do GT e do GC: 1º Bimestre

Desempenho inicial n Média t df1

Sig. (bicaudal)

Grupo de Controle 28 3,85 0,880 50 0,383

Grupo de Tratamento 24 3,40 1

df = degrees of freedom (graus de liberdade).

Apesar dos desempenhos iniciais serem iguais, ainda é preciso analisá-lo sob o aspecto de

gênero, já que, conforme a Tabela 15, percebeu-se que há diferença de composição no GC e

GT. Desta forma, testes t foram conduzidos para constatar se existe distinção entre o

desempenho na prova inicial por gênero. Os pressupostos da técnica estatística foram

atendidos. A Tabela 19 reporta a comparação das notas da prova inicial do GT e do GC por

gênero dentro de cada grupo. Não existe diferença significativa entre os desempenhos inicias

por gênero dentro do GT e do GC. Este é um indício de que, embora haja desigualdade na

composição por gênero entre as turmas, o desempenho inicial dos discentes não é impactado.

Tabela 19 – Comparação do desempenho inicial dentro dos grupos, por gênero: 1º Bimestre

Desempenho inicial, por

gênero (dentro do grupo)

GC (n = 28) GT (n = 24)

n Média1

DP n Média1

DP

Masculino 19 4,18 1,86 12 3,90 2,06

Feminino 9 3,14 1,91 12 2,90 1,27 1 Teste t (bicaudal) para grupos independentes. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Da mesma forma, é importante averiguar possíveis diferenças no desempenho inicial em

função do gênero entre os grupos. Consoante a Tabela 20, os testes t apontam que não existe

diferença estatisticamente significante, sendo mais um indício de que a variável gênero não

afeta o desempenho inicial, apesar da diferença já apontada na composição dos grupos.

Tabela 20 – Comparação do desempenho inicial entre os grupos, por gênero: 1º Bimestre

Desempenho inicial, por

gênero (entre grupos)

Masculino Feminino

n Média1

DP n Média1

DP

GC (n = 28) 19 4,18 1,86 9 3,14 2,06

GT (n = 24) 12 3,90 1,91 12 2,90 1,27 1 Teste t (bicaudal) para grupos independentes. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Além do gênero, é preciso testar se existem diferenças de desempenho inicial conforme o

nível de educação dos pais. Ainda que as características entre as classes sejam similares neste

aspecto, o GC possui mais alunos com pais e mães na categoria “ensino fundamental I” do

que o GT. Isso pode ocasionar diferenças no desempenho inicial. Para tanto, tentou-se aplicar

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o teste de Kruskal-Wallis, que visa comparar as distribuições de três ou mais grupos (Cohen

et al., 2007). Entretanto, os dados das categorias das variáveis nível educacional do pai e nível

educacional da mãe não atenderam o pressuposto dessa técnica (igualdade de variância). Por

isso, optou-se por reorganizar as categorias dessas variáveis na forma binária. Assim, as

categorias “sem alfabetização”, “ensino fundamental I” e “ensino fundamental II”

constituíram o grupo denominado de “nível educacional inferior” (assumindo valor 0). E as

categorias “ensino médio”, “ensino superior” e “pós-graduação” foram reunidas e tornaram-se

o “nível educacional superior” (assumindo valor 1). Desta forma, foi possível analisar o

desempenho inicial em função da educação dos pais por meio do teste t para grupos

independentes (Tabela 21).

Conforme os resultados sugerem, apenas o nível de educação dos pais dos discentes

influencia o seu desempenho inicial. Apesar disso, a diferença encontrada no GC (t = -1,93;

sig. = 0,06) é compensada pela diferença encontrada no GT (t = -2,11; sig. = 0,045). Por isso,

segundo a Tabela 18, observa-se que o desempenho inicial dos grupos é igual.

Tabela 21 – Comparação do desempenho inicial dos grupos, por nível de educação dos pais:

1º Bimestre

Desempenho inicial, por

nível de educação dos pais

GT (n = 28) GC (n = 24)

n Média1

DP n Média1

DP

Educação do pai

Nível educacional inferior 13 3,13* 1,94 10 2,46** 0,84

Nível educacional superior 15 4,47* 1,71 14 3,69** 1,76

Educação da mãe

Nível educacional inferior 12 3,18 1,91 9 2,73 0,93

Nível educacional superior 16 4,36 1,79 15 3,81 2,01 1 Teste t (bicaudal) para grupos independentes. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Desse modo, a análise do efeito do SRE sobre o desempenho discente deve ser realizada

conforme a Figura 10 à esquerda, situação na qual pode ser considerada que os alunos do GT

e do GC têm características e desempenhos iniciais iguais e, por conseguinte, caso exista

variação significativa no resultado final, esta poderá ser atribuída ao efeito do tratamento.

Como resultados dos testes inicial e final da PT1 do quase-experimento, tem-se a Figura 11.

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Figura 11. Desempenhos inicial e final do GC e do GT: PT1

Logo, para testar a hipótese H1 (o SRE aumenta o desempenho acadêmico), os desempenhos

nas provas bimestrais dos grupos foram submetidos ao teste t unicaudal para grupos

independentes. O “unicaudal” é devido à forma como foi formulada a hipótese H1, isto é, o

interesse reside em saber unicamente se o desempenho final do GT é, estatisticamente,

superior ao do GC. Ressalta-se que os pressupostos da normalidade dos dados e de igualdade

de variâncias foram atendidos. O resultado é reportado na Tabela 22.

Conforme aponta o teste t (t = 0,97; sig. = 0,833), o desempenho do GT não é estatisticamente

superior ao desempenho do GC na prova bimestral (Contabilidade Industrial). Portanto, esta é

a primeira evidência de que o SRE não aumenta o desempenho acadêmico dos alunos de

ciências contábeis.

Tabela 22 – Comparação do desempenho final dos grupos: 1º Bimestre

Desempenho final n Média t df1

Sig. (unicaudal)

Grupo de Controle 28 6,43 0,97 50 0,833

Grupo de Tratamento 24 5,81

1 df = degrees of freedom (graus de liberdade).

Visando encontrar evidências que reforçassem os resultados apresentado na Tabela 22, a

hipótese H1 foi submetida a uma verificação empírica adicional. Foi especificado um modelo

econométrico, dado pela equação (1), estimado pelo método de Mínimos Quadrados

Ordinários (MQO) em cross-section, cujos resultados são reportados na Tabela 24. Este

procedimento teve por objetivo mensurar o efeito do SRE, controlando a influência das

variáveis observáveis, sobre o desempenho acadêmico.

0

1

2

3

4

5

6

7

Teste inicial Teste final

Grupo de Controle Grupo de Tratamento

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desi = + 1.srei + 2.geni + 3.idadei + 4.tsemi + 5.mgai + 6.quizi + 7.piniciali +

8.faltasi + 9.trabi + 10.edpaii + 11.edmaei + 12.rendai + ei (1)

Onde:

des = nota da prova bimestral

sre = se o aluno usou ou não o SRE (1 = sim; 0 = não)

gen = gênero do aluno (1 = masculino; 0 = feminino)

idade = idade dos alunos (anos)

tsem = tempo médio semanal de estudo para a disciplina

mga = MGA até o 3º ano do curso (média aritmética)

quiz = índice de acerto das questões dos quizzes

pinicial = nota da prova inicial

faltas = quantidade de faltas dos estudantes

trab = inserção no mercado de trabalho (transformada em variáveis binárias)

edpai = nível de educação do pai (transformada em variáveis binárias)

edmae = nível de educação da mãe (transformada em variáveis binárias)

renda = faixa de renda familiar mensal (transformada em variáveis binárias)

e = termo de erro do modelo

A partir da equação (1), três modelos foram estimados. O modelo “Simples” (cujos resultados

estão na segunda coluna da Tabela 24) visou verificar o efeito do SRE sobre o desempenho

discente sem considerar o impacto de outras variáveis. O modelo denominado “Intermediário”

(terceira coluna) objetivou compreender o impacto do SRE na performance do estudante

considerando as variáveis individuais e acadêmicas. E, por fim, o modelo “Completo” (quarta

coluna) procurou constatar a influência do SRE sobre o desempenho acadêmico considerando

todos os fatores evidenciados na revisão de literatura.

O primeiro passo para rodar os modelos da equação 3 é a transformação das variáveis

qualitativas com mais de duas categorias (“trab”, “edpai”, “edmae” e “renda”) em variáveis

binárias, conforme explicam Fávero (2015) e Wooldridge (2015). Uma categoria de cada

variável qualitativa foi omitida (categoria de referência), por apresentar correlação perfeita

com as demais. No caso da variável qualitativa “trab”, omitiu-se a categoria “sem atividade”.

Para as variáveis “edpai” e “edmae”, foi omitida a categoria “sem alfabetização” e para a

variável “renda” foi omitida a categoria “de 1 a 3 salários mínimos”. Não houve observações

na categoria “até 1 salário mínimo” (ver Tabela 15). Logo, foi desconsiderada nos modelos.

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Previamente à análise dos resultados das regressões, é necessário verificar se houve

atendimento aos pressupostos da técnica: (a) Normalidade dos resíduos da variável

dependente; (b) Multicolinearidade entre variáveis explicativas; e (c) Heterocedasticidade do

modelo (Fávero, 2015).

Para a normalidade dos resíduos, executaram-se os testes de Shapiro-Francia e Shapiro-Wilk.

Para a multicolinearidade, calculou-se o Variance Inflation Factor (VIF) e para a

heterocedasticidade empregou-se o teste de Breusch-Pagan/Cook-Weisberg. Como consta na

Tabela 23, para a normalidade dos resíduos, somente o teste de Shapiro-Wilk do modelo

Simples está abaixo do nível de significância de 5%, todos os outros estão acima. Isso indica

que a distribuição dos resíduos é normal, atendendo ao pressuposto. Em relação à

multicolinearidade, apenas o VIF médio do modelo Completo pode ser considerado elevado

(6,10). Porém, Gujarati (2011) expõe que elevada multicolinearidade não produz

necessariamente estimadores fracos e que não significa que o modelo tenha problemas. Já os

VIFs médios dos modelos Simples e Intermediário estão em níveis aceitáveis, já que todos os

VIFs individuais estão abaixo de 10 (Hair et al., 2005), sugerindo reduzido nível de

multicolinearidade. Por fim, em se tratando de heterocedasticidade, os testes de Breusch-

Pagan/Cook-Weisberg estão acima do nível de 5%, indicando que problemas de

heterocedasticidade não devem estar presentes nos modelos.

Tabela 23 – Pressupostos dos modelos de regressão: 1º Bimestre

Pressuposto Teste/Procedimento Modelo

Simples Intermediário Completo

Normalidade dos resíduos Shapiro-Francia e

Shapiro-Wilk

S-F: 0,055;

S-W: 0,029

S-F: 0,894;

S-W: 0,745

S-F: 0,529;

S-W: 0,418

Multicolinearidade VIF VIF médio = 1,00 VIF médio = 2,27 VIF médio = 6,10

Heterocedasticidade Breusch-Pagan/

Cook-Weisberg

chi2(1) = 0,08;

sig. = 0,7769

chi2(1) = 0,62;

sig. = 0,4328

chi2(1) = 0,07;

sig. = 0,7872

Considerando que os pressupostos foram satisfeitos, a Tabela 24 apresenta os resultados dos

modelos de regressão. Os resultados do teste F apontam que pelo menos uma das variáveis

inseridas em cada modelo é relevante para explicar a variação do desempenho acadêmico dos

estudantes. Os resultados do Adj. R-sqd sugerem que, comparativamente, o modelo mais

explicativo é o intermediário (0,580). Este modelo tem o poder explicativo de 66,2% da

variação no desempenho acadêmico (R-sqd = 0,662).

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99

Tabela 24 – Resultados dos modelos de regressão: 1º Bimestre

desempenho acadêmico/modelo Simples Intermediário Completo

constante 6,432***

(0,432)

-3831

(3,349)

-3,39

(5,346)

sre -0,620

(0,636)

0,428

(0,542)

0,737

(0,756)

gen

-0,907*

(0,497)

-0,979

(0,614)

idade

0,0144

(0,0462)

0,0495

(0,0589)

tsem

0,239*

(0,135)

0,344**

(0,161)

mga

0,703*

(0,375)

0,573

(0,464)

quiz

3,278

(2,177)

3,752

(2,889)

pinicial

0,789***

(0,172)

0,782***

(0,226)

faltas

-0,238

(0,159)

-0,325*

(0,183)

estágio

-1,053

(1,303)

-1,945

(1,756)

trabalho

-0,257

(1,152)

-0,973

(1,486)

ensino fundamental I - pai

-1,381

(1,887)

ensino fundamental II - pai

-0,481

(2,134)

ensino médio - pai

-1,234

(2,084)

ensino superior - pai

-0,398

(2,239)

pós-graduação - pai

-2,731

(2,426)

ensino fundamental I - mãe

1,038

(1,473)

ensino fundamental II - mãe

0,155

(1,571)

ensino médio - mãe

1,354

(1,437)

ensino superior - mãe

1,247

(1,621)

pós-graduação - mãe

1,588

(2,211)

de 3 a 5 salários mínimos

-0,307

(0,733)

acima de 5 salários mínimos -0,0763

(0,723)

n 52 52 52

R-squared 0,019 0,662 0,726

Adj. R-squared 0,000 0,580 0,518

F 0,950 8,040 3,490

Prob. F 0,335 0,000 0,001

*** Sig. < 0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Os números entre parênteses representam os erros-padrão.

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100

Em relação SRE, todos os modelos indicaram que esta tecnologia não possui impacto

significativo na performance acadêmica (sig. > 0,10). Este resultado está de acordo com os de

Carnaghan e Webb (2007), Chan e Snavely (2009), Chui et al., (2013), Humpfries e Whelan

(2009) e Smith e Maguire (2011), estudos nos quais não foram encontrados efeitos

significantes do SRE sobre o desempenho geral dos estudantes. Em contraste, Edmonds e

Edmonds (2008), Eng et al. (2013) e Premuroso et al. (2011) apuraram impacto positivo do

SRE no desempenho acadêmico de discentes de contabilidade. Feitas essas observações, não

há evidências de que o SRE aumenta o desempenho discente.

Em relação às outras variáveis explicativas, nota-se que a nota da prova inicial revelou ter

impacto positivo no desempenho acadêmico nos modelos Intermediário (coef. = 0,789; sig. <

0,01) e Completo (coef. = 0,782; sig. < 0,01). No caso do modelo Intermediário, por exemplo,

cada ponto adicional na prova inicial, aumenta-se 0,789 pontos na sua nota da prova

bimestral. Similarmente, o tempo semanal de estudo (“tsem”) também influencia

positivamente a performance, conforme os modelos Intermediário (coef. = 0,239; sig. < 0,10)

e Completo (coef. = 0,344; sig. < 0,05). Da mesma forma, a Média Geral Acumulada (“mga”)

tem impacto positivo na performance discente no modelo Intermediário (coef. = 0,703; sig. <

0,10). Por outro lado, o absenteísmo (“faltas”) guarda relação negativa com o desempenho

discente, como reportado pelo modelo Completo (coef. = -0,325; sig. < 0,10). Ou seja, a cada

falta do aluno, o seu desempenho é decrescido em 0,325 pontos. Intrigantemente, o gênero

masculino (“gen”) sinalizou ter efeito negativo sobre a performance no modelo Intermediário

(coef. = -0,907; sig. < 0,10). No caso, os alunos do sexo feminino obtiveram melhor

performance do que os do sexo masculino em 0,907 pontos. Por fim, observa-se que as

variáveis socioeconômicas não se mostraram significativas.

4.3 Resultados da Parte 2 (PT2)

A apresentação dos resultados da PT2 segue o mesmo percurso da PT1. Primeiramente

reportam-se as estatísticas descritivas sobre o perfil dos alunos, enfatizando-se as variáveis

qualitativas e quantitativas dos grupos. Posteriormente, descreve-se o desempenho dos alunos

na prova inicial e bimestral no 2º bimestre e suas respectivas comparações e, na parte final,

são feitas as análises sobre o desempenho acadêmico, com o emprego dos modelos de

regressão.

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101

Lembra-se que o GC e o GT foram invertidos na PT2. Desse modo, a Tabela 25 reporta as

características qualitativas dos grupos no 2º bimestre da Fase Experimental.

Tabela 25 – Perfil sociodemográfico dos alunos da PT2: Variáveis qualitativas

Variáveis qualitativas

(2º bimestre)

GT (n = 28) GC (n = 26) Geral (n = 54)

freq. % freq. % freq. %

Gênero 28 100,0% 26 100,0% 54 100,0%

Masculino 19 67,9% 12 46,2% 31 57,4%

Feminino 9 32,1% 14 53,8% 23 42,6%

Mercado de trabalho 28 100,0% 26 100,0% 54 100,0%

Sem atividade 2 7,1% 0 0,0% 2 3,7%

Estágio 2 7,1% 5 19,2% 7 13,0%

Trabalho 24 85,7% 21 80,8% 45 83,3%

Nível de educação - Pai 28 100,0% 26 100,0% 54 100,0%

Sem alfabetização 1 3,6% 0 0,0% 1 1,9%

Ensino fundamental I 9 32,1% 6 23,1% 15 27,8%

Ensino fundamental II 3 10,7% 5 19,2% 8 14,8%

Ensino médio 9 32,1% 13 50,0% 22 40,7%

Ensino superior 4 14,3% 2 7,7% 6 11,1%

Pós-graduação 2 7,1% 0 0,0% 2 3,7%

Nível de educação - Mãe 28 100,0% 26 100,0% 54 100,0%

Sem alfabetização 0 0,0% 2 7,7% 2 3,7%

Ensino fundamental I 10 35,7% 3 11,5% 13 24,1%

Ensino fundamental II 2 7,1% 4 15,4% 6 11,1%

Ensino médio 11 39,3% 13 50,0% 24 44,4%

Ensino superior 5 17,9% 2 7,7% 7 13,0%

Pós-graduação 0 0,0% 2 7,7% 2 3,7%

Renda familiar mensal 28 100,0% 26 100,0% 54 100,0%

Até 1 salário mínimo 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%

de 1 a 3 salários mínimos 5 17,9% 4 15,4% 9 16,7%

de 3 a 5 salários mínimos 9 32,1% 9 34,6% 18 33,3%

acima de 5 salários mínimos 14 50,0% 13 50,0% 27 50,0%

Uso prévio do SRE. 28 100,0% 26 100,0% 54 100,0%

Sim 1 3,6% 1 3,8% 2 3,7%

Não 27 96,4% 25 96,2% 52 96,3%

Alunos repetentes 28 100,0% 26 100,0% 54 100,0%

Sim 0 0,0% 3 11,5% 3 5,6%

Não 28 100,0% 23 88,5% 51 94,4%

Por serem praticamente os mesmos alunos participantes, mantem-se a diferença de gênero

entre os grupos. Enquanto o GT possui 67,9% de estudantes do sexo masculino, o GC possui

46,2%. Com relação à inserção no mercado de trabalho, os grupos são parecidos. A maioria

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102

dos discentes do GT (85,7%) e do GC (80,8%) trabalha. Da mesma forma, a maioria dos

estudantes do GC (50,0%) e do GT (31,2%) possui pais com ensino médio completo, embora

a quantidade de pais com ensino fundamental I do GT (9 pais; 31,2%) também é elevada. O

mesmo pode ser percebido para a educação da mãe relativo à categoria ensino médio (GC =

50%; GT = 39,3%). Sobre a renda familiar mensal, ambos os grupos são muito similares. A

faixa de renda com a maior frequência é “acima de 5 salários mínimos” (GT = 50,0%; GC =

50,0%). As classes também são semelhantes quanto ao uso prévio do SRE (GT = 3,6%; GC =

3,8%). E, finalmente, o GC é constituído por 3 alunos (11,5%) que estão refazendo a

disciplina. Do mesmo modo que no 1º bimestre, a diferença mais notável entre os grupos em

se tratando de variáveis qualitativas se refere ao gênero.

Quanto às variáveis quantitativas dos grupos no 2º bimestre (Tabela 26), os grupos são

bastante similares em termos de idade (GT = 25,96 anos; GC = 24,92 anos), de Média Geral

Acumulada (GT = 7,38 pontos; GC = 7,27 pontos) e de Índice Quiz (GT= 0,66; GC = 0,71).

Porém, o GT tende a faltar menos às aulas (1,93 faltas) e a estudar mais (2,12 horas) do que o

GC (2,62 faltas; 1,70 horas). Apesar dessas distinções, os testes estatísticos indicaram que não

houve diferenças significativas para as variáveis quantitativas. Por isso, pode-se considerar

que os grupos são parecidos quato a estes aspectos.

Tabela 26 – Caracterização dos alunos da PT2: Variáveis quantitativas

Variáveis quantitativas

(2º bimestre)

GT (n = 28) GC (n = 26) Geral (n = 54)

Média DP Média DP Média DP

Idade (anos)2

25,96 5,20 24,92 5,28 25,46 5,22

Tempo de estudo semanal (horas)2

2,12 1,85 1,70 1,53 1,92 1,70

MGA (nota média aritmética)1

7,38 0,73 7,27 0,82 7,33 0,77

Índice Quiz (proporção de acertos)1

0,66 0,12 0,71 0,16 0,69 0,14

Faltas (quantidade de abstenções)1

1,93 1,76 2,62 1,94 2,26 1,87 1 Teste t (bicaudal) de diferença de média. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

2 Teste U de Mann-Whitney de diferença de medianas. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Em seguida, apresenta-se o desempenho das classes nas provas iniciais e bimestrais referentes

ao 2º bimestre (Contabilidade Agrícola).

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103

Tabela 27 – Desempenhos nas provas iniciais e bimestrais dos grupos: 2º Bimestre

Grupo de

Tratamento

2º Bimestre Grupo de

Controle

2º Bimestre

Inicial Bimestral Variação Inicial Bimestral Variação

Aluno Tratamento 1 3,40 9,70 6,30 Aluno Controle 1 3,30 7,10 3,80

Aluno Tratamento 2 2,60 7,55 4,95 Aluno Controle 2 3,10 7,60 4,50

Aluno Tratamento 3 5,50 9,25 3,75 Aluno Controle 3 6,70 10,00 3,30

Aluno Tratamento 4 2,90 8,70 5,80 Aluno Controle 4 3,00 10,00 7,00

Aluno Tratamento 5 3,00 7,50 4,50 Aluno Controle 5 2,50 7,50 5,00

Aluno Tratamento 6 7,00 9,70 2,70 Aluno Controle 6 3,00 8,85 5,85

Aluno Tratamento 7 5,00 9,50 4,50 Aluno Controle 7 5,80 8,70 2,90

Aluno Tratamento 8 7,00 9,25 2,25 Aluno Controle 8 3,60 9,00 5,40

Aluno Tratamento 9 3,30 9,25 5,95 Aluno Controle 9 1,60 6,95 5,35

Aluno Tratamento 10 5,90 7,75 1,85 Aluno Controle 10 6,40 9,70 3,30

Aluno Tratamento 11 2,60 6,25 3,65 Aluno Controle 11 1,50 6,20 4,70

Aluno Tratamento 12 3,00 8,25 5,25 Aluno Controle 12 3,50 8,20 4,70

Aluno Tratamento 13 3,00 4,80 1,80 Aluno Controle 13 4,50 8,50 4,00

Aluno Tratamento 14 3,30 7,95 4,65 Aluno Controle 14 4,00 9,70 5,70

Aluno Tratamento 15 4,40 9,70 5,30 Aluno Controle 15 2,00 6,15 4,15

Aluno Tratamento 16 3,80 6,95 3,15 Aluno Controle 16 3,00 8,25 5,25

Aluno Tratamento 17 1,50 8,20 6,70 Aluno Controle 17 3,60 9,70 6,10

Aluno Tratamento 18 5,90 8,25 2,35 Aluno Controle 18 1,50 8,00 6,50

Aluno Tratamento 19 4,10 7,75 3,65 Aluno Controle 19 0,50 8,25 7,75

Aluno Tratamento 20 5,80 7,95 2,15 Aluno Controle 20 2,00 8,15 6,15

Aluno Tratamento 21 2,00 8,70 6,70 Aluno Controle 21 3,50 7,75 4,25

Aluno Tratamento 22 5,30 8,20 2,90 Aluno Controle 22 4,00 9,90 5,90

Aluno Tratamento 23 6,10 9,70 3,60 Aluno Controle 23 2,00 10,00 8,00

Aluno Tratamento 24 1,40 7,75 6,35 Aluno Controle 24 4,40 7,95 3,55

Aluno Tratamento 25 5,30 9,25 3,95 Aluno Controle 25 2,50 6,85 4,35

Aluno Tratamento 26 5,90 8,20 2,30 Aluno Controle 26 1,00 5,95 4,95

Aluno Tratamento 27 1,00 3,60 2,60

Aluno Tratamento 28 2,50 8,45 5,95

Média 4,02 8,14 4,13 Média 3,17 8,27 5,09

Desvio-padrão 1,73 1,43 1,59 Desvio-padrão 1,55 1,26 1,33

Pela Tabela 27, nota-se que, em média, o GT (4,02) foi melhor na prova inicial do que o GC

(3,17). Entretanto, o desempenho nas provas bimestrais é bastante semelhante entre os dois

grupos (GT = 8,14 pontos; GC = 8,27 pontos). As colunas de variações das notas indicam que

todos os alunos obtiveram melhor performance na prova bimestral do que na inicial, como

esperado.

Para testar o efeito do SRE sobre o desempenho acadêmico, faz-se necessário observar os

testes iniciais. Desse modo, a Tabela 28 traz o resultado do teste t para grupos independentes

reportando a comparação entre os desempenhos médios do GT e do GC na prova inicial do 2º

bimestre. Como verificado, existe diferença significativa entre as performances ao nível de

significância de 10%.

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104

Tabela 28 – Comparação do desempenho inicial do GT e do GC: 2º Bimestre

Desempenho inicial n Média t df1

Sig. (bicaudal)

GT 28 4,02 -1,883 52 0,065

GC 26 3,17 1

df = degrees of freedom (graus de liberdade).

Dado que houve diferença significante entre os desempenhos iniciais dos grupos, depara-se

com a situação da Figura 10 à direita, circunstância na qual são necessárias maiores

investigações sobre a variação entre os desempenho inicial e final e, também, sobre possíveis

fatores que estão produzindo essa diferença na performance inicial (Gall et al., 2003).

Primeiramente, compara-se a variação entre o desempenho inicial e final dos grupos para

verificar se realmente são diferentes. Frisa-se que os pressupostos do teste t foram atendidos.

Conforme detalha a Tabela 29, evidências são encontradas de que as variações entre o

desempenho inicial e final dos grupos são distintas (sig. < 0,05). Por isso, maiores

investigações sobre possíveis variáveis que estejam gerando essa diferença inicial são

demandadas.

Tabela 29 – Comparação da variação entre os desempenhos inicial e final dos grupos: 2º

Bimestre

Desempenho inicial n Média t df1

Sig. (bicaudal)

GT 28 4,13 2,41 52 0,020

GC 26 5,09 1

df = degrees of freedom (graus de liberdade).

A primeira hipótese a ser testada está relacionada à variável gênero, uma vez que se mostrou

característica discrepante entre o GT e o GC. De acordo com a Tabela 30, o teste t indicou

que a diferença no desempenho inicial dentro dos grupos não é proveniente do gênero do

aluno.

Tabela 30 – Comparação do desempenho inicial dentro dos grupos, por gênero: 2º Bimestre

Desempenho inicial, por

gênero (dentro do grupo)

GT (n = 28) GC (n = 26)

n Média1

DP n Média1

DP

Masculino 19 4,24 1,76 12 3,18 1,56

Feminino 9 3,54 1,67 14 3,17 1,61 1 Teste t (bicaudal) para grupos independentes. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

No entanto, quando o mesmo teste para o desempenho inicial entre os grupos foi realizado

(Tabela 31), verificou-se a existência de diferença significativa de desempenho dos alunos do

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105

sexo masculino do GT e do GC (sig. < 0,10). Desta forma, parte da diferença entre o

desempenho inicial dos grupos pode ser atribuída aos alunos de sexo masculino. Esta

evidência é intrigante, já que o gênero é uma variável constante entre os períodos e não se

revelou significativo no 1º bimestre.

Tabela 31 – Comparação do desempenho inicial entre os grupos, por gênero: 2º Bimestre

Desempenho inicial, por

gênero (entre grupos)

Masculino Feminino

n Média1

DP n Média1

DP

GT (n = 28) 19 4,24* 1,76 9 3,54 1,67

GC (n = 26) 12 3,18* 1,56 14 3,17 1,61 1 Teste t (bicaudal) para grupos independentes. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Um segundo aspecto que pode estar ocasionando a diferença no desempenho inicial entre os

grupos é a presença de alunos repetentes no GC, mesmo que o percentual seja modesto

(11,5%), reduzindo a performance inicial em relação ao GT. Portanto, a Tabela 32 mostra a

comparação do desempenho de alunos na condição de repetentes e não repetentes do GC.

Recorreu-se ao teste U de Mann-Whitney, dado que os pressupostos do teste t não foram

atendidos. Consoante o resultado (sig. = 1,000), avalia-se que é pouco provável que a

existência de alunos repetentes seja a causa da diferença no desempenho inicial entre os

grupos.

Tabela 32 – Comparação do desempenho inicial dos alunos do GC, por condição de

repetência: 2º Bimestre

Desempenho inicial n Média t df2

Sig.1

Não repetentes 23 3,19 2,41 52 1,000

Repetentes 3 3,00 1

A exata significância é exibida para este teste. 2 df = degrees of freedom (graus de liberdade).

Outro fator que pode estar originando a diferença entre os desempenhos iniciais do GC e do

GT é o conteúdo. Os alunos podem ter maior familiaridade com um do que o outro. Assim, ao

mudar o conteúdo do 1º bimestre (Contabilidade Industrial) para o 2º bimestre (Contabilidade

Agrícola), o GC pode ter sido prejudicado em razão de ter menos conhecimento prévio

especificamente sobre este segundo. Desta forma, a Tabela 33 representa a comparação dos

desempenhos iniciais dos dois grupos entre bimestres por meio dos testes t pareado e não-

pareado. Os pressupostos das técnicas foram satisfeitos. Analisando os resultados, pressupõe-

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106

se que a diferença no desempenho inicial também não é oriunda da mudança de conteúdo,

visto que os testes t verificaram igualdade de desempenhos.

Tabela 33 – Comparação dos desempenhos iniciais dos alunos, por bimestre

Desempenho inicial, por

bimestre

Turma A Turma B

n Média1

DP n Média2

DP

1º bimestre 28 3,85 1,91 24 3,40 1,75

2º bimestre 28 4,02 1,73 26 3,17 1,55 1 Teste t (bicaudal) pareado. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

2 Teste t (bicaudal) não-pareado. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Considerando que as variáveis quantitativas são similares entre as duas classes, bem como a

diferença no desempenho inicial dos grupos não é oriunda dos alunos repetentes e do

conteúdo, resta a verificação quanto ao nível educacional dos pais, a inserção no mercado de

trabalho e a renda familiar, embora estes aspectos também sejam semelhantes entre as turmas.

Dado que as variáveis nível de educação do pai e nível de educação da mãe não atenderam os

pressupostos do teste de Kruskal-Wallis, reorganizaram-se as categorias dessas variáveis na

forma binária, assim como efetuado na análise da PT1. Desse modo, foi possível analisar a

educação dos pais por meio do teste t para grupos independentes (Tabela 34). De acordo com

os resultados, existem indícios de que a diferença no desempenho inicial entre os grupos

também é parcialmente oriunda do desempenho dos estudantes com pais de nível educacional

inferior do GT, os quais igualaram as suas notas aos alunos com pais de nível educacional

superior. Este resultado é igualmente intrigante porque o nível de educação dos pais é

constante entre os períodos e, dado que no 1º bimestre encontrou-se diferença significativa

para os dois grupos, era esperado que este resultado fosse mantido.

Tabela 34 – Comparação do desempenho inicial dos grupos, por nível educacional dos pais:

2º Bimestre

Desempenho inicial, por

nível de educação dos pais

GT (n = 28) GC (n = 26)

n Média1

DP n Média1

DP

Educação do pai

Nível educacional inferior 13 3,92 1,79 11 2,46** 0,84

Nível educacional superior 15 4,1 1,74 15 3,69** 1,76

Educação da mãe

Nível educacional inferior 12 3,82 1,94 9 2,8 1,40

Nível educacional superior 16 4,17 0,40 17 3,37 1,63 1 Teste t (bicaudal) para grupos independentes. *** Sig. <0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

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107

Em relação ao desempenho inicial dos grupos por faixa de renda familiar e por categoria de

inserção do mercado de trabalho, tem-se a Tabela 35. Consoante os resultados dos testes de

Kruskal-Wallis, percebe-se que a diferença no desempenho inicial dos grupos não deriva

dessas duas variáveis, já que todos os níveis de significância estão acima de 5%.

Tabela 35 – Comparação dos desempenhos iniciais dos grupos, por categorias de renda

familiar e trabalho: 2º Bimestre

Desempenho inicial, por

renda familiar e trabalho

GT GC

Teste Sig. Teste Sig.

Renda famíliar mensal Kruskal-Wallis 0,446 Kruskal-Wallis 0,685

Inserção no mercado de trabalho Kruskal-Wallis 0,677 Kruskal-Wallis 0,769

Como exposto até aqui, pode-se verificar a existência de indícios que mostram que a diferença

no desempenho inicial dos grupos decorre dos alunos do sexo masculino e do aumento da

performance dos estudantes do GT com pais de nível educacional inferior. Mas é preciso

reconhecer que outros fatores, como a motivação discente durante a realização das provas

iniciais, podem ter impactado o desempenho na prova inicial de Contabilidade Agrícola. A

Figura 12 traz a visualização gráfica dos desempenhos dos grupos na PT2.

Figura 12. Desempenhos inicial e final do GC e do GT: PT2

Por fim, comparam-se os desempenhos nas provas bimestrais dos grupos (Tabela 36). Visto

que a distribuição das notas da prova bimestral do GT não é normal (Shapiro-Wilk = 3,57;

prob. z = 0,000), utilizou-se o teste U de Mann-Whitney. Observa-se que o resultado do teste

(sig. = 0,890) aponta que o GT e o GC obtiveram a mesma performance nas provas

bimestrais. Esta é outra evidência de que o SRE não aumenta o desempenho acadêmico dos

estudantes.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Teste inicial Teste final

Grupo de Controle Grupo de Tratamento

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108

Tabela 36 – Comparação do desempenho final dos grupos: 2º Bimestre

Desempenho final n Média DP Sig.

Grupo de Tratamento 28 8,15 1,43 0,890

Grupo de Controle 26 8,27 1,26

Em adição, explora-se o impacto do SRE no desempenho acadêmico por meio dos modelos de

regressão “Simples”, “Intermediário” e “Completo” pelo método de MQO em cross-section,

como descritos na PT1. A etapa de transformação das variáveis qualitativas em binárias

também foi realizada (Fávero, 2015; Wooldridge, 2015). Além disso, a Tabela 37 reporta os

testes referentes aos pressupostos da técnica.

No que tange à normalidade dos resíduos, apenas o modelo “Simples” não atendeu a este

pressuposto. Os níveis de significância dos testes de Shapiro-Francia e Shapiro-Wilk foram

maiores do que 5% para os outros modelos, indicando que os resíduos têm aderência à

normalidade. Para a multicolinearidade, o VIF médio do modelo “Intermediário” sinaliza

reduzida correlação entre as variáveis explicativas. Já o modelo “Completo”, verificou-se um

VIF médio relativamente alto (6,26). Contudo, Gujarati (2011) explica que a

multicolinearidade não necessariamente implica em problemas para os modelos. Por fim, em

relação à heterocedasticidade, o teste de Breusch-Pagan/Cook-Weisberg obteve nível de

significância acima de 5%, sugerindo que este aspecto não é um plausível empecilho.

Tabela 37 – Pressupostos dos modelos de regressão: 2º Bimestre

Pressuposto Teste Simples Intermediário Completo

Normalidade dos resíduos Shapiro-Francia e

Shapiro-Wilk

S-F: 0,005;

S-W: 0,001

S-F: 0,538;

S-W: 0,709

S-F: 0,214;

S-W: 0,334

Multicolinearidade VIF VIF médio = 1,00 VIF médio = 1,89 VIF médio = 6,26

Heterocedasticidade Breusch-Pagan

Cook-Weisberg

chi2(1) = 0,44;

sig. = 0,5070

chi2(1) = 3,23;

sig. = 0,073

chi2(1) = 1,84;

sig. = 0,1751

Com exceção do modelo Simples, os modelos Intermediário e Completo atenderam aos

pressupostos. Sendo assim, segue a Tabela 38 com os resultados das regressões. A

significância dos testes F (Prob. F < 0,01) dos modelos Intermediário e Completo indica que

pelo menos uma das variáveis independentes é significante para explicar o desempenho

acadêmico. O Adj. R-sqd aponta que, dentre os três modelos, o mais explicativo é o Completo

(0,487). Seu poder explicativo da variação do desempenho discente é de 70% (R-sqd = 0,70).

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109

Tabela 38 – Resultados dos modelos de regressão: 2º Bimestre

Desempenho acadêmico/Modelo Simples Intermediário Completo

constante 8,265***

(0,265)

4,927**

(2,045)

7,800***

(2,807)

sre -0,121

(0,368)

-0,507

(0,309)

-0,608

(0,366)

gen

0,245

(0,291)

0,140

(0,308)

idade

-0.0814***

(0,0291)

-0,0528

(0,0350)

tsem

-0,0196

(0,0864)

0,0848

(0,0948)

mga

0,694***

(0,206)

0.814***

(0,249)

quiz

0,187

(1,038)

-1,277

(1,196)

pinicial

0,255**

(0,0962)

0,229**

(0,103)

faltas

-0,130*

(0,0770)

-0,180*

(0,0945)

estágio

-0,563

(0,843)

-0,867

(1,022)

trabalho

-0,308

(0,739)

-0,522

(0,880)

ensino fundamental I - pai

-2.411*

(1,214)

ensino fundamental II - pai

-1,675

(1,349)

ensino médio - pai

-2,066

(1,258)

ensino superior - pai

-1,820

(1,305)

pós-graduação - pai

-2,948**

(1,420)

ensino fundamental I - mãe

-0,576

(0,919)

ensino fundamental II - mãe

-1,345

(1,006)

ensino médio - mãe

-0.536

(0,930)

ensino superior - mãe

-0.310

(1,043)

pós-graduação - mãe

0,655

(1,239)

de 3 a 5 salários mínimos

-0,884*

(0,440)

acima de 5 salários mínimos -0,471

(0,444)

n 54 54 54

R-sqd 0,002 0,566 0,700

Adj. R-sqd -0,017 0,465 0,487

F 0,110 5,600 3,290

Prob. F 0,744 0,000 0,001

*** Sig. < 0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Os números entre parênteses representam os erros-padrão.

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110

Analisando a variável SRE (“sre”), os três modelos sinalizam que a ferramenta não tem

impacto significativo na performance discente (sig. < 0,10). Este resultado é consistente com

o da PT1 e com os de Carnaghan e Webb (2007), Chan e Snavely (2009), Chui et al., (2013),

Humpfries e Whelan (2009) e Smith e Maguire (2011), como já ressaltados na discussão da

PT1. Também se contrapõe aos achados de Edmonds e Edmonds (2008), Eng et al. (2013) e

Premuroso et al. (2011). Desta forma, a hipótese de que o SRE aumenta o desempenho

discente não encontra sustentação nas evidências empíricas obtidas.

A prova inicial (“pinicial”) revelou-se significante para explicar a variação na performance

acadêmica nos modelos Intermediário (coef. = 0,255; sig. < 0,05) e Completo (coef. = 0,229;

sig. < 0,05). Semelhantemente, a Média Geral Acumulada (“mga”) também mostrou

significativa nos modelos Intermediário (coef. = 0,694; sig. < 0,01) e Completo (coef. = 814;

sig < 0,01). Intrigantemente, a idade (“idade”) teve impacto negativo no desempenho discente

(coef. = 0,814; sig. < 0,01), indicando que alunos mais novos obtiveram melhor performance.

Como esperado, a quantidade de faltas tem influência negativa sobre o desempenho

acadêmico, sinalizado nos modelos Intermediário (coef. = -0,130; sig. < 0,10) e Completo

(coef. = -0,180; sig. < 0,10). E, surpreendentemente, as categorias mais elevadas das variáveis

socioeconômicas indicaram ter impacto negativo na performance, de acordo com o modelo

Completo (ensino fundamental I – pai = -2,411; sig. < 0,10; pós-graduação – pai = -2,948; sig.

< 0,05; de 3 a 5 salários mínimos = -0,884; sig. < 0,10). Este achado é contrário à literatura.

Uma possível explicação é a de que os poucos alunos que possuem pais com baixo nível

educacional e renda familiar obtiveram melhor desempenho, em média, do que os vários

estudantes constantes nas outras categorias. Por isso, o achado contrário ao evidenciado pela

literatura.

4.4 Resultados do questionário: Uso e Satisfação

Nesta seção é feita a análise dos resultados das questões do uso da tecnologia e satisfação

discente do questionário (Apêndice F). A análise tem princípio na estatística descritiva das

questões que capturam os construtos denominados de “Percepção de Uso” e “Satisfação

Geral” dos estudantes. Em sequência, procedimentos empíricos buscam complementar a

análise.

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111

A análise da Percepção de Uso do SRE, apresentada na Tabela 39, é necessária para se

constatar o quão adequado foi a implantação do equipamento no processo educacional, uma

vez que uma utilização equivocada pode causar problemas na interpretação das hipóteses de

desempenho acadêmico (Carnaghan & Webb, 2007).

Tabela 39 – Percepção de Uso do SRE

Questão Percepção de Uso ( = 0,8121) n Mín. Máx. Mediana Média DP

12.1 O SRE é de uso fácil. 53 0 10 10 9,19 1,81

12.2 O SRE me ajudou como recurso didático. 53 0 10 8 7,81 2,25

12.3 O SRE tornou a aula mais interativa em relação às

aulas tradicionais. 53 5 10 10 9,70 0,97

12.4 O SRE foi benéfico à minha aprendizagem. 53 0 10 8 8,00 2,08

12.5 O SRE deveria ser utilizado em outras disciplinas. 53 0 10 10 8,87 1,82

12.6 O SRE aumentou a minha facilidade de aprendizagem

em relação às disciplinas que não o utilizam. 53 0 10 6 5,40 3,06

12.7 O uso do SRE me ajudou a permanecer concentrado(a)

nas aulas. 53 0 10 8 7,25 2,56

12.8 Permaneci mais ativamente envolvido(a) nas aulas

devido ao uso do SRE. 53 0 10 8 7,51 2,56

12.9 Não tive dificuldades de entender as questões aplicadas

com o auxílio do SRE2. 53 0 10 8 7,42 2,18

12.10 A utilização do SRE me encorajou a comparecer mais

às aulas. 53 0 10 5 5,34 3,05

12.11 O SRE aumentou a minha motivação nas aulas. 52 0 10 7,5 6,79 2,80

12.12 A quantidade de questões aplicadas com o auxílio do

SRE foi adequada. 53 0 10 10 8,89 1,76

12.13 O tempo para responder as questões foi satisfatório. 53 0 10 8 7,72 2,36

12.14 As instruções fornecidas foram adequadas para o

manuseio do SRE. 53 6 10 10 9,64 0,83

Nota-se que as questões são consistentes para capturar o construto “Percepção de Uso”, visto

que o Coeficiente de Alpha de Cronbach ( = 0,8121) está acima dos níveis de aceitação

recomendados (Hair et al., 2005; Smith, 2015). Merece destaque o item 12.3 que afirma que o

emprego do SRE torna a aula mais interativa em comparação com o ensino convencional, pois

obteve a maior média (9,70). Há indícios que a incorporação do SRE ao processo educativo

foi correta porque, na percepção discente, as instruções de manuseio da tecnologia foram

adequadas (média = 9,64), o tempo para responder os exercícios foi satisfatório (média =

7,72), bem como a quantidade de questões aplicadas foi apropriada (média = 8,89). Portanto,

considera-se que a implementação do equipamento ocorreu de forma positiva.

Partindo para o teste da H2, a qual afirma que os alunos se sentem satisfeitos ao utilizar o

SRE, tem-se a Tabela 40, que reporta as estatísticas descritivas das questões de satisfação dos

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112

alunos da Turma A. De início, percebe-se que as afirmações são consistentes para mensurar o

construto de “Satisfação Geral” ( = 0,8958).

Tabela 40 – Satisfação Geral discente: Turma A

Questão Satisfação Geral ( = 0,8958) n Mín. Máx. Mediana Média DP

13.1 Gostei de usar o SRE. 28 5 10 10 9,57 1,07

13.2 O SRE tornou a aula mais divertida em

relação às aulas tradicionais. 28 5 10 10 9,68 1,02

13.3 Estou satisfeito(a) com as questões

elaboradas para o uso com o SRE. 28 7 10 10 9,39 0,92

13.4 Estou satisfeito(a) com o SRE como recurso

de ensino. 28 6 10 10 9,39 1,10

13.5 A minha satisfação com a disciplina

aumentou devido ao uso do SRE. 28 0 10 8 6,39 2,91

13.6

A competição proporcionada pelo SRE

aumentou a minha satisfação em relação às

aulas tradicionais.

28 0 10 9 7,64 3,06

13.7 Estou satisfeito(a) com a interatividade

proporcionada pelo SRE. 28 0 10 10 8,89 2,17

13.8 Tive uma impressão positiva acerca do uso

do SRE no ensino de contabilidade. 28 0 10 10 8,96 2,06

13.9 Estou satisfeito(a) com a incorporação do

SRE à disciplina. 28 0 10 10 9,14 1,98

13.10 Estou satisfeito(a) com a utilização do SRE. 28 0 10 10 9,25 1,96

Observando os valores mínimos e máximos das questões 13.5, 13.6, 13.7, 13.8, 13.9 e 13.10,

nota-se que houve percepções contrárias. Contudo, as medianas e as médias das mesmas

revelam que os alunos concordam com as afirmativas. O desvio-padrão (DP) da 13.3 (0,92)

indica que foi a questão, dentre todas as afirmações, que recebeu pontuações menos dispersas

em torno da média. Logo, foi a questão que obteve maior consenso dos discentes da Turma A.

Neste caso, os alunos declaram estar satisfeitos com os exercícios dos quizzes elaborados para

a aplicação com o apoio do SRE. Da mesma forma, enfatiza-se a questão 13.2, a qual discorre

que o SRE tornou a aula mais divertida em relação ao ensino tradicional e cuja nota média foi

a maior de todas (9,68). Por isso, os indícios suportam a ideia de que o uso do SRE foi

satisfatório para a Turma A. De modo geral, estes resultados são convergentes com os de

Beckert et al. (2009), Eng et al. (2013), Humphfries e Whelan (2009), Premuroso et al.

(2011), Stowell (2015) e Stowell e Nelson (2007).

A seguir, realiza-se análise similar para a Turma B. A Tabela 41 expõe as estatísticas

descritivas:

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113

Tabela 41 – Satisfação Geral discente: Turma B

Questão Satisfação Geral ( = 0,8208) n Mín. Máx. Mediana Média

DP

13.1 Gostei de usar o SRE. 25 8 10 10 9,60 0,76

13.2 O SRE tornou a aula mais divertida em

relação às aulas tradicionais. 25 5 10 10 9,40 1,26

13.3 Estou satisfeito(a) com as questões

elaboradas para o uso com o SRE. 25 6 10 10 9,00 1,29

13.4 Estou satisfeito(a) com o SRE como recurso

de ensino. 25 7 10 10 9,08 1,08

13.5 A minha satisfação com a disciplina

aumentou devido ao uso do SRE. 25 0 10 7 6,76 2,62

13.6

A competição proporcionada pelo SRE

aumentou a minha satisfação em relação às

aulas tradicionais.

25 0 10 8 7,44 3,12

13.7 Estou satisfeito(a) com a interatividade

proporcionada pelo SRE. 25 2 10 10 9,04 1,70

13.8 Tive uma impressão positiva acerca do uso

do SRE no ensino de contabilidade. 25 6 10 9 8,96 1,21

13.9 Estou satisfeito(a) com a incorporação do

SRE à disciplina. 25 6 10 10 9,40 1,12

13.10 Estou satisfeito(a) com a utilização do SRE. 25 6 10 10 9,32 1,15

Frisa-se que o Alpha de Cronbach foi de 0,8208, estando acima do nível de aceitação

recomendado (Hair et al., 2005; Smith, 2015). Logo, sugere-se que as questões são coerentes

para mensurar o construto proposto.

Na turma B, apenas as questões 13.5 e 13.6 obtiveram valores mínimos e máximos

extremamente opostos (0 e 10, respectivamente), indicando forte divergência de opiniões.

Entretanto, os proeminentes resultados das medianas e médias mostram que os alunos tendem

a concordar com as afirmativas. A questão com maior média e consenso de percepção foi a

13.1 (média = 9,60; dp = 0,76). Este item afirma que os estudantes gostaram de utilizar o

SRE. Este achado é paralelo aos de Beckert et al. (2009) e Humphfries e Whelan (2009).

Portanto, para a Turma B, considera-se que o SRE traz satisfação aos alunos quanto aos

aspectos questionados.

Após as análises particulares por turma, evidencia-se o quadro geral da satisfação discente

com o equipamento e pontos relacionados. Os mesmos procedimentos de análise foram

praticados e os resultados podem ser encontrados na Tabela 42.

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114

Tabela 42 – Satisfação Geral discente: Geral

Questão Satisfação Geral ( = 0,9345) n Mín. Máx. Mediana Média

DP

13.1 Gostei de usar o SRE. 53 5 10 10 9,59 0,93

13.2 O SRE tornou a aula mais divertida em

relação às aulas tradicionais. 53 5 10 10 9,55 1,14

13.3 Estou satisfeito(a) com as questões

elaboradas para o uso com o SRE. 53 6 10 10 9,21 1,12

13.4 Estou satisfeito(a) com o SRE como recurso

de ensino. 53 6 10 10 9,25 1,09

13.5 A minha satisfação com a disciplina

aumentou devido ao uso do SRE. 53 0 10 7 6,57 2,76

13.6

A competição proporcionada pelo SRE

aumentou a minha satisfação em relação às

aulas tradicionais.

53 0 10 8 7,55 3,06

13.7 Estou satisfeito(a) com a interatividade

proporcionada pelo SRE. 53 0 10 10 8,96 1,94

13.8 Tive uma impressão positiva acerca do uso

do SRE no ensino de contabilidade. 53 0 10 10 8,96 1,70

13.9 Estou satisfeito(a) com a incorporação do

SRE à disciplina. 53 0 10 10 9,26 1,62

13.10 Estou satisfeito(a) com a utilização do SRE. 53 0 10 10 9,28 1,61

Considerando todos os participantes da pesquisa (n = 53), constata-se, por meio do exame dos

valores das medianas e médias, que os estudantes, de forma geral, apreciaram o uso do SRE

em sala de aula. A questão 13.5 foi a que obteve a menor média do conjunto de itens (média =

6,57), cuja afirmação é que a satisfação discente com a disciplina aumentou em virtude da

empregabilidade do SRE. Este resultado pode ser explicado pelas palavras do Aluno 30: “as

aulas já são motivacionais devido ao método de ensino dinâmico do professor, o SRE veio

somar. Durante as explicações e quando os alunos têm dúvidas o professor é paciente,

explica de maneiras diferentes e procura motivar o aluno a aprender, isso faz a diferença em

relação às outras disciplinas. O uso da tecnologia trouxe mais vida, principalmente por ser

no final da aula e todos já estarem cansados. As questões, por obrigarem o aluno a responder

dentro do tempo cronometrado, nos ajudaram a pensar mais sobre o conteúdo” (Dados da

pesquisa, “comentários gerais” do Apêndice F). Ou seja, alguns alunos já se sentiam

satisfeitos com a disciplina independentemente do uso do SRE. Ainda assim, é possível

verificar que houve aumento na satisfação porque as médias obtidas foram elevadas,

acentuando-se as três maiores: 13.1 (média = 9,59; dp = 0,93), 13.10 (média = 9,28; dp = 161)

e 13.9 (média = 9,26; dp = 1,62). Desse modo, observa-se os estudantes tendem a se sentirem

satisfeitos com o uso do SRE. Por isso, estes resultados dão suporte a H2.

Seguindo com a análise, é pertinente verificar se houve diferença de percepção entre as

turmas acerca do uso do SRE. Dado que os testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk

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115

acusaram que as distribuições dos dados das questões de satisfação não são normais (Tabela

43), recorreu-se ao teste não-paramétrico U de Mann-Whitney para grupos independentes.

Tabela 43 – Testes de normalidade das questões de satisfação

Questão/Turma Kolmogorov-Smirnov

1 Shapiro-Wilk

Estatística df2

Sig. Estatística df2

Sig.

13.1 Turma A 0,441 28 0,000 0,470 28 0,000

Turma B 0,460 25 0,000 0,552 25 0,000

13.2 Turma A 0,481 28 0,000 0,366 28 0,000

Turma B 0,443 25 0,000 0,557 25 0,000

13.3 Turma A 0,389 28 0,000 0,688 28 0,000

Turma B 0,301 25 0,000 0,770 25 0,000

13.4 Turma A 0,388 28 0,000 0,622 28 0,000

Turma B 0,324 25 0,000 0,768 25 0,000

13.5 Turma A 0,245 28 0,000 0,851 28 0,000

Turma B 0,171 25 0,058 0,871 25 0,058

13.6 Turma A 0,243 28 0,000 0,776 28 0,000

Turma B 0,331 25 0,000 0,726 25 0,000

13.7 Turma A 0,338 28 0,000 0,580 28 0,000

Turma B 0,286 25 0,000 0,578 25 0,000

13.8 Turma A 0,308 28 0,000 0,556 28 0,000

Turma B 0,286 25 0,000 0,810 25 0,000

13.9 Turma A 0,332 28 0,000 0,475 28 0,000

Turma B 0,424 25 0,000 0,613 25 0,000

13.10 Turma A 0,364 28 0,000 0,421 28 0,000

Turma B 0,404 25 0,000 0,657 25 0,000 1 Correção de significância de Lilliefors.

2 df = degrees of freedom (graus de liberdade).

Foi definido um nível de confiabilidade de 90% para a análise do teste U de Mann-Whitney,

usualmente aceito na área de ciências sociais aplicadas. Os resultados reportados na Tabela 44

indicam que todos os níveis de significância obtidos estão acima de 10%. Desta forma, as

hipóteses nulas não são rejeitadas. Portanto, não houve diferença estatisticamente significante

em relação à satisfação dos estudantes das Turmas A e B. Conclui-se, logo, que as turmas se

mostraram igualmente satisfeitas com o SRE.

Tabela 44 – Comparação da percepção de satisfação entre as turmas

Questão Hipótese nula Sig.

13.1 A distribuição de 13.1 é a mesma entre as turmas. 0,808

13.2 A distribuição de 13.2 é a mesma entre as turmas. 0,334

13.3 A distribuição de 13.3 é a mesma entre as turmas. 0,288

13.4 A distribuição de 13.4 é a mesma entre as turmas. 0,213

13.5 A distribuição de 13.5 é a mesma entre as turmas. 0,718

13.6 A distribuição de 13.6 é a mesma entre as turmas. 0,600

13.7 A distribuição de 13.7 é a mesma entre as turmas. 0,823

13.8 A distribuição de 13.8 é a mesma entre as turmas. 0,394

13.9 A distribuição de 13.9 é a mesma entre as turmas. 0,666

13.10 A distribuição de 13.10 é a mesma entre as turmas. 0,708

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116

A seguir, é necessário lançar luz sobre as relações potencialmente existentes entre as questões

de satisfação. Para tanto, foi elaborada a matriz de correlação de Spearman, apresentada na

Tabela 45 (n = 53).

Tabela 45 – Matriz de correlação de Spearman: Questões de satisfação

Geral 13.1 13.2 13.3 13.4 13.5 13.6 13.7 13.8 13.9 13.10

13.1 1,0000

13.2 0,4624*** 1,0000

13.3 0,4586*** 0,3571*** 1,0000

13.4 0,5479*** 0,2913** 0,6477*** 1,0000

13.5 0,1732 0,2185 0,0842 0,1877 1,0000

13.6 0,3685*** 0,3641*** 0,3624*** 0,3559*** 0,4990*** 1,0000

13.7 0,5408*** 0,4542*** 0,5926*** 0,5745*** 0,2132 0,5649*** 1,0000

13.8 0,5212*** 0,4737*** 0,4384*** 0,6109*** 0,2293* 0,5323*** 0,6362*** 1,0000

13.9 0,7281*** 0,5545*** 0,5829*** 0,5441*** 0,2509* 0,5431*** 0,7968*** 0,6825*** 1,0000

13.10 0,7642*** 0,5873*** 0,5887*** 0,6285*** 0,2331* 0,3874*** 0,6579*** 0,6737*** 0,8120*** 1,0000

*** Sig. < 0,01; ** Sig. < 0,05; * Sig. < 0,10.

Apenas cinco correlações não obtiveram coeficientes significativos, para o nível de

confiabilidade de 90%. Este é outro indício de que o conjunto de questões se revelou

consistente para mensurar o construto de “Satisfação Geral” dos alunos.

Pode-se observar que a maior correlação reside entre as questões 13.9 e 13.10 (coef. = 0,8120;

sig. < 0,01). Esta relação sugere que quanto maior a satisfação com a integração do SRE à

disciplina, maior é a satisfação com a utilização com o equipamento de forma geral, e vice-e-

versa. Outra potente correlação positiva é entre as questões 13.7 e 13.9 (coef. = 0,7968; sig. <

0,01). Esta relação sinaliza que quanto maior a percepção sobre a interatividade (13.7), maior

é a satisfação com a incorporação do SRE às aulas (13.9). Em contrapartida, a menor

correlação significativa pode ser localizada entre a 13.5 e a 13.8 (coef. = 0,2293; sig. < 0,10),

apontando que existe uma relação positiva entre a satisfação com a disciplina e a impressão

acerca do uso do SRE no ensino de contabilidade.

Outra análise pode ser feita sobre a relação entre a satisfação com a disciplina e com o SRE.

Neste caso, representado pelo coeficiente das questões 13.5 e 13.10 (coef. = 0,2331; sig. <

0,10). Este resultado sustenta a ideia de que a relação entre a satisfação com o uso do SRE e a

satisfação com a disciplina não ocorre aleatoriamente, sendo consistente. Isso é interessante

porque Carnaghan e Webb (2007) indicam que não necessariamente a satisfação com a

disciplina aumenta em virtude do uso do SRE.

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117

As evidências levam à conclusão de que a hipótese H2 não pode ser rejeitada. Os valores das

medianas e médias de cada turma (Tabelas 40 e 41) e das turmas em conjunto (Tabela 42)

revelaram que a satisfação dos estudantes aumentou em função do uso do SRE. Ademais, a

matriz de correlação forneceu mais indícios de que os itens foram consistentes para capturar o

construto de “Satisfação Geral”. Em adição, o teste U de Mann-Whitney sugere que não

houve diferença de satisfação sobre o uso do SRE entre as Turmas A e B.

4.5 Resultados suplementares

Os resultados suplementares se referem às questões 10 e 11 do questionário (Apêndice F), as

quais buscaram evidenciar os potenciais impactos do SRE nos hábitos de estudo e dedicação

com a disciplina de uma perspectiva subjetiva dos alunos. Além disso, compreendem os

comentários gerais dos estudantes sobre a pesquisa.

4.5.1 Hábitos de estudo

A questão 10 tinha o seguinte enunciado: “O uso do SRE alterou os seus hábitos de estudo?

Se sim, descreva como”. Os resultados da primeira parte estão na Tabela 46.

Tabela 46 – Alteração nos hábitos de estudo

O SRE alterou os hábitos de estudo? Freq. %

Sim 17 32,08%

Não 36 67,92%

Total 53 100,00%

Percebe-se que 67,92% dos alunos reportaram que o SRE não modificou os hábitos de estudo,

contrastando com 32,08% que declararam alteração. Dos que responderam afirmativamente,

identificou-se três categorias: Hábitos em sala de aula (6 comentários), autorreflexão (4

comentários) e hábitos de pensamento e raciocínio (3 comentários). Os demais relatos não

seguiram uma linha (4 comentários). Os comentários sugerem que o SRE atua de forma

diferente para cada aluno e tem potencial para contribuir com os hábitos discentes nos três

principais pontos levantados. A Tabela 47 reporta as respostas referentes à questão 10 do

questionário.

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Tabela 47 – Comentários discentes sobre a alteração nos hábitos de estudo

Hábitos em sala de aula (n=6)

“Na hora da aula ele [SRE] serviu como um incentivo a mais na aprendizagem do conteúdo”.

“Somente em sala de aula”.

“Fico mais concentrada na aula e [tenho] mais agilidade para pensar”.

“O SRE é uma didática que motiva o estudo, mudou hábitos de atenção em sala, porém não extra sala”.

“Ajuda a prestar mais atenção na aula”.

“Faz da aula mais interativa, fez pensar mais e não ficou como um exercício técnico”.

Autorreflexão (n=4)

"Comecei a ver melhor aonde tenho mais dificuldade e assim focar mais para suprir essas deficiências"

“Utilizar métodos diferenciados (aplicativos por exemplo) para avaliar o meu desempenho”.

“Quando eu não ia bem nas respostas via a necessidade de me dedicar mais”.

“Após a aula não tinha o habito de revisar a matéria dada em sala. O Kahoot possibilita a revisão de forma

rápida do conteúdo abordado e mostra a necessidade de revisarmos algum tema extra-sala”.

Hábitos de pensamento e raciocínio (n=3)

“Contribuiu para o melhoramento do meu raciocínio”.

“Auxiliou no raciocínio”.

“Exigiu pensamentos rápidos [e] com isso me adaptei a esse tipo de estudo”.

Outros comentários (n=4)

“Na realidade, acredito que a deficiência na estrutura de internet (wifi) da universidade dificultou o uso do

sistema, consumindo mais tempo das aulas e, consequentemente, reduzindo a produtividade das aulas em

relação ao aproveitamento c/o professor [sic]. Com isso, ficaram deveres p/ser solucionados em casa, e também

reduziu o tempo do professor nas explicações”.

“Prestar mais atenção nos detalhes”.

“Demonstrou que o estudo pode ser dinâmico e interativo e não exaustivo”.

“É muito bom testar o conhecimento e interagir com os colegas ao mesmo tempo”.

4.5.2 Dedicação à disciplina

A questão 11 foi efetuada apenas ao GT do 1º bimestre (Turma B), com o intuito de constatar

a existência de possíveis efeitos contínuos após o término do uso do SRE no 2º bimestre. A

questão indagava o seguinte: “Deixar de usar o SRE no 2º bimestre afetou a minha dedicação

em relação à disciplina? Se sim, descreva como”.

Tabela 48 – Dedicação em relação à disciplina

O SRE afetou a dedicação em relação à disciplina? Freq. %

Sim 1 4,00%

Não 24 96,00%

Total 25 100,00%

Pela Tabela 48, 24 alunos (96%) responderam que a utilização do SRE não afetou a dedicação

em relação à disciplina de CED. Apenas um participante (4%) acusou mudança na dedicação.

Logo, a baixa representatividade de respostas positivas leva à conclusão de que o emprego do

SRE não possui efeitos contínuos sobre à dedicação discente. Posto isso, é possível inferir que

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não houve alteração do esforço dos mesmos. Esta presunção é importante porque se houvesse

existido modificações na dedicação dos alunos do GT da PT1 após a descontinuidade do SRE,

problemas na interpretação dos resultados da PT2 poderiam ter sido gerados. Como foi

verificado que a dedicação permaneceu constante, não foi necessário nenhum tratamento

durante a PT2 ou ajuste no modelo de regressão para controlar esse eventual efeito.

4.5.3 Comentários gerais dos alunos

Finalmente, apresentam-se os comentários, sugestões e críticas gerais dos alunos sobre a

pesquisa. Os comentários subjetivos são importantes porque indicam diferentes formas de

percepção do uso do equipamento e podem servir de referência para a sua futura utilização.

Os comentários estão organizados em três categorias: aspectos positivos, negativos e

sugestivos, como reporta a Tabela 49.

Tabela 49 – Comentários discentes sobre a pesquisa

Comentários positivos

"Apoio o uso do SRE em todas as disciplinas. Pode não ter colaborado com o aprendizado em si, mas a

interatividade gerada é um encorajamento para vir e participar das aulas".

"Achei muito interessante para mim enquanto aulas, pois tinha um parear quanto a minha efetiva aprendizagem

nas aulas. Gostei muito, parabéns".

Comentários negativos

"O tempo para responder as questões deveria ser um pouco maior, principalmente [as] de cálculos".

"Acredito que o sistema funcionaria melhor se a universidade apresentasse uma estrutura compatível p/o uso

[sic]. Para fazer esta adequação consumiu muito tempo das aulas. No mais, acredito que seria uma ferramenta

interessante p/uso nas disciplinas do curso, isso quando o recurso viesse p/somar [sic] e não substituir

tempo/métodos utilizados".

"Trabalhar mais as perguntas que é [sic] aplicadas nas provas".

"Acho um método válido porém a forma aplicada ao final da aula[sic], com horário já muito tarde em relação a

saída prejudicou o uso. Recomendaria o uso porém com mais tempo e métodos[sic], foi bem bacana usar pela

competitividade que trouxe, uma forma diferente de estudar com um curso que ainda não se atualizou as novas

tendências de ensino".

"O modo competição [sic] por tempo, influência [sic] erros".

"A iniciativa em aplicar o método nas aulas foi muito positiva, apenas uma observação quanto ao primeiro teste

que foi muito longo e alguns alunos comentaram não ter terminado de responder ou ter 'chutado' as últimas

questões devido a pressa para ir embora. Acredito que poderia ter sido aplicado no início da aula ou menos

questões".

Comentários sugestivos

"Pesquisa muito bem elaborada. Poderia ser aplicada a outras disciplinas e fazer comparação entre elas".

"Acho que poderiam elaborar perguntas p/serem respondidas em qualquer momento [sic] não apenas nas

aulas".

"Talvez aumentar o número de questões por aula do SRE. Aplicar o SRE na aula seguinte do conteúdo aplicado

em sala, motivando os alunos a estudarem extra sala. O professor pode aplicar pequeno percentual de nota em

cada bimestre de acordo com o desempenho do aluno no SRE".

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Os comentários positivos indicam pontos fortes, como a interatividade e acompanhamento da

aprendizagem. Já em relação aos comentários negativos, os relatos descrevem que o tempo

para responder as questões e o conteúdo das mesmas deveriam ser ajustados. Em adição, foi

percebido que a estrutura de internet da INSTITUIÇÃO não era adequada, tendo como

consequência o desperdício de tempo de aula e a redução de produtividade. Este depoimento é

consistente com os obtidos por Cunninghan (2008). E, ainda, foi percebido que o momento de

aplicação do SRE pode não ter sido o mais apropriado, dado que os comentários indicam que

o seu uso próximo ao final das aulas pode ter feito com que os alunos “chutassem” as

respostas só para serem liberados da aula mais cedo.

Por último, os discentes também fizeram recomendações de uso do SRE. Foi sugerido uma

replicação da pesquisa em outras disciplinas para fins de comparação. Este aspecto é

interessante porque Premuroso et al. (2011) apontam que é possível que o desempenho

acadêmico possa variar de acordo com as características das disciplinas (aspectos conceituais

versus aspectos quantitativos). Além disso, foi sugerida a elaboração de mais perguntas que

pudessem ser respondidas a qualquer momento. Este aspecto é importante porque existem

tipos de SREs baseados em web que podem ser utilizados fora do ambiente acadêmico (Ex.:

Socrative). Foi lembrado, também, que alguma parcela da nota poderia ser atribuída às

questões do SRE. Esse processo é sugerido pela literatura para fomentar maior interesse dos

alunos pelo conteúdo e como forma de incentivar o comparecimento em sala de aula

(Caldwell, 2007; Carnaghan & Webb, 2007; Duncan, 2006; Kay & LeSage, 2009).

Observando os comentários, nota-se a pluralidade de sugestões de aplicação do recurso

tecnológico. Assim, o fornecimento deste feedback discente pode servir de base para o uso do

SRE futuramente nos processos pedagógicos da contabilidade.

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121

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O progresso tecnológico vem modificando os espaços socioculturais em que os indivíduos

estão inseridos. A tecnologia móvel e os softwares proporcionaram transformações nos

relacionamentos interpessoais, nos modos de trabalho, no comportamento humano e, de forma

geral, na qualidade de vida. A reflexão que se quer incutir é que tais tecnologias também têm

potencial para aprimorar o segmento educacional e, portanto, necessitam ser testadas.

Behn et al. (2012) consideram que o ensino superior em ciências contábeis se encontra

estagnado. Por isso, as recentes preocupações acerca da educação contábil denotam a

importância sobre a área (Apostolou et al., 2016; Behn et al., 2012; Gaviria et al., 2015;

Pathways Comission, 2012). A reformulação de métodos de ensino com o emprego de novas

tecnologias educacionais que auxiliem os docentes é necessária (Gaviria et al., 2015;

Pathways Commission, 2012). Com o desenvolvimento das tecnologias móveis, novos

padrões de aprendizagem e comportamento discente emergiram (Pathways Comission, 2012).

Assim, as novas gerações de graduandos se incomodam com a passividade da sala de aula do

ensino tradicional (Lea, 2008). Nesse sentido, os professores devem buscar abordagens de

ensino que capturem a atenção do estudante. Como tentativa de alcançar este fim, esta

pesquisa apresentou e testou, empiricamente, um dos tipos de SRE baseado em web.

De forma geral, considera-se que o presente estudo conseguiu atender aos objetivos

específicos estabelecidos. O objetivo específico (a) determina a apresentação crítica das

literaturas que sustentam as hipóteses formuladas. Isto é feito na Revisão da Literatura, na

qual as discussões sobre o SRE têm início na evolução histórica do equipamento e são

desenvolvidas até o seu uso na educação contábil. Discutiram-se os benefícios da ferramenta

que oferecem sustentação para as hipóteses de que o SRE aumenta o desempenho acadêmico

(H1) e os alunos se sentem satisfeitos (H2). Também foram debatidos os desafios do seu uso.

Submeter o SRE a um olhar crítico é fundamental para o aperfeiçoamento da sua

incorporação ao processo educacional. Dessa forma, considera-se que o objetivo específico

(a) foi atingido.

Mensurar o impacto do SRE sobre o desempenho acadêmico dos alunos constitui o objetivo

específico (b). Com base nos achados empíricos, determinou-se que o SRE não aumenta a

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122

performance discente. Em ambas as partes do quase-experimento, a comparação entre os

desempenhos finais do GT e do GC por meio de métodos estatísticos refutou a hipótese de

que o uso do SRE eleva o desempenho discente. Em complementação, os resultados dos

modelos de regressão também apontaram que o SRE não tem efeito positivo significativo

sobre o desempenho acadêmico dos alunos (sig. > 0,10). A conclusão, portanto, é de que a

hipótese H1, a qual afirma que o SRE aumenta o desempenho acadêmico dos estudantes, é

rejeitada.

O objetivo (c) diz respeito à identificação da satisfação discente com o SRE e sua relação com

os aspectos acadêmicos. A esse respeito, as questões de satisfação compiladas da literatura do

SRE foram consistentes para mensurar o construto proposto, uma vez que o Alpha de

Cronbach (0,9345) se revelou acima dos níveis de aceitação (Hair et al., 2005; Smith, 2015).

Da mesma forma, a matriz de correlação de Spearman mostrou que as questões de satisfação

estão, majoritariamente, correlacionadas entre si, sendo mais um indício de que as questões

foram consistentes para mensurar a Satisfação Geral dos alunos. Em relação aos achados, as

estatísticas descritivas apontaram que os alunos concordam com as questões de satisfação.

Para a Turma A (n = 28), salienta-se o resultado da questão 13.2 (média = 9, 68; dp = 1,02), a

qual indica que os alunos acharam as aulas com o uso do SRE mais divertidas do que o ensino

tradicional (sem o dispositivo). Já na Turma B (n = 25), o destaque vai para a questão 13.1

(média = 9,60; dp = 0,76), a qual sinalizou que os estudantes gostaram de utilizar o SRE.

Considerando as duas turmas (n = 53), enfatiza-se que os alunos gostaram de usar o SRE e

que esta ferramenta deixou as aulas mais divertidas em compração com o ensino tradicional.

Além disso, o teste U de Mann-Whitney revelou que não há diferença de satisfação entre as

Turmas A e B. Logo, esses resultados oferecem suporte à hipótese H2, a qual estabelece que

os alunos de ciências contábeis se mostram satisfeitos ao utilizar o SRE. Nesse sentido, é

plausível presumir que o estudo conseguiu identificar a satisfação discente, perfazendo-se o

objetivo específico (c).

Tendo em vista o atendimento dos objetivos específicos, considera-se que o objetivo geral do

estudo foi cumprido, dado que as análises realizadas acerca da influência do SRE sobre a

performance acadêmica e a satisfação dos graduandos em ciências contábeis foram,

plausivelmente, suficientes e direcionadas para a constatação das hipóteses anteriormente

estruturadas.

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123

No tocante às limitações do trabalho, podem ser feitas três considerações: (1) a primeira

limitação é referente ao método. O quase-experimento é menos robusto do que o experimento

por não realizar a etapa de atribuição aleatória dos participantes. Por isso, as características

dos indivíduos dos grupos podem ser, inicialmente, diferentes (Smith, 2015), implicando

problemas na interpretação do efeito do tratamento. Apesar disso, a pesquisa buscou seguir as

recomendações da literatura para se proteger das ameaças à validade do método; (2) os dados

para a análise do desempenho acadêmico foram providos pelos estudantes (ex.: sexo, idade,

tempo de estudo etc.). Por isso, os resultados dos testes de médias e dos modelos de regressão

estão limitados à veracidade dos dados declarados pelos discentes. Entretanto, deve ser

lembrado que esse é um problema que pode afetar todas as pesquisas autodeclaratórias; e (3)

por se tratar de percepção discente, a análise da satisfação esteve suscetível a vieses (ex.: halo

effect). A esse respeito, as escalas das questões do questionário foram estruturadas para não

sugerir respostas ou criar vieses. Apenas as extremidades da escala foram rotuladas para

orientar os alunos sobre o sentido das respostas. Além disso, durante o preenchimento do

questionário, não foi verificada comunicação entre os estudantes. Mesmo assim, reconhece-se

que pode ter existido viés nas respostas das questões de uso e satisfação com o SRE em

virtude da presença do professor que aplicou os questionários ou pelos alunos saberem que

estavam participando de uma pesquisa.

Como sugestões para investigações futuras, o presente estudo fornece quatro direcionamentos.

A primeira sugestão é a busca por respostas para questões relacionadas ao ensino não-

presencial, uma vez que a versão mais recente do SRE (3ª geração) pode ser utilizada à

distância. As pesquisas atuais focam apenas no ensino presencial, portanto, investigações de

uso do SRE na EaD e sua relação com a m-learning e os MOOCs (modos de aprendizagem

informal) são mais do que oportunas. Da mesma forma, incentiva-se a pesquisa sobre o uso

do SRE para designar atividades assíncronas. Estudos nesse sentido são demandados para

arquitetar modelos de educação assistidos por métodos de ensino atualizados (Apostolou et

al., 2016).

Em segundo lugar, tonifica-se o incentivo à pesquisa sobre como utilizar o SRE em diferentes

disciplinas contábeis. Premuroso et al. (2011) colocam que a performance acadêmica pode

variar consoante às características das disciplinas ou conteúdos. Isto é, o SRE pode ser

operado de modo distinto em conteúdos que envolvam maior foco em conceitos ou em

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124

tópicos que demandem habilidades de ordem prática. Posto isso, estudos visando os aspectos

das disciplinas são relevantes para trazer melhorias ao emprego do SRE.

No presente estudo, foi testado somente um tipo de SRE. Portanto, como terceira

recomendação, é interessante que se faça comparações entre os modelos e tipos dessa

tecnologia a fim de verificar a efetividade na aprendizagem discente e preferência dos alunos.

Esta comparação pode apontar qual tipo de SRE é mais eficaz no processo de educação.

Em último lugar, sugere-se a verificação dos impactos do SRE na colaboração entre os

estudantes. Dado que o SRE também permite que os quizzes sejam respondidos por grupos de

alunos, é possível que esta forma de aplicação da tecnologia seja um modo de aprendizagem

colaborativa. Por outro lado, a separação dos alunos em grupos pode, naturalmente, encorajar

competitividade para responder aos quizzes. Nesse sentido, estudar o SRE de uma perspectiva

coletiva pode ajudar a entender a colaboração entre estudantes, a qual é relevante para a

criação de modelos de aprendizagem colaborativos.

Finalmente, as implicações da presente pesquisa podem ser analisadas sob duas óticas:

acadêmica e da eficiência. Na primeira, o debate relativo às tecnologias educacionais

contribui para o aprimoramento de práticas pedagógicas. A forma de ensino é tão importante

quanto o que se ensina para se conseguir capturar a atenção discente. Quintana (2015)

argumenta que o desenho educacional deve ser pensado de forma atrativa para os graduandos

no intuito de fomentar interesse pela aprendizagem. Desse modo, a inserção de tecnologias no

processo educativo é essencial, sobretudo, aquelas utilizadas cotidianamente pelos estudantes

(Cheong et al., 2012). Assim, professores podem usar o SRE para desenvolver atividades

cujos objetivos educacionais estão de acordo com os seus benefícios. Para citar algumas,

promover maior interatividade em sala por meio dos quizzes, aproveitar o anonimato das

respostas discentes para elaborar questões de escolha e julgamento de procedimentos

contábeis e testar o conhecimento discente sobre os tópicos recentemente explicados.

Entretanto, os docentes devem ter em mente que, consoante os achados do presente estudo, o

desempenho acadêmico discente não estará sendo aumentado.

Da visão de eficiência, Pike (1991) declara que a satisfação é um fator de retenção e

persistência dos alunos nos cursos. Ao constatar que os estudantes se mostram satisfeitos ao

usar o SRE, instituições de ensino, públicas e privadas, podem fazer uso desta ferramenta com

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a intenção de reter os estudantes. A diminuição da evasão permite uso mais eficiente dos

recursos, em particular dos custos fixos incorridos na oferta de disciplinas e cursos. Dado que

o SRE baseado em web testado na pesquisa tem custo muito reduzido, este recurso pode ser

uma oportunidade de proporcionar aos estudantes um ambiente diferenciado tendo como

fundamento atividades interativas. Por isso, embora o SRE não tenha impacto positivo no

desempenho acadêmico, o seu uso é defensável no que se refere à satisfação discente.

Portanto, as implicações para o ensino contábil quanto à utilização do SRE recaem sobre o

alinhamento entre os benefícios oferecidos pelo equipamento e uma sólida definição dos

objetivos educacionais, sem o qual o seu emprego não se justifica e, por conseguinte, os

resultados esperados podem não ser alcançados. Nesse sentido, a reflexão acerca do uso do

SRE deve ser contínua, de modo a permitir maior entendimento sobre a contribuição deste

recurso tecnológico para o desenvolvimento da educação.

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126

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134

ANEXO I – Periódicos nacionais considerados na busca bibliográfica sobre o SRE

Periódico Instituição Qualis

Advances in Scientific and Applied Accounting ANPCONT B3

Brazilian Business Review FUCAPE/ES B1

Revista Contabilidade & Finanças FEA/USP A2

Base UNISINOS/RS B2

Contabidade Vista & Revista UFMG/MG B1

Custos e @gronegócio on line UFRPE B2

Revista Brasileira de Gestão de Negócios FECAP/SP A2

Revista Contemporânea de Contabilidade UFSC/SC B1

Revista de Contabilidade e Organizações FEARP/USP B1

Revista Mineira de Contabilidade CRC-MG B5

Revista Universo Contábil FURB/SC B1

Contabilidade Gestão e Governança UnB B4

Revista de Administração, Contabilidade e Economia UNOESC/SC B3

Revista Ambiente Contábil UFRN B3

Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade Abracicon/DF B3

Revista Enfoque: Reflexão Contábil UEM/PR B1

Sociedade, Contabilidade e Gestão PPGCC/UFRJ B3

ConTexto UFRGS B3

Pensar Contábil CRC/RJ B4

Revista de Administração, Contabilidade e Economia da

FUNDACE FUNDACE -

Revista de Contabilidade e Controladoria UFPR/PR B4

Registro Contábil UFAL B3

Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis UERJ/RJ B5

Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade UNEB -

Revista de Informação Contábil UFPE/PE B5

Revista do Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e

Contábeis FURG/RS -

Revista da Associação Brasileira de Custos Associação Brasileira de Custos B4

Revista de Administração, Contabilidade e Sustentabilidade UFCG - CCJS/UACC B3

Revista Catarinense da Ciência Contábil CRC/SC B3

Revista de Contabilidade da UFBA UFBA/BA B4

Revista de Estudos Contábeis UEL/PR -

CAP Accounting and Management UTFPR -

Revista Brasileira de Contabilidade CFC C

Revista de Administração e Contabilidade da FAT Faculdade Anísio Teixeira -

Revista de Gestão e Contabilidade da UFPI UFPI B4

Revista Evidenciação Contábil UFPB -

Práticas em Contabilidade e Gestão Mackenzie B4

Fonte: http://www.anpcont.org.br/periodicos-de-contabilidade, acesso em 19/06/2016.

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135

ANEXO II – Plano de atividade acadêmica (PAA)

Centro: CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ANO LETIVO

Departamento: Departamento de Ciências Contábeis 2016

CÓDIGO NOME

XXXX Contabilidade de Entidades Diversas

CURSO SÉRIE

CIÊNCIAS CONTÁBEIS 4ª

CARGA HORÁRIA

SEM. DE OFERTA

HABILITAÇÃO(ÕES)

T P TOTAL

60 - 60 X ANUAL 1º X 2º X

SEMESTRAL

1 - EMENTA

Aspectos contábeis específicos de entidades de fins econômicos e ou ideais.

2 - OBJETIVO(S)

Dar ao aluno os conhecimentos básicos e práticos da contabilidade aplicada às entidades dos ramos imobiliário,

médico/hospitalar e de agronegócio.

3 - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

3.1 – CONTABILIDADE DO AGRONEGÓCIO

3.1.1 – Definição de Agronegócio, Empresas Rurais, Formas Jurídicas na Exploração, Conceitos Básicos

e Nomenclaturas na Agricultura e Pecuária.

3.1.2 – Plano de Contas na Atividade Agrícola e Pecuária. Fluxo Contábil na Atividade Agrícola.

Contabilidade pelo método de Custo e Valor Justo.

3.1.3 – Contabilidade Agrícola. Culturas Temporárias. Culturas Permanentes. Ano Agrícola e Exercício

Social. Depreciação, Exaustão e Amortização.

3.1.4 – Contabilidade Pecuária. Plano de Contas. Classificação do Gado. Cálculo do Custo do Bezerro.

Reconhecimento de Receita, Custo e Despesa. Mortes de animais previstas e anormais.

3.2 – CONTABILIDADE MÉDICO/HOSPITALAR

3.2.1 – Organização operacional e administrativa das empresas médico/hospitalares. Tributos incidentes

na atividade.

3.2.2 – Registro de operações típicas das empresas médico/hospitalares, compreendendo, Plano de

Contas, Subscrição e integralização de capital, Despesas de constituição e organização da

empresa, Aquisição de Imobilizado, Receitas e despesas, inclusive depreciações e amortizações

pelo regime de competência mensal, apuração de custos dessa atividade. Gestão de Custos e

Departamentalização aplicada em empresas do ramo hospitalar.

3.3 - CONTABILIDADE APLICADA A CONSTRUÇÃO CIVIL E IMOBILIÁRIA

3.3.1 - Abordagem Contábil Sobre Custos e Receitas na Atividade de Construção Civil

3.3.2 - Plano de Contas Aplicado à Atividade de Construção Civil

3.3.3 - Plano de Contas e Contabilização aplicada na Atividade Imobiliária

3.3.4 - Regimes de Tributação e Patrimônio de Afetação

3.3.5 - Pronunciamento CPC 17 x CPC 30

3.3.6 - Normas Internacionais de Contabilidade Aplicada ao Setor Imobiliário

3.4 - CONTABILIDADE APLICADA A INDÚSTRIA

3.4.1 - Plano de Contas Aplicado à Atividade Industrial.

3.4.2 - Fluxo Contábil na Atividade Industrial.

3.4.3 - Compra da Matéria-Prima, Material de Embalagem e Demais Materiais, Recuperação de

Impostos, Custo do Material Adquirido e Requisições para Produção. Controles Analíticos de

Estoques.

3.4.4 - Mão-de-obra Direta e Indireta e sua Apropriação ao Custo de Produção.

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136

3.4.5 - Registro do Fluxo de Custos pelos Departamentos, da Produção em Andamento e da Produção

Concluída.

3.4.6 - Registro das Vendas e Custo das Vendas.

3.4.7 - Custeio por Ordem e por Processo.

3.4.8 - Demonstrações Contábeis: Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado.

4 - PROCEDIMENTOS DE ENSINO

4.1 – PROCEDIMENTOS DE ENSINO

Aulas expositivas, atividades síncronas e assíncronas, pesquisa bibliográfica, exercícios práticos, trabalhos e

participação de equipes em sala de aula.

4.2 – ATIVIDADES DISCENTES

Os alunos executarão trabalhos de pesquisa bibliográfica, estudos de caso, aulas e exercícios assíncronos

eintensivos exercícios práticos de métodos contábeis.

5 – CRONOGRAMA

Encontro Horas

Aula

C/H

Acumulada Conteúdo Programático Metodologia/ Recursos

1 2 2

Aula inaugural. Entrega, apresentação e análise do

Plano de Atividade Acadêmica. Estabelecimento

das metodologias e avaliações. Revisão Geral de

Conhecimentos Contábeis.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

2 2 4

Introdução a Contabilidade Industrial. Plano de

Contas. Generalidades, Estrutura e Funcionamento

de uma indústria. Suas Diferenças com a

Contabilidade Comercial e Contabilidade de

Custos. Fluxo Contábil na Atividade Industrial.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

3 2 6

Matéria-prima: compra, recuperação de impostos,

cálculo do custo unitário do material adquirido.

Requisição para produção. Controles Analíticos

para estoque. Lançamentos Contábeis e apuração

das demonstrações contábeis.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

4 2 8

Mão-de-obra Direta e Indireta e sua Apropriação ao

Custo de Produção. Lançamentos Contábeis e

apuração das demonstrações contábeis.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

5 2 10

Registro do Fluxo de Custos pelos Departamentos,

da Produção em Andamento e da Produção

Concluída. Registro das Vendas e Custo das

Vendas. Lançamentos Contábeis e apuração das

demonstrações contábeis.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

6 2 12

Custeio por Ordem e por Processo.Contabilização

de empresa industrial. Lançamentos contábeis e

apuração das demonstrações.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

7 2 14 Contabilização de empresa industrial. Lançamentos

contábeis e apuração das demonstrações.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

8 2 16 Avaliação Bimestral Prova Individual

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137

9 2 18

Vista de Prova. Definição de Atividade Rural e

Empresas Rurais. Atividades agrícola, zootécnica e

agroindustrial; ano agrícola. Introdução à Atividade

Agrícola. Contabilidade Agrícola. Terminologia na

área agrícola. Classificação em Culturas

Temporárias e Culturas Permanentes. Exercícios

Práticos.

Vista de prova. Aula

Expositiva e Exercícios

Práticos.

10 2 20

Formação dos Ativos Biológicos (planta e fruto) na

Cultura Permanente pelo método de custo.

Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

11 2 22

Reconhecimento de Receitas, Custos e Despesas na

Cultura permanente pelo método de custo.

Exercícios Práticos

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

12 2 24

Análise da Contabilização de Cultura Permanente

pelo Valor Justo. Exercícios Práticos. Revisão dos

Conteúdos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

13 2 26

Contabilização da Cultura Temporária pelo método

de Custo. Reconhecimento de Receitas, Custos e

Estoque. Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

14 2 28

Aplicação da Demonstração de Fluxo de Caixa na

Atividade de Cultura Temporária pelo método de

Custo. Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

15 2 30 Cultura temporária pelo Valor Justo, Revisão dos

conteúdos e Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos. Uso

do SRE.

16 2 32 Avaliação Bimestral Prova Individual

17 2 34 Vista de Prova

Aula Expositiva e

Análise individual da

prova.

18 2 36

Atividade Pecuária pelo método de custo:

Aquisição de matrizes e touros e sua depreciação.

Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

19 2 38

Contabilização do custo dos rebanhos de bezerros e

novilhos na cria, recria e engorda. Exercícios

Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

20 2 40 Contabilização pelo método de custo dos estoques e

custo do rebanho. Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

21 2 42 Reconhecimento de Receitas e Custos pelo método

de custo na Atividade Pecuária. Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

22 2 44 Atividade Pecuária pelo Valor Justo. Formação dos

estoques a valor justo. Exercícios práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

23 2 46 Reconhecimento de Receitas e Custos pelo valor

justo na Atividade Pecuária. Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

24 2 48 Pecuária a método de custo e método do valor justo.

Exercícios Práticos de comparação.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

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138

25 2 50 Avaliação Bimestral Prova Individual

26 2 52 Vista de Prova e Introdução a Atividade

médico/hospitalar.

Aula Expositiva, Análise

Individual da Prova,

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

27 2 54

Organização operacional e administrativa das

empresas médico/hospitalares. Tributos incidentes

na atividade. Gestão de Custos aplicados nas

atividades hospitalares. Exercícios Práticos

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

28 2 56

Exercícios Práticos sobre departamentalização e

formação do preço de venda em entidades

hospitalares. Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

29 2 58

Contratos de Construção: Contabilização e

reconhecimento de receitas pelo Percentual de

Execução da Obra (POC). Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

30 2 60 Reconhecimento dos Custos nos Contratos de

Construção. Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

31 2 62

Contabilidade aplicada à Incorporação Imobiliária:

Reconhecimento da Receita (CPC 17 x CPC 30).

Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

32 2 64

Reconhecimento dos Custos na Incorporação

Imobiliária: Custos de unidades já concluídas e

unidades em construção. Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

33 2 66

Normas Internacionais de Contabilidade Aplicada

ao Setor de Incorporação Imobiliária. Exercícios

Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

34 2 68

Regime tributário aplicável. Regime especial de

tributação. Sociedade de Propósito Específico.

Patrimônio de Afetação. Revisão dos Conteúdos.

Exercícios Práticos.

Aula Expositiva e

Exercícios Práticos.

35 2 70 Avaliação Bimestral Prova Individual

36 2 72 Vista de Prova

Aula Expositiva e

Análise individual da

prova.

6 - FORMAS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Avaliação mediante provas escritas individuais.

Média Final = (1ª nota + 2ª nota + 3ª nota + 4ª nota) / 4

Média Final ≥ 6,0 = aprovação;

Média Final < 6,0 = reprovação (não tem exame).

Presença mínima de 75%.

7 - BIBLIOGRAFIA BÁSICA

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de

Contabilidade Societária: Aplicável a todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC.

2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

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139

MARION, José Carlos. Contabilidade Rural: Contabilidade Agrícola, Contabilidade da Pecuária e Imposto de

Renda Pessoa Jurídica. 14 ed. São Paulo: Atlas, 2014.

8 - BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

IUDICIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

SANTOS, Cleônimo dos. Contabilidade na Atividade Imobiliária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

SCHERRER, Alberto Manoel. Contabilidade Imobiliária: Abordagem Sistêmica, Gerencial e Fiscal. 4. ed. São

Paulo: Atlas, 2015.

SOUSA, Edmilson Patrocínio de. Contabilidade de Contratos de Construção e de Incorporação Imobiliária:

De Acordo com as IFRS. São Paulo: Atlas, 2015.

SOUZA, Antonio Artur de. Gestão Financeira e de Custos em Hospitais. São Paulo: Atlas, 2013.

Professores responsáveis pelo plano:

________________________________

Prof. XXXXXX

Chapa: XXXXXXX

Aprovado pelo Depto. em ___/___/___ Aprovado pelo Colegiado em ___/___/___

______________________________ ______________________________

Assinatura do Chefe do Departamento Assinatura do Coord. do Colegiado

* Itens correspodentes ao programa oficial a ser cadastrado na PROGRAD (antiga CAE).

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140

APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido (Teste-piloto: aluno)

Prezado aluno(a):

Você está sendo convidado(a) a participar do teste-piloto vinculado à dissertação de mestrado de Vitor

Hideo Nasu, sob orientação do Prof. Dr. Luís Eduardo Afonso, do Programa de Pós-graduação em

Controladoria e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), intitulada: “O uso de dispositivos

remotos digitais em sala de aula: um quase-experimento com alunos de ciências contábeis”.

Objetivo e metodologia: Este trabalho visa investigar a influência do Sistema de Resposta do

Estudante (SRE) sobre o desempenho acadêmico e a satisfação dos discentes de contabilidade. O SRE

é uma tecnologia de perguntas e respostas que permite maior interação e discussão em sala. O método

da pesquisa consiste em um experimento com duração de aproximadamente 5 encontros (aulas) da

disciplina de Contabilidade de Entidades Diversas. Para a coleta de dados será aplicado um

questionário ao final do experimento. As questões estarão relacionadas ao perfil do estudante (sexo,

idade etc.) e ao SRE. Em adição, serão utilizados os relatórios do aplicativo, bem como serão

acessadas as pautas do professor para coletar outros dados, como nota e frequência nas aulas.

Sigilo: De acordo com os padrões éticos da pesquisa científica, o autor assegura o total sigilo dos

participantes e das informações obtidas. Os resultados serão divulgados de forma agregada e que não

permitam a identificação e/ou vinculação das respostas aos seus respondentes. Todos os dados serão

utilizados exclusivamente para fins acadêmicos.

Participação, risco e benefício: Sua participação consiste em trazer o seu celular e utilizar o SRE

durante o experimento. Todas as instruções de uso do desta tecnologia serão fornecidas e quaisquer

dúvidas de manuseio poderão ser esclarecidas pelo professor ou pelo pesquisador. Você pode decidir

não participar deste teste-piloto, por qualquer razão, sem qualquer penalidade. Sua escolha em

participar ou não deste projeto não impactará seu trabalho ou status junto a esta universidade. Você

também é livre para não responder qualquer pergunta que não queira. Ressalta-se que sua participação

é voluntária e muito valiosa, pois estará contribuindo com futuros professores e estudantes de

contabilidade que poderão usufruir desta pesquisa em termos de metodologia de ensino.

Autorização: Compreendo o conteúdo na íntegra deste Termo de Consentimento e aceito participar

desta pesquisa. Também autorizo o pesquisador a coletar os dados necessários e a divulga-los sob a

forma descrita na seção “Sigilo”. Tenho plena consciência de que posso entrar em contato com o

pesquisador a qualquer momento para maiores esclarecimentos sobre este trabalho. Ciente disso,

assino abaixo:

___________________________ ___________________________

Nome Assinatura

Cidade, __________ de ______________________ de _____________.

Contatos:

Vitor Hideo Nasu Luís Eduardo Afonso

Mestrando em Controladoria e Contabilidade Professor Associado

Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo

[email protected] [email protected]

(43)96681740

Page 141: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA ... · questionário que compreendeu questões sobre o perfil socioeconômico dos discentes e acerca do uso (14 questões) e satisfação

141

APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido (Fase experimental: alunos)

Prezado aluno(a):

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa da dissertação de mestrado de Vitor Hideo Nasu, sob orientação

do Prof. Dr. Luís Eduardo Afonso, do Programa de Pós-graduação em Controladoria e Contabilidade da Universidade

de São Paulo (USP), intitulada: “O uso de dispositivos remotos digitais em sala de aula: um quase-experimento com

alunos de ciências contábeis”.

OBJETIVO E METODOLOGIA

Este trabalho visa investigar a influência do Sistema de Resposta do Estudante (SRE) sobre o desempenho acadêmico

e a satisfação dos alunos de ciências contábeis. A pesquisa consiste em um experimento com duração de dois bimestres

e irá conter uma avaliação inicial com o intuito de verificar o conhecimento prévio dos discentes. Para a coleta de

dados, será aplicado um questionário para cada participante. As questões estarão ligadas ao perfil do estudante e ao uso

do SRE. Em adição, serão acessados a pauta do professor e os relatórios gerados pelo SRE para coletar dados

complementares.

SIGILO

De acordo com os padrões éticos da pesquisa científica, o autor assegura o total sigilo dos participantes e das

informações obtidas. Os resultados serão divulgados agregadamente, de maneira que não permitam a identificação

e/ou vinculação das respostas aos seus respondentes. Todos os dados serão utilizados exclusivamente para fins

acadêmicos.

PARTICIPAÇÃO, RISCOS E BENEFÍCIOS

Sua participação consiste em utilizar o SRE durante o experimento. Todas as instruções de uso desta tecnologia serão

fornecidas e quaisquer dúvidas poderão ser esclarecidas pelo professor ou pelo pesquisador. Você pode decidir não

participar desta pesquisa, por qualquer razão, sem qualquer penalidade. Sua escolha em participar ou não deste estudo

não impactará a sua situação junto a esta universidade. Você também é livre para não responder qualquer pergunta que

não queira. Ressalta-se que sua participação é voluntária e muito valiosa, pois estará contribuindo com futuros

professores e estudantes de contabilidade que poderão usufruir desta pesquisa para aprimorar suas aulas e sua

metodologia de ensino.

AUTORIZAÇÃO

Compreendo o conteúdo na íntegra deste Termo de Consentimento e aceito participar desta pesquisa. Também

autorizo o pesquisador a coletar os dados necessários e a divulgá-los, exclusivamente para fins acadêmicos, sob a

forma descrita na seção “Sigilo”. Tenho plena consciência de que posso entrar em contato com o pesquisador a

qualquer momento para maiores esclarecimentos sobre este trabalho. Ciente disso, assino abaixo:

___________________________________ ___________________________________

Nome Assinatura

Cidade, __________ de ______________________ de _____________.

Em caso de interesse pelo recebimento eletrônico dos resultados desta pesquisa, favor informar o e-mail para contato:

_________________________________________________________________________________.

Contato:

Vitor Hideo Nasu Luís Eduardo Afonso

Mestrando em Controladoria e Contabilidade Professor Associado

Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo

[email protected] [email protected]

(43)96681740

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142

APÊNDICE C – Termo de consentimento livre e esclarecido: Professor

Prezado professor(a):

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa da dissertação de mestrado de Vitor Hideo Nasu, sob orientação

do Prof. Dr. Luís Eduardo Afonso, do Programa de Pós-graduação em Controladoria e Contabilidade da Universidade

de São Paulo (USP), intitulada: “O uso de dispositivos remotos digitais em sala de aula: um quase-experimento com

alunos de ciências contábeis”.

OBJETIVO E METODOLOGIA

Este trabalho visa investigar a influência do Sistema de Resposta do Estudante (SRE) sobre o desempenho acadêmico

e a satisfação dos alunos de ciências contábeis. A pesquisa consiste em um teste-piloto com duração de

aproximadamente cinco encontros e, posteriormente, um experimento com duração de dois bimestres. Neste estudo, o

docente não é o objeto de pesquisa, logo, não haverá questionário a ser respondido por ele. Apesar disso, solicita-se a

colaboração para que o pesquisador tenha acesso às pautas das aulas para coletar dados.

SIGILO

De acordo com os padrões éticos da pesquisa científica, o autor assegura o total sigilo dos participantes e das

informações obtidas. O nome do docente não será citado no estudo sob nenhuma circunstância. Todos os dados serão

utilizados exclusivamente para fins acadêmicos.

PARTICIPAÇÃO, RISCOS E BENEFÍCIOS

Sua participação consiste em conduzir as aulas tendo como material de apoio o SRE. As instruções de uso desta

tecnologia serão fornecidas pelo pesquisador. Você pode decidir não participar desta pesquisa, por qualquer razão, sem

qualquer penalidade. Não haverá ônus ou compensação monetária. Sua escolha em participar ou não deste estudo não

impactará a sua situação junto a esta instituição. Você também é livre para não responder qualquer pergunta que não

queira. Ressalta-se que sua participação é voluntária e muito valiosa, pois estará contribuindo com futuros professores

e estudantes de contabilidade que poderão usufruir desta pesquisa para aprimorar suas aulas e sua metodologia de

ensino.

AUTORIZAÇÃO

Compreendo o conteúdo na íntegra deste Termo de Consentimento e aceito participar desta pesquisa. Também

autorizo o pesquisador a coletar os dados necessários e a divulgá-los sob a forma descrita na seção “Sigilo”. Tenho

plena consciência de que posso entrar em contato com o pesquisador a qualquer momento para maiores

esclarecimentos sobre este trabalho. Ciente disso, assino abaixo:

___________________________________ ___________________________________

Nome Assinatura

Cidade, __________ de ______________________ de _____________.

Em caso de interesse pelo recebimento eletrônico dos resultados desta pesquisa, favor informar o e-mail para contato:

______________________________________________________________________________________________.

Contato:

Vitor Hideo Nasu Luís Eduardo Afonso

Mestrando em Controladoria e Contabilidade Professor Associado

Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo

[email protected] [email protected]

(43)96681740

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143

APÊNDICE D – Declaração: Chefe do Departamento

DECLARAÇÃO

Declaro que me foi apresentado o projeto de pesquisa intitulado “O uso de dispositivos

remotos digitais em sala de aula: um quase-experimento com alunos de ciências

contábeis” do aluno Vitor Hideo Nasu, sob a orientação do Prof. Dr. Luís Eduardo

Afonso, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de

São Paulo (FEA/USP) no dia 13/01/2016, data inicial do teste-piloto. Ciente disso,

autorizo o uso dos dados obtidos junto a esta instituição, bem como a sua divulgação

visando o fim acadêmico.

___________________________________ Chefe do Departamento de Ciências Contábeis

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144

APÊNDICE E – Questionário: Teste-piloto

Perfil do estudante

1 Sexo:

( ) Masculino

( ) Feminino

2 Idade:

___________ anos.

3 Quantas horas de estudo semanalmente você dedica a esta disciplina?

___________ horas/semana.

4 Você trabalha ou faz estágio atualmente?

( ) Trabalho

( ) Faço estágio

( ) Não trabalho nem faço estágio

5 Qual a escolaridade de seu pai?

( ) Sem alfabetização

( ) Ensino fundamental I (1º ao 5º ano)

( ) Ensino fundamental II (6º ao 9º ano)

( ) Ensino médio completo

( ) Ensino superior completo

( ) Pós-graduação

6 Qual a escolaridade de sua mãe?

( ) Sem alfabetização

( ) Ensino fundamental I

( ) Ensino fundamental II

( ) Ensino médio

( ) Ensino superior

( ) Pós-graduação

7 Possui formação técnica em contabilidade?

( ) Sim

( ) Não

8 Renda familiar:

( ) até R$880,00 (até 1 salário mínimo)

( ) de R$880,01 a R$2.640,00 (1 a 3 salários mínimo)

( ) de R$2.640,01 a R$4.400,00 (3 a 5 salários mínimo)

( ) Acima de R$4.400,00 (acima de 5 salários mínimo)

9 Já havia utilizado o SRE em ocasião prévia a este experimento?

( ) Sim

( ) Não

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145

Utilização do Sistema de Resposta do Estudante (SRE)

Atribua uma nota de 1 (Discordo Totalmente) a 10 (Concordo Totalmente) para as frases

abaixo:

Número Frase Nota

10 O SRE é de uso fácil.

11 O SRE me ajudou como material didático.

12 O SRE tornou a aula mais interativa.

13 O SRE foi benéfico à minha aprendizagem.

14 O SRE deveria SRE utilizado em outras disciplinas.

15 O uso do SRE aumentou minha facilidade de aprendizagem em relação à

disciplinas que não o usam.

16 Creio que a minha nota na prova foi melhor do que o esperado devido ao

uso do SRE.

17 O uso do SRE em todas as aulas me ajudou a permanecer focado.

18 Permaneci mais ativamente envolvido nas aulas devido ao uso do SRE.

19 Tentei o meu melhor para acertar as questões.

20 Tive dificuldades de entender as questões do SRE.

21 A utilização do SRE me motivou a comparecer às aulas.

Satisfação e Adequação do Sistema de Resposta do Estudante (SRE)

Atribua uma nota de 1 (Discordo Totalmente) a 10 (Concordo Totalmente) para as frases

abaixo:

Número Frase Nota

22 A quantidade de questões aplicadas com o auxílio do SRE foi adequada.

23 O tempo para responder as questões foi satisfatório.

24 Sinto-me satisfeito com as questões elaboradas para o uso com o SRE.

25 As instruções fornecidas foram satisfatórias para o manuseio adequado do

SRE.

26 O SRE como material didático se revelou adequado.

27 O SRE como ferramenta interativa se revelou adequado.

28 A competição proporcionada pelo SRE aumentou minha satisfação em

relação as aulas tradicionais.

29 A minha satisfação com a disciplina aumentou devido ao uso do SRE.

30 Estou satisfeito com a integração do SRE à disciplina.

31 Estou satisfeito com a utilização do SRE.

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146

APÊNDICE F – Questionário: Fase Experimental

Nome:_______________________________________________ Matrícula:____________________

Informações do acadêmico

1 Gênero:

( ) Masculino

( ) Feminino

2 Idade:

_______________ anos.

3 Em média, quanto tempo de estudo você dedicou a esta disciplina por semana (extra-sala de aula)?

1º Bimestre:__________ horas e _________ minutos, por semana.

2º Bimestre:__________ horas e _________ minutos, por semana.

4 Você trabalha ou faz estágio atualmente?

( ) Trabalho.

( ) Faço estágio.

( ) Não trabalho e nem faço estágio.

5 Qual o nível de escolaridade de seu pai?

( ) Sem alfabetização.

( ) Ensino fundamental I (1º ao 5º ano).

( ) Ensino fundamental II (6º ao 9º ano).

( ) Ensino médio.

( ) Ensino superior.

( ) Pós-graduação.

6 Qual o nível de escolaridade de sua mãe?

( ) Sem alfabetização.

( ) Ensino fundamental I (1º ao 5º ano).

( ) Ensino fundamental II (6º ao 9º ano).

( ) Ensino médio.

( ) Ensino superior.

( ) Pós-graduação.

7 Qual a sua Média Acumulada Geral (MGA) até o presente momento?

_____________________________ pontos.

8 Renda familiar mensal:

( ) até R$880,00 (até 1 salário mínimo).

( ) de R$880,01 a R$2.640,00 (1 a 3 salários mínimo).

( ) de R$2.640,01 a R$4.400,00 (3 a 5 salários mínimo).

( ) Acima de R$4.400,00 (acima de 5 salários mínimo).

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147

Utilização do Sistema de Resposta do Estudante (SRE)

9 Você já havia utilizado o SRE antes desta pesquisa?

( ) Sim.

( ) Não.

10 O uso do SRE alterou os seus hábitos de estudo? Se sim, descreva como.

( ) Sim ( ) Não

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________.

11 Deixar de usar o SRE no 2º bimestre afetou a minha dedicação em relação à disciplina? Se sim,

descreva como. (Questão aplicada apenas ao GT do 1º bimestre [Turma B]).

( ) Sim ( ) Não

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________.

12 Atribua uma nota de 0 (Discordo Totalmente) a 10 (Concordo Totalmente) às afirmações abaixo:

Obs: SRE = Kahoot!

Questão Afirmação Nota

12.1 O SRE é de uso fácil.

12.2 O SRE me ajudou como recurso didático.

12.3 O SRE tornou a aula mais interativa em relação às aulas tradicionais.

12.4 O SRE foi benéfico à minha aprendizagem.

12.5 O SRE deveria ser utilizado em outras disciplinas.

12.6 O SRE aumentou a minha facilidade de aprendizagem em relação às disciplinas que não o

utilizam.

12.7 O uso do SRE me ajudou a permanecer concentrado(a) nas aulas.

12.8 Permaneci mais ativamente envolvido nas aulas devido ao uso do SRE.

12.9 Não tive dificuldades de entender as questões aplicadas com o auxílio do SRE.

12.10 A utilização do SRE me encorajou a comparecer mais às aulas.

12.11 O SRE aumentou à minha motivação nas aulas.

12.12 A quantidade de questões aplicadas com o auxílio do SRE foi adequada.

12.13 O tempo para responder as questões foi satisfatório.

12.14 As instruções fornecidas foram adequadas para o manuseio do SRE.

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Satisfação com o Sistema de Resposta do Estudante (SRE)

13 Atribua uma nota de 0 (Discordo Totalmente) a 10 (Concordo Totalmente) às afirmações abaixo:

Obs: SRE = Kahoot!

Questão Afirmação Nota

13.1 Gostei de usar o SRE.

13.2 O SRE tornou a aula mais divertida em relação às aulas tradicionais.

13.3 Estou satisfeito(a) com as questões elaboradas para o uso com o SRE.

13.4 Estou satisfeito(a) com o SRE como recurso de ensino.

13.5 A minha satisfação com a disciplina aumentou devido ao uso do SRE.

13.6 A competição proporcionada pelo SRE aumentou a minha satisfação em relação às aulas

tradicionais.

13.7 Estou satisfeito(a) com a interatividade proporcionada pelo SRE.

13.8 Tive uma impressão positiva acerca do uso do SRE no ensino de contabilidade.

13.9 Estou satisfeito(a) com a incorporação do SRE à disciplina.

13.10 Estou satisfeito(a) com a utilização do SRE.

Fique à vontade para fazer comentários, sugestões e críticas gerais sobre a pesquisa:

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