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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA João Vitor Sanches Fogaça Utilização da ferramenta QC Story para redução do consumo de água em torres de resfriamento do tipo contracorrente Lorena 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

João Vitor Sanches Fogaça

Utilização da ferramenta QC Story para redução do consumo de água em

torres de resfriamento do tipo contracorrente

Lorena

2013

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

João Vitor Sanches Fogaça

Utilização da ferramenta QC Story para redução do consumo de água em

torres de resfriamento do tipo contracorrente

Monografia apresentada à Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade

de São Paulo como requisito parcial para

obtenção do título de Engenheiro

Químico.

Área de Concentração: Fenômeno de

Transporte e Engenharia Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio

Carvalho Pereira

Lorena

2013

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

Assessoria de Documentação e Informação

Escola de Engenharia de Lorena – USP

Sanches Fogaça, João Vitor

Utilização da ferramenta QC Story para redução do consumo de água em

torres de resfriamento do tipo contracorrente/ João Vitor Sanches Fogaça;

Orientador: Marco Antonio Carvalho Pereira. – Lorena 2013.

Monografia apresentada na disciplina de TCC II da Escola de Engenharia

de Lorena, Universidade de São Paulo, como requisito parcial para a conclusão

de Graduação do Curso de Engenharia Química.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Célia Regina Sanches Jorqueira Prado e José Luiz Prado, pelo

amor e educação a mim dados e pelo apoio incondicional em todas as decisões

que tomei. Obrigado por sempre demonstrarem força perante desafios, me

ensinado a jamais desistir de nossos sonhos.

Aos meus irmãos Bruno Sanches Fogaça e Danilo Sanches Fogaça. Obrigado por

me ajudarem em todos os momentos.

À minha amiga e companheira, Maria Carolina Lasso dos Santos, que apesar da

distância, sempre esteve ao meu lado, me apoiando e me motivando a ser uma

pessoa e um profissional cada vez melhor.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira, por me apoiar nas

minhas escolhas e me ajudar no direcionamento do meu projeto.

Aos meus companheiros e colegas de trabalho, Luís Michelam e Janaina Vargas,

pelo suporte fornecido para o meu aprendizado durante o ano e pela oportunidade

da realização do projeto, bem como pela contribuição na implementação do

mesmo.

Aos meus amigos, André Zanetti Abud, Caio Hespanhol, Tiago Siroma, Rafael

Tebecherani e Lucas Bernar, que por seis anos se tornaram minha segunda

família, obrigado pelas risadas e companheirismo durante esta grande jornada.

EPÍGRAFE

Quando a mudança é aguda, a solução é crônica.

Mario Persona

RESUMO

SANCHES FOGAÇA, J. V. Utilização da ferramenta QC Story para redução do

consumo de água em torres de resfriamento do tipo contracorrente. 2013.

Projeto de Monografia – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2013.

As torres de resfriamento são equipamentos utilizados para o resfriamento de

água industrial, como de instalações de refrigeração e trocadores de calor. Uma

torre é essencialmente uma coluna de transferência de massa e calor, projetada

de forma a permitir uma grande área de contato entre correntes de ar e água,

obtidas mediante a aspersão do líquido e forçando a passagem de ar. Embora

exerça um papel fundamental nas condições básicas operacionais de um

processo, é um equipamento que possui pouca atenção dentro de uma planta

fabril, sendo avaliado apenas durante as fases de projeto e comissionamento.

Este trabalho, classificado como uma pesquisa-ação, é focado na busca de

oportunidades de redução no consumo de água das torres de resfriamento de

uma empresa alimentícia como estratégia de sustentabilidade. Para tal estudo foi

escolhida a ferramenta de gestão chamada Quality Control Story (QC Story) ou

Estória do Controle de Qualidade, desenvolvido em doze passos para resolução

de perdas classificadas como crônicas. Pode-se constatar a efetividade da

metodologia e ferramenta aplicada através dos resultados obtidos, como a

redução de 53,13% da água potável utilizada na reposição e o gasto total em

produtos químicos para tratamento deste recurso natural. Além disso, possibilitou

um amplo conhecimento da estrutura organizacional da empresa e seu modo de

atuação no processo de produção.

Palavras-chave: QC Story Melhoria Contínua, Torres de Resfriamento em

Contracorrente, Sustentabilidade.

ABSTRACT

SANCHES FOGAÇA, J. V. Application of the QC Story methodology to reduce

the water consumption in counter flow cooling towers. In 2013. Monograph

Project – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2013.

Cooling towers are equipment used for cooling industrial water, as heat

exchangers. A tower is, essentially, a transfer heat and mass column, designed to

allow a large contact area between a water and air flow, obtained by spraying the

liquid and forcing the passage of air. While the cooling towers carry out a

fundamental role in the basic operating conditions of a process, is a device that

has little attention within a manufacturing plant, being evaluated only during the

design and commissioning phases. This work, categorized as an action research,

is focused on the search for opportunities to reduce the water consumption in the

cooling towers of a food company as a sustainability strategy. It was chosen for

this study a management tool called Quality Story Control (QC Story), developed

in twelve steps to reduce and minimize losses classified as chronic losses. The

methodology effectiveness and tools applied were confirmed by the results

obtained, with the reduction of 53.13% of the potable water used in these

equipment and total spending on chemicals to treat this resource. Furthermore, it

allowed a great knowledge of the company’s organization structure and how it is

applied in the production process.

Keywords: QC Story, Continuous Improvement, Counter Flow Cooling Towers,

Sustainability.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Engº Han Joachim Balcke (VETTOR, 2012) ____________________ 15

Figura 2. Fluxo de massa em torre de corrente cruzada com ar aspirado (ALPINA,

1978) __________________________________________________________ 18

Figura 3 - Aspecto exterior de uma torre de corrente cruzada com ar aspirado

(ALPINA, 1978) __________________________________________________ 19

Figura 4 - Fluxo de massa de uma torre contracorrente de ar insuflado (ALPINA,

1978). __________________________________________________________ 20

Figura 5 - Aspecto exterior de uma torre contracorrente de ar insuflado (ALPINA,

1978) __________________________________________________________ 20

Figura 6 - Fluxo de massa de uma torre contracorrente com ar aspirado (ALPINA,

1978) __________________________________________________________ 21

Figura 7 - Aspecto exterior de uma torre contracorrente com ar aspirado (ALPINA,

1978) __________________________________________________________ 22

Figura 8 - Modos de medição para temperaturas de bulbo seco e úmido (MELLO,

2008). __________________________________________________________ 24

Figura 9 - Fluxo básico de massas em uma torre de resfriamento (PEREIRA,

2007). __________________________________________________________ 25

Figura 10 - Leitura de químico rastreável por incidência de um feixe de luz para

determinação de concentração (NALCO, 2013) _________________________ 32

Figura 11- Perdas crônicas x perdas esporádicas em um sistema produtivo ___ 36

Figura 12 - Modelo original de QC Story de oito passos relacionado ao modelo de

doze passos adotados (CORTADA, 2005) _____________________________ 37

Figura 13 - Exemplo para preenchimento da ferramenta 5W 2H (JIPM, 2004) __ 39

Figura 14 - Exemplo de estruturação de plano de trabalho (UNILEVER, 2010) _ 41

Figura 15 - Modelo de 5W 1H (UNILEVER, 2010) ________________________ 41

Figura 16 - Estrutura de aplicação dos 5 "por quês" e encontro da causa raiz

(UNILEVER, 2010) ________________________________________________ 42

Figura 17 - Estrutura de aplicação dos 5 "por quês" com resposta de caminho

múltiplo x caminho único (UNILEVER, 2010) ____________________________ 43

Figura 18 - Modelo de perguntas para checagem de resultados na aplicação do

QC Story (UNILEVER, 2010) ________________________________________ 44

Figura 19 - Modelo de perguntas para padronização de resultados alcançados na

aplicação do QC Story (UNILEVER, 2010) _____________________________ 45

Figura 20 - Método de pesquisa-ação (TURRIONI e; MELLO, 2007) _________ 48

Figura 21 - Correlação entre as etapas da Pesquisa-Ação e os 12 Passos do QC

_______________________________________________________________ 49

Figura 22 - Disposição física das torres na empresa ______________________ 51

Figura 23 - Funcionamento básico de uma torre de resfriamento em

contracorrente (CANDIDO, 2011) ____________________________________ 57

Figura 24 - Análise 5W 2H __________________________________________ 58

Figura 25 - Objetivo da pesquisa-ação nas torres de resfriamento ___________ 61

Figura 26 - Plano de atividades para a aplicação da ferramenta QC Story _____ 62

Figura 27 - Análise das causas raízes para as torres de resfriamento ________ 64

Figura 28 - Análise de cada proposta resultantes da causa-raiz _____________ 66

Figura 29 - Plano de ação para redução de perda em torres ________________ 67

Figura 30 - Novo layout apresentado pelo sistema após modificações ________ 68

Figura 31 – Modelo de pallets de contenção instalados (PLASBOX) _________ 68

Figura 32 - Realização de um sistema de transbordo entre Torres 3, 4 e 5 ____ 71

Figura 33 - Vedação de venezianas da Torre 5 __________________________ 72

Figura 34 - Restauração de enchimentos da Torre 3 ______________________ 72

Figura 35 - Mudança de sistema de dosagem ___________________________ 73

Figura 36 - Transbordo entre torres 3, 4 e 5 ____________________________ 73

Figura 37 - Novo check-list apresentado para operação ___________________ 74

Figura 38 - Agradecimento posicionado na porta do restaurante da empresa pelo

esforço e ação do time no projeto de redução de água ____________________ 75

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Exemplo de um controle (ppm x tempo) de um sistema temporizado

de adição de químicos para tratamento de torres de resfriamento (NALCO, 2013)

_______________________________________________________________ 32

Gráfico 2 - Exemplo de um controle (ppm x tempo) de um sistema de leitura e

detecção para adição de químicos para tratamento de torres de resfriamento

(NALCO, 2013) __________________________________________________ 33

Gráfico 3 – Exemplo de gráfico de perdas para comparação de situação atual,

objetivo e metas definida pelo QC Story (UNILEVER, 2010) ________________ 40

Gráfico 4 - Consumo de água da fábrica entre Jan/2013 a Maio/2013 ________ 54

Gráfico 5 - Consumo de água potável da manufatura de bebidas por linha de

distribuição ______________________________________________________ 55

Gráfico 6 - Consumo de água na manufatura de bebidas divido por equipamentos

_______________________________________________________________ 56

Gráfico 7 - Volume de água consumida nas torres de resfriamento __________ 69

Gráfico 8 - Volume de água consumida durante quinze dias nas torres de

resfriamento _____________________________________________________ 69

Gráfico 9 - Consumo de químicos nas torres de resfriamento _______________ 70

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Condições básicas de operação das torres de resfriamento

apresentada pela empresa _________________________________________ 52

Tabela 2 - Condições básicas para cálculos de otimização nas torres ________ 61

Tabela 3 - Condições ideais vs. otimizadas para cálculo de redução na água de

reposição _______________________________________________________ 61

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 15

2.1 EVOLUÇÃO DAS TORRES DE RESFRIAMENTO ..................................... 15

2.2 IMPORTÂNCIA DA TORRE DE RESFRIAMENTO NA INDÚSTRIA .......... 17

2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS TORRES DE RESFRIAMENTO ............................. 17

2.3.1 Corrente cruzada com ar aspirado ................................................... 18

2.3.2 Contracorrente de ar insuflado .......................................................... 19

2.3.3 Contracorrente com ar aspirado ........................................................ 21

2.4 TERMINOLOGIA DAS TORRES DE RESFRIAMENTO .............................. 22

2.5 CONCEITOS PARA CÁLCULOS TEÓRICOS DE MASSA E ENERGIA

ENVOLVIDOS NO PROCESSO ........................................................................ 25

2.5.1 Transferência de massa e energia ..................................................... 25

2.5.2 Ciclo de concentração ........................................................................ 28

2.6 SISTEMA DE DOSAGENS DE QUIMICOS ................................................. 30

2.7 QC STORY .................................................................................................. 33

2.7.1 Introdução ao QC Story ...................................................................... 34

2.7.2 Os 12 passos do QC Story .................................................................. 37

2.7.2.1 Identificação de perdas ................................................................... 37

2.7.2.2 Seleção de tema e justificativa ....................................................... 38

2.7.2.3 Princípio de funcionamento ............................................................ 38

2.7.2.4 Identificar o fenômeno .................................................................... 38

2.7.2.5 Estabelecimento de objetivos ......................................................... 39

2.7.2.6 Preparar plano de atividades .......................................................... 40

2.7.2.7 Analisar a causa raiz ...................................................................... 41

2.7.2.8 Proposta de contramedidas ............................................................ 43

2.7.2.9 Implementação de contramedidas .................................................. 43

2.7.2.10 Checar os resultados .................................................................... 44

2.7.2.11 Padronização ................................................................................ 45

2.7.2.12 Planos futuros ............................................................................... 46

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 47

3.1 A PESQUISA-AÇÃO ................................................................................... 47

3.2 MÉTODO E FERRAMENTA ....................................................................... 48

3.3 OBJETO DE PESQUISA ............................................................................ 50

3.3.1 Empresa ............................................................................................... 50

3.3.2 Processo .............................................................................................. 50

4 RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................... 54

4.1 IDENTIFICAÇÃO DA PERDA ..................................................................... 54

4.2 SELEÇÃO DE TEMA E JUSTIFICATIVA .................................................... 56

4.3 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ........................................................... 56

4.4 IDENTIFICAR O FENÔMENO .................................................................... 57

4.5 ESTABELECIMENTO DE OBJETIVO ........................................................ 58

4.6 PREPARA PLANO DE ATIVIDADES ......................................................... 62

4.7 ANALISAR CAUSA RAIZ ............................................................................ 62

4.8 PROPOSTA DE CONTRAMEDIDAS .......................................................... 64

4.9 IMPLEMENTAÇÃO DE CONTRAMEDIDAS ............................................... 66

4.10 CHECAR RESULTADOS.......................................................................... 67

4.11 PADRONIZAÇÃO ..................................................................................... 70

4.12 PLANOS FUTUROS ................................................................................. 74

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 78

13

1 INTRODUÇÃO

Torre de resfriamento é um dos equipamentos mais comuns em plantas

industriais dos segmentos alimentícios, químicos e petroquímicos. Promove a

transferência de calor e massa de uma corrente de água para o ar atmosférico e

após alguns ciclos de operação necessita repor a água perdida por evaporação,

purga e outras perdas.

Embora exerça um papel fundamental nas condições básicas operacionais de um

processo, é um equipamento que possui pouca atenção em uma planta fabril,

sendo deixado em segundo plano dentro do serviço de manutenção da área de

Utilidades. O foco está presente apenas nas fases de projeto e comissionamento

e a inovação caminha em um ritmo lento, voltada para o desenvolvimento de

novas estruturas a serem instaladas.

Dados de operação destes equipamentos são normalmente obtidos em catálogos

de fabricantes e após a instalação também há uma carência de estudos sobre a

validação das variáveis de operação, avaliação de desempenho considerando as

possíveis falhas e mudanças nas condições operacionais e redução no consumo

de recursos (CANDIDO, 2011).

Este cenário atual vem se modificando a partir do conceito de sustentabilidade

que cada vez mais é difundido na cultura de grandes empresas e negócios. Neste

tema, as empresas buscam reduzir o seu impacto ambiental, tanto para questões

de sua política e marketing, quanto para sua continuidade de negócio que é

dependente da disponibilidade de recursos naturais. As torres de resfriamento se

enquadram neste contexto pelo seu grande consumo de água potável, que passa

a ser desperdiçado justamente pela falta de cuidados ou pequenas melhorias.

Este trabalho, classificado como uma pesquisa-ação situacional, foi desenvolvido

sobre o conceito de sustentabilidade aplicado em torres de resfriamento de uma

empresa alimentícia que utiliza estes equipamentos em seu processo de

esterilização e refrigeração de compressores. Teve como objetivo a redução do

consumo de água garantido o melhor uso deste recurso e eliminando qualquer

tipo de perda relacionada para que se possa alcançar a meta de dobrar o

tamanho da companhia, reduzindo a pegada ambiental. Para tal estudo foi

14

utilizada a ferramenta de gestão Quality Control Story (QC Story) ou Estória do

Controle de Qualidade.

A ferramenta de análise e solução de problemas, conhecido como QC Story, é um

método de solução de problemas de origem japonesa e tem sido amplamente

utilizado pelas empresas para documentar sua trajetória nos projetos de melhoria.

Ter uma estrutura e uma linguagem comum que ajuda as pessoas que trabalham

em um projeto a contar sua “estória” para os gestores e outras partes

interessadas no projeto. Basicamente, ela trata de maneira estruturada, a

identificação de problemas crônicos, eliminando a causa raiz dos mesmos através

de um time multifuncional (CAMPOS, 1992).

Tratando-se desta pesquisa-ação, a perda considerada foi o alto consumo de

água potável reposta em torres de resfriamentos. A aplicação do método teve

como objetivo a redução desta quantidade até um valor limite aceitável e

necessário para o funcionamento do processo.

15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 EVOLUÇÃO DAS TORRES DE RESFRIAMENTO

A necessidade de resfriamento de água em grande escala para os novos

processos produtivos desenvolvidos iniciou-se a partir do final da Revolução

Industrial, quando em 1894 o Eng. Han Joachim Balcke (Figura 1), fundou a

Balcke & Co. em Bochum, Alemanha e fabricou a primeira torre de resfriamento

tipo “chaminé” com 12 metros de altura (VETTOR, 2012).

Figura 1 - Engº Han Joachim Balcke (VETTOR, 2012)

A partir de 1894, as torres de resfriamento tornaram-se fundamentais nos

processos industriais, conforme se verifica na sua evolução histórica (VETTOR,

2012):

1894 - Engº Han Joachim Balcke funda a Balcke & Co. em Bochum,

Alemanha e fabrica a primeira torre de resfriamento tipo “chaminé”.

1904 – 1400 torres de resfriamento “chaminé” operantes em todo mundo.

1921 – A maior torre de resfriamento de água de tiragem natural é

fornecida pela Balcke para a Usina Termo Elétrica com capacidade para

resfriar 43.000,00 m³/h de água.

16

1924 – Mart e Smiley combinam parte dos seus nomes para formar a

Marley, fabricante de torres. O primeiro “spray pond” é instalado.

1926 – Inicia-se o processo de aperfeiçoamento e inovações nas formas e

materiais de construção das torres.

1930 – Primeira torre de resfriamento de água com tiragem mecânica do ar

surge nos EUA.

1931 – Surgem as primeiras torres de tiragem natural com um novo perfil

hiperbólico.

1936 – Primeira torre de pequeno porte com tiragem horizontal de ar no

EUA.

1938 – São desenvolvidas e panteadas nos EUA as torres de resfriamento

de fluxo horizontal duplo de ar, denominadas “Double Flow”.

1943 – São fornecidas sete torres pela Marley para o Projeto Manhattan no

Novo México, permitindo a criação da primeira bomba atômica, conferindo

um prêmio a Marley após a Segunda Guerra Mundial.

1950 – Fundada nos EUA o CTI (Cooling Technology Institute), uma

associação técnica dedicada a melhoria na tecnologia e desempenho de

sistema de transferência de calor por evaporação.

1951 – São produzidas as primeiras torres de resfriamento no Brasil, em

madeira.

1955 – Carl Munters desenvolve e patenteia os primeiros enchimentos tipo

filme, que viriam a revolucionar o mercado, conferindo as torres do tipo

contra corrente grande eficiência e domínio no mercado na década de 60.

1970 – Lançadas no Brasil as primeiras torres de resfriamento em fibra de

vidro, em contra corrente, com ventilação mecânica.

1982 – As torres de resfriamento do tipo contra corrente começam a tomar

conta do mercado em detrimento das torres de fluxo horizontal.

2006 – A Vettor fabrica a maior e única torre do Brasil para operar com

água salgada.

17

2.2 IMPORTÂNCIA DA TORRE DE RESFRIAMENTO NA INDÚSTRIA

Uma torre de resfriamento é um dispositivo de remoção de energia térmica, que

extrai calor para a atmosfera. O tipo de remoção de calor em uma torre de

resfriamento é chamado de "evaporação" na medida em que permite que uma

pequena porção da água circulada evapore numa corrente de ar em movimento

para proporcionar um arrefecimento significativo para o restante da corrente de

água (COOLING TOWEE INSTITUTE, 2012). O ar na saída da torre fica próximo

da saturação, com umidade relativa a 100%.

Este tipo de equipamento possui como principal fundamento a formação de um

circuito “semifechado”, tendo reposição de água para suprir perdas ligadas à

evaporação, arrastes e purgas. Devido a isto, está ligada a questões de redução

de custos operacionais e a fatores ecológicos dentro de uma planta. A

evaporação está ligada a transferência de energia, o arraste a sucção causada

pela circulação forçada de ar e a purga são necessárias para evitar problemas

com a alta concentração de sais e sua deposição, corrosão de materiais e

proliferação de micro-organismos (COOLING TOWEE INSTITUTE, 2012).

Um projeto básico de torre de resfriamento tem em consideração duas variáveis

de grande importância relacionadas a custo e desempenho: a carga térmica a ser

removida e a temperatura da água fria de saída da torre que deve estar próximo

ao bulbo úmido (CANDIDO, 2011). Além destas variáveis, outros pontos são

observados como a vazão de água circulada, concentração máxima de sais

permitida, etc.

2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS TORRES DE RESFRIAMENTO

Existem diversas classificações para as torres de resfriamento conforme o

fornecimento de ar, seu escoamento em relação à água, o processo de

transferência de calor e alimentação da água (CANDIDO, 2011). Entretanto a

maioria das torres de resfriamento utilizadas são as de tiragem de ar por

ventilação mecânica, devido a sua alta eficiência ligada ao baixo custo de

18

instalação e manutenção. Neste tipo de estrutura, as torres se classificam em três

tipos básicos de construção (ALPINA, 1978):

2.3.1 Corrente cruzada com ar aspirado

O ar é aspirado por ventilador axial localizado no topo da torre e entra pelas

paredes laterais, atravessando o enchimento de contato em sentido praticamente

horizontal. A água cai por gravidade, em ambos os lados ou em um lado só da

torre, como demonstrado na Figura 2, cruzando a corrente de ar. A principal

vantagem deste sistema está na facilidade de manutenção e na insensibilidade as

águas ricas em sólidos suspensos (ALPINA, 1978). A Figura 3 representa o

aspecto físico externo deste modelo.

Figura 2. Fluxo de massa em torre de corrente cruzada com ar aspirado (ALPINA, 1978)

19

Figura 3 - Aspecto exterior de uma torre de corrente cruzada com ar aspirado (ALPINA, 1978)

2.3.2 Contracorrente de ar insuflado

Sistema vantajoso para capacidades menores ou médias com ventiladores até 4,5

m de diâmetro e para águas corrosivas ou poluídas, estando o ventilador e o

redutor fora do fluxo do ar úmido, como na Figura 4. Sua construção é de conceito

simples e pode possuir elementos pré-fabricados de concreto ou outros materiais.

Outra vantagem é a na manutenção das partes mecânicas (ALPINA, 1978). Um

exemplo de sua construção pode ser visualizado na Figura 5.

20

Figura 4 - Fluxo de massa de uma torre contracorrente de ar insuflado (ALPINA, 1978).

Figura 5 - Aspecto exterior de uma torre contracorrente de ar insuflado (ALPINA, 1978)

21

2.3.3 Contracorrente com ar aspirado

Dentre as torres de tiragem mecânica de ar, o modelo contracorrente com ar

aspirado é o mais utilizado na atualidade. O fluxo de fluidos ocorre de maneira

contrária, onde o ar entra pela base da torre e ascende, tendo em sentido

contrário o escoamento da água por gravidade, como demonstrada na Figura 6

(ALPINA, 1978).

Oferece vantagem de menor área ocupada, de construção mais simples, de maior

facilidade para a pré-fabricação da estrutura em concreto, de menor altura de

entrada da água quente e de menor tendência de recirculação, apresentando

portanto, construção mais compacta. Um exemplo real de sua construção pode

ser visualizado na Figura 7. O maior consumo de energia dos ventiladores é

compensado pelas bombas (menor altura de bombeamento da água quente).

Para vazões constantes de água em circulação, com desligamentos de

ventiladores proporcional ás variações das cargas térmicas ou da temperatura de

bulbo úmido do ar-ambiente, há economia no consumo global de energia, em

comparação com torres de corrente-cruzada (ALPINA, 1978).

Figura 6 - Fluxo de massa de uma torre contracorrente com ar aspirado (ALPINA, 1978)

22

Figura 7 - Aspecto exterior de uma torre contracorrente com ar aspirado (UNILEVER, 2010)

2.4 TERMINOLOGIA DAS TORRES DE RESFRIAMENTO

Em torres de resfriamento de contra corrente com ar aspirado, ocorre a

evaporação parcial da água em circulação para uma corrente de ar ascendente,

devido à diferença de temperatura entre dois fluídos. O resfriamento se dá pela

transferência do calor sensível perdido pelas gotículas não vaporizadas para as

gotículas vaporizadas que terão o calor latente suficiente para mudança de estado

físico (CANDIDO, 2011).

Em projetos e estudos, algumas definições são empregadas referentes à sua

tecnologia (BURGER, 1994) e podem ser encontradas a seguir:

23

Approach: Diferença entre a temperatura da água que está saindo da torre

e a temperatura de bulbo úmido.

Drift (Arraste): Arraste de gotículas na exaustão de ar, ocasionando a

perda de água.

Carga Térmica: Quantidade de calor por unidade de tempo dissipada pela

torre de resfriamento.

Bacia coletora: Também chamada de piscina, localiza-se logo abaixo do

recheio e coleta a água resfriada que é bombeada de volta ao circuito.

Drift eliminator (Eliminador de gotículas): Aparato que impede ou minimiza

a perda de água por arraste na corrente de saída de ar no topo da torra

para a atmosfera, melhorando a eficiência do processo.

Make up: Reposição de água perdida por evaporação, arraste ou purga.

Normalmente é expressa com porcentagem da vazão mássica da agua

circulante e é controlada por válvula boia instalada na bacia coletora de

agua fria da torre.

Fluxo de escoamento: O escoamento de ar e água no interior de uma torre

de resfriamento neste estudo é em contracorrente, com fluxo de água

descendente e fluxo de ar ascendente.

Pluma: Fluxo de ar saturado que deixa a torre após resfriamento. Em

contato com o ar ambiente a pluma torna-se visível.

Blow-Down (Purga): Eliminação parcialmente controlada, podendo ser

contínua ou temporizada, por sistema de leitura de sais, de uma pequena

parte da água em circulação a fim de prevenir excesso de concentração de

sólidos e sua deposição devido à evaporação de água.

Range: Diferença entre a temperatura de água de alimentação da torre de

resfriamento e a temperatura da água de saída.

Fill (Recheio): Também chamado de enchimento. Consiste de uma

estrutura de alumínio, plástico ou madeiras (em torres mais antigas),

utilizada para aumentar a área de contato da água com o ar. Seu uso

causa perda de carga no escoamento de ar.

24

Ciclo de concentração (x): É o grau de impurezas da água de circulação,

em relação ao grau de impureza na água de reposição. Um ciclo de

concentração igual a dois indica que a água em circulação tem o dobro de

concentração de impurezas da água de reposição. Em torres atuais é

medida através da concentração de sílica (SiO2).

Temperatura de bulbo seco: É a própria temperatura do ar, ou seja, medida

pelo termômetro com o bulbo diretamente em contato com o ar.

Temperatura de bulbo úmido: É a temperatura atingida por uma “pequena”

porção de água em regime permanente, exposta a uma corrente contínua

de ar não saturado, em condições adiabáticas, sem efeito de radiação

térmica. A temperatura de bulbo úmido é a temperatura mais baixa que

pode ser alcançada apenas pela evaporação da água. É a temperatura que

se sente quando a pele está molhada e está exposta a movimentação de

ar. Ao contrário da temperatura de bulbo seco, a temperatura de bulbo

úmido é uma indicação da quantidade de umidade no ar. Quanto menor a

umidade relativa do ar, maior o resfriamento. O modo de medição destas

duas temperaturas pode ser verificado na Figura 8.

Figura 8 - Modos de medição para temperaturas de bulbo seco e úmido (MELLO, 2008).

25

2.5 CONCEITOS PARA CÁLCULOS TEÓRICOS DE MASSA E ENERGIA

ENVOLVIDOS NO PROCESSO

2.5.1 Transferência de massa e energia

Uma torre de resfriamento do tipo cruzada, pode ser ilustrada como demonstrado

na Figura 9 para determinação de transferência de massa e energia (PEREIRA,

2007).

Figura 9 - Fluxo básico de massas em uma torre de resfriamento (PEREIRA, 2007).

Onde:

Q=Vazão de circulação

E=Vazão de perda por evaporação

A=Vazão de perda por arraste de gotículas

D=Vazão de descarga de fundo

26

P=Vazão correspondente a outras perdas de água líquida

R=Vazão de água de reposição

A definição de cada um destes parâmetros é dada:

Q – Vazão de circulação

Referente à vazão da água em circulação no processo que recebe toda a carga

térmica a ser dissipada.

E – Vazão de perda por evaporação

As perdas por evaporação estão sujeitas a carga térmica do processo, da vazão

da água em circulação (Q), das condições meteorológicas e do bulbo úmido

(ALPINA, 1978). Porém por simplificação, em países tropicais, a evaporação pode

ser determinada pela transferência do calor sensível perdido pelas gotículas da

corrente que não foi vaporizada (Q-E) para a outra parte das gotículas que terão

um calor latente suficiente para evaporação (E) como demonstrado em na

Equação 1:

( ) (1)

Onde:

= Calor latente de vaporização da água (2,42 x10³ kJ kg-1) a 25ºC

c = calor específico sensível da água (4,18 kJ kg-1 ºC-1)

T = Diferença entre temperatura de água quente de entrada e a água fria da

saída.

Seguindo:

( )

( )

( )

O T normalmente varia entre 5 e 20ºC (CANDIDO, 2011), sendo maior do que a

parcela entre parêntesis, assim pode-se desprezá-la, obtendo:

27

(2)

A – Vazão de perda por arraste de gotículas

Em torre do tipo cruzada, devido o ar aspirado, pode-se ocorrer o arraste de

gotículas por parte da corrente em ascensão. Esta perda é comumente conhecida

como Drift ou perda por respingos. Embora inevitável, ela pode ser reduzida por

meios construtivos, utilizando-se de eliminadores de gotas ou perfis retentores

extrudados acima da entrada de água quente na torre (ALPINA, 1978). O Drift

pode ser calculado por pela Equação 3:

(3)

Onde:

fA = Fator de perda por arraste.

Normalmente o fator de perda por arraste oscila entre 0,1 a 2,0.10-3 (CANDIDO,

2011) na maioria das torres com equipamentos que diminuem o arraste.

D – Vazão de descarga de fundo

A vazão por descarga de fundo é mais conhecida como Purga. Devido a perda de

água por evaporação, sólidos dissolvidos e em suspensão são concentrados, o

que pode acarretar problemas de deposição, corrosão, etc, fazendo necessária a

desconcentração do sistema. A adição de químicos aumenta o tempo de

permanecia desta água na torre, porém a purga periódica é necessária (ALPINA,

1987). O cálculo desta vazão será visto mais adiante.

P – Vazão correspondente a outras perdas de água líquida

Estas perdas são decorrentes de vazamentos ao longo do sistema,

transbordamentos na bacia coletora e do desvio da água para sistemas de

refrigeração sem retorno (CANDIDO, 2011).

R – Vazão de água de reposição

28

A vazão de reposição se dá por dois motivos. O primeiro refere-se à perda total

de fase líquida (L), que leva em conta perdas por purga (Blow-down), arraste de

gotículas (Drift) e outras perdas (Vazamentos, etc). A Equação 4 representa a

soma destes fatores:

(4)

Considerando agora o outro tipo de perda por evaporação (E), pode-se encontrar

o valor necessário para compensar todos os tipos de perda, chamado de Make up

(R) e visualizado pela Equação 5:

(5)

2.5.2 Ciclo de concentração

O total da água perdida por evaporação, arraste e purga de desconcentração é

substituído pela água de reposição. Enquanto a perda por evaporação tende a

concentrar as impurezas, o arraste e a purga tendem a limitar esta concentração.

O ciclo de concentração é a relação entre as concentrações de uma dada espécie

na água de circulação e na água de reposição (CANDIDO, 2011), conforme

apresentado na Equação 6.

Tem-se:

(6)

Onde:

x = ciclo de concentração

cL = concentração da espécie considerada na água de circulação

cR = concentração de espécie considerada na água de reposição

Para exemplo, se a concentração de sílica na água de circulação é de 150 ppm e

a da água de reposição é de 35 ppm, obtém-se um ciclo de 4,29.

29

Outro modo para cálculo de ciclo de concentração é através do balanço de

vazões mássicas, em relação à sílica (SIO2) como na Equação 7 (PEREIRA,

2007):

(7)

Onde,

cE = concentração da espécie na vazão de perda por evaporação

A espécie considerada (Sílica) é não volátil, assim sua concentração na fase

vapor é nula e a Equação 7 pode ser simplificada para a Equação 8:

(8)

A seguir são apresentadas outras análises que podem ser relacionadas as

Equações 6 e 8 de cálculo de ciclo de concentração.

O ciclo de concentração pode ser utilizado na Equação 5 de cálculo da

vazão de reposição, obtendo-se a relação com a perda líquida:

(5)

(8)

(9)

A relação entre o ciclo de concentração também pode ser feita com a

vazão de descarga (Equação 4) , utilizando a equação anterior.

(4)

(9)

30

(10)

Por último, a vazão de reposição pode ser colocada em função da

evaporação e ciclo de concentração através da junção das Equações 5 e 9.

(5)

(9)

(11)

A equação acima permite inferir que o aumento do ciclo de concentração conduz

a uma diminuição na vazão de água de reposição e uma redução no consumo de

energia de bombeamento, porém este fato apenas é significativo para baixos

valores de concentração (PEREIRA, 2007).

2.6 SISTEMAS DE DOSAGENS DE QUIMICOS

A ocorrência de perda de água por evaporação em torres de resfriamento produz

uma elevação das concentrações das espécies dispersas no meio aquoso

circulante, fazendo com que os sistemas abertos com recirculação sejam

concentradores de água. Assim a formação de depósitos, o estabelecimento de

processos corrosivos e o desenvolvimento microbiano são problemas capazes de

gerar perda de eficiência operacional ou, até mesmo, a parada da torre de

resfriamento (PEREIRA, 2007).

As incrustações, o desenvolvimento microbiano e corrosão, muitas vezes, estão

ligados entre si (GENTIL, 2003), como exemplo:

Corrosão de componentes de ferro leva a liberação de cátions deste metal,

possibilitando a proliferação de bactérias que oxidam o ferro II a ferro III.

31

Incrustações não uniformes e porosas criam condições para o

desenvolvimento de um processo de corrosão por aeração diferencial sob

depósito.

Em uma situação real, um processo de tratamento em torres de resfriamento de

qualquer natureza deve ser instalado, como dosagens de agentes microbiocidas e

não-oxidantes (PEREIRA, 2007). Estas dosagens buscam a redução destes

fatores, elevando desta forma o tempo de utilização de fluido e assim reduzindo a

necessidade de renovação desta água de arrefecimento.

Atualmente, uns dos principais parâmetros examinados que resultam nos

problemas citado acima é a concentração de Sílica (SiO2), ela é utilizada para o

cálculo do ciclo de concentração, medido pela relação de sílica da água de

reposição pela sílica da água do sistema. Quanto maior o ciclo, menor a

quantidade de água que o sistema perde e menor a dosagem de produto para

manutenção e a redução de custo para o tratamento desta água. O que deve ser

observado é que o ciclo não ultrapasse o limite máximo de operação. Caso isto

aconteça é necessário desconcentrar a água realizando a abertura da descarga

de água, evitando a saturação de produtos químicos, que em concentrações

elevadas prejudicam o sistema (NALCO, 2013).

Os sistemas de dosagem de químicos mais empregados no mercado são

temporizados, ou seja, pela definição do fabricante destes produtos, uma

quantidade é bombeada a cada certo tempo. Este sistema possui a vantagem de

baixo custo de implementação e uma resposta relativamente satisfatória em

sistema pequenos de resfriamento, porém a variação de produtos é

extremamente alta e a purga não é controlada, levando a um maior consumo de

água potável. No Gráfico 1 pode-se verificar os picos de concentração de

produtos referente ao momento de dosagem, que para garantir que sempre esteja

acima do requerido, leva também a um maior gasto de produtos químicos

(NALCO, 2013).

32

Gráfico 1 – Exemplo de um controle (ppm x tempo) de um sistema temporizado de adição de químicos para tratamento de torres de resfriamento (NALCO, 2013)

Pensando nestes pontos, uma nova proposta surgiu no mercado atual. Esta

tecnologia para água de resfriamento utiliza um controle com monitoração em

tempo real, baseada em ativos patenteados. Estes ativos são mesclados com os

produtos químicos já utilizados, fornecendo uma possiblidade de leitura através

de uma fonte de luz projetada em uma amostra, conforme Figura 10.

Figura 10 - Leitura de químico rastreável por incidência de um feixe de luz para determinação de concentração (NALCO, 2013)

Risco de Falhas

Desperdício

33

Esta leitura detecta os transtornos que antecedem depósitos, corrosão e

entupimentos biológicos e fornece a resposta química adequada através da

presença de um químico rastreável. O resultado é um sistema de refrigeração

equilibrado, eficiente e seguro, como demonstrado no controle do Gráfico 2, além

das seguintes vantagens: baixa manutenção, dosagens corretas de produtos

químicos, menores custos operacionais e proteção máxima dos ativos (NALCO,

2013).

Gráfico 2 - Exemplo de um controle (ppm x tempo) de um sistema de leitura e detecção para adição de químicos para tratamento de torres de resfriamento (NALCO, 2013)

Outro fator importante é a purga relacionada a este equipamento, pois

anteriormente este descarte de água era realizado de maneira constante ou

através de “feeling”, e agora passa a ser automático, pois a partir da detecção de

uma alta concentração de sólidos, o próprio equipamento abre o dreno e realiza a

purga controlada até que o sistema retorne aos valores estipulados. A principal

vantagem que se obtém é a redução no consumo de água.

2.7 QC STORY

Controle otimizado

34

2.7.1 Introdução ao QC Story

Diante de um mercado globalizado, a busca pelo desenvolvimento e melhoria de

processos tem ocupado um papel decisivo dentro das organizações e uma das

principais alternativas para o seu sucesso caracteriza-se pela definição de

métodos ou ferramentas de qualidade, que são cada vez mais adotados com o

intuito de padronizar atividades, eliminar os desperdícios, qualificar profissionais e

satisfazer clientes (BLODORN e; SOARES, 2011).

Segundo Pereira e Dias (2011), o gerenciamento de um processo com falhas que

inclui o uso de uma ferramenta de qualidade é a chave para uma melhor

compreensão e resolução do problema, trazendo à tona todas as causas raízes.

Este tipo de metodologia defini as prioridades a serem observadas, indicando o

caminho a ser seguido para a solução da inconformidade por padronização, como

uma “receita de bolo”, com passos delineados, minimizando ou eliminando efeitos

indesejáveis.

Dentro deste contexto, está localizado a ferramenta Quality Control Story (QC

Story), amplamente difundido dentre as organizações e que é usado para

documentar sua trajetória nos projetos de melhoria.

O QC Story teve sua origem em uma fábrica do Japão, na cidade de Komatsu.

Em principio era usado como um procedimento para a elaboração de relatórios

relacionados a melhorias na área de qualidade, demonstrando a história do

controle realizado para otimizar a situação. Posteriormente, foi incorporada ao

manual de círculos de controle de qualidade da empresa, criando um estimulo

para manter as atividades vivas e operantes. A publicação de seus princípios ao

público em geral ocorreu no ano de 1964 através de um artigo na revista Hinshtsu

Hanri, recebendo o prêmio de literatura em controle de qualidade (“Nikkei QC

Literature Pirze”) em 1965 (CORTADA, 2005).

Na década de 80, Hitoshi Kume descreveu com detalhes e precisão o método

QC-Story. O autor desdobrou o processo de solução de problemas em passos

menores, dando mais distinção a cada atividade. Esse cuidado permitiu

compreender melhor o que deveria ser feito em cada etapa e as ferramentas

auxiliares que precisam ser utilizadas em cada situação (ORIBE, 2012).

35

Cortada (2005) afirma que o método tornou-se muito popular por ter uma

estrutura e linguagem comum, que ajudava as pessoas envolvidas no projeto a

contar sua “estória” para os gestores e outras partes interessadas no projeto.

Outras empresas começaram a adotá-lo como base para a criação de seus

relatórios. O novo formato permitiu a descoberta de partes que não eram

analisadas e reportadas em uma situação normal e outras que sobravam. A

análise desta situação demonstrou que partes sobressalientes não agregavam

valor ao conteúdo e as que não estavam presentes eram de suma importância.

Por isso o QC Story afirmou-se como uma diretriz excelente para as atividades de

grupos, capacitando as pessoas envolvidas a apresentarem melhores análises e

resultados.

A construção do QC Story como método destinado a solucionar problemas dentro

das organizações derivou de um conceito, o ciclo “Plan, Do, Check and Action”

(PDCA), para incorporar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolvem a

tomada de decisões baseadas em dados, a formulação, a comprovação de

hipóteses, a objetivação da análise dos fenômenos, dentre outros, conferindo-lhe

um caráter sistêmico. Este traço retira as decisões baseadas em “feelings” e “bom

senso” dos envolvidos, que por várias vezes, acabam tornando-se dispendiosas

dentre de uma ação (CAMPOS, 1992).

O procedimento básico do QC é a identificação de falhas e análise de causas,

que acaba gerando um plano de ação pronto para ser executado. Trabalha com

foco em eliminar perdas crônicas, que são traduzidas como metas não atingidas

ou resultado indesejável de um item de controle (CORTADA, 2005).

O tipo de perda tratada pelo QC Story deve estar classificada como crônica. Este

problema, normalmente faz parte da estória do processo e acabou sendo aceito

durante um largo período de tempo pela gestão, até ser identificado com a

aplicação da ferramenta. Está atrelado a causas profundas e por isso precisa de

soluções inovadoras. Elas não devem ser confundidas com perdas esporádicas,

que por algum evento pontual acabaram por interferir no sistema de maneira

passageira, sendo resolvido com uma pequena ação, como por exemplo, de

manutenção (CORTADA, 2005). Os tipos de perdas e suas consequências em um

processo podem ser melhor compreendidas através da Figura 11.

36

Figura 11- Perdas crônicas x perdas esporádicas em um sistema produtivo

No Brasil, a introdução do QC-Story na literatura foi feita por Campos (1992) que

publicou procedimentos formatados contendo uma síntese da descrição do

método. Foi apresentado pelo autor como Método de Solução de Problemas

(MSP), mas ficou amplamente conhecido como Método de Análise e Solução de

Problemas (MASP). Embora não ressalte as diferenças nos passos ou

abordagens, Campos (1992) afirmou que o MASP é o método japonês da Union

of Japanese Scientists and Engineers, largamente conhecido como QC Story.

(ORIBE, 2012).

A metodologia básica do QC Story é a sua divisão em etapas, porém assim como

o nome possui variações, estas etapas ou passos podem ser modificados. A

essência do processo é a mesma e a variabilidade pode surgir em sua aplicação

local. O método básico, em sua origem, possui oito passos (CAMPOS, 1992),

porém, atualmente muitas organizações passaram a desdobrar alguns passos,

somando doze ao total. Deste modo a ferramenta se aproxima más de sua

simplicidade na aplicação, auxilia no desenvolvimento do método, objetivando a

resolução da perda de maneira acelerada. Na Figura 12 estão apresentados os

passos do modelo original conforme proposto por Campos (1992), comparado ao

modelo expandido adotado na empresa na qual a presente monografia foi

realizada.

37

QC Story

Original Adotado

1. Escolha de um tópico

1. Identificação de perdas

2. Seleção de tema e justificativa

3. Princípio de funcionamento

2. Avaliação da situação atual e

definição de metas

4. Identificar o fenômeno

(Compreensão da situação atual)

5. Estabelecimento de objetivos

3. Preparar o plano de atividades 6. Preparar o plano de atividades

4. Analisar a causa raiz 7. Analisar a causa raiz

5. Proposta de contramedidas 8. Proposta de contramedidas

9. Implementação das contramedidas

6. Checar os resultados 10. Checar os resultados

7. Padronização 11. Padronização

8. Planos futuros 12. Planos Futuros

Figura 12 - Modelo original de QC Story de oito passos relacionado ao modelo de doze passos adotados (CORTADA, 2005)

2.7.2 Os 12 passos do QC Story

Como visto anteriormente, o QC pode ser divido em doze passos (CORTADA,

2005), que serão detalhados a seguir.

2.7.2.1 Identificação de perdas

As perdas são todos os recursos disponíveis (materiais, produto, dinheiro, tempo,

etc.) mais que por algum motivo não são utilizados totalmente e/ou

38

adequadamente. Uma análise dos problemas atuais decide qual a perda

apropriada a ser tratada.

Pontos chaves:

Escolha de problemas existentes;

Decisão de qual é o mais importante;

Checar se há anormalidades no processo;

Checar a capabilidade do processo.

A seleção do tópico pode ser facilitada quando alinhada com a política da

empresa ou área. Além disso, o time deve possuir a habilidade e capacidade para

atuar, considerando que os benefícios serão significativos para a companhia.

Uma ferramenta prática que pode ser usada é o histograma, o qual é um gráfico

composto por retângulos justapostos em que a base de cada um deles

corresponde ao intervalo de classe e a sua altura à respectiva frequência.

2.7.2.2 Seleção de tema e justificativa

As descrições de ambos devem deixar esclarecer a perda elegida. O tema deve

ter embasamento com as metas e tendências da companhia, já a justificativa com

os dados que podem ressaltar a importância do tema e a vantagem de atacá-lo.

2.7.2.3 Princípio de funcionamento

O objetivo é entender o princípio de funcionamento do

local/equipamento/processo onde ocorre o problema. A elaboração pode ser feita

através de desenhos do fluxo do processo e/ou dos mecanismos da máquina,

assim como utilização de materiais alternativos para facilitar a compreensão de

todo o time envolvido (maquete, manuais técnicos, fotos, vídeos, desenhos, etc.).

2.7.2.4 Identificar o fenômeno

39

Um fenômeno significa o fato sem pressuposições, tudo que é percebido pelos

sentidos ou pela consciência. Identificar o fenômeno é observar os fatos com os

próprios sentidos e utilizar os dados para avaliação.

Pontos Chaves:

Checar os controles e suas frequências de utilização;

Compilar dados disponíveis;

Utilizar dados para verificar tendências;

Encontrar a distribuição dos dados.

Uma das ferramentas utilizadas na identificação de fenômenos é conhecida como

“5W 2H”, explicada conforme Figura 13.

Figura 13 - Exemplo para preenchimento da ferramenta 5W 2H (JIPM, 2004)

As respostas de todas estas perguntas podem ser transformadas em uma única

frase que definirá o seu fenômeno.

2.7.2.5 Estabelecimento de objetivos

Os objetivos são valores intermediários entre a situação atual e a meta. Um

exemplo é dado através do Gráfico 3.

What O quê? O que aconteceu? Qual é o problema?

Where Onde?Onde você está vendo os problemas?

(local / máquina / linha / componente)

Wich Qual?De que modo a tendência está se desenvolvendo? Qual a tendência?

Existe uma relação com outras variáveis?

When Quando?

Quando você está vendo os problemas?

Não é somente dia e hora, mas qualquer relação temporal com o fenômeno,

Por exemplo: Há alguma relação entre uma sequência de

operações/produtos com o fenômeno?

Quantas vezes ocorreram num determinado período de tempo?

Who Quem?O problema é relacionado a habilidade?

(depende ou não de habilidade da operação/manutenção)

How Como? Como o estado atual está mudado em relação ao estado normal?

How Much Quanto? Qual o custo (R$) envolvido?

5W 2H

40

Gráfico 3 – Exemplo de gráfico de perdas para comparação de situação atual, objetivo e metas definida pelo QC Story (UNILEVER, 2010)

Para defini-los adequadamente, deve-se calcular o impacto deste fenômeno:

Na eliminação da maior perda na situação atual;

Nas metas estabelecidas;

No Gap total (perdas);

Defina quanto será o retorno em capital;

Quanto isto reduz;

Estimar um prazo para implementação de todos os passos, compatível

com a complexidade do problema.

2.7.2.6 Preparar plano de atividades

Elaboração de uma Action Plan ou Plano de Ação que permitira alcançar a meta

proposta no prazo determinado. O Plano de Ação deve conter a definição das

etapas detalhadamente, as atribuições de responsabilidades e os respectivos

prazos, além do estabelecimento de acompanhamento das ações, definindo o que

ainda está Planejado e as ações que já foram Finalizadas. Pode ser estruturada

como a Figura 14.

8%

5%

3%

5%

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

Situação Atual Objetivo QC Story Meta Ano

Po

rce

nta

ge

m d

e p

erd

as

Redução em perdas

GAP

41

Figura 14 - Exemplo de estruturação de plano de trabalho (UNILEVER, 2010)

O uso de outra ferramenta, semelhante a de identificação do fenômeno pode ser

usada, o “5W 1H”, conforme Figura 15.

Figura 15 - Modelo de 5W 1H (UNILEVER, 2010)

As ações provenientes devem estar sobre as causas fundamentais e não sobre

seus efeitos. A análise, a eficiência e o custo de cada uma podem ajudar a

escolha das adequadas e quais não agregaram valor.

2.7.2.7 Analisar a causa raiz

What O que fazer?

Why Porque deve ser feito?

Wich Quem deve fazer?

When Quando deve ser feito?

Where Onde deve ser feito?

How Como de ser feito

5W 1H

42

Para identificar as verdadeiras causas do problema definido no fenômeno é

preciso listá-las e investigar sua relação qualitativa ou quantitativa na tratativa do

problema, com coleta de novos dados e sua mudança em relação ao tempo.

A ferramenta conhecida como “5 Por quês” é a mais apropriada, facilitando o

aprofundamento em cada uma das causas. Ela consiste em perguntar no mínimo

5 vezes, por que um determinado efeito ocorre (problema). Para cada resposta

(motivo), devemos perguntar o respectivo “por que" e assim sucessivamente. O

resultado final é causa fundamental do problema. Este método teve origem na

Toyota, e é até hoje usada como forma de aprovação de investimentos. Pergunta-

se o porquê da anomalia e ao chegar ao quinto “por que” provavelmente terá

encontrado a causa mais importante (JIPM, 2004). As Figuras 16 e 17 mostram

um modelo básico que pode ser usado para análise.

Figura 16 - Estrutura de aplicação dos 5 "por quês" e encontro da causa raiz (UNILEVER, 2010)

Para causas mais complexas, pode-se seguir a seguinte sequência:

43

Figura 17 - Estrutura de aplicação dos 5 "por quês" com resposta de caminho múltiplo x caminho único (UNILEVER, 2010)

2.7.2.8 Proposta de contramedidas

Todas as causa raízes encontradas no passo anterior devem gerar uma ou mais

ações para eliminar o problema. Assim sendo, deve-se procurar encontrar qual

solução será a melhor em termos de custos, praticidade e velocidade, além da

eficácia na implementação. Utilizar a experiência e criatividade do grupo para

levantar as possíveis soluções é importante. Sempre que for necessário deve

haver envolvimento de especialistas no assunto para ajudar a eliminar a causa

raiz do problema identificado no estudo.

2.7.2.9 Implementação das contramedidas

Após a definição das ações, deve-se divulgar a todos os empregados o plano de

ação, através de reuniões e treinamentos, para que possam ser executados

seguindo rigorosamente o cronograma. A verificação se as ações estão sendo

efetuadas e o registro dos resultados bons ou ruins deve ser feita como um follow

up.

44

Todas as ações tomadas, por sua vez, sempre precisam ser cuidadosamente

analisadas pelas áreas responsáveis da empresa, como Segurança, Saúde,

Qualidade e Meio Ambiente para confirmar se há algum problema relacionado.

2.7.2.10 Checar os resultados

O objetivo é checar a efetividade da solução e desse modo testar entendimento,

monitorando o desempenho.

A remoção da causa raiz identificada deve ser checada comparando Resultado x

Meta definida. Deve-se utilizar os dados executados antes e após as ações para

verificar o grau de redução do resultado indesejável, assim como descrições de

possíveis efeitos secundários positivos ou negativos.

Os principais tópicos de validação de resultados podem ser descritos como a

Figura 18:

Figura 18 - Modelo de perguntas para checagem de resultados na aplicação do QC Story (UNILEVER, 2010)

45

2.7.2.11 Padronização

Todas as soluções implementadas e que alcançaram um resultado benéfico

devem ser padronizadas com a introdução de novos procedimentos ou métodos

de controle, ou transformadas de acordo com o padrão existente. Este passo

assegurará que todos os controles implementandos se afixem e se estabeleçam

de uma maneira que seja impossível a volta para a situação inicial antes da

aplicação da ferramenta QC Story.

Pontos chaves:

Definir os procedimentos de trabalho e o tempo para cada tarefa;

Definir como a coleta de dados e monitoramento devem ser realizados de

maneira contínua;

Assegurar que a responsabilidade não fique focada e alocada;

A Figura 19 é exemplo de método de padronização:

Figura 19 - Modelo de perguntas para padronização de resultados alcançados na aplicação do QC Story (UNILEVER, 2010)

46

2.7.2.12 Planos futuros

O objetivo é avaliar os benefícios tangíveis e intangíveis (facilidade de operação,

segurança, limpeza, melhoria do ambiente de trabalho, etc). Em esta última etapa

ocorre a publicação interna e externa dos métodos e resultados alcançados e sua

comemoração.

47

3 METODOLOGIA

3.1 A PESQUISA-AÇÃO

A pesquisa-ação surgiu da necessidade de superar a lacuna entre a teoria e

prática. É um tipo de pesquisa empírica e se opõe ao seguimento tradicional

considerado “não-reativo”. É uma metodologia que estimula a participação das

pessoas envolvidas, fazendo com que elas interfiram diretamente no objeto ou

situação estudada (NETO, 2002).

Vergara (2005) define a pesquisa-ação como sendo uma estratégia de pesquisa

que tem como objetivo solucionar problemas por meio de ações definidas e

refletidas por pesquisadores e sujeitos envolvidos. Pode ser aplicada em qualquer

ambiente de interação social, no qual estão envolvidos pessoas, tarefas e

procedimentos.

Segundo Engel (2000), este tipo de método possui a característica de ser

situacional, procurando solucionar um problema pontual em uma situação

também pontual. Além disso, possui capacidade de auto-avaliação, onde as

modificações introduzidas na prática são avaliadas no decorrer do processo de

intervenção.

Em um trabalho realizado por Turrioni e Mello (2007), a pesquisa-ação é

representada por um ciclo, proporcionando o constante aprimoramento através da

retroalimentação do sistema, tendo como ponto central a presença do

monitoramento, que consistirá em um conjunto de observações e medições de

parâmetros, de modo continuo ou frequente, servindo como controle ou alarme de

desvios. Ela é composta por cinco fases: Planejamento da pesquisa; coleta de

dados; análise e planejamento de ações; implementação de ações e avaliação de

resultados.

Cada fase pode ser mais bem compreendida através de ações especificas como

demonstrado na Figura 20 (TURRIONI e; MELLO, 2007):

48

Figura 20 - Método de pesquisa-ação (TURRIONI e; MELLO, 2007)

3.2 MÉTODO E FERRAMENTA

O QC Story é aplicado como uma ferramenta de gestão em empresas para

reduzir ou eliminar perdas crônicas de acordo com a situação estudada, seguindo

um fluxo simplificado e que facilite o pesquisador a atuar nas causas raízes. Esta

abordagem apresentada pode ser relacionada ao método de pesquisa-ação

descrito no tópico anterior, pois ambas estão focados na resolução de um

problema dentro de um meio através da ação de pessoas.

Um modo simples para exemplificar a semelhança e justificar o uso da ferramenta

em um trabalho acadêmico é demonstrado através da comparação da estrutura

Planejar a pesquisa-

ação

Coletar dados

Analisar dados e planejar ações

Aplicar ações

Avaliar resultados

Definir situação, interessados e critérios de avaliação;

Mapear literatura e objetivo de pesquisa;

Definir unidade de análise e técnica de coleta de dados.

Registro de dados;

Realimentar dados.

Tabular dados;

Comparar dados empíricos com a teoria;

Elaborar plano de ações.

Implementar o plano de ações.

Avaliar resultados;

Prover estrutura para replicação;

Desenhar implicações;

Redigir relatório.

Monitoramento

49

física, onde os doze passos do QC Story podem ser integrados nas cinco fases

da pesquisa-ação, conforme apresentado na Figura 21:

As 5 etapas da Pesquisa Ação Os 12 passos da QCStory

Planejar a pesquisa-ação

1. Identificação de perdas

2. Seleção de tema e justificativa

3. Princípio de funcionamento

4. Identificar o fenômeno

5. Estabelecimento de objetivos

6. Preparar o plano de atividades

Coletar dados 7. Analisar a causa raiz1

Analisar e planejar ações 7. Analisar a causa raiz¹

8. Proposta de contramedidas

Implementar ações 9. Implementação de contramedidas

Avaliar resultados

10. Checar resultados

11. Padronização

12. Planos futuros

Figura 21 - Correlação entre as etapas da Pesquisa-Ação e os 12 Passos do QC

Assim, o QC Story será utilizado no presente trabalho para a elaboração de um

projeto de redução no consumo de água em torres de resfriamento de corrente

cruzada em uma indústria alimentícia, através do seguimento de seus doze

passos, aplicando ferramentas auxiliares quando necessário.

A oportunidade de realizar o estudo sobre as torres de resfriamento surgiu da

necessidade apresentada pelo plano de sustentabilidade da companhia, que visa

reduzir pela metade o seu consumo geral de água potável até o ano de 2020,

comparando-o ao de 2010. A empresa possui um time multifuncional focado nesta

missão e que, através de um monitoramento constante e utilização do QC Story,

busca pontos de melhoria em todo seu processo produtivo.

1 A análise da causa raiz é caracterizada pela coleta de dados que proporciona o profundo

conhecimento e recursos suficientes para estudar o problema e por isso está inserida em duas etapas da pesquisa-ação.

50

3.3 OBJETO DE PESQUISA

3.3.1 Empresa

A empresa tratada neste trabalho é um grupo anglo-holandês, resultado da fusão

em 1929, de duas empresas que tinham nos óleos e gorduras vegetais as suas

matérias-primas mais importantes.

Iniciou suas atividades no Brasil, comercializando sabão, importado da Inglaterra.

Apenas um ano após sua fundação inaugurou sua primeira fábrica no Brasil, em

Vila Anastácio (SP), e não parou mais de crescer. Diversificou sua produção,

lançou produtos inovadores e passou a liderar mercados.

É uma das maiores empresas de bens de consumo do mundo, fabricante de

produtos de higiene pessoal e limpeza, alimentos e sorvetes, com operações em

mais de 100 países. Está presente em 100% dos lares brasileiros e seus produtos

atingem, mensalmente, 86% dos domicílios, ou seja, cerca de 37 milhões.

Atualmente, a empresa conta com 12 fábricas nos estados de São Paulo, Goiás,

Minas Gerais e Pernambuco e cerca de 12 mil funcionários. Para este trabalho o

foco é uma unidade alimentícia, responsável por toda a produção brasileira de

bebidas a base de soja.

A companhia atua em várias frentes em relação à sustentabilidade, desde

iniciativas ligadas à manufatura, como a redução das emissões de carbono e a

economia de água ao longo da cadeia produtiva, o incentivo à utilização de

energia renovável até a reciclagem da totalidade dos resíduos gerados nas

fábricas.

3.3.2 Processo

As torres de resfriamento do presente trabalho estão divididas em cinco unidades

e são operadas sem interrupções devido à alta demanda da produção de bebidas

a base de soja. Apresentam o seguinte layout físico e informações básicas de

51

operação, conforme Figura 22 e Tabela 1. O medido de vazão de água de

reposição está localizado na tubulação de entrada e é responsável por alimentar

todas as torres.

Nota-se neste esquema, que para as torres 1 e 2, assim como 3 e 4, existe um

único sistema de dosagem de químicos temporizado. Um equipamento exclusivo

atende a necessidade da torre 5, que por ser a ultima instalada, não foi integrada

ao conjunto existente.

Figura 22 - Disposição física das torres na empresa

52

Tabela 1 - Condições básicas de operação das torres de resfriamento apresentada pela empresa

Torre Vazão (m³/h) T entrada (ºC) T saída (ºC) SiO2 (ppm)

Refrigeração dos equipamentos

Torre 1 200 32,70 28,50 90 -Chillers 1, 2, 3 e 4

-UHT 2

-Inativação 1, 2 e 3

Torre 2 200 33,50 30,00 90 -Chillers 1, 2, 3 e 4

-UHT 2

-Inativação 1, 2 e 3

Torre 3 210 35,00 30,00 100 -UHT 1 e 3

-Chiller 5

-Inativação 4 e 5

Torre 4 250 32,80 28,50 100 -UHT 1 e 3

-Chiller 5

-Inativação 4 e 5

Torre 5 500 32,00 28,00 100 -UHT 4

-Chiller 6

-Planta piloto

O controle de concentração de sais e de microrganismos é realizado através da

dosagem de compostos químicos em um sistema temporizado, fornecidos por

uma empresa terceira especializada. A medição do ciclo de concentração é feita

de maneira manual pela mesma empresa. Devido a este fator, toda a drenagem

para controle do ciclo é feita por abertura manual de válvulas para dreno, sem um

controle específico da quantidade descartada. A concentração máxima permitida

de SiO2, o qual é o sal limitante e indicador utilizado para substituição de água, é

de 150 ppm na água de circulação do sistema.

A reposição de água, devido a perdas líquidas e evaporação, é realizada por um

sistema próprio com medidor de vazão único, monitorado diariamente por um

sistema eletrônico para análise do departamento de Utilidades. Esta água é

proveniente de poços artesianos, possuindo uma concentração natural de

aproximadamente 35 ppm de SiO2.

A água das torres basicamente é utilizada como apoio ao sistema de refrigeração

central, composto de propileno-glicol. O propileno-glicol, devido a suas

53

características químicas, possui uma ótima capacidade de troca térmica, porém

apresenta um alto custo para o processo, assim para otimizá-lo, a água das torres

é utilizada para realizar uma primeira troca térmica e após isso o propileno-glicol é

utilizado.

Através das informações coletadas, viu-se a oportunidade de modernização do

funcionamento das torres de resfriamento que poderiam gerar economias para o

processo em geral.

54

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Seguindo a metodologia QC Story escolhida dentro da pesquisa-ação, os dozes

passos foram desenvolvidos de maneira a facilitar o modo de trabalho.

4.1 IDENTIFICAÇÃO DA PERDA

A perda escolhida foi guiada pela politica de sustentabilidade adotada, a categoria

da empresa e ao tipo de tecnologia, o que direcionou o estudo para o alto

consumo de água utilizado nas manufaturas. Porém, apenas a identificação do

problema não foi suficiente para tratá-lo. Foi necessário focar em uma área

específica que mais contribuía para este número. Assim, um sistema composto

por medidores de vazão em todos os pontos do site foi utilizado para encontrar a

resposta. Com esta informação, o histograma apresentado no Gráfico 4 foi

montado, facilitando a visualização dos dados.

Gráfico 4 - Consumo de água da fábrica entre Jan/2013 a Maio/2013

55

A primeira análise do Gráfico 4 demonstrou que o maior consumo estava

focalizado na produção de bebidas (Beverages) devido a composição da mesma.

Toda a água utilizada nesta manufatura é fornecida por três linhas principais de

distribuição, chamadas Linha 1, 2 e 3. Foi então feita uma nova estratificação para

descobrir a distribuição do consumo de água entre estas três linhas (Gráfico 5).

Gráfico 5 - Consumo de água potável da manufatura de bebidas por linha de distribuição

O Gráfico 5 demonstrou que a Linha 1, também chamada FT 08, era a maior

consumidora, porém apenas 20,82% de todo seu volume foi mensurado por

hidrômetros subsequentes e se fosse escolhida, causaria um impacto na próxima

análise de dados, podendo apontar uma área que necessariamente não seria a

causadora da perda.

Devido a esta falta de informação, a Linha 2 (FT 09) foi escolhida, pois foi a que

mais apresentou pontos de medição identificados, com catorze equipamentos.

Estes medidores estão localizados na entrada de cada etapa do processo,

conforme Gráfico 6. Como resultado desta última estratificação, o processo de

resfriamento realizado pelas torres em contracorrente foi sinalizado como o maior

contribuinte para o problema analisado.

56

Gráfico 6 - Consumo de água na manufatura de bebidas divido por equipamentos

4.2 SELEÇÃO DE TEMA E JUSTIFICATIVA

Com base na perda encontrada através da estratificação do consumo de água da

planta, foram definidos o tema e a justificativa, conforme segue:

Tema: Redução no consumo de água nas torres de resfriamento da

manufatura de bebidas.

Justificativa: As torres de resfriamento possuem uma grande reposição em

seu volume devido a perdas ao longo do seu processo, gerando

desperdícios de água e produtos químicos utilizados em seu tratamento.

4.3 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O principio de funcionamento está descrito detalhadamente no capítulo 2.5,

porém pode ser simplificado a título de apresentação e representado pela Figura

23.

57

Princípio de funcionamento: As torres de resfriamento são usadas para produzir o

contato direto entra a água quente proveniente de um processo com o ar,

objetivando o resfriamento da água para que ela possa ser novamente usada no

processo. O resfriamento se dá pela transferência do calor sensível perdido pelas

gotículas não vaporizadas para as gotículas vaporizadas que terão o calor latente

suficiente para mudança de estado.

Figura 23 - Funcionamento básico de uma torre de resfriamento em contracorrente (CANDIDO, 2011)

4.4 IDENTIFICAR O FENÔMENO

O fenômeno foi formado através das respostas dadas as perguntas que estão

presentes dentro da ferramenta 5W 2H (Figura 24) , as quais são colocadas em

uma sequência lógica para formação da ideia principal. Esta etapa foi realizada

com os operadores da área e presença física na mesma, para que as dúvidas

pudessem ser sanadas no próprio local. A definição do volume de água gasto foi

realizada através do mesmo sistema responsável pela estratificação no Passo 1.

Este passo foi de grande importância para a aplicação da ferramenta, pois todas

as atividades realizadas basearam-se no mesmo.

58

5W 2H O que? (What?)

O que aconteceu? Qual é o problema? Consumo de água. Quando? (When?)

Quantas vezes ocorreu num determinado período de tempo?

Quando os níveis de água das bacias das torres estão baixos e as boias são ativadas.

Onde? (Where?) Onde você está vendo os problemas?

(local/máquina/linha/componente) Nas torres de resfriamento da manufatura de bebidas.

Quem? (Who?) O problema está relacionado com a habilidade?

(operação/manutenção). Há relação com o turno?

Depende da habilidade dos operadores e manutentores.

Qual? (Which?) A tendência (aleatória ou padrão)? Ex:

Crescente ou decrescente, c/ tipo de produto, temperatura, umidade do ar, sequência de

operação (início/troca).

Tendência variável, crescente com aumento da produção e aumento da temperatura ambiente.

Como? (How?) Qual o desvio entre o normal e o anormal?

Descarte contínuo e não controlável para o dreno e evaporação excessiva.

Quanto Custa? (Howmuch?) Qual o custo (R$) envolvido?

Consumo de 3356,59 m³ por mês.

Fenômeno Como +O quê

+Onde+Quando+Qual+Quem+Quanto = Fenômeno

Descarte contínuo e não controlável para o dreno e evaporação excessiva, com consumo de água potável nas torres de resfriamento da manufatura de bebidas quando os níveis de água das bacias das torres estão baixos e as boias são ativadas, com tendência variável, crescente com aumento da produção e aumento da temperatura ambiente, dependendo da habilidade dos operadores e manutentores, consumindo 3356,59 m³ por mês.

Figura 24 - Análise 5W 2H

4.5 ESTABELECIMENTO DE OBJETIVO

O objetivo traçado foi a redução da água de reposição das torres de resfriamento,

cuja medida foi feita através do hidrômetro instalado na tubulação de alimentação.

A redução de água pode ser calculada com base na concentração de sílica (SIO2)

apresentada por cada torre. Se o sistema precisa ser otimizado, a concentração

deste sal na água de circulação deve alcançar o máximo permitido para que não

haja deposição por saturação, ou seja, 150 ppm, mantendo a mesma vazão de

circulação, a concentração de 35 ppm da água de reposição e as temperaturas de

troca térmica. Este procedimento permite que o ciclo de concentração aumente.

59

O aumento do valor do ciclo resulta na diminuição da perda líquida, pois a água

terá um tempo maior dentro do sistema de resfriamento e não será drenada.

Como a água não é drenada, o sistema não é obrigado a repor esta perda, o que

resulta em uma diminuição do consumo de água potável.

A seguir, é demonstrada a sequência de cálculos da situação inicial e da situação

otimizada para a Torre 1:

Situação Inicial:

Pela Equação 2, a vazão de evaporação foi dada por:

Já o ciclo de concentração pôde ser calculado pela Equação 6:

O valor total das perdas líquidas pode ser encontrado através da somatória de

perdas por arraste, purga e outros, porém, neste trabalho, foi calculado utilizando

os parâmetros de evaporação e ciclo de concentração, conforme Equação 9:

Com o valor das perdas líquidas (L) somada a perda por evaporação (E), obteve-

se o consumo de reposição inicial (R) da Torre 1 através da Equação 5.

60

Situação otimizada:

( )

( )

( )

Como não houve alteração nos dois primeiros parâmetros, a perda de água por

evaporação não se alterou:

Já o ciclo de concentração foi novamente calculado pela Equação 6:

A diminuição do ciclo levou a redução da perda líquida, conforme cálculo abaixo:

Com o valor das perdas líquidas (L’) somada a perda por evaporação (E), obteve-

se o novo consumo de reposição (R’) da Torre 1:

61

O raciocínio valeu-se para todas as torres. Nas Tabelas 2 e 3 estão descritos os

resultados obtidos para otimização e cálculo de possível redução de água de

cada torre:

Tabela 2 - Condições básicas para cálculos de otimização nas torres

Torre Q

(m³/h)

ºC E

(m³/h) SiO2 (ppm)

Inicial SiO2 (ppm) Otimizado

1 200 4,2 1,45 90 150

2 200 3,5 1,21 90 150

3 210 5,0 1,82 100 150

4 250 4,3 1,86 100 150

5 500 4,0 3,46 100 150

Tabela 3 - Condições ideais vs. otimizadas para cálculo de redução na água de reposição

Torre x

Inicial x'

Otimizado L

(m³/h) L'

(m³/h) R

(m³/h) R'

(m³/h) Redução

(m³/h)

Redução R

(m³/mês)

1 2,57 4,29 0,92 0,44 2,38 1,90 0,48 347,39

2 2,57 4,29 0,77 0,37 1,98 1,58 0,40 289,49

3 2,86 4,29 0,98 0,55 2,79 2,37 0,43 306,19

4 2,86 4,29 1,00 0,57 2,86 2,43 0,44 313,48

5 2,86 4,29 1,86 1,05 5,32 4,51 0,81 583,22

Total 2,56 1839,78

A redução de 1839,78 m³/mês foi adotada como objetivo a ser alcançado (Figura

25), reduzindo em 54,81% o consumo inicial de água.

Figura 25 - Objetivo da pesquisa-ação nas torres de resfriamento

3356,59

1839,78 1516,81

0,00

500,00

1000,00

1500,00

2000,00

2500,00

3000,00

3500,00

4000,00

Consumo Inicial Objetivo deRedução

Consumo Ideal

Co

ns

um

o d

e á

gu

a n

as

5

torr

es

(m

³/m

ês

)

62

4.6 PREPARAR PLANO DE ATIVIDADES

O plano de evolução resultante da aplicação do QC Story foi preparado com todo

o time envolvido, para que cada ação fosse direcionada a pessoa correta, por

exemplo, para a identificação do fenômeno era indispensável a presença de um

operador da área e de um mecânico, o qual é responsável pela manutenção da

mesma. Na Figura 26 é apresentado o plano mestre.

Figura 26 - Plano de atividades para a aplicação da ferramenta QC Story

4.7 ANALISAR CAUSA RAIZ

Para avaliação das causas raízes, utilizou-se o método dos 5 “por quês”, com a

presença de um membro do departamento de Utilidades, meio ambiente e um

mecânico para auxilio nas questões técnicas, conforme Figura 27.

Checar

1- Identificação da perda Sanches/Cano

2- Seleção do tema e Justificativa Sanches

3- Principio de Funcionamento Rodrigo Campos (Nalco)

4- Identificação do Fenômeno Jorge/Erivelto/Sanches/Janaina/Cano

5- Estabelecimento dos Objetivos Cano/Rodrigo Campos/Sanches/

6- Preparar Planos Janaina

Analizar

7- Análise das Causas Raizes Jorge/Erivelto/Sanches/Janaina/Cano

Planejar

8- Proposta de Contramedidas Rodrigo Campos/Sanches/Cano

Executar

9- Implementação de Contramedidas Rodrigo Campos/JK/Jorge

Checar

10- Checagem de Resultados Sanches/Janaina

Analizar

11- Padronização Sanches

Planejar

12 - Planos Futuros Sanches/Janaina/Cano

Planejado Realizado

Sem

47

Atividades Quem? Sem

41

Sem

42

Sem

43

Sem

44

Sem

45

Sem

46

Sem

30

Sem

29

Sem

31

Sem

26

Sem

35

Sem

36

Sem

37

Sem

38

Sem

39

Sem

40

Sem

32

Sem

33

Sem

34

Sem

24

Sem

25

Sem

27

Sem

28

Plano de Aplicação da Ferramentajun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13

63

ANÁLISE DOS 5 “POR QUÊS”

Perda de Material

3356,59 m³/mês

Local da Perda

Torres de Resfriamento Data de Análise

25/07/13

Fenômeno

Descarte contínuo e não controlável para o dreno e evaporação excessiva, com consumo de água potável nas torres de resfriamento da manufatura de bebidas

quando os níveis de água das bacias das torres estão baixos e as boias são ativadas, com tendência variável, crescente com aumento da produção e aumento

da temperatura ambiente, dependendo da habilidade dos operadores e manutentores, consumindo 3356,59 m³ por mês.

POR QUÊ

1 POR QUÊ

2 POR QUÊ

3 POR QUÊ

4 POR QUÊ

5 AÇÃO

A

Alto consumo de água potável

nas torres de

resfriamento

Porque existe perda de água nas

Torres

Por excesso de

evaporação da água

Devido o uso da

capacidade total de

rotação dos ventiladores

Não existe um

modulador de

frequência em relação

a temperatura

- Instalação de um modulador de frequência

nos motores dos ventiladores ligado a

variação de temperatura da água na bacia das torres

B

Porque a vazão do sistema é muito alta

Porque todas as

bombas de transferência

estão ligadas

- Criação de procedimento de uso das bombas de

acordo com a necessidade do processo de fabricação

C

Devido ao arraste de água para fora das Torres

Não há um sistema eficiente

para eliminar as

gotas

Nunca foi considerado significativo o volume de

água arrastado

pelos ventiladores

-Instalação ou recuperação de perfis retentores, compostos de barras

perfiladas de PVC ou fibra-cimento.

D

Porque as boias de

regulagem de entrada

de água não seguem um

padrão

Porque não há um

sistema de manutenção

ou regulagem preventiva

Porque a manutenção

era realizada

apenas com a quebra

-Criação de check-list para torres, referente à operação e padrões pré-estabelecidos

E

Porque existem

vazamentos laterais de

água

Porque partes

físicas estão com defeito

Porque nunca foi realizado

uma restauração

-Recapacitação física das torres

F

Porque não há um

controle da quantidade

de água descartada pela purga

Porque o sistema de

purga é realizado de

maneira manual por abertura de

dreno

Porque no projeto a

automação do dreno

não é levado em conta

-Automação da quantidade de água descartada segundo

necessidade do sistema

Continua

64

POR QUÊ

1 POR QUÊ

2 POR QUÊ

3 POR QUÊ

4 POR QUÊ

5 AÇÃO

G

Porque a água é

descartada antes de

estar com a concentração máxima de

sais permitida

Porque não há um

sistema de leitura de sais antes

do descarte

Porque as leituras de sais são

feitas apenas por terceiros e

quinzenalmente

-Busca de um sistema automático de leitura,

dosagem de químicos e descarte de água com altas

concentrações de sais

H

Porque ocorre

transbordamento desta água em algumas

torres

Porque a quantidade

de água recebida do processo é maior que a quantidade

perdida naquele

momento

Porque um alto volume

de água recuperada do processo

é enviado para uma torre em

específico

-Realizar um sistema para enviar o transbordo de água entre as torres, garantindo

que o excesso de água sempre será utilizado em

outra

-Realizar um sistema de equalização entre torres

Figura 27 - Análise das causas raízes para as torres de resfriamento

4.8 PROPOSTA DE CONTRAMEDIDAS

As causas raízes da perda foram analisadas pelo time, para checar custo,

prioridade, viabilidade e esclarecer aspectos para definição das ações. O

resultado segue na Figura 28.

ANÁLISE DAS PROPOSTAS

AÇÃO COMENTÁRIO GERAL

CUSTO (R$)

Baixo (<5 k)

Médio (>5k e < 20k)

Alto (> 20k)

PRIORIDADE

Alta (A)

Média (B)

Baixa (C)

A

Instalação de um modulador de frequência nos motores dos

ventiladores ligado a variação de

temperatura da água na bacia das torres

Este modulador possibilita a redução de energia elétrica através da redução de rotação dos ventiladores. Isto será possível quando a

temperatura ambiente estiver mais baixa (inverno) e a transferência de calor não será

alterada com a diminuição do fluxo de ar. Para sua instalação, o painel elétrico atual deve

possuir espaço para instalação de um modulador de frequência. Ele deve ser

fabricado pela empresa de automação com contrato vigente. O sistema pode ser

integrado no supervisório utilizado pela operação para controle de parâmetros do

processo. A economia gerada pelo investimento deve ser definida.

Alto C

65

AÇÃO COMENTÁRIO GERAL

CUSTO (R$)

Baixo (<5 k)

Médio (>5k e < 20k)

Alto (> 20k)

PRIORIDADE

Alta (A)

Média (B)

Baixa (C)

B

Criação de procedimento de uso

das bombas de acordo com a

necessidade do processo

Para as torres 3, 4 e 5, existem pares de bombas em funcionamento no processo atual.

Deve ser verificada a necessidade de utilização de todas ao mesmo tempo, ou se apenas uma é capaz de atender o processo, deixando a outra como backup. Isto gerará uma economia de energia e de água, pois diminuirá o fluxo (Queda da evaporação).

Um LPP (Lição ponto a ponto) deve ser feita para instruir todos os operadores do resultado.

Baixo A

C

Instalação ou recuperação de perfis retentores, compostos de barras perfiladas

de PVC ou fibra-cimento

Os perfis retentores farão parte da recapacitação das torres como um todo, pois todo o processo de recuperação é realizado

por empresas terceiras e para minimizar custos, elas devem ser acionadas com uma

proposta geral

Médio B

D

Criação de check-list para torres, referente à operação e padrões

pré-estabelecidos

O check-list deve conter todas as modificações que serão realizadas nas torres e contendo uma especificação para as boias.

Uma demarcação física do nível de água deve ser feito nas torres para checagem.

Baixo A

E Recapacitação física

das torres

A recapacitação, além do conserto das venezianas laterais, devem incluir a troca de

enchimentos, bicos injetores, canaletas e qualquer outra parte que for identificada. Deve

ser feita pela mesma empresa responsável pelo projeto

Alto B

F

Automação da quantidade de água descartada segundo

necessidade do sistema

O descarte de água atual é manual, devido ao sistema de tratamento químico temporizado.

Deve ser feito a troca do sistema por um automatizado, onde tanto o químico quanto a

água serão acrescidos ou descartados de acordo com a concentração de sais na água de circulação. Este aparelho está disponível através de parceiros da empresa e funcionam pela adição de um químico rastreável com os

anti-inscrustante, biocidas e outros componentes.

Alto A

G

Busca de um sistema automático de leitura, dosagem de químicos

e descarte de água com altas

concentrações de sais

Idem ao anterior. Alto A

H

Realizar um sistema de transbordo de

água entre as torres 2 3, garantindo que o excesso de água

sempre será utilizado em outra e não será

desperdiçado.

O sistema de transbordo deve ser realizado entre as torres 2 e 3, devido a disposição das mesmas. Esta ligação evitará com que haja o

transbordamento de água da torre 2. Esta água em excesso será redirecionada para a

torre 3.

Médio C

66

AÇÃO COMENTÁRIO GERAL

CUSTO (R$)

Baixo (<5 k)

Médio (>5k e < 20k)

Alto (> 20k)

PRIORIDADE

Alta (A)

Média (B)

Baixa (C)

I Realizar um sistema de equalização entre

torres

A equalização e ligação devem ser feitas utilizando o sistema de transbordo entre torres 3, 4 e 5, que não são utilizados atualmente. A ligação atual deve ser rebaixada, formando um sistema para otimizar o uso de um único equipamento de dosagem de químicos que será instalado. Isto gerará redução no gasto

com tubulações e equipamentos.

Médio C

Figura 28 - Análise de cada proposta resultantes da causa-raiz

4.9 IMPLEMENTAÇÃO DE CONTRAMEDIDAS

Através da especificação de cada ação no passo anterior, foi realizado a

montagem do plano de ação para a implementação das contramedidas.

Elas foram submetidas a análise do time de segurança, saúde e meio-ambiente

para garantir que nenhuma mudança geraria algum tipo de risco a pessoa

presente ou ao ambiente onde está inserido. A Figura 29 apresenta o plano de

ação resultante:

PLANO DE AÇÂO

Nº O que fazer? Quem?

Quando?

Ags/13 Set/13 Out/13 Nov/13

S

3

3

S

3

4

S

3

5

S

3

6

S

3

7

S

3

8

S

3

9

S

4

0

S

4

1

S

4

2

S

4

3

S

4

4

S

4

5

S

4

6

S

4

7

1 Levantar requisitos de temperatura e padrões de

instalação necessários para comissionar o modelador

Sanches

Alex

2 Criação de procedimento relacionando ao uso de

bombas/necessidade de processo

Jorge

Alex

3 Estabelecimento de condições físicas básicas das torres

(Bicos injetores, perfis retentores, vedação, etc) Vettor

4 Estudo de viabilidade do sistema automático para

dosagem de químicos Sanches

5 Instalação de um sistema de transbordo entre as torres

2 e 3 JK

67

6 Instalação de um sistema de equalização entre as torres

3, 4 e 5 JK

7 Instalação um sist. automático para as torres 1 e 2, com

adição de um dique, grade e linha de ácido.

Rodrigo

JK

Sanches

8 Instalação um sist. automático para as torres 3,4 e 5,

com adição de um dique, grade e linha de ácido.

Rodrigo

JK

Sanches

9 Reformulação de check-list para operação das torres

com base nas mudanças efetuadas Sanches

10 Instalar chaves de segurança nos drenos das torres,

evitando dreno manual.

Cano

Janaina

11 Assegurar que drenos das torres serão enviados a ETE

e não água pluvial Cano

12 Instalar cadeados nas escadas de acesso ao motor das

torres por motivos de segurança Sanches

13 Padronização na identificação visual do sistema para

facilitar manutenção ou identificação futura de falhas

Sanches

Terra

Figura 29 - Plano de ação para redução de perda em torres

4.10 CHECAR OS RESULTADOS

O objetivo desta pesquisa-ação está ligado com a redução no consumo de água

nas torres de resfriamento, o qual foi monitorado pela presença de um medidor de

vazão, porém outros benefícios foram identificados, conforme descritos a seguir.

A primeira modificação está presente no layout e disposição dos equipamentos

das torres e podem ser verificado pela Figura 30. As equalizações presentes entre

as torres possibilitaram a divisão do sistema em dois grandes conjuntos, para

otimizar o uso dos novos equipamentos de adição de químicos devido ao alto

valor de investimento. O primeiro atendeu a necessidade das torres 1 e 2, já o

segundo esteve para as torres 3, 4 e 5, com dosagem realizada na 4. Estes novos

equipamentos automatizados foram deslocados para as laterais em função da

restrição do espaço que causavam os seus antecessores. A mudança de posição

possibilitou o atendimento de alguns requisitos de segurança, como a presença

de diques para conter vazamentos em caso de acidentes (Figura 31), além da

68

instalação de gaiolas que restringem o acesso a esses produtos químicos, uma

vez que são classificados como corrosivos.

Além disso, foram desligadas duas bombas de transferência, pois não afetavam

o funcionamento do processo. Também ocorreu a instalação do sistema de

transbordo, levando o excesso de água da Torre 2 para a 3.

Figura 30 - Novo layout apresentado pelo sistema após modificações

Figura 31 – Modelo de pallets de contenção instalados (PLASBOX)

69

Com as modificações implementadas em setembro/2013, alcançou-se uma

redução na perda em 43,94% em relação ao consumo médio inicial, conforme

Gráfico 7. O gasto de setembro esteve abaixo do estimado como ideal de 1516,81

m³/mês pois a instalação dos equipamentos e outras alterações só aconteceram

na primeira quinzena deste mesmo mês. Se somente o consumo da segunda

quinzena for comparado ao mesmo período médio dos meses anteriores, uma

redução de 53,13% é encontrada, conforme Gráfico 8.

Gráfico 7 - Volume de água consumida nas torres de resfriamento

Gráfico 8 - Volume de água consumida durante quinze dias nas torres de resfriamento

3356,6

1881,73

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Consumo médio inicial Setembro

Co

ns

um

o d

e á

gu

a n

as

to

rre

s

de r

es

fria

me

nto

da

ma

nu

fatu

ra d

e

beb

idas

(m³/

s)

1678,3

786,67

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Consumo médioquinzenal

Setembro

Co

ns

um

o d

e á

gu

a q

uin

ze

nal

nas

to

rre

s d

e r

es

fria

me

nto

da

ma

nu

fatu

ra d

e b

eb

idas

(m

³)

70

Tratando-se do consumo mensal de produtos químicos, observou-se uma

redução de 10,98% para o produto ST 70 e 15,04% para o 3DT 60, conforme

Gráfico 9. Este objetivo secundário foi alcançado graças ao controle fino

proporcionado pelo sistema automatizado de dosagem de químicos que realizam

a drenagem apenas quando a concentração de sais está acima de 150 ppm,

impossibilitando o desperdício dos mesmos.

Gráfico 9 - Consumo de químicos nas torres de resfriamento

Um último ponto identificado como causa raiz foi o uso de inversores de

frequência nos ventiladores das torres para diminuição da evaporação e redução

do consumo de energia elétrica. Através da ação gerada para o estudo desta

possibilidade, chegou-se ao resultado que a sua compra e comissionamento não

eram viáveis, pois a economia no valor da energia elétrica não era suficiente para

pagar o alto investimento em apenas três anos, o qual é o pré-requisito dado pela

companhia para aprovação de um investimento em ativo.

4.11 PADRONIZAÇÃO

Todas as modificações na estrutura física das torres de resfriamento foram

divulgadas em um sistema interno de comunicação chamado “Registro de

160,71

143,06 142,57

121,13

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

180,00

Média consumo Setembro

Ga

sto

de p

rod

uto

s q

uím

ico

s

para

tra

tam

en

to d

as

to

rre

s

(kg

/mê

s)

ST 70

3DT 60

71

Melhores Práticas”. Esta ferramenta “on line” permitiu a divulgação ou consulta da

melhoria, além de facilitar a atualização do plano de manutenção, pois identificou,

de maneira clara, o que foi realizado e porque, a fim de evitar que a perda

retornasse ao processo. As Figuras 32 a 36 apresentam parte das modificações

realizadas e cadastradas.

Figura 32 - Realização de um sistema de transbordo entre Torres 3, 4 e 5

72

Figura 33 - Vedação de venezianas da Torre 5

Figura 34 - Restauração de enchimentos da Torre 3

73

Figura 35 - Mudança de sistema de dosagem

Figura 36 - Transbordo entre torres 3, 4 e 5

74

Em relação a modificação do check-list, foram adicionados alguns elementos,

como a checagem das boias e ventiladores, níveis de produtos e se as bombas

de backup continuam desligadas, além de outros pontos, conforme Figura 37.

Figura 37 - Novo check-list apresentado para operação

4.12 PLANOS FUTUROS

A determinação dos planos futuros se baseou no sucesso e efetividade de

aplicação da ferramenta. Nesta pesquisa-ação, o objetivo de redução do consumo

75

de água potável foi alcançado devido a interação e participação ativa de todo o

time, que foram reconhecidos pelo esforço e dedicação através da divulgação de

seus nomes nos quadros de informação da empresa, como mostra a Figura 38.

Figura 38 - Agradecimento posicionado na porta do restaurante da empresa pelo esforço e ação do time no projeto de redução de água

Neste passo também foram descritas algumas atividades relacionadas com a

continuidade do projeto, identificação de novas oportunidades, entre outros,

como:

Acompanhar a efetividade da aplicação do novo check-list e se há

oportunidade de otimizá-lo por questão de tempo;

Desafiar empresa terceira a desenvolver equipamentos de dosagem de

químicos cada vez mais sustentáveis, diminuindo consumo de produtos e

aumentando o ciclo de concentração da água;

Desafiar empresa terceira a utilizar químicos menos agressivos e que não

coloquem a segurança do operador em risco, aplicando princípios da

Química Verde e que possuem relação com a estratégia de

sustentabilidade da companhia;

76

Estudar possibilidades de reusar a água com alta concentração de sais

para jardinagem, limpeza externa, etc, desde que não apresentem riscos

de contaminação de solo ou modificação de flora;

Estudar alternativa mais viável referente ao modelador de frequência para

economia de energia, justificando investimento;

Buscar alternativas para substituir a água potável utilizada nas torres de

resfriamento, como água de chuva, reduzindo volume de água gasto,

assim como seu tratamento químico;

Obter controle individual de consumo, com a instalação de hidrômetros

para cada torre, para a identificação de desvios e novas oportunidades;

Fazer um benchmarking para torres de outras manufaturas,

independentemente do tipo de produto fabricado;

Maior divulgação de ações relacionadas ao time de sustentabilidade.

77

5 CONCLUSÃO

A aplicação da ferramenta QC Story dentro da metodologia de pesquisa-ação

possibilitou a correlação entre este método de pesquisa com um modo de

trabalho da adotado pela empresa, trazendo para a base prática o conhecimento

teórico adquirido na literatura.

Como resultado do desenvolvimento dos dozes passos, conclui-se também que:

A ferramenta QC Story pode ser aplicada a qualquer tipo de perda

classificada como crônica, sendo de grande valia dentro do contexto e

estratégia de sustentabilidade traçado dentro de um meio, reduzindo o

desperdício de recursos naturais, como a água;

Alcançou-se uma redução de 53,13% do volume total de água potável

utilizado nas torres de resfriamento de uma manufatura de bebidas;

Devido à mudança no controle de dosagem de químicos, houve uma

redução no gasto com produtos para tratamento de incrustações, corrosão

e contaminação microbiológica;

Otimizou-se a utilização de novos equipamentos e ativos existentes através

da interligação de torres, criando dois grandes sistemas de resfriamento;

Incluíram-se procedimentos operacionais para checagem de condições de

funcionamento, possibilitando a aplicação de uma manutenção preventiva,

o qual reduz a probabilidade do retorno da perda tratada;

Integrou-se a cultura de sustentabilidade no time envolvido, fomentando

futuros trabalhos voltados para esta área, incluindo novos conhecimentos,

como princípios da Química Verde;

A replicação do trabalho pode ser feita e implica em poucas mudanças com

baixos custos de implementação.

Para o autor, este trabalho foi de grande valia, pois além do uso de uma

ferramenta simples e ilustrativa, proporcionou o desenvolvimento de

relacionamentos interpessoais e noções de gerenciamento.

78

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