universidade de passo fundousuarios.upf.br/~engeamb/tccs/2013-2/nicoli rodrigues.pdf · social e de...

78
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Nicoli Gasparin Rodrigues PROPOSTA DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA PARA UMA EMPRESA DE ABATE DE FRANGO E ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS Passo Fundo, 2013.

Upload: others

Post on 01-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Nicoli Gasparin Rodrigues

PROPOSTA DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA PARA

UMA EMPRESA DE ABATE DE FRANGO E

ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS

Passo Fundo, 2013.

Page 2: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

1

Nicoli Gasparin Rodrigues

Proposta de Produção Mais Limpa para uma empresa de

abate de frango e alimentos industrializados

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Ambiental, como parte

dos requisitos exigidos para obtenção do título

de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Viviane Rocha dos Santos,

Mestre

Passo Fundo, 2013.

Page 3: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

2

Page 4: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

3

Page 5: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela vida.

Agradeço aos meus pais, Sergio e Marilene, que não medem esforços para a realização

dos meus sonhos, que são meu exemplo de vida, a vocês minha eterna gratidão e admiração.

A minha irmã Isadora pela paciência, pela presença e pelos bons momentos vividos.

Ao meu namorado e companheiro de todas as horas, Augusto o meu agradecimento

especial, pela cumplicidade, compreensão e amor dedicados.

Aos familiares que torceram pela minha vitória e entenderam o meu afastamento.

A minha orientadora Viviane pela dedicação, paciência e disponibilidade a mim

dedicados para a conclusão deste trabalho.

Aos demais professores que transmitiram conhecimentos e experiências.

Aos amigos e colegas que me incentivaram, que foram cúmplices nos momentos de

dificuldades e alegrias e que se mostraram sempre presentes.

Por fim, a todos que participaram de forma direta ou indireta deste trabalho.

Muito obrigada!

Page 6: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

5

RESUMO

O conceito de Produção mais Limpa envolve a aplicação de uma estratégia ambiental

integrada que atinge processos produtivos, produtos e serviços da empresa, com o objetivo de

reduzir riscos relevantes aos seres humanos e ao meio ambiente, buscando soluções para os

problemas ambientais e também procurando gerar vantagens econômicas. Neste contexto, o

presente trabalho visa, propor através da prática da Produção Mais Limp,a ações voltadas para

a melhoria ambiental na indústria alimentícia, principalmente, através da minimização da

geração de resíduos e da utilização de recursos naturais visando otimizar seu processo

produtivo, demonstrando a possibilidade de se obter lucro com ações voltadas ao meio

ambiente, principalmente com a reciclagem de resíduos. A metodologia utilizada baseou-se na

coleta de dados junto à empresa, tendo como objetivo diagnosticar e avaliar o processo

produtivo, com o intuito de buscar alternativas para a redução da geração de resíduos e a

otimização do uso dos recursos naturais. Assim sendo, a proposta da Produção Mais Limpa

torna mais eficiente o uso de matéria-prima e recursos naturais através de modificações nos

processos produtivos e nas práticas industriais, apresentando-se como uma alternativa

simples, e com bons resultados.

Palavras-chaves: Produção Mais Limpa, Resíduos Sólidos, Alimentos Industrializados.

Page 7: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

6

ABSTRACT

The concept of Cleaner Production involves the application of an integrated environmental

strategy that achieves production processes , products and services of the company , in order

to reduce significant risks to humans and the environment , seeking solutions to

environmental problems and also seeking to generate economic advantages . In this context ,

this paper aims to propose through the practice of Production More Limp , the actions for

environmental improvement in the food industry , mainly through the minimization of waste

generation and use of natural resources in order to optimize its production process ,

demonstrating the possibility to profit from actions related to the environment , especially

with the recycling of waste. The methodology was based on data collection from the

company, aiming to diagnose and evaluate the production process, in order to seek

alternatives to the reduction of waste generation and optimize the use of natural resources.

Therefore , the proposal of Cleaner Production makes more efficient use of raw materials and

natural resources through changes in production processes and industrial practices , presenting

itself as a simple alternative , with good results The concept of Cleaner Production involves

the application of an integrated environmental strategy that achieves production processes,

products and services of the company, in order to reduce significant risks to humans and the

environment, seeking solutions to environmental problems and also seeking to generate

economic advantages. In this context, this paper aims to propose through the practice of

cleaner production actions for environmental improvement in the food industry, mainly

through the minimization of waste generation and use of natural resources in order to

optimize its production process, demonstrating the possibility of making profit with actions

on the environment, especially with the recycling of waste. The methodology used was based

on the literature review and data collection by the company, aiming to diagnose and evaluate

the production process, in order to seek alternatives to reduce waste generation and

optimization consumption of natural resources. Therefore, the proposal of Cleaner Production

makes more efficient use of raw materials and natural resources through changes in

production processes and in industrial practice, presenting itself as a simple alternative, and

with good results.

Keywords: Cleaner Production, Solid Waste, Processed Food.

Page 8: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fluxograma de opções de Produção Mais Limpa ..................................................... 21 Figura 2: Fluxograma de técnicas para redução da poluição.................................................... 22 Figura 3: Análise quantitativa de entradas e saídas .................................................................. 25 Figura 4: Benefícios da Produção Mais Limpa ........................................................................ 34

Figura 5: Fluxograma do delineamento da pesquisa ................................................................ 39 Figura 6: Fluxograma do processo produtivo ........................................................................... 41 Figura 7: Recepção e espera das aves ....................................................................................... 42 Figura 8: Pendura de aves ......................................................................................................... 43 Figura 9: Processo de insensibilização das aves ....................................................................... 43

Figura 10: Processo de sangria ................................................................................................. 44

Figura 11: Sangria manual ........................................................................................................ 45 Figura 12: Sala de gotejamento de sangue ............................................................................... 45

Figura 13: Tanque de escaldagem ............................................................................................ 46 Figura 14: Depenadeira ............................................................................................................ 47 Figura 15: Cortador de cabeça .................................................................................................. 48 Figura 16: Corte dos pés ........................................................................................................... 49

Figura 17: Extratora de cloaca .................................................................................................. 49 Figura 18: Mesa de classificação .............................................................................................. 50

Figura 19: Cortador de sambiquira ........................................................................................... 50 Figura 20: Lavagem Final ........................................................................................................ 51 Figura 21: Chiller ..................................................................................................................... 52

Figura 22: Sala de cortes .......................................................................................................... 53 Figura 23: Fluxograma do processo de fabricação de salsicha ................................................ 54

Figura 24: Seleção de carnes e gorduras .................................................................................. 55 Figura 25: Fluxograma do processo produtivo da mortadela ................................................... 57

Figura 26: Fluxograma do processo produtivo da calabresa .................................................... 59 Figura 27: Fluxograma dos aspectos ambientais da produção de industrializados .................. 63

Figura 28: Processo de embalagem .......................................................................................... 66 Figura 29: Processo de pasteurização da salsicha .................................................................... 66

Figura 30: Embalagens defeituosas .......................................................................................... 67 Figura 31: Descarte de embalagens defeituosas ....................................................................... 67 Figura 32: Disposição dos resíduos diretamente da fábrica ..................................................... 68

Figura 33: Depósito de resíduos ............................................................................................... 68 Figura 34: Depósito de resíduos ............................................................................................... 69

Figura 35: Trator de transporte de resíduos .............................................................................. 69

Page 9: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Produção Brasileira de Carne de Frango .................................................................. 15 Tabela 2: Consumo Per Capita da carne de frango .................................................................. 16 Tabela 3: Geração mensal de resíduos recicláveis ................................................................... 60 Tabela 4: Formação do ECOTTIME ........................................................................................ 62

Tabela 5: Descarte de embalagens no setor de mortadela ........................................................ 64

Page 10: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11 1.1 Problema .................................................................................................................... 11 1.2 Justificativa ................................................................................................................ 12 1.3 Objetivos .................................................................................................................... 12

1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 12 1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 14 2.1 Setor avícola .............................................................................................................. 14 2.2 Resíduos Sólidos ........................................................................................................ 17

2.3 Produção Mais Limpa ................................................................................................ 18

2.4 Metodologia P+L ....................................................................................................... 20 2.5 Barreiras à implantação de P+L ................................................................................. 30

2.6 Benefícios da Produção Mais Limpa ......................................................................... 32 2.7 Princípios da produção Mais Limpa .......................................................................... 36 2.8 Custos e investimentos ambientais ............................................................................ 36 2.9 Legislação e Normas Aplicáveis aos Resíduos Sólidos ............................................. 37

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 39 3.1 Local de estudo .......................................................................................................... 39

3.2 Delineamento da pesquisa.......................................................................................... 39 3.3 Visita ao empreendimento ......................................................................................... 40 3.4 Descrição do processo produtivo ............................................................................... 40

3.5 Oportunidades de Produção Mais Limpa ................................................................... 40 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 41

4.1 Empreendimento ........................................................................................................ 41 4.2 Detalhamento do processo produtivo de abate de aves ............................................. 41

4.2.1 Recepção e espera das aves ................................................................................ 41 4.2.2 Descarregamento ................................................................................................ 42

4.2.3 Pendura ............................................................................................................... 42 4.2.4 Insensibilização .................................................................................................. 43

4.2.5 Sangria ................................................................................................................ 44 4.2.6 Escaldagem ......................................................................................................... 45 4.2.7 Depenagem ......................................................................................................... 46

4.2.8 Corte da cabeça ................................................................................................... 47 4.2.9 Corte dos pés ...................................................................................................... 48

4.2.10 Evisceração ......................................................................................................... 49 4.2.11 Sala de miúdos .................................................................................................... 50

4.2.12 Cabine de lavagem final ..................................................................................... 51 4.2.13 Resfriamento ....................................................................................................... 51 4.2.14 Classificação ....................................................................................................... 52 4.2.15 Sala de Cortes ..................................................................................................... 52 4.2.16 Embalagem ......................................................................................................... 53

4.3 Detalhamento do processo produtivo de alimentos industrializados ......................... 53 4.3.1 Salsicha ............................................................................................................... 53 4.3.2 Mortadela ............................................................................................................ 56 4.3.3 Calabresa ............................................................................................................ 58

4.4 Diagnóstico da geração de resíduos ........................................................................... 60 4.4.1 Resíduos recicláveis ........................................................................................... 60 4.4.2 Resíduos não recicláveis ..................................................................................... 61

Page 11: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

10

4.5 Medidas de Produção Mais Limpa ............................................................................ 61 4.5.1 Formação do Ecotime ......................................................................................... 61

4.5.2 Seleção do foco ................................................................................................... 62 4.5.3 Fluxograma dos aspectos ambientais do processo produtivo ............................. 62 4.5.4 Indicadores.......................................................................................................... 64

4.6 Identificação das oportunidades de melhoria ............................................................. 64 4.6.1 Setor de mortadela .............................................................................................. 64

4.6.2 Setor de salsicha ................................................................................................. 65 4.6.3 Outras oportunidades .......................................................................................... 67 4.6.4 Análise de perdas ................................................................................................ 70

4.7 Propostas de Produção Mais Limpa ........................................................................... 70 4.7.1 Melhorias no processo produtivo ....................................................................... 70

4.7.2 Melhorias na estrutura da empresa ..................................................................... 71

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 73 APÊNDICE A .......................................................................................................................... 75

Page 12: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

11

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema

No Brasil, a avicultura emprega mais de 3,6 milhões de pessoas, direta e

indiretamente, e responde por quase 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Nas exportações, o país mantém, desde 2004, a posição de maior exportador mundial,

tendo terminado o ano de 2011 com a marca de 3,9 milhões de toneladas embarcadas para

mais de 150 países. Com esse desempenho, a carne de frango brasileira aumentou ainda mais

sua presença na mesa dos consumidores no Brasil e no mundo (UNIÃO BRASILEIRA DE

AVICULTURA, 2013).

A partir deste desenvolvimento acelerado, surge uma preocupação quanto a estas

atividades, uma vez que os processos industriais estão fabricando produtos em velocidade

cada vez maior, o que vem contribuindo para o aumento da geração de resíduos durante o

processo produtivo.

Para evitar que a problemática dos resíduos sólidos aumente ainda mais, surge a

necessidade de amplificar as ações no gerenciamento de resíduos sólidos, prevendo um novo

sistema. Este deve ser de fluxo circular, visando à redução da geração de resíduos na fonte e o

reaproveitamento destes no sistema produtivo, diminuindo assim, a quantidade de rejeitos a

serem dispostos no meio ambiente.

Neste sentido, as técnicas de Produção mais Limpa tornam-se ferramentas importantes

a serem consideradas no nível estratégico produtivo, pois se torna uma grande aliada na busca

pela produção sustentável, uma vez que visa a redução do consumo de matérias primas e

insumos e, consequentemente, a redução da geração de resíduos.

De acordo com Barbieri (2007), Produção mais Limpa é uma estratégia ambiental

preventiva aplicada a processos, produtos e serviços a fim minimizar os impactos sobre o

meio ambiente. É uma abordagem de proteção ambiental ampla que considera todas as fases

do processo de manufatura ou ciclo de vida do produto, com o objetivo de prevenir e

minimizar os riscos para os seres humanos e ambiente a curto e longo prazo. Essa abordagem

requer ações para minimizar o consumo de energia e matéria-prima e a geração de resíduos e

emissões.

Page 13: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

12

1.2 Justificativa

Os processos provenientes das operações nos frigoríficos originam vários subprodutos

e/ou resíduos que devem sofrer processamentos específicos.

A grande geração de resíduos vem trazendo grandes danos ao meio ambiente, como a

poluição atmosférica, hídrica e do solo, destruição da fauna e flora, além de impactos a saúde

social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de

competitividade e abalo à imagem.

Deste modo, questões ambientais ligadas a um alto consumo de água e energia, à

geração de efluentes líquidos com alta carga poluidora e resíduos sólidos, faz-se necessário a

elaboração de estratégias que evitem e/ou minimizem a situação. Logo, as ações de Produção

mais Limpa implementadas dentro de uma empresa objetivam tornar o processo produtivo

mais eficiente, utilizando os insumos de forma adequada e construindo produtos com menor

geração de resíduos, além de tratar-se de um processo de implementação fácil e econômico,

que depende, na maioria das vezes, apenas de uma reeducação de seus colaboradores em

torno da sustentabilidade.

Portanto, através da implementação de técnicas baseadas na Produção mais Limpa é

possível identificar oportunidades para eliminar ou reduzir a geração dos resíduos, além de

racionalizar a utilização de matérias-primas e insumos, possibilitando a melhoria contínua do

processo produtivo.

Justifica-se o presente trabalho de diagnóstico dos resíduos sólidos gerados em uma

empresa de abate de frango e alimentos industrializados, visto que possibilitará uma maior

responsabilidade da empresa com relação aos impactos causados pelo seu processo fabril,

através do desenvolvimento de um sistema eficiente de produção, o qual poderá ser integrado

ao sistema de qualidade e gestão ambiental, proporcionando um gerenciamento completo da

empresa.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Realizar uma proposta de Produção Mais Limpa para uma empresa de abate de frango

e alimentos industrializados.

Page 14: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

13

1.3.2 Objetivos Específicos

1) Descrever o processo produtivo;

2) Realizar um levantamento dos resíduos sólidos gerados na empresa e classificá-los de

acordo com as normas e resoluções específicas;

3) Realizar um levantamento dos custos de disposição, tratamento dos resíduos sólidos e

receitas de venda;

4) Identificar oportunidades de melhorias no processo produtivo;

5) Propor melhorias na empresa, bem como, no sistema produtivo, visando à redução da

geração dos resíduos sólidos.

Page 15: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Setor avícola

O desenvolvimento do setor avícola eclodiu a partir da Segunda Guerra Mundial. Até

aquele momento, a avicultura vinha sendo uma atividade artesanal, sendo que aqueles que se

dedicavam a ela não tinham preocupação com produtividade.

Surgiu, então, a necessidade de serem ofertadas alternativas de proteína animal, cuja

produção não exigisse grandes espaços físicos ou longos ciclos de desenvolvimento. Isso

implicou no desenvolvimento de pesquisas na área de genética, fabricação de rações e

medicamentos. Os efeitos dessa transformação foram sentidos no Brasil, no final das décadas

de 50 e 60, resultando na importação de linhagens híbridas americanas e posterior alteração

nas técnicas de manejo das criações. A indústria da avicultura instalou-se no Brasil na década

de 70, e, desde então, tem sido dominada por grandes e poucas empresas, embora ainda haja

frigoríficos de pequeno e médio porte (BNDES, 2011).

A cadeia produtiva da avicultura de corte brasileira é, provavelmente, uma das mais

produtivas e com maior nível de coordenação, conferindo-lhe competitividade no mercado

mundial e destaca-se como uma atividade com alto nível tecnológico (BUENO et al., 2007).

Neste contexto, o domínio do mercado internacional de carne de frango se deu através da alta

produtividade e eficiência desta cadeia, tornando este produto um dos principais na lista dos

exportados pelo país (ZAMUDIO et al, 2009).

A cadeia avícola é um setor de extrema importância para o Brasil, dada sua capacidade

de gerar renda, empregos e exportações, chegando a empregar mais de 3,6 milhões de

pessoas, direta e indiretamente e respondendo por quase 1,5% do PIB nacional. O setor

merece destaque devido à característica de estabelecer uma ligação entre a área rural e urbana,

contribuindo na continuidade do homem no campo e propiciando dinamismo para o

desenvolvimento econômico regional (UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA, 2013).

Apesar do expressivo aumento verificado nos últimos anos, o espaço para a ascensão

da avicultura ainda é grande, sendo que o Brasil é o país com menor custo de produção do

mundo, além disso, a alteração dos padrões alimentares e a busca por produtos mais

saudáveis, como a troca da carne vermelha que apresenta um maior teor de gordura por carnes

brancas que se apresentam como mais saudáveis, soma-se ao contínuo crescimento do

consumo de carne de frango (JANK, 2002). Deve-se considerar também o fato de produtores

Page 16: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

15

de alguns países como, por exemplo, França e Japão encontrarem-se em dificuldades para

expandir a produção ou até mesmo manterem os volumes atuais em virtude de aspectos

ambientais (BNDES, 2011).

Este expressivo aumento deve-se principalmente á implantação de um sistema de

integração vertical, no qual os produtores recebem as aves, ração e assistência técnica. Disso

resulta um domínio por parte da empresa avícola sobre as tecnologias utilizadas, processos

produtivos e comercialização da produção, fornecendo para a empresa capacidade de abate

em larga escala. Esse denominado sistema integrado, que prevalece no sul do país, levou a

uma eficiência operacional responsável pela posição do Brasil como um dos líderes da

avicultura mundial (MENDES, 2002).

A Tabela 1 apresenta a evolução da produção brasileira de carne de frango, nos anos

de 2000 a 2012.

Tabela 1: Produção Brasileira de Carne de Frango

Produção Brasileira de Carne de Frango (ton)

Ano Total

2000 5.980.000

2001 6.740.000

2002 7.520.000

2003 7.840.000

2004 8.490.000

2005 8.950.000

2006 9.340.000

2007 10.310.000

2008 10.940.000

2009 10.980.000

2010 12.230.000

2011 13.050.000

2012 12.640.000

Fonte: Adaptado de UBABEF (2013).

A Tabela 2 apresenta o consumo per capita da carne de frango no Brasil.

Page 17: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

16

Tabela 2: Consumo Per Capita da carne de frango

Consumo Per Capita (kg)

Ano Total

2000 29,1

2001 31,82

2002 33,81

2003 33,34

2004 33,89

2005 35,48

2006 35,68

2007 37,02

2008 38,47

2009 38,47

2010 44,09

2011 47,38

2012 45,00

Fonte: Adaptado de UBABEF (2013).

Segundo o relatório do BNDES (2011), os impactos ambientais da avicultura não têm

sido estudados, sejam eles originados da criação ou do processamento, mas não podem ser

desprezados. O mesmo relatório aponta alguns desses aspectos que merecem atenção. Os

problemas que podem advir da criação e do processamento industrial de aves são os de

contaminação ambiental por disposição indevida de resíduos, que podem até mesmo

ocasionar problemas graves de comprometimento do ecossistema. Todas as etapas do

processamento industrial contribuem de alguma forma para a carga de resíduos

potencialmente impactantes para o meio ambiente. Nesse caso, os resíduos são sangue,

vísceras, penas, carnes e tecidos gordurosos, perdas de processo, detergentes ativos e

cáusticos, e uma grande geração de resíduos sólidos.

Diferente de outros setores industriais em que a certificação ambiental pela norma ISO

14000 é comum apresentando um número considerável de empresas certificadas, para o setor

de processamento de carne de aves existe apenas uma unidade certificada no Brasil.

Os estudos de tais impactos, posterior monitoramento e minimização dos mesmos

assumem importância uma vez que, como não é possível a criação de barreiras tarifárias

enquanto medida de proteção dos mercados locais, acredita-se que seja cada vez mais

Page 18: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

17

frequente o uso de barreiras não tarifárias e, nestas, incluem-se: aspectos sanitários,

ambientais e sociais.

2.2 Resíduos Sólidos

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma Brasileira

Regulamentadora NBR 10.004:2004 (ABNT, 2004), define resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que

resultam de atividades da comunidade de origem:

industrial, domiciliar, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição

os lodos provenientes de sistemas de tratamento de

água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de

controle de poluição, bem como determinados líquidos,

cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento

na rede pública de esgotos ou corpos d’água ou exijam

para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis

em face à melhor tecnologia disponível.

Todos e quaisquer resíduos sólidos devem receber tratamento em todas as etapas pelas

quais transitam, do inicio ao fim do processo, tais como: acondicionamento, coleta, transporte,

armazenamento, tratamento e disposição final. As decisões técnicas e econômicas tomadas em

cada fase fundamentam-se na classificação dos resíduos.

A classificação dos resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes

deu origem e de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com

listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente seja conhecido.

A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser

criteriosa e estabelecida de acordo com as matérias primas, insumos e o processo que lhe deu

origem (PINTO, 2004).

A NBR 10.004:2004 (ABNT, 2004) classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos

potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados

adequadamente. Para os efeitos desta Norma, os resíduos são classificados em resíduos

Classes I e II.

Page 19: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

18

Resíduos Perigosos (Classe I): são aqueles que por suas características podem

apresentar riscos para a sociedade ou para o meio ambiente. São considerados

perigosos também os que apresentem uma das seguintes características:

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade. Na norma

estão definidos os critérios que devem ser observados em ensaios de laboratório para a

determinação destes itens. Os resíduos que recebem esta classificação requerem

cuidados especiais de destinação.

Resíduos Não Perigosos (Classe II): não apresentam nenhuma das características

acima, podem ainda ser classificados em dois subtipos:

o Classe II A – não inertes: são aqueles que não se enquadram no item anterior,

Classe I, nem no próximo item, Classe II B. Geralmente apresenta alguma

dessas características: biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em

água.

o Classe II B – inertes: quando submetidos ao contato com água destilada ou

deionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes

solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,

com exceção da cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G da norma

NBR 10004: 2004.

É importante que não ocorra o contato entre as diversas tipologias de resíduos, pois

resíduos contaminados (Classe I) possuem potencial de contaminação de qualquer objeto ou

resíduo que entre em contato com ele, ou seja, resíduos Classe II (A ou B) ao entrarem com

contato com o Classe I, passam a ser considerados resíduos do tipo Classe I.

2.3 Produção Mais Limpa

O conceito de Produção Mais Limpa (P+L) foi definido pelo PNUMA, no início da

década de 1990, como sendo a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva

integrada aos processos, produtos e serviços a fim de aumentar a eco eficiência e reduzir os

riscos ao homem e ao meio ambiente. Sua finalidade é ajustar o processo produtivo, de modo

que sejam reduzidas a emissão e geração de resíduos, através de pequenos ajustes no modelo

existente ou até mesmo através da aquisição de novas tecnologias.

Além da mudança tecnológica, deve haver na empresa a aplicação de know-how,

melhorando a eficiência, adotando melhores técnicas de gestão e revisando políticas e

procedimentos quando necessário. Outra mudança a ser realizada é a de atitudes por parte de

Page 20: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

19

todos que trabalham na empresa, encontrando uma nova abordagem de relacionamento entre a

indústria e o ambiente, pois repensando um processo industrial ou um produto, em termos de

P+L, pode ocorrer a geração de melhores resultados, sem requerer novas tecnologias (UNEP,

2004).

De acordo com Lemos (1998), o conceito de P+L surgiu exatamente com a finalidade

de combater o desperdício de matérias-primas e de energia, que ocorrem, geralmente, pela

intensa geração de resíduos e emissões.

O objetivo da P+L baseia-se na abordagem preventiva que responde à

responsabilidade financeira originada pelos custos de controle da poluição e dos tratamentos

de final de tubo – end of pipe (CEBDS, 2008; BARBIERI, 2007). Sendo considerada uma

ferramenta proativa para a adequação ambiental em processos produtivos, através da mudança

de foco dos resíduos para a produção ou produto, visando a não geração ou redução de

resíduos e/ou efluentes, emissões, e também perdas. Seu conceito consiste na prevenção da

geração de resíduos e todos os seus desdobramentos quanto ao processo produtivo, produto,

embalagens, descarte, destinação, manejo do resíduo industrial, relacionamento com clientes e

a política ambiental da empresa (FURTADO, 2000).

As tecnologias implantadas com a P+L têm por objetivo reduzir ou eliminar todo tipo

de rejeitos antes que eles sejam criados. Por isso são indispensáveis mudanças nos produtos

e/ou nos processos de produção, tanto por meio da redução da necessidade de insumos para

um mesmo nível de produção, quanto pela redução da poluição resultante do processo de

produção, distribuição e consumo.

Movido pelo desejo de contribuir com a melhoria da situação ambiental de uma região

o Programa de Produção Mais Limpa tem como intuito fortalecer economicamente a indústria

através da prevenção da poluição. O programa parte do principio de investigar o processo de

produção e as demais atividades de uma empresa e estudá-los do ponto de vista da utilização

de materiais e energia. São criteriosamente estudados os produtos, as tecnologias e os

materiais, a fim de minimizar os resíduos, as emissões e os efluentes, e encontrar modos de

reutilizar os resíduos inevitáveis.

A aplicação das medidas de P+L geralmente trazem benefícios significativos, em

termos de melhoria de desempenho ambiental e de ganhos econômicos. As ações devem

focar, preferencialmente, aos aspectos ambientais mais significativos, que possuem os

maiores impactos ambientais. Levando em consideração o caso de frigoríficos, o consumo de

água, o volume e a carga dos efluentes líquidos e o consumo de energia são os principais,

seguidos de resíduos sólidos e de emissão de substâncias odoríferas (MALDANER, 2008).

Page 21: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

20

De acordo com Fernandes (2001), a P+L apresenta quatro premissas básicas. A mais

importante, é a busca pela não geração de resíduos, através da racionalização das técnicas de

produção. A segunda atitude proposta é a minimização da geração dos resíduos, que deve ser

aplicada quando o primeiro conceito não pode ser aplicado integralmente. O reaproveitamento

dos resíduos no processo de produção é a terceira atitude estabelecida pela P+L, e a quarta

alternativa é a reciclagem, com o aproveitamento das sobras ou do próprio produto para a

geração de novos materiais (CETESB, 2007, apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007).

Antes do surgimento do conceito de P+L, as empresas utilizavam as técnicas

tradicionais, conhecidas como técnicas de fim de tubo, nas quais os resíduos são gerados,

tratados e levados para sua disposição final. Uma das consequências disso é que muitas

vezes, os problemas ambientais não são eliminados, mas sim transferidos de um local para

outro. A P+L busca exatamente o contrário: eliminar a poluição durante o processo de

produção, não no final.

Portanto, as empresas devem levar em consideração o fato de que a P+L, além de evitar

a poluição ambiental, pode trazer benefícios econômicos, já que além de todos os resíduos

gerados pela empresa terem sido comprados e pagos a preço de matéria-prima, consumiram

insumos como água e energia. Além disso, depois de gerados, estes insumos ainda consomem

dinheiro, pois devem ser tratados e armazenados, além de poderem ser causas de multas e

danos à imagem da empresa.

2.4 Metodologia P+L

A metodologia utilizada na P+L é diferenciada de outros processos de Gestão

Ambiental, pois seu enfoque está em identificar os pontos de desperdícios, geração de

resíduos e falhas no processo produtivo, para propor soluções através da racionalização no

uso dos insumos, eliminação dos desperdícios, reciclagem interna, otimização da produção e

consequentemente, diminuição da geração de resíduos na fonte.

Através da P+L a proteção do meio ambiente não vem através da identificação,

tratamento e disposição final dos resíduos, mas sim através da identificação de oportunidades

de não geração desses resíduos durante a produção. Identificando a origem das emissões

atmosféricas, resíduos sólidos e efluentes líquidos, a empresa pode buscar tecnologias mais

eficientes para melhorar seu processo produtivo, trazendo não só soluções ambientais, como

também adequando processos e produtos à legislação ambiental, aumentando a eficiência da

Page 22: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

21

empresa, trazendo economia financeira e melhorando, desta forma, a sua competitividade no

mercado.

A Produção mais Limpa, ao contrário das tecnologias ambientais convencionais que

focam o fim de tubo, pretende integrar os objetivos ambientais aos processos de produção, a

fim de reduzir os resíduos e as emissões em termos de quantidade e periculosidade. (CNTL,

2006). Para isso são utilizadas várias estratégias visando a P+L e a minimização de resíduos,

conforme Figura 1.

Figura 1: Fluxograma de opções de Produção Mais Limpa

Fonte: SENAI (2003)

A prioridade da P+L está no topo (à esquerda) do fluxograma, que é evitar a geração de

resíduos e emissões. Os resíduos que não podem ser evitados devem, preferencialmente, ser

reintegrados ao processo de produção da empresa. Não havendo a possibilidade, medidas de

reciclagem fora da empresa devem ser utilizadas. (CNTL, 2006).

O nível 1 prioriza medidas para resolver o problema na sua fonte geradora e podem

consistir em modificações tanto no próprio produto, como no processo de produção (uso

cuidadoso de matérias-primas, mudanças organizacionais) e/ou substituição de matérias

primas/insumos tóxicos. (COELHO, 2004).

O nível 2 utiliza a reciclagem interna, ou seja, quando não é possível evitar os resíduos

com a ajuda das medidas classificadas como de nível 1, esses podem ser reintegrados ao

processo de produção da empresa. Isso pode ocorrer dentro do próprio processo original de

Page 23: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

22

produção, em outro processo, ou por meio da recuperação parcial de uma substância residual.

(COELHO, 2004).

Quando existir impossibilidade de executar os níveis anteriores, a reciclagem de

resíduos e emissões deve ser feita fora da empresa (nível três), por meio de reciclagem

externa de estruturas e materiais ou de uma reintegração ao ciclo biogênico (compostagem).

Para adaptar o fluxograma de estratégias de P+L às ações para o controle e prevenção da

poluição, apresenta-se um novo fluxograma, conforme Figura 2.

Figura 2: Fluxograma de técnicas para redução da poluição

A aplicação dos conceitos de P+L resulta em melhor aproveitamento de matéria prima

e energia, buscando a redução na fonte. Além disso, a implementação de processos de

reutilização/reciclagem e produção de subprodutos comercializáveis aumenta o fluxo de

materiais dentro da unidade industrial e tem como consequência a minimização da geração de

resíduo.

A metodologia de P+L compreende cinco etapas sendo que essas serão descritas

abaixo para um melhor entendimento do método adotado pelo SENAI (2003).

Page 24: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

23

• Etapa 1

Para essa primeira etapa é necessário passar pelas seguintes fases: obtenção do

comprometimento gerencial, identificação de barreiras, estabelecimento da amplitude do

programa e formação e capacitação do ECOTIME.

a) Obtenção do comprometimento gerencial: para obter sucesso no programa, é

imprescindível obter o comprometimento da gerência, uma vez que os resultados

sólidos dependem disso;

b) Identificação de barreiras: no decorrer do programa, muitas barreiras serão

encontradas. Logo é fundamental que essas não passem despercebidas para que

durante o desenvolvimento da P+L se possa encontrar alternativas e soluções para

melhorá-las;

c) Estudo da abrangência do programa: a partir da avaliação de vários fatores que

definem o conjunto da empresa, será determinado se o programa irá abranger todo o

processo produtivo ou somente um setor específico;

d) Formação do ECOTIME: grupo de trabalho formado por profissionais da

empresa que tem por objetivo conduzir o programa de P+L. O ECOTIME tem as

funções de realizar o diagnóstico da empresa, implantar o programa, identificar

oportunidades e introduzir medidas de P+L, e monitorar e dar continuidade ao

programa;

A capacitação técnica do ECOTIME, explicando os principais problemas ambientais

relacionados ao tipo de processo que a empresa faz com ênfase para os desperdícios, também

ocorre nesta etapa.

• Etapa 2

A segunda etapa envolve o estudo do fluxograma do processo produtivo, a realização

do diagnóstico ambiental e de processo e a seleção do foco de avaliação.

a) Estudo do fluxograma do processo: a análise detalhada do fluxograma do

processo permite a visualização e definição do fluxo qualitativo de matéria-prima,

água e energia consumidas no processo produtivo, bem como a visualização da

geração de resíduos durante o processo. Desta forma, o fluxograma atua como uma

ferramenta para obtenção de dados necessários para a formação de uma estratégia de

minimização da geração de resíduos sólidos, efluentes e emissões atmosféricas.

Page 25: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

24

b) Realização do diagnóstico ambiental e de processo: após a elaboração do

fluxograma do processo produtivo da empresa, o ECOTIME fará o levantamento dos

dados quantitativos ambientais e de produção existentes, utilizando fontes disponíveis

como, por exemplo, estimativas do setor de compras, quantificação de entradas (dando

maior enfoque para água e energia, mas sem detalhar por etapa do fluxograma),

quantificação de saídas (resíduos sólidos, efluentes, emissões atmosféricas,

subprodutos e produtos, também sem detalhar por etapa do fluxograma), dados da

situação ambiental da empresa e, dados referentes à estocagem, armazenamento e

acondicionamento.

c) Seleção do foco de avaliação: com os dados obtidos no diagnóstico ambiental e da

planilha dos principais aspectos ambientais é selecionado, entre todas as atividades e

operações da empresa, o foco de trabalho. Analisa-se a partir disto, é efetuada uma

análise considerando os regulamentos legais, a quantidade de resíduos gerados, a

toxicidade destes, e os custos envolvidos.

• Etapa 3

Nesta etapa é desenvolvido um balanço material e são estabelecidos indicadores, onde

são identificadas as causas de geração de resíduos e também as opções de P+L.

a) Análise quantitativa de entradas e saídas e estabelecimento de indicadores: se

procede ao levantamento quantitativo dos dados mais relevantes das etapas do

processo produtivo, selecionadas no foco da avaliação. Os itens avaliados são os

mesmos identificados na atividade de realização do diagnóstico ambiental e de

processo, possibilitando assim, a comparação quantitativa entre os dados existentes

antes da implementação do programa de P+L e aqueles levantados pelo programa. A

Figura 3 descreve como é realizada a análise quantitativa de entradas e saídas.

Page 26: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

25

Figura 3: Análise quantitativa de entradas e saídas

Fonte: SENAI (2003).

A definição dos indicadores é extremamente importante para avaliar a eficiência da

metodologia empregada e acompanhar o desenvolvimento das medidas de P+L implantadas.

Devem ser analisados os indicadores atuais da empresa e os indicadores estabelecidos durante

a etapa de quantificação. A ideia é que seja possível comparar com os indicadores

determinados após a etapa de implementação das opções de P+L.(SENAI, 2003)

b) Identificação das causas de geração de resíduos: as informações levantadas de

entrada e saída de material (quantificação) serão avaliadas pelo ECOTIME, para que

se possam reconhecer as causas de geração dos resíduos na empresa e os principais

fatores envolvidos na origem destes.

c) Identificação das opções de P+L: com base nas possíveis causas de geração de

resíduos ou em outras que venham a ser identificadas, é possível implantar

modificações em vários níveis de atuação e aplicar estratégias que visem ações de

P+L. A Figura 4 apresenta um fluxograma da geração de opções de P+L, onde se pode

verificar que a P+L é caracterizada por ações que priorizem o nível 1, nível 2 e nível 3,

nesta ordem. Nesse sentido, a abordagem de P+L pode se dar de duas formas: através

da minimização de resíduos sólidos, efluentes e emissões atmosféricas (redução na

fonte) ou através da reutilização destes resíduos (reciclagem interna e externa).

Page 27: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

26

Modificação no produto

A modificação no produto é uma abordagem complexa, geralmente de difícil

implementação, visto que envolve a aceitação pelos consumidores de um produto novo ou

renovado. Geralmente, são adotadas após terem sido esgotadas outras opções mais simples. A

modificação no produto pode incluir:

• Substituição completa do produto;

• Aumento da longevidade;

• Substituição de matérias-primas;

• Modificação do design do produto;

• Uso de matérias-primas recicláveis e recicladas;

• Substituição de componentes críticos;

• Redução do número de componentes;

• Viabilização do retorno de produtos;

• Substituição de itens do produto ou alteração de dimensões para um melhor

aproveitamento da matéria-prima.

Modificação no Processo

As medidas de minimização mais comuns em P+L são aquelas que envolvem

estratégias de modificação nos processos, isto é, em qualquer sistema de produção dentro da

empresa. As medidas deste tipo podem ser boas práticas operacionais (“good housekeeping”),

as quais implicam na adoção de medidas de procedimento, técnicas, administrativas ou

institucionais que uma empresa pode implantar para minimizar os resíduos. Normalmente, são

implementadas com baixo custo ou custo zero. As boas práticas operacionais incluem:

• Utilização cuidadosa de matérias-primas e materiais auxiliares;

• Operação adequada de equipamentos;

• Mudança na dosagem e na concentração de produtos;

• Maximização da utilização da capacidade do processo produtivo;

• Reorganização dos intervalos de limpeza e de manutenção;

• Eliminação de perdas devido à evaporação e a vazamentos;

• Melhoria de logística de compra, estocagem e distribuição de matérias-primas,

• Materiais auxiliares e produtos;

• Elaboração de manuais de boas práticas operacionais;

Page 28: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

27

• Treinamento e capacitação das pessoas envolvidas no programa de P+L.

Reciclagem externa

Quando tecnicamente descartadas as medidas relacionadas aos níveis 1 e 2, deve-se

optar por medidas de reciclagem de resíduos, efluentes e emissões fora da empresa, isto pode

acontecer na forma de reciclagem externa ou de uma reintegração ao ciclo.

A recuperação de matérias-primas de maior valor e sua reintegração ao ciclo

econômico como papel, aparas, vidros, materiais de compostagem é um método mais

reconhecido de proteção ambiental integrada através da minimização de resíduos.

Reciclagem interna

A reciclagem interna ocorre no nível 2 das opções de P+L e refere-se a todos os

processos de recuperação de matérias-primas, materiais auxiliares e insumos que são

feitos dentro da planta industrial. Podem ser citado como exemplos:

• Utilização de matérias-primas ou produtos novamente para o mesmo propósito: por

exemplo, a recuperação de solventes usados;

• Utilização de matérias primas ou produtos usados para um propósito diferente: por

exemplo, o uso de resíduos de verniz para pinturas de partes não visíveis de produtos;

• Utilização adicional de um material para um propósito inferior ao seu uso original:

por exemplo, o aproveitamento de resíduos de papel para enchimentos.

• Etapa 4

Esta etapa envolve a avaliação técnica, ambiental e econômica das

oportunidades de P+L identificadas.

Avaliação Técnica

Para essa avaliação são consideradas as propriedades e requisitos que as matérias-

primas e outros tipos materiais devem apresentar a fabricação do produto, de maneira que se

possam sugerir modificações. Para a possível modificação, deve-se analisar:

• Impacto da medida proposta sobre o processo, produtividade, segurança, etc.;

Page 29: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

28

• Testes de laboratório ou ensaios quando a opção estiver mudando significativamente

o processo existente;

• Experiências de outras companhias com a opção que está sendo estudada;

• Todos os funcionários e departamentos atingidos pela implementação das opções;

• Necessidades de mudanças de pessoal, operações adicionais, e pessoal de

manutenção, além do treinamento adicional dos técnicos e de outras pessoas

envolvidas.

Avaliação Ambiental

Na avaliação ambiental, são observados os benefícios ambientais que poderão ser

obtidos pela empresa, para a obtenção dos resultados é necessário fazer a medição para a

comprovação dos mesmos, esses podem ser feitos por meio de análises laboratoriais. Os tipos

de condições que devem ser verificados são descritos abaixo:

• A quantidade de resíduos sólidos, efluentes e emissões atmosféricas que serão

reduzidas;

• A qualidade dos resíduos eliminados (verificar se estes contêm menos substâncias

tóxicas e componentes reutilizáveis);

• A redução na utilização de recursos naturais.

Avaliação Econômica

Para a avaliação econômica é importante fazer um estudo de viabilidade, onde se deve

considerar o período de retorno do investimento, a taxa interna de retorno e o valor presente

líquido, para isso seguem algumas considerações:

• Os investimentos necessários;

• Os custos operacionais e receitas do processo existente, assim como, os custos

operacionais e receitas projetadas das ações a serem implantadas;

• A economia da empresa com a redução e/ou eliminação de multas.

Page 30: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

29

Seleção de oportunidades viáveis

Os resultados encontrados durante a atividade de avaliação técnica, ambiental e

econômica possibilitarão a seleção das medidas viáveis de implantação de acordo com os

critérios estabelecidos pelo ECOTIME.

• Etapa 5

Nessa etapa, depois de implementadas as opções, deve-se estabelecer um Plano de

Monitoramento para a avaliação do desempenho ambiental. Esse Plano consta de análises

laboratoriais de metais e de carga orgânica, medições e documentação para acompanhamento

do Programa.

Os indicadores estabelecidos no início do trabalho e medidos na realização dos

balanços serão as ferramentas para o acompanhamento das ações que foram traçadas na

empresa.

a) Plano de implementação e monitoramento: após a seleção das opções de P+L

viáveis, é traçada a estratégia para implementação das mesmas. Nesta etapa é

importante considerar:

• As especificações técnicas detalhadas;

• O plano adequado para reduzir tempo de instalação;

• Os itens de dispêndio para evitar ultrapassar o orçamento previsto;

• A instalação cuidadosa de equipamentos;

• A realização do controle adequado sobre a instalação;

• A preparação da equipe e a instalação para o início de operação.

Juntamente com o plano de implementação deve ser planejado o sistema de

monitoramento das medidas a serem implantadas. Nesta etapa é essencial considerar:

• Quando devem acontecer as atividades determinadas;

• Quem é o responsável por estas atividades;

• Quando são esperados os resultados;

• Quando e por quanto tempo monitorar as mudanças;

• Quando avaliar o progresso;

• Quando devem ser assegurados os recursos financeiros;

• Quando a gerência deve tomar uma decisão;

Page 31: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

30

• Quando a opção deve ser implantada;

• Quanto tempo deve durar o período de testes;

• Qual é a data de conclusão da implementação.

Segundo SENAI (2003), o plano de monitoramento é dividido em quatro estágios:

planejamento, preparação, implementação e análise e relatório de dados.

Os estágios precisam ser descritos em uma proposta que apresente os objetivos,

recursos, instalações, material, funcionários qualificados, logística, escala de horários,

duração e custo geral.

b) Plano de continuidade: após a implementação do programa de P+L, é importante

não somente avaliar os resultados obtidos, mas, criar condições para que o programa

tenha sua continuidade assegurada. Esta pode ser realizada através da aplicação da

metodologia de trabalho e da criação de ferramentas que possibilitem a manutenção da

cultura estabelecida, bem como sua evolução em conjunto com as atividades futuras

da empresa.

2.5 Barreiras à implantação de P+L

De acordo com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento

Sustentável - CEBDS existe uma grande relutância a prática de Produção Mais Limpa.

Os maiores obstáculos identificados, segundo o CEBDS (2003) ocorre em função da

resistência à mudança, da concepção errônea (falta de informação sobre a técnica e a

importância dada ao ambiente natural), a não existência de políticas nacionais que deem

suporte às atividades de P+L, barreiras econômicas (alocação incorreta dos custos ambientais

e investimentos) e barreiras técnicas (novas tecnologias).

De modo geral, as organizações ainda acreditam que sempre necessitariam de novas

tecnologias para implementar a P+L, quando na realidade, uma parcela significativa da

poluição gerada pelas empresas poderia ser evitada somente com a melhoria em práticas de

operação e mudanças simples em processos. De acordo com o CNTL (2004), apesar dos

benefícios que se pode alcançar com a utilização de P+L, sua adoção ainda é limitada.

Embora não aponte quais sejam, o CNTL acredita que algumas barreiras podem surgir,

impedindo ou adiando a adoção da técnica.

Page 32: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

31

De acordo com o SENAI-RS (2003), as barreiras que podem ser encontradas durante a

implantação de P+L são: conceituais, organizacionais, técnicas, econômicas, financeiras e

políticas, que serão explicadas a seguir.

Barreiras Conceituais: as barreiras conceituais são relacionadas à:

• Indiferença: falta de percepção do potencial papel positivo da empresa na solução

dos problemas ambientais;

• Interpretação limitada ou incorreta do conceito de Produção mais Limpa;

• Resistência à mudança.

Barreiras Organizacionais: as barreiras organizacionais se referem à:

• Falta de liderança interna para questões ambientais;

• Percepção pelos gerentes do esforço e risco relacionados à implantação de um

programa de Produção mais Limpa (falta de incentivos para participação no programa

e possibilidade de revelação dos erros operacionais existentes);

• Abrangência limitada das ações ambientais dentro da empresa.;

• Estrutura organizacional inadequada e sistema de informação incompleto;

• Experiência limitada com o envolvimento dos empregados em projetos da empresa.

Barreiras Técnicas: como barreiras técnicas, podem-se verificar:

• Ausência de uma base operacional sólida (com práticas de produção bem

estabelecidas, manutenção preventiva, etc.);

• Complexidade da Produção mais Limpa (necessidade de empreender uma avaliação

extensa e profunda para identificação de oportunidades de Produção mais Limpa);

• Acesso limitado à informação técnica mais adequada à empresa bem como

desconhecimento da capacidade de assimilação destas técnicas pela empresa.

Barreiras Econômicas: as barreiras econômicas estão relacionadas a:

• Investimentos em Produção mais Limpa não são rentáveis quando comparados a

outras alternativas de investimento;

• Desconhecimento do montante real dos custos ambientais da empresa;

• Alocação incorreta dos custos ambientais aos setores onde são gerados.

Page 33: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

32

Barreiras Financeiras: como barreiras financeiras, podem-se encontrar:

• Alto custo do capital externo para investimentos em tecnologias;

• Falta de linhas de financiamento e mecanismos específicos de incentivo para

investimentos em Produção mais Limpa;

• Percepção incorreta de que investimentos em Produção mais Limpa representam um

risco financeiro alto devido à natureza inovadora destes projetos.

Barreiras Políticas: as barreiras políticas que podem ocorrer são:

• Foco insuficiente em Produção mais Limpa nas estratégias ambiental, tecnológica,

comercial e de desenvolvimento industrial;

• Desenvolvimento insuficiente da estrutura de política ambiental, incluindo a falta de

aplicação das políticas existentes.

Essas barreiras impedem a visualização da diversidade de benefícios da metodologia,

tanto para as empresas quanto para a sociedade. Os benefícios mais evidentes são a melhoria

da competitividade, através da redução de custos ou melhoria da eficiência e a redução dos

encargos ambientais causados pela atividade industrial. Além disso, verifica-se a melhoria da

qualidade do produto, bem como das condições de trabalho, contribuindo direta e

indiretamente para a segurança dos consumidores e dos trabalhadores (WERNER et al.,

2011).

O conceito da P+L ainda é novo para as indústrias. Desta forma, mesmo com os

benefícios que a metodologia pode proporcionar para as empresas, ainda existem muitas

barreiras relacionadas à sua implantação, devido à falta de consciência dos empresários.

2.6 Benefícios da Produção Mais Limpa

De acordo com a CETESB (2006) e a Rede Brasileira de Produção Mais Limpa (2006),

a P+L, quando devidamente implantada, resulta nos seguintes benefícios:

Aumento da rentabilidade do negócio;

Melhoria da imagem corporativa e apoio em ações de marketing;

Redução dos custos de produção;

Aumento da produtividade;

Retorno do capital investido nas melhorias em curtos períodos;

Page 34: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

33

Expansão no mercado dos produtos da empresa;

Uso mais racional da água, da energia e das matérias-primas;

Redução no uso de substâncias tóxicas;

Redução da geração de resíduos, efluentes e emissões e de gastos com seu tratamento

e destinação final;

Redução das infrações aos padrões ambientais previstos na legislação;

Melhoria da qualidade do produto;

Motivação dos funcionários à participação no aporte de ideias;

Melhoria das condições de saúde e de segurança do trabalhador;

Redução dos riscos de acidentes ambientais e ocupacionais;

Melhoria do relacionamento com a comunidade e com os órgãos públicos; e

Acesso facilitado a linhas de financiamento.

Para quantificar e medir os benefícios ambientais e econômicos, alcançados com a

implantação de Programas de P+L, a metodologia do PNUMA prevê o estabelecimento de

indicadores ambientais que deverão apresentar informações significativas, proporcionando

melhor compreensão e permitindo avaliar os resultados das ações de P+L no desempenho

ambiental da empresa.

Para o CNTL (2000), a implantação da P+L possibilita garantir processos mais

eficientes. Descreve que a minimização de resíduos não é somente uma meta ambiental, mas,

principalmente, um programa orientado para aumentar o grau de utilização dos materiais, com

vantagens técnicas e econômicas. Considera que a minimização de resíduos e emissões

geralmente induz a um processo de inovação dentro da empresa.

De acordo com o SENAI (2003), a utilização da P+L traz benefícios ambientais e

econômicos para a empresa. Além disso, com a utilização de técnicas de P+L, a organização

elimina os desperdícios, minimiza ou elimina matérias-primas e outros insumos que causam

danos ambientais, reduz resíduos e emissões, reduz investimento com tratamento de resíduos,

minimiza os passivos ambientais, melhora a saúde e segurança no trabalho e melhora sua

imagem. Todos estes pontos positivos resultam em um processo produtivo com maior

eficiência.

A Figura 4 abaixo ilustra algumas vantagens obtidas pelas empresas, com a utilização

de técnicas de Produção mais Limpa.

Page 35: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

34

Figura 4: Benefícios da Produção Mais Limpa

Fonte: SENAI (2003)

Ao contrário da técnica tradicional de tratamento de fim de tubo, que se preocupa com

o problema ambiental somente depois que ele acontece, a P+L, que trabalha com a prevenção,

traz benefícios ambientais e econômicos à empresa.

Conforme afirma o SENAI (2003), os principais benefícios ambientais que a P+L tem

como meta são:

a) Eliminação ou redução de resíduos: resíduos são os diversos tipos de poluentes.

Resíduos sólidos, perigosos ou não, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, calor,

ruído e todo tipo de perda que ocorra durante o processo de produção de um produto

ou serviço são exemplos de poluentes que a P+L procura eliminar ou reduzir da

natureza.

b) Produção sem poluição: o ideal para a Produção mais Limpa é que os processos

produtivos ocorram em um circuito fechado, sem contaminar o meio ambiente e

utilizando os recursos naturais com a máxima eficiência possível.

c) Eficiência energética: a eficiência energética é determinada pela maior razão

possível entre energia consumida e produto final gerado. O objetivo da P+L é atingir

os mais altos níveis de eficiência energética em seu processo de produção.

d) Saúde e segurança no trabalho: a P+L procura promover um ambiente de

trabalho mais limpo, seguro e saudável.

Page 36: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

35

e) Produtos ambientalmente adequados: fatores relacionados à saúde e ao meio

ambiente devem ter uma atenção especial no momento de planejar o produto e devem

ser lembrados durante todo o ciclo de vida do mesmo.

f) Embalagens ambientalmente adequadas: a P+L pretende utilizar embalagens em

casos em que ela é realmente necessária para proteger, vender ou para facilitar o

consumo do produto. Nestes casos, deve-se utilizar uma embalagem que ofereça o

menor impacto possível ao meio ambiente.

Segundo o SENAI (2003), fica claro, portanto, que:

“O principal objetivo da Produção mais Limpa é

eliminar ou reduzir a emissão de poluentes para o

meio ambiente, ao mesmo tempo em que otimiza o

uso de matérias-primas, água e energia. Desta forma,

além de um efeito de proteção ambiental de curto

prazo, a Produção mais Limpa incrementa a eficiência

no uso de recursos naturais, gerando melhorias

sustentáveis de longo prazo”.

Quanto aos benefícios econômicos, o SENAI (2003) defende que a partir do momento

que a empresa investe em P+L, os custos decrescem com o tempo. Isto porque os processos, a

utilização de matérias-primas, água e energia, assim como a redução de resíduos e emissões,

tornam-se mais eficientes.

Inicialmente, quando a empresa faz os investimentos para as adaptações necessárias,

há um custo adicional. Porém, num segundo momento, com os processos otimizados, e com o

tempo, vem a redução permanente nos custos totais.

A P+L deve ser vista pelos governos, sociedades e, principalmente, organizações não

só como uma estratégia econômica e ambiental, mas como beneficiadora da saúde

ocupacional e da segurança dos trabalhadores.

Outra consequência positiva do Programa de P+L, difícil de mensurar, é o

fortalecimento da imagem da empresa frente à comunidade e autoridades ambientais.

Além disso, uma parte considerável dos consumidores atuais exige que as

organizações sejam responsáveis tanto pela qualidade dos produtos oferecidos, quanto pela

relação ao meio ambiente nas práticas produtivas. Essa necessidade de adequação às

exigências dos clientes faz com que as empresas reflitam sobre seus processos fabris,

Page 37: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

36

preferindo transformar os recursos naturais em produtos e não em resíduos. Todavia, a

redução na fonte e/ou a reciclagem interna fazem com que o uso desses recursos naturais seja

minimizado pela produção.

2.7 Princípios da produção Mais Limpa

Autores ressaltam que a P+L implementa o princípio de prevenção e precaução, de

uma nova abordagem holística e integrada para questões ambientais centradas no produto.

Essa abordagem assume como pressuposto que a maioria de nossos problemas ambientais é

causada pela forma e ritmo no qual produzimos e consumimos os recursos, além de considerar

a necessidade da participação popular na tomada de decisões políticas e econômicas.

Segundo Kind (2005) apud Henriques e Quelhas (2007) a tecnologia de P+L é um

exemplo de como os recursos naturais podem ser utilizados em prol do desenvolvimento

sustentável. Diminuir os desperdícios implica em maior eficiência no processo industrial e

menores investimentos para soluções de problemas ambientais. Em contrapartida, reduzir a

poluição através do uso racional de matérias-primas significa uma opção ambiental e

econômica definitiva, conforme afirmam os autores.

Assim, o processo de transformação de matérias-primas e insumos em produtos, e não

em resíduos, tornam uma empresa mais competitiva. (LEMOS e NASCIMENTO, 1999).

2.8 Custos e investimentos ambientais

O Intergovernamental Working Group of Experts on International Standard of

Accounting and Reporting (UNCTAD/ISAR, 1997) relata que os custos ambientais

compreendem os custos das medidas adotadas ou que devem ser adotadas, para a gestão

ambientalmente responsável dos gastos ambientais das atividades empresariais.

Segundo Ribeiro (1998), os custos ambientais “são representados pelo somatório de

todos os custos dos recursos utilizados pelas atividades desenvolvidas com o propósito de

controle, preservação e recuperação ambiental”.

De acordo com Bergamini (2000), custo ambiental compreende o gasto referente ao

gerenciamento de uma maneira responsável, dos impactos da atividade empresarial no meio

ambiente, assim como qualquer custo incorrido para atender os objetivos e exigências

ambientais dos órgãos de regulação, devendo ser reconhecido a partir do momento em que for

identificado.

Page 38: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

37

Os custos ambientais podem ser uma porcentagem significativa do total dos custos

operacionais e muitos desses custos podem ser reduzidos, ou eliminados, por meio de uma

gestão eficaz. Nesse sentido, menciona-se que os custos ambientais devem ser relatados e

classificados separadamente com intuito de que os gestores possam avaliar o impacto na

rentabilidade da empresa. Do mesmo modo, destaca-se que atribuir custos ambientais aos

produtos e processos revela as fontes desses custos e auxilia a identificar suas principais

causas de forma que possam ser controlados (HANSEN E MOWEN, 2001).

Os gastos e os custos ambientais relacionados à proteção ambiental, incluindo redução

de poluição e resíduos, monitorização da avaliação ambiental, impostos e seguros, têm

aumentado com a crescente e exigente regulamentação ambiental, decorrente da lucubração

constante da sociedade. (TINOCO; KRAEMER, 2004)

No que diz respeito a investimentos ambientais, Ferreira (2003) salienta que a

formação de investimento em meio ambiente está relacionada à decisão da empresa de

desenvolver um projeto para prevenir, recuperar ou reciclar. Esses investimentos podem ser

exemplificados como o desenvolvimento de uma tecnologia mais limpa e/ou os gastos

necessários para uma máquina ou equipamento para redução de poluição entrar em operação.

Em estudo desenvolvido por Melo e Vieira (2003) foi constatado que o investimento

na preservação ambiental exerce influência positiva e significativa na construção e

fortalecimento da imagem corporativa de empresas do setor de cosméticos, devendo ser

considerado quando da definição do plano estratégico das empresas.

2.9 Legislação e Normas Aplicáveis aos Resíduos Sólidos

Dentre as legislações e normas aplicáveis para o gerenciamento de resíduos, citam-se

as seguintes:

NR 25/2011 - Norma Reguladora para Resíduos Sólidos Industriais

NBR 9.735/2006 - Conjunto Equipamentos para Transporte de Produtos Perigosos

Resolução CONAMA 257/99 - Descarte de Pilhas e Baterias

Resolução do CONAMA 275/2001(Código das Cores para os Tipos de Resíduos)

Lei Estadual 9921/1993 - Lei dos Resíduos Sólidos do Estado do Rio Grande do Sul.

NBR 10004:2004 - Classificação dos Resíduos Sólidos

NBR 10.005 – Lixiviação de Resíduos – Procedimentos

NBR 10.006 – Solubilização de Resíduos – Procedimentos

Page 39: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

38

NBR 10.007 – Amostragem de Resíduos – Procedimentos

NBR 12.235 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos

NBR 11.174 - Armazenamento de Resíduos Classe II

NBR 13.463 - Coleta de Resíduos Sólidos

NBR 13.221-Transporte de Resíduos

NBR 7.500 - Simbologia (resíduos) para Transporte Adequado

Lei 12.305/2010- Política Nacional dos Resíduos Sólidos.

Page 40: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

39

3 METODOLOGIA

3.1 Local de estudo

O estudo será desenvolvido em uma empresa do ramo alimentício, e visa à adoção de

técnicas de Produção Mais Limpa. Optou-se pela não divulgação do nome da empresa por

constarem dados confidenciais.

3.2 Delineamento da pesquisa

A Figura 5 apresenta o delineamento da pesquisa com o propósito de explicar de

forma detalhada a maneira como o estudo foi desenvolvido.

Figura 5: Fluxograma do delineamento da pesquisa

Page 41: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

40

3.3 Visita ao empreendimento

Esta etapa concentrou-se no conhecimento da empresa, onde se realizaram visitas in

loco, obtendo conhecimento prévio de todo processo produtivo da mesma, além do relatório

fotográfico de todas as atividades realizadas.

3.4 Descrição do processo produtivo

Nesta etapa desenvolveu-se o fluxograma do processo produtivo da empresa,

juntamente com levantamento fotográfico, onde foi possível identificar a geração de resíduos

e verificar possíveis melhorias.

3.5 Oportunidades de Produção Mais Limpa

A partir na análise do fluxograma do processo produtivo e a identificação dos resíduos

gerados em cada etapa, foi possível identificar as oportunidades da implantação da Produção

Mais Limpa. Com isso medidas que visam a minimização de resíduos no processo produtivo e

otimização no processo da produção puderam ser propostas.

Page 42: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

41

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Empreendimento

A indústria em estudo se caracteriza pelo abate de aves e produção de alimentos

industrializados, sendo que abate diariamente 220.000 aves, e produz mensalmente 6.797

toneladas de produtos industrializados.

4.2 Detalhamento do processo produtivo de abate de aves

A Figura 6 apresenta o fluxograma do processo produtivo, no qual será apresentado

detalhadamente a seguir.

Figura 6: Fluxograma do processo produtivo

4.2.1 Recepção e espera das aves

Os caminhões são estacionados no galpão de espera, o qual é uma área protegida da

incidência de raios solares e de chuva, onde o mesmo possui ventilação e sistema de aspersão

de água, de modo a reduzir o estresse calórico em dias quentes. Após a descarga, os

caminhões e gaiolas são desinfetados, gerando efluentes. A Figura 7 apresenta a etapa de

recepção e espera das aves.

Page 43: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

42

Figura 7: Recepção e espera das aves

4.2.2 Descarregamento

As caixas devem ser colocas sobre a esteira sem ocasionar colisão com outras caixas e

sem movimentos bruscos, a fim de evitar o estresse e lesões nas aves.

4.2.3 Pendura

Conforme as aves são removidas das caixas, são penduradas por ambas as patas nos

ganchos da nórea para posterior insensibilização. Este é o ponto inicial da operação de abate.

A Figura 8 apresenta o processo de pendura das aves.

Page 44: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

43

Figura 8: Pendura de aves

4.2.4 Insensibilização

É a perda imediata da consciência, que visa diminuir o estresse e permitir uma sangria

eficiente, realizada em cuba através de choque sob imersão em água. A Figura 9 indica a

etapa da insensibilização.

Figura 9: Processo de insensibilização das aves

Page 45: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

44

4.2.5 Sangria

A sangria é provocada pela secção dos grandes vasos do pescoço em no máximo 15

segundos após a insensibilização. A sangria é realizada automaticamente por uma lâmina em

forma de disco, cortando os grandes vasos do pescoço, pele, musculatura, traqueia e esôfago,

deixando o sangue escorrer por tempo mínimo de 3 minutos. Um funcionário fica no local

revisando e fazendo o processo manualmente em casos de falhas no disco giratório. O sangue

gerado no processo é levado para fábrica de subprodutos (FSP), onde é processado e dará

origem à farinha de penas. A Figura 10 apresenta o processo de sangria das aves.

Figura 10: Processo de sangria

Page 46: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

45

Figura 11: Sangria manual

Figura 12: Sala de gotejamento de sangue

4.2.6 Escaldagem

As aves são escaldadas submergindo-as em um tanque com tempo de passagem de 1,5

a 3,5 minutos dependendo da temperatura da água, a qual, por sua vez, varia de 50 a 63°C. O

Page 47: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

46

efluente resultante do processo é destinado a ETE. A Figura 13 demonstra processo de

escaldagem.

Figura 13: Tanque de escaldagem

4.2.7 Depenagem

As carcaças deixam a escaldagem e passam para a máquina depenadeira, que possuem

cilindros munidos de dedos rugosos e flexíveis de borracha, que de forma giratória realizam a

retirada das penas das aves. Nas depenadeiras, os frangos são molhados com água a uma

temperatura entre 68 e 78ºC, para facilitar o processo, conforme Figura 14.

Page 48: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

47

Figura 14: Depenadeira

Após a depenagem, é realizada uma lavagem das carcaças, com jatos de água no

sentido de cima para baixo, para a retirada de sujidades e restos de penas. As penas são

levadas à fábrica de subprodutos (FSP) através de calhas, onde dará origem a farinha de

penas, e os efluentes são destinados para a ETE.

4.2.8 Corte da cabeça

O corte é realizado através de um disco giratório, conforme Figura 15. A cabeça é

levada à fábrica de subprodutos, e processada em farinha de vísceras. Os efluentes são

destinados à ETE.

Page 49: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

48

Figura 15: Cortador de cabeça

4.2.9 Corte dos pés

O corte dos pés é realizado por disco giratório. Os pés passam por uma máquina que

escalda numa temperatura em torno de 45°C, depois passa pelo depilador de pés onde é

retirada a pele, e posterior classificação. Neste processo também ocorre a geração de

efluentes, que são encaminhados ao tratamento. Os pés são enviados a sala de miúdos. A

Figura 16 apresenta o processo de corte dos pés.

Page 50: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

49

Figura 16: Corte dos pés

4.2.10 Evisceração

Consiste na retirada de forma automática, das vísceras comestíveis e não comestíveis

do abdômen das aves, que são separadas e enviadas para o processo de separação de miúdos.

O inglúvio, esôfago e traqueia, são encaminhados até a fábrica de subprodutos, servindo de

matéria prima para fabricação de farinha de vísceras. A Figura 17 apresenta o processo de

extração de cloaca.

Figura 17: Extratora de cloaca

Page 51: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

50

4.2.11 Sala de miúdos

Sala em anexo ao setor de evisceração onde são classificados e embalados os miúdos

provenientes da evisceração, que são eles: coração, fígado, moela, sambiquira, pés e cortes.

Figura 18: Mesa de classificação

A Figura 19 apresenta o equipamento que tem por finalidade cortar a sambiquira com

regulagem de altura e profundidade de corte, gerando então maior rendimento do produto.

Figura 19: Cortador de sambiquira

Page 52: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

51

4.2.12 Cabine de lavagem final

Após as etapas de evisceração, as carcaças passam por uma máquina responsável por

fazer uma limpeza adequada por dentro e por fora a fim de retirar alguma sujidade, onde são

gerados efluentes, que são enviados a ETE.

Figura 20: Lavagem Final

4.2.13 Resfriamento

O resfriamento ocorre no pré-chiller e chiller, que tem por função baixar a temperatura

da carcaça a uma temperatura mínima de 7°C.

Page 53: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

52

Figura 21: Chiller

4.2.14 Classificação

As carcaças são classificadas e destinadas para a embalagem como peça inteira ou para

a sala de cortes. Essas são embaladas, resfriadas e estocadas até o pedido de expedição.

Ocorre neste processo a saída de resíduos como caixas de papelão, plásticos e resíduos não

recicláveis.

4.2.15 Sala de Cortes

Local onde as carcaças sofrem todos os tipos de cortes, variando de acordo com a

exigência do cliente. A Figura 22 ilustra o processo de cortes. Os resíduos resultantes deste

processo são encaminhados para a fábrica de subprodutos.

Page 54: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

53

Figura 22: Sala de cortes

4.2.16 Embalagem

Os produtos são embalados, inteiros ou em partes, e em seguida, resfriados ou

congelados, estocados ou expedidos. Nesta fase do processo ocorre a geração de resíduos

como caixas de papelão, plásticos limpos e sujos e resíduos não recicláveis.

4.3 Detalhamento do processo produtivo de alimentos industrializados

4.3.1 Salsicha

A salsicha é um produto cárneo industrializado, obtido de uma emulsão de carne de

uma ou mais espécies de animais de açougue, onde são adicionados ingredientes, embutido

em envoltório natural ou artificial e submetido a um processo térmico adequado. A Figura 23

apresenta o fluxograma do processo de fabricação da salsicha.

Page 55: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

54

Figura 23: Fluxograma do processo de fabricação de salsicha

O processo de produção ocorre de acordo com as características de cada produto (tipo

de salsicha) e procede-se à sua formulação em um lote de tamanho definido, de acordo com as

instalações de processo. São feitas pesagens da carne previamente cominuída (processo

pelo qual se fragmenta a carne em pequenos pedaços), e de todos os ingredientes e aditivos

necessários a este lote.

Dependendo da formulação, incluem-se ingredientes de cura, temperos ou

condimentos e os chamados extensores e ligantes.

Seleção das carnes: Processo pelo qual são selecionadas as carnes que serão utilizadas na

preparação do produto, conforme Figura 24.

Page 56: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

55

Figura 24: Seleção de carnes e gorduras

Moagem da carne: A carne é picada e moída com auxílio de equipamentos tais como

moedores e/ ou quebradores, floculadores ou desintegradores de blocos, para matéria-

prima congelada.

Adição de condimentos e moagem cutter: A carne moída, bem como os ingredientes do lote

do produto, vão sendo colocados em um equipamento chamado “cutter”, que promove uma

cominuição fina das carnes e a mistura de todos os ingredientes. É comum a adição de gelo

picado, que além de compor o teor de água do produto, promove o resfriamento da massa em

processo, que se aquece pelo atrito com os componentes da máquina. Após a mistura passa

pela moagem coloidal.

Embutimento, envasamento e modelagem: a emulsão do “cutter” é transferida para a

embutideira e embutida em tripa celulósica, que é amarrada ou torcida em gomos (segmentos)

de tamanho adequado ao tipo de salsicha.

Cozimento: Os produtos embutidos são levados para cozimento em estufas com aquecimento

a vapor d’água, onde, dependendo de cada produto, permanecem por um determinado tempo,

passando por vários estágios com aumento gradual de temperatura.

Resfriamento: Após cozimento, as peças do produto são resfriadas.

Remoção do envoltório: Após passar pelo resfriamento, as tripas ou envoltórios das peças do

produto são removidas manualmente ou com o auxílio de uma depeladeira, equipamento

dotado de lâmina rotativa própria para cortar os envoltórios. Após o corte, as tripas ou

envoltórios são removidos com um jato de ar comprimido e descartados como resíduos.

Page 57: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

56

Tingimento: Os gomos de salsicha, sem o envoltório, são imersos em uma solução de

corantes específicos

Embalagem e rotulagem: Após passarem pela remoção do envoltório e tingimento, as

salsichas são resfriadas com ar frio e em seguida, vão para a sessão de embalagem, onde são

embaladas em embalagens plásticas e seladas à vácuo. Também ocorre o processo de

rotulagem conforme as características do produto.

Pasteurização pós-embalagem: Após sua embalagem, os pacotes são colocados em

gaiolas e levados para pasteurização, em seguida passam por um resfriamento com água até

que sua temperatura caia.

Armazenamento e expedição: As salsichas são encaixotadas em caixas de papelão e

estocadas em câmaras frias, com temperaturas controladas, aguardando sua expedição

para o mercado.

4.3.2 Mortadela

A produção da mortadela segue a mesma linha da produção de salsicha, na Figura 25

está descrito o fluxograma do processo produtivo da mortadela.

Page 58: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

57

Figura 25: Fluxograma do processo produtivo da mortadela

Seleção das carnes: Processo pelo qual são selecionadas as carnes que serão utilizadas na

preparação do produto;

Moagem da carne: A carne é picada e moída com auxílio de equipamentos tais como

moedores e/ ou quebradores, floculadores ou desintegradores de blocos, para matéria-

prima congelada. Já as gorduras são picadas para posterior entrada no processo.

Adição de condimentos e moagem cutter: A carne moída, bem como os ingredientes do lote

do produto, vão sendo colocados em um equipamento chamado “cutter”, que promove uma

Page 59: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

58

cominuição fina das carnes e a mistura de todos os ingredientes. É comum a adição de gelo

picado, que além de compor o teor de água do produto, promove o resfriamento da massa em

processo, que se aquece pelo atrito com os componentes da máquina. Após a mistura passa

pela moagem coloidal.

Misturadeira: a emulsão obtida no “cutter” é levada a uma misturadeira, na qual se adiciona

certa quantidade de pequenos cubos de toucinho, que foram picados no inicio do processo.

Embutimento, envasamento e modelagem: No caso de mortadelas, após mistura do

toucinho, a emulsão também segue para a embutideira e neste caso, geralmente são

utilizados envoltórios de plásticos, que necessitam de um maior calibre.

Cozimento: Os produtos embutidos são levados para cozimento em estufas com aquecimento

a vapor d’água, onde, dependendo de cada produto, permanecem por um determinado tempo,

passando por vários estágios com aumento gradual de temperatura.

Resfriamento: Após cozimento, as peças do produto são resfriadas.

Armazenamento e expedição: As mortadelas são encaixotadas em caixas de papelão e

estocadas em câmaras frias, com temperaturas controladas, aguardando sua expedição

para o mercado.

4.3.3 Calabresa

A Figura 26 apresenta o fluxograma do processo produtivo da linguiça calabresa.

Page 60: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

59

Figura 26: Fluxograma do processo produtivo da calabresa

Picagem/moagem da carne: A carne é picada e/ou moída, com auxílio de equipamentos do

tipo moedores.

Mistura: A carne picada e/ou moída, bem como os ingredientes do lote do produto, vão

sendo adicionados em um equipamento misturador, onde permanecem por tempo suficiente

para a completa mistura e incorporação de todos os ingredientes da formulação.

Embutimento: A mistura pronta é transferida para a embutideira e embutida em tripas

próprias aos tipos de linguiças formuladas (tripa suína ou de celulose), com calibres

específicos.

Cura: Após o embutimento, as linguiças são encaminhadas para as câmaras de cura, onde

permanecem o tempo suficiente para o desenvolvimento das características desejadas.

Defumação: Para fabricação de linguiças cozidas defumadas, realiza-se o processo de

defumação.

Embalagem: Uma vez terminado o processo de fabricação, as linguiças defumadas seguem

para a seção de embalagem.

Page 61: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

60

Armazenamento e expedição: As linguiças são encaixotadas em caixas de papelão e

estocadas em câmaras frias, com temperaturas controladas, aguardando sua expedição

para o mercado.

4.4 Diagnóstico da geração de resíduos

No Apêndice A é apresentada o inventário dos resíduos gerados na empresa, a

classificação conforme a norma NBR 10.004, bem como o sistema de estocagem e a sua

destinação final.

4.4.1 Resíduos recicláveis

A Tabela 3 apresenta a média mensal realizada com dados de janeiro a junho de 2013

da geração de resíduos recicláveis na empresa, sua classificação conforme a norma NRB

10.004/04 e o valor para a venda dos resíduos. Os mesmos são recolhidos pela empresa

Sucata Silvestre, que é responsável pela sua destinação final. Vale salientar que com as

medidas de reciclagem utilizadas pela empresa a renda média mensal com a venda dos

resíduos é de R$23.560,00.

Tabela 3: Geração mensal de resíduos recicláveis

Resíduos Classe NBR

10004 Quantidades Valor unitário Unidade

PALLETS MADEIRA USADOS II A 389 R$ 1,00 PC

BOMBONA PLASTICA 20L II B

370 R$ 1,15 PC

BOMBONA PLASTICA 50L 10 R$ 3,50 PC

FILME STRECH II B 1758 R$ 0,60 KG

PAPELAO II A 25837 R$ 0,20 KG

PLASTICO SEGUNDA II A 9340 R$ 0,25 KG

FERRO II A 6073 R$ 0,24 KG

PLASTICO PRIMEIRA II B 1157 R$ 1,30 KG

BACIA PLASTICA II B 194 R$ 1,50 KG

ALUMINIO II A 307 R$ 2,50 KG

COBRE II A 217 R$ 0,60 KG

PLASTICO SUJO II A 30943 R$ 0,28 KG

FERRO II A 6743 R$ 0,24 KG

VIDRO II B 77 R$ 0,03 KG

TAMBOR 200L IIB 2 R$ 8,00 PC

FACAS USADAS IIB 47 R$ 1,30 KG

TAMBOR FERRO 200L II A 4 R$ 8,00 UN

Page 62: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

61

UN: unidade

KG: quilograma

PC: peça

Conforme a Tabela 3 pode-se visualizar que o plástico, seguido do papelão são os

resíduos mais gerados na empresa. Estes resíduos são provenientes dos processos de

embalagem dos produtos.

4.4.2 Resíduos não recicláveis

Os resíduos não recicláveis são recolhidos pela mesma empresa a um custo de

R$517,86 a tonelada, os quais são enviados aos aterros Eco Total, localizado na cidade de

Capela Santana e Cia Rio-Grandense em Minas do Leão. A empresa gera em média 35.000kg

de resíduos não recicláveis por mês. Estes resíduos são provenientes dos processos

produtivos, sanitários, entre outros. O gasto médio mensal para disposição dos resíduos não

recicláveis é de R$18.125,00.

4.5 Medidas de Produção Mais Limpa

4.5.1 Formação do Ecotime

Como um dos primeiros passos antes da verificação da implantação de um programa

de Produção mais Limpa é recomendada a formação do ECOTIME, que consiste em um

grupo de trabalho formado por profissionais da empresa que tem por objetivo conduzir o

Plano de Produção mais Limpa.

O ECOTIME tem as seguintes funções:

Realizar o diagnóstico;

Implantar o programa;

Identificar oportunidades e implantar medidas de Produção Mais Limpa;

Monitorar o programa;

Dar continuidade ao programa.

Nesta etapa também se deve promover a capacitação técnica dos membros do

ECOTIME, explicando os principais problemas ambientais relacionados a empresa, dando

Page 63: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

62

ênfase para a diminuição do desperdício de recursos naturais e redução dos resíduos

gerados.

A Tabela 4 apresenta os integrantes do ECOTIME na empresa.

Tabela 4: Formação do ECOTTIME

NOME SETOR

Mariana Medeiros Técnica

João Santos Auxiliar de produção

Maicon Silva Auxiliar de produção

Franciele Borba Técnica

Augusto Orsato Estagiário

4.5.2 Seleção do foco

Depois de realizado o diagnóstico da geração de resíduos, optou-se por focar as

práticas de Produção Mais Limpa, no setor de produtos industrializados, especificamente na

produção de salsicha e de mortadela. A escolha foi determinada uma vez que a produção de

salsicha e mortadela apresenta um maior indicador de geração de resíduos sólidos não

recicláveis, foco do diagnóstico. Optou-se por não avaliar a fábrica de abate de aves, já que

esta caracteriza-se pela maior geração de efluentes, e o restante dos resíduos como penas,

resíduos de sangue e descartes, são utilizados para processamento na fábrica subprodutos,

dando origem a farinhas de sangue, de vísceras e de penas.

4.5.3 Fluxograma dos aspectos ambientais do processo produtivo

A Figura 27 apresenta o fluxograma dos aspectos ambientais identificados no processo

produtivo dos produtos industrializados.

Page 64: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

63

Figura 27: Fluxograma dos aspectos ambientais da produção de industrializados

Conforme Figura 27, o processo produtivo de industrializados apresenta como saídas

do processo efluentes líquidos originados da limpeza das máquinas e da planta, uma grande

quantidade de resíduos sólidos que se originam nos processos de embalagem, e depelagem,

também tem-se vapores e COV’S resultantes do processo de pasteurização da salsicha e

apresenta um alto consumo de energia elétrica.

Page 65: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

64

4.5.4 Indicadores

A definição dos indicadores é extremamente importante para avaliar a eficiência da

metodologia empregada e acompanhar o desenvolvimento das medidas de Produção Mais

Limpa implantadas. Devem ser analisados os indicadores atuais da empresa e os indicadores

estabelecidos durante a etapa de quantificação. A ideia é que seja possível comparar os

mesmos com os indicadores determinados após a etapa de implementação das opções de

Produção Mais Limpa. Os indicadores de desempenho ambiental utilizados para a

implementação da P+L são:

Consumo de energia elétrica (kW) / kg de produto produzido

Matéria-prima utilizada (kg) / kg de produto produzido

Consumo de água (m³) / kg de produto produzido

Custo de disposição de resíduos (R$) / kg resíduo disposto

Resíduo sólido gerado (kg) / kg de produto produzido

4.6 Identificação das oportunidades de melhoria

4.6.1 Setor de mortadela

A partir das visitas e acompanhamento do processo produtivo da mortadela, foi

possível identificar um grande descarte de embalagens, sendo que com medidas simples seria

possível minimizar a geração destes resíduos.

Tabela 5: Descarte de embalagens no setor de mortadela

Motivo do descarte Quantidade/dia

Mortadela não atingiu o peso 118

Mortadela acima do peso 100

Emenda da manga 126

Troca de funil 1036

Troca de elástico 36

Acusação de metal 100

Falta de massa na manga 28

Defeito no grampo 72

Embalagem estourada 36

Page 66: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

65

Conforme Tabela 5, foi possível identificar um descarte diário médio de 1.652

embalagens, verificando-se que as falhas estão relacionadas a processos operacionais,

equipamentos e matéria-prima.

Mortadela não atingiu o peso: após a embalagem final é realizada a pesagem para

conferência, caso não atinja o seu peso é realizado o descarte da embalagem e a matéria-prima

volta a ser processada.

Mortadela acima do peso: após a embalagem, se o produto acabado estiver acima do peso,

realiza-se o descarte da embalagem e a matéria-prima volta a ser processada.

Emenda da manga: no preenchimento do produto acabado, faz-se necessário a troca da

manga, neste caso são descartadas em média duas embalagens a cada troca.

Troca de funil: cada vez que se faz necessária a troca de funil, são descartadas duas

embalagens, considerando que esta troca ocorre em média a cada 3 minutos, verifica-se um

grande desperdício de embalagens.

Acusação de metal: após a embalagem o produto passa por um sensor onde o mesmo detecta

metal, quando isso ocorre a embalagem e a matéria-prima são descartadas.

Falta de massa na manga: quando no preenchimento ocorrer a falta de massa, ocorre vácuo

na embalagem, e as mesmas são descartadas.

Defeito no grampo: ocorre defeito nos grampos que são utilizados na embalagem, neste caso

também ocorre o descarte de embalagens.

Embalagem estourada: após a embalagem, também pode ocorrer a abertura da mesma.

4.6.2 Setor de salsicha

Nas visitas realizadas in loco, também foi possível identificar o descarte de

embalagens no processo produtivo da salsicha.

Uma das perdas observadas neste setor ocorre quando faltam salsichas na embalagem,

e o funcionário não consegue repor a tempo, assim, continua o processo e a embalagem

superior a qual contém a descrição do produto é perdida. A Figura 28 apresenta o processo de

embalagem.

Page 67: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

66

Figura 28: Processo de embalagem

Outra perda observada no setor ocorre em função da etapa de pasteurização que ocorre

após a embalagem, conforme apresentado na Figura 29. Neste processo, a salsicha passa pela

gaiola de cozimento, verificando-se a perda média de 3.075 embalagens diariamente, por

apresentarem defeitos como ausência de vácuo no produto, peso acima ou abaixo do

adequado, ou embalagens com defeito. As Figuras 30 e 31 apresentam o descarte de produtos

devido às falhas no processo. Além do desperdício das embalagens, vale salientar que ocorre

a perda média de 1,5% da produção, já que a matéria-prima retorna ao início do processo.

Figura 29: Processo de pasteurização da salsicha

Page 68: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

67

Figura 30: Embalagens defeituosas

Figura 31: Descarte de embalagens defeituosas

4.6.3 Outras oportunidades

Além das oportunidades visualizadas no processo produtivo da salsicha e da

mortadela, foi possível identificar melhorias quanto ao descarte de resíduos. Os mesmos são

retirados da fábrica e enviados separadamente por um duto até a sala de coleta, conforme

Figura 32.

Page 69: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

68

Figura 32: Disposição dos resíduos diretamente da fábrica

As salas são separadas em resíduos recicláveis e não recicláveis. Porém pode-se

visualizar nas Figuras 33 e 34 que a separação dos resíduos nem sempre acontece, ocorrendo

a mistura dos resíduos. Dessa forma, a empresa responsável pela destinação final, recolhe os

resíduos por sala, não fazendo a separação. Assim, muitas vezes resíduos recicláveis são

recolhidos como não recicláveis, o que gera prejuízos para a empresa, que paga para descartar

resíduos recicláveis e deixa de receber pela venda dos mesmos.

Figura 33: Depósito de resíduos

Page 70: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

69

Figura 34: Depósito de resíduos

Outra oportunidade observada refere-se ao trator que faz o transporte interno de

resíduos que vão para a fábrica de subprodutos, para a produção de farinha. Este veículo

permanece ligado até que sua caçamba seja preenchida, o funcionário realize a limpeza e

efetue o engate da próxima caçamba. Em média essa operação demora 13 minutos e é

realizada seis vezes ao dia, totalizando 1 hora e 18 minutos por dia de desperdício de

combustível, e emissão de gases desnecessários. A Figura 35 ilustra a operação realizada.

Figura 35: Trator de transporte de resíduos

Page 71: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

70

Ainda pode-se verificar outra oportunidade em relação ao descarte de copos plásticos,

pois atualmente são destinados como resíduos não recicláveis, visto que a empresa que os

recebe não aceita como resíduo reciclável, justificando que os copos possuem alta umidade, e

é necessário que sejam rasgados para o processo de reciclagem, o que demanda muito tempo e

não se apresenta como viável a empresa coletora.

4.6.4 Análise de perdas

Considerando o desperdício conforme levantamento realizado, verificou-se uma perda

média de 1,5% de produto acabado no setor de salsicha e de 0,81% no setor de mortadela.

Quanto às embalagens, ocorre uma perda média de 36.344 unidades mensais de embalagens

de mortadela e 67.650 embalagens mensais de salsicha, o que resulta na geração de 1.089 kg

de resíduos por mês. O custo de disposição destes resíduos é de aproximadamente R$564,00.

Considerando o custo da embalagem, o gasto mensal no setor de mortadela é de R$3.868,00 e

no setor de salsicha de R$ 13.391,00.

4.7 Propostas de Produção Mais Limpa

4.7.1 Melhorias no processo produtivo

Os setores de produtos industrializados apresentam um grande potencial para a

aplicação de práticas de P+L. As oportunidades de melhoria identificadas para o processo

produtivo da empresa estão relacionadas ao uso de matéria-prima e equipamentos, e são

basicamente:

Fazer manutenção contínua das máquinas responsáveis pela embalagem, evitando

dessa maneira, uma maior geração de resíduos;

Instalação de balança para pesagem dos produtos antes da selagem final, reduzindo

assim o desperdício de produtos pelo peso inadequado;

Buscar orientação com o fabricante da máquina para detecção de falha no processo de

embalagem a vácuo;

Instalação de detector de metais antes do produto finalizado, pois após a embalagem

final da salsicha são detectados em média 44 produtos acabados diariamente com

metais, ocorrendo o descarte da embalagem e também da matéria prima.

Page 72: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

71

Orientar e conscientizar os funcionários responsáveis pela separação dos resíduos para

que os mesmos sejam separados corretamente, evitando assim o custo desnecessário

com o descarte de embalagens recicláveis;

Orientar o funcionário responsável pelo transporte de resíduos até a fábrica de

subprodutos para que o trator permaneça desligado até que os procedimentos sejam

efetuados, diminuindo assim as despesas desnecessárias com combustível e evitando a

emissão de gases.

4.7.2 Melhorias na estrutura da empresa

Também foram verificadas oportunidades de melhoria em termos gerais de estrutura

da empresa, como:

Realizar treinamentos dos funcionários quanto ao uso racional da água, visando

sempre à redução do uso deste recurso natural.

Realizar uma pré-lavagem a seco do piso da fábrica, antes da aplicação da água;

Introduzir sistema de coleta da água da chuva, com o objetivo de utilizar para fins não

potáveis, como a lavagem do piso da empresa e, reduzir assim, o consumo de água.

Fazer adequações dos aspectos físicos da empresa, a fim de aproveitar a energia solar

para a iluminação do ambiente de trabalho.

Page 73: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

72

5 CONCLUSÃO

O processo de produção de alimentos pode ser otimizado com o uso das técnicas de

minimização de resíduos. Estas, além de propiciarem uma redução de gastos com matérias-

primas, tratamento e disposição de resíduos, ainda vão ao encontro das novas tendências de

produção, que têm o respeito ao meio ambiente como um dos fatores de maior importância

para a mesma.

A consciência ambiental, que cresce consideravelmente a cada ano, o aumento dos

problemas de descarte e a legislação cada vez mais severa, vem obrigando que mais indústrias

se aprofundem nas questões de compatibilidade ambiental das suas produções.

Durante a etapa de levantamento e caracterização dos resíduos da empresa em estudo,

obteve-se um conhecimento do processo industrial e dos fatores que levavam à geração dos

mesmos.

Assim, de acordo com o funcionamento, conclui-se que o frigorífico apresenta

significativos aspectos ambientais, no entanto com a aplicação das oportunidades propostas de

P+L, a organização não mitigará apenas os impactos, mas ganhará também competitividade

através da possibilidade de redirecionar seus antigos custos de falhas operacionais em

investimentos no empreendimento, melhorar sua imagem e conquistar novos mercados. Dessa

forma, se evidencia o atendimento do tripé da sustentabilidade: aspectos sociais, ambientais e

econômicos.

Page 74: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas e Técnicas, Rio de Janeiro. NBR 10.004; Resíduos

Sólidos- classificação. Rio de Janeiro, 2004.

Barbieri, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos instrumentos. 2ed. São

Paulo: Saraiva, 2007

BERGAMINI JUNIOR, Sebastião. Custos emergentes na contabilidade ambiental. Pensar

Contábil, Rio de Janeiro, n.9, p.3-11, ago-out. 2000.

BUENO et al. Gestão da Qualidade nos Frigoríficos de Abate e processamento de

Frangos em Mato Grosso do Sul. XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos

para Agricultura do Futuro" Londrina, 2007.

CEBDS. Guia de Produção Mais Limpa – faça você mesmo. 2003. Disponível em

http://www.cebds.org.br/cebds/eco-rbe-publicacoes.asp. Acesso em 26/09/2013.

CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS – CNTL. As Cinco Fases da Produção

Mais Limpa. Apostila. Porto Alegre, 2006.

CNTL, CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS. Implementação de

Programas de Produção Mais Limpa. Porto Alegre - RS, 2003.

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Guia Técnico Ambiental

de Graxarias - Série P+L. São Paulo, 2006.

COELHO, A. C. D. Avaliação da aplicação da metodologia de produção mais limpa

UNIDO/UNEP no setor de saneamento – estudo de caso: EMBASA S.A. 2004. 207 f.

Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo)

– Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Federal da

Bahia, Salvador, 2004. Disponível em:

<http://www.teclim.ufba.br/curso/monografias/inicial.htm>. Acesso em: 23 /10/2013

FERREIRA, Aracéli Cristina de Souza. Contabilidade Ambiental: uma informação para o

desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atlas, 2003.

FURTADO, M. P+L: Brasil assume compromisso com a produção mais limpa. Química e

Derivados, São Paulo, v. 38, n. 407, p. 12-54, ago. 2000.

HANSEN, Don R.; MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos: contabilidade e controle. São

Paulo: Pioneira, 2001.

JANK, Marcos Sawaya. O agribusinees brasileiro e as negociações internacionais. In: Revista

de Política Agrícola. Ministério da Agricultura, Brasília, Ano XI, n. 03, 2002.

LEMOS, A. D. C. A produção mais limpa como geradora de inovação e competitividade:

o caso da fazenda Cerro do Tigre. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. Porto Alegre, 1998.

Page 75: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

74

LOVISON, C. Proposta de Produção mais Limpa aplicada a abatedouro visando melhor

uso da água e reúso de efluente. Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo – RS, 2011.

MALDANER, T. L. Levantamento das alternativas de minimização dos impactos

gerados pelos efluentes de abatedouros e frigoríficos. Brasília, fev. 2008.

MELO, Marne Santos de; VIEIRA, Paulo Roberto da Costa. Imagem Corporativa e

Investimento na Preservação do Meio Ambiente: a nova tendência da agenda estratégica. In:

EnANPAD, 27. 2003, Atibaia. Anais... São Paulo: ANPAD, 2003. 1, CD-ROM.

MENDES. Avaliação do rendimento e qualidade da carcaça de frangos de corte. 2002.

Disponível em: <http://www.unesp.br/propp/dir_proj/Agropecuaria/Agropec13.htm>. Acesso

em 12/10/2013.

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

http://www.onubrasil.org.br. Acesso em a 15/08/2013.

RIBEIRO, Maisa de Souza. O Custeio por Atividades Aplicado ao Tratamento Contábil dos

Gastos de Natureza Ambiental. Caderno de Estudos, São Paulo, FIPECAFI, v.10, n.19, p.82-

91, set/dez 1998.

SEBRAE/CEBDS. PmaisL – Rede Brasileira de Produção mais Limpa: Relatório 10 anos

de parceria. 2010. Disponível em

http://www.pmaisl.com.br/publicacoes/relatorio_10anos.pdf. Acesso em 10/10/2013.

SENAI, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Princípios Básicos

de Produção mais Limpa. Porto Alegre: 2003.

TINOCO, João Eduardo Prudêncio; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e

gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2004.

UBABEF. Associação Brasileira dos Exportadores de Frango. Disponível em:

<http://www.ubabef.com.br/Estatisticas/MercadoInterno/Historico.php> Acesso em

29/09/2013.

UNEP/UNIDO. Cleaner production assesment manual. Part one – introduction to

cleaner production. Draft, 1995.

UNCTAD/ISAR – United Nations Conference on Trade and Development

Intergovernamental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and

Reporting. Environmental financial accounting and reporting at the corporate level. Geneva:

United Nations, 1997. Disponível em: http://www.unctad.org/en/docs/c2isard2.en.pdf

Acesso em: 10/10/2013

Page 76: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

75

APÊNDICE A

Resíduos Estado Físico

Classe NBR

10004

Sistema de estocagem

Disposição Final

Plastico de 2ª reciclável Sólido II A Contentores Reciclagem Externa

Resíduos não recicláveis Sólido II A Contentores Aterro Industrial Terceiros

Bombona plástica 100L

Sólido II B A granel Reciclagem Externa

Bombona plástica 200L

Bombona plástica 20L

Bombona plástica 30L

Bombona plástica 50L

Bombona plástica 5L

Papelão Reciclável Sólido II A Contentores Reciclagem Externa

Vidros Sólido II B Caixas de Papelão Reuso Externo

Contentores Reciclagem

Sucata peças usadas

Sólido II A A granel Reciclagem Externa

Sucata de ferro

Sucata aço

Sucata aluminio

Sucata inox

Sucata zinco

Resíduos ossos aves KS Sólido II A Contentores Reprocessamento Interno

Resíduos ossos aves KS para graxaria

Borrachas Sólido II B Sacos Plástico e Tambores Aterro Industrial Terceiros

Resíduos de Lubrificantes Sólido I Sacos Plásticos Reciclagem Externa

Page 77: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

76

Liquido I Tambores

Couro Sólido IIA Sacos Plásticos Reciclagem Externa

Madeira Sólido IIA A granel Reciclagem Externa

Queima na Caldeira

Cinza Sólido II A Containers Solo Agrícola

Lâmpadas

Sólido I Embalagem

Original Bombonas Reciclagem Externa

Baterias/pilhas

Gaiolas plásticas Sólido II B A granel Reciclagem Externa

Lodo ETE Liquido II A Tanque de Concreto

Solo Agrícola

Resíduos de restaurante Sólido II A Tambores Reprocessamento Interno

Lixo microbiológico Sólido

I Embalagem Específica

Incineração Liquido

Resíduos de produtos Sólido

I Embalagem Específica

Reprocessamento Interno Liquido

Tecido Sólido II A Sacos Plásticos Reuso Interno e Externo

Pano Perflex Sólido II A Sacos Plásticos Aterro Industrial

Tábua de nylon Sólido II B A granel Aterro Industrial

Pedras de aficação Sólido II B Tambores Aterro Industrial

Fibra celulósica de salsichas Sólido II A A granel Queima na Caldeira

Lodo ETA Liquido II A NA Rio Marau

Correias de Transmissão Sólido II B A granel Aterro Industrial

Raticidas e Inseticidas Sólido II A Embalagem Específica

Aterro Industrial

Cola Sólido II A Sacos Plásticos Aterro Industrial

Efluente Liquido II A NA Rio Marau

Animais mortos Sólido II A Sacos Plásticos Aterro Industrial

Resíduos inertes Sólido II B A granel Reuso

Interno/Reaproveitamento

Page 78: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2013-2/Nicoli Rodrigues.pdf · social e de prejuízos às empresas, como elevação dos custos de produção, perda de competitividade

77

(Prefeitura)

Lixo Séptico-Grupo A Sólido I Embalagem Específica

Incineração

Lixo Séptico-Grupo E Sólido I Embalagem Específica

Incineração

Resíduo Químico Liquido I Bombona 50 L Aterro Classe I

Toalhas de Manutenção Sólido I Sacos de Pano Lavanderia