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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE LIMITE DE PROBLEMAS GEOTÉCNICOS COM ELEMENTOS FINITOS MISTOS E HÍBRIDOS LENILDO SANTOS DA SILVA ORIENTADORES: MÁRCIO MUNIZ FARIAS CARMEN LUCIA SAHLIT TESE DE DOUTORADO EM GEOTECNIA PUBLICAÇÃO: G.TD-016/03 BRASÍLIA / DF: JUNHO/2003

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE LIMITE DE PROBLEMAS GEOTÉCNICOS COM ELEMENTOS FINITOS MISTOS E HÍBRIDOS

LENILDO SANTOS DA SILVA

ORIENTADORES: MÁRCIO MUNIZ FARIAS CARMEN LUCIA SAHLIT

TESE DE DOUTORADO EM GEOTECNIA

PUBLICAÇÃO: G.TD-016/03

BRASÍLIA / DF: JUNHO/2003

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ANÁLISE LIMITE DE PROBLEMAS GEOTÉCNICOS COM ELEMENTOS FINITOS MISTOS E HÍBRIDOS

LENILDO SANTOS DA SILVA

TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR. APROVADA POR: ________________________________________ MÁRCIO MUNIZ FARIAS, Ph.D. (UnB) (ORIENTADOR) _________________________________________ CARMEN LUCIA SAHLIT, Ph.D. (UnB) (ORIENTADORA) _________________________________________ ANDRÉ PACHECO ASSIS, Ph.D. (UnB) (EXAMINADOR INTERNO) _________________________________________ ENNIO MARQUES PALMEIRA, Ph.D. (UnB) (EXAMINADOR INTERNO) _________________________________________ ALDO DURAND FARFÁN, D.Sc (UENF) (EXAMINADOR EXTERNO) _________________________________________ ELDON LONDE MELLO, Ph.D. (UnB) (EXAMINADOR EXTERNO) DATA: BRASÍLIA/DF, 27 DE JUNHO DE 2003.

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FICHA CATALOGRÁFICA SANTOS DA SILVA, LENILDO ANÁLISE LIMITE DE PROBLEMAS GEOTÉCNICOS COM ELEMENTOS

FINITOS MISTOS E HÍBRIDOS [Distrito Federal] 2003 xx, 127 p., 297 mm (ENC/FT/UnB, Doutor, Geotecnia, 2003) Tese de Doutorado - Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil 1. Análise limite 2. Desenvolvimento de software 3. Elementos finitos mistos e híbridos 4. Geotecnia I. ENC/FT/UnB II. Título (série) REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SANTOS DA SILVA, L. (2003). Análise limite de problemas geotécnicos com elementos finitos mistos e híbridos. Tese de Doutorado, Publicação G.TD-016/03, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 127 p. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Lenildo Santos da Silva TÍTULO DA TESE DE DOUTORADO: Análise limite de problemas geotécnicos com elementos finitos mistos e híbridos. GRAU / ANO: Doutor / 2003 É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta tese de doutorado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. _____________________________ Lenildo Santos da Silva SQN 410 – Bloco B – Ap. 105 70.865-020 - Brasília/DF - Brasil

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DEDICATÓRIA

À minha família com amor e carinho.

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AGRADECIMENTOS Aos meus pais Eunice e Laécio, pela forma amorosa e honesta com que me prepararam

para a vida.

Aos meus irmãos e sobrinhos, por todo incentivo ao longo desta jornada.

À Ariana, pelo amor e incentivo.

Aos meus filhos Letícia e Lucas, pelas tantas horas de felicidade que me proporcionaram.

Ao amigo Márcio Buzar, pelos estudos do elemento finito híbrido.

Aos amigos Mário, Neil, Marco e Pantoja, que com amizade me incentivaram.

Aos professores e colegas do Programa de Pós-graduação em geotecnia, pelo apoio e

amizade durante todo o curso.

Ao prof. José Henrique Feitosa, pelo bom humor em todas as horas (in memorian).

À profa. Carmen Sahlit, pela sua orientação neste trabalho e, sobretudo, pela participação

fundamental que tem na minha formação como pesquisador.

Ao prof. Márcio Muniz, que com a sua orientação e compreensão viabilizou a realização

deste trabalho.

Ao CNPq pelo apoio financeiro.

À Deus, pela vida.

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ANÁLISE LIMITE DE PROBLEMAS GEOTÉCNICOS COM

ELEMENTOS FINITOS MISTOS E HÍBRIDOS

RESUMO

Em muitas aplicações práticas na engenharia geotécnica é de interesse se obter a máxima carga suportada por uma determinada estrutura, a partir da qual se pode definir a carga de trabalho conveniente que garanta uma margem de segurança adequada, considerando-se o menor custo possível. Soluções analíticas baseadas nos teoremas da análise plástica fornecem limites superiores e inferiores para a carga de colapso. Entretanto, dependendo da complexidade do problema, as referidas soluções analíticas podem não ser disponíveis ou podem apresentar uma grande diferença entre os limites superior e inferior da carga de ruptura. A análise elastoplástica por meio do método dos elementos finitos tem se mostrado uma maneira efetiva para se identificar o início e a seqüência de propagação do mecanismo de ruptura. No entanto, muitos programas de elementos finitos apresentam dificuldades quando a carga está muito próxima da carga de ruptura. A combinação do método dos elementos finitos, da análise plástica limite e da programação matemática tem se revelado uma alternativa eficiente para se determinar a carga de colapso numericamente, em problemas de geotecnia. Algumas das características da aplicação da Análise Limite em geotecnia são: (a) as discretizações adotadas não são orientadas pela forma do mecanismo de ruptura, não sendo necessário se conhecer a priori sua forma ou sua localização; (b) é possível a adoção de critérios de ruptura não lineares; e (c) qualquer estrutura geotécnica, passível de ser discretizada em elementos finitos, pode ser considerada. No presente trabalho, o problema é formulado a partir do teorema do limite inferior e, alternativamente, do teorema do limite superior, de tal forma que se procura determinar a máxima carga para a qual as condições de equilíbrio e resistência são satisfeitas, ou ainda a mínima carga que satisfaz simultaneamente as condições de compatibilidade e de fluxo plástico. Adota-se o critério de ruptura de Mohr-Coulomb com plasticidade associada, sendo o referido critério é utilizado tanto em sua forma não linear, quanto de maneira linearizada. Elementos finitos mistos de ordem superior, tanto lagrangeanos quanto serendipity são estudados. Apresenta-se ainda uma formulação matemática do problema usando elemento finito híbrido linear de quatro nós. Desenvolve-se a análise probabilística de maciços de terra por meio de resultados obtidos com a análise plástica limite. Para construção do objetivo especificado acima, foi desenvolvido um programa em ambiente Windows, chamado de LAPS (Limit Analysis for Plane Strain). A tarefa de desenvolver aplicações para ambiente Windows tem sido facilitada devido à grande quantidade de softwares que implementam linguagens de programação com recursos visuais, tais como Delphi, Visual Basic, Visual Fortran e C++ Builder. Estes softwares são, em grande parte, responsáveis pela crescente quantidade de aplicações com interface gráfica, possibilitando a geração de programas de fácil utilização para o usuário. Em particular, o software Delphi é uma ferramenta RAD (Rapid Application Development) para Windows, orientada a objeto e a eventos, sendo baseada em componentes. A linguagem de programação sob o Delphi é uma versão do Pascal orientada a objeto, a qual é denominada Object Pascal. O software gerado no presente trabalho realiza o pré-processamento através da geração de malhas estruturadas, efetuando ainda os cálculos necessários à análise do problema e o pós-processamento através de bibliotecas OpenGL.

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PLASTIC LIMIT ANALYSIS IN GEOTECHNICS USING MIXED AND

HYBRID FINITE ELEMENTS

ABSTRACT

In many engineering problems, the primary concern of the designer is to determine the

maximum support load of a given structure. The knowledge of this collapse load allows a design

with a desired margin of safety and lower cost. Analytical solutions to these problems are generally

based in Plastic Limit Theorems, which a lower bound and an upper bound for the load factor. For

complex problems, however, there might be a very large interval between these limits. Finite

element analyses, assuming elasto-plastic models, provide a very effective tool for identifying the

initiation and propagation of plastic zones in boundary problems. However, many finite element

problems face serious difficulties as the external load approaches the ultimate level. A combination

of finite element method, limit analysis theorems and mathematical programming provides an

elegant and efficient means to obtain the collapse load.

In this paper the problem is formulated using the Lower Bound Limit Theorem, in such a

way as to determine the ultimate load, while satisfying both equilibrium and strength requirements.

Mohr-Coulomb criterion with associated flow rule is adopted for the soil strength. The governing

system results in mathematical programming problem, which is non-linear in principle but can be

linearized if a polyhedral representation is adopted for the strength envelope. Quadrilateral elements

with 4, 8, 9, 12, 16, 25 and 17 nodes as well as triangular elements with 3, 6, 10 and 15 nodes are

investigated. The influence of boundary conditions and number of planes necessary to obtain a good

linear representation of the strength criterion are also investigated. Different problems are analyzed

and the results are compared to other available solutions. It is conclude that finite elements of

Lagrangian type yield the best estimates for the collapse load.

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ÍNDICE

Capítulo Página

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 MOTIVAÇÃO 2

1.2 OBJETIVOS 3

1.3 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5

2.1 INTRODUÇÃO 5

2.2 PRINCÍPIOS VARIACIONAIS ESTACIONÁRIOS 6

2.3 ANÁLISE LIMITE 8

2.4 FORMULAÇÃO DE ANÁLISE LIMITE PELO MÉTODO DOS

ELEMENTOS FINITOS

10

2.6 COMENTÁRIOS FINAIS 22

3 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA 24

3.1 INTRODUÇÃO 24

3.2 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO ELEMENTO FINITO MISTO 24

3.2.1 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE 24

3.2.2 CONDIÇÕES DE RESISTÊNCIA 27

3.2.3 LEIS DE FLUXO PLÁSTICO 28

3.2.4 TEOREMA CINEMÁTICO 28

3.2.5 TEOREMA ESTÁTICO 30

3.2.6 CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB 31

3.2.7 ELEMENTOS FINITOS ADOTADOS 33

3.2.7.1 ELEMENTOS FINITOS TRIANGULARES 33

3.2.7.2 ELEMENTOS FINITOS QUADRILATERAIS LAGRANGEANOS 35

3.2.7.3 ELEMENTOS FINITOS QUADRILATERAIS SERENDIPITY 36

3.3 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO ELEMENTO FINITO HÍBRIDO 38

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3.3.1 MOTIVAÇÃO PARA DESENVOLVIMENTO DE ELEMENTOS

FINITOS HÍBRIDOS

40

3.3.2 A FORMULAÇÃO DO PRINCÍPIO VARIACIONAL HÍBRIDO 41

3.3.3 INTEGRAIS DE VOLUME E SUPERFÍCIE 42

3.3.4 A FORMA VARIACIONAL 42

3.3.5 HIBRIDIZAÇÃO DO FUNCIONAL 44

3.3.6 O TRABALHO POTENCIAL 45

3.3.7 ELEMENTO DE TENSÃO HÍBRIDO UTILIZADO NO PRESENTE

TRABALHO

47

3.3.7.1 CAMPO DE TENSÕES 48

3.3.7.2 DESLOCAMENTOS NO CONTORNO 49

3.3.7.3 FORÇA DE SUPERFÍCIE 49

3.3.7.4 FORÇA DE SUPERFÍCIE PRESCRITA 50

3.3.7.5 FORMULAÇÃO DISCRETA 50

3.3.7.6 APLICAÇÃO DA FORMULAÇÃO DISCRETA NA ANÁLISE

LIMITE

52

3.4 RESUMO DAS FORMULAÇÕES ADOTADAS 53

3.4 COMENTÁRIOS FINAIS 55

4 SOFTWARE DESENVOLVIDO 56

4.1 INTRODUÇÃO 56

4.2 DIAGRAMAS DE CASOS DE USO 58

4.2.1 CASO DE USO ABRIR ARQUIVO 58

4.2.2 CASO DE USO SALVAR ARQUIVO 59

4.2.3 CASO DE USO IMPORTAR ARQUIVO DXF 60

4.2.4 CASO DE USO IMPORTAR ARQUIVO DAT 61

4.2.5 CASO DE USO EXPORTAR ARQUIVO PARA DXF 61

4.2.6 CASO DE USO EXPORTAR ARQUIVO PARA DAT 62

4.2.7 CASO DE USO ZOOM JANELA 64

4.2.8 CASO DE USO ZOOM TOTAL 64

4.2.9 DIAGRAMA DE CASO DE USO CONFIGURAR GRID 65

4.2.10 CASO DE USO CONFIGURAR JANELA DE EDIÇÃO 65

4.2.11 CASO DE USO DEFINIR LINHA MANUALMENTE 66

ix

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4.2.12 CASO DE USO DEFINIR LINHA GRAFICAMENTE 66

4.2.13 CASO DE USO APAGAR LINHA 67

4.2.14 CASO DE USO FORNECER PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS 67

4.2.15 CASO DE USO DEFINIR BLOCOS 68

4.2.15.1 DETALHAMENTO DO CASO DE USO DEFINIR BLOCOS 68

4.2.15.2 DETALHAMENTO DO CASO DE USO DEFINIR TIPO DE

BLOCO

69

4.2.15.3 DETALHAMENTO DO CASO DE USO DEFINIR TIPO DE

ELEMENTO

69

4.2.16 CASO DE USO APAGAR BLOCO 70

4.2.17 CASO DE USO GERAR MALHA 70

4.2.18 CASO DE USO CONFIGURAR CONDIÇÕES DE CONTORNO 71

4.2.19 CASO DE USO DEFINIR CONDIÇÕES DE CONTORNO 71

4.2.20 CASO DE USO APLICAR CARGA DISTRIBUÍDA 72

4.2.21 CASO DE USO MOSTRAR DADOS DA MALHA GERADA 73

4.2.22 CASO DE USO APAGAR CARREGAMENTO 73

4.2.23 CASO DE USO APAGAR CONDIÇÕES DE CONTORNO 74

4.2.24 CASO DE USO REALIZAR ANÁLISE 75

4.2.25 CASO DE USO MOSTRAR FATOR DE CARGA 76

4.2.26 CASO DE USO MOSTRAR MECANISMO DE COLAPSO 76

4.3 DIAGRAMA DE CLASSES 77

4.4 UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE 77

4.5 MÉTODOS DE SOLUÇÃO 84

4.5.1 OBTENÇÃO DA SOLUÇÃO INICIAL PARA O ALGORÍTMO DE

HERKOVITS-LYAMIN-SLOAN

85

5 APLICAÇÕES NUMÉRICAS 87

5.1 INTRODUÇÃO 87

5.2 EXEMPLO 1 – FUNDAÇÃO CORRIDA DISCRETIZADA COM

ELEMENTO FINITO MISTO LAGRANGEANO DE 3 E 4 NÓS

88

5.3 EXEMPLO 2 – ESTABILIDADE DE TALUDE DISCRETIZADO COM

ELEMENTO FINITO MISTO LAGRANGEANO DE 3 E 4 NÓS

95

5.4 EXEMPLO 3 – ESTABILIDADE DE TALUDE DISCRETIZADO COM

x

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ELEMENTOS FINITOS MISTOS LAGRANGEANOS E SERENDIPITY 98

5.5 EXEMPLO 4 – FUNDAÇÃO CORRIDA DISCRETIZADA COM

ELEMENTOS FINITOS MISTOS LAGRANGEANOS E SERENDIPITY

103

5.6 EXEMPLO 5 – CORTE VERTICAL DISCRETIZADO COM

ELEMENTOS FINITOS MISTOS LAGRANGEANOS E SERENDIPITY

106

5.7 EXEMPLO 6 – FUNDAÇÃO CORRIDA DISCRETIZADA COM

ELEMENTO FINITO HÍBRIDO DE 4 NÓS

108

5.8 EXEMPLO 7 – ESTABILIDADE DE CORTE VERTICAL

DISCRETIZADO COM ELEMENTO FINITO HÍBRIDO DE 4 NÓS

111

5.9 EXEMPLO 8 – ESTABILIDADE DE TALUDE COM ELEMENTOS

FINITOS MISTOS E HÍBRIDOS

114

5.10 EXEMPLO 9 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE

ESTABILIDADE DE TALUDES OBTIDOS COM ANÁISE LIMITE,

ANÁLISE ELASTOPLÁSTICA E ANÁLISE DE EQUILÍBRIO LIMITE

116

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES 119

6.1 CONCLUSÕES 119

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 121

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

123

xi

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela Página

2.1 Funcionais possíveis em elasticidade linear 7

2.2 Exemplos de funcionais híbridos 8

2.3 Classificação das formulações (Farfán, 2000) 23

3.1 Dimensões dos vetores e matrizes para elementos finitos mistos e híbridos 54

5.1 Carga de colapso (kN) para solos puramente coesivos 89

5.2 Carga de colapso (kN) para solos com coesão e ângulos de atrito 91

5.3 Carga de colapso considerando-se apoio lateral do 1o e 2o gênero 93

5.4 Carga de colapso para aumento de 25% no domínio e apoios laterais do 1o ou

2o gênero

94

5.5 Fator de estabilidade Ns 96

5.6 Fator de estabilidade considerando-se apoios laterais do 1o ou 2o gênero 97

5.7 Fator de estabilidade Ns para elementos lagrangeanos T3, Q4, T6, Q9, T10 e

Q16

102

5.8 Fator de estabilidade Ns para elementos serendipity Q8, Q12 e Q17 102

5.9 Carga de colapso para o caso da fundação corrida 105

5.10 Fator de carga de colapso para corte vertical em solo puramente coesivo 107

5.11 Fator de carga de colapso para solo com coesão e atrito 107

5.12 Carga de colapso para a fundação corrida discretizada com elemento finito

híbrido

109

5.13 Fator de carga de colapso para corte vertical discretizado com elemento híbrido 112

5.14 Fator de carga de colapso para corte vertical em solo com coesão e atrito

(φ=20°) discretizado com elemento finito híbrido

113

5.15 Fator de carga de colapso dos taludes 115

5.16 Resumo dos resultados encontrados no Exemplo 10 117

xii

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura Página

3.1 Aproximação poliédrica circunscrita do critério de Mohr-Coulomb no sistema

(x,y)

32

3.2 Elemento finito triangular linear de três nós: (a) Elemento finito; (b) Termos

considerados no triângulo de Pascal

34

3.3 Elemento finito triangular quadrático de seis nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de pascal

34

3.4 Elemento finito triangular cúbico de dez nós: (a) Elemento finito; (b) Termos

considerados no triângulo de Pascal

34

3.5 Elemento finito triangular quártico de quinze nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de Pascal

34

3.6 Elemento finito quadrilátero linear de quatro nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de Pascal

35

3.7 Elemento finito quadrilátero quadrático de nove nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de Pascal

35

3.8 Elemento finito quadrilátero cúbico de dezesseis nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de Pascal

36

3.9 Elemento finito quadrilátero quártico de vinte e cinco nós: (a) Elemento finito;

(b) Termos considerados no triângulo de Pascal

36

3.10 Elemento finito quadrilátero quadrático de oito nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de Pascal

37

3.11 Elemento finito quadrilátero cúbico de doze nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de Pascal

37

3.12 Elemento finito quadrilátero quártico de dezessete nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de Pascal

38

3.13 Resumo da obtenção de elementos híbridos 39

3.14 Viga analisada com elemento finito de deslocamento e elemento finito híbrido 39

3.15 Resultados para elemento Q4 e elemento híbrido de Pian & Sumihara (1984) 39

3.16 Corte no Volume V, Separado pela Superfície Si 41

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3.17 Domínio Subdividido em Quatro Partes, com Integração no Sentido Anti-

horário

41

3.18 Diagrama para o Funcional da Energia Potencial Complementar de Campo

Unitário (só Tensões como Campo Primário)

43

3.19 Diagrama para o Funcional do Princípio de Tensão Híbrida 44

3.20 Passos Conceituais para a Construção do Elemento Finito Híbrido 46

3.21 Elemento Quadrilátero Bilinear de Tensão Plana 47

4.1 Diagrama de caso de uso Abrir Arquivo 58

4.2 Diagrama de caso de uso Salvar Arquivo 59

4.3 Diagrama de caso de uso Importar Arquivo DXF 60

4.4 Diagrama de caso de uso Importar Arquivo DAT 61

4.5 Diagrama de caso de uso Exportar Arquivo para DXF 61

4.6 Diagrama de Caso de uso Exportar Arquivo para DAT 62

4.7 Diagrama de caso de uso Zoom janela 64

4.8 Diagrama de caso de uso Zoom total 64

4.9 Diagrama de caso de uso Configurar Grid 65

4.10 Diagrama de caso de uso Configurar Janela de Edição 65

4.11 Diagrama de caso de uso Definir Linha Manualmente 66

4.12 Diagrama de caso de uso Definir Linha Graficamente 66

4.13 Diagrama de caso de uso Apagar Linha 67

4.14 Caso de uso Fornecer Propriedades dos Elementos 67

4.15 Diagrama de caso de uso Definir Blocos 68

4.16 Diagrama de caso de uso Apagar Bloco 70

4.17 Diagrama de caso de uso Gerar Malha 70

4.18 Diagrama de caso de uso configurar Condições de Contorno 71

4.19 Diagrama de caso de uso Definir Condições de Contorno 71

4.20 Diagrama de caso de uso Aplicar Carga Distribuída 72

4.21 Diagrama de caso de uso Mostrar Dados da Malha Gerada 73

4.22 Diagrama de caso de uso Apagar Carregamento 73

4.23 Diagrama de caso de uso Apagar Condições de Contorno 74

4.24 Diagrama de caso de uso Realizar Análise 75

4.25 Diagrama de caso de uso Mostrar Fator de Carga 76

4.26 Diagrama de caso de uso Mostrar Mecanismo de Colapso 76

xiv

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4.27 Diagrama de classes de negócio 77

4.28 Características do talude analisado 78

4.29 Tela inicial da aplicação desenvolvida 78

4.30 Tela de definição das propriedades 79

4.31 Blocos desenhados no AutoCAD para a geração da malha 80

4.32 Tipos de elementos finitos disponíveis no programa 81

4.33 Malha gerada com as condições de contorno 82

4.34 Tela de configurações de parâmetros da análise 83

4.35 Mecanismo gerado plotando-se o campo de velocidades na ruptura 83

4.36 Mecanismo plotado utilizando-se a biblioteca OpenGL 84

5.1 Discretizações adotadas para elemento Q4: (a) Malha Q4/1 com 20 nós e 12

elementos; (b) Malha Q4/2 com 63 nós e 48 elementos; (c) Malha Q4/3 com

165 nós e 240 elementos

88

5.2 Discretizações adotadas para elemento T3: (a) Malha T3/1 com 20 nós e 24

elementos; (b) Malha T3/2 com 63 nós e 96 elementos; e (c) Malha T3/3 com

165 nós e 280 elementos

89

5.3 Convergência no número de planos (programação linear) 90

5.4 Convergência dos elementos T3 e Q4 em relação ao número de nós na malha 91

5.5 Mecanismo de ruptura para φ igual a 0o: (a) : malha Q4/2 e PNL; (b) : malha

Q4/2 e PL com 32 planos; (c) malha T3/2 e PNL; e (d) malha T3/2 e PL com

32 planos

92

5.6 Mecanismo de ruptura para φ igual a 15o: (a) : malha Q4/2 e PNL; (b) : malha

Q4/2 e PL com 32 planos; (c) malha T3/2 e PNL; e (d) malha T3/2 e PL com

32 planos

93

5.7 Discretizações adotadas: (a) Malha Q4/1, 36 nós e 24 elementos; (b) Malha

Q4/2, 119 nós e 96 elementos; (c) Malha T3/1, 36 nós e 44 elementos; e (d)

Malha T3/2, 119 nós e 192 elementos

95

5.8 Mecanismos de ruptura: (a) Q4/2 e φ igual a 0º; e (b) Q4/2 e φ igual a 15º 96

5.9 Elementos finitos adotados no presente exemplo: (a) T3; (b) Q4; (c) T6; (d)

Q8; (e) Q9; (f) T10; (g) Q12; (h) T15; (i) Q16; (j) Q17

98

5.10 Discretizações para solos puramente coesivos: (a) T3, 165 nós e 280 elmentos;

(b) Q4, 165 nós e 280 elementos; (c) T6, 225 nós e 96 elementos; (d) Q8, 215

xv

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nós e 60 elementos; (e) Q9, 225 nós e 48 elementos; (f) T10, 280 nós e 54

elementos; (g) Q12, 220 nós e 36 elementos; (h) T15, 225 nós e 24 elementos

99

5.11 Discretizações para solos puramente coesivos: (i) Q16, 280 nós e 27

elementos; e (j) Q17, 265 nós e 27 elementos

100

5.12 Discretizações para solos com coesão e atrito: (a) T3, 319 nós e 560 elmentos;

(b) Q4, 319 nós e 280 elementos; (c) T6, 319 nós e 140 elementos; (d) Q8, 317

nós e 90 elementos

100

5.13 Discretizações para solos com coesão e atrito: (e) Q9, 319 nós e 70 elementos;

(f) T10, 310 nós e 60 elementos; (g) Q12, 312 nós e 52 elementos; (h) Q16,

310 nós e 30 elementos; e (i) Q17, 321 nós e 33 elementos

101

5.14 Discretização da fundação corrida em elementos finitos lagrangeanos de

dezesseis nós

103

5.15 Discretização da fundação corrida em elementos finitos serendipity de doze

nós

104

5.16 Discretização do corte vertical em elementos finitos Lagrangeanos de nove nós 106

5.17 Discretizações adotadas para o elemento híbrido de quatro nós (Q4): (a) Malha

Q4/1 com 20 nós e 12 elementos; (b) malha Q4/2 com 63 nós e 48 elementos;

(c) malha Q4/3 com 99 nós e 80 elementos; (d) malha Q4/4 com 165 nós e 140

elementos; (e) malha Q4/5 com 221 nós e 192 elementos; (f) malha Q4/6 com

825 nós e 768 elementos

108

5.18 Teste de convergência para as malhas Q4/1, Q4/2 e Q4/3 usando elemento

finito híbrido

109

5.19 Comparação dos elementos finitos híbrido e misto 110

5.20 Discretização do corte vertical em elementos híbridos de quatro nós: Malha

com 96 Nós e 75 Elementos

111

5.21 Teste de Convergência para as malhas em função do número de planos na

linearização da superfície de ruptura

112

5.22 Malha adotada para o talude com altura igual a 10 m: discretização com 286

nós e 250 elementos

114

5.23 Mecanismo de ruptura para talude com altura igual a 10m 115

5.24 Mecanismos de ruptura por equilíbrio limite 117

5.25 Mecanismos de ruptura obtido com a análise elastoplástica 118

5.26 Mecanismo de ruptura obtido com a análise plástica limite 118

xvi

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xvii

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LISTA DE SIMBOLOS

φ Ângulo de atrito interno

A Área do elemento finito

c Coesão do material

Su Contorno com deslocamentos prescritos

St Contorno com tensões prescritas

Si Contorno interno ou interface

nx Cosseno diretor na direção x

ny Cosseno ditetor na direção y

if Critério de ruptura aplicado no ponto de controle i

u Deslocamento na direção x

v Deslocamento na direção y

ξ Direção horizontal em coordenadas naturais

η Direção vertical em coordenadas naturais

x Direção x dos eixos cartesianos

Ω Domínio do elemento finito híbrido

Uc Energia complementar

cΠ Energia potencial total complementar

h Espessura do elemento finito

λ Fator de carga

t Força de superfície prescrita no elemento híbrido

iN Função de interpolação do nó i

iuN Função de interpolação dos deslocamentos aplicados no nó i

πd Integral potencial de interface

C Matriz constitutiva na forma flexibilidade do elemento híbido

E Matriz constitutiva na forma rigidez do elemento híbrido

F Matriz das derivadas das superfícies de ruptura ou matriz do elemento híbrido

uN Matriz das funções de interpolação dos deslocamentos

G Matriz de conexão ou matriz de influência

xviii

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B Matriz de deformação generalizada

iB Matriz de deformação generalizada no nó i

L Matriz de equilíbrio da malha de elementos finito

L Matriz de equilíbrio do elemento finito

Φ Matriz de função de interpolação no elemento finito híbrido

N Matriz de funções de interpolação

σN Matriz de interpolação das tensões

Ψ Matriz de interpolação das tensões no elemento híbrido Tn Matriz de normalidade

Ke Matriz de rigidez de um elemento

nne Número de nós no elemento finito

M Número de partes em que o volume foi dividido

npc Número de pontos de controle das condições de fluxo

αi Parâmetro de tensão i

r Raio da linearização do critério de Mohr-Coulomb

xε& Taxa de deformação na direção x

yε& Taxa de deformação na direção y

q& Taxa de deformação nodal generalizada

xyγ& Taxa de distorção

*q& Taxa dos multiplicadores plásticos no ponto de controle i

xyτ Tensão cisalhante

xyσ Tensão cisalhante no elemento híbrido

xσ Tensão normal na direção x

xxσ Tensão normal na direção x no elemento híbrido

yσ Tensão normal na direção y

yyσ Tensão normal na direção y no elemento híbrido

Cijkl Tensor constitutivo do elemento híbrido

Wd Trabalho potencial

tj Trações de superfície

u& Velocidade na direção x

xix

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iu& Velocidade na direção x no nó i

v& Velocidade na direção y

iv& Velocidade na direção y no nó i

p Vetor cargas distribuídas nos lados do elemento

σ* Vetor das capacidades plásticas *q& Vetor das taxas dos multiplicadores plásticos

Pq& Vetor das velocidades de deformação plástica generalizada

p Vetor de cargas concentradas em um elemento

af Vetor de cargas fixas para toda a malha de elementos finitos

λ Vetor de cargas nodais

a Vetor de cargas nodais em um elemento finito

av Vetor de cargas variáveis para toda a malha de elementos finitos

u Vetor de deslocamento

d Vetor de deslocamento no contorno do elemento híbrido

ε& Vetor de taxas de deformação

σ Vetor de tensões

σ Vetor de tensões nodais

u& Vetor de velocidade

u& Vetor de velocidades nodais

α Vetor dos parâmetros de tensão

V Volume

xx

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Em muitas aplicações práticas na engenharia geotécnica é de interesse se obter a máxima

carga suportada por uma determinada estrutura, a partir da qual se pode definir a carga de

trabalho conveniente que garanta uma margem de segurança adequada, considerando-se o

menor custo possível. Soluções analíticas baseadas nos teoremas da análise plástica fornecem

limites superiores e inferiores para a carga de colapso. Entretanto, dependendo da

complexidade do problema, soluções analíticas podem não ser disponíveis ou podem

apresentar uma grande diferença entre os limites superior e inferior da referida carga (Chen,

1975). A análise elastoplástica através do método dos elementos finitos tem se mostrado uma

maneira efetiva para se identificar o início e a seqüência de propagação do mecanismo de

ruptura. No entanto, muitos programas de elementos finitos apresentam dificuldades quando a

carga está muito próxima da carga de ruptura (Farias & Naylor, 1998).

O estudo de estruturas nas quais se considera o comportamento plástico do material estrutural

pode ser realizado de duas maneiras distintas, quais sejam: métodos iterativos nos quais a

resposta da estrutura para um determinado nível de carga é obtida por incrementos sucessivos

de carga ou deformação, até que o nível desejado seja alcançado (por exemplo, Zienkiewicz

& Taylor, 1991; Ibrahimbegovic & Frey, 1993; Weissman & Jamjian, 1993); e os modelos

baseados na utilização da programação matemática, nos quais se utiliza a otimização de

funções para se obter a resposta da estrutura correspondente a um determinado nível de

carregamento (por exemplo, Maier, 1968; Maier, 1973; Cannarozzi & Laudiero, 1976;

Appleton & Smith, 1979; e Sahlit, 1992). Entretanto, baseando-se na literatura disponível e

nos estudos realizados no presente trabalho, a aplicação da análise plástica limite de maneira

mais genérica, desde que o problema de otimização seja convexo e atenda as condições de

Karush-Kuhn-Tucker, só é possível através da utilização de métodos de programação

matemática.

1

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A programação matemática se preocupa com a otimização de funções sujeitas a restrições. Ela

envolve a minimização (ou maximização) de uma função de variáveis reais, chamada de

função objetivo, onde estas variáveis devem satisfazer a restrições adicionais. Estas restrições

podem ser de igualdade e/ou desigualdade, sendo possível que algumas variáveis sejam

também restritas em sinal. Quando a função objetivo e as restrições são funções lineares

contínuas tem-se um problema de programação linear (PL), caso contrário tem-se um

problema de programação não-linear. Se a função objetivo é uma função quadrática

contínua, enquanto que as restrições são funções lineares contínuas, tem-se um problema de

programação quadrática (PQ). Em problemas de natureza física, pode ocorrer que um

programa de minimização, chamado primal, esteja associado a um programa de maximização,

chamado dual. Apesar das variáveis do programa primal nem sempre aparecerem no

programa dual, e vice-versa, ambos os programas apresentam a mesma solução ótima para as

suas respectivas funções objetivo. A programação matemática pode ser aplicada em várias

áreas da análise e síntese de estruturas como, por exemplo, análise elastoplástica, análise

plástica limite, análise de acomodação plástica e plasticidade dinâmica. Informações sobre o

desenvolvimento histórico de programação matemática e suas aplicações na engenharia

podem ser encontradas nos trabalhos de Maier (1973), Maier & Munro (1982) e Maier (1984).

A combinação do métodos dos elementos finitos, da análise plástica limite e da programação

matemática tem se revelado uma alternativa eficiente para se determinar a carga de colapso

numericamente, em problemas de geotecnia. Algumas das características da aplicação da

Análise Limite em geotecnia são: (a) as discretizações adotadas não são orientadas pela forma

do mecanismo de ruptura, não sendo necessário se conhecer a priori sua forma ou sua

localização; (b) é possível a adoção de critérios de ruptura não lineares; e (c) qualquer

estrutura geotécnica, passível de ser discretizada em elementos finitos, pode ser considerada.

1.1 MOTIVAÇÃO

Algumas motivações para o direcionamento do trabalho para Análise Limite via Programação

Matemática e Método dos Elementos Finitos são:

• Número reduzido de pesquisadores trabalhando na área; • Necessidade de delimitar mais claramente a aplicação do método, com relação aos tipos

de elementos finitos, métodos de programação matemática (linear ou não linear), número

2

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de planos utilizados na linearização, influência na variação dos parâmetros do material, e consideração de critérios de ruptura distintos;

• Preenchimento da lacuna relativa a um software robusto para realizar as referidas análises; e

• Consistência teórica do método com relação à forma de obtenção dos resultados. 1.2 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo a análise limite de problemas geotécnicos, através da

combinação da programação matemática linear e não linear e do método dos elementos

finitos, adotando-se elementos finitos serendipity e lagrangeanos, misto e híbrido, em regime

de pequenos deslocamentos. Apresenta-se, ainda, a implementação de um software com

interface gráfica interativa, desenvolvida em Delphi e baseada nos conceitos do ambiente

gráfico do sistema operacional windows.

1.3 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica do tema da presente tese, a qual começa no

início dos anos 70, com a descrição das primeiras formulações dos problemas de análise

limite via programação matemática e vai até a tese de doutoramento apresentada por Farfán

(2000). Destacam-se os aspectos principais de cada formulação, bem como os elementos

finitos adotados em cada uma.

No Capítulo 3, apresenta-se a formulação matemática do problema de análise plástica limite,

tanto para elementos finitos mistos (elementos triangulares, quadrilaterais serendipity e

quadrilaterais Lagrangeanos) quanto para elementos finitos híbridos, considerando-se

métodos de programação matemática linear e não linear.

O Capítulo 4 descreve o software desenvolvido, o mesmo sendo descrito utilizando-se a

Linguagem de Modelagem Unificada (UML), através dos diagramas de casos de uso e do

diagrama de classes. Apresenta-se um passo a passo da utilização do software, a partir de um

exemplo selecionado. O capítulo é finalizado com a apresentação dos métodos de solução

adotados no presente trabalho.

3

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O Capítulo 5 apresenta os exemplos numéricos que servem de base para validar as

formulações matemáticas apresentadas no presente trabalho. Inicialmente são apresentados

exemplos de elementos finitos mistos lineares de quatro e três nós. Em seguida são

considerados os elementos mistos lagrangeanos e serendipity de ordem superior. Finalmente,

apresentam-se resultados para o elemento finito híbrido de quatro nós.

No Capítulo 6, apresentam-se as conclusões obtidas com o presente trabalho e sugestões para

estudos futuros.

Finalmente, vale ressaltar que este é o primeiro trabalho que trata de análise limite em

geotecnia, utilizando-se métodos de programação matemática, que é desenvolvido no âmbito

do Programa de Pós-graduação em Geotecnia da Universidade de Brasília.

4

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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INTRODUÇÃO

As aplicações dos métodos de estabilidade em problemas geotécnicos podem ser reunidas em

quatro grupos: método da linha de deslizamento, método dos elementos finitos de

deslocamento, método de equilíbrio limite e método de análise limite. O presente trabalho

concentra-se no último desses grupos.

Quando um corpo é solicitado por um determinado carregamento, deforma-se de acordo com

o nível de carregamento aplicado, ou seja, à medida em que se aumenta o carregamento

solicitante, maiores incrementos de tensões corresponderão a maiores taxas de deformações

até que para um determinado nível de carregamento (carga de ruptura) e de tensões, o material

escoe e, em seguida, entre em colapso (processo de ruptura generalizado). Esse tipo de

comportamento mecânico pode ser aproximado por um modelo ideal de comportamento do

material conhecido como modelo elástico perfeitamente plástico. A distribuição do campo das

velocidades de deformação no colapso corresponde, no domínio do corpo, a um campo

denominado mecanismo de colapso. Nesta tese de doutoramento os esforços são empregados

com o objetivo primário de se obter tanto a carga de colapso quanto o mecanismo de ruptura.

Os primeiros trabalhos de análise limite em geotécnica, utilizando-se métodos de

programação matemática, foram desenvolvidos no início da década de 70 e, em geral,

utilizam formulações fracas e elementos finitos triangulares. Atualmente, a análise plástica

limite representa uma importante área de pesquisa, e diversos trabalhos têm sido publicados.

Abordam, em geral, formulações fracas e fortes com elementos finitos mistos triangulares e

quadrilaterais, com interpolação linear e constante de tensões e velocidades.

Embora a aplicação de elementos finitos híbridos remeta aos anos 60, a aplicação deste tipo

de elementos em problemas de análise limite em geotecnia permanece inédita até hoje. Assim,

5

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tais elementos constituem atualmente uma ampla área de pesquisa na engenharia geotécnica,

quando se utilizam análise limite e métodos de programação matemática.

2.2 - PRINCÍPIOS VARIACIONAIS ESTACIONÁRIOS

Nesta seção consideram-se os teoremas variacionais da mecânica dos sólidos que são

comumente utilizados em modelos de elementos finitos, bem como os princípios energéticos

da mecânica enfatizando-se o princípio dos trabalhos virtuais. Deve-se atentar para o fato de

que os princípios variacionais híbridos e mistos buscam pontos estacionários de cada variável

primária, os quais não são necessariamente mínimos e máximos. De fato, o funcional pode

atingir o mínimo com respeito a um conjunto de variáveis e o máximo com respeito a outro

conjunto de variáveis envolvidas no funcional (Almeida, 1989).

A seguir descreve-se um esquema de representação dos campos para os princípios

variacionais:

HíbridoMisto

Campos Múltiplos

UnitárioCampo ISVARIACIONAPRINCÍPIOS

Quando um funcional é definido usando somente uma variável primária, este funcional é

denominado de campo unitário. Os princípios associados aos funcionais de campo unitário

são comuns no modelo tradicional do método dos elementos finitos de deslocamentos, o qual

define, em geral, o campo dos deslocamentos como variável primária. O funcional pode

também ser definido em termos do campo de tensões, como variável primária, gerando, então,

um modelo de elementos finitos de tensões.

Os funcionais chamados de campo múltiplo têm vários campos como variáveis primárias, isto

é, mais de um campo está sujeito a variações independentes.

Na literatura há confusões de nomenclatura sobre campos múltiplos, no caso de campos

híbridos e mistos. Campos múltiplos nos modelos do método dos elementos finitos, às vezes,

são chamados de híbridos. O termo misto pode ser reservado para o caso em que os campos

primários são campos internos. O termo híbrido pode ser usado quando o funcional inclui um

ou mais campos de superfície, além de campos internos estabelecidos. Três campos internos

6

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da elasticidade linear são candidatos para campos primários, tanto no domínio quanto no

contorno: Deslocamentos (ui); Deformações (εij); e Tensões (σij).

As escolhas dos campos primários podem ser feitas a partir das sete combinações listadas na

Tabela 2.1. Os funcionais correspondentes são denominados como funcionais fundamentais

da elasticidade: quatro deles têm nomes identificados com modelos de elementos finitos, o

quinto funcional não é muito utilizado e os outros dois não têm aplicações práticas na

engenharia (Felippa, 2000).

Tabela 2.1 Funcionais possíveis em elasticidade linear

Tipo

Campo primário Nome

Campo unitário Deslocamentos Energia potencial total

Campo unitário Tensões Energia potencial total complementar

Campo unitário Deformações

Dois campos mistos Deslocamentos e tensões Hellinger-Reissner Dois campos mistos Deslocamentos e deformações de Veubeke Dois campos mistos Deformações e tensões

Três campos mistos Deslocamentos, tensões e deformações Hu-washizu

Na Tabela 2.1 apresentam-se somente os tipos de funcionais de campo unitário ou misto,

cujas variáveis primárias são definidas no domínio do elemento. Funcionais híbridos têm um

ou mais campos primários que são definidos só na interface ou contorno do elemento.

Princípios variacionais híbridos representam uma importante extensão dos princípios

clássicos da mecânica. Esta extensão constitui uma tentativa de fortalecer os modelos de

elementos finitos. A Tabela 2.2 descreve dois casos de elementos híbridos.

Elementos finitos baseados em funcionais híbridos, chamados de elementos híbridos, foram

construídos nos anos 60 (Pian, 1964). O primeiro elemento híbrido era bastante limitado por

não ser capaz de tratar problemas não lineares e dinâmicos. Entretanto, tais limitações foram

gradualmente superadas com o entendimento e evolução dos conceitos básicos. Atualmente,

os princípios híbridos representam uma importante área de pesquisa na construção de

elementos finitos de alta performance, especialmente para placas e cascas (Felippa, 2000). Os

7

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modelos híbridos têm sido aplicados a diversos problemas de engenharia como

descontinuidade física, trincas, detecção de dano, otimização e acoplamentos de malhas.

Entretanto, a literatura disponível até a presente data não aborda o emprego do método híbrido

dos elementos finitos para problemas de análise limite em engenharia geotécnica.

Tabela 2.2 Exemplos de funcionais híbridos

Princípio Híbrido Campo primário no domínio do elemento

Campo primário no contorno do elemento Nome

Híbrido de tensão

Tensões Deslocamentos Pian

Misto-Híbrido Tensões e deslocamentos Deslocamentos Pian-Sumihara

Pian-Tong (outros)

De forma geral, os princípios híbridos consideram dois campos distintos de variáveis

primárias: o campo de deslocamentos no contorno e o de tensões no interior do elemento. Esta

idéia tem levado a um melhor entendimento de grande número de aplicações técnicas em

diversas áreas da engenharia. Contrariamente, princípios variacionais mistos consideram dois

ou mais campos no domínio do elemento.

2.3 ANÁLISE LIMITE

A primeira referência à plasticidade é atribuída a Coulomb que, em 1773, propõe um critério

de escoamento para solos (apud Hill, 1950). Subseqüentemente, Rankine, em 1853, aplica os

conceitos de Coulomb para problemas de cálculo de paredes de contenção de solo. Contudo,

Tresca é considerado o primeiro a fazer estudos científicos sobre plasticidade em metais,

tendo publicado os resultados do efeito de punção e extrusão em metais em 1864 e formulado

seu famoso critério de escoamento.

Em 1870 Saint-Venant aplica o critério de escoamento de Tresca para determinar as tensões

em um cilindro sujeito a torção e flexão. Levy, em 1871, também adotando os conceitos de

plasticidade de Saint-Venant, propõe uma relação tridimensional entre tensão e taxa de

deformação plástica.

8

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Von Mises, independentemente, propõe uma equação similar à de Levy, sugerindo em 1913

um critério de escoamento com base em formulações matemáticas. As evidências

experimentais no caso de materiais metálicos ou dúcteis têm mostrado que o critério de Von

Mises é o que mais se aproxima da superfície de escoamento, pelo menos no seu estágio

inicial, como descrito em Ford (1969). Uma teoria unificada começa a evoluir somente por

volta de 1945.

A técnica de aproximar a intensidade da carga e prever o mecanismo de ruptura (velocidade

em pontos críticos) de estruturas tipo pórticos no colapso (estado limite) é desenvolvida com

o nome de teorema do limite superior e teorema do limite inferior. De qualquer modo, a

análise limite é apresentada com consistência teórica a partir de 1950, quando provas dos

teoremas do limite inferior e limite inferior são apresentadas por Drucker & Prager (1952),

nos quais se estuda o comportamento de materiais plásticos que obedecem ao critério de

ruptura de Mohr-Coulomb, tendo, portanto, interesse especial em mecânica dos solos. A

teoria de plasticidade e os teoremas dos limites, apresentados no trabalho mencionado,

estabelecem de forma definitiva os teoremas do limite superior e do limite inferior para a

carga de colapso de obras de terra (Lysmer, 1970). A formulação completa dos teoremas da

análise limite em análise numérica é relativamente simples, tendo em vista que podem ser

convertidos em problemas de programação matemática primal e dual. A teoria da plasticidade

dos solos e o conceito do equilíbrio no limite plástico desenvolvidos em 1773 por Coulomb

dão origem à teoria da plasticidade dos metais, desenvolvida entre 1950 e 1960, quando são

incluídos os conceitos da lei de fluxo e a relação tensão-velocidade de deformação (Chen,

1975).

Os teoremas da análise limite podem ser enunciadas da seguinte forma:

(a) Teorema do Limite Inferior (Teorema Estático):

Se um campo de tensões (σij) em equilíbrio, distribuído em todo o corpo, pode ser construído

de modo a satisfazer as condições das tensões no contorno e a não violar o critério de

escoamento (f(σij) ≤ 0) em nenhum ponto, então, esse campo de tensões é estaticamente

admissível, e o corpo não sofrerá colapso ou estará na eminência do colapso.

9

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(b) Teorema do Limite Superior (Teorema Cinemático):

Se um mecanismo compatível de taxas de deformação plástica ( e u ) for assumido, o

qual satisfaz às condições das velocidades no contorno, então esse campo de velocidades é

cinematicamente admissível e os carregamentos superficiais t

pijε& p

ij&

i e cargas de volume Fi,

determinados pela igualdade da taxa do trabalho externo com a taxa da dissipação interna,

serão ambos iguais ou maiores que a carga limite verdadeira.

(c) Teorema da unicidade:

Para uma estrutura submetida a um carregamento, se existir pelo menos uma distribuição de

tensões estaticamente admissível e essas tensões plastificarem um número suficiente de

seções para a formação de um mecanismo, o fator de carga λ correspondente será o fator de

carga de colapso plástico λc.

Portanto, devem ser satisfeitas simultaneamente as condições de equilíbrio e resistência

(distribuição estaticamente admissível) bem como de compatibilidade de mecanismo e fluxo

plástico (distribuição cinematicamente admissível). Este teorema não garante a unicidade nem

da distribuição de esforços nem do mecanismo de colapso, porém a carga de colapso é única.

2.4 FORMULAÇÃO DA ANÁLISE LIMITE PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS

FINITOS

A generalização da técnica de análise limite para o contínuo, por meio da aplicação do

método dos elementos finitos, foi realizada por diversos pesquisadores. Muitos se baseiam no

teorema do limite superior (Kobayashi, Lee & Shah, 1973; Mori, Shima & Osakada, 1979),

particularmente no campo de plasticidade em metais.

Os primeiros trabalhos de aplicação da análise limite a problemas geotécnicos foram

realizados analiticamente. O problema básico para efetuar a análise plástica limite de maneira

analítica, pelo teorema do limite inferior, é construir previamente um bom campo de tensões

estaticamente admissível (Finn, 1964; Finn, 1967; Chen, 1975; e Chen & Liu, 1990). Existem

diversos métodos propostos para a construção de campo de tensões para poucos e simples

problemas planos em mecânica dos solos. De qualquer modo, não existe nenhum método

racional para encontrar um mecanismo satisfatório que seja cinematicamente admissível para

10

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problemas envolvendo geometrias arbitrárias e condições de contorno quaisquer (Lysmer,

1970).

A partir da década de 70, o método dos elementos finitos, as técnicas de programação

matemática e a consolidação dos computadores como ferramenta de pesquisa começam a ser

aplicados na análise limite (Farfán, 2000). Atualmente, diversos trabalhos que tratam do

assunto estão disponíveis (Lysmer, 1970; Bottero et al., 1980; Christiansen, 1981; Munro,

1982; Casciaro & Cascini, 1982; Sloan 1988a; Arai and Jimki, 1990; Araújo, 1997; Yu et al.,

1998; Farfán, 2000), constituindo uma importante área de pesquisa na investigação da carga

de colapso em problemas geotécnicos.

As formulações estão divididas em dois grupos: formulação forte e formulação fraca. A

vantagem da formulação forte está no fato de a mesma utilizar uma abordagem puramente

estática ou puramente cinemática, chegando a um limite inferior (ou superior) verdadeiro. A

desvantagem da abordagem em questão é a falta de estimativa para o erro nos valores dos

limites calculados, não se estabelecendo se o limite encontrado é, ou não, uma boa

aproximação. A abordagem do tipo formulação fraca com elemento finito misto e híbrido,

utilizada na presente tese, fornece uma aproximação da carga limite, a qual se espera que seja

uma melhor aproximação que os limites fornecidos na formulação forte.

Lysmer (1970) apresenta uma formulação para o problema de análise limite, utilizando o

teorema do limite inferior, aplicado à mecânica dos solos. O maciço de terra é discretizado em

elementos triangulares, nos quais as tensões variam linearmente. O equilíbrio, tanto para o

interior do elemento quanto para as interface entre elementos, é desenvolvido em termos das

tensões normais às faces dos elementos. A tensão normal, em planos perpendiculares aos

lados dos elementos, não é necessariamente contínua ao longo da interface entre elementos.

Assim, existem descontinuidades de tensão admissíveis ao longo dos lados dos elementos.

Tanto para o equilíbrio dentro dos elementos quanto para o equilíbrio ao longo dos lados dos

elementos, Lysmer(1970) escreve as tensões cisalhantes em função das tensões normais,

deixando apenas as tensões normais explícitas. As condições de contorno em tensão são

aplicadas diretamente, de modo a satisfazer a geometria e o carregamento do problema em

análise. O critério de ruptura de Mohr-Coulomb é linearizado internamente por um polígno de

12 lados. O sistema governante tem a forma de um problema de programação matemática, no

qual as condições de equilíbrio, as condições de contorno em tensão e as condições de 11

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resistência são expressas como um conjunto de restrições lineares. O problema é solucionado

numericamente mediante o método simplex. O autor em questão comenta ainda que 99% do

esforço computacional necessário à solução do problema é consumido pela solução do PL.

Lysmer apresenta ainda um procedimento iterativo para a solução do problema, no qual

somente três condições de resistência em cada nó dos elementos são tratadas

simultaneamente. Embora tal procedimento reduza de forma considerável o esforço

computacional, ele não possui um critério de estabilidade definido. O trabalho de Lysmer

apresenta resultados para a análise do problema de equilíbrio de maciço de terra submetido a

empuxo passivo e do problema de fundação corrida. Lysmer conclui que os resultados

fornecidos pela formulação proposta comparam bem com os resultados conhecidos para os

problemas estudados. Uma outra conclusão é que o uso do método não está limitado a

exemplos simples previamente apresentados e que condições de contorno mais complexas e

variações das propriedades do material de elemento para elemento podem ser analisadas sem

aumento do esforço computacional. Finalmente, Lysmer conclui que o limite prático para uso

do método proposto é principalmente o custo computacional e que a experiência com o

método mostrou que o esforço computacional aumenta rapidamente com o número de

elementos e que é impossível realizar a análise se 10 a 12 elementos são utilizados. Este

problema de custo computacional, segundo Lysmer, poderia ser solucionado no futuro com o

desenvolvimento de computadores mais rápidos e algoritmos de programação matemática

mais eficientes.

Anderheggen & Knöpfel (1972) apresentam uma formulação para análise plástica limite,

tanto para limite inferior quanto para limite superior, baseada em elementos finitos mistos,

isto é, elementos finitos nos quais se tem a interpolação tanto do campo de deslocamentos

quanto do campo de tensões. A formulação proposta é aplicada na solução de problemas de

flexão de placas, com elementos finitos triangulares de três nós. Dois modelos de interpolação

nos elementos finitos são testados. Um considera interpolações lineares para o campo de

deslocamento e para o campo de momento fletor e o outro adota interpolação linear para o

campo de deslocamento e interpolação constante para o campo de momento fletor. O critério

de ruptura é linearizado em um número definido de hiper-planos. Estes autores utilizam o

princípio dos deslocamentos virtuais e o princípio das tensões virtuais para derivar os

problemas de programação matemática (PL) associados aos teoremas estático e cinemático,

respectivamente. Tendo em vista que os PL’s obtidos são duais, o mesmo fator de carga é

obtido pelo teorema cinemático e pelo teorema estático. Adicionalmente, se um PL for 12

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resolvido, a solução do outro é automaticamente obtida. Anderheggen e Knöpfel (1972)

observam ainda que o campo de tensões só é coerente na direção e na região onde ocorre

fluxo plástico. Como uma grande porção do contínuo pode permanecer rígida durante o

colapso, o campo de tensões obtido para toda a malha de elementos finitos pode não ser muito

significativo. Os autores do trabalho concluem que: o uso eficiente do hardware disponível

pode ampliar enormemente a faixa de problemas que podem ser analisados, fazendo com que

os aspectos de programação assumam um papel preponderante na análise. Uma possibilidade

interessante é utilizar métodos de programação matemática não linear, tendo em vista que,

embora existam trabalhos que comparem métodos de programação matemática linear e não

linear, para uma conclusão definitiva uma quantidade maior de experiência é necessária. Em

resumo, Anderheggen e Knöpfel (1972) apresentam uma formulação fraca de elementos

finitos mistos triangulares, aplicados ao teorema do limite inferior e ao teorema do limite

superior, com programação matemática linear, para a solução de problemas de flexão de

placas.

Christiansen (1981) utiliza elementos finitos mistos para calcular a carga limite de problemas

de deformação plana. O referido autor avalia os efeitos da formulação forte adotada, quanto

ao tipo de interpolação nodal dos campos de velocidades e tensões, obtendo bons resultados

com elementos que consideram tensão constante e interpolação bilinear das velocidades.

Em seu trabalho sobre elementos finitos mistos para análise limite, Casciaro & Cascini

(1982), destacam o problema em duas linhas gerais, descritas a seguir:

• Primeiramente o problema de análise limite é formulado por um princípio variacional

misto onde o campo de tensões e velocidades no colapso são obtidos a partir de uma

condição estacionária para o funcional de Hellinger-Reissner. Nesta direção, utilizam-se de

técnicas bem estabelecidas e disponíveis para uma conveniente discretização do problema

contínuo. De qualquer modo, o procedimento de solução é reduzido a um processo de

minimização irrestrita;

• Por fim, o uso de elementos finitos mistos, com interpolação independente dos campos

de velocidade e tensão é proposto, abandonando o objetivo de obter limites inferior e superior

da carga de colapso, em favor de se conseguir uma melhor aproximação para esta carga, do

ponto de vista prático.

13

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O trabalho sobre análise limite de problemas geotécnicos pelo método dos elementos finitos,

apresentado por Tamura et al. (1984), investiga uma abordagem numérica para analisar o

estado limite de estruturas de solo, assumindo que as propriedades mecânicas do solo são

rígido-plásticas. Os autores primeiro deixam claro a estrutura matemática do método dos

elementos finitos rígidos plásticos, em seguida mostram a equivalência das formulações

baseadas no teorema do limite superior e nas condições de equilíbrio e finalmente discutem os

resultados numéricos de exemplos típicos (fundação corrida e estabilidade de talude),

enfatizando a utilidade e potencialidade do método no campo da engenharia geotécnica. O

desenvolvimento da formulação matemática no trabalho em análise leva a um funcional, para

o qual a análise limite por meio de elementos finitos é apresentada como um problema de

encontrar um ponto de sela do mesmo. O sistema governante final tem a forma de um sistema

de equações não lineares, as quais são resolvidas iterativamente pelo método de Newton-

Raphson. Os elementos finitos utilizados são elementos finitos mistos de quatro nós com

formulação fraca e as condições de resistência são representadas pelo critério de Mohr-

Coulomb. Os autores chegam às seguintes conclusões:

• O elemento finito rígido plástico baseado no teorema do limite superior, no qual o

ponto de sela do funcional é considerado como a solução do problema, é equivalente à

formulação baseada nas condições de equilíbrio.

• A convexidade do problema é um aspecto notável da presente análise limite e é uma

importante regra para a equivalência citada acima.

• O procedimento de programação do método apresentado é formalmente quase o

mesmo do método dos elementos finitos tradicionais com restrições, exceto porque ele

necessita ser solucionado pelo método de Newton-Raphson, já que as equações do

sistema governante final são não lineares com relação à velocidade. Mas devido à

convexidade, o método apresentado no trabalho é estável e de fácil manuseio.

Tendo em vista a proximidade entre os valores encontrados nos exemplos numéricos,

analisados neste trabalho, e os valores fornecidos na literatura, o procedimento apresenta uma

boa confiabilidade do ponto de vista prático. Por essa razão ele pode ser aplicado a muitos

problemas geotécnicos de análise limite com condições de contorno gerais.

Arai & Tagyo (1985) apresentam uma procedimento para análise limite de problemas

geotécnicos baseados no teorema do limite inferior, com formulação fraca, utilizando

elementos quadrilaterais mistos de quatro nós, com tensão constante. O procedimento

apresentado baseia-se na técnica utilizada por Lysmer (1970), de modo que o sistema 14

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governante tem a forma de um problema de programação matemática não linear. Os autores

utilizam ainda programação matemática não linear com o método de pontos interiores

denominado SUMT (Sequential Unconstrained Minimization Technique). Esse método

minimiza a função objetivo no interior da região factível, evitando os contornos, os quais

representam as restrições. A formulação apresentada é validada utilizando sua aplicação em

problemas de estabilidade, notadamente o problema de fundação corrida e o problema de

estabilidade de taludes. Os autores concluem que foi desenvolvido um procedimento

numérico para solução apropriada de problemas de limite inferior em uma grande faixa de

problemas de estabilitade. Para evitar os problemas apresentados no método de Lysmer, tais

como discretização complexa do campo de tensões e linearização obrigatória do critério de

Mohr-Coulomb, o procedimento apresentado discretiza o campo de tensões de maneira

similar ao método dos elementos finitos e emprega técnica de programação matemática não

linear. Outra conclusão que merece destaque diz respeito ao fato de utilizar elemento finito

constante em tensão, para o qual não é possível impor a condição de carregamento sem atrito,

em problemas de fundação corrida, tendo em vista que a tensão cisalhante é constante em

todo o elemento e não somente nos nós que estão em contato com o carregamento. Os autores

apresentam ainda a faixa de valores das propriedades do solo em que a formulação

apresentada é eficiente. Segundo os autores é possível analisar problemas de estabilidade para

solos com coesão, atrito e peso próprio, ressaltando que existem dificuldades na análise

quando o valor do ângulo de atrito é muito alto. Finalmente, as conclusões do trabalho em

questão destacam que os resultados encontrados nos exemplos numéricos analisados são

coerentes com os valores apresentados na literatura. A partir das duas linhas gerais

apresentadas acima (formulação mista e elemento finito misto), o problema de análise limite é

formulado de modo que as condições de escoamento e as equações de consistência cinemática

são satisfeitas exatamente; contrariamente, as equações de equilíbrio e a lei de fluxo plástico

são satisfeitas de maneira aproximada. A formulação leva à obtenção do sistema governante

como um problema de programação matemática não linear, o qual é resolvido com a técnica

de minimização seqüencial irrestrita. O objetivo central em se utilizar a programação

matemática não linear é reduzir o número de inequações que formam as restrições do

problema, evitando assim a necessidade de se utilizar algoritmos eficientes em problemas

lineares de grande escala. O trabalho utiliza um elemento finito misto denominado “Simplex

Finite Elements” o qual é linear tanto nas tensões quanto nas velocidades e é constituído por

camadas, as quais podem modelar contínuos de qualquer tipo. Ainda no trabalho de Arai &

Tagyo, a formulação apresentada é aplicada tanto a problemas de engenharia estrutural quanto 15

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a problemas de mecânica dos solos. De forma mais específica, são analisados problemas de

flexão de placas, estado plano de tensão e estado plano de deformação. Resultados numéricos

são apresentados para um grande número de exemplos e os resultados são comparados com

outros existentes na literatura.

Os autores concluem que as diferenças das soluções encontradas com a formulação

apresentada em relação a soluções exatas e numéricas situam-se em aproximadamente um por

cento. Os resultados obtidos permitem concluir que: é confirmada a utilidade da formulação,

tanto do ponto de vista conceitual quando do ponto de vista computacional, reduzindo o

problema de análise limite para uma formulação variacional clássica; é conveniente a

utilização de modelos mistos que facilitam a tarefa de gerar e calcular elementos finitos

específicos, bem como a introdução de aspectos não lineares do problema; e é efetivo

abandonar a obtenção de limites inferior ou superior, tendo em vista que é possível obter

estimativas da carga de colapso as quais são consideravelmente acuradas com relação a

padrões tradicionais e suficientemente precisas com relação às necessidades técnicas.

Sloan (1988a), em seu trabalho sobre análise limite utilizando elemento finito e programação

matemática, estende a formulação de Botero et al. (1980) e descreve uma formulação de

elementos finitos triangulares, com interpolação linear do campo de tensão, para obter o limite

inferior da carga de colapso, em condições de deformação plana. A formulação apresentada

assume um modelo de comportamento perfeitamente plástico para o solo, o qual pode ser

puramente coesivo e com coesão e atrito. Elementos infinitos são utilizados para modelar os

problemas com domíno semi-infinitos, permitindo a geração de um campo de tensões

estaticamente admisível para essa classe de problemas. Considera-se que o campo de tensões

em cada elemento varia linearmente no interior do mesmo. Descontinuidades de tensões

estaticamente admissíveis são permitidas nas bordas dos elementos triangulares e entre

elementos infinitos. Tanto a carga de colapso quanto o peso próprio do solo podem ser usados

para definir a função objetivo do problema de programação linear equivalente ao critério

estático. O problema é formulado em termos das equações de equilíbrio, das condições de

resistência e das condições de contorno em tensão, de modo a se obter um PL, o qual é

resolvido utilizando-se um algoritmo desenvolvido pelo próprio autor (Sloan, 1988b), que

busca a direção de máxima descida para as restrições ativas. As incógnitas do problema são as

tensões atuantes nos nós dos elementos. A formulação apresentada é aplicada em problemas

de fundação corrida, com carregamento em condições drenada e não drenada. O autor 16

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compara os resultados obtidos no trabalho em questão com resultados fornecidos na literatura

e obtidos por meio de formulações analíticas. O autor conclui que o método calcula um limite

inferior rigoroso da carga de colapso e que este limite é suficientemente preciso para cálculos

práticos.

Sloan (1989), estendendo a formulação de Botero et al. (1980), descreve uma formulação de

elementos finitos triangulares, com interpolação linear do campo de tensão, para obter o limite

superior da carga de colapso, em condições de deformação plana. A formulação apresentada

assume um modelo de comportamento perfeitamente plástico para o solo, o qual pode ser

puramente coesivo e com coesão e atrito. O problema é formulado em termos das condições

de compatibilidade, da lei de fluxo plástico, energia dissipada e condições de contorno em

velocidade, de modo a se obter um PL, o qual é resolvido utilizando-se um algoritmo,

desenvolvido pelo próprio autor (Sloan, 1988b), que busca a direção de máxima descida para

as restrições ativas. As incógnitas do problema são velocidades nodais e as taxas de

multiplicadores plásticos para os elementos. É necessária a colocação de linhas de

descontinuidades de velocidades em pontos da malha de elementos finitos adotada. A malha

de elementos finitos utilizada é construída por triângulos inseridos em quadriláteros, de modo

que cada quadrilátero é dividido em quatro triângulos, com o nó comum aos triângulos

coincidente com o centróide do quadrilátero. Essa distribuição de elementos é necessária para

permitir que o triangulo de três nós modele de forma conveniente a condição de

incompressibilidade em problemas de deformação plana. A formulação apresentada é aplicada

em problemas de fundação corrida, com carregamento em condições drenada e não drenada, e

em problema do tipo alçapão em solo. O autor compara os resultados obtidos no trabalho em

questão com os resultados obtidos por meio do limite inferior em Sloan (1988a). O autor

conclui que o método calcula um limite superior rigoroso da carga de colapso, conclui ainda

que esse limite é suficientemente preciso para cálculos práticos e que os valores obtidos

podem ser utilizados em conjunto com os valores obtidos pelo teorema do limite inferior

(Sloan, 1988a) para fornecer o valor exato da carga de colapso exata.

No trabalho de Chuang (1992a), uma formulação para a análise limite de problemas de

estabilidade em geomecânica é apresentada. O sistema governante é composto por uma par de

programas lineares dual-primal que representam, respectivamente, o teorema estático e o

teorema cinemático em uma versão discreta. O domínio da massa de solo é dividido em

elementos rígidos conectados por interfaces que obedecem ao critério de ruptura de Mohr-17

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Coulomb. Para uma malha de elementos finitos gerada, a solução do programa linear

associado ao critério cinemático identifica o mecanismo de colapso crítico entre todos os

possíveis mecanismos de ruptura contidos na malha e fornece os valores das variáveis

estáticas e cinemáticas, assim como o fator de carga de colapso. A solução é cinematica e

estaticamente admissível para a discretização adotada. O método proposto está habilitado para

lidar com forças externas, variações da pressão neutra e materiais não homogêneos,

considerando tanto coesão quanto ângulo de atrito. A formulação gerada é aplicada na análise

de estabilidade de um problema de corte vertical em solo puramente coesivo. O autor destaca

as seguintes conclusões: a análise limite de problemas de estabilidade foi formulada com

sucesso; para uma malha de elementos finitos adotada o mecanismo de ruptura é obtido; e,

este método pode ser aplicado à análise de estabilidade em rochas com vários planos de

fraqueza, podendo também ser estendido para análise sísmica, através da inclusão de forças

horizontais e verticais estaticamente equivalentes a forças sísmicas.

Em um segundo trabalho, Chuang (1992b) aplica a formulação gerada em Chuang (1992a) em

problemas de fundação corrida e estabilidade de talude. Consideram-se problemas com

propriedades variadas tais como: solo puramente coesivo, solo com coesão e atrito, solo não

homogêneo, solo com pressão neutra variável, peso próprio fixo e variável. Apresenta-se

ainda uma comparação de resultados fornecidos pela análise limite e pelo método de

equilíbrio limite. Chuang conclui:

• O método pode ser aplicado em uma grande variedade de problemas, fornecendo

respostas compatíveis com outros resultados apresentados na literatura;

• Para um mecanismo de ruptura de forma arbitrária, o método apresentado determina

de forma precisa o limite superior equivalente;

• A aplicação do método desenvolvido não está limitado á análise de estabilidade de

problemas de massa de solo, podendo também pode ser aplicado a problemas de

estabilidade em rochas com coesão e atrito nas interfaces.

Araújo (1997), em sua tese de doutoramento, aplica a análise limite com formulação fraca e

elementos mistos triangulares e quadrilaterais, com interpolação linear e constante, a diversos

problemas de estabilidade em geotecnia, tais como problemas de empuxo, maciços rochosos

fraturados e capacidade de carga de fundação superficial. No referido trabalho é apresentada

ainda uma formulação para análise limite de problemas em meios com fluxo não associado.

Neste trabalho utiliza-se o critério de ruptura de Mohr-Coulomb e o sistema governante tem a 18

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forma de um problema de programação matemática linear, o qual é solucionado utilizando o

software comercial LINDO.

Lyamin e Sloan (1997) reapresentam a formulação de limite inferior do trabalho desenvolvido

por Sloan (1998a), considerando desta feita o critério de ruptura de Mohr-Coulomb de forma

não linear. O trabalho centraliza-se na obtenção de um algoritmo não linear para solução do

sistema governante. O referido algoritmo é baseado no algoritmo de pontos interiores de

Herskovits (1986), com duas diferenças significativas: obtenção de uma solução inicial

factível, garantindo que a solução encontrada, mesmo quando o algoritmo falha, seja um

limite inferior da carga de colapso; e interpretação das particularidades dos critérios de

ruptura usados em solos com o objetivo de melhorar a performance do algoritmo original.

Yu et al. (1998) desenvolvem uma comparação entre a análise plástica limite e a análise via

equilíbrio limite, notadamente os dois métodos mais populares para análise de estabilidade em

geomecânica. O trabalho tem como objetivos principais: apresentar uma formulação para os

limites inferior e superior rigorosos em estabilidade de taludes, para solos homogêneos e não

homogêneos (resistência aumentando linearmente com profundidade); e checar a precisão do

método de Bishop (1955) quando comparado às soluções fornecidas pela análise limite. Os

resultados obtidos para a análise limite baseiam-se na formulação apresentada em Sloan

(1988a), no qual se considera um campo de tensões em cada elemento variando linearmente.

Elementos infinitos podem ser usados para estender a solução em um domínio semi-infinito,

gerando assim um campo de tensões estaticamente admissível para problemas em domínios

semi-infinitos. Nos métodos de equilíbrio limite, considerando-se o solo como sendo elástico

perfeitamente plástico e obedecendo a uma lei de fluxo plástico associada, o mecanismo

obtido é, usualmente, cinematicamente inadmissível. Adicionalmente, a admissibilidade

estática do campo de tensões também não é satisfeita, tendo em vista que algumas hipóteses

arbitrárias são adotadas para remover indeterminações estáticas. Somente a condição de

equilíbrio global é satisfeita. Assim, baseado nas características do equilíbrio limite e da

análise plástica limite, pode-se dizer que os métodos de equilíbrio limite possuem uma

natureza aproximada e arbitrária e os resultados obtidos a partir deste método não são nem

limite inferior nem limite superior da carga de colapso. No trabalho em discussão, os autores

analisam uma grande quantidade de taludes em condições de estabilidade drenada e

estabilidade não drenada. Os autores concluem que:

19

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• Para muitos casos considerados no estudo, a diferença entres as respostas analíticas

fornecidas por Chen (1975) e a análise limite, tanto para a condição drenada quando

para a condição não drenada, ficaram em torno de 5% a 10%.

• No caso especial de taludes homogêneos, as soluções de limite superior para taludes

de grande altura são ligeiramente mais altas que os limites superiores apresentados em

Chen (1975) para taludes com a superfície de ruptura passando abaixo do pé do talude.

• A comparação detalhada dos valores dos limites encontrados pelo método de análise

limite com os valores encontrados pelo método de equilíbrio limite de Bishop sugere

que a análise de equilíbrio limite fornece soluções razoáveis para taludes homogêneos

e tende a subestimar a carga de colapso.

• Para taludes em condições não drenadas, o incremento de resistência com a

profundidade tem um efeito significante no fator de estabilidade. É interessante notar

que o fator de estabilidade incrementa praticamente de forma linear com o parâmetro

que representa o incremento da resistência com a profundidade.

Tamura et al. (1987) aplicam a mesma formulação de Tamura et al. (1984) para avaliar a

influência do ângulo de atrito em materiais geotécnicos, utilizando o critério de escoamento

de Drucker-Prager, assim como desenvolvem uma técnica numérica para o comportamento de

fluxo não associado. Essa formulação também é aplicada a fundações superficiais sobre

meios contínuos com descontinuidades (Tamura and Park, 1989), sendo que no meio contínuo

é utilizado o critério de ruptura de Drucker-Prager e nas descontinuidades o critério de Mohr-

Coulomb. Assim como nas modelagens anteriores, são utilizados elementos isoparamétricos

de quatro nós. Adachi e Tamura (1992) aplicam a formulação a problemas de empuxo (ativo

e passivo) em túneis e validam os resultados com dados experimentais e com a solução

analítica de Terzaghi, encontrando bons resultados. Asaoka et al. (1992) acrescentam às

equações da formulação original de Tamura et al. (1984) equações lineares que correspondem

à variação da tensão de confinamento com a profundidade, e aplicam esta formulação a um

problema de fundação superficial em material argiloso com pressão de confinamento variável,

sendo a solução numérica validada com a solução apresentado por Davis e Booker (1973).

Eles também estudam o comportamento acoplado (solo-água) da fundação, para o qual

consideram o modelo Cam clay. Os resultados obtidos são comparados com os resultados do

modelo de Sekiguchi-Otha. Asaoka et al. (1994) mudam a condição de equilíbrio da

20

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formulação original para modelar problemas com solo reforçado. Eles aplicam esta técnica a

problemas de capacidade de carga e estabilidade de taludes (Apud, Farfán, 2000).

Jiang (1995) apresenta uma formulação numérica alternativa para a determinação do campo

ótimo de velocidades cinematicamente admissíveis. Com tal propósito, o coeficiente de

viscosidade é incluído no funcional da energia de dissipação plástica (função não-linear

convexa). O campo de velocidades que minimiza a função é obtido utilizando o método de

Lagrange aumentado. A formulação basicamente minimiza uma função objetivo que é um

funcional de energia viscoplástica. Isto é feito por meio de um método de programação não-

linear (PNL). Jiang utiliza o método de Lagrange aumentado para transformar o funcional

viscoplástico não-linear num funcional localmente não-linear. Com o campo de velocidades

obtido, é determinada a carga limite do problema. O autor só garante a unicidade da solução

quando a função de escoamento é estritamente convexa. Esta técnica não lineariza a função

de escoamento e as equações do Lagrangiano são discretizadas com elementos finitos

isoparamétricos, de forma iterativa, tornando o processo mais simples. Uma outra vantagem

deste método é que não é preciso calcular os multiplicadores plásticos, pois a taxa de

dissipação plástica é função da taxa de deformação plástica (lei de fluxo associado). Jiang

valida sua formulação com soluções analíticas em problemas de uma placa em cunha sujeita à

tração, um cilindro de parede grossa sujeito à pressão e um problema de capacidade de carga.

No primeiro exemplo, utiliza o critério de escoamento de von Mises e obtém uma

aproximação de 4% acima da carga de colapso analítica. No segundo exemplo, utilizando o

mesmo critério, obtém a mesma carga de colapso que a carga analítica e, no terceiro exemplo,

utilizando o critério de Mohr-Coulomb, uma carga de colapso 5% superior à carga analítica.

Em todos esses exemplos é utilizada uma malha de elementos finitos formada por elementos

isoparamétricos de três nós com distribuição linear das velocidades (Apud, Farfán, 2000).

Antão et al. (1997) aplicam a formulação de Jiang (1995) a problemas de estabilidade de

aterro, estabilidade de frente de escavação subterrânea e capacidade de carga. O primeiro

exemplo é modelado com elementos quadrilaterais (quatro nós), material Mohr-Coulomb e é

validado com observações de campo; para o segundo exemplo utilizam elementos de três nós

e validam a solução com os resultados do modelo de Davis et al. (1980). O último exemplo é

modelado em três dimensões (3D) obtendo mecanismos de colapso coerentes. Os dois

últimos exemplos são modelados com dois critérios de escoamento (Tresca e Mohr-Coulomb)

(Apud, Farfán, 2000).

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Farfán (2000), em sua tese de doutoramento, estuda a análise limite de problemas geotécnicos

em duas e três dimensões, usando uma formulação fraca e elementos finitos mistos lineares

considerando problemas de estabilidade em geotécnica. Farfán trabalha tanto com métodos de

programação matemática linear quanto com métodos de programação matemática não linear.

O autor desenvolve ainda uma ampla revisão bibliográfica, classificando as formulações

apresentadas, conforme reproduzido na tabela 2.3 da presente tese. Observa-se na referida

tabela que a distribuição do tipo de formulação em relação aos trabalhos é bastante

equilibrada, sendo que as formulações fracas estão presentes em aproximadamente 57% dos

trabalhos analisados, e, conseqüentemente, as formulações fortes aparecem em 43% dos

trabalhos estudados. As principais conclusões do trabalho de Farfán são: a técnica de análise

limite, aplicada a contínuos de Cosserat, pode ser considerada como uma clara opção para a

solução de problemas de estabilidade; a análise limite é rápida e precisa quando comparada às

técnicas usuais empregadas; as validações realizadas considerando-se dois conjuntos de

parâmetros para as descontinuidades no ensaio biaxial em maciço fraturado mostram-se

consistentes quando comparadas com as curvas experimentais; foram testados os programas

LINGO, MINOS e LANCELOT. O uso destes programas permite afirmar que, em termos de

velocidade de processamento, o LINGO e o MINOS são mais rápidos que o LANCELOT. No

entanto, os mecanismos de ruptura apresentados pelo LINGO não se mostraram adequados,

ao contrário daqueles fornecidos pelo MINOS e LANCELOT; os valores obtidos para a carga

de colapso são bastante próximos das soluções analíticas.

2.6 COMENTÁRIOS FINAIS

Não foi encontrada na literatura estudada nem aplicação de elementos finitos híbridos

lineares, nem aplicação de elementos finitos mistos de ordem mais alta que linear, em

problemas de análise limite em geotecnia. Assim, o presente trabalho está prioritariamente

interessado na aplicação de elementos finitos híbridos e elementos finitos mistos de ordem

superior, tanto no caso de elementos lagrangeanos quanto no caso de elementos finitos

serendipity, aplicados a problemas de engenharia geotécnica, com ênfase na análise plástica

limite, sendo esse assunto de grande relevância e pouco explorado na literatura atual. Uma das

vantagens das formulações híbridas e mistas é o fato de que as mesmas já satisfazem

separadamente as condições de equilíbrio, compatibilidade e material, permitindo executar a

análise plástica limite via programação matemática diretamente. De fato, nas formulações

22

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híbridas e mistas a relação de equilíbrio é obtida de forma direta já que as tensões são

variáveis primárias. Como parte da presente tese de doutoramento foi desenvolvido um

software em ambiente gráfico interativo, o qual possui funcionalidades de edição gráfica e

interface via arquivo DXF (Data Exchange File) com outros softwares. Vale ressaltar que o

software desenvolvido permite maior agilidade na manipulação de problemas de estabilidade

em geotecnia, tanto para finalidade de pesquisa quanto para projeto de obras geotécnicas.

Tabela 2.3 Classificação das formulações (Farfán, 2000)

Trabalho Tipo de Formulação Lysmer, 1970 Forte Botero et al. 1980 Forte Sloan, 1988a Forte Singh & Basudhar, 1993 Forte Lyamin & Sloan, 1997 Forte Pontes, 1993 Fraca Anderheggen & Knöpfel, 1972 Fraca Botero et al. 1980 Forte Tamura et al. 1984 Fraca Sloan, 1989 Forte Asaoka & Kodaka, 1992 Fraca Jiang, 1995 Fraca Anderheggen & Knöpfel, 1972 Fraca Christiansen, 1981 Forte Arai & Jinki, 1990 Forte Casciaro & Cascini, 1982 Fraca Munro, 1982 Fraca Chuang, 1992 Fraca Araújo, 1997 Fraca Farfán (2000) Fraca Presente Trabalho Fraca

No próximo capítulo serão apresentadas as formulações matemáticas desenvolvidas neste

trabalho para o problema de análise limite via programação matemática, com a utilização de

elementos finitos mistos e híbridos. O software desenvolvido será apresentado no Capítulo 4.

23

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CAPÍTULO 3

FORMULAÇÃO MATEMÁTICA

3.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo descreve-se a formulação utilizada na análise plástica limite, para problemas de

estados planos de deformação, de tal forma que a análise possa ser realizada através da

utilização da programação matemática. A formulação apresentada emprega elementos finitos

mistos e híbridos, em conjunto com os teoremas clássicos da teoria da plasticidade. Utiliza-se

um modelo de material rígido-plástico, com as tensões obedecendo o critério de ruptura de

Mohr-Coulomb. Considera-se ainda como válida a hipótese de plasticidade associada. É

válida ainda a hipótese de pequenos deslocamentos para as equações governantes da estática

(equilíbrio) e da cinemática (compatibilidade).

A teoria da análise limite considera o comportamento tensão-deformação dos materiais de

maneira idealizada como rígido, perfeitamente plástico com o objetivo de calcular a carga do

limite plástico. Esta carga do limite hipotético fornece uma boa aproximação à carga de

colapso plástico físico (Chen & Liu, 1990).

3.2 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO ELEMENTO FINITO MISTO

Neste item do presente trabalho adotam-se as formulações fracas baseadas tanto no teorema

do limite inferior quanto no teorema do limite superior (por exemplo, Santos da Silva, 1997),

considerando-se elementos finitos mistos, com interpolação do campo de velocidades e do

campo de tensões.

3.2.1 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO E COMPATIBILIDADE

As equações de equilíbrio e de compatibilidade são obtidas a partir de uma formulação de

elementos finitos, com interpolação do campo de deslocamentos e do campo de tensões, e da

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utilização do princípio dos trabalhos virtuais. Considerando-se um corpo submetido a um

estado de deformação plana, o campo de deslocamentos pode ser escrito, em um sistema de

eixos (x,y), como

=

vu

u (3.1)

Tendo em vista que o presente trabalho trata de análise limite, a cinemática do problema será

descrita em termo de velocidades. Assim, o campo de velocidades pode ser escrito como

=

vu&

&&u

(3.2)

O vetor das taxas de deformações pode ser escrito como

=

xy

y

x

γεε

&

&

&

(3.3)

Escreve-se a relação de compatibilidade entre as taxas de deformação e as velocidades como

+

=

=

xv

yu

yvxu

xy

y

x

∂∂

∂∂

∂∂∂∂

γεε

&&

&

&

&

&

&

(3.4)

Define-se o campo de tensões independentes da seguinte forma

=

xy

y

x

τσσ

σ

(3.5)

Adotando-se uma interpolação para o campo de velocidades pode-se escrever

uNu && u= (3.6)

onde é o vetor de velocidades em um ponto qualquer; Nu& u é a matriz de funções de

interpolação; e u é o vetor de velocidades nodais para um elemento. &

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O vetor de velocidades em um elemento é então dado por

=

=

= ∑

=

nne

nne

nne

nnenne

i ii

ii

vu

vu

NNNN

vNuN

vu

&

&

&

&

&

&

&

&&

.

..

.1

1

1

1

1u

(3.7)

ou

[ ]

=

nne

nneuuuu

u

uu

NNN

&

&

&

&.

. 2

1

21

(3.8)

onde nne é o número de nós no elemento.

Substituindo-se (3.6) em (3.3), obtém-se o vetor de taxas de deformações em função das

velocidades nodais, ou seja,

uBuB &&

&&

&

&

& ==

+

= ∑∑==

inne

ii

nne

i

ii

ii

ii

ii

vx

Nu

yN

vy

N

ux

N

11

∂∂

∂∂

∂∂∂

ε

(3.9)

onde B é a matriz de deformação generalizada do elemento.

Interpolando-se o campo de tensões tem-se

σσ σN= (3.10)

onde σ é o vetor de tensões em um ponto qualquer no domínio do elemento; Nσ é a matriz de

funções de interpolação; e σ é o vetor de tensões nodais para um elemento.

Considerando-se um elemento de deformação plana no qual atuam cargas distribuídas p nos

lados do elemento e p nos nós do elemento, pode-se escrever o princípio dos trabalhos

virtuais como

∫∫∫∫ +=A

TT

A

T dAudA pup &&& δδδ σε (3.11)

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Substituindo-se (3.6), (3.9) e (3.10) em (3.11), obtém-se

∫∫∫∫ +=A

TTu

T

A

TT dAdA pupNuNBu &&& δδδ σ σ (3.12)

( ) ∫∫∫∫ +=A

TuA

T dAdA ppNNB σσ (3.13)

Definindo-se

∫∫=A

T dAσNBL (3.14)

e

∫∫ +=A

Tu dA ppNa (3.15)

a equação (3.13) se torna

σLa = (3.16)

A matriz L na relação de equilíbrio (3.16) é denominada matriz de equilíbrio, relacionando

as tensões nodais σ com as cargas nodais a aplicadas, em um elemento de deformação

plana (por exemplo, Santos da Silva et al., 1997). Levando-se em conta a dualidade estático-

cinemática (por exemplo, Cannarozzi & Laudiero, 1976), pode-se escrever a relação entre

taxa de deformação nodal generalizada q& e velocidade nodal u& como

uLq && T= (3.17)

As expressões (3.16) e (3.17) representam a condição de equilíbrio e a condição de

compatibilidade, respectivamente, para um elemento finito qualquer. Considerando-se todo o

domínio discretizado, as condições de equilíbrio e compatibilidade, para toda a malha de

elementos finitos, são obtidas de acordo com a disposição e conectividade entre elementos.

3.2.2 CONDIÇÕES DE RESISTÊNCIA

Considerando-se um critério de ruptura fornecido pela função f, pode-se escrever o mesmo

para um ponto de controle i como

0)( ≤σif (3.18)

A utilização da expressão (3.18) leva à obtenção de um sistema governante na forma de um

problema de programação não linear (PNL). Tais expressões, que em geral são não lineares,

podem, em alguns casos, ser linearizadas de modo a se trabalhar com sistemas governantes na

forma de um problema de programação matemática linear (PL). Utilizando-se um critério de

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ruptura linearizado, as condições de resistência, em um ponto qualquer do corpo, são

expressas como *σσ ≤Tn (3.19)

onde n é a matriz de normalidade; e σ* é o vetor das capacidades plásticas.

3.2.3 LEIS DE FLUXO PLÁSTICO

Devido à consideração de plasticidade associada, as leis de fluxo plástico em termos de taxas

(Maier, 1968), e considerando-se (3.18), podem ser escritas como

σ∂∂

=)(

.* σii

pi

fq&&q

(3.20)

0≥*iq& (3.21)

onde *iq& é a taxa dos multiplicadores plásticos nos pontos de controle i. Fazendo-se

)(σii f∇=F (3.22a)

[ ]TnpcFFF)( . . .21=σF (3.22b)

onde npc é o número de pontos de controle das condições de fluxo, os quais podem ser os nós

dos elementos, os pontos de Gauss ou quaisquer outros pontos de interesse, a expressão (3.20)

pode ser reescrita matricialmente para toda a malha de elementos finitos, como *)( qp && σFq = (3.23)

Alternativamente, pode-se escrever as leis de fluxo plástico para toda a malha de elementos

finitos, em uma forma linearizada, como *qnq && =p (3.24)

onde 0≥*

iq& (3.25)

3.2.4 TEOREMA CINEMÁTICO

O Teorema Cinemático, também conhecido como Teorema do Limite Superior, pode ser

enunciado da seguinte forma:

Se um mecanismo compatível de taxa de deformação plástica (ε e u ) for assumido,

o qual satisfaz às condições das velocidades no contorno, então este campo de

pij&

pij&

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velocidades é cinematicamente admissível e os carregamentos superficiais ti e cargas

de volume Fi, determinados pela igualdade da taxa do trabalho externo com a taxa da

dissipação interna, serão ambos iguais ou maiores à carga limite verdadeira.

Na descrição do comportamento de materiais, é usual dividir-se o vetor das taxas de

deformações nodais generalizadas q em uma componente elástica e uma componente

plástica . Assim, pode-se escrever que

& eq&

pq&

pe qqq &&& += (3.26)

onde q , q e q são escritos agora considerando-se todo o sistema estrutural. & e& p&

Lembrando-se que, no colapso plástico, as taxas de deformações elásticas são nulas e

levando-se em conta (3.26), pode-se escrever a relação entre taxas de deformação

generalizada e velocidades para a malha de elementos finitos, a partir das contribuições dos

diversos elementos, expressas em (3.17), como sendo

uLq && Tp = (3.27)

Como a taxa de trabalho das forças externas no sistema estrutural deve ser igual à taxa de

energia de deformação plástica, tem-se que, no colapso (por exemplo, Smith, 1990; Sahlit,

1993),

** qua &&TT σ= (3.28)

Assumindo-se o carregamento como sendo proporcional e o vetor de cargas formado por uma

parcela fixa e outra variável, pode-se escrever

fv aaa += λ (3.29)

onde λ é o fator de carga; av é o vetor de cargas variáveis para toda a malha; e af é o vetor de

cargas fixas para toda a malha.

Substituindo-se (3.29) em (3.28) e adotando-se a normalização

1=ua &Tv (3.30)

tem-se que, no colapso,

uaq && Tf

T−= **σλ (3.31)

29

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Substituindo-se (3.24) em (3.27) e considerando-se (3.30) e (3.31), pode-se escrever o

problema de programação linear (PL), equivalente ao critério cinemático da análise plástica

limite, como

Minimizar uaq && Tf

T−**σ (3.32a)

Sujeito a

=

− 010 *

uq

Lna

&

&

T

T

(3.32b)

& *q ≥ 0 (3.32c)

Alternativamente, substituindo-se (3.23), escrita matricialmente para todos os pontos de

controle, em (3.27) e considerando-se (3.30) e (3.31), pode-se escrever o problema de

programação não linear PNL, associado ao teorema cinemático, como

Minimizar uaq && Tf

T−**σ (3.33a)

Sujeito a

=

− 01

)(0 *

uq

LFa

&

&

T

T

σ

(3.33b)

& *q ≥ 0 (3.33c)

3.2.5 TEOREMA ESTÁTICO

O Teorema Estático, também conhecido como Teorema do Limite Inferior, pode ser

enunciado como se segue:

Se um campo de tensões (σij) em equilíbrio, distribuído em todo o corpo, pode ser

construído de modo a satisfazer as condições das tensões no contorno e a não violar o

critério de escoamento (f(σij) ≤ 0) em nenhum ponto, então este campo de tensões é

estaticamente admissível, e o corpo não colapsará ou estará na eminência do colapso.

Combinando-se (3.16), agora escrita para toda a malha de elementos finitos, com a equação

(3.29), pode-se escrever a relação de equilíbrio como

0=+− fv aaL λσ (3.34)

30

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Utilizando-se as expressões (3.19) e (3.34), obtém-se o problema de PL associado ao critério

estático como

Maximizar λ (3.35a)

Sujeito a

=≤

− fv

T

aLan *σ

σλ0

(3.35b)

Alternativamente, considerando-se (3.18) e (3.34), pode-se escrever o problema de PNL,

associado ao teorema estático, como

Maximizar λ (3.36a)

sujeito a

0)( ≤σif

0=+− fv aaL λσ

(3.36b)

(3.36c)

onde i = 1, 2, ..., npc, sendo npc o número de pontos de controle das condições de resistência.

3.2.6 CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB O critério de ruptura de Mohr-Coulomb no espaço de tensões σx, σy e τxy é dado por

[ 022 222 ≤+−−+− φσσφτσσ sen)(cosc)()( yxxyyx ] (3.37)

onde c é a coesão do material; e φ é o ângulo de atrito interno.

Para linearizar o critério (3.37), utiliza-se a substituição de variáveis (Sloan, 1988):

yxx σσ −= (3.38a)

xyy τ2= (3.38b)

φσσφ sen)(cos2 yxcr +−= (3.38c)

Levando-se em conta as expressões (3.38), o critério de resistência pode ser reescrito como 222 ryx =+ (3.39)

o qual representa um círculo de raio r no sistema de eixos (x,y), conforme indicado na Figura

3.1.

31

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k

k+1

r

x

y

Figura 3.1 Aproximação poliédrica circunscrita do critério de Mohr-Coulomb no sistema (x,y).

A superfície de ruptura é assim aproximada por uma superfície poliédrica circunscrita, com n

lados e n vértices. Cada lado é definido pelas coordenadas dos vértices k e k+1 que são:

ββα cos/)cos( −= kk rx (3.40a)

ββα cos/)sen( −= kk ry (3.40b)

ββα cos/)cos(1 +=+ kk rx (3.41a)

ββα cos/)sen(1 +=+ kk ry (3.41b)

onde

β = (3.42a)

βα kk 2= (3.42b)

A equação do lado k do polígono é expressa como

nkyxyxxxyy kkkkxykkyxkk ,...,2,1 0)()(2))(( 1111 ==−+−+−+ ++++ τσσ (3.43)

Substituindo-se (3.40) e (3.41) em (3.42) chega-se a

nkDCBA XYKYKXK ,...,2,1==++ τσσ (3.44a)

onde

φα sencos += kKA (3.44b)

φα sencos +−= kKB (3.44c)

kKC αsen2= (3.44d)

φcos2cDK = (3.44e)

32

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Pode-se então definir a representação poliédrica da superfície de ruptura, em função dos

parâmetros do material c e φ, na forma matricial como sendo:

nxy

y

x

nnn D

DD

CBA

CBACBA

............2

1

222

111

τσσ

(3.45a)

*σσ ≤Tn (3.45b)

onde n é a matriz de normalidade; e σ* é o vetor das capacidades plásticas.

No caso de linearização interna da superfície de ruptura, realiza-se um desenvolvimento

análogo ao apresentado acima, chegando a

)cos(sen)cos( βφβα += kKA (3.46a)

)cos(cossen kKB βαβφ −= (3.46b)

)sen(2 kKC βα= (3.46c)

βφ coscos2cDK = (3.46d)

3.2.7 ELEMENTOS FINITOS ADOTADOS No presente trabalho adotam-se elementos finitos triangulares, elementos finitos quadrilaterais lagrangeanos e elementos finitos quadrilaterais serendipity. Vale ressaltar que não foi encontrada na literatura disponível registro da utilização de elementos finitos de ordem maior que linear na análise plástica limite em geotecnia. 3.2.7.1 ELEMENTOS FINITOS TRIANGULARES Os elementos finitos triangulares têm como principal característica das suas funções de interpolação a utilização de polinômios completos de grau igual ao número de nós do elementos finito. As Figuras 3.2 a 3.5 apresentam os elementos finitos adotados, bem como os termos do triângulo de pascal que são utilizados na interpolação do mesmo.

33

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(a)

(b)

Figura 3.2 Elemento finito triangular linear de três nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de Pascal

(a)

(b)

Figura 3.3 Elemento finito triangular quadrático de seis nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de pascal

(a)

(b)

Figura 3.4 Elemento finito triangular cúbico de dez nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de Pascal

(a)

(b)

Figura 3.5 Elemento finito triangular quártico de quinze nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de Pascal

34

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3.2.7.2 ELEMENTOS FINITOS QUADRILATERAIS LAGRANGEANOS Nos elementos finitos quadrilaterais lagrangeanos utilizam-se como funções de interpolação o

polinômio interpolador de Lagrange (Oñate, 1995). Isso permite obter as funções de

interpolação dos elementos finitos lagrangeanos como o produto de dois polinômios de

Lagrange unidimensionais em cada uma das coordenadas ξ e η . As Figuras 3.6 a 3.9

apresentam os elementos finitos adotados, bem como os termos do triângulo de Pascal que

são utilizados na interpolação do mesmo.

(a) (b)

Figura 3.6 Elemento finito quadrilátero linear de quatro nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de Pascal

(a) (b)

Figura 3.7 Elemento finito quadrilátero quadrático de nove nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de Pascal

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(a) (b)

Figura 3.8 Elemento finito quadrilátero cúbico de dezesseis nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de Pascal

(a) (b) Figura 3.9 Elemento finito quadrilátero quártico de vinte e cinco nós: (a) Elemento finito; (b)

Termos considerados no triângulo de Pascal

3.2.7.3 ELEMENTOS FINITOS QUADRILATERAIS SERENDIPITY Os elementos quadrilaterais serendipity são obtidos da seguinte maneira: em primeiro lugar

seleciona-se o número de nós de cada lado para definir uma variação linear, quadrática,

cúbica ou outra qualquer, sobre estes lados garantindo-se a continuidade entre elementos; em

seguida escolhe-se o número de nós internos de modo que se obtenha uma variação

polinômica em ξ e η completa e simétrica, de mesmo grau que a variação adotada para os

lados (Oñate, 1995). Vale ressaltar que este procedimento de obtenção dos termos das funções

de interpolação dos elementos serendipity é um tanto arbitrário. Adicionalmente, não existe

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consistência teórica na formulação de tais elementos e, conseqüentemente, os mesmos não

possuem compromisso formal de funcionar em todos os casos. Com o intuito de corroborar

essas afirmações, Oñate (1995) relata que as características dos elementos serendipity

impedem que suas funções de interpolação possam ser obtidas de um modo tão sistemático

como as funções de interpolação dos elementos lagrangeanos. É por isso que as funções de

interpolação dos elementos serendipity são obtidas na prática combinando observação e

criatividade. Daí a denominação serendipity para esta família de elementos, como referência

aos descobrimentos engenhosos do príncipe de Serendip, citados nos romances de Horacio

Walpole no século XVIII. Nas Figuras 3.10 a 3.12 são mostrados os elementos finitos

serendipity adotados no presente trabalho.

(a) (b)

Figura 3.10 Elemento finito quadrilátero quadrático de oito nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de Pascal

(a) (b) Figura 3.11 Elemento finito quadrilátero cúbico de doze nós: (a) Elemento finito; (b) Termos

considerados no triângulo de Pascal

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(a) (b)

Figura 3.12 Elemento finito quadrilátero quártico de dezessete nós: (a) Elemento finito; (b) Termos considerados no triângulo de Pascal

3.3 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO ELEMENTO FINITO HÍBRIDO

A formulação apresentada no item 3.2 é do tipo mista, tradicionalmente utilizada no método

dos elementos finitos quando aplicado à análise limite via programação matemática. Tais

formulações utilizam como ponto de partida o funcional da energia potencial total.

Alternativamente, é possível formular elementos finitos híbridos, os quais são obtidos com a

utilização de funcionais híbridos. Os funcionais híbridos tem um ou mais campos primários

que são definidos somente na interface (contorno). Os princípios variacionais híbridos

representam uma importante extensão dos princípios clássicos da mecânica. Elementos

finitos baseados em funcionais híbridos, chamados de Elementos Híbridos, foram construídos

por volta dos anos 60 (Pian, 1964). O primeiro elemento híbrido era bastante limitado por não

ser capaz de levar em conta as não linearidades e problemas dinâmicos. Entretanto tais

limitações foram gradualmente ultrapassadas com o entendimento e evolução dos conceitos

básicos (Felippa, 2000). Atualmente os princípios híbridos representam uma importante área

de pesquisa na construção de elementos finitos de alta performance (por exemplo, Pian &

Chen, 1982; Pian, 1982; Pian & Sumihara, 1984). A Figura 3.13 apresenta um diagrama que

resume a forma de obtenção de elementos híbridos.

A adoção de elementos finitos híbridos, no presente trabalho, foi motivada pelo fato de o

elemento finito híbrido quadrilátero de quatro nós ser provavelmente o elemento de quatro

nós mais preciso em uma ampla gama de problemas de tensão e deformação plana, em regime

elástico (Zienkiewicz & Taylor, 1994). Esta afirmação de Zienkiewicz & Taylor (1994) pode

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ser verificada para o problema de flexão de viga, apresentado na Figura 3.14, onde a mede a

distorção do elemento adotado.

Elemento de deslocamento Elemento de tensão

A Figura 3.15

balanço (pon

elemento híb

considerando-

elástica o elem

Figura 3.14

Figura 3.15

- Energia potencial total - Aproximação do campo de deslocamento - Campo aproximado no domínio

Elemento Híbri

Figura 3.13 Resumo da obtenção de ele

apresenta o resultado do deslocamento vertica

to A) para o elemento Q4 usual no método d

rido quadrilátero de quatro nós desenvolvido

se distintos valores para a distorção a. Como

ento híbrido em questão é bastante eficaz.

ν

Viga analisada com elemento finito de deslocam

0,00,10,20,30,40,50,60,70,80,91,0

0 1 2 3a

Des

loca

men

to v

ertic

al e

m A Hí

Q

Soν

Resultados para elemento Q4 e elemento híbrid

39

- Energia potencial complementar - Aproximação do campo de tensões - Campo aproximado no domínio

do

- Energia potencial total com deslocamentos aproximados no contorno - Energia potencial complementar com campo de tensões aproximado no domínio

mentos híbridos.

l no canto inferior da ponta do

os elementos finitos e para o

por Pian & Sumihara (1984),

pode ser observado, na análise

ento e elemento finito híbrido.

4

brido

4

l. Exata

o de Pian & Sumihara (1984)

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3.3.1 MOTIVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE ELEMENTOS FINITOS HÍBRIDOS Uma motivação original para construir modelos híbridos para o MEF foi a de aliviar as

seguintes dificuldades notadas em elementos finitos elaborados usando os modelos de

deslocamentos:

(a) Relaxar a continuidade requerida – No estudo de placas e cascas baseado na teoria de

Kirchhoff, garantir a continuidade requerida na construção das funções de forma de

deslocamentos do mesmo modelo estrutural é bastante difícil, pois o mesmo requer elementos

conforme de classe C1.

(b) Melhorar a solução de deslocamentos – Com a evolução de elementos conformes de

placas e cascas, notou-se que as malhas grosseiras ou irregulares não produzem bons

resultados. O aparecimento de sobre rigidez no elemento requer um tratamento especial,

levando a um esforço computacional maior.

(c) Melhorar a solução de tensões – A sobre rigidez observada nos elementos elaborados

usando o modelo de deslocamentos compromete a precisão dos resultados relativos aos

esforços.

Os três objetivos descritos acima, no sentido de melhorar a performance dos elementos finitos

de deslocamentos, motivaram a utilização dos elementos híbridos na análise linear elástica. A

extensão para dinâmica e análise não linear não pôde ser feita inicialmente por uma carência

de conhecimento em relação aos deslocamentos no interior do elemento, os quais são

necessários para a obtenção da matriz de massa e matriz geométrica do elemento. Estas

matrizes são obtidas mais facilmente adotando-se um campo de deslocamento no interior do

elemento, o que pode levar à formulação de um elemento híbrido-misto.

Pode-se perguntar por que, então, não usar o princípio variacional misto ao invés de híbrido.

Princípios mistos são simples de entender e parecem dar resultados com boa precisão. Só que

no caso de geometrias irregulares em problemas tridimensionais, os métodos mistos não têm

conseguido o sucesso dos métodos híbridos. Em recentes trabalhos, calculam-se as

componentes internas por intermédio de funcionais mistos como o de Hellinger-Reissner, e

utilizam-se funcionais híbridos para superfície (Felippa, 2000).

40

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3.3.2 A FORMULAÇÃO DO PRINCÍPIO VARIACIONAL HÍBRIDO

Considere um corpo elástico de volume V e superfície S como mostra a Figura 3.16, cortada

por uma superfície interna Si, o qual permite que se considere uma descontinuidade de campo.

Estas descontinuidades podem ser de natureza física e/ou computacional. Esta interface Si,

também chamada de contorno interno, divide V em dois subdomínios V+ e V-. Os subvolumes

desconectados têm os contornos S+ e S-, como ilustra a Figura 3.16.

Figura 3.16 Corte no Volume V, Separado pela Superfície Si

Si é o contorno interno e Sx é o contorno externo, sendo formado pela soma do contorno Su

onde os deslocamentos são prescritos e do contorno St onde as forças de superfície são

prescritas.

Para se visualizar melhor os contornos internos é conveniente se trabalhar com o domínio

bidimensional. A Figura 3.17 mostra o domínio separado em quatro pedaços ou subdomínios,

nos quais a integração é executada no sentido anti-horário.

Figura 3.17 Domínio Subdividido em Quatro Partes, com Integração no Sentido Anti-horário.

41

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Pode-se notar que cada contorno é atravessado duas vezes em sentidos opostos. A mesma

propriedade é verdadeira para casos tridimensionais, pois há sempre duas faces em interface,

o que torna difícil a sua visualização.

3.3.3 INTEGRAIS DE VOLUME E SUPERFÍCIE

No caso tridimensional, as integrações de volume e de superfície que aparecem no princípio

variacional convencional podem ser generalizadas como se segue. Uma integral de função f

sobre V pode ser efetuada como a soma das integrais sobre o volume em separado na forma

Vm, m = 1,2,...M obtendo-se

∫ ∑ ∫=

=V

M

mV m

fdvfdv1

(3.47)

A integral de superfície da função g é expressa pela contribuição de três contornos, ou seja,

∫∫∫∫ ++=ituS

gdSgdSgdSgdS (3.48)

Como pode ser notado, a integral sobre Si atravessa duas vezes cada face da interface, no

sentido positivo e negativo, respectivamente. Geralmente a integral g corresponde ao fluxo na

forma g = f ⋅ n. Então se a componente de f é contínua em Si as integrais se cancelam, pois n+

= -n-. Conseqüentemente, tem-se que f⋅(n++n-)dS ≡ 0.

Um princípio híbrido é geralmente obtido pela adição de dois funcionais:

PRINCÍPIO HÍBRIDO = FUNCIONAL INTERNO + POTENCIAL DE INTERFACE

3.3.4 A FORMA VARIACIONAL

Para este exemplo, o funcional no interior é o correspondente à energia potencial

complementar total para elasticidade linear, sendo escrito como

CS

CjijiklijklV

ijijC WUdSnudVCu

+−=+−=Π ∫∫ σσσσ ˆ21][ (3.49)

42

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Aqui a energia complementar Uc, em termos das tensões, é expressa como:

dVCdVU klijklV

ijijV

ijijC σσεσσ σ ∫∫ ==21

21][ (3.50)

representando a energia interna no corpo, e Wc é o trabalho potencial, sendo um funcional de

campo unitário, só com tensões como campo primário. Na Figura 3.18 esquematiza-se a

forma fraca deste princípio.

Os subscritos i, j, k, l podem variar de um a três referindo-se às direções das coordenadas x, y,

z, respectivamente. Índices repetidos têm o sentido de somatório de acordo com a notação

indicial usual. O subscrito depois de uma vírgula (,) representa a derivada com relação ao

sistema de coordenadas.

Figura 3.18 Diagrama para o Funcional da Energia Potencial Complementar

de Campo Unitário (só Tensões como Campo Primário).

O diagrama apresentado na Figura 3.18 enfatiza a elaboração do funcional da energia

potencial complementar, tendo como variável independente a tensão σ no domínio, e como

variáveis dependentes os deslocamentos u e as deformações ε. O funcional é construído com

as equações de equilíbrio e as relações constitutivas do material na forma flexibilidade.

43

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3.3.5 – HIBRIDIZAÇÃO DO FUNCIONAL

Para tornar híbrido este princípio e aplicá-lo a um modelo de elementos finitos, cada elemento

é considerado como um subdomínio individual com o superescrito e, tomando o campo de

deslocamentos no contorno di sobre Si uma variável primária adicional. Este conector de

campo de deslocamentos poderia ser único em Si. Ele funciona como um elo para conectar os

subdomínios. Ao campo de tensões primárias σij é ligada uma integral πd sobre Si, chamado

de potencial de interface, que mede o trabalho perdido ou armazenado em Si.

[ ] [ ] [ ] ∫+Π=+Π=ΠtS jijiijCjijdijCiij

dC dSnddd σσσπσσ ,),( (3.51)

O funcional (3.51) é o funcional híbrido de campo múltiplo com duas variáveis primárias, ou

seja, o campo de tensões σij e o campo de deslocamentos di. Ele não é um funcional misto

porque di não é um campo interno, pois ele existe somente sobre a interface Si.

O diagrama para este princípio híbrido é ilustrado na Figura 3.19,

Independente

Tensões

= uid i

em Su û

internos

Deslocamentos

Deformações

Dependente

σ ε

= σiε j σ

iC jkl kl

b

Forças de corpo

t

Trações de Superfície

σ sobre

Independente

Material (forma flexibilidade)

de interface d

Deslocamentos

0 , =+ i j ijσ Equação de equilíbrio

bem V

V em

St

Figura 3.19 Diagrama para o Funcional do Princípio de Tensão Híbrida.

44

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A Figura 3.19 descreve a construção do princípio híbrido cujo funcional corresponde à

energia potencial complementar, onde o mesmo é formulado com tensões no domínio e com a

adição do potencial de interface com o campo de deslocamentos na superfície do elemento.

Na Figura 3.19 foi acrescentada uma parte contendo os deslocamentos prescritos em Su, onde

o campo de deslocamentos passou a ser uma variável primária.

Note-se que as condições de contorno primárias se tornaram fortes, e que as condições de

contorno de trações de superfície são agora fracas. Observa-se ainda que se as forças de

superfície tj = σijnj forem contínuas em Si, ou seja, se não há descontinuidade entre

elementos, πd desaparece como será descrito mais adiante. Isto é uma característica do

potencial de interface, ou seja, eles desaparecem quando não são descontínuos.

3.3.6 O TRABALHO POTENCIAL

O funcional da equação (3.51) pode ser decomposto em dois funcionais distintos, como

dCdC WU +−=Π (3.52)

onde Uc é a energia complementar e Wd é o trabalho potencial, sendo igual a

∫ ∫+=u iS S jijijijid dSnddSnuW σσˆ (3.53)

O funcional Wd inclui o trabalho dos deslocamentos prescritos sobre Su bem como a energia

armazenada ou perdida sobre a interface interna Si.

Para o modelo de elementos finitos é necessário transformar a integral sobre S = Su∪ St∪ Si.,

obtendo-se,

∫ ∫ ∫∫ −−=S S S tjijijijijijijS iji

u ti

dSnddSnddSnddSnd σσσσ (3.54)

Substituindo a identidade acima no funcional expresso em (3.53) obtém-se

∫ ∫−=S S tjijid

T

dStddSndW ˆσ (3.55)

45

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A integral sobre Su desaparece considerando a conecção forte di = ûi sobre Su . O último

termo em (3.55) é gerado pela substituição σijnj → sobre St t.

Levando-se (3.55) à equação (3.52), chega-se à forma final

∫ ∫ ∫−+−=+−=V S S tiijijiklijlkijdCiij

dC

t

dStddSnddVCWUd ˆ21],[ σσσσΠ (3.56)

A integral sobre Su desaparece enquanto que a integral sobre St tem a mesma forma

apresentada no funcional da energia potencial total, sendo que, no caso presente, ui é

substituído por di. É importante salientar que o potencial de interface é calculado sobre todo o

contorno S, não só Si.

Aplicam-se estes princípios para formular elementos finitos individuais, como esquematizado

na Figura 3.20,

(a) Malha de elementos finitos

(e) Graus de liberdade dos nós

(d) Elementos Finitos de conexão

(c) Campo interno ligado por elemento de barra

(b) Separação do elemento finito em parte interna e parte de contorno Dois elementos

finitos

Figura 3.20 Passos Conceituais para a Construção do Elemento Finito Híbrido.

Na Figura 3.20(a) tem-se a malha de elementos finitos, em (b) definição de dois elementos

para a representação do princípio híbrido, em (c) tem-se a separação do elemento em uma

46

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parte interna e outra parte de contorno, em (d) tem-se o campo interno ligado pelo elemento

de barra, em (e) mostra-se o elemento de barra com o respectivo graus de liberdade.

Note-se que a subdivisão do elemento antecede o princípio a ser construído. Assim, é a partir

da malha de elementos finitos que o princípio nasce.

3.3.7 ELEMENTO DE TENSÃO HÍBRIDO UTILIZADO NO PRESENTE

TRABALHO

Aplica-se, em seguida, Π para a construção de um elemento linear quadrilátero de tensão

plana mostrado na Figura 3.21. O elemento tem espessura h, as propriedades do material são

constantes e a relação constitutiva ε = Cσ é expressa na forma flexibilidade, onde C = E

dC

-1.

Para simplificar a construção do elemento deve-se assumir que o campo das forças de corpo b

seja nulo.

Este elemento tem uma importância histórica por ser o primeiro elemento híbrido

desenvolvido (Pian, 1964). A Figura 3.21 esquematiza um elemento quadrilátero de tensão

plana,

Figura 3.21 Elemento Quadrilátero Bilinear de Tensão Plana.

1

2

3

4

x

y

xx

σ

yy

σ

xy

τ

n 34 ( n x34,

n y 34

)

n 23 ( n x23,

n y 23

)

n 12 ( n x12,

n y12

)

n 41 ( n x41,

n y 41

)

Altura constanteh

Ω(e) domínio do elemento

Γ(e) contorno do elemento

47

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Na Figura 3.21 mostra-se esquematicamente o elemento interno com a definição das tensões

para o elemento bilinear de tensão plana. Pode-se observar também o elemento de contorno

definido na superfície do elemento. Note-se que, para facilitar a visualização, o elemento

interior é mostrado esquematicamente separado dos elementos de contorno.

3.3.7.1 CAMPO DE TENSÕES

Para a construção do elemento híbrido, considera-se primeiramente o campo de tensões

internas, que se constitui em uma variável primária. Assume-se que cada componente do

campo de tensão (σxx, σyy, σxy), varie linearmente em x e y,

yxxx 541 ααασ ++= (3.57a)

yxyy 762 ααασ ++= (3.57b)

yxxy 983 ααασ ++= (3.57c)

Os αi (i = 1,2...9) são chamados de parâmetros de amplitude de tensão ou simplesmente

parâmetros de tensão, sendo x e y o sistema de coordenadas generalizadas. Como este campo

deve satisfazer a equação de equilíbrio com força de corpo zero, tem-se:

0=∂

∂+

∂∂

yxxyxx σσ (3.58a)

0=∂

∂+

yxyyxy σσ

(3.58b)

Assim, as componentes de tensão não podem ser independentes, podendo-se verificar as

restrições:

094 =+ αα (3.59a)

087 =+ αα (3.59b)

Substituindo (3.59) na expressão das tensões de cisalhamento na equação (3.57), obtém-se

. Conseqüentemente há somente sete parâmetros de tensões independentes.

Escrevendo-se na forma matricial:

yaxaaxy 473 −−=σ

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−−=

7

6

5

4

3

2

1

0010000010

00001

ααααααα

σσσ

xyyx

yx

xy

yy

xx

(3.60)

ou seja,

ασ Ψ= (3.61)

3.3.7.2 DESLOCAMENTOS NO CONTORNO

Em seguida, consideram-se os deslocamentos de contorno di. É necessário manter a

compatibilidade entre os deslocamentos do elemento de lado 1-2, que dependem somente dos

deslocamentos dos nós do lado desse elemento. Esta restrição pode ser satisfeita por uma

interpolação linear dos deslocamentos ao longo de cada lado, como

−+

+−+−

+−

=

4

2

2

1

1

4141

2323

1212

1212

41

23

12

12

10000010

000101000000101000000101

21

y

y

x

y

x

y

x

y

x

u

uuuu

d

ddd

MMMMMMMMMM

ξξ

ξξξξ

ξξ

(3.62)

onde ξ são as coordenadas isoparamétricas do elemento linear. Esta equação pode ser escrita

na forma matricial:

ij

uΦd = (3.63)

onde Φ é uma matriz 8x8.

3.3.7.3 FORÇA DE SUPERFÍCIE

A força de superfície dependente ti = σi jnj é associada com o campo de tensões que aparece

no potencial de interface. Para um campo de tensão plana bidimensional, referente às

coordenadas (x, y), as componentes de forças no plano são:

49

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yxyxxxx nnt σσ += (3.64a)

yyyxxyy nnt σσ += (3.64b)

Escrevendo (3.64) para o lado 1-2, conforme apresentado na Figura 3.21, e levando-se em

conta a relação (3.61), chega-se a,

αΨNN 121212121212

1212

12

12

00

==

=

σ

σσσ

xy

yy

xx

xy

yx

y

x

nnnn

tt

(3.65)

onde S12 é S calculado sobre o lado1-2. Repetindo esta construção para os outros três lados

obtém-se a relação:

Tαt = (3.66)

sendo t um vetor de oito componentes de força, que são funções das coordenadas da matriz S

escrita em (3.61), ou seja,

[ ]Tyyxyx ttttt 4123231212 K=t (3.67)

T é uma matriz (8 x 7), organizada a partir de quatro sub-matrizes (2x7), que são N12S12,

N23S23, N34S34 e N41S41.

3.3.7.4 FORÇA DE SUPERFÍCIE PRESCRITA

Quando uma força atua sobre o elemento, ela é considerada como força de superfície

prescrita, sendo definida por unidade de comprimento do lado do elemento e espessura do

mesmo. Elas são agrupadas de forma vetorial como

[ Tyyxyx ttttt 4123231212

ˆˆˆˆˆˆ K=t ] (3.68)

3.3.7.5 FORMULAÇÃO DISCRETA

Inserindo as equações (3.61), (3.63), (3.66) e (3.68) no funcional , expressão (3.56), para

um elemento individual, obtém-se

dCΠ

ufGuαFαα T TTdC −+−=Π

21 (3.69)

50

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onde as matrizes e vetores acima são iguais a,

∫Ω

− Ω=)(

1e

dh T ΨEΨF (3.70a)

∫ Γ= Γ )(e dh TΦTG (3.70b)

∫ Γ= )( ˆetS dh Φtf (3.70c)

A matriz F é freqüentemente chamada de matriz de flexibilidade. Fazendo agora

estacionário com respeito aos graus de liberdade de tensões e deslocamentos, chega-se a

dCΠ

0GuFαα

=−−=∂

∂ dCΠ

(3.71a)

0fαGu

=−=∂

∂ TuCΠ

(3.71b)

A primeira expressão corresponde à versão discreta da relação de cinemática e a segunda é a

versão discreta da relação de equilíbrio.

Considerando que a matriz F possa ser invertida, o vetor α é calculado na forma α = F-1Gu,

porque os parâmetros de tensões são desconectados de elemento para elemento. Substituindo

α assim obtido na relação (3.71b), chega-se a

0fuGFG =−−1T (3.72)

Pode-se reescrever a relação (3.72) na forma )()()( eee fuK = (3.73)

onde Ke é a matriz de rigidez de um elemento, sendo igual a

GFGK 1)( −= Te (3.74)

Em resumo, E é a matriz de flexibilidade em termos dos parâmetros de tensão α, G é a matriz

de conexão ou matriz de influência, e a transposta de G é chamada de matriz de equilíbrio.

A relação (3.71) pode ser também escrita na forma matricial como

=

fu

α0GGF- 0

T (3.75)

O sistema de equações (3.75) enfatiza o elemento híbrido com os campos de tensões

representado pelos parâmetros α e deslocamentos u independentes, um discreto no domínio e

o outro discreto no contorno respectivamente.

51

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3.3.7.6 APLICAÇÃO DA FORMULAÇÃO DISCRETA NA ANÁLISE LIMITE

A seguir descrevem-se os procedimentos para se realizar a análise plástica limite com a

formulação em termos de elementos finitos híbridos, empregando-se o teorema estático e

cinemático e valendo-se do método híbrido que dispõe diretamente a matriz de equilíbrio

necessária à realização da análise.

Considerando o vetor de cargas aplicadas, representado pela expressão (3.29), e levando em

conta que no colapso as taxas de deformação elástica são nulas, o funcional (3.69) se reduz a

uauGαT && TuC −=π (3.76)

onde G é fornecida por

∫ Γ= Γ )(e dTΦTG (3.77)

Fazendo π estacionário em relação às velocidades tem-se dC

0=−=∂

∂ TuC aGα

u&π

(3.78)

ou TaGα = (3.79)

A expressão (3.79) é uma relação de equilíbrio entre cargas nodais e parâmetros de tensão

α, sendo G uma matriz de equilíbrio em termos dos parâmetros de tensão.

a

Vale ressaltar que as condições de resistência expressas em (3.19) são funções da tensão σ.

Assim, para que seja possível a montagem do problema de programação linear equivalente ao

critério estático da análise plástica limite é necessário substituir (3.61) em (3.19), chegando-se

a *σ≤ΨαnT (3.80)

Utilizando as expressões (3.79) e (3.80), obtém-se o problema de PL associado ao critério

estático como

Maximizar λ (3.81a)

Sujeito a

=≤

− fv

T

aαGaψn *σλ0

(3.81b)

52

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Alternativamente, é possível gerar o PL equivalente ao critério cinemático da análise plástica

limite. Substituindo-se (3.24) em (3.27), levando-se em conta (3.61) e considerando-se (3.30)

e (3.31), pode-se escrever o problema de programação linear (PL), equivalente ao critério

cinemático da análise plástica limite, como

Minimizar uaq && Tf

T−**σ (3.82a)

Sujeito a

=

− 010 *

uq

Gnψa

&

&

TT

Tv

(3.82b)

& *q ≥ 0 (3.82c)

3.4 RESUMO DAS FORMULAÇÕES ADOTADAS

Considerando-se um problema geotécnico discretizado através de uma malha de elementos

finitos com NE elementos, NN nós na malha, NPG pontos de Gauss em cada elemento, NP

planos na linearização do critério de ruptura, NPC pontos de controle de plasticidade na

malha, NGLL graus de liberdade livres na malha, NPT parâmetros de tensão e NCT

componentes de tensão em cada ponto de controle, pode-se escrever os PL´s associados aos

critérios estático e cinemático para elementos finitos mistos e híbrido como:

Elementos Misto – Limite Inferior Maximizar λ (3.83a)

Sujeito a

=≤

− fv

T

aLan *σ

σλ0

(3.83b)

Elemento Híbrido – Limite Inferior Maximizar λ (3.84a)

Sujeito a

=

− fv

T

aαGaψn *σλ0

(3.84b)

53

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Elemento Misto – Limite Superior Minimizar uaq && T

fT

−**σ (3.85a)

Sujeito a

=

− 010 *

uq

Lna

&

&

T

T

(3.85b)

& *q ≥ 0 (3.85c)

Elemento Híbrido – Limite Superior Minimizar uaq && T

fT

−**σ (3.86a)

Sujeito a

=

− 010 *

uq

GnSa

&

&

TT

Tv

(3.86b)

& *q ≥ 0 (3.86c)

onde os vetores e matrizes apresentados nas expressões (3.83), (3.84), (3.85) e (3.86) possuem

a ordem apresentada na Tabela 3.1. Na referida tabela a 2a coluna apresenta as dimensões para

elementos finitos híbridos e a 3a coluna as dimensões para elementos finitos mistos.

Tabela 3.1 Dimensões dos vetores e matrizes para elementos finitos mistos e híbridos

Matriz / Vetor

Dimensão Elemento Misto

Dimensão Elemento Híbrido

*&σ NPC x NP NE x NPG x NP *q& NPC x NP NE x NPG x NP

fa NGLL NGLL

u& NGLL NGLL β - NE x NPT σ NCT x NPC - S NCT x NPC , NE x NPT NCT x NE x NPG , NE x NPT n NCT x NPC , NPC x NP NCT x NE x NPG , NE x NPG x

NP G - NGLL , NE x NPT L NGLL , NCT x NPC -

va NGLL NGLL

54

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3.5 COMENTÁRIOS FINAIS

No próximo capítulo serão apresentados detalhes do software desenvolvido para análise limite

de problemas geotécnicos. Dentre os detalhes apresentados, destaca-se a documentação do

referido software utilizando a UML (Unified Modeling Language), um exemplo de utilização

do software para análise de estabilidade de talude e os métodos utilizados na solução dos

problemas geotécnicos.

55

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CAPÍTULO 4

SOFTWARE DESENVOLVIDO

4.1 INTRODUÇÃO Um software gráfico iterativo em ambiente Windows, escrito na linguagem de programação

Delphi, foi desenvolvido. O referido programa computacional fornece ao usuário um

ambiente de trabalho com diversas facilidades gráficas, tais como: edição, geração de malhas

de elementos finitos, imposição das condições de contorno, aplicação dos carregamentos e

visualização dos resultados. O software em questão será referenciado neste trabalho como

LAPS (Limit Analysis for Plane Strain).

O sistema operacional Windows 9x da Microsoft, além de ser um sistema de 32 bits, fornece

uma interface gráfica intuitiva para o usuário. A tarefa de desenvolver aplicações para

ambiente Windows tem sido facilitada devido à grande quantidade de softwares que

implementam linguagens de programação com recursos visuais, tais como Delphi, Visual

Basic, Visual Fortran e C++ Builder. Esses softwares são, em grande parte, responsáveis pela

crescente quantidade de aplicações com interface gráfica, possibilitando a geração de

programas de fácil utilização para o usuário. Em particular, o software Delphi é uma

ferramenta RAD (Rapid Application Development) para Windows, orientada a objeto e a

eventos, sendo baseada em componentes. A linguagem de programação sob o Delphi é uma

versão do Pascal orientada a objeto, a qual é denominada Object Pascal.

O software gerado no presente trabalho realiza o pré-processamento por meio da geração de

malhas estruturadas (Hinton e Owen, 1979), efetuando ainda os cálculos necessários à análise

do problema (Santos da Silva et al., 1999) e o pós-processamento através de bibliotecas

OpenGL. O referido software roda em plataforma Windows e realiza a análise limite com a

formulação apresentada no Capítulo 3. A análise de um problema, utilizando-se o referido

programa computacional, pode ser dividida em três partes: a definição da malha de elementos

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finitos e suas propriedades, a análise do problema propriamente dito e a apresentação dos

resultados. Descreve-se a seguir cada uma das partes com suas peculiaridades.

Na definição da malha de elementos finitos, o ponto de partida é a identificação dos macro blocos de elementos, que definem o contorno de regiões com mesmo tipo de solo. Deverão ser desenhadas linhas no contorno de tais macro blocos ou, alternativamente, estas linhas podem ser importadas de arquivos em formato DXF. Vale ressaltar que os macro blocos são elementos quadriláteros de quatro ou oito lados, os quais serão posteriormente divididos para dar origem à malha de elementos finitos.

Em seguida devem ser criados os grupos de propriedades. Cada grupo é formado pela definição das propriedades do solo e do número de divisões da malha em cada direção. Atribui-se a cada macro bloco definido um tipo de elemento finito e um grupo de propriedades, e efetiva-se a geração da malha. Ainda como definição da malha de elementos finitos é necessário informar quais os tipos de condições de contorno do problema, sendo que o software em análise considera tanto condições de contorno cinemáticas (deslocamentos nas direções x e y), quanto condições de contorno estáticas (tensões normal e tangencial ao contorno). Finalmente deve-se definir os carregamentos atuantes, os quais podem ser concentrados nos nós da malha de elementos finitos ou distribuídos ao longo de lados dos elementos finitos.

Para se efetivar a análise é necessário escolher o tipo de teorema da análise limite a ser utilizado. O software implementa tanto o teorema do limite superior quanto o teorema do limite inferior. É possível optar por programação matemática não linear ou linear; no último caso, tem-se que informar ainda o número de planos utilizados na linearização do critério de ruptura, bem como se tal linearização será externa ou interna à superfície de ruptura. No caso de se obter pela programação matemática não linear, o software em questão implementa o algoritmo de Herkovits (1986), com a modificação de Lyamin & Sloan (1997), ou alternativamente, o algoritmo presente no software comercial LINGO. A escolha dos parâmetros da análise é finalizada pela definição da forma de consideração do peso próprio, o qual pode ser influenciado pelo fator de carga (peso próprio variável) ou não (peso próprio fixo).

Após o término da análise, o programa computacional desenvolvido no presente trabalho fornece automaticamente a carga de colapso. Em seguida é apresentado o mecanismo de

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ruptura que pode ser visualizado ainda em um módulo desenvolvido utilizando-se a biblioteca de rotinas gráficas OpenGL. Para a solução dos sistemas governantes que representam a formulação dos problemas tratados no presente trabalho, fez-se necessária a interação entre o programa LAPS e alguns softwares comerciais que solucionam problemas de programação matemática linear e não-linear, destacando-se os softwares LINDO (Linear INteractive Discrete Optimizer), MINOS (Murtagh & Saunders, 1987), LINGO e CFSQP (C++ Feasible Sequential Quadratic Programming). 4.2 DIAGRAMAS DE CASOS DE USO Seguindo-se a notação definida na UML (Unified Modeling Language) para modelagem de

softwares orientados a objetos, apresentam-se a seguir os diagramas de casos de uso do

software desenvolvido. Vale ressaltar que o LAPS grava os arquivos em um formato próprio

denominado LAP.

4.2.1 CASO DE USO ABRIR ARQUIVO

Figura 4.1 Diagrama de caso de uso Abrir Arquivo

Este caso de uso possibilita abrir um arquivo pré-gravado no formato LAP. Este caso de uso

(UC) inicia com o ator selecionando a opção “File Open”.

Pré-condições: O arquivo a ser aberto deve existir e ter sido previamente gravado no formato do LAPS. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela abrir arquivo e lista todos os arquivos com

extensão lap. 2 O ator seleciona um arquivo da lista ou digita o nome de um arquivo 3 O LAPS abre o arquivo e apresenta a geometria do problema.

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Fluxos alternativos: Alternativa ao passo 3: O LAPS não consegue abrir o arquivo

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “File not found”

2 O Ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS volta para o estado inicial

4.2.2 CASO DE USO SALVAR ARQUIVO

Figura 4.2 Diagrama de caso de uso Salvar Arquivo

Este caso de uso possibilita salvar um arquivo no formato LAP. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “File Save”.

Pré-condições: Deverá existir alguma informação na tela. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela salvar e lista todos os arquivos com extensão lap

existentes.

2 O ator digita um nome para o arquivo a ser salvo.

3 O ator seleciona opção “OK”.

4 O LAPS salva o arquivo gravado.

Fluxos alternativos: Alternativa ao passo 4: O LAPS não consegue salvar o arquivo

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “error”

2 O ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS volta para o estado inicial

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Alternativa ao passo 4: O nome do arquivo já existe Passos Descrição

1 O LAPS apresenta a mensagem “file already exists, replace it ?”

2 O ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS salva o arquivo

4 O LAPS volta para o estado inicial

Alternativa ao passo 4: O nome do arquivo já existe

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “file already exist, replace it ?”

2 O Ator seleciona opção “NO”

3 O LAPS não salva o arquivo

4 O LAPS volta para o estado inicial

4.2.3 CASO DE USO IMPORTAR ARQUIVO DXF

Figura 4.3 Diagrama de caso de uso Importar Arquivo DXF

Este caso de uso possibilita importar um arquivo pré-gravado no formato do DXF, permitindo

a troca de desenhos entre o LAPS e ferramentas de desenho de engenharia, destacando-se o

AutoCAD. Este UC inicia com o ator selecionando a opção “File Import DXF”.

Pré-condições: O arquivo a ser aberto deve existir e ter sido previamente gravado no formato do DXF. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela abrir arquivo e lista todos os arquivos com

extensão DXF.

2 O ator seleciona um arquivo da lista ou digita o nome de um arquivo

3 O LAPS abre o arquivo e apresenta a geometria do problema.

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Fluxos alternativos: Alternativa ao passo 3: O LAPS não consegue abrir o arquivo

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “File not found”

2 O ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS volta para o estado inicial

4.2.4 CASO DE USO IMPORTAR ARQUIVO DAT

Figura 4.4 Diagrama de caso de uso Importar Arquivo DAT

Este caso de uso possibilita importar um arquivo pré-gravado no formato DAT. Este UC

inicia com o ator selecionando a opção “File Import DAT”.

Pré-condições: O arquivo a ser aberto deve existir e ter sido previamente gravado no formato do DAT. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela abrir arquivo e lista todos os arquivos com

extensão DAT.

2 O ator seleciona um arquivo da lista ou digita o nome de um arquivo

3 O LAPS abre o arquivo e apresenta a geometria do problema.

4.2.5 CASO DE USO EXPORTAR ARQUIVO PARA DXF

Figura 4.5 Diagrama de caso de uso Exportar Arquivo para DXF

Este caso de uso possibilita exportar os dados do arquivo atual para o formato do DXF,

permitindo a troca de desenhos via arquivo texto com outros aplicativos. Este UC inicia com

o ator selecionando a opção “File Export DXF”.

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Pré-condições: O arquivo a ser aberto deve existir e ter sido previamente gravado no formato do DXF. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela salvar e lista todos os arquivos com extensão

DXF existentes.

2 O ator digita um nome para o arquivo a ser salvo.

3 O ator seleciona opção “OK”.

4 O LAPS salva o arquivo.

Fluxos alternativos: Alternativa ao passo 4: O LAPS não consegue salvar o arquivo

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “error”

2 O ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS volta para o estado inicial

Alternativa ao passo 4: O nome do arquivo já existe

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “file already exists, replace it ?”

2 O ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS salva o arquivo em formato DXF

4 O LAPS volta para o estado inicial

Alternativa ao passo 4: O nome do arquivo já existe

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “file already exists, replace it ?”

2 O ator seleciona opção “NO”

3 O LAPS não salva o arquivo

4 O LAPS volta para o estado inicial

4.2.6 CASO DE USO EXPORTAR ARQUIVO PARA DAT

Figura 4.6 Diagrama de Caso de uso Exportar Arquivo para DAT

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Este caso de uso possibilita exportar os dados do arquivo atual para o formato do DAT. Este

UC inicia com o ator selecionando a opção “File Export DAT”.

Pré-condições: O arquivo a ser aberto deve existir e ter sido previamente gravado no formato do DAT. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela salvar e lista todos os arquivos com extensão

DAT existentes.

2 O ator digita um nome para o arquivo a ser salvo.

3 O ator seleciona opção “OK”.

4 O LAPS salva o arquivo em formato DAT.

Fluxos alternativos: Alternativa ao passo 4: O LAPS não consegue salvar o arquivo

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “error”

2 O ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS volta para o estado inicial

Alternativa ao passo 4: O nome do arquivo já existe

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “file already exists, replace it ?”

2 O ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS salva o arquivo em formato DAT

4 O LAPS volta para o estado inicial

Alternativa ao passo 4: O nome do arquivo já existe

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “file already exists, replace it ?”

2 O ator seleciona opção “NO”

3 O LAPS não salva o arquivo

4 O LAPS volta para o estado inicial

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4.2.7 CASO DE USO ZOOM JANELA

Figura 4.7 Diagrama de caso de uso Zoom janela

Este caso de uso possibilita apresentar um zoom de uma porção do problema em análise. Este

UC inicia com o ator selecionando a opção “Zoom Window”.

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1

O ator seleciona um ponto para ser o primeiro vértice do retângulo de

seleção

2 O LAPS desenha o retângulo de seleção do vértice selecionado até a posição

atual do cursor.

3 O ator seleciona o segundo vértice do retângulo de seleção.

4 O LAPS desenha a porção do problema contido no retângulo de seleção em

toda a tela

4.2.8 CASO DE USO ZOOM TOTAL

Figura 4.8 Diagrama de caso de uso Zoom total

Este caso de uso possibilita voltar o zoom ao estado inicial. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Zoom All”.

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O ator seleciona a opção “Zoom All”

2 O LAPS apresenta o desenho do problema na escala original

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4.2.9 DIAGRAMA DE CASO DE USO CONFIGURAR GRID

Figura 4.9 Diagrama de caso de uso Configurar Grid

Este caso de uso possibilita configurar o grid que será utilizado para auxiliar nos desenhos das

malhas. Este UC inicia com o ator selecionando a opção “Grid Grid setting”.

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta o formulário de configuração do grid.

2 O ator fornece os dados: cor do grid, apperture e pode selecionar a opção

align to grid.

3 O ator seleciona o botão “OK”

4 O LAPS redesenha o grid com as configurações selecionadas.

4.2.10 CASO DE USO CONFIGURAR JANELA DE EDIÇÃO

Figura 4.10 Diagrama de caso de uso Configurar Janela de Edição

Este caso de uso possibilita configurar a janela de edição que será utilizada para auxiliar nos

desenhos das malhas. Este UC inicia com o ator selecionando a opção “Grid Dimension”.

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta o formulário dimensions of the grid.

2 O ator fornece os dados para ∆x, ∆y, Xmin, Ymin, Xmax, Ymax e ainda

pode selecionar a opção “show grid“

3 O ator seleciona o botão “OK”.

4 O LAPS mostra a janela de edição conforme a configuração escolhida.

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Fluxos alternativos: Alternativa ao passo 4: O LAPS não consegue aplicar a configuração escolhida na janela de edição

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “error”

2 O ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS volta para o estado inicial

4.2.11 CASO DE USO DEFINIR LINHA MANUALMENTE

Figura 4.11 Diagrama de caso de uso Definir Linha Manualmente

Este caso de uso possibilita definir, de forma manual, as linhas que serão utilizadas para

auxiliar nos desenhos das malhas. Este UC inicia com o ator selecionando a opção “Line

Define Manually”.

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta o formulário de definição da linha.

2 O ator fornece os dados para as coordenadas: xi, xf e yi , yf.

3 O ator seleciona o botão “OK”

4 O LAPS desenha a linha com as configurações selecionadas.

4.2.12 CASO DE USO DEFINIR LINHA GRAFICAMENTE

Figura 4.12 Diagrama de caso de uso Definir Linha Graficamente

Este caso de uso possibilita definir a linha graficamente que será utilizado para auxiliar nos

desenhos das malhas. Este UC inicia com o ator selecionando a opção “Line Ddefine

Grafically”.

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Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O ator clica no ponto inicial da linha

2 O LAPS desenha a linha do ponto inicial até a posição atual do cursor do

mouse.

3 O ator clica no ponto final da linha.

4 O LAPS desenha a linha do ponto inicial até o ponto final definido

4.2.13 CASO DE USO APAGAR LINHA

Figura 4.13 Diagrama de caso de uso Apagar Linha

Este caso de uso possibilita apagar linha. Este UC inicia com o ator selecionando a opção

“Line Delete”.

Pré-condições: A linha a ser apagada deve existir. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta o cursor no formato borracha. 2 O ator seleciona a linha a ser apagada 3 O LAPS apaga a linha selecionada pelo ator.

4.2.14 CASO DE USO FORNECER PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS

Figura 4.14 Caso de uso Fornecer Propriedades dos Elementos

Este caso de uso possibilita fornecer propriedades dos elementos finitos. Este UC inicia com o

ator selecionando a opção “Propriedades”.

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Fluxo Principal: Passos Descrição

1 O LAPS apresenta o formulário Propriedades.

2 O ator fornece os dados: cor dos elementos, unit weight, coesion, frictional

angle. O ator seleciona o número de divisões dos blocos nas direções x e y.

3 O ator seleciona a opção add.

4 O LAPS adiciona a propriedade à lista de propriedade disponíveis

5 O ator seleciona a propriedade que será utilizada

6 O ator seleciona a opção Define as actual

7 O LAPS define a propriedade selecionada como a propriedade atual

8 O ator seleciona a opção close

9 O LAPS fecha o formulário de definição de propriedade

4.2.15 CASO DE USO DEFINIR BLOCOS

Figura 4.15 Diagrama de caso de uso Definir Blocos

4.2.15.1 DETALHAMENTO DO CASO DE USO DEFINIR BLOCOS

Este caso de uso possibilita definir o tipo de bloco a ser utilizado. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Blocks”.

Pré-condições: • O tipo de elemento deve ter sido definido • O tipo de bloco deve ter sido definido • Uma propriedade deve ter sido selecionada

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Fluxo Principal: Bloco unidimensional Passos Descrição

1 O LAPS apresenta o cursor em forma de retângulo

2 O ator seleciona uma linha para cada bloco

3 O LAPS registra as informações dos blocos definidos

Fluxo Principal: Bloco de quatro lados

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta o cursor em forma de retângulo 2 O ator seleciona quatro linhas para representar os quatro lados de cada bloco

3 O LAPS registra as informações dos blocos definidos

Fluxo Principal: Bloco de oito lados

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta o cursor em forma de retângulo 2 O ator seleciona oito linhas para representar os oito lados de cada bloco

3 O LAPS registra as informações dos blocos definidos

4.2.15.2 DETALHAMENTO DO CASO DE USO DEFINIR TIPO DE BLOCO

Este caso de uso possibilita definir o tipo de bloco a ser utilizado. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Blocks Define”.

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta as opções: Unidimensional, Four Sides e Eight Sides

2 O ator seleciona uma opção.

3 O LAPS registra a opção selecionada

4.2.15.3 DETALHAMENTO DO CASO DE USO DEFINIR TIPO DE ELEMENTO

Este caso de uso possibilita definir o tipo de bloco a ser utilizado. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Blocks Define”.

Pré-condições:

• O tipo de bloco deve ter sido definido • Uma propriedade deve ter sido selecionada

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Fluxo Principal: Passos Descrição

1 O LAPS apresenta a janela Select Element, com as seguintes opções:

Elementos quadrilaterais de 4, 8, 9, 12, 16 e 17 nós; e elementos

triangulares de 3, 6, 10 e 15 nós.

2 O ator seleciona o tipo de elemento

3 O LAPS registra o tipo de elemento selecionado

4.2.16 CASO DE USO APAGAR BLOCO

Figura 4.16 Diagrama de caso de uso Apagar Bloco

Este caso de uso possibilita apagar um bloco. Este UC inicia com o ator selecionando a opção

“Blocks Delete”.

Pré-condições: O bloco a ser apagado deve existir. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela Block Number.

2 O ator digita o número do bloco a ser apagado

3 O ator seleciona o botão “OK”

4 O LAPS apaga o bloco.

4.2.17 CASO DE USO GERAR MALHA

Figura 4.17 Diagrama de caso de uso Gerar Malha

Este caso de uso possibilita gerar uma malha de elementos finitos. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Mesh Generate”.

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Pré-condições: Os blocos a partir dos quais a malha será gerada deve ter sido definido. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela Setting for Mesh.

2 O ator fornece o valor da precisão para fusão de nós.

3 O ator seleciona o botão “OK”.

4 O LAPS gera a malha e apresenta a mesma na tela.

4.2.18 CASO DE USO CONFIGURAR CONDIÇÕES DE CONTORNO

Figura 4.18 Diagrama de caso de uso configurar Condições de Contorno

Este caso de uso possibilita definir as condições de contorno. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Boundary Settings”.

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela Settings.

2 O ator seleciona as cores para condições de contorno estáticas (σx, σy τxy) e

cinemáticas (vx e vy)

3 O ator seleciona o botão “OK”

4 O LAPS volta ao estado inicial.

4.2.19 CASO DE USO DEFINIR CONDIÇÕES DE CONTORNO

Figura 4.19 Diagrama de caso de uso Definir Condições de Contorno

Este caso de uso possibilita definir as condições de contorno. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Boundary Null Velocity ou Prescribed Stress”.

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Fluxo Principal: Passos Descrição

1 O ator seleciona o tipo de condição de contorno a ser manipulada, condição

de contorno estática (σx, σy, τxy, σn, τn) ou condição de contorno cinemática.

2 O LAPS mostra o cursor em forma de cruz.

3 O ator seleciona um ponto para ser o primeiro vértice do retângulo de

seleção

4 O LAPS desenha o retângulo de seleção do vértice selecionado até a posição

atual do cursor.

5 O ator seleciona o segundo vértice do retângulo de seleção.

6 O LAPS desenha um retângulo (condição de contorno estática) ou um

círculo (condição de contorno cinemática), de acordo com a escolha do ator,

em todos os nós da malha que estão contidos no retângulo de seleção.

7 O LAPS volta ao estado inicial.

4.2.20 CASO DE USO APLICAR CARGA DISTRIBUÍDA

Figura 4.20 Diagrama de caso de uso Aplicar Carga Distribuída

Este caso de uso possibilita aplicar o valor da carga distribuída. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Load Distributed Load”.

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a janela Distributed Load.

2 O ator fornece o valor da carga distribuída.

3 O ator seleciona o botão “OK”

4 O LAPS mostra o cursor em forma de cruz.

5 O ator seleciona um ponto para ser o primeiro vértice do retângulo de

seleção

6 O LAPS desenha o retângulo de seleção do vértice selecionado até a posição

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atual do cursor.

7 O ator seleciona o segundo vértice do retângulo de seleção.

8 O LAPS desenha um retângulo nos lados selecionados dos elementos.

9 O LAPS volta ao estado inicial.

4.2.21 CASO DE USO MOSTRAR DADOS DA MALHA GERADA

Figura 4.21 Diagrama de caso de uso Mostrar Dados da Malha Gerada

Este caso de uso possibilita mostrar os dados da malha gerada. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Mesh Mesh information”.

Pré-condições: A malha deve ter sido gerada previamente Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta um formulário com o número de nós e o número de

elementos da malha gerada.

2 O ator seleciona a opção “OK”

3 O LAPS volta ao estado inicial

4.2.22 CASO DE USO APAGAR CARREGAMENTO

Figura 4.22 Diagrama de caso de uso Apagar Carregamento

Este caso de uso possibilita apagar carga distribuída aplicada à malha. Este UC inicia com o

ator selecionando a opção “Load Delete distributed load”.

Pré-condições: O carregamento a ser apagado deverá ter sido definido previamente.

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Fluxo Principal: Passos Descrição

1 O LAPS mostra o cursor em forma de cruz.

2 O ator seleciona um ponto para ser o primeiro vértice do retângulo de

seleção

3 O LAPS desenha o retângulo de seleção do vértice selecionado até a posição

atual do cursor.

4 O ator seleciona o segundo vértice do retângulo de seleção.

5 O LAPS apaga os carregamentos contidos no retângulo de seleção.

6 O LAPS volta ao estado inicial.

4.2.23 CASO DE USO APAGAR CONDIÇÕES DE CONTORNO

Figura 4.23 Diagrama de caso de uso Apagar Condições de Contorno

Este caso de uso possibilita apagar condições de contorno utilizadas no desenho da malha.

Este UC inicia com o ator selecionando a opção “Boundary Null velocity Delete”.

Pré-condições: As condições de contorno a serem apagadas deverão ter sido previamente definidas. Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS mostra o cursor em forma de cruz.

2 O ator seleciona um ponto para ser o primeiro vértice do retângulo de

seleção

3 O LAPS desenha o retângulo de seleção do vértice selecionado até a posição

atual do cursor.

4 O ator seleciona o segundo vértice do retângulo de seleção.

5 O LAPS apaga as condições de contorno contidas no retângulo de seleção.

6 O LAPS volta ao estado inicial.

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4.2.24 CASO DE USO REALIZAR ANÁLISE

Figura 4.24 Diagrama de caso de uso Realizar Análise

Este caso de uso possibilita solicitar ao LAPS a realização da análise plástica limite. Este UC

inicia com o ator selecionando a opção “Run Limit Analisys”.

Pré-condições:

• O problema deve ter sido previamente definido (malha, propriedades do material, carregamentos e condições de contorno)

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta o formulário Limit Analysis.

2 O ator seleciona as seguintes opções: theorem: lower bound ou upper

bound; self weight: variable ou fixed; mathematical programming: linear ou

herkovits – sloan ou herkovits – sloan MN ou non linear – LINGO ou non

linear – LINGO MN; linearization: inside ou outside; results: show load

factor e show mechanism; fornece o número de planos.

3 O ator seleciona o botão RUN.

4 O LAPS apresenta a seqüência de solução do problema (montagem das

matrizes, montagem do sistema governantes, análise do problema,

apresentação dos resultados)

5 O LAPS apresenta o valor do fator de carga

6 O ator seleciona OK

7 O LAPS desenha o mecanismo de ruptura

Fluxos alternativos: Alternativa ao passo 5: O LAPS não consegue realizar a análise

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta a mensagem “analysis faied”

2 O Ator seleciona opção “OK”

3 O LAPS volta para o estado inicial

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4.2.25 CASO DE USO MOSTRAR FATOR DE CARGA

Figura 4.25 Diagrama de caso de uso Mostrar Fator de Carga

Este caso de uso possibilita mostrar o fator de carga. Este UC inicia com o ator selecionando a

opção “Results Load Factor.”

Pré-condições: • A análise deve ter sido realizada com sucesso

Fluxo Principal: Passos Descrição

1 O LAPS mostra o valor do fator de carga

2 O ator seleciona OK

3 O LAPS volta ao estado inicial 4.2.26 CASO DE USO MOSTRAR MECANISMO DE COLAPSO

Figura 4.26 Diagrama de caso de uso Mostrar Mecanismo de Colapso

Este caso de uso possibilita mostrar o mecanismo de colapso. Este UC inicia com o ator

selecionando a opção “Results Show Mechanism”

Pré-condições: • A análise deve ter sido realizada com sucesso

Fluxo Principal:

Passos Descrição 1 O LAPS apresenta o mecanismo de ruptura

76

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4.3 DIAGRAMA DE CLASSES Apresenta-se a seguir o diagrama de classes de negócio para o software desenvolvido. Vale ressaltar que o diagrama apresentado encontra-se em uma perspectiva conceitual e as classe de sistema não estão representadas no mesmo.

Figura 4.27 Diagrama de classes de negócio

4.4 UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE Apresenta-se a seguir a forma de manipulação do referido software para realizar a análise de

um talude baixo, com altura H igual a 8m e inclinação α igual a 45o, mostrado na Figura 4.28.

77

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Considera-se um solo com coesão c igual a 20kN/m2, ângulo de atrito φ igual a 15o e peso

específico γ igual a 17kN/m3.

α H

Figura 4.28 Características do talude analisado

Executando-se o programa em apreço, é apresentada a tela inicial da aplicação desenvolvida,

a qual é mostrada na Figura 4.29.

O passo inicial é a geração da malha de elementos finitos, a qual contempla as propriedade do

solo utilizado, as condições de contorno impostas, e os carregamentos atuantes.

Figura 4.29 Tela inicial da aplicação desenvolvida

78

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O ponto de partida para geração de malhas consiste na definição das propriedades do solo,

bem como em parte das propriedades dos elementos finitos que serão utilizados. Na Figura

4.30, apresenta-se a tela relativa ao fornecimento destas propriedades, que consistem no peso

próprio do solo, na coesão, no ângulo de atrito, no número de divisões da malha em duas

direções e na cor escolhida para representar cada grupo ou conjunto de propriedades.

Em seguida, a geração da malha de elementos finitos é iniciada, definindo-se o desenho da

malha em termos de blocos bidimensionais, lineares de quatro nós ou quadráticos de oito nós,

existindo ainda a opção de blocos unidimensionais. Estes blocos, os quais posteriormente

poderão ser subdivididos de acordo com as opções do usuário, podem ser desenhados

diretamente no software em questão ou importados através de arquivos DXF. Para

exemplificar, a Figura 4.31 apresenta a definição, no AutoCAD, do desenho de três blocos

que servirão de base, no presente trabalho, para a geração da malha de elementos finitos do

talude mostrado na Figura 4.28. O referido desenho deve ser exportado do AutoCAD, em

formato DXF, sendo em seguida, importado para o software aqui apresentado. Esta interação

com o AutoCAD foi contemplada pois o mesmo permite um alto nível de precisão nos

desenhos, sendo ainda amplamente utilizado na prática da engenharia.

Figura 4.30 Tela de definição das propriedades

79

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Figura 4.31 Blocos desenhados no AutoCAD para a geração da malha

Para importar o desenho dos blocos gerados através da utilização do AutoCAD, a aplicação

desenvolvida possui a opção File->Import->DXF. Deve-se fornecer a essa aplicação o nome do

arquivo em formato DXF, tendo-se em mente que todas as linhas contidas no citado desenho serão

inseridas no arquivo atual da aplicação.

Procede-se, em seguida, à definição dos blocos que serão posteriormente divididos em elementos

finitos. Para atingir esse objetivo, primeiramente escolhe-se o grupo de propriedades, utilizando

para isto a tela apresentada na Figura 4.30. Em seguida seleciona-se o tipo de bloco a ser adotado.

Por exemplo, utiliza-se a opção Blocks->Define->Eight Sides, no caso específico de se adotar

blocos quadráticos de oito nós. O programa então solicita ao usuário o tipo de elemento finito que

será utilizado. Vale ressaltar que, na aplicação desenvolvida, pode-se optar entre onze tipos de

elementos finitos diferentes (quadriláteros de 4, 8, 9, 12, 16, 17 e 25 nós; e triângulos de 3, 6, 10 e

15 nós), conforme apresentado na Figura 4.32. No caso específico da utilização dos blocos

quadráticos de oito nós, o usuário deve então clicar em oito linhas, definindo assim oito lados do

bloco em questão.

80

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Para efetivar a geração da malha seleciona-se a opção Mesh->Generate. A Figura 4.33 mostra a

malha gerada e a diferenciação de propriedades usando-se cores selecionadas previamente na tela

de definição de propriedades. Observa-se ainda, na Figura 4.33, as condições de contorno impostas,

onde os círculos representam condições de contorno em velocidade e os quadriláteros representam

condições de contorno em tensão. Tais condições de contorno são fornecidas através da opção

Boundary->Null Velocity para condições de contorno em velocidade e Boundary->Prescribed

Stress para condições de contorno em tensão.

A aplicação desenvolvida fornece então ao usuário diversas outras informações como, por exemplo,

o número de nós na malha gerada e o número de elementos finitos utilizados.

Figura 4.32 Tipos de elementos finitos disponíveis no programa

Para realizar a análise plástica limite dentro do aplicativo gerado no presente trabalho, utiliza-se a

opção Run->Limit Analysis, que fornece a tela indicada na Figura 4.34, onde os parâmetros da

análise são configurados. É possível configurar várias opções de análise tais como: teorema da

análise limite adotado (limite inferior ou limite superior); forma de consideração do peso próprio

(fixo ou variável); programação matemática linear, devendo-se neste caso fornecer o número de

81

Page 102: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - · PDF filealternativa eficiente para se determinar a carga de colapso numericamente, em problemas de geotecnia. ... 3.2.6 CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB 31

planos adotados na linearização da superfície de ruptura, bem como se essa linearização será

realizada por dentro ou por fora da referida superfície, ou programação matemática não linear, caso

em que o usuário deverá escolher o algoritmo a ser utilizado, estando disponíveis o software

comercial LINGO ou um algoritmo implementado pelo autor, com base no trabalho de Herkovits

(1986).

Figura 4.33 Malha gerada com as condições de contorno

Na análise do talude da Figura 4.28, o software gerado encontrou um fator de ruptura de 1,76, ao

passo que, utilizando-se o software comercial Slope/W e o método de Bishop, o fator de segurança

encontrado foi de 1,78, ou seja, uma diferença de apenas 1,1%.

O mecanismo de ruptura pode ser visualizado utilizando-se o campo de velocidades para os nós da

malha, conforme apresentado na Figura 4.35, ou, alternativamente, através de uma interface

implementada utilizando-se a biblioteca OpenGL, como apresentado na Figura 4.36.

Vale ressaltar que todos os outros exemplos numéricos, a serem apresentados no Capítulo 5, foram

analisados pelo software gerado na presente dissertação, obtendo-se resultados compatíveis com os

fornecidos na literatura.

82

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Figura 4.34 Tela de configurações de parâmetros da análise

Figura 4.35 Mecanismo gerado plotando-se o campo de velocidades na ruptura

83

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Figura 4.36 Mecanismo plotado utilizando-se a biblioteca OpenGL

4.5 MÉTODOS DE SOLUÇÃO Os problemas de PL, associados aos teoremas estático e cinemático, foram resolvidos utilizando-se o

software comercial LINDO (Linear INteractive Discrete Optimizer) e MINOS (Murtagh & Saunders,

1987), considerando-se a representação poliédrica do critério de ruptura em hiperplanos. Para a solução

dos problemas de PNL, gerou-se, neste trabalho, um programa computacional baseado nos algorítmos

de Herskovits (1986) e Lyamin & Sloan (1997). Foram utilizados ainda, pontualmente em alguns

problemas, os softwares comerciais LINGO, MINOS e CFSQP. Estes últimos consistem em uma

implementação do algoritmo de programação matemática não linear factível denominado programação

quadrática seqüencial.

84

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4.5.1 OBTENÇÃO DA SOLUÇÃO INICIAL PARA O ALGORÍTMO DE HERSKOVITS-LYAMIN-SLOAN

O algoritmo desenvolvido por Herskovits (1986) e particularizado para a análise limite por Lyamin &

Sloan (1997) resolve problemas de programação não linear através de pontos interiores (pontos

factíveis). Assim, este algoritmo necessita como ponto de partida uma solução inicial factível.

Originalmente Lyamin & Sloan (1997) propõem uma forma de obter a solução inicial para o problema,

que leva à necessidade de solução de um problema de otimização com n+m (n é igual ao número de

variáveis do problema original; e m é igual ao número de restrições em desigualdade) variáveis para se

encontrar a solução factível inicial. Ao invés de utilizar a forma original da primeira etapa, do

algorítmo de Lyamin & Sloan (1997), propõe-se, na presente tese, tirar partido da mecânica do

problema , da forma descrita a seguir.

Sabendo-se que a solução do sistema

auLL λ=&)( T (4.1)

fornece uma solução de mínima norma euclidiana em equilíbrio com as cargas (Mello, 1980), utiliza-se

o seguinte algorítmo para encontrar uma solução factível inicial, em substituição à etapa 1 do algorítmo

de Lyamin & Sloan (1997):

início

Realize a fatoração LU de LLT

λ := 10

SoluçãoFactível := falso

Iteração := 1

MaxIteração := 50

enquanto ((λ > ZeroConsiderado) e (SoluçãoFactível=falso) e (Iteração<MaxIteração)) faça

encontre u utilizando a fatoração de LL& T e aλ

uLσ &T=:

se σ é factível com relação as condições de resistência então

SoluçãoFactível := verdadeiro

senão

85

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inicio senão

iteração:=iteração+1

λ:=10e2.iteracao

fim senão

fim se

fim enquanto

se SoluçãoFactível = falso então

mostre (Impossível encontrar solução factível inicial)

senão

λ e σ formam a solução factível inicial

fim se

fim

Observa-se que o algorítmo encontra uma solução factível inicial por meio da fatoração da matriz das

restrições em igualdade (condições de equilíbrio) e da multiplicação do vetor das cargas aplicadas por

um escalar λ, o qual vai sendo diminuído até que se encontre um valor para o mesmo que satisfaça as

condições de equilíbrio e resistência. O escalar λ assume um valor inicial de 10 e é decrementado

segundo um função exponencial. Esses parâmetros podem variar de acordo com a ordem de grandeza

da solução buscada. Vale ressaltar que a modificação adotada reduz muito o tempo computacional do

algorítmo original, tendo em vista que, ao invés de resolver um problema de otimização maior que o

original, faz-se apenas um única fatoração de matriz e durante as iterações realizam-se multiplicações

da matriz fatorada por um vetor (vetor de cargas das condições de equilíbrio)

86

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CAPÍTULO 5

APLICAÇÕES NUMÉRICAS

5.1 INTRODUÇÃO Apresentam-se a seguir um conjunto de resultados da aplicação das formulações apresentadas

para análise plástica limite em problemas geotécnicos, através dos teoremas dos limites inferior e

superior. Utiliza-se o método dos elementos finitos aplicado a um estado de deformação plana e o

critério de ruptura de Mohr-Coulomb. Adotam-se elementos finitos quadrilaterais de 4, 8, 9, 12,

17 e 16 nós e triangulares de 3, 6, 10 e 15 nós, ou seja, tanto elementos serendipity quanto

elementos lagrangeanos. Apresentam-se ainda os resultados fornecidos pelo elemento finito

híbrido de quatro nós.

Apresentam-se a seguir nove exemplos numéricos de aplicação das formulações apresentadas,

com a finalidade de demonstrar o funcionamento das mesmas em problemas de estabilidade em

solos. Em todos os exemplos, busca-se encontrar a carga de colapso do problema em questão.

Nos dois primeiros exemplos, investiga-se a forma do mecanismo de ruptura e o domínio do

problema semi-infinito que deve ser discretizado, utilizando-se na discretização do solo os

elementos finitos lineares T3 e Q4. Nos exemplos 3, 4 e 5, realizam-se ensaios numéricos com

elementos serendipity e lagrangeanos nos problemas de talude, fundação corrida e corte vertical.

Os exemplos 6 e 7 investigam a aplicação do elemento finito híbrido de quatro nós no problema

de estabilidade de fundação corrida e corte vertical. O exemplo 8 estuda um talude discretizado

com elementos finitos mistos e híbridos. No nono e último exemplo, realiza-se a comparação dos

resultados fornecidos pela análise limite, análise de equilíbrio limite e análise elastoplástica. Vale

ressaltar que os resultados apresentados nos exemplos que se seguem foram obtidos tanto pela

aplicação do teorema estático quanto do teorema cinemático.

87

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5.2 EXEMPLO 1 – FUNDAÇÃO CORRIDA DISCRETIZADA COM ELEMENTO

FINITO MISTO LAGRANGEANO DE 3 E 4 NÓS

Analisa-se o caso de uma fundação corrida superficial, assente em um solo com coesão c igual a

20kPa, peso específico γ igual a 17kN/m3 e ângulo de atrito interno φ assumindo os valores 0º, 15º

e 25º. Para φ igual a 0o, o limite superior e o limite inferior da carga de colapso podem ser

encontrados em Naylor et al. (1981). Para os demais valores de φ, as soluções de referência

utilizadas são cargas de colapso fornecidas por Chen (1975). Devido à existência de simetria

foram adotadas as discretizações, em metade do domínio, apresentadas nas Figuras 5.1 e 5.2.

Apresentam-se ainda na referida figura as condições de contorno adotadas. Vale ressaltar que o

domínio discretizado é fixado heuristicamente de tal forma que o mecanismo a ser encontrado

esteja contido no mesmo, obtendo-se velocidades nulas nos limites do domínio. Como estimativa

inicial o domínio pode ter dimensão horizontal igual a 2B e dimensão vertical igual a 1,5B, onde

B é a largura da fundação.

q q

(a) (b) (c)

Figura 5.1 Discretizações adotadas para elemento Q4: (a) Malha Q4/1 com 20 nós e 12

elementos; (b) Malha Q4/2 com 63 nós e 48 elementos; (c) Malha Q4/3 com 165 nós e 240

elementos

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q

q

(a) (b) (c)

Figura 5.2 Discretizações adotadas para elemento T3: (a) Malha T3/1 com 20 nós e 24

elementos; (b) Malha T3/2 com 63 nós e 96 elementos; e (c) Malha T3/3 com 165 nós e 280

elementos

A Tabela 5.1 apresenta os valores da carga de colapso qu para o caso de solo puramente coesivo,

obtidos tanto pela programação matemática linear quanto pela não linear. No caso da

programação linear, foram adotados linearizações externa e interna da superfície de ruptura.

Observa-se que, para as malhas mais discretizadas (malha 3), os valores fornecidos tanto pelo

elemento T3 quanto pelo elemento Q4 convergem praticamente para um mesmo valor, que é em

torno de 2% menor que o limite inferior.

Tabela 5.1 Carga de colapso (kN) para solos puramente coesivos Elemento/ PL – Número de Planos Linearização

Discretização 4 8 16 28 32 PNL Limites

Sup./Inf.

Q4 /1 131,3 112,69 108,78 107,66 107,49 107,18 102,8/100 Externa 92,84 104,12 106,69 106,98 106,97 Interna Q4 /2 113,21 102,78 99,99 99,34 99,28 97,86 Externa 80,05 94,96 98,07 98,72 98,80 Interna Q4/3 111,25 101,41 99,26 98,23 98,68 98,52 Externa 78,66 93,68 97,35 98,12 98,23 Interna T3/1 153,33 126,23 122,81 121,84 121,85 120,29 Externa 108,42 116,62 120,45 121,07 121,27 Interna T3/2 120,77 105,72 102,45 101,88 101,86 101,5 Externa 83,98 95,44 97,97 98,75 98,78 Interna T3/3 110,43 101,3 99,58 99,08 98,97 98,88 Externa 78,08 93,59 97,66 98,46 98,49 Interna

89

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Apresenta-se na Figura 5.3 um teste de convergência para a malha 3 do elemento Q4, no que diz

respeito ao número de planos adotados na linearização da superfície de ruptura. Observa-se que

para o caso da linearização externa a convergência se desenvolve por cima (trajetória

decrescente) e para o caso da linearização interna a convergência se desenvolve por baixo

(trajetória ascendente). Verifica-se que, para uma linearização com 28 planos, o uso da

programação matemática linear, tanto para a linearização interna quanto para a linearização

externa, já convergiu para o resultado fornecido pela programação matemática não linear (PNL).

Tendo em vista que os resultados em questão foram obtidos com o teorema do limite inferior é

mais conveniente a utilização da linearização interna do critério de ruptura pois a referida

linearização fornece, neste caso, resultados a favor da segurança.

70

80

90

100

110

120

0 5 10 15 20 25 30 35

Número de planos

Car

ga d

e co

laps

o (k

N)

Lin. ExternaLin. InternaPNLLimite SupeiorLimite Inferior

Figura 5.3 Convergência no número de planos (programação linear)

A Figura 5.4 mostra a convergência para as malhas 3 dos elementos T3 e Q4 para o caso de

linearização interna com 32 planos. Observa-se nesta figura que, embora o elemento Q4 forneça

resultados mais próximos da solução que o elemento T3 para malhas menos discretizadas, ao

final os dois elementos convergem praticamente para a mesma solução.

Apresentam-se na Tabela 5.2 os valores para a carga de colapso da fundação corrida assente em

um solo com a mesma coesão do caso anterior e com ângulos de atrito igual a 15o e 25o. A

solução de referência consiste em um limite superior fornecido por Chen (1975). No caso da

90

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programação linear, adota-se somente a linearização interna da superfície de ruptura. Vale

destacar que, para ângulo de atrito igual a 15o, o problema é relativamente bem comportado.

Contrariamente, para ângulo de atrito igual a 25o, ocorre uma maior variabilidade nos valores

encontrados para a carga de colapso.

95

100

105

110

115

120

125

0 25 50 75 100 125 150 17

Número de nós na malha

Car

ga d

e co

laps

o (k

N)

5

Q4T3Limite InferiorLimite Superior

Figura 5.4 Convergência dos elementos T3 e Q4 em relação ao número de nós na malha

Tabela 5.2 Carga de colapso (kN) para solos com coesão e ângulos de atrito

φ (ο) Discretização PL – Número de Planos

4 8 16 28 32

PNL Solução de

Referência

15 Q4/1 202,87 259,9 265,68 270,82 270,75 237,61

Q4/2 161,79 213,79 228,11 230,25 230,36 204,29

Q4/3 146,94 198,17 207,24 209,78 210,04 208,37 210

T3/1 229,2 259,14 270,29 273,35 273,22 240,4

T3/2 178,14 230,06 239,95 243,86 244,36 209,55

T3/3 148,68 210,12 223,71 226,47 227,15 206,15

25 Q4/1 324,37 475,03 516,49 526,37 528,74 495,43

Q4/2 262,16 401,28 424,65 433,52 433,73 525,21

Q4/3 228,67 339,64 354,85 362,94 363,94 370,28 500

T3/1 499,42 580,89 620,33 627,13 629,96 513,38

T3/2 314,99 435,94 484,97 494,22 494,5 394,01

T3/3 240,89 402,1 445,98 459,07 460,34 399,27

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Verifica-se que, para valores baixos do ângulo de atrito, as discretizações mais refinadas

fornecem bons valores para a carga de colapso, com um número relativamente pequeno de planos

utilizados na linearização do critério de ruptura. Contrariamente, para valores altos do ângulo de

atrito, é necessário utilizar-se um maior número de planos na citada linearização. Observa-se

ainda que, para discretizações pouco refinadas, o elemento quadrilateral fornece melhores

resultados do que o triangular, para um mesmo número de nós na malha. Vale ressaltar que para

ângulo de atrito igual a 25º o algoritmo de programação matemática não linear utilizada tem

dificuldades para obter a carga de colapso.

Apresentam-se na Figura 5.5 os mecanismos de ruptura obtidos utilizando-se as discretizações

Q4/2 e T3/2, e considerando o ângulo de atrito φ igual a 0o. Para a obtenção desses mecanismos,

utilizou-se tanto a PL, com o critério de ruptura linearizado em 32 planos, como a PNL.

Observa-se, nas referidas figuras, que os campos de velocidades obtidos possuem a mesma forma

dos apresentados em Chen (1975). Vale ressaltar, ainda, a boa concordância entre os mecanismos

obtidos e os fornecidos experimental e teoricamente por Terzaghi (1943) na teoria de capacidade

de carga de fundações superficiais. Observa-se ainda a similaridade entre os mecanismos obtidos

pela programação matemática linear e não linear, tanto com a utilização do elemento quadrilátero

quanto do elemento triangular.

(a) (b) (c) (d) Figura 5.5 Mecanismo de ruptura para φ igual a 0o: (a) : malha Q4/2 e PNL; (b) : malha Q4/2 e PL com 32 planos; (c) malha T3/2 e PNL; e (d) malha T3/2 e PL com 32 planos.

Apresentam-se na Figura 5.6 os mecanismos de ruptura para as discretizações Q4/2 e T3/2, e

ângulo de atrito igual a 15o. Novamente percebe-se a boa concordância com os mecanismos de

Chen (1975) tanto para o elemento triangular quando para o elemento quadrilateral. Comparando

92

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estes com os mecanimos apresentados para o caso φ = 0o, observa-se que os mecanismos são

maiores e mais profundos, como previsto pelas teorias de Rankine e de Terzaghi para capacidade

de carga.

(a) (b) (c) (d) Figura 5.6 Mecanismo de ruptura para φ igual a 15o: (a) : malha Q4/2 e PNL; (b) : malha Q4/2 e PL com 32 planos; (c) malha T3/2 e PNL; e (d) malha T3/2 e PL com 32 planos.

No sentido de se estudar a influência da colocação de apoios do 1o ou do 2o gênero na face direita

do domínio discretizado, determina-se em seguida a possível alteração sofrida pelo valor da carga

de ruptura ao se adotar apoios do 1o gênero. Os valores encontrados para a carga de ruptura,

utilizando-se as discretizações Q4/2 e T3/2, e a PL com 32 planos, podem ser vistos na Tabela

5.3. Vale ressaltar que estes valores foram determinados com linearização externa da superfície

de ruptura. Comparando os valores da Tabela 5.3 para apoios do 1o e 2o gênero, verifica-se que os

novos valores encontrados apresentam uma pequena variação de, no máximo, 3.4% em relação

aos anteriores, o que indica que as soluções apresentadas na Tabela 5.1 e 5.2 são praticamente

independentes das condições de contorno.

Tabela 5.3 Carga de colapso considerando-se apoio lateral do 1o e 2o gênero

Discretizações φ (o) Q4/2 T3/2

1o gênero 2o gênero 1o gênero 2o gênero 0 98,21 98,35 100,26 101,86

15 240,58 242,63 243,32 247,04 25 458,41 473,81 488,02 500,22

A Tabela 5.4 apresenta os valores da carga de colapso qu, obtidos com elementos quadrilaterais,

aumentando-se o domínio discretizado em 25% na direção horizontal. Observa-se que a adoção

desse novo domínio discretizado torna os valores obtidos para a carga de colapso ainda mais

independentes das condições de contorno adotadas.

93

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Tabela 5.4 Carga de colapso para aumento de 25% no domínio e apoios laterais do 1o ou 2o gênero.

φ (o) 1o gênero 2o gênero 0 98,17 98,16

15 240,21 239,79 25 457,23 453,96

94

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5.3 EXEMPLO 2 – ESTABILIDADE DE TALUDE DISCRETIZADO COM ELEMENTO FINITO MISTO LAGRANGEANO DE 3 E 4 NÓS

Analisa-se a estabilidade de um talude com inclinação de 45o, considerando-se um solo com

coesão c igual a 20kPa, peso específico γ igual a 17kN/m3 e ângulo de atrito interno φ assumindo

os valores 0º, 15º e 25º. A solução de referência utilizada consiste em um limite superior da carga

de colapso fornecida por Chen (1975), a mesma tendo sido determinada através de uma aplicação

analítica do teorema do limite superior da análise plástica limite. Adotam-se as discretizações em

elementos triangulares e quadrilaterais, apresentadas na Figura 5.7, e consideram-se as condições

de contorno indicadas.

(a) (b) (c) (d) Figura 5.7 Discretizações adotadas: (a) Malha Q4/1, 36 nós e 24 elementos; (b) Malha Q4/2, 119

nós e 96 elementos; (c) Malha T3/1, 36 nós e 44 elementos; e (d) Malha T3/2, 119 nós e 192

elementos.

A Tabela 5.5 apresenta os valores do fator de estabilidade Ns para os casos estudados, sendo Ns =

Hcγ/c, onde Hc é a altura crítica para estabilidade do talude. Verifica-se novamente que, para

valores baixos do ângulo de atrito, as discretizações mais refinadas fornecem bons valores para a

carga de colapso com um número relativamente pequeno de planos utilizados no critério de

95

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ruptura. Contrariamente, para valores altos do ângulo de atrito, é necessário utilizar-se um maior

número de planos na referida linearização.

Tabela 5.5 Fator de estabilidade Ns

PL - Número de Planos φ (ο) Discretização

4 8 16 28 32

PNL Solução de

Referência

Q4/1 6,49 5,49 5,36 5,32 5,32 6,21

Q4/2 6,35 5,47 5,33 5,29 5,29 5,28

T3/1 6,54 5,66 5,47 5,44 5,43 5,43

0

T3/2 6,52 5,58 5,43 5,40 5,40 5,42

5,53

Q4/1 19,13 13,20 12,50 12,36 12,38 13,42

Q4/2 17,44 12,78 12,23 12,08 12,07 12,03

T3/1 21,52 14,62 13,86 13,65 13,66 13,89

15

T3/2 18,02 1353 12,79 12,61 12,60 12,59

12,05

Q4/1 79,83 28,24 24,09 23,45 23,50 22,96

Q4/2 63,99 28,29 25,19 24,73 24,75 24,72

T3/1 107,64 33,73 28,65 28,32 28,08 27,25

25

T3/2 74,69 29,73 27,06 26,48 26,37 26,35

22,90

Apresentam-se na Figura 5.8 os mecanismos de ruptura correspondentes aos casos de ângulo de

atrito igual a 0o e 15o, respectivamente, obtidos através da PL e considerando-se a discretização

Q4/2. Observa-se nas referidas figuras a coerência entre os mecanismos encontrados pois, para φ

igual a 0o o mecanismo é bem mais profundo do que para φ igual a 15o (por exemplo, Fredlund,

1984).

(a) (b)

Figura 5.8 Mecanismos de ruptura: (a) Q4/2 e φ igual a 0º; e (b) Q4/2 e φ igual a 15º

96

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A Tabela 5.6 apresenta os valores do fator de estabilidade considerando-se que os apoios laterais sejam do 1o ou do 2 o gênero e utilizando-se a discretização Q4/2. Observa-se na referida tabela que os valores do fator de estabilidade são praticamente independentes do tipo de apoio lateral.

Tabela 5.6 Fator de estabilidade considerando-se apoios laterais do 1o ou 2o gênero.

φ (o) 1o gênero 2o gênero 0 5,14 5,29

15 12,07 12,07 25 24,75 24,74

97

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5.4 EXEMPLO 3 – ESTABILIDADE DE TALUDE DISCRETIZADO COM ELEMENTOS

FINITOS MISTOS LAGRANGEANOS E SERENDIPITY Neste exemplo desenvolve-se a análise de estabilidade de um talude com inclinação de 45o, em

um solo com coesão c igual a 20kPa, peso específico γ igual a 17kN/m3 e ângulo de atrito interno

φ assumindo os valores 0º e 25º. A solução de referência utilizada consiste em um limite superior

da carga de colapso fornecida por Chen (1975), a mesma tendo sido determinada através de uma

aplicação analítica do teorema do limite superior da análise plástica limite. Adotam-se as

discretizações em elementos triangulares de 3, 6, 10 e 15 nós; e quadrilaterais de 4, 8, 9, 12, 16 e

17 nós. A Figura 5.9 ilustra os referidos elementos e o posicionamento dos respectivos nós. Vale

ressaltar que os elementos quadriláteros de 8, 12 e 17 nós são do tipo serendipity e os demais são

Lagrangeanos.

(a) (b) (c) (d) (e)

(f) (g) (h) (i) (j)

Figura 5.9 Elementos finitos adotados no presente exemplo: (a) T3; (b) Q4; (c) T6; (d) Q8; (e) Q9; (f) T10; (g) Q12; (h) T15; (i) Q16; (j) Q17

As Figura 5.10 e 5.11 apresentam as malhas utilizadas para solo puramente coesivo e as Figura

5.12 e 5.13 para solo com coesão e ângulo de atrito. Procurou-se manter o número de nós na

malha em torno de 230, embora cada elemento obrigue a malha a possuir um determinado

número de nós. Vale ressaltar que todas as malhas apresentadas nas Figuras 5.10 e 5.11 são o

resultado final de testes de convergência realizados na presente pesquisa e, portanto, representam

uma otimização de forma heurística.

98

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(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

(g) (h)

Figura 5.10 Discretizações para solos puramente coesivos: (a) T3, 165 nós e 280 elmentos; (b) Q4, 165 nós e 280 elementos; (c) T6, 225 nós e 96 elementos; (d) Q8, 215 nós e 60 elementos;

(e) Q9, 225 nós e 48 elementos; (f) T10, 280 nós e 54 elementos; (g) Q12, 220 nós e 36 elementos; (h) T15, 225 nós e 24 elementos

99

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(i) (j)

Figura 5.11 Discretizações para solos puramente coesivos: (i) Q16, 280 nós e 27 elementos; e (j)

Q17, 265 nós e 27 elementos

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.12 Discretizações para solos com coesão e atrito: (a) T3, 319 nós e 560 elmentos; (b) Q4, 319 nós e 280 elementos; (c) T6, 319 nós e 140 elementos; (d) Q8, 317 nós e 90 elementos

100

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(e) (f)

(g) (h)

(i)

Figura 5.13 Discretizações para solos com coesão e atrito: (e) Q9, 319 nós e 70 elementos; (f)

T10, 310 nós e 60 elementos; (g) Q12, 312 nós e 52 elementos; (h) Q16, 310 nós e 30 elementos; e (i) Q17, 321 nós e 33 elementos

101

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As Tabelas 5.7 e 5.8 apresentam os valores para o fator de estabilidade Ns obtidos com a

utilização das discretizações apresentadas nas Figuras 5.10 e 5.11. Observa-se que tanto para o

caso de solo puramente coesivo quanto para solos com coesão e atrito os elementos lagrangeanos

(T3, T4, T6, Q9, T10 e Q16) fornecem boas respostas, muito próximas do limite superior, com

uma diferença máxima de –7,4% em relação à solução de referência.

Contrariamente, os elementos serendipity (Q8, Q12 e Q17) fornecem respostas bem maiores que

o limite superior com uma diferença mínima de 25,9%, indicando que tais elementos não

conseguem convergir para a resposta correta. O fato observado para solos puramente coesivos se

agrava no caso de solo com coesão e atrito. Entre os elementos serendipity a menor diferença

para a carga de colapso ocorre quando se utiliza o elemento Q8.

Tabela 5.7 Fator de estabilidade Ns para elementos lagrangeanos T3, Q4, T6, Q9, T10 e Q16

φ T3 dif.(%) Q4 dif.(%) T6 dif.(%) Q9 dif.(%) T10 dif.(%) Q16 dif.(%) Sol. Ref.

0o 5,1 -7,4 5,0 -8,6 5,3 -3,7 5,2 -4,9 5,2 -4,9 5,2 -4,9 5,5

25o 22,1 -3,6 22,4 -2,4 24,1 5,0 23,3 1,5 24,3 6,2 23,3 1,5 22,9

Tabela 5.8 Fator de estabilidade Ns para elementos serendipity Q8, Q12 e Q17

φ Q8 dif.(%) Q12 dif.(%) Q17 dif.(%) Sol. Ref.

0o 6,9 25,9 7,1 28,4 9,7 75,3 5,5

25o 41,5 81,0 48,3 111,0 83,0 262,0 22,9

102

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5.5 EXEMPLO 4 – FUNDAÇÃO CORRIDA DISCRETIZADA COM ELEMENTOS

FINITOS MISTOS LAGRANGEANOS E SERENDIPITY Com a finalidade de verificar novamente o comportamento dos elementos lagrangeanos e

serendipity analisa-se um exemplo de fundação corrida assente em solo puramente coesivo com

coesão c igual a 20kPa e peso específico γ igual a 17kN/m3, considerando-se os elementos T3,

Q4, T6, Q8, Q9, Q12 e Q16. A solução de referência é a carga de colapso fornecida por Chen

(1975). A Figura 5.14 apresenta a malha de elementos finitos adotada para o elemento finito

lagrangeano de dezesseis nós e a Figura 5.15 mostra a discretização utilizada para o elemento

finito serendipity de dezessete nós.

Figura 5.14 Discretização da fundação corrida em elementos finitos lagrangeanos de dezesseis

nós

103

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Figura 5.15 Discretização da fundação corrida em elementos finitos serendipity de doze nós

A Tabela 5.9 apresenta os resultados para a carga de colapso na fundação corrida. Observa-se que

novamente os elementos serendipity não conseguem atingir a convergência para o limite superior,

com uma diferença que chega a +21,1% no elemento Q12. No caso dos lagrangeanos, todos os

elementos estudados neste exemplo fornecem soluções próximas ao limite superior, com uma

diferença máxima de -6,9% no caso do elemento Q16.

104

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Tabela 5.9 Carga de colapso para o caso da fundação corrida nós Elemento

elementos Carga (kN)

Limite Superior

dif. (%)

165 T3 280 98,49 -4,2

165 Q4 140 98,23 -4,4

165 T6 70 98,73 -4,0

165 Q9 35 96,43 -6,2

160

lagrangeanos

Q16 15 95,7 -6,9

130 Q8 35 122,59 19,3

100

serendipity

Q12 15 124,44

102,8

21,1

105

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5.6 EXEMPLO 5 – CORTE VERTICAL DISCRETIZADO COM ELEMENTOS FINITOS

MISTOS LAGRANGEANOS E SERENDIPITY

Neste exemplo, o comportamento dos elementos finitos lagrangeanos e serendipity é estudado

considerando-se um corte vertical com 5m de altura em um solo com peso específico γ igual a

17kN/m3, coesão c igual a 30kPa e ângulo de atrito interno φ assumindo os valores 0º e 20º.

Empregam-se os elementos Q8, Q9, T10, Q12 e Q16. A solução de referência utilizada consiste

em um limite superior fornecido por Chen (1975) para a altura crítica do corte. A Figura 5.16

mostra a discretização adotada para o elemento finito de lagrangeano de nove nós.

Figura 5.16 Discretização do corte vertical em elementos finitos Lagrangeanos de nove nós

Na Tabela 5.10 são apresentados os valores do fator de carga de colapso no caso de solo

puramente coesivo. É possível inferir da referida tabela que os elementos lagrangeanos fornecem

106

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resultados bem próximos do limite superior e sempre com valores inferiores ao referido limite. Já

os elementos serendipity fornecem respostas mais distantes e superiores ao valor da solução de

referência.

Tabela 5.10 Fator de carga de colapso para corte vertical em solo puramente coesivo

nós Elemento elementos

Altura crítica (m)

Limite Superior Dif. (%)

341 Q9 75 1,25 -7,4

595 Q10 120 1,28 -5,2

595

Lagrangeanos

Q16 60

1,27 -5,9

266 Q8 75 1,49 10,4

436

serendipity

Q12 72 1,65

1,35

22,2

A Tabela 5.11 apresenta os resultados do fator de carga de colapso para corte vertical em solos

com coesão e atrito. Verifica-se que neste caso os elementos serendipity fornecem respostas

ainda piores que as apresentadas na Tabela 5.10 para o caso de solo puramente coesivo. Enquanto

que para solos puramente coesivos a máxima diferença era de +22,2% para o elemento Q12, para

solo coesão e atrito a maior diferença sobe para +67,4% para o mesmo elemento Q12. Já os

elementos lagrangeanos novamente fornecem bons resultados, com uma diferença máxima de -

6,7% para solos com coesão e atrito.

Tabela 5.11 Fator de carga de colapso para solo com coesão e atrito

nós Elemento elementos

Altura crítica

Limite Superior dif. (%)

341 Q9 75 1,9 -1,6

595 Q10 120 1,8 -6,7

595

Lagrangeanos

Q16 60 1,93 0,0

266 Q8 75 2,39 23,8

436

Serendipity

Q12 72 3,23

1,93

67,4

107

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5.7 EXEMPLO 6 – FUNDAÇÃO CORRIDA DISCRETIZADA COM ELEMENTO FINITO HÍBRIDO DE 4 NÓS Estuda-se novamente a fundação corrida do Exemplo 1, em solo puramente coesivo com coesão c

igual a 20Kpa e peso específico γ igual a 17KN/m3. A Figura 5.17 apresenta as malhas

analisadas e respectivas condições de contorno, considerando-se no presente exemplo o elemento

finito híbrido de quatro nós.

q qq

q q q

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Figure 5.17 Discretizações adotadas para o elemento híbrido de quatro nós (Q4): (a) Malha

Q4/1 com 20 nós e 12 elementos; (b) malha Q4/2 com 63 nós e 48 elementos; (c) malha Q4/3

com 99 nós e 80 elementos; (d) malha Q4/4 com 165 nós e 140 elementos; (e) malha Q4/5 com

221 nós e 192 elementos; (f) malha Q4/6 com 825 nós e 768 elementos.

A Tabela 5.12 apresenta os valores da carga de colapso obtidos para as seis malhas analisadas e

linearizações da superfícies de ruptura em 4, 8, 16 e 28 planos. Os resultados para o elemento

misto analisados nos exemplos de 1 a 4, também são apresentados. Observa-se que os resultados

obtidos com o elemento híbrido em questão estão muito próximos dos resultados fornecidos pelo

elemento misto. Adicionalmente, comparando-se a solução obtida com o elemento híbrido, para a

108

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malha Q4/6 e a linearização em 28 planos, com o limite superior λ igual a 102,80, fornecido em

Naylor et al. (1981), é possível notar que a diferença é de apenas 0,5%.

Tabela 5.12 Carga de colapso para a fundação corrida discretizada com elemento finito híbrido

Híbrido Misto Híbrido Misto Híbrido Misto Híbrido Misto

Q4/1 20 12 99,24 95,98 103,78 106,54 108,29 108,57 109,39 108,72 Q4/2 63 48 87,34 82,69 100,34 97,07 103,18 99,80 104,05 100,24 Q4/3 99 80 86,25 80,84 99,08 96,17 102,69 98,71 103,12 99,27 Q4/4 165 140 86,12 81,32 98,73 96,12 102,44 99,81 103,19 100,4 Q4/5 221 192 85,88 81,11 98,63 95,91 102,38 99,44 103,10 99,98 Q4/6 825 768 83,73 80,65 98,18 95,92 101,43 99,36 102,21 99,97

28 Planos Malha NN NE 4 Planos 8 Planos 16 Planos

A Figura 5.18 apresenta a carga de colapso para o elemento finito híbrido com as discretizações

Q4/1, Q4/2 e Q4/3, considerando-se diferentes linearizações para o critério de ruptura.

Apresentam-se ainda os limites superior e inferior para a carga de colapso plástico (Naylor et

al.,1981). Observa-se que os resultados para a malha Q4/3, com linearizações em 16 planos ou

mais, já fornece resultados bastante satisfatórios do ponto de vista prático.

75 80 85 90 95

100 105 110

0 5 10 15 20 25 30 Número de Planos

Carg

a de

Col

apso

Q4/1 - Híbrido Q4/2 - Híbrido Q4/3 - Híbrido Limite Inferior Limite Superior

Figura 5.18 Teste de convergência para as malhas Q4/1, Q4/2 e Q4/3 usando elemento finito

híbrido.

109

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A Figura 5.19 compara os resultados dos elementos finitos híbrido e misto, para a linearização

em 28 planos, com os limites superior e inferior da solução de referência. É possível notar na

referida figura que a diferença obtida entre os elementos finitos híbrido e misto, para a malha

Q4/6, é de apenas 2,3%.

95,00 97,00 99,00

101,00 103,00 105,00 107,00 109,00 111,00

20 63 99 165 221 825 NÚMERO DE NÓS

CARG

A DE

CO

LAPS

O

Híbrido Misto Limite Inferior Limite Superior

Figura 5.19 Comparação dos elementos finitos híbrido e misto.

110

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5.8 EXEMPLO 7 – ESTABILIDADE DE CORTE VERTICAL DISCRETIZADO COM ELEMENTO FINITO HÍBRIDO DE 4 NÓS Estuda-se novamente a estabilidade do corte vertical apresentado no Exemplo 5, com 5m de

altura, localizado em um solo com coesão c igual a 30KPa, peso específico γ igual a 17KN/m3 e

ângulo de atrito interno φ assumindo os valores 0° e 20°. As soluções de referência utilizadas

consistem em limites superiores fornecidos em Chen (1975).

Discretiza-se o domínio com elementos finitos híbridos de quatro nós utilizando-se diversas

malhas para se modelar o problema e avaliar a convergência da solução. Na Figura 5.20 mostra-

se uma malha gerada pelo programa desenvolvido na presente tese e apresentado no capítulo 4,

utilizado-se 96 nós e 75 elementos para a discretização do corte vertical.

Figura 5.20 Discretização do corte vertical em elementos híbridos de quatro nós: Malha com 96

Nós e 75 Elementos.

111

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A Tabela 5.13 apresenta os valores para o fator de carga de colapso do corte vertical em solo

puramente coesivo, para diversas malhas, considerando-se linearizações do critério de ruptura em

10 e 16 planos. Observa-se que a máxima diferença existente, quando se comparam os resultados

obtidos por meio das linearizações em 10 e 16 planos, é de apenas 2% para a malha com 65 nós e

48 elementos. Conclui-se ainda que tanto a linearização em 10 planos quanto a linearização em

16 planos fornece resultados convergentes para a solução de referência, que é igual a λ igual a

1,35 (Chen, 1975), com diferença em torno de 1,5%.

Tabela 5.13 Fator de carga de colapso para corte vertical discretizado

com elemento híbrido

NN NE 10 PLANOS

Diferença (%)

16 PLANOS

Diferença (%)

21 12 1,60 18,5 1,63 20,7 40 27 1,50 18,5 1,53 13,3 65 48 1,45 7,4 1,48 9,6 96 75 1,43 5,9 1,44 6,7 133 108 1,41 4,4 1,42 5,2 147 120 1,4 3,7 1,41 4,4 200 168 1,38 2,2 1,40 3.3 481 432 1.35 0.0 1,37 1.5

A Figura 5.21 apresenta graficamente os valores do fator de carga de colapso listados na Tabela

5.13, dando ênfase à convergência em função do número de planos utilizados na linearização da

superfície de ruptura, com relação às malhas utilizadas na modelagem do problema.

1,30

1,35

1,40

1,45

1,50

1,55

1,60

1,65

0 100 200 300 400 500 600

Número de Nós

Fato

r de

Car

ga d

e C

olap

so

10 Planos16 PlanosChen (1975)

Figura 5.21 Teste de Convergência para as malhas em função do número de planos na

linearização da superfície de ruptura.

112

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A Tabela 5.14 fornece o fator de carga de colapso para solo com coesão e atrito (φ =20o). É

possível notar que neste caso o número de planos usado no para linearizar o critério de ruptura

tem mais influência que no caso de fundação corrida, estudado no Exemplo 6. A diferença entre a

solução de referência (λ=1.93) e a carga de colapso obtida para a malha mais discretizada e

linearização em 16 planos é da ordem de 7%. É possível concluir que neste caso são necessárias

malhas mais refinadas para produzir melhores resultados.

Tabela 5.14 Fator de carga de colapso para corte vertical em solo com coesão e atrito (φ=20°)

discretizado com elemento finito híbrido. NN NE 10 PLANOS DIFERENÇA (%) 16 PLANOS DIFERENÇA (%) 21 12 2,84 47,20 3,04 57,50 40 27 2,60 34,70 2,66 37,80 65 48 2,38 23,30 2,46 27,50 96 75 2,28 18,10 2,33 20,70 133 108 2,17 12,40 2,24 16,10 147 120 2,24 16,10 2,30 19,20 200 168 2,03 5,20 2,07 7,20 481 432 2,01 4,10 2,05 6,20

113

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5.9 EXEMPLO 8 – ESTABILIDADE DE TALUDE COM ELEMENTOS FINITOS

MISTOS E HÍBRIDOS

Neste exemplo desenvolve-se a análise de dois taludes, um com altura h igual a 5m e outro com h igual a 10 m, os dois com inclinação de 45o. O material que constitui o talude é admitido como sendo homogêneo e seco. São adotadas as seguintes propriedades: coesão c igual a 50 kPa; e peso específico γ igual a 18,0 kN/m3. A Figura 5.22 apresenta a discretização adotada para o talude com altura igual a 10m.

Figura 5.22 Malha adotada para o talude com altura igual a 10 m: discretização com 286 nós e

250 elementos

A Tabela 5.15 mostra os valores do fator de carga de colapso para os casos estudados. A análise

dos valores apresentados na referida tabela mostra que, no caso do talude com altura igual a 5m, a

diferença entre os valores obtidos para o fator de carga, utilizando-se os elementos misto e

híbrido é de 3%, enquanto que no talude com altura de 10m essa diferença sobe para 5 %. Os

resultados obtidos tanto com o elemento misto quanto com o elemento híbrido, para as malhas

adotadas, são portanto de validade prática.

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Tabela 5.15 Fator de carga de colapso dos taludes

h = 5 m h = 10 m

Híbrido Misto Híbrido Misto

3,00 2,91 1,50 1,45

A Figura 5.23 mostra o mecanismo de ruptura para o talude com altura de 10m, discretizado tanto

com elemento misto como com elemento híbrido.

Figura 5.23 Mecanismo de ruptura para talude com altura igual a 10m

115

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5.10 EXEMPLO 9 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE ESTABILIDADE DE

TALUDES OBTIDOS COM ANÁLISE LIMITE, ANÁLISE ELASTOPLÁSTICA E

ANÁLISE DE EQUILÍBRIO LIMITE

A fim de comparar as diversas opções de cálculo de fator de segurança, tomou-se quatro configurações de talude: dois taludes com 5 m de altura e inclinações 1V:1H e 1V:2H e dois com 10 m de altura e inclinações 1V:1H e 1V:2H. O material foi admitido homogêneo e seco, com coesão c igual a 50 kPa e peso específico do solo γ igual a 18,0 kN/m3.

Para as análises pelo método de equilíbrio limite convencional fez-se uso do Programa SLOPE/W (Geo-Slope, 1995a). Tomou-se como base de comparação o Fator de Segurança do Método de Morgenstern-Price (FM-P). Adotaram-se superfícies de ruptura circulares para as quais o programa SLOPE/W procura automaticamente a superfície crítica. O programa também fornece os valores de fator de segurança pelo Método Ordinário de Fellenius (FFel), Método de Bishop (FBis) e Método de Janbu (FJan). Na análise elastoplástica com elementos finitos utilizou-se o programa PLAXIS com um modelo elastoplástico do tipo Mohr-Coulomb e lei de fluxo associada. O programa varia automaticamente o fator de redução (FR) da coesão c até não atender mais às condições de convergência. Para o problema de Análise Plástica Limite, utilizou-se o elemento finito misto e o PL associado ao teorema do limite inferior, com uma linearização interna do critério de Mohr-Coulomb em 16 planos. A Tabela 5.16 apresenta os resultados obtidos nas análises realizadas. Conclui-se que os

resultados obtidos estão todos muito próximos, com uma diferença máxima de 8,3 %. A

comparação dos resultados fornecidos pela análise limite e por equilíbrio limite, mostra que os

valores fornecidos por equilíbrio limite são em geral superiores aos valores fornecidos pela

análise limite. Isto decorre do fato de que na verdade as soluções de equilíbrio limite não são nem

limites inferiores nem limites superiores da carga de colapso. Quando se compara a análise

plástica limite com as outras análises, observa-se que, de modo geral, a maior proximidade

existente é com a análise elastoplástica, com uma diferença máxima de 4,2%. Verificando-se

ainda que os resultados elastoplásticos são ligeiramente inferiores aos valores fornecidos pela

análise limite, isto confirma as observações de Farias & Naylor (1998), que afirmam: na análise

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elastoplástica muitos programas de elementos finitos apresentam dificuldades quando a carga está

muito próxima da carga de ruptura. A menor diferença entre os diversos métodos ocorre no

talude com altura h igual a 10m e inclinação 1V:2H.

As Figuras 5.24, 5.25 e 5.26 apresentam os mecanismo de ruptura para as análises de equilíbrio

limite (M-P), elastoplástica e plástica limite, respectivamente, no caso de talude com altura igual

a 5m e inclinação 1V:2H. Observa-se que em todos os casos os mecanismos de ruptura estão

muito próximos.

Tabela 5.16 Resumo dos resultados encontrados no Exemplo 10 ALTURA h = 5m ALTURA h = 10m

MÉTODO 1V:1H 1V:2H 1V:1H 1V:2H

FFel 3,130 3,210 1,564 1,607 FBis 3,130 3,210 1,564 1,607 FJan 3,073 3,060 1,533 1,547 Equilíbrio Limite

FM-P 3,133 3,210 1,570 1,608 Análise Elastoplástica FR 2,892 3,009 1,449 1,504 Análise Plástica Limite λ 2,91 3,13 1,45 1,57

Figura 5.24 Mecanismos de ruptura por equilíbrio limite

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Figura 5.25 Mecanismos de ruptura obtido com a análise elastoplástica

Figura 5.26 Mecanismo de ruptura obtido com a análise plástica limit

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CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES

6.1 CONCLUSÕES

Foram gerados os problemas de programação matemática associados aos critérios estático e

cinemático da análise plástica limite, considerando-se tanto a programação matemática linear, por

meio de uma representação poliédrica do critério de ruptura de Mohr-Coulomb, quanto a

programação matemática não linear, utilizando-se o referido critério de ruptura em sua forma

original.

Estudaram-se diversos elementos finitos mistos lagrangeanos e serendipity, que podem ser

divididos em quadriláteros de quatro, oito, nove, doze, dezesseis e dezessete nós; e triangulares de

três, seis e dez nós. A formulação matemática do elemento finito híbrido de quatro nós foi

implementada e exemplos numéricos utilizando esta formulação foram estudados. Desenvolveu-se

ainda, por meio de exemplos numéricos, um estudo comparativo de elementos mistos e híbridos.

O software gerado no presente trabalho permite a execução da análise plástica limite mais

facilmente, do ponto de vista de geração de malhas, alteração das propriedades do solo e

visualização dos resultados. Seguindo os conceitos do ambiente gráfico do sistema operacional

Windows, qualquer usuário com um mínimo de competência e habilidade em elementos finitos

pode utilizar o programa para realizar análises limites, tanto do ponto de vista de pesquisa quanto

para fins de projeto de obras geotécnicas.

A modificação proposta na presente tese, em substituição ao primeiro estágio do algoritmo de

Herskovits-Lyamin-Sloan, permite a obtenção, a um custo computacional menor, da solução

factível inicial necessária ao algoritmo de programação matemática não linear de Herskovits-

Lyamin-Sloan. Vale ressaltar que, no trabalho original de Lyamin & Sloan (1997), a solução inicial

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é obtida resolvendo-se, no primeiro estágio, um problema de programação matemática maior que o

problema original.

Em todos os casos analisados, o domínio foi escolhido de modo que as respostas encontradas não

sofressem influência das condições de contorno adotadas. Para tal o mecanismo de ruptura deve

estar contido no domínio discretizado. Conseqüentemente, as respostas independem da adoção de

apoios de 1o ou de 2o gênero nas faces laterais do domínio. Esta constatação é de grande utilidade

para a adoção da análise plástica limite em projetos de obras de terra, tendo em vista que a

aplicação prática da análise plástica limite com elementos finitos depende da garantia de

convergência das malhas adotadas.

Nos exemplos estudados observou-se que os resultados obtidos tanto para a representação poliédria

inscrita quanto para a representação poliédrica circunscrita da superfície de ruptura convergem para

os resultados obtidos com o critério de ruptura original através da programação matemática não-

linear. Adicionalmente, verificou-se que tanto a PL quanto a PNL fornecem respostas equivalentes

para a carga de colapso, fator de estabilidade e mecanismo de ruptura, quando um número

suficiente de planos é assumido na PL. No caso da utilização da PL, observou-se não ser necessária

a adoção de um número grande de planos na linearização da superfície de ruptura para a obtenção

de bons resultados.

Em todos os exemplos estudados, os elementos finitos lagrangeanos adotados apresentaram

desempenho satisfatório. Contrariamente, os elementos finitos serendipity não funcionaram bem em

nenhum exemplo estudado no presente trabalho, fornecendo sempre respostas maiores do que as

soluções de referência. Este fato sugere a existência de algum tipo de bloqueio (“sobre rigidez”) nos

elementos serendipity quando aplicados à análise limite de problemas geotécnicos.

No caso do solo com ângulo de atrito mais elevado, as respostas fornecidas tanto pela PL quanto

pela PNL, no caso da fundação corrida, não foram tão boas quanto as encontradas para solos com

ângulos de atrito menores. Adicionalmente, é necessário adotar-se um número maior de planos na

linearização, quando o ângulo de atrito é elevado.

Em todos os exemplos analisados tanto os elementos finitos híbridos quanto os elementos finitos

mistos fornecem soluções compatíveis e muito próximas. Vale ressaltar que em todos os casos

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estudados as respostas fornecidas pelos elementos híbridos são maiores que as respostas fornecidas

pelos elementos finitos mistos. Adicionalmente os sistemas governantes gerados pelos problemas

discretizados com elementos finitos híbridos são maiores que os sistemas governantes fornecidos

pelas malhas geradas a partir de elementos mistos. Isto se deve ao fato de que nos elementos mistos

o controle das condições de resistência ou fluxo plástico é realizado nos nós da malha gerada, ao

passo que quando se utiliza elementos finitos híbridos este controle é realizados nos pontos de

Gauss do elemento.

O presente trabalho advoga a utilização do critério estático da Análise Plástica Limite, ao invés de

um Método de Equilíbrio Limite, para a obtenção do fator de segurança a ser utilizado em uma

análise de risco em problemas geotécnicos. Esta sugestão se baseia no fato de que a aplicação do

teorema do limite inferior da Análise Limite conduz a uma carga de ruptura menor ou igual à carga

de colapso, sendo garantidamente uma solução a favor da segurança. Ao passo que a solução obtida

por métodos convencionais depende da eficiência dos algorítmos de busca da superfície crítica, não

sendo raras às vezes em que a superfície correspondente ao valor mínimo do Fator de Segurança

não é encontrada.

A combinação do Método dos Elementos Finitos, da Análise Plástica Limite e da Programação

Matemática possibilita um tratamento numérico e simples do problema, podendo-se considerar

critérios de ruptura não lineares e problemas geotécnicos com características mais gerais do que as

normalmente apresentadas na literatura; adicionalmente, não é necessário conhecer a priori nem a

forma nem a localização precisa da superfície de ruptura.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestões para trabalhos futuros, os estudos realizados na tese de doutoramento em questão,

permitem propor os seguintes tópicos:

• Desenvolver estudos numéricos com o objetivo de fornecer uma consistência prática à

análise limite, tendo em vista a utilização da referida análise como um instrumento do dia a

dia do engenheiro projetista de obras geotécnicas. A consistência citada passa pela análise

dos problemas geotécnicos onde o método de análise limite é aplicado e em quais condições.

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Vale ressaltar que este tipo de estudo assemelha-se ao que foi feito por Fredlund com o

método de equilíbrio limite (por exemplo, Fredlund & Krahn, 1977; Fredlund, 1984);

• Aplicação da análise limite em problemas geotécnicos que tratam solos reforçados;

• Estudo dos elementos finitos híbrios, com o foco da redução do sistema governantes por

meio da transferência dos pontos de controle dos pontos de Gauss para os nós da malha

gerada.

• Utilização de plasticidade não associada empregando duas superfícies, uma para o critério

de ruptura e outra para as leis de fluxo plástico.

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