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ANÁLISE DA QUALIDADE DO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS EM NATAL/RN SOB A ÓTICA DOS ESTUDANTES DO CT UFRN CAMPUS CENTRAL PAULA KALYNE SILVEIRA SOUZA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (MODALIDADE - MONOGRAFIA) NATAL-RN 2016 U F R N

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ANÁLISE DA QUALIDADE DO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO POR

ÔNIBUS EM NATAL/RN SOB A ÓTICA DOS ESTUDANTES DO CT – UFRN

CAMPUS CENTRAL

PAULA KALYNE SILVEIRA SOUZA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(MODALIDADE - MONOGRAFIA)

NATAL-RN

2016

U F R N

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

PAULA KALYNE SILVEIRA SOUZA

ANÁLISE DA QUALIDADE DO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS

EM NATAL/RN SOB A ÓTICA DOS ESTUDANTES DO CT – UFRN CAMPUS

CENTRAL

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade

Monografia, submetido ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do Título de

Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Alessandro Pinheiro

da Câmara de Queiroz.

Coorientadora: Profª. Mª. Fernanda Karolline

de Medeiros.

NATAL/RN, 06 DE JUNHO DE 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DA QUALIDADE DO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS

EM NATAL/RN SOB A ÓTICA DOS ESTUDANTES DO CT – UFRN CAMPUS

CENTRAL

PAULA KALYNE SILVEIRA SOUZA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO NA MODALIDADE MONOGRAFIA,

SUBMETIDO AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL

EM ENGENHARIA CIVIL.

APROVADO POR:

___________________________________________________

PROF. LUIZ ALESSANDRO P. DA C. DE QUEIROZ, D.Sc. (UFRN)

(ORIENTADOR)

___________________________________________________

PROFª. FERNANDA KAROLLINE DE MEDEIROS, Mª.Sc. (UFRN)

(COORIENTADORA)

___________________________________________________

PROF. ENILSON MEDEIROS DOS SANTOS, D.Sc. (UFRN)

(EXAMINADOR INTERNO)

___________________________________________________

PROFª. SARAH ARAÚJO COSTA, Mª.SC. (IFRN)

(EXAMINADOR EXTERNO)

NATAL/RN, 06 DE JUNHO DE 2016

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, irmão e namorado. .

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por nunca ter me faltado, por ter me amparado nos momentos difíceis e por

colocar em meu caminho as pessoas certas, para que juntos chegássemos aqui e para que

juntos possamos ainda avançar. A Ele toda honra e toda glória.

Aos meus pais, Antônio Evandi de Souza e Tânia Maria da Silveira Souza, por dedicarem

suas vidas à minha, por todo o amor e suporte, por todas as vitórias comemoradas juntos e por

todas que ainda virão.

Ao meu irmão, Pedro Paulo Silveira Souza, que por vezes assumiu papel de pai, por toda a

inspiração e por tornar esse caminho mais fácil de ser percorrido.

Ao meu namorado, Narcísio Jr., por toda a compreensão, carinho, companheirismo, amor e

amizade, por ter paciência e me ajudar durante todo o percurso.

Aos familiares em geral, pelo apoio, por acreditarem no meu potencial e por manter a família

unida nos momentos delicados.

Aos meus amigos, que tornaram a jornada muito mais prazerosa, por serem minha família

escolhida.

Ao meu orientador Luiz Alessandro e à coorientadora Fernanda Karolline, por me guiarem na

realização desse trabalho e pela contribuição para a profissional que me tornei.

Ao Laboratório de Estatística Aplicada (LEA) da UFRN pela consultoria prestada.

A todos os professores que me guiaram até aqui por me proporcionarem conhecimento e

educação.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização desse trabalho e conclusão de

mais uma etapa.

Paula Kalyne Silveira Souza

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RESUMO

ANÁLISE DA QUALIDADE DO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO POR

ÔNIBUS EM NATAL/RN SOB A ÓTICA DOS ESTUDANTES DO CT – UFRN

CAMPUS CENTRAL.

Autor: Paula Kalyne Silveira Souza

Orientador: Dr. Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de Queiroz

Coorientadora: Mª. Fernanda Karolline de Medeiros

Departamento de Engenharia Civil - UFRN

Natal, Junho de 2016.

Este trabalho avalia a qualidade do transporte público urbano por ônibus da cidade de Natal,

sob a ótica da classe estudantil pertencente ao Centro de Tecnologia da UFRN Campus

Central. A metodologia permite avaliar a importância e o desempenho de indicadores de

qualidade considerando padrões desenvolvidos por Ferraz e Torres (2004) através de uma

pesquisa de opinião com aplicação de questionários formulados por Rodrigues (2006), além

de coletar sugestões de soluções que ajudem a melhorar a qualidade geral do sistema. De

acordo com a análise dos resultados obtidos, foi possível promover a discussão sobre os

aspectos positivos e negativos do sistema em questão, sobretudo nos indicadores

determinantes, e sugerir melhorias, oferecendo prioridade as de baixo custo e que possam ser

aplicadas a curto prazo, como: implantação de abrigos nos pontos de paradas corretamente

sinalizadas, regularização das vias, disponibilizar linhas e itinerários nas paradas, e aumento

da frota em horários de pico a fim de reduzir o intervalo entre atendimentos.

Palavras-chave: Qualidade. Transporte Público Urbano. Ônibus. Pesquisa de opinião.

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ABSTRACT

Title: AN ANALYSIS OF QUALITY IN THE PUBLIC TRANSPORTATION SYSTEM

BY BUS FROM THE CITY OF NATAL/RN THROUGH THE OPINION OF

STUDENTS FROM THE TECHNOLOGY CENTER – UFRN CENTRAL CAMPUS.

Author: Paula Kalyne Silveira Souza.

Supervisor: Dr. Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de Queiroz

Joint Supervisor: Mª. Fernanda Karolline de Medeiros

Department of Civil Engineering, Federal University of Rio Grande do Norte, Brazil

Natal, June 2016

This research program investigates the level of quality in the public transportation system by

bus from city of Natal through the opinion of students from the Center of Technology - UFRN

Central Campus. The applied methodology allows evaluate the weights and the performance

of the level of the service indicators defined by Ferraz and Torres (2004), through the opinion

poll represented by a questionnaire model developed by Rodrigues (2006), besides collecting

suggestions for the system improvement. The analysis of results provided elements to identify

and discuss the positive and negative aspects of the public transport by bus in this city, mainly

on the determining indicators, according with the opinion of the interviewed, and suggesting

low-cost solutions that can be applied to short-term, those are summarized as follow:

installation of more bus shelters correctly fagged, pavement regularization, up-to-date posting

of transit routes and schedules at bus stops, and more bus operating in peak periods in order to

reduce the bus headways.

Keywords: Quality. Urban public transportation. Bus. Opinion poll.

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ÍNDICE GERAL

CAPÍTULO PÁGINA

1 - INTRODUÇÃO 13

1.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 13

1.2 - OBJETIVOS

1.2.1 – GERAIS

1.2.2 - ESPECÍFICOS

16

16

16

1.3 - JUSTIFICATIVA 16

1.4 - LIMITAÇÕES DO TRABALHO 18

1.5 - ESTRUTURA DO TRABALHO 18

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19

2.1 - CONCEITO DE QUALIDADE 19

2.2 - FERRAMENTAS DE INCENTIVO À QUALIDADE 23

2.3 - CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS 24

2.4 - QUALIDADE NO TRANSPORTE 25

2.5 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE 28

2.6 - PADRÕES DE QUALIDADE 32

2.7 - PESQUISAS DE OPINIÃO 34

2.8 - SISTEMA DE TRANSPORTE URBANO NO BRASIL 35

2.8.1 - MODO ÔNIBUS 42

2.9 - SISTEMA DE TRANSPORTE DA CIDADE DE NATAL-RN 43

3 - METODOLOGIA DESENVOLVIDA NA PESQUISA 46

3.1 - CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS 46

3.2 - DETERMINAÇÃO DA AMOSTRA TRABALHADA 50

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES 54

4.1 - GRAU DE IMPORTÂNCIA 54

4.2 - GRAU DE SATISFAÇÃO 60

4.3 - NOTA FINAL 65

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CAPÍTULO PÁGINA

4.4 - SUGESTÕES 67

4.5 - CONCLUSÕES 70

5 - ANÁLISE DE RESULTADOS E PROPOSTAS DE MELHORIAS 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 73

APÊNDICES 75

ANEXOS 83

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA PÁGINA

1 - Ocupação do solo: comparação entre automóveis, ônibus e bicicletas 14

2 - Círculo Vicioso do Transporte 15

3 - Revolta do busão em Natal 17

4 - Parâmetros do Serviço Adequado 25

5 - Extensão da malha rodoviária no Brasil 36

6 - Extensão da malha ferroviária no Brasil 36

7 - Frota total no transporte coletivo (mil veículos) 37

8 - Viagens por ano por modo de transporte (em bilhões) 37

9 - Divisão modal no Brasil 38

10 - Evolução da divisão modal de 2003 a 2013 38

11 - Composição de custos para transporte coletivo (TC) e individual (TI) 39

12 - Informativo de acidentes de 2007 a 2014 39

13 - Custos de acidentes nas rodovias federais 40

14 - Consumos e impactos relativos ao uso de ônibus, motos e autos em

cidades brasileiras

40

15 - Custo total de uma viagem de 7 km com diferentes modos, por região 41

16 - Porcentagem de passageiros com direito à gratuidade em algumas cidades

brasileiras

42

17 - Dados operacionais e indicadores de desempenho (abril e outubro de

2014)

43

18 - Participação das empresas quanto ao número de linhas 44

19 - Abrangência da rede de ônibus em Natal 44

20 - Índice de Motorização no Rio Grande do Norte 45

21 - Fluxograma da metodologia utilizada 47

22 - Grau de Importância das variáveis Acessibilidade e Frequência de

atendimento, respectivamente

56

23 - Grau de Importância das variáveis Tempo de Viagem e Lotação,

respectivamente.

56

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FIGURA PÁGINA

24 - Grau de Importância das variáveis Confiabilidade e Segurança,

respectivamente

57

25 - Grau de Importância das variáveis Características dos veículos e das

Paradas, respectivamente

57

26 - Grau de Importância das variáveis Sistema de Informação e

Conectividade, respectivamente

58

27 - Grau de Importância das variáveis Operadores e Vias, respectivamente 58

28 - Grau de Importância das variáveis Bilhetagem e Número de linhas,

respectivamente

59

29 - Grau de Importância da variável Tarifa 59

30 - Grau de Satisfação das variáveis Acessibilidade e Frequência de

atendimento, respectivamente

61

31 - Grau de Satisfação das variáveis Tempo de Viagem e Lotação,

respectivamente

62

32 - Grau de Satisfação das variáveis Confiabilidade e Segurança,

respectivamente

62

33 - Grau de Satisfação das variáveis Veículos e Estado das paradas,

respectivamente

63

34 - Grau de Satisfação das variáveis Sistema de informação e Conectividade,

respectivamente

63

35 - Grau de Satisfação das variáveis Operadores e Vias, respectivamente 64

36 - Grau de Satisfação das variáveis Bilhetagem e Número de Linhas,

respectivamente

64

37 - Grau de Satisfação da variável Tarifa 65

38 - Médias Ponderadas para cada variável 66

39 - Divisão por modo de transporte dos entrevistados que sugeriram

melhorias

67

40 - Percentual de sugestões por categoria, em ordem decrescente 68

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA PÁGINA

1 - Qualidade: comparação de abordagens 20

2 - Duas Visões da qualidade 22

3 - Aspectos peculiares do transporte por ônibus 26

4 - Síntese dos indicadores de avaliação para o transporte público por ônibus 29

5 - Padrões de qualidade para o transporte público por ônibus 32

6 - Padrão do Cadastro de Turmas 50

7 - Modelo de cadastro para sorteio 51

8 - Modelo de organização dos dados para tratamento estatístico 52

9 - Legenda 53

10 - Graus de Importância médios por variável e geral, mediana para usuários,

não-usuários e finais

54

11 - Classificação do grau satisfação segundo cada tipo de entrevistado, em

ordem decrescente

55

12 - Graus de Satisfação médios para cada variável (em ordem decrescente),

média geral e mediana

60

13 - Nota ponderada de cada variável, em ordem decrescente 65

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

SIGLA/ABREVIATURA SIGNIFICADO

ANTP - Associação Nacional de Transportes Públicos

Art - Artigo (Lei)

CCQ - Círculo de Controle de Qualidade

CNT - Confederação Nacional do Transporte

CT - Centro de Tecnologia

DETRAN-RN - Departamento Estadual de Trânsito – Rio Grande do Norte

IES - Instituição de Ensino Superior

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPK - Índice de Passageiros por Quilômetro

ISO - Internacional Standard Organization

LEA - Laboratório de Estatística Aplicada

NBR - Norma Brasileira

NTU - Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos

Ôn. Met. - Ônibus metropolitano

Ôn. Mun. - Ônibus municipal

PDCA - Ciclo da qualidade “Plan, Do, Check and Act”

SI/ANTP - Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da ANTP

STTU - Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana

TC - Transporte Coletivo

TI - Transporte Individual

TNM - Transporte Não-motorizado

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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1 - INTRODUÇÃO

1.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

É sabido da importância do transporte para desenvolvimento das cidades, cultura e

economia. O direito de ir e vir é atemporal e cada vez mais intenso, devido ao ritmo de vida

que hoje se impõe. A necessidade de encurtar distâncias traduzida pelo ganho de tempo preza

por um sistema de transportes que garanta viagens com rapidez, mas que não deixe de lado

fatores como segurança, conforto e economia.

Os diversos destinos dos deslocamentos realizados atualmente são consequências do

atendimento às atividades essenciais (educação, trabalho, lazer, saúde, bem como atividades

industriais e comerciais) para a qualidade de vida humana. Assim, a má prestação desse

serviço pode gerar um problema tanto econômico, quanto político e social.

Esses deslocamentos podem ser de cargas ou pessoas e se fazem tão importantes quanto

qualquer outro serviço essencial, como abastecimento urbano de alimentação, água e energia.

Segundo Ferraz e Torres (2004), alguns estudos apontam que, em algumas cidades, os custos

despendidos com transporte público coletivo superam os gastos com esses outros serviços

básicos.

Dentre os modos de transporte urbano, se faz necessário destacar o transporte público

coletivo que, segundo Rodrigues (2006, p.2), tem como objetivo “fazer a ligação entre

diversas regiões de uma cidade, proporcionando, assim, mobilidade motorizada aqueles que

não podem (menores de idade, pessoas de baixa renda, deficientes, idosos) ou não querem

utilizar um veículo particular”. Portanto o transporte público coletivo desempenha, além de

permitir o trânsito em massa, um papel social de integração de pessoas.

Outro aspecto relevante do uso massivo do transporte é uma ocupação e um uso mais

racional do solo urbano [Figura 1], contribuindo para tornar as cidades mais humanas e mais

eficientes no tocante ao transporte, sistema viário e infraestrutura de serviços públicos.

(FERRAZ E TORRES, 2004, p.4 e 5).

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14

Figura 1 - Ocupação do solo: comparação entre automóveis, ônibus e bicicletas.

Fonte: Vuchic (2005) apud Ramos (2013).

A Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU) através do documento

NTU (2015a, p.74) argumenta que o investimento em transporte público é vital para a

qualidade de vida da população, podendo ser responsável por várias melhorias no nível de

prestação do serviço, dentre elas: o aumento da demanda de passageiros, a transferência de

viagens do transporte individual e o aumento da confiabilidade das viagens.

A configuração das diversas modalidades de transporte urbano deve ser planejada para

atender com eficiência a demanda de acordo com porte da cidade. O grande problema,

atualmente, é que essa distribuição de modalidades tem priorizado o transporte privado

individual ao público coletivo.

Esses incentivos vão desde políticas de injeções no mercado automobilístico propondo

facilidades ao usuário de adquirir seu próprio transporte até mesmo através da destinação de

verbas para obras viárias que incentivem o transporte individual simultaneamente a um

investimento acanhado no sistema de transporte coletivo.

“O uso exagerado de veículos particulares para transporte traz problemas a toda a

população, como poluição e congestionamentos, além de prejudicar a eficiência do transporte

coletivo – com diminuição da velocidade operacional e da demanda”. (MARTINS, 2015, p.27).

Dessa forma, o sistema público de transporte em massa não consegue desempenhar seu

papel de promover deslocamento seguro, cômodo e confiável ao usuário. Os constantes

engarrafamentos, por exemplo, não permitem o cumprimento de horários dos ônibus nas

paradas, que por sua vez lotam, promovendo desconforto e atraso ao usuário.

Esses são alguns dos fatores que, segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos

(ANTP, 1997), alimentam o círculo vicioso (Figura 2) do transporte, onde a ausência de um

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15

transporte público coletivo bem planejado alimenta, dentre outros fatores, a compra de

automóveis, engarrafamentos, poluição, prejuízos à saúde decorrentes do estresse, aumento da

ocorrência de acidentes de trânsito e a ocupação desordenada, permitindo que a cidade cresça

sem obedecer ao planejamento esperado.

Figura 2 - Círculo Vicioso do Transporte.

Fonte: ANTP, 1997.

O que deveria acontecer denomina-se círculo virtuoso que explica a resolução de todos

esses problemas através de medidas que valorizem o transporte público coletivo, obtido

através do planejamento e gestão do sistema de transporte junto ao crescimento da cidade.

Em boa parte dos casos, o planejamento e gestão do transporte público são feitos pelo

governo municipal, pois trata-se de um forte índice de qualidade de vida da população, que

está intimamente interligado ao planejamento geral da cidade, exercendo influência nas

esferas social, política e econômica do meio urbano. Às empresas privadas cabe o papel de

operar o sistema, afim de garantir maior eficiência na prestação do serviço, que deve ser

fiscalizada e obedecer aos parâmetros impostos pelo governo.

Todo esse processo de concepção da mobilidade de uma cidade é contínuo e deve garantir

equilíbrio ao sistema de modo que os usuários paguem uma tarifa justa pelo serviço prestado,

que não deve nem comprometer a qualidade do sistema nem o acesso ao transporte.

É importante ressaltar que deve haver participação de todos os componentes envolvidos

no sistema, usuário (feedback), poder público (planejamento e gestão) e empresa privada

(operação), cada um em sua função.

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16

Assim como em todo segmento de serviço básico à sociedade, o transporte só funcionará

se amparado pela justiça social, educação e legislação que permitam um

planejamento/fiscalização, e gestão de eficiência.

1.2 – OBJETIVOS

1.2.1 - GERAIS

Avaliar, através de opinião dos alunos do Setor IV da UFRN Campus Central, a qualidade

dos serviços de transporte público coletivo por ônibus na cidade de Natal. Sendo possível

assim, propor melhorias nos determinantes mais críticos de acordo com a percepção e as

expectativas dos usuários.

1.2.2 - ESPECÍFICOS

I. Aplicar questionários aos usuários dessa modalidade de transporte em diferentes turmas do

Centro de Tecnologia da UFRN – Campus Central;

II. Conhecer os aspectos do transporte público por ônibus mais importantes para a qualidade

do mesmo, de acordo com os usuários;

III. Avaliar a qualidade do transporte público por ônibus através de metodologia

desenvolvida por Rodrigues (2006) sob a ótica do usuário;

IV. Propor soluções estratégicas, com base na bibliografia consultada e no resultado do

diagnóstico, que atuem, sobretudo, nas áreas de interesse consideradas determinantes na

qualidade do serviço ofertado.

1.3 – JUSTIFICATIVA

A mobilidade é, sem dúvida, o elemento balizador do desenvolvimento urbano.

Proporcionar uma adequada mobilidade para todas as classes sociais constitui uma ação

essencial no processo de desenvolvimento econômico e social das cidades. (FERRAZ E

TORRES, 2004, p.01).

Nesse sentido, o transporte público atua como fator determinante na estruturação de

cidades, riquezas e qualidade de vida. A insatisfação por parte de seus usuários, gerada pela

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17

precariedade do sistema, pode ser explicação para flutuações na economia de uma cidade,

desempregos e, inclusive, efeitos negativos na saúde humana devido a altos níveis de estresse.

O aumento sistemático da taxa de motorização ao longo das últimas décadas e a

consequente apropriação do espaço público pelo automóvel têm vindo a reverter numa

crescente perda da qualidade de vida urbana, aos seus diferentes níveis. (MORAIS, 2012,

p.22).

Com base na falta de qualidade, uma série de manifestações foram desencadeadas em

junho de 2013 em todo o Brasil (Figura 3), a começar pela cidade de estudo, Natal, onde a

maior parte do transporte público se dá por ônibus. Dentre tantas bandeiras levantadas, o

principal motivo das intituladas “Manifestações dos 20 centavos” ou “Revolta do busão” foi

justamente a disparidade entre o valor da tarifa e a qualidade do sistema de transporte público

ofertado. De 2013 até hoje, inclusive durante a Copa do Mundo, várias greves e novas

manifestações em menor escala ocorreram para reafirmar essa insatisfação.

Os custos da falta de qualidade no caso de transportes são em muitas

situações altos para a sociedade; é o caso dos congestionamentos matinais no

caminho do trabalho, de acidentes e avarias de mercadorias e até de perdas

de vidas humanas. Muitas vezes estes custos não são bem identificados ou

desconsiderados por dificuldades associadas às formas de quantificar tempos

perdidos e avarias e pelos os mesmos não incidirem diretamente no prestador

do serviço, diferente dos retrabalhos e desperdícios de insumos associados

ao processo produtivo. Em algumas situações, a baixa qualidade dos serviços

prestados em transportes pode até causar problemas sociais, onde atrasos

levaram a depredações e conflitos entre os usuários. (LIMA JR, 1995, p.35).

Figura 3 - Revolta do busão em Natal.

Fonte: g1.globo.com/rn, 21 de junho de 2013.

Dessa forma, é importante determinar o nível do serviço – através da elaboração de uma

escala de importância entre os indicadores de qualidade e a partir disso, conhecer quais são

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18

melhores ou piores avaliados, compondo uma nota final para o sistema - de transporte público

por ônibus de Natal através da opinião de usuários desse sistema, objetivando indicar um

diagnóstico sobre qualidade percebida da situação atual e propor possíveis ações de melhoria.

1.4 – LIMITAÇÕES DO TRABALHO

Esse estudo não se aplica a toda população usuária de ônibus, mas sim a uma parcela,

estudantes do Centro de Tecnologia – CT - do Campus Central da UFRN. A amostragem foi

feita por turmas ofertadas no período vigente para um erro de 10%, considerando que não

houvesse repetição de aluno.

Esse tipo de amostragem permite que um mesmo aluno participe de mais de uma turma

sorteada e que hajam alunos faltantes nos dias de entrevista. Nesse caso, as repetições foram

eliminadas e os alunos faltantes excluídos, constituindo opiniões omitidas do relatório.

Ainda assim, foram entrevistados 1.315 alunos (usuários e não usuários), havendo uma

boa representatividade do grupo em questão.

1.5 – ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está estruturado em cinco capítulos, sendo o primeiro uma breve introdução,

com considerações inicias sobre transporte e qualidade, objetivos geral e específicos da

pesquisa, justificativa para sua realização e limitações do trabalho.

O Capítulo 2 compreende a reunião de conceitos sobre qualidade geral e aplicada ao

transporte, ferramentas de apoio às empresas e aos clientes na busca pela qualidade e seus

critérios, legislação envolvida, o papel da pesquisa de opinião para mensurar qualidade

percebida e uma caracterização do transporte brasileiro e de Natal. O Capítulo 3 compreende

a descrição da metodologia utilizada no estudo, bem como procedimentos, explicando todo o

processo de seleção de amostra e preparação dos dados para tratamento.

Os resultados disso são apresentados no Capítulo 4, por meio de gráficos, médias e

medianas sobre a avaliação do desempenho e importância em cada quesito da qualidade, além

de sugestões apresentadas pelos próprios entrevistados. O capítulo 5 se resume a avaliação

dos resultados com comparações entre pesquisas semelhantes e busca por evidências que

comprovem os resultados, propondo melhorias para os problemas determinantes.

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19

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – CONCEITO DE QUALIDADE

Ao longo dos anos o conceito de qualidade tem passado por um processo de evolução,

deixando de estar atrelado apenas ao produto final e passando a constituir um processo.

Lima Jr. (1995, p.21) afirma que a incorporação dos desejos dos clientes à empresa, a

motivação das pessoas pela busca da excelência e da melhoria contínua e a ênfase na gestão

dos processos segundo uma visão sistêmica podem ser associadas ao conceito de qualidade,

que pode receber variadas definições.

Lanza (1994) compara as abordagens da qualidade (Tabela 1) por Deming (1990), Juran

(1993), Feigenbaun (1983), Crosby (1993), Ishdcawa (1989) e Campos (1992) quanto a visão,

características, recursos humanos, foco de atenção e implantação, concluindo que a

abordagem de Crosby é mais voltada para a Alta Administração, estando menos ligada a

satisfação do cliente.

Esses autores introduziram o conceito de Qualidade Total. Como destaca Rodrigues

(2006, p.9), esse conceito é baseado no princípio de que o controle de qualidade precisa

começar pelo projeto do produto e só terminar quando o produto chegar às mãos do freguês,

ou seja, qualidade é um trabalho de todos.

Para isso, existe a Gestão da Qualidade Total que vai além de um sinônimo de produto

perfeito e que engloba o processo de concepção/execução, bem como recursos humanos e

satisfação do cliente. Tudo isso, de maneira a manter a competitividade da empresa no

mercado e a redução dos custos. São princípios desse tipo de gestão, segundo Rodrigues

(2006):

Satisfação total do cliente;

Compromisso da alta administração com a qualidade e constância de propósitos;

Desenvolvimento de recursos humanos, educação, treinamento, e delegação de

responsabilidade;

Gerência participativa e por processos;

Garantia de qualidade e aperfeiçoamento contínuo de produtos e processos;

Uso de metodologia científicas;

Disseminação e padronização da informação.

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Tabela 1 - Qualidade: comparação de abordagens.

DEMING JURAN CROSBY

VISÃO DA

QUALIDADE

"Qualidade é

atendimento às

necessidades atuais e

futuras do

consumidor"

"Características dos

produtos que vão ao

encontro das

necessidades do

cliente proporciona a

satisfação em relação

ao produto"

"Qualidade é conformidade

com os requisitos"

CARACTERÍSTICAS

DA QUALIDADE

Não apresenta um

sistema estruturado

para a condução da

qualidade; os 14

pontos são a base de

sua abordagem;

propõe uma

organização da

qualidade, tendo

como líder uma

pessoa com amplo

conhecimento em

estatística

Apresenta um sistema

abrangente para

administração da

qualidade:

planejamento,

controle e melhoria;

proposta de estrutura

organizacional e

gerenciamento da

função qualidade;

Não apresenta um sistema

estruturado para a condução

da qualidade; seu enfoque é

baseado nos 14 pontos para a

melhoria da qualidade

RECURSOS

HUMANOS

Focaliza sobre a

moral e motivação

dos operadores; papel

da gerência: oferecer

treinamento contínuo,

melhorar o sistema e

não colocar a

responsabilidade das

falhas nos

trabalhadores

Propõe maior

participação dos

trabalhadores nas

atividades de

planejamento e

controle; Definir

políticas que

enfatizam o papel

desempenhado pela

mão de obra e o seu

comprometimento.

Uso de campanhas

motivacionais para obter a

participação das pessoas;

Oferecer reconhecimento;

Criar uma norma de conduta

para a qualidade.

FOCO DE

ATENÇÃO

Amplo uso de

ferramentas

estatísticas e controle

dos processos; Adotar

uma nova filosofia de

administração baseada

nos 14 pontos.

Equipes de melhoria

da qualidade projeto a

projeto.

Custos da qualidade;

Prevenção; Comunicação

fluída e sem barreiras que

garante a rápida solução de

problemas.

IMPLANTAÇÃO

A responsabilidade da

implantação dos 14

pontos recai sobre a

gerência; Divida as

atividades da empresa

em processos;

Estruture uma

organização para a

melhoria contínua;

Definir ações em prol

da qualidade.

A implantação

envolve basicamente:

Conscientizar para

melhoria; Organizar

para atingir metas;

Treinar; Resolver

problemas; Divulgar o

progresso; Dar

reconhecimento e

divulgar os resultados.

Implantar o programa de

melhoria da qualidade

baseada nos 14 ponto,

envolve basicamente: Medir a

qualidade; Tomar consciência

dos problemas; Ação

corretiva; Comprometimento

com zero defeito.

Fonte: Lanzas, 1994.

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Tabela 1 - Qualidade: comparação de abordagens (continuação).

FEIGENBAUN ISHIKAWA CAMPOS

VISÃO DA

QUALIDADE

"Qualidade quer dizer

o melhor para certas

condições do cliente.

Essas condições são:

O verdadeiro uso e o

preço de venda".

"Qualidade significa

busca contínua das

necessidades do

consumidor. Através de:

qualidade do produto,

serviço, administração,

pessoas, atendimento e

prazo certo".

"Um produto e serviço com

qualidade é aquele que

atende perfeitamente, de

forma confiável, de forma

acessível, de forma segura e

no tempo certo às

necessidades do cliente".

CARACTERÍSTICAS

DA QUALIDADE

Estabelecimento de

uma forte estrutura

que coordene as

atividades da

qualidade

multifuncional,

através da empresa;

Enfoque sistêmico da

qualidade.

O controle de qualidade

é conduzido por todos

os membros da

empresa;

Gerenciamento da

empresa através do

PDCA; Participação de

todos na condução da

qualidade.

O sistema da qualidade é

composto por:

gerenciamento da rotina e

gerenciamento pelas

diretrizes e gerenciamento

do ser humano; Estabelece

um sistema de

gerenciamento usando o

método PDCA.

RECURSOS

HUMANOS

Precisa de

comprometimento e

participação das

pessoas é

fundamental; Métodos

para obter a

participação e

comprometimento:

educação e

treinamento, CCQ,

qualidade de vida,

programa de

sugestões, etc.

Comprometimento e

compreensão da

qualidade em todos os

níveis; Educação

contínua para todos;

Delegação de

autoridade; Gerência

resolvendo problemas

crônicos.

O recurso humano é o

principal elemento para a

condução do sistema;

Programa de educação e

treinamento; Meios de

participação dos

trabalhadores: CCQ,

gerenciamento de rotina,

padronização, planos de

sugestões individuais.

FOCO DE

ATENÇÃO

Enfoque sistêmico da

qualidade; Papel dos

especialistas da

qualidade.

As pessoas: participação

e autodesenvolvimento

através do CCQ; Alta

direção:

comprometimento e

envolvimento; Gerência

de linha: garantir a

integração entre alta

gerência e operadores.

Gerenciamento da rotina;

Gerenciamento pelas

diretrizes; Metodologias

técnicas e ferramentas:

5w1h, MASP, 5S e PDCA;

Gerenciamento do ser

humano.

IMPLANTAÇÃO

Iniciar o programa em

áreas pilotos; Papel da

alta administração:

definição da estrutura

para a qualidade,

definir ações e

responsabilidades.

Responsabilidade da

implantação recai sobre

a alta administração;

Uso de padronização;

Trabalhar em base a

fatos e dados; Implantar

os CCQ; Formação de

comitês interfuncionais.

Implantação

responsabilidade

indelegável do presidente;

Iniciar com a solução de

problemas e implantação de

rotina de cima pra baixo;

Defina um comitê de

implantação; Padronização,

implantação do

gerenciamento pelas

diretrizes, gerenciamento

do ser humano. Fonte: Lanzas, 1994.

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Morais (2012, p.29) afirma que o consumidor e/ou cliente tem uma visão diferenciada e

individual da qualidade e que um mesmo produto e/ou serviço em localidades distintas pode

ser julgado de maneira diversa e ser percebido de formas diferentes, dependendo da situação

que se encontre. Essa variação na visão da qualidade respalda o conceito de qualidade

percebida pelo consumidor que, ainda segundo Morais (2012, p.35), “[..] é a diferença entre

suas expectativas e a sua percepção [...] não necessariamente pela utilização, mas sim pelo

recebimento de informações relevantes através de vários meios (como: boca a boca,

propaganda e contatos com o serviço prestado) ”.

Ramos (2013) defende que a qualidade deve ser mensurada avaliando tanto requisitos

técnicos quanto opinião dos usuários, e complementa que a qualidade percebida é

fundamental para melhoria da gestão pelos órgãos responsáveis.

É importante destacar que, se o projeto foi executado da maneira que foi concebido e,

ainda assim, não conseguiu satisfazer as expectativas do cliente, este não constituiu um

processo de qualidade e que no momento da compra, o cliente não somente deseja um bom

serviço, já há uma expectativa formada que também exerce influência sobre a avaliação do

produto ofertado.

Dessa forma, é possível notar que a qualidade de um bem ou serviço deve ter como foco o

cliente, que passa a ser parte integrante e decisiva do processo avaliativo de sucesso ou não do

produto, o fazendo com a demonstração de sua visão crítica.

A evolução do conceito (Tabela 2) em questão, foi causa e/ou consequência da

disseminação de clientes de visão crítica. Portanto, é ultrapassado admitir que a qualidade do

sistema possa ser medida pela diferença entre o que é realmente ofertado e o que foi

planejado, em especial, por se tratar da oferta de um serviço e não de bem.

Tabela 2 - Duas visões da qualidade.

VISÃO TRADICIONAL NOVA VISÃO

A produtividade e a qualidade possuem

objetivos conflitantes

O ganho de produtividade é alcançado por meio de

melhoria da qualidade

A qualidade é definida como conformidade às

especificações e aos padrões

A qualidade é definida para satisfazer as

necessidades do cliente

A qualidade é alcançada por meio da inspeção

de produtos

A qualidade é medida pela contínua melhoria nos

processos e produtos e pela satisfação do cliente

Fonte: Brocka & Brocka (1994) apud Rodrigues (2006).

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Tabela 2 - Duas visões da qualidade (continuação).

VISÃO TRADICIONAL NOVA VISÃO

Alguns defeitos são permitidos quando o produto se

encontra dentro dos padrões mínimos de qualidade

Os defeitos são prevenidos por meio de

técnicas de controle de processo

A qualidade é uma função separada e enfocada no

processo de produção

A qualidade é uma parte de cada função em

todas as fases do ciclo de vida do produto

As relações com os fornecedores não são integradas e

relacionam-se diretamente com os custo

O relacionamento com os fornecedores é a

longo prazo e é orientado pela qualidade

Fonte: Brocka & Brocka (1994) apud Rodrigues (2006).

2.2 – FERRAMENTAS DE INCENTIVO À QUALIDADE

Buscando a efetividade desse processo, várias ferramentas foram criadas como auxílio

para as empresas e clientes. A legislação prevendo direitos e deveres dos consumidores, o

Código do Consumidor, é uma delas. Em qualquer estabelecimento, nos dias de hoje, é

obrigatório a existência de fácil acesso de um exemplar desse código.

Nesse mesmo sentido, uma ferramenta poderosa para os consumidores virtuais – grande

parte da população aderiu a modalidade de compras pela web – é o ReclameAqui1, que

encurta distâncias entre empresas, clientes e seus direitos e deveres, além de formar um banco

de dados com as reclamações para que os demais consumidores avaliem a confiabilidade das

empresas.

Ainda sobre as ferramentas, dessa vez, para as empresas, existem as normas internacionais

ISO – Internacional Standard Organization - da série ISO 9000 que são extremamente

importantes para adequação na prestação de serviços de qualidade e para reconhecimento das

empresas que o fazem.

A família ISO 9000 preocupa-se com a gestão de qualidade, sendo dever então da

organização atender aos requisitos de qualidade do consumidor, técnicos e regulatórios,

melhorando a satisfação do cliente e seu próprio desempenho

Os princípios da gestão de qualidade, segundo a NBR ISO 9000:2005, são: Foco no

cliente, liderança, envolvimento de pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmica

para a gestão, abordagem factual para tomada de decisão e benefícios mútuos nas relações

com fornecedores.

1 Disponível em: < http://www.reclameaqui.com.br/>

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2.3 – CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Para Ferraz e Torres (2004, p.97), é fundamental na obtenção da qualidade global que

todos os atores envolvidos no transporte público urbano conheçam tanto seus objetivos,

direitos e obrigações como os dos demais.

“De posse destas informações, o usuário deve também agir como um fiscal da qualidade

do serviço prestado [...] Ao poder concedente resta a obrigação de acompanhar continuamente

a qualidade do serviço e incentivar melhorias no processo, agindo em defesa do usuário”

(MARTINS, 2015, p.39).

De acordo com Brasil (1988, Art.º 30, Inciso V) “compete aos municípios organizar e

prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de

interesse local, inclusive o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”.

Em continuidade, segundo o Art. 175 dessa mesma constituição, essa concessão deve ser

regida por lei que deverá dispor sobre todo o processo desse regime de concessão (contrato,

prorrogação, caducidade e fiscalização), direitos do usuário, política tarifária e obrigação de

manter serviço adequado. Todo o processo deve se dar por meio de licitação.

Essa é a Lei de Concessão de Serviços Públicos, nº 8.897, publicada em 13 de fevereiro de

1995 (em vigor), que discorre sobre o regime de contratos e concessões de serviços entre

empresas e o poder público.

Como dito anteriormente, esta lei pressupõe a prestação de serviço adequado e o

conceitua: “serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,

eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das

tarifas” (BRASIL, 1995, Art. 6º).

É a partir dessa definição que se impõem parâmetros e indicadores (Figura 4) de qualidade

que as empresas licitadas devem seguir rigorosamente para que o sistema cumpra sua

finalidade.

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Figura 4 - Parâmetros do Serviço Adequado.

Fonte: Martins, 2015.

Por regularidade, entende-se a prestação do serviço nas condições

estabelecidas na legislação vigente, no contrato e nas normas técnicas

aplicáveis, sem interrupções. Continuidade pode ser definida como a

manutenção, em caráter permanente, da oferta dos serviços, sem

interrupções injustificadas. Eficiência vem da premissa de que o serviço

atenda plenamente à necessidade que lhe deu origem (o deslocamento do

usuário) com o melhor uso possível dos recursos. Já segurança pode ser

entendida como o grau de confiança oferecido ao usuário durante a prestação

do serviço, em relação a acidentes automobilísticos, crimes e outros eventos

que venham a comprometer a integridade física do usuário. A atualidade é

intrinsecamente ligada à atualização do serviço conforme avanço

tecnológico. Generalidade ou universalidade relaciona-se com o princípio da

igualdade ou uniformidade dos usuários, significando que o serviço público

pode ser exigido e utilizado por todos que dele necessitem, sem distinções.

Cortesia na prestação é o tratamento adequado com urbanidade aos usuários

do serviço e também o fácil acesso do usuário ao responsável pela prestação

do serviço para críticas e sugestões. Por fim, modicidade das tarifas é

quando estas permitem que todas as pessoas que necessitam do serviço

possam utilizá-lo. (MARTINS, 2015)

2.4 – QUALIDADE NO TRANSPORTE

Mesmo com todos esses avanços de conceito e ferramentas, a qualidade no setor de

transporte público urbano está mais culturalmente relacionada a manter os custos do processo

de produção nos níveis mínimos e com poucas medidas voltadas aos recursos humanos

participantes do processo, sejam eles empregados do sistema – no quesito motivação,

sobretudo - ou usuários.

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“Existe a figura do passageiro cativo do sistema de transporte, quer seja por restrições

orçamentárias, quer seja por falta de outras opções modais. Este fato associado à existência de

demandas reprimidas reforça a despreocupação com a qualidade neste segmento”.(LIMA JR,

1995, p.61).

Essa visão faz com que o usuário não seja definido nem como consumidor,

nem como cidadão, ou seja, o sistema nem funciona de acordo com as leis de

mercado nem tampouco como um serviço público essencial à cidade, voltado

aos interesses e necessidades da população. [..] De um lado, as empresas de

transporte e o poder municipal, e do outro, os clientes desatendidos, como se

houvesse um tipo de associação entre os setores privado e estatal contrário

aos interesses do usuário. (RODRIGUES, 2006, p.02).

Para o correto entendimento e aplicação do conceito de qualidade na área de transportes, é

necessário entender que se trata de um serviço – e não um bem – intangível, ou seja, o intuito

é gerar um benefício público em tempo e espaço, garantia do direito de ir e vir e satisfação das

necessidades humanas nos mais variados aspectos já citados.

Segundo Lima Jr. (1995, p.22), “o principal aspecto que amplia a abordagem de qualidade

em serviços é a valorização da função e do benefício gerado em benefícios das características

físicas dos produtos que passam a serem facilitadores da execução da função”.

Isso significa que o produto – resultado do processo, podendo ser um bem ou serviço –

não entrega nada que seja material ao cliente, e tudo é resultante da interação entre clientes e

empregados, afim de satisfazer necessidades daqueles. Todavia, ainda que não forneça bem

material como produto, o sistema de transporte somente é possível através de maquinário -

nesse caso, o ônibus – tornando-o especial.

Portanto, a análise e diagnóstico tornam-se muito mais complexos, já que o processo é

inteiramente dinâmico. Na Tabela 3, estão representados aspectos que tornam o transporte por

ônibus peculiar, segundo o proposto por Rodrigues (2006).

Tabela 3 - Aspectos peculiares do transporte por ônibus.

Intangibilidade O bem adquirido não pode ser precisamente visto,

sentido, tocado ou provado

O pagamento ocorre antes da

prestação do serviço, na

maioria das vezes

A produção e o consumo ocorrem simultaneamente

Variabilidade Atividade de difícil padronização, pois cada viagem é

um produto único e diferenciado

Perecibilidade O serviço não pode ser estocado; uma vez oferecido e

não consumido, perde-se

Consumo intensivo Consumido diariamente, pelo menos duas vezes ao

dia

Fonte: Elaboração própria (2016), segundo Rodrigues (2006).

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Tabela 3 - Aspectos peculiares do transporte por ônibus (continuação).

Consumo coletivo O consumo ocorre de forma massificada e em grupos

nem sempre homogêneos

Pagamento antecipado O pagamento ocorre antes da prestação do serviço, na

maioria das vezes

Interação com o meio

ambiente O serviço é realizado em ambientes não controlados

Atuação dispersa

espacialmente

Operação bastante dispersa, o que dificulta a

supervisão do serviço e controle do pessoal

Mercados fortemente

regulamentados

A rigidez das regulamentações inibe a prestação de

serviço mais adequada às necessidades do cliente

Satisfação com o resultado e

com o processo

O cliente deseja satisfação no resultado e na

participação do processo

Fonte: Elaboração própria (2016), segundo Rodrigues (2006).

Essas características implicam em dificuldades maiores para coleta de dados e registro dos

fatos para análise, por parte das empresas responsáveis, se comparadas a outras empresas,

sobretudo as que geram bens como produto.

“Os transportes apresentam outras características que os diferenciam [...] cabendo destacar

que [...] suas operações fazem parte de uma cadeia de eventos onde o cliente tem interesse no

resultado final do conjunto de atividades e não só especificamente no transporte”. (LIMA JR,

1995, p.59).

Aplicando o conceito de qualidade ao transporte, é fundamental perceber que o equilíbrio

entre tarifa e qualidade é responsável pela migração ou não para outras modalidades de

transporte. Esse equilíbrio, de acordo com Santos (2014, p.28), é obtido através da ação

integrada de três elementos principais que são os usuários, os operadores (empresas) e poder

público.

Ferraz e Torres (2004, p.101) ainda destacam a comunidade, constituída por moradores no

entorno que são impactados positiva ou negativamente pelos componentes do processo: ruas e

avenidas com maior número de paradas geram facilidade e opções no deslocamento dos

moradores próximo, mas atraem ruídos, comércio e diversos outros fatores.

É importante ressaltar que esta pesquisa analisará a qualidade por, apenas, um de seus três

pilares: a opinião pública. Porém, dos três, é o que mais exerce influência na decisão de

migrar ou não de modalidade de transporte.

Contudo, se o elemento principal de avaliação da qualidade é o indivíduo, suas percepções

e necessidades variam de acordo com o cenário cultural e econômico no qual está envolvido

ou até mesmo de acordo com o porte da cidade. Dessa forma, segundo Martins (2015, p.37),

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“justifica-se a necessidade de um índice genérico, que contenha os atributos mais importantes

para os usuários (coletados a partir da opinião destes) e que possa ser aplicado em qualquer

localidade”.

2.5 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE

Segundo WAISMAN (1983 apud RODRIGUES, 2006, p.15), a qualidade de um serviço

pode ser avaliada através de indicadores cuja seleção deve considerar sete critérios:

a) Comparabilidade - permitir comparação;

b) Cobertura - extensão da representatividade;

c) Resposta à necessidade – capacidade de refletir às demandas;

d) Compreensibilidade - facilidade de compreensão;

e) Flexibilidade - quanto as características medidas;

f) Incentivos para o alcance de melhorias;

g) Disponibilidade de dados - grau de dificuldade intrínseco.

Rodrigues e Sorratini (2008, p.04) compararam indicadores eleitos por alguns autores

como os principais [Tabela 4], observando que “alguns estão presentes em todos os autores,

com variações apenas de nomenclatura”.

Tabela 4 - Síntese dos indicadores de avaliação para o transporte público por ônibus.

AUTOR(ES) INDICADORES

Waisman (1983 apud

Rodrigues, 2006 p. 15)

Comparabilidade, cobertura, resposta à necessidade,

compreensibilidade, flexibilidade, incentivos para o alcance de

melhorias e disponibilidade de dados

Lima Jr. (1995)

Mercados regulamentados ou sem diferenciação de produtos,

produto intangível, produção e consumo simultâneos, grandes

oscilações de demanda, indivisibilidade da oferta, processos e

produtos heterogêneos, satisfação com o produto e com o

processo, interação com o meio ambiente, rede de processos e

parcerias e diferenças tecnológicas.

Transit Capacity and

Quality of Service

Manual (TCRP, 2003)

Frequência, horas de serviço, cobertura do serviço, demanda de

passageiros, confiabilidade do serviço, diferença de tempos de

viagem entre o automóvel e ônibus.

Ferraz e Torres (2004)

Acessibilidade, frequência de atendimento, tempo de viagem,

lotação, confiabilidade, segurança, características dos veículos,

características dos locais de parada, sistema de informação,

conectividade, comportamento dos operadores e estado das

vias.

Fonte: Rodrigues e Sorratini (2008).

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“O primeiro passo a favor da busca por melhores serviços consiste no estabelecimento de

indicadores que reflitam os vários aspectos da qualidade desejada pelo usuário”. (RAMOS,

2013, p.02). A correta análise desses indicadores permite direcionar investimentos e ações

públicas e privadas de forma mais eficiente, já que os pontos negativos e positivos são

detectados.

No transporte, os critérios de qualidade voltados a opinião pública devem ser pensados

desde o momento de deslocamento da residência até o ponto de ônibus, para esta modalidade,

a espera no ponto, o transporte e por fim o desembarque. Há ainda a possibilidade da

necessidade de uma ou mais transferências entre veículos – que podem ser da mesma

modalidade (de ônibus para ônibus) ou de modalidades diferentes (ônibus seguido de metrô,

ou bicicleta, ou táxi, dentre outros) - e a caminhada até o ponto de destino para que se

complete a viagem.

Ferraz e Torres (2004) definem doze indicadores de qualidade voltados para análise da

qualidade de transporte público por ônibus sob ótica dos usuários. São eles:

a) Acessibilidade

Distância que o usuário deverá se deslocar para ter acesso ao ônibus e, após a

viagem, do ponto de ônibus até o local de destino. Fatores como extensão, declividade,

estado das calçadas, iluminação pública, fluxo das vias e dispositivos que facilitem a

travessias de ruas e avenidas como passarelas e faixas de pedestre influenciam a

avaliação desse item, em especial para pedestres. Outros sistemas também influem

nesse aspecto, como segurança pública.

Está intimamente relacionada ao conforto durante o deslocamento antes do

embarque e após desembarque.

b) Frequência de atendimento

Intervalo de tempo entre a passagem de dois ônibus que podem ser da mesma linha

ou de linhas diferentes, de modo a avaliar tanto se o intervalo é suficiente quanto se é

regular.

Esse fator exerce influência no tempo médio de permanência nas paradas, que por

sua vez influi no tempo total desprendido pelo usuário para fazer todo o trajeto. Por esse

motivo, a irregularidade da frequência afeta, principalmente, conforto (o usuário deverá

se dirigir com muita antecedência ao ponto de ônibus) e confiabilidade.

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c) Tempo de viagem:

Tempo total entre embarque e desembarque, ou seja, equivale ao tempo de

permanência dentro do ônibus. Varia em função da velocidade média do veículo e da

distância entre esses pontos.

São variáveis indiretas do tempo de viagem: condições das vias, sinalização,

semaforização, modelo de veículo (com uma ou mais portas para desembarque), tipo de

via (arterial, coletora ou local) que irá determinar a velocidade máxima permitida e a

existência ou não de engarrafamentos, traçado do trajeto, distância entre paradas, entre

outros.

Um dos grandes determinantes no tempo de viagem é o tempo de parada, que

consiste no tempo gasto para que ocorra o embarque e desembarque completo

permitindo que o veículo possa voltar a se locomover.

Para avaliar esse item, recomenda-se tomar como base o tempo gasto para fazer o

mesmo trajeto de carro.

d) Lotação

Consiste no número de passageiros no interior do ônibus, que irá variar com horários

e sentidos das linhas e poderá influir no tempo de embarque e desembarque, gerando

desconforto.

A lotação é medida pela taxa de pessoas em pé por metro quadrado que ocupam os

espaços livres no interior dos ônibus, após todos os assentos serem preenchidos.

e) Confiabilidade

Grau de segurança sentido pelos usuários de que irão embarcar e desembarcar nos

horários previstos, com uma margem de tolerância.

Outros indicadores podem afetar a confiabilidade, como a frequência de

atendimento e segurança. É possível que um acontecimento prejudique mais de uma

viagem, como por exemplo, uma paralisação dos operários do transporte.

A confiabilidade pode ser avaliada pelo número de viagens incompletas ou pelo

tempo – além da margem de tolerância – de adiantamento ou atraso.

f) Segurança

Envolve a ocorrência de acidentes de trânsito e incidentes (roubos, furtos, agressões,

assédio, quebra de veículo, ou qualquer outro acontecimento não previsto que não seja

acidente) dentro do veículo ou nas paradas de ônibus. Embora segurança pública

consista em um outro sistema que deveria ser analisado em separado, pois não compete

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às empresas de transporte, a sua falha é determinante nos níveis de conforto e evasão

dessa modalidade por parte dos operários e dos usuários.

Entende-se também que, nos últimos anos, pela recorrência de alguns incidentes

específicos, como registros de assédios sexuais contra mulheres e depredação por

protestantes, o transporte de massa por ônibus já se tornou um alvo óbvio, estando a ele

vinculado crimes específicos.

g) Características dos veículos

Estado dos veículos que trafegam quanto ao conforto, incluindo desde a altura dos

degraus, número de portas, largura do corredor, idade, estado de conservação,

funcionamento do acesso de deficientes (se o possuir), até material dos acentos,

ventilação, ruídos, limpeza.

Para crianças, idosos, portadores de necessidades e, portanto, para o tempo de

embarque, degraus muito altos dificultam e geram atrasos.

h) Estado dos locais de parada

Estados dos pontos de parada, avaliando as condições mínimas de cobertura

(proteção contra sol e da chuva), local para sentar e sinalização.

i) Sistema de informação

Envolve desde a informação através de folhetos nas paradas sobre as linhas que por

ali passam, nomes, números, seus horários e itinerários, existência de quiosques de

informação em pontos principais, como a informação verbal pelos operadores e espaço

para sugestões e reclamações (pessoalmente, por telefone ou endereço eletrônico).

Esse indicador é extremamente importante para usuários não habituais, como

turistas, novos moradores e usuários de outras modalidades que por motivos especiais

optaram por utilizar o transporte por ônibus.

j) Conectividade

É a facilidade de deslocamento de um ponto a outro da cidade e é medida através da

falta de necessidade de pontos de transferência para se chegar ao destino.

A integração física entre as linhas pode ou não ser acompanhada de integração

tarifária, ou seja, do não pagamento parcial ou total da taxa de embarque.

Se existe tempo de espera para realizar a integração física, ou seja, transbordo entre

veículos de linhas diferentes, não há integração no tempo, que ocorre quando a

transferência é simultânea.

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A integração de linhas é necessária, pois várias linhas percorrendo percursos longos

implicam em interposição demasiada de trajetos, que gera desorganização, custos

elevados, pouca eficácia, engarrafamentos e viagens longas.

k) Operadores

São avaliados os comportamentos de cobradores (comunicação, postura frente ao

usuário, comportamento ao fornecer informações, quando solicitadas) e motoristas

(realização de paradas obrigatórias, prudência ao volante, respeito a segurança do

usuário).

Sabendo que trabalhar no trânsito consiste em uma atividade desgastante, discussões

entre motoristas, cobradores e usuários podem gerar riscos e ocasionar acidentes,

implicando em segurança.

l) Vias

O fator determinante é a qualidade da superfície de rolamento por todo percurso do

ônibus. Esse item está fortemente relacionado ao tempo de viagem e conforto do

usuário, já que um pavimento de qualidade evita variações de velocidade afim de

desviar buracos, interdições para manutenção e correção.

2.6 – PADRÕES DE QUALIDADE

Para os doze indicadores apontados por Ferraz e Torres (2004), A Tabela 5 auxilia no

esclarecimento dos parâmetros de avaliação, oferecendo suporte para a classificação adequada

do nível de serviço, contendo faixas de padrões de qualidade.

Tabela 5 - Padrões de qualidade para o transporte público por ônibus.

FATORES PARÂMETROS DE

AVALIAÇÃO BOM REGULAR RUIM

Acessibilidade

Distância de caminhada no início e

no fim da viagem (m) < 300 300-500 > 500

Declividade de percursos não

exagerada por grandes distâncias,

passeios revestidos e em bom estado

segurança na travessia das ruas,

iluminação noturna, etc

Satisfatório Deixa a desejar Insatisfatório

Frequência de

atendimento

Intervalo entre atendimentos

(minutos) < 15 15-30 > 30

Tempo de

viagem

Relação entre o tempo de viagem

por ônibus e por carro < 1,5 1,5-2,5 > 2,5

Lotação Taxa de passageiros em pé (pass/m²) < 2,5 2,5-5,0 > 5,0

Fonte: Ferraz e Torres, 2004.

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Tabela 5 - Padrões de qualidade para o transporte público por ônibus (continuação).

FATORES PARÂMETROS DE

AVALIAÇÃO BOM REGULAR RUIM

Confiabilidade

Viagens não realizadas ou

realizadas com adiantamento

maior que 3 min ou atraso

acima de 5 min (%)

< 1,0 1,0-3,0 > 3,0

Segurança Índice de acidentes

(acidentes/100 mil km) < 1,0 1,0-2,0 > 2,0

Características

do ônibus

Idade e estado de conservação

Menos de 5

anos e em bom

estado

Entre 5 e 10

anos e em bom

estado

Outras

Situações

Número de portas e largura do

corredor

3 portas e

corredor largo

2 portas e

corredor largo

Outras

Situações

Altura dos degraus, sobretudo

do primeiro Pequena Deixa a desejar Grande

Aparência Satisfatória Deixa a desejar Insatisfatória

Características

dos locais de

parada

Sinalização Em todos Falta em

alguns

Falta em

muitos

Cobertura Na maioria Falta em

muitos Em poucos

Banco para sentar Na maioria Falta em

muitos Em poucos

Aparência Satisfatória Deixa a desejar Insatisfatória

Sistema de

Informações

Folhetos com itinerários e

horários disponíveis Sim

Sim, porém

precário Não existem

Informações adequadas nas

paradas Sim

Sim, porém

precário Não existem

Informações e reclamações

(pessoalmente e por telefone) Sim

Sim, porém

precário Não existem

Conectividade

Transbordos (%) < 15 15-30 > 30

Integração física Sim Sim, porém

precária Não existe

Integração tarifária Sim Não Não

Tempo de espera nos

transbordos (min) < 15 10-30 > 30

Comportamento

dos operadores

Motoristas dirigindo com

habilidade e cuidado Satisfatório Deixa a desejar Insatisfatório

Motoristas e cobradores

prestativos e educados Satisfatório Deixa a desejar Insatisfatório

Estado das vias

Vias pavimentadas e sem

buracos, lombadas e valetas e

com sinalização adequada

Satisfatório Deixa a desejar Insatisfatório

Fonte: Ferraz e Torres, 2004.

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34

No entanto, na pesquisa houve a substituição das classificações em “bom, regular ou

ruim” para notas de um a dez para o grau de satisfação e notas de 1 a 5 para o grau de

importância, este último funcionando como um peso para aquele, com o intuito de se alcançar

uma nota final sobre a qualidade do sistema em questão.

2.7 – PESQUISAS DE OPINIÃO

Dentre os diversos tipos de pesquisa, a de opinião consiste na coleta e análise de dados

provenientes da opinião sobre um determinado assunto em um sistema. Essa coleta de dados,

em geral, é proveniente de amostras.

Segundo Bussab & Morettin (2010, p.256) “população é o conjunto de todos os elementos

ou resultados sob investigação, com a amostra sendo qualquer subconjunto da população”.

Uma amostra significativa é aquela que permite a avaliação de um todo pela parte, de maneira

que os resultados encontrados para a amostra analisada possam ser expandidos e aplicados

para a toda a população da qual a amostra faz parte.

Segundo Correa (2003, p.28) “a amostragem é o processo de seleção de uma amostra

possibilitando o estudo de suas características”. A metodologia de pesquisa deve se adaptar a

cada caso estudado e a análise pode ser qualitativa, quantitativa ou combinação desses dois

tipos.

Na análise quantitativa há tratamento estatístico, já que os resultados são representados

por número, ao contrário da qualitativa. Essa pesquisa consiste na combinação dos dois tipos,

pois se pretende obter tanto uma nota para a qualidade do sistema, quanto sugestões de

melhorias pelos usuários e, segundo a ANTP (1993, p.73), é do tipo de avaliação de serviço,

na qual o objetivo é obter o levantamento e avaliação de opiniões pelos usuários sobre o

serviço prestado, através de conceitos tradicionais, gerais e abstratos – como acessibilidade,

segurança - para aferição da qualidade.

A pesquisa de opinião em transporte é um dos instrumentos que os órgãos

gestores podem utilizar para esclarecer necessidades da população, ordenar

prioridades e conhecer a especificidade das expectativas, antes da tomada de

decisões. Uma vez implementadas determinadas políticas, pode-se obter

também, através de pesquisa, uma avaliação do impacto dessas políticas

junto às populações, podendo-se, assim, dimensionar a satisfação alcançada,

através de um feedback ágil e preciso. ANTP (1993, p.72)

Pesquisas semelhantes foram desenvolvidas e, com essa finalidade de obter um

diagnóstico, Rodrigues (2006) desenvolveu uma metodologia para a avaliação da qualidade

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do transporte coletivo de São Carlos-SP por três vertentes: através de pesquisa de opinião com

os usuários, da avaliação pela prefeitura municipal e da avaliação subjetiva por técnicos.

Nesse método, a pesquisa de opinião foi utilizada com os usuários durantes as viagens,

através da aplicação de questionários formulados a partir dos indicadores de qualidade

apontados por Ferraz e Torres (2004). A amostra foi calculada por linha de ônibus, com os

tipos de usuários classificados em estudantes, idosos/deficientes, trabalhadores e comuns.

Através da aplicação dos questionários foi possível medir grau de importância e grau de

satisfação em relação a cada indicador.

Rodrigues e Sorratini (2008) analisaram a qualidade do transporte público no modo ônibus

em Uberlândia-MG também através de questionários baseados nos indicadores de Ferraz e

Torres (2004), com a aplicação de 500 questionários em usuários aleatórios no centro da

cidade. Foi possível medir grau de satisfação de cada indicador e escolha de apenas um como

o mais importante.

Visando um planejamento eficaz, todo o desenvolvimento da pesquisa foi feito em

parceria com o Laboratório de Estatística Aplicada (LEA) da UFRN, que prestou consultoria

desde a definição da população e da amostra, até análise estatística descritiva dos resultados.

Segundo o próprio regimento interno2, o LEA é um órgão de assessoria ao ensino, à

pesquisa e extensão do Departamento de Estatística, do Centro de Ciências Exatas e da Terra.

Dentre seus objetivos, está o de atender à demanda da comunidade acadêmica no que se refere

à utilização e à disseminação da metodologia estatística, através de suporte técnico a

monografias, dissertações e teses, assim como, projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos

no âmbito da UFRN.

2.8 – SISTEMA DE TRANSPORTE URBANO NO BRASIL

O transporte urbano de passageiros, de acordo com Ferraz e Torres (2004, p.25) “pode ser

classificado em três grupos: privado ou individual [a pé, bicicleta, carro ou moto próprios];

público, coletivo ou de massa [ônibus, micro-ônibus, metrô, trem]; e semipúblico [vans,

micro-ônibus, táxi, mototáxi, ubber]”. Atualmente, a definição de transporte semipúblico caiu

em desuso.

No Brasil, grande parte dessas viagens urbanas ocorrem por meio de transporte rodoviário,

já que, por questões históricas, esse é o principal meio de transporte. Nas Figuras 5 e 6, pode-

2 Disponível em: www.estatistica.ccet.ufrn.br/lea. Acesso em: 23.11.2015.

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36

se verificar a priorização das rodovias através da comparação das extensões das malhas

rodoviárias e ferroviárias, respectivamente. Outros meios de transporte não foram citados por

não representarem significativamente o transporte urbano de passageiros, como aquaviário e

aeroviário.

Figura 5 - Extensão da malha rodoviária no Brasil.

Fonte: CNT, 2016.

Figura 6 - Extensão da malha ferroviária no Brasil

Fonte: CNT, 2016.

De acordo com Ferraz e Torres (2004), outro fator que influencia na priorização de

rodovias, se tratando de transporte público, é que os ônibus e micro-ônibus são os tipos de

veículo mais difundidos, já que a quantidade de viagens realizada numa cidade está

intimamente ligada ao seu nível de desenvolvimento socioeconômico e que veículos sobre

trilhos não se adequam bem à cidades de portes menores pelo alto custo se comparado às

pequenas distâncias e número reduzido de viagens realizadas (índice de motorização da

cidade).

A Figura 7 demonstra a evolução na frota para transporte coletivo de 2003 a 2013, de

acordo com ANTP (2015a).

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37

Figura 7 - Frota total no transporte coletivo (mil veículos).

Fonte: ANTP, 2015a.

É possível comprovar, que mesmo tendo crescido, a frota de veículos sobre trilhos ainda é

muito menor se comparada a veículos rodoviários. Todavia, é importante destacar que isso se

deve, em parte, ao próprio funcionamento do veículo sobre trilho, que possui uma capacidade

maior.

Quanto ao número de viagens por modo de transporte (Figura 8), segundo ANTP (2015b)

– O Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da ANTP (SI/ANTP) coleta e trata dados

em municípios com 60 mil habitantes ou mais. Esta pesquisa abrangeu 438 municípios - para

transporte motorizado, o uso de automóvel é destaque, seguido dos ônibus. No geral, a maior

parte das viagens são feitas a pé.

Figura 8 - Viagens por ano por modo de transporte3 (em bilhões).

Fonte: ANTP, 2015b.

De acordo com a Figura 9, a distribuição modal dos transportes aponta para uma

porcentagem muito alta na participação do transporte por automóveis (27%) no ano de 2013.

Vale ressaltar a importância do transporte urbano por ônibus e a dependência da qualidade do

sistema sob esse modo, que representa 25% do cenário nacional.

3 TC = Transporte Coletivo (ônibus municipais, metropolitanos, trens e metrô); TI = Transporte Individual

(automóvel e motocicleta); TNM = Transporte Não Motorizado (bicicleta e a pé).

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38

Figura 9 - Divisão modal no Brasil.

Fonte: ANTP, 2015b.

A evolução da divisão modal de 2003 a 2013 (Figura 10) demonstra uma queda nos

sistemas de transporte coletivo e no não motorizado simultânea ao aumento no transporte

individual.

Figura 10 - Evolução da divisão modal de 2003 a 2013.

Fonte: ANTP, 2015a.

Esse cenário não é bom, já que, além de causar danos a mobilidade das cidades como um

todo, fomenta os custos voltados a transporte. O custo com acidentes, por exemplo, segundo a

ANTP (2015b, p. 64 e 65), é maior em transportes individuais (8%) do que em transportes

coletivos (5%) para o levantamento de 2013 (Figura 11).

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Figura 11 - Composição de custos para transporte coletivo (TC) e individual (TI).

Fonte: ANTP, 2010.

Mesmo sendo registrada uma queda no número de acidentes para um comparativo de 2007

a 2014 (Figura 12) – provavelmente devido uma maior fiscalização e legislação mais dura

implantadas nesse período - segundo dados de CNT (2014), os números e custos envolvidos

ainda são altos.

Figura 12 - Informativo de acidentes de 2007 a 2014.

Fonte: CNT, 2014.

A Figura 13 descreve os custos envolvidos em acidentes no ano de 2014 segundo dados do

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) com o maior percentual representado pelos

custos associados às pessoas (62%). Dessa porcentagem, “41,2% está relacionada ao quanto

de renda uma vítima de trânsito deixa de auferir, tanto ao longo do período em que esteja

afastada das atividades econômicas como, no caso de morte, em relação a sua expectativa de

vida”. (IPEA, 2015, p.10).

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40

Figura 13 - Custos de acidentes nas rodovias federais.

Fonte: IPEA, 2015.

Os gráficos (Figuras 14 e 15) e dados a seguir são provenientes de um estudo sobre Custos

dos Deslocamentos para diferentes modos de transporte, com dados de 2010, realizado pela

ANTP em 27 capitais e 16 municípios com população acima de 500 mil habitantes.

Figura 14 - Consumos e impactos relativos ao uso de ônibus, motos e autos em cidades brasileiras.

Fonte: ANTP, 2010.

O automóvel é a tecnologia que consome mais espaço e energia por

passageiro transportado, estando em segundo lugar nos itens emissão de

poluentes e custo de acidentes. [...] Em consequência, pode ser verificado

que o uso do ônibus implica nos menores consumos e impactos dentre as

tecnologias analisadas. (ANTP, 2010)

Ainda segundo esse estudo, outros custos provenientes de impostos, manutenção e

depreciação são muito maiores em automóveis (álcool ou gasolina), enquanto que custos com

desembolso (tarifa, gasolina, estacionamento) são praticamente iguais entre automóveis e

ônibus, com menor participação em motocicletas. A Figura 15 representa os custos totais por

modo e por região do Brasil e a média nacional.

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41

Figura 15 - Custo total4 de uma viagem de 7 km com diferentes modos, por região.

Fonte: ANTP, 2010.

“O principal indicador de produtividade do setor de transporte público, o índice de

passageiros por quilômetro (IPK), reduziu em 1,2% em abril e outubro de 2014. Foi

impactado pela redução de demanda superior à redução da oferta de serviço”. (NTU, 2015b,

p.07).

Morais (2012, p.10) atribui a evasão do transporte coletivo a estagnação da infraestrutura e

tecnologia dos transportes em relação ao crescimento das metrópoles, que impulsionaram uma

nova demanda nas linhas de transporte (aumento da extensão) e o aumento de frota dos

veículos, culminando aumentos nos tempos de viagem e reduções na qualidade do serviço.

Outro problema pautado pela NTU (2015b) consistiu na falha da legislação, que permite a

criação de inúmeros benefícios (gratuidade ou desconto) porém sem o cuidado de estabelecer

corretamente quem deve pagar por isso, concluindo que custos que deveriam ser distribuídos

por toda a sociedade, já que foi decisão da sociedade criar esses benefícios que hoje assumem

um custo médio adicional de 18% nas tarifas pagas pelos usuários.

A Figura 16 apresenta algumas cidades com alto percentual de beneficiários (idosos,

deficientes, estudantes e outros).

4 Não inclui custos de congestionamento (aumento de tempo de percurso).

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Figura 16 - Porcentagem de passageiros com direito à gratuidade em algumas cidades brasileiras.

Fonte: NTU, 2015b.

Ainda conforme NTU (2015b), a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei n.°

12.587/2012) disponibilizou, em janeiro de 2012, as diretrizes para elaboração dos planos de

mobilidade urbana nas cidades acima de 20 mil habitantes. A Lei determinou o prazo de abril

de 2015 e, após três anos da aprovação, apenas 5% das cidades pesquisadas possuíam o plano

elaborado.

Há urgência em priorizar todas as instâncias da mobilidade urbana. É preciso

planejar os sistemas, capacitar os gestores públicos, investir em

infraestrutura e criar uma nova política de financiamento para o setor.

Estamos há mais de 20 anos atrasados nessa evolução. Se continuarmos com

a mesma postura ano após ano, será ainda mais difícil nos recuperarmos

dessa crise que já perdura por décadas. (NTU, 2015b)

2.8.1 - MODO ÔNIBUS

“No Brasil, o ônibus é o meio mais importante para transportar as pessoas”. (SANTOS,

2014, p.30). Fato comprovado através dos vários dados apresentados anteriormente, que

demonstram o uso massivo do transporte por ônibus e suas inúmeras vantagens de custo se

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comparado aos transportes individuais. Abaixo são apresentados dados do cenário de

transporte urbano por ônibus no Brasil no ano de 2014 (Figura 17).

Figura 17 - Dados operacionais e indicadores de desempenho (abril e outubro de 2014).

Fonte: NTU, 2015b.

Um estudo, divulgado pela NTU (2015b), envolvendo os sistemas de transporte por

ônibus de nove capitais brasileiras indicou perda de produtividade e aumento dos preços dos

insumos importantes, além de verificar uma redução de 2% dos passageiros transportados no

período 2013-2014, de 2,4 milhões de quilômetros da oferta de serviço e elevação da idade

média da frota. Mesmo com tantos problemas, a maioria dos cidadãos (usuários ou não de

ônibus) apoiam investimento nesse modo de transporte, de acordo com dados de uma

pesquisa de satisfação sobre a implantação de faixas exclusivas para ônibus.

2.9 – SISTEMA DE TRANSPORTE DA CIDADE DE NATAL-RN

Em Natal, voltando-se para o transporte de pessoas, a modalidade que de maior

abrangência em número de usuários e cobertura da cidade é o transporte público coletivo por

ônibus, foco desta pesquisa. No cenário atual, existem seis empresas que atuam através do

regime de concessão, são elas: Guanabara, Santa Rita, Reunidas, Nossa Senhora da

Conceição, Vias Sul e Cidade do Natal. Na Figura 18 estão as porcentagens de atuação de

cada empresa quanto ao número de linhas. A proporção, praticamente, se mantém se analisada

a atuação por quilometragem percorrida.

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44

Figura 18 - Participação das empresas quanto ao número de linhas.

Fonte: STTU, 2015.

Essas empresas oferecem juntas cerca de 80 linhas convencionais (Anexo C) que

abrangem toda a área em azul contida na Figura 19, com uma tarifa integral cobrada de R$

2,90 por passageiro.

Figura 19 - Abrangência da rede de ônibus em Natal.

Fonte STTU, 2015.

Antes do processo licitatório, segundo dados da Secretaria Municipal de Mobilidade

Urbana (STTU, 2015), a porcentagem de estudantes é maior, cerca de 27%, enquanto que a

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média nacional varia de 15 a 20%, o que remete à seção 2.8 sobre altas porcentagens de

beneficiários implicarem valores significativos no valor tarifa. Em contrapartida, a

porcentagem de pessoas que fazem uso do vale-transporte é menor, com cerca de 35%,

estando a média nacional entre 40 e 45%. As gratuidades e descontos somam cerca de 26,14%

no valor da tarifa em Natal, o que é ainda maior do que o previsto em NTU (2015b), de 18%.

Além disso, linhas de longa extensão (mais de 30km), destacadas por Morais (2012)

também na seção 2.8, representam mais de 60% do sistema. Outros fatores como idade média

de chassi e carroceria (mais de 6 anos) foram detectados como aspectos a serem melhorados.

Como na maioria das cidades brasileiras, em Natal, ainda há uma supervalorização do

transporte individual por veículos automotores em detrimento do transporte público coletivo.

As políticas públicas e obras de infraestrutura acabam fortalecendo a ideia de mercado de

incentivo a compra do veículo próprio. Na Figura 20 nota-se o aumento do índice de

motorização e redução gradativa do número de pessoas por veículo.

Figura 20 - Índice de Motorização no Rio Grande do Norte.

Fonte: Detran, 2014.

Cidade sede da Copa do Mundo 2014, Natal passou por várias intervenções, sobretudo nas

vias de acesso ao estádio Arena das Dunas, que favoreceram especialmente o trânsito de

veículos automotores. Como consequência, tanto o acesso no momento da copa ficou

dificultado, quanto não houve grandes ganhos no quesito mobilidade após todas essas

intervenções que custaram caro aos cofres públicos.

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3 - METODOLOGIA DESENVOLVIDA NA PESQUISA

A pesquisa tem o intuito de analisar quantitativamente o sistema de transporte público por

ônibus de Natal com base na opinião de estudantes do CT do Campus Central da UFRN em

Natal, usuários ou não dessa modalidade de transporte.

Partindo-se do princípio de que, na cidade de estudo, há uma maior porcentagem de

estudantes, se comparada à média nacional, que utiliza o transporte por ônibus como principal

meio de locomoção motorizada (Seção 2.9), e que esse mesmo grupo foi o principal

responsável pelas manifestações em 2013, houve a necessidade de avaliação da opinião

desses.

A pesquisa tem como foco identificar escala de importância dos indicadores e como cada

um deles está sendo avaliado atualmente. Com a atribuição de pesos aos indicadores e notas

para o funcionamento atual, é possível se obter médias ponderadas para cada quesito avaliado

e como um todo, constituindo uma nota final para a qualidade do sistema em análise que pode

variar de 0 a 10.

Além disso, como item facultativo, o avaliador teve a oportunidade de indicar por escrito

medidas mitigadoras para os problemas por ele identificado. Por isso, em primeiro momento,

pretende-se avaliar o cenário atual, posteriormente propondo melhorias nos determinantes.

É importante informar que não foi possível o acesso à lista de estudantes de Natal que

utilizam essa modalidade de transporte nem da própria Universidade, por falta de dados na

fonte de origem ou por manter a confidencialidade dos estudantes. Reforça-se ainda que os

dados e suas análises levam em consideração peculiaridades locais de Natal/RN, cidade de

desenvolvimento do trabalho, sabendo que a percepção varia entre localidades.

3.1– CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

A metodologia adotada consiste na aplicação individual de questionários estruturados com

abordagem pessoal em turmas do Centro de Tecnologia do semestre vigente, sorteadas

aleatoriamente. O preenchimento somente é permitido aos estudantes participantes efetivos da

turma, excluindo-se convidados e professores.

Esse método se inicia com a revisão bibliográfica, que se mantém durante todo o

desenvolvimento da pesquisa sendo o ponto de partida para a decisão de quais dados devem

ser levantados e busca por métodos já desenvolvidos sobre o problema em questão.

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Com a população problema e o modelo de questionário definidos, parte-se em busca de

dados que sirvam de base para o cálculo da amostra. Nesse caso, o cadastro de turmas

também foi decisivo para o tipo de amostragem utilizada. A partir disso, aplicam-se os

questionários, seguido de tratamento estatístico para organização dos resultados e posterior

análise, feita aplicando o referencial teórico aos resultados práticos.

Todo esse processo está representado em forma de fluxograma na Figura 21.

Figura 21 – Fluxograma da metodologia utilizada.

Fonte: Elaboração própria (2016).

Definido o objetivo de análise da qualidade do transporte público por ônibus de Natal/RN,

procedeu-se com o primeiro cadastro (Anexo A, Item 1) no LEA para definição da população

e posterior definição da amostra.

Para definição da população, julgou-se que considerar alunos de todo o campus central

seria inviável, pois o tamanho da amostra seria alto o suficiente para inviabilizar o término do

estudo no tempo hábil para a sua realização.

Além disso, como a maioria dos estudantes tem como viagens principais o mesmo destino,

a própria Instituição de Ensino Superior (IES), partiu-se da hipótese que as linhas analisadas

iriam ser coincidentes, e que se um estudo em um Setor de Aulas específico demostrasse

pouca variação entre as respostas, poderia constituir-se um forte instrumento de

representatividade.

Revisão

Bibliográfica

- Definição da população

- Elaboração dos

questionários

Levantamento

de dados

Definição da

amostra

Aplicação dos

questionários

Tratamento

estatístico

Análise e

discussões

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Dessa forma, a população definida corresponde aos alunos do Centro de Tecnologia do

Campus Central da UFRN.

Em paralelo a definição da população, houve a elaboração do questionário (Apêndice A),

de acordo com proposta de Rodrigues (2006). Para promover a adaptação à localidade, à

metodologia implantada, afim de amenizar possíveis dúvidas, e como contribuição para o

trabalho desenvolvido por Rodrigues (2006), algumas alterações foram necessárias.

Dentre essas alterações:

a) Incremento nas variáveis do problema: bilhetagem, número de linhas e tarifa.

Definidas a seguir:

Bilhetagem

Corresponde ao sistema de cobrança para embarque, se é feito dentro do ônibus (por

cobrador ou pelo próprio motorista) ou em terminais no exterior do veículo, se existem

instrumentos facilitadores como cartões, vales ou tíquetes.

A avaliação deve se dar através da análise do grau de facilidade que esse sistema

deve proporcionar para um embarque mais rápido e seguro.

Foi considerado necessário devido às recorrentes mudanças no sistema de

bilhetagem em Natal, com a necessidade de preenchimentos de fichas para idosos e

estudantes, e posterior adaptação para um cartão único para ônibus e alternativos.

Número de linhas

Quantidade de linhas diferentes que passam num mesmo local de parada.

A diversidade de linhas ideal deve evitar que viagens no sentido contrário ao de

destino final sejam necessárias e que as paradas estejam, em maior parte do tempo,

vazias, devido à oferta demasiada.

O que se espera é que bairros onde a maioria da população tem menor poder

aquisitivo apresentem maior número de linhas, já que constituem maior parte dos

usuários.

Tarifa

Valor monetário pago para embarque no ônibus. Deve ser condizente com a

qualidade de serviço ofertada.

Essa adequação foi feita com a finalidade de captar se o usuário, por exemplo, avalia

mal o serviço em si, mas concorda que o preço da passagem está abaixo do necessário

para ofertar um serviço de qualidade ou não, e até mesmo para relacionar a percepção

de custo-benefício do usuário como forma de avaliar as outras variáveis do problema.

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Além disso, como consiste em um modo motorizado acessível às pessoas de baixa

renda, é comum que haja preferência por um serviço de menor qualidade aliado a uma

tarifa baixa pela qual essa parcela da população possa pagar.

b) Alteração nas informações do entrevistado: devido a diferenças de população, o

tipo de usuário deixou de se classificar em trabalhador, estudante, idoso, deficiente

ou comum, passando a ser usuário de ônibus ou de outra modalidade, já que essa

pesquisa não ocorreu nas paradas. Além disso, havia a preocupação de saber quais

linhas o usuário costumava utilizar e horários, data da entrevista e turma a qual

pertencia.

c) Preenchimento: Com o preenchimento do questionário durante o horário de aula,

houve a necessidade de otimizar o tempo demandado para respostas. Dessa forma,

substituiu-se a escrita das notas por escalas que deveriam ser apenas marcadas com

“X”.

d) Legenda: Foi relocada para o início do questionário para que o entrevistado tivesse

consciência do que cada nota representava antes de começar a preencher.

e) Espaço para sugestões: substituiu o espaço para observações, restringindo o seu

uso para atender os objetivos da pesquisa.

O modelo de questionário elaborado por Rodrigues (2006) encontra-se ao final deste

documento, conforme Anexo B.

Para garantir a confiabilidade dos dados, a elaboração do questionário foi feita com o

cuidado de evitar ambiguidades ou perguntas tendenciosas que pudessem induzir o usuário a

avaliar melhor ou pior, ao mesmo tempo que apresentasse preenchimento rápido e direto, a

fim de reduzir a resistência por parte dos entrevistados no momento de abordagem.

Na entrevista, cada pergunta avalia apenas uma variável, tanto quanto ao grau de

importância dado à variável em questão quanto ao grau de satisfação atual.

O grau de importância é o quão aquele quesito é importante para que o serviço prestado

como um todo seja de qualidade, podendo variar de 1 a 5, sendo 1 considerado “sem nenhuma

importância” e 5 de “máxima importância”. Já o grau de satisfação consiste em uma nota, que

varia de 0 (não existe) a 10 (extremamente satisfeito), sendo a média 7, atribuída àquela

variável e que representa a satisfação com funcionamento atual.

As variáveis envolvidas são: acessibilidade, frequência de atendimento, tempo de viagem,

lotação, confiabilidade, segurança, características dos veículos, estado dos locais de parada,

sistema de informação, conectividade, operadores, vias, bilhetagem, número de linhas e tarifa.

Todas foram amplamente discutidas na seção 2.5.

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50

O período de aplicação dos questionários compreendeu entre os dias 22 de março e 19 de

abril de 2016, durante os horários de aula, das 7:00 às 22:20 horas mediante pedido de

permissão ao docente responsável pela turma e agendamentos prévios.

3.2 – DETERMINAÇÃO DA AMOSTRA TRABALHADA

Definidos a população alvo e o instrumento de pesquisa, procede-se a seleção da amostra.

Para seguir o procedimento padrão desse tipo de amostragem, segundo os representantes

do LEA, é imprescindível o conhecimento do número total de usuários de transporte por

ônibus da população alvo, além dos nomes – ou algum tipo de identificação que os

diferenciasse - desses usuários. A partir disso, realiza-se o sorteio dos usuários, não havendo

substituição de um entrevistado por outro, de forma a garantir aleatoriedade.

Pela inexistência de dados sobre o número de estudantes do CT que são usuários de modo

de transporte, teria que ser realizado um estudo piloto para estimar e conhecer o grau de

variabilidade da população. Esse processo tornou-se inviável pelo não acesso aos nomes dos

estudantes e seu número total.

Sendo assim, partiu-se para a amostragem por conveniência, que considera a

disponibilidade do pesquisador para definição do tamanho da amostra, homogeneizando pela

área coberta pela pesquisa para tornar a amostra significativa. Isso significa, neste caso, que a

pesquisa não deveria ser feita com alunos de cursos selecionados, mas sim de uma

distribuição de todos os cursos oferecidos no CT.

O cadastro disponível para servir de base à seleção da amostra foi o de distribuição de

espaço físico do Setor de Aulas IV do período 2016.1, conseguido junto a Administração

desse setor. O modelo padrão das informações contidas nesse cadastro está representado

abaixo pela Tabela 6.

Tabela 6 - Padrão do Cadastro de Turmas.

SALA - TURNO

HORÁRIO SEG TER QUA QUI SEX SAB

Hora de

início e fim

Disciplina

Turma

Docente

Disciplina

Turma

Docente

Disciplina

Turma

Docente

Disciplina

Turma

Docente

Disciplina

Turma

Docente

Disciplina

Turma

Docente

Fonte: Elaboração própria (2016).

Com um cadastro por turmas, e não por alunos, adaptou-se para uma amostragem por

turma. Então, para obter um cadastro com informações mais diretas que facilitassem a escolha

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da amostra, organizaram-se os dados, segundo o modelo representado na Tabela 7, com a

ajuda do software MS Excel (versão 2016).

Tabela 7 - Modelo de cadastro para sorteio.

CÓDIGO TURMA Nº PARA

SORTEIO HORÁRIO SALA PROFESSOR E-MAIL

1

2

3

.

.

.

635

Fonte: Elaboração própria (2016)

À cada turma foi atribuída uma numeração para sorteio, já que a necessidade de

aleatoriedade se mantém. O total de turmas ofertadas foi de 635.

Uma dificuldade para a amostragem por turmas é que o mesmo aluno pode participar de

mais de uma turma sorteada. Portanto, o cálculo da amostra – pelo LEA - foi feito

desconsiderando essa particularidade e um erro permissível de 10%5 nos resultados e

confiabilidade de 95%6, que implicou em uma amostra de 84 turmas (13,23% das turmas

disponíveis).

Dessa forma, antes do preenchimento e junto às instruções passadas verbalmente para o

entrevistado, o aluno foi advertido a não responder caso já o tivesse feito anteriormente em

outras turmas.

Essa amostra corresponde, na verdade, à uma aproximação do procedimento padrão,

todavia, representa um número significativo e aleatório de turmas.

Além disso, esse número é proveniente da consideração de variabilidade máxima entre os

entrevistados, ou seja, de considerar uma alta dispersão nas opiniões coletadas – o que

aumenta muito o número da amostra - constituindo um tipo de “compensação” já que, ao final

da pesquisa, foi possível verificar grande semelhança entre as opiniões.

Para tanto, um sorteio aleatório simples foi realizado evitando que haja influência do

pesquisador, utilizando uma ferramenta de sorteador online7. O resultado do sorteio é

apresentado no Apêndice B. Junto às 84 turmas selecionadas, foram sorteadas 5 turmas

5 Admite-se que a proporção pode variar 10 pontos percentuais para mais ou para menos. 6 Ou seja, tomando na pesquisa 84 turmas, 95% das vezes, o dado real que se pretende buscar, estará na faixa de

±10% a respeito dos dados estudados. 7 Disponível em http://www.sorteador.com.br/. Acesso em 18.03.16

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52

reservas para o caso de impossibilidade de entrevista em alguma. A substituição se dá de

acordo com a sequência de sorteio.

A partir da lista de turmas sorteadas, procedeu-se com o pedido de permissão aos docentes

responsáveis para posterior aplicação dos questionários, já que se daria durante o horário de

aula, a fim de explicar a importância do estudo, confirmar dados da turma (sala, horário,

número de alunos) e agendar o dia de entrevista. Caso o contato por e-mail não fosse possível,

partia-se para a abordagem pessoal.

O procedimento de aplicação em sala inicia-se com explicação sobre o propósito do

trabalho, e segue-se com esclarecimentos acerca do preenchimento (Apêndice C). É

importante manter um padrão para que implique no mínimo de influência na avaliação por

parte dos entrevistados. Ademais, qualquer dúvida extra foi esclarecida pelo aplicador.

Vale ressaltar que, devido o tipo de amostragem, os entrevistados poderiam ser usuários

de ônibus ou não e que, independentemente disso, ambos participaram da pesquisa. Isso foi

possível graças a abordagem ser diferente para cada tipo de entrevistado. Somente os usuários

de ônibus do sistema de Natal respondiam quanto ao grau de importância e grau de satisfação

das variáveis envolvidas, enquanto os demais respondiam apenas quanto à importância.

Essa decisão foi tomada considerando que apenas usuários têm condições de analisar, com

propriedade, as variáveis envolvidas quanto ao funcionamento atual, ao passo que qualquer

tipo de entrevistado tem condições para estabelecer uma escala de importância.

Mesmo assim, graças ao modelo de questionário, foi possível analisar separadamente o

grau de importância para o grupo de usuários, grupo de não usuários e para os dois sem

distinção.

Depois da coleta dos dados, foi necessário a compilação e organização em forma de

tabela, questionário a questionário, segundo o modelo apresentado pelo LEA para

recebimentos de dados de análise descritiva e representado a seguir na Tabela 8.

Tabela 8 - Modelo de organização dos dados para tratamento estatístico.

Turma Aluno Usuário Ace - I Ace - S Freq - I Freq - S Temp - I Temp - S

X 1

X 2

X .

X .

X .

X P

Fonte: Elaboração própria (2016).

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53

A coluna “Turma” foi preenchida pelo número de sorteio da turma (x), seguida de

“Aluno” que variava de 1 até o número total de alunos entrevistados para aquela turma (p). Já

a coluna usuário serve para identificar se o aluno é usuário de ônibus – nesse caso preenche-se

com 1 - ou de outro tipo de modalidade – preenchendo com 0.

Os demais itens são abreviações das variáveis utilizadas com seus campos destinados a

receber as notas que lhes foram atribuídas, por exemplo: ACE – I significa o item

acessibilidade quanto ao grau de importância, já ACE – S está relacionado ao grau de

satisfação (Tabela 9). Não foram descriminadas todas a colunas devido à extensão.

Tabela 9 – Legenda.

LEGENDA

SÍMBOLO VARIÁVEL

ACE Acessibilidade

FREQ Frequência de atendimento

TEMP Tempo de viagem

LOT Lotação

CONF Confiabilidade

SEG Segurança

VEIC Características dos veículos

LPAR Estado dos locais de parada

SI Sistema de Informação

CONEC Conectividade

OP Operadores

VIA Vias

BIL Bilhetagem

NºL Número de linhas

TAR Tarifa

COMPLEMENTO

Item - I Grau de Importância

Item - S Grau de Satisfação Fonte: Elaboração própria (2016)

Nota-se a preservação da separação por turmas, embora o tratamento estatístico não tenha

sido feito dessa forma. Isso se deve a possibilidade de estudos futuros que necessitem dessa

informação. O tratamento estatístico foi desenvolvido pelo LEA.

As notas atribuídas para grau de importância e satisfação receberam tratamento estatístico

e estão representadas em forma de média aritmética e mediana, sendo que aquele fornece um

valor médio das notas, enquanto este informa sobre uma tendência central, ou seja, 50% dos

valores são menores ou iguais a mediana e os outros 50% são maiores ou iguais.

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4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Dentre os 1315 formulários preenchidos, 916 deles foram por usuários de ônibus (69,66%)

e 399 por outros (30,34%). Desses, 356 se deslocam por automóveis, 22 por moto, 5 por

bicicleta, 3 a pé e 1 de táxi. Uma parcela de 12 entrevistados alegou não utilizar ônibus,

porém não identificou o meio de transporte utilizado.

Usuários de mais de um tipo de transporte foram classificados em apenas uma categoria,

de acordo com a prioridade de uso apontada por eles. Dessa forma, 69,66% dos estudantes

entrevistados se deslocam por transporte coletivo (modo ônibus), enquanto 28,90% utilizam o

transporte individual motorizado e 0,61% o transporte não motorizado.

4.1 - GRAU DE IMPORTÂNCIA

Quanto ao grau de importância, o tratamento estatístico visa identificar uma escala de

importância entre os itens avaliados, diferenciando usuários de não-usuários a fim de

comparar e perceber as diferenças de prioridades entre os dois tipos de entrevistados.

Os resultados em médias e mediana (Tabela 10) indicam alta semelhança nas avaliações

de usuários e não-usuários. No geral, os usuários atribuíram graus de importância maiores.

Tabela 10 - Graus de importância médios por variável e geral, mediana para usuários, não-usuários e finais.

Variável Nota usuário Nota não-usuário Nota final

Acessibilidade 4,05 4,19 4,12

Frequência de atendimento 4,60 4,51 4,56

Tempo de viagem 4,17 4,51 4,34

Lotação 4,59 4,47 4,53

Confiabilidade 4,63 4,65 4,64

Segurança 4,81 4,85 4,83

Características dos veículos 4,24 3,98 4,11

Estado dos locais de parada 4,45 4,24 4,35

Sistema de Informação 4,53 4,44 4,49

Conectividade 4,28 4,18 4,23

Operadores 4,20 4,01 4,11

Vias 4,44 4,37 4,41

Bilhetagem 4,23 4,17 4,20

Número de linhas 4,43 4,26 4,35

Tarifa 4,74 4,51 4,63

Médias gerais e Medianas por tipo de entrevistado

Média 4,43 4,32 4,39

Mediana 5 4 5

Fonte: Elaboração Própria (2016).

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A maior diferença entre as avaliações está no tempo de viagem, considerado mais

importante por usuários dos outros modos. Em seguida, destacam-se Características dos

veículos, Tarifa e Estado dos locais de parada, nos quais as diferenças registram maior

importância por parte dos usuários de ônibus.

Organizando as variáveis em sequência decrescente quanto às notas médias para cada tipo

de entrevistado e para as notas finais na Tabela 11, nota-se que Confiabilidade, Segurança e

Tarifa são consideradas as três mais importantes em todos os casos. Já com relação as de

menor importância, o Comportamento dos operadores é consenso, seguido de característica

dos veículos e acessibilidade que ficam ao final de duas das três possibilidades.

Tabela 11 – Classificação do grau satisfação segundo cada tipo de entrevistado, em ordem decrescente.

Variável usuário Variável não-usuário Variável final

Segurança Segurança Segurança

Tarifa Confiabilidade Confiabilidade

Confiabilidade Tarifa Tarifa

Frequência de atendimento Frequência de atendimento Frequência de atendimento

Lotação Tempo de viagem Lotação

Sistema de Informação Lotação Sistema de Informação

Estado dos locais de parada Sistema de Informação Vias

Vias Vias Estado dos locais de parada

Número de linhas Número de linhas Número de linhas

Conectividade Estado dos locais de parada Tempo de viagem

Características dos veículos Acessibilidade Conectividade

Bilhetagem Conectividade Bilhetagem

Operadores Bilhetagem Acessibilidade

Tempo de viagem Operadores Características dos veículos

Acessibilidade Características dos veículos Operadores

Fonte: Elaboração própria (2016).

Avaliando pela mediana e pelas porcentagens de respostas para cada grau, de 1 a 5,

algumas variáveis foram destaque pela alta frequência de votos na máxima importância,

foram elas: Segurança com 87,45%, seguido de Tarifa com 76,20% e Confiabilidade com

71,25%.

Enquanto isso, as variáveis que mais receberam nota mínima 1 (nenhuma importância)

foram: Acessibilidade com 1,37%, Operadores 1,14% e Bilhetagem com 0,99%.

Sabendo que todos os itens são alvos de observação da sociedade e que o sistema de

transporte por ônibus está presente no cotidiano até dos não-usuários, é esperado que a

maioria dos entrevistados responda que as variáveis envolvidas apresentam, no geral, alta

importância. Isso pode ser visualizado através dos gráficos a seguir (Figuras 22 a 29), pela

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presença de assimetria à esquerda, simbolizando que a maioria dos votos foram para

importância 5 (extremamente importante).

Figura 22 - Grau de Importância das variáveis Acessibilidade e Frequência de atendimento, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Na Figura 22 nota-se que a Acessibilidade foi considerada por 78% dos entrevistados de

“importante” a “extremamente importante”. Além disso, foi a que mais recebeu votos na

mínima importância, com 22,74% (299 votos) de nenhuma a média importância. Frequência

de atendimento teve apenas 1 voto em “nenhuma importância”, somando 8,52% para graus

iguais ou abaixo de 3.

Figura 23 - Grau de Importância das variáveis Tempo de Viagem e Lotação, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

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57

É importante destacar, na Figura 23, que mais de 90% das vezes Lotação foi classificada

de “importante” a “extremamente importante”, ao passo que Tempo de viagem apresentou

pouco mais de 70%. Isso se explica devido grande parte dos entrevistados (21,75%)

considerarem Tempo de viagem como uma variável de “média importância”.

Figura 24 - Grau de Importância das variáveis Confiabilidade e Segurança, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Apenas cerca de 4% dos entrevistados classificaram Segurança de “nenhuma" a “ média

importância“, garantindo a maior porcentagem no grau máximo. Algo semelhante ocorreu

com Confiabilidade que detém cerca de 94% dos votos entre os graus de importância 4 e 5

(Figura 24).

Figura 25 - Grau de Importância das variáveis Características dos veículos e das Paradas, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

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58

Observa-se na Figura 25 que Estado dos locais de parada foi o único item avaliado que

não recebeu nenhum voto para “nenhuma importância”, com pouco mais da metade dos

entrevistados o classificando como de importância máxima. Características dos veículos

recebeu 546 votos no grau 5, que correspondem a 41,52% dos entrevistados.

Figura 26 - Grau de Importância das variáveis Sistema de Informação e Conectividade, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Sistema de informação teve quase 90% dos votos entre os graus 4 e 5 de importância,

enquanto que Conectividade teve 81%. Na Figura 26, os gráficos se comportam de maneira

semelhante, porém há uma maior uniformidade de distribuição de votos em Conectividade.

Figura 27 - Grau de Importância das variáveis Operadores e Vias, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

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59

A Figura 27 permite inferir que Comportamento dos operadores uma das variáveis a

receber mais votos (com 68) para “pouca” ou “nenhuma importância” – atrás apenas de

Acessibilidade, com 76 – e ainda assim foi classificada como de máxima importância por

47,10% dos alunos. Para o mesmo parâmetro, Estado das Vias recebeu 57,41%, totalizando

755 votos.

Figura 28 - Grau de Importância das variáveis Bilhetagem e Número de linhas, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Há semelhanças entre os gráficos de Bilhetagem e Número de linhas (Figura 28), sendo

que este recebeu mais votos para máxima importância, 703 contra 602. Para os demais níveis,

as porcentagens foram maiores em Bilhetagem.

Figura 29 - Grau de Importância da variável Tarifa.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

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60

É possível perceber que Tarifa (Figura 29) foi o segundo item mais considerado de

máxima importância, com quase 93% dos votos iguais ou acima de 4.

4.2 - GRAU DE SATISFAÇÃO

Nesse sentido, todo o tratamento de dados foi feito somente para formulários preenchidos

por usuários do sistema que se pretende avaliar. As notas obtidas, que podiam variar entre 0 a

10 e com média 7, estão representadas na Tabela 12, com seus valores médios para cada

variável. A tabela apresentada já se encontra em ordem decrescente de avaliação.

Tabela 12 - Graus de satisfação médios para cada variável (em ordem decrescente), média geral e mediana.

Variável Nota Usuário

Acessibilidade 6,46

Tempo de viagem 5,87

Operadores 5,77

Número de linhas 5,34

Bilhetagem 5,27

Conectividade 5,22

Características dos veículos 5,02

Vias 5,01

Confiabilidade 4,26

Segurança 4,26

Frequência de atendimento 4,13

Lotação 3,55

Sistema de Informação 3,44

Estado dos locais de parada 3,29

Tarifa 2,92

MÉDIA 4,65

MEDIANA 5,00

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Assim, Acessibilidade, Tempo de Viagem e Operadores foram as variáveis que

apresentaram maior satisfação, todavia estejam todas a baixo da média definida.

De acordo com a análise por mediana presente no Item 2 do Anexo A, os indicadores que

receberam as maiores porcentagens de nota máxima foram: Acessibilidade (11,90%),

Segurança (4,48%) e Tempo de espera (3,38%). Em contrapartida, os que mais receberam

nota mínima foram Tarifa (22,49%), Sistema de informação (17,14%) e Estado das paradas

(15,28%).

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61

Embora o item Segurança apresente uma das maiores porcentagens na nota máxima

(4,48%), essa proporção ainda é pequena, sendo menor cerca de três vezes a quantidade de

notas mínimas que recebeu (13,86%).

Por outro lado, Tarifa apresenta mais de 50% das notas que lhe foram atribuídas menores

ou iguais a 2.

Quanto aos gráficos (Figuras 30 a 37), era esperado que ocorresse uma assimetria à

direita, indicando uma avaliação dos itens abaixo da média e bem definida. Na verdade, o que

houve foi uma variação das distribuições entre as notas, com a existência de alguns gráficos

que se assemelham à assimetria à direita perfeita. Isso aconteceu em variáveis como Estado

das paradas, Lotação, Segurança, Sistema de informação e Tarifa, como é possível observar a

seguir.

Figura 30 - Grau de Satisfação das variáveis Acessibilidade e Frequência de atendimento, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Sobre a Figura 30, na variável Acessibilidade é possível notar uma maior porcentagem de

votos indicando uma “satisfação média”, correspondendo à 24,89% que representam a opinião

de 228 dos entrevistados. Considerando tais proporções acumuladas, a variável Acessibilidade

possui cerca de 58% das suas notas maiores ou iguais a 7. Por outro lado, Frequência de

atendimento acumulou apenas 17,47% de notas iguais ou acima da média, sendo 5 a opção

mais votada com 18,34%.

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62

Figura 31 - Grau de Satisfação das variáveis Tempo de Viagem e Lotação, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Além de ter a menor porcentagem de notas mínimas, Tempo de viagem apresentou pouco

mais 48% das notas maiores ou iguais a média estabelecida. Por outro lado, Lotação teve a

maior porcentagem concentrada na nota 3 (15,50%), indicando uma satisfação baixa. A

proporção acumulada de notas abaixo da média é de 84,82% (Figura 31).

Figura 32 - Grau de Satisfação das variáveis Confiabilidade e Segurança, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

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63

Na Figura 32, para Confiabilidade, a maior porcentagem se concentrou na nota 5, com

17,25%, com quase 79% das opiniões estando abaixo da média. Quanto à Segurança, o maior

percentual foi para a nota mínima (13,86%), indicando precariedade no serviço, embora parte

disso não seja um problema do sistema de transporte em si.

Figura 33 - Grau de Satisfação das variáveis Veículos e Estado das paradas, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Na Figura 33, 20,85% dos usuários entrevistados classificaram como “satisfação média”

as Características dos veículos. Ainda assim, cerca de 68% deles considera que o serviço está

abaixo da média. Quanto ao Estado das paradas, a maioria dos votos foi na nota 4,

representando 15,39% dos usuários, semelhante à de “nenhuma satisfação”, com 15,28%.

Figura 34 - Grau de Satisfação das variáveis Sistema de informação e Conectividade, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

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64

Os gráficos (Figura 34) apontam para uma alta porcentagem de serviço abaixo da média

para Sistema de Informação, destacando a grande quantidade de votos na nota mínima. Em

Conectividade a maioria dos votos foram para a nota média (22,93%), com pouco mais de

50% da população classificando o nível de satisfação maior ou igual a 6.

Figura 35 - Grau de Satisfação das variáveis Operadores e Vias, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

Para Comportamento dos operadores e Estado das vias (Figura 35), nota-se a preferência

pelas notas 7 e 5, respectivamente. Na proporção acumulada, cerca de 53% julgaram o item

que avalia os operadores como abaixo da média, e 70% no caso das vias.

Figura 36 - Grau de Satisfação das variáveis Bilhetagem e Número de Linhas, respectivamente.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

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Os resultados para Bilhetagem e Número de linhas (Figura 36) são parecidos, com ambos

recebendo mais votos (21,07% e 22,82%, respectivamente) para satisfação mediana e

somando cerca de 60%, cada um, de opinião que indicam um serviço abaixo da média.

Figura 37 - Grau de Satisfação da variável Tarifa.

Fonte: Elaboração Própria (2016).

O gráfico de Tarifa (Figura 37) é o que mais se aproxima de uma assimetria à direita,

indicando alta preferência pelo voto na satisfação mínima e somando mais de 90% de

opiniões sobre nível de satisfação abaixo da média.

4.3 - NOTA FINAL

A nota final para sistema de qualidade foi de 4,58 (abaixo da qualidade média atrelada ao

grau de satisfação médio), obtida através do conceito de média ponderada, no qual os graus de

importância funcionaram como pesos. Também foi possível, procedendo da mesma forma,

obter as notas finais para cada variável (Tabela 13), que já estão representadas em ordem

decrescente.

Tabela 13 - Nota ponderada de cada variável, em ordem decrescente.

Variável Média

Acessibilidade 6,44

Tempo de viagem 5,78

Operadores 5,67

Número de linhas 5,28

Conectividade 5,20

Bilhetagem 5,20 Fonte: Elaboração própria (2016).

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Tabela 13 - Nota ponderada de cada variável, em ordem decrescente (continuação).

Variável Média

Características dos veículos 4,92

Vias 4,92

Segurança 4,24

Confiabilidade 4,19

Frequência de atendimento 4,05

Lotação 3,42

Sistema de Informação 3,37

Estado dos locais de parada 3,17

Tarifa 2,84 Fonte: Elaboração própria (2016).

Mesmo com a ponderação pelos pesos, a sequência de avaliação praticamente se manteve

em relação ao que foi discutido no item anterior, com o indicador de maior satisfação sendo

Acessibilidade (nota 6,44) e o pior avaliado sendo Tarifa (nota 2,84). O gráfico da Figura 38

representa os dados tabela visualmente.

Figura 38 - Médias Ponderadas para cada variável.

Fonte: Elaboração própria (2016)

Como a média final entre as notas atribuídas foi de 4,58, ficaram acima dela os itens:

Acessibilidade, Tempo de viagem, Característica dos veículos, Conectividade,

Comportamento dos operadores, Vias, Bilhetagem e Número de linhas.

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4.4 - SUGESTÕES

Além de atribuir notas aos graus de importância e satisfação, o entrevistado teve como

opção discorrer resumidamente sobre possíveis soluções que promovessem melhorias no

sistema, ajudando a agregar qualidade ao serviço ofertado.

Ao total, da quantidade de questionários preenchidos, 331 entrevistados deram sugestões

de soluções em um ou mais quesitos por aluno. A Figura 39 apresenta a divisão modal dos

entrevistados que sugeriram soluções

Todos os 81,57% que utilizam transporte coletivo (TC) são usuários de ônibus. Dentre os

17,52% que fazem uso do transporte individual (TI), 16,62% são usuários de automóveis,

enquanto o restante (0,91%) utiliza moto. A menor parcela é de usuários de transporte não

motorizado (TNM) com 0,91%, dos quais 0,61% utilizam a bicicleta como transporte e 0,30%

fazem os percursos a pé.

Figura 39 - Divisão por modo de transporte dos entrevistados que sugeriram melhorias.

Fonte: Elaboração própria (2016).

A grande maioria dos que responderam sugeriu duas medidas para indicadores diferentes,

totalizando 645 sugestões. As porcentagens na Figura 40 indicam as proporções de soluções

para cada item:

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Figura 40 - Percentual de sugestões por categoria, em ordem decrescente.

Fonte: Elaboração própria (2016).

O item que mais recebeu sugestões foi o de Sistema de informação, provenientes de 89

estudantes, que consistiram sobretudo no uso de aplicativos ou plataformas via internet que

informem sobre as linhas disponíveis e o tempo estimado para a chegada dos próximos

ônibus. Foram ainda sugestões de instalação de painéis eletrônicos atualizados sobre linhas,

itinerários e tempo de espera estimado nas principais paradas, ou simplesmente a

disponibilização em forma de folhetos em paradas, com mapas dos itinerários.

As mudanças sugeridas em Frota consistiram em seu aumento, sobretudo, nos horários de

pico, a fim de reduzir as lotações nos pontos de parada e ônibus, bem como aumentar a

frequência de atendimento, que geralmente reduz nesses horários.

Já quanto as Características dos veículos houve uma diversidade entre as 64 sugestões,

como: mudança no modelo, adotando piso baixo para facilitar o embarque principalmente de

idosos e deficientes, climatização dos veículos, renovação da frota com tempo determinado,

limpeza constate e manutenção e acentos mais confortáveis.

Se tratando de Segurança, a principal sugestão foi o aumento do patrulhamento policial

nas paradas mais vulneráveis, em especial no turno noturno, além de instalação de câmeras

nas paradas, bem como de um sistema de alerta vinculado à polícia dentro do ônibus, e a

abolição de dinheiro em espécie para pagamento da passagem.

Quanto às sugestões envolvendo o Estado dos locais de parada, a maioria dos 59

estudantes destacou a importância de paradas bem planejadas que proporcionem algum

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conforto e segurança durante a espera: instalação de abrigos, bancos, iluminação e

sinalização.

Em Bilhetagem, a maioria das 55 sugestões consistiram em reestabelecer o cargo

individual de cobrador, com os motoristas deixando de realizar a dupla função. Outras

sugestões foram no modo de cobrança, sugerindo a retirada das catracas com bilhetagem fora

do veículo para oferecer agilidade no tempo de embarque.

Quanto à Tarifa, as sugestões são de reduzir o valor cobrado ou adequar a qualidade do

serviço, isso acompanhado de uma divulgação com transparência da composição de custos do

valor cobrado.

Para melhorar a Confiabilidade as sugestões consistiram em melhorar o planejamento,

através de estudos de demanda, dos envios dos veículos dos terminais, para que haja

pontualidade e padronização dos horários.

A Frequência de atendimento deve ser aumentada e controlada segundo as sugestões,

através de planejamento e rastreamento dos veículos para controlar os envios.

O aumento do Número de linhas foi sugerido por 23 dos entrevistados, com intuito de

aumentar as opções de destinos em áreas deficientes, nas quais há baixa diversidade de linhas.

Enquanto que, para Estado das vias, as medidas consistiram no recapeamento e manutenção

do pavimento.

Para Comportamento dos Operadores foi sugerido a realização de cursos para melhor

desempenho. Já se tratando de Conectividade, foi proposto o aumento do tempo disponível

para realizar a integração sem um novo pagamento de tarifa.

O item Itinerário agrupa as sugestões de mudanças nesse sentido, visando coletar usuários

em áreas não atendidas e torná-lo menor, trabalhando com um sistema com menos

sobreposições de linhas, mas com eficiência na integração.

As sugestões envolvendo Lotação foram de limitar um número máximo confortável de

passageiros dentro dos ônibus, a partir do qual não haveria mais ingresso até o surgimento de

vagas.

O item Fiscalização representa sugestões voltadas à fiscalização por parte do poder

público tanto de usuários (quanto à bilhetagem, uso de acentos preferenciais, etc) quanto dos

funcionários e condições de trabalho nas empresas de ônibus. Boa parte alegou que algumas

linhas não permitem o benefício ao estudante se o pagamento for feito em espécie, mesmo de

posse da Carteira Estudantil.

Melhora da sinalização de faixas de pedestres e sinalização, bem como implantação de

mais semáforos para pedestres foram sugestões que nortearam o quesito Acessibilidade.

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4.5 - CONCLUSÕES

Quanto ao grau de importância, pode-se destacar que as variáveis consideradas mais

importantes foram Segurança, Confiabilidade e Tarifa, somando mais de 70% dos votos em

“extremamente importante”. Esse comportamento foi comum analisando tanto usuários e não-

usuários de forma desagregada, quanto juntos.

De forma geral, as opiniões de usuários e não-usuários foram semelhantes, com média

4,43 e 4,32, respectivamente, para grau de importância. Além disso, é possível perceber

através dos histogramas uma forte assimetria à esquerda justificada pelo grande número de

votos em graus de importância maiores, o que era esperado.

Já quanto a satisfação, as variáveis no geral, não apresentaram bom desempenho, sendo o

quesito com o qual os usuários estão menos satisfeitos a Tarifa, resultando em 2,92 como

nota.

O item Acessibilidade recebeu mais de 30% das suas notas máximas considerando as

proporções acumuladas e foi o melhor avaliado com nota 6,46. Tarifa foi o item com maior

proporção de notas abaixo ou iguais a 2, somando 50%, seguida de Lotação, Segurança,

Estado das paradas e Sistema de informação, com 30%.

Foi possível constatar que os itens considerados de menor importância pelos usuários,

foram os melhores avaliados, enquanto que Tarifa foi o pior avaliado ao mesmo tempo que é

o de segunda maior importância.

A nota geral para a qualidade do serviço de transporte por ônibus em Natal-RN, de acordo

com a metodologia utilizada nessa pesquisa, foi de 4,58.

Além disso, 331 dos entrevistados sugeriram melhorias em várias categorias da qualidade

do serviço. A maioria dessas sugestões foram em Sistema de informação, Frota, Característica

dos veículos, Segurança e Estado dos locais de parada, e consistiram principalmente na

implantação de aplicativos que fornecessem informações sobre itinerário, linhas e tempo de

espera por parada em tempo real, aumento da frota, adaptações nos veículos para proporcionar

conforto (piso baixo, climatização), aumentar patrulhamento em horários e pontos

estratégicos para conferir segurança e instalação de abrigos com bancos e sinalização nos

pontos de parada.

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5 – ANÁLISE DE RESULTADOS E PROPOSTAS DE MELHORIAS

Para usuários e não usuários, os quesitos considerados determinantes na qualidade foram

Segurança, Confiabilidade e Tarifa, que também está entre os menores níveis de satisfação,

seguido dos Estados dos locais de parada e Sistema de informação. Dessa forma, é importante

avaliar possíveis causas dos problemas auferidos e propor soluções nesses seguimentos.

Iniciando por Tarifa, o valor cobrado teve sua última atualização em 31 de janeiro deste

ano, com o aumento de 2,65 para 2,90 reais. O aumento foi motivado por necessidade de

renovação de parte da frota, adaptações em alguns itinerários e implantação de outras linhas, e

bastante criticado pela população em geral, inclusive pelos 52 entrevistados que sugeriram a

redução do valor cobrado ou elevação da qualidade do serviço. É interessante que haja

transparência por parte do poder público e das empresas na composição dos custos da tarifa,

com ampla divulgação desses dados, como também do cumprimento das metas traçadas que

motivaram o aumento, a fim de minimizar sentimentos de injustiças por parte da população.

Sistema de informação foi o item que mais recebeu sugestão por parte dos usuários. Já

existe disponível, segundo a STTU local, um informativo através de redes sociais sobre,

principalmente, situação do trânsito (congestionado, lento, livre) e ocorrências de colisões. Há

também o telefone 156 para registro de reclamações. Além disso, um aplicativo8 que

transmite a localização dos ônibus em tempo real, através de GPS permitindo conhecer o

horário exato de chegada dos ônibus aos pontos de embarque e desembarque na cidade do

Natal foi desenvolvido e está em fase de teste por uma comissão avaliadora.

É importante ressaltar que folhetos/mapas com linhas e itinerários dentro dos ônibus e

paradas constituem uma alternativa importante para os que não possuem aparelhos que

suportem o aplicativo ou que não estejam conectados à internet e que, além de desenvolver

meios de informação, haja a divulgação para conhecimento geral da população.

Quantos aos pontos de parada, o planejamento e implantação de abrigos bem sinalizados e

que realmente ofereçam proteção são fatores imprescindíveis. Já quanto a Segurança, notou-se

que os comentários foram voltados para a ocorrência de incidentes que estão mais ligados à

segurança pública. Nesse sentido, a fim de minimizar danos causados pela precariedade de

outra área da gestão, o que pode ser sugerido é um levantamento das principais linhas e

paradas afetadas, para melhor distribuição do patrulhamento da polícia. Fazer disso um

processo dinâmico é imprescindível para um desempenho efetivo.

8 Segundo noticiado pela STTU local, disponível em <www.busaodenatal.com>, Acesso em: 19.05.2016.

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A confiabilidade pode ser afetada por fatores como estado das vias e o tempo gasto para

embarque e desembarque, por exemplo. Portanto, melhorias nesse quesito podem ir além de

um bom planejamento de envio dos veículos. Manter pavimentos em bons estados e implantar

modelos de veículos, como os de piso baixo, também contribuiriam para minimizar

eventualidade que podem comprometer a pontualidade do sistema. A mudança do modelo de

ônibus poderia ocorrer gradualmente devido a necessidade de alto investimento inicial para

troca de toda a frota. O que poderia ser levado em conta para auxílio do desembarque

mantendo o modelo de veículo atual seria a abertura das duas portas (nos veículos que as

tiverem), sobretudo nos horários de pico, evitando a demora causada pela lotação dentro do

ônibus, além do aumento de frota para manter o nível de atendimento.

É importante perceber que com algumas medidas simples, a qualidade aumentaria

justamente nos quesitos determinantes, deixando o aumento da tarifa em segundo plano.

Ressalta-se a variabilidade dos quesitos determinantes de acordo com fatores sociais,

econômicos e culturais, percebida ao comparar os resultados desse estudo com outros de

cunho semelhante, como o de Rodrigues (2006) no qual foi constatado que acessibilidade e

segurança são considerados os fatores mais importantes, seguidos de frequência, característica

dos veículos, características sobre os locais de parada e o estado das vias. Quanto a satisfação,

os que tiveram melhor desempenho foram, em sequência, segurança, operadores e

conectividade. Enquanto que os piores avaliados foram estado das vias, característica dos

locais de parada e sistema de informação.

Já os resultados de Rodrigues e Sorratini (2008) apresentaram maior semelhança

mostraram que os indicadores frequência de atendimento, tempo de viagem, lotação,

confiabilidade, características dos veículos, características dos locais de parada e sistema de

informação apresentaram os piores resultados quanto a satisfação. Além disso, quanto ao grau

de importância, a lotação foi a mais citada, seguida da confiabilidade e do estado das vias.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2014 – 2015. Disponível em:

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APÊNDICE A – Questionário de Pesquisa Adaptado

TURMA:_______ ZONA NA QUAL RESIDE:_________________ DATA: _____/_____/_____

TIPO DE USUÁRIO

ÔNIBUS ( ) OUTRO ( ) QUAL?__________________

LINHAS UTILIZADAS: __________________ HORÁRIOS: ___________________

LEGENDA

GRAU DE IMPORTÂNCIA GRAU DE SATISFAÇÃO

1 – NENHUMA IMPORTÂNCIA 0 – NÃO EXISTE

2 – BAIXA IMPORTÂNCIA 7 – MÉDIA

3 – MÉDIA IMPORTÂNCIA 10 – EXCELENTE

4 - IMPORTANTE

5 – EXTREMAMENTE IMPORTANTE

ITENS AVALIADOS

ACESSIBILIDADE: QUANTO À DISTÂNCIA DE CAMINHADA ATÉ O PONTO DE ÔNIBUS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

FREQUÊNCIA: QUANTO AO INTERVALO ENTRE DOIS ÔNIBUS DA MESMA LINHA

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

TEMPO DE VIAGEM: QUANTO A DURAÇÃO DA VIAGEM DENTRO DO ÔNIBUS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

LOTAÇÃO: QUANTO À LOTAÇÃO DO ÔNIBUS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

CONFIABILIDADE: QUANTO A PONTUALIDADE DO ÔNIBUS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

SEGURANÇA: QUANTO AOS ACIDENTES/ASSALTOS ENVOLVENDO ÔNIBUS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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CARACTERÍSTICAS DOS VEÍCULOS: QUANTO AO ESTADO DE CONSERVAÇÃO

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

ESTADO DOS LOCAIS DE PARADA: QUANTO AO CONFORTO E SINALIZAÇÃO DOS

PONTOS DE ÔNIBUS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

SISTEMA DE INFORMAÇÃO: QUANTO AO NÍVEL DE INFORMAÇÃO CEDIDA AO

USUÁRIO (ITINERÁRIO, LINHAS, HORÁRIOS)

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

CONECTIVIDADE: QUANTO A INTEGRAÇÃO DAS LINHAS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

VIAS: QUANTO AS CONDIÇÕES DAS RUAS POR ONDE TRAFEGAM OS ÔNIBUS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

BILHETAGEM: QUANTO A RAPIDEZ E EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE COBRANÇA

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

NÚMERO DE LINHAS: QUANTO AO NÚMERO DE LINHAS OFERTADAS NA PARADAS

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

TARIFA: QUANTO AO VALOR DA TARIFA

GRAU DE IMPORTÂNCIA: 1 2 3 4 5

GRAU DE SATISFAÇÃO: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

SUGESTÕES DE MEDIDAS QUE AJUDEM A MELHORAR O QUE TE INCOMODA:

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

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APÊNDICE B – Resultado do Sorteio: Turmas Entrevistadas

Código Turma Nº Para

Sorteio Horário Sala Professor

DEQ0350 1 4 35M34 4A1 Magna Angélica dos S. B. Sousa

CIV0447 1 11 4T56 4A1 Selma Hissae e Petrus Gorgônio

CIV0348 4 18 24M34 4A10 Marcos L. de Almeida

CIV1404 1 21 25M56 4A10 Joana Darc F. de Medeiros

CIV0436 2 23 24T34 4A10 Rennan Augusto S. Cavalcanti

MEC0404 1 26 246N12 4A10 João Wanderley R. Pereira

CIV0403 1 30 35M12 4A2 Jaquelígia B. da silva

DCA0104 1 31 46M12 4A2 Diogo P. F. Pedrosa

DEQ0552 1 38 6M56 4A2 Gilson G. De Medeiros

PRO1303 1 61 35T34 4A3 Jesus L. S. Aramayo

DEB0705 1 65 26N12 4A3 Glaucio B. Brandao

DCO0025 1 69 35N34 4A3 Alan Cássio Q. B. Leite

DCA0105 1 73 35M34 4A4 Ricardo F. Pinheiro

CIV0420 1 90 35M34 4A5 Carina M. L. Costa

DCA0428 1 102 24M56 4A6 Carlos Eduardo T. Dorea

MTR0353 1 110 24N34 4A6 Mauricio Mhirdaui Peres

CIV0433 1 122 24T56 4A7 Lucia Rejane de A. Xavier

CIV0435 1 130 35M12 4A8 Isabelly B. B. G. De Medeiros

CIV0411 1 148 46M34 4A9 Roberto Jose de Medeiros

CIV0418 2 153 24T34 4A9 Roberto Jose de Medeiros

PRO1405 1 161 46N34 4A9 Herbert Ricardo G. Viana

ELE0515 1 179 24M56 4B2 Pedro Thiago V. De Souza

MEC1805 1 181 35T12 4B2 Joao Carlos A. C. Junior

ELE0500 1 184 2T56 4B2 Jose Alfredo F. Costa

DCA0206 2 192 246M34 4B3 Fabio M. U. de Araujo

DET0115 1 197 24T34 4B3 Michelle C. Feitor

DET0101 1 199 24T56 4B3 Michelle C. Feitor

CIV0027 1 203 6N123 4B3 Ursula Thais de P. Medeiros

ELE0524 3 209 35T34 4B4 Andres O. Salazar

MEC1704 3 224 35M34 4C1 Eve Maria F. Aquino

PTR0407 1 239 23T34 4C2 Edney Rafael V. P. Galvao

MTR0452 1 246 6N1234 4C2 Carlos Alberto Paskocimas

ELE0515 2 248 35N34 4C2 Pedro Thiago Valério de Souza

ELE0671 1 249 24M34 4C3 Humberto Cesar C. Fernandes

PRO0208 2 251 6T123 4C3 Priscilla C. de Araújo

PTR0202 1 256 3N34 E 4N12 4C5/4C3 Flavio Medeiros Junior

ELE0524 2 273 35T34 4C5 Ricardo Lucio de A. Ribeiro

DCO0010 1 277 35N12 4C5 Marcio Eduardo da C. Rodrigues

DEQ0526 1 285 24M56 4C6 Vanja Maria de F. Bezerra

DCA0304 2 294 24M12 4D2 Allan Robson S. Venceslau

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Código Turma Nº Para

Sorteio Horário Sala Professor

DEQ0532 1 306 35M56 4E3 Pagandai V. P. Selvam

DEQ0528 1 321 24T12 4E5 Vanja Maria de F. Bezerra

DEM0102 1 326 35N12 4E5 Carlos M. de lima

MEC1505 3 330 3M3456 4E6 William F. De Queiroz

ARQ0530 1 331 6M34 4E6 Leila A. Guilhermino

ARQ0530 2 332 6M56 4E6 Sandra A. Ribeiro

MEC1505 2 340 6N1234 4E6 William F. de Queiroz

DCO0029 1 351 35T56 4F1 Ronaldo de A. Martins

MEC1608 2 352 24N12 4F1 Luiz Guilherme M. de Souza

DET0138 1 365 6N123 4F2 Joyce da C. Barbalho

MEC1806 2 366 35N34 4F2 Dyego M. de Souza

PTR0204 1 377 3N34 E 5N12 4F3 Gustavo A. R. Lira

ELE0701 1 381 246T34 4F4 Henrique A. M. Silva

MTR0502 1 385 24N12 4F4 Sergio R. Barra

DET0135 1 386 3N12 4F4/4A9 Joyce da C. Barbalho

PRO0210 1 388 6N123 4F4 Fernanda Barbosa e Renata Mota

PTR0403 1 407 23T34 4G2 German G. Callapino

ARQ0584 1 424 4N123 4G3 Jose Jefferson de Sousa

DEQ0523 1 439 35M56 4G5 Everaldo Silvo dos Santos

MEC1701 1 441 46T12 4G5 Hyali s. de Oliveira

CIV0402 2 451 35M34 4G6 Karla S. C. C. de Albuquerque

CIV0402 3 454 24T34 4G6 Karla S.C. C. de Albuquerque

DCO0033 1 456 24T56 4G6 Claudio R. M. da Silva

ARQ0002 3 465 35T34 4H1/4H2 Clara O. de M. Rodrigues

ARQ0522 1 471 6M456 4H2 Marizo Vitor Pereira

ARQ0030 3 481 24T56 4H3 Elaine de A. Medeiros

ARQ0030 5 496 24N12 4H4 Sandra A. Ribeiro

ELE0390 2 507 35T56 4I10 Henrique A. M. Silva

ELE0513 1 522 345M34 SALA05/ECT Arrhenius Vinicius da C. Oliveira

PRO1504 1 532 2N34 E 6N12 4I2 Marco Antonio D. de Souza

CIV1202 1 534 25M12 4I20 Joana darc F. de Medeiros

CIV1102 1 553 56T12 4I3 Suzara Rayanne de C. Sena

DEQ0605 1 560 24N34 4I3 Emilianny R. B. Magalhães

DEQ0521 1 577 246M34 4I5 Andre Luis L. Moriyama

ECO0311 2 578 24M56 4I5 Lucia Helena A. da costa

DET0147 1 585 35T56 4I5 Niel de O. L. Filho

DEB1004 1 587 35N12 4I5/4F4 Beatriz S. Ferreira

DEQ0314 1 590 6N1234 4I5 Humberto N. M. de Oliveira

CIV0417 1 594 35M34 4I6 Lucio Flavio F. Moreira

CIV0406 2 597 24T34 4I6 Silvia Cristina J. F. N. de Araujo

CIV0425 2 611 35T56 4I7 Moacir Guilhermino da Silva

MEC1802 2 616 46T34 4I8 Jose Ubiragi de L. Mendes

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Código Turma Nº Para

Sorteio Horário Sala Professor

MEC1805 2 620 35N12 4I8 Joao Carlos A. C. Junior

DCA0445 1 625 46M34 4I9 Agostinho de M. B. Junior

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APÊNDICE C – Instruções de Preenchimento do Questionário

1. O questionário se aplica a usuários e não usuários do transporte urbano por ônibus de

Natal e visa obter avaliações separadas: uma visão do usuário e do não usuário.

2. Se o entrevistado não sabe a qual zona de Natal pertence, deve preencher com o bairro.

3. As abas LINHAS UTILIZADAS (números dos principais ônibus usados) e HORÁRIOS,

só se aplicam a usuários de ônibus.

4. São de preenchimento obrigatório os campos: TIPO DE USUÁRIO (ÔNIBUS OU

OUTRO) e MARCAR AS PONTUAÇÕES (ITENS AVALIADOS). Todos os outros

campos são opcionais.

5. Os usuários devem assinalar com “X” a opção ônibus, enquanto que os não usuários

devem marcar “OUTRO” e em seguida qual o meio de transporte mais utilizado em seus

deslocamentos.

6. Abaixo existe uma LEGENDA explicando o sistema de pontuação. O GRAU DE

SATISFAÇÃO corresponde a uma nota para aquele quesito que representa a satisfação

gerada durante a prestação do serviço e varia de 0 a 10. Essa avaliação deve ser feita apenas

pelos usuários. O GRAU DE IMPORTÂNCIA é o quão importante aquele quesito é para

que o serviço como um todo seja de qualidade sendo 1 sem nenhuma importância e 5 de

extrema importância. Usuários e não usuários devem responder.

7. No campo SUGESTÃO, o entrevistado pode sugerir melhorias para promover o aumento

da qualidade do sistema quanto aos problemas por ele identificados.

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APÊNDICE D – Resultados Complementares

1 - Divisão Modal dos Entrevistados (Quantidade de pessoas por modo e porcentagem)

MODO QUANT. (%)

Ônibus 916 69,66

Carro 357 27,11

Motocicleta 22 1,66

Bicicleta 5 0,39

A pé 3 0,20

Táxi 1 0,10

Outros 12 0,88

Total 1315 100%

2 - Médias dos Graus de Importância e de Satisfação por variável, para usuários e não-

usuários separadamente

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3 - Quantidade de pessoas por tipo de sugestão e respectivas porcentagens

SUGESTÕES QUANT. (%)

SISTEMA DE INFORMAÇÃO 89 13,80

FROTA 65 10,08

VEÍCULOS 64 9,92

SEGURANÇA 62 9,61

PARADAS 59 9,15

BILHETAGEM 55 8,53

TARIFA 54 8,37

CONFIABILIDADE 44 6,82

FREQUÊNCIA 35 5,43

Nº LINHAS 23 3,57

VIAS 23 3,57

OPERADORES 20 3,10

CONECTIVIDADE 19 2,95

ITINERÁRIO 14 2,17

LOTAÇÃO 11 1,71

FISCALIZAÇÃO 6 0,93

ACESSIBILIDADE 2 0,31

TOTAL 645 100,00

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ANEXO A - Documentos do Laboratório de Estatística Aplicada - LEA

1 - FICHA DE CADASTRO

LABORATORIO DE ESTATISTICA APLICADA

Controle: _________/_____

FICHA DE CONTROLE

DATA DE ENTRADA: _____/_____/_____DATA DE SAÍDA_____/_____/_____

INTERESSADO:____________________________________________________________

INSTITUIÇÃO:_____________________________________________________________

CURSO:____________________________________________________________________

E-mail:_____________________________________________________________________

FONES:____________________________________________________________________

NATUREZA DO TRABALHO:

Monografia de Graduação Pesquisa/ Extensão

Monografia de Especialização Prestação de Serviços

Dissertação de Mestrado Outros:___________________

Tese de Doutorado

ORIENTADOR(es):__________________________________________________________

TÍTULO:___________________________________________________________________

RESUMO DO TRABALHO (objetivo, variáveis envolvidas, etc)

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

APROVADO PELO COMITÊ DE ÉTICA DA UFRN? Sim Não Não se aplica

AUTORIZAÇÃO: Autorizo a utilização dos dados referentes a este trabalho pelo LEA, para

fins didáticos e/ou científicos conforme consta no Art. 9 do Capítulo II do Regimento Interno

desta Consultoria. Quaisquer outros meios de utilização serão acordados entre as partes.

________________________________________________________________________

ASSINATURA DO INTERESSADO

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PREENCHIMENTO INTERNO DO LEA

EQUIPE DE CONSULTORES:

PROFESSOR(es):___________________________________________________________

___________________________________________________________________________

ALUNO(s):

NOME:__________________________________________________MATRÍCULA:______

NOME:__________________________________________________MATRÍCULA:______

NOME:__________________________________________________MATRÍCULA:______

METODOLOGIA ESTATÍSTICA UTILIZADA:

Técnicas de Amostragem

Estatística Descritiva (Análise Exploratória)

Análise de Regressão

Análise Multivariada

Análise de Dados Categorizados

Análise de Séries Temporais

Análise Não-Paramétrica

Planejamento de Experimentos

Análise de Sobrevivência

Pesquisa de Mercado/Opinião

Outros:_________________________________________________________________

RELATÓRIO: Não Sim Arquivo: ____________________________________

BASE DE DADOS: Não Sim Arquivo:

____________________________________

OBSERVAÇÃO:____________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

ASSINATURA DO PROFESSOR (CONSULTOR)

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2 - RELATÓRIO FINAL9 – TRATAMENTO ESTATÍSTICO

IDENTIFICAÇÃO

Consultente: Paula Kalyne Silveira Souza

E-mail: [email protected]

Data: 13/06/2016

Consultores: Rodrigo Matheus, Ruanderson Cosme e Igor Teodoro

Orientação: Marcus Nunes

METODOLOGIA

O cadastro disponível para a pesquisa é o cadastro de turmas do CT. Não é possível fazer uma

amostra de conglomerados, pois essa lista implicaria no fato de um aluno poder responder ao

questionário mais de uma vez, pois pode estar matriculado em mais de uma turma ao mesmo

tempo. No cadastro estavam disponíveis 635 turmas. Retiramos uma amostra com 84 turmas,

uma fração da população de 13,23% aleatorizada pela consulente no site

http://www.sorteador.com.br, tomando cuidado para que o mesmo aluno não respondesse em

turmas diferentes. Tornou-se indistinguível o aluno faltante do que já tinha respondido. Como

recomendação, a população deve se tornar os alunos do CT da UFRN que estavam presentes

na aplicação dos questionários e não a população dos usuários de transporte coletivo em

Natal. Para estudos futuros, cada uma das 84 turmas está identificada no banco de dados.

O número total de alunos que responderam aos questionários foi de 1315 alunos. As variáveis

de interesse são: acessibilidade, frequência de atendimento, tempo de viagem, lotação,

confiabilidade, segurança, características dos veículos, estado dos locais de parada, sistema de

informação, conectividade, operadores, vias, bilhetagem, número de linhas e tarifa.

As notas desejadas de grau de importância e grau de satisfação foram obtidas através da

média aritmética e através da mediana. A nota geral foi obtida com uma média ponderada do

grau de satisfação, tendo como pesos os graus de importância que cada aluno respondeu.

Era esperado que a grande maioria dos alunos respondessem graus de importância muito

altos. Por essa razão, podemos ver nos histogramas uma forte assimetria a esquerda. O

software R foi utilizado para a análise descritiva. A2.1 – Proporções para o grau de importância, em porcentagem

VARIÁVEL 1 2 3 4 5

Acessibilidade 1,37 4,41 16,96 37,95 39,32

Frequência de atendimento 0,08 1,44 7,00 24,03 67,45

Tempo de viagem 0,38 3,95 21,75 32,78 41,14

Lotação 0,08 1,22 7,60 25,17 65,93

Confiabilidade 0,38 0,53 5,25 22,59 71,25

Segurança 0,61 0,30 3,12 8,52 87,45

Características dos veículos 0,46 1,98 19,85 36,20 41,52

9 Os gráficos e tabelas presentes no Relatório que já foram apresentados em Resultados (Cap. 04), foram

suprimidos a fim de evitar repetições desnecessárias.

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A2.1 – Proporções para o grau de importância, em porcentagem (Continuação)

VARIÁVEL 1 2 3 4 5

Estado dos locais de parada 0,00 1,60 13,00 30,49 54,90

Sistema de Informação 0,61 0,91 8,82 27,07 62,59

Conectividade 0,76 2,13 16,12 33,54 47,45

Operadores 1,14 4,03 19,16 30,57 45,10

Vias 0,68 1,75 10,04 30,11 57,41

Bilhetagem 0,99 3,42 14,60 35,21 45,78

Número de linhas 0,23 1,83 11,33 33,16 53,46

Tarifa 0,53 0,84 5,70 16,73 76,20

A2.2 – Proporções para o grau de satisfação, em porcentagem

GRAU DE SATISFAÇÃO

VARIÁVEL 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Acessib 1,86 1,64 2,18 7,64 5,90 14,74 7,97 24,89 12,88 8,41 11,90

Frequência 5,57 6,00 12,01 17,58 14,63 18,34 8,41 12,23 3,82 0,98 0,44

Tempo 1,09 2,84 4,37 8,62 8,62 14,63 11,68 23,47 17,47 3,82 3,38

Lotação 12,45 11,35 13,65 15,50 11,35 12,88 7,64 9,83 3,49 1,09 0,76

Confiab 8,30 6,77 10,15 15,17 10,59 17,25 10,70 12,34 5,57 2,29 0,87

Segurança 13,86 7,53 10,48 12,01 8,84 13,21 7,21 10,70 7,64 4,04 4,48

Veículo 2,84 3,82 7,86 12,01 12,12 17,69 11,68 20,85 8,08 2,18 0,87

Parada 15,28 11,79 12,99 13,97 15,39 12,23 7,53 6,77 2,95 0,33 0,76

Sist info 17,14 9,72 13,10 13,43 10,37 13,43 8,52 8,95 3,06 1,53 0,76

Concect 5,79 2,73 5,13 10,37 9,72 15,94 13,86 22,93 8,30 3,17 2,07

Operadores 2,51 2,40 5,02 7,10 7,86 15,50 12,99 26,64 12,45 4,69 2,84

Via 3,93 3,06 7,53 12,24 11,35 19,00 13,32 17,03 7,86 2,84 1,75

Bilhet 3,93 5,68 7,97 8,19 8,84 16,59 9,06 21,07 10,37 5,35 2,95

NºLinhas 3,28 4,80 4,80 10,59 9,28 15,61 12,77 22,82 10,26 3,60 2,18

Tarifa 22,49 14,08 10,48 15,28 9,83 12,23 6,55 4,80 2,29 0,44 1,53

REFERÊNCIAS:

R Core Team (2014). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation

for Statistical Computing, Vienna, Austria. Disponível em:<http://www.R-project.org/>

Bussab, Wilton de O., and Pedro A. Morettin. Estatística básica. Saraiva, 2010.

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ANEXO B – Questionário de Pesquisa com Usuários (RODRIGUES, 2006)

LINHA:______________________________________ HORÁRIO: _____:_____

SENTIDO:____________________________________

TIPO CLIENTE:

COMUM____ TRABALHADOR____ ESTUDANTE____ IDOSO____ DEFICIENTE____

ITEM AVALIADO

ACESSIBILIDADE: QUANTO À DISTÂNCIA DE CAMINHADA ATÉ O PONTO DE ÔNIBUS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

FREQUÊNCIA: QUANTO AO INTERVALO ENTRE DOIS ÔNIBUS DA MESMA LINHA

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

TEMPO DE VIAGEM: QUANTO A DURAÇÃO DA VIAGEM DENTRO DO ÔNIBUS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

LOTAÇÃO: QUANTO À LOTAÇÃO DO ÔNIBUS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

CONFIABILIDADE: QUANTO A PONTUALIDADE DO ÔNIBUS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

SEGURANÇA: QUANTO AOS ACIDENTES/ASSALTOS ENVOLVENDO ÔNIBUS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

CARACTERÍSTICAS DOS VEÍCULOS: QUANTO AO CONFORTO DO ÔNIBUS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

CARACTERÍSTICAS DOS LOCAIS DE PARADA: QUANTO AOS PONTOS DE ÔNIBUS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

SISTEMA DE INFORMAÇÃO: QUANTO AO NÍVEL DE INFORMAÇÃO AO USUÁRIO

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

CONECTIVIDADE: QUANTO A INTEGRAÇÃO DAS LINHAS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

OPERADORES: QUANTO AO COMPORTAMENTO DO MOTORISTA E DO COBRADOR

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

VIAS: QUANTO AS CONDIÇÕES DAS RUAS POR ONDE TRAFEGAM OS ÔNIBUS

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

TARIFA: QUANTO AO VALOR DA TARIFA

GRAU DE SATISFAÇÃO:_________ GRAU DE IMPORTÂNCIA: _________

GRAU DE IMPORTÂNCIA GRAU DE SATISFAÇÃO

1 – NENHUMA IMPORTÂNCIA 5 – ÓTIMO

2 – BAIXA IMPORTÂNCIA 4 – BOM

3 – MÉDIA IMPORTÂNCIA 3 – RUIM

4 - IMPORTANTE 2 – REGULAR

5 – EXTREMAMENTE IMPORTANTE 1 - PÉSSIMO

OBS:______________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

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ANEXO C – Linhas e Itinerários10 de Ônibus Urbano em Natal

Linha Itinerário

01A Rodoviária Nova/ Nova Natal/ Santarém/ Santa Catarina/ Norte Shopping

01B Rodoviária Nova/ Nova Natal/ Santarém/ Santa Catarina/ Norte Shopping

2 Norte Shopping/ Urbana/ Av. Bernardo Vieira/ Natal Shopping

4 Tomaz Landim/ Midway Mall/ Natal Shopping/ Urbana/ Igapó

5 Tomaz Landim/ Igapó/ Urbana/ Av. Rio Branco

07 - Via Av.

Paulistana Urbana/ Av. Bernardo Vieira/ Via Direta/ Natal Shopping/ Av. Boa Sorte

07 - Via Nord.

Santa Catarina

Urbana/ Av. Bernardo Vieira/ Via Direta/ Natal Shopping/ Av. José Luiz da

Silva

8 Norte Shopping/ Nord. Santa catarina/ Urbana/ Natal Shopping

10-29 Av. Guararapes/ Rua da Ciranda/ Av. Bela Vista/ Av. Cidade Praia/ Av.

Bernardo Vieira/ Viaduto de Ponta Negra/ Av. Salgado FIlho

12-14 Nordestão Igapó/ Av. Rio Branco/ Urbana

13A Norte Shopping/ Nord. Santa Catarina/ Urbana/ Av. Rio Branco

13B Redinha/ Petrópolis - Ida Ponte de Igapó - Volta Ponte Newton Navarro

15-16 Av. Itapetinga/ Norte Shopping/ Urbana/ Av. Rio Branco

17-78 Av. Itapetinga/ Rua Mossoró/ Av. Duque de Caxias; Av. Rio Doce (até o

retorno do Terminal do Santarém)

18 Urbana/ UFRN/ Via Direta

19 Rodoviária Nova/ Alecrim/ Urbana/ Canto

20 Rodoviária Nova/ Cantro/ Alecrim

21 DETRAN/ Catedral/ Hospital Onofre Lopes

22 Fundação Bradesco/ Centro Comercial do Alecrim/ Centro

23-69 Rodoviária Nova

24 Machadão/ Hiper Bom Preço/ Rodoviária Velha

25 Av. Rio Branco/ Centro/ Rua Mossoró/ Av. Prudente de Morais

26 Urbana/ Midway Mall/ Natal Shopping

27 - Av. Boa

Sorte Av. Boa Sorte/ Av. Paulistana/ Av. Rio Branco/ Urbana

27 - Av. José Luiz

da Silva Av. José Luiz da Silva/ Av. Paulistana/ Av. Rio Branco/ Urbana

30 Felipe Camarão/ Pirangi - Via Campus (DETRAN/ UFRN/ Natal Shopping)

31 Felipe Camarão/ Pirangi/ Candelária - Via Campus (DETRAN/ UFRN/ Natal

Shopping)

33 Machadão/ Hiper Bom Preço/ Praia de Areia Preta

33A Machadão/ Nordestão/ Praia de Areia Preta

33B Ida e Volta Av. Prudente de Morais

34 Rodoviária Nova/ Bradesco (Alecrim)/ Centro

35 Machadão/ Hiper Bom Preço/ Cívica

36 Praia do Meio/ Centro/ Rodoviária Nova

10 Elaborado segundo informação disponível em: <www.busaodenatal.com>. Acesso em: 19.05.2016.

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Linha Itinerário

37 Natal Shopping/ AABB/ Praça Cívica

38 Rodoviária Nova/ Bradesco (alecrim)/ INSS (Ribeira)

39 Rodoviária Nova/ CEFET/ ITORN

40 Rodoviária Nova/ Bradesco (Alecrim)/ Centro

41 Rodoviária Nova/ Hiper Bom Preço/ Maternidade Januário Cicco

41A Av. Capitão-Mor Gouveia/ Rodoviária/ Cidade Nova/ Av. Prudente de Morais

44 Natal Shopping/ Bradesco (Alecrim)/ Centro

46 Rodoviária Velha/ Praia Shopping/ Centro

48 Rodoviária Velha/ Bradesco (Alecrim)/ Natal Shopping

50 Shopping Via Direta/ Urbana/ Nordestão do Santa Catarina

51 Terminal Serrambi/ Rodoviária Velha/ ITORN/ Natal Shopping

52 Terminal Serrambi/ Rodoviária Velha/ Bradesco (Alecrim)/ Natal Shopping

54 Praia Shopping/ Bradesco (Alecrim)/ Rodoviária Velha

55 Natal Shopping/ Bradesco (Alecrim)/ Rodoviária Velha

56 Rodoviária Velha/ Mercado de Artesanato

57 Petrópolis/ Brasília Teimosa/ Rocas/ Ribeira/ Alecrim/ Morro Branco/

Campus

59 Centro Comercial Alecrim/ Centro/ Praia do Meio

60 Av. Itapetinga/ Urbana/ Natal Shopping

61-62 Av. Paulistana/ Área de Lazer/ Alecrim/ Centro

63 Fundação Bradesco/ UFRN/ Natal Shopping

63A Fundação Bradesco/ UFRN/ Natal Shopping

64 Nordestão (Est. da Redinha)/ Urbana/ Av. Rio Branco/ Av. Ulisses Caldas

64A-43 Av. Pompéia/ Rocas / Av. Bernardo Vieira/ Av. Prudente de Morais/ Ponte

Newton Navarro

65 Natal Shopping/ Catedral/ Urbana

66 Praia Shopping/ Machadão/ Rodoviária Nova

67 Igapó/ Ribeira/ Centro/ Alecrim

68 Av. Bernardo Vieira/ Av. Paulistana/ Urbana/ Midway Mall

70 Igapó/ Alecrim/ Urbana/ Centro/ Av. Tomaz Landim

71 Fundação Bradesco/ Centro Comercial do Alecrim/ Catedral

72 Igapó/ Urbana/ Natal Shopping/ Av. Bernardo Vieira

73 Av. Itapetinga/ Urbana/ Natal Shopping/ Praia Shopping

75A Norte Shopping/ Urbana/ Alecrim/ Shopping Estação

75B Norte Shopping/ Urbana/ Alecrim/ Shopping Estação

76 Norte Shopping, Urbana, Nord. Sta. Catarina, Rodoviária Nova

76A Norte Shopping, Av. João Medeiros Filho, Rodoviária Nova,

77 Av. Tomaz Landim/ Igapó/ Natal Shopping/ Via Direta

78A-47 Ponte Newton Navarro, Brasília Teimosa, Cidade Alta, Petrópolis, Midway

Mall, Lagoa Seca, Lagoa Nova, Potilândia

79 Norte Shopping/ Nord. Est. Redinha/ Urbana/ Natal Shopping/ Midway Mall

81 Norte Shopping/ Nord. Est. Redinha/ Urbana/ Alecrim/ Centro

83 Terminal da empresa N. Sra. Conceição/ Estação Pitimbu/ Praia Shopping

84 Pajuçara, Parque das Dunas, Av. Moema Tinoco, Ribeira, Rocas

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Linha Itinerário

85 Nord. Santa Catarina, Av. João Medeiros Filho, Ribeira, Rocas

599 Av. Capitão Mor Gouveia, Av. Lima e Silva, Av. Prudente de Morais, Rua da

Lagoa Nova

107 Nova Parnamirim / Ribeira - Via Alecrim / Abel Cabral

738 Nova Parnamirim / Ribeira - Via Alecrim / Maria Lacerda

739 Nova Parnamirim / Ribeira - Via Alecrim / Maria Lacerda

740 Nova Parnamirim / Ribeira - Via Praça / Maria Lacerda

741 Nova Parnamirim / Ribeira - Via Praça / Maria Lacerda

585 Nova Cidade/ Cidade Esperança

587 Felipe Camarão/ Guarapes

588 Campus

591 Jardim Progresso

592 Soledade I/Santa Cecília

593 Soledade I/Residencial Redinha

Corujão A Ribeira (terminal da avenida Duque de Caxias) - Pajuçara - Parque das Dunas

- Brasil Novo - Redinha (avenida Dr. João Medeiros Filho)

Corujão B Redinha (terminal da avenida Duque de Caxias) - Santarém - Gramoré - Nova

Natal - Parque dos Coqueiros (avenida das Fronteiras)

Corujão C Redinha (terminal da avenida Duque de Caxias) - Via Costeira - Ponta Negra

(rua João Rodrigues da Silva)

Corujão D Redinha (terminal da avenida Duque de Caxias) - Planalto - Cidade Satélite -

Petrópolis - Praia do Meio (avenida Miramangue)

Corujão E Felipe Camarão (terminal na rua Maristela Alves) - Ponta Negra via avenida

Bernardo Vieira