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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Departamento de Economia Ciências Contábeis Administração e Secretariado Universidade Corporativa: A experiência da UniCAIXA Mauricio Hreczkiu Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Ciências Contábeis, Administração e Secretariado da Universidade de Taubaté, como parte dos requisitos para obtenção do Certificado de Especialização pelo Curso de Pós- graduação em MBA Gerência Empresarial Taubaté – SP 2000

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Page 1: Universidade Corporativa: A experiência da UniCAIXA · Palavras-chave: Educação Corporativa, Universidade Corporativa, ... modificar sua postura estratégica no que diz respeito

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Departamento de Economia Ciências Contábeis Administração e

Secretariado

Universidade Corporativa: A experiência da UniCAIXA

Mauricio Hreczkiu

Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Ciências Contábeis, Administração e Secretariado da Universidade de Taubaté, como parte dos requisitos para obtenção do Certificado de Especialização pelo Curso de Pós-graduação em MBA Gerência Empresarial

Taubaté – SP

2000

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COMISSÃO JULGADORA: Data: 21 de dezembro de 2000. Resultado: ____________________________________________________. Prof. Dr. ______________________________________________________. Assinatura ____________________________________________________. Prof. Dr. ______________________________________________________. Assinatura ____________________________________________________. Prof. Dr. ______________________________________________________. Assinatura ____________________________________________________.

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Departamento de Economia Ciências Contábeis Administração e

Secretaria Executiva

Universidade Corporativa: A experiência da UniCAIXA

Mauricio Hreczkiu

Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Ciências Contábeis, Administração e Secretaria Executiva da Universidade de Taubaté, como parte dos requisitos para obtenção do Certificado de Especialização pelo Curso de Pós-graduação em MBA Gerência Empresarial Orientadora: Prof. Dra. Edna M. Q. O. Chamon

Taubaté – SP

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2000

HRECZKIU, Mauricio Universidade Corporativa: A Experiência da UniCAIXA. Taubaté,

2000. 65p. Monografia – Universidade de Taubaté.

Page 5: Universidade Corporativa: A experiência da UniCAIXA · Palavras-chave: Educação Corporativa, Universidade Corporativa, ... modificar sua postura estratégica no que diz respeito

Dedico este trabalho a você Rosemara,

minha fiel companheira de todas as

horas.

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Ao meu filho, Pedro Augusto,

esperando que cresça em um

mundo melhor, modificado pela

educação.

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AGRADECIMENTOS À Prof. Dra. Edna Maria Q.O. Chamon, pela dedicação e paciência na orientação de

nosso trabalho.

Aos colegas de turma, em especial Nilton Carlos Teixeira Garcez e Alexandre Magno

Borges, pelo apoio e companheirismo.

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SUMÁRIO

LISTAS..............................................................................................................................5

RESUMO...........................................................................................................................6

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................7

2 UNIVERSIDADE CORPORATIVA.............................................................................9

3 CAPITAL INTELECTUAL, O ATIVO INTANGÍVEL.............................................18

4 ORGANIZAÇÕES QUE APRENDEM.......................................................................28

5 REPENSANDO A EDUCAÇÃO CORPORATIVA...................................................36

6 UniCAIXA – A EXPERIÊNCIA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.................45

7 CONCLUSÃO..............................................................................................................54

8 ANEXO........................................................................................................................57

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9 BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................63

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Objetivo principal da Universidade Corporativa ............................................ 13

Figura 2- Focos distintos entre T&D tradicional e as Universidades Corporativas ....... 15

Figura 3 - Critério de sucesso empresarial ..................................................................... 18

Figura 4 - Tendências estratégicas de impacto na administração ................................... 21

Figura 5 - Interação entre competências empresariais e pessoais................................... 25

Figura 6 - Investimentos realizados e previstos em treinamento.................................... 28

Figura 7 - O Capital Humano como principal fator de competitividadeErro! Indicador não

definido.

Figura 8 – Visão da Teoria Geral dos Sistemas...............................................................33

Figura 9 – Exemplos de competências empresariais.......................................................39

Figura 10 – Competências pessoais.................................................................................40

Figura 11 – Estatísticas relativas ao comércio eletrônico................................................41

Figura 12 – Limites do Capital Intelectual......................................................................41

Figura 13 – Gestão baseada em competências................................................................42

Figura 14 – Competências como base de estratégia e impulsionador de ações...............45

Figura 15 – Dimensões de implantação do modelo UniCAIXA.....................................47

Figura 16 – Idéia principal da UniCAIXA......................................................................49

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Perfil das Organizações que Aprendem.........................................................32

Tabela 2 – Comparativo das estratégias de T&D............................................................37

Tabela 3 – Comparativo de treinamento a distância X estimativa presencial.................52

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Tabela 4 – Projeções para treinamentos interativos via web...........................................53

HRECZKIU, Mauricio Universidade Corporativa: A experiência da UniCAIXA. Taubaté,

2000. 65p. Monografia – Universidade de Taubaté.

Este trabalho mostra que é imprescindível para as organizações modernas uma revisão

urgente na gestão de recursos humanos, de forma que elas possam estar preparadas para

enfrentar a competição nos padrões da nova configuração internacional. E este seria o

principal desafio à gestão de pessoas: gerar resultados que enriqueçam o valor da

organização junto a: clientes, investidores, fornecedores e funcionários.

A educação corporativa será fundamental nesse processo, pois ela representa a energia

geradora de pessoas modernas, capazes de refletir criticamente sobre a realidade

organizacional, de construí-la e modificá-la continuamente em nome da competitividade e

do sucesso. Ela favorece a inteligência e o alto desempenho da organização, na busca

incansável de bons resultados. Não é por coincidência que o tema Universidades

Corporativas tem despertado tanto interesse nas empresas, pois elas têm se revelado como

eficazes veículos para o alinhamento e desenvolvimento dos talentos humanos às

estratégias empresarias, ou seja um processo estratégico na gestão do capital intelectual.

Neste trabalho é apresentada a experiência da Caixa Econômica Federal com a implantação

do modelo, buscando demonstrar que, apesar de novo em termos de conceito, já é fato nas

corporações brasileiras.

Palavras-chave: Educação Corporativa, Universidade Corporativa, Capital Intelectual,

Organizações que Aprendem.

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1 INTRODUÇÃO

As Universidades Corporativas (UC) são hoje uma realidade no mundo empresarial.

Apesar de no Brasil ainda ser um conceito novo, o número de Universidades Corporativas

instaladas em empresas nacionais deverá crescer drasticamente. Este é um fenômeno que já

ocorreu nos Estados Unidos, onde, nos últimos dez anos, o número passou de 400 para

1.000 instituições.

Elas representam um processo interno de mudança nas empresas, idealizado para

aumentar a eficácia organizacional. Representam uma idéia nova no sentido de mostrar que,

além de fazer treinamento de base, as empresas necessitam certificarem-se de que o

aprendizado organizacional e o desenvolvimento do conhecimento de seus trabalhadores

está vinculado aos objetivos empresariais, de forma a melhorar a competitividade.

Não significa dizer que as Universidades Corporativas poderão substituir as

Universidades tradicionais, porém vieram ocupar um espaço deixado pela dificuldade que

as instituições formais de ensino superior apresentam em elaborar cursos com as

especificidades que cada empresa necessita. Aliás, pode-se dizer que o movimento de

implantação das Universidades Corporativas está criando grandes oportunidades de

parceria com as Universidades tradicionais, mesmo achando que esta cooperação caminhe,

ainda, a passos muito lentos.

O estudo da experiência de uma instituição financeira federal com a implantação de

sua Universidade Corporativa também será parte integrante deste trabalho, procurando

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demonstrar que, uma empresa pertencente à mal falada máquina estatal brasileira,

encontrou uma solução inovadora e investiu fortemente em novas tecnologias, que

permitiram colocá-la dentro de um grupo seleto de empresas, as quais pensam em

treinamento e desenvolvimento como fator estratégico para a sustentação no mercado

competitivo atual. Talvez isto possa servir de estímulo a muitas outras organizações (em

especial por se tratar da experiência de uma empresa estatal, que costuma carregar um

pesado fardo de preconceito de atraso e inoperância) fazendo com que invistam no seu bem

maior – as pessoas – de forma a garantir solução de continuidade e permitir prosperar o

desenvolvimento do nosso país.

Neste sentido, o trabalho foi dividido em sete capítulos que abordam,

respectivamente, o conceito de Universidade Corporativa (capítulo 2), com seus objetivos,

focos de atuação, princípios de implantação e comparação com o tradicional modelo de

treinamento e desenvolvimento (T&D). O capítulo 3 trata do conceito de Capital

Intelectual, questionando os parâmetros adotados pela administração tradicional quanto à

valorização de seus principais ativos. Em Organizações que Aprendem (capítulo 4),

procura-se comprovar a importância do aprendizado no ambiente organizacional, bem

como apresentar as atitudes de empresas direcionadas para o aprendizado. O capítulo 5 –

Repensando a Educação Corporativa, apresenta as razões que levam as empresas a

modificar sua postura estratégica no que diz respeito ao desenvolvimento de pessoas. A

experiência da universidade corporativa da Caixa Econômica Federal é o tema do capítulo

6, onde será relatado de que forma a empresa proporcionou condições para a implantação

do modelo. O capítulo 7 apresentará as conclusões decorrentes do presente estudo.

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2 UNIVERSIDADE CORPORATIVA

De acordo com Eboli (2000): “A Universidade Corporativa ( UC) é um ambiente de

aprendizagem no qual todo funcionário e todo o elemento do sistema comercial da empresa

compreendam a importância da aprendizagem contínua vinculada a metas empresariais.”

O objetivo principal de uma Universidade Corporativa (Fig. 1) é o desenvolvimento

e a instalação das competências profissionais, técnicas e gerenciais consideradas essenciais

para a viabilização das estratégias nos negócios.

Figura 1- Objetivo principal da Universidade Corporativa

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

Elas começaram a aparecer no final da década de oitenta porque as empresas

verificaram que não podiam mais depender das instituições de ensino superior para

desenvolver sua força de trabalho. Decidiram, então, assumir um papel pró ativo no

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desenvolvimento de sistemas educacionais e vinculá-los de maneira mais estrita às metas

empresariais.

Só nos Estados Unidos da América já existem quase duas mil Universidades

Corporativas.

No Brasil, é possível citar os casos de universidades corporativas de algumas

empresas como a ALGAR, BRAHMA, MOTOROLA, BANK BOSTON e

MCDONALD’S. Só que, na maioria delas, o modelo implantado é importado de suas

matrizes americanas (Eboli, 2000).

As universidades corporativas predominam nas grandes empresas, mas nada impede

que as pequenas também criem as suas universidades ou se reúnam em consórcio de

pequenas empresas para criação de uma universidade corporativa comum.

Os custos para implantação estão na faixa de 5% a 10% da folha de pagamento. Nos

Estados Unidos este índice está próximo de 2% da folha.

O apoio da alta cúpula é essencial à evolução do ensino para a mudança cultural

dentro das empresas. Os executivos vêm desempenhando cada vez mais o papel de líderes

educadores, investindo uma parcela significativa de seu tempo nessa tarefa. Esse

envolvimento engloba a participação em workshops, orientação aos novos funcionários em

relação aos valores e visão da organização e facilitar os programas de liderança dos

gerentes de nível superior.

Existem diferenças entre as universidades corporativas e um departamento de

treinamento tradicional. A função da área de treinamento é simplesmente treinar pessoas

para desenvolver suas habilidades para o trabalho, e tende a ser mais descentralizada e com

vários programas abertos. As universidades corporativas, por sua vez, funcionam de forma

mais centralizada e têm um escopo bem mais amplo. Sua proposta é direcionar todos os

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envolvidos na organização aos objetivos empresariais, além de oferecer soluções de

aprendizagem com relevância estratégica para cada família de cargos (Fig. 2).

Figura 2- Focos distintos entre T&D tradicional e as Universidades Corporativas

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

O departamento de treinamento é um centro de custos. As Universidades

Corporativas, ao contrário, estão se tornando cada vez mais um centro de resultados, e até

de lucro. Muitas atingem um nível de excelência que são capazes de se desvincular da

empresa-matriz, aceitar membros externos e até vender e licenciar seus programas. O First

Union, o sexto maior banco dos Estados Unidos, por exemplo, recentemente começou a

vender seus programas de desenvolvimento para outros bancos americanos.

Um grande incentivo ao modelo de universidades corporativas é a educação à

distância. A tecnologia vem sendo utilizada de uma maneira cada vez mais agressiva para

acelerar o aprendizado dos funcionários. A vantagem é que as pessoas conseguem concluir

os cursos no momento em que esse conhecimento é necessário. E numa economia em que

as condições de negócios mudam rapidamente, esse fator é vital para obter-se vantagem

competitiva no mercado global.

À medida que novos conhecimentos são disseminados cada vez mais rápido dentro

das empresas, sobretudo por causa da Internet, as pessoas esperam o mesmo nível de

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personalização no que diz respeito ao treinamento. Além disso, a tecnologia favorece a

redução dos custos relativos ao desenvolvimento de programas de aprendizagem

organizacional.

As universidades tradicionais não têm o foco no negócio da forma com que as

empresas necessitam, isto é, as especificidades das empresas não permitiram padronizar

uma formação que fosse adaptável para todas elas. O treinamento, de forma ampla, abrange

clientes, fornecedores e comunidade permitindo maior capitalização de recursos.

A Universidade Corporativa centraliza as soluções de aprendizado para cada

"família" de cargos e funções dentro e fora da organização, utilizando o treinamento como

instrumento de massa crítica, como melhoria para a imagem da empresa, como estratégia

mercadológica, reduzindo custos pela escala de contratação, definindo padrões comuns para

atuação dos consultores externos.

Conforme relata Eboli (1999): “A emergência das universidades corporativas não

significa o esvaziamento do papel das escolas tradicionais de administração na formação de

profissionais, na realização de pesquisas e na prestação de serviços à comunidade, nem uma

ameaça de extinção.” Na realidade, o que se vislumbra são grandes oportunidades de

parceria entre as universidades corporativas e as instituições formais de ensino.

Nos Estados Unidos estas parcerias já estão consolidadas e já existem casos de

cursos ministrados em universidades empresarias que contam crédito em curso de

graduação de escolas tradicionais. Alguns exemplos destas parcerias (Eboli, 1999):

- Daimler-Chrysler com UCLA;

- AT&T com University of Phoenix;

- Whirlpool com Indiana University;

- Chase Manhattan com Cornell University;

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- Oracle com University of Maryland.

No Brasil, a parceria conhecida é a da UniCAIXA, universidade corporativa da

Caixa Econômica Federal, com a UnB – Universidade de Brasília para a realização de um

curso de MBA para todos os gerentes da instituição financeira.

Tomada a decisão de se criar uma Universidade Corporativa, resta saber quais

seriam os principais cuidados para sua implantação. Segundo a empresa norte americana

Corporate University Xchange (Meister, 1999), possivelmente a com o maior conhecimento

mundial na matéria, cuja proprietária é a especialista Jeannie Meister, as regras de ouro

para implantação de uma Universidade Corporativa são:

a) Unidade de negócio - antes e acima de tudo, uma universidade corporativa é um centro

de resultados que vai sensibilizar o controlador acionista pelo aumento do valor agregado

do patrimônio líquido da empresa;

b) Mensuração de resultados – os produtos e serviços fornecidos pela UC devem ser

mensurados tanto no âmbito dos processos como dos resultados e, no limite, deve haver

planejamento e controle do impacto de suas atividades sobre os fatores críticos de sucesso e

principais indicadores de resultados da organização. A figura 3 demonstra estes critérios de

sucesso, explicitando a condição da universidade corporativa como processo de visão

exógena e endógena, ou seja, além do desenvolvimento no ambiente interno da

organização, seu foco também se estende para o meio onde a empresa está inserida;

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Figura 3 - Critério de sucesso empresarial

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa – CEF c) Compartilhamento – os colaboradores de uma organização devem ser estimulados e

motivados a dividir entre si o know-how adquirido criando a rede interna de conhecimento

com ênfase na comunicação permanente das melhores práticas;

d) Consciência financeira – os investimentos físicos deverão ser criteriosamente analisados

em consonância com o porte da empresa e suas necessidades específicas. Não se deve

jamais confundir a UC com a necessidade da posse física de um campus universitário e

uma cultura corporativa; não se pode esquecer que uma UC se constitui em um ponto de

divulgação e consolidação da cultura empresarial, motivo pelo qual direta e indiretamente

deverão fazer parte do seu currículo as atividades ligadas aos princípios, crenças e valores

da organização, que funcionem como forte estímulo à consolidação da motivação dos seus

colaboradores;

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e) Heterodoxia - para atingir a excelência uma UC jamais poderá se restringir ao modelo

"sala de aula-professor-aluno". Seu objetivo maior é expandir o conhecimento dos seres

humanos através dos mais diferentes sistemas de aprendizado: viagens, entrevistas, visitas,

análise de casos, avaliação de empresas, funções benchmarking, leituras complementares e

outros. Sua função é a criação de uma mentalidade contínua de aprendizado voltada para o

desenvolvimento da organização. Jamais meramente contabilizar horas/aulas realizadas;

f) Personalização - idealmente, para todo quadro de colaboradores; no mínimo, para alguns

extratos selecionados. O planejamento e desenvolvimento de cada indivíduo deverá ser

criado e monitorado de modo que sejam dotados das capacidades e qualificações

indispensáveis neste ambiente de ambigüidade e incerteza. Uma UC deve ter como objetivo

precípuo a estruturação da incerteza do futuro dos colaboradores de sua organização;

g) Mútuo comprometimento - o planejamento e monitoramento da evolução de cada

colaborador não poderá jamais cair na limitação do paternalismo unilateral. Caminhos

individuais serão traçados para cada pessoa, assessorados e/ou apoiados pela central de

inteligência na UC com uma clara visão de direitos, responsabilidades e idéias;

h) Responsabilidade social - num ambiente de mudanças não se pode garantir a segurança

(termo que merece uma análise mais profunda) do emprego vitalício. A qualquer momento,

uma mudança do mercado, das tecnologias, da gestão ou da própria concorrência, podem

obrigar à descontinuidade da relação entre um colaborador e a empresa. Por isto mesmo,

qualquer UC que queira efetivamente cumprir sua missão deverá desenvolver a capacitação

empreendedora em seus clientes, de modo a prepará-los para a vida como um exercício de

melhoria contínua - jamais somente na visão mesquinha de um mero objetivo de maximizar

lucros a curto prazo de sua empresa;

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i) Tecnologia - a logística do ensino à distância propiciado pelo avanço das

telecomunicações e informática deverá ser ferramenta permanente de gestão de modo a

permitir melhor utilização do tempo;

j) Homogeneização - uma das funções primordiais da UC consiste no preenchimento das

lacunas deixadas pelo sistema tradicional de ensino; por este motivo devem fazer parte

integrante de seu escopo de atuação programas que criem um "conteúdo de

homogeneização de conhecimento e inteligência", para cada um dos extratos e/ou funções

das organizações;

l) Pluralismo – levando em consideração que cada vez mais as empresas trabalharão em

redes e em cadeias de operação, a UC deve ser um campo aberto a todos os "satélites de

negócios" das empresa (clientes, fornecedores, terceirizados, parceiros, etc) sendo

evidentemente estabelecidos critérios de justiça financeira da cobertura dos custos

envolvidos. Num caso extremo, uma UC poderá pertencer à cadeia de operações e negócios

de sua organização.

Por isto, emerge esse novo conceito da Universidade Corporativa, uma evolução

qualitativa da tradicional área de treinamento e desenvolvimento a qual, longe de

caracterizar um rótulo ou muito menos um modismo, virá representar um poderoso

instrumento viabilizador de uma base humana que sustente o desenvolvimento estratégico

das empresas.

Uma série consistente de tendências estratégicas externas (Fig. 4) está tendo um

enorme impacto sobre a ciência de administração, especificamente no campo da função

humana de treinamento e desenvolvimento. A tentativa de convergência destas idéias nos

leva à conclusão de que as empresas terão, obrigatoriamente, que reagir quebrando

paradigmas tradicionais e trazendo para si a responsabilidade da coordenação do

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aprendizado e da educação de seus Seres Humanos, procurando suprir as deficiências e a

inércia de correção do sistema educacional tradicional, seja para atrair e reter talentos, seja

para atender a gestão do conhecimento e do capital intelectual da organização.

Figura 4 - Tendências estratégicas de impacto na administração

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa – CEF

Demonstrar os motivos pelos quais as Universidades Corporativas se tornaram

importante alternativa estratégica para a gestão do capital intelectual, bem como o que

representa, atualmente, este ativo intangível, serão os objetivos do próximo capítulo.

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3 CAPITAL INTELECTUAL, O ATIVO INTANGÍVEL

Peter Drucker já advertia em 1983 sobre a importância do trabalho intelectual. A

partir de 1994, com Tom Stewart nos Estados Unidos e Leif Edvinsson na Suécia, a idéia

vem ganhando cada vez mais força.

Afinal de contas, temos que considerar que algumas coisas realmente podem ser

consideradas fenômenos de ruptura . A maior indústria de tênis do mundo não tem fábrica.

A livraria de maior crescimento no mundo não tem um metro quadrado de lojas. Uma

grande empresa de softwares vale, em bolsa, cem vezes o valor do seu ativo tangível. A

filial americana de uma empresa mundial de telecomunicações fatura 200 milhões de

dólares com cinco empregados.

A verdade é que a administração tradicional vem dedicando uma parcela de sua

energia, tempo e recurso cada vez menor ao verdadeiro valor das organizações: sua

inteligência competitiva ou, usando uma expressão de cunho mais tecnológico, o seu ativo

intangível.

Tom Stewart (1998) e Leif Edvinsson e Malone (1998) fizeram uma primeira

abordagem e chamaram a este ativo intangível de capital intelectual; mesclando

metodologias, definiram-no como a soma de três parcelas:

n Capital Humano (CH)

n Capital Estrutural (CE)

n Capital de Clientes (CC)

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Em termos globais, no capital humano estariam todos os aspectos ligados às

pessoas (aquele que trata das crenças, valores e paradigmas arraigados na organização).

O capital estrutural, que genericamente inclui os fatos de organização, pode ser

entendido como capital organizacional e capital da rede de conhecimentos, ou ainda, o

valor do que é deixado na empresa quando o capital humano (funcionários) vai para casa.

Finalmente, o capital de clientes, pode ser dividido em Capital Estratégico e

Capital de Mercado.

a) O Capital Estratégico se subdivide em Capital de Inovação (capacidade de implementar a

inovação) e capital do futuro (mentalidade e capacidade de visualizar as mudanças,

tendências e cenários de forma a estruturar competentemente a incerteza do futuro).

b) O Capital de Mercado está ligado à participação ou segmento de domínio de sua atuação

mercadológica.

Buscamos observar algumas tendências que tornarão a gestão do Capital Intelectual

(ativo intangível ou inteligência competitiva) não só uma ferramenta cada vez mais

importante como também, no sentido mais amplo do termo, supõe-se um novo paradigma

deste início do Século XXI.

Como coloca Tom Stewart, precursor do estudo do capital intelectual, em um artigo

na Revista Fortune (1994): "Não se trata de revolução, muito menos de evolução; trata-se

de uma revolta completa e generalizada na administração de empresas”.

Para entender esta assertiva caberia um estudo a respeito de qual é a relação entre o

valor real de uma organização e o patrimônio líquido que está contabilizado no seu balanço

patrimonial.

Estatísticas atuais mostram que a resposta a este questionamento seria na base de

seis para um. Em números, isto significa que o patrimônio contabilizado (ativo tangível)

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destas organizações vale apenas 15% do seu valor total; 85%, portanto, representam o

"ativo intangível não contabilizado". Nada perto do exemplo da Microsoft em que, segundo

Leif Edvinsson e Malone (1998), essa relação atinge a espetacular marca de cem para um;

ou seja, 99% do valor de uma das mais importantes empresas do mundo não estão situados

nos padrões tradicionais da administração.

Empresas de todos os portes, bem como os empreendedores que iniciarão seus

negócios nessas próximas décadas, deverão incorporar nos seus negócios esta nova maneira

de pensar. Contabilizar, administrar, realizar auditorias, gerenciar, planejar, organizar,

controlar e todos os outros termos que representam a administração tradicional, estarão

destinados a pouco mais de 15% do valor real de uma empresa. Será necessário que as

empresas busquem formas de controlar o valor restante.

Acima de tudo, é importante termos consciência da ruptura que o capital intelectual

representa na vida das organizações. É inadmissível que 85% do seu valor fiquem

relegados, no processo gerencial, à prioridade nula. De outro lado, é importante considerar

que cada vez mais esse fenômeno será consolidado. As estruturas em rede, as empresas

virtuais, o irreversível processo de terceirização, a falência do emprego tradicional farão

que, cada vez mais, tijolos, máquinas, terras dêem lugar a idéias, inovações e inteligência.

E, neste sentido, entende-se que as Universidades Corporativas tendem a ocupar o

seu espaço dentro da administração moderna. Por se tratar de um processo de integração e

disseminação de uma cultura empresarial da competência e resultado, apoia os talentos

internos e externos no processo de aquisição de competências humanas que darão

sustentação para as competências empresariais, gerando resultados para a empresa, clientes

e acionistas e, conseqüentemente. aumentando a competitividade, bem como assumindo o

papel de gestão estratégica do capital intelectual, criando a métrica necessária no sentido do

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controle do valor dos ativos intangíveis da empresa.

Figura 5 - Interação entre competências empresariais e pessoais

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

Se tomada a realidade brasileira como premissa e, pelo conhecimento da maior

parte das organizações, chega-se à conclusão de que os 15% tangíveis estão controlados.

Para eles são alocados um diretor de patrimônio, um gerente de manutenção, contadores,

analista financeiro, gerente de fluxo de caixa e toda uma estrutura na maioria das vezes até

maior do que devia ser. Porém, com relação aos 85% restantes relativos ao intangível isso

não acontece. Ainda não ouve-se falar em um diretor de ativos intangíveis nas empresas.

Apesar do método tradicional da administração e da contabilidade não

demonstrarem o real valor da organização, fica claro que cada vez mais, o intangível não

contabilizável será fundamental na vida e no sucesso das organizações.

O raciocínio seguinte é tentar decifrar o que forma esta diferença tão grande, já que

sugere-se que, em um balanço patrimonial, podem ser incluídos itens tão diversos como:

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pessoas, talentos, conhecimento, informação, participação no mercado, marcas, patentes,

cultura organizacional, clima, liderança, currículo, processos, organização e vários outros.

Alguns indicativos de potenciais formadores destas diferenças serão expostos a seguir:

a) As empresas operarão cada vez mais em redes. Segundo Armstrong e Hagel III (1996)

que publicaram um artigo na Harward Business Review que busca discutir o valor das

comunidades on-line, onde pequenos núcleos de grandes cérebros serão capazes de criar

negócios de grande porte através de sua capacidade de concentração, formação de empresas

em rede e desenvolvimento de marca, o ativo tangível destas redes será uma parcela cada

vez menor do valor global do negócio estruturado.

Portanto, é preciso buscar novos lançamentos contábeis, os quais deverão refletir os

acréscimos no Capital, Patrimônio Líquido e Ativo da empresa, quando um pequeno

grupo de pessoas for capaz de articular lucrativamente centenas de empresas pertencentes a

uma mesma rede.

b) O emprego tradicional tende a diminuir drasticamente. Cada vez que "um empregado de

carreira" é transformado em terceirizado, mesas, máquinas, tijolos, equipamentos, terrenos,

deixam de ser contabilizados no núcleo central de operações e passam a ser

responsabilidade do parceiro trabalhando na rede. Portanto, que efeito sobre a contabilidade

tradicional deve ocorrer, quando um grupo de seres humanos deixa de estar vinculado com

fidelidade a uma empresa principal e passa a ser regido simplesmente por um contrato de

parceria?

c) A flexibilidade de horários será cada vez maior e mesmo o trabalho tradicional será cada

vez mais feito em casa. Com o mesmo raciocínio do item anterior, grandes sedes serão

desmontadas com tendência de alto impacto sobre o conceito tradicional do ativo tangível,

diminuindo o conjunto de bens físicos de uma organização. Ao diminuir o tamanho dos

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seus escritórios que efeito ocorrerá sobre o patrimônio líquido da empresa? Uma

diminuição decorrente da redução destes bens físicos ou um aumento como conseqüência

do maior nível de flexibilidade de custos que esta empresa passará a ter?

d) Os serviços serão cada vez mais importantes na formação do Produto Interno Bruto

(PIB), com isso, o trabalhador do conhecimento, segundo Drucker (1993), aumentará cada

vez mais o valor agregado à produção, incorporando inteligência e não capital físico aos

empreendimentos. E então, como contabilizar o cérebro de um trabalhador intelectual?

e) Softwares de grande capacidade de processamento virão revolucionar a organização das

empresas. Mesmo a parte tradicional remanescente das organizações sofrerá uma

revolução, ficando a atividade burocrática humana extremamente reduzida. Assim sendo,

em quanto aumenta o patrimônio real de uma organização que implanta, por exemplo, um

sistema ERP (Enterprise Resource Planning) de modo satisfatório?

f) A competitividade, a busca da melhoria da qualidade com diminuição de preços será uma

constante. Funções antes tratadas em departamentos distintos: recursos humanos, finanças,

controladoria, orçamento e inúmeras outras serão incorporadas às unidades de operação,

aumentando o valor agregado e diminuindo o patrimônio físico tradicional. Como serão

contabilizadas no balanço patrimonial as novas capacitações de orquestração e

descentralização que gerenciarão de forma efetiva e produtiva todos os seres humanos?

g) A inovação permanente será um fator crítico de sucesso não de sobrevivência das

organizações. Verbas cada vez mais volumosas serão destinadas a criação de novos

produtos, serviços, sistemas e processos em um movimento permanente rumo ao novo.

Quanto valerá a mais uma empresa que consegue efetivamente implementar uma média

anual de produtos novos correspondente a 10% de seu faturamento?

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h) Treinamento e aprendizado contínuo receberão recursos cada vez mais substanciais (Fig.

6) como estratégia de enfrentamento do desafio da mudança. O conhecimento será

desenvolvido por meio de processos cada vez mais voltados para a melhoria de

desempenho, caracterizando claramente um padrão de melhoria contínua, pelo menos em

primeira instância, no campo do intangível. Que diferença patrimonial existe entre duas

empresas no mesmo setor quando uma tem uma inteligência competitiva voltada para

resultados e outra relega o aprendizado ao estrato teórico do descartável? (Sempre é bom

lembrar que nos moldes contábeis tradicionais, ainda hoje o que é gasto em treinamento e

desenvolvimento é debitado em custo gerando efeito direto sobre a diminuição do

patrimônio da empresa).

Figura 6 - Investimentos realizados e previstos em treinamento

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa – CEF

i) Uma sólida cultura, objetivando valores e princípios, e a determinação de uma visão

compartilhada serão cada vez mais fatores de diferenciação competitiva das organizações.

Quanto vale a mais no patrimônio de uma empresa um conjunto de seres humanos que

tenham efetivamente um sentido homogêneo de direção?

j) Diante das enormes dificuldades do ambiente externo os talentos humanos serão cada vez

mais escassos.Na eterna lei da oferta e da demanda, estes talentos escolherão a empresa que

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oferecer o ambiente humano mais propício ao seu desenvolvimento, principalmente os

novos executivos da geração X, e recompensar de forma mais justa o seu real valor, mas

que valor imputar ao capital de uma empresa que foi eleita em pesquisa recente como uma

das dez melhores empresas para se trabalhar?

l) No mundo do pluralismo e da multiplicidade, principalmente do comércio eletrônico,

deter e alimentar uma marca reconhecida e respeitada será uma estratégia cada vez mais

perseguida. Esta será das poucas estratégias que permitirão a uma empresa manter-se na

corrida da competitividade; com uma forte marca ter-se-á clientes mais fiéis que aceitarão

pagar a mais por seus produtos. É por isso que há uma certa empresa do mercado do fumo

que vale 50 bilhões de dólares em termos de mercado, enquanto seus ativos fixos não

ultrapassam dois bilhões de dólares. Portanto, quanto debitar ou creditar pelo valor de uma

marca no balanço patrimonial, principalmente se ela pertencer a uma empresa de médio e

grande porte? Até que ponto a fidelidade de um grupo de clientes merece ser incorporada a

este patrimônio?

m) No mundo do comércio virtual a logística com base em alta capacitação informática será

cada vez mais um efetivo atributo de sucesso. No momento em que do ponto mais distante

de um país e do mundo for possível comprar um perfume, um livro, um pão de queijo, e a

competitividade exigir custos compatíveis, empresas estruturadas verticalmente ou em rede

deverão dominar o fator crítico de sucesso da logística. Que cálculo deverá ser feito para

quantificar o patrimônio embutido na excelência de um sistema logístico, o qual deverá

estar muito distante da soma dos valores dos caminhões e computadores contabilizados no

ativo fixo desta empresa?

Em resumo, portanto, não temos pela frente somente um novo estilo de

administração e muito menos uma tendência passageira. Têm-se, talvez um novo modelo de

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gestão claramente reforçado pelas tendências acima conceituadas, que mudarão a maneira

de construir, consolidar e desenvolver organizações de qualquer porte.

Por isto, o conceito do capital intelectual, do ativo intangível, da inteligência

competitiva, deverá ser disseminado até para os jovens que se formarão entre os

empreendedores do futuro.

Neste novo milênio vai valer, acima de tudo, a agregação de valor e a

geração de riqueza contidas nos cérebros das pessoas (Xavier, 1998). Vale então uma

instigante pergunta final sobre capital intelectual: se vinte por cento do seu pessoal de

comando, especificamente aquele pertencente ao estrato de maior inteligência, capacitação

e comprometimento com a cultura de sua empresa, forem contratados pela concorrência,

quanto o seu contador abaterá do seu patrimônio líquido no dia seguinte?

Desta maneira, todos os empresários, executivos e profissionais da área de

treinamento e desenvolvimento, nesta entrada de século, terão que colocar novos itens em

sua agenda de trabalho que vai, necessariamente, passar por (Sveiby, 2000):

• Identificar o impacto e a consistência do conhecimento e do capital

intelectual - enfim, da inteligência - no setor específico de sua empresa;

• Criar as condições de desenvolvimento, fluxo e melhoria contínua deste

conhecimento;

• Desenhar a rede de conhecimento, estruturando o capital intelectual de

modo a forçar sua transformação em propriedade da empresa e não das

pessoas;

• Criar os indicadores de mensuração do capital intelectual com objetivo

de tornar tangível o intangível, tendo como meta maior valorizar

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financeiramente cada item, de modo que se tenha efetivamente no futuro, o

balanço patrimonial contabilizando os lucros e perdas dos 85% mais

importantes da empresa.

Vale a pena reforçar o que já foi citado anteriormente: o Capital Intelectual não é

um modismo a mais. É uma forma de fazer crescer, ou de pelo menos fazer sobreviver as

organizações desse mundo cada vez mais incerto e competitivo, e as Universidades

Corporativas surgem como alternativa estratégica para o aumento da competitividade

empresarial e propagação do conhecimento e do aprendizado nas organizações.

A importância do aprendizado organizacional e individual serão comentados no

próximo capítulo.

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4 ORGANIZAÇÕES QUE APRENDEM

No intuito de manter a competitividade, as empresas têm, freqüentemente, efetuado

diversas mudanças, tais como: downsizing, reestruturação e a reengenharia. Entretanto

apenas estes esforços não têm trazido os resultados esperados, pois nem sempre o lado

humano é o centro das atenções (Thurow, 2000). A Figura 7 demonstra a importância do

capital humano em termos de se garantir competitividade.

Figura 1 - O Capital Humano como principal fator de competitividade

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

Assim, uma nova proposta visando sanar esta falha faz-se presente no cenário atual:

a organização orientada para o aprendizado ou organização que aprende. Esta se traduz

como sendo a empresa com a capacidade de adquirir constantemente novos conhecimentos

organizacionais, envolvendo os funcionários em uma mudança contínua, harmoniosa e

produtiva, projetada para atingir os objetivos das organizações.

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Evidentemente que uma empresa só aprende e põe em prática suas estratégias,

através da força criativa, da motivação , da curiosidade e da inteligência das pessoas que a

formam e, nesse sentido, é necessário que estas mesmas pessoas estejam profundamente

engajadas no processo de definição das metas organizacionais, pois só assim poderão

definir metas particulares de aprendizado de acordo com os objetivos maiores, que é o da

própria organização.

Para este fim, os funcionários precisam ter um conhecimento profundo da empresa e

de suas principais tecnologias, bem como o desejo e a capacidade de trabalhar em equipe

para a construção do novo conhecimento.

Cabe aqui, portanto, conceituar o conhecimento e o aprendizado organizacionais.

Todas as empresas possuem um conhecimento organizacional, ou seja, a capacidade de

executar coletivamente tarefas que as pessoas não conseguem realizar de forma isolada,

tarefas essas projetadas para criar valor para os interesses da organização como por

exemplo: produzir programas para computadores que ofereçam mais recursos aos usuários

pelo menor preço, ou ainda, selecionar as pessoas certas para os cargos de liderança, ou

então, produzir mais carros, em menos tempo, com menores custos.

Segundo Takeuchi e Nonaka (1997) o conhecimento organizacional se divide em

duas vertentes: o conhecimento explícito e o conhecimento tácito.

Conhecimento explícito é aquele ligado aos procedimentos técnicos, aos manuais

de operação e às normas.

O conhecimento tácito se refere ao instinto, ao discernimento e à compreensão.

“ O conhecimento tácito é fundamental para tornar o conhecimento explícito útil.”

(Takeuchi e Nonaka, 1997).

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Já o aprendizado organizacional está ligado à idéia da geração de um novo

conhecimento que seja colocado em prática, ou seja, aprender a executar novas tarefas e dar

conta das antigas com mais rapidez e eficácia, além de disseminar esse novo conhecimento

para as demais áreas da organização.

Segundo o Prof. Garvin (1997) da Harward Business School, o processo do

aprendizado organizacional tem cinco estágios: conscientização, compreensão, ação,

análise e reflexão.

a) Conscientização: serve como uma base de operação para o processo, sendo,

normalmente, de origem quantitativa.

b) Compreensão: resulta de uma análise mais criteriosa de dados gerando noção comum do

que precisa ser feito, não sendo, entretanto, suficiente para a plenitude da ação.

c) Ação: significa a retenção da informação, permitindo que o processo decisório cotidiano

seja embasado por um nível de conhecimento mais consistente e plenamente alinhado aos

objetivos estratégicos da empresa.

d) Análise: estágio importante, no qual os diversos focos culturais passam a ser ligados

entre si, criando uma sinergia de informação e cognição com o que se permite um início de

criação de fatos novos em cada negócio.

e) Reflexão: o último estágio do processo, no qual, além de reter e obter discernimento

quanto à utilidade da informação, os seres humanos passam a ter a capacidade de criar

idéias novas de vanguarda, as quais serão, efetivamente, os fatores de diferenciação

competitiva de cada organização.

O aprendizado organizacional é corriqueiro na organização. Ele ocorre

continuamente em todas as empresas duradouras, porém em poucas é planejado e

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administrado para que ocorra de maneira rápida, sistemática e de acordo com os objetivos

estratégicos da empresa.

Entretanto, para que todo esse processo se consolide e aconteça, a empresa precisa

criar um ambiente favorável ao desenvolvimento do aprendizado, prover o ambiente de

infra-estrutura adequada e investir no conhecimento e, como já comentado, nas habilidades

de aprendizagem das pessoas.

Com relação ao ambiente propício, fatores fundamentais são: comunicação

eficiente, foco no trabalho em equipe e redução dos níveis hierárquicos.

Quanto à infra-estrutura, é necessário investir em tecnologia, com bancos de dados

que armazenem o conhecimento existente; em mecanismos que monitorem novas

tecnologias, concorrentes e clientes; em programas integrados de ensino, treinamento e

desenvolvimento, bem como suas devidas instalações e em sistemas eficientes de

comunicação que estimulem e facilitem o trabalho em equipe visando o compartilhamento

e a difusão do conhecimento novo.

Para Joan L. Bragar (1998), da firma de consultoria Arthur D. Little, as

organizações voltadas ao conhecimento estimulam as habilidades de aprendizagem das

pessoas, pois sabem que sua própria habilidade de aprendizagem do conhecimento

organizacional é diretamente dependente da aprendizagem individual.

O perfil destas organizações apresenta algumas qualidades que devem ser

ressaltadas, como mostra a Tabela 1:

Tabela 1 – Perfil das Organizações que Aprendem

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APRENDIZADO PESSOAS

O aprendizado não é meramente

reativo, mas sim intencional, eficaz e

conectado ao objetivo e à estratégia da

organização;

O aprendizado é oportuno, prevendo

os desafios, as ameaças e as

oportunidades, e não simplesmente

reagindo às crises;

O aprendizado cria flexibilidade e

agilidade para que a organização

possa lidar com a incerteza.

As pessoas se consideram capazes

de gerar continuamente novas

formas de criar os resultados que

mais desejam; por isso, as

mudanças que caminham lado a

lado com o aprendizado criam

raízes, em vez de ser transitórias.

Algumas práticas que diferenciam estas organizações:

a) Visão sistêmica da própria organização, ou seja, compreender a organização como

transformadora de insumos de informação em ativos de conhecimento. Sob o enfoque da

Teoria dos Sistemas, a empresa caracteriza-se como um sistema aberto e essencialmente

dinâmico, isto é, como um conjunto de elementos interdependentes que interagem entre si

para a consecução de um fim comum, em constante inter-relação com seu ambiente. Como

um sistema aberto, a empresa encontra-se permanentemente interagindo com seu ambiente

como um sistema dinâmico, realiza uma atividade ou um conjunto de atividades, que a

mantém em constante mutação e requerem que sejam constantemente orientadas ou

reorientadas para sua finalidade principal.

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Figura 8 - Visão da organização pela Teoria Geral de Sistemas

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

b) Estímulo à cultura da mudança permanente. As organizações voltadas para o

conhecimento cultivam uma visão holística das atividades que fazem com que as

organizações complexas funcionem, das atividades que fazem a mudança criar raízes, e de

como usar a lógica dos sistemas para diagnosticar necessidades e projetar novas ações de

modo que o aprendizado seja eficaz e a mudança permanente.

c) Envolvimento de todos dentro da organização para geração do conhecimento

compartilhado, de forma que os insights não se reservem apenas para um pequeno grupo de

pessoas em cargos-chave. As organizações que aprendem sabem que somente com uma

participação ampla na geração do conhecimento e na criação da mudança é possível criar o

desejo e o entusiasmo pela mudança contínua. O amplo envolvimento também melhora a

eficácia das ações porque insights múltiplos entram em ação e aumentam a flexibilidade e a

agilidade da organização.

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d) Elas patrocinam programas para aperfeiçoamento e diversificação dos

conhecimentos e da capacidade dos funcionários. As descrições de cargo são relativamente

fluidas e baseiam-se nas tarefas que precisam ser executadas no momento.

e) Elas têm plena consciência de que o aprendizado organizacional ocorre por meio de

processos específicos e fazem esforços explícitos e contínuos para melhorá-los.

Há que se levar em consideração, também, o grande destaque que a educação não-

formal passou a ter nos anos 90, decorrente das mudanças na economia, na sociedade e no

mundo do trabalho. Passou-se a valorizar os processos de aprendizagem em grupos e a dar-

se grande importância aos valores culturais que articulam as ações dos indivíduos. Passou-

se ainda a falar de uma nova cultura organizacional que, em geral, exige a aprendizagem de

habilidades extra-escolares. (Gohn, 1997).

Proclama-se o poder do conhecimento (como na terceira onda), e não mais da

economia. Ou seja, exige-se das pessoas novas habilidades, entre elas a de gestão. Não

importa mais possuir um grande acervo de conhecimentos, mas sim o domínio de certas

habilidades básicas, tais como comunicar-se (de preferência em mais de uma língua),

domínio da linguagem das máquinas e, sobretudo, habilidade de gestão (de gerir sua

própria vida e carreira, equipes, conflitos etc.). Ou seja, todos têm de planejar e administrar

suas vidas e carreiras.

Cobra-se um perfil de trabalhador criativo, que saiba compreender processos e

incorporar novas idéias, tenha velocidade mental, saiba trabalhar em equipe, tome decisões,

incorpore e assuma responsabilidades, tenha auto-estima, sociabilidade e atue como

cidadão.

A maior importância da educação não-formal está na possibilidade de criação de

novos conhecimentos, ou seja, a criatividade humana passa pela educação não formal,

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tendo em vista que os indivíduos ao interagirem na busca de soluções baseadas em práticas

e conhecimentos anteriormente adquiridos, acabam por fornecer uma base de novas

soluções para atender suas necessidades, soluções estas focadas em ações do cotidiano.

Fica claro, portanto, que as organizações voltadas para o aprendizado acabaram por

dar início a um processo novo e irreversível dentro do contexto de educação nas empresas.

E esse processo, segundo Jeanne Meister (1999), se chama Universidade

Corporativa, onde o foco está na criação de uma cultura de aprendizagem contínua, em que

os funcionários aprendem uns com os outros e compartilham as inovações e as melhores

práticas com o objetivo de solucionar problemas empresariais reais.

As razões que estão levando as empresas a repensar a estratégia de educação

corporativa, bem como a nova relação entre as universidades empresariais e as instituições

formais de ensino superior serão discutidas no próximo capítulo do presente trabalho.

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5 REPENSANDO A EDUCAÇÃO CORPORATIVA

Nos próximos anos a área de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) será

certamente um dos segmentos que mais sofrerá mudanças. Caberá a ela a gestão do

conhecimento, do capital intelectual, bem como sua mensuração como principal ativo das

organizações, ou seja, será a área responsável pela inteligência da organização.

Haverá grandes mudanças no processo educacional, com ênfase no ensino à

distância e através de meios eletrônicos (internet, intranet, CD-ROM, teleconferência, etc).

O principal instrumento para operacionalização dessa revolução na educação, dentro

do ambiente organizacional, serão as Universidades Corporativas, que surgem como

solução para dotar os recursos humanos da empresa com uma visão da realidade de forma

mais abrangente e com maior poder crítico.

Neste capítulo serão apresentadas as razões pelas quais as empresas deverão

repensar sua postura estratégica naquilo que se refere ao treinamento e desenvolvimento

das pessoas e, conseqüentemente, da organização. Pretende-se, também, demonstrar as

novas possibilidades de parceria entre as Universidades Corporativas e as Universidades

tradicionais, no sentido de desenvolvimento de conhecimento e pesquisa organizacional,

voltados às reais necessidades empresariais que surgem em função da competitividade e da

globalização dos mercados.

Para uma compreensão mais rápida, segue uma tabela comparativa (Tabela 2) entre

a estratégia tradicional e a estratégia competitiva para a área de T&D, principal campo de

atuação das Universidades Corporativas (adaptado de Meister, 1999):

Tabela 2 – Comparativo das estratégias de T&D

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Treinamento e Desenvolvimento Estratégia Tradicional Estratégia Competitiva

Missão • Educar pessoas • Melhorar a organização através do

aprendizado contínuo e aplicado Objetivos

• Cumprir orçamentos • Aplicar aprendizado na realidade da empresa, melhorando continuamente sua performance

Perfil dentro da organização • Centro de custos • Centro de lucros • Burocrático • Competitivo • Sem vinculação com a cultura

• Melhorando a cultura

Modo de atuação • Sala de aula • Aberta para o mundo • Visão endógena • Visão exógena

• Visitas, Benchmarking • Entrevistas

• Não há exigência de aplicação

• Busca aplicação em projetos

• Não há vinculação com a avaliação de desempenho

• Serve como indicador de desenvolvimento de carreira

• Responsabilidade da empresa

• Responsabilidade conjunta entre colaborador e empresa

• Avalia os professores • Avalia a aplicação • Consultores externos • Consultores internos e externos • Tecnologia tradicional • Tecnologias avançadas

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Do ponto de vista de uma empresa, aprender é um processo que implica na

necessidade de entender o passado de forma a evitar a repetição dos erros, na capacitação

no presente e no preparo adequado para o futuro. Essa é, sem dúvida, a melhor estratégia e

o único caminho que as organizações devem seguir para continuar competitivas.

Somente conseguem acompanhar as mudanças as empresas que tenham a

capacidade de aprender constantemente.

Sendo por vezes tratada como dispensável, a área de treinamento e desenvolvimento

só terá valor no momento em que preparar as pessoas para enfrentar os desafios e a

competitividade do ambiente de negócios.

Claramente ocorre uma exigência cada vez mais intensa no sentido de que o

treinamento e desenvolvimento tradicionais, abandonem seu viés burocrático e tornem-se

centros efetivos de resultado, pois maior qualificação e capacitação dos profissionais

tomadores de decisão ou gestores são exigidas pelas empresas e pelos mercados nesta

entrada de milênio (Klein, 1998).

Algumas razões determinaram a mudança na forma de pensar a educação

corporativa por parte das empresas.

As próprias empresas, enquanto usuárias de serviços de educação empresarial, se

mostraram insatisfeitas em função de fatores como: treinamentos distanciados das

necessidades estratégicas; muito desperdício no dinheiro gasto com treinamentos; práticas

que não levavam ao incremento do resultado da empresa; falta de envolvimento do escalão

superior neste tipo de atividade; processos de educação executiva com foco muito

acadêmico, sem conseguir aliar os conceitos teóricos à prática, decorrentes da aceitação de

programas prontos oferecidos por consultores e escolas de administração. Assim, como em

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alguns outros processos de desenvolvimento, será cada vez mais exigido que os esforços e

investimentos em T&D tenham aplicação prática, deixem de ser um mero processo e se

transformem em uma atividade econômica rentável cuja efetividade será medida por seus

resultados. Tais resultados vão além do lucro. São refletidos, também, nas competências

desenvolvidas pelas empresas em função destas atividades de treinamento e que as fazem

serem lembradas pelos clientes, conforme exemplifica a Figura 9.

Figura 9 - Exemplos de competências empresariais

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

Com o fim do protecionismo econômico, com a privatização de muitas empresas

estatais agregando-se também as fusões e alianças estratégicas estabelecidas pelas empresas

pós-privatizadas, incluindo-se as alianças com organizações multinacionais de forma a

passarem de uma economia de vantagens comparativas para vantagens competitivas, foi

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criado um novo paradigma de competitividade no Brasil. A obsessão pela competitividade,

que exigirá um ainda longo e contínuo período de diminuição de preços e aumento da

qualidade, irá comandar o totalitarismo da Fase do Valor Agregado, em que a

sobrevivência de qualquer ator da economia só será justificada por sua capacidade de

exceder as expectativas dos clientes. Neste ponto, mais uma vez, preparar pessoas para este

difícil desafio será fator crítico de sucesso, lembrando que esta preparação tem que ser

completa, contemplando não apenas as habilidades técnicas e profissionais, mas

considerando o ser humano como um todo (Figura 10).

Figura 10 - Competências pessoais

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

Outro fator decorre das radicais transformações na natureza do trabalho geradas

pelo comércio eletrônico, o qual aumenta constantemente (Figura 11), pela fragmentação e

dispersão do local do trabalho e pela extinção das fronteiras organizacionais.

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Figura11 - Estatísticas relativas ao comércio eletrônico

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa – CEF

Deve-se considerar que o capital intelectual não está limitado à organização (figura

12). Também está fora dela, distribuído por toda a cadeia de valor e pela comunidade que

vive na sua área de influência. Atrair, desenvolver e reter talentos serão prioridades ligadas

diretamente ao ambiente humano das empresas cuja responsabilidade também incluirá a

educação contínua destes talentos.

Figura 12 - Limite do Capital Intelectual

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

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E por fim, a mudança na forma de pensar a educação corporativa existe porque há

necessidade de se conjugar competências empresariais com as pessoais. Segundo Jay

Conger (1998), diretor executivo e professor do Instituto de Liderança da University of

Southern Califórnia, a Geração X, formada por nascidos entre 1965 e 1985, inicia um novo

estilo de liderança nas organizações e invade o mercado com novas exigências que incluem

prioritariamente a perspectiva de desenvolvimento de carreira, recompensas financeiras

como justiça imediata, possibilidades de estágio no exterior e, principalmente, um profundo

programa de treinamento e desenvolvimento. A Figura 13 demonstra um modelo de gestão

baseada em competências:

Figura 13 - Gestão baseada em competências

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

Ao mesmo tempo, deve-se levar em consideração que a reengenharia do sistema

educacional brasileiro tomará um tempo incompatível com as novas necessidades que a

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velocidade da mudança impõe sobre a sociedade. A era da informação exige flexibilidade

baseada no conhecimento e na capacidade de resposta. “Mais do que economias

competitivas teremos sistemas educacionais competitivos” (Franco e Eboli, 2000).

Ao permitir o acúmulo quase infinito de informações e a interconectividade geral, a

revolução da informática e das telecomunicações criará novos processos de aprendizagem

que transformarão completamente o sistema tradicional de ensino. E esta transformação é

visível através da criação de inúmeras Universidades Corporativas. De acordo com Franco

(1999) este é um forte indicador de oportunidade para as instituições acadêmicas

colaborarem com as empresas e seus negócios, numa relação mais responsável, prática e de

atendimento pontual às necessidades das organizações.

Segundo Plonski (1999) a disseminação de espaços institucionais diferenciados

dentro do meio acadêmico, servem como estímulo à cooperação entre a universidade e a

empresa. Cita os casos das incubadoras de empresas, parques tecnológicos e tecnópoles.

Marcovitch (1999) declara que a relação universidade-empresa, se inicia com a

formação de quadros profissionais com seu ápice no ensino de pós-graduação, onde se

afirmam as vocações científicas e se constrói a base humana dos grandes programas de

pesquisa. Relata, também, que é necessário se acabar com os mitos de que o pesquisador

acadêmico é um ser etéreo, descolado da realidade ou de que o empresário despreza a

ciência.

As relações entre a universidade e o setor produtivo estão sendo construídas muito

lentamente no Brasil de acordo com Chaimovich (1999). Ele acredita que é necessário o

reconhecimento de vantagens mútuas e respeito às diferenças, além de uma clara definição

de missões específicas de cada uma das partes interessadas nesta aliança estratégica,

fundamental para o desenvolvimento do Brasil.

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Enquanto o modelo de Universidades Corporativas ganha força no Brasil e

apresenta um desenvolvimento acelerado, as relações entre as universidades tradicionais e

as empresas não avançam, pois dependem de negociações políticas demoradas no sentido

de apoio financeiro na forma de incentivos à pesquisa tecnológica industrial.

Será necessário intensificar esta relação, já que a realidade atual da sociedade, da

economia e das organizações baseadas no conhecimento, exige pessoas melhores

qualificadas, de forma a consolidar o desenvolvimento brasileiro com fundamentos mais

apropriados ao cotidiano de competitividade mundial.

No próximo capítulo deste trabalho, relataremos a experiência de uma instituição

financeira federal na implantação do modelo de Universidade Corporativa.

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6 UniCAIXA: A EXPERIÊNCIA DA CAIXA ECONÔMICA

FEDERAL

Para lidar com a crescente necessidade de atualização gerada pela globalização dos

mercados, pelo contínuo avanço das tecnologias e pela constante obsolescência dos

conhecimentos, as empresas se vêem diante do desafio de eliminar a linha divisória entre

educação e trabalho e viabilizar um ambiente de aprendizagem coletiva permanente.

A Universidade CAIXA, em consonância com os propósitos e objetivos das

universidades corporativas, surge como resposta a esse desafio e disponibiliza um ambiente

propício ao desenvolvimento de competências que agreguem valor ao negócio e aos

resultados da empresa, mediante o fomento à aprendizagem, à geração e ao

compartilhamento do conhecimento. Tais competências serão o embasamento do

planejamento estratégico da Caixa, visando fomentarem ações estratégicas que geram o

resultado (Fig. 14).

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Figura 14 - Competências como base de estratégia e impulsionador de ações Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

A Universidade CAIXA é, portanto, um ambiente de aprendizagem organizacional

que objetiva, além de transmitir e compartilhar conhecimentos, criar uma consciência

crítica para avaliar os processos e os ambientes em que se encontram, estimulando o

pensamento estratégico antes do pensar operacional.

No ano de 1999, com a implantação de uma rede local, a INTRANET CAIXA, a

Empresa adotou um dos parâmetros que viabilizam a implantação de uma universidade

corporativa, ou seja, a virtualidade. Desta forma, veio ampliar as possibilidades de uso da

tecnologia para a obtenção de conhecimentos e disseminação de práticas inovadoras,

enriquecendo o ambiente de aprendizagem iniciado na Empresa, com a implantação de

alternativas de treinamentos auto gerenciáveis. O ambiente web é um dos recursos

largamente utilizados nas estratégias da Universidade CAIXA para estocagem,

compartilhamento e disponibilização de oportunidades de educação, treinamento e auto-

desenvolvimento.

Além disso, o estabelecimento de parcerias com entidades tradicionais de ensino

superior também faz parte das pretensões da UniCAIXA. A primeira parceria neste sentido

é com a UnB – Universidade de Brasília.

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A UniCAIXA preocupa-se também com a qualidade dos produtos e serviços que

passará a oferecer como soluções de treinamento e desenvolvimento, buscando aprimorar

as melhores práticas existentes no mercado.

Outra preocupação é com a seleção e o desenvolvimento de pessoas que estejam

capacitadas a realizar o trabalho de tutoria, buscando entre seus funcionários, aqueles com

experiência e formação em cursos lato-sensu e stricto-sensu. A Figura 15 demonstra as

dimensões em que a empresa trabalha para a implantação do modelo:

Figura 15 - Dimensões de implantação do modelo UniCAIXA

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

A participação dos funcionários em atividades de treinamento e desenvolvimento

ocorre a partir de necessidades identificadas pelos gestores das diversas unidades de

resultado. Tais necessidades geram demandas por cursos específicos, voltados aos objetivos

estratégicos da empresa.

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Acessando a Universidade Caixa, o gestor pode verificar se a necessidade pode ser

atendida por meio de um dos cursos/treinamentos disponíveis e solicitar a inscrição dos

empregados. Após inscrito, o empregado, dentro de um prazo pré-determinado, realiza o

treinamento no próprio ambiente de trabalho, em horários diferentes dos de expediente.

Todo o treinamento via web é gerenciado por um software especializado, o qual

possibilita, além do curso que está sendo ministrado na sala de aula virtual, acesso a atalhos

que apresentam legislação específica sobre os assuntos tratados, aspectos da concorrência,

salas de conversação (chats) para troca de experiência entre alunos de outras turmas e

atalhos para esclarecimento de dúvidas. Este software possibilita, também, o acesso

simultâneo de nove mil pessoas ao treinamento. Considerando-se um universo de cerca de

cinqüenta mil funcionários, praticamente vinte por cento deles pode ser treinado ao mesmo

tempo, o que é praticamente impossível da forma tradicional.

A característica básica da Educação a Distância é a liberação da presença física do

aprendiz do ambiente de sala de aula, passando a ser orientado em seu processo de auto-

aprendizagem, por tutores, através da comunicação de dupla-via.

Nos treinamentos realizados via Intranet CAIXA, a tutoria é feita por profissionais

da Área de Recursos Humanos para esclarecimento de dúvidas e orientações, visando o

melhor aproveitamento do Curso. Os usuários da UniCAIXA poderão fazer uso desse meio

também para registrar suas críticas ou sugestões para a melhoria dos Cursos/Treinamentos

disponíveis.

De acordo com o executivo responsável pela implementação do modelo de

Universidade Corporativa na Caixa Econômica Federal, Evaldo José Bazzegio (2000),

existem correlações entre o modelo das Universidades Corporativas em geral e a

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UniCAIXA. Além disto, verificam-se vantagens com a adoção deste novo processo de

treinamento para a empresa.

A Caixa Econômica Federal, assim como outras empresas com Universidades

Corporativas, possui características principais:

• dirige treinamento como negócio e conhecimento como ativo mais valioso;

• propõe gerar receitas;

• o desenvolvimento das pessoas é desejado e incentivado;

• enfrentam a obsolescência do conhecimento via fluxo rápido das

competências necessárias;

• os altos executivos da Empresa são altamente comprometidos com a geração

de novas competências.

Na prática, a Universidade CAIXA passou a existir na medida em que se iniciou na

organização e, principalmente, na área responsável pelo desenvolvimento de pessoas a

mudança dos paradigmas de Treinamento e Desenvolvimento. Estes primeiros passos em

direção à Educação Corporativa, comprovam a afirmação de Jeanne Meister (1999) no

sentido de que a UniCAIXA, assim como as demais Universidades Corporativas é um

processo novo e não um espaço físico propriamente dito. A idéia principal da UniCAIXA é

preparar os profissionais para o futuro, ou seja, ser uma universidade na sua essência (Fig.

16).

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Figura 16 - Idéia principal da UniCAIXA

Fonte: Seminário Repensando a Educação Corporativa - CEF

Apesar de se utilizar largamente dos recursos de treinamento via intranet, a

Universidade CAIXA não abrange somente os cursos disponibilizados via web, pois o

conceito de Universidade Corporativa pressupõe "estocar" e divulgar conhecimentos de

todas as formas possíveis e necessárias aos resultados da empresa. Existem também

treinamentos através de CD-ROM, Cartilhas, Vídeos, Tele-conferências e em salas de aula

tradicionais. Assim reforçao a idéia de que o ambiente de aprendizado empresarial deve ser

divulgado de todas as formas possíveis. Relacionaremos abaixo alguns dos treinamentos

disponibilizados pela Universidade CAIXA:

• VIAWEB:

• INTRANET CAIXA - Um Suporte à Gestão – visa dotar os empregados de

capacidade para utilizar todos os recursos de uma rede local de

microcomputadores;

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• GovBanking – destinados a gerentes que atuam no segmento de atendimento

e de operações para o setor público (União,Estados e Municípios);

• Análise de Crédito para Micro e Pequenas Empresas – busca capacitar os

gerentes de relacionamento no atendimento a um nicho específico de mercado,

cuja atuação da CAIXA é muito forte. Este treinamento está exemplificado no

Anexo I, buscando demonstrar, dentro das condições possíveis ( já que a cópia

das telas não substitui a experiência real de acesso via micro computador), como

o uso da tecnologia propiciou um grande avanço em termos de educação

corporativa.

• VIA CD ROM:

• Segurança da Informação – com o objetivo de tornar todos os funcionários

capacitados nas melhores práticas para a proteção e armazenamento de dados e

informações;

• Windows 95 ,Word 7.0 - Básico ,Word 7.0 - Avançado, Excel 7.0 - Básico,

Excel 7.0 - Avançado, Access 7.0, PowerPoint – para capacitação dos

empregados em recursos de micro informática;

• VIA IMPRESSO:

• Gramática I , Gramática II e Redação;

• VIA VÍDEO:

• Microinformática - Primeiros Passos, Cobrança Bancária na CAIXA.

Créditos conseguidos em cursos na Universidade CAIXA poderão ser aproveitados

em cursos em universidades tradicionais, a primeira experiência de parceria é junto a UnB

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– Universidade de Brasília, visando a realização de um curso de pós-graduação de MBA

em Gestão de Negócios para todos os gestores graduados, via UniCAIXA. Isso significa,

sem dúvida nenhuma, um grande avanço na gestão do capital intelectual na empresa, pois

permitirá o desenvolvimento de gerentes de todo o país, dentro do foco estratégico da

organização, através da educação a distância. O empregado terá a Universidade de Brasília

dentro da sua própria agência de trabalho.

As experiências em empresas de grande porte demonstram que as universidades

corporativas podem se transformar em centros de resultados, agregando valor inclusive ao

patrimônio líquido da empresa. A abordagem da educação empresarial em todos os

formatos já permite redução dos custos de desenvolvimento de pessoas nas empresas. E

essa redução de custos é o primeiro passo dentro do processo UniCAIXA, pois a estratégia

de geração de resultados através do licenciamento de seus cursos e do treinamento do

restante da cadeia de valor (clientes, fornecedores ou público externo) ainda não está

definida, mas, conforme já explanamos, o treinamento simultâneo de nove mil

funcionários, sem custos de deslocamento, diárias, hospedagem e alimentação, é um fator

impulsionador de resultados. O resultado desta economia poderá ser visualizado na Tabela

3 abaixo:

Tabela 3 – Comparativo de treinamentos à distância em andamento X estimativa presencial (posição em agosto/2000)

METODOLOGIA

TREINAMENTO TREINADO

S ESTIMATIVA

PRESENCIAL ( * )

A DISTÂNCIA (WEB) ( * * )

VALORES ECONOMIZADO

S Conhecendo 100% SEFIP 1.697 R$

446.311,00 R$

96.202,93 R$

350.108,07 GovConta CAIXA 2.561 R$

673.543,00 R$

145.183,09 R$

528.359,91

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Intranet CAIXA 981 R$ 258.003,00

R$ 55.612,89

R$ 202.390,11

Análise de Crédito 3.887 R$ 1.022.281,00

R$ 220.354,03

R$ 801.926,97

TOTAL 9.126 R$ 2.400.138,00

R$ 517.352,94

R$ 1.882.785,06

( * ) Investimento Médio por Empregado - Modo Presencial = R$ 263,00 ( * * ) Investimento Médio por Empregado - Modo A Distância = R$ 56,69

Fonte: Caixa Econômica Federal – Gerência Nacional de Desenvolvimento de Pessoas

A tabela a seguir (Tabela 4) demonstra a projeção de investimentos pela Caixa

Econômica Federal, para a produção de treinamentos via intranet no decorrer dos próximos

dois anos, bem como a relação inversa entre o aumento de investimento global e o custo

fixo por empregado treinando:

Tabela 4 - Projeções para treinamentos interativos via web

Até 6 meses Até 12 meses Até 24 meses

(A) - QTDE. DE TREINAMENTOS 10 20 40

(B) - INVESTIMENTO DE PRODUÇÃO POR TREINAMENTO (TERCEIRIZADO)

R$ 65.000,00 R$ 50.000,00 R$ 40.000,00

(C) - CUSTO FIXO DE PESSOAS PARA ESTA MÍDIA

R$ 24.375,00 R$ 24.375,00 R$ 24.375,00

(D) - DURAÇÃO DO TREINAMENTO (meses)

6 12 24

(E) - TUTORIA POR CERTIFICACAO 8,00 8,00 8,00

(F) - QUANTIDADE DE CERTIFICAÇÕES

30.000 60.000 250.000

(G) - TOTAL DO INVESTIMENTO : (D*C)+(B*A)+(E*F).......

R$1.036.250,00 R$ 1.772.500,00 R$ 4.185.000,00

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INVESTIMENTO POR TREINANDO (G/F).........................

R$34,54 R$ 29,54 R$ 16,74

Fonte: Caixa Econômica Federal – Gerência Nacional de Desenvolvimento de Pessoas.

Como já se observou a Universidade CAIXA não terá um "campus" físico. O

próprio ambiente empresarial constitui-se no campus da Universidade CAIXA.

A missão da Universidade CAIXA será : "Promover a gestão do conhecimento e o

desenvolvimento do capital intelectual da CAIXA, mediante o processo de aprendizagem

contínua". Seu foco estratégico deve ser a formação e o desenvolvimento de talentos

humanos em gestão de negócios.

Verifica-se que, todas as ações e atitudes demonstradas, estão em consonância com

as tendências e mudanças apontadas nos capítulos anteriores do nosso trabalho. Desta

forma entende-se como viável a implantação do modelo, não só na empresa em estudo, mas

em todas aquelas que ousarem permitir o desenvolvimento dos seus funcionários, de uma

forma mais ajustada às necessidades atuais, com foco estratégico em seus negócios e

utilizando-se de tecnologia nos processos de educação à distância.

7 CONCLUSÃO

A implantação de Universidades Corporativas no Brasil ainda está em fase

embrionária.

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Algumas empresas importaram o conceito de suas matrizes (Motorola, McDonald’s,

Grupo Accor, Coca-Cola), outras tomaram a iniciativa de fazê-lo a partir da crença que a

medida otimizará o processo de treinamento e desenvolvimento de seus recursos humanos

(Algar, Brahma, SEBRAE, Caixa Econômica Federal).

Nota-se a existência de objetivos específicos de nosso contexto que estejam

apontando para a necessidade de termos, no Brasil, um número maior de Universidades

Corporativas:

Em primeiro lugar, não se pode dizer que o conceito da atividade de treinamento e

desenvolvimento seja bem aplicado em nosso contexto; sua transformação em Universidade

Corporativa certamente iria enobrecer a atividade, tornando-a algo mais respeitado e

desejado, no contexto organizacional.

As empresas brasileiras carecem de uma unidade responsável pela difusão de sua

visão, valores estratégicos, bem como pela acumulação do conhecimento adquirido, missão

que cabe as Universidades Corporativas.

Os executivos cobram da área de T & D um foco maior no negócio, a demonstração

do custo/benefício de suas atividades e a imagem de um centro de lucros; os dois tópicos

são característicos de uma Universidade Corporativa.

As atividades de T & D deverão cada vez mais focar o futuro, a partir de uma

abordagem pró ativa, deixando de ser apenas solucionadoras de problemas que já

ocorreram (passado).

O reforço da cadeia de relacionamentos: empresa, clientes, fornecedores e

comunidade é algo extremamente cobrado de uma moderna área de T & D; o alargamento

de seus horizontes, atuando não apenas atendendo a clientes internos, é também escopo das

Universidades Corporativas.

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O combate a rápida obsolescência do conhecimento, a aceleração do seu fluxo

dentro da organização, hoje imperativo da sociedade globalizada, é certamente uma das

missões da Universidade Corporativa.

Entre o foco na informação e o foco na mudança, há uma predominância cada vez

maior da segunda alternativa. Os programas de treinamento devem ser desenvolvidos para

solução de problemas específicos, para pessoas que têm em comum esses problemas. É

também o fim do catálogo de treinamento, em que cada interessado se inscrevia e que o

pano de fundo era mais voltado para as necessidades individuais. A Universidade

Corporativa estará sempre mais centrada no treinamento de extratos funcionais que

possuam problemas comuns e cujo objetivo seja a solução desses problemas.

Empresas que fizeram opção pela implantação de uma rede de comunicação que

permita um ambiente de virtualidade, têm possibilidades maiores de implantação do

modelo de Universidades Corporativas.

A diretoria ou cúpula da empresa precisa atuar como o principal mentor da idéia,

atuando diretamente como liderança educadora e buscando estabelecer parcerias

institucionais com universidades tradicionais e consultorias ou profissionais liberais de

renome.

De acordo com a experiência relatada, o caso da UniCAIXA, verifica-se que os

custos por empregado treinado tendem a diminuir com a implantação do modelo virtual de

treinamento da Universidade Corporativa.

Os consultores internos e externos devem ser treinados antes de "dar aula" na

Universidade Corporativa; devem conhecer a missão, o contexto, os diferenciais etc. É

fundamental exigir dos consultores que saiam do seu mundo, se flexibilizem e conheçam o

mundo da empresa.

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Deve-se estimular as atividades de auto desenvolvimento; a sala de aula deve ir até

o participante e não o contrário, ou seja, dar ao participante a possibilidade de se

desenvolver, onde, como e em que momento ele desejar. Neste sentido, é necessário,

também, estreitar relações de parceria com universidades tradicionais, buscando usufruir da

experiência destas instituições, em especial com relação aos cursos de pós-graduação.

Difundir o conhecimento é cada vez mais uma responsabilidade das chefias; dar aos

executivos a oportunidade de ensinar e acelerar o fluxo desse conhecimento é um dos

objetivos da Universidade Corporativa.

Treinar para o inimigo tem sido uma das características do dia a dia de inúmeras

organizações brasileiras. De nada vale o melhor treinamento do mundo se não houver a

preocupação de reter na empresa as pessoas que passaram por esse treinamento. Aí entra a

Universidade Corporativa, como uma entidade que acena com perspectivas de

desenvolvimento a longo prazo, atraindo e retendo talentos.