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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE O CONTROLE ESTRATÉGICO DE CUSTOS (CEC). UMA ABORDAGEM GERENCIAL NA GESTÃO DE CUSTOS DAS EMPRESAS. Por: Jauro Martins da Costa Junior Orientador Prof. Luciano Gerard Rio de Janeiro 2010

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Prof. Luciano Gerard

Rio de Janeiro 2010

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UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE CCÂÂNNDDIIDDOO MMEENNDDEESS PPÓÓSS--GGRRAADDUUAAÇÇÃÃOO LLAATTUU SSEENNSSUU PPRROOJJEETTOO

AA VVEEZZ DDOO MMEESSTTRREE

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AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS

“agradeço a Deus, por tudo que me foi

permitido alcançar. Aos professores pelo conhecimento compartilhado.

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DEDICATÓRIA

A minha esposa pela paciência, tolerância, e carinho durante a minha jornada e por acreditar neste projeto.

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RESUMO

A vasta literatura sobre estratégia de custos, proporciona extraordinários

recursos para o desenvolvimento de mecanismos de sustentação da vantagem

competitiva. As tradicionais soluções de curto prazo tentam melhorar os

programas pré-estabelecidos, porém nem sempre têm clareza e detalhamento na

indicação da melhor direção a ser seguida, pois, em geral, os processos são

insatisfatórios para escolha dos projetos. Partindo dessas experiências, novos

instrumentos podem ser introduzidos no atendimento das necessidades de uma

estrutura dinâmica, visando superar modelos estruturais de estratégia de

produção.

Dessa forma, torna-se cada dia mais exigente a gestão dos negócios nas

empresas, dada a necessidade de aplicação de instrumentos eficazes na

sustentação das circunstâncias provocadas pelo efeito da globalização e do

emprego da tecnologia da informação. As formas tradicionais de aglutinação de

custos têm prestado um importante serviço às organizações no atendimento às

finalidades societárias e tributárias, mas são ineficazes na aplicação da gestão de

custos, principalmente, quando é necessário agregar valor nas decisões

gerenciais.

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METODOLOGIA

A gestão estratégica de custos é um assunto crítico em qualquer empresa,

mas é ainda mais crítico no caso de empresas em dificuldades financeiras, cujo

desempenho apresenta deficiências, ou que se encontram em situações

inesperadas. À medida que continuam as incertezas econômicas, torna-se

necessário fortalecer a posição do caixa, sempre buscando ações para remediar a

situação antes que esta se torne crítica.

A pergunta que se pretende responder com o estudo está relacionada a um

fenômeno relativamente atual na nossa sociedade. Para isso, foi desenvolvida

uma pesquisa exploratória aplicada, envolvendo duas etapas: a primeira, a revisão

de literatura pertinente ao tema; e a segunda, a análise e discussão da aplicação

dos conhecimentos levantados na revisão de literatura, nas micros e pequenas

empresas brasileiras.

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SS UU MM ÁÁ RR II OO

PPáággiinnaass IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO..................................................................................................................................................................................................................88 O Problema...................................................................................................8

Justificativa...................................................................................................9 Objetivo Geral...............................................................................................9

CAPÍTULO I Controle de Gestão.........................................................................10

1.1 Definição de Controle de Gestão........................................................10 1.1.1 Definição de Controle.......................................................................10 1.1.2 Controle de Gestão...........................................................................10 1.1.3 Sistema de Gestão de Custos..........................................................11 1.1.4 Sistema Contábil...............................................................................11 1.1.5 Sistema de Controle Estratégico.....................................................12

CAPÍTULO II Sistema de Controle e Desdobramento Estratégico...................13

2.1O Balanced Scoredcard (BSC).............................................................13 CAPÍTULO III Os Sistemas Tradicionais de Custeio.........................................16

3.1 O Sistema de Custeio Baseado em Atividade (ABC)........................16 3.2 O ABC e o Suporte à Estratégia..........................................................17 3.3 O Sistema de Custeio Alvo (Target Costing).....................................19

CAPÍTULO IV Estudo de Caso em Controle Estratégico de Custos................20

4.1 Implantação de um Sistema de Gestão..............................................20 4.2 A empresa AREZZO S/A......................................................................21 4.3 Caracterização da Empresa................................................................22 4.4 Análise da Estratégia da Arezzo.........................................................23 4.5 A estratégia Influenciando a operação do CEC................................27 4.6 Monitoramento de recursos................................................................27 4.7 Características dos relatórios ............................................................28 4.8 Considerações finais do Caso Arezzo...............................................28

CONCLUSÃO.........................................................................................................30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................31

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INTRODUÇÃO

O PROBLEMA Para organizações, exercer controle sobre suas atividades é um problema

recorrente. Se por um lado o controle é necessário para atingir resultados, através

de planejamento, estímulo, ação e correção, por outro lado, excessivo controle

pode gerar engessamento, um efeito contraproducente. Em nível gerencial, este

problema tem um nível de dificuldade significativo, devido à necessidade de

transformar planos em ações concretas. Porém, em nível estratégico, o grau de

dificuldade é mesmo maior, pois estratégias são freqüentemente intenções, ou

vontade de ação sobre o ambiente (LORINO; TARONDEAU, 1998). Para ser bem

sucedida nesse aspecto, as empresas devem implantar em seus ambientes

operacionais uma tecnologia de gestão compatível com as suas necessidades

gerenciais de controle dos elementos que compõem seus produtos, de avaliação

de resultados, de análise de margens de contribuição, de tomada de decisões de

mudanças em processos de produção, de análise dos benefícios da utilização de

tecnologias avançadas de produção e de apoio ao planejamento estratégico da

organização.

Neste sentido, inclusive, propuseram uma primeira tentativa de incorporar a

estratégia aos controles de custo, a gestão estratégica de custos (GEC ou

SCM-Strategic Cost Management).

Estes sistemas, como originalmente desenhados, apresentam dificuldades

ao serem utilizados para organizações de serviços, pois a elevada parcela de

custos indiretos leva a maior complexidade para alocação dos mesmos aos

objetos de custo. Isso fez com que, ao invés de utilizar informações de custo

distorcidas geradas por estes sistemas, eles fossem simplesmente

desconsiderados.

É necessário, então, o desenvolvimento de um modelo que permita a

incorporação do pensamento estratégico nos controles de custos da organização.

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Justificativa

O tema escolhido foi definido pela importância teórica referente a

abordagem gerencial, devido a percepção de que existem falhas, ou seja lacunas

nas metodologias da análise de gestão e gerenciamento de custos.

Assim, é preciso estruturar estrategicamente controles de custos, onde o

controler possa encontrar uma ferramenta eficaz capaz de identificar os pontos

fortes e frágeis na gestão de custos, que hoje ainda é tão complexa.

Objetivo Geral

O objetivo geral do estudo é buscar o entendimento da relação entre as

medidas de desempenho vinculadas a custos relacionados à estratégia de

controle da organização. Goold e Quinn (1990) identificam alguns problemas que

existem para o projeto de controles estratégicos e devem ser focados por

pesquisas nesta área:

1 – desenvolvimento de controles estratégicos que possam acomodar incerteza e

flexibilidade na implementação da estratégia;

2 – definição de metas estratégicas que sejam convenientes para motivar

gerentes;

3 - assegurar que controle estratégico assiste, antes de ser substituído, por

julgamento gerencial;

4 – construção de um sistema de controle estratégico que incremente, antes de

destruir a confiança mútua entre os níveis gerencias.

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1- CONTROLE DE GESTÃO

1.1 – Definição de Controle de Gestão 1.1.1 Definição de Controle Controle tradicionalmente é referido como monitoramento do

comportamento de empregados, um processo regulador (GREEN ; WELSH,

1988).

O controle pode ser entendido , classicamente, como o “exercício de

autoridade sobre um acontecimento ou processo ao longo do tempo,

determinando que se realize conforme padrões desejados e tomando as medidas

corretivas necessárias se houver o afastamento desses padrões” (DE QUEIROZ,

2002, p.2).

1.1.2– Controle de Gestão

O controle de gestão refere-se ao processo que resulta da inter-relação de

um conjunto de elementos internos (formais e informais) e externos à organização

que influem no comportamento dos indivíduos que fazem parte da mesma.

(GOMES; SALAS, 1999).

É o processo pelo qual a gestão assegura que a organização realize suas

estratégias, é primariamente um processo para motivar e inspirar pessoas para

desempenhar atividades organizacionais que irão levar à meta da organização . É

também um processo para detectar e corrigir erros de desempenho não

intencionais e irregularidades intencionais, tais como roubo e mal uso dos

recursos.(ANTHONY et al.,1984, p.10-11).

Os controles de gestão envolvem duas categorias: a primeira envolve

controles de resultados, incluindo monitoramento de indicadores , controles

administrativos e controles de ação. A segunda categoria envolve controles

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comportamentais ou sociais, como valores e normas, habilidades de atitudes do

pessoal selecionado, projeto e alocação de trabalho e a observação de

comportamento de pessoal. (CUNNINGHAM, 1992).

Já Fischer (1995), a partir de outras propostas, sugere que existem dois

tipos de controles: um controle social e comportamental, envolvendo a direção dos

subordinados em suas atividades e um controle cibernético, mais relacionados a

aspectos formais (medição de desempenho contra padrões previamente

estabelecidos e retorno sobre variações).

1.1.3 Sistema de Gestão de Custos

A contabilidade gerencial está associada com a obtenção de informações

de custos e dos recursos associados para fins de apoio à decisão. Também

objetiva fornecer informações para a melhoria da organização. Desta forma, por

não estar direcionado para fins fiscais e societários, não está sujeita aos

princípios contábeis geralmente aceitos. Esta é uma das razões pelas quais o

sistema de gestão de custos deve ser um sistema à parte do sistema contábil.

(KAPLAN, 1988). Embora a base de dados primária possa e deva ser a mesma ,

todas as demais derivações devem ser direcionadas, porque baseadas em

princípios diferentes.

1.1.4 Sistema Contábil

O sistema contábil está voltado ao controle contábil interno, com as

principais finalidades sendo a preparação de relatórios externos (análise de

demonstrações financeiras) e o atendimento da legislação fiscal. (ANTHONY,

1984).

Tradicionalmente, o sistema de controle contábil enfatiza medidas

preventivas para refrear erros (enganos não intencionais) e irregularidades (atos

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intencionais indesejáveis). Para assegurar que erros e irregularidades que

resultem em desvios dos planos organizacionais sejam minimizados, controles

internos contábeis incluem:

1. Meios que as transações sejam executadas somente como autorizadas

pela gerência;

2. Meios de assegurar que todas essas transações sejam registradas para

permitir, no mínimo, a preparação dos apropriados relatórios financeiros e

para manter a contabilidade dos recursos;

3. Meios de assegurar, através da contagem e exame físico periódicos, dos

recursos da organização, que os registros contábeis da organização estão

corretos;

4. Meios de assegurar que o acesso aos recursos, tais como insumos e

produtos acabados, e o uso de recursos, tais como ferramentas e

máquinas, sejam feitos somente através de autoridade gerencial

documentada.

1.1.5 Sistema de Controle Estratégico.

Gomes e Salas (1999, p 23) afirmam “ o sistema de controle estratégico é

aquele que está orientado à manutenção e a melhoria da posição competitiva

da empresa”. Mesmo considerando as restrições de Mintzeberg e outros

(2000) em se considerar a estratégia somente como um tipo de abordagem –

os autores sugerem pelo menos dez escolas – pode-se afirmar que o sistema

de controle estratégico está voltado para a competitividade da organização.

Competitividade pode ser entendida como a capacidade da organização de

atingir um desempenho que supere os demais participantes do seu ambiente.

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O SCE está focado nas metas estratégicas da organização. Metas

estratégicas possuem três pontos-chaves: focam no longo prazo, consideram o

ambiente competitivo e incorporam objetivos financeiros e não financeiros

(GOOLD; QUINN, 1990).

Controles estratégicos podem ser concernentes com comparações

competitivas e com medidas de desempenho não-financeiras, bem como

resultados de longo prazo. Isto tem implicações para todo tipo de dados

requeridos (mais subjetivos, mais externos), o tipo de análise realizada (menos

rotineira, mais preocupada com opções) e para as conseqüências da ação

(menos programáveis) (GOOLD; QUINN, 1990)

2 – SISTEMAS DE CONTROLE E DESDOBRAMENTO

ESTRATÉGICO 2.1 O Balanced Scorecard O termo Balanced, é utilizado para enfatizar o equilíbrio existente entre

objetivos de curto prazo, medidas financeiras e não-financeiras, entre indicadores

de ocorrência e tendência, e entre as perspectivas adotadas pelos sistemas de

gestão, enquanto que termo Scorecard, foi utilizado para ressaltar a forma como

os resultados dos períodos passaram a ser demonstrados, similar a um placar.

Para NORTON & KAPLAN (1997), o “Scorecard deve contar a historiada

estratégia, começando pelos objetivos financeiros de longo prazo e relacionando-

os depois à seqüência de ações que precisam ser tomadas em relação aos

processos financeiros, dos clientes, dos processos internos e, por fim, dos

funcionários e sistemas, a fim de que, em longo prazo, seja produzido o

desempenho econômico desejado”.

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Ao elaborar os indicadores, a base de dados financeira/contábil deve sofrer

os ajustes necessários para que possam refletir a realidade, como por exemplo:

reconhecer o custo de oportunidade; rever metodologias utilizadas na

depreciação; analisar as reavaliações e avaliações de ativos, dentre outras não

menos importantes.

A quantidade de ajustes que devem ser efetuados varia de empresa para

empresa, não há modelo que possa ser aplicado como padrão para todas as

empresas, as crenças e os valores inerentes a toda empresa é que irão

determinar quais os ajustes que devem ser efetuados para espelhar para os

acionistas, com confiabilidade , a real situação da empresa.

A partir de uma série de experiências de implantação do BSC, verificou-se

que, mais que um sistema de medição de desempenho, o BSC poderia ser

utilizado como um sistema gerencial, uma vez que, além de monitorar os

resultados da empresa, permite que sejam identificados os processos

estratégicos.

Segundo CAMPOS (1998), uma organização só deverá ser considerada no

caminho do sucesso, se os quatro conjuntos de indicadores estiverem

devidamente “balanceados”, ou seja, aplicados com graus de importância relativa

porém eqüitativa, para possibilitar um desenvolvimento real e equilibrado.

Para OLVE, ROY e WETTER (1999), a estratégia e a visão da empresa

devem ser utilizadas para nortear o processo de formulação dos objetivos

estratégicos, medidas (ou indicadores), metas e iniciativas para cada uma das

quatro perspectivas.

KAPLAN e NORTON, (1997) ressaltam que “O Balanced Scorecard é

basicamente um mecanismo para a implementação da estratégia, não para sua

formulação [...] qualquer que seja a abordagem utilizada [...] para a formulação de

sua estratégia, o Balanced Scorecard oferecerá um mecanismo valioso para a

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tradução dessa estratégia emobjetivos, medidas e metas específicos, e para a

monitoração da implementação dessa estratégia [...] implementamos o Scorecard

em empresas onde a estratégia já havia sido bem articulada e aceita.”

Nesse contexto, CAMPOS (1998), ressalta que o BSC deve preocupar-se

em espelhar a estratégia e que, ao fazê-lo, soluciona uma das principais

deficiências dos sistemas gerenciais tradicionais: “ a incapacidade de integrar e

sintonizar a estratégia a longo prazo com as ações e os resultados a curto prazo.”

Na concepção de OLVE, ROY e WETTER (1999), os principais benefícios

conseguidos pela implantação do BSC, estão relacionados com:

• Fornecer à gerência um controle de dimensões estratégicas;

• Comunicar, de forma clara, qual o benefício individual de cada funcionário para

com a organização;

• Discutir como os investimentos relacionados com o desenvolvimento de

competências, relacionamento com clientes e tecnologias de informação

resultarão em benefícios futuros;

• Criar oportunidades para um aprendizado sistemático a partir de fatores

importantes para o sucesso da organização;

• Criar consciência sobre o aspecto de que nem todas as decisões e

investimentos realizados pela empresa vão ter resultados imediatos de aumentos

dos lucros ou redução dos custos;

• Achar maneiras de mostrar o que a empresa é e pode fazer, para complementar

ao que usualmente é divulgado em relatórios financeiros;

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3 – OS SISTEMAS TRADICIONAIS DE CUSTEIO

3.1 O Sistema de Custeio Baseado em Atividade (ABC)

A sistemática de apuração do custeio por absorção aloca os custos diretos

e indiretos de todas as fases de construção do produto ou serviço. A busca do

aperfeiçoamento nos processos de produção nas manufaturas tem optado pela

organização por departamentos e centros de custos para melhorar sua eficiência.

Segundo MARTINS (2001), os custos diretos são levados aos produtos,

diretamente, enquanto os custos indiretos de produção são alocados aos produtos

pelo processo de rateio em função de sua natureza. Exemplificando, em uma

situação que a manufatura fabrica três produtos, adotando duas situações; sem

departamentalização e com departamentalização, os efeitos são inteiramente

diversos como resultado do custo dos produtos apresentados na tabela abaixo:

Sem Departamentalizção Com Departamentalização

Camisetas-

$

Vestidos

$

Calças

$

Camisetas

$

Vestidos

$

Calças

$

Custos

diretos

3,75 5,75 4,25 3,75 5,75 4,25

Custos

Indiretos

4,14 8,28 6,21 3,08 9,57 7,26

Custo Total 7,89 14,03 10,46 6,83 15,32 11,51

Comparação de custo total sem e com departamentalização Fonte: Adaptado de Martins, 2001.

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O sistema tem recebido maior atenção pelos profissionais de custos,

acadêmicos e pesquisadores, como elemento de condução no aperfeiçoamento

da análise de custos tradicionais. A carência de elementos de análise vislumbra a

possibilidade de utilização dessa metodologia como melhoria do sistema de

informações no desenvolvimento da gestão competitiva, com a gestão de custos

da organização, (NAKAGAWA, 2001).

Segundo HORNGREN(2000) O ABC trás à tona a evidência das atividades

baseadas nos fundamentos de custo, utilizando o custo das atividades como base

para a atribuição de custos aos produtos ou serviços com destino aos clientes.

Os Cost Drivers são utilizados na alocação dos custos dos centros aos produtos,

atribuídos pelas atividades.

Na visão de MARTINS (2001), os custos das atividades devem ser

atribuídos de forma criteriosa, na ordem de prioridade para alocação direta,

rastreamento e rateio. No sistema de custeio ABC os custos indiretos são

alocados aos produtos pelas atividades existentes em cada departamento.

3.2 O ABC e o Suporte à Estratégia

O Sistema ABC pode ser considerado como um sistema de informações

que oferece custos mais acurados, a fim de melhorar o desempenho da

organização (BOISVERT, 1999). Há um certo consenso entre estudiosos do

sistema ABC (Activity Based Costing) de que o mesmo se aplica bem como

sistema de medição e análise para fins estratégicos: outros vão além, afirmando

que o ABC é um sistema de informações de custos para fins estratégicos por

excelência.

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O sistema ABC foi originalmente desenhado para fazer frente à “alocação”

da crescente parcela de custos fixos das organizações, devida principalmente ao

crescimento de atividades de apoio. Estas tiveram crescimento relativo em função

das mudanças ambientais (maior diversidade de produtos, que levou a uma maior

complexidade interna) e da redução absoluta e relativa dos custos diretos, fruto de

cem anos de gerenciamento sobre esses. Assim, o sistema ABC pode oferecer

informações mais acuradas para organizações que:

a) Tenham alta parcela de custos fixos indiretos ;

b) Tenham alta complexidade/diversidade da linha de produtos.

Portanto, para organizações que estejam atuando em ambientes

competitivos altamente estáveis, com parcelas de custos indiretos reduzidas,

pouca diversidade de produtos e, ainda produtos semelhantes, adotando, por

exemplo, estratégias de liderança em custo total, um sistema ABC pode ter pouco

sentido. Se o objetivo da empresa é reduzir os custos e investimentos ao máximo,

e se o sistema de custeio atualmente utilizado (custo padrão, centro de custos,

etc) fornece respostas satisfatórias, um sistema mais avançado de custos pode ter

um investimento e um custo desnecessários. Desta forma, embora o ABC seja

“um sistema de custos estratégicos por excelência”, paradoxalmente, ele se torna

pouco relacionado à estratégia. Há exemplos de usos do ABC que mais

prejudicaram do que ajudaram a organização estrategicamente (SAHNK;

GOVINDARAJAM, 1997).

Se o ambiente competitivo e a estrutura da organização permitem o uso, de

forma relevante, isto é, útil, adequada, proveitosa, de um sistema de custeio

“tradicional”, não há sentido em migrar para um sistema mais “avançado”, onde é

esperado certo investimento monetário, maior custo de manutenção, maior

complexidade. Além, é claro, de que qualquer processo de mudança envolve

riscos de resistência e de mudança de linguagem e cultura, que podem resultar

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em fracassos e perdas substanciais. Isso não significa que a organização deverá

manter de forma indefinida sua estrutura e seus sistemas: ao contrário, significa

que antes de implementar alguma “novidade” gerencial, ela deve avaliá-la à luz de

seu ambiente competitivo, sua estrutura, suas crenças e perspectivas.

3.3 O sistema de custeio alvo (Target Costing)

O Sistema de Custeio Alvo está baseado no conceito de que o mercado

define o preço máximo que está disposto a pagar pelo produto. O ponto de partida

para formação do custo do produto está baseado no preço de venda, que é o

preço que o cliente deseja pagar. O processo de pesquisa de mercado alimenta o

banco de dados a ser utilizado para definição das características do produto ou

serviço. A estratégia da unidade de negócios fornece os parâmetros de decisão

para o lançamento do produto ou serviço, considerando o custo alvo estimado e o

preço de venda.

Conforme ANSARI et al. (1996) o custeio alvo representa um objetivo

fundamental no gerenciamento do empreendimento, como um compreensivo

sistema de planejamento do lucro. Custeio alvo está baseado sobre princípios

fundamentais, que o gerenciamento de custo começa antes da fabricação do

produto. Os preços são formados pela competição de mercado tendo como guia a

voz do cliente. O custeio alvo em sua formação exige a participação de todas as

funções dentro de uma organização, devendo envolver toda a cadeia de valor,

incluindo fornecedores, revendedores e recicladores. O processo prevê um foco

comum para o empreendimento, onde todos devem assumir responsabilidades

sobre o mercado e o gerenciamento de custos.

O processo de custeio alvo tem objetivo de tornar-se uma poderosa

ferramenta de gestão de custos em todos os segmentos de atividades no futuro,

sendo que sua abordagem está baseada no entendimento daquilo que o cliente

define como design, o que ele quer de um produto e quanto ele está disposto a

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pagar. Sendo necessário controlar o custo do ciclo de vida do produto para que

ele seja igual ao planejado, objetivando assegurar o retorno do investimento. O

custeio alvo não tem como objetivo a redução dos custos financeiros, mas utilizar

as finanças para redesenhar os processos de desenvolvimento de produtos.

4 – ESTUDO DE CASO EM CONTROLE ESTRATÉGICO

DE CUSTOS.

4.1 Implantação de um Sistema de Gestão

A tarefa de implantação de um sistema de gestão requer alguns cuidados

básicos. Exige abordagem técnica específica, sensibilização das relações

humanas e adequação da tecnologia de processamento de dados empregada pela

empresa.

Esses cuidados poderão ser explicitados por alguns aspectos fundamentais

na implantação do sistema, tais como: apoio total da alta direção da empresa,

análise dos custos e benefícios das informações geradas pelo sistema,

conscientização de que este não gera informações por si só (precisa ser

alimentado) e de que deve ser constantemente revisto e atualizado.

O sistema de gestão de custos, por sua natureza, não pode prescindir de

um patamar mínimo de organização dos subsistemas de apoio, como materiais,

recursos humanos, finanças, produção, contabilidade. Portanto, tais subsistemas

deverão ser articulados em torno dos dados que fornecerão ao sistema de custos,

de forma sistematizada e organizada.

Os aspectos comportamentais geralmente representam barreiras à entrada

do sistema de custos na empresa. Muitas vezes isto ocorre pela falta de

divulgação apropriada dos objetivos gerais de sua implantação. Em outras

ocasiões, até mesmo pelo fato de os membros da organização envolvidos com o

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sistema necessitarem de uma introdução a esses novos conceitos, de forma a

absorver as novas condutas requeridas.

A tecnologia de informática já utilizada pela empresa também poderá

oferecer alguma resistência, em função de adequações e reformulações que se

mostrem necessárias com a introdução do sistema.

Em face dessas situações, é fundamental que tanto a direção da empresa

como a equipe responsável pela implantação do sistema de gestão de custos

estejam atentas e assumam uma postura pró-ativa até que a organização absorva

convenientemente a nova tecnologia de gestão.

4.2 A empresa Arezzo S/A.

Fundada em 1972 pelos irmãos empreendedores Anderson e Jefferson

Birman, a Arezzo é a maior marca de varejo de calçados femininos fashion da

América Latina, reunindo conceito, alta qualidade e design contemporâneo. Em

2007 nasce a Arezzo S/A, companhia resultante da união das empresas das

empresas Arezzo e Schutz, ambas pertencentes ao mesmo segmento de

mercado. A combinação de Arezzo e Schutz visa a uma escala de atuação mais

robusta nos mercados nacional e internacional, mantendo a independência e a

personalidade das marcas.

No início de novembro de 2007, A Tarpon Investment Group, gestora de

recursos, anuncia aquisição por intermédio de seu fundo Tarpon All Equities de

participação acionária de 25% da Arezzo S/ª O objetivo da aquisição é lançar as

bases para a criação de uma empresa ainda mais forte e arrojada, líder absoluta

em nichos diferenciados de mercado de varejo de moda.

São quatro os focos da Arezzo: tecnologia de ponta, pesquisa, design e

satisfação do consumidor. A consumidora-alvo da grife, sempre à frente das

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últimas tendências internacionais, é a mulher contemporânea, conhecedora de

moda e ciente da importância da imagem no mundo atual.

A produção da marca é inteiramente terceirizada nas melhores empresas

calçadistas do Brasil, que hoje está entre os sete maiores países fabricantes de

calçados no ranking internacional. Principal grife lançadora de tendências do setor

no país, a Arezzo está sempre presente nos editoriais das mais prestigiadas

revistas, jornais e sites do país, como referência estética da moda em calçados,

bolsas, bijuterias e acessórios femininos.

Atualmente, a rede de franquias Arezzo possui 250 lojas distribuídas em

mais de 113 municípios e presentes em todos os Estados Brasileiros, com R$ 400

milhões de faturamento; 3 milhões, em média, de produtos vendidos por ano e 1

milhão de clientes cadastrados.

Em solo internacional, a Arezzo possui atualmente 16 lojas, sendo 4 na

Venezuela, 1 na Bolívia, 2 em Portugal e 8 na China, além de atuar através de

distribuidores nos seguintes países: Canadá, EUA, França, Itália, Inglaterra,

Austrália, Japão, Israel, Emirados Árabe, Líbano, Rússia, África do Sul, Turquia,

Colômbia, Argentina, Equador, Croácia, Uruguai, Peru, Jamaica, Aruba e Polônia.

4.3 Caracterização da Empresa

Os aspectos que se destacam na Arezzo de forma diferente de operações

tradicionais de manufatura são:

- Mão-de-obra intensiva: comparativamente a outras empresas, há

pouquíssimo uso de equipamentos no processo operativo propriamente

dito;

- Intangibilidade: o conceito de moda construído a partir da publicidade e

a comunicação realizada pelas idéias de moda, materializadas nos bens

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(calçados e acessórios) são intangíveis. Embora os bens vendidos

constituam-se em aspectos tangíveis, o que a Arezzo efetivamente

almeja vender é o conceito do produto (moda, inovação, modernidade);

- Dificuldade de medir as saídas: o produto da Arezzo é moda, que pela

sua própria natureza implica enorme dificuldade de medição, a não ser

através de indicadores indiretos (proxy indicators), tal como satisfação

de clientes.

Atualmente a empresa parece bastante focada nas atividades de

retaguarda (desenvolvimento de produto em si), embora esteja havendo um

trabalho mais sistematizado junto às lojas franqueadas, tanto em termos de

suporte administrativo como de atendimento de linha de frente. Anteriormente este

trabalho era mais informal.

Em termos de processos de serviços a Arezzo estaria mais bem

enquadrada como loja de serviço. A empresa não trabalha de forma a oferecer

produtos exclusivos (como um alfaiate), mas também não atinge todo o público.

Seu foco são mulheres, da adolescência à velhice, nas classes A e B.

4.4 Análise da Estratégia da Arezzo

A estratégia da empresa aponta para diferenciação. Existe uma atenção a

custos, mas mormente nas atividades não relacionadas com inovação e imagem

(que são as dimensões competitivas).

Do ponto de vista de missão estratégica, há dois tipos de negócios: o

primeiro, baseado na linha de produtos “conceituais”, que busca fortalecer a

marca, mas que apresenta maior risco de fracassos em lançamentos. Este

negócio não ignora a busca por lucro, mas visa estabelecer o conceito do negócio.

Poder-se ia considerar sua missão estratégica como “construir” ou “manter”.

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O segundo negócio é apoiado na linha de produtos “básicos”. São produtos

que sofrem pequenas modificações a cada lançamento e representam uma

parcela significativa das receitas (em torno de 60%). Pode ser considerada sua

missão estratégica como “colher” ou até manter. Isto é afirmado tanto pelo Diretor

Administrativo Financeiro (DAF) como pelo controller.

Embora não haja propriamente uma migração dos negócios através das

diferentes fases da matriz crescimento-participação, os mesmos desempenham

funções semelhantes àquelas previstas nesse modelo. O negócio “básicos” é

responsável pela geração do fluxo de caixa que sustenta o negócio “conceituais”.

Esta caracterização deve ser vista com certa reserva, pois não há, de forma

estrita, um portifólio de investimentos ou unidades de negócio diferentes,

situações típicas para uso dessa abordagem.

Na abordagem de configuração organizacional, como mostra o objetivo de

inovação, a empresa tem claramente caracterização de “prospector”. Grande parte

dos esforços organizacionais é direcionada para explorar novos negócios e

mercados, como pode ser percebido pela afirmação do diretor administrativo-

financeiro de que a principal prática estratégica diária é a busca de novos

negócios. A busca por estas oportunidades de negócio visa capitalizar a

competência desenvolvimento de produtos.

Já na abordagem da vantagem baseada em recursos, fica evidente o uso

da competência “desenvolvimento de produtos”, inclusive reforçada por uma loja

me Belo Horizonte, que funciona como “laboratório de varejo” e pelo “Studio

Arezzo” (departamento que desenvolve sapatos criados por estilistas para

desfiles). Nesse particular, considerando-se os elementos que definem um recurso

estrategicamente relevante, destacam-se:

a) Valor

A competência desenvolvimento de produtos subsidia o valor da marca no

mercado, a tal ponto de que a Arezzo é freqüentemente vítima de pirataria. As

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empresas que copiam os produtos e inclusive buscam imitar a logomarca da

Arezzo o fazem por entenderem que o potencial valoriza a marca.

b) Raridade

Em termos efetivos, nenhuma marca tem a força que a Arezzo tem no seu

segmento.

Mesmo considerando internamente a competência estabelecida, poucas têm o

conjunto de habilidades necessárias para o desenvolvimento de produtos desse

tipo. O grupo de pessoas (estilistas) que responde fortemente por esse conjunto

de habilidades parece ter encontrado na Arezzo um ambiente propício para atuar,

fazendo com que as relações que existem forneçam uma competência rara de se

encontrar em outras empresas. Boa parte disso provém da história da Arezzo e

também da figura do presidente, altamente motivador e inspirador nos aspectos de

moda e desenvolvimento de produtos.

c) Imperfeitamente Imitável

A História da organização, fortemente influenciada pelo presidente, e sua

evolução desde uma fábrica até uma empresa de serviços, criou um

entendimento único do setor. O fato de ter atuado como fabricante permite à

empresa entender as dificuldades da fabricação do calçado, prevendo já com

antecedência dificuldades e vantagens de certos projetos (designs). Isso faz com

que a empresa tenha baixo índices de fracassos no lançamento de produtos. A

experiência de varejo também permite maior proximidade com o consumidor,

conhecendo-o mais profundamente do que outros concorrentes que não tenham

esse entendimento. Outro aspecto que reforça essa proximidade são os

freqüentes eventos realizados com os lojistas (franqueados).

É difícil afirmar categoricamente como o conjunto de elementos – a pessoa

do presidente, a experiência fabril de varejo, o ambiente de trabalho, entre outros-

relacionam-se de forma a criar essa competência. Assim, seria difícil para

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concorrentes entender a relação causal entre esses elementos, minimizando a

possibilidade de imitação.

A complexidade das relações sociais pode ser exemplificada pela afirmação

anterior do Diretor administrativo Financeiro (DAF) de que é difícil lidar com

“artistas”. Os estilistas, maiores responsáveis pelo desenvolvimento de produto

são, em última análise, também responsáveis pelo sucesso da marca. As

complexas relações sociais estabelecidas, tanto internamente como

externamente, reforçam a dificuldade de imitação. Externamente, por exemplo, a

empresa que é responsável pela logística e pelo relacionamento com os

fornecedores da empresa (fábricas) trabalha, no mercado interno, exclusivamente

para a Arezzo. Isso por si só já é exceção neste segmento. E, ademais, é uma

relação mantida na base da confiança.

A estratégia atual está em fase de consolidação. A empresa fez um

redirecionamento estratégico no início dos anos 90, inclusive desfazendo-se de

vários ativos, e optando pelo investimento em inovação e na marca. Neste

momento, é claro para toda organização que houve uma estabilização desse

processo e há uma busca pro crescimento, desde que mantidos os resultados (ou

melhorados). Há também crescimento da atenção para com a rentabilidade. Pelo

perfil do presidente (inovador, desenvolvedor de moda), não havia há até pouco

tempo grande interesse explícito com rentabilidade. A falta de resultados mais

efetivos durante o crescimento do negócio (número de franquias) levou

questionamento acerca da abordagem usada. Para enfrentar esse problema, dado

que o presidente não tem perfil de “controlador”, foi contratado um diretor

administrativo-financeiro cujo o foco de trabalho é analisar e elevar a rentabilidade

do negócio.

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Concluindo esta parte, pode ser apresentado a seguir um quadro resumindo

a estratégia da empresa.

Abordagem Enquadramento da empresa

Posicionamento estratégico Diferenciação

Dimensões competitivas Inovação

Imagem

Configuração organizacional Prospector ou explorador

Vantagem baseada em recursos Exploração da competência

“desenvolvimento de produtos” e da

marca

5 PS de Mitzemberg Perspectiva

4.5 A estratégia influenciando a operação do CEC.

Há a percepção, inclusive de em nível gerencial, de que a estratégia afeta

diretamente os controles de custos, tanto em termos de forma, com de foco. Um

dos gestores afirmou que “cortar pessoas é possível, publicidade não”. A

publicidade é entendida como fundamental para o valor da marca. Também há a

percepção de que não se buscaria popularizar o produto, mesmo que,

potencialmente, o resultado viesse a ser melhorado.

4.6 Monitoramento de recursos

Os custos mais controlados são aqueles ligados ao pessoal e ao capital.

Dado que os custos da Arezzo são quase todos de estrutura, logo, fixos, e uma

boa parte desses está vinculado a pessoal, se justifica também esse foco. Mas a

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maior atenção está vinculada a pessoal de apoio, isto é, não diretamente ligado à

inovação e imagem. Quanto aos custos de capital, a empresa passa por um

momento financeiro delicado, fazendo com que esses custos sejam importantes

circunstancialmente.

4.7 Características dos relatórios

Existem relatórios periódicos (DRE) que são usados para decisões táticas e

eventualmente disparam novos relatórios para decisões estratégicas. Os relatórios

mais tradicionais estão fortemente baseados na contabilidade, de acordo com

preceitos da controladoria financeira, enquanto aqueles com caráter mais

estratégico têm enfoque próximo do controle de gestão.

Há evidências que permitem concluir que existem controles desalinhados,

resultantes da antiga estratégia de fabricação sem diferenciação. O DRE está um

pouco desatualizado, mas há intenção de reformulá-lo para explicitar alguns

aspectos ainda não contemplados.

Acredita-se que alguns controles ainda não têm caráter efetivamente

estratégico, em vista da herança da antiga estratégia e também por que eram ou

ainda são gerados pela área contábil. Há crença de que é necessário um maior

nível de regulamentação, para evitar exageros, principalmente em ações direta ou

indiretamente relacionadas ao desenvolvimento de produto.

4.8 Considerações Finais do Caso Arezzo

Embora de forma um pouco desestruturada ainda não completamente

acabada os controles de custo da Arezzo estão alinhados a estratégia.Uma maior

estruturação está sendo obtida desde a entrada do atual diretor financeiro. A prova

da importância e ascenção desse profissional e, portanto do trabalho que está

sendo feito, pode ser o fato de que hoje, com exceção do presidente-acionista, ele

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é o principal executivo, funcionando como uma espécie de CEO (Chief executive

officer). A recente saída de outro diretor, com a transferência das atribuições

(responsabilidade, autoridade e prerrogativas) para aquele corrobora essa

afirmação.

A estratégia está bem absorvida pelas pessoas na Arezzo. No entanto,

quando o assunto gira em torno de aspectos financeiros, há alguma dúvida quanto

aos objetivos de longo prazo. Uma ação para clarear esses aspectos, em nível

gerencial e operacional, pode ser interessante.

Os controles estão bem alinhados a estratégia. O forte foco atual em

“resultados” de curto prazo é momentâneo, decorrente de uma certa liberalidade

anterior, que está sendo ajustada. Por outro lado, caso haja um exagero no

estabelecimento de controles, pode haver um engessamento que pode ser

prejudicial à estratégia global. A necessidade atual e permanente de controlar

custos é real, mas, principalmente no caso da Arezzo, em que a estratégia é

fortemente baseada na diferenciação, restrições de custo muito elevadas em

atividades-chave podem prejudicar os objetivos de longo prazo. O segredo é

encontrar um equilíbrio dinâmico, o que, certamente, não é fácil.

A situação organizacional da Arezzo, com controles de custo pouco

estruturados, tanto em termos de relatórios gerenciais, como em termos de regras

de conduta, crenças e outros tipos de alavanca, demonstra a possibilidade de se

ter em uma organização, alinhamento entre os controles de custo e a estratégia,

sem que isso passe, necessariamente, por elevada estruturação e burocratização

Neste caso, pode ser mais indicado que os controles de custos sejam menos

estruturados e burocratizados, pois isto é coerente com a estratégia da Arezzo,

baseada em aspectos que exigem criatividade e flexibilidade. Caso se

estabelecesse rígida e elevada burocracia, o ambiente organizacional poderia ser

afetado de tal forma que restassem inviabilizados, em médio e longo prazos, os

conceitos subjacentes que embasam a estratégia.

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CONCLUSÃO

Quanto mais intensa a competição a que estiver submetida uma empresa,

mais importante será dispor de instrumentos integrados de gestão que lhe

permitam conhecer seus custos e, a partir daí, encontrar uma posição competitiva

vantajosa diante de seus competidores.

A trajetória estratégica escolhida pela organização terá influência decisiva na

seleção do método de custeio a ser implantado. Procedimentos altamente eficazes

para a busca de liderança em custo, como aqueles embasados em custos-padrão,

por exemplo, com grande ênfase nos controles e esforços concentrados em

programas de redução de custos, não terão idêntica importância e o mesmo

desempenho no momento em que a estratégia selecionada se voltar para a

diferenciação no mercado. Neste caso, os sistemas de gestão em geral e

particularmente os de custos, a serem implantados, deverão estar dotados de

maior flexibilidade, característica imprescindível para sua adequação a um

ambiente cuja tônica deverá ser a inovação. Ressalte-se que a maior flexibilidade

em relação aos custos não significa que estes não sejam importantes para a

organização que opte por uma estratégia de diferenciação; na verdade, tal

flexibilidade é conquistada através da inovação, que permite à empresa operar, no

mercado, com margens de lucratividade superiores à média de suas

competidoras. Embora as dificuldades aqui relatadas tenham se repetido em

diversas ocasiões na experiência profissional da autora, não cabe a pretensão de

que tais observações tenham validade universal. A intensidade com que tais

questões se manifestam não é uniforme, apresentando diferenças em função de

variáveis – que fogem ao escopo do presente artigo – como: o porte da empresa,

a qualificação de seu quadro gerencial, o estágio de maturidade da organização,

entre outras.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes UCAM

A Vez do Mestre.

Título da Monografia:

Autor: Jauro Martins da Costa Junior

Data da Entrega: Rio de Janeiro, 27 de julho de 2010.

Avaliado por: Conceito: