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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA QUALIDADE DE VIDA E A MOBILIDADE URBANA: O PEDESTRE Por : Virgínia Maria Gomes Canton Bastos Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

QUALIDADE DE VIDA E A MOBILIDADE URBANA:

O PEDESTRE

Por : Virgínia Maria Gomes Canton Bastos

Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço

Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

QUALIDADE DE VIDA E A MOBILIDADE URBANA:

O PEDESTRE

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão de Sistemas

INTEGRADOS EM QSMS/SGI

Por: . Virgínia Maria Gomes Canton Bastos

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AGRADECIMENTOS

À minha amiga Denise

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4

DEDICATÓRIA

Aos meus amores, Maurício e Sofia

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5

RESUMO

Este trabalho investiga as necessidades da mobilidade urbana do ponto de vista da

sustentabilidae e da qualidade de vida dos pedestre, considerando a pouca atenção

que é dada ao modo de transporte a pé, pouco reconhecido por organizações

governamentais e não governamentais. Tais necessidades motivam a pesquisa de

soluções que respeitem as especificidades locais, na abordagem do tratamento dos

espaços públicos que incluam os pedestres, assim como a introdução de intervenções

fomentadoras do modo a pé. São apresentados normas e projetos que ao serem

aplicados melhoram a qualidade do modo a pé, realizado através de pesquisa

bibliográfica e documental em livros, teses, artigos científicos e sites. Conclui-se que

bons projetos urbanos devem incluir o modal a pé como modo de transporte,

valorizando o espaço público, com um bom desenho urbano, com calçadas e travessias

adequadamente projetadas.

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METODOLOGIA

A pesquisa bibliográfica baseou-se em livros, publicações científicas nacionais e

internacionais, sites de instituições renomadas, com o intuito de identificar as seguintes

questões :

1. Caracterização das viagens a pé.

2. Caracterização do pedestre.

3. Fatores que interferem na escolha do modal a pé, e na escolha do trajeto.

4. O ambiente urbano sustentável – A Cidade Sustentável e a Qualidade de Vida.

5. Componentes do planejamento da mobilidade urbana sustentável - Os

Pedestres.

6. Política Nacional de Mobilidade Urbana.

7. Componentes Viários do Modo a Pé.

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7

SUMÁRIO

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Os Pedestres e sua contextualização no modo de transporte 10

CAPÍTULO II - O ambiente urbano sustentável e suas políticas de

mobilidade

23

CAPÍTULO III - Componentes viários do modo a pé 31

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 49

ÍNDICE 53

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8

INTRODUÇÃO

A formação do povo brasileiro é de migrações, oriundas de ciclos econômicos,

em uma economia independentemente das necessidades da população.

Segundo o Ministério das Cidades (2004) no início do século XX, 20% da

população habitavam as cidades brasileiras. Atualmente este quadro reverteu de tal

forma que 80% da população se encontram nas áreas urbanas do país, concentrando-

se principalmente nas grandes regiões metropolitanas, o que resultou no crescimento

desordenado das cidades com o surgimento de favelas e periferias degradadas. Os

baixos investimentos em transportes públicos e na urbanização das novas

concentrações populacionais, provocam uma baixa qualidade de vida para as pessoas

que nelas vivem.

Pode-se verificar, ao longo de décadas, a falta de planejamento e controle no

uso do solo, a ineficiência dos mecanismos de gestão urbana e as políticas de

desenvolvimento que privilegiam os veículos motorizados.

Em função destes problemas históricos, ações governamentais têm sido criadas

no intuito de modificar esta realidade. A Secretaria Nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana – SeMob do Ministério das Cidades tem como uma de suas

finalidades, formular e implementar a política de mobilidade urbana sustentável, que

envolve o transporte e a circulação, integrada com a política de desenvolvimento

urbano.

Conforme Litman (2004), o excesso de automóveis compromete o meio

ambiente, a economia, a saúde e as condições de segurança da circulação. Para

reduzir os volumes de tráfego e atenuar os efeitos indesejados produzidos pela

operação do sistema de transporte, é necessário alterar os padrões de mobilidade

atuais, que incentivam o uso do automóvel em detrimento de modos mais sustentáveis.

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As pesquisas do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, IPEA (2003) de

origem-destino realizadas em cidades brasileiras mostram que mais de 30% dos

deslocamentos em áreas urbanas são feitos a pé, apontando a importância deste modo

de viagens e a necessidade de considerá-lo nos projetos urbanísticos.

Segundo Frenkel (2008), em relação ao planejamento dos transportes, pouca

atenção é dada ao modo a pé. Conseguir apoio político para viabilizar a distribuição do

espaço público e de circulação, que garanta a mobilidade das pessoas e não apenas

dos veículos é um grande desafio.

Assim, no Capítulo I, os pedestres são caracterizados e os deslocamentos a pé

são contextualizados como modo de transporte. Indicam-se os fatores que interferem

na escolha por este modo, e da rota preferencial dos pedestres. Da mesma forma,

procura-se conceituar o ambiente urbano sustentável e as políticas de mobilidade a fim

de melhor direcionar os projetos voltados ao transporte não motorizado,

especificamente os focados nos pedestres.

No Capítulo II, pesquisam-se os melhores modelos de projetos de fomento às

viagens a pé, considerando-se os conceitos de ambiente urbano sustentável, as

políticas brasileiras de mobilidade urbana que incorporam os princípios, diretrizes e

instrumentos da sustentabilidade.

No Capítulo III, abordam-se os componentes viários do modo a pé, com base no

desenho urbano coerente com as características locais e necessidades específicas dos

pedestres, que favorecem os seus deslocamentos e qualificam os espaços públicos.

Encerra-se com as conclusões que elencam os principais pontos considerados

no estudo, procurando trazer uma contribuição à área proposta.

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CAPÍTULO I

Os Pedestres e sua contextualização no modo de transporte

O pedestre caracteriza-se como todos aqueles que se deslocam no espaço

público utilizando a própria força como meio de propulsão. Acrescenta ainda que, de

acordo com o Código de Trânsito Brasileiro - CTB (BRASIL – MIN. JUSTIÇA, 1997), o

ciclista desmontado é considerado como pedestre, mas não quando está pedalando,

pois consegue atingir velocidades suficientes para compartilhar espaços com modais

motorizados.

1.1 - Caracterização das viagens a pé

Segundo o Ministério das Cidades (2004) e Vasconcellos (2000), excluindo os

portadores de deficiência ou outras limitações, como idade ou outros problemas de

saúde, todos são capazes de exercer a atividade de andar a pé, e todos, em algum

momento, desempenham o papel de pedestres. A mobilidade é afetada por fatores

como renda, idade, sexo, capacidade para compreender mensagens, utilizar veículos e

equipamentos de transporte, entre outros.

O modo a pé está presente na maioria dos deslocamentos, seja ele

exclusivamente a pé ou integrado a outro modo e transportes.

A integração de sistemas de transportes coletivos com o uso do solo urbano e

com os meios de transporte não motorizados representa a base do desenvolvimento de

uma mobilidade sustentável. As estações de integração do transporte público (BRT,

VLT, Metrô, Trem Urbano) ao serem implantadas devem considerar o ambiente de

entorno das mesmas, visando atrair o usuário do modo a pé e bicicleta.

Dados da ANTP (2012) sobre os deslocamentos urbanos no Brasil mostram que

38% dos deslocamentos totais nos grandes centros urbanos são feitos a pé. Estima-se

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que grande parte deste contingente caminha porque não pode pagar a tarifa do

transporte público.

Conforme Rietveltd (2000), apesar de sua importância, ao modo de transporte a

pé não é dada a importância de outros modos de transportes, talvez em função da

baixa tecnologia utilizada, que implica em baixos custos de investimentos, e não

produzindo efeitos econômicos mais impactantes .

Vasconcellos (2000), pondera que o estado das vias têm grande impacto nas

condições do transporte e do trânsito, para viagens a pé e meios motorizados. A

qualidade das calçadas é essencial para a segurança e o conforto dos pedestres.

Infelizmente, não há dados abragentes sobre as calçadas das cidades, uma vez que, as

necessidades dos pedestres têm sido permanentemente negligenciadas pelo

planejamento do transporte. O que transparece é uma precariedade geral das calçadas

nos países em desenvolvimento e a inexistência de condições adequadas para cruzar

as vias .

De acordo com Fontes et al (2005), o pedestre tem baixo índice de priorização

no sistema de tráfego das cidades, quando comparado ao motorista, tanto em termos

de espaço, como facilidade e segurança. Na maior parte das vezes, os semáforos são

temporizados para tornar o tráfego de veículos mais eficiente em detrimento das

condições e necessidades dos pedestres ao realizarem suas travessias.

Esta situação conduz a um desafio para o poder público, que deverá implantar

um conjunto de políticas de transporte e circulação no intuito de proporcionar o acesso

amplo e democrático ao espaço urbano. Abordagem que tem como centro das

atenções o deslocamento das pessoas e não dos veículos.

Litman (2004) elencou as vantagens que a troca de modo de viagem, de

motorizado para não motorizado, pode acarretar:

§ Redução do congestionamento do tráfego;

§ Redução dos problemas de estacionamento;

§ Economia de custo com instalações de estacionamento;

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§ Redução de risco de acidente;

§ Incremento na população de saúde e de atividade física;

§ Redução da poluição do ar e de ruído;

§ Oferecimento suporte às estratégias de desenvolvimento sustentável;

§ Redução do consumo de energia;

§ Incremento do emprego local devido à redução das despesas de locomoção;

§ Desenvolvimento local voltado ao convívio e coesão social e melhoria ambiental,

o que possibilita às comunidades a valorização das relações humanas;

§ Melhoria do desenho urbano.

A Tabela 1 apresenta a comparação dos atributos de algumas modalidades de

transportes.

Tabela 1 – Atributos de Algumas Modalidades de Transporte (adaptado de VTPI , 2004)

Modo Veloci-dade

Custo para o Usuário

Habilidade Requerida do

Usuário Uso do Solo Facilidades

Requeridas

Pedestre Baixa Baixo Física Agrupado Calçadas

Bicicleta Média Baixo Física Densidade média Ciclovias/ vias

Transporte Público Média Médio Mínima Agrupado Vias/trilhos Integração Ônibus

x Trem Alta Médio Mínima Indiferente Vias/trilhos

Transporte Aéreo Comercial

Muito Alta Alto Mínima Indiferente Aeroportos

Motocicleta Média Médio Possuir Licença

Densidade média Vias

Táxi Alta Alto Mínima Indiferente Vias

Automóvel Privado Alta Alto Possuir Licença Indiferente Vias

Transporte Alternativo Média Médio Mínima Indiferente Vias

Automóvel Compartilhado Alta Alto Possuir

Licença Indiferente Vias

Telecomunicações Variada Variado Operar Equipamento Indiferente Equipamento

Serviços de Entrega Variada Médio Disponibilidade Densidade

média Vias

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No planejamento de transporte se faz necessária a introdução dos

deslocamentos a pé, nas análises de geração de viagens. Possibilitando, com isso uma

melhora no conhecimento deste tipo de viagem, e desta forma estimulando o modo a

pé. Como planejamento, entende-se criação de projetos de desenho urbano e uso do

solo, melhorando os ambientes de circulação de pedestres, e até mesmo dirimindo o

uso nos locais impróprios (AGRAWAL; SCHIMEK, 2007, p.550).

De acordo com o UKDT (2003), o ato de caminhar possui muitos propósitos e é

capaz de auxiliar outras atividades no seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, tais

como:

§ Saúde

§ Turismo

§ Preservação do patrimônio histórico e cultural

§ Sustentável urbana

§ Desenho urbano

§ Desenvolvimento e planejamento urbano

§ Revitalização e requalificação de áreas urbanas

§ Inclusão social

§ Lazer

§ Desenvolvimento econômico

§ Prevenção de acidentes

Projetos urbanísticos que estimulem o indivíduo a caminhar, incentivam a

interação entre pessoas, o ambiente natural e o ambiente construído. O tratamento dos

espaços públicos que levam em conta o pedestre, provocam o sentimento nas pessoas,

de pertinência ao local, permitindo que o cidadão urbano usufrua de sua cidade.

1.2 - Caracterização dos pedestres

Segundo Neto (1996), o pedestre é um dos componentes do Sistema de

Trânsito. Como “Sistema de Trânsito” podemos entender o conjunto de atividades,

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meios e convenções que promovem o deslocamento de pessoas e mercadorias por

uma determinada região.

De acordo com Melo (2005), caminhar é o modo de transporte mais utilizado por

pessoas em áreas urbanas. No entanto, o espaço público, atualmente adaptado para a

utilização de modos mais velozes, faz com que essa capacidade básica do ser humano

se torne uma atividade perigosa, tendo em vista a vulnerabilidade do corpo quanto aos

impactos das colisões. Este fato é constatado pelo elevado número de acidentes com

vítimas fatais envolvendo pedestres.

Pode-se verificar que os pedestres possuem características distintas, e estas

características influenciam o seu comportamento e sua forma de caminhar, pois cada

grupo tem o seu entendimento do ambiente. Pode-se destacar os grupos das crianças,

idosos, pessoas com problemas de locomoção, visão e audição

GDOT (2003) apresenta as características básicas dos pedestres e como

evoluem com a faixa etária:

§ Crianças até 4 anos: estão aprendendo a caminhar e ainda não possuem uma

visão periférica, bem como noção de profundidade formada;

§ Crianças entre 5 e 12 anos: existe uma certa independência, mas seus

deslocamentos devem ser feitos sob a supervisão de um adulto, pois ainda

possuem pouca noção de profundidade e maturidade, com propensão a se

chocar no caminho ou começar uma corrida.

§ Adolescentes entre 12 e 18 anos: acreditam que são invulneráveis, mas

entretanto, continuam a propensão a se chocar no caminho.

§ Adultos entre 19 e 40 anos estão com a percepção totalmente formada do

ambiente e do tráfego.

§ Adultos a partir dos 41 até os 65 anos: inicia-se a redução dos reflexos.

§ Após os 65 anos, os idosos apresentam dificuldade na realização das travessias,

diminuição da aquidade auditiva e visual dificultando a capacidade de perceber a

aproximação dos veículos. Apesar desta faixa etária apresentar alta taxa de

mortalidade, este fato não pode ser impeditivo, pois a caminhada representa

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importante modo de deslocamento dos idosos. Contribuindo para uma vida

saudável e mantenedora de suas atividades diárias.

Ainda segundo o Ministério das Cidades a população de idosos chega a 8,5% do

total. Com a crescente melhoria nas condições gerais da população, incluindo neste

caso o aspecto financeiro, com diversos incentivos do governo, a população de idosos

tende a crescer, com uma previsão de chegarmos a 2015 com 15% da população com

mais de 60 anos de idade. Desse modo os projetos urbanísticos devem englobar as

necessidades de todas as faixas etárias.

O VTPI (2007) sugere a divisão dos portadores de deficiência nos seguintes

grupos:

§ Portadores de deficiência físico-motora permanente;

§ Portadores de deficiência físico-motora temporária (usuários com lesões que o

impedem de se locomover sem o uso de algum auxílio humano ou de aparelhos);

§ Portadores de deficiências auditivas;

§ Portadores de deficiências visuais;

§ Portadores de deficiência mental.

Conforme o censo de 2000 (IBGE, 2010), 14,5% da população brasileira

apresenta algum tipo de deficiência física. O Ministério das Cidades (2006), caracteriza

diversos tipos de pedestres deficientes ou com a mobilidade comprometida, de acordo

com a Figura 1.

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Figura 1 - Esquema Ilustrativo de Diversos Tipos de Pessoas com Deficiências Variadas ou com a Mobilidade Reduzida e/ou Comprometida.

(extraída de MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006, p. 14)

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O VTPI (2007), ainda indica grupos, que com características específicas podem

se juntar ao grupo dos portadores de deficiência física, são eles:

§ Pedestres transportando objetos (carregando alguma caixa nas mãos, por

exemplo);

§ Pedestres transportando bagagens (malas nas costas ou malas com rodízios);

§ Pedestres praticando exercícios;

§ Pedestres passeando com crianças;

§ Pedestres caminhando com animais de estimação;

§ Pedestres trafegando com skates ou patinetes;

§ Pedestres trafegando com pequenos veículos (como carrinho de bebê ou

carrinho de sorvete, por exemplo);

§ Ciclistas inexperientes.

Outras atividades também interferem no deslocamento dos pedestres, desta

forma o VTPI (2007), indica que o planejamento urbano também deverá considerar as

seguintes interferências :

§ Pessoas paradas ou sentadas (conversando ou descansando);

§ Pessoas (geralmente crianças) brincando ou jogando;

§ Vendedores;

§ Pedestres caminhando em grupo.

A Tabela 2 apresenta como a característica individual do pedestre afeta a

percepção do pedestre e aponta a sua conseqüência no ato da caminhada.

Tabela 2 – Habilidades Físicas dos Pedestres de Acordo com suas

Características (adaptado de LTNZ, 2005) Característi-

ca Afeta Conseqüência / Necessidade

Altura

§ Linha de Visão § Maior altura → maior capacidade de enxergar além dos obstáculos e tornar-se mais conspícuo às outras pessoas

Velocidade § Habilidade em escapar

rapidamente de situação perigosa

§ Maior velocidade → mais oportunidades de travessias

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Tabela 2 – Habilidades Físicas dos Pedestres de Acordo com suas Características (adaptado de LTNZ, 2005) (cont.)

Característi-

ca Afeta Conseqüência / Necessidade

Resistência § Extensão dos deslocamentos

§ Menor resistência → necessidade de áreas de apoio

Visão

§ Percepção do meio ambiente e tolerância ao ofuscamento

§ Leitura da sinalização § Detecção do meio-fio e cruzamento § Riscos nos deslocamentos § Percepção tátil do pavimento § Julgamento em relação ao tráfego

Atenção e Cognição

§ Tempo requerido de decisão

§ Habilidade de leitura e compreensão da sinalização

§ Sinalização de indicação § Refúgios § Uso de simbologias

Tolerância às adversidades ambientais

§ Preferência por abrigos e áreas sombreadas

§ Localização e exposição das rotas

Estabilidade e Equilíbrio

§ Potencial para o reequilíbrio

§ Provisão de degraus e patamares § Altura de meio-fio § Declividade longitudinal e transversal

Segurança

§ Disposição para utilização de toda a via

§ Iluminação § Vigilância § Separação de tráfego § Densidade de pedestres § Velocidade veicular

Destreza e Coordenação Motora

§ Capacidade no acionamento de mecanismos

§ Ativar botoeiras para travessia

Acuidade no julgamento de velocidade e distância

§ Oportunidades de movimentos de travessia

§ Previsão de facilidades para travessia

Dificuldade de localização de direção do som

§ Pistas auditivas em relação ao tráfego

§ Necessidade de reforço de informação visual

Energia dissipada para realização do movimento

§ Velocidade do deslocamento

§ Distância de travessia § Tempo de deslocamento § Qualidade de pavimentação do

passeio

Também, o comportamento do pedestre é modificado de acordo com o propósito

de sua caminhada, ida ao trabalho, lazer, etc. Suas velocidades médias de

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deslocamentos variam de acordo com a altura, firmeza, necessidade de aparelho de

apoio, percepção e julgamento na escolha da rota.

1.3 - Fatores que interferem na escolha do modal a pé, e na escolha do trajeto

Conforme Torquato (2011), muitos são os fatores que influenciam a escolha do

modo de transporte, em particular a decisão de caminhar e a escolha da rota. A decisão

pode ser descrita como uma ação racional e que leva em conta fatores subjetivos e

objetivos. Os fatores subjetivos são as percepções e atitudes, como a percepção de

segurança e de risco da rota, o conforto e a conveniência de andar versus os modos

alternativos. Os fatores objetivos são a distância de viagem, tempo de caminhada,

fatores ambientais e características ambientais.

De acordo com Frenkel (2008), devido a baixa velocidade desenvolvida ao

caminhar, os pedestres tem mais consciência e percepção do meio ambiente. Os

projetos devem levar em consideração elementos que venham ao encontro e valorize a

qualidade do espaço urbano.

O LTNZ (2005) distingue cinco características básicas de ambiente favorável a

caminhada:

§ Conectividade: Os caminhos (calçadas) devem ser interligados, conectando

toda a área. Quarteirões menores, melhora a conectividade, pois permitem que o

pedestres tenham mais facilidade na escolha de seus caminhos.

§ Convivência: Para que o ato de caminhar seja o mais agradável possível, os

trajetos devem ser o mais amigáveis e atraentes, possibilitando a interação entre

as pessoas, e destas com o meio ambiente e outros modais.

§ Conspicuidade: Na raiz de seu significado, isto é, os caminhos devem ser claros

e de fácil entendimento aos pedestres, prporcionando segurança e tranqüilidade

ao caminhar, obtido através de rotas bem delimitadas, iluminadas e sinalizadas.

§ Conforto: Os caminhos devem atender as necessidades de todos os pedestres,

com um bom projeto urbanístico, que inclua passeios confortáveis e com largura

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suficiente para a acomodação do pedestre, área sombreada, travessias seguras,

bons implementos de mobiliário urbano e uma topografia não muito acidentada.

§ Conveniência: caminhar é parte do sistema de transporte e possui o papel de

complementaridade entre os sistemas, e dentro do planejamento deverá

proporciar boas ligações com o transporte público, isto é, bons projetos junto às

estações metroviárias e ferroviárias, bem como as paradas de ônibus.

Conforme Larranaga (2009), a tabela 3 identifica 26 fatores que influenciam a

escolha do modo a pé. Agrupados em 4 categorias; fatores sócio-econômicos, fatores

característicos da viagem, fatores característicos do bairro, relativos a estilo de vida.

Tabela 3 – Variáveis das Dimensões Intervenientes na Escolha pelo Modo a Pé

(adaptado de LARRANAGA, 2009) Fatores

Sócio-Econômicos

§ Disponibilidade de automóvel

Características da Viagem

§ Horário e dia da viagem § Distância da viagem § Consumo de tempo § Custo monetário § Flexibilidade e liberdade na escolha de trajetos e momentos do

deslocamento

Características do bairro

§ Proximidade de comércios e serviços § Topografia do terreno § Condições e dimensões das calçadas § Localização do mobiliário urbano § Segurança pública § Presença e localização de comércio formal e informal § Características do fluxo de veículos na vias. § Número de pessoas nas paradas de transporte coletivo § Características do tráfego nos cruzamentos § Qualidade do ambienta para pedestres

Estilo de vida

§ Limitações físicas dos usuários § Desejo de evitar esforços físicos § Desejo de realizar exercícios físicos § Considerações ambientais § Preferências de modo de transporte § Compra de emergência § Preferência por comércios e serviços § Necessidade de realizar viagens encadeadas

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Entretanto, um ambiente não adequado à caminhada é desestimulante aos

pedestres. Entender e considerar fatores ambientais, pessoais e institucionais é

essencial para que sejam eliminados ou minimizados tornando os caminhos mais

favoráveis. Estes fatores encontram-se listados na tabela 4.

Tabela 4 – Questões que Dificultam o Incentivo ao Modo a Pé (adaptado de LTNZ, 2005)

Ques

tões

Ambientai

Falta de calçada ou calçada com obstáculos Baixa qualidade da pavimentação Falta de manutenção da calçada: deficiência de limpeza, com presença de lixo, detritos e excrementos Aumento das distâncias devido à existência de barreiras, passarelas e passagens subterrâneas Falta de continuidade das rotas Incerteza de que toda a rota está acessível Falta de segurança nas travessias Iluminação insuficiente Velocidade de tráfego veicular elevada Falta de áreas de descanso Poluição sonora e do ar Ausência de rotas diretas entre a origem e o destino das viagens Vias fechadas, com tratamento como áreas privativas Falta de sombreamento de árvores Ausência de abrigos para proteção climática Falta de atratividade nas rotas

Ques

tões

Pes

soais

Escassez de tempo para realização da viagem a pé Falta de confiança na infra-estrutura disponível para a caminhada Desconhecimento das rotas e das distâncias de caminhada Percepção da segurança local, de riscos de furtos e assaltos devido à falta de vigilância Percepção a um status social mais elevado em relação à posse de um carro Percepção de desrespeito dos motoristas frente aos pedestres

Ques

tões

Institucionais

Políticas de planejamento e uso do solo que resultam em grandes distâncias de deslocamento Prioridade para outros modos de transportes. Pouca troca de conhecimento e experiência entre os profissionais envolvidos nos projetos urbanísticos quanto ao favorecimento do modo a pé Tolerância quanto às obstruções dos passeios Dificuldade em mensurar o volume de aumento de pedestres, decorrentes das intervenções a serem executadas Dificuldade de justificar implantação de novas estruturas destinadas aos pedestres por critérios econômicos tradicionais Falta de pesquisas voltadas ao modo a pé Recursos insuficientes para aplicação nas estruturas destinadas aos pedestres

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Como visto, para o fomento do modal a pé em uma região onde se encontram

instaladas diversas atividades com distâncias acessíveis aos deslocamentos a pé,

esforços devem ser aplicados em projetos de infraestrutura destinados aos pedestres

que estimulem as caminhadas ou que integrem as áreas a um sistema de transporte

público.

A seguir no Capítulo II serão abordados o ambiente urbano sustentável e suas

políticas de mobilidade.

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CAPÍTULO II

O ambiente urbano sustentável e suas políticas de mobilidade

2.1 - Ambiente urbano sustentável

Desenvolvimento sustentável é um conceito sistêmico que se traduz num modelo

global que incorpora os aspectos de desenvolvimento ambiental. Foi usado pela

primeira vez em 1987, no Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento, criado em 1983 pela Assembléia das Nações

Unidas.

Em junho de 1992 foi realizada no Rio de Janeiro a maior conferência mundial

sobre Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, denominada “Eco 92” ou “Rio

92”. Esta acabou considerada como marco global das discussões sobre o assunto, com

a participação de representantes governamentais de todo o mundo. Seus principais

resultados foram dois grandes documentos: a Agenda 21 e a Carta da Terra

(Declaração do Rio).

A Agenda 21 almeja preparar o mundo para os desafios do século XXI. Ela

busca atingir o consenso global e compromisso político, tendo como objetivo a

sustentabilidade do meio ambiente, isto é, utilizando melhor os recursos disponíveis e

reduzindo impactos ambientais, tendo a preocupação com a qualidade de vida dos seus

habitantes nas dimensão econômicas, sociais, éticas e do bem estar. A Declaração do

Rio visa estabelecer acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e

proteja a integridade do sistema global de ecologia e desenvolvimento.

A Eco 92 foi um marco na direção de um tratamento globalizado no que diz

respeito à Gestão Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável tanto por parte das

entidades governamentais das organizações públicas e privadas como dos

consumidores deste mercado global.

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Segundo WCED (1987), o desenvolvimento sustentável procura satisfazer as

necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras

de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas,

agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico

e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos

recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.

O Ministério das Cidades (2004) define a mobilidade urbana sustentável como o

resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação que busca proporcionar

o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da priorização dos modos

não-motorizados e coletivos de transportes, de forma efetiva, que não gere

segregações espaciais, e que seja socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável.

De acordo com Vasconcellos (2000), é urgente demonstrar que a política

centrada no uso do transporte individual motorizado chegou ao seu limite, pois se

apresenta contrária aos seus preceitos da equidade, justiça social, direitos humanos, de

qualidade de vida e ambiental.

As cidades têm como papel principal potencializar a troca de bens e serviços,

cultura e conhecimento entre os seus habitantes. Nesse sentido a mobilidade é um

atributo associado à cidade e corresponde a facilidade de deslocamento de pessoas e

bens na área urbana (Ministérios das Cidades, 2006).

Esteves (2003), alerta que os veículos consomem o território, emitem poluentes,

provocam conflitos e riscos à circulação, sobretudo aos pedestres, transformam o local

de encontros e interação entre cidadãos, em simples passagem.

Andar a pé é o deslocamento mais fácil (não exige qualquer material específico,

apenas um sapato confortável) e o mais natural, além de ser gratuito e bom para a

saúde. Não provoca qualquer poluição sonora, nem emissões (NOx, SO2, compostos

orgânicos voláteis, etc.) responsáveis por fenômenos de poluição atmosférica.

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25

Ao utilizar-se o modo a pé em pequenas distâncias, está se beneficiando o meio

ambiente, pois é nestes percursos que os veículos tem maior consumo. Estima-se que

um veículo tenha um consumo em torno de 80% maior no primeiro quilômetro e este

valor chegue a metade no segundo quilômetro. A poluição causada por veículos a

motor é mais significativa nos primeiros quilômetros percorridos, em função da ainda

baixa tecnologia dos catalizadores quando o veículo ainda está trabalhando sem estar

aquecido. Conclui-se que o uso do veículo em distâncias curtas é prejudicial ao meio

ambiente e também ira custar mais ao seu condutor.

Segundo O Jornal Estado de S. Paulo 12% das consultas no pronto-socorro do

Instituto do Coração (São Paulo), se devem à poluição do ar. E a situação pode piorar.

Caso políticas públicas e mudanças de comportamento não sejam adotadas, o índice

de poluição será equivalente ao das zonas industriais de Cubatão, na Serra o Mar

paulista, em 2020.

Segundo pesquisa do IPEA/ANTP (2003) as perdas totais com acidentes de

trânsito no Brasil urbano, chegam a atingir o valor de 5,3 bilhões de reais por ano,

considerando as perdas materiais, com médico, hospital, perda de dias de trabalho,

aposentadorias precoces, custos policiais e judiciários.

Por tudo isso, se tornar pedestre com mais frequência pode ser tão benéfico para

a cidade e para a vida. Ao caminhar, é possível perceber muito mais as coisas ao seu

redor: uma nova loja, um prédio em construção, uma árvore diferente. Andando ao

trabalho, à padaria ou à banca de revistas é possível encontrar pessoas e fazer novas

amizades. O caminhar faz com que as pessoas se sintam pertencentes ao local. Sem

contar que deixando o carro em casa você pratica um dos melhores exercícios que

existem. (Eco Desenvolvimento.Org – 2012)

2. 2 - Políticas de mobilidade

Segundo o Ministério das Cidades (2004) a acelerada urbanização brasileira tem

sido produzida sob um processo de ocupação do solo profundamente desordenado, na

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medida em que são autorizados parcelamentos e assentamentos em regiões distantes

do núcleo central das cidades, gerando imensas áreas vazias ou de densidade muito

baixa no interior da mancha urbana, situação que acaba por favorecer a especulação.

A histórica dificuldade de incorporar a idéia de mobilidade urbana ao

planejamento urbano e regional coloca-se com relevância dentre as causas da crise de

qualidade das cidades brasileiras, contribuindo fortemente para a geração dos cenários

atuais onde se constatam cidades insustentáveis do ponto de vista ambiental e

econômico.

São diversas as causas do crescimento desordenado das cidades brasileiras,

com isso se estabeleceu uma crise na mobilidade urbana. Esta mobilidade vem se

deteriorando todos os dias, bem como os índices de mobilidade da população,

principalmente a de baixa renda das regiões metropolitanas.

Segundo dados da ANTP, a utilização dos modos de transporte nas regiões

metropolitanas brasileiras, relativos ao ano 2.000, assim se distribui: a pé, 44%; por

transporte coletivo, 29%; por automóvel, 19%; por bicicletas, 7%; e por motocicletas,

1% .

Ter acessibilidade significa a garantia de circulação com autonomia plena no

espaço urbano através de todos os modos de transporte.

Introduzir ambientes urbanos que propiciem qualidade de vida, é um desafio para

todos os governos, sendo diferenciado conforme localidade, contexto cultural e

econômico. Muitas vezes essas modificações requerem mudanças no padrão de

comportamento, de valores individuais e de estilo de vida. Essas alterações podem

tornar-se tarefas difíceis.

Como exemplo sedimentado de gestão urbana sustentável, temos aspectos de

abordagem facilitadora contidos pela Comissão das Comunidades Européias, CCE

(2007):

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§ Desenvolver soluções a partir das bases, em vez de impor programas pré-

definidos;

§ Relacionar as questões de sustentabilidade aos aspectos da vida local;

§ Usar terminologia familiar ao público;

§ Destacar os problemas e as diferenças de cada tipo de solução;

§ Promover a participação do público ao longo de todo o processo, por meio de

abertura e transparência;

§ Sensibilizar os envolvidos através de ações específicas, como ensino, atividades

populares, publicidade e marketing.

Segundo Frenkel (2008) as políticas de transporte sustentável, devem englobar

um sistema de transporte eficiente, proteção ao meio ambiente, redução do consumo

de energia e melhoria da qualidade de vida e da economia em geral. Deve-se buscar a

redução da necessidade de viajar, do uso do automóvel e de veículos comerciais,

incentivar os modos alternativos de transporte e melhorar a operação da rede viária.

Pode-se citar algumas estratégias utilizadas, na direção de políticas de

transporte sustentável :

§ Controle do uso do automóvel (pedágios urbanos, cobrança de estacionamento,

restrições ao uso do automóvel);

§ Melhorias da operação do transporte público (redução de tarifas, melhora do

nível de serviço, confiabilidade e qualidade do sistema);

§ Promoção do adensamento e mixagem de uso do solo;

§ Melhoramento da estrutura hierárquica viária e utilização de medidas como traffic

calming;

§ Utilização da tecnologia da informação;

§ Incentivo à bicicleta e à caminhada;

§ Campanhas de conscientização pública para apoio das estratégias adotadas;

§ Melhoria no gerenciamento dos transportes de carga.

Segundo o Ministério das Cidades (2004), verifica-se que a introdução do

transporte urbano no planejamento das cidades, incorporando os princípios da

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sustentabilidade plena e tendo o seu planejamento e controle submetido aos interesses

da maioria da população pode-se tornar um relevante e eficaz instrumento de

estruturação e vetor da expansão urbana controlada.

Os passeios públicos e as áreas de uso compartilhado, planejados para

acomodar os pedestres em seus deslocamentos poderiam se constituir em elementos,

para tornar as cidades mais amigáveis para o caminhar, mas vão sendo cedidos para a

ampliação do viário e construção de estacionamentos, ou são simplesmente invadidos

por veículos e comércio informal.

Mais grave ainda é a situação das pessoas com deficiência e idosos, para os

quais é praticamente impossível sair de casa e ter acesso a qualquer atividade urbana

sem contar com a solidariedade de amigos ou familiares, devido à existência de

barreiras físicas à acessibilidade ao espaço urbano. Estes dois grupos caracterizam a

parcela da população para a qual deve ser dada atenção especial quanto à garantia de

seus diretos de mobilidade.

O problema da mobilidade urbana é comum em quase todo o mundo e é possível

perceber que um dos elementos mais prejudicados em todo este contexto é o pedestre,

o qual deveria ser o mais privilegiado pelas suas qualidades e, principalmente, por

fazer parte do cotidiano de todas as pessoas que possam de alguma maneira caminhar

ou se locomover a pé. (GRAEBIN, 2009).

O Ministério das Cidades (2004), acompanhando a tendência mundial,

desenvolveu a Política Nacional de Mobilidade Urbana. Esta política está baseada no

desenvolvimento urbano e econômico, e poderá ser promovida através de:

§ Integração, racionalização das ações entre os órgãos públicos de transporte e do

espaço urbano, reduzindo as “deseconomias” de circulação e oferecendo um

transporte público eficiente e de qualidade;

§ Fortalecimento institucional do planejamento e gestão local da mobilidade

urbana;

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§ Uma gestão democrática e participativa das cidades, capaz de promover a

inclusão social e espacial, através da valorização dos pedestres e ciclistas e do

acesso aos transportes públicos;

§ Uma integração e comprometimento das políticas de transporte, circulação,

habitação e uso do solo e no fomento de parcerias público privadas em projetos

que diminuam as carências no sistema de transporte e melhorem a qualidade de

vida.

Em 03 de janeiro de 2012 foi sancionada a Lei 12.587/2012, que institui a nova

Política Nacional de Mobilidade Urbana - PNMU. Esta Lei estabelece diretrizes e

princípios para que os municípios planejem o desenvolvimento urbano e a melhoria de

serviços e infraestruturas que garantam os deslocamentos de cidadãos e cargas nos

territórios das cidades.

A política estabelece princípios, diretrizes e instrumentos para que os municípios

possam planejar um sistema de transporte coletivo capaz de atender à população e

contribuir para o desenvolvimento urbano sustentável.

Das 30 diretrizes estabelecidas pelo PNMU, pode-se destacar:

§ Priorização dos pedestres, ciclistas, passageiros de transporte coletivo, pessoas

com deficiências, portadoras de necessidades especiais e idosos no uso do

espaço público de circulação;

§ Promoção da ampla participação cidadã, garantindo o efetivo controle social nas

políticas públicas de mobilidade urbana;

§ Combate à segregação urbana;

§ Promoção das populações de baixa renda ao acesso de serviços de transporte

coletivo;

§ Promoção e difusão de sistemas de informação e indicadores de mobilidade

urbana;

§ Incentivo e difusão de medidas de moderação de tráfego e do uso sustentável e

racional do transporte motorizado individual;

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§ Apoio aos planos diretores que gestem políticas favorecedoras à localização de

atividades, de forma a reduzir a necessidade de deslocamentos motorizados;

§ Promoção de políticas públicas de reabilitação das áreas centrais com ações de

valorização do transporte coletivo e o não motorizado;

§ Promoção e capacitação dos agentes públicos no desenvolvimento institucional

dos setores ligados à mobilidade;

§ Apoio e incentivo à formulação de planos e mecanismos municipais de

adaptação do sistema viário e de transporte aos projetos de pólos geradores de

tráfego, de modo a mitigarem seus efeitos negativos.

Pode-se destacar o pedestre como elemento primordial do meio sustentável. É

importante lembrar que para haver mobilidade e acessibilidade, os espaços

caracterizados como origem, trajeto e destino, devem atender a todos as exigências do

desenho universal, bem como criar infra-estrutura intelígível e funcional para o

pedestre, priorizar os acessos, reduzir a severidade dos conflitos na circulação e alterar

positivamente o status da importância relativa dada ao modo a pé.

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CAPÍTULO III

Componentes viários do modo a pé.

3 .1 - Desenho urbano visando o pedestre

Uma das maiores responsabilidades do planejamento urbano é criar cidades que

sejam convenientes para a diversidade urbana, com espaços públicos de qualidade,

com ruas, calçadas, praças confortáveis à circulação e convivência de seus usuários.

Uma característica do espaço urbano, que pode ser constatada no dia-a-dia, é o

seu caráter dinâmico. Não é difícil presenciar a abertura de uma via, a construção de

um prédio, a demolição de uma velha habitação etc. Enfim, o espaço da cidade está a

todo o momento sendo produzido, organizado e revitalizado.

O espaço urbano é entendido como resultado da forma como a sociedade se

organiza sobre o território. O que diferencia espaço urbano de espaço público, é que o

espaço urbano só se torna público quando é investido de significação.

Segundo Del Rio (2004), no processo de planejamento, elaboração de projeto e

gerenciamento urbano é necessário compreender as complexidades de seu

desenvolvimento, de modo elaborar possibilidades de intervenções que busquem a

melhoria da qualidade físico-ambiental das cidades. Assim, no Desenho Urbano, soma-

se às análises da Arquitetura e Urbanismo a outras disciplinas, como Psicologia

Ambiental (percepção urbana e comportamento), Geografia (morfologia urbana),

Engenharia, Engenharia de Transportes (sistema viário e seus usuários, inclusive

pedestres), Ciências Sociais e Política, História, Paisagismo, Planejamento,

Administração de Imóveis, Micro-economia, e tantas outras.

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Os projetos urbanos devem ser coerentes com as características das cidades e

integrar os elementos físico-ambientais com qualidade, desde as calçadas, quadras e

lotes, até o tratamento como um todo, considerando-se as relações entre bairros, o

crescimento e expansão das cidades. O Desenho Urbano coloca o espaço público

como elemento central, e este é o espaço destinado aos pedestres.

Frenkel (2008) considera que as calçadas são muitas vezes utilizadas não

apenas como passagem para pedestres, mas, também como integração social,

variando de acordo com o uso do solo e a cultura local. O desafio no desenvolvimento

dos projetos, é conciliar as diversas facetas do uso da calçada como espaço público

nas áreas destinadas a elas. Pois, nem sempre existe a amplitude suficiente para

atender ao mesmo tempo, largura ideal para pedestres, instalação do mobiliário urbano

e espaços de permanencia nas calçadas.

Caminhando pelas calçadas de nossa cidade podemos observar os problemas

que os pedestres enfrentam para exercer o simples direito de ir e vir. Em muitos

passeios encontramos buracos, pisos escorregadios e trepidantes, degraus e rampas

obstruindo a passagem, largura inadequada, sugeira, má iluminação dentre outros

obstáculos. Além disso, nota-se a ausência de elementos que facilitam a circulação,

principalmente dos portadores de necessidades especiais.

3 .2 - Componentes viários do modo a pé

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Figura 2 – Modelo de calçada (extraída de PAULA; PINHEIRO, 2008, capa)

O espaço de circulação de pessoas, veículos e animais são definidos como via

pelo CTB (BRASIL – MIN. JUSTIÇA, 1997) e é composto pela pista de rolamento,

calçada, acostamento, ilha e canteiro central. inclui também os estacionamentos e as

ciclovias. (GONDIM, 2001; FRENKEL, 2008).

Segundo Xavier (2007), dentre as categorias de espaço público, a calçada, pode

ser considerada uma das estruturas mais essenciais para o desempenho da vida

urbana. As ruas e calçadas são necessárias para a realização dos deslocamentos e de

contatos que estruturam a vida cotidiana das cidades. Assim, diferentemente de outras

categorias de espaço publico, cuja utilização é opcional, como as praças e os parques,

já as ruas e calçadas, compõem a infraestrutura dos trajetos a pé. Por sua utilização

cotidiana e de acesso universal, a calçada se torna um espaço democrático, que

deveria obrigatoriamente atender adequadamente a todos.

A calçada ideal deve ser bem conservada e permitir que as pessoas possam

caminhar com segurança, em um percurso livre de obstáculos e de forma compartilhada

com os diversos usos e serviços. A construção adequada, a pavimentação e a

manutenção das calçadas trazem grandes benefícios para os usuários das cidades, em

especial aos portadores de mobilidade reduzida.

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3.2.1 - Características de uma calçada ideal

Uma calçada considera ideal, deverá ser composta de meio-fio, da área de

serviço, do passeio e área para tesada, conforme mostra a figura 3. Deverá buscar as

seguintes qualidades:

§ Conforto e segurança para a circulação de pedestres de forma independente da

circulação de veículos;

§ Facilitar a limpeza das ruas;

§ Facilitar a manutenção da pavimentação;

§ Embelezar o bairro;

§ Valorizar o imóvel.

Mei

o-fio

Áre

a de

Ser

viço

Pas

seio

Tes

tada

ou

fach

ada

Figura 3 – Zonas da calçada segundo (extraído de LNTZ, 2005)

Segundo o LTNZ (2005), a calçada é a parte da via ou do espaço público

destinado aos pedestres. Bons desenhos de calçadas encorajam o caminhar e reduz o

risco de acidente. As calçadas são caracterizadas pelo espaço entre o meio-fio e a

divisa frontal dos lotes ou edificações (testadas) e devem conter, sempre que possível,

quatro áreas distintas, conforme apresenta a Tabela 5.

Pista

Testada do terreno

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Tabela 5 – Zonas de Usos das Calçadas (adaptado de LTNZ,2005)

Área Definição

Meio-fio

§ É a área de transição entre a pista de rolamento e a área de serviço e oferece distância para abertura das portas dos veículos

§ Define o limite do ambiente do pedestre § Previne que a água da pista corra para a calçada § Detém os veículos § Proporciona uma acuidade tátil aos pedestres § Produz diferença de nível entre a pista e a calçada

Tabela 5 – Zonas de Usos das Calçadas (adaptado de LTNZ,2005) (cont.)

Área Definição

Área de Serviço

§ Destinado à instalação de postes, colunas, tampões, parquímetros, entre outros

§ Utilizado para arborização e paisagismo § Cria e proteção separação entre o tráfego motorizado e os pedestres § Reduz o impacto que a passagem de veículos provoca nos pedestres

Passeio § Local destinado à locomoção dos pedestres § Deve estar sempre livre de obstáculos, tanto horizontais como

verticais

Testada ou

Fachada

§ Área entre o passeio e a divisa do terreno (ou parte frontal da edificação)

§ Oferece distância mínima entre as paredes, muros e cercas § Área reservada ao acesso das edificações, instalação de vitrines,

protegendo os pedestres da movimentação de entrada e saída das propriedades ou de pessoas apreciando vitrines

§ Quando conveniente e com largura suficiente, pode ser utilizado para extensão das atividades realizadas dentro das edificações (exemplo: mesas de cafeteria)

As figuras de 4 a 6 apresentam exemplos de situações, onde os elementos das

calçadas estão dispostos de maneira errada (na primeira coluna) e de forma correta (na

segunda coluna).

Exemplos:

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Figura 4 - Passeio obstruido por mobiliário urbano (extraída de PAULA; PINHEIRO, 2008, p. 6)

Figura 5 - Banco junto a faixa de rolamento, sem proteção

(extraído de PERKINS, 2009, p.4)

Figura 6 – Travessia de pedestre obstruída

(extraído de PERKINS, 2009, p.4)

As figuras 7 e 8 representam situações onde as calçadas foram projetadas

pensando no uso do pedestre, respeitando as suas necessidades.

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Figura 7 – Calçada em La Paz, Bolívia (extraída de NELSON ALMEIDA, 2012)

Figura 8 – Calçada em La Paz, Bolívia (extraída de NELSON ALMEIDA, 2012)

De acordo com o Boletim Técnico Nº 17 da CET (1978), durante as caminhadas,

as pessoas costumam estabelecer uma região de conforto em torno de si de modo

evitar contatos físicos indesejados, que varia de 0,60m a 1,00m, conforme apresentado

na Tabela 6. Admitindo que os pedestres não se movimentam em faixas organizadas, o

HCM (1994) apresenta a distancia de 0,75m como o espaço mínimo requerido pelo

pedestre para passar pelo outro evitando interferências. Observa-se que, quando se

trata de pessoas que se conhecem, esta distância passar a ser 0,60m para cada um.

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Os espaços ocupados por pedestres, em módulos de 0,75m, são apresentados pelo

Manual de Traffic Calming de DEVON(1992) na Figura 9.

Tabela 6 – Distância média entre pedestres em movimento (adaptado de CET-

BOLETIM TÉCNICO,1978; HCM, 1994)

Características do deslocamento Distância média entre pedestres em movimento

Circulação normal 1,00 m Circulação unidirecional 0,75 m Circulação bidirecional 0,60 m

Figura 9: Espaços ocupados por pedestres

(extraída de DEVON, 1992, p.32)

Logo, segundo GONDIM (2001), para a configuração da largura mínima de uma

calçada, sugere-se por princípio que, o planejamento das vias deva incentivar o

percurso confortável e seguro dos pedestres e para tanto, toda a calçada deve ter um

espaço suficiente para a passagem simultânea de no mínimo duas pessoas em

sentidos contrários. Assim, a faixa de passeio mínimo adotado deve ser de 1,50m.

A Tabela 7, com base no HCM, TRB (2000), indica a ocupação na calçada, em

sua faixa de serviço, por tipo de mobiliário urbano. Uma calçada com postes de

iluminação, com faixa livre de 0,75m para a passagem de apenas um pedestre, teria

uma largura mínima de 2,10m a 2,40m, considerando a área de influência de 0,75m a

1,05m dos postes de iluminação e de 0,60m das paredes das edificações. Permitindo a

circulação simultânea de dois pedestres, a largura mínima passaria a ser de 2,85m a

3,15m.

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Tabela 7 - Mobiliário urbano e suas zonas de influência (extraída de GODIN, 2001, p.50)

Mobiliário Urbano Projeção mais zona de influência (medida a partir do meio-fio)

Postes de iluminação 0,75 m a 1,05 m Poste de sinal de trânsito 0,90 m a 1,20 m

Poste c/ placas de sinalização de trânsito 0,60 m a 0,75 m Hidrantes 0,75 m a 0,90 m

Caixa de correio (0,50 m x 0,50 m) 0,95 m a 1,10 m Cabines telefônicas (0,80 m x 0,80 m) 1,20 m

Lixeiras 0,90 m Bancos 1,50 m

De acordo com MILANO (1994), principalmente no caso da maioria das cidades

brasileiras que possuem um clima quente, o sombreamento por arborização gera vários

benefícios, em particular para os pedestres, como:

§ Redução da insolação direta;

§ Redução da velocidade dos ventos;

§ Redução da poluição atmosférica;

§ Redução da poluição visual, melhorando a paisagem local;

§ Constituição de elemento especial de referência e estruturação do espaço;

§ Redução da poluição sonora;

§ Valorização dos espaços de convívio social, como praças, parques e jardins;

§ Melhoria das condições de saúde física e mental da população.

A tabela 8, apresenta os parâmetros relativos à distribuição e à ocupação das

árvores no dimensionamento das calçadas

Tabela 8 - Arborização segundo a largura das calçadas (adaptado de MILANO,

1994)

Largura das calçadas Porte da árvore Espaçamento entre plantas adultas

< 1,7 m Não arborizada - 1,7 a 2,0 m Pequeno (< 5 m) 6 -7 m

> 2,0 m Médio (5-8 m) 8 –10 m

A tabela 9 apresenta as larguras mínimas para as calçadas, de acordo com o

mobiliário urbano instalado, que garantam o conforto para os seus usuários.

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Tabela 9 - Medidas mínimas das faixas de utilização das calçadas para garantia do

conforto da circulação de pedestres (adaptado de GONDIM, 2001)

Faixas de utilização das calçadas Largura mínima Faixa de passeio para passagem simultânea de dois pedestres 1,50 m Faixa de mobiliário urbano para a colocação de árvores e postes 0,75 m Faixa de distanciamento das edificações 0,45 m Faixa de mobiliário urbano, com lixeiras e telefones públicos 1,00 m Faixa de mobiliário urbano, com pontos de ônibus sem abrigos 2,00 m Faixa de mobiliário urbano, com abrigos de pontos de ônibus 2,90 m Faixa para acomodação de parada de ônibus 3,00 m

Sempre que possível, o mobiliário urbano deve distar o mínimo de 0,45m da face

externa do meio-fio para não impedir a abertura de portas de veículos estacionados.

Como exemplo, a figura 10 apresenta o diensionamento de uma calçada em via local,

considerando o afastamento da edificação e a arborização local.

Figura 10 - Calçada em via local (extraído de LNTZ, 2005)

3.2.2 - Calçadas com características de atendimento aos portadores de necessidades especiais – PEEL

Considerando os Portadores de Necessidades Especiais de Locomoção (PEEL)

no dimensionamento da infra-estrutura de circulação dos pedestres é preciso verificar

se as faixas de circulação estão livres de obstáculos e as rampas de acesso são

adequadas para vencerem os desníveis entre a pista de rolamento e as calçadas ou

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canteiros centrais, para a passagem confortável daqueles como cadeiras de rodas,

muletas, carrinhos de bebe e de compras.

O menor espaço físico utilizado por uma pessoa com dificuldade de mobilidade é

de pelo menos 0,70m, podendo chegar a 0,90m para aqueles que utilizam muletas,

como demonstra a Figura 11.

Figura 11 - Usuários de muletas ou cão guia (extraída de ABNT-NBR 9050, 1997, p.6)

A faixa de 0,90m, embora suficiente, tem restrições de conforto, sendo que no

Brasil, a atual ABNT-NBR 9050 indica o mínimo de 1,20m, conforme ilustra a Figura 11.

Figura 12 - Passagem mínima para PEEL (extraída de ABNT-NBR 9050, 1997, p.48)

A ABNT, NBR-9050 recomenda largura mínima 1,50m e espaço livre de 1,00m

no patamar de chegada, para permitir as manobras das cadeiras de rodas, e que as

rampas de acesso às calçadas tenham declividade máxima de 8,33%, tolerando o

limite de até 12,5%, para casos especiais.

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3.3 - As travessias de pedestres

A gestão do trânsito deve tratar de maneira estratégica a segurança do pedestre

de forma eficiente, buscando garantir a sua circulação e a travessia de maneira

adequada.

Conforme o NJDOT (1999), os acidentes envolvendo os pedestres normalmente

ocorrem devido a problemas de desenho urbano, de controle de tráfego e

comportamento inadequado por parte dos motoristas e/ou dos pedestres. Vias de

maiores velocidades são as mais perigosas aos pedestres.

Uma das maneiras de reduzir o número e a severidade dos acidentes,

principalmente atropelamentos, é a adoção de dispositivos de sinalização, que pode ser

definida, em termos gerais, como um conjunto de ações cujo objetivo é reduzir a

velocidade média e moldando o tráfego de veículos de maneira menos impactante para

a vida na cidade.

O comportamento dos motoristas e o grande movimento de pedestres que se

deslocam sob condições impróprias e inseguras, geram condições propícias a

acidentes. A figura 13 apresenta alguns tipos comuns de atropelamentos em áreas

urbanas segundo o NJDOT (1999).

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Figura 13 – Causas mais comuns de atropelamento (adaptado de NJDOT, 1999)

3.3.1 - Recomendações para a implantação de dispositivos para travessia de pedestres

Os pedestres se deparam com a necessidade atravessar vias que podem ser em

nível ou desnível, por passarelas ou passagens subterrâneas, estas últimas

proporcionam a segregação entre pedestres e veículos (FONTES, 2005, p.42). As

travessias em nível expõem os pedestres a maiores riscos de acidentes.

Ao projetar uma travessia de pedestres deve-se considerar alguns itens, tais como:

§ Largura da via;

§ Fluxo de pedestres e de veículos;

§ Velocidade dos veículos;

§ Visibilidade de pedestres e de motoristas;

§ Tempo de espera para realização da travessia;

§ Área de espera para atravessar;

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§ Obstáculos nas proximidades da travessia.

Um projeto adequado para travessia de pedestres deve assegurar conforto e um

bom entendimento dos usuários (pedestres e motoristas), o que requer padronização

dos equipamentos e sinalização, uma boa iluminação, pavimentação correta e evitar

alongar os caminhos desnecessariamente. Desta forma, cada interseção deverá ser

analisada individualmente, dentro de seu contexto local.

Travessias de Pedestres Não Semaforizadas

As travessias não semaforizadas podem ser localizadas nas interseções ou em

meio de quadra. Sendo as primeiras de maior complexidade devido aos diversos fluxos

e movimentos veiculares e de pedestres. Pode ser ainda mais complicada se não

houver controle semafórico, pois envolve a capacidade de julgamento (TRB, HCM,

2000).

Figura 14 – Modelo de travessia de pedestre - sinalização horizontal

(extraída de BEATLES HOME PAGE, 2012)

Existem implementos facilitdores da travessia de pedestres encontrados em

diversos manuais internacionais, destaca-se do LTNZ 2005 seguintes elementos:

§ Refúgios: ilhas alongadas de pequenas dimensões construídas entre as pistas

de rolamento, propiciando travessia em duas etapas (conforme figura 15);

§ Canteiro central: construído ao longo da pista de rolamento, possibilita a

realização da travessia em duas etapas;

§ Alargamento de calçadas: área estendida da calçada, que se projeta ao limite da

área do estacionamento, proporcionando um estreitamento na via e conseqüente

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diminuição da extensão da travessia e aumento da área de acumulação de

pedestres (conforme figura 16);

§ Platô: elevação da seção da pista de rolamento na altura do meio-fio, o que

obriga ao motorista a reduzir sua velocidade e permiti uma travessia mais

confortável dos pedestres. São geralmente instaladas em vias locais, mas em

algumas situações, também, em vias coletoras (conforme figura 17);

§ Faixa de pedestre (conforme figuras 15 a 17);

Figura 15 – Refúgio para travessia de pedestres em duas etapas

(extraída de PEDBIKEIMAGES.ORG / PORTLAND OFFICE OF TRANSPORTATION, 2012)

Figura 16 – Alargamento da calçada para redir a distância de travessia

(extraída de PEDBIKEIMAGES.ORG / PORTLAND OFFICE OF TRANSPORTATION, 2012)

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Figura 17 – Platô com elevação da seção da pista de rolamento, que faz o papel de uma ondulação transversal, simultâneamente permite a instalação de uma

travessia de pedestres (extraída de PEDBIKEIMAGES.ORG / PORTLAND OFFICE OF TRANSPORTATION, 2012)

Travessias de Pedestres Semaforizadas

Segundo Macêdo e Sorratini (2006), os acidentes de trânsito envolvendo

pedestres em área urbana têm preocupado os órgãos de trânsito responsáveis pela

implantação e gerenciamento de dispositivos de controle do tráfego, os quais têm

proposto a implantação de faixas para travessia de pedestres.

Apesar de ter como objetivo auxiliar o pedestre a cruzar a via, a demarcação da

faixa sem critérios pode comprometer a segurança das pessoas, tornando-as

vulneráveis aos atropelamentos. A bibliografia brasileira dá algumas diretrizes, porém

não estabelece critérios ou valores de referência que justifiquem a demarcação de

faixas e a decisão quanto à implantação desses dispositivos fica dependente do bom

senso dos profissionais responsáveis pelo trânsito.

Como visto anteriormente, as análises das condições de mobilidade de veículos

e pedestres nas cidades brasileiras, priorizam projetos voltados ao primeiro grupo em

detrimento do segundo. O crescente aumento da frota de veículos, tem como

consequencia o aumento dos conflitos entre veículos e pedestres, resultando no

aumento dos atropelamentos.

Visando minimizar os conflitos e disciplinar a utilização das vias por veículos e

pedestres e, principalmente, aumentar a segurança desses últimos, os órgãos de

trânsito das cidades têm implantado, entre outras medidas, as faixas de travessia para

pedestres, semaforizadas ou não.

No Brasil, o Manual de Semáforos do DENATRAN (1984) recomenda a

instalação de semáforos para travessia de pedestres de acordo com o volume de

pedestres e de veículos, cujos critérios são apresentados na a Tabela 10.

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Tabela 10 – Critérios Recomendados para Instalação de Travessia de Pedestres Semaforizada (extraída de DENATRAN, 1984; FRENKEL, 2008, p.71)

Operação da Via Volume Veicular

Total (veic/h)

Volume Atravessamento (Pedestres/h)

Mão única 1000 250 Mão dupla sem canteiro central ou com canteiro < 1,0 m 600 250

Mão dupla com canteiro central > 1,0 m 1000 250

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CONCLUSÃO

Os deslocamentos diários são intrinsecos ao ser humano para exercer suas

atividades, que envolvem o caminhar. Esses deslocamentos podem ser exclusivamente

a pé ou complementar a outro meios de locomoção. Apesar da sua importância nem

sempre é considerado com o status de outros modos de transporte.

O comportamento dos pedestre varia com suas características, com o ambiente

de circulação e com o motivo da viagem.

Do ponto de vista da sustentabilidade, o incentivo ao modal a pé se destaca

através de bons projetos urbanos de valorização do espaço público. Nesse cenário,

atingem-se quase a totalidade da população, independente de renda, condição física e

da idade. Atenção especial deverá ser dada aos portadores de deficiencias, reforçando

a sua inclusão social.

Ciente da importãncia e abrangência do caminhar, o Ministério das Cidades

recomenda diretrizes de políticas públicas para o fomento do modal a pé.

Para o incentivo desse modo, deve-se ter bom desenho urbano, com calçadas

bem projetadas que atendam o fluxo de pedestres do local, demarque a área de serviço

com seu mobiliário urbano e arborização.

As travessias de pedestres deverão ser demarcadas através de critérios

técnicos, semaforizadas ou não, e poderá conter implementos que a tornem mais

seguras e modernas, de modo a minimizar o máximo possível os acidentes.

Esse trabalho procura trazer uma contribuição na área proposta, elecando os

principais pontos a serem considerados nos estudos que envolvam os projetos urbanos

de transporte e o pedestre.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMARIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Os Pedestres e sua contextualização no modo de

transporte

10

1.1 - Caracterização das viagens a pé 10

1.2 - Caracterização do pedestre 13

1.3 - Fatores que interferem na escolha do modal a pé e na escolha do

trajeto

19

CAPÍTULO II - O ambiente urbano sustentável e suas políticas de

mobilidade

23

2.1 - Ambiente urbano sustentável 23

2.2 - Políticas de mobilidade 25

CAPÍTULO III - Componentes viários do modo a pé 31

3.1 - Desenho urbano visando o pedestre 31

3.2 - Componentes viários do modo a pé 32

3.2.1 - Características de uma calçada ideal 33

3.2.2 - Calçadas com características de atendimento aos portadores de

necessidades especiais – PEEL

40

3.3 - As travessias de pedestres 41

3.3.1 - Recomendações para a implantação de dispositivos para travessia

de pedestres

43

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 49

ÍNDICE 53