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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS EM CLASSES REGULARES Por: Luciana Santos de Almeida Orientador Profª. Flavia Cavalcanti Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE

INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS EM CLASSES REGULARES

Por: Luciana Santos de Almeida

Orientador

Profª. Flavia Cavalcanti

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE

INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS EM CLASSES REGULARES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Orientação Educacional e

Pedagógica.

Por: . Luciana Santos de Almeida

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por iluminar meu caminho, me auxiliar na fraqueza e segurar minha

mão para seguir em frente.

Aos meus pais Luiz Antônio e Jaciara, que me deram a vida e me ensinaram a

vivê-la com dignidade.

A minha irmã Luciene, pela confiança e apoio.

As minhas amigas e amigos, que muito contribuíram para meu crescimento e

não cessaram em me ajudar nesta caminhada.

A todos que entenderam minhas ausências, aceitaram minhas omissões,

compartilharam de minhas lágrimas e sorrisos, divido agora, o mérito desta

conquista.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que

buscam, mesmo nas menores coisas,

motivos para continuar na luta por

vitórias.

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RESUMO

A Orientação Educacional em integração com os demais atores da

comunidade escolar, desempenha ações efetivamente relevantes no que diz

respeito a este âmbito, sendo responsável por transformações no processo de

ensino e aprendizagem dos alunos, por meio do desenvolvimento de

planejamentos e ações específicas para tal fim. É imprescindível que o

Orientador Educacional realize atualizações constantes a respeito de sua

prática a fim de realizar plenamente suas atribuições. Neste sentido, o

presente trabalho aborda o estudo acerca da atuação do Orientador

Educacional junto ao corpo docente para garantir o processo de inclusão e

qualidade do desenvolvimento cognitivo de alunos com necessidades

educacionais especiais em classes regulares de ensino.

Palavras-chave: Orientação Educacional, inclusão, docência.

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METODOLOGIA

O trabalho visa um estudo de base qualitativa com análises bibliográficas

relativas ao assunto tratado. Para tanto, serão utilizados autores que

corroboram positivamente para a efetivação deste estudo, tais como: Brandão,

Grinspun, Mantoan, entre outros, que servirão como fontes significativas para a

fundamentação teórica e, consequentemente, a efetivação deste.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Breve história e conceito da Orientação Educacional 11

CAPÍTULO II

Conceito de Inclusão e o papel do orientador

em relação à educação inclusiva 18

CAPÍTULO III

O papel do Orientador Educacional em integração

ao corpo docente no processo de inclusão 27

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 36

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 40

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INTRODUÇÃO

A Orientação Educacional não surgiu ao acaso, mas é fruto de um contexto

histórico marcado por transformações diversas que ocorreram conforme o

período no qual perpassava, bem como a ideologia característica da época. O

caminho percorrido pela Orientação Educacional junto à educação foi

apontado por fatos e paradigmas próprios de cada momento, onde as ações

acompanhavam os princípios do período.

Nessa perspectiva, destacaram-se alguns períodos por quais passou a

Orientação Educacional até alcançar conceitos e características que são

apresentados atualmente.

O período Implementador (1920-1941) é caracterizado pela evidência quanto à

escolha profissional, seus objetivos centravam-se no indivíduo e na sua

formação integral da personalidade; o período Institucional (1942-1960), foi

marcado pelas questões morais dos indivíduos, onde havia uma existência

legal nas instituições escolares quanto à prevenção dos desvios de conduta; o

período Transformador (1961-1970), focava no preparo do indivíduo para o

treinamento de escolhas básicas. Nesse período, houve ainda a criação da

profissão de Orientadores Educacionais (1968); o período Disciplinador (1971-

1980), foi caracterizado por um caráter mais psicológico, já que propunha a

orientação obrigatória nos estabelecimentos de ensino com aconselhamento

vocacional, cujo papel era disciplinar os passos que os estudantes deveriam

seguir; o período Questionador (década de 80), abarcou uma preocupação

acerca de práticas que pudessem colaborar de maneira significativa para

ações educativas e transformadoras; o período Orientador (a partir da década

de 90), pauta-se na ideia da constituição do indivíduo enquanto cidadão, onde

os valores são questões relevantes, bem como a recuperação de uma

educação qualificada e a busca pelo conhecimento da realidade com o objetivo

de torná-la mais justa.

Em meio às várias transformações por quais passou (e ainda passa) a

Orientação Educacional, é relevante salientar que para a mesma, torna-se

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imprescindível o conhecimento do campo de atuação, a realidade circundante,

principalmente em se tratando do estudante em consonância ao seu

desenvolvimento.

Para tanto, Grinspun (2001, p.29) reforça que

O papel do Orientador Educacional na dimensão contextualizada diz respeito, basicamente, ao estudo da realidade do aluno, trazendo-a para dentro da escola, no sentido da melhor promoção do seu desenvolvimento (GRINSPUN, 2001, p.29)

O Orientador Educacional, por ser um dos elementos fundamentais na

comunidade escolar devido a sua função de assegurar a aprendizagem do

educando, pode trabalhar de maneira integrada ao corpo docente, por meio de

investigações de problemas que possam prejudicar a qualidade cognitiva de

alunos com necessidades educacionais especiais incluídos em classes

regulares, por meio de planejamentos e ações que busquem solucionar tais

entraves, aprimorando o entendimento sobre o processo de inclusão, bem

como qualificando o processo de ensino e aprendizagem.

Neste sentido, a atuação da Orientação Educacional envolve práticas que

abarcam questões objetivas e subjetivas que concernem à educação, inclusive

as transformações que vêm ocorrendo no que diz respeito às políticas de

Educação Inclusiva, com o papel de redefinir ações que corroborem para o

atendimento de qualidade a esta demanda escolar.

Deste modo, este estudo justifica-se pela necessidade de aprimorar

conhecimentos que fomentem a busca de qualidade no ensino de alunos

incluídos em classes regulares com apoio e planejamento da Orientação

Educacional. Possui ainda, a intenção de colaborar como fonte para outras

pesquisas que sigam a mesma linha desta, com fins de aprimorar cada vez

mais as ações que envolvem o trabalho do Orientador Educacional em

concomitância com o desenvolvimento cognitivo de alunos com necessidades

educacionais especiais que se encontram em classes regulares.

Desta forma, este objetiva analisar a atuação do Orientador Educacional junto

ao corpo docente para garantir o processo de inclusão e qualidade do

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desenvolvimento cognitivo de alunos com necessidades educacionais

especiais em classes regulares de ensino, além de conceituar a Orientação

Educacional, primando compreender efetivamente suas ações, bem como

compreender o conceito de inclusão e a atuação do Orientador Educacional no

que diz respeito à Educação Inclusiva. Objetiva-se ainda, analisar o papel do

Orientador Educacional em integração ao corpo docente no processo de

inclusão e qualidade do ensino e aprendizagem dos educandos.

Como metodologia, buscou-se o estudo bibliográfico com base qualitativa,

tendo como principais fontes os autores Brandão (2005), Frangella (2009),

Grinspun (2001), entre outros.

O primeiro capítulo discorrerá acerca de um breve histórico e do conceito da

Orientação Educacional para que se entenda de modo bem simples as

transformações ocorridas na Orientação Educacional desde seu surgimento

até a contemporaneidade.

O segundo capítulo é marcado pelo conceito de inclusão e o papel do

orientador em relação à educação inclusiva, para que se possa compreender a

importância do Orientador Educacional para o processo de inclusão de alunos

com necessidades educacionais especiais em classes regulares, visto que o

orientador é um elo entre docente e discente, que pode desenvolver projetos

junto à comunidade escolar que possam diluir conflitos, que por ventura surjam

durante o processo de inclusão, bem como nos aspectos referentes à

aprendizagem qualificada no aluno incluído.

O terceiro capítulo denota o papel do Orientador Educacional em integração ao

corpo docente no processo de inclusão. Este capítulo mostra a necessidade

que existe de o orientador desenvolver ações que promovam a formação

continuada do professor que trabalha com as questões que envolvem a

inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, principalmente

no sentido de evitar práticas que apresentem características de exclusão.

Na conclusão serão retomados alguns aspectos tratados no decorrer do

trabalho com o propósito de dar destaque a pontos específicos que corroborem

o estudo desenvolvido.

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CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO E CONCEITO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

O entendimento acerca da Orientação Educacional e seu surgimento percorreu

uma trajetória marcada por ideologias diversas no decorrer do tempo. Cada

período histórico demarcava características que influenciavam sobremaneira a

compreensão sobre a prática do Orientador Educacional.

Inicialmente, tal prática era atrelada aos aspectos relacionados à vocação

profissional, neste sentido, a psicologia se portava como um suporte para a

realização de técnicas que fomentassem o aconselhamento para a escolha de

uma profissão, e também, para embasar uma ação de cunho terapêutico, que

se pautava na correção de alunos considerados problemáticos, sem tampouco

se buscar o entendimento a respeito do motivo e/ou surgimento do problema.

1.1 – E no Brasil, como se deu a Orientação Educacional?

No Brasil, a Orientação Educacional teve início na década de 1920 em São

Paulo, no Liceu de Artes e Ofícios, sendo originada pelo engenheiro Suíço

Roberto Mangue. As ações do orientador eram pautadas na técnica de seleção

e aconselhamento profissional no curso de mecânica. Esta prática foi

basicamente influenciada pela orientação que era realizada nos Estados

Unidos e na França.

Os estudos realizados por Grinspun (1992) apud Frangella (2009), confirmam

este surgimento da Orientação Educacional, visto o relato a seguir:

Até a década de 1920, a Orientação Educacional no Brasil constituía-se de atividades esparsas e isoladas, em que fazia presente o cunho de aconselhamento, ligado a uma moral religiosa. A partir da década de 1920, com o desenvolvimento urbano-industrial, houve a necessidade de formação para essa nova realidade de trabalho. O ensino profissional foi sendo implementado e, com ele, a Orientação Educacional, serviço

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que poderia adotar uma linha de aconselhamento vocacional. (FRANGELLA, 2009, p.1)

1.1.1 Períodos da Orientação Educacional

De acordo com Grinspun (2008) a compreensão acerca da Orientação

Educacional, bem como o próprio entendimento a respeito de seu conceito se

deu por meio de períodos que apresentaram especificidades de acordo com a

ideologia que se destacava na época. Tais períodos eram denominados:

Implementador, Institucional, Transformador, Disciplinador, Questionador e

Orientador.

O período Implementador (1920-1941) é caracterizado pela evidência quanto à

escolha profissional, seus objetivos centravam-se no indivíduo e na sua

formação integral da personalidade. Neste período, a ideia de Orientação

Educacional era influenciada por técnicas importadas dos Estados Unidos com

as chamadas técnicas psicométricas, entretanto, na realidade do Brasil essas

práticas não foram tão bem sucedidas.

A Orientação Educacional Métrico-profisional, conforme conceituação nesse período estava intimamente relacionada com as oportunidades profissionais existentes na sociedade brasileira e contribuía, com empenho, para o desenvolvimento do modelo socioeconômico existente, adequando, da melhor forma possível, o jovem estudante às profissões disponíveis. (BONFIM,1981, p.21)

O período Institucional (1942-1960), foi marcado pelas questões morais dos

indivíduos, onde havia uma existência legal nas instituições escolares quanto à

prevenção dos desvios de conduta. Este período, caracterizou-se pelo

surgimento da Orientação Educacional na legislação do Brasil. Neste sentido,

buscava-se ainda a integralização do desenvolvimento da personalidade do

educando, bem como o seu amoldamento pessoal, escolar e social.

O período Transformador (1961-1970), focava no preparo do indivíduo para o

treinamento de escolhas básicas. A intenção deste período também abarcava

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a adequação da Orientação Educacional não mais embasada por

metodologias internacionais, mas sim voltada para a realidade do Brasil.

Nesse momento, a Orientação Educacional é caracterizada como educativa na

Lei 4024 de 1961, que propunha um campo específico para a Orientação

Educacional com normas para a formação deste profissional. Desta forma,

ganham maior dimensão os eventos da classe, apresentados em seminários,

encontros e congressos. Outro fato marcante deste período é a Lei 5.562 e a

criação da Federação Nacional de Orientadores Educacionais (1968), além do

Curso de Pedagogia oferecendo diferentes habilitações, entre elas a

Orientação Educacional.

Em 1968, surge a Lei 5.564, que provê o exercício da profissão do orientador, é confirmada a linha psicológica e a função preventiva da orientação, linha que já aparecia na definição do currículo do curso de formação (Parecer 347/62) em que, de nove disciplinas, quatro estavam ligadas à área de psicologia. (GARCIA,1995, p.18)

O período Disciplinador (1971-1980), foi caracterizado por um caráter mais

psicológico, já que propunha a orientação obrigatória nos estabelecimentos de

ensino com aconselhamento vocacional, cujo papel era disciplinar os passos

que os estudantes deveriam seguir, principalmente por determinação da Lei de

Diretrizes e Bases (LDB) 5692/71.

(K) A orientação estava dentro da escola e não se deu conta do seu papel. Aliás, assumiu, em alguns momentos, uma ingenuidade pedagógica, ouvindo, muitas vezes calada, as críticas às suas atividades, como sendo responsável pela fragmentação do trabalho escolar, como não resolvendo todos os conflitos que a própria escola não dava conta de resolver. (GRINSPUN,1994, p. 20).

O Decreto 72.846, de 26.09.1973 é o que regulamenta a Lei que trata do

exercício da profissão e vai disciplinar os passos que deverão ser seguidos,

por isso, Lei disciplinadora.

O período Questionador (década de 80), abarcou uma preocupação acerca de

práticas que pudessem colaborar de maneira significativa para ações

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educativas e transformadoras,ou seja, buscavam-se reflexões que pudessem

esclarecer o papel real do Orientador Educacional de forma crítica.

Neste período as organizações sindicais também mostravam força, já que

havia preocupação em relação à função do orientador, bem como a sua

relação com os demais profissionais da área de educação, já que se pensava

em uma escola democrática e de qualidade. Tais sindicatos, objetivavam por

meio de discussões desvelarem o compromisso pedagógico e político deste

profissional, sendo concomitantes às transformações que ocorriam na

sociedade. Pregava-se um pensamento no qual, a educação seria entendida

como um ato político, uma instituição que está intrinsecamente ligada aos

fatores sociais.

Este foi um momento no qual a participação da Orientação Educacional se

mostrava mais concreta em termos de planejamento escolar, onde se

procurava discutir procedimentos, estratégias e critérios de avaliação que

fossem volvidos aos alunos.

O período Orientador (a partir da década de 90), pauta-se na ideia da

constituição do indivíduo enquanto cidadão, onde os valores são questões

relevantes, bem como a recuperação de uma educação qualificada e a busca

pelo conhecimento da realidade com o objetivo de torná-la mais justa.

Mas também, de acordo com Grinspun (1994), foi um período de dúvidas e

muitas perguntas, visto que não havia certeza a respeito do que a nova LDB

apresentaria em seu texto sobre o Orientador Educacional. Entretanto, as

dúvidas cessaram quando com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB 9394/96), em seu artigo 64, diz que :

A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIL,1996)

Neste período, houve a extinção da FENOE (Federação Nacional de

Orientação Educacional). Esta Federação foi bastante relevante em termos de

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representatividade dos Orientadores Educacionais, porém sofreu extinção na

década de 90, o que sucedeu o enfraquecimento da categoria.

O pensamento agora é centrado no aluno como núcleo do processo

educacional, neste sentido, ficaria mais forte a distinção entre “alunos

problema” e “problema dos alunos”, onde a Orientação Educacional abarcaria

um trabalho pautado em valores e mobilização para o conhecimento.

Outros pontos que merecem destaque a partir deste período são a busca de

uma cultura escolar, a construção de um homem mais crítico, participativo e

consciente de seus direitos e deveres, a promoção do desenvolvimento da

linguagem dos alunos por meio do estabelecimento do diálogo, o trabalho com

a afetividade e a cognição como características interligadas ao indivíduo e o

trabalho com o entendimento do homem como um ser em constante formação.

1.2 Compreendendo a Orientação Educacional

Primeiramente, é relevante esclarecer diferenciações entre alguns profissionais

da área educativa que, de modo frequente, são atrelados ao Orientador

Educacional, estes são: coordenador pedagógico, o professor e o diretor.

O coordenador é aquele que fornece condições para que o docente realize a

sua função da maneira mais satisfatória possível; o professor cuida da

especificidade de sua área do conhecimento e o diretor ou gestor administra a

escola como um todo. Já o Orientador Educacional cuida da formação de seu

aluno, para a escola e para a vida, é um dos profissionais da equipe de gestão

que trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento

pessoal.

É importante salientar que a parceria do Orientador Educacional com os

professores é extremamente relevante para que haja a compreensão acerca

do comportamento dos estudantes, visando ações adequadas em relação aos

mesmos. É primordial o entrosamento deste profissional com a escola, no que

compete à organização e realização da proposta pedagógica; e com a

comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis.

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Neste sentido, é possível também refletir sobre o conceito de Orientação

Educacional pelas palavras de Giacaglia (1997) quando diz que:

Atualmente concebida por especialistas como um processo sistemático e contínuo, que se caracteriza por assistência profissional realizada por meio de métodos e técnicas pedagógicas e/ou psicológicas, exercida direta ou indiretamente sobre os alunos, levando-os ao conhecimento de suas características pessoais, e do ambiente sociocultural, a fim de que possam tomar decisões apropriadas às melhores perspectivas de seu desenvolvimento pessoal e social. (GIACAGLIA, 1997,p.11)

Este pensamento abordado pelo autor supracitado, vai ao encontro de um

conceito mais atualizado em relação ao Orientador Educacional porque enfoca

a formação do aluno crítico, capaz de realizar reflexões, participar e entender o

seu papel enquanto sujeito social.

Neste contexto, Grinspun (2001) aponta que:

A orientação, hoje está mobilizada com outros fatores que não apenas e unicamente cuidar e ajudar os “alunos com problemas”. Há, portanto necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação voltada para a construção de um cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo e sua gente. (GRINSPUN, 2001, p.13)

Ainda no âmbito da reflexão acerca do conceito de Orientação Educacional,

Placco (1994) traz uma abordagem na qual, o orientador porta-se como

otimizador da formação integral do educando, atuando de modo

compromissado na dinâmica escolar em prol da ampliação do estudante sobre

o meio no qual está inserido.

Deste modo, a Orientação Educacional se mostra como

(...) um processo social desencadeado dentro da escola, mobilizando todos os educadores que nela atuam – especialmente os professores – para que, na formação desse homem coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo de escolha por que passam, os fatores socioeconômico-políticoideológicos e éticos que o permeiam e os mecanismos por meio dos quais ele possa superar a alienação proveniente de nossa organização social, tornando-

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se, assim, um elemento consciente e atuante dentro da organização social, contribuindo para sua transformação. (PLACCO,1994, p. 30)

Deste modo, o conceito da Orientação Educacional ronda questões

concernentes à possibilidade de realizar um trabalho no qual o aluno possa

se desenvolver plenamente, em meio a ações que contextualizam escola,

família e comunidade.

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CAPÍTULO II

CONCEITO DE INCLUSÃO E O PAPEL DO ORIENTADOR EM RELAÇÃO

À EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Ao longo dos anos, têm-se realizado diversos estudos que se justificam na

tentativa de alicerçar o melhor entendimento acerca da inclusão e como esta

se dá socialmente. Quando se faz referência à escola, é possível pensar na

dificuldade que existe para que a inclusão ocorra efetivamente, pois a escola

trata-se de uma instituição na qual, a diversidade é alavancada

frequentemente, bem como as várias formas de expressão cultural. Isto

denota a necessidade do “saber lidar” com esta multiplicidade que constitui o

território escolar.

Vive-se um momento onde os novos tempos precisam ser acompanhados e as

diferenças necessitam ser melhor compreendidas em uma perspectiva de uma

realidade mais justa. Neste sentido, a escola, como auxiliar na formação de

opiniões dos sujeitos, precisa contribuir efetivamente para a ampliação de

pensamentos, informações e conhecimentos que inculquem no indivíduo, não

um pensamento excludente e discriminatório, mas sim, um pensamento que

fomente a criticidade, onde os sujeitos possam compreender-se em suas

especificidades de maneira analítica e respeitosa, visando formações cidadãs.

Entender a inclusão na perspectiva escolar remete a pensamentos sobre

questões que demandem ações estruturadas que atendam as particularidades

dos alunos no processo educacional, no qual a aprendizagem se constitua sob

diferentes maneiras, mas se mostrando participativa e significativa para o

educando.

2.1 E o conceito de inclusão?

O conceito de inclusão propõe reflexões que perpassam por diversos âmbitos,

tais como: a adaptação, a reconfiguração, mudança de paradigmas,

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dimensões pedagógica e legal, sociedade, lugar comum e quebra de

preconceitos. É pensar em possibilidades para todos de modo justo e flexível.

Neste sentido, o termo inclusão pode ser entendido como uma transformação

que a sociedade realiza para poder abarcar em seus sistemas sociais, pessoas

consideradas “diferentes” do que é julgado como “normal” de maneira geral.

Entretanto, toda essa dinâmica de inclusão perpassa por respaldos legais que

implicam na resolução de problemas em vistas de pensar sobre oportunidades

coletivas de maneira equânime.

Contudo, é importante ressaltar que a dinâmica que envolve o processo de

inclusão não se apresenta de maneira limitada, pelo contrário, não bastam

apenas serem considerados os campos pedagógico e legal, mas também todo

o contexto no qual está imersa uma sociedade que se aspira inclusiva.

Em se tratando do âmbito da escola, é importante que o sistema educacional

assuma posições políticas que transformem o modo relacional dentro das

instituições escolares, onde cada componente da comunidade escolar realize

reflexões que sejam voltadas para o coletivo, fazendo com que todos se sintam

responsáveis pelo acontecimento da educação inclusiva, de maneira

consciente.

É interessante salientar algumas especificidades que por vezes se confundem

quando se fala em educação inclusiva e inclusão escolar. Para Sassaki (1998),

Educação inclusiva é o processo que ocorre em escolas de qualquer nível preparadas para propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos independentemente de seus atributos pessoais, inteligências, estilos de aprendizagem e necessidades comuns ou especiais. A inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola comum tradicional é modificada para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de propiciar-lhe uma educação de qualidade. Na inclusão, as pessoas com deficiência estudam na escola que frequentariam se não fossem deficientes (SASSAKI, 1998, p. 8).

Segundo a fala do autor supracitado, a inclusão escolar se porta como um

grande desafio porque demonstra de modo ampliado a necessidade de

qualificação que deve haver no processo educativo, possibilitando neste

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sentido, o direito de estudantes especiais ou não, de desempenharem e

desfrutarem de uma educação de qualidade.

Mantoan (2003), aponta que a educação no contexto da inclusão, está

relacionada à revisão de antigos paradigmas e preconceitos, ou seja, aponta

para uma transformação no modelo educacional. Porém, é um tipo de

mudança que exige a participação de todos os profissionais envolvidos

processo educativo, para que estes se permitam mudar, aprender e ensinar

nesta conjuntura de inclusão, caso contrário, tudo não passará apenas por

discursos quiméricos.

Em se tratando do item legal, alguns documentos se destacam para o

favorecimento do conhecimento que ronda a relação entre inclusão e

educação, tais como, a Constituição Federal de 1988, a Declaração Universal

dos Direitos Humanos, a Declaração de Salamanca, as Diretrizes Nacionais

para a Educação Especial na Educação Básica, entre outros, com o propósito

de esclarecer o processo de inclusão especificamente dentro da educação, a

chamada educação inclusiva.

Na Constituição Federal, entre seus vários objetivos, destaca-se o de

“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade

e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV). Além disso,

define no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno

desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o

trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de

acesso e permanência na escola”, como um dos princípios para o ensino e

garante como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional

especializado, preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL, 1988).

Como forma de aprofundar um pouco mais o entendimento acerca do que traz

a Constituição Federal em prol da educação no que concerne aos portadores

de algum tipo de deficiência, Prieto (2002), ressalta que:

Com a promulgação da Constituição Federal em 1988 (CF/88), ficou inscrito na legislação maior do país o direito dos portadores de deficiência à educação. Além disso, deve se dar

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preferencialmente na rede regular de ensino e deve ser garantido o atendimento educacional especializado (art.201, inciso III da CF/88) (PRIETO, 2002, p.7)

Neste sentido, o pensamento do autor supracitado já denotava um tipo de

educação mais particularizado no interior das instituições regulares de ensino

com base no que foi estabelecido na Constituição Federal (1988). Isto é, um

tipo de educação e ensino mais específico referente às necessidades

individuais de aprendizagem dos alunos.

A Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA), estabelece, no capítulo IV, no artigo 53, do

direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, onde:

[...] a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho assegurando-lhes igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola. (BRASIL, 1990, p. 22).

A Declaração de Salamanca (1994) definiu a construção de um sistema

educacional inclusivo, especificamente no que diz respeito a estudantes com

deficiência. Entretanto, para a educação o conceito de inclusão ainda se

mostra como um desafio para que seja concretizado em sua plenitude, visto

que o estabelecimento do direito à educação precisa ser compreendido como

um direito para todos e não apenas para as pessoas que apresentam

necessidades educacionais especiais.

Ainda sobre a Declaração de Salamanca, esta propõe que:

[...] as pessoas com necessidades especiais devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capazes de atender a essas necessidades. (UNESCO, 1994, p. 10).

Neste sentido, quando o Brasil assina esta Declaração, há deste modo, o

comprometimento em alcançar as propostas estabelecidas, entre elas, a de

tornar inclusivos os sistemas educacionais.

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No que concerne a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei

nº. 9394/96), ficou estabelecido, entre outros princípios, a "igualdade de

condições para o acesso e permanência na escola" e recomendou que a

educação para "os alunos com necessidades especiais” ocorra,

preferencialmente, na rede regular de ensino. (BRASIL, 1996).

Com base nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação

Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determina que: “Os

sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas

organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades especiais,

assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para

todos”. (BRASIL, 2001).

Com vistas a transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais

baseados nos preceitos da inclusão, em 2003, o Ministério da Educação cria o

Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, promovido pela Secretaria

de Educação Especial (SEESP), cujas principais diretrizes são:

Disseminar a política de Educação Inclusiva nos municípios brasileiros e apoiar a formação de gestores e educadores para efetivar a transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos. (BRASIL, 2006, p.1)

Este Programa, apresenta como princípio fundamental “a garantia do direito

dos alunos com necessidades educacionais especiais de acesso e

permanência, com qualidade, nas escolas da rede regular de ensino” (BRASIL,

2006, p.1)

No ano de 2004, o Ministério Público Federal proclama o documento “O

Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede

Regular”, cujo objetivo era de difundir as diretrizes e conceitos mundiais para a

inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da escolarização nas turmas

comuns do ensino regular, de alunos com e sem deficiência. (BRASIL, 2004)

Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE,

reafirmado pela Agenda Social, tendo como eixos a formação de professores

para a educação especial, a implantação de salas de recursos multifuncionais,

a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso e a permanência

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das pessoas com deficiência na educação superior e o monitoramento do

acesso à escola dos favorecidos pelo Beneficio de Prestação Continuada –

BPC.

Para que o PDE fosse implantado, foi lançado o Decreto nº 6.094,

estabelecendo as diretrizes do Compromisso Todos pela Educação, garantindo

o acesso e a permanência no ensino regular e o atendimento às necessidades

educacionais especiais dos alunos (BRASIL, 2007).

O Decreto 6.571 dispõe sobre o atendimento educacional especializado,

regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro

de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de

2007, que determina a todas as crianças e jovens com necessidades especiais

que estudem na escola regular.

Nesta perspectiva legal, é preciso deixar claro que o decreto não acaba com as

instituições especializadas no ensino de pessoas com necessidades especiais,

mas passam a auxiliar a escola regular, firmando parcerias para oferecer

atendimento especializado no período oposto.

Neste sentido, ainda com a criação de todos esses documentos de base legal,

a efetivação da inclusão e educação inclusiva continua a enfrentar barreiras,

no que concerne à sua plenitude.

2.2 O papel do Orientador Educacional

É correto pensar que à Orientação Educacional, cabe um profissional

articulado não apenas com a comunidade escolar, mas também, com a

comunidade extraescolar, cujo intento seja a promoção e compartilhamento de

ações que vislumbrem tanto o aluno, como também, a família deste.

A Orientação Educacional precisa ser vista como uma realidade cujas

atividades não podem ser encaradas com limitação, pelo contrário, precisa ser

permeada no sentido da busca da totalidade educacional, considerando-se

tanto a subjetividade quanto a objetividade, que são inerentes no processo

educativo.

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Com base na Lei nº 5564, de 21 de dezembro de 1968, regulamentada pelo

decreto nº 72846, de 26 de setembro de 1973, os artigos 8º e 9º, determinam

com mais especificidade, em esfera nacional, as atribuições do Orientador

Educacional, que são apresentadas a seguir:

Artigo 8º - São atribuições privativas do Orientador Educacional:

• Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de:

1. Escola 2. Comunidade • Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço

de Orientação Educacional dos órgãos do serviço público Federal, Estadual, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista, Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas;

• Coordenar a Orientação Vocacional do Educando, incorporando-a no processo educativo global;

• Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando;

• Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vistas à orientação vocacional;

• Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando;

• Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial;

• Coordenar o acompanhamento pós-escolar; • Ministrar disciplinas de Teoria e Prática de Orientação

Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino;

• Supervisionar estágios na área de Orientação Educacional; • Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação

Educacional; Artigo 9º - Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições:

• Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade;

• Participar no processo de caracterização da clientela escolar; • Participar no processo de elaboração do currículo pleno da

escola; • Participar na composição, caracterização e acompanhamento de

turmas e grupos; • Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos; • Participar do processo de encaminhamento dos alunos

estagiários; • Participar no processo de integração escola-família-comunidade; • Realizar estudos e pesquisas na área da

orientação.(GIACAGLIA, PENTEADO, 2006)

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Com base nos artigos supracitados, nota-se que no Art. 8º, o Orientador

Educacional tem o papel voltado para as questões vocacionais, isto é, pautado

na orientação da escolha profissional dos estudantes. Já no Art. 9º, o papel do

Orientador Educacional é direcionado aos aspectos ligados à mediação, onde

o mesmo age como facilitador da formação do educando.

2.3 E o papel do Orientador Educacional na inclusão?

O papel do Orientador Educacional tem conquistado transformações

relevantes que vêm sendo notadas na contemporaneidade, inclusive pela

importância deste profissional no meio escolar. Tal papel, tem sido baseado na

integração entre todos os envolvidos no processo educativo que está presente

na comunidade escolar, onde o paradigma a ser seguido está relacionado à

formação do aluno cidadão e consciente de sua ação social.

Neste sentido, torna-se relevante pensar a prática do Orientador Educacional

no processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais

em classes regulares de ensino.

Segundo as palavras de Brandão Et Al (2005), este profissional:

[...] deve cumprir seu papel de ajudar na elaboração de projetos e na concretização de ações que tornem as escolas espaços abertos para todos, onde as diferenças são valorizadas através de projetos inclusivos de educação. Espaços educativos de formação de personalidades humanas independentes, dotadas de consciência crítica. Locais onde os alunos aprendam a serem pessoas responsáveis e comprometidas com o mundo no qual vivem. Ambientes educativos onde se aprenda a valorizar as diferenças pela convivência entre as pessoas, pelo exemplo dos educadores, pelo ensino que acontece nas salas de aula, pelas relações sócio-afetivas que ali se estabelecem. São contextos educacionais em que todos os educandos têm a oportunidade de aprender e se desenvolver na interação com outros educandos. (BRANDÃO,2005, p.3)

Com base na exposição acima, é possível denotar que compete ao Orientador

Educacional a mediação nos processos relacionais que se dão na conjuntura

escolar, de modo a corroborar o atendimento das distinções dos estudantes,

onde se objetive uma educação inclusiva e plenamente qualificada.

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Em se tratando de inclusão, este profissional precisa se portar como um

facilitador dos processos de aprendizagem , bem como um estimulador do

trabalho pedagógico que integre a escola e a família do educando. Porém, com

o entendimento de que incluir não se trata de inserir simplesmente o aluno com

necessidades educacionais especiais em uma classe regular, vai muito além.

Visa explorar de modo consciente e coerente as possibilidades que cada

estudante apresenta.

Deste modo, o papel do Orientador Educacional no que diz respeito à inclusão,

precisa estar calcado na promoção de articulações necessárias para um

modelo educativo livre de preconceitos, mais justo, democrático e solidário,

onde as diferenças sejam cada vez mais valorizadas como forma de

desenvolvimento individual e coletivo.

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CAPÍTULO III

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL EM INTEGRAÇÃO AO CORPO

DOCENTE NO PROCESSO DE INCLUSÃO

Realizar um bom trabalho no processo de ensino e aprendizagem em uma

perspectiva de educação inclusiva não é tarefa fácil, muito menos simples de

ser realizada, já que necessita de profissionais capacitados, motivados e

dinâmicos para tal realidade.

Em um contexto de inclusão, o docente realiza um papel extremamente

relevante, principalmente porque precisa concatenar as diferenças como

elementos potencializadores para a constituição de novas maneiras de ensinar

e aprender.

É imprescindível que a formação dos professores seja enfatizada entre as

demandas que fomentem o aprofundamento do processo de inclusão. Neste

caso, torna-se indispensável uma participação mais qualificada dos

educadores para o avanço da educação, no que concerne à inclusão. Muitas

vezes, a falta de qualificação dos professores amplia os obstáculos para a

educação inclusiva, o qual tem como efeito o estranhamento do educador com

aquele sujeito que não está de acordo com “os padrões de ensino e

aprendizagem” da escola.

Faz-se necessário também, que o docente tenha conhecimento sobre o

conceito abrange as necessidades educacionais e as compreenda, para que

sua proposta educacional seja condizente não apenas com a sua realidade de

trabalho, como também com os discentes em questão.

A instituição escola possui também grande representatividade no que diz

respeito à aprendizagem e facilitação da inclusão, fornecendo materiais

didáticos adaptados e cursos aos educadores com a finalidade de conhecer

novas práticas de ensino e adaptação no currículo escolar. Entretanto é

relevante ressaltar que:

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um

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trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso, é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência (...). Práticas de formação que tomem como referência as dimensões coletivas, contribuem para a emancipação profissional e para a consolidação de uma profissão que é autônoma na produção dos seus saberes e dos seus valores. (NÓVOA, 1995, p.25)

Por este motivo, para realizar ações qualificadas, o professor necessita de

capacitação profissional, além de um trabalho voltado para a integração com

outros profissionais da comunidade escolar com vistas a aprimorar as

atividades que contemplam a sua função.

3.1 O que são as Necessidades Educacionais?

A terminação necessidade educacional, teve início nos anos de 1960 e no

espaço acadêmico, era entendida como uma forma de diferenciar as pessoas

que apresentam alguma forma de atraso na maturação necessária para iniciar

algum tipo de atividade, seja ela física, motora, sensorial, linguística ou altas

habilidades que é o caso dos alunos superdotados.

Neste sentido, será apresentada uma breve divisão a respeito das dificuldades

possíveis de aprendizado de acordo com COLL, MARCHESHI, PALACIOS e

COLABORADORES (2004). Estas podem ser agrupadas em: Generalizadas,

Graves, Inespecíficas e Intermediárias.

As Generalizadas afetam todos os tipos de aprendizagem, seja no âmbito

escolar ou não.

As dificuldades Graves afetam vários campos no desenvolvimento do

indivíduo, entre eles: os motores, os linguísticos e os conectivos. Estes tipos de

afeto podem ser causados por lesão ou dano cerebral adquirido durante a vida

ou durante o desenvolvimento embrionário, ou mesmo fruto de algum tipo de

alteração genética, que podem ser classificadas como permanentes, pois o

prognóstico a este tipo de dificuldade é muito pouco favorável já que não se

pode fazer muita coisa para reverter o dano inicial causado pelo trauma ou má

formação na área cerebral.

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No caso das Inespecíficas, não há nenhuma razão intelectual que as justifique,

ao contrário, a causa pode ser instrucional e/ou ambiental com uma influência

especial sobre variáveis pessoais, tais como a motivação.

As Intermediárias caracterizam-se como específicas, porque afetam de modo

especifico determinadas aprendizagens escolares, como a leitura, a escrita ou

a matemática, estas ainda são consideradas leves por não implicar em

deterioração intelectual, os aspectos psicológicos afetados são poucos, como

por exemplo, o desenvolvimento fonológico, ou a atenção sustentada, ou a

memória de trabalho, e suas consequências podem ser solucionadas mediante

intervenção psicopedagógica oportuna e eficaz.

Desta forma, denota-se que o docente precisa desencadear atitudes que lhe

permitam atuar na nova realidade complexa de ensino, a partir de políticas

públicas voltadas para ações mais inclusivas e coerentes com o modo de

desenvolver a aprendizagem com o aluno.

3.2 Neste caso, onde atua o Orientador Educacional?

O docente não opera de maneira isolada, pelo contrário, para realizar um

trabalho efetivo na realidade da educação inclusiva, o mesmo necessita da

oferta de condições para entender o amplo leque de realidades sócio culturais

que fazem parte do cotidiano dos alunos com necessidades educacionais

especiais. Tal entendimento, está relacionado à aceitação das diversidades

que apresenta a clientela de alunos com estas necessidades, bem como o

aprofundamento da produção de oferta de condições que favoreçam o

desenvolvimento dos caminhos percorridos para a aprendizagem dos mesmos.

Neste sentido, o Orientador Educacional recebe destaque por ser o

responsável por auxiliar o docente no que diz respeito à realização de seu

trabalho, fomentando discussões e reflexões sobre a sua prática.

Para tanto, de acordo com o Ministério da Educação, o Orientador Educacional

deve auxiliar o docente a

Orientar e mediar o ensino para a aprendizagem dos alunos; responsabilizar-se pelo sucesso da aprendizagem dos alunos;

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assumir e saber lidar com a diversidade existente entre os alunos; incentivar atividades de enriquecimento curricular; elaborar e executar projetos para desenvolver conteúdos curriculares; utilizar novas metodologias, estratégias e material de apoio; desenvolver hábitos de colaboração e trabalho em equipe. (BRASIL, 2000)

É relevante que o Orientador Educacional estimule também ações coletivas,

visto que a própria instituição escolar apresenta como função social a busca

por melhores maneiras de fazer acontecer a educação inclusiva. Sendo assim,

a respeito de ação coletiva, Luck (2003) aponta que:

A complexidade do processo de ensino depende, para seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, de ações coletivas de espírito de equipe, devendo ser esse o grande desafio da gestão educacional. E é nesse sentido que se caracteriza essa gestão: na mobilização do trabalho humano, coletivamente organizado para a promoção de experiências significativas de aprendizagem. (LUCK, 2003, p.82)

O Orientador Educacional tem grande relevância nas práticas que visam o

atendimento educacional especializado e, ainda, no auxílio ao docente quanto

à viabilização do processo de ensino aprendizagem do aluno com

necessidades educacionais especiais. Tal auxílio oferecido pelo Orientador

Educacional parte do pressuposto de que o atendimento especializado possui

especificidades que se diferenciam das atividades comuns realizadas no

âmbito da sala de aula. Estas, visam a autonomia e independência destes

alunos tanto no espaço escolar como fora dele.

Para apresentar uma reflexão a respeito do Orientador Educacional, no que se

refere aos seus limites e possibilidades de atuação, Carvalho (2008) denota o

seguinte:

O fazer do orientador educacional implica ajudar – ele é um profissional de ajuda – os outros jogadores a jogarem um bom jogo (...) Mas o orientador sabe os seus momentos, compreende as deixas para a sua entrada em cena? É preciso preparar-se para saber, é preciso estudar e estudar-se para não se omitir e também não interferir demasiado. O jogo da vida é vivido/jogado através do desempenho de cada jogador nos diversos papéis que lhe couberam. O objetivo do jogo

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individual é alcançar o máximo da AUTO-CONSCIÊNCIA, através do sentir/sentir-se, do pensar/pensar-se e do fazer/fazer-se. O objetivo do jogo social é o crescimento da CONSCIÊNCIA COLETIVA de todos os seres existentes. (CARVALHO, 2008, p.122)

Neste contexto, a autora supracitada faz uma analogia entre o jogo e a vida,

denotando a importância do pensamento do Orientador a respeito de si mesmo

e sua prática no cotidiano.

3.3 De que forma o Orientador Educacional pode atuar para auxiliar o

docente?

Na tarefa de oferecer suporte ao docente no que compete à realização de um

trabalho qualificado, em prol de uma educação inclusiva, o Orientador

Educacional pode desenvolver operações diversificadas que visem a

ampliação do conhecimento constituído pelo professor, bem como da

realização do seu trabalho ao tratar de alunos com necessidades educacionais

especiais em classes regulares de ensino.

A formação docente neste caso, tem a proposta de proporcionar não apenas a

aquisição de informações, mas sobretudo, a constituição de conhecimentos,

atitudes, competências e valores que permitam aos docentes a compreensão

acerca das situações de ensino e aprendizagem com referência a uma

proposta inclusiva, tal como o pensamento voltado ao respeito à alteridade,

considerando-se diferenças individuais e coletivas, flexibilização curricular,

estilos de aprendizagem e consolidação de ações pedagógicas expressivas.

No processo de Inclusão escolar, é o Orientador Educacional que está

diretamente ligado à interação entre aluno e professor, isto possibilita o estudo

e criação de atividades inclusivas cotidianas, que auxiliem o período de

adaptação, orientando o professor para que este consiga interagir com o

estudante incluso e vice-versa.

Deste modo, torna-se necessária a criação de laços entre docente e

Orientador Educacional com vistas a promover a orientação com base no

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diálogo e troca de experiências, contornando conflitos e abrindo espaços para

a cooperação.

De acordo com Mantoan (2006), para que o trabalho desenvolvido entre o

professor e o Orientador Educacional seja pleno e significativo, faz primordial

que haja mudanças na escola, cuja transformação reflete-se em:

• Recriar o modelo educativo escolar, tendo como eixo o ensino para todos;

• Reorganizar pedagogicamente as escolas, abrindo espaços para a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico entre professores, administradores, funcionários e alunos, porque são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;

• Garantir aos alunos tempo e liberdade para aprender, bem como um ensino que não segregue e que reprove a repetência;

• Formar, aprimorar continuamente e valorizar o professor, para que tenha condições e estímulo para ensinar a turma toda sem exclusões e exceções. (MANTOAN, 2006, p.41)

O trabalho com base na articulação também se torna extremamente válido em

se tratando da atuação do Orientador Educacional em relação ao professor,

com vistas à sua formação. A ação de articular promove a apropriação de

conceitos, já que mescla elementos teóricos com as situações vivenciadas no

ambiente escolar. O trabalho de articulação é processual.

A formação do professor deve ser um processo continuo, que perpassa sua

prática com os alunos, a partir do trabalho transdisciplinar com uma equipe

permanente de apoio. É fundamental considerar e valorizar o saber de todos

os profissionais da educação no processo de inclusão. Não se trata apenas de

incluir um aluno, mas de repensar os contornos da escola e a que tipo de

Educação estes profissionais têm-se dedicado. Trata-se de desencadear um

processo coletivo que busque compreender os motivos pelos quais muitas

crianças e adolescentes também não conseguem encontrar um “lugar” na

escola.

O Orientador Educacional precisa trabalhar diretamente com o educador a

questão de mudar a forma de encarar as situações conflituosas que podem

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acontecer nas salas de aula, a fim de reverter os problemas em prol daquele

que estiver sofrendo discriminação e exclusão do contexto social-escolar.

Sendo assim, torna-se necessário salientar a relevância do comprometido do

Orientador educacional com seu trabalho e seu papel diante dos desafios

encontrados no processo de inclusão escolar e social, estando sempre num

trabalho sucessivo e conjunto com alunos e professores para dar seguimento

ao referido processo a fim de evitar práticas excludentes.

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CONCLUSÃO

O papel do Orientador Educacional tem sofrido transformações referentes aos

momentos históricos pelos quais tem passado a educação. De um profissional

antes visto apenas como um auxiliador de estudantes em suas escolhas

profissionais, atualmente é visto como um profissional que possui um papel

extremamente relevante no que se refere ao auxílio do desenvolvimento pleno

do aluno em integração com os sujeitos da comunidade escolar e a própria

comunidade na qual a escola esteja inserida.

Compreender a legislação acerca das atividades do Orientador Educacional é

uma questão relevante não apenas no sentido de reconhecer o valor que tem o

mesmo no lugar onde desenvolve o seu trabalho, como também, de tomar

ciência sobre os aspectos permitidos para que seu trabalho seja realizado de

modo legal, coerente e significativo.

O Orientador Educacional precisa conhecer o contexto socioeconômico e

cultural da comunidade, bem como a realidade social mais ampla, além de ser

um profissional da educação encarregado de desvelar as forças e contradições

presentes no cotidiano escolar e que podem interferir na aprendizagem.

A oportunização aos sujeitos e grupos sociais à cidadania também são

competência do Orientador Educacional, ainda que seja por meio de uma

formação, na qual o mercado de trabalho tome destaque. O que se torna

realmente importante é que as relações humanas sejam focadas com base no

respeito, ética e solidariedade.

Neste sentido, cabe apontar que:

A relação pedagógica não pode ser limitada às relações especificamente escolares (...) existe em toda sociedade no seu complexo, para cada indivíduo na sua relação com outros indivíduos. (MACARIELLO, 2003, p.31, apud GRAMSCI)

Este estudo oportunizou ainda o entendimento acerca da relação do

Orientador Educacional com a educação inclusiva, bem como as ações

dirigidas para tal contexto. Para tanto, foi possível compreender as

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particularidades que existem entre inclusão e educação inclusiva, bem como o

papel do Orientador Educacional nesta conjuntura. Sendo assim, foi possível

aprimorar conhecimentos sobre o conceito de necessidade educacional

especial e a formação do docente que atua com alunos que possuem estas

necessidades educacionais em salas de aula de ensino regular.

É preciso levar em consideração os aspectos formativos do professor, visto

que cabe ao Orientador proporcionar elementos que capacitem o profissional

da sala de aula para que o mesmo saiba lidar com os conflitos que, porventura,

possam surgir no ambiente escolar.

A inclusão surgiu como forma de reintegração, de conquistar aquilo que estava

à margem de alguém ou de alguma coisa, e para que funcione

adequadamente, atendendo aos interesses e necessidades dos alunos,

precisa contar com uma equipe preparada para desenvolver um trabalho sério

e comprometido.

Nos aspectos que tangem à educação inclusiva, é o Orientador Educacional

que age como mediador e integrador da escola e comunidade, professor, aluno

e família. Deste modo, fica claro que apenas inserir o estudante com

necessidades educacionais especiais em uma classe de ensino regular não

denota, de modo algum, o que precisa ser entendido como inclusão. Pelo

contrário, deve haver na própria escola todo o preparo estrutural para trabalhar

em uma concepção inclusiva, além de capacitações para os educadores e a

promoção de ambiente estimulador e propício para o desenvolvimento de

aprendizagens.

Desta forma,

A escola não pode tudo, mas pode mais. Pode acolher as diferenças. É possível fazer uma pedagogia que não tenha medo da estranheza, do diferente, do outro. A aprendizagem é destoante e heterogênea. Aprendemos coisas diferentes daquelas que nos ensinam, em tempos distintos, (...) mas a aprendizagem ocorre, sempre. Precisamos de uma pedagogia que seja uma nova forma de se relacionar com o conhecimento, com os alunos, com seus pais, com a comunidade, com os fracassos (com o fim deles), e que produza outros tipos humanos, menos dóceis e disciplinados. (ABRAMOWICZ, 1997).

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Breve história e conceito da Orientação Educacional 11

1.1 - E no Brasil, como se deu a Orientação Educacional? 11

1.1.1 - Períodos da Orientação Educacional 12

1.2. - Compreendendo a Orientação Educacional 15

CAPÍTULO II

Conceito de Inclusão e o papel do orientador em

relação à Educação Inclusiva 18

2.1 - E o conceito de inclusão? 18

2.2 - O papel do Orientador Educacional 23

2.3 – E o papel do Orientador Educacional na Inclusão? 25

CAPÍTULO III

O papel do Orientador Educacional em integração

ao corpo docente no processo de inclusão 27

3.1 - O que são Necessidades Educacionais? 28

3.2 - Neste caso, onde atua o Orientador Educacional? 29

3.3 - De que forma o Orientador Educacional

pode atuar para auxiliar o docente? 31

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CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 36

ÍNDICE 39