universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato …fora de época.o planeta pede “socorro”...

49
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM O IMPACTO DA NOVA LEI DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL Por: Lúcia Salamá Orientador Prof. Dr. Francisco Carrera Rio de Janeiro 2011

Upload: others

Post on 29-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O IMPACTO DA NOVA LEI DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

Por: Lúcia Salamá

Orientador

Prof. Dr. Francisco Carrera

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O IMPACTO DA NOVA LEI DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

Monografia apresentada como requisito para o término do Curso de Pós-Graduação em Direito Ambiental da Universidade Candido Mendes no Instituto – A vez do Mestre. Por: Lúcia Salamá

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta

caminhada. Agradeço também ao meu amigo, Wilson Santos que de forma

especial e carinhosa me deu força e coragem, me apoiando nos momentos de

dificuldades, quero agradecer também os meus familiares, que embora não

tivessem conhecimento disto, mas iluminaram de maneira especial os meus

pensamentos me levando a buscar mais conhecimentos. E não deixando de

agradecer de forma grata e grandiosa meus pais a quem eu rogo todas as

noites a minha existência.

4

....dedico à minha mãe e ao meu pai, este

in memorium

5

RESUMO

O presente trabalho aborda uma questão que, cada vez mais, vem

ganhando espaço em nossa sociedade: o manejo e o gerenciamento dos

resíduos sólidos. Neste sentido, foi feito um levantamento histórico acerca dos

resíduos desde quando o homem começou datar a sua produção aos tempos

atuais. A sociedade, até muito recentemente, não tinha noção de como a

destinação inadequada dos resíduos podia prejudicá-la, causando sérias

epidemias como a cólera e a peste negra, que dizimaram milhares de pessoas

pelo mundo. Mostram, também, as primeiras iniciativas para dar tratamento

adequado, as cidades pioneiras a instituírem leis que visavam ordenar o

destino final dos resíduos. No Brasil, por exemplo, as primeiras cidades a

tratarem acerca da questão dos resíduos sólidos foram: Salvador, Recife e Rio

de Janeiro. A cidade do Rio de Janeiro, por sua importância política e cultural,

teve uma importante contribuição para o desenvolvimento de atividades

destinadas para o tratamento dos resíduos e aponta a evolução do

saneamento e da destinação dos resíduos na cidade do Rio de Janeiro.

A evolução da questão ambiental foi, também, abordada. Como a

sociedade começou a preocupar-se com o tema na medida em que passou a

identificar significativas alterações no meio ambiente causada pelo processo de

industrialização.

Observa, da mesma forma, como a questão ambiental inseriu-se no

ordenamento jurídico brasileiro, a partir da Constituição Federal de 1988 que

inaugura uma nova tendência do direito nacional uma maior preocupação com

as questões ambientais.

Ressalta a evolução da questão dos resíduos que começou a ser tratada

na lei de saneamento básico, mesmo que de forma discreta, no entanto, a

sociedade, cada vez mais, sensibilizada pela necessidade de preservação do

meio ambiente, ansiava por uma lei que tratasse especificamente da questão.

O que aconteceu com a publicação da lei n° 12.305/2010 que institui a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, que tem seus principais pontos abordados no

presente trabalho.

Palavras-chave: Resíduos Sólidos; Gestão Ambiental; Direito Ambiental.

6

METODOLOGIA

O procedimento metodológico foi feito a partir de uma ampla pesquisa

bibliográfica e webilografica.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8

CAPITULO I - RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................................... 13

1.1 – Antecedentes históricos ..................................................................................... 13

1.2 – A agricultura ...................................................................................................... 13

1.3 – O crescimento urbano ........................................................................................ 14

1.4 – O lixo e a limpeza .............................................................................................. 15

1.5 – Estabelecimento do gerenciamento de resíduos ................................................ 16

1.6 – O Desenvolvimento urbano no Brasil ................................................................ 17

1.7 – O problema do lixo no Rio de Janeiro ............................................................... 17

1.8 – Governo Pereira Passos ..................................................................................... 19

CAPITULO II - EVOLUÇÂO DA QUESTÂO AMBIENTAL NO BRASIL ......... 21

2.1 O que vem gerando a degradação ambiental ........................................................ 21

2.2. O inicio da conscientização ambiental ................................................................. 22

2.3.A mudança de comportamento da sociedade ........................................................ 23

CAPITULO III INTRODUÇÂO DA LEGISLAÇÂO AMBIENTAL NO BRASIL ........................................................................................................................................ 25

3.1 O início da legislação ambiental ........................................................................... 26

3.2 Histórico da geração de resíduos sólidos .............................................................. 27

3.3 Classificação dos resíduos sólidos ........................................................................ 28

3.4 A importância na Política Nacional de Resíduos Sólidos ..................................... 29

3.5 Início das transformações em relação aos resíduos sólidos .................................. 29

3.6 A legislação na área de resíduos sólidos. .............................................................. 34

3.7 A preocupação com a questão dos resíduos sólidos ............................................. 37

3.8 A criação de uma legislação especifica para resíduos sólidos .............................. 38

3.9 A criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos ............................................ 39

CONCLUSÂO ............................................................................................................... 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 49

WEBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 49

8

INTRODUÇÃO

A Questão dos resíduos sólidos vem cada vez mais ganhando espaço

em nossa sociedade. Com a crescente conscientização da humanidade em

relação `a preservação do meio ambiente,preocupação que foi gerada pelas

constantes mudanças que vem ocorrendo no planeta, a correta destinação dos

resíduos sólidos vai se tornando uma prioridade para governos, empresário e

ONGs.

É impossível falar em crescimento sustentável sem considerar a

destinação final dos resíduos sólidos. A maior parte da população das cidades

e dos empresários tinha a falsa concepção de que o lixo gerado por eles

“desaparecia”, depois de descartado.Com o passar do tempo, foram

conscientizado-se que isso era uma ficção e que algo, urgente, deveria ser

feito.

O capitulo um procurou mostra que o homem desde a antiguidade gera

resíduos, em menor escala,é verdade, visto que a população humana era bem

menor e esses resíduos, de matéria orgânica, eram absorvidos pelo solo.

Com o passar dos anos e o desenvolvimento da agricultura formaram-se as

primeiras cidades ao redor dos rios, fato que gerou o aparecimento das

primeiras cidades e como conseqüência o aumento da produção de resíduos.A

partir daí começou a haver a necessidade de se pensar numa destinação

adequada aos mesmos.

9

Observamos, também, neste capitulo que o lixo contribuiu para a historia das

civilizações, pois muitas informações foram encontradas, pelos arqueólogos no

lixo.

Destacamos os marcos na história da destinação dos resíduos, como

por exemplo, a construção do primeiro aterro sanitário,o momento em que as

antigas civilizações começaram a preocupar-se com a disposição final

adequada de seus resíduos.

Foram feitos comentários sobre como eram as antiga sociedades da

Europa,aonde desenvolveram-se as primeiras grandes cidades como Londres

e Paris.Verificou-se que não havia, por parte da população, nenhuma

preocupação com os resíduos, os quais eram atirados pelas janelas das casas

para a rua .

As condições sanitárias eram péssimas, com isso, as epidemias, como a

Peste Negra, eram constantes. O Poder Público praticamente nada fazia para

melhorar este quadro.

Com o passar do tempo foram editadas leis para organizar a questão do

saneamento em especial dos resíduos.Entretanto, muito tempo foi preciso

para conscientizar a população, muitas leis na verdade não “vingavam”.

Discorremos, também, sobre a situação sanitária no Brasil, observando

que as primeiras cidades a se preocuparem com o problema foram Salvador,

Recife e Rio de Janeiro, por sua importância política.

10

Analisamos a evolução da situação sanitária do Rio de Janeiro, dando

ênfase a destinação dos resíduos. Vimos como começou a ser feita a coleta de

forma profissional as vária etapas por que passou , desde a coleta do lixo por

animais até a feita por caminhos nos dias de hoje.

No capitulo dois foi mostrado a evolução da questão ambiental no

mundo.Isto se deu , no momento em que a humanidade começou a observar

as mudanças que estavam ocorrendo no planeta, como inundações e furações

fora de época.O planeta pede “socorro” e felizmente a a sociedade começou a

perceber que a terra é um ser vivo que precisa de cuidados.

O marco inicial para a conscientização da humanidade,sobre o meio

ambiente foi a Conferência de Estocolmo em 1972.Foi dada a largada,então

para que fosse discutida a preservação ambienta.l Registre-se que o Brasil, na

época em plena ditadura militar, adotou posição equivocada que pregava

crescimento a qualquer custo.Até mesmo a destruição do planeta.

Desta forma, começou-se a discutir como se daria a preservação do

meio ambiente, com os países se propondo a estabelecer metas para a conter

a degradação ambienta,Muito se discutiu e pouco foi feito,mas não se pode

negar que a Conferência foi um grade avanço para a época.

Mais tarde veio A Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente

e Desenvolvimento sustentável_ RIO 92ou ECO 92. Foi elaborada a

Declaração do RIO e a Agenda 21.Começou-se,então a falar em crescimento

sustentável, isto é estabelecer diretrizes para desenvolver sem destruir o

planeta.

11

A Agenda 21 apostava na educação ambiental como forma de frear o

crescimento desordenado, cuja conseqüência seria a destruição total dosa

ecossistemas e do próprio planeta.Para frear esse quadro era necessário, não

só a sensibilização da sociedade civil, mas também dos empresários que

deveriam rever suas formas de crescimento.

O crescimento sustentável, baseava-se na premissa que era possível

crescer causando um mínimo de impacto no meio ambiente.Para isso era

necessário que fossem desenvolvidas nova técnicas de produção que não

gerassem tanta destruição.

Podemos dizer que hoje a sociedade e os empresários estão

começando a se preocupar com o meio ambiente. Verificamos isso com as

ações que estão sendo desenvolvidas por ambos os setores.

No capitulo três faz-se uma abordagem sobre a introdução da legislação

ambiental no ordenamento jurídico brasileiro, tendo como marco inicial a

Constituição de 1988.Observa-se na Carta Magna vários artigos sobre

preservação ambiental, o que foi uma grande inovação.

Há que se ressaltar a instituição da Política Nacional do Meio Ambiental,

lei 6938/81, que outro marco para o setor, demonstrado a preocupação do

governo brasileiro com a questão ambiental, indo ao encontro da preocupação

internacional

12

A partir daí vários políticas públicas começaram a ser implementadas,

.Nosso estudo, deste capítulo, se ateve a questão dos resíduos

sólidos,passando por uma rápida análise do saneamento básico.

A lei11445/2007 que instituiu as diretrizes para o saneamento básico no

Brasil, foi sem duvida uma grande evolução para o país,definiu regras, visou a

preservação do meio ambiente, tentando evitar, por exemplo, a contaminação

de lençol freático.Entretanto, pouco falou sobre a questão dos resíduos

sólidos, o que gerou a necessidade de se elaborar uma legislação que tratasse

especificamente do assunto.

Da instituição da lei 11445/2007 sobre saneamento básico até a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, decorreram três anos de luta, para que o país

tivesse uma legislação adequada à questão.Só havia resoluções, sem força de

lei, muitas discussões foram efetuadas com diversos segmentos da sociedade

para tentar chegar a um consenso mínimo

Como podemos constatar a legislação tem pontos positivos e negativos,

contribuiu para tirar do “limbo” a polêmica questão da destinação final dos

resíduos sólidos.

13

CAPITULO I - RESÍDUOS SÓLIDOS

Desde o início da História, a humanidade depara-se com a produção de

resíduos sólidos, dos mais variados tipos. Em razão disso, faz-se necessária

uma revisão histórica, para que conheçamos quais motivos desencadearam

sua formação.

1.1 – Antecedentes históricos

Há milhares de anos o volume de resíduos produzidos pelos homens era

bem menor que na atualidade, visto que a população humana era bem mais

reduzida.

Os resíduos produzidos pelos homens eram de natureza orgânica e

podiam ser incorporados a natureza, a humanidade resumia-se apenas a

algumas dezenas de milhares de indivíduos nômades, caçadores e coletores.

Os únicos registros de resíduos desta época são lascas de pedra (sílex),

resíduos das atividades de fabricação de machados.

1.2 – A agricultura

Ao longo dos séculos o homem descobriu a agricultura e formaram-se

aglomerações humanas em torno de campos cultivados onde havia abundância

de água.

Neta fase a agricultura já era conhecida, mas era desenvolvida

esporadicamente. Especula-se que a prática começou a partir do momento que

o homem descobriu que os grãos de determinados vegetais germinavam e

produziam plantas ao serem lançados no solo, as quais mais tarde dariam os

mesmos grãos e frutos.

14

1.3 – O crescimento urbano

Com o passar do tempo o homem foi fixando-se ao redor dos campos

cultivados surgindo, então. As primeiras cidades ocupando regiões as

margens dos rios, como Tigres e Eufrates localizados na atual Síria e Iraque.

Em paralelo à criação dos centros urbanos o homem desenvolveu a

técnica da cerâmica. Desta forma, os primeiros resíduos de materiais

modificados quimicamente foram os objetos de cerâmica, vasos, restos de

tijolos, telhas e pratos.

Arqueólogos encontraram muitas informações acerca da historia do

homem no lixo das antigas civilizações. Com este material foi possível fazer um

histórico da gestão de resíduos urbanos. Alguns marcos importantes foram:

• O mais antigo aterro sanitário descoberto até o momento está situado na

ilha de Creta no mar mediterrâneo.Estima=se que tenha sido construído

pela antiga cultura Mecênica ligada ao Palácio de Cnomos em cerca de

3000 ac.O lixo era colocado em sucessivas camadas cobertas por terra.

• -O desenvolvimento da fundição de metais em 3000ac propiciou pela

primeira vez a reciclagem de objetos(refundição e transformação em

outro produto) e o resto de fundição.

• -A técnica da compostagem passou a ser desenvolvida na china, em

torno de 2000ac .Foi utilizada como uma forma de manter a fertilidade

do solo.As técnicas utilizadas pelos camponeses do “Império do Meio”

são , em parte , utilizadas até hoje.

• -Atenas na Grécia foi a primeira cidade europeia a construir um aterro

sanitário por volta de 500ac. Uma lei especifica determinava que todo o

15

lixo fosse transferido, para pelo menos, 2 (dois) km além dos portões da

cidade.

• A partir do sec. XI, a Europa Medieval, principalmente na época da

reurbanização e do retorno do comercio entre as regiões, foi assolada

por diversa pragas resultantes da maneira errônea de se lidar com os

resíduos sanitários> Nesta época era comum as pessoas jogarem o lixo

e os resíduos sanitários pela janela das casas para s rua.Em 1185 a

Prefeitura de Paris instituiu uma lei proibindo jogar o lixo através da

janela para o passeio público.

1.4 – O lixo e a limpeza

Já na Itália a cidade de Nápoles, em 1220, determinou que o lixo fosse

jogado em lugares pré-estabelecidos no âmbito das cidades e quem infringisse

a lei seria severamente punido.

Na Inglaterra, o problema do lixo era tão serio que em 1297 foi

necessário elaborar uma lei determinando à todos os cidadãos manterem

limpas as frentes de suas casas.Entretanto, a resistência da população era

tão grande que segundo os historiadores essa lei quase foi ignorada.

Nas cidades foi ocorrendo à contaminação da água por resíduos, os

quais foram penetrando no lençol freático e poluindo as fontes urbanas. Este

quadro foi gerando o acumulo de lixo no solo e nos rios acarretando, com isso,

várias epidemias de febre tifóide. Grande parte da população infantil morria nos

primeiros anos de vida em decorrência da contaminação da água

16

Havia, também, a questão dos ratos, pois o acumulo de grandes

volumes de lixo criava um ambiente para sua reprodução.

Em 1354, logo após a Peste negra, a Prefeitura de Londres começou a

empregar funcionários para coletar o lixo e levá-lo para fora da cidade em

carretas, isto era feito uma vez por semana,

Em 1388 o Parlamento Inglês instituiu lei proibindo que o lixo fosse

jogado em rios e canais.Uma outra lei , em 1407, estabeleceu que os resíduos

domésticos deveriam permanecer no interior das casas até o momento que os

coletores viessem buscá-lo.

O lixo começou, então, a ser vendido como adubo para os camponeses

ou jogado em local pré-determinado pela administração.

No início do séc. XV várias prefeituras das principais cidades da

Alemanha já havia elaborado suas regras , determinando às carroças que

trouxessem produtos e mercadorias para as cidades,levarem o lixo para fora do

perímetro urbano.

Em 1506 Rei Luis XII da França organizou um sistema nacional de

coleta de lixo abrangendo as principais cidades francesas.

A partir do séc. XVI a questão de gerenciamento de resíduos urbanos

passou a ser assunto dominante na pauta das administrações públicas.

1.5 – Estabelecimento do gerenciamento de resíduos

A Inglaterra, em 1892, foi quem estabeleceu o marco do moderno

gerenciamento de resíduos. Neste mesmo ano, Edwin Chadwich publicou seu

estudo “Relatório a respeito da pesquisa sobre a condição sanitária da

população trabalhadora na Grã Bretanha” estabelecia veementemente a

17

vinculação do aparecimento de certas doenças com as péssimas condições de

saneamento das cidades, principalmente nos bairros mais pobres .Alguns anos

mais tarde quase as cidades da Inglaterra passaram a incinerar seu lixo.

Em1848, o Governo Britânico institui a “lei da saúde pública” onde

começou a ser estabelecido uma legislação de gerenciamento de resíduos

sólidos.

1.6 – O Desenvolvimento urbano no Brasil

No Brasil esta questão é mais recente, visto que o desenvolvimento

urbano e industrial é posterior ao dos países europeus.

Podemos dizer que as cidades brasileiras eram menos desenvolvidas e

cosmopolitas que as européias.Salvador, Recife e Rio de Janeiro tinham uma

infra estrutura de serviço público melhor que São Paulo, por exemplo, cuja

localização geográfica não propiciava maior importância político

social.Acarretando, com isso, uma infra estrutura sanitária pouco desenvolvida.

1.7 – O problema do lixo no Rio de Janeiro

Em 1870, a cidade do Rio de Janeiro possuía em torno de 30 mil

habitantes. O lixo era atirado por toda a cidade. Os moradores das áreas

próximas à orla os resíduos nas praias e os que habitavam ao redor das

lagoas, pântanos ou rios ali mesmo depositavam seus dejetos.

O Rio de Janeiro foi crescendo num precário quadro sanitário ,onde já

era visível uma crise.Havia uma grande defasagem entre o ritmo de

crescimento da cidade com a melhoria de sua condição higiênico-sanitária. No

século XIX houve várias conseqüências dessa crise, como epidemias de cólera

e febre amarela.

18

A primeira lei municipal data de 1830 e versava sobre limpeza de ruas e

praças. Eram posturas basicamente normativas, definiam proibições e

estabeleciam sanções quanto ao despejo do lixo nas vias públicas.Vários

projetos foram apresentados à Câmara Municipal, mas acabaram indeferidos.

Em 1885, a Prefeitura contratou Aleixo Gary, francês de origem, para

efetuar o serviço de limpeza das praias e remoção do lixo da cidade para a ilha

de Sapucaia no bairro da Caju. Este fato inaugurou uma nova era na limpeza

pública do Rio de Janeiro.

O trabalho realizado por Gary era de extrema eficiência , o que o levou ,

aproveitando-se do contexto, a tentar concentrar todo o conjunto de atividades

de limpeza em suas mãos, tais como logradouros,, remoção do lixo das casas

particulares, praias e leva-lo para Sapucaia. Com isso visava monopolizar o

setor.

O governo rejeitou esta proposta, manteve o como responsável pelo

serviço de limpeza da cidade e remoção do lixo para Sapucaia.até 1891

quando terminou seu contrato. Neste mesmo ano, Aleixo Gary se afasta da

empresa , ficando seu parente Luciano Gary como responsável pela mesma.

Em 1892, a empresa parece ser extinta, pois um documento do

Ministério da Justiça se dirige ao Prefeito requisitando o pagamento a Aleixo

da soma de 232.238 contos de rés, pelo qual o governo adquiriu o material da

extinta empresa de limpeza.

Criou-se então, a superintendência de limpeza pública e particular da

cidade . Entretanto Gary deixou marca na historia da limpeza urbana pública.

No Rio de Janeiro a atuação desse empresário foi tão forte e marcante que os

19

lixeiros, empregados encarregados pela limpeza pública, foram chamados de

Gary.

Ocorre que os serviços dessa superintendência deixavam a desejar,

desta forma os problemas começaram a se agravar e em 1897 a Prefeitura

contratou, outra vez, serviços particulares, que, também, não conseguiram

cumprir os contratos.

Em 1899, face a este quadro, a Prefeitura retoma novamente os

serviço9s de limpeza da cidade,

Em 1904, foi comprado pela prefeitura o terreno da Rua Major Ávila 358

na Tijuca, onde está atualmente, a sede da Comlurb.

No ano de 1906, o serviço de limpeza urbana contava com 1084

animais, que já eram insuficientes para a limpeza da cidade , que produzia em

torno de 560 toneladas de lixo . Nesta época, a titulo de experiência, foram

comprados dois auto caminhos, começava , assim, a passagem do uso animal

para o mecânico na coleta.

1.8 – Governo Pereira Passos

No começo do século XX, no governo do Prefeito Pereira Passos, a

organização dos serviços de limpeza sofreu grande transformação , passando

de superintendência subordinada á diretoria de higiene a superintendência

autônoma . Neta época, houve vários estudos feitos por especialistas, para

tornar viável o destino final do lixo.Cogitou-se a construção de um grande forno

que gerou muita polemica e nenhum resultado concreto..

Na década de 40, o destino final do lixo era mesmo o mar ,os aterros do

Amorim e o do Retiro Saudoso ( Caju).

20

Os Garis, responsáveis pela limpeza, ganharam seus primeiros

uniformes. Foram confeccionados 5000. Em 1940 a Diretoria Pública e

Particular passa a ser chamada de Departamento de Limpeza Urbana (DLU),

ficando subordinado á secretaria de obras.

O Departamento de Limpeza Urbana (DLU) adotou medida inovadora ao

implantar o uso de caminhões coletores compactadores que são utilizados até

hoje, introduziu , também, entre a população, o hábito de embalar .

Em 1975 com a fusão do Estado da Guanabara com o antigo Estado do

Rio de Janeiro o antigo DLU passou a chamar-se CELURB e mais tarde

COMLURB.

Da coleta de lixo feita pela tração animal evoluiu-se para a tração

mecânica , mais tarde para o caminhão e finalmente para a coleta semi

automatizada

Podemos observar uma evolução na questão dos resíduos, tudo

começou com os escravos carregando o lixo em acondicionamentos

improvisados ; a população, com o passar do tempo, criou o hábito de

acondicioná-lo em sacos plásticos, tivemos, também, os latões, voltaram os

sacos plásticos e hoje entramos na modernidade com os contêineres de

plástico usados na Europa.

O lixo que antes era jogado no chão hoje e colocado em papeleiras. São

30.000 no Município do Rio de Janeiro. São coletadas 8.300 toneladas de lixo ,

contra as 560 produzidas anteriormente.

21

CAPITULO II - EVOLUÇÂO DA QUESTÂO AMBIENTAL NO BRASIL

Nos dias de hoje a questão ambiental vai ganhando , cada vez mais

espaço em nossa sociedade, não se pode negar que o planeta vem passando

por transformações que vem afetando a todos sem distinção de cor e raça,

dentre as nações ricas e pobres.Tornou-se impossível viver no mundo de hoje

sem se preocupar com o meio ambiente

2.1 O que vem gerando a degradação ambiental A atividade desordenada do homem dilapidou o planeta de tal forma

que os recursos naturais que foram esgotadas não mais terão retorno.

O desequilíbrio provocado por essa dilapidação acentua-se a cada dia.

O problema do meio ambiente está na ordem do dia, os noticiários estão

abarrotados de noticias agressões á natureza,.Entretanto nossa sociedade e

nossos governantes ainda não se sensibilizaram o suficiente.

O homem para satisfazer suas necessidades, que são ilimitadas, disputa

bens da natureza que são limitados. Podemos observar que o desenvolvimento

ocorre quase que integralmente as custas dos recursos naturais do planeta, o

que vem deteriorando as condições ambientais.

Constata-se no mundo inteiro, inclusive no Brasil, que o lençol freático

se abaixa e se contamina, a água escasseia, a área florestal diminui o clima

sofre terríveis e talvez irreversíveis transformações.

O planeta, sob a ótica ambiental, está quase no ponto de não retorno.

Não resta dúvida que a questão ambiental tornou-se uma questão de vida ou

morte para todo os seres que habitam o planeta e ele próprio , pois a terra

também é um ser vivo.

22

2.2. O inicio da conscientização ambiental

Em 1972 em Estocolmo, na Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente, foi dado o primeiro alerta à sociedade para a gravidade da

questão ambiental, a Conferência foi promovida pela ONU com a presença de

113 países.A Conferência contribuiu para que as nações ricas e

industrializadas tomassem consciência da degradação ambiental, resultado do

modelo de crescimento econômico que causou a progressiva escassez dos

recursos naturais.

Em Estocolmo alguns países, chegaram mesmo a propor um

“crescimento zero” que visava salvar o que ainda não havia sido

degradado,entretanto, o resultado dessa política é que os ricos continuariam

ricos e os pobres estariam condenados a permanecer pobres.

O Brasil na época, em plena ditadura militar, liderou um grupo de países

que pregava tese oposta, isto é, crescimento a qualquer custo, fundamentavam

tal decisão na ideia equivocada de que as nações desenvolvidas e em

desenvolvimento por estarem enfrentando graves crises sócio econômicas, não

deviam desviar recursos para proteger o meio ambiente. A destruição do

planeta era vista como um mal menor.

O Brasil neste período apresentou altos de crescimento econômico,

entretanto não se ocupou de salvaguardas ambientais, desta forma, o desejo

de crescimento a qualquer preço , levou o brasileiro a uma desenfreada

agressão aos recursos da natureza, a qual ainda não foi contida e que agora

começa a cobrar seu preço.

23

O homem vem usando e abusando dos recursos da terra e tem pago um

preço alto por isso.

O planeta e a família humana estão seriamente ameaçados .Neste

impasse, faz-se mister que a sociedade mude sua forma de vida ,isto é passe a

ter atitudes ecologicamente corretas e conscientize-se afinal que os recursos

naturais são finitos,e possamos , finalmente, amenizar a situação do planeta.

Essa conscientização ecológica, também, para dar inicio a uma nova

era de cooperação entre as nações , objetivando a adoção de padrões

adequados de utilização dos recursos naturais por parte das nações e da

sociedade .

A humanidade está sendo assombrada, neste início de milênio, pela

possibilidade de desaparecimento do próprio planeta,tal é a gravidade da

questão ambiental, esta possibilidade tem levado a sociedade a acordar para a

importância da questão.O crescimento econômico a qualquer custo vem sendo

repensado pela sociedade, que tem buscado conciliar crescimento com

preservação ambiental, através de crescimento sustentável.

Em 1992, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento sustentável RIO 92 ou ECO 92, instituiu na Declaração do

Rio e na Agenda 21 o desenvolvimento sustentável como meta a ser

alcançada e respeitada por todos os países.Desta forma, o principio 4 da

Declaração do Rio estabelece:”Para alcançar o desenvolvimento sustentável,

a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de

desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste”.

2.3.A mudança de comportamento da sociedade

24

O dilema “desenvolvimento ou meio ambiente” deve ser revisto, pois

sendo este fonte de recursos para aquele, ambos devem se harmonizar e

completar-se. Superar este quadro de degradação ambiental só será possível

através de uma modificação da conduta humana em relação as questões

ambientais.Esse avanço na conduta da sociedade só será possível através de

uma adequada educação ambiental nas escolas e fora delas e será

necessário. Também, a criação e implementação de legislação específica,

visando conter a ganância dos interesses econômicos.

O crescimento baseado na mutilação do meio ambiente sem prever suas

consequências, devido a falta de conhecimento sobre as conseqüências e

sobre os possíveis males que isso acarretará, e a falta de ordenamento

jurídico capaz de coibir abusos, gerou um antagonismo artificial e dispensável

entre o legitimo desenvolvimento e a preservação da qualidade ambiental.

O desenvolvimento sustentável é definido pela Comissão mundial de

meio ambiente como “ aquele que atende as necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as próprias

necessidades. Manter o ambiente saudável é fator integrante do processo de

desenvolvimento sustentável. A sociedade tem uma grande parte dos atores e

agentes ambientais , os quais dependem da própria comunidade para

desencadear e prosseguir com o desenvolvimento sustentável.

A deteriorização da qualidade de vida, tanto no meio urbano quanto no

rural tem colocado o problema da conservação ambiental como questão

primordial nos países do primeiro mundo..No Brasil a consciência ambiental

chega com um decênio de atraso sobre a Conferência de Estocolmo (1972).

25

Quando nossos representantes oficiais defenderam a poluição como forma de

desenvolvimento e crescimento .Com a abertura política veio . também. A

consciência ambiental. E hoje pode se dizer que o meio ambiente esta na

ordem do dia.

A expressão milieu ambiant (meio ambiente) foi utilizada pela primeira

vez pelo naturalista francês Geoffroy de Saint Hilarie na obra “ Etudes

Progressiveis d’um Naturaliste” de 1835 Os especialistas discordam do que

seja meio ambiente . A palavra meio e o vocábulo ambiente têm conotações

diferentes , nenhum destes termos têm significado único , mas são equívocos(

mesma palavra com significados diferentes ). Meio aritmeticamente pode ter o

significado de metade de um inteiro em um contexto físico ou social , um

recurso ou insumo para alcançar ou produzir algo , já ambiente pode ser visto

como um espaço geográfico ou social , físico ou psicológico, natural ou

artificial.

A expressão meio ambiente , entretanto, não é uma redundância , no

sentido vulgar a palavra ambiente indica o lugar, sítio, o recinto, o espaço que

envolve os seres vivos e as coisas (CF Avila) contra o outro lado do meio

ambiente . A expressão meio ambiente jê é consagrada na língua portuguesa ,

usada pacificamente pela doutrina , pela lei e pela jurisprudência de nosso país

os quis falam em meio ambiente ao invés de ambiente.

CAPITULO III INTRODUÇÂO DA LEGISLAÇÂO AMBIENTAL NO

BRASIL

26

3.1 O início da legislação ambiental

A questão ambiental inseriu-se em nossa legislação e ganhou status

constitucional, isto decorre da crescente interferência do homem em todo o

planeta terra, o que vem ocasionando sérios desequilíbrios que afetam toda

sociedade.

A lei 6938/ 1981 ( Política Nacional do Meio Ambiente) definiu no art 3 I

o conceito de meio ambiente “ o conjunto de condições , leis influências e

interações de ordem física , química e biológica que permite , abriga e rege a

vida em todas as suas formas “. A Constituição Federal de 1988, em seu art

225,também , traz um conceito “ todos têm direto ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado , bem de uso comum do povo e necessário à sadia

qualidade de vida , impondo ao poder público e a coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações .Pode-se

perceber o caráter patrimonial do meio ambiente fundamentar seu conceito

sobre equilíbrio ecológico e a sadia qualidade de vida. A referida lei institui

que compõem o meio ambiente a atmosfera ,as águas interiores, superficiais e

subterrâneas , os estuários, o mar territorial , o solo o subsolo, os elementos

da biosfera, da fauna e da flora.Na verdade esta é uma listagem apropriada ao

escopo da lei

A Carta Magna de 1988 tratou de recursos ambientais em vários de seus

dispositivos: água(art20,II e 26,I), ilhas (art 20, IV e 26, III), recursos naturais da

plataforma continental e da zona econômica exclusiva (art 20, V), mar

territorial ( art 20, VI), as cavidades naturais subterrâneas,( art 20,X), as

florestas, a fauna e a flora( art 23, VIII e 24, VI), as praias ( art, 20, IV), os

27

sítios arqueológicos, pré-históricos, palenteológicos, paisagísticos, artísticos e

ecológicos( art, art 20, X e 26, v),os espaços territoriais especialmente

protegidos(art225 , primeiro e parágrafo primeiro , III e parágrafo quarto ).

Segundo a lei 6938/1981 os elementos da biosfera estão inseridos na

definição de recursos ambientais, com isso o conceito de meio ambiente foi

ampliado, não permitindo que ficasse reduzido aos meros recursos naturais

considerando, também, o ecossistema humano.Desta forma, para o Direito

brasileiro, são elementos do meio ambiente, além dos tradicionais como ar,

água e o solo, a biosfera, esta com claro conteúdo relacional, e por isso

flexível, tendo em todos eles a representação do meio ambiente natural.

Temos , ainda , que considerar uma série de bens culturas e históricos que se

inserem , também , entre os recursos ambientais, como por exemplo meio

ambiente artificial ou humano integrado ao patrimônio nacional.Quando se fala

em meio ambiente e em crescimento sustentável, há se tocar na questão da

destinação dos resíduos sólidos e do saneamento básico.

3.2 Histórico da geração de resíduos sólidos

Desde a antiguidade os resíduos são produzidos , sendo lançados no

meio ambiente como se fosse um grande lixão.A partir da Revolução Industrial

que levou o homem, através de fabricas e industrias, a produzir objetos de

consumo em grande escala, originando novas embalagens e diversos

produtos que foram inseridos no mercado o que aumentou substancialmente o

volume e a diversidade de resíduos gerados em áreas urbanas.

Existe na atualidade uma enorme variedade de resíduos, um dos

principais poluentes do solo e subsolo são os resíduos sólidos.Estes elementos

28

desconfiguram o meio ambiente, afetam á saúde pública devido á negligência

da sociedade, legisladores e administradores, visto que a Constituição Federal

em seu art 225, dispõe “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida,

impondo-se ao poder publico e a coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo as presentes e futuras gerações.

Faz-se mister ressaltar que ao mencionar os resíduos sólidos, não se faz

referência ao estado físico solido do resíduo, mas sim aos aspectos gerais do

mesmo, que segundo a Política Nacional do Meio Ambiente possuem natureza

jurídica de poluentes, visto que a poluição é decorrente da degradação

ambiental.que causa desequilíbrio e prejuízos á qualidade de vida dos

cidadãos.

3.3 Classificação dos resíduos sólidos

A nova política nacional de resíduos sólidos classificou-os da seguinte

forma:

a) Quanto á origem: resíduos sólidos urbanos, resíduos sólidos

industriais, resíduos sólidos de serviços de saúde, residuos sólidos

especiais ou diferenciados.

b) Quanto á finalidade: resíduos reversíveis, resíduos sólidos

restituíveis visando tratamento e reaproveitamento em novos

produtos na forma de insumos em seu ciclo ou em outros ciclos

produtivos.

29

Rejeitos: resíduos sólidos que esgotadas todas as possibilidades de

tratamento e recuperação , não apresentam outra possibilidade que

não a disposição final ambientalmente adequada,

3.4 A importância na Política Nacional de Resíduos Sólidos

Esta lei representou um grande avanço para a sociedade brasileira no

que concerne as questões ambientais, visto que a destinação desses resíduos

é uma grande ameaça ao meio ambiente equilibrado.Entretanto até à

aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos um longo caminho foi

percorrido.

Como se sabe a questão do saneamento básico no Brasil sempre exigiu

atenção do Estado.Nos anos 70 estava baseada no regime de

concessão.Podemos afirmar que sua base eram as grandes empresas

estaduais com pouca ou nenhuma participação dos municípios Buscava-se

num sistema de obras integradas de infra-estrutura , com alto custo de

implantação, manutenção e operação, aonde não havia quaisquer instrumentos

de controle da atividade.Isto expressava a filosofia do Estado Provedor.

3.5 Início das transformações em relação aos resíduos sólidos

A Constituição de 1988, o código de defesa do consumidor, a lei de

concessões e permissões e outros diplomas normativos, a criação de agencias

reguladoras passaram a sinalizar que o modelo já estava ultrapassado.O inicio

da transformações veio com alei 11445/2007 que buscava atender aos anseios

sociais e a grande necessidade de adequação dos serviços de saneamento

básico ao cenário atual.

30

O escopo dessa lei foi exatamente fornecer regulamentação ao setor de

saneamento.Sua maior preocupação era com a fixação de regras de

conduta(normas) e não encerrar valores do sistema

normativo(princípios).Estava em vigor a estrutura formal, fundamentada no

binômio comando e controle que nos dias de hoje não atende de forma

adequada as demandas de uma sociedade complexa.Naturalmente a ausência

princípios,em qualquer sistema normativo, dificulta e até inviabilisa o processo

de integração da norma;

Ale 11445/2007 difere do modelo tradicional, mostra preocupação com

o estabelecimento de valores sobre os quais esta baseada a sua operação.Ao

analisar a referida lei podemos constatar que o capitulo I(princípios

fundamentais) é a parte mais relevante, justamente onde se encontra o espírito

da lei, aonde o operador deverá se aprofundar objetivando a integração

normativa.Os arts 1ª7 devem ser objeto de maior estudo e atenção.

Podemos observar que a referida lei possui sessenta artigos

organizados em nove capítulos assim dispostos (I) Dos princípios

fundamentais; (II) Do exercício da titularidade; (III)Da prestação regionalizada

de serviços públicos de saneamento básico;(IV)Do planejamento;(V)Da

regulação;(VI)Dos aspectos econômicos e sociais(VII)Dos aspectos

técnicos;(VIII)da participação de órgãos colegiados no controle social(IX)Da

política federal de saneamento básico;(X)Disposições finais.

Após estudar os dispositivos da lei observa-se a importância do art 1,

que apesar de simples, traz em seu bojo uma importante regra.Quis o

legislador que no que tange, ao aspecto infraconstitucional, a lei 11445/3007

31

seja o diploma que regula o saneamento básico nacional.O texto sinaliza que

as ações praticas e legislativas devem seguir as orientações e indicativos

apontados pela referida lei.Podemos, de certa forma, afirmar que esse

ordenamento jurídico é um dispositivo semi programático, quase prograrmático

ou pré programático, indicando diretrizes ou orientadores para as funções do

Estado.A partir daí a atuação legislativa,executiva e judiciária deverá ser

desenvolvida sob sua orientação.

Desta forma a diretriz para o saneamento básico e para sua política

federal esta,obrigatoriamente, no referido diploma legislativo,estando toda

legislação,execução e soluções de conflitos posteriores á sua vigência

vinculadas aos seus ditames.

Em paralelo o art 2 é o coração do capitulo I, onde encontram-se os

princípios aplicáveis aos serviços públicos de saneamento, o que não constitui

uma novidade, visto que muitos dos seus componentes, já foram contemplados

na legislação pátria, como por exemplo o inciso VII que se relaciona com os

princípios da eficiência e da sustentabilidade e da eficiência estabelecidos na

“LEX LEGUM”(arts 37, caput e 225,caput da Constituição

Federal.Podemos,também, observar que o art 2,VII da lei 11445/2007 parece

exprimir o principio da atualidade previsto no art 6 da lei 89871/1985 ( Lei das

Concessões e Permissões do Serviços Públicos).Podemos, observar, da

mesma forma, segurança, qualidade e regularidade(art 2 da lei) podem ser

considerados como expressão do principio da adequabilidade do serviço(art 6,

parágrafo primeiro da lei 8987/1995).

32

Em relação aos outros princípios,Istoé,universalização do acesso.

Integralidade, adequação à saúde publica e ao meio ambiente, disponibilidade,

respeito as peculiaridades locais e regionais, articulação das

políticas,transparência, controle social e integração( art 2, I,II,III,IV,V,VI,IX,X e

XII da lei11445/2007), são citações, detalhamentos e especificações de

princípios conhecidos do Direito administrativo.

A lei 11445/2007, no rol de seu art 2 dá a impressão de querer fornecer

materialidade ou conteúdo prático à vários princípios da administração

publica.O legislador optou por dar enfoque mais operacional aos princípios

,enfatizando,desse modo, o principio da operacionalidade do direito.

O art 3 da lei demonstra a preocupação do legislador com a formulação

dos conceitos, como já é tradição no Direto brasileiro. Os arts4 e 5 esclarecem

que os recursos hídricos e as soluções individuais não integram os serviços

públicos de saneamento básico, visto que recurso hídrico é espécie de serviço

ambiental e a atuação isolada é incompatível com a natureza jurídica da

prestação de serviço.

Por fim os arts 6 e7 referem-se aos resíduos sólidos que foram, muitas

vezes. esquecidos pela legislação, seu mérito se manifesta de maneira

implícita. O legislador ao incluir o manejo de resíduos sólidos, na legislação,

direcionado ao saneamento básico, opta pela adoção de conceito amplo,

opondo-se à figura tradicional que considera apenas os serviços de

abastecimento de água, de coleta e de esgoto.

Há que se ressaltar que a lei 11445/2007 é bastante inovadora para o

setor, tem o mérito de incorporar algumas noções de demandas do

33

mercado.Podemos citar o art 29, caput, o qual fala em garantia de

sustentabilidade econômico financeira.A questão é de extrema importância,

visto que deixa claro a opção do legislador pelo reconhecimento econômico da

atividade de saneamento,

É inegável que a referida lei teve dois grandes méritos : inaugurou a

regulamentação do setor de saneamento, conseguindo obter,mesmo que de

forma imperfeita, algum consenso junto aos atores sociais; demonstrou em

seus dispositivos um enfoque nas questões contemporâneas, virtude que

encontramos em outros textos legislativos, como a lei da mata atlântica.

Observa-se, também, a presença de institutos de vanguarda , ausentes

ou de pouquíssima expressão em outros ordenamentos, como por exemplo

princípios importantes como participação, transparência e controle social,

debatidos, exaustivamente, pela doutrina e que raramente são identificados na

legislação brasileira.Neste cenário o legislador adotou postura corajosa, pois

tratou de maneira aberta conceitos não muito bem resolvidos pelo

ordenamento jurídico nacional.

Neste momento , vale lembrar que o Brasil está passando por grave

crise no setor de infra estrutura , onde o saneamento faz parte, não se pode

falar em em desenvolvimento sem o equacionamento de questões como

energia elétrica, transporte, saneamento básico, saúde, educação e outros,

visto que a sociedade já entendeu que não existe desenvolvimento sócio

econômico sem respeito ao meio ambiente.

A analise da lei 11445/2007 mostra que a questão dos resíduos sólidos

foi tratada de forma muito superficial e que, faz-se mister uma lei federal que

34

trate da gestão ambientalmente correta dos resíduos sólidos, semi sólidos,

líquidos e gasosos.A falta de um dispositivo legal apropriado tem trazido

grande insegurança jurídica.

A legislação federal na área de resíduos sólidos não estava consolidada

em um único diploma, mas sim distribuída em leis, decretos, portarias e

resoluções do COMNAMA e da ANVISA.Este quadro dificulta à aplicação das

normas legais.

Um amplo debate sobre á área de resíduos sólidos tem que levar em

conta: aspectos econômicos, financeiros e administrativos; questões sociais,

culturais e de participação da sociedade; educação,saúde e saneamento;

contaminação do ar, água e solo; fiscalização e controle sobre produtos

produzidos e comercializados.essa grande diversidade temática esta nos vários

diplomas que tratam da matéria

3.6 A legislação na área de resíduos sólidos.

A Constituição Federal, em seu art 30 é o primeiro instrumento legal à

ser utilizado na área de resíduos sólidos.O referido artigo estabelece que o

Município é competente para”organizar e prestar diretamente ou sobre o

regime de concessão ou permissão os serviços públicos de interesse local,

incluindo o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”.A limpeza urbana

aparece como um serviço publico de interesse local e de caráter essencial.No

entanto, observa-se que 60% dos resíduos sólidos urbanos domésticos

produzidos no Brasil são coletados por empresa privadas contratadas pelas

Prefeituras, que realizam contratos em regime de concessão,A permissão é um

ato administrativo precário, onde o poder publico faculta ao particular a

35

execução de serviços de interesse coletivo, no caso a limpeza publica A

concessão ,por sua vez é um ato administrativo onde a administração delega a

outrem a execução de um serviço publico por sua conta e risco.

Outro artigo da Constituição Federal que deve ser observado é o 23, IX,

o qual institui a competência comum da União, dos Estados , Distrito Federal e

dos Municípios para “promoção de programas de construção de moradias e a

melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico.

Conforme já observamos a gestão de resíduos sólidos estava distribuída

em diversos diplomas legais.Em forma de lei temos somente a9606/1998, Lei

dos Crimes Ambientais, que faz menção á área de resíduos sólidos, no entanto

este dispositivo esta mais ligado à questão dos resíduos dos resíduos

industriais.A Lei dos Crimes Ambientais não tratou da criminalização da

disposição final inadequada dos resíduos urbano/domestico.Serão encontrados

em maior numero dispositivos normativos sobre gestão de resíduos sólidos

urbanos e hospitalares nas resoluções do Conselho Nacional de Meio

Ambiente e da ANVISA.

O primeiro tem tido atuação tanto na gestão de resíduos urbanos

domésticos quanto na de resíduos hospitalares; a ANVISA tem sua atuação

mais voltada para a gestão de resíduos hospitalares.Neste quadro há que se

observar o conflito de resoluções de ambos os órgãos.Podemos citar como

exemplo a resolução CONAMA que dispõe sobre à gestão de resíduos

hospitalares se contrapondo à resolução Anvisa que dispõe sobre o mesmo

tema.

36

Nos últimos anos o CONAMA vem editando resoluções sobre coleta e

tratamento de resíduos sólidos, na construção civil, pilhas e baterias,

pneumáticos e lâmpadas de mercúrio e, ainda a construção de aterros

sanitários instituindo obrigações diversa para à sociedade.Entretanto esses

dispositivos são apenas resoluções, não leis, por isso não podem impor

obrigações.

As leis, no sistema jurídico nacional, são os únicos instrumentos

capazes de criar obrigações para á sociedade.Esta afirmação ,esta baseada

no artigo 5,II da Constituição Federal que deter5mina: “ninguém será obrigado

a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei”, o referido

artigo esta configurado no principio da legalidade..

Desta forma podemos concluir que as resoluções não proporcionam

segurança jurídica adequada aos atos da administração publica, para que

possa ser estabelecido um marco regulatório para o setor de resíduos

sólidos.Neste , entendemos que um projeto de lei que venha dar legalidade aos

atos da administração e, por conseguinte, a segurança jurídica necessária ao

setor de resíduos sólidos, seu efetivo marco regulatório tem necessariamente

que ser amparado por um sistema nacional de resíduos sólidos subordinado ao

sistema nacional de meio ambiente,formalizando, com isso, as relações da

União, Estados, Distrito Federal e Municípios no tocante as políticas de

resíduos sólidos coadunando-se com o pacto federativo do art 23, IX da

Constituição de 1988.

37

3.7 A preocupação com a questão dos resíduos sólidos

A geração de resíduos sólidos é um fenômeno impossível de ser

evitado, que ocorre diariamente,na maioria das vezes, irreversíveis ao meio

ambiente.A preocupação com os resíduos tomou contornos internacionais e

vem sendo discutida, já há algumas décadas, no âmbito nacional e

internacional.Há que se observar,também, que houve uma expansão da

consciência coletiva em relação ao meio ambiente,somando-se a isso a

complexidade das questões ambientais torna necessário um novo

posicionamento dos três níveis de governo, da sociedade civil e da iniciativa

privada no que concerne a questão dos resíduos sólidos.

A nova visão da sociedade com os recursos naturais associada á

questão de saúde publica ,sinaliza que a gestão integrada de resíduos sólidos

e os processos de tecnologias limpas são caminhos ambientalmente saudáveis

e economicamente viáveis.

Em 1972, em Estocolmo a Conferência Mundial sobre Ambiente

Humano fixou as diretrizes e princípios para preservação e conservação do

meio ambiente e as bases do desenvolvimento sustentável,buscando

harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental.

A Comissão Mundial sobre meio ambiente, reuniu-se em 1982, e

divulgou o Relatório Brundtland, que consolidava uma visão critica do modelo

de desenvolvimento, alertando para a incompatibilidade entre os padrões de

consumo vigentes e o uso racional dos recursos naturais com a capacidade de

suporte dos ecossistemas.

38

A Conferência das Nações Unidas do Meio Ambiente e

Desenvolvimento_ RIO 92 veio consolidar o conceito de desenvolvimento

sustentável como uma diretriz para a mudança de rumos no cenário mundial ,

em relação a questão do desenvolvimento.A sustentabilidade tem como

fundamento a utilização racional dos recursos naturais a fim de que possam

estar disponíveis para as futuras gerações.Naquela época os governos

assumiram um compromisso que pressupunha a tomada de consciência sobre

o papel ambiental, econômico, social e político, com isso passou-se a exigir a

integração de toda sociedade no processo de construção de um meio ambiente

saudável para todos e sugeriram, ainda, o manejo de resíduos deve ultrapassar

o simples depósito ou reaproveitamento dos mesmos por métodos seguros

.Deve ir além, buscando as causas para a resolução do problema , visando

modificar os padrões não sustentáveis de produção e consumo, reforçando a

adoção e a internacionalização do conceito dos 3RS_reduzir, reutilizar e

reciclar em todas as etapas do desenvolvimento.

3.8 A criação de uma legislação especifica para resíduos sólidos

No Brasil foi na década de 80 que teve inicio as primeiras manifestações

para a criação de uma legislação voltada para os resíduos sólidos.Foram

elaborados de lá para cá mais de 100 projetos de lei que, entretanto,

encontram-se apensados ao projeto de lei n 203 de 1991 que dispõe sobre

acondicionamento, coleta, tratamento, transporte e destinação dos resíduos de

serviços de saúde, estando pendente de apreciação.Isto ocorre por força dos

dispositivos de regulamento interno da Câmara dos Deputados.

39

O Conselho Nacional do Meio Ambiente_ CONAMA _ constituiu em,

1998, um grupo de trabalho formado por representantes das três esferas de

governo e da sociedade civil para a criação de uma resolução sobre “Diretrizes

técnicas par à gestão de resíduos sólidos”, intitulada CONAMA 259 de 30 de

junho de 1999, aqual não chegou nem a ser publicada.

3.9 A criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos A Câmara dos Deputados criou e implementou, em 2001, a “Comissão

Especial da Política Nacional de Resíduos”, que tinha como objetivo apreciar

as matérias contempladas nos projetos de lei apensados. ao Projeto de Lei

203/1991 e elaborar uma proposta substitutiva global.Com o fim da legislatura

a comissão foi extinta sem nenhum encaminhamento. Em 2005 uma nova

Comissão Especial foi criada.

O ano de 2003 marcou o inicio de uma nova etapa na construção política

do meio ambiente no Brasil com a I Conferência Nacional de Meio

Ambiente.Foi a primeira vez que diversas representações da sociedade se

reuniram para compartilhar propostas `políticas públicas de meio ambiente.Em

2005,a II Conferência do Meio Ambiente buscava consolidar a participação da

sociedade brasileira no processo de formulação das políticas ambientais e

trouxe à tona um dos temas prioritários: a questão dos resíduos sólidos;

O governo federal criou, em 2003 um grupo de trabalho interministerias

de saneamento ambiental.Este grupo tinha como finalidade realizar estudos e

elaborar propostas para promover à integração de ações de saneamento

ambiental no âmbito do governo federal.Com isso houve a reestruturação do

40

setor de saneamento do governo federal, ressaltando entre outros avanços a

criação do Programa de Resíduos Sólidos Urbanos.O programa tem

possibilitado á integração entre diversos órgãos federais que desenvolvem

ações na área de resíduos sólidos. Visando uma atuação coerente e mais

eficaz.O objetivo do programa que integra quatro Ministérios, e a organização

dos catadores, objetivando sua emancipação econômica. Ampliação dos

serviços co m inclusão social e sustentabilidade dos empreendimentos de

limpeza urbana, a redução, reutilização e reciclagem dos resíduos e a

erradicação dos lixões.

Na gestão de resíduos sólidos a sustentabilidade se constroi através de

modelos integrados que possibilitem a redução. Reutilização e a reciclagem de

materiais que possam servir de matéria prima para os processos produtivos,

diminuindo, assim, o desperdício e gerando renda.É, necessário, ressaltar que

para garantir a sustentabilidade, a gestão integrada de resíduos sólidos não

pode ficar restrita a só uma área técnica, é imprescindível sua interação com

outros setores como saúde, fazenda, planejamento e social o que

proporcionará maiores para à questão.

No decorrer do ano de 2004 o Ministério do meio ambiente realizou

vários esforços para elaborar uma proposta para à regulamentação da questão

dos resíduos sólidos no país.Promoveu grupos,de discussão interministeriais e

de representantes das diversas secretarias do Ministério do Meio Ambiente.O

CONAMA realizou em agosto do mesmo ano o Seminário “Contribuições à

Política Nacional de Resíduos Sólidos” que tinha como principal objetivo buscar

41

subsídios na sem geral para a elaboração de uma nova proposta de projeto de

lei, já que o conteúdo da CONAMA 259 estava defasado.

O Ministério do Meio Ambiente criou, no inicio de 2005, na secretaria de

qualidade ambiental para consolidar e sistematizar contribuições geradas no

Seminário CONAMA, os anteprojetos de lei existentes no Congresso Nacional

e as contribuições dos diversos atores envolvidos na gestão de resíduos

sólidos. Isto resultou na elaboração da proposta do anteprojeto da lei

de”Política Nacional de Resíduos Sólidos.Houve, então um amplo debate entre

os Ministérios das Cidades, da Saúde, da Industria e Comercio Exterior, do

Planejamento, orçamento e Gestão, do Desenvolvimento Social e Combate á

Fome e de fazenda, visando ampliar as discussões sobre

sustentabilidade.Houve, também, com a sociedade sobre o conteúdo da

“Política Nacional de Resíduos Sólidos”, promovidos pelos Ministérios do Meio

Ambiente,Cidades, FUNASA e Caixa Econômica Federal.Da mesma forma no

CONAMA foram ouvidos à sociedade civil, a Confederação Nacional das

industrias, a Federação da Industrias do Estado São Paulo, a Associação

Brasileira de Engenharia Sanitária, o Compromisso Empresarial para a

reciclagem,e outras entidades e organizações afins, tais como Lixo e

Cidadania, Comitê Interministerial de Inclusão Social dos Catadores de Lixo.

O projeto da “Política Nacional de Resíduos Sólidos” concluiu que o

estilo de vida da sociedade contemporânea aliado as estratégias de

MARKETING do setor produtivo acarretam um consumo intensivo, o qual

provoca uma série de impactos ambientais, sociais e á saúde pública

incompatíveis com o modelo de desenvolvimento sustentável que se pretende

42

implantar no Brasil. É importante observar que o desenvolvimento de vários

setores voltados para a exportação e o comercio internacional seguem as

novas tendências de crescimento industrial, isto é, utilizam tecnologias mais

limpas .Pesquisa feitas nestes segmentos que a política de preservação

ambiental desses setores deve continuar..

Podemos observar, neste quadro, que os resíduos, principalmente os

perigosos, quando dispostos inadequadamente poluem o solo e comprometem

a qualidade das águas superficiais e subterrâneas , acarretando serias

conseqüências à saúde humana e ao meio ambiente.Indicadores oficiais

demonstram que n ano 2000 quase 60% dos resíduos coletados foram

depositados inadequadamente em lixões,17% em aterros controlados e13%

em aterros sanitários. Verificas-se que e uma década houve um aumento de

cerca de 12% dos resíduos dispostos inadequadamente no solo.Outro fato que

chama à atenção é o desperdício nos vários setores, destacando-se a

construção civil e a agricultura, os quais adotando os procedimentos

inadequados contribuem para o aumento na geração de resíduos.

As administrações municipais vem buscando, isoladamente ou com o

apoio dos governos estaduais e federais, mecanismos de solução para a

questão dos resíduos sólidos, visto que não há um marco regulatório..A

maioria tem optado pela instalação de aterros sanitários, que são uma forma

adequada ambientalmente de dispor os resíduos, mas não resolvem o

problema.Alguns Estados brasileiros de adiantaram suas Políticas Estaduais de

Resíduos Sólidos, 14 estão em fase de discussão.Muitos estados estão criando

benefícios tributários para Municípios que fazem o manejo adequado de seus

43

resíduos, o que vem demonstra uma crescente preocupação com as

demandas da sociedade sobre o tema.A Política Nacional de Resíduos Sólidos

apresenta possibilidades de ajustes na legislação tributária e novas propostas

para o setor, principalmente, para os materiais recicláveis e reciclados.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos é de extrema importância para

mudar a questão dos resíduos Sólidos nos Municípios que sofrem de

deficiências gerenciais, técnicas, financeira e de participação social, fazendo,

desta forma, o manejo inadequado dos resíduos sólidos. Tais como

conjuntamente os resíduos domésticos com hospitalares e industriais,

colocando em risco a saúde da população.

Um outro ponto muito importante é a questão dos catadores nas área de

disposição final..De acordo com o PNSB 2000, aproximadamente 25.000

catadores trabalham nestas áreas, sendo que 22,3% têm até 14 anos de idade

e há, ainda, os catadores que vivem nas ruas das grandes cidades brasileiras.

No mês de junho de 2001, foi realizado em Brasília I Congresso

Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis.Estiveram presentes 1600

congressistas entre catadores,técnicos e agentes sociais de dezessete Estados

brasileiros, isto resultou na primeira marcha nacional da população de rua com

3000 participantes, os quais apresentaram á sociedade e as autoridades a

necessidade da efetivação de políticas públicas voltadas para os catadores.A

questão foi evoluindo e em janeiro de 2003 foi realizado o I Congresso Latino

Americano de catadores, onde dos lixões buscou-se fortalecer o processo de

organização destes trabalhadores em associações e cooperativas. Neste

Congresso foi elaborado um documento que propõe a capacitação e formação

44

profissional, a erradicação dos lixões,a responsabilização dos geradores de

resíduos entre outros tema.

A Política Nacional de resíduos Sólidos é plenamente compatível com a

lei 11445/2007 que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento

básico e a política federal de saneamento..Esta lei foi um avanço para o setor

de saneamento, mais , ainda, para o de resíduos, possibilitando viabilizar

novos arranjos integrados para a adequada gestão dos resíduos sólidos ,

valendo-se também do disposto nas leis (11107/2005 Consórcios públicos e

11079/2004 Parcerias Publico Privadas).

Muitos Municípios utilizaram a possibilidade de constituição de

consórcios públicos como uma das formas de enfrentar os problemas

referentes à prestação de serviços de limpeza urbana, incluindo a destinação

final.

A nova lei reflete o anseio da sociedade por mudanças na questão

ambiental.No processo de buscas por soluções , foi fundamental a adoção do

conceito do s 3RS REDUZIR, REUTILIZAR,RECICLAR,já que manejados de

forma adequada os resíduos sólidos adquirem valor comercial, podendo ser

utilizado em novas matérias primas ou novos insumos,Sendo, dessa forma,

incorporados novamente na cadeia produtiva de modo sucessivo e sistêmico.

.É importante observar que a nova lei trará reflexos positivos no âmbito

social, ambiental e econômico por que não só tende a diminuir o consumo dos

recursos naturais como proporciona a abertura de novos mercados, além de

gerar trabalho, emprego e renda, conduzindo à inclusão social e diminuindo os

impactos ambientais provocados pela disposição inadequada dos resíduos.

45

A nova Política Nacional de Resíduos Sólidos tem por objetivos traçar

ações, estratégias que viabilizem processos capazes de agregar valor aos

resíduos aumentando a capacidade competitiva do setor produtivo.E, ainda,

propiciando a inclusão, e o controle social, dando um norte para os Municípios

obterem uma adequada gestão dos resíduo sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos apresenta as seguintes

diretrizes: protege mecanismos que respão da saúde pública e da qualidade do

meio ambiente; estimula a não geração, redução, reutilização, reciclagem,

tratamento de resíduos sólidos e disposição fina, ambientalmente adequada

dos rejeitos; consumo sustentável;gestão integrada de resíduos sólidos;

articulação entre as diferentes esferas do Poder Público, visando a cooperação

técnica e financeira para á gestão integrada dos resíduos sólidos,

transparência e participação social; adoção de praticas e mecanismos que

respeitem as diversidades locais

Podemos destacar a importância do controle social que através de seus

mecanismos e procedimentos, garantem à sociedade, informação,

representação e participação nos processos de formulação, planejamento e

avaliação.

E, ainda, a logística reversa, que pode ser definida como um instrumento

de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por procedimentos e

ações que se destinam a facilitar a coleta e restituição dos resíduos sólidos aos

seus geradores para tratamento ou reaproveitamento em novos produtos,

novos insumos ou em outros ciclos produtivos, objetivando a não rejeição de

resíduos.

46

Observamos, também, os seguintes destaques:Plano de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos; análise e avaliação do ciclo de vida dos

produtos e a logística reversa.

A gestão integrada dos resíduos sólidos será incumbência do Distrito

Federal e dos Municípios. A lei determina a vinculação dos recursos da União à

elaboração de planos de gestão integrada de resíduos sólidos e exige, ainda, a

incorporação da visão global das ações relacionadas aos resíduos sólidos de

forma a estabelecer o cenário atual e futuro dos resíduos.

A nova lei define, também, responsabilidades como a do gerador de

resíduos sólidos, compreendendo as etapas de acondicionamento e

disponibilização para coleta, tratamento e disposição final de rejeitos. Há que

se falar, da mesma forma, na questão do dano envolvendo resíduos sólidos,

sendo a responsabilidade pela execução de medidas mitigatórias, corretivas e

reparatórias da atividade ou empreendimento causador do dano,

solidariamente com seu gerador.

A instituição da logística reversa visa promover ações que garantam o

fluxo dos resíduos sólidos gerados para sua cadeia produtiva ou para cadeias

de produtivas de outros geradores .Os resíduos sólidos serão reaproveitados

em produtos no formato de insumos,em seu ciclo ouem outros ciclos

produtivos, acarretando, com isso, responsabilidades ao consumidor, ao titular

dos serviços públicos de limpeza urbana, aos fabricantes, aos importadores de

produtos, aos revendedores, comerciantes e distribuidores de produtos.

Caberá ao Poder Público organizar programas e linhas de

financiamento, dando prioridade a iniciativas que visem a prevenção e redução

47

de resíduos sólidos no processo produtivo, o desenvolvimento de pesquisas

direcionadas a preservação da geração de resíduos e produtos que busquem a

proteção ambiental e a saúde humana; proporcionar infra estrutura física e

equipamentos para as organizações produtivas de catadores de materiais

recicláveis formadas por pessoas de baixa renda.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos proíbe o lançamento de

resíduos nos corpos hídricos e no solo, de modo a causar danos ao meio

ambiente e, a saúde pública.Pune, ainda, a queima a céu aberto ou em

recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para esta finalidade,

também, proíbe a importação de resíduos sólidos e rejeitos cujas

características causem danos ao meio ambiente e a saúde pública.

CONCLUSÃO

Após o exposto, constatasse que a Política Nacional de Resíduos

Sólidos é um grande avanço para o país, que necessitava urgente de uma

legislação para o setor,entretanto, a lei apresenta pontos positivos e negativos.

Entre os pontos positivos podemos citar em primeiro lugar que o

texto aprovado é enxuto e busca enfatizar a redução,o reuso e o

reaproveitamento.Suas diretrizes oferecem incentivos para a reciclagem e

reaproveitamento.Em segundo lugar, o texto da lei apresenta dez referências à

participação das cooperativas de catadores no processo de gestão de

resíduos.Há, também, a previsão de financiamento para os Municípios que

implementarem coleta seletiva com catadores, medida estimulante do

desenvolvimento das cooperativas.

48

Outro ponto positivo foi a importação de resíduos e rejeitos com

características que possam causar danos ao meio ambiente e a

saúde,aberração que foi corrigida pela Lei.Destacamos outro avanço.A Política

Nacional de Resíduos Sólidos estabelece metas e prazos e deve ser elogiada,

assim como, o tratamento consorciado de resíduos, o qual permite que

pequenos Municípios planejem conjuntamente a destinação dos resíduos.A

lei,também,prevê remuneração aos Estados que arquem com as despesas da

logística reversa dos geradores

Todavia, como já foi assinalado tem pontos negativos, como o art 9 que

abre espaço para a “recuperação energética” dos resíduos, Istoé, a

incineração .A queima do lixo causa polêmica . É toxico e as cinzas devem ser

depositadas em aterro especial.Outro aspecto negativo: a analise do ciclo de

vida do produto não foi incluída como um processo anterior à coleta .Este abre

espaço para que os fabricantes reavaliem seus produtos, como o excesso de

embalagens.

Há que se falar em outro ponto polêmico o art 33, que trata da logística

reversa.O texto deixou que os geradores de resíduos (setor empresarial),

atribuíssem sobre a execução do processo para produtos, onde não há

obrigatoriedade prevista na lei, isto é, se o gerador alegar que não pode

recolher um produto, por inviabilidade técnica ou econômica, a sociedade terá

que acatar.Este é um ponto a ser melhor trabalhado na regulamentação da lei,

visando que os geradores se não fizerem coleta, paguem as prefeituras a fim

de que possam contratar cooperativas que efetuem o serviço.

49

Desta forma, concluímos que a Política Nacional de Resíduos Sólidos é

um marco para o setor, inova em muitos pontos e em outros precisa, ainda , de

regulamentação,mais constitui uma grande vitória para o meio ambiente e a

sociedade..

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. São Paulo.Editora Revista dos

Tribunais, 2009.

MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São

Paulo. Editora Malheiros, 2008.

DA CUNHA, Sandra Baptista, GUERRA, Antonio José Teixeira. A

Questão Ambiental. Rio de Janeiro,2005.

WEBLIOGRAFIA

HTTP://www.waste.org.uk acessado em 30/05/2011

HTTP:/comlurb.rio.rj.gov.br acessado em 2/06/2011

HTTP://educacao.centralblogs.com.br acessão em 3/06/2011

HTTP:/WWW.estadao.com.br acessado em 5/06/2011

HTTP://congressemfoco.uol.com.br acessado em 7/06/2011

HTTP:/WWW.camara.gov.br acessado em 8/06/2011 acessado em 8/07/2011

HTTP:/blogln.ning.com acessado em 10/07/2011

HTTP://lixoeletronico.org acessado em 11/07/2011

http:/www.viajus.com.br acessado em 12/07/2011

http:/www.rc.unesp.br acessado em 12/07/2011