guião felizmente há luar!

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“Felizmente Há Luar!” Luís de Sttau Monteiro Felizmente há luar! é uma obra literária, drama narrativo de carácter épico, publicada em 1961 pelo dramaturgo Luís de Sttau Monteiro e adaptada para teatro pelo próprio autor. Após a publicação de Angústia para o Jantar, esta peça celebrizou Sttau Monteiro no teatro português, sendo bem recebida pela crítica da época e tornando o autor um dos mais importantes dramaturgos contemporâneos europeus. A história relatada na obra é baseada na frustrada tentativa de uma revolta liberal no ano de 1817, cujo alegado (mas nunca confirmado) líder seria Gomes Freire de Andrade. Recriada em dois actos, a sequência de factos históricos ocorridos em Outubro desse mesmo ano, que conduziu ao cárcere e ao enforcamento de Gomes Freire de Andrade, no forte de São Julião da Barra, acto este levado a cabo pelo regime do marechal Beresford e apoiado firmemente pela Igreja. Vigoroso apelo ético, inserido numa forma de dissertação do autor sobre a repressão política injusta e perseguições de que os cidadãos do Portugal da década de 1960 sofriam, a peça era legivelmente uma oposição política ao regime então em vigor e um incentivo à revolta. Denominada pelo próprio autor «apoteose trágica», foi censurada posteriormente à sua publicação e proibida até 1974. A obra, publicada em 1961, foi aclamada pela crítica e levou o autor a consagrar-se como dramaturgo ao receber o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores. Todavia foi censurada pelo Estado. Em 1962 o autor tentou encenar a peça no Teatro Experimental do Porto, mas não conseguiu sucesso junto das autoridades. A sua primeira encenação aconteceu em Paris, em 1969, e só em 1978 foi a palco em Portugal, no Teatro Nacional. Em 2001, a peça foi encenada pela primeira vez no Teatro Experimental do Porto, uma vez que a primeira tentativa falhou. Actualmente (2006-2012) encontra-se em cena no Teatro Cinearte, em Lisboa interpretado pela Companhia de Teatro A Barraca, numa encenação de Hélder Costa, com Maria do Céu Guerra, Jorge Gomes Ribeiro, Luis Thomar, Adérito Lopes, Pedro Borges, Rita Fernandes, Sérgio Moras, Sérgio Moura Afonso e Susana Costa. Este elenco esteve presente, com “Felizmente Há Luar!”, de Luís de Sttau Monteiro 1

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Page 1: Guião Felizmente há Luar!

“Felizmente Há Luar!” Luís de

Sttau Monteiro

Felizmente há luar! é uma obra literária, drama narrativo de carácter épico, publicada em 1961 pelo dramaturgo Luís de Sttau Monteiro e adaptada para teatro pelo próprio autor.

Após a publicação de Angústia para o Jantar, esta peça celebrizou Sttau Monteiro no teatro português, sendo bem recebida pela crítica da época e tornando o autor um dos mais importantes dramaturgos contemporâneos europeus.

A história relatada na obra é baseada na frustrada tentativa de uma revolta liberal no ano de 1817, cujo alegado (mas nunca confirmado) líder seria Gomes Freire de Andrade. Recriada em dois actos, a sequência de factos históricos ocorridos em Outubro desse mesmo ano, que conduziu ao cárcere e ao enforcamento de Gomes Freire de Andrade, no forte de São Julião da Barra, acto este levado a cabo pelo regime do marechal Beresford e apoiado firmemente pela Igreja.

Vigoroso apelo ético, inserido numa forma de dissertação do autor sobre a repressão política injusta e perseguições de que os cidadãos do Portugal da década de 1960 sofriam, a peça era legivelmente uma oposição política ao regime então em vigor e um incentivo à revolta. Denominada pelo próprio autor «apoteose trágica», foi censurada posteriormente à sua publicação e proibida até 1974.

A obra, publicada em 1961, foi aclamada pela crítica e levou o autor a consagrar-se como dramaturgo ao receber o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores.

Todavia foi censurada pelo Estado. Em 1962 o autor tentou encenar a peça no Teatro Experimental do Porto, mas não conseguiu sucesso junto das autoridades. A sua primeira encenação aconteceu em Paris, em 1969, e só em 1978 foi a palco em Portugal, no Teatro Nacional. Em 2001, a peça foi encenada pela primeira vez no Teatro Experimental do Porto, uma vez que a primeira tentativa falhou.

Actualmente (2006-2012) encontra-se em cena no Teatro Cinearte, em Lisboa interpretado pela Companhia de Teatro A Barraca, numa encenação de Hélder Costa, com Maria do Céu Guerra, Jorge Gomes Ribeiro, Luis Thomar, Adérito Lopes, Pedro Borges, Rita Fernandes, Sérgio Moras, Sérgio Moura Afonso e Susana Costa. Este elenco esteve presente, com este espectáculo, como convidado especial, na III Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo, realizada no Centro Cultural de São Paulo, no Brasil, em Maio, de 2008.

In wikipédia

Contextualização

“Felizmente Há Luar!”, de Luís de Sttau Monteiro 1

Page 2: Guião Felizmente há Luar!

A história desta peça passa-se na época da revolução francesa de 1789. As invasões francesas levaram Portugal à indecisão entre os aliados e os

franceses. Para evitar a rendição, D. João V foge para o Brasil. Depois da primeira invasão, a corte pede auxílio a Inglaterra para reorganizar o exército. Estes enviam-nos o general Beresford.

Luís de Sttau Monteiro denuncia a opressão vivida na época do regime salazarista através desta época particular da história. Assim, o recurso à distanciação histórica e à discrição das injustiças praticadas no inicio do século XIX, permitiu-lhe, também, colocar em destaque as injustiças do seu tempo, o abuso de poder do Estado Novo e as ameaças da PIDE, entre outras.

Carácter épico

Felizmente há luar é um drama narrativo, de carácter social, dentro dos princípios do teatro épico e inspirado na teoria marxista, que apela às reflexão, não só no quadro da representação, mas também na sociedade em que se insere.

De acordo com Brecht, Sttau Monteiro pretende representar o mundo e o homem em constante evolução de acordo com as relações sociais. Estas características afastam-se da concepção do teatro aristotélico que pretendia despertar emoções, levando o público a identificar-se com o herói. O teatro moderno tem como preocupação fundamental levar os espectadores a pensar, a reflectir sobre os acontecimentos passados e a tomar posição na sociedade em que se inserem. Surge, assim, a técnica do distanciamento que propõem um afastamento entre o actor e a personagem e entre o espectador e a história narrada, para que, de uma forma mais real e autêntica, possam fazer juízos de valor sobre o que se está a ser representado.

Desta forma, o teatro já não se destina a criar terror ou piedade, isto é, já não tem uma função purificadora, realizada através das emoções, tendo, então, uma capacidade crítica e analítica para quem o observa. Brecht pretendia substituir o “sentir” por “pensar”, levando o público a entender de forma clara a sua mensagem por meio de gestos, palavras, cenários, didascálicas e focos de luz.

Estes são, também, os objectivos de Sttau Monteiro, que evoca situações e personagens do passado (movimento liberal oitocentista), usando-as como pretexto para falar do presente (ditadura salazarista) e, assim, pôr em evidencia a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a injustiça e todas as formas de perseguição.

Objectivos (condensação do texto): Auto-representação das personagens e narrador Elementos técnicos não escondidos Muita luz (não há efeitos) Musica e cenários destroem a ilusão da realidade Efeito de conjunto (justaposição/montagem de episódios) História desenrola-se numa serie de situações separadas que começam e

acabam em si mesmas Teatro deve fazer pensar e não provocar sensações – distanciamento Intenção de critica social Concepção das personagens a partir da função social Vertente histórico-nararativa que impera

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Page 3: Guião Felizmente há Luar!

Paralelismo entre passado e as condições históricas dos anos 60: denúncia da violência

Século XIX – 1817 Século XX – anos 60Agitação social que levou à revolta de 1820

Agitação social: conspirações internas; principal erupção da guerra colonial

Regime absolutista e tirano Regime ditatorial salazaristaClasses hierarquizadas, dominantes, com medo de perder privilégios

Classes exploradas; desigualdade entre abastados e pobres

Povo oprimido e resignado Povo reprimido e exploradoMiséria, medo, ignorância, obscurantismo mas “felizmente há luar”

Miséria, medo, analfabetismo, obscurantismo mas crença nas mudanças

Luta contra a opressão do regime Luta contra o regime totalitário e ditatorialPerseguições dos agentes de Beresford Perseguições da PIDEDenuncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento

Denuncias dos “bufos”

Censura à imprensa Censura totalRepressão dos conspiradores; execução sumaria e pena de morte

Prisão; duras medidas de repressão e tortura; condenação sem provas

Execução de Gomes Freire Execução de Humberto DelgadoRevolução de 1820 Revolução do 25 de Abril de 1974

Personagens

Há três grupos importantes de personagens no poema:

1. Povo

Rita, Antigo Soldado, Populares Personagens colectiva Representam o analfabetismo e a miséria Escravizado pela ignorância Não tem liberdade Desconfiam dos poderosos São impotentes face à situação do país (não há eleições livres, etc.)

Manuel Denuncia a opressão Assume algum protagonismo por abrir os dois actos Papel de impotência do povo

Matilde Personagem principal do acto II Companheira de todas as horas de Gomes Freire Forte, persistente, corajosa, inteligente, apaixonada Não desiste de lutar, defendendo sempre o marido Põe de lado a auto-estima (suplica pela vida do marido) Acusa o povo de cobardia mas depois compreende-o Personifica a dor das mães, irmãs, esposas dos presos políticos Voz da consciência junto dos governadores (obriga-os a confrontarem-se

com os seus actos) Desmascara o Principal Sousa, que não segue os princípios da lei de Cristo

Sousa Falcão Amigo de Gomes Freire e Matilde Partilha das mesmas ideias de Gomes Freire mas não teve a sua coragem Auto-incimina-se por isso Medroso

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2. Delatores Representam os “bufos” do regime salazarista.

Vicente É do povo mas trai-o para subir na vida Tem vergonha do seu nascimento, da sua condição social Faz o que for preciso para ganhar um cargo na polícia Demagogo, hipócrita, traidor, desleal e sarcástico Falso humanitário Movido pelo interesse da recompensa Adulador do momento

Andrade Corvo e Morais Sarmento Querem ganhar dinheiro a todo o custo Funcionam como “bufos” também pelo medo que têm das consequências

de estar contra o governo Mesquinhos, oportunistas e hipócritas

3. Governadores Representam o poder político e são o cérebro da conjura que acusa Gomes Freire

de traição ao país; não querem perder o seu estatuto; são fracos, mesquinhos e vis; cada um simboliza um poder e diferentes interesses; desejam permanecer no poder a todo o custo

Beresford Representa o poder militar Tem um sentimento de superioridade em relação aos portugueses e a

Portugal Ridiculariza o nosso povo, a vida do nosso país e a atrofia de almas Odeia Portugal Está sempre a provocar o principal Sousa Não é melhor que aqueles que critica mas é sincero ao dizer que está no

poder só pelo seu cargo que lhe dá muito dinheiro Tem medo de Gomes Freire (pode-lhe tirar o lugar) Oportunista, severo, disciplinar, autoritário e mercenário Bom militar, mau oficial

Principal Sousa É demagogo e hipócrita Não hesita em condenar inocentes Representa o poder clerical/Igreja Representa o poder da Igreja que interfere nos negócios do estado Não segue a doutrina da Igreja para poder conservar a sua posição Não tem argumentos face ao desmascarar que sofre de Matilde Tem problemas de consciência em condenar um inocente mas não ousa

intervir para não perder a sua posição confortável no governo Fanático religioso Corrompido pelo poder eclesiástico Desonesto Odeia os franceses Defende o obscurantismo

D. Miguel Forjaz Representa o poder político e a burguesia dominadora Quer manter-se no poder pelo seu poder político-económico Personifica Salazar Prepotente, autoritário, calculista, servil, vingativo e frio Corrompido pelo poder Primo de Gomes Freire

Gomes Freire de Andrade

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Representa Humberto Delgado Personagem virtual/central Sempre presente nas palavras das outras personagens Caracterizado pelo Antigo Soldado, por Manuel; D. Miguel e Beresford Idolatrado pelo povo Acredita na justiça e na luta pela liberdade Soldado brilhante Estrangeirado Símbolo da esperança e liberdade

Policias: representam a PIDE

Frei Diogo de Melo: representam a Igreja consciente da situação do país...

Tempo

Tempo histórico ou tempo real (século XIX - 1817) Invasões francesas (desde 1807): rei no Brasil Ajuda pedida aos ingleses (Beresford) Regime absolutista Situação económica portuguesa má: dinheiro ia para a corte no Brasil Regência, influenciada por Beresford (símbolo do poder britânico em

Portugal) Primeiros movimentos liberais (1817), com a conspiração abortada de

Gomes Freire 25 De Maio de 1817 – prisão de Gomes Freire; 18 de Outubro de 1817 –

enforcado, datas condensadas em dois dias na peça (tempo de acção dramática)

Governadores viam na revolução a destruição da estrutura tradicional do Reino e a supressão dos privilégios das classes favorecidas

O povo via na revolução a solução para a situação em que se encontrava Revolução liberal de 1820 Implantação do liberalismo em 1834, com o acordo de Évora-Monte

Tempo metafórico ou tempo da escrita (século XX – 1961, época marcada pelo conflito entre o regime salazarista e a oposição)

Permanentemente presente (implícito) Época conturbada em 1961: guerra colonial angolana; greves; movimentos

estudantis; pequenas “guerrilhas” internas; crescente aparecimento de movimentos de opinião organizados; oposição política

Situação política, social e económica de desagrado geral Regime ditatorial salazarista: desigualdade entre abastados e pobres muito

grande; povo reprimido e explorado; miséria, medo; analfabetismo e obscurantismo

PIDE, “bufos”; censura; medidas de repressão/tortura e condenação sem provas

Sttau Monteiro evoca situações e personagens do passado como pretexto para falar do presente

Grande dualidade de conceitos entre os dois tempos: Gomes Freire é Humberto Delgado; os governadores três são o regime salazarista; Vicente e os delatores são os “bufos”; os homens de Beresford são a PIDE…

Estrutura

A acção da peça está dividida em dois actos (estrutura externa), o primeiro com onze sequências e o segundo com treze (estrutura interna). No acto I trama-se a morte de Gomes Freire; no acto II põe-se em prática o plano do acto I.

Os símbolos

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Saia verde: comprada em Paris, no Inverno, com o dinheiro da venda de duas medalhas. “Alegria no reencontro”; a saia é uma peça eminentemente feminina e o verde encontra-se destinado à esperança

Título: duas vezes mencionado inserido nas falas das personagens (por D. Miguel, que salienta o efeito dissuador das execuções e por Matilde, cujas palavras remetem para um estímulo para que o povo de revolte)

Luz: vida, saúde e felicidade, símbolo da vitória contra a escuridão (opressão e falta de liberdade), pode referir-se quer à fogueira quer ao luar

Noite: mal, castigo, morte Lua: simbolicamente, por estar privada de luz própria, na dependência do

Sol e por atravessar fases, mudando de forma, representa: dependência, periocidade, renovação

Luar: duas conotações: para os opressores, mais pessoas ficarão avisadas e para os oprimidos, mais pessoas poderão um dia seguir essa luz e lutar pela liberdade

Fogueira: D. Miguel Forjaz – ensinamento ao povo; Matilde – a chama mantém-se viva e a liberdade há-de chegar

Titulo: D. Miguel: salientando o efeito dissuasor das execuções, querendo que o castigo de Gomes Freire se torne num exemplo; representa as trevas e o obscurantismo (Página 131); Matilde: na altura da execução são proferidas palavras de coragem e estímulo, para que o povo se revolte contra a tirania; representa a caminhada da sociedade em busca da liberdade (Página 140)

Moeda de 5 reis: símbolo de desrespeito que os mais poderosos mantinham para com o próximo, contrariando os mandamentos de Deus

Tambores: símbolos da repressão do povo

Espaço

Espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes

Espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens

Linguagem e estilo

Recursos estilísticos: enorme variedade (tomar espacial atenção à ironia) Funções da linguagem: apelativa (frase imperativa); informativa (frase

declarativa); emotiva [frase exclamativa, reticências, anacoluto (frases interrompidas)]; metalinguística

Marcas da linguagem e estilo: provérbios, expressões populares, frases sentenciosas

Texto principal: As falas das personagens Texto secundário: as didascálias/indicações cénicas (têm um papel crucial

na peça)

A didascáliaA peça é rica em referências concretas (sarcasmo, ironia, escárnio, indiferença,

galhofa, adulação, desprezo, irritação – relacionadas com os opressores; tristeza, esperança, medo, desânimo – relacionadas com os oprimidos). As marcações são abundantes: tons de voz, movimentos, posições, cenários, gestos, vestuário, sons (tambores, silêncio, voz que fala antes de entrar no palco, sino que toca a rebate, murmúrio de vozes, toque duma campainha) e efeitos de luz (contraste entre a escuridão e a luz; os dois actos terminam em sombra). De realçar que a peça termina ao som de fanfarra (“Ouve-se ao longe uma fanfarronada que vai num crescendo de intensidade até cair o pano.”) em oposição à luz (“Desaparece o clarão da fogueira.”); no entanto, a escuridão não é total, porque “felizmente há luar”.

Análise dos actos

Acto I

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Acto II

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Exames Nacionais de 2000 - 2005

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Texto A

1.

2.

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Excerto idêntico no Livro de Preparação do Exame Nacional, página 206/207

3.

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4.

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Page 18: Guião Felizmente há Luar!

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6.

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Excerto idêntico no Livro de Preparação do Exame Nacional, página 205/206

Leia atentamente o excerto:

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TEXTOCom a energia

possível a quem chegou ao fim das suas forças.

MATILDEVamos falar com D. Miguel Forjaz.

SOUSA FALCÃONem nos receberá! Conheço-o há muitos anos. É frio, desumano e

calculista. Odeia Gomes Freire com um ódio que vem de longe, um ódio total, que não perdoa nada!

Lembre-se de que são primos, e antigos camaradas de armas…Um é franco, aberto e leal.O outro é a personificação de mediocridade consciente e rancorosa.Gomes Freire perdoaria a D. Miguel Forjaz, mas D. Miguel Forjaz vai

enforcar Gomes Freire.É inútil bater-lhe à porta.

MATILDEUm cristão não fecha assim a porta a uma desgraçada que lhe vem pedir

pela vida do seu homem…tem de me ouvir.SOUSA FALCÃO

(Com azedume)D. Miguel é um cristão de domingo, Matilde. Pode estar certa de que todos

os dias dá a um pobre pão para que lhe baste para se conservar vivo até morrer de fome…

MATILDEMas temos de ir.

SOUSA FALCÃONão nos receberá.

MATILDENesse caso iremos para que não nos receba.

(Como quem faz uma descoberta)É isso mesmo, António! Iremos para que não nos receba.(Pega no braço de Sousa Falcão e dirigem-se ambos para o centro do

palco. Detêm-se a meio caminho. Vindo do fundo, surge um criado, de libré, que se coloca à frente deles)

É preciso que os homens se definam para que possam ser julgados.É preciso que ele não nos receba – é a nossa oportunidade de o obrigar a

definir-se, de o colocar no banco dos réus, para que o juiz o possa julgar…SOUSA FALCÃO(Com desânimo)

Que juiz?(…) Luís de Sttau Monteiro, Felizmente há

Luar!

Considere o excerto transcrito e responda de forma clara às questões:

1. A personagem Matilde neste excerto toma uma decisão. Que pretende concretamente?

2. Sousa Falcão antecipa o resultado do que irá acontecer, a que argumentos recorre para explicar tal desfecho?

3. Explique o processo de caracterização de personagens presente neste excerto.

4. «Nesse caso iremos para que não nos receba» - diz a personagem Matilde. Como interpretas essa afirmação?

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5. O final do excerto termina com uma pergunta de Sousa Falcão. Qual a resposta adequada para tal pergunta, considerando os objectivos desta peça.

6. Assinale como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações seguintes:

A Na cena anterior ao excerto, Principal de Sousa recebeu e pediu a Matilde que se resignasse.

B Numa cena seguinte ao excerto, Matilde ouviu de Frei Diogo palavras de conforto.

C Numa cena anterior Matilde recebe uma moeda da mão de Rita.

D Numa cena posterior ao excerto, Matilde vai despedir-se de Gomes Freire e aceita como terminada a luta pela liberdade.

E Na cena seguinte, Matilde foi insultada pelo criado de D. Miguel.

F Numa cena posterior, o Principal de Sousa diz que são razões de Estado as que condenam Gomes Freire.

7. Considerando as características do teatro épico presentes em Felizmente Há Luar!, assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações no

seguinte quadro:

A As didascálias a negrito reforçam o carácter explicativo do teatro épico.

B Em Felizmente Há Luar!, o autor pretendeu denunciar através da metáfora histórica o regime em que vivia.

C No teatro brechtiano pretende-se que o espectador se identifique com os heróis da intriga e se deixe guiar pela emoção.

D.

Para caracterizar uma personagem, o dramaturgo serve-se doutras linguagens para além da verbal, sobretudo o tom de voz, os gestos e a movimentação em cena.

E No teatro épico os sons, a iluminação, os adereços são elementos pouco relevantes para a construção do sentido.

F.

A estrutura formal e externa de Felizmente Há Luar! é o do teatro «dramático».

8. Com base no trecho e em toda a peça demonstre como Sousa Falcão é o «inseparável amigo», como o dramaturgo o descreveu inicialmente.

II

1. Assinale as opções certas:

1.1. Na frase: «… Nesse caso iremos para que não nos receba » – o segmento sublinhado classifica-se como:

a Frase subordinada relativa adjectiva restritivab Frase subordinada adverbial condicionalc Frase subordinanted Frase subordinada adverbial final

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1.2. Na frase: «… Um cristão não fecha assim a porta a uma desgraçada que lhe vem pedir pela vida do seu homem …», a parte sublinhada constitui:

a Frase coordenada conclusiva sindéticab Frase subordinada substantiva completiva.c Frase subordinada adverbial concessivad Frase subordinada relativa adjectiva restritiva

1.3.Na frase – «É preciso que ele não nos receba.» - a expressão sublinhada constitui:

a Frase subordinada adverbial concessiva.b Frase subordinada substantiva completiva.c Frase subordinada adverbial consecutiva.d Frase subordinada relativa adjectiva explicativa.

1.4. Na frase: «Gomes Freire perdoaria a D. Miguel Forjaz, mas D. Miguel Forjaz vai enforcar Gomes Freire» – a parte sublinhada é:

a Frase coordenada adversativa sindéticab Frase coordenada adversativa assindéticac Frase coordenada copulativa sindética.d Frase subordinada disjuntiva

2. Relacione as frases simples em frases complexas, segundo os esquemas propostos, fazendo as alterações necessárias:

2.1 Subordinada adverbial condicional + subordinante+ subordinada adjectiva relativa explicativa.

- Matilde foi recebida por D. Miguel

- Matilde obterá o perdão para o seu homem.

- O seu homem estava preso em S. Julião da Barra.

_______________________________________________________________________

2.2. Subordinante + subordinada substantiva completiva + subordinada relativa adjectiva.

- Os governadores pensaram [alguma coisa].

- A morte do general será uma lição para os contestatários.

- Os contestatários desejavam reformas no sistema político.

_______________________________________________________________________

3. Divida a frase complexa nas frases (orações) que a compõem e classifique-as.

«Vindo do fundo, surge um criado, de libré, que se coloca à frente deles».

III

Escolha um dos temas e desenvolva-o numa breve dissertação (150 a 200 palavras):

A) Tratando-se dum teatro de denúncia, refira-se aos alvos dessa denúncia em Felizmente Há Luar!.

B) Demonstre como se aplica na peça o que diz o dramaturgo: «O General Gomes Freire D’Andrade – que está sempre presente embora nunca apareça». .

“Felizmente Há Luar!”, de Luís de Sttau Monteiro 23

Page 24: Guião Felizmente há Luar!

Ver também…Exame 2009 – 1ª Fase Texto B

1.

2.

3.

4.

5.

Ver também…Exame 2010 – 2ª Fase (Matilde de Melo)Exame 2007 – 2ª Fase (Importância da noite em Felizmente há luar)

“Felizmente Há Luar!”, de Luís de Sttau Monteiro 24