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  • 8/2/2019 Microsoft PowerPoint - FELIZMENTE H LUAR!

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    FELIZMENTE H LUAR!Lus de Sttau Monteiro

    ORIENTAO DO ESTUDOPROPOSTA DE ANLISE

    Portugus

    12 AnoProf. Antnio Costa

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    FELIZMENTE H LUAR! - Introduo

    TEATRO O Teatro um lugar de exaltao, mistrio e liberdade, onde a

    gente pode sentir o que no quer, onde a gente pode amar, sofrer,

    rir e chorar, fingir vontade, mascarar-se, declamar, correr atrsdos outros e perder-se invariavelmente na confuso das cordas edos bastidores, das lonas e armaes, baldes de gua e serradura,at se sentir angustiado, sem saber o caminho l para fora. Ento,

    - ,cinturo s riscas, com a machadinha ao lado muito areada, ou comum polcia que nos agarra a fingir de ests-preso, e a gente d aentender que no quer, que tem medo, e tem mesmo, mas senteuma consolao, um pavor gostoso em acreditar nele e ser salvo.

    Sobretudo quando toda esta gente nossa conhecida, e anda afazer de contas que no . O Teatro como o Carnaval. Excita,comove, amedronta, duplica a vida. Sente-se a gente com alma solta.

    In, A Escola do Paraso de Jos Rodrigues Miguis

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    Lus de Sttau Monteiro Bibliografia em imagens

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    Lus de Sttau Monteiro Actividade Jornalstica em imagens

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    Lus de Sttau Monteiro Actividade Jornalstica em imagens

    Poupana a Poupana

    Enche a Gente o Papo de Ar.

    Estou farta de batatas at aos olhos no posso ver batatas minha frente porquetenho um azar danado enquanto toda a gente hoje tem o DIA mundial da poupanaeu nasci numa casa em que andamos h cinco anos ou mais sim ou mais que eutenho a impresso de que nunca vivemos seno assim mas o melhor voltar ao que

    eu estava a contar enquanto toda a gente tem um dia mundial da poupana ns lem casa andamos no ANO inteiro da poupana e o pior que j vamos no quartoano da poupana e para qu sim para qu? (...)

    Lus de Sttau Momteiro, Redaces da Guidinha

    P.S.: Estas redaces/crnicas foram publicadas pelo Dirio de Lisboa aos sbados, no suplemento "A Mosca

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    Angstia Para o Jantar - Excertos

    - Meu pai dizia-me que da janela da repartio onde trabalhava se via o mar

    - Que fazia teu pai?- Que fazia meu pai? No fazia nada, era oficial da marinha. Entrava na repartio s 10 e saa s6 L o que ele fazia na repartio no sei Preenchia papelada ou sonhava com navios seil talvez olhasse para o mar atravs da janela Quando chegava a casa lia o jornal, fazia aspalavras cruzadas e ia para a cama. Era oficial da marinha, digo-te eu (trecho inicial)

    Nunca vi nada que no fosse lgico. Tudo tem uma lgica, muito embora esteja por vezesescondida. a isso que chamamos o segredo das coisas. O que distingue os homens lcidos dosinconscientes que os primeiros procuram descobrir a lgica das coisas, ao passo que ossegundos julgam que as coisas surgem por si prprias e procuram, no a sua lgica, mas a suar ma. pg.

    Gonalo entrara um dia, hora do almoo, em casa do porteiro dum dos seus prdios. Afamlia estava reunida em torno da mesa. A me e os filhos comiam batatas fritas e o pai o nicobife. Fora-lhe impossvel no comentar.- Ento a carne toda para si, Joo?

    A mulher saltara logo a defender a casa portuguesa:- Carne para quem trabalha, Sr. Doutor.O porteiro passara a manh sentado numa poltrona, no trio do prdio, lendo O Sculo,enquanto a mulher varrera a escada, limpara a casa, cozinhara e olhara pelas crianas.- Parece-me que a Maria quem mais trabalha nesta casa...O porteiro, de p, com o guardanapo na mo, esclarecera a situao:- O marido sou eu, Sr. Doutor. pg.29,30

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    Angstia Para o Jantar - Excertos

    - A cidade, vista noite, estranha. J pensou no que faro em casa todos esses tipos que agente v na rua, com emblemas do Benfica na lapela? Uns emblemas feitos de pedrinhas?- Sou um deles.- ? E que faz voc noite, em casa?Hoje era capaz de responder. noite, em casa, repetimos o que fizemos durante o dia: nada.

    noite, em casa, continuamos a esperar pela morte e, quando ela se aproxima,compreendemos que devamos ter feito mais qualquer coisa. pg.144

    Estas so personagens que vivem diariamente com o medo: da morte eda vida adiada de ue os 2500 00 no che uem at ao fim do ms ue

    a fortuna e o estatuto j no passem para a gerao seguinte, que aprimeira vez nunca mais volte a acontecer. Isto num cenrio em quetodas as posies esto bem definidas, patres e empregados, senhoras epegas, em que a palavra revoluo das conversas da malta tinha umsentido diferente do que lhe conhecemos hoje.

    Depois de lermos esta obra, no nos espantamos que Lus de SttauMonteiro tenha sido vrias vezes preso pela PIDE. Embora noencontremos referncias directas ao regime poltico de ento, elas estodissimuladas em expresses como Isto j no chega aos nossos filhos....

    No fundo, quem vence as batalhas quem est dentro do seu tempo..

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    FELIZMENTE H LUAR! - Introduo

    Lus de Sttau Monteiro publicou Felizmente H Luar! (FHL),em1961.. a censura no a deixou subir cena;. a representao s vir a acontecer em 1978, no TeatroNacional (encenao do prprio autor).

    FHL um drama narrativo, na linha do teatro brechtiano.

    . o protagonista, o General Gomes Freire de Andrade (GFA),nunca aparece em cena.

    A aco narrativa:- o calvrio de GFA, da priso fogueira;

    - a perseguio que lhe movem os trsconscienciosos governadores do reino;

    - a forada resignao de um povo dominado pela"misria, o medo e a ignorncia;

    - a revolta desesperada e impotente da mulher.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Introduo

    FHL aborda um tema da nossa histria:

    A Conspirao de 1817

    A o ra apresenta ois tempos:

    - o tempo da histria sculo XIX (1817)poca em que comea adesenhar-se a oposio do

    movimento liberal

    - o tempo da escrita o ano de 1961ano de convulses de oposioao regime salazarista

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    FELIZMENTE H LUAR! Teatro pico

    A pea FHL uma pea pica, inspirada na teoria marxista, queapela reflexo, no s no quadro da representao, comotambm na sociedade em que se insere.

    O teatro de Brecht pretende representar o mundo e o homem emconstante evoluo de acordo com as relaes sociais.

    Estas caractersticas afastam-se da concepo do teatro aristotlico

    ,

    levando o espectador a identificar-secom o heri.

    O teatro moderno/contemporneo/pico

    tem como preocupao fundamental levar osespectadores a pensar, a reflectir sobre osacontecimentos passados e a tomarposio na sociedade em que se insere.

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    FELIZMENTE H LUAR! Teatro pico

    Surge assim a tcnica do distanciamento (Distanciao)

    - prope um afastamento:

    - entre o actor e a personagem;

    - entre o espectador e a histria narrada.

    ec vos:

    - todos possam fazer juzos de valor sobre o que est aser representado, de uma forma mais real e autntica;

    - envolver o espectador no julgamento da sociedade,tomando contacto com o sofrimento dos outros;

    - o espectador deve possuir um olhar crtico paramelhor se aperceber de todas as formas de injustia e

    opresses.

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    FELIZMENTE H LUAR! Teatro pico: desenvolvimento

    Carcter pico da pea

    Distanciao histrica (tcnica realista; influncia de Brecht)

    FHL um drama narrativo, de carcter social, dentro dosprincpios do teatro pico.

    Na linha do teatro de Brecht

    - exprime a revolta contra o poder e a convico de que necessrio mostrar o mundo e o homem em constantedevir;

    - Defende as capacidades do homem que tem o direito e o

    dever de transformar o mundo em que vive;- oferece-nos uma anlise crtica da sociedade;

    - procura mostrar a realidade em vez de a representar;

    - quer levar o espectador/testemunha a reagir criticamente

    e a tomar posio face aos acontecimentos sociais.

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    FELIZMENTE H LUAR! Teatro pico: desenvolvimento

    Assim, o teatro pico encarado- como uma forma de anlise das transformaes sociais que ocorrem aolongo dos tempos,

    - como um elemento de construo da sociedade.

    A ruptura com a concepo tradicional da essncia do teatro evidente:- o drama j no se destina a criar o terror e a piedade,

    - j no se busca a funo catrtica, purificadora, realizada atravs dasemoes,

    - h uma identificao do espectador com o heri da pea,

    - estimula-se a capacidade crtica e analtica de quem observa.

    Brecht pretendia substituir o sentir pelo pensar.

    H homens que lutam um dia, e so bons;H outros que lutam um ano, e so melhores;H aqueles que lutam muitos anos, e so muito bons;Porm h os que lutam toda a vidaEstes so os imprescindveis.

    Bertolt Brecht

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    FELIZMENTE H LUAR! Teatro pico: Influncias

    Bertolt Brecht(Poeta e dramaturgo alemo)

    Samuel Bechett(Prof. Univ. em Frana; dramaturgo)

    John Osborne(dramaturgo ingls)

    n. 1898 Augsburgom. 1956 Berlim

    n. 1906 Dublin, Irlandam. 1989 Paris

    n. 1929 Londres, Inglaterram. 1994 Shropshire, Inglaterra

    - dava grande importncia dimenso pedaggica das suasobras de teatro: contrrio passividade do espectador, suainteno era formar e estimular opensamento crtico do pblico.- Para isso, servia-se de efeitos de

    - um dos fundadores do teatrodo absurdo e considerado umdos principais autores do sculoXX;- Com "Esperando Godot",Beckett iniciou, ao mesmo tempoque Ionesco, o teatro do

    -Ligado ao movimento dosrapazes zangados (angryyoung men);- Com a obra Look Back in Anger(1956) revolucionou o teatroIngls como seu protagonista,Jimmy Porter;

    , ,

    entreatos musicais ou painis nosquais se comentava a aco.- Ideais marxistas levam-no aromper com o teatro naturalista.- Para ele, Teatro comprometimento, com o

    objectivo de mudar a sociedade.

    - As suas personagens reflectemum mundo onde no se acreditano universal e no divino, no qualo homem deixado sozinho esem nenhum suporte de f.-Em 1969, Beckett ganhou oPrmio Nobel de Literatura.

    -

    contra um imprio emdecadncia (anos 50);- causas: nostalgia; depresso;perda de notoriedade de Ingl..- No seu mais famoso jogo,Osborne castigou a hipocrisia daclasse mdia baixa, com o seuhumor excoriating.

    Lema:O Teatro no est ao servio dopoeta, est ao servio da sociedade.

    Temas:Solido, isolamento, sofrimento.

    Lema:Ser contra o Establishement: pr emcausa as bases do poder tradicional;

    visa a reforma social.

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    FELIZMENTE H LUAR! Teatro pico: desenvolvimento

    Ao lermos Felizmente H Luar! verificamos que so estestambm os objectivos de Sttau Monteiro.

    - evoca situaes e personagens do passado(movimento liberal oitocentista em Portugal);

    - usa-as como pretexto para falar do presente

    ur , no no o cu o ;

    - pe em evidncia a luta do ser humano contra a tirania, a opresso, a

    traio, a injustia e todas as formas de perseguio.

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    FELIZMENTE H LUAR! Teatro pico: desenvolvimento

    Tempo da Histria (sculo XIX 1817) Tempo da escrita (sculo XX 1961)

    - agitao social que levou revolta liberal de 1820 conspiraes internas;- revolta contra a presena da Corte no Brasil einfluncia do exrcito britnico- regime absolutista e tirnico- classes sociais fortemente hierarquizadas- classes dominantes com medo de perderprivilgios- povo oprimido e resignado

    - agitao social dos anos 60 conspiraesinternas; guerra colonial- regime ditatorial de Salazar- maior desigualdade entre abastados e pobres- classes exploradas, com reforo do seu poder- povo reprimido e explorado- misria, medo e analfabetismo- obscurantismo, mas crena nas mudanas- luta contra o regime totalitrio e ditatorial

    - ,

    - obscurantismo, mas felizmente h luar- luta contra a opresso do regime absolutista- Manuel, o mais consciente dos populares,denuncia a opresso e a misria- perseguies dos agentes de Beresford- as denncias de Vicente, Andrade Corvo e MoraisSarmento que, hipcritas, e semescrpulo denunciam- censura imprensa- severa represso dos conspiradores- processos sumrios e pena de morte

    - execuo do General Gomes Freire

    - agitao social e poltica com militares epopulares denuncia a opresso e a misria- Perseguies da PIDE- denncias dos chamados bufos, que surgem nasombra e se disfaram, para colher informaes edenunciar- censura- priso e duras medidas de represso e de tortura- condenao em processos sem provas

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    FELIZMENTE H LUAR!

    Quadro exemplificativo das duas pocas, tendo em conta as duas classes que se apresentamdicotomicamente: o povo e a classe governante.

    Tentativa de implantao do regime liberal em Portugal- primeiro quartel do sculo XIX

    A ditadura salazarista- dcada de 60 (sculo XX)

    - As figuras populares vivem em pssimas

    condies (dormem estendidas no cho;uma velha, sentada num caixote, catapiolhos a uma rapariga nova; Manuel andaandrajosamente vestido);

    Idntica situao se verifica no pas:

    - Durante a ditadura salazarista, houvetambm exemplos de antifascistas quesempre desejaram a liberdade, apesar daforte represso;

    - Manuel, smbolo da conscincia popular,tenta participar numa conspirao destinadaa romper com o regime vigente;

    - Denunciantes hipcritas e sem escrpulos

    que tentam impedir a unio popular emtorno do general Gomes Freire de Andrade(Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento);

    - Dois polcias (iguais a tantos outros) que

    tentam dispersar o povo

    - Dentro das camadas populares, tambmhavia indivduos que compactuavam com oregime opressor, denunciando elementos damesma classe, a fim de obteremdeterminados benefcios;

    - A polcia e a PIDE, ao servio do regime,atravs da represso, conseguiam impedir acoeso nas camadas populares.

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    FELIZMENTE H LUAR!

    Este paralelismo at visvel entre as personagens intervenientes na pea eindividualidades do sculo XX, dcada de 60.

    Gomes Freire e os outros onze condenados General Humberto Delgado e os outros presos polticos

    Principal Sousa Cardeal Cerejeira e a posio da igreja em Portugal

    Beresford Influncia / ajuda estrangeira ao regime, particularmente a

    inglesa, que tinha interesses econmicos, mesmo consciente do

    regime ditatorial

    D. Miguel Pereira Forjaz A burguesia dominadora que deseja manter o poder econmico esocial

    Vicente / Andrade Corvo / Morais Sarmento Os delatores ou bufos que, em geral, melhoram a sua condiosocial atravs da denncia

    Os dois polcias A polcia e a PIDE

    Matilde As mes, esposas, irms dos presos polticos que, lentamente, votomando conscincia da situao poltica e que hesitam entresalvar o familiar ou defender o povo

    Manuel / Rita / Antigo Soldado / Outros populares As pessoas que acreditam em Humberto delgado, mas que nointervm e so marcadas pelo desespero

    Sousa Falco O amigo do preso poltico que, mesmo consciente da situao, noousa intervir por medo de represlias

    Frei Diogo de Melo A faco da igreja que est consciente da situao (grupo da TribunaLivre, 1968)

    Tribuna Livre grupo de padres, criado em 1968, que se reunia mensalmente, a fim de trocar ideias, informaes e reflexes sobre a

    situao que se vivia em Portugal na poca. Comeou em Lisboa e cedo se espalhou ao resto do pas.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Personagens

    Se procedermos a uma leitura metdica da obra, constatamos a existncia de umaproblemtica social, baseada em duas foras de aco (a favor da mudana econtra ela), envolvidas num determinado espao e num determinado tempo.

    No podemos alhear-nos do facto de Felizmente H Luar! constituir, obviamente, averdade de Lus de Sttau Monteiro (que no objecto da nossa anlise), que a fazchegar at ao leitor espectador atravs das personagens e das suas aces,transformando-se ao longo da histria em sinais, em smbolos.

    A anlise dessas personagens, que apresentamos a seguir, parte de umahierarquia social, assente em quatro grandes grupos sociais:

    Os Governadores do reino

    Os DelatoresO Povo

    Outras Personagens

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    FELIZMENTE H LUAR! - Personagens

    Grupo Personagens

    Os governadores do reino D. Miguel ForjazPrincipal SousaBeresford(Criado)

    Os delatores VicenteAndrade CorvoMorais Sarmento

    O povo

    anue

    RitaVicenteAntigo SoldadoDois polciasGrupo annimo:

    Primeiro Popular, Segundo Popular ,TerceiroPopular, Uma velha, Uma Voz

    Outras Personagens Gomes FreireMatilde

    Sousa FalcoFrei Diogo

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    FELIZMENTE H LUAR! - Personagens

    Personagens: Os governadores do reino

    Representam o poder poltico e a fragmentao nele existente: Principal Sousa o poder daIgreja, Beresford o poder dos oficiais ingleses e D. Miguel o poder da nobreza.

    D. Miguel Forjaz

    revela um carcter prepotente e corrupto, representante da classe da nobreza, sujeita s imposiesestrangeiras pelo facto de D. Joo VI estar ausente do reino. Orgulhoso da sua origem nobre, desprezao povo, demonstrando assim um carcter antipopular. um homem de carcter calculista, prepotente,o prottipo do tirano que se ope ao progresso por razes meramente pessoais. Defensor doabsolutismo, sente-se ameaado pelas ideias de liberdade. um homem de gabinete, que exerce opoder com prepotncia, sentindo-se ameaado pela figura de Gomes Freire, seu primo, pois reconhecenele qualidades que no possui.

    Principal Sousa um representante da igreja que defende um Deus feito imagem e semelhana doshomens. Pretende manter o povo na ignorncia para poder exercer a sua tirania. Preocupam-notambm as ideias revolucionrias, oriundas de Frana, uma vez que a sua divulgao poria em causa o

    poder eclesistico. cmplice e comprometido com o poder, aspecto evidenciado no seu dilogo comBeresford. Revela ser hipcrita e falso, quando demonstra uma preocupao no sincera em relao condenao de um inocente.

    Nota: Matilde, ao desmascar-lo, acaba por caracterizar toda a Igreja e os seus falsos princpios.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Personagens

    Personagens: Os governadores do reino

    Beresford representa o domnio do exrcito ingls em Portugal. Revela preocupao emdenunciar e castigar os traidores. autoritrio e detentor de grande poder. irnico, pelotom jocoso quando se refere a Portugal; pas em relao ao qual assume uma posio desuperioridade. Quando fala com Matilde revela-se um homem trocista e insensvel. Adopta

    do poder. Pretende acabar com a possvel conspirao de Gomes Freire de Andrade, no porrazes nacionais ou militares mas sim pessoais, nomeadamente a manuteno do seu postoe da sua renda anual.

    Nota: Beresford apresenta ao longo da aco um tom sarcstico e autoritrio, manifestando

    um certo desprezo pelos seus companheiros governantes.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Personagens

    Personagens: Os delatores

    Representam os denunciantes que vendem informaes ao Poder em troca de dinheiro. Homens semescrpulos, de personalidades mesquinhas, que no respeitam os seus prprios cdigos morais.

    Morais Sarmento, um capito do exrcito, atormenta-se com o facto de o poderem rotular de traidor.

    Andrade Corvo, um oficial, pensa apenas no dinheiro que ir receber, no se preocupando com aquilo

    que dele podero dizer.

    Vicente surge enquadrado no grupo dos delatores, uma vez que se trata de uma personagem que numaprimeira fase pertence a um grupo (povo) e posteriormente passa para outro (delatores).Trata-se, portanto, de uma personagem modelada, que revela evoluo.

    n c a mente, v ve as mesmas cu a es, a mesma m s r a e o mesmo terror os seus compan e ros e

    classe, mas, graas sua astcia, ganha a confiana dos governadores. Renega as suas origens,mostrando-se frustrado por ser um elemento da trapeira (quando fala com o Primeiro polcia). Temconscincia das injustias sociais, mas a ganncia em subir mais alto, mesmo sem olhar a meios, maisforte. Apresenta um tom de voz irnico, fingindo interesse e piedade pelos seus irmos, quando tomaconscincia do perigo das suas palavras ao renegar a cambada a que pertence. Mostra-se falso nas

    palavras, nas atitudes e nos gestos que encena e estuda como se fosse um membro da nobreza, qualdesejava ter pertencido. Pretende a promoo social, facto que vai fazer dele um delator, mesmo quepara isso tenha de trair a confiana do povo. Francamente ambicioso, mostra-se altivo e insensvel paracom os da sua classe, quando passa a chefe de polcia, como diz o Primeiro Popular aos seus amigos. um homem sem escrpulos, como tantos outros, que se perdem pelo preo de um emprego, perdendo asua dignidade.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Personagens

    Personagens: o Povo

    - Enquanto personagem colectiva, abstractizada, constitui o pano de fundo da acodramtica.- a vtima de um regime opressor e absolutista, a classe explorada, que vive na ignorncia,na misria e na desiluso.

    Nota: Manuel um elemento do ovo ue vive sob a o resso do re ime instaurado,

    contudo consciente da injustia em que vive, ainda que impotente para mudar a situao.Simboliza, assim, a desiluso, a frustrao daqueles que alimentam a chama da liberdade,

    todavia interceccionada pelo poder da corrupo.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Personagens

    Os amigos do general Gomes Freire de Andrade

    Como j dissemos, formam um grupo destacado, revelando-se ao longo da aco fiis aosseus valores e a si prprios, e unidos pela fidelidade e amizade a Gomes Freire.

    Matilde, mulher de Gomes Freire e sua amiga, uma personagem forte, com grandedensidade psicolgica, combativa e extremamente apaixonada.No surge no primeiro acto de pea e podemos dizer que a figura central do segundo acto,uma vez que ela que vai tentar salvar Gomes Freire da condenao, tentando tudo ao seualcance ara o tirar da riso.

    Verificamos que uma mulher sofrida, angustiada pelo facto de o marido estar presoinjustamente, chegando mesmo a contestar os valores que defendia, tal era o seu desespero.Estamos perante uma personagem carregada de simbologia, que luta por causas perdidas a

    justia, a lealdade, a valentia. Esse simbolismo evidente na cor da saia que tem vestida nofim da pea, aquando da execuo de Gomes Freire possivelmente a imortalidade e a

    esperana numa sociedade mais justa.Na sua condio de mulher digna e lutadora, enfrenta heroicamente, recorrendo hipocrisiae ao sarcasmo, os membros da Igreja, na pessoa de Principal Sousa, pondo a nu os vcios detoda uma classe o clero.Matilde atinge o auge do seu sofrimento quando, num longo discurso, carregado de

    intensidade dramtica, questiona o Deus redentor.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Personagens

    Sousa Falco um amigo fiel do general Gomes Freire e de Matilde. Tal como Matilde,tambm s surge no segundo acto, acompanhando-a no seu sofrimento.Mostra-se solidrio com Matilde, nomeadamente quando esta decide ir falar com osgovernadores.

    Nutre uma grande admirao pelo general e pelos princpios que defende. A morte leva-oa reflectir sobre si prprio, pois a sua falta de coragem e a sua cobardia distinguem-no doamigo.

    General Gomes Freire de Andrade a personagem central da pea, embora ausente

    fisicamente. O que sabemos sobre ele atravs das outras personagens, que nos seusdilogos, discutem a figura do general. Assim, para os populares ele um heri de grandecoragem e justia. Para Matilde e Sousa Falco um amigo, honesto, destemido, corajoso;aquele que luta pelos seus ideais, enfrentando o poder institudo. Para os governadores uma ameaa ao poder absolutista, pelas suas ideias liberais, e at mesmo pela firmeza decarcter, que estes no possuem. Constitui, em suma, um alvo a abater. amado pelo grupo de personagens que aspiram liberdade, abolio do regimeabsolutista institudo, e odiado por aquelas que vem a sua presena como uma ameaaaos privilgios at ento obtidos.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Smbolos

    SAIA VERDE - A felicidade a prenda comprada em Paris (terra da liberdade), no

    Inverno, com o dinheiro da venda de duas medalhas;

    - Ao escolher aquela saia para esperar o companheiro aps a morte,

    destaca a alegria do reencontro (agora, que se acabaram as batalhas,vem apertar-me contra o peito).

    Conv m recordar, a prop sito, que a saia uma pea eminentemente

    feminina e que o verde est habitualmente conotado com tranquilidade eesperana, traduzindo uma sensao repousante, envolvente erefrescante. O Dicionrio dos Smbolos diz-nos que:

    Entre o azul e o amarelo, o verde resulta das interferncias cromticas.

    Mas entra com o vermelho no jogo simblico de alternncias. A rosafloresce entre folhas verdes. Equidistante do azul-celeste e do vermelhoinfernal, ambos absolutos e inacessveis, o verde, valor mdio, mediadorentre o quente e o frio, o alto e o baixo, uma cor tranquilizadora,

    refrescante, humana..

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    FELIZMENTE H LUAR! - Smbolos

    A luz, simbolicamente, est associada vida, sade, felicidade, enquanto anoite e as trevas se associam ao mal, infelicidade, ao castigo, perdio e morte. Na linguagem e nos ritos manicos, aps ter participado de olhos

    vendados em alguns rituais, aps prestar juramento, o nefito poderia recebera luz, o que significava ser admitido...

    Aps a priso do General, num dilogo de tom proftico e com voz triste (segundo a didasclia), o Antigo Soldado, acabrunhado, afirma: Prenderam ogeneral... Para ns, a noite ficou ainda mais escura.... A resposta ambgua do

    primeiro Popular pode assumir tambm um carcter de profecia e deesperana: por pouco tempo, amigo. Espera pelo claro das fogueiras...

    Matilde, ao afirmar que aquela fogueira de S. Julio da Barra ainda havia deincendiar esta terra!, mostra que a chama se mantm viva e que a liberdade

    h-de chegar.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Smbolos

    A lua, simbolicamente, por estar privada de luz prpria, na dependncia do Sol, e poratravessar fases, mudando de forma, representa a dependncia, a periodicidade e arenovao. A lua , pois, smbolo de transformao e de crescimento.

    - A lua ainda considerada como o primeiro morto, dado que durante trs noites emcada ciclo lunar ela est desaparecida, como morta; depois reaparece e vai crescendo em

    tamanho e em luz... Ao acreditar na vida para alm da morte, o homem v na lua osmbolo desta passagem da vida para a morte e da morte para a vida...

    - Por isso, na pea, nestes dois momentos em que se faz referncia directa ao ttulo, aafirmao de que felizmente h luar pode indiciar duas perspectivas de anlise e deposicionamento das personagens:

    - As foras das trevas, do obscurantismo, do anti-humanismo utilizam, paradoxalmente, olume (fonte de luz e de calor) para purificar a sociedade ( a Inquisio considerava afogueira como fonte e forma de purificao).

    - Se a luz redentora, o luar poder simbolizar a caminhada da sociedade em direco

    redeno, em busca da luz e liberdade...- Assim, dado que o luar permitir que as pessoas possam sair de suas casas (ajudando avencer o medo e a insegurana, na noite da cidade), quanto maior for a assistncia, issosignificar:

    - para uns, que mais pessoas ficaro avisadas e o efeito dissuasor ser maior;

    - para outros, que mais pessoas podero um dia seguir essa luz e lutar pela liberdade.

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    O TTULO FELIZMENTE H LUAR!

    (surge 2 vezes ao longo da pea, inserido nas falas das personagens)

    pgina 131 D. Miguel: salientando o efeito dissuasor das execues,querendo que o castigo de Gomes Freire se torne num exemplo.

    pgina 140 Matilde: na altura da execuo so proferidas palavras decoragem e estmulo, para que o povo se revolte contra a tirania.

    Num primeiro momento,

    o ttulo representa as trevas e o obscurantismo; Num segundo momento,

    o ttulo representa a caminhada da sociedade em busca da liberdade.

    FELIZMENTE H LUAR! Si b l i d Tt l

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    A aco / a tragdia

    A aco: o protagonista, General Gomes Freire de Andrade, e a sua execuo: dapriso fogueira, com descries da perseguio dos governadores do Reino, darevolta desesperada e impotente da sua esposa e da resignao do povo que a"misria e a ignorncia" dominam.

    A figura central o general Gomes Freire de Andrade "que est sempre presenteembora nunca aparea" (didasclia inicial) e que, mesmo ausente, condiciona aestrutura interna da pea e o comportamento de todas as outras personagens.

    e esa a er a e e a us a, a u e e re e a cons u a y r s esa o

    desta tragdia. Como consequncia, a priso dos conspiradores provocara osofrimento (pthos) das personagens e despertar a compaixo do espectador.

    O crescendo trgico, representado pelas diversas tentativas desesperadas paraobter o perdo, acabar em clmax, com a execuo pblica do General Gomes

    Freire e dos restantes presos. Este desfecho trgico conduz a uma reflexo purificadora (cathrsis) que os

    opressores pretendiam dissuasora, mas que despertou os oprimidos para osvalores da liberdade e da justia.

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    FELIZMENTE H LUAR! - Simbologia do Ttulo

    A intencionalidade da obra Quando inicimos o estudo do modo dramtico, referimo-nos inteno do autor ao

    conceber a sua obra, indicando as funes crtica, social, moralizadora, didctica e ldicacomo inerentes obra de teatro.

    Sendo Felizmente H Luar! Uma pea de teatro, certamente que tambm veicula umainteno, at porque, tratando-se de uma obra de um dramaturgo da dcada de 60,enquadra-se no conjunto das peas que evidenciam uma funo social e umempenhamento ideolgico. Da dizermos que ilustra a doutrina do chamado teatro pico,

    , .

    Servindo-se de uma metfora (sculo XIX) para atingir o presente (sculo XX), FelizmenteH Luar! revela uma dupla inteno crtica: sociedade oitocentista (1817), feita de umaforma clara e bem explicita, e sociedade da poca de 60 (1961), feita de uma formacamuflada, atravs da tcnica de distanciao. com ela que Sttau Monteiro obriga oleitor-espectador a analisar e a reflectir sobre a situao poltica, social, econmica e

    cultural do seu pas, nomeadamente sobre o regime opressivo vigente que se fazia notaratravs das injustias, das condenaes e das torturas de todos aqueles que nocomungavam das ideias salazaristas. notria a preocupao do autor em despertar asconscincias, levando o espectador a ser um agente de mudana, que reage criticamentee que toma decises.

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    FELIZMENTE H LUAR!

    Censurano perodo do Estado Novo, o medo apoderava-se dos cidados, conforme o demonstra o seguinte poemadeJos Cutileiro:

    " a medo que escrevo. A medo penso.

    A medo sofro e empreendo e calo

    A medo peso os termos quando falo.

    A medo me renego, me conveno.

    A medo amo. A medo me perteno.

    A medo repouso no intervalo

    De outros medos. A medo que resvaloO corpo escrutador, inquieto, tenso.

    A medo durmo. A medo acordo. A medo

    Invento. A medo passo. A medo fico.

    A medo meo o pobre, meo o rico.

    A medo guardo confisso, segredo

    Dvida, f. A medo. A medo tudo.

    Que j me querem cego, surdo, mudo"

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    VdeosAt ao dia daLiberdade

    25 de Abril de 1974

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    25 de Abril de 1974

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    FHL Canes de Interveno

    Eles comem tudo e no deixam nada, ZECA AFONSO

    No cu cinzento sob o astro mudo

    Batendo as asas pela noite calada

    Vm em bandos com ps veludoChupar o sangue fresco da ma nada

    Se algum se engana com seu ar sisudoE lhes franqueia as portas chegadaEles comem tudo eles comem tudoEles comem tudo e no deixam nada [bis]

    A toda a parte chegam os vampiros

    No cho do medo tombam os vencidosOuvem-se os gritos na noite abafadaJazem nos fossos vtimas dum credoE no se esgota o sangue da manada

    Se algum se engana com seu ar sisudoE lhe franqueia as portas chegada

    Eles comem tudo eles comem tudoEles comem tudo e no deixam nada

    Eles comem tudo eles comem tudo

    Eles comem tudo e no deixam nada

    o sam nos pr os po sam nas ca a as

    Trazem no ventre despojos antigosMas nada os prende s vidas acabadas

    So os mordomos do universo todoSenhores fora mandadores sem leiEnchem as tulhas bebem vinho novoDanam a ronda no pinhal do rei

    Eles comem tudo eles comem tudoEles comem tudo e no deixam nada

    Eles comem tudo eles comem tudo

    Eles comem tudo e no deixam nada

    No cho do medo tombam os vencidosOuvem-se os gritos na noite abafada

    Jazem nos fossos vtimas dum credoE no se esgota o sangue da manada

    Se algum se engana com seu ar sisudoE lhe franqueia as portas chegadaEles comem tudo eles comem tudo

    Eles comem tudo e no deixam nada

    Eles comem tudo eles comem tudoEles comem tudo e no deixam nada