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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O COMBUSTÍVEL ECOLOGICAMENTE CORRETO Por: Marli Pereira Gomes Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O COMBUSTÍVEL ECOLOGICAMENTE CORRETO

Por: Marli Pereira Gomes

Orientador

Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O COMBUSTÍVEL ECOLOGICAMENTE CORRETO

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão no Setor de Petróleo e Gás.

Por: Marli Pereira Gomes

FOLHA DE ROSTO

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus, que

sempre esteve ao meu lado em todos os

momentos, me dando condições para tornar

real este sonho.

E as pessoas maravilhosas: Aíla, Marluce e

Gabrielle que contribuíram para a conclusão

deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Ao meu marido José, com o qual eu pude

sempre contar com seu apoio. Aos meus pais e

a minha família que me apoiaram direta ou

indiretamente.

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RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de buscar alternativas para a total dependência do petróleo levando assim por uma independência do mundo e principalmente do Brasil, já que este provém de fonte fóssil, ou seja, não-renovável e alguns de seus derivados causam problemas ambientais. Com esta questão surge a necessidade de busca por fonte de energia renovável e que seja ecologicamente correta. Mediante a necessidade de um combustível que não cause problemas ao planeta e que resolva as exigências do protocolo de Kyoto, que é um acordo entre os países para a diminuição de gases poluentes no planeta, podemos citar o biodiesel como uma das fontes alternativas, que é um biocombustível biodegradável produzido através de matéria prima como: óleo de plantas oleaginosas, óleo animal, óleos e gorduras residuais, resultantes de processo doméstico, comercial e industrial. Quimicamente o biodiesel é definido como ésteres monoalquílicos de ácidos carboxílicos de cadeia longa derivados de fontes lipídicas renováveis. Neste trabalho serão apontadas suas características, seus benefícios e sua posição em relação ao Brasil.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada está centrada na pesquisa exploratória de ordem

teórica viabilizada, portanto, através de levantamento bibliográfico, utilizando livros, e

a rede mundial de computadores - a internet. Alguns dos autores utilizados são:

Reynaldo Barros, Rosalinda Chedian Pimentel e Ricardo Feltre.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 11

BIOCOMBUSTÍVEL................................................................................................... 11

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 22

O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL E SUA MATÉRIA PRIMA ............ 22

CAPÍTULO III ............................................................................................................ 35

O ACORDO DE KYOTO E A POSIÇÃO DO BIODIESEL NO BRASIL ..................... 35

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 41

EXPORTAÇÃO ......................................................................................................... 41

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 47

ÍNDICE ...................................................................................................................... 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................................... 52

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INTRODUÇÃO

De acordo com Vesentini (1999, p. 97), o Brasil sempre viveu em total

dependência do petróleo. O petróleo é um produto de origem fóssil e com previsão

de breve escassez. Apesar do aumento da produção interna deste combustível fóssil

nas últimas décadas, até hoje o país importa grande parte do combustível que utiliza.

Em 1970, cerca de 80% do petróleo refinado no Brasil era importado, porcentagem

que diminuiu para menos de 50% em 1995.

Segundo Barros (2007, p. 64), em 1973 e 1974, quando os países do oriente

aumentaram o petróleo com o objetivo de diminuir a produção do mesmo, para

prolongar a sua existência, os preços médios aumentaram mais de 300% indo de

US$2,90 a US$ 11,65 em apenas três meses. Com esta crise todos os países

importadores de petróleo foram afetados inclusive o Brasil, onde o foco foi a dívida

externa que aumentou mais de 40%. Tendo em vista este cenário, surge no país

uma campanha em prol do uso de fontes alternativas de energia.

De acordo com Barros (2007, p. 92) ao longo dos anos o mundo tem vivido

numa constante que é a dependência do petróleo, uma fonte de energia fóssil e não -

renovável. Segundo uma comissão da ONU, que reúne o trabalho de 2.500

cientistas, os combustíveis fósseis são os possíveis responsáveis pelo aquecimento

global. Com este problema ressalta-se a importância de buscar uma fonte de energia

ecologicamente correta e que esteja dentro das normas do acordo de Kyoto.

O petróleo é um hidrocarboneto que ao longo do tempo, se tornou a fonte de

energia mais utilizada no planeta. O seu papel na economia nacional é observado há

longo dos anos, como estratégico para os políticos.

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O problema que motiva esta pesquisa é a busca por uma independência do

petróleo já que este não é renovável e alguns de seus derivados causam problemas

ambientais. Neste cenário de escassez de fontes de energias renováveis e que

sejam ecologicamente corretas, a procura baseia-se em alternativas que de estejam

de acordo com as reivindicações do protocolo de Kyoto e que possam reduzir males

causados ao planeta, livrando o mundo e o Brasil da dependência por um produto

ameaçado de extinção.

Segundo Feltre (2005), “como a natureza contou com condições especiais e

levou milênios para produzi-lo, a humanidade não tem meios de produzir novas

reservas de petróleo em curto prazo”. Sendo assim, é importante considerar o

petróleo como um recurso não-renovável.

Os biocombustíveis surgem como solução para os problemas da escassez do

petróleo e a necessidade de uma energia sustentável, uma vez que são

combustíveis de origem biológica.

Uma das fontes energéticas alternativas é o biodiesel, um combustível

ecológico e biodegradável derivado de fontes renováveis podendo ser produzido a

partir de gorduras animais, óleos vegetais novos ou usados e até com resíduos ou

borras de empresas moageiras chamadas de ácidos graxos. Quimicamente, o

biodiesel é definido como ésteres monoalquílicos de ácidos carboxílicos de cadeia

longa derivados de fontes lipídicas renováveis.

Este trabalho tem o objetivo de citar os benefícios com a adoção do

biocombustível, já que é um produto renovável e produzido a partir de gordura animal

e de vegetais: como babaçu, mamona, soja etc. O biodiesel é um combustível que

trará benefícios tanto a economia como o meio ambiente. Além disto, avaliar por

meio de pesquisa bibliográfica, o combustível ecologicamente correto, como se

produz, citando as exigências do acordo de Kyoto e o potencial de exportação do

produto.

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O trabalho está dividido em quatro capítulos: primeiro capítulo apresenta o

biocombustível, seu conceito, seu histórico, suas estruturas, suas características,

suas vantagens, suas desvantagens e o Selo de qualidade. O segundo fala sobre o

processo de produção do biodiesel e sua matéria prima, terceiro capítulo explica O

acordo de Kyoto e a posição do biodiesel no Brasil. Finalizando esta produção

monográfica, o quarto capítulo discursa sobre o poder de exportação e a sua posição

no mundo.

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CAPÍTULO I

BIOCOMBUSTÍVEL

1.1 Conceito

De acordo com Pimentel (2007, p. 86) os biocombustíveis são combustíveis

ecologicamente corretos e que não causam danos ao planeta. Eles são fabricados

através de produtos renováveis. São várias alternativas de fontes de energia limpa,

mas no momento será observado apenas no biodiesel, que é considerado também

uma fonte de energia ecológica.

É fabricado a partir de várias espécies de origem vegetal como: o dendê, o

girassol, a mamona, a soja, o babaçu, além de óleos vegetais novos ou usados e até

com resíduos ou borras de empresas moageiras chamadas de ácidos graxos etc.

Também pode ser produzido a partir de óleos derivados de mais de cem plantas

nativas.

Para Pimentel (2007, p. 86), quimicamente, o biodiesel é definido como

ésteres monoalquílicos de ácidos carboxílicos de cadeia longa derivados de fontes

lipídicas renováveis. Por convenção internacional, biodiesel é definido como ésteres

metílicos ou etílicos de ácidos graxos de cadeias longas que pode ser usado como

combustível substituto para o petrodiesel, sendo produzido pela reação de

transesterificação de triglicerídeos (óleos vegetais ou gorduras animais) com um

álcool como o metanol ou etanol (álcool de cana).

A concentração de biodiesel é informada por meio de nomenclatura

específica, definida como BX, onde X refere-se à percentagem em volume do

biodiesel ao qual é misturado ao diesel do petróleo. Assim, B5, B20 e B100 referem-

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se, respectivamente às misturas de biodiesel/diesel com porcentagens de biodiesel

de 5, 20 e 100%. (BIODIESEL).

1.2 Histórico

De acordo com Barros (2007, p. 62), na exposição em Paris no ano de 1900,

onde o público viu um motor a diesel funcionando com óleo de amendoim, o mundo

nunca mais foi o mesmo, pois daquele dia em diante surge a busca pelas grandes

empresas por novas fontes de energia, considerando-se o possível fim da energia

fóssil descoberta em 1859, na Pensilvânia.

O combustível ecologicamente correto - neste caso o biodiesel - foi produzido

pela primeira vez pelo doutor Rudolfo Diesel, inventor do motor que levou o seu

nome, desenvolvido em 1895. Este mesmo inventor levou cinco anos depois levou à

mostra mundial de Paris, o óleo de amendoim utilizado como combustível.

Para Barros (2007, p. 64), no Brasil as pesquisas do uso dos biocombustiveís

começaram nos ano 50. Depois de 20 anos, o país registrou a primeira patente sobre

o processo de produção do biodiesel no mundo, a partir do teste realizado pelo

professor Expedito Parente, da Universidade Federal do Ceará. Só que a patente

expirou sem o país adotar o novo combustível, ficando apenas a experiência na

produção de biodiesel.

Apenas depois de meio século de iniciadas as pesquisa no Brasil, sobre o

biodiesel foi que o Governo Federal investiu em um programa específico para a

difusão deste tipo de combustível não-poluente. O ano de 2004 foi um ano muito

importante para o país já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou

oficialmente em dezembro deste ano o programa nacional de produção e uso do

Biodiesel (PNPB), que é um grupo de trabalho interministerial criado cerca de um

ano e meio antes com objetivo de estruturar a base tecnológica e organizar a cadeia

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produtiva do novo combustível. Com esta atitude, o Presidente, além de criar o

marco regulatório da inclusão do biodiesel na matriz energética brasileira de

combustíveis líquidos determinou também que o PNPB e o desenvolvimento de

energias alternativas eram prioridades para o país.

Ainda na opinião de Barros (2007, p. 65), o uso do biodiesel no Brasil só foi

regulamentado em 13 de janeiro de 2005, através da lei n. 11.097, apesar de ter

tanto interesse e estudo em relação a este produto. Este combustível foi classificado

como biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a

combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamentam para

geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcialmente ou totalmente

combustíveis de origem fóssil, ou seja, que não são renováveis. Nessa mesma lei

também ficou estabelecido que todo óleo diesel comercializado no país deveria ter

no mínimo, 2% de biodiesel e esse percentual deverá subir para 5%, no ano de

2013. Mas o Governo federal tinha planos para que esse percentual de 5% não se

tornasse real apenas em 2013, mas sim no ano de 2008.

A utilização desse novo combustível na matriz energética brasileira, além de

reduzir a dependência do petróleo, gera benefícios para a balança comercial, uma

vez que diminuirá a importação do diesel, pois de acordo com os dados do PNPB, o

Brasil importa cerca de 10% dos 38,2 bilhões de litros de óleo diesel utilizado no

país.

1.3 Estrutura e aplicações

Segundo Pimentel (2007, p. 87), o biodiesel oferece possibilidades de

substituição total ou parcial ao óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel

automotivos ou estacionários. Por ser um combustível biológico o biodiesel pode ser

adicionado em qualquer proporção ao óleo diesel.

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Comparando com a queima do diesel mineral, o biodiesel resulta numa

redução da emissão no ar de gases poluentes, como o monóxido de carbono.

Misturando 5% de biodiesel a 95% de diesel mineral, há uma diminuição de 7% na

queima do gás carbônico que é o principal gás responsável pelo efeito estufa.

Pesquisas mostram que o combustível ecologicamente correto pode ser usado como

combustível em praticamente qualquer motor diesel, sem necessidade de alteração

do mesmo.

Segundo dados da ANP - Agência Nacional de Petróleo - o Brasil produziu,

até em 2005, cerca de 176 milhões de litros de biodiesel por ano. A produção se

divide em dois principais mercados, o automotivo e o de geração elétrica. O novo

combustível substitui total ou parcialmente o óleo diesel em motores, ciclodiesel

automotivos (de caminhões, tratores, camionetes, automóveis etc) ou os

estacionários (geradores de eletricidade, calor etc).

No Brasil, cidades como Curitiba capital do estado do Paraná, possuem frotas

de ônibus para transporte coletivo movido a biodiesel. Com essa atitude diminui

substancialmente a poluição ambiental, aumentando a qualidade do ar, e

consequentemente a qualidade de vida em um ambiente com três milhões de

habitantes. Espera-se que até o ano 2012 mais de quinhentas cidades tenham em

suas bombas o biodiesel.

Conforme a empresa BiodieselBrasil, que desenvolveu um programa de testes

veiculares envolvendo 28 empresas do setor automobilístico, considerado o maior do

mundo em biodiesel, sendo subdividido em quatro categorias e vinculadas ao

Governo Federal: Veículos Leves (PSA-Peugeot Citroen); Caminhões e Vans

(Volkswagen, Ford e Fiat); Máquinas ‘off road’ (Caterpillar); Tratores (Valtra), os

testes foram satisfatórios, constatando uma economia de combustível nos veículos.

A abrangência na variedade das matérias primas do biodiesel tem o objetivo de

eliminar qualquer dúvida em relação ao desempenho do motor, das mangueiras,

borrachas e principalmente das bombas e bicos injetores.

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De acordo com o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel em 25

de outubro de 2006, a Bradesco Seguros e Previdência, tinha o objetivo de fazer da

maior Árvore de Natal flutuante do mundo - de acordo com o Guines – também um

marco nas áreas de meio ambiente e de tecnologia: o biodiesel seria o combustível

responsável pelo acendimento das 2,8 milhões de microlâmpadas, que encanta

quem passa pela Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

Os geradores que seriam estalados na época eram sete e estes eram novos e

capazes de suprir o consumo de mais de 300 apartamentos de dois quartos. O brilho

do espetáculo seria garantido pelos geradores que atuaram simultaneamente. A

responsável por garantir a energia necessária para o funcionamento da 11ª edição

da árvore de Natal da Bradesco seria a empresa Mil geradores, que representa e

distribui no Brasil os melhores geradores FG Wilson, que é a marca líder mundial no

mercado, do grupo Caterpillar.

1.4 Características do biodiesel

Conforme Cartilha Biodiesel Br, as características do biodiesel são

semelhantes entre si, sejam elas físicas ou químicas, isto independente de sua

origem, da natureza da matéria prima e do agente de transesterificação. O biodiesel

é completamente isento de enxofre, já que, a matéria prima para sua produção não

possui essa substância. Podemos citar como características e qualidades do

biodiesel:

ü os equipamentos a base de biodiesel são mais seguros, uma vez, que o ponto

de combustão em sua forma pura é mais de 300 F contra 125 F do diesel

comum;

ü o biodiesel pode ser armazenado em qualquer espaço onde o petróleo for

guardado, não havendo necessidade de armazenamento especial;

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ü a sua exaustão é menos ofensiva, a conseqüência pelo seu uso é uma notável

redução dos adores, sendo beneficio em espaços confinados.

ü o biodiesel funciona em motores convencionais, não necessitando de

modificações para operar em motores já existentes;

ü por ser biocombustível é uma fonte de energia renovável, contribuindo para a

redução do dióxido de carbono;

ü aumenta a vida útil dos motores por ser mais lubrificante. É biodegradável e

não tóxico.

1.4.1 - Agência nacional do petróleo, gás natural e

biocombustiveis

Tabela I Especificação do Biodiesel CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

ABNT NBR

ASTM D

EN/ISO

Aspecto - LII (1) - - - Massa específica a 20ºC kg/m3 850-900 7148

14065 1298 4052

EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemática a 40ºC

Mm2/s 3,0-6,0 10441 445 EN ISO 3104

Teor de Água, Max. (2) mg/kg 500 - 6304 EN ISO 12937

Contaminação Total, máx. mg/kg 24 - - EN ISO 12662

Ponto de fulgor, mín. (3) ºC 100,0 14598 93 -

EN ISO 3679

Teor de éster, mín % massa 96,5 15342 (4) (5)

- EN 14103

Resíduo de carbono (6)

% massa 0,050 - 4530 -

Cinzas sulfatadas, máx.

% massa 0,020 6294 874 EN ISO 3987

Enxofre total, máx. mg/kg 50 - -

5453 - EN ISO 20846

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EN ISO 20884

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5 15554 15555 15553 15556

- EN 14108 EN 14109 EN 14538

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553 15556

- EN 14538

Fósforo, máx. mg/kg 10 15553 4951 EN 14107

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, Max.

- 1 14359 130 EN ISO 2160

Número de Cetano (7) - Anotar - 613 6890 (8)

EN ISO 5165

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx.

ºC 19 (9) 14747 6371 EN 116

Índice de acidez, máx. mg KOH/g

0,50 14448 -

664 -

- EN 14104 (10)

Glicerol livre, máx. % massa 0,02 15341 (5) - -

6584 (10) -

- EN 14105 (10) EN 14106 (10)

Glicerol total, máx. % massa 0,25 15344 (5) -

6584 (10) -

- EN 14105 (10)

Mono, di, triacilglicerol (7) % massa Anotar 15342 (5) 15344 (5)

6584 (10)

- - EN 14105 (10)

Metanol ou Etanol, máx. % massa 0,20 15343 - EM 14110

Índice de Iodo (7) g/100g Anotar - - EM 14111

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín.(2)

H 6 - - EM 14112 (10)

Fonte: Resolução ANP Nº 7, DE 19.3.2008 - DOU 20.3.2008.

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1.5 Vantagens do biodiesel

De acordo com Pimentel (2007, p. 95 e 96):

ü o combustível ecologicamente correto possui muitas vantagens não somente

para o Brasil, mas também para o mundo, uma vez, que contribui para que

não ocorra o aumento do efeito estufa;

ü contribui para a inclusão social gerando empregos tanto na fase de coleta

como na etapa de processamento;

ü contribui ainda para a geração de empregos no setor primário. Mantendo,

assim, o trabalhador no campo, reduzindo a migração para as grandes

cidades e contribuindo para o ciclo da economia auto-sustentável, que no caso

é essencial para a economia do país;

ü possibilidade de utilização dos créditos de carbono vinculados ao Mecanismo

de desenvolvimento Limpo (MDL) decorrentes do Protocolo de Kyoto;

ü propicia economia de divisas, pela redução gradativa das importações de

petróleo e derivados;

ü poderá ser produzido e comercializado em moeda nacional, desvinculando da

moeda americana, ao contrário do petróleo nacional e gás natural;

ü o biodiesel contribui para o melhoramento do meio ambiente, uma vez que,

reduz as emissões de monóxido de carbono (CO), do material particulado

(MP), do óxido de enxofre (Sox), dos hidrocarbonetos totais (HC) e de grande

parte dos hidrocarbonetos tóxicos que apresentam potencial cancerígeno.

Uma tonelada de biodiesel evita a emissão de 2,5 toneladas de CO2 para a

atmosfera;

ü quando se fala do diesel de petróleo, o biodiesel também tem significativas

vantagens ambientais. Estudos do National Biodiesel Board (associação que

representa a indústria de biodiesel nos Estados Unidos) demonstraram que a

queima de biodiesel pode emitir em média 48% menos monóxidos de

carbono; 47% menos material particulado (que penetra nos pulmões); 67%

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menos hidrocarbonetos. Como esses percentuais variam de acordo com a

qualidade de B100 adicionado ao diesel de petróleo, no B3 essas reduções

ocorrem de forma proporcional.

1.6 Desvantagens da utilização do biodiesel

Segundo Pimentel (2007, p. 97):

ü do programa do biodiesel resultam muitos subprodutos e um deles é a

glicerina que equivale de 5% a 10% do produto bruto, a qual não serve nem

para piso asfaltico e mesmo comercializado a preços irrisórios não teria

negociação, com isso todo o programa de despoluição dos rios, lagos,

incluindo a fauna brasileira e os esforços dos ambientalistas seriam

juntamente afetados;

ü para se ter uma idéia, no programa do biodiesel (b2), no período inferior a 1

ano sobrou uma grande quantidade de glicerina que os tanques de

combustíveis das refinarias, dos postos de revendas e veículos consumidores

seriam insuficientes para armazenar essa sobra. A preocupação é encontrar

uma utilidade para essa glicerina, sem causar problemas ambientais;

ü no Brasil e na Ásia, lavouras de soja e dendê, cujos óleos utilizados para a

obtenção de biodiesel, estão invadindo florestas tropicais que são importantes

bolsões de biodiversidade. Mesmo que no Brasil, essas lavouras não tenham

o objetivo de serem utilizadas para o biodiesel, essa preocupação deve ser

considerada;

ü a utilização constante do solo para a plantação de vegetal leva o esgotamento

do mesmo, que em médio prazo provoca estragos, que vão além da

destruição da fauna e flora natural, aumentando o risco de erradicação de

espécies, aparecimento de novos parasitas e o retorno da malária;

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ü os grandes volumes de glicerina previstos (subproduto) só poderão ter

mercado a preços muito inferiores aos atuais; todo o mercado de óleos-

químicos poderá ser afetado. Não há uma visão clara sobre os possíveis

impactos potenciais desta oferta de glicerina.

1.7 O Selo de qualidade

De acordo com Castro Neto (2007) o Selo Combustível Social é concedido

pelo MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, este selo é destinado àqueles

que praticam a inclusão social, ou seja, é a identificação dos produtores de biodiesel

que gera empregos e desenvolvimento regional através do aumento de renda dos

agricultores familiares atendidos pelo PRONAF, na produção de matéria prima do

combustível (mix de matérias primas da agricultura familiar e agronegócio).

Através do Selo, o produtor do combustível ecológico tem acesso a alíquotas

de PIS/Pasep e Confins com coeficientes de redução diferenciados, acesso a

melhores condições de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) e a instituições financeiras credenciadas como: Banco

da Amazônia (BASA), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), banco do Brasil (BB) – ou,

ainda, outras instituições financeiras que possuam condições especiais de

financiamento para projetos com o Selo de Combustível social.

O Selo não é concedido a qualquer produtor, mas aquele que compra por

meio de contratos a matéria prima da agricultura familiar, e isto em percentual

mínimo de 50% na região Nordeste e no Semi-árido; 10% nas regiões Norte e

Centro-Oeste e nas regiões Sudeste e Sul 30%.

Quando forem negociados os contratos da empresa com os agricultores

devem-se conter no documento pelo menos alguns itens como:

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ü prazo contratual;

ü valor de compra e critérios de reajuste do preço contratado;

ü condições de entrega da matéria prima;

ü salvaguardas de cada parte;

ü identificação e concordância de uma representação dos agricultores que

participou das negociações.

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CAPÍTULO II

O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL E SUA

MATÉRIA PRIMA

2.1 Como se produz o biodiesel

De acordo com Pimentel (2007, p. 62) o biodiesel é produzido através de

vários processos químicos, dentre eles: esterificação, transesterificação,

craqueamento térmico. Na esterificação um éster é obtido através da reação de um

ácido com um álcool.

Como o biodiesel é um produto da transesterificação ele possui aspecto

límpido, isento de impurezas de coloração amarela. O combustível ecologicamente

correto pode ser produzido pela reação de transesterificação de triglicerídeos (óleos

vegetais ou gorduras animais) com um álcool como o metanol ou etanol (álcool de

cana).

Para Pimentel (2007, p. 94) o processo químico chamado de

transesterificação é utilizado para produzir o biodiesel. O óleo vegetal novo ou usado

ou a gordura animal (depois de filtrado, desidratado e ter sua acidez reduzida) é

depositado num recipiente chamado reator, aquecido e misturado como o metanol ou

etano (álcool da cana) e a soda cáustica. Depois de quase uma hora, inicia-se o

processo de decantação pelo qual a mistura se separa em dois níveis: ficando o

biodiesel no topo e no fundo do recipiente fica depositado o glicerol ou glicerina.

Logo após do glicerol ser drenado, o biodiesel puro é ‘lavado’ com água acidulada

para a retirada de traços de metanol e outras impurezas que possam estar

presentes. No final do processo o biodiesel é filtrado estando, assim, pronto para o

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uso, tanto puro como misturado ao óleo diesel. O processo de fabricação leva cerca

de 8 horas.

O craqueamento tem como objetivo dividir em partes menores um composto

pela ação de calor e/ou catalisador. Sendo que o processo químico mais utilizado

atualmente para a obtenção do biodiesel é a transesterificação.

2.2 Matéria prima utilizada para a obtenção do biodiesel

Na produção do biodiesel são utilizados os vegetais como: mamona, babaçu,

soja, amendoim etc. Nas gorduras animais destacando-se o sebo bovino, os óleos de

peixe. Além do óleo de mocotó, a banha de porco, e as demais gorduras animais

com potencial para a produção de biodiesel. Podem ser usados como matéria prima

os óleos e gorduras residuais, resultantes de processamento doméstico, comercial e

industrial. Os óleos de frituras presentes em lanchonetes e cozinhas industriais

revelam um potencial de oferta de mais de 30 mil toneladas no Brasil. (QUESSADA,

2007).

Quando foi estudada a produção do biodiesel foram citados os vegetais

utilizados para a sua obtenção de acordo com a região que é compatível com as

respectivas vocações agrícolas. Na região Sul, encontramos a soja e o girassol; na

região Sudeste: soja, girassol e amendoim; na região Centro-Oeste: soja caroço de

algodão e girassol; na região Nordeste: soja, caroço de algodão e mamona; na

região Norte: soja, mamona e dendê.

Segundo Pimentel (2007, p. 93), partindo do uso da soja para a produção do

biodiesel, o menor valor calculado foi na região Centro-Oeste, considerando a

obtenção da matéria prima a custo de produção agrícola (base safra 2004/05), em

usina de 100 mil t/ano de biodiesel, com isso, o custo do litro foi de R$0, 83, levando-

se em conta basicamente o custo de produção operacional.

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O primeiro registro da introdução de soja no Brasil foi em 1882, na Bahia por

Gustavo Dutra, pois a cultura deste vegetal tem como centro de origem a região leste

da China. No Início da década de 70, a cultura da soja evolui significativamente nos

estados produtores, tornando o Brasil o segundo maior produtor mundial de soja. No

país encontramos as principais áreas produtoras nas regiões Sul, Sudeste Centro-

oeste. Os principais Estados brasileiros produtores de soja são: Pará, Rio Grande do

Sul, Mato Grosso e Goiás. Em relação aos produtores mundiais encontramos os

Estados Unidos, o Brasil, a Argentina, a China, sendo que no Brasil, encontra-se18%

da produção.

A soja (Glycine Max) é uma das principais fontes de proteína e óleo vegetal do

mundo. Sendo cultivada e comercialmente utilizada por décadas, sem causar danos

aos seus consumidores (homem e animal) ou ao meio ambiente.

A planta tem um ciclo dividido em duas fases: vegetativa e reprodutiva. A fase

vegetativa é o período que vai do surgimento da plântula até a abertura das primeiras

flores, e a fase reprodutiva corresponde o começo da floração até a maturação. Ela é

altamente dependente das condições ambientais e do genótipo da variedade.

Esta oleaginosa foi responsável pela implantação de uma nova civilização no

Brasil central, levando o progresso e o desenvolvimento para as regiões

despovoadas e desvalorizadas, uma vez que ela corresponde a uma receita cambial

direta para o país de 8 bilhões de dólares anuais levando em conta os benefícios

gerados ao longo de sua cadeia extensa, este valor pode aumentar. Outra afirmação

de Pimentel relacionada a essa oleaginosa destaca:

Também esta oleaginosa apoiou ou foi a grande responsável pela aceleração da mecanização das lavouras brasileiras; pela modernização do sistema de transportes; pela expansão da fronteira agrícola; pela profissionalização e incremento do comércio internacional; pela modificação e enriquecimento da dieta alimentar dos brasileiros; pela aceleração da urbanização do país; pela interiorização da população brasileira. (PIMENTEL 2007, p. 98).

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Outros vegetais também possuem teor de óleo, porém a soja é a planta que

possui maior avanço tecnológico existente no país. Além disso, sua ‘torta’ pode ser

utilizada como ração animal. Enquanto outras oleaginosas como a mamona possuem

em sua ‘torta’ toxina impossibilitando o seu uso. Essas características permitem que

o óleo de soja seja utilizado no processo de transesterificação.

De acordo com a Revista de biodiesel, a ‘torta’ da soja, extraída na prensagem

do grão para obtenção do óleo é destinado geralmente na preparação de ração

animal. O farelo, outro produto importante derivado da soja, é obtido a partir da

extração por solvente.

Tabela II Potencialidade das Matérias-Primas Brasileiras Especificação do Biodiesel�

Teor de óleo Produtividade Produção de óleo Matéria prima (%m) (k/g ha. Ano) (k/g há. Ano) Gorduras Animal 95 - - Mamona 45 a 55 680 340 Girassol 45 a 55 1.425 713 Amendoim 40 a 50 2.353 1.060 Gergelim 48 a 55 600 306 Canola 39 a 45 1.100 462 Dendê 20 a 22 15.000 3.000 Soja 18 a 21 2.400 468 Algodão 11 a 12 1.950 215 Babaçu 6 a 7 25.000 1.625 Milho 4 a 5 3.300 149

Fonte: CONAB, CEPLAC, UFPA.

2.2.1 As oleaginosas

Segundo Reis et al. (2007, p. 6), as oleaginosas são plantas que possuem

óleos e gorduras que podem ser extraídos utilizando processos adequados. Esses

óleos extraídos são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), que na

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temperatura de 20°C apresenta aspecto sólido à temperatura de 20°C. As gorduras

distinguem-se dos óleos por apresentar um aspecto sólido à temperatura de 20°C.

As oleaginosas constituem um dos grandes grupos de cultivo de maior

produção, investigação, experimentação e comercialização mundial: exatamente por

serem plantas úteis, cujas sementes, grãos e frutos têm uma alta porcentagem de

ácidos graxos e proteínas de alta qualidade.

Segundo Roessing; Guedes (1993 apud Reis et al., 2007), no Brasil existem

diversas oleaginosas, com as quais podem produzir o biodiesel, entre elas estão a

mamona, dendê, girassol, babaçu, soja e algodão. Porém a soja é a mais importante

oleaginosa no mundo, pois nos seus grãos podem chegar a ter aproximadamente

uma percentagem de 20% a 40% de óleo e proteínas ao mesmo tempo.

2.3 Principais fabricantes de plantas de biodiesel

De acordo com Prates et al. (2007) os principais fabricantes, são:

Lurgi (Alemanha): fabricante tradicional que oferece plantas com capacidade

entre 40 mil e 250 mil t/ano. Fornece tecnologia para produção de biodiesel e de

diferentes combustíveis.

Ballestra (Itália): desenvolveu um processo contínuo de transesterificação de

óleos vegetais, como canola, girassol e soja, para produzir biodiesel. A empresa

oferece plantas com capacidade de até 200 mil t/ano.

Energea (Áustria): utiliza processo produtivo contínuo para processar, via

transesterificação, diversos tipos de matéria prima. A capacidade anual das unidades

é de 40 mil, 60 mil, 100mil, e 250 mil t/ano.

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Crown Iron (EUA): tradicional fornecedora de plantas de processamento de

óleo bruto e de refino de óleo comestível. A empresa tem produzido plantas de 30

milhões de galões por ano (100 mil t/ano) para empresas americanas e também para

processar óleo de palma na Ásia.

No Brasil, a empresa Dedini S.A. Indústria de Base, fez parceria com a

empresa Italiana Ballestra S.P.A, e utiliza a tecnologia para a implementação de

usinas com capacidade para a produção entre 10 mil e 200 mil t/ano de biodiesel. A

joint-venture prevê a substituição do metanol por etanol. A Dedini já instalou plantas

de 50 mil e de 100 mil t/ano usando tecnologia da Ballestra e uma planta de 15 mil

t/ano com tecnologia nacional, esta última fornecida para Agropalma.

A empresa Intecnial é fabricante tradicional no ramo de soja, fez parceria com

a empresa americana Crown Iron como o objetivo de desenvolver plantas de

biodiesel. A Intecnial instalou a planta piloto da Petrobrás no Rio Grande do Norte e

tem fornecido plantas com 100 mil t/ano de capacidade.

Apesar da Lurgi e a Energea terem escritórios em São Paulo, ainda não

forneceram plantas no Brasil. A Westfalia tem uma fábrica no Brasil que já está

fornecendo equipamentos para a produção de biodiesel.

A Tecbio desenvolveu tecnologia nacional para a Ásia. Por ser localizada no

Nordeste, se especializou na produção do biodiesel com base na mamona.

Existem ainda outros produtores nacionais independentes, os quais utilizam

tecnologia bem simples de produção, como o processo de extração a frio, com

controles precários. Em geral, o processo de extração a frio apresenta baixo

rendimento. Controles de processo precários colocam em risco a qualidade do

combustível, consequentemente terão problemas para serem aprovados pela ANP -

Agência Nacional de Petróleo.

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2.4 Empresas produtoras de biodiesel

ü BRASIL ECODIESEL

Conforme dados da Brasil Ecodiesel (companhia), segundo a ANP é o maior

produtor de biodiesel do mundo. No momento a comercialização do biodiesel é feito

através de leilões públicos promovidos pela ANP. Levando em conta todos os leilões

até o momento, a Brasil Ecodiesel se mantêm na liderança do mercado nacional.

Com objetivo de atender à demanda por biodiesel assegurada nos leilões, e

permanecer na liderança em relação ao mercado, a empresa conta com seis

unidades de produção em operação, tendo por ano uma capacidade instalada de

produção de biodiesel de um total de 640 mil m³. De acordo com a necessidade do

mercado a Brasil Ecodiesel, já possui projetos para a expansão da capacidade de

suas plantas, com a finalidade de manter a liderança do mercado brasileiro.

A companhia é pioneira na fabricação do combustível ecológico em escala

comercial no Brasil e suas atividades são desenvolvidas atendendo uma lógica de

integração de processos industriais e logísticos eficientes a um modelo original de

matérias primas inovador e diversificado, considerando negociações diretas no

mercado de óleos vegetais, agrícola intensiva e o incentivo à agricultura familiar,

tendo em vista a promoção do desenvolvimento humano e social.

Com isso, a Brasil Ecodiesel foi um dos primeiros produtores de biodiesel a

obter o Selo Combustível Social, certificação outorgada pelo Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA) para projetos de produção de biodiesel que

atendam a critérios voltados à integração regional e inclusão de agricultores

familiares na cadeia produtiva do biodiesel. A obtenção do Selo de Combustível

Social garantiu a Companhia a participação nos leilões públicos de compra de

biodiesel e o aproveitamento de determinados benefícios fiscais, como também o

eventual acesso a financiamento junto a instituições financeiras públicas em

condições mais favoráveis do que aquelas que predominam no mercado. Em março

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de 2003, a companhia Brasil Ecodiesel iniciou a elaboração de seu projeto para a

produção do biodiesel.

As unidades de transseterificação da Companhia em operação são: a Unidade

de Floriano, a Unidadusl, Unidade Irauqara, Unidade de Porto Nacional, Unidade de

Rosário do Sul e a unidade de Itaquí. A capacidade instalada de produção da

Unidade de Florioano é de 44.550m³ de biodiesel por ano. No mês de outubro de

2006, foi iniciada a operação da Unidade de Crateús, integrada à unidade de

esmagamento, com capacidade de produção de 118.800m³ de biodiesel por ano. A

unidade de transesterificação em Iraquara, na Bahia, com capacidade de produção

de 118.800m³ de biodiesel por ano, que também contará com unidade de

esmagamento integrada, encontra-se em fase operacional desde novembro de 2006.

Por fim, em maio de 2007 a Companhia colocou em operação a Unidade de Porto

Nacional, no Tocantins, em julho a Unidade de Rosário do Sul, no Rio Grande do Sul

e a Unidade de Itaquí, no Maranhão.

ü GRANOL

A Granol está solidamente estabelecida no segmento de óleos a granel e

combustível pela qualidade garantida de seus produtos e rápido atendimento. Ela

abastece indústrias alimentícias, químicas, farmacêuticas (algumas delas com

especificações especialmente desenvolvidas) e de combustíveis.

A empresa adere o processo químico de transesterificação alcalina com

algumas inovações tecnológicas, sendo que estas inovações permitem que qualquer

óleo ou gordura animal seja transformado em biodiesel tanto pela utilização do

metanol quanto do etanol.

A Granol, sabendo dos benefícios que um combustível de origem vegetal pode

oferecer ao meio ambiente e a economia brasileira, vêm direcionando fortes

investimentos para o desenvolvimento do GRANDIESEL que é um biodiesel da

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Granol o qual vem sendo fornecido à Petrobrás e distribuído por todo território

brasileiro.

Com 42 anos de inovação e dedicação, a Granel se constitui num dos maiores

e respeitáveis complexos de agronegócios, exclusivamente brasileiro. Têm cinco

unidades industriais, vinte e cinco unidades regionais de compra e armazenagem de

grãos, um terminal marítimo e outro fluvial, além de contar com o escritório-matriz em

São Paulo.

A empresa possui mais de 1.300 funcionários diretos e dispõe de uma

capacidade anual de esmagamento de 1,9 milhões de toneladas de grãos, refino de

250 mil toneladas de óleo bruto, envasado em 250 milhões de unidades (latas, fibra-

pack e garrafas PET) e além de contar com mais de 8.000 clientes ativos.

A empresa exporta para diversos países, e para isso utiliza sua Unidade

portuária de Vitória/ES, também como os portos de Paranaguá/PR, Santos/SP e Rio

Grande/RS. Seu faturamento em 2004 foi de 270 milhões de dólares, a metade deste

corresponde ao total de suas exportações.

Seu patrimônio possui diversas virtudes empresariais imprescindíveis para o

sucesso, são levados em conta: o rigoroso cumprimento dos compromissos

assumidos, decisões rápidas, e respeito irrestrito às pessoas e ao meio ambiente.

Além da capacidade de envolver as pessoas com fé, otimismo, determinação e

cooperação para lançar metas cada vez mais ambiciosas, sem descuidar da ética, da

moral e do bom relacionamento entre fornecedores, clientes e funcionários.

ü BIOCAPITAL

A Biocapital atua na área de produção de biocombustíveis e solventes

especiais. Tem investido maciçamente na produção de Biodiesel, uma vez que, o

Brasil tem um enorme potencial na produção de oleaginosas principal matéria prima.

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O biodiesel, que é um combustível ecológico, podendo ser produzido através

de vários tipos de óleos vegetais, como: soja, algodão, amendoim, girassol, palma,

pinhão manso, mamona etc. Pode, também, ser gerado a partir do sebo animal.

Depois de submetido a uma reação com álcool e catalisador, o óleo gera o

biodiesel bruto e a glicerina. Nesta fase o biodiesel não pode ser utilizado, pois

carrega em sua composição algumas impurezas. Na última etapa o biodiesel bruto

será lavado ou destilado, tornando-o possível para ser comercializado. O problema é

que o processo de lavagem gera um grande volume de efluentes e por sua vez um

enorme passivo ambiental. Baseando-se nestes conhecimentos, a Biocapital investiu

na destilação do biodiesel bruto com o objetivo de obter um produto de qualidade

ímpar, e que atenda as exigências da ANP, além de não gerar efluentes ao meio

ambiente.

O objetivo da Biocapital é oferecer ao mercado um combustível de qualidade

diferenciada, sendo possível através da utilização de equipamentos modernos e do

controle rigoroso de todo processo de produção. A empresa está localizada no

estado de São Paulo, contando com duas unidades, ou seja, a fábrica em

Charqueada e o escritório na cidade de São Paulo, sendo que no escritório comercial

de São Paulo no qual são realizadas as negociações em âmbito nacional e

internacional, assim como os contatos com os clientes.

Certos de que o Programa Nacional de Biodiesel irá proporcionar ao Brasil um

futuro promissor e com o objetivo de estar presente entre os principais

empreendimentos no setor, a Biocapital acredita em um modelo de negócio

sustentável, alicerçados nas melhores práticas administrativas e de governança

corporativa, pretende consolidar através da credibilidade e competitividade, a sua

liderança de mercado.

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ü FIAGRIL

A primeira unidade armazenadora de grãos da empresa Fiagril Agromercantil

surgiu em 1997, com uma capacidade de 13.000 toneladas, que marcou o início de

uma nova fase que já evidenciava o posicionamento de um a integração com o

mercado. No ano de 2000, a unidade de Lucas do Rio Verde teve a sua capacidade

de recebimento de grãos ampliada para 81.000 toneladas e no mesmo ano foi

também implantada a filial de insumos de Sinop/MT, outro importante pólo regional.

No ano seguinte ocorreu a primeira exportação e a abertura da Sorriagro

Insumos e Produtos Agropecuários LTDA., em Sorriso - MT. No período de 2002 a

2003, o processo de expansão ganhou um novo impulso, com a construção da

unidade armazenadora de Sorriso, com capacidade para receber 60.000 toneladas e

a aquisição de uma unidade armazenadora com a capacidade de 36.000 toneladas

em Sinop-MT. A Agrilex Limited foi criada no ano de 2004, com a finalidade de cuidar

da comercialização de soja e milho no mercado externo e das operações no mercado

futuro da Bolsa de Chicago.

Em 2005 a Fiagril firmou uma parceria com a Brasil Ferrovias (Ferronorte),

atual ALL, com objetivo de facilitar o escoamento da produção de grãos pelo Porto

de Santos. Já em 2006 a companhia teve um aumento expressivo na capacidade de

armazenagem de grãos de 177.000 toneladas para 460.000 toneladas.

A integralização de capital do BNDESPAR proporcionou um novo impulso a

estratégia de expansão em 2007, e a construção da fábrica de biodiesel, que

começou a operar a partir de janeiro de 2008 com capacidade para produzir 120.000

toneladas por ano.

Além destas empresas produtoras de biodiesel existem outras como: Agrenco,

ADM, Caramuru, Bsbios, Comanche, Bertin, Oleoplan etc.

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2.5 A atuação da Petrobrás

A Petrobrás preocupada como o bem estar do nosso planeta tem se dedicado

em estudos para a obtenção de combustíveis que seja benéfico ao meio ambiente.

Atualmente ela tem se dedicado a estudos com microalgas do Rio grande do Norte

que se transforma em combustível e o que é melhor, biocombustível, movendo

motores. (POR DENTRO DA TECNOLOGIA). A seguir, as etapas necessárias para a

produção de biodiesel através de algas:

Em primeiro passo uma amostra de água é coletada em um tubo de ensaio

contendo nutrientes. Neste tubo além dos nutrientes estão presentes também as

microalgas. No laboratório a água é colocada em uma estufa, para que as algas

continuem vivas.

O segundo passo é o isolamento e identificação, onde os diferentes tipos de

algas são isolados e identificados. A amostra é diluída e a microalga é capturada

com o auxílio da micropipeta Pasteur.

No próximo passo, ocorre a reprodução e a secagem aonde as espécies vão

para um tanque com nutriente. As que se reproduzirem mais rápido e apresenta

maior teor de óleo passam para a secagem. Depois são embaladas para não

entrarem em contato com a luz e o oxigênio.

O último passo é a produção do óleo e do biodiesel. As microalgas secas são

colocadas em um reator. Lá será extraído o óleo, utilizado na fabricação do

combustível. A seguir, o óleo volta para ao reator para ser transformado em

biodiesel.

Esta utilização das algas é muito boa, pois elas capturam CO2 da atmosfera,

desenvolvem O2, não precisam de campos agrícolas e ainda geram biodiesel com

alta produtividade. As Algas são uma matéria prima que além de serem utilizadas

para a fabricação do biodiesel não trarão problemas na alimentação mundial, uma

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vez, que não competem com as culturas alimentares, podendo torna-se numa melhor

opção que o milho ou o girassol na produção de biocombustíveis. Elas absorvem o

CO2, que é necessário para seu crescimento, e produz o óleo para ser usado na

produção do combustível limpo.

Conforme biodieselbr, outra empresa que adere a utilização das algas para a

produção de biodiesel é a anglo-holandesa Shell que anunciou no final de 200, a

parceria com a americana HR Biopetroleum para a construção de uma usina piloto

para produção experimental. O empreendimento, que foi batizado com o nome de

Cellana, será erguido na ilha americana do Havaí, sede da HR Biopetroleum. Sendo

a Shell a maior acionária.

Segundo comunicado enviado pelas companhias, o que objetivou a escolha

pelas algas é o fato delas crescerem rapidamente, além de serem ricas em óleo

vegetal e poderem ser cultivas em tanques com água do mar, diminuindo o uso de

terra fértil e água doce. Assim que forem recolhidas, as algas serão tratadas para a

extração de óleo, que em seguida será transformado em biocombustível.

Este empreendimento contará como o apoio de um programa de pesquisa

acadêmica, que será responsável por examinar espécies de microalgas naturais para

determinar quais produzem maior rendimento e mais óleo vegetal. Participam do

programa cientistas das Universidades do Havaí, Southern Mississippi e Dalhousie

em Nova Escócia e Canadá. Um fato importa a ser registrado é que a Shell entrou no

mercado de biocombustível no país em 2006, no projeto da mistura de 2% de

biodiesel (B100) no diesel que se tornou obrigatória neste ano. Daí em diante, a

empresa se envolveu em outros projetos neste segmento em parceria como a Viação

Real para o teste de uso do biodiesel no Rio de Janeiro. Esta iniciativa faz parte do

programa RioBiodiesel, que colocou em circulação o primeiro ônibus urbano movido

a biodiesel do Brasil.

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CAPÍTULO III

O ACORDO DE KYOTO E A POSIÇÃO DO BIODIESEL NO

BRASIL

3.1 O Acordo de Kyoto

Segundo Barros (2007, p. 98/99) a questão do aquecimento global começou a

ter mais notoriedade em 1979, com a realização da primeira Conferência Mundial

sobre o clima, um evento inaugural que deu origem a uma série de outros, que

culminou com a Convenção na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

ambiente e o Desenvolvimento, conhecida com o nome de Cúpula da Terra,

realizada no Rio de Janeiro em julho de 1992, a Rio 92 (ou Eco 92) que foi

responsável pela criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a

mudança do clima (cuja sigla em inglês é UNFCCC, de Unitend Nations Frame

Convention for Clima Changel), que esta em vigor desde março de 1994.

O objetivo da UNFCCC é, mediante o seu artigo 2º, estabilizar a atuação dos

gases de efeito estufa na atmosfera. Desde então, a Convenção vem sendo aderida

por outros estados e aprovada por um grande número de países. Com a criação da

UNFCCC, 185 países mais a União Européia passaram a se reunir periodicamente

com objetivo de definir medidas para combater os problemas climáticos. Essas ações

influenciaram para adesão do Protocolo de Kyoto em 1997. A finalidade desse

Protocolo é que entre 2008 a 2012 ocorra a diminuição dos gases geradores do

efeito estufa, que em sua maioria são países desenvolvidos e membros da OCDE.

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Para Barros (2007, p.149), o Protocolo de Kyoto sobre mudanças climáticas

entrou em vigor em 2005, com a adesão de 141 países que, juntos, representam

aproximadamente 55% das emissões de gás no mundo. O protocolo é um

compromisso para que 32 nações industrializadas reduzam, até 2012, 5,2% das

emissões de gases (principalmente CO2) no mundo.

Com o propósito de alcançar as metas estabelecidas, o Protocolo criou um

sistema de comércio de créditos de emissões entre os países. Como a meta de

emissões é válida, por enquanto, para os países desenvolvidos, esses tiveram

apenas duas alternativas: ou investem na redução dos gases ou compra dos países

em desenvolvimento ou de países desenvolvidos, que tenham mais facilidade para

reduzir suas próprias emissões, os créditos de emissões (ou seja, o direito de lançar

gases de estufa).

O Acordo de Kyoto surge mediante a necessidade de reduzir os gases

poluentes que causam problemas ao planeta, como o aquecimento da terra que

causa o efeito estufa. O acordo foi assinado por 141 países. Porém apenas 30

países industrializados estão sujeitos ao comprimento dessas metas, não havendo

exigências para os países em desenvolvimento, uma vez que são os que menos

contribuem para as mudanças climáticas, mas poderão ser os mais atingidos. Porém

eles devem manter a ONU informada sobre seu nível de emissões de gases e buscar

alternativas estratégicas para as mudanças climáticas.

O Protocolo de Kyoto foi realizado na cidade de Kyoto, no Japão em 1997,

mas só teve peso com a entrada da Rússia. Para que esse acordo entrasse em vigor

era necessária a participação de no mínimo, 55% dos países industrializados, os

quais são os mais responsáveis para emissões de gases poluentes.

Segundo Magnoli (2005, p. 177) as negociações para a Convenção sobre

Mudanças Climáticas Globais foram marcadas pela resistência dos Estados Unidos à

fixação de limites compulsórios para emissões de gases estufa, que foi proposto por

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países subdesenvolvidos e pela União Européia. Os grandes exportadores de

petróleo tendem a se unir com Washington, enquanto pequenos países insulares da

Oceania aparecem como os mais ardorosos defensores de medidas severas contra

as emissões.

Tabela III Países que mais emitem dióxido de carbono (CO2) na atmosfera

PAÍS %

Estados Unidos 36,1

Rússia 17,4

Japão 8,5

Alemanha 7,4

Reino Unido 4,3

Canadá 3,3

Itália 3,1

Polônia 3,0

França 2,7

Austrália 2,1

Espanha 1,9

Países Baixos 1,2

República Checa 1,2

Romênia 1,2

Fonte: Revista Época – Entenda o Protocolo de Kyoto (2010)

3.2 O protocolo de Kyoto para o Brasil

De acordo com Pimentel (2007, p. 149) o Protocolo de Kyoto tem como

objetivo diminuir o aquecimento global do mundo e para isso é necessário que

países estejam de acordo em fazer a sua parte. Esse Protocolo é um compromisso

para que 32 nações industriais reduzam, até no ano de 2012, no mínimo 5,2% das

emissões de gases (principalmente CO2) poluentes no mundo.

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Para o Brasil o Protocolo tem sido significativo, pois além de lutar para a

diminuição do aquecimento global também proporciona incentivos financeiros e

oportunidades para investimentos através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

(MDL), que é uma das alternativas do tratado. Os países em desenvolvimento por

não usarem toda a sua meta de restrições, liberam uma parte para os países que

ficaram sujeitos a metas de reduções de gases poluentes (CO2), por sua vez estes

poderão investir em projetos nos países em desenvolvimento. Esses projetos podem

atender a várias atividades, desde o desenvolvimento de tecnologias consideradas

limpas, como as nossas fontes renováveis de energia, até projetos de manejo de

terra, com o objetivo de garantir o reflorestamento de áreas degradadas, e os

programas de absorção de carbono da atmosfera.

3.3 O biodiesel no Brasil

Além de várias pesquisas durante quase meio século o Brasil foi um dos

pioneiros a registrar a primeira patente sobre o processo de produção do biodiesel,

em 1990. Em 02 de julho no ano de 2003 foi instituído pela Presidência da República

por meio de um Decreto um grupo de trabalho Internacional encarregado de

apresentar estudos sobre a adoção do biodiesel como fonte alternativa de energia.

Como consequência foi elaborado um relatório que deu base ao Presidente da

República para estabelecer o PNB como ação estratégica e prioritária para o Brasil.

Este grupo foi aprovado em 31 de março de 2003 pela CEIB e em 06 de

dezembro de 2004, houve o seu lançamento oficial pelo Presidente Inácio Lula da

Silva, decorrentes das ações desenvolvidas. Nesta mesma data foi apresentado o

Marco Regulatório que estabelece as condições legais para a introdução do biodiesel

na Matriz Energética Brasileira de combustíveis líquidos. Sendo estabelecido como

lei em 13 de janeiro de 2005.

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O mercado do biodiesel no Brasil iniciou-se de fato, em 2006, com compras de

combustível através de leilão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP). No Brasil, a Lei11, 097/05 define o biodiesel como

biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão

interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento para geração de

outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustível de

origem fóssil.

Várias Universidades e Institutos de Pesquisas de vários Estados vêm tendo

progresso no que diz respeito ao desenvolvimento do novo combustível, havendo

grande diversidade de tecnologia no país. Já existem no Brasil diversas empresas

que produzem o biodiesel para várias finalidades. Embora o país já tenha

conhecimento tecnológico suficiente para avançar na produção em escala comercial,

não deixa de continuar avançando nas pesquisas e testes, pois o objetivo é alcançar

uma qualidade na produção do combustível ecológico, para ampliar a

competitividade do produto.

Este combustível ecologicamente correto, além de reduzir a importação do

diesel, reduz a poluição ambiental e gera alternativas de empregos em áreas

geográficas menos atraentes para outras atividades econômicas, promovendo assim

a inclusão social. Outro ponto importante para o país é a introdução do biodiesel que

aumentará a participação de fontes limpas e renováveis na matriz energética,

somando-se principalmente à hidroeletricidade e ao álcool o país fica em uma

posição privilegiada em relação ao cenário internacional.

O necessário de área plantada para obter a quantidade de 2% de biodiesel

para misturar com o diesel é de apenas 1% que corresponde a 1, 5 milhões dos 150

milhões de hectares plantados e disponíveis para a agricultura no Brasil, isto não

incluindo as regiões ocupadas por pastagens e florestas. As normas permitem a

produção de diferentes oleaginosas e rotas tecnológicas, permitindo a participação

do agronegócio e da agricultura familiar.

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No Brasil as empresas produtoras de biodiesel terão acesso a melhores

condições de financiamento junto ao BNDS e outras instituições financeiras, além do

direito em participar de leilões de compra do biodiesel. As indústrias produtoras terão

isenção de alguns tributos, para isso deverão garantir a compra da matéria prima,

com preços pré-estabelecidos, garantido segurança aos agricultores familiares. Os

agricultores familiares também terão a oportunidades de participarem como sócios

ou quotistas das indústrias extratoras de óleo ou de produção de biodiesel, seja de

forma direta, por associações ou cooperativas de produtores.

3.4 A posição do Brasil em relação ao biodiesel

Conforme Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel a partir de 01

de julho de 2009 o óleo que é comercializado em todo o Brasil contém 4% de diesel,

esta regra foi determinada pela resolução 2/2009 do Conselho Nacional de Política

Energética (CNPE), foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 18 de maio de

2008 aumentou de 3% para 4% o percentual obrigatório do biodiesel ao óleo diesel.

O Brasil é um país pioneiro no uso de biocombustíveis, cerca de 45% da

energia e 18% dos combustíveis já são renováveis. Enquanto no resto do mundo

86% da energia são de fontes não renováveis. Está em uma posição almejada por

muitos países que buscam fontes de energia renováveis como alternativas

estratégicas ao petróleo. Está entre os maiores produtores e consumidores de

biodiesel do mundo, com uma produção anual, em 2008 de 1,2 bilhões de litros e

uma capacidade instalada em janeiro de 2009 para 3,7 bilhões de litros.

A utilização do novo combustível renovável tem proporcionado um aumento

significativo na economia do país, pois em 2008, o uso do biodiesel evitou a

importação de 1,1 bilhões de litros de diesel de petróleo resultando numa economia

de cerca de US$ 976 milhões, gerando divisas para o país.

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CAPÍTULO IV

EXPORTAÇÃO

4.1 Potencial de exportação

De acordo com Barros (2007, p. 69) o Brasil tem um cenário favorável para a

produção do biodiesel, pois possui várias oleaginosas para a produção do

combustível e terras disponíveis para a plantação dos vegetais. Com isso alguns

especialistas internacionais apontam que o país tem o maior potencial de exportação

do produto. Segundo a Embrapa em alguns anos o Brasil tem condições de fornecer

cerca de 60% de todo o produto utilizado em nosso planeta.

O Brasil está preste a passar a frente no que diz respeito à produção do

biodiesel, já que contabiliza mais de 130 fábricas em vários Estados. Enfim, a maior

empresa produtora de biodiesel do mundo é a Brasil Ecodiesel que é a responsável

por mais da metade da produção do combustível no país.

Outro destaque é a empresa BiodieselBrasil, a qual está exportando a

tecnologia desenvolvida. A indústria entregou a segunda fábrica, que entrou em

atividade em janeiro de 2007, construída nos Estados Unidos (em Oklarroma,

encomendada por uma empresa americana) tem a capacidade de produzir cerca de

80 milhões de litros do combustível por ano. A empresa diz que, por enquanto, esta é

a única planta no mundo que utiliza a progressão reversa, processo que reduz

bastante os níveis consumidos de metanol na mistura. Ela ainda afirma que a

conversão do óleo em biodiesel é completa, apesar de utilizar 63% da quantidade de

álcool que seria usado no processo tradicional, com isso ajuda na redução de custos.

A outra fábrica que a empresa construiu em Illinois, entrou em atividade em

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dezembro de 2006, com capacidade de produção de 110 milhões de litros por ano.

Utilizando como matéria prima o óleo de soja.

4.2 Biodiesel no mundo

O biocombustível surgiu como fonte alternativa de energia não só para o

Brasil, mas para o mundo. Mesmo o biodiesel sendo desenvolvido no Brasil o maior

mercado produtor e consumidor do combustível é a Europa. (O BIODIESEL NO

MUNDO)

O combustível limpo vem sendo testado em vários países do mundo. E países

como Estados Unidos, Argentina, Malásia, Alemanha e França já produzem e

comercializam o biodiesel.

A Alemanha é um grande exemplo para o Brasil, no que diz respeito a

investimentos na produção de bioenergia. É uma potência que está presente entre os

maiores produtores de biocombustível, sendo atualmente responsável por mais da

metade da produção do combustível limpo na Europa. Enquanto o Brasil dá início à

comercialização do combustível ecológico com a incorporação do B2 à sua matriz

energética, a Alemanha já tem postos que distribuem e vendem o produto em sua

versão pura (B100), com a total garantia para os fabricantes de veículos. A produção

do combustível biológico na Europa já ultrapassa mais de um bilhão de litros por ano,

registrando um crescimento de 30% entre os anos 1998 e 2002. Mesmo com taxas

menores este crescimento tem sido uma realidade nos últimos cinco anos.

Na Alemanha a matéria prima mais utilizada para a produção do biodiesel é a

colza (canola), uma oleaginosa que além de servir para extrair o óleo, que será

usada para produzir o combustível ecológico é também usada para adubar

naturalmente os solos exauridos. O país se tornou o maior produtor e consumidor

europeu do combustível.

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Depois de produzido o combustível é distribuído de forma pura, ou seja, isento

de qualquer mistura ou aditivação. O país conta com uma quantidade de mais de

1000 postos para a venda do combustível limpo. Os postos têm uma bomba

contendo dois bicos, um para óleo diesel de petróleo e outro, com selo verde para o

combustível ecológico. Uma grande parcela dos usuários misturava nas mais

diversas proporções o biodiesel com o diesel, até estarem totalmente confiante no

novo combustível, que era cera de 12% mais barato, sendo isto possível devido à

isenção dos tributos em sua cadeia de produção.

A França é o segundo maior produtor de biodiesel da Europa, com capacidade

de produção de 460 mil toneladas por ano. O combustível se encontra nos postos já

misturado com o óleo diesel de petróleo na proporção atual de 5%, mas este

percentual deverá aumentar para 8%. Apesar de que atualmente os ônibus do país

consomem uma mistura com até 30% de biodiesel. (BIODIESELBR, 2007)

Os óleos vegetais que são utilizados para a produção do biodiesel são

extraídos dos vegetais como: colza e girassol. Em relação aos incentivos fiscais

estes são parciais.

Em maio de 2003, foi assinada uma Diretiva pelo Parlamento Europeu,

visando à substituição de combustível fóssil por combustível renovável. A proposta é

adicionar 5,75% até 2010. (BIODIESELBR, 2007)

O programa de produção dos Estados Unidos é bem menor do que da Europa

e apresentam várias características diferentes. O que motiva os Estados Unidos a

utilizar o biodiesel é a qualidade do meio ambiente. A principal matéria prima usada

para a produção do combustível é a soja, completada com óleos de frituras usadas.

Os americanos estão levando a sério o uso deste combustível, especialmente nas

grandes cidades. A capacidade estimada de produção do produto é de 210 a 280

milhões de litros por ano. Houve um aumento bastante significativo em relação à

produção do biodiesel. Segundo a Comissão Nacional para o biodiesel, a produção

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deste combustível ecológico chegou aos 75 milhões de galões (280 milhões de litros)

no ano de 2005, face aos 25 milhões de galões (93 milhões de litros) refinados no

ano anterior.

Em relação à percentagem que será acrescentada a mistura do diesel de

petróleo tem sido cogitada a percentagem de 20% de biodiesel, B20. Os padrões

para o novo combustível nos Estados Unidos são determinados e fixados pela norma

a STMD-6751. O programa Americano do combustível limpo é baseado em

pequenos produtos.

A renúncia fiscal não permite viabilizar o biodiesel, pois o diesel americano

tem uma menor carga tributária. Além das medidas de caráter tributário, têm sido

adotados incentivos diretos à produção como o Commodity Credit Corporation

Bioenergy Program, que subsidia a aquisição de matérias primas para fabricação de

etanol e biodiesel, e atos normativos que determinam um nível mínimo de consumo

de biocombustíveis, por órgãos e frotas comerciais, como definido no – EP ACT

Energy Policy Act.

No momento, o biodiesel está sendo utilizado nas frotas de ônibus urbanos,

serviços postais e órgãos do governo e, além disso, é considerado Diesel Premium

para motores utilizados na mineração subterrânea e embarcações.

Conforme informações da NBB, as vendas do biodiesel no ano de 1999

atingiram 1,9 milhões de litros aumentando posteriormente para 57 milhões de litros.

Um fato importante, para ressaltar é que o Programa Americano de biodiesel é

baseado em pequenos produtores.

Mediante dados obtidos no final de 2005, nos EUA encontram-se em

funcionamento 45 fábricas de biodiesel, produzindo uma média de 6,5 milhões de

galões (24 milhões de litros) por ano. Nos próximos anos está planejada a

construção de mais 54 complexos semelhantes. A produção tem crescido

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expressivamente e as plantas utilizadas para a produção do combustível encontram-

se distribuídas em vários pontos do país. Os pontos de venda do combustível se

localizam ao centro do EUA, concentrado nos estados de Minnessota, Missouri, os

percussores do projeto.

O Governo da Malásia tem objetivo de aprovar uma lei que tornará obrigatório

a mistura de 5% de óleo de palma e 95% de diesel a partir de 2007. Com isso pode

se tornar o primeiro país a aderir o biodiesel como combustível limpo para veículos e

máquinas. (O BIODIESEL NO MUNDO)

A Malásia também está aderindo à produção do biodiesel. O combustível terá

como matéria prima para sua produção o óleo de dendê, uma vez, que o país é o

maior produtor mundial desse óleo, com uma produtividade de 5000 kg de óleo por

hectare ano. Em 2004 deverá entrar em operação a primeira fábrica, com

capacidade de produção equivalente a 500 mil toneladas por ano. Com a certeza de

extrair vitaminas A e E será possível reduzir os custos de produção do novo

combustível. (O BIODIESEL NO MUNDO)

Outros países também têm interesse em aderir o biodiesel como combustível

limpo, seja para a produção, seja para importar e consumir. Já existem dois casos de

implantação de programas congêneres, um bem-sucedido (China) e outro com

limitações (Nicarágua), podendo ter alguma utilidade para o desenvolvimento de um

programa nacional. Além da Espanha e da Itália, há alguns países europeus, do

norte e do leste que cogitam produzir e importar o produto. O Japão também tem

manifestado um grande interesse na importação do biodiesel.

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CONCLUSÃO

O mundo sempre viveu em total dependência do petróleo, esta que é uma

mistura formada por milhares de compostos orgânicos complexos, cujas moléculas

contêm, por exemplo, enxofre e nitrogênio. Estes elementos são os responsáveis

pela poluição liberada na queima da gasolina, do diesel e de outros derivados do

petróleo.

O presente trabalho teve como objetivo principal buscar novas fontes de

energia que não causem problemas ao planeta e livre o mundo e, consequentemente

o Brasil da total dependência do petróleo, composto orgânico que é um produto fóssil

e não renovável. A sua utilização ao longo do tempo originou grandes problemas

ambientais, entre os quais podemos citar o efeito estufa que é causado por gases

poluidores produzidos através da utilização do combustível fóssil.

A adoção dos biocombustíveis permitirá a produção de um combustível

ecologicamente correto e que esteja dentro das exigências do Protocolo de Kyoto,

que é um acordo entre os países na busca diminuir a quantidade de gases poluentes

no planeta.

A fonte de energia estudada foi o biodiesel, que é produzido através de

gorduras animais, óleos vegetais novos ou usados e até com resíduos ou borras de

empresas moageiras chamadas de ácidos graxos.

A pesquisa conclui que muitas empresas além de terem aderido ao biodiesel

estão investindo na produção do mesmo.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ..................................................................................................... 2

AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 3

DEDICATÓRIA ............................................................................................................ 4

RESUMO ..................................................................................................................... 5

METODOLOGIA .......................................................................................................... 6

SUMÁRIO .................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 11

BIOCOMBUSTÍVEL................................................................................................... 11

1.1 Conceito ..................................................................................................... 11

1.2 Histórico..................................................................................................... 12

1.3 Estrutura e aplicações .............................................................................. 13

1.4 Características do biodiesel..................................................................... 15

1.4.1 - Agência nacional do petróleo, gás natural e biocombustiveis ......... 16

1.5 Vantagens do biodiesel ............................................................................ 18

1.6 Desvantagens da utilização do biodiesel................................................ 19

1.7 O Selo de qualidade .................................................................................. 20

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 22

O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL E SUA MATÉRIA PRIMA ............ 22

2.1 Como se produz o biodiesel .................................................................... 22

2.2 Matéria prima utilizada para a obtenção do biodiesel ........................... 23

2.2.1 As oleaginosas ................................................................................... 25

2.3 Principais fabricantes de plantas de biodiesel ....................................... 26

2.4 Empresas produtoras de biodiesel ......................................................... 28

2.5 A atuação da Petrobrás ............................................................................ 33

CAPÍTULO III ............................................................................................................ 35

O ACORDO DE KYOTO E A POSIÇÃO DO BIODIESEL NO BRASIL ..................... 35

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3.1 O Acordo de Kyoto ................................................................................... 35

3.2 O protocolo de Kyoto para o Brasil ......................................................... 37

3.3 O biodiesel no Brasil ................................................................................ 38

3.4 A posição do Brasil em relação ao biodiesel ......................................... 40

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 41

EXPORTAÇÃO ......................................................................................................... 41

4.1 Potencial de exportação ........................................................................... 41

4.2 Biodiesel no mundo .................................................................................. 42

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 47

ÍNDICE ...................................................................................................................... 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................................... 52

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Pós-Graduação “Lato Sensu”

Projeto A Vez do Mestre

Título da Monografia: O Combustível Ecologicamente Correto

Autora: Marli Pereira Gomes

Data da entrega: 11/02/2010

Avaliado por: Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Conceito: