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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO SHIRLENE CRISTINA MATOS SANTOS ORIENTADORA: FABIANE DA SILVA Rio de Janeiro, RJ, setembro/2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

SHIRLENE CRISTINA MATOS SANTOS

ORIENTADORA: FABIANE DA SILVA

Rio de Janeiro, RJ, setembro/2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO SHIRLENE CRISTINA MATOS SANTOS

Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Analista de Recursos Humanos

Rio de Janeiro, RJ, setembro/2002

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“A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao

desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de

esclarecimento, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante do

fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que

nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos,

acrescentando a ele algo que fazemos”.

Paulo Freire

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Dedico esta pesquisa primeiramente a Deus, em seguida aos meus familiares,

em especial meus pais e minhas irmãs.

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................06

2 – CAPÍTULO I: AS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS

NO MUNDO DO TRABALHO

1.1 – TAYLORISMO E FORDISMO .........................................................................08

1.2 - TOYOTISMO: SUAS REPERCURSÕES NO MUNDO

DO TRABALHO .......................................................................................................13

3 - CAPÍTULO II: ABORDAGEM HUMANÍSTICA E SEUS AVANÇOS ...............14

2.1 - MODELOS DE QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO...............................................................................................................19

4 - CAPÍTULO IV – RECURSOS HUMANOS X QUALIDADE DE VIDA DO

TRABALHADOR

4.1 – PROGRAMAS DE BEM-ESTAR DESENVOLVIDOS PARA O

TRABALHADOR ....................................................................................................28

5 – RESUMO ................................................................................................................... 29

6 – CONCLUSÃO ............................................................................................................ 31

7 – BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................32

8 – ANEXOS ..................................................................................................................... 33

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INTRODUÇÃO

O debate acerca da temática referente a qualidade de vida do trabalhador, tem ganhado

espaço nas últimas décadas nas organizações. As organizações estão cada vez mais

competitivas, devido a globalização da economia, e para manter-se no mercado e garantir a

produtividade, se faz necessário investir na qualidade de vida de seus funcionários.

As organizações perceberam que as questões que envolvem o trabalhador estão

diretamente ligadas a produtividade. Uma vez que, a insatisfação do trabalhador, a ocorrência

freqüente de acidente de trabalho, entre outras situações, trazem conseqüências negativas

tanto para o trabalhador como também, para as empresas, havendo com isso, aumento do

absenteísmo e a rotatividade de pessoal, e também maiores indenizações a serem pagas por

acidente de trabalho. Desse modo, as organizações deram mais atenção a essa temática

melhorando assim, as condições de vida no trabalho, e implementando programas

significativos.

A temática abordada nessa dissertação visa se certificar da importância de se investir na

mesma, e conhecer os programas desenvolvidos pelas empresas. Para atingirmos o objetivo

do tema proposto, se faz necessário, definirmos os métodos e as técnicas que foram utilizadas

para a coleta de dados e posterior análise da pesquisa. Para isso será feita uma revisão

bibliográfica acerca do tema proposto, para reafirmar a importância da reflexão teórica, dando

subsídios para realização da análise do nosso objeto, que esta relacionado a uma abordagem

bibliográfica referente ao assunto da pesquisa. Para tal processo será utilizada a abordagem

qualitativa, pois oferece uma compreensão maior da realidade, uma vez que os instrumentos e

a técnica por ela utilizados, possibilita captar mais minuciosamente as representações sociais

que os atores sociais envolvidos na pesquisa possuem acerca das questões difíceis de

quantificar, como sentimentos, motivações e atitudes pessoais/individuais.

No primeiro capítulo dessa dissertação será abordado as grandes transformações

ocorridas no processo de trabalho. Do Taylorismo ao Fordismo analisando a dinâmica desses

processos de gestão e controle da força de trabalho e suas conseqüências sobre os

trabalhadores. No segundo capítulo será feito um resgate histórico sobre os estudos das

Escolas de Relações Humanas e da Teoria Comportamental. E serão apresentados modelos

de qualidade de vida no trabalho.

Enfim, o último capítulo terá seu foco no Recursos Humanos fazendo uma relação

desse, com a qualidade de vida do trabalhador.

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CAPÍTULO I

AS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS NO MUNDO DO TRABALHO

1.1 - TAYLORISMO / FORDISMO

Para identificarmos as novas práticas de qualidade de vida no trabalho se faz necessário

analisar as formas de gestão do trabalho na empresa: o taylorismo, o fordismo e o toytismo.

O Taylorismo que se inicia no século XIX e vai até o século XX, tem como fundamento

controlar o processo de trabalho, “(...) através do controle das decisões que são tomadas no

curso do trabalha” (Braverman, 1974:98). A gerência que predominava até então, no

processo de produção, era chamada por Taylor de: gerência comum, pois ele a considerava

insuficiente e ineficaz para garantir a produtividade de uma empresa. Uma vez que, esta

gerência não concentrava, em suas mãos, todas as fases do processo produtivo, permitindo

ainda, que o trabalhador controlasse a execução de suas atividades. A gerência cientifica “(...)

significa um empenho no sentido de aplicar os métodos da ciência aos problemas e

crescentes do controle do trabalho nas empresas capitalistas em rápida expansão”.

(Braverman; 1974:82). Por isso, seria necessário um controle mais rigoroso por parte da

gerência.

O modo de produção marcado pela manufatura (oficinas de oficio) tinha como peça

chave o trabalhador, pois ele elaborava e executava sua tarefa, sendo de suma importância no

processo produtivo. Este modo de produção era, então, considerado um entrave para o

desenvolvimento do Capital, logo, havia a necessidade de ele ser substituído. O novo modo de

produção (capitalismo concorrencial) viria para garantir a acumulação de riqueza através da

introdução da maquinaria e de uma maior divisão técnica do trabalho. A máquina, então, é

que passa a determinar o ritmo do trabalho, da produção, ela controlará o tempo e movimento.

Este novo processo de trabalho tira do homem a capacidade intelectual produtiva e, também, é

a fase em que se tem a subordinação do trabalho vivo ao morto.

Taylor vai ser o inovador desse processo produtivo, pois propõe a chamada Gerência

Científica. Ele apontará a problemática do desenvolvimento do capitalismo, como sendo a

dependência do capital ao trabalho vivo e para superar essa problemática, Taylor se voltará

para a busca constante do desenvolvimento de métodos de organização do trabalho, através de

estudos do tempo e movimento, feito por meio de observação e mensuração.

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“A gerência cientifica trouxe consigo uma inovação na concepção do controle sobre o

processo de produção. O controle ‘relativo’ foi, gradativamente substituído por um

controle formal e rigoroso entre superiores e subordinados tendo, como critério de

avaliação, o tempo padrão alcançado pela racionalização/padronização dos

instrumentos de trabalho, agora materializados na maquinaria que controlava o tempo

e movimento do trabalhador. Ao invés da ferramenta estar a serviço do homem, o

homem passava a estar a serviço da máquina-ferramenta, tornava-se apêndice do

processo produtivo” (Silva, 2000:83).

Assim,

“a busca da racionalização/padronização, enquanto método científico de

operacionalizar a máquina-ferramenta num tempo padrão (controle do

tempo/movimento) na produção – ainda vigente na realidade produtiva atual – marca a

essência do taylorismo” (Silva, 2000:84).

Para atingir seu objetivo, Taylor criou princípios básicos como: a dissociação do

processo de trabalho das especialidades dos trabalhadores, a separação de concepção e

execução, utilização do monopólio do conhecimento para controlar cada fase do processo de

trabalho e seu modo de execução.

O princípio da dissociação do processo de trabalho das especialidades tem como

finalidade, fazer com que todo o processo de trabalho seja independente do conhecimento do

trabalhador, ou seja, o planejamento de trabalho deve ser feito pela gerência, esta tem a

responsabilidade de planejar e especificar as tarefas de forma padronizada e racional. O

princípio da separação de concepção e execução tem o intuito de tirar do trabalhador, a

capacidade científica para o desenvolvimento de seu trabalho. Pois, para Taylor essa

capacidade compete à gerência. E assim, ao separar a concepção e a execução,

“(...) os trabalhadores ficam reduzidos quase que ao nível de trabalho em sua forma

animal, enquanto isento de propósito e não pensável no caso de trabalho auto-

organizado e automotivado de uma comunidade de produtores, torna-se agudo para a

administração do trabalho comprado. Porque, se a execução dos trabalhadores é

orientada por sua própria concepção, não é possível, (...) impor-lhes a eficiência

metodológica ou o ritmo de trabalho desejado pelo capital. Em conseqüência, o

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capitalista aprende desde o início a tirar vantagem desse aspecto de força de trabalho

humana, e a quebrar a unidade do processo de trabalho”. (Braverman, 1974:104).

Para Taylor era impossível, uma mesma pessoa executar e planejar o trabalho, pois ela não

daria conta. Assim seriam necessários duas pessoas: para planejar e uma outra, para executar

o trabalho.

O princípio da utilização do monopólio do conhecimento, usado para controlar cada fase

do processo de trabalho e seu modo de execução, significa que os trabalhadores recebem as

instruções escritas sobre suas tarefas, assim também, como os meios a serem utilizados e o

tempo exato permitido para executá- las.

Como precursor deste modelo, temos o modelo Fordista, que também continuará com a

busca incessante de controlar o processo produtivo. Com base ainda, nos princípios de Taylor,

o fordismo possui um caráter inovador, pois cria a linha de montagem e a produção em massa

(consumo em massa), trazendo um novo modelo de gestão da força de trabalho

“O fordismo condicionou a força de trabalho a economizar e intensificar a produção,

aumentando a produtividade pela especialização da linha de montagem também

plantou as sementes de uma ‘Nova Política Social’ que mudaria as ‘regras do jogo’

estabelecidas no contrato de trabalho”. (Silva, 2000: 84-85).

Ford percebeu que ainda havia desperdício da produção, durante o trabalho. Isso

acontecia quando os trabalhadores perdiam seu tempo ao se deslocarem para pegar os

instrumentos de trabalho. Para resolver esse problema ele tomou a iniciativa de trazer o

trabalho ao operário, e não mais permitiu que este se dirigisse ao trabalho. Desse modo,

solicitou que os trabalhadores desenvolvessem suas tarefas uns próximos aos outros, para que

não saíssem de seus lugares. Isto significava a redução mínima dos movimentos do

trabalhador, e, conseqüentemente, o aumento da produção. A linha de montagem, então,

ditará a atividade e o ritmo do trabalhador e funcionará da seguinte maneira: o trabalhador

permanece imóvel em um determinado local (uns perto dos outros) enquanto as peças do

produto passam por uma esteira. Isso vem contribuir cada vez mais, para a especialização das

tarefas. Essa proximidade dos trabalhadores (trabalho coletivo) fez com que eles, dividissem a

rotina e a condição de trabalho, mas também, resistissem a esse modelo através da

organização desses trabalhadores levando a deflagrarem greves, absenteísmo, sabotagem etc.

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No desenrolar desse processo, firmou-se o Pacto Fordista que foi um acordo entre os

interesses dos trabalhadores e do capital. Nesse momento, temos a intervenção do Estado, que

estabeleceu leis de trabalho e, contribuiu para a expansão da produção. Se as políticas sociais

implementadas pelo Estado, deram por um lado, condições para o desenvolvimento do

capitalismo, por outro, foram consideradas como uma grande conquista do trabalhador. Desta

forma, as relações sociais não são mais discutidas somente no âmbito privado, mas também

no âmbito público.

“(...) o Pacto Fordista, no pós-Segunda Guerra Mundial regulamentou a intervenção do

Estado sobre novos princípios. O Estado passou a compensar as falhas do mercado,

referentes aos problemas gerados no ambiente natural e social. O Estado interventor

tornou-se uma arena política, mediando as relações sociais estabelecidas - que se

tornaram independentes da esfera privada e passaram a ser mediadas nas esferas

institucionais públicas e democráticas, onde os pactos políticos eram barganhados, por

intermédio das representações políticas do Capital e do trabalho. A regulação da

política social e econômica tornou-se a principal função do Estado interventor, na

busca de estabilizar o capitalismo” (Silva, 2000:89).

E também

“(...) não podemos deixar de considerar que este novo acordo, respeitado e

implementado em sua essência, trouxe ganhos significativos para os trabalhadores. A

consciência política sindical da classe trabalhadora soube, estrategicamente, utilizar

estas conquistas, radicalizando ao máximo suas pressões sobre o capital” (Silva,

2000:91).

Assim, pensar em Fordismo implica pensar no Keynesianismo (Estado de Bem-estar

Social). O Estado buscava canalizar o fundo público, tanto para financiamento do capital, em

que ele vai intervir para o aumento do lucro, através da redução dos custos da empresa,

possibilitando o emprego de tecnologia, negociando os impostos (encargos sociais), a compra

de máquinas através de empréstimos e créditos que são concedidos a juros subsidiados;

quanto para o financiamento das Políticas Sociais, operando numa rede de serviços sociais,

numa política de pleno emprego, para manter um certo padrão salarial negociando com

diversas categorias de trabalhadores, por intermédio de sua representação sindical, movido

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pela lógica que, para impulsionar a produção, há que ampliar mercados e preservar um certo

poder aquisitivo da população, capaz de viabilizar o consumo de mercadorias e a dinamização

da economia.

Vale ressaltar que o Estado de bem-estar conhecido como Welfare State, se deu nos

países de capitalismo avançado. Já o Brasil não experimentou um Estado de bem-estar social

na sua completude. Aqui o que ocorreu foi a introdução do fordismo do ponto de vista das

mudanças necessárias a produção, sem a adoção de políticas sociais de viés igualitários e

universalizantes nos moldes do fordismo. Poder-se-ia dizer um fordismo de deveres e restritos

direitos. Por isso mesmo, a política social no Brasil tem se firmado por sua marca excludente,

seletiva e focal.

Outra característica marcante do fordismo é o consumo em massa. O fordismo percebeu

que para se manter a produção em massa é preciso haver também um consumo em massa.

Para isso, sua estratégia era a de incentivar esse consumo, através de incentivos, como

aumentar o salário dos trabalhadores, e oferecimento de prêmios. Assim, o fordismo

“(...) compreendeu que a produção em massa em grande escala não poderia subsistir

sem um consumo massivo uniforme. Ford demonstrou uma grande visão de futuro ao

compreender que o bem-estar da classe trabalhadora era uma condição necessária

para o da classe capitalista. Argumenta-se que Ford aumentou os salários de seus

empregados para incrementar o consumo dos trabalhadores das mercadorias

introduzidas por ele e por outros capitalistas produzidas massivamente em suas

fábricas”. (Navarro, 1993:159)

Entre 1973 e 1983 ocorreu uma crise econômica que atingiu as principais economias

industriais. Essa crise foi determinada pela estagnação, pelos choques de petróleo, pelo

choque da taxa de juros, que aumentaram o índice inflacionário e pela mudança na

distribuição do poder no cenário mundial: o EUA deixa de ser a única força econômica no

mundo e passa a dividir o espaço com Japão e Alemanha, que se tornaram países fortes e

competitivos.

Esta crise vem acarretando sérias transformações nas relações de trabalho, em função da

reestruturação produtiva. Neste cenário, surge uma intensa concorrência por novos mercados,

acirrando a competitividade intercapitalista, que passa a exigir uma mudança no padrão de

produção que ganha espaço face o advento do toyotismo.

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1.2 – TOYTISMO: SUAS REPERCUSSÕES NO MUNDO DO TRABALHO

O novo padrão se inicia com a introdução do modelo japonês ou Toyotismo, que tem

como característica a flexibilidade do mercado de trabalho, ou seja, a produção não será mais

em massa e em série, e sim buscará atender as particularidades das demandas dos mercados

consumidores e uma flexibilidade dos padrões de consumo. Este novo paradigma de produção

industrial apoia-se na força do processo de inovações tecnológicas, além disso, surgem novas

tendências no cenário mundial: transformações das estruturas e estratégias empresariais, nova

base de competitividade, a globalização como aprofundamento da internacionalização e as

alianças tecnológicas como forma de competição. Com o novo modelo surge também a

desregulamentação dos direitos do trabalho, de estratégias de informalização da contratação

dos trabalhadores, trazendo o avanço das desigualdades sociais.

A estratégia do Toytismo será a de incentivar o trabalhador a agir, intervir e tomar

decisões na instituição organizacional, para isso, vai querer um trabalhador com habilidades e

conhecimentos, que vão além da sua área profissional. Assim, as empresas vão criar critérios

de seleção profissional compatíveis com a sua realidade organizacional. Podemos assinalar

como critérios: responsabilidade, equilíbrio, motivação, criatividade, agilidade de raciocínio e

facilidade de relacionamento. Isso faz com que nesta era neoliberal, o trabalhador se torne

cada vez mais polivante. Dessa maneira as organizações vão delegar essa responsabilidade

para o setor de Recursos Humanos.

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CAPÍTULO II

ABORDAGEM HUMANÍSTICA E SEUS AVANÇOS

A qualidade de vida no trabalho envolve aspectos físicos, ambientais e também

psicológicos do loca de trabalho. Ela é uma temática presente hoje nas organizações, pois é

por meio dela que se garante o desenvolvimento e a produtividade nas empresas. Por isso, é

de suma importância que as empresas tenham essa visão e invistam nas questões relacionadas

ao trabalhador. Se por um lado houve uma preocupação das empresas, no sentido de garantir

sua qualidade e produtividade através da qualidade de vida do trabalhador, por outro não se

pode esquecer que este investimento, e as políticas sociais da empresa voltadas para a

qualidade de vida do trabalhador, foi uma grande conquista dessa classe que reivindicou e

lutou por melhores condições no trabalho. Assim, segundo Chiavenato:

“A qualidade de vida do trabalhador tem sido utilizada como indicador das

experiências humanas no local de trabalho e do grau de satisfação das pessoas que

desempenham o trabalho. O conceito de qualidade de vida do trabalhador implica um

profundo respeito das pessoas. Para alcançar níveis elevados de qualidade e

produtividade, as organizações precisam de pessoas motivadas, que participem

ativamente nos trabalhos que executam e que sejam adequadamente recompensadas

pelas suas contribuições. A competitividade organizacional e obviamente, a qualidade e

produtividade passam obrigatoriamente pela qualidade de vida do trabalhador. Para

atender o cliente externo, a organização não deve esquecer o cliente interno. Isto

significa que, para satisfazer o cliente externo, as organizações precisam antes

satisfazer os seus funcionários responsáveis pelo produto ou serviço oferecido. Como

diz Claus Moller, consultor dinamarquês: coloque os empregados em primeiro lugar. A

organização que investe diretamente no funcionário está, na realidade, investindo

indiretamente no cliente. A gestão da qualidade total nas organizações depende

fundamentalmente da otimização do potencial humano, e isto depende de quão bem as

pessoas se sentem trabalhando na organização” (1999: 391).

Para Chiavenato a qualidade de vida no trabalho envolve questões como: a satisfação

com o trabalho executado; as possibilidades de futuro na organização; o reconhecimento pelos

resultados alcançados; o salário percebido; os benefícios auferidos; o relacionamento humano

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dentro do grupo e da organização; o ambiente psicológico e físico de trabalho; a liberdade e

responsabilidade de decidir e as possibilidades de participar.

Segundo o autor de Qualidade de Vida no Trabalho, Rodrigues, a qualidade de vida no

trabalho é

“a resultante direta da combinação de diversas dimensões básicas da tarefa e de outras

dimensões não dependentes diretamente da tarefa, capazes de produzir motivação e

satisfação em diferentes níveis, além de resultar em diversos tipos de atividades e

condutas dos indivíduos pertencentes a uma organização (Walton, 1973; Westley, 1979;

Davis & Werther, 1983; Nadler & Lawler, 1983; Huse & Cummings, 1985)” (1994: 21)

Sabe-se que os trabalhadores viviam nas organizações em situações desumanas durante

a era clássica (gerência cientifica), em que a preocupação era somente na produção, e na

eficiência através do método e racionalização do trabalho deixando de lado a questão humana

dos trabalhadores. Rodrigues em seu livro cita uma ação precursora de um dono de uma

fábrica que proporcionou uma melhora nas condições de trabalho de seus trabalhadores como:

melhoria no ambiente de trabalho, aumento de salário e educação para os filhos de seus

operários. Desta maneira, começam a aparecer preocupações com o trabalhador “a motivação

econômica, a melhoria do ambiente de trabalho e a monotonia com a especialização fatores

que afetam diretamente a viola do trabalhador no local de trabalho, passaram a ser

teorizados timidamente e em algumas poucas empresas, consideradas de forma prática”

(1994: 27).

O Taylorismo e o Fordismo apesar de seus princípios segundo a Gerência Cientifica,

com ênfase na tarefa, na tecnologia, e a racionalização da execução das tarefas, vão servir de

base para o estudo do comportamento humano. Pois estes proporcionaram uma melhoria na

vida do trabalhador, uma vez que, foi percebida que as condições de trabalho estão

diretamente ligadas a produtividade. Desta maneira, estes modelos criaram um meio de

motivar os operários através de recompensas salariais e materiais.

A abordagem humanística nas organizações teve seu início, em 1930, com a experiência

de Hawthorne, que tinha como intuito conhecer as conseqüências das condições do ambiente

de trabalho sobre a produtividade do trabalhador. A abordagem humanística teve seu início na

Teoria das Relações Humanas e depois na Teoria Comportamental. E tem como principais

precursores Elton Mayo (1880-1949) e Kurt Lewin (1890-1947). A Teoria das Relações

Humanas teve uma grande contribuição para a humanização nas empresas com sua ênfase na

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organização informal, nos grupos sociais, nas comunicações, na motivação, na liderança, nas

abordagens participativas e, sobretudo na preocupação com a satisfação no trabalho. Segundo

os autores humanísticos as organizações inibem o crescimento e o autodesenvolvimento de

seus trabalhadores, o que leva a apatia, ao desperdício das capacidades humanas, e também as

greves, a redução do trabalho e competição destrutiva. A Teoria Comportamental vem para

privilegiar os aspectos comportamentais nas organizações em detrimento dos aspectos

estruturais, ou seja, se preocupa em motivar e satisfazer os trabalhadores, e também da

interação dos mesmos. Ela tem como base a Teoria das Decisões, a qual estuda a reação, o

comportamento das situações com as quais os trabalhadores se deparam.

Pesquisas e teorias como a de Maslow, McGregor e Herzberg iniciaram estudos sobre o

comportamento humano, com ênfase na satisfação. Maslow contribui para análises futuras

sobre as condições de vida e necessidades do indivíduo no trabalho. Sua análise está

direcionada na satisfação a partir das necessidades, em que aborda como princípio a

hierarquia das necessidades, que por sua vez é composta por cinco necessidades

fundamentais, as quais são: fisiológicas, segurança, amor, estima e auto-realização.

McGregor propõe em seu estudo a satisfação no trabalho, e diz que o trabalho atende

somente as necessidades básicas dos indivíduos, não satisfazendo as necessidades egoístas.

De acordo com McGregor as necessidades egoístas dizem respeito a auto-estima como: auto-

respeito, confiança, autonomia, realização, competência, reconhecimento e a aprovação. Para

ele essas necessidades são encontradas fora do local de trabalho, logo, o trabalho é visto como

uma obrigação, punição, uma vez que, as organizações não criam condições para que seus

trabalhadores tenham um bom nível de qualidade de vida no trabalho. Isso afeta diretamente o

desempenho do trabalhador. Assim, McGregor ao estudar o comportamento humano nas

organizações, denominou a teoria X e Y. Na teoria X predomina a manipulação das pessoas,

coação e o temor. As pessoas são consideradas indolentes e preguiçosas e, portanto, precisam

ser dirigidas, coagidas e ameaçadas para trabalhar. Elas representam recursos inertes que

precisam ser explorados pela administração. Trata-se de uma visão míope, negativista e

estereotipada. Na teoria X, o trabalho é imposto e precisa ser motivado extrinsecamente

através de pagamento e medidas de controle e segurança. As recompensas cobrem apenas as

necessidades humanas de baixo nível (Maslow e Herzberg). A monitoração e o controle

devem ser rigorosos e as pessoas não podem ser deixadas sem supervisão nem os

subordinados devem ficar entregues às suas próprias deliberações. A cautela deve prevalecer

sobre a confiança. Em geral, as pessoas são consideradas incompetentes, interesseiras e

procuram tirar vantagens se puderem. Por conseguinte, o trabalho deve ser esquematizado e

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fragmentado para proporcionar a simplificação das tarefas, a rotinização de decisões e linhas

claras de autoridade e comando hierárquico. O relógio e o cartão de ponto são essenciais para

o controle. A hierarquia é a ordem natural. As regras são severas. O temor à punição é o

estímulo primordial. (Chiavenato, 1999: 349)

Já na Teoria Y

“predomina o respeito às pessoas e às suas diferenças individuais. As pessoas gostam

de trabalhar quando o trabalho é agradável e principalmente se puderem ter voz ativa

na sua definição e em formular os objetivos da organização. Elas podem ser criativas e

gostam de assumir responsabilidades. Cada indivíduo representa uma riqueza de

recursos que podem ser explorados por uma adequada administração. Na teoria Y

predomina uma visão mais aberta e humana das pessoas e da atividade laboral. As

recompensas cobrem todas as necessidades humanas, principalmente as de alto nível. A

vida organizacional é estruturada de modo a proporcionar condições para a auto-

realização e a satisfação de pessoas. A ordem natural é a democracia. O

reconhecimento é o estímulo primordial. A autenticidade e os valores sociais são

básicos. A liberdade é o resultado esperado” (Chiavenato, 1999: 349).

McGregor na teoria Y sugeri que as necessidades dos trabalhadores, sejam alcançadas

no ambiente de trabalho, e não somente fora dele. Assim, segundo Rodrigues esta proposta

“(...) sem dúvida, constitui-se em um grande avanço para qualidade de vida do indivíduo no

trabalho”, em que “(...) várias das dimensões destacadas por McGregor são analisadas e

consideradas em um programa ou estudo da qualidade de vida no trabalho” (Rodrigues,

1994: 44).

Outro autor que contribuiu para a humanização nas empresas por Herzberg. De acordo

com sua pesquisa as questões que envolvem o comportamento no trabalho, estão relacionadas

a dois fatores, são eles: fatores higiênicos cientes, e fatores motivacionais. Sua proposta estará

baseada no enriquecimento do cargo.

Os fatores higiênicos segundo Herzberg são aqueles, que produzem insatisfações. As

quais estão relacionadas ao meio ambiente do trabalho, como: a política e a administração da

empresa; relações com seus superiores; supervisão; condições no trabalho; salários; segurança

no trabalho. Esse é o momento em que o trabalho percebe como o trabalhador se sente em

relação a empresa. Já os fatores motivacionais dizem respeito a fatores que produzem

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satisfação, e tem haver com: a realização pessoal; o próprio trabalho; responsabilidade; o

reconhecimento e crescimento. Esse é o momento em que o trabalhador percebe como se

sente em relação ao cargo. Herzberg com o intuito de aumentar o desempenho e a satisfação

no trabalho, propõe que os fatores motivacionais de uma empresa estejam relacionados a

partir do enriquecimento de cargo, sendo ele, a maneira de se obter uma satisfação intrínseca.

Isso significa dizer que, o cargo deve adaptar-se de acordo com o crescimento do trabalhador.

Sobre esse assunto Chiavenato coloca que

“a adequação do cargo ao ocupante melhora o relacionamento entre as pessoas e o seu

trabalho, incluindo novas oportunidades de iniciar outras mudanças na organização e

na cultura organizacional e de melhorar a qualidade de vida no trabalho. O que se

espera do enriquecimento de cargos e não apenas uma melhoria das condições de

trabalho, mas sobretudo, um aumento de produtividade e de absenteísmo do pessoal.

Uma experiência desse tipo introduz um novo conceito de cultura e clima

organizacional, tanto na fábrica como no escritório: reeducação da gerência e da

chefia, descentralização da Gestão de Pessoas, delegação de responsabilidades,

maiores oportunidades de participação etc. o enriquecimento de cargos oferece: 1-

Elevada motivação intrínseca do trabalho; 2- Desempenho de alta qualidade no

trabalho; 3- Elevada satisfação com o trabalho; 4- Redução de falta (absenteísmo) e de

desligamentos (rotatividade)”. (1999: 170)

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2.1 - MODELOS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Segundo Rodrigues a preocupação com a qualidade de vida no trabalho tem sido uma

preocupação, desde a antiguidade, e não somente nos dias de hoje. Ele cita entre outros

exemplos a “Lei das Alavancas” (287 a.C.), de Arquimedes, que diminuiu os esforços dos

trabalhadores. No entanto, somente no século XVIII e XIX, houveram estudos científicos

sobre essa temática, em que temos a sistematização dos métodos de produção. Esses estudos

se iniciaram e desenvolveram desde a época da administração cientifica, e também durante as

Escolas das Relações Humanas.

O termo denominado qualidade de vida no trabalho iniciou na década de 50 com os

estudos de Eric Triste e colaboradores, os quais estavam voltados para o trinômio

indivíduo/trabalho/organização. Os estudos tiveram uma abordagem sócio-técnica, que tem

como princípio a organização do trabalho a partir da análise e da reestruturação da tarefa,

baseado na satisfação do trabalhador em seu ambiente de trabalho. A temática sobre a

Qualidade de Vida do Trabalhador teve seu desenvolvimento a partir da década de 60, e em

1974, foi considerado o marco desse desenvolvimento. Devido a um grande envolvimento de

cientistas, líderes sindicais, empresários e governantes nessa questão. Outro fato que também

contribuiu para tal desenvolvimento, foi a conscientização dos trabalhadores em relação aos

seus direitos trabalhistas e o aumento das responsabilidades sociais das empresas.

Desse modo, iniciaremos com a base dos estudos de Walton. Para ele a “expressão

qualidade de vida tem sido usada com crescente freqüência para descrever certos valores

ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço

tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico” (WALTON, 1973). Walton

contribui com suas análises apresentando oito conceitos, os quais são: compensação justa e

adequada; condições de segurança e saúde no trabalho; utilização e desenvolvimento de

capacidades; oportunidade futura para o crescimento contínuo e segurança; integração social

na organização de trabalho; constitucionalismo na organização de trabalho; o trabalho e

espaço total da vida; a relevância social da vida no trabalho.

“1. A Compensação Justa e Adequada: a justiça distributiva de compensação depende

de adequação da remuneração ao trabalho que a pessoa realiza, da equidade interna

(equilíbrio entre as remunerações dentro da organização) e da equidade externa

(equilíbrio com as remunerações do mercado de trabalho). 2. Condições de Segurança

e Saúde no Trabalho: envolvendo as dimensões jornada de trabalho e ambiente físico

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adequados à saúde e bem-estar da pessoa. 3. Utilização e Desenvolvimento de

Capacidades: proporcionar oportunidades de satisfazer as necessidades de utilização

de habilidades e conhecimentos do trabalhador, desenvolve sua autonomia,

autocontrole e obter informações sobre o processo total do trabalho, bem como

retroinformação quanto ao seu desempenho. 4. Oportunidades de Crescimento

Contínuo e Segurança: no sentido de proporcionar possibilidades de carreira na

organização, crescimento e desenvolvimento pessoal e segurança no emprego de forma

duradoura. 5. Integração Social na Organização: eliminação de barreiras hierárquicas

marcantes, apoio mútuo, franqueza interpessoal e ausência de preconceito. 6.

Constitucionalismo: refere-se ao estabelecimento de normas e regras da organização,

direitos e deveres do trabalhador, recursos contra decisões arbitrárias e um clima

democrático dentro da organização. 7. Trabalho e Espaço Total de Vida: o trabalho

não deve absorver todo o tempo e energia do trabalhador em detrimento de sua vida

familiar e particular, de seu lazer e atividades comunitárias. 8. Relevância Social da

Vida no Trabalho: o trabalho deve ser uma atividade social que traga orgulho para a

pessoa em particular de uma organização. A organização deve ter uma atuação e uma

imagem perante a sociedade, responsabilidade pelos produtos e serviços oferecidos,

práticas de emprego, regras bem definidas de funcionamento e de administração

eficiente” (Chiavenato, 1999: 393).

Os estudiosos Nadler e Lawler contribuíram com suas propostas apresentando fatores

como: A percepção da necessidade; O foco do problema que é destacado na organização;

Estrutura para identificação e solução do problema; Teoria/modelo de projeto de treinamento

e participantes; Compensações projetadas tanto para os processos quanto para os resultados;

Sistemas múltiplos afetados; Envolvimento amplo da organização. Chiavenato apresenta 4

aspectos que Nadler e Lawler consideram ser de suma importância para a qualidade de vida

no trabalho nas empresas, os quais são: Participação dos funcionários nas decisões;

Reestruturação do trabalho através do enriquecimento de tarefas e de grupos autônomos de

trabalho; Inovação no sistema de recompensas para influenciar o clima organizacional;

Melhoria no ambiente de trabalho quanto as condições físicas e psicológicas, horário de

trabalho.

Para autores como Hackman e Oldham ao apresentar sua proposta, colocam que para

alcançar a qualidade de vida no trabalho com alta satisfação, alto nível de motivação interna,

alta qualidade no desempenho e baixo absenteísmo e rotatividade. É necessário que estejam

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presentes no trabalho três estados psicológicos. São eles: Significação percebida;

Responsabilidade percebida e Conhecimento dos resultados do trabalho. Significação

percebida é o grau em que o trabalhador percebe a importância de seu trabalho. A

responsabilidade percebida é o grau em que o trabalhador se sente responsável pelos

resultados de sua tarefa realizada. Conhecimento dos resultados do trabalho é o grau em que o

trabalhador tem o conhecimento e entendimento de seu trabalho. Estes estados segundo

Hackman e Oldham são criados pelas dimensões básicas da tarefa, sendo elas: Variedade de

habilidade: que refere-se a variedade de atividades que um cargo deve possuir, e

conseqüentemente o trabalhador deve estar apto para ter habilidades e talento para executar

sua tarefa. Identidade da tarefa: refere-se ao grau em que o trabalhador executa seu trabalho

do início ao fim, e assim identifica todo o processo de sua atividade.

“O ocupante do cargo identifica-se com a tarefa na medida em que a executa

integralmente como produto final de sua atividade, o que lhe dá uma noção da

totalidade, extensão e do objetivo a alcançar. A montagem total de um produto em

lugar da realização de apenas uma simples etapa da operação estabelece uma

identidade com o trabalho” (Chiavenato, 1999: 168).

Significação da tarefa: diz respeito ao impacto em que a tarefa causa sobre o trabalho e a

vida de outras pessoas, sejam elas da organização e do ambiente externo. Assim,

“quando o cargo é significativo, o ocupante pode distinguir o que é mais importante e o

que é acidental dentre as coisas que faz para atingir os objetivos organizacionais. Com

isto, o ocupante pode criar condições para adequar o seu cargo às necessidades da

organização e do cliente interno e externo” (Chiavenato, 1999: 168).

A autonomia: refere-se a liberdade que o trabalhador deve ter em relação a execução de suas

tarefas, ou seja, independência para planejar e determinar os procedimentos de seu trabalho.

Dessa forma,

“ocorre falta de autonomia quando os métodos de trabalho são previamente

determinados, os intervalos de trabalho são rigidamente controlados, a mobilidade

física da pessoa é restrita, os insumos de seu trabalho dependem da gerência ou de

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outros. A autonomia proporciona liberdade de métodos, de programar o trabalho,

intervalos de repouso e mobilidade física ilimitada quando a pessoa deixa de depender

da gerência ou de outras pessoas” (Chiavenato, 1999: 167).

O Feedback extrínseco: é a resposta do resultado de seu trabalho dada pelos seus colegas,

clientes e superiores. É o momento em que o trabalhador tem a noção de seu desempenho. O

Feedback intrínseco: é o momento em que o trabalhador faz uma auto-avaliação de sua

(própria) tarefa. Contato/inter-relacionamento: é o grau em que o trabalhador possui

contato, uma relação com seus colegas de trabalho e clientes.

Uma vez que, essas dimensões básicas da tarefa são realizadas nas organizações, o

trabalhador demonstrará reações afetivas ao desempenhar suas funções, como: Satisfação

geral que é “uma média global do grau de bem-estar do indivíduo em relação ao seu bem-

estar do seu trabalho” (Rodrigues, 1994, 124). E motivação interna ao trabalho que é “o grau

de motivação própria com que o indivíduo experimenta sensações positivas internas, quando

desempenha afetivamente sua tarefa e sensações negativas internas, quando a faz com má

qualidade”. E também sentimento como a satisfação específica que diz respeito ao “grau de

bem-estar do indivíduo em relação à supervisão, à segurança no trabalho, à remuneração, ao

ambiente social e ao crescimento” (Rodrigues, 1994: 124).

Assim, as organizações vão delegar essa responsabilidade para o setor de Recursos

Humanos.

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CAPÍTULO IV

RECURSOS HUMANOS X QUALIDADE DE VIDA DO

TRABALHADOR

As grandes mudanças e transformações no cenário mundial influenciaram as

organizações e na Administração de Recursos Humanos, onde as grandes empresas de ponta

passam a adotar a Gestão de Pessoas, como um novo papel a ser desempenhado pelo setor de

RH. (Chiavenato, 1999).

O século XX trouxe grandes transformações que influenciaram de forma significativa as

organizações, a administração e o comportamento destas, mudando assim, a maneira de elas

administrarem a política de recursos humanos e, portanto as pessoas. Desta forma, segundo

Chiavenato, podemos destacar, ao longo do século XX, três eras organizacionais distintas - a

era industrial clássica, a era industrial neoclássica e a era da informação - para podermos

compreender melhor as filosofias e práticas que objetivam lidar com as pessoas participantes

das organizações.

A industrialização clássica ocorreu do período logo após a Revolução Industrial até

meados de 1950, e é caracterizada pelo desenvolvimento e expansão da industrialização no

mundo e o surgimento dos países desenvolvidos. As organizações deste período tinham como

preocupação principal a eficiência, para isso eram tomadas medidas que objetivavam a

padronização e simplificação dos produtos e a especialização da mão-de-obra. Tudo isso para

garantir produções maiores e custos menores, ou seja, as organizações se preocupavam com

seus problemas internos de produção, já que o ambiente externo não oferecia grandes

desafios, pois as mudanças que ocorriam no mundo eram lentas, progressivas e previsíveis.

A cultura organizacional, neste contexto, era voltada para os valores tradicionais. Desta

forma as empresas adotaram uma estrutura organizacional burocrática, centralizada, em que

as decisões eram tomadas de forma hierárquica, através de regras e regulamentos internos que

disciplinavam e padronizavam o comportamento das pessoas. Segundo Chiavenato, as

pessoas eram consideradas recursos de produção juntamente com outros recursos

organizacionais como máquinas, equipamentos e capital. Assim a administração de pessoas

recebia denominação de relações industriais.

“(...) O departamento de relações industriais atuava como órgão intermediário e

conciliador entre a organização e as pessoas – o capital e o trabalho – e visava aparar

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as arestas dos conflitos trabalhistas, como se ambas as partes fossem compartimentos

estanques e separados. Os cargos eram desenhados de maneira fixa e definitiva para se

obter a máxima eficiência do trabalho e os empregados deveriam ajustar-se a eles, tudo

para servir à tecnologia e à organização. O homem era considerado um apêndice da

máquina e, tal como ela, deveria ser padronizada na medida do possível” (Chiavenato,

1999: 28).

O período da Industrialização Neoclássica se dá entre as décadas de 1950 e 1990,

momento este em que ocorrem grandes mudanças num mundo, onde transações comerciais se

expandiam do nível regional para o internacional, aumentando a competitividade entre as

empresas.

Desta forma, a teoria clássica da administração foi substituída pela teoria neoclássica da

administração, onde a teoria das relações humanas foi substituída pela teoria comportamental,

uma vez que o antigo modelo não conseguiu acompanhar as mudanças e transformações do

ambiente externo. Assim, as empresas deixaram de privilegiar as tradições antigas passando a

se concentrar no presente, dando lugar à inovação e às mudanças de hábitos, de maneiras de

pensar e agir. Essas transformações fizeram surgir à administração de Recursos Humanos, que

passa a ver as pessoas como recursos vivos e inteligentes e passará a humanizar as relações

dentro da empresa. Os funcionários foram valorizados, através da oferta de determinados

serviços que passaram a ser oferecidos aos internos da empresa, os trabalhadores. Nesse

sentido, além das tarefas operacionais e burocráticas, a área de Recursos Humanos passou a

assumir uma dimensão mais técnica, subdividindo-se em especializações, ou seja, os

departamentos de RH passaram a desenvolver funções operacionais e táticas comuns aos

órgãos prestadores de serviços especializados como recrutamento, treinamento e

desenvolvimento de funcionários, além da avaliação de desempenho, remuneração, benefícios

sociais, higiene e segurança do trabalho e intermediação das relações trabalhistas e sindicais.

As políticas sociais empresariais aí construídas oferecem, melhores condições de reprodução

aos trabalhadores, para que eles possam produzir mais para empresa, dando um melhor

atendimento para seu cliente externo.

A era da informação teve seu início na década de 90 e se estende até os dias de hoje.

Tem como características as mudanças que vêm ocorrendo de forma rápida, dinâmica, e

imprevisível e a tecnologia cada vez mais avançada, que torna a competitividade intensa entre

as organizações, contribuindo, cada vez mais, para a globalização da economia. É o período

em que o capital financeiro deixa de ser o recurso mais importante para as organizações,

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dando lugar ao capital humano, e ao capital intelectual. Para estar na frente do mercado, é

preciso que as organizações sejam capazes de adquirir informação e transformá-la

rapidamente em uma oportunidade de novo produto ou serviço, antes que o mercado

competitivo o faça.

Diante deste contexto, as grandes organizações, ou seja, as empresas de ponta,

perceberam que para melhorar a qualidade de seus produtos, otimizar seus serviços à clientela

e partir para um crescimento auto-sustentado a longo prazo é necessário a valorização de

pessoas. Em sua essência, as organizações têm sua origem nas pessoas, o trabalho é

processado por pessoas e o produto de seu trabalho destina-se às pessoas. Por isso, a

qualidade do produto é determinada mais pelas pessoas do que pela tecnologia utilizada pela

organização, já que são as pessoas que criam, operam e aplicam tal tecnologia. Por mais que

as máquinas sejam sofisticadas elas são ferramentas do homem no trabalho, elas não pensam,

não sonham, não planejam, não agregam valor, não fazem diferente. De nada vale a melhor

tecnologia se não houver pessoas capazes de utilizá- la e aplicá-la.

Os serviços à clientela são quase sempre, entre a empresa e o cliente e são realizados,

através de algum funcionário. De nada vale a melhor intenção da empresa se não houver

pessoas capazes de lidar com os clientes e proporcionar-lhes satisfação. E o crescimento auto-

sustentado se faz-se através dos atuais funcionários e não pelo acréscimo de maior número de

pessoas à organização. O crescimento físico e material está sendo substituído pelo

crescimento do conhecimento. De nada valem investimentos financeiros ou tecnológicos na

empresa, se não houver pessoas capazes de agregar valor à organização através de soluções

criativas e inovadoras que tornam aqueles investimentos rentáveis.

Há uma grande valorização das pessoas na empresa, pois o termo funcionários cedeu

lugar para o termo colaborador. A relação mais humanizada nas organizações tornou-se viável

pois as pessoas, seus conhecimentos e habilidades mentais passaram a ser a principal base da

nova organização. Desta forma, a antiga administração cedeu lugar a uma nova abordagem: a

Gestão de Pessoas. Chiavenato (1999) coloca que o novo papel de Recursos Humanos hoje é

a promoção da Gestão de Pessoas.

Apesar do setor de Recursos Humanos ter sofrido transformações, como a valorização

de pessoas, os órgãos de Recursos Humanos foram estruturados através do esquema de

departamentalização funcional que predominava nas empresas. A estrutura funcional

privilegia a especialização de cada órgão e a cooperação intradepartamental, logo, as pessoas,

motivo e origem dessas empresas passam a ser administradas tecnicamente e gerenciados por

partes, produzindo conseqüências indesejáveis, pois esse conjunto de técnicos começa a

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perder sua relação com o trabalho, com o negócio, com os resultados esperados e com as

exigências de mudanças no ambiente, ou seja, começa a não ter funcionalidade, nem

operacionalidade, pois os objetivos departamentais tornam-se mais importantes que os

objetivos globais e organizacionais Assim, os departamentos mais se separam do que

cooperam entre si, pois não há comunicação ou uma relação humana na empresa, que impeça

a visão sistêmica e a obtenção de sinergia.

Assim, na era da informação surgem as equipes de gestão de pessoas. As equipes de

Recursos Humanos proporcionam consultoria interna e têm como perfil generalista, atuar

entre o cliente interno (funcionário) e a gerência ou direção da área, para que essa área possa

assumir atividades estratégicas de orientação global, visando o futuro e o destino da

organização e de seus membros.

O setor de Recursos Humanos de hoje vai assumir papéis múltiplos. Ele não vai apenas

executar. Além de desempenhar papéis operacionais, vai ao mesmo tempo desempenhar

papéis estratégicos. Os profissionais de Recursos Humanos passam a ser parceiros das

organizações que tomam decisões junto com os gerentes para atingir o objetivo da

organização. Para isso, as atividades táticas são delegadas aos gerentes de linha em toda a

organização, os quais passam a ser gestores de pessoas. “Em muitas empresas, a gestão de

Recursos é encarada exclusivamente como centro de custos: ter pessoas é necessariamente

ter despesas fixas que afetam o orçamento da empresa” (Chiavenato, 1999).

Apesar desta idéia ainda existir nas organizações na era da informação isso está

mudando, pois para as grandes empresas de ponta.

“O desafio de transformar a área de Recursos Humanos de um centro de despesas para

um centro de lucro consiste em compreender que os investimentos em pessoas, seja ele

em treinamento, remuneração e produtos de RH diferenciados, se bem gerenciado,

poderá se tornar também investimentos no business e não única e exclusivamente em

pessoas. E logicamente gerará ótimos retornos para a empresa” (Chiavenato, 1999).

Chiavenato (1999) coloca que os objetivos da Gestão de Pessoas são variados. A

administração de Recursos Humanos deve contribuir para eficácia organizacional através dos

seguintes meios: ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão. Para

que se possa alcançar os objetivos propostos é necessário: - proporcionar competitividade à

organização (isto significa saber empregar as habilidades e capacidades da força de trabalho,

para produzir com qualidade sendo assim, aceitos nos mercados internacionais); -

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proporcionar à organização, empregados bem treinados e motivados; - aumentar a auto-

atualização e a satisfação dos empregados no trabalho (antigamente a ênfase era colocada nas

necessidades da organização, hoje, apesar dos computadores e dos balanços contábeis, os

empregados precisam ter um bem-estar social para sua satisfação pessoal, pois para que sejam

produtivos, são necessários que estes estejam satisfeitos); - desenvolver e manter qualidade de

vida no trabalho; - administrar mudanças; - manter-se políticos, éticos com a admissão de

comportamento socialmente responsável.

Nessa nova forma de administrar enfatiza-se no setor de Recursos Humanos o

desenvolvimento das quatro funções administrativas: planejar, organizar, dirigir e controlar.

Além disso, é necessário desenvolver as políticas e práticas necessárias para se administrar

pessoas que são: - análise e descrição de cargos; - desenho de cargos; - recrutamento e seleção

de pessoal; - admissão de candidatos selecionados; - orientação e integração dos novos

funcionários; - administração de cargos e salários; - incentivos salariais e benefícios sociais; -

avaliação do desempenho dos funcionários; - treinamento e desenvolvimento de pessoal; -

desenvolvimento organizacional; - higiene; segurança e qualidade de vida no trabalho; -

relações com empregados e relações sindicais. Segundo Chiavenato, essas políticas e práticas

podem ser resumidas e definidas em seis processos básicos da gestão de pessoas.

Dessa maneira, as organizações criaram condições ambientais e psicológicas para

garantir a satisfação dos profissionais em suas atividades. Esses processos englobam a

administração da disciplina, informações sobre higiene, segurança, qualidade de vida e

manutenção de relações sindicais. A higiene do trabalho envolve questões que estão

relacionadas com as condições de saúde física e mental do trabalhador. Priorizam formas de

como manter um saudável ambiente de trabalho e proteger e prevenir os funcionários dos

aspectos ligados à exposição a agentes externos que possam prejudicar o organismo humano.

A promoção da saúde mental, que envolve preocupação com questões psicológicas e

sociológicas, é feita através da evitação de impactos emocionais e do estresse. Além disso,

criam-se estratégias que atuam de forma positiva sobre o comportamento das pessoas.

Os programas de higiene e segurança do trabalho estão chamando a atenção das

organizações, não somente pelo lado humano, mas também pelo lado financeiro. Uma

vez que tais programas não estejam sendo bem desenvolvidos, trarão conseqüências

negativas para o lucro da empresa, pois haverá o aumento do absenteísmo e da

rotatividade do pessoal, maiores indenizações pagas por acidentes, aumento dos

prêmios de seguros, maiores indenizações pagas por acidentes ou doenças profissionais,

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custos judiciais mas elevados etc. Por isso é necessário um monitoramento por um

especialista de RH, sobre a esfera dos custos e benefícios.

Para que o sistema de Gestão de Pessoas (RH) seja eficiente é importante que haja uma

constante avaliação para medir custos e benefícios gerais do RH, comparando o desempenho

daquela organização com outras organizações bem sucedidas. Segundo as pesquisas feitas

pela revista Exame e pelo autor Chiavenato (1999) nas grandes empresas mundiais, o RH é o

mais importante recurso organizacional e o fator determinante do sucesso empresarial.

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4.1 – PROGRAMAS DE BEM-ESTAR DESENVOLVIDOS PARA O TRABALHADOR

As organizações realizam programas de bem-estar (em anexo) como: prevenir a saúde

de seus funcionários, e permitir um bom nível de relações interpessoais, etc.

Segundo Chiavenato

“o programa de bem-estar tem geralmente três componentes:

1- Ajudar os funcionários e identificar riscos potenciais de saúde;

2- Educar os funcionários a respeito de riscos de saúde, como pressão sangüínea

elevada, fumo, obesidade, dieta pobre e estresse;

3- Encorajar os funcionários a mudar seu estilo de vida através de exercícios, boa

alimentação e monitoramento da saúde” (Chiavenato, 1999: 393).

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RESUMO

Em 1903 Taylor inaugura a Teoria Administrativa. Esta, por sua vez, tem como método

a Gerência Cientifica, que tem o intuito de controlar o processo de trabalho. Esta Gerência

tem os seguintes princípios: a dissociação do processo de trabalho das especialidades dos

trabalhadores, a separação de concepção e execução, utilização do monopólio para controlar

cada fase do processo de trabalho e seu modo de execução. Desse modo, essa era (clássica)

predominada pelo Taylorismo e Fordismo se preocupam somente com a produtividade, e para

isso buscam a eficiência máxima, através da racionalização e padronização de tarefa, e do

tempo padrão. Fordismo vai inovar esses métodos com a introdução da linha de montagem, e

a produção em massa. E vai perceber que para que o trabalhador aumenta a produtividade

durante as suas atividades, é necessário que estes estejam satisfeitos. Dessa maneira, vai

melhorar o ambiente de trabalho, e estimular a motivação através de incentivo salarial,

prêmios (produção em massa). Nessa fase se tem a subordinação do trabalho vivo ou morto,

ou seja, a separação de quem executa (operário) e pensa (gerência). Um acontecimento

marcante do fordismo, é o pacto Fordista. Que foi um acordo entre os interesses dos

trabalhadores e do capital, e a intervenção do Estado, que estabeleceu leis de trabalho. As

políticas sociais implementadas pelo Estado, ao mesmo tempo em que contribui para o

desenvolvimento do capitalismo, também foi uma grande conquista do trabalhador. Essa

teoria preservava somente o aspecto tecnológico, e não as pessoas. O Modelo Tradicional deu

espaço ao Modelo Humanístico. Sua ênfase será nas pessoas, na organização informal, nos

grupos sociais, nas comunicações, na motivação, na liderança, nas abordagens participativas

e, sobretudo, na preocupação com a satisfação no trabalho. A abordagem humanística teve seu

início nas relações humanas, e se desenvolveu na Teoria Comportamental na era Neoclássica.

A Teoria Comportamental veio estudar o comportamento dos trabalhadores nas organizações.

Seus principais autores são: Maslow, McGregor e Herzberg. Maslow apresenta sua proposta

baseada no princípio da satisfação a partir das necessidades. E McGregor na sua análise diz

que as organizações não satisfazem as necessidades egoístas do trabalhador, satisfazendo

somente as necessidades básicas. Para ele as necessidades egoístas estão relacionadas a auto-

estima/auto-respeito, confiança autonomia etc. Dessa maneira, McGregor apresentou Teoria

X e Y. Na teoria X tem a forte presença de coesão, temor das pessoas, que são consideradas

preguiçosas. O trabalho é realizado através de um rigoroso controle, e a motivação é feita

somente através de incentivos materiais. Na teoria Y se tem uma visão mais humana,

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predominando o respeito, a auto-estima e satisfação dos funcionários. Já Herzberg apresenta

sua proposta partiu do enriquecimento de cargo. Para ele o cargo deve-se adaptar-se de acordo

ao crescimento do trabalhador.

A era da informação iniciada na década de 90 predominada pela globalização da

economia vem acompanhada pela flexibilidade do mercado de trabalho, intensa

competitividade, e um trabalhador polivalente. Dessa maneira, as empresas percebem que a

atenção no bem-estar de seu funcionário é um grande investimento, uma vez, que a boa

satisfação do trabalhador, faz com que ele produza da melhor maneira possível. A qualidade

de vida do trabalho esta intimamente ligada ao bem-estar do trabalhador, com melhores

condições no ambiente físico, ambientais e psicológicos do local de trabalho. Autores como

Walton, Nadler & Lawer e Hackman & Oldham apresentam modelos de qualidade de vida,

que dizem respeito a valorização das pessoas no ambiente de trabalho, e a fatores

determinantes para alcançar um alto nível de satisfação e motivação no trabalho, que podem

ser atingidos através de programas de bem-estar. E desta maneira garantir a produtividade

para manter-se ativo na concorrência, diante de outras empresas.

Assim, a área de administração de pessoas será de responsabilidade do Recursos

Humanos. O Recursos Humanos vai, então, gerenciar tecnicamente as pessoas da

organização. Ele vai valorizar o capital intelectual e desempenhar papéis estratégicos,

assumindo papéis múltiplos, pois não vão apenas executar. Teriam que ajudar a organização a

alcançar seus objetivos e missão, e desta forma, proporcionar competitividade a organização,

empregados bem treinados, motivados e satisfeitos. Desenvolver e manter a qualidade de vida

no trabalho.

Assim, o setor de Recursos Humanos desenvolverá quatro funções administrativas:

planejar, organizar, dirigir e controlar. Desenvolver as políticas e práticas necessárias para se

administrar pessoas como: análise de cargos; desenho de cargos; recrutamento e seleção de

pessoal; admissão de candidatos selecionados; orientação e integração dos novos

funcionários; administração de cargos e salários; incentivos salariais e benefícios sociais;

avaliação do desempenho dos funcionários; treinamento e desenvolvimento de pessoal;

desenvolvimento organizacional; higiene; segurança e qualidade de vida no trabalho; relações

com empregados e relações sindicais.

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CONCLUSÃO

Dado o exposto, a pesquisa respondeu a hipótese apresentada, uma vez que, veio

reafirmar a importância de uma política empresarial voltada para um (bom nível) de qualidade

de vida no trabalho. Pois se conclui que, no modelo econômico atual, a tendência das

organizações de pontas, para sobreviver nesse mercado competitivo e globalizado, será cada

vez mais de investir em sue funcionário, criando melhores condições de trabalho, e

conseqüentemente levar a motivação e satisfação para a execução de suas atividades.

De acordo com os dados da revista Exame verifica-se que, as empresas bem sucedidas,

para garantir seu lucro, produtividade, possuem um Recursos Humanos ativo, o qual cria

programas de incentivos ao trabalhador, e uma maior integração desse com os objetivos da

empresa. Isso contribui para que o trabalhador desempenhe da melhor maneira suas

atividades. Dessa forma, o Recursos Humanos vai apropriar do saber humano, do intelecto de

funcionário, de modo que ele possa intervir no processo produtivo de maneira eficaz e

garantir o desenvolvimento do capital, dando-lhe uma idéia de autonomia no processo de

trabalho. Assim, buscará cada vez mais um trabalhador polivalente e parceiro.

Vale ressaltar, a importância das lutas, e reivindicações feitas pelos trabalhadores no

decorrer do processo histórico, por melhores condições de vida no trabalho, pois trouxeram

conquistas significantes para a classe. Outro fator também de grande importância, que

impulsiona a atenção das empresas sobre o tema abordado, é a responsabilidade social.

Os estudos sobre a abordagem humanística apresentados no decorrer da pesquisa, e seus

avanços com as Escolas de Relações Humanas chegando a Teoria Comportamental. Mostrou-

se ser de suma importância para a evolução e o conceito, sobre a qualidade de vida nos dias

atuais.

Assim, de acordo com que foi apresentado, as empresas que diante o contexto em que

vivemos, não possuírem uma preocupação sobre essa questão, não investindo na redução de

acidentes de trabalho e etc. Aumentam o custo ao cobrir as deficiências, e que reduz o lucro, a

produtividade, trazendo grandes prejuízos, comprometendo sua permanência no mundo

globalizado.

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BIBLIOGRAFIA

BRAVERMAN, Harry. Trabalho e Capital Monopolista a Degradação do Trabalho no

Século XX. 3ª ed., Ed. Guabara, 1974.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos Humanos

nas Organizações. – Rio de Janeiro: Campus, 1999, ed. Campus.

RODRIGUES, Marcus Vinicius Carvalho. Qualidade de Vida no Trabalho: Evolução e

Análise no Nível Gerencial. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

REVISTA EXAME. 100 Melhores Empresas para Você Trabalhar. 749 ed., São Paulo,

Abril, 2001.

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ANEXO I

INDÚSTRIA SECONCI

O Departamento de Assistência Social realiza, dentre outras, as seguintes atividades:

· Auxilia o usuário do SECONCI-MG no adequado encaminhamento da sua

consulta, orientando-o sobre serviços complementares e convênios mantidos

pela entidade nas áreas médica e odontológica;

· Orienta os usuários sobre a obtenção de benefícios junto ao INSS e sobre

serviços disponíveis nas redes de saúde pública e privada;

· Organiza palestra sobre temas relacionados à educação em saúde:

- doenças sexualmente transmissíveis;

- alcoolismo;

- hipertensão;

- alimentação alternativa, etc.

· Desenvolve e supervisiona projetos e programa em parceria com outras

entidades nas áreas de saúde, educação, lazer e cultura, tais como:

- Programa de Educação de Jovens e Adultos;

- Projeto Arte na Obra.

Conforme a legislação vigente, especificamente a Norma Regulamentadora nº 7 (NR-7),

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, há a exigência da

implementação, por todas as empresas, de um programa que visa um acompanhamento

freqüente da saúde de seus trabalhadores. O SECONCI-MG disponibiliza, para as empresas

associadas, este programa, mediante convênio específico com a empresa interessada. O seu

objetivo primordial é promover a saúde do trabalhador e prevenir as doenças, sejam

profissionais, relacionadas ao trabalho ou doenças comuns, evitando-se, também, sérios

encargos adicionais para as empresas.

O programa é elaborado a partir de uma análise qualitativa dos potenciais riscos à saúde

do trabalhador presentes nos ambientes de trabalho e inerentes às funções exercidas, sendo

este levantamento realizado por profissionais de segurança do trabalho da entidade. O

desenvolvimento do programa consiste em avaliações clínicas (exames médicos e

complementares), com acompanhamento periódico dos trabalhadores da empresa conveniada,

visando diagnosticar precocemente os possíveis danos à saúde dos trabalhadores.

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ANEXO II

PROGRAMAS DE INCENTIVO DA EMPRESA AMIL

- Ambiente de cooperação e camaradagem;

- A empresa paga até 80% da graduação. As bolsas para cursos de inglês e MBA podem

chegar a 100%;

- As mulheres têm chances de crescimento dentro da empresa. Elas ocupam quase a metade

do quadro de diretores e gerentes;

- Convênio com colégios para baratear o custo dos estudos dos filhos de funcionários;

É possível fazer carreira internacional – Amil 2020 é um seminário semestral que reúne a diretoria e as lideranças de grupo para aumentar a integração entre as áreas e desenvolver líderes.