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Ed. e Trabalho - Síntese Profª. Rosane B. Teixeira

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Ed. e Trabalho - Síntese

Profª. Rosane B. Teixeira

Temas

( programa da disciplina)

A categoria trabalho e sua historicidade.

O trabalho enquanto atividade especificamente

humana.

Taylorismo e Fordismo e sua relação com o sistema

educativo.

A função social da escola no capitalismo e a

educação do trabalhador.

Trabalho como princípio educativo.

Visões de trabalho na legislação educacional.

Textos

Braverman

cap. 1, 2 e 3

Saviani

O trabalho como princípio educativo

Kuenzer

Exclusão includente e inclusão excludente: a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas relações entre educação e trabalho

Enguita

A face oculta da Escola

Aspectos principais dos temas

discutidos em sala

O processo de humanização da

natureza

A evolução do ser humano esteve condicionada por mudanças que só foram possíveis devido a sua capacidade de pensar e lutar pela superação de suas necessidades (alimentação, vestuário, moradia ...)

Nesse processo, adotar uma postura ereta e utilizar as mãos como ferramentas para pegar e selecionar objetos foi fundamental para este desenvolvimento. Com as mãos livres pôde fabricar outras ferramentas que o ajudaram a enfrentar o meio em que vivia.

Nasce assim o trabalho.

Trabalho:

transformação da natureza e constituição do

ser social

Rompe com o padrão natural das atividades biologicamente estabelecidas;

Exige a produção de instrumentos;

Passa a exigir habilidades e conhecimentos que se adquirem inicialmente por repetição e experimentação e que se transmitem mediante aprendizado;

O trabalho leva o ser humano a seguir o caminho da civilização: o homem transforma a natureza e se transforma.

Texto:

Trabalho e Força de Trabalho-

Braverman

Todas as formas de vida mantêm-se em seu meio ambiente natural; assim é que todos desempenham atividades com o propósito de apoderar-se de produtos naturais em seu próprio proveito.

Mas apoderar-se desses materiais da natureza em seu estado bruto não é trabalho, o trabalho é uma atividade que altera o estado natural desses materiais para melhorar sua utilidade.

Modos de produção

Primitivo

Escravista

Feudal

Capitalista

Primitivismo

O modo de produção primitivo foi desenvolvido na pré-história, quando o homem ainda não produzia seu próprio alimento. Eram nômades que caçavam, pescavam, colhiam e dividiam os alimentos entre sua própria tribo (produção de subsistência). Desta forma só produziam aquilo que poderiam consumir.

Com o advento da agricultura, os homens começaram a ter noção de território, se tornando sedentários. Desta forma surgiu uma inicial divisão de trabalho: uns plantavam, outros trabalhavam nos moinhos, e alguns tinham a tarefa de defender as terras, formando os primeiros exércitos.

A nova estruturação de sociedade instituída sob bases privadas e a consequente divisão social do trabalho, instituiu as classes sociais, a exploração do homem pelo homem e as lutas entre as tribos.

Escravismo

O modo de produção escravista surgiu na Grécia Antiga, e posteriormente foi o modo de produção transposto e praticado por todo o Império Romano.

Com o surgimento da propriedade privada, houve um aumento das famílias nobres, tornando-se necessário mais terras e mais gente para trabalhar no cultivo.

Guerras de conquista: guerreava-se com os povos vizinhos e as terras conquistadas eram repartidas entre os nobres. O povo derrotado era escravizado e se tornava propriedade do Estado, que a concedia aos nobres.

O trabalho passou a ser uma exclusividade dos escravos (apesar de haver pequenos camponeses ).

O trabalho escravo se tornou a base da economia dessa época.

Feudalismo

Transformação na organização não-escravista, porém poucas mudanças na exploração econômica e nas opressões políticas. Os senhores de escravos se tornaram senhores feudais, e os que pertenciam à classe de escravos se tornaram servos – presos às terras doadas por seus senhores, prestando total obediência.

Os servos trabalham e produzem nesses pedaços de terra doados pelo senhor feudal, que expropria uma grande parte do que é produzido por seu servo. A sociedade feudal era composta por três grupos sociais com status fixo: o clero, a nobreza e os camponeses.

A mobilidade social entre esses grupos quase não existia.

O trabalho na sociedade feudal

A Igreja considerava o trabalho como resultado do pecado original, o trabalho era visto como uma tortura

(tripalium: instrumento de tortura).

O trabalho era considerado uma verdadeira maldição e deveria existir somente na quantidade necessária à sobrevivência, não tendo nem um valor em si.

Capitalismo

Influência Iluminismo:

• transformação da natureza pela ação dos

homens;

• através da ciência, da técnica e das artes

mecânicas se pode transformar a natureza;

O homem domina a natureza através de seu

trabalho.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

desagregação da sociedade feudal;

consolidação da sociedade capitalista;

mudanças na ordem tecnológica, econômica e social;

novo modo e novas relações de produção.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal;

provocou o deslocamento da população rural para as cidades;

a produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a dominar apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior ;

homens, mulheres e crianças eram confinados em fábricas, minas e oficinas durante jornadas de trabalho de até 12 e 14 horas, em deploráveis condições sanitárias e de trabalho.

Trabalho na sociedade capitalista

O trabalho se torna mercadoria

Do ponto de vista do trabalho, o capitalismo aparece quando a força de trabalho se torna uma mercadoria que pode ser comprada e vendida;

Para que ele se transforme em mercadoria, é necessário que o trabalhador seja desvinculado de seus meios de produção, ficando apenas com a sua força de trabalho para vender.

Trabalho na sociedade capitalista Trabalho e Capital : uma relação de conflito

Mais-valia

diferença entre o valor incorporado a um bem e a

remuneração do trabalho que foi necessário para

sua produção.

Para Marx, a característica essencial do sistema

capitalista é a apropriação privada dessa mais-valia.

Uma parcela significativa do valor-trabalho

produzido pelos trabalhadores é apropriada pelos

capitalistas.

Esse processo denomina-se acumulação de capital

Trabalho na sociedade capitalista

Com a maquinofatura a produção passou a

organizar-se em linhas de montagem.

O aperfeiçoamento contínuo do sistema de

produção deu origem a uma divisão de

trabalho muito bem detalhada que resultou

na diminuição das horas de trabalho.

O capitalismo industrial começa quando um

significativo número de trabalhadores é

empregado por um único capitalista.

Trabalho e capital monopolista- Braverman

Origens da gerência(2)

Independente da atividade exercida tem-se a necessidade de elaborar uma gerência para sua organização e execução.

O capitalista assume esta função >proprietário do capital.

Gerência primitiva >rígida e despótica.

Necessidade de introduzir controle e regras nas condições de trabalho (horário, ritmo, etc.).

Capitalismo = “contrato livre de trabalho” cujo propósito é atender inteiramente os interesses e vontades dos capitalistas.

Melhor gerência = advinda sobre o interesse para si próprio no capitalismo e do contrato de trabalho evitando a prevalência de uns sobre os outros.

O controle é fundamental para os sistemas gerenciais.

Trabalho e capital monopolista- Braverman

Divisão trabalho( 3)

Divisão manufatureira do trabalho.

Divisão do trabalho: princípio fundamental da organização industrial.

Com o surgimento do capitalismo houve sistematicamente a divisão do trabalho em cada especialidade com operações limitadas.

Divisão estabelecida através de atividades designadas pelo sexo.

Capitalismo > produtos e trabalhadores equivalem a um mesmo capital.

Divisão social do trabalho = subdivide a sociedade / Divisão parcelada do trabalho(manufatureira) = subdivide o homem.

Fordismo-Taylorismo

Síntese

aumento de produtividade com o uso mais adequado possível de horas trabalhadas, através do controle das atividades dos trabalhadores;

divisão e parcelamento das tarefas;

mecanização de parte das atividades com a introdução da linha de montagem;

sistema de recompensas e punições conforme o comportamento no interior da fábrica.

O TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA

Taylorismo

As tarefas dos operários deveriam ser simplificadas ao máximo, de modo que o seu grau de dificuldade fosse o mínimo possível.

O fluxo de produção deveria ser dividido e subdividido até que cada trabalhador só realizasse uma ínfima parte do processo como um todo

Os operários não deveriam perder tempo pensando sobre o que faziam.

Planejar, controlar e introduzir melhorias nos processos era responsabilidade de uma equipe de engenheiros.

Do Lar à Fabrica,

Passando Pela Sala de Aula:

A Gênese da Escola de Massas

Relaciona o processo de construção da escola e o

desenvolvimento das relações de produção no

capitalismo, enfatizando a conexão entre a pedagogia

utilizada e os interesses do sistema.

Há sempre uma relação entre o processo educativo e as

relações sociais de produção.

“Sempre existiu algum processo preparatório para a

integração nas relações sociais de produção, com

frequência alguma instituição, que não a própria

produção em que se efetuou este processo” (Enguita,

Mariano. A face oculta da escola. p.105)

Preparação dos jovens para o exercício de

suas funções nas relações de produção da

sociedade

“A transmissão e aquisição das necessárias destrezas

sociais e de trabalho, por conseguinte, bem podiam

ser levadas a efeito nas próprias famílias. Mas esta,

vinculada por laços afetivos, não era o lugar mais

adequado, provavelmente, para aprender os laços de

dependência nem a auto disciplina necessários. Para

isso era necessário haver uma relação mais distante

entre o mestre e o aprendiz, ou então entre o cavaleiro

e seu assistente, e isto só se podia obter ou, ao

menos, era a melhor forma de fazê-lo, colocando os

jovenzinhos a cargo de outra família que, assumindo o

papel de educadora, não se visse travada pelo

obstáculo do afeto.” (p.108)

Do doutrinamento à disciplina

“Mas a proliferação da indústria iria exigir um novo

tipo de trabalhador (…) se os meios para dobrar os

adultos iam ser a fome, o internamento ou a força, a

infância (os adultos das gerações seguintes)

oferecia a vantagem de poder ser modelada desde o

princípio de acordo com as necessidades da nova

ordem capitalista e industrial, com as novas relações

de produção e os novos processos de trabalho.”

(p.113) .

Por que o capitalismo foi tão capaz

de dar forma a escolarização?

As escolas ...

As escolas seriam então, a formas de consolidar a

ideologia industrial e capitalista nas novas gerações,

através da doutrinação proveniente das relações

entre escola e aluno, que constituiriam a “face oculta”

das escolas. Assim, toda a disciplina e regra escolar

não teriam outra função que não preparar o jovem

para a sua vida como trabalhador, de forma que ele

assimilasse esta situação desde a infância, para que

ao chegar a vida adulta isto já estivesse

condicionado.

Impactos do modelo taylorista na

educação

AS MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E A

EDUCAÇÃO: novos desafios pra a gestão

Acácia Kuenzer

Pedagogia orgânica ao taylorismo/fordismo:

tem por finalidade atender a uma divisão social e

técnica do trabalho marcada pela clara definição de

fronteiras entre as ações intelectuais e

instrumentais,

decorre de relações de classe bem definidas que

determinam as funções a serem exercidas por

dirigentes e trabalhadores no mundo da produção.

Influência no sistema educacional brasileiro

(atividade realizada em sala)

Fábrica a)Divisão trab. manual/intelectual

b)Hierarquia

c) Parcelarização Trabalho

d)Prescrição do Trabalho

e) Produção em Massa

Escola -Tendências pedagógicas conservadoras: centrada ora nos conteúdos,

ora nas atividades( nunca na relação)

-Métodos voltados à memorização,aulas expositivas

-Educação intelectual / Educação profissional

-Direção, Orientador, Supervisor,Professor

-Professor diferentes disciplinas, diferentes áreas do conhecimento que não se relacionam, conteúdos fragmentados e repetidos de forma linear

-Planos de aula, planos de ensino, objetivos instrucionais, livros didáticos, tarefas com finalidades por si

-Sistema rígido de avaliação, critérios aprovação/ retenção

-Caráter SELETIVO

Taylorismo e Fordismo na educação

Objetivos: Dominar / Disciplinar

Características:

Decoreba sem reflexão

Valorização das tarefas

Falta de criticidade

Submissão à autoridade

Busca de resultados

Cumprimento de regras

A crise do modelo taylorista/fordista

Novas alterações na estrutura do capital.

Novo modelo de produção que tem como objetivo solucionar os problemas que teriam levado o modelo anterior a uma crise estrutural.

Tem início, então, um processo de reorganização, que teve como principal resultado a emergência do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a falência do setor público estatal.

Posterior a isso ocorre um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, que daria origem ao modelo flexível de produção. Tudo isso no intuito de recuperar o ciclo reprodutivo do capital.

Acumulação Flexível

modelo de gestão produtiva que se diferencia do fordismo, no que se refere à organização do trabalho e da produção. Ao invés de centrar-se na produção em massa, fundamenta-se na idéia de flexibilidade.

Características:

trabalha com estoques reduzidos;

fabricação de pequenas quantidades;

suprir a demanda colocada no momento exato, bem como atender um mercado diferenciado, dotado de públicos cada vez mais específicos;

os produtos somente são fabricados ou entregues a tempo de serem comercializados ou montados. Isto permite que a indústria possa acompanhar as rápidas transformações dos padrões de consumo.

Toyotismo

É a forma de administração da produção industrial e de seus materiais, segundo a qual a matéria-prima e os estoques intermediários necessários ao processo produtivo são supridos no tempo certo e na quantidade exata.

Consiste na redução dos estoques de matéria-prima e de peças intermediárias, conseguida através da linearização do fluxo da produção e de sistemas visuais de informação (kanban). Através dela, busca-se chegar a um estoque zero.

JUST-IN-TIME (no exato tempo)

Toyotismo

Relações de trabalho- exigências

formação trabalhador

trabalhador mais qualificado, participativo e polivalente - apto a trabalhar em mais de uma função;

os trabalhadores passaram a trabalhar em grupos, orientados por um líder;

controle de qualidade total: todos os trabalhadores, em todas as etapas da produção são responsáveis pela qualidade do produto e a mercadoria só é liberada para o mercado após uma inspeção minuciosa de qualidade ;

aumento da concorrência entre os trabalhadores .

Modelo de acumulação flexível - atual

alta rotatividade da mão de obra,

baixo nível de sindicalização ,

enfraquecimento dos sindicatos na defesa dos direitos trabalhistas,

instabilidade para os trabalhadores,

desemprego crescente ,

tendência a elevar o numero de trabalhadores através da diminuição das horas de trabalho semanais:

trabalhar menos horas para que todos possam ter emprego e renda.

Capacidades intelectuais do trabalhador para adaptar-

se à produção flexível:

(texto Acácia)

comunicar-se adequadamente, por intermédio do domínio dos códigos e linguagens, incorporando, além da língua portuguesa, a língua estrangeira;

autonomia intelectual, para resolver problemas práticos utilizando os conhecimentos científicos

autonomia moral, por meio da capacidade de enfrentar novas situações que exigem posicionamento ético;

capacidade de comprometer-se com o trabalho, por meio da responsabilidade, da crítica, da criatividade.

Educação e Trabalho-

Acácia Kuenzer

“ Ao compreender o trabalho enquanto práxis humana, ou seja, como o conjunto de ações materiais e não materiais que são desenvolvidas pelo homem, enquanto indivíduo e coletivo, ao longo da história, para construir as condições de existência, estão postas as bases para compreendê-lo para além da práxis produtiva tal como ela tem sido dominante sob a égide do capital, que elegeu a forma assalariada como sua expressão mais moderna.”

KUENZER

A dualidade – trabalho intelectual e trabalho manual – que durante muito tempo justificou duas modalidades de Ensino Médio pode ser resolvida somente pela educação?

Não há a menor possibilidade de enfrentamento no sentido da superação da dualidade estrutural via escola.

Por quê?

Porque a dualidade estrutural é determinada fora da escola, exatamente pela relação que, no modo de divisão capitalista, se estabelece entre capital e trabalho. É evidentemente que é esta a origem. Esta contradição fundamental do capitalismo, que opõe a classe trabalhadora aos proprietários dos meios de produção, é que gera a necessidade de duas escolas diferentes. O interessante é que é o mesmo discurso do regime da acumulação flexível, que pretensamente mostra que toda a classe trabalhadora agora tem que ter muita formação, mais escolaridade, tem que aprender a trabalhar.

“A escola pode minimizar os efeitos perversos, buscando integrar o conhecimento para o mundo do trabalho com o conhecimento intelectual, o que, aliás, constitui uma unidade.” ( pode minimizar mas não pode superar)

A acumulação flexível e a globalização

“... a acumulação flexível se alimenta da contradição entre trabalho concreto e abstrato, ou seja, para que este possa gerar mais valor, é preciso que sejam mantidos um sem-número de trabalhos cada vez mais precarizados, tal como ocorre hoje na divisão internacionalizada do trabalho, que articula organicamente trabalho escravo, trabalho infantil, trabalho informal, trabalho domiciliar, trabalho terceirizado, às formas mais sofisticadas de trabalho automatizado, em alguns casos já próximas do “trabalho humano zero”.

Esta divisão ocorre tanto no âmbito nacional quanto nas relações entre os países, e é ela que alimenta a chamada “globalização”.

Em resumo, a tendência ao fim, ou à diminuição do emprego não significa o fim do trabalho como práxis humana (Frigotto, 1996), nem mesmo na sua forma de trabalho explorado; apenas, mudam-se as formas de exploração, sob a égide da acumulação flexível, regime dominante na passagem do século.

EXCLUSÃO INCLUDENTE E INCLUSÃO EXCLUDENTE:

A NOVA FORMA DE DUALIDADE ESTRUTURAL QUE OBJETIVA AS

NOVAS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E TRABALHO

A primeira lógica, a da “exclusão includente”, envolve os mecanismos que excluem o trabalhador do mercado formal e o incluem precariamente.

“São identificadas várias estratégias para excluir o trabalhador do

mercado formal, no qual ele tinha direitos assegurados e melhores condições de trabalho e, ao mesmo tempo, são colocadas estratégias de inclusão no mundo do trabalho, mas sob condições precárias. Assim é que trabalhadores são desempregados e reempregados com salários mais baixos, mesmo que com carteira assinada; ou reintegrados ao mundo do trabalho através de empresas terceirizadas prestando os mesmos serviços; ou prestando serviços na informalidade, de modo que o setor reestruturado se alimenta e mantém sua competitividade através do trabalho precarizado.” (Kuenzer, 2004, p.92)

A segunda lógica, a da “inclusão excludente” se refere

à educação por envolver mecanismos de inclusão na

educação escolar.

“As estratégias de inclusão nos diversos níveis e modalidades da

educação escolar aos quais não correspondam os necessários padrões de qualidade que permitam a formação de identidades autônomas intelectual e eticamente, capazes de responder e superar as demandas do capitalismo; ou, na linguagem toyotista, homens e mulheres flexíveis, capazes de resolver problemas novos com rapidez e eficiência, acompanhando as mudanças e educando-se permanentemente.” (Kuenzer, 2004, p. 92-93).

A autora chama a atenção para um conjunto de estratégias que apenas conferem “certificação vazia”, e por isto mesmo, constituem-se em modalidades aparentes de inclusão que fornecerão a justificativa, pela incompetência, para a exclusão do mundo do trabalho, dos direitos e das formas dignas de existência.

Ex.:formação superior aligeirada em instituições de qualidade questionável.

O trabalho na legislação

educacional

Orientação Profissional e a legislação

No plano das legislações, a inserção da atividade de Orientação Profissional/ Vocacional no contexto escolar é sugerida em 1931, na Reforma Francisco Campos, e consolidada nas Leis Orgânicas de Ensino, promulgadas entre 1942 e 1946.

As Leis de Diretrizes e Bases da Educação 4024/61 e a 5692/71 tornaram obrigatória a orientação educacional nas escolas, com ênfase no aconselhamento vocacional, ou seja, na escolha profissional (Brasil, 1961, 1971).

A Lei de Diretrizes e Bases de 1971 –

LDB 5692/71

institui o segundo grau como profissionalizante,

eliminando o dualismo entre escola de 2º grau e

escola técnica;

torna obrigatória a Orientação Educacional nas

escolas, “incluindo aconselhamento vocacional, em

cooperação com os professores,a família e a

comunidade” (Brasil, 1971, Art. 10);

o objetivo da lei era oferecer uma formação técnica

básica a todos os alunos do Ensino Médio e cabia

ao orientador educacional realizar a Orientação

Vocacional/ Profissional.

O sujeito passou a ser a técnica. Este deslocamento aconteceu em função de mudanças no contexto sócio-econômico e político.

O homem passou a ser pensado para o mercado como fator de produção. Assim, por meio da influência norte-americana, viabilizada na educação pelos acordos MEC-USAID, o homem passou a ser concebido como recurso humano.

Aliada à concepção taylorista de “trabalho,” a proposta tecnicista determinou mudanças radicais no sistema educacional que estava em processo de reconstrução.

Tecnicismo

Lei de Diretrizes e Bases da Educação

LDB 9.394/96

Estabelece que “a educação, dever da família e do

Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais

de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho”(Brasil, 1996, art. 2º).

O artigo primeiro da Lei 9.394/96, referente aos objetivos

da educação brasileira, estabelece que a educação

escolar deve estar “vinculada ao mundo do trabalho e

à prática social”.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação

LDB 9.394/96

A nova organização curricular do Ensino

Médio deve ser realizada “a partir das

inter-relações existentes entre os eixos

constituintes do Ensino Médio, ou seja, o

trabalho, a ciência, a tecnologia e a

cultura, tendo o trabalho como princípio

educativo” (Brasil, 2009)

Então o trabalho...

O trabalho se constitui, nessa perspectiva, no princípio organizador do currículo no Ensino Médio. Não se limita ao ensino profissionalizante, “pois todos, independentemente de sua origem ou destino socioprofissional, devem ser educados na perspectiva do trabalho, umas das principais atividades humanas”, que envolve a preparação para as escolhas profissionais futuras, o exercício da cidadania e o processo de produção de bens, serviços e conhecimentos com as tarefas laborais que lhes são próprias (Brasil, 2000).

TRABALHO COMO PRINCÍPIO

EDUCATIVO (Saviani)

Trabalho:

1a. mediação entre homem-natureza-homem

A profissionalização, sob essa perspectiva, se

opõe à simples formação para o mercado de

trabalho, mas incorpora valores ético-políticos

e conteúdo histórico-científico que caracteriza

a práxis humana.

Politecnia- uma concepção

- A noção de politecnia se encaminha na direção da superação da

dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre

instrução profissional e instrução geral;

- Politecnia, literalmente, significa múltiplas técnicas,

multiciplicidade de técnicas

“respeito ao domínio dos fundamentos científicos das

diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho

produtivo moderno. Diz respeito aos fundamentos das

diferentes modalidades de trabalho” (Saviani);

Politecnia é .....

- Politecnia é uma escola cujos seus espaços de

aprendizagem estão voltados para o domínio científico

da multiciplicidade de técnicas;

-Tomar o trabalho como categoria central e princípio

educativo, já que este pode ser apanhado pela

consciência humana, ser planejado e (re)significado;

-

-Compreender o trabalho como “produção” e

“humanização” dos seres humanos, que transforma a

natureza e, principalmente, nós seres humanos.

Politecnia =

conteúdo, método e forma

Os termos de educação ou instrução politécnica

ou tecnológica são os dois mais abrangentes que

Marx utilizou buscando afirmar uma concepção

de educação que, no conteúdo, no método e na

forma de organizar-se, interessa à classe

trabalhadora e não separa educação geral e

específica e trabalho manual e intelectual (Frigotto,

verbete, 2012).

Dimensões integradoras

Ciência

Tecnologia

Cultura

Trabalho

As Dimensões Integradoras do EM

Direitos humanos

e Sustentabilidade ambiental

A pesquisa como

princípio pedagógico

O trabalho como

princípio educativo

Princípios que devem nortear o EM

BOM ESTUDO

Tragam as dúvidas na aula

de 2ª feira (28/04)