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Revista Pesquisa e Desenvolvimento Engenharia de Produção n.3, p. 54 – 68, out 2004 Clusters - Organizações para o Desenvolvimento Regional: Análise de um Cluster Turístico para Ouro Preto Davis Emanuel Jardim Borba – Engenheiro de Produção [email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto Edgar Carneiro Fressato – Engenheiro de Produção [email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto Gilmax de Oliveira Araújo – Engenheiro de Produção [email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto Rafael Brasil Ferro Costa – Engenheiro de Produção [email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto Tiago Araújo Rocha Nascimento – Engenheiro de Produção [email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto Resumo: Neste trabalho foi feita uma análise para a caracterização de um Cluster na cidade de Ouro Preto no setor turístico, que engloba empresas que são ligadas à prestação de serviços onde o cliente final é o turista, ou seja, principal consumidor para hotelaria, gastronomia, agencias de viagem, artesanato, comercio em geral, entretenimento e sistema de guias turísticos. Uma vez que percebida a existência de varias empresas ligadas a este setor, surge então, a necessidade de um estudo aprofundado, e a aplicação de metodologias para a caracterização de um possível Cluster. Palavras-chave: Clusters, turismo, Ouro Preto. Organizations for regional development: Analysis of a touristic cluster in Ouro Preto. Abstract: This paper made an analyses to characther a cluster in Ouro Preto city in the tourist sector that envolve companies that have linked in services where the final client is the tourist as the main customer for the hotels, food, travel agency, manufactured products in general, enterteinment and tourist guide system. We could check a lot of companies in this sector so it has © Copyright 2004 54

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Revista Pesquisa e Desenvolvimento Engenharia de Produçãon.3, p. 54 – 68, out 2004

Clusters - Organizações para o Desenvolvimento Regional: Análise de um

Cluster Turístico para Ouro Preto

Davis Emanuel Jardim Borba – Engenheiro de Produção

[email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto

Edgar Carneiro Fressato – Engenheiro de Produção

[email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto

Gilmax de Oliveira Araújo – Engenheiro de Produção

[email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto

Rafael Brasil Ferro Costa – Engenheiro de Produção

[email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto

Tiago Araújo Rocha Nascimento – Engenheiro de Produção

[email protected] - Universidade Federal de Ouro Preto

Resumo:

Neste trabalho foi feita uma análise para a caracterização de um Cluster na cidade de

Ouro Preto no setor turístico, que engloba empresas que são ligadas à prestação de serviços

onde o cliente final é o turista, ou seja, principal consumidor para hotelaria, gastronomia,

agencias de viagem, artesanato, comercio em geral, entretenimento e sistema de guias turísticos.

Uma vez que percebida a existência de varias empresas ligadas a este setor, surge então, a

necessidade de um estudo aprofundado, e a aplicação de metodologias para a caracterização de

um possível Cluster.

Palavras-chave: Clusters, turismo, Ouro Preto.

Organizations for regional development: Analysis of a touristic cluster in Ouro Preto.

Abstract:

This paper made an analyses to characther a cluster in Ouro Preto city in the tourist

sector that envolve companies that have linked in services where the final client is the tourist as

the main customer for the hotels, food, travel agency, manufactured products in general,

enterteinment and tourist guide system. We could check a lot of companies in this sector so it has

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growing the needs of a hard study for it and also an aplication of a method for character of a

possible cluster.

1. Introdução

As micro e pequenas empresas (MPE’s) cada vez mais tem sido foco para análises

econômicas devido principalmente a seu potencial de geração de emprego e renda. Dados do

IBGE indicam que no Brasil, 98% das 350 milhões de empresas hoje existentes se constituem

em empresas de micro e pequeno porte. Ou seja, estas empresas possuem uma grande

representatividade na economia nacional, por serem as mesmas responsáveis por 59% dos

empregos no país.

Com a evolução da organização do trabalho a partir do fordismo-taylorismo, as MPE’s

passaram a ser o foco da atenção devido sua flexibilidade e rapidez de adaptação às demandas do

mercado. Evidenciando a tendência de desintegração vertical observadas a partir de 1980 , onde

muitas MPE’s passaram a desempenhar um papel importante também com relação à operação

das grandes empresas. Além disso, do ponto de vista da diversificação de mercados, o potencial

para desenvolver a competitividade das MPE`s nacionais passam a atender um mercado até então

novo, a exportação. Apesar de sua importância econômica, estas empresas apresentam problemas

inerentes a seu tamanho:

• A obsolescência de maquinaria utilizadas por estas empresas, cria a dificuldade de

projetos e melhorias e inovações em termos de produtos e processos produtivos.

• As inovações em termos de gestão ficam prejudicadas, principalmente em razão

da maioria destas empresas possuírem estrutura familiar e, portanto, conservadora, reduzindo

o horizonte de planejamento da empresa para o curto prazo e criando barreiras para crescer e

ingressar em novos mercados.

• A dificuldade de se conseguir crédito também pode ser destacada como uma das

principais dificuldades enfrentadas pelas empresas de menor porte. Ressalta-se, porém, que

todos os problemas mencionados são agravados quando as empresas persistem em ficarem

isoladas e resistem à formação de parcerias com outras empresas.

Estudos em países em desenvolvimento, por exemplo, demonstram que as micro e

pequenas empresas que se localizam dentro de clusters têm mais chances de se manter no

mercado e de crescer do que as empresas similares que atuam de forma isolada (Casaburi, 1999)

(Casarotto Filho & Pires, 1999).

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Os clusters ou aglomerados de empresas se apresentam, então, como uma interessante

alternativa organizacional para que estas empresas consigam minimizar os problemas

encontrados para suas operações e, ao mesmo tempo, maximizar as vantagens que a mesmas

apresentam com relação a uma grande empresa operando sozinha, como é o caso dos ganhos em

flexibilidade, por exemplo.

Desta maneira, este trabalho tem por finalidade a análise das vantagens da articulação de

micro e pequenas empresas, do ramo de turismo na cidade de Ouro Preto, podendo estas

representar um cluster,

Este trabalho está estruturado de modo que, num primeiro momento, é feita uma breve

revisão dos conceitos de cluster e, a seguir, é efetuada, a análise dos dados coletados em uma

pesquisa de campo realizada entre os empreendedores (empresas e representações comerciais) do

referido cluster.

2. Conceito de Clusters

A valorização do território no qual o produto é produzido não apresenta apenas vantagens

mercadológicas. Uma outra vantagem relacionada à localização do empreendimento diz respeito

à possibilidade de cooperação entre as diversas empresas do mesmo ramo e entre seus

fornecedores, de tal forma a ganhar vantagem econômica e estratégica da localização. Neste

sentido é que surge o conceito de cluster, sendo este uma cadeia de relações entre as empresas,

fornecedores de insumos, clientes e instituições que possuem, além da localização, interesses em

compartilhar as vantagens da proximidade.

O termo cluster não é apenas utilizado em economia. O significado literal de cluster no

dicionário britânico é “um número de coisas crescendo ou reunidas juntas” (Michaelis Chamber

Complete English Dictionary, 1996) e fazendo a tradução literal de cluster do inglês para o

português tem-se: “grupo; magote; feixe; molho; cacho; enxame; cardume” (Collins, 2000).

O conceito de cluster não é novo. No século XIX, Marshal (1890) já escrevia a respeito das

vantagens da aglomeração de empresas, mas só agora, esse conceito vem sendo mais utilizado.

Na área de desenvolvimento econômico, políticas de desenvolvimento baseadas no conceito de

cluster têm sido uma tendência. Segundo Leveen (1998), estas políticas representam uma grande

mudança em relação aos programas de desenvolvimento tradicionais que utilizavam políticas

focando em empresas individuais. As novas políticas baseiam-se no reconhecimento que

empresas e indústrias são inter-relacionadas de forma direta e indireta.

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Em seu livro A Vantagem Competitiva das Nações, Michael Porter (1989) popularizou o

conceito de clusters. Neste livro, Porter desenvolveu o “diamante” que representa os

determinantes da vantagem nacional. São eles: as condições de fatores (por exemplo, trabalho

especializado ou infra-estrutura), as condições de demanda, as indústrias correlatas e de apoio; e

a estratégia, a estrutura e a rivalidade das empresas. Segundo Porter (1989), estes determinantes

criam o contexto no qual as empresas de um país nascem e competem.

De acordo com Roger & Porter (2000), a teoria do “diamante” é um modelo de pressão e

melhorias, baseados num contexto que cria pressões sobre as empresas para continuarem

aprimorando suas vantagens.

Os autores afirmam que as condições de demanda, como clientes e consumidores

exigentes, geram as pressões para melhorias e inovações. As pressões também são geradas pelo

ambiente de rivalidade entre as empresas, suas estruturas e estratégias, levando as empresas a

sentirem necessidade de sempre buscar formas melhores de atender aos clientes e consumidores.

As condições de fatores, bem como as indústrias correlatas e de apoio, devem dar suporte

para as melhorias realizadas pelas empresas através de disponibilidade e qualidade de

fornecedores locais e indústrias correlatas, de recursos naturais, recursos humanos, financeiros,

infra-estrutura física e administrativa, fontes de informação e de ciência e tecnologia Roger &

Porter (2000).

Apesar de Porter construir seu “diamante” para a determinação da vantagem de uma nação

como um todo, ele mesmo reconhece que a maioria das atividades econômicas ocorrem em

níveis regionais. Portanto, suas idéias são comumente aplicadas para cidades e regiões Leveen

(1998). De acordo com Leveen (1998), a ênfase dada por Porter sobre a importância das

empresas correlatas e de apoio encorajou o interesse por clusters.

Uma década mais tarde, em seu livro Competição, Michael Porter (1999) dedica um

capítulo exclusivamente para o estudo de clusters. Neste livro, o autor conceitua cluster como

um “agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições

correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares. O

escopo geográfico varia de uma única cidade ou estado para todo um país ou mesmo uma rede de

países vizinhos” Porter (1999, p.211).

• De modo geral, pode-se dizer que uma empresa integrante de um cluster pode ter tipos de

relacionamento distintos com as demais empresas do mesmo.

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Deve ficar claro que uma empresa, ou mesmo um setor inteiro, pode ser parte integrante de

mais de um cluster. Por exemplo, uma empresa fabricante de máquinas e equipamentos, pode ser

fornecedora de empresas em mais de um cluster.

O escopo geográfico do cluster pode variar drasticamente, nem sempre combinando com

as divisões políticas. De acordo com Ffwcs-Willians (2000), um cluster pode ser tão pequeno

como uma única rua, um bairro e pode também abranger mais de uma nação.

Com o estudo de clusters, diversas informações sobre as empresas atuantes no mesmo são

observadas, como

• a cadeia de valor, os processos de inovação,

• os relacionamentos entre empresas e

• os fatores críticos de sucesso do cluster.

Estas informações em vários países estão sendo utilizadas como base para a elaboração de

planos de desenvolvimento Roelandt & Hertog (1998). Ao se estudar um cluster, pode-se

identificar oportunidades e fraquezas existentes neste e então traçar estratégias para o

crescimento e desenvolvimento do mesmo e da região onde ele está inserido.

3. Location Quotients

O método dos Location Quotients (LQ) é largamente utilizado para identificação os

Clusters. Os LQ nada mais são do que taxas que identificam a concentração de trabalhadores de

um determinado setor em uma determinada região em relação a uma região maior. Pode-se

então, definir os LQ como:

LQ = Percentual de trabalhadores de um setor em uma determinada região .

Percentual de trabalhadores de um setor em todo o território nacional

(Eq. 01)

De maneira mais específica, pode-se definir os LQ como:

__ No. de trabalhadores em todo o território nacional .

LQ = No. de trabalhadores de um determinado setor em todo o território nacional

No. de trabalhadores da região .

No. de trabalhadores de um determinado setor em uma determinada região

(Eq. 02)

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Deve-se ressaltar aqui que, em lugar do território nacional, qualquer outra área referencial,

assim como outra medida de atividade econômica, pode ser utilizada, dependendo da análise

Bergman & Feser (1998). Especialmente em países com áreas geográficas grandes, como no

caso do Brasil, pode-se achar conveniente utilizar como área referencial um estado ou uma

região. É interessante observar não só os LQ altos, mas também os que estão crescendo com o

passar do tempo. Mesmo não estando acima de 1, um LQ que apresenta uma alta taxa de

crescimento pode estar sinalizando um cluster emergente.

Como se pôde observar pelo conceito acima, os LQ não tratam de clusters, mas sim de

setores, uma vez que dentro de um cluster podem existir diversos setores. Através dos resultados

dos LQ pode-se identificar a concentração geográfica de setores e isto pode ser uma evidência de

um cluster. Como comentado por Bergman & Feser (1998) os LQ são técnicas baseadas em

indústrias (setores) e não trazem indícios de interdependência entre setores. Portanto, para a

certeza da existência de um cluster é necessária a utilização de outras técnicas em paralelo. Os

LQ apresentam ainda outra deficiência: quando se utilizam dados oficiais, dentro de

classificações oficiais, corre-se o risco de ignorar novas indústrias que não se enquadram

adequadamente na classificação oficial, como os setores da nova economia, por exemplo. Além

disso, os dados oficiais não contabilizam os empregos informais que, no caso do Brasil, são

bastante representativos.

3. A cidade de Ouro Preto como um Cluster de turismo

O município de Ouro Preto, localizado a 100 Km da capital do Estado de Minas Gerais,

possui grande parte de sua atividade econômica originada no turismo indiretamente, ou seja, de

forma que o foco principal da maior parte das MPE`s concentra-se no segmento do turismo.

Estas inúmeras pequenas empresas do ramo, totalizam aproximadamente 200 MPE`s, que

englobam os ramos de hotelaria, gastronomia, transporte, comunicação, artesanato, agências de

turismo, além de instituições de ensino e administração pública.

Diante dos números levantados junto a RAIS (Anexo 1), observou-se pela aplicação da

metodologia LQ características de um possível Cluster, por seu valor acima de 1, conforme

equação 01 e 02.

Para validação da caracterização da cidade como um Cluster, usou-se especialistas da

região. Foram entrevistados representantes de diversas instituições. Procurou-se, sempre que

possível, entrevistar a pessoa com cargo mais alto dentro da instituição. Quando isto não foi

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possível, entrevistou-se a pessoa indicada por esta. As entrevistas foram feitas de forma semi-

estruturada contendo três fases importantes:

- No primeiro momento, o entrevistador buscou perceber o entendimento do entrevistado sobre

o conceito de cluster através de questionário, conforme anexo 01. Mesmo se o entrevistado

não possuísse o conhecimento suficiente sobre cluster, o questionário apresentava o conceito;

- No segundo momento, o entrevistado foi solicitado a responder o questionário proposto, com

o intuito de levantar as características para um possível enquadramento da cidade como um

Cluster;

- Num terceiro e último momento, realizou-se uma pré-análise dos dados obtidos pelo

questionário, com alguns dos especialistas.

Com referência à primeira etapa das entrevistas (Questionário e resultados Anexo 2),

observou-se que todos os entrevistados conheciam o conceito de cluster, apesar de a maioria não

conhecer o termo. Porém, as vantagens proporcionadas pelo cluster eram incertas aos

entrevistados. Foi utilizado como método de análise das respostas dos entrevistados a análise

quantitativa no primeiro momento e no terceiro momento qualitativa. No caso em questão,

buscou-se verificar se o aglomerado de MPE`s apontadas pelos entrevistados coincidiam com o

cluster previamente definido. Parte da resposta para a grande concentração de atividades

turísticas na região pode ser explicada pelo fato de Ouro Preto ser uma cidade histórica de

renome internacional.. De acordo com os dados levantados pelos questionários e da opinião dos

entrevistados (de forma genérica), as atividades turísticas podem ser consideradas atividades que

caracterizam o cluster emergente, pois, SACAMANO (2001) cita que “ZACCARELLI (2000)

conceitua os clusters competitivos da mesma forma que PORTER (1998) e refere-se a dois tipos

de clusters: o completo e o incompleto ou emergente. O cluster completo é aquele que possui

nove requisitos básicos:

- alta concentração geográfica; existência de todos os tipos de MPE`s e instituições de apoio,

relacionados com o produto/serviço do cluster;MPE`s altamente especializadas; presença de

muitas MPE`s de cada tipo; total aproveitamento de materiais reciclados ou sub-

produtos;grande cooperação entre as MPE`s;intensa disputa: substituição seletiva

permanente;uniformidade de nível tecnológico;cultura da sociedade adaptada às atividades

do cluster

Estas condições tem correlação entre si e reforçam-se mutuamente produzido em uma

única cidade ou em poucas cidades vizinhas, constituindo um cluster completo.

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Para o caso de Ouro Preto, não foi caracterizado um Cluster completo, pois de acordo com

os especialistas e os dados levantados, pode-se dizer a respeito dos requisitos citados acima:

- alta concentração geográfica;

- presença de muitas MPE`s de cada tipo;

- uniformidade de nível tecnológico;

Percebe-se as seguintes carências:

- existência de todos os tipos de empresas e instituições de apoio, relacionados com o

produto/serviço do cluster

- MPE`s altamente especializadas

- total aproveitamento de materiais reciclados ou sub-produtos

- grande cooperação entre as MPE`s

- intensa disputa: substituição seletiva permanente

- cultura da sociedade adaptada às atividades do cluster

Portanto, para que Ouro Preto possa ser considerado um Cluster turístico completo, é

necessário efetivar um plano de ação que trabalhe as carências percebidas.

4. Plano de Ação

O plano de ação em questão pretende, de acordo com as carências, levantar futuras

possibilidades de um real trabalho de apoio e parceria entre todos os segmentos da sociedade.

Portanto segue abaixo algumas propostas sugeridas nas entrevistas com especialistas da área.

Para suprir os requisitos:

- da existência de todos os tipos de empresa e instituições de apoio, relacionadas com o

turismo, propõe-se a criação de um conselho que envolva todas as entidades, MPE`s e

instituições com o intuito de trabalhar em parceria com o objetivo de unir, discutir e

implantar ações conjuntas.

- de MPE`s altamente especializadas, sugere-se a aplicação de programas de capacitação e

treinamento para os agentes turísticos.

- do total aproveitamento dos recursos turísticos da cidade, propõe-se melhor comunicação e

divulgação publicitária conjunta, melhoria da infra-estrutura e medidas para o aumento da

segurança.

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- da grande cooperação entre MPE`s, através da criação de conselho, indica-se a

conscientização maior junto aos dirigentes das MPE`s no intuito de estabelecer parcerias que

viabilizam o maior permanência do turista e consequentemente, maior retorno para todos.

- da intensa disputa: substituição seletiva permanente, pede-se mais apoio da iniciativa publica

em capacitar os agentes turísticos para que esses possam ter condições de prestar um serviço

de qualidade aumentando a disputa.

- da cultura da sociedade adaptada ao turismo, propiciar campanhas publicitárias e fóruns de

discussões que viabilizem uma futura mudança comportamental aplicada à sociedade

ouropretana com o objetivo de reportar o verdadeiro potencial turístico que a cidade possui,

além de minimizar a distância entre os universitários e a comunidade para estabelecerem

programas de apoio cultural-científico ao turismo local.

5. Conclusão

Diante do cenário apresentado, em um primeiro momento pode-se afirmar que as

condições apresentadas pelo município de Ouro Preto, como a concentração de MPE`s do

mesmo ramo no mesmo espaço geográfico e concentração de instituições de ensino, configuram

um perfil propício para o Aproveitamento de todas as vantagens que existem em um cluster.

Neste sentido, pode-se dizer que a situação do conjunto de MPE`s presentes na cidade de Ouro

Preto é de um cluster incompleto.

Portanto, para a completa clusterização, há a necessidade da promoção de articulações que

visem reforçar as características positivas do cluster já presentes na cidade. Além disso, as

características ausentes como coordenação, objetivos em comum, descoberta de afinidades entre

MPE`s, entre outros devem ser paulatinamente introduzidos neste conjunto. Destaca-se mais uma

vez que o município já tem embutido em seus aspectos culturais a idéia de pólo turístico. Isto é

um ponto positivo com relação a uma futura exploração da questão da procedência (origem)

como um atributo agregador de valor. Desta forma, mesmo que as MPE`s do ramo turístico do

município não venham a se clusterizarem, ainda assim a localização poderá ser explorada de

forma positiva para reforçar a idéia de cidade histórica. Para isto, ações no sentido de

desenvolver mecanismos certificadores devem ser realizadas. Neste contexto, fica evidente a

necessidade de um estudo mais aprofundado, com o objetivo de identificar e avaliar aspectos

relevantes para a formação de um cluster local completo, tais como a consonância de interesses

entre todos os atores da rede, por exemplo.

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ANEXO 1 A

Empregos Existentes em 31/12/94, Segundo Grandes Grupos e Subgrupos da CBO

Mesorregião de Metropolitana De Belo Horizonte

1994

Grandes Grupos e Subgrupos da CBO Absoluto Relativo

TOTAL GERAL 1.164.304 100GR Grupo 0/1 - Trab. Prof. Científicas, Técnicas, Artísticas e Trab. Assem. 210.114 18GR Grupo 2 - Mem. Pod. Leg., Exe. e Jud., Func. Públ. Sup., Dir. Emp. e Trab. Assem. 29.422 3GR Grupo 3 - Trabalhadores de Serviços Administrativos e Trab. Assem. 309.091 27GR Grupo 4 - Trabalhadores de Comércio e Trab. Assem. 79.432 7GR Grupo 5 - Trab. Serv. Tur., Hosp., Hig. e Embel., Segur., Aux. Saúde e Trab. Assem. 162.805 14GR Grupo 6 - Trab. Agropecuários, Florestais, da Pesca e Trab. Assem. 15.926 1GR Grupo 7/8/9 - Trab. Prod. Industr., Oper. Máq., Cond. Veíc. e Trab. Assem. 357.514 31

GR Grupo 5 - Trab. Serv. Tur., Hosp., Hig. e Embel., Segur., Aux. Saúde e Trab. Assem. 162.805 100Gerentes hotéis, restaurantes, bares e estabelecimentos similares e trab. assem. 1.320 1Mordomos, governantas e trab. assem. 302 0Cozinheiros, garçons, barmen e trab. assem. 26.056 16Trabalhadores de serventia e comissários (serviços de transportes de passageiros) 4.721 3

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Trabalhadores serv. admin., conserv. e limp. de edifícios, logradouros públ. e trab. assem. 70.499 43Lavadeiros,tintureiros e trabalhadores assemelhados 2.061 1Trabalhadores serv. higiene, embelezamento, auxiliar de saúde e trab. assem. 17.109 11Trabalhadores de serviços de proteção e segurança 36.688 23Trab. serv., tur., hosp., hig., embel., segur. e trab. assem. não-classif. s/out. epígrafes 4.049 2

Flutuação dos Empregos, de 01/01/95 a 31/12/96, Segundo Grandes Grupos e Subgrupos da CBO

Mesorregião de Metropolitana De Belo Horizonte

1995-96 Número

Grandes Grupos e Subgrupos da CBO Admissões Desligamentos Saldo

TOTAL GERAL 1.051.184 1.033.137 18.047GR Grupo 0/1 - Trab. Prof. Científicas, Técnicas, Artísticas e Trab. Assem. 45.607 46.867 -1.260GR Grupo 2 - Mem. Pod. Leg., Exe. e Jud., Func. Públ. Sup., Dir. Emp. e Trab. Assem. 9.714 11.674 -1.960GR Grupo 3 - Trabalhadores de Serviços Administrativos e Trab. Assem. 183.378 181.156 2.222GR Grupo 4 - Trabalhadores de Comércio e Trab. Assem. 127.223 119.692 7.531GR Grupo 5 - Trab. Serv. Tur., Hosp., Hig. e Embel., Segur., Aux. Saúde e Trab. Assem. 179.278 164.313 14.965GR Grupo 6 - Trab. Agropecuários, Florestais, da Pesca e Trab. Assem. 22.269 22.505 -236GR Grupo 7/8/9 - Trab. Prod. Industr., Oper. Máq., Cond. Veíc. e Trab. Assem. 483.715 486.930 -3.215

GR Grupo 5 - Trab. Serv. Tur., Hosp., Hig. e Embel., Segur., Aux. Saúde e Trab. Assem. 179.278 164.313 14.965Gerentes hotéis, restaurantes, bares e estabelecimentos similares e trab. assem. 1.399 1.540 -141Mordomos, governantas e trab. assem. 162 184 -22Cozinheiros, garçons, barmen e trab. assem. 43.690 40.107 3.583Trabalhadores de serventia e comissários (serviços de transportes de passageiros) 5.931 5.433 498Trabalhadores serv. admin., conserv. e limp. de edifícios, logradouros públ. e trab. assem. 87.690 77.342 10.348Lavadeiros,tintureiros e trabalhadores assemelhados 2.032 1.900 132Trabalhadores serv. higiene, embelezamento, auxiliar de saúde e trab. assem. 642 482 160Trabalhadores de serviços de proteção e segurança 30.268 30.777 -509Trab. serv., tur., hosp., hig., embel., segur. e trab. assem. não-classif. s/out. epígrafes 7.464 6.548 916

Fonte: Fundação SEADE

ANEXO 1-B

Empregos Existentes em 31/12/94, Segundo Grandes Grupos e Subgrupos da CBO

Microrregião Geográfica de Ouro Preto

1994

Grandes Grupos e Subgrupos da CBO Absoluto Relativo

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TOTAL GERAL 21.357 100GR Grupo 0/1 - Trab. Prof. Científicas, Técnicas, Artísticas e Trab. Assem. 2.524 12GR Grupo 2 - Mem. Pod. Leg., Exe. e Jud., Func. Públ. Sup., Dir. Emp. e Trab. Assem. 872 4GR Grupo 3 - Trabalhadores de Serviços Administrativos e Trab. Assem. 3.446 16GR Grupo 4 - Trabalhadores de Comércio e Trab. Assem. 1.399 7GR Grupo 5 - Trab. Serv. Tur., Hosp., Hig. e Embel., Segur., Aux. Saúde e Trab. Assem. 2.817 13GR Grupo 6 - Trab. Agropecuários, Florestais, da Pesca e Trab. Assem. 270 1GR Grupo 7/8/9 - Trab. Prod. Industr., Oper. Máq., Cond. Veíc. e Trab. Assem. 10.029 47

GR Grupo 5 - Trab. Serv. Tur., Hosp., Hig. e Embel., Segur., Aux. Saúde e Trab. Assem. 2.817 100Gerentes hotéis, restaurantes, bares e estabelecimentos similares e trab. assem. 35 1Mordomos, governantas e trab. assem. 7 0Cozinheiros, garçons, barmen e trab. assem. 673 24Trabalhadores de serventia e comissários (serviços de transportes de passageiros) 119 4Trabalhadores serv. admin., conserv. e limp. de edifícios, logradouros públ. e trab. assem. 953 34Lavadeiros,tintureiros e trabalhadores assemelhados 38 1Trabalhadores serv. higiene, embelezamento, auxiliar de saúde e trab. assem. 408 14Trabalhadores de serviços de proteção e segurança 507 18Trab. serv., tur., hosp., hig., embel., segur. e trab. assem. não-classif. s/out. epígrafes 77 3

Flutuação dos Empregos, de 01/01/95 até 31/12/96, Segundo Grandes Grupos e Subgrupos da CBO

Microrregião Geográfica de Ouro Preto

1995-96

Grandes Grupos e Subgrupos da CBO Admissões Desligamentos Saldo

TOTAL GERAL 13.762 14.584 -822GR Grupo 0/1 - Trab. Prof. Científicas, Técnicas, Artísticas e Trab. Assem. 1.000 1.089 -89GR Grupo 2 - Mem. Pod. Leg., Exe. e Jud., Func. Públ. Sup., Dir. Emp. e Trab. Assem. 100 144 -44GR Grupo 3 - Trabalhadores de Serviços Administrativos e Trab. Assem. 1.455 1.504 -49GR Grupo 4 - Trabalhadores de Comércio e Trab. Assem. 1.687 1.527 160GR Grupo 5 - Trab. Serv.Tur., Hosp., Hig. e Embel., Segur., Aux.Saúde e Trab. Assem. 2.045 2.109 -64GR Grupo 6 - Trab. Agropecuários, Florestais, da Pesca e Trab. Assem. 316 341 -25GR Grupo 7/8/9 - Trab. Prod. Industr., Oper. Máq., Cond. Veíc. e Trab. Assem. 7.159 7.870 -711

GR Grupo 5 - Trab. Serv. Tur., Hosp., Hig. e Embel., Segur., Aux. Saúde e Trab. Assem. 2.045 2.109 -64Gerentes hotéis, restaurantes, bares e estabelecimentos similares e trab. assem. 18 19 -1Mordomos, governantas e trab. assem. 4 5 -1Cozinheiros, garçons, barmen e trab. assem. 675 765 -90Trabalhadores de serventia e comissários (serviços de transportes de passageiros) 217 203 14

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5

10

15

20

resposta

ótimobomregularruimpéssimo

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Revista Pesquisa e Desenvolvimento Engenharia de Produçãon.3, p. 54 – 68, out 2004

Trabalhadores serv. admin., conserv. e limp. de edifícios, logradouros públ. e trab. assem. 619 526 93Lavadeiros,tintureiros e trabalhadores assemelhados 72 37 35Trabalhadores serv. higiene, embelezamento, auxiliar de saúde e trab. assem. 2 0 2Trabalhadores de serviços de proteção e segurança 365 488 -123Trab. serv., tur., hosp., hig., embel., segur. e trab. assem. não-classif. s/out. epígrafes 73 66 7

Fonte: Fundação SEADE

ANEXO 2 QUESTIONÁRIO:

1 De acordo com o planejamento turístico de Ouro Preto, como você avalia as perspectivas de crescimento desse

setor?

Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo ( )

0

5

10

15

resposta

ótimobomregularruimpéssimo

2 Como você vê as relações entre os setores envolvidos ( governo, organizações e instituições de ensino) com o

turismo em Ouro Preto?

Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo ( )

0

5

10

15

20

resposta

ótimobomregularruimpéssimo

3 A possibilidade da formação de um Cluster turístico em Ouro Preto para o seu empreendimento, tem um caráter:

Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo ( )

Revista Pesquisa e Desenvolvimento Engenharia de Produçãon.3, p. 54 – 68, out 2004

4 Avalie o comportamento do seu empreendimento diante dessa política de parcerias:

Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo ( )

0

5

10

15

20

respostas

ótimobomregularruimpéssimo

5 A formação de um Cluster Turístico em Ouro Preto seria interessante para os seus negócios?

Sim ( ) Não ( ) Irrelevante ( )

30

0

0%20%40%60%80%

100%

resposta

sim não

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