arquivo - jornal gamboa digital - ed. 54 (out/nov/2012)

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Ano 13 N o 54 Outubro/Novembro/2012 Publicação Educativo-Cultural Distribuição Gratuita Boa Nova-BA No dia 5 de outubro deste ano o IAM – Ins- tituto Adroaldo Mo- raes foi surpreendido com a chegada de 400 novos exemplares para a Sala de Leitura Pau- lo Andrade (SLPA), um de seus projetos em funcionamento. Esta doação faz parte de um projeto da Fundação Pedro Calmon, da Se- cretaria de Cultura da Bahia (Secult), que tem por finalidade dinamizar o acesso ao conheci- mento e incentivar a lei- tura através de livros para crianças, adoles- centes e adultos. A Fundação repas- sou um total de 160 mil livros, em kits de 400 exemplares, para bibli- otecas públicas, comu- nitárias, pontos de lei- tura, além de 14 espa- ços prisionais. Os 400 títulos recebidos pela SLPA/IAM compreen- dem diferentes gêne- ros, entre os quais lite- ratura, história, infan- to-juvenil, livros de psi- cologia e até autoaju- da e já estão em plena circulação. a Bibliote- ca Municipal de Boa Nova também foi con- templada com o kit. Além da doação recebida da Fundação Pedro Calmon, Osmar Borges – gestor do Parque Nacional de Boa Nova, doou tam- Projeto do IAM é contemplado no Prêmio Mais Cultura Sala de Leitura Paulo Andrade é triplamente premiada Aos poucos, a Sala de Leitura Paulo Andrade vem atraindo novos leitores, principalmente crianças e adolescentes bém ao IAM peças raras, como os livros sobre a viagem do Príncipe Wied pelo Bra- sil (1815-1917) e sua passagem por território baiano, incluindo Boa Nova. Osmar é o prin- cipal responsável pelo aumento do fluxo de leitores na SLPA, pois, com suas constantes doações de gibis, prin- cipalmente os da Tur- ma da Monica Jovem e Luluzinha Teen, ver- dadeira febre entre os adolescentes, conse- guiu atrair de forma positiva esse público para a sala de leitura. A outra boa notícia é que o projeto “Ler, Escrever, Nave- gar...”, do IAM, foi um dos contemplados es- taduais pelo Prêmio Mais Cultura - Pon- tos de Leitura do Estado da Bahia, ini- ciativa da Fundação Pedro Calmon/Secult (Edital 004/2011, va- gas remanescentes), publicada no Diário Oficial do Estado n o 20.992, de 08/11/2012. O projeto inscrito tem como objetivo principal ampliar em Boa Nova o incentivo à leitura e à produção de textos entre crianças, adoles- centes e jovens através de atividades dirigidas. O projeto vai abranger em suas ações o reaparelha- mento da Sala de Lei- tura Paulo Andrade com estantes, mesas, cadeiras e equipa- mentos audiovisuais; renovação de seu acervo de livros (in- clusive em braile e no formato de áudio-li- vro), gibis e DVDs, além da promoção de um total de 48 ativi- dades socioculturais e educativas de incen- tivo à leitura, entre elas oficinas diversas, roda de leituras, exi- bição de filmes e con- tação de história. Finalmente, a ter- ceira premiação a que se refere o título des- ta matéria diz respeito ao aumento de leitores cadastrados na SLPA, que passou de 150 em julho deste ano para mais de 220 no final de novembro, e à conclu- são do cadastramento de seu acervo físico. Isso prova que as ações do IAM e seu “trabalho de formigui- nha” junto à comuni- dade boanovense co- meçam a dar resulta- dos positivos. Leia mais sobre a SLPA à página 3.

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Esta edição traz, duas páginas a mais do que a impressa, sendo divulgada após a sua circulação em Boa Nova e em outras cidades. A ampliação facilita a inserção de outras matérias após o fechamento da edição.

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Ano 13 No 54 Outubro/Novembro/2012 Publicação Educativo-Cultural Distribuição Gratuita Boa Nova-BA

No dia 5 de outubrodeste ano o IAM – Ins-tituto Adr oaldo Mo-raes foi surpreendidocom a chegada de 400novos exemplares paraa Sala de Leitura Pau-lo Andrade (SLPA),um de seus projetos emfuncionamento. Estadoação faz parte de umprojeto da FundaçãoPedro Calmon, da Se-cretaria de Cultura daBahia (Secult), que tempor finalidade dinamizaro acesso ao conheci-mento e incentivar a lei-tura através de livrospara crianças, adoles-centes e adultos.

A Fundação repas-sou um total de 160 millivros, em kits de 400exemplares, para bibli-otecas públicas, comu-nitárias, pontos de lei-tura, além de 14 espa-ços prisionais. Os 400títulos recebidos pelaSLPA/IAM compreen-dem diferentes gêne-ros, entre os quais lite-ratura, história, infan-to-juvenil, livros de psi-cologia e até autoaju-da e já estão em plenacirculação. a Bibliote-ca Municipal de BoaNova também foi con-templada com o kit.

Além da doaçãorecebida da FundaçãoPedro Calmon, OsmarBorges – gestor doParque Nacional deBoa Nova, doou tam-

Projeto do IAM é contempladono Prêmio Mais Cultura

Sala de Leitura Paulo Andrade é triplamente premiada

Aos poucos, a Sala de Leitura Paulo Andrade vem atraindo novos leitores, principalmente crianças e adolescentes

bém ao IAM peçasraras, como os livrossobre a viagem doPríncipe Wied pelo Bra-sil (1815-1917) e suapassagem por territóriobaiano, incluindo BoaNova. Osmar é o prin-cipal responsável peloaumento do fluxo deleitores na SLPA, pois,com suas constantesdoações de gibis, prin-cipalmente os da Tur-ma da Monica Joveme Luluzinha Teen, ver-dadeira febre entre osadolescentes, conse-guiu atrair de formapositiva esse públicopara a sala de leitura.

A outra boa notícia

é que o projeto “Ler ,Escrever, Nave-gar...”, do IAM, foi umdos contemplados es-taduais pelo PrêmioMais Cultura - Pon-tos de Leitura doEstado da Bahia, ini-ciativa da FundaçãoPedro Calmon/Secult(Edital 004/2011, va-gas remanescentes),publicada no DiárioOficial do Estado no

20.992, de 08/11/2012.O projeto inscrito temcomo objetivo principalampliar em Boa Novao incentivo à leitura eà produção de textosentre crianças, adoles-centes e jovens através

de atividades dirigidas.O projeto vai

abranger em suasações o reaparelha-mento da Sala de Lei-tura Paulo Andradecom estantes, mesas,cadeiras e equipa-mentos audiovisuais;renovação de seuacervo de livros (in-clusive em braile e noformato de áudio-li-vro), gibis e DVDs,além da promoção deum total de 48 ativi-dades socioculturais eeducativas de incen-tivo à leitura, entreelas oficinas diversas,roda de leituras, exi-bição de filmes e con-

tação de história.Finalmente, a ter-

ceira premiação a quese refere o título des-ta matéria diz respeitoao aumento de leitorescadastrados na SLPA,que passou de 150 emjulho deste ano paramais de 220 no final denovembro, e à conclu-são do cadastramentode seu acervo físico.Isso prova que asações do IAM e seu“trabalho de formigui-nha” junto à comuni-dade boanovense co-meçam a dar resulta-dos positivos.

Leia mais sobre aSLPA à página 3.

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2 Gamboa Outubro/Novembro/12

Descobrindo uma vida. Exatamente isso, descobrindo umavida. Morar sozinho é uma das maiores e melhores experiênciasde nossas vidas. Isso antes de nos casar ou ter filhos. Todo serhumano deveria ser obrigado por lei a viver um tempo sozinho.São valores, prazeres, frustrações e aprendizados num curtoperíodo de tempo.

Aprendemos, acima de tudo, a valorizar o trabalho da do-méstica. Essas deveriam receber um salário de R$ 3.000,00 (eeu receber, R$ 15.000,00 para poder pagá-las). Arrumar a casanos deixa “de canso” (plagiado de Helena, acredito que signifi-ca estar muito cansada).

Ao limparmos a casa, nos deparamos com a completa frus-tração, pois chegamos à grande conclusão de que nada fica100% limpo, ainda mais se nesta casa existe uma pessoa commuitos pêlos no corpo; aonde quer que eu ande pela casa deixomeu rastro: “pêlos”. Não posso nem colocar a culpa em outrapessoa; afinal, moro sozinho. Esses fios possuem vontade pró-pria e uma taxa de reprodução elevadíssima. Você varre um eaparecem mais mil deles. A indústria de limpeza inventou umsabão em pó que retira manchas pré-históricas, já fossilizadas,mas não inventa um produto que pulverize esses fios!

Notamos também a grande e poderosa “gravidade”. É in-crível como tudo vai ao chão! O arroz com certeza faz parteda família dos ursinhos Gummys; é passar uma colher que elespulam em todas as direções, tendo como local preferido: o chão.O feijão até que fica na panela, mas o poder do seu caldo émaravilhoso... para sujar o fogão. Fritar algo é padecer no pa-raíso; a gordura tem o prazer e a alegria de impregnar tudo asua volta, sem esquecer do chão, é claro.

No final de tudo isso sentimos um enorme prazer de cozinharnossa própria refeição. Que delícia! Aprendemos num curso in-tensivo a quantidade de sal numa carne ou os cuidados que de-vemos ter com uma faca de bom corte; caso contrário, nossosdedos ficarão como um ralador, na melhor das hipóteses.

Nada nos desanima. Bom, existe algo que nos desanima,frustra, sou até mais direto, nos revolta. Torcer calça jeans.Que maldição! Enquanto lavamos camisas, bermudas, toalhase panos de prato a vida parece um conto de fadas, mas comcerteza lavar e torcer calça jeans nos remete a um castigo.Esse objeto citado ganha peso, força e um poder de nos irritarcom enorme facilidade, até porque ninguém é maluco de es-fregar a calça nas mãos para tirar a sujeira. Estou recorrendo

Quer crescer?Vai morarsozinho!Antônio Felippe Azevedo

ao Mr. M para me mostrar qual a mágica da água na calçajeans; afinal, ela entra no tecido e não sai de forma alguma,mesmo depois de dar um nó nos braços e levá-lo à fadiga mus-cular de tanto torcer a dita cuja. Depois dessa trabalheira eesforço, ao pendurá-la, inexplicavelmente ela começa a pin-gar. Oh, Mr. M, nos ajude!

Como num passe de mágica tudo se resolve com a máquinade lavar roupas! Que maravilha de invenção, mas a nossa feli-cidade não está na existência de tal eletrodoméstico, mas, sim,quando olhamos a nota fiscal de compra da mesma. A partirdaí, contamos os dias com alegria, como se a pessoa mais amadado mundo fosse chegar em nossa casa! No primeiro dia defuncionamento fiquei assistindo a todo o bailado das roupasdentro da máquina, igual a um cachorro vendo um frango girarnaquele forno de padaria.

Todo esse sacrifício, suor e trabalho doméstico são recom-pensados pela completa sensação de liberdade, de realmentesermos donos e mestres de nossas vidas. Para muitos a res-ponsabilidade que faltava no nosso processo evolutivo. Apren-demos a pegar e guardar, a sujar e lavar, a ligar e desligar, aeconomizar, a usar aquilo que é necessário e, acima de tudo, avalorizar o que quase não damos conta... o outro ser humano,pois tudo em excesso realmente faz mal, inclusive ficar sozi-nho por muito tempo.

(Antônio Felippe Azevedo – Tuninho – é licenciado em Geografiapela UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; bacharelem Geografia pela UFF - Universidade Federal Fluminense ; pós-graduado em Gestão de Negócios na FGV – Fundação Getúlio Var-gas; e Profissional da área de Turismo. Blog: http://crodevicro.blogspot.com.br)

Esta foto, que foi postadaoriginalmente no Facebook(rede social da internet) de Jú-nior Meira no dia 27/11 – e com-partilhada no Facebook do Jor-nal GAMBOA, registra um mo-mento de civilidade na políticade Boa Nova. Trata-se de umencontro ocorrido na manhã domesmo dia 27/11, na PrefeituraMunicipal, entre o atual prefei-to – Antônio Oliveira Filho (To-inho) – e o prefeito eleito AeteMeira, que é de oposição.

O ponto principal da con-versa foi o processo de tran-sição, que acontecerá até odia 1º de janeiro de 2013,quando Aete assumirá a Pre-

Civilidade na política

feitura. Ele informou que naprimeira semana de dezembronomeará a equipe de transi-ção, que fará a interlocuçãocom a atual administração.

O prefeito eleito, que temcomo vice o empresário AriMarinho, fez a seguinte decla-ração (também postada porJúnior Meira): “estaremoscom um grande desafio emnossa gestão e, como é neces-sário, precisamos também in-vestir para que a cidade setorne mais humana, progres-sista e mais organizada, poisa cada dia se torna mais difí-cil administrar com a realida-de atual do nosso país”.

Colaboraram nesta edição:Adriana Oliveira, Antônio Azevedo, Cibele de Sá, Edson Messeder, EdsonRibeiro, Gilvan Oliveira, Luiz Moraes, Nívia Marques, Renato Pedrecal Jr.,Sheyla Alencar e Sirleide Borges.

Expediente Jornal GAMBOA

Impressão: Tribuna Editora GráficaViçosa-MG

Editor/Jornalista Responsável:Roberto D´arte

Editoração e edição de imagem:Anderson Miranda

Endereço:Rua Vaz de Melo 40 - CentroViçosa-MG - CEP 36570-000E-mail: [email protected]

O GAMBOA está vinculado ao IAM(Instituto Adroaldo Moraes)E-mail: [email protected]

Os artigos assinados do Gamboa são de inteira responsabilidade de seus autores

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Outubro/Novembro/12 Gamboa 3

Soube da existência da Salade Leitura Paulo Andrade apósum convite de Luís Moraespara realizar um trabalho tem-porário na Macol. Fiquei sur-presa, pois até então só conhe-cia a biblioteca do município.Fiquei sabendo e também pudeobservar que muitos livros fo-ram e são doados constante-mente por parte dos leitores ede algumas pessoas que co-nhecem a história do IAM (Ins-tituto Adroaldo Moraes).

Aos poucos fui conhecen-do os novos, pequenos, assíduose fiéis leitores, que costumamlevar de três a cinco livros paracasa, que após serem lidos sãodevolvidos com maior frequ-ência do que a faixa etáriaadulta, despertando, assim,um senso de responsabilidadee maturidade nos mesmos,dando o direito para que ou-tras pessoas também tenhamo prazer de conhecer a histó-ria que estes livros trazem.

Depois de conhecer partedo acervo e história da sala deleitura, também me tornei lei-tora e, assim, pude notar a fa-cilidade que existe ao fazer oempréstimo do livro. Faz-se

A Sala de LeituraPaulo Andrade é

uma grata surpresaAdriana Pereira Oliveira

uma ficha com dados pesso-ais e de contato; o prazo deentrega depende da responsa-bilidade do leitor, uma vez queo mesmo deve ler e devolverem um tempo determinado

que seja flexível não só paraele, mas também para queoutros leitores possam teracesso ao livro.

Ao término do trabalho napapelaria, Luís me propôs quecadastrasse e organizasse o

acervo da biblioteca. De iní-cio foi um desafio, já que nun-ca havia realizado nenhum tra-balho do tipo, mas com o pas-sar dos dias fui me adaptandodurante o cadastro de um livroe outro. Apesar de pequena, aSala de Leitura Paulo Andra-de comporta livros de váriasclassificações, tais como Ad-ministração, Educação, Gra-mática, Enciclopédias, Litera-tura, Vestibular, Códigos deTrânsito, Concursos Públicos,Português, Gramática, Litera-tura, Matemática, Física, Quí-mica, Biologia, Romance, No-

vela, Suspense, Culinária, Re-ligião, Espírita, Auto-Ajuda,Revistas de Artesanato e Co-nhecimentos Gerais, Gibis, Li-teratura Infanto-Juvenil, Poe-sia, Literatura Nacional, Inter-nacional, Luso-Brasileira, com

grandes escritores como Jor-ge Amado, José de Alencar,Fernando Pessoa, CarlosDrummond de Andrade, JoséLins do Rego, Aluísio Azeve-do, Erico Veríssimo, AugustoCury etc.

No final da primeira etapade cadastro, o IAM recebeuuma doação de 400 novos li-vros do Governo do Estado;boa parte deles já está sendodevorada por crianças e ado-lescentes que frequentam abiblioteca. Esses acabam sem-pre por trazer amigos, que tam-bém se tornam novos leitores.

Concluindo o cadastro daSala de Leitura Paulo Andra-de, verifiquei que ela tem 3.130livros e revistas de todas asclassificações e 229 leitoresinscritos. Organizando as fi-chas dos leitores, pude obser-var que desde 2010 poucos sãoos leitores que não devolveramos livros emprestados.

Aos que desejam levar al-gum livro para pesquisa ou lei-tura e caso queiram encontrarcom maior facilidade, bastafazer um cadastro na ficha doleitor e realizar uma buscacom nome do livro, autor e/oueditora do mesmo no acervobibliográfico através do docu-mento no Word salvo e dispo-nível para pesquisa no com-putador da Macol, com auto-rização ou acompanhamentode um funcionário.

(Adriana Pereira Oliveira égraduada em Biologia/Licenci-atura pela FTC/EAD)

A Sala de Leitura Paulo Andradeacaba de receber a doação de uma co-leção que vai agradar em cheio os fãsantigos das personagens mais marcan-tes dos gibis da Disney, lançados noBrasil pela editora Abril. Certamente asnovas gerações de crianças e adoles-centes de Boa Nova também vão seencantar com as aventuras de Tio Pa-tinhas, Pato Donald, Mickey Mouse,Pateta e outras tantas personagens.

Trata-se da coleção “Essencial Dis-ney”, lançada este ano pela Abril emvinte volumes, cada um com temabastante familiar aos leitores de qua-drinhos Disney. O formato é seme-lhante ao das bem sucedidas coleções“Clássicos da Literatura Disney” e “Pa-teta Faz História”; cada volume tem100 páginas em papel de qualidade,capa cartonada e lombada quadrada.

Quem está doando para a sala deleitura é Roberto D’arte – editor do jor-

Sala de Leitura recebe coleção “Essencial Disney”

A coleção doada traz, ao todo, 2 mil páginas de histórias

nal GAMBOA. “Adquiri essa belíssi-ma coleção para matar a saudade dasinúmeras revistas em quadrinhos daDisney que tinha e li a partir de mea-dos da década de 1970 até 1982, quan-do fui embora de Boa Nova para estu-dar fora. À época eu e meu irmão Luiz(diretor-executivo do IAM) doamosuma caixa com mais de 200 gibis paraa biblioteca municipal, mas, infelizmen-te, todos eles desapareceram. Resol-vi, então, dividir a alegria de ler essesgibis com meus conterrâneos de vári-as gerações”, mencionou Roberto, queé mais conhecido em Boa Nova comoBetto-de-Dozinho.

Ele também doou a coleção Al-manaque Abril, com vinte revistasilustradas sobre temas diversos. Elaé indicada, principalmente, para pes-quisas escolares de estudantes do 6ºao 9º ano do Ensino Fundamental edo Ensino Médio.

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4 Gamboa Outubro/Novembro/12

A cultura é inerente ao serhumano. Ela é a identidade deuma nação, de uma raça, de umacomunidade. A tradição passa degeração em geração através doseio familiar, onde as manifes-tações culturais, muitas vezes,servem como base de educaçãoe respeito pela história de cadalugar e seu povo.

Desde o início do ano a cri-ação do Conselho Municipal dePolítica Cultural (CMPC) tor-nou-se uma meta, mesmo por-que é um desafio trabalhar comodiretora de Cultura num muni-cípio onde, de cara, encontram-se três biomas. Cada um delestem a sua singularidade e o povo,sob influência da tamanha bio-diversidade, traz em si a neces-sidade de expressar o que a pró-pria natureza oferece.

Sempre me deixou um pou-co angustiada o fato de não teruma equipe e local apropriadospara se montar um “Canto daCultura”, onde se pudesse or-ganizar melhor a própria Dire-toria para que os quatro cantosdo município pudessem ser as-sistidos e incentivados em suasmais diversas expressões e ne-cessidades culturais. Boa Novaé tão rica em biodiversidadequanto é rica em cultura. Exem-plos disso são os grupos e en-tidades culturais existentes nomunicípio, como a Escola de

Boa Nova já tem Conselhode Política Cultural

Música de BoaNova (sob co-ordenação doinstrutor e mú-sico Zé Rodri-gues, que vemincent ivandonovos talentosdesde 2002);grupos de Rei-sado (temos ca-talogados trezeTernos de Reisem todo o mu-nicípio); o Gru-po de CapoeiraNetos do Mestre Canjiquinha(atuando há 16 anos no muni-cípio); festas religiosas; bandase grupos musicais; poetas e cor-delistas; As Pastorinhas (gru-po infantil centenário); artesa-nato (Ávica - Associação do Va-lentim na Criação de Artesana-to, Jorlando Arts do Entron-camento, entre outros), gruposde dança (quadrilhas e dançamoderna, a exemplo do BlackDance e do DEBL’S); terreiros;Projeto Cine Clube; ProjetoCultura & Som (atuando hámais de três anos); um conjun-to arquitetônico datado do iní-cio do século 20; BibliotecaMunicipal; Sala de Leitura PauloAndrade (um dos projetos doIAM - Instituto Adroaldo Mo-raes); Museu do Processo;Corrida de Argolinha; o Jornal

GAMBOA –Grupo dos Ami-gos de BoaNova (atuandohá mais 12 anosem território lo-cal, nacional einternacional);artistas plásticose grupos de es-tudos teatrais.

Por tudo issose tornava maisevidente a neces-sidade da cria-ção de um Con-

selho para dá suporte à Direto-ria Municipal de Cultura. Comodiz o velho ditado, “a união faza força”, e é disso que Boa Novaprecisa. Após o momento con-turbado das eleições, retomei oprocesso da criação do CMPC,mesmo sabendo que haverá mu-danças na sua composição noano que vem, mas que não im-pede de deixarmos criado.

No dia 09 de novembro de2012, às 9 horas, no Salão daSecretaria de Educação, foramconvidados diversos represen-tantes de instituições governa-mentais e não governamentais,além de artistas, para a criaçãodo Conselho Municipal de Po-lítica Cultural, de acordo coma Lei nº 634/2012. A mudançana nomenclatura é uma pro-posta do próprio Sistema Na-

cional de Cultura, um impor-tante passo para que possamosinstituir o Sistema Municipal deCultura. Foram eleitos os repre-sentantes das seguintes Insti-tuições: Governamentais: Di-retoria Municipal de Cultura,Secretaria Municipal de Educa-ção, Secretaria Municipal de As-sistência Social, Diretoria Mu-nicipal de Meio Ambiente, Câ-mara Municipal e Instituto Chi-co Mendes de Conservação daBiodiversidade (ICMBio). Não-governamentais: InstitutoAdroaldo Moraes (IAM), Insti-tuto de Cultura e IntegraçãoSócio Ambiental (ICISAM),SAVE Brasil, Associação dosPequenos Produtores do Pena-chinho, Loja Maçônica JoséBonifácio de Andrada e Silva eMuseu do Processo.

Aproveito para agradecer to-das as pessoas que contribuíramdireta e indiretamente para a cria-ção e composição deste Conse-lho, na certeza de que a culturado nosso município ganha maisforça quando se tem um gruporesponsável disposto a defendere proteger o que há de mais vali-oso na identidade de um povo.

(texto de Ângela Cibele de SáBrito – graduada em Ar tes Cê-nicas pela UFBA – UniversidadeFederal da Bahia e diretora mu-nicipal de Cultura)

Cibele obteve esta conquista

Escolhido como Dia daConsciência Negra, o 20 de no-vembro foi celebrado em BoaNova este ano com programa-ção cultural variada. A data, quejá faz parte do calendário nacio-nal (inclusive sendo feriado emcentenas de cidades do país), éuma referência ao dia da mortede Zumbi dos Palmares, líder quese tornou símbolo da resistênciados negros que lutaram contra aescravidão no Brasil. Hoje, ela re-presenta também uma forma depromover reflexões sobre osconceitos e preconceitos envol-vendo os afrodescendentes.

No dia 20 de novembro aDiretoria Municipal de Cultura,em parceria com o ator RobsonTelles e com apoio da SecretariaMunicipal de Assistência Social,CRAS, Secretaria de Educaçãoe Câmara Municipal, realizou um

Cidade celebra Dia da Consciência Negra

evento em homenagem ao Diada Consciência Negra na Câma-ra Municipal, com a seguinteprogramação: apresentação doGrupo de Capoeira Netos doMestre Canjiquinha, sob a coor-denação do Mestre Amado; apre-sentação do grupo de percussãodo Projovem, sob a coordena-

ção de Alex Moraes; palestra como professor de História – Maril-son Moraes; peça “Zumbi - a re-sistência”, sob direção de Cibelede Sá; e exibição do vídeo “DonaSimplícia”, feito por Cibele de Sáe Josafá Sampaio.

De forma extrovertida, Ma-rilson Moraes fez o público vi-

ajar no tempo para vivenciarum pouco da história. Ele fa-lou sobre Zumbi, que nasceuem Alagoas em 1655, foi líderdo Quilombo dos Palmares,comunidade livre formada porescravos fugitivos das fazen-das. “Símbolo da resistência eluta contra a escravidão, lutoupela liberdade de culto, religiãoe prática da cultura africana noBrasil Colonial e foi degoladoem 20 de novembro de 1695.”

A peça “Zumbi - a resistên-cia” emocionou o público econtou com as atuações de Ju-nior Costa como o bandeiranteDomingos Jorge Velho; MuriloFrança como André Furtado deMendonça; Robson Telles nopapel de Zumbi dos Palmares eparticipação dos alunos do Co-légio Municipal Vandick Reid-ner e da capoeira.

O grupo de percussão do Projovem foi uma das atrações do evento

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Outubro/Novembro/12 Gamboa 5

Nos fins dos anos 1950 minha família morava na roça, numasterras adquiridas por meu pai, na região da Mata, a três léguas dacidade, em direção ao Valentim. Eu frequentava o curso primárioe, por essa razão, permanecia em Boa Nova durante o ano letivo,juntando-me à família nos períodos de férias.

Num desses períodos, meus primos Zezinho e Julimar vierampassar uns dias conosco e, muito entusiasmados, falaram-me dachegada iminente da SERVIENGE (Companhia Serviços de En-genharia), que viria construir a rodovia BR 030, ligando Brasília-DF a Maraú, no litoral Sul da Bahia. Disseram eles que boa partedos funcionários e de suas famílias iria instalar-se em Boa Nova.

Algumas semanas mais tarde as previsões dos meus primosse confirmavam. As primeiras famílias começaram a chegar.

Eu estava ainda na roça quando, a mais ou menos um quilô-metro da minha casa, foi instalada a oficina e, um pouco maislonge, o acampamento. Eram casinhas de madeira e a aglomera-ção dava a impressão de uma cidade em miniatura.

Minha imaginação, que não “dormia no ponto”, passou do lobiso-men e da caipora, diretamente aos discos voadores e aos extraterres-tres. Para mim não havia nenhuma dúvida: aquilo não era coisa destemundo. Foi com grande curiosi-dade que acompanhei o desem-barque de todas aquelas máquinas:os tratores, a caterpillar, a patrol ede todos aqueles carros.

Quando voltei para Boa Nova,no início do ano letivo, deparei-me com uma cidade cuja popu-lação havia se transformado.Pessoas diferentes, costumes esotaques diferentes. Comecei ame questionar se falar daquelamaneira era uma nova moda, setodos teríamos que falar assim.As poucas pessoas estranhasque tínhamos o hábito de vereram os estudantes que vinhamda capital, durante as férias, euns poucos que trabalhavam em São Paulo e vinham passar asférias ou rever as famílias, exibindo sempre um radio de pilha, aescova de dentes e o pente no bolso da camisa e a inseparáveljapona, mesmo se os termômetros indicassem 35°C à sombra.

Quanto aos recém-chegados, muitos eram mineiros, de umacidade situada na Zona da Mata, chamada Matipó, e tinham umsotaque muito “carregado”. Não enunciavam uma só frase semas palavras “bobo”, “sô” e o famosíssimo “uai”. Havia tambémcariocas, capixabas, gaúchos, paulistas etc. Decididamente BoaNova não era mais a mesma. Havia se transformado, da noitepara o dia, numa cidade cosmopolita.

A população local permaneceu, no começo, um tanto hesitan-te. O desconhecido faz medo e o contato com ele, no início,pode ser fonte de toda sorte de preconceitos e estereótipos. Pou-co a pouco, a gentileza e a simpatia dos “bárbaros” foram con-quistando os mais reticentes. Muitos deles começaram a adotar osotaque baiano, que tanto lhes fazia rir antes. Não era raro ouvirum “oxente” ou um “bichinho” nas conversas dos “estrangei-ros”. A assimilação foi rápida nos dois campos. O boanovense éportador de uma hospitalidade natural, que não sai de nenhumacartilha, almanaque, figurino ou manual de boas maneiras. A hos-pitalidade e a generosidade são traços de caráter desse povo.

As festas de setembro, com a presença dos novatos, eram

As invasõesbárbaras

Edson Messeder

Foto ilustrativa das muitas aberturas de rodovias na década de 1960

exemplos de boa coabitação. Os “estrangeiros” tocaram os cora-ções dos boanovenses, participando ativamamente dos festejosda padroeira da cidade. Participaram, com muito entusiasmo, dasfestividades religiosas. Jorge Marciano, filho de uma das famíliasmineiras, foi tocado pela vocação sacerdotal, durante uma des-sas festas, ingressando-se, em seguida, num Seminário. Toma-vam parte também, com o mesmo entusiasmo, das festividadesprofanas. Aparecida Marciano, irmã de Jorge, foi rainha da festa.A integração e a assimilação foram perfeitas. Não havia mais fo-rasteiros. Era um só povo, com as mesmas preocupações e como mesmo amor pela cidade.

O clímax da confraternização aconteceu no dia 25 de agostode 1962. A SERVIENGE completou seus 25 anos de existênciano dia 15, mas como era uma quarta-feira, as festividades tive-ram lugar no sábado, dia 25. Toda a população foi convidada a seunir aos funcionários, ao meio-dia, num churrasco gigante, noquintal do Grupo Escolar Monteiro Lobato. Dessas bodas de pra-ta, o que realmente ficaria gravado para sempre na lembrançados boanovenses seria a festa no Cinema (atual Clube Social), ànoite. Nada igual jamais havia acontecido na história de Boa Nova.Uma festa animada por um conjunto do Sul, com discos grava-dos, “Los Mexicanitos”. Durante vários anos falou-se do talentodos músicos, da beleza e da plástica das bailarinas, que trocavamde roupa várias vezes durante a noite, exibindo uma “mis-en-scène” até então só vista no cinema. As músicas pareciam sairdiretamente de um sonho. Ao ritmo suave daquelas melodias,começaram a surgir os primeiros romances que iriam unir jovensdas duas comunidades.

A Companhia trouxe com ela o progresso, sobretudo no as-pecto socioeconômico. Muitos habitantes foram empregados nosdiversos setores oferecidos, tanto na Sede, quanto nos trechosrealizados. O comércio local prosperou enormemente.

Sob o aspecto humano, fa-mílias e pessoas marcaram épo-ca em simpatia e afetividade.Seu João Marciano, o simpáti-co, com os filhos Jorge, o se-minarista, Miltinho, Carlos e Ci-dinha, uma das estudantes pio-neiras do Colégio Cenecista.

Seu Marcelo, o bom, que,com seu caminhão, abasteciamuitas famílias em água doce,proveniente da bica da oficina, naregião da mata. Marcelinho, seufilho, craque de futebol, tornou-se indispensável nas partidas dosdomingos e nas rodas de amigos.

Seu Felipe, o risonho, pai demuitos filhos, entre eles Wan-

da, que formou uma bela família com Tim-de-Seu Lozinho; ocarismático Roberval, que se casou com Netinha-de-Seu Crécioe Rogério, que bem mais tarde se uniria à Carla-de-Wilson.

Seu Geraldo, o sisudo diretor da Firma, cujo filho Jorge des-posaria Bezinha-de-Seu-João-Pires. Seu Belmiro, o belo, pai deRomilda, adolescente de uma rara beleza.

Muitos chegaram sozinhos, sem família, e Boa Nova, mãegenerosa, presenteou-lhes com a alma gêmea. Como exemplo,Waldir, o gaúcho, que se casou com Zulma-de-Seu-ZequinhaBrito; Dr. Hélio, o intelectual, que foi professor de Geografia nocolégio, casou-se com Alda-de-Seu-Uldário; Irmosínio, o cario-ca, com Rita-de-Dona-Edwiges; Zé Carlos, com Ednólia-de-Seu-Tavinho; Seu João Pena, também com uma das filhas de SeuTavinho; Ribeiro, com Mariá-de-Seu-João-Cabeleireiro; Geni, comDete-de-Seu-Amando e tantos e tantos outros.

Os anos 1960 se foram, levando com eles a SERVIENGE,suas máquinas, seus empregos, sua gente. Aí, então, acontece-ram as verdadeiras invasões bárbaras. A cidade foi invadida pelovazio e pela tristeza. Boa Nova nunca mais seria a mesma...

(Edson Messeder é enfermeiro em cancerologia e acompanha-mento de pessoas em fase terminal e de seus familiares. Mestradoem Ciencias da Educação pela Université Paris 10 – Nanterre)

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Outubro/Novembro/12Gamboa6

Não é de hoje que sabemos que nos-so município é o paraíso das aves. Pou-cos sabem, no entanto, que esse foi ogrupo de vertebrados mais estudado emBoa Nova até o momento.

Os ambientes ricos em aves são natu-ralmente ambientes ricos em outras formasde vida. Na biologia chamamos as aves debioindicadores. Isso mostra que muito aindaprecisamos conhecer acerca da biodiversi-dade do Parque Nacional de Boa Nova e doRefúgio de Vida Silvestre de Boa Nova.

Para o grupo de mamíferos, porexemplo, recentemente o agente ambi-ental e chefe da Brigada de Incêndios doParque Nacional de Boa Nova – JosafáSampaio – postou nas redes sociais umabelíssima foto de um registro do Taman-duá-mirim, espécie pouco conhecida daspessoas mais urbanas. Pensando no va-lor documental de achados como este,apresentamos aqui no GAMBOA umapequena compilação fotográfica inédita

A Preguiça-de-coleira, o Jupará (Macaco-da-noite) e o Ouriço-caixeiro, fotografados por Josafá Sampaio, são encontrados em Boa Nova

Mamíferos do Parque Nacional e doRefúgio de Vida Silvestre de Boa Nova

O Gato-maracajá e a Cuica também fazem parte dos mamíferos silvestres do município

de alguns mamíferos encontrados emBoa Nova, de 2005 a 2012, sendo todasas imagens feitas nas duas unidades deconservação criadas em 2010.

Saber da existência desses animais emnossas florestas aumenta nossa respon-sabilidade e nosso sentimento de prote-ção. Pensem nisso, principalmente aque-les que ainda em 2012 insistem em per-

seguir, mutilar e caçar com cães e espin-garda a tiracolo animais tão inocentes einofensivos. Animal não é brinquedo; sen-te fome, dor e medo!

(Texto de Edson Ribeiro Luiz – graduadoe pós-graduado em Biologia e é membro daONG SAVE Brasil, sediada em São Paulo-SP e com projetos em execução em Boa Nova)

Após fazer parte da aberturada edição 2011 do Mercado Cul-tural, em formato de vídeo-fotos,e de ser selecionada para integrara edição 2012 dos Salões de Ar-tes Visuais da Bahia, em Jequié,a exposição “Guardados”, do fo-tógrafo boanovense Paulo Co-queiro, continua ampliando seupúblico. Ela recebeu menção es-pecial na XI Bienal do Recônca-vo, aberta no dia 24 de novembroem São Félix-BA.

“Guardados” traz boanoven-ses octogenários, fotografadospor Paulo Coqueiro em meadosde 2011 em suas residências oulocais de trabalho na sede e nopovoado de Valentim.

“Guardados” recebe mençãoespecial na XI Bienal do Recôncavo

Paulo e sua mãe Vanda na Bienal do Recôncavo

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Outubro/Novembro/12 Gamboa 7

Para os nascidos no início da década de 1970, como eu, portanto, adolescen-tes em 1980, pairava no ar uma sensação estranha, pois estávamos vivendo, oumelhor, respirando, eu e os meus amigos, naquela década, mas mergulhados,totalmente imersos, nos anos finais da década de 1950 e todo o período contur-bado da década seguinte e seus reflexos diretos nos anos de 1970. Confusãomental? Não, absolutamente. Estávamos vivendo a transição, pura e simples-mente. Vivíamos a pasmaceira da década de 1980, mas esperneando muito!

Não desejo cometer aqui nenhuma injustiça, mas vão aí os nomes da minhatrupe predileta, inesquecível e fundamental. Primeiro, meus irmãos, Cynara, Sarae Nilsinho (de D.Wilma). Beleza? Agora o meu querido irmãozinho Paulo (Cebola),Renatinho, Hilda, Roseni, Beto e Luís (ambos de “Dozin”), Marcos (de Petrônio),Luciano e Marcelo (ambos de Dagmar), Sayonara e Mara (ambas de Zezé), Car-melita, Karla e Tadeu (ambos de Wilson), Paulo (de “Lonzin”), Ivan, Nery e Neu-man (de Joaquim), Tom (de Angélica), Cibele, Deco e Tina (de André), Tânia (deAvani), Sirleide (de Nair), Toinho e Saruê (ambos de Dilma), Ana Karina (de Zezi-nho), Odilson e Wilson (de Joílson), Gerusa (de Beto), Rogério e Guru (irmãos deWanda-de-Tim). Perdoe-me aqueles que, por alguma razão traiçoeira da minhamente, fez-me esquecer, mas, enfim, entre outros, não menos importantes.

Era verão quando um som alto, forte e delicioso tomava o centro da pequenaGood New vindo das imediações que correspondia à metade da Rua Floriano Peixo-to. “Cara, que música?”, eu dizia. Era André Luiz que havia chegado de Uruçuca,município do Sul da Bahia. O som era The Police. Daí em instantes estava aberta atemporada de férias e a casa de Sr. André Brito era o point. Todos começavam achegar como uma horda em busca do som do Police, Dylan, Beatles, Raulzito,Stones, Caetano, Gil, Beto Guedes, 14 Bis, Joan Baez, Eric Clapton, Pink Floyd, DireStraits, Lennon. Claro, os filhos de André eram sempre queridos e amorosos comtodos, menos quando era o dia de Eliene encerar a imensa casa dos Brito (“Belle,some com esse povo daqui! Preciso limpar a casa”, bradava a querida Liu. “Peraê,madrinha, cabeça de gelo... Só, pô...”, retrucava Ângela Cibele, a caçula da casa).

Ivanzin, depois de Marcos-de-Petrônio, era um dos primeiros a aparecer,carregando consigo o seu indefectível violão: “Pô, não é o que não pode ser, masé!”. É isso aí, eu também acho que é, dizia eu incentivando a mente ultra filosó-fica do amigo músico, carregada de Platão, Aristóteles, Sócrates e toda a galerapeso-pesado da filosofia grega. Eis que aparece Nêu: “É isso aí, não sei se esco-vo os dentes ou vou a Paris”. Caramba, Nêu, são extremos formidáveis! “Mas émesmo, Nivinha. Porra, acho que bebi demais hoje”. Porra, pega leve, Nêu!“Deixa de ser careta, Nivinha! Porra”. As gargalhadas eram garantidas.

Galera, quem está a fim de procurar uma cachoeira, um rio, uma “porrapra tomar banho”? Caramba, entrava em cena Beto de “Dozin”, numa anima-ção de dar inveja a qualquer animador de festa infantil ou grupo de escoteiro ouqualquer ser vivente. Beleza, dizia a galera, então vamos. Quem vai levar oviolão? Marcos e Ivanzin. Show!

As conversas rolavam no percurso árido até a cachoeira/rio e giravam emtorno da má administração, da falta de políticos preocupados em resolver ques-tões sociais urgentes, a pobreza dos boanovenses da periferia, a má distribui-ção de renda (Renda? Mas que renda?), a disparidade. Mas o assunto quedominava era Cultura-Contracultura-Ideologia-Reforma Agrária-Sociedade Al-ternativa-Ditadura Militar... Havia o Círculo do Livro! Ah, os discos de vinil,com aquele cheiro peculiar! Nooossa, éramos fissurados. Paulo (de Josemar)poupava todas as merrecas que recebia na loja de material de construção parapagar caixas e caixas de livros que chegavam pelas mãos de Ângela (do Cor-reio), cujo serviço era de extremo valor, já que naquela ocasião não haviainternet e o serviço dos Correios era fundamental para que todos da pequenaBoa Nova pudessem se conectar ao mundo. Paulo, meu amigo, meu irmão,sempre atual em todos os momentos da minha vida. Eu te amo!

Pois bem, caros leitores, a década de 1980 passou para muitos, sequerdeveria ter existido, mas para os amigos, amigos de verdade da pequena cidadelocalizada no Sudoeste da Bahia, foi A DÉCADA.

(Nívia Bethânia Marques é graduada em Jornalismo pela Universidade Estadualdo Sudoeste da Bahia (Uesb), graduanda em História pela Universidade Federal doEstado do Rio de Janeiro (Unirio) e pós-graduanda em Gestão Escolar e MagistérioSuperior pela Universidade Aberta do Brasil. Trabalha para os jornais A VOZ DACIDADE e FOLHA FLUMINENSE - Resende-RJ. E-mail - [email protected])

1980: atransição

Nívia Bethânia Marques

Diante das dificulda-des apresentadas pelosalunos do Ensino Médionas disciplinas de Física,Química, Biologia e Ma-temática, os professoresdas respectivas áreas,juntamente com a articu-ladora Jamile Brito, rea-lizaram no início de no-vembro a I Feira de Ci-ências do Colégio Es-tadual Edvaldo MachadoBoaventura. Com o tema“Ciência no Cotidiano”,esse projeto teve comoprincipal objetivo desper-tar nos alunos a necessi-dade e a importância dosconhecimentos científi-cos na prática cotidiana.

Segundo os organiza-dores da feira, apesar doevento ter sido na área de“Ciências Naturais e suasTecnologias”, ele contoucom o apoio e participa-ção de todo corpo docen-te da escola em todas assuas etapas. Cada sérieteve um tema específi-co, levando os alunos atransformarem a escolanuma Feira de Ciências.

A feira teve a seguin-te dinâmica: nas salas fo-ram expostas a história eteorias da Matemática,Física, Química e Biolo-

I Feira de Ciências doColégio Boaventura

Alunos pesquisaram o barco a vapor na Feira de Ciências

gia, assim como seus es-tudiosos. Foi montadatambém uma sala temáti-ca voltada para as folhas,flores, ervas e chás, ex-plicando sobre as ervasmedicinais. Em outra salaforam apresentados os ali-mentos como alternativamedicinal e preventiva,além das experiênciascom o labirinto elétrico,barco a vapor, ar condi-cionado com gelo seco,luminária de larva, equa-lizador de fogo, móveisfeitos com garrafas pet,um modelo de aterro sa-nitário, maquetes, amos-tras de invenções das ci-ências, entre outros. Emtodas as salas havia alu-nos responsáveis por ex-plicar os resultados desuas pesquisas, experiên-cias e amostras.

A feira reuniu a co-munidade, assim comoalunos das escolas mu-nicipais de Boa Nova,para prestigiar os traba-lhos produzidos pelosestudantes do ColégioBoaventura. Eles e osvisitantes foram incen-tivados a aprofundarseus conhecimentos nomundo científico de for-ma ampla e prazerosa.

O Equalizador de Fogo foi uma das atrações da feira

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8 Gamboa Outubro/Novembro/12

Nossa Senhora AparecidaCuida do meu coraçãoVem iluminar a minha vidaDa minha família e dos irmãosTu és a mãe de todos nósÉs mãe humilde e mãe gentilVamos cantar em uma só vozEis a Rainha do Brasil.Nossa Senhora AparecidaCuida do povo com amorTu és a mãe dos humildesAdvogada dos pecadoresTu és a mãe...Nossa Senhora AparecidaÉs mãe humilde e mãe fielCuida do povo com amorE da morada lá no CéuTu és mãe... tu és mãe...

Boa Nova estará mais uma vez representada no MercadoCultural, evento de multicultura promovido há onze anos peloInstituto Casa Via Magia. Em suas três últimas edições, BoaNova recebeu na sede e no distrito de Valentim uma progra-mação especial com palestras, shows musicais, peças teatrais,exposições de artes plásticas e recitais de poesia.

No XII Mercado Cultural, que acontece de 6 a 9 de dezem-bro no Teatro Castro Alves, em Salvador, com o tema “Modosde viver a Economia Criativa nos territórios da Bahia”, BoaNova terá o seu espaço garantido. Fazem parte da programa-ção as exposições “Circunvizinhanças (em processo)” – comfotografias de Iêda Marques sobre os modos de viver do distri-to do Valentim – e “Um Passarinho Me Contou” – com pássa-ros de Boa Nova recriados em madeira reaproveitada pelo ar-tista popular Jorlando Barbosa.

A programação completa do evento pode ser acessada nainternet através do site www.viamagia.org.

Boa Nova estará presente no XII Mercado Cultural

Uma das fotos de Iêda Marques que serão expostas no XII Mercado Cultural

O compositor do PenachinhoGilvan Oliveira, de 32 anos,

filho de Maria de Lurdes Oli-veira e Jurandir VenâncioSampaio, sempre foi um apai-xonado pela música. É na na-tureza, mais especificamentenos cantos dos pássaros que,ao entardecer, sobrevoam oPenachinho (povoado de BoaNova), que ele se encheu deinspiração para compor asmais de vinte músicas, quetêm no estilo sertanejo român-tico a sua maior influência.

Casado com Marilene,com quem tem dois filhos, bus-ca no encontro familiar maisuma fonte de inspiração, aexemplo da música “Lábiosde Mel”, que fez para a espo-sa. Atualmente, trabalhandocomo agente comunitário desaúde, Gilvan aproveita osmomentos de folga para can-

O compositor Gilvan Oliveira

Pai, quanta saudade que eu sinto de vocêComo eu queria te abraçar e te dizerQue eu te amo!Pai, você se foi e nem se despediu.Assim tão de repente você partiuE foi morar com Deus.Pai, eu sinto um vazio dentro de mimÉ tão triste sem ter você aquiA saudade é demais.Pai, eu sinto tanta falta de vocêEu só queria agora te dizerQue te amo demais (que te amo, pai)Pai, eu lembro tudo que você falouAs coisas lindas que nos ensinouNunca vou te esquecer.Pai, você é a razão de eu existirPor isso, hoje eu estou aquiSó quero te agradecer.

tar com seu parceiro ClaudioMiguel (segunda voz e violão),apresentando-se em eventoscomemorativos da região. Seutelefone de contato para apre-sentações é (77) 3433-5025.

Abaixo e ao lado três com-posições de Gilvan.

Pai

Nossa Senhora Aparecida

Quando te vi pela primeira vezOlhei bem nos seus olhos e pareiQuando você sorriu, sorri pra vocêEntão, logo de você eu me aproximeiE quando você me tocou com essa pele maciaFiquei emocionado e te beijeiE quando senti os seus lábios com gosto de melEu juro, meu amor, que me apaixonei

É tão gostoso te amar assimÉ bom demais essa paixãoÉ tão gostoso ter um alguémQue cuida do meu coração.

Lábios de Mel

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Outubro/Novembro/12 Gamboa 9

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. É sabido que Fernan-do Pessoa, o fenomenal poeta português, tinha grande conhecimen-to esotérico. Gostaria de ater-me ao trecho destacado para expor al-gumas considerações.

No Cristianismo há denominações genéricas (Pai, Filho e EspíritoSanto) utilizadas para representar Hierarquias Espirituais. Assim, Deus-Pai referindo-se à Primeira Hierarquia, e Deus-Filho e Espírito Santo àSegunda e Terceira, respectivamente. Podemos fazer uma breve ana-logia com o verso do poeta; “Deus quer”, portanto, remeteria à Pri-meira Hierarquia, constituída pelos Querubins, Serafins e Tronos -Espíritos da Vontade. São pura emanação de Vontade. Tudo o queexiste, o que é conhecido, material, a Natureza, os animais, nossocorpo físico inclusive, é emanação desta Hierarquia.

“O homem sonha” remeteria ao pensar, ao pensamento humano,pois um sonho sem forma e sem um referencial cognitivo fica restrito aomundo onírico, com difícil perspectiva de realização. Assim, “o homemsonha e a obra nasce” equivaleria a: o homem pensa e então realiza.Pensar é aproximar-se de realidades do mundo espiritual - tudo o queexiste no mundo físico, antes existiu no plano do pensamento.

A Sofia a que se refere o termo “Filo-Sofia” é um Ser, a partefeminina do Logos, do Verbo. Luz e Som estruturam tudo o que co-nhecemos. O termo original “Filo-Sofia”, portanto, significa “Eu amoa Sofia”, eu amo o Ser responsável pelas ideias, pelo conhecimentomacrocósmico, eu me aproximo e me enamoro deste Ser. Era uma afir-mação, uma declaração de amor a um Ser que os gregos conheciampor revelação, por possuírem ainda ligação clarividente com o mundoespiritual. Era o “mundo das ideias” de Platão.

Ao nos aproximarmos da vontade divina e dos pensamentos cós-micos, naturalmente nos aproximamos dos propósitos que elegemoscomo propícios a nossas realizações, quando encarnamos. A “obranasce” servirá não só como contribuição nossa à humanidade, servirá

Algumas consideraçõessobre o Natal

Renato Pedrecal Jr.

também como farol quando da nossa próxima jornada, pois o que reali-zamos é o que importa na nossa caminhada através das encarnações, épor elas que respondemos e por elas que nos guiamos carmicamente.

Aproveitamos para destacar, com a proximidade do Natal, o gran-de acontecimento, que representa não algo que aconteceu há 2012anos, mas algo que acontece todos os anos nesta época, para o qualdevemos estar devidamente preparados, abertos. A singela troca depresentes, desvirtuada pelo consumismo dos nossos tempos, repre-senta o desejo de que no coração de cada um nasça a Força Crística,que a partir do evento que ficou conhecido na Antroposofia comoMistério do Gólgota, está à nossa espera. A troca de presentes origi-nou-se dos presentes levados à Criança Amada pelos reis magos,depois extensivos às crianças órfãs e desamparadas como recorda-ção do Menino Jesus, e finalmente extensivos a todas as crianças.

A chegada do Filho do Homem representou um acontecimento úni-co no desenvolvimento da humanidade, pois as hierarquias espirituaisjá estavam “esquecendo” dos homens, pelo afastamento destes e portoda sorte de infortúnios na caminhada evolutiva, efeito do livre-arbí-trio. Foi preciso que o maior dos Seres Solares encarnasse e, com estegesto, fizesse com que as hierarquias retomassem a atenção sobre nós.

Destacamos ainda que as 12 Noites Santas, a partir da noite deNatal, são uma oportunidade valiosa de termos um panorama de todoo ano que se inicia (os 12 meses, um mês a cada noite), portanto éinteressante estarmos atentos aos seus sonhos nessas noites, sepossível anotando, porque muita coisa é antecipada do que nos aguar-da durante o ano.

Ao nos dedicarmos unicamente aos prazeres da boa mesa, comseus respectivos excessos, e à representação material típica dos nos-sos tempos, figurada na troca de presentes, estamos a um tempodeixando de lado o significado profundo do Natal e nos aliando jus-tamente às forças que o Cristo, e só ele, pôde combater (sobre isso,interessante observar a escultura feita por Rudolf Steiner com o Re-presentante da Humanidade, chamada de “O Grupo”, pondo sob Seudomínio as forças adversas, escultura que se encontra no Goethea-num, em Dornach, Suiça), forças estas representativas da fuga damatéria e do excesso de vínculo a esta mesma matéria. O presente deNatal significa: saúdo o nascimento da Força Crística em vosso cora-ção. É o que desejamos aos leitores amigos do nosso GAMBOA e atodos os boanovenses.

(Renato Pedrecal Jr. é bacharel em Filosofia pela Unisul – Uni-versidade do Sul de Santa Catarina e servidor público federal emBelo Horizonte-MG)

Com o final da 4ª uni-dade e com, praticamen-te, todos os alunos pas-sados na disciplina deSociologia, lancei um de-safio para a turma: pedipara que os alunos esco-lhessem uma forma de se-rem avaliados. Vieramcom a proposta do Showde Talentos, organizadopela turma, em que todosos alunos do Colégio Es-tadual Dr. Edivaldo Ma-chado Boaventura fos-sem convidados a apre-sentar o “seu talento” eque os melhores, na opi-nião de jurados, seriampremiados.

Esta proposta desafi-adora, após aprovaçãoda direção da escola, pas-sou a ser avaliada pormim em todas as etapas,desde seu planejamentoe construção do projetoescrito, passando por to-

Show de T alentos do 3 o C

Apresentação do 3o Ano C, que na segunda foto conta com a presença da professora Sheyla Alencar (centro, de branco)

das as amarrações, ajus-tes e muitas discussõesem sala de aula até a che-gada hora da arrumação,decoração, instalação eapresentação. Foi surpre-endente! Todos sabiam oque fazer, onde se posi-cionar e o que iria acon-tecer, mas nem todos ima-ginavam que fechariamcom chave de ouro com

a apresentação do grupode teatro Fênix, formadopor alunos do próprio 3ºano C (Ensino Médio) etambém do 1º ano.

O trabalho em grupofoi espetacular e permitiuque cada um explorasseseu talento; me fez, maisuma vez, orgulhosa deser professora desta tur-ma na disciplina de Soci-

ologia, e também permi-tiu a descoberta de habi-lidades de alguns alunos,como os humoristas dasala – Josafá e WesleyRabib, assim como o lo-cutor Diego, não esque-cendo da equipe de co-ordenação do Show deTalentos – João Claudio,Raqueline e Jovane.

Um dos melhores re-

sultados de todo trabalhofoi a superação de obstá-culos como vergonha, timi-dez e limitação, além, lógi-co, da merecida nota máxi-ma para todos os alunos.

(Texto de SheylaAlencar – pedagoga eprofessora do ColégioEstadual Dr. EdivaldoMachado Boaventura)

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10 Gamboa Outubro/Novembro/12

Não se sabe ao certo comosurgiu o Muay Thai, mas a ver-são mais aceita por parte doshistoriadores e atletas é que setrata de uma arte marcial tailan-desa, também conhecida comoBoxe Tailandês, que surgiu hácerca de dois mil anos. Comotoda arte marcial asiática está li-gada à guerra, quando a Tailân-dia foi envolvida pelos birmane-ses, eles lutaram tanto com ar-mas de fogo quanto com o pró-prio corpo e usaramas técnicas de ataquee defesa que hoje sãoconhecidas como“arte dos oito mem-bros”. O praticantepode utilizar as mãos,os cotovelos, as per-nas e os pés para ata-car o adversário, mashoje em dia foramabolidas as armas.Com o passar do tem-po essa nobre arte so-freu algumas adapta-ções do boxe inglêscom divisões de pesosentre os lutadores erounds entre as lutas.

No Brasil e em ou-tros países do ocidente foram in-corporados também um sistemade graduação com uma cordatrançada em diferentes cores, co-locada no braço na altura do trí-ceps, chamada Kruang, simbo-lizando o nível de conhecimentodo aluno perante a equipe. NaTailândia não existe graduação,pois todo praticante treina paralutar; é o esporte nacional e umorgulho para eles, assim como ofutebol é para o Brasil.

O Muay Thai, hoje em dia, émuito procurado por pessoas dediferentes idades, desde as crian-ças até os adultos pelo nível deconcentração que proporcionauma vida saudável com a práticaesportiva, ajudando, assim, naqueima de calorias, na circula-

Dois momentos das aulas de Muay Thai nas dependências do Clube Social de Boa Nova. O esporte atraiu crianças, adolescentes e adultos

Muay Thai em Boa Nova

O professor Tiago Alves é um dos pioneiros do Muay Thai no município

ção, ganho de massa muscular,definição do corpo entre outrosbenefícios.

Praticante de Muay Thai des-de os 8 anos, Tiago Alves de Sou-za, 28 anos, natural de Vitória daConquista-BA e residindo atual-mente moro em Poções-BA, é oresponsável por levar essa artemarcial para Boa Nova. Comoele mesmo conta, a sua ligaçãocom a cidade começou em agos-to de 2006, quando foi convida-

do para iniciar o trabalho comesse esporte, por intermédio doprofessor Marcos Neves, tam-bém morador de Poções.

“Ao iniciar o trabalho emBoa Nova, eu ainda não era pro-fessor oficialmente; era apenasinstrutor. Enfrentei vários obs-táculos, sendo um deles o maisdifícil: o preconceito da socie-dade, que, por não conhecer amodalidade, começou a descri-miná-la e a classificá-la sócomo violenta. Mas, com mui-to esforço e determinação, issofoi mudando; comecei a con-quistar a confiança das pesso-as, dos alunos, crianças, pais...Consegui, assim, firmar o meutrabalho e mostrar aos poucosque o Muay Thai que trabalho

forma, acima de tudo, o indi-víduo em cidadão de bem, com-promissado com a sociedade”,ressaltou Tiago.

Segundo mencionou o pro-fessor ao GAMBOA, hoje essamodalidade é vista com bonsolhos e como exemplo esporti-vo na cidade, seja por trabalhara disciplina do aluno, seja pordesenvolver o senso de hierar-quia e responsabilidade na for-mação de cidadãos de caráter

e responsáveis pelos seus atos,sendo este o maior objetivo,antes mesmo da competição. Onúmero de participantes do es-porte em Boa Nova supera 70alunos, entre crianças, jovense adultos de todas as idades.

Em 8 de março deste ano, naEscola Municipal Vandick Reid-ner Coqueiro, aconteceu o pri-meiro evento de Muay Thai nacidade, para o qual foram convi-dados o mestre Cleristom Bar-bosa e o mestre Robson Santos(de Feira de Santana) e o pro-fessor Sandro Gomes (de Po-ções). O mestre Cleristom mi-nistrou uma palestra com o tema“Técnicas do Muay Thai”, se-guida da graduação dos alunos.

“O evento foi muito impor-

tante para a comunidade boano-vense e abriu mais espaço e res-peito para o Thai. Enfrentamosmuitas dificuldades, pois não te-mos o apoio concreto por partedo poder público, que é a maiorforça do município, mas acredi-tamos que em 2013 essa reali-dade venha a mudar. Esperamosque esse apoio que tanto preci-samos seja imediato e concreto”,acrescentou Tiago Alves.

Ele informou que tem vári-os planos para o fu-turo da equipe NajaTigre (que atua emBoa Nova), a exem-plo da melhoria dosmateriais de treina-mento (luvas, cane-leiras, aparadores,protetores bucais eoutros) e da partici-pação de mais alunosem eventos impor-tantes na região.

No dia 16 de de-zembro próximo acon-tecerá no Clube Socialde Boa Nova, das 9 às13 horas, o segundoevento promovido porTiago para graduar os

alunos na categoria infantil e adul-ta. Estão confirmadas as partici-pações dos professores SandroGomes (Poções) e Alex Silva (Vi-tória da Conquista).

“Temos o desejo de realizarum grande evento em Boa Novapara apresentarmos a modalida-de aos boanovenses que aindanão tiveram o contato nem oprazer de assistir às aulas, quesão realizadas no Clube Socialnas terças e quartas-feiras, das19 às 20h30min para as crian-ças e das 20h40min às 22 ho-ras, para jovens e adultos. Dei-xamos aqui o convite para quempossa interessar em participardo Muay Thai e fazer parte des-sa cultura, que já pertence à BoaNova”, finalizou Tiago.