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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O SERVIÇO SOCIAL E A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS: O REDIMENSIONAMENTO DAS ESTRATÉGIAS DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO MERCADO DE TRABALHO Por: Luciana Aparecida Souza Orientador Prof. Carlos Cereja Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O SERVIÇO SOCIAL E A GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS: O REDIMENSIONAMENTO DAS

ESTRATÉGIAS DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

NO MERCADO DE TRABALHO

Por: Luciana Aparecida Souza

Orientador

Prof. Carlos Cereja

Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O SERVIÇO SOCIAL E A GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS: O REDIMENSIONAMENTO DAS

ESTRATÉGIAS DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

NO MERCADO DE TRABALHO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão de Recursos

Humanos.

Por: Luciana Aparecida Souza

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus amigos e marido que tanto amo e sempre estiveram

presentes nos mais diferenciados momentos da minha vida, me dando força

ou simplesmente fazendo rir da vida.

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DEDICATÓRIA

“Dedico esse trabalho e todas as minhas

conquistas a minha querida mãe.”

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RESUMO

O presente trabalho busca identificar as possiblidades de atuação do

assistente social na área de gestão de recursos humanos, em consonância

com seu projeto ético político profissional e as novas exigências que lhe são

postas em seu processo de trabalho. A abordagem do atual contexto das

organizações aponta esse profissional como importante ferramenta de suporte

técnico e especializado na atual redefinição das políticas de recursos

humanos, cuja estruturação almeja um novo comportamento produtivo do

trabalhador, baseado na confiabilidade e no envolvimento deste com os

objetivos da empresa.

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METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos pautaram-se em investigação teórica

com base em pesquisa bibliográfica, sendo utilizadas fontes diversas como

livros, documentos, legislações e material da internet que abarcam o conteúdo

necessário à discussão proposta.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Um breve panorama do atual contexto em que se insere a gestão

de Recursos Humanos nas organizações 11 CAPÍTULO II

As requisições postas ao assistente social na equipe de Recursos

Humanos das organizações 20

CAPÍTULO III

As estratégias de intervenção do Serviço Social na área de

Recursos Humanos 29 CONCLUSÃO 40

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 42

ÍNDICE 45

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INTRODUÇÃO

Atualmente vivenciamos a restauração do capitalismo ancorada à

reestruturação produtiva e aos novos mecanismos de acumulação do capital.

Nesse painel presenciamos a modificação de processos e relações de

trabalho, a redefinição das formas de concentração da riqueza e a ação

política das empresas e do Estado, como parte de um desenho mundial

amparado pela expansão do capital financeiro e pela nova divisão internacional

do trabalho. Tal processo de reestruturação interfere na organização da

sociedade e no conjunto das relações estabelecidas entre capital, trabalho e

estado.

O ciclo constante de mudanças e novas exigências de um mercado

globalizado afetam as formas de organização e gestão do trabalho coletivo

organizado pelos empregadores.

O conceito de recursos humanos vem dar suporte à racionalização

desse trabalho, visando aumento de produtividade, redução de custos e um

crescente comprometimento com o desenvolvimento social e humano.

Nesse contexto, pretende-se mostrar que os processos de trabalho dos

quais participa o assistente social vêm se redimensionando pelas mudanças

operadas, tanto na esfera da produção, quanto na do Estado e que o

profissional de Serviço Social tem sido amplamente requisitado a estar inserido

na área de recursos humanos tanto de empresas, movidas pela lógica da

lucratividade, como de organismos estatais ou privados que prestam serviços

públicos.

As organizações buscam a atuação dessa especialidade profissional,

em última instância, pela necessidade de manutenção e reprodução material e

espiritual da força de trabalho. Tal requisição se dá na expectativa de que sua

atuação intervenha em questões como a garantia dos níveis de produtividade,

amenização de conflitos, identificação de insatisfações individuais e coletivas e

assessoria a gerência.

Os atributos técnicos e comportamentais que conferem novas

dimensões à qualificação profissional e exigem um novo comportamento

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produtivo do trabalhador são igualmente requeridos aos assistentes sociais,

submetendo-os, embora de modo diferente, às novas formas de consumo e

controle da força de trabalho.

Em virtude do exposto, faz-se necessário compreender a amplitude da

contribuição do assistente social na política de gestão de pessoas e recursos

humanos junto às organizações.

Este estudo parte do seguinte questionamento: “qual o papel do

profissional de Serviço Social na composição das equipes técnicas de recursos

humanos?”, buscando apontar as possibilidades de atuação do assistente

social na área de gestão de recursos humanos, tendo como objetivos:

apresentar um breve panorama do atual contexto em que se insere a gestão

de RH nas organizações; contextualizar e apresentar as requisições postas ao

assistente social nas equipes de recursos humanos das organizações e

identificar estratégias de intervenção do Serviço Social na gestão de RH, que

reafirmem seu compromisso com o exercício de práticas democráticas e a

efetivação de direitos.

Sendo assim, trabalha-se com a hipótese de que o profissional de

Serviço Social é uma importante ferramenta de suporte técnico e especializado

na atual redefinição das políticas de recursos humanos presente nas

organizações, cuja estruturação almeja um novo comportamento produtivo do

trabalhador, baseado na confiabilidade e no envolvimento deste com os

objetivos da empresa.

O interesse para discussão desse tema surgiu da minha inserção como

servidora na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO-, no

cargo de assistente social em 2011. Estando inseridos em um setor de Serviço

Social subordinado ao Departamento de Recursos Humanos, buscamos

estudar e entender o papel da profissão nesse contexto.

No capítulo inicial serão abordados os conceitos de organização e

Administração de Recursos Humanos, colocando a importância do

desenvolvimento da Gestão de Pessoas e da abordagem estratégica.

No capítulo II será feita a contextualização e apresentação das

requisições postas ao assistente social nas equipes de recursos humanos das

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organizações, apresentando-se, inicialmente, o que é o Serviço Social e suas

possibilidades de intervenção.

Por fim, será abordada no último capítulo a identificação de estratégias

de intervenção do Serviço Social na gestão de RH que possibilitem reafirmar

seu compromisso com o exercício de práticas democráticas e a efetivação de

direitos, apontando as diferentes ações desenvolvidas pelo assistente social

nesse campo.

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CAPÍTULO I

Um breve panorama do atual contexto em que se insere

a Gestão de Recursos Humanos nas organizações

O ciclo constante de mudanças e novas exigências determinadas pela

dinâmica da acumulação capitalista e necessidade de integração a um

mercado competitivo e globalizado afetam as formas de organização e gestão

do trabalho coletivo organizado pelos empregadores.

A ampliação do conceito de recursos humanos e seu papel vem dar

suporte à racionalização do trabalho, visando aumento de produtividade,

reprodução de custos e um crescente comprometimento com o

desenvolvimento social e humano.

“A forte mudança nos cenários econômico, tecnológico e

de mercado, ocorrida nas últimas décadas, está exigindo

muito dos gestores para que consigam manter suas

organizações saudáveis em meio à instabilidade da era

pós-moderna. A globalização, marcada por um forte

processo de abertura econômica, mudou os padrões de

produção e a característica do trabalho. As mudanças

nunca aconteceram tão rapidamente e os executivos

precisam responder com rapidez e eficiência. Neste

momento, os paradigmas são revistos e desenvolve-se

uma nova visão a respeito da estratégia organizacional,

onde o alinhamento precisa atingir todas as áreas da

empresa, e com isso, o RH passa a ser, finalmente, visto

como uma área fundamental para o alcance dos

objetivos.” (BROCK, et al., 2006: 1-2)

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1.1 – As organizações e a Administração de Recursos

Humanos

A amplitude do conceito de organização pode ser alcançada quando

entendida a partir da cooperação entre seres humanos e sua necessidade de

interação uns com os outros. Tal necessidade baseia-se em características

naturais ao homem, cujos limites individuais de muitas de suas ações levam à

exigência de cooperação mútua para o alcance de objetivos não possíveis de

serem alcançados através de uma ação isolada.

As organizações são sistemas sociais complexos que envolvem pessoas

e suas heterogeneidades culturais, comportamentais, educacionais, étnicas

que se fazem representar por um conjunto de habilidades próprias capazes de

transformações no espaço empresarial.

É importante destacar duas ferramentas essenciais á existência da

organização: a cooperação e a habilidade de trabalhar com o outro. Para

Chiavenato (1999) é nesse espaço que o homem busca satisfazer diferentes

necessidades que perpassam os campos do trabalho, diversão, saúde, etc.

Uma organização reúne tanto fatores estruturais que se configuram

através das relações de poder e de autoridade nos níveis hierárquicos quanto

fatores dinâmicos que correspondem ao funcionamento dos subsistemas e ao

processamento de informações. Kanaane (1995) coloca que esses fatores se

integram entre si, dando forma e conteúdo aos processos existentes,

caracterizados por missão, objetivos, tecnologia, a própria estrutura e as

pessoas que dela fazem parte.

Dentro da caracterização das organizações, incluem-se entidades com

objetivos muitos diferentes, como escolas e universidades, empresas,

hospitais, igreja, exércitos.

Diversas modificações ocorreram na estrutura das organizações ao

longo dos anos. Alterações que provocam constantes impactos na sociedade e

na vida das pessoas, na medida em que além de compô-las, as interações

humanas influenciam e modificam as atitudes tomadas pelos grupos dentro e

fora das organizações.

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“(...) as organizações são propositada e intencionalmente

criadas e estruturadas para atingir determinados objetivos

e são continuamente redefinidas e reestruturadas à

medida que os objetivos são atingidos ou à medida que

descobrem meios melhores para atingi-los com menor

custo ou menor esforço ou ainda em função de mudanças

ambientais que exijam novas configurações. Uma

organização nunca chega a ser uma unidade pronta e

acabada, mas um organismo social vivo e em constante e

contínua mutação e desenvolvimento. Tudo na

organização deve ser visto dessa maneira. Algo como o

vir a ser e não apenas o que já é.” (CHIAVENATO,

1999:24-25).

Cabe destacar que a existência pautada na satisfação de necessidades

humanas não remonta às organizações a perfeita integração entre as suas

exigências e as necessidades e aspirações individuais. Há um grau de

interação entre indivíduo e organização que permite ao trabalhador encorajar-

se a desenvolver e empregar voluntariamente as suas capacidades, seu

conhecimento, sua competência, sua engenhosidade, de forma a contribuir

para o sucesso da empresa. Porém, como aponta McGregor (1992), esse

indivíduo, dotado de consciência, é um sujeito de escolhas e sua condição

ontológica não pode ser diluída no âmbito social, tampouco nos marcos de

uma organização ou empresa, de modo tal que a norma geral coincida de

forma absoluta com os interesses, pulsões e desejos subjetivos.

A capacidade de comunicar-se, alterar posturas e atitudes a partir da

sociabilidade experimentada faz com que diferentes características estruturais

e processuais estejam em evolução constante dentro das organizações.

Percebe-se que os processos organizacionais sofreram significativas

mudanças com o desenvolvimento da industrialização e posteriormente com a

fluidez da tecnologia da informação e a globalização da economia. Nesse

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contexto a evolução do reconhecimento e amplitude da capacidade dos

indivíduos nos processos de trabalho ganhou relevante espaço.

As empresas recebem destaque nesse sentido na medida em que têm

naturalmente criado e aprimorado conhecimentos e experiências em função de

novas práticas de recursos humanos. Tais práticas se apresentam como

resposta ao novo cenário globalizado, com vistas à qualidade, produtividade e

competitividade no mercado.

De acordo com Lima e Cosac (2005:236) a “característica social

marcante na empresa, em comparação as demais organizações, consiste em

ser ela a célula das relações de produção de uma sociedade e de ser fonte de

riqueza e poder.” As empresas são instituições econômicas através das quais

a necessidade de produção, de distribuição de bens e serviços é alcançada.

Administrar os recursos humanos nas organizações surgiu e evoluiu

como tarefa primordial ao desenvolvimento de interação com as pessoas que a

integram. Necessidades como seleção, admissão e demissão de

trabalhadores; registros, acompanhamento e avaliação do desempenho

profissional; qualificação, competências e intervenção junto aos trabalhadores

para que adequem condutas e posturas a cultura organizacional da empresa,

passaram a ser abarcadas por práticas voltadas a gerenciar recursos

humanos. Tal trabalho tem o papel singular de estabelecer formas de controle

objetivo e subjetivo da força de trabalho de modo tal que o uso desta

corresponda aos imperativos de produtividade e lucratividade da empresa.

O sucesso na era pós-moderna está intimamente relacionado à

inteligência da organização, sendo necessária a elaboração de uma política de

treinamento e desenvolvimento que cubra as necessidades impostas pela

estratégica organizacional. Os trabalhadores precisam ser qualificados para

conseguirem dar conta das constantes mudanças de mercado e também para

sentirem-se parte integrante das estratégias organizacionais.

A percepção de como lidar com os recursos humanos nas organizações

até o início da década de 90 passou de um entendimento das pessoas como

fatores estáticos de produção, sujeitos a regras e regulamentados de controle,

para uma visão de pessoas como recursos organizacionais a serem

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administrados. As mudanças no setor de recursos humanos possibilitaram

entender as pessoas como diferencial importante para a competitividade,

representando o investimento necessário para a inovação empresarial.

A concepção de Administração de Recursos Humanos está no bojo

desse novo panorama que ainda apresentava a função administrativa como

foco na dinâmica entre pessoas e organização. De acordo com Leite e

Albuquerque (2009) a função do RH era definida como mera extensão das

demais funções administrativas para o âmbito das relações humanas, tendo

papel fundamental na promoção do desempenho eficiente do pessoal.

Entende-se por recursos humanos na organização aquelas pessoas que

nela ingressam, permanecem e participam, independente de seu nível

hierárquico ou tarefa exercida dentro da divisão do trabalho. Administrar

recursos humanos tem, então, como intenção primordial, conquistar e reter

talentos na organização, de maneira consonante e favorável aos seus objetivos

e os individuais do trabalhador.

“Partindo-se da idéia de que a organização por si só não

existe, mas é um conjunto de pessoas que se valeu dela

para o atingimento de seus objetivos, quando se quer

estabelecer o caminho que a organização irá seguir nos

próximos anos (Estratégia), é fundamental que se procure

descobrir o que estas pessoas relacionadas com a

organização procuram para o seu futuro.” (ALMEIDA,

TEIXEIRA e MARTINELLI, 1993:14)

As políticas de gestão desses recursos humanos expressam não só as

diretrizes da organização no que se refere aos processos de gestão de

pessoal, mas também se configuram como elementos de mediação na relação

capital/trabalho.

Cabe destacar que a flexibilização da estrutura organizacional ocorrida

após os anos 1990 trouxe ênfase na mudança, inovação e conhecimento,

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como peça fundamental ao sucesso e competitividade organizacional diante da

rapidez com que a intensificação da concorrência se estabeleceu.

1.2 – Gestão de Pessoas: uma abordagem estratégica para

recursos humanos

O ciclo constante de mudanças e novas exigências no cenário do

mundo globalizado impõe a necessidade de introdução de formas de gestão de

recursos humanos diferenciadas. Reformulam-se os padrões de relação de

trabalho e o conhecimento do trabalhador ganha destaque como ferramenta de

sustentação e vantagem competitiva nas empresas.

“A cultura organizacional sofreu forte impacto do mundo

exterior e passou a privilegiar a mudança e a inovação

voltadas para o futuro e para o destino da organização.

As mudanças passaram a ser rápidas, velozes, sem

continuidade com o passado, trazendo um contexto

ambiental de turbulência e de imprevisibilidade.”

(CHIAVENATO, 1999:23)

Tal panorama trouxe novas e significativas características para

estruturação do mundo do trabalho, visto que o novo modelo de sociedade e

mercado centra-se na produção flexível e no trabalho intelectual e em grupo,

dando outro valor ao trabalho individual, característico da sociedade industrial.

Verifica-se que as práticas de RH vêm evoluindo para acompanhar as

transformações ocorridas a partir da reestruturação produtiva e intensificação

da concorrência no mercado, extremamente instantâneo e interativo.

A administração de recursos humanos ganha ao longo dos anos um

perfil estratégico onde se transformam suas funções e objetivos. Almeida,

Teixeira e Martinelli (1993) apontam a importância de novas redefinições

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estratégicas, reformas produtivas e reestruturação administrativas para alcance

dos objetivos organizacionais.

“A abordagem estratégica para recursos humanos surgiu

no início da década de 80, ressaltando o papel do RH no

planejamento estratégico da empresa e colocando

ênfase, primordialmente, no alinhamento entre gestão de

pessoas e estratégia organizacional entre as estratégias,

políticas e práticas de RH.” (ALBUQUERQUE, et al.,

2009:50)

A gestão estratégica de pessoas possui um papel desenvolvedor de um

ambiente inovador e criativo, sendo assim, um agente ativo de mudanças. As

organizações necessitam acompanhar tendências e mudanças atualmente

postas para o alcance de qualidade e competitividade no mercado. O RH

estratégico se contrapõe às restrições presentes na simples reação aos

acontecimentos, apresentando-se como um processo dinâmico e contínuo.

Gerir recursos humanos contempla atividades como, organizar,

desenvolver, coordenar e planejar técnicas capazes de promover o

desempenho eficiente do pessoal. Ao mesmo tempo a organização representa

o meio pelo qual as pessoas que com ela colaboram alcancem objetivos

individuais relacionados direta ou indiretamente com o trabalho.

“As políticas de recursos humanos (explícitas em

documentos ou discursos organizacionais, mas na

maioria das vezes implícitas e dedutíveis através de

práticas concretas das organizacionais) apresentam

caráter eminentemente reativo às forças externas e

dinâmica das relações internas à organização.” (FLEURY

e FISCHER, 1992:11)

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As autoras apontam tais forças, estando entre as externas: a ação do

Estado no processo de regulação das ordens social e econômica, na

formulação das políticas públicas, das leis e dos decretos; ação dos

movimentos sociais, sindicais e patronais, através de suas demandas,

posições ou reivindicações e ação do mercado, principalmente a do de

trabalho. Entre as forças ligadas à dinâmica interna, destacam: mudanças no

processo produtivo originárias de transformação tecnológica e/ou da

organização do processo de trabalho; mudanças no perfil da força de trabalho

em termos de qualificação, valores e comportamentos e ação da cúpula

diretiva da organização, quem realmente define as diretrizes do processo de

gestão de pessoal, já que as áreas responsáveis pela gestão de RH

configuram-se, geralmente, como executores das decisões vindas da direção.

É através da identificação, análise, estruturação e coordenação de visão

e metas da organização que o RH estratégico permite estabelecer a direção a

ser seguida para o alcance de objetivos. Contempla, assim, o desenvolvimento

e utilização eficiente do conhecimento em prol do crescimento da organização.

A restrição da área de RH a uma atuação meramente administrativa foi

dando lugar a políticas de gestão de recursos humanos, em conformidade com

a realidade institucional e assumindo a responsabilidade por novas funções e

intercâmbio contínuo entre todos os departamentos da empresa.

A inovação tornou-se fator essencial às organizações, atualmente

permeadas por novidades tecnológicas e sócio organizacionais, já que permite

o desenvolvimento de recursos humanos e ampliação de sua capacidade de

atuação. Chiavenato (1999:413) aponta que “os recursos humanos

apresentam incrível aptidão para o desenvolvimento, que é a capacidade de

aprender novas habilidades, obtendo novos conhecimentos e modificar

atitudes e comportamentos”.

As organizações passaram a perceber a importância do trabalho

integrado entre recursos humanos e os demais setores ou áreas, além da

necessidade de enriquecimento das atividades tradicionais de RH.

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“(...) a área de RH deve assumir um papel importante no

desenvolvimento da estratégia da organização na medida

em que cuida com mais propriedade de atrair, manter e

desenvolver as competências necessárias à realização

dos objetivos organizacionais.” (ALBUQUERQUE, et al.,

2009:52)

Diante do contexto exposto destaca-se que ao longo de algumas

décadas puderam ser observadas grandes alterações na organização da

produção, nos processos de trabalho e nas formas de intervenção estatal que

amparam tais mudanças. Como sinalizam Amaral e Cesar (2009) esse perfil

associado à adoção de novas tecnologias e um complexo conjunto de

inovações organizacionais imprimem novos requisitos aos trabalhadores,

modificam as condições de inserção no mercado de trabalho e rebatem nos

mecanismos de proteção social.

O processo de reestruturação inflexiona as políticas de recursos

humanos que abarcam o trabalho do assistente social, com destaque as

empresas, de onde surgem frentes de trabalho a esse profissional como:

gestão de recursos humanos; desenvolvimento de equipes; ambiência

organizacional; qualidade de vida no trabalho; etc. Não obstante percebemos a

ampliação da inserção do assistente social na área de recursos humanos ao

longo da década de 80 tanto em empresas públicas estatais quanto em

empresas privadas, confirmando a criação de novas necessidades sociais

impostas pela expansão do capital.

No próximo capítulo se busca contextualizar e apresentar as requisições

postas ao assistente social na equipe de recursos humanos das organizações,

compreendendo a delineação dos novos contornos ocorrida ao mercado de

trabalho desse profissional.

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CAPÍTULO II

As requisições postas ao assistente social na equipe

de Recursos Humanos das organizações

A alteração nos espaços sócioocupacionais e nas condições de trabalho

modificam a prática profissional e as respostas dadas pelos assistentes sociais

em sua atuação profissional.

Simionatto (2009:101) aponta que as novas exigências do mercado de trabalho

impõem ações e papéis profissionais crescentemente multifacetados, voltados

à eficiência técnica e à resolução imediata das problemáticas sociais.

“De fato, sendo o Serviço Social uma profissão inscrita na

divisão sóciotécnica do trabalho, a construção de seu

fazer ocorre a partir de demandas de diferentes

segmentos de classe, surgidas na heterogeneidade da

vida cotidiana. Tais demandas, constituindo-se como

objetos da ação profissional, indicam, no âmbito da

aparência, necessidades práticas essenciais à produção

e à reprodução da vida material dos sujeitos sociais.”

(SIMIONATTO:101)

A profissão adequa-se ao atual cenário de desenvolvimento do capital

que coloca ao serviço social contemporâneo novas demandas e competências.

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2.1 – A questão social e o trabalho do assistente social

As expressões do já referido desenvolvimento do capitalismo industrial e

apropria expansão urbana apresentam o contexto onde emerge a “questão

social”. Esta se configura como expressão do processo de formação e

desenvolvimento da classe operária e de seu posicionamento no cenário

político da sociedade. Da produção e reprodução dos meios de vida e de

trabalho derivam necessidades sociais que exigem profissionais qualificados

para o seu atendimento.

O reconhecimento das novas classes sociais emergentes não pôde ser

ignorado pelo empresariado e Estado, visto que a contradição latente entre

proletariado e burguesia exigiu intervenções nas suas relações, priorizando a

manutenção e preservação das bases de sustentação da produtividade e

poder então estabelecidos.

“O desenvolvimento das forças produtivas e as relações

sociais engendradas nesse processo determinam novas

necessidades sociais e novos impasses que passam a

exigir profissionais especialmente qualificados para o seu

atendimento, segundo os parâmetros de ‘racionalidade’ e

‘eficiência’ inerentes à sociedade capitalista.”

(IAMAMOTO, 2003:77)

O serviço social1 se gesta e desenvolve na perspectiva do Estado em

gerir serviços sociais como forma de enfrentamento da questão social que

evolui da caridade e filantropia praticada pelas classes dominantes para a

centralização e racionalização da prestação desses serviços pelo Estado.

1 No Brasil verifica-se o surgimento das primeiras Escolas de Serviço Social na década de 30, sendo regulamentada em 1957 com a Lei 3252. A profissão passou por mudanças que acompanharam as transformações da sociedade brasileira, o que estabeleceu a necessidade de uma nova regulamentação, expressa na Lei 8662 de 1993. No mesmo ano o projeto profissional e seu compromisso democrático foram expressos no Código de Ética da profissão.

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“O Estado busca enfrentar, também, através de medidas

previstas nessas políticas e concretizadas na aplicação

da legislação e na implementação dos serviços sociais, o

processo da pauperização absoluta ou relativa do

crescente contingente da classe trabalhadora urbana,

engrossado com a expansão industrial, como elemento

necessário à garantia dos níveis de produtividade do

trabalho exigidos nesse estágio de extensão do capital.”

(IAMAMOTO, 2003:77-78)

Como especialização do trabalho, o serviço social tem nas expressões

das desigualdades da sociedade capitalista madura seu campo de intervenção.

Fator primordial a ser entendido nesse contexto de globalização se dá no fato

de a produção social ser extensamente coletiva e o trabalho social, enquanto

a apropriação de seus frutos mantém-se privada e monopolizada em “setores”

da sociedade.

As mudanças operadas na esfera da produção e do Estado ao longo

dos anos vêm alterando os processos de trabalho do assistente social. Cabe

destacar que o objeto de trabalho do serviço social, a questão social, é

produzida conforme novas mediações históricas, nas suas múltiplas

expressões e vivências pelos indivíduos sociais.

(...) ao inserir o Serviço Social no âmbito das mudanças

históricas que alteram as relações de trabalho na

sociedade, buscando situá-lo como trabalho

especializado, dentro da divisão social e técnica do

trabalho coletivo, sobretudo nos processos de trabalho

que tem por alvo a produção e reprodução social da vida

das classes subalternizadas em nossa sociedade, a

preocupação é afirmar a profissão e as particularidades

de sua intervenção em face dos novos contornos da

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‘questão social’ e dos novos padrões de regulação com

que se defrontam as políticas sociais na

contemporaneidade.” (Yazbek, 2009:137)

O assistente social é um profissional que vende sua força de trabalho

especializada nas esferas governamental, empresarial, em organizações não

governamentais e entidades filantrópicas; segundo uma jornada de trabalho,

diretrizes, políticas, objetivos e recursos presentes na instituição empregadora.

Não obstante, verifica-se a autonomia2 de que dispõe esse profissional tanto

na consecução de suas ações quanto na definição de prioridades e formas de

execução de seu trabalho, buscando consonância com sua formação

profissional.

Tal autonomia decorre da natureza da especialização do trabalho desse

profissional, já que o mesmo atua junto a indivíduos e não coisas inertes.

Nesse sentido se destaca sua capacidade de intervenção no campo político

ideológico, no exercício do controle social e difusão de ideologias.

O assistente social intervém no âmbito das políticas sociais,

desenvolvendo tanto atividades que envolvem abordagem direta com a

população (entrevistas, atendimento social, visita domiciliar, orientações,

encaminhamentos, reuniões, trabalho com indivíduos, palestras, ações de

educação e organização popular, articulação com movimentos sociais, etc.),

como trabalhos de pesquisa, administração, planejamento, supervisão,

consultoria, assessoria e gestão de programas sociais.

2 Sobre autonomia profissional do serviço social ler IAMAMOTO, M. V., Revista Inscrita, Nº 3, 1998 – Dossiê CFESS.

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2.2 – O Serviço Social na área de gestão de RH das

organizações

“Ao longo de mais de três décadas, observamos

profundas alterações, seja na organização da produção,

nos processos de trabalho, seja nas formas de

intervenção estatal que dão amparo a essas mudanças.

Potencializadas pela adoção de novas tecnologias

associadas a um complexo conjunto de inovações

organizacionais, elas imprimem novos requisitos aos

trabalhadores, modificam as condições de inserção no

mercado de trabalho e rebatem nos mecanismos de

proteção social” (AMARAL e CESAR, 2009:412)

Nos anos 90 ocorreram alterações nos Setores de Recursos Humanos,

mudando-se inclusive sua denominação, Gestão de Pessoas, de Parceiros ou

Colaboradores, Gestão de Capital Humano e Gestão com Pessoas. A

requisição de profissionais com capacidade de manter-se informado sobre a

realidade social, econômica e política que o cerca, inserindo nessa conjuntura

a organização em que atua.

“Nessa concepção, as pessoas são vistas como

diferencial importante para a competitividade,

representando o investimento necessário para a inovação

empresarial. Nesse novo contexto da Gestão de Pessoas,

o Serviço Social vem assumindo papel de assessor nas

questões relacionadas à administração de pessoal, à

integração dos trabalhadores aos novos requisitos da

produção, à modernização das relações de trabalho, ao

tratamento das questões sociais/interpessoais que afetam

o cotidiano dos trabalhadores. Em alguns setores esses

profissionais vêm se tornando gerentes da área de

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Administração de Recursos Humanos.” (LIMA e COSAC,

2005:238)

O trabalho do assistente social ocorre tanto em empresas capitalistas,

movidas pela lógica da lucratividade, como em organismos estatais ou

privados que prestam serviços públicos, movidos por objetivos sócio políticos e

não lucrativos, o que delimita diferentes condições institucionais, meios e

recursos para seu trabalho.

Nesses espaços inscreve-se no processo de produção e reprodução da

vida social, sendo requisitado a apresentar resultados de seu trabalho na

reprodução da força de trabalho, da obtenção de metas de produtividade e

rentabilidade das empresas, na viabilização de direitos e prestação de serviços

sociais, afetando modos de pensar e comportamentos dos indivíduos em suas

relações sociais cotidianas.

Para Cesar (2010:126) o assistente social, pelo reconhecimento de seu

trabalho integrativo, é requisitado a atuar em RH para satisfazer necessidades

humanas, “contribuindo para a socialização do trabalhador de modo a

colaborar na formação de um comportamento produtivo compatível com as

atuais exigências das empresas”.

No espaço empresarial verificam-se alterações nas tradicionais

atribuições do assistente social, como afirma Iamamoto (1998), já que sua

atuação adquire prioridade e relevância na área de gestão de recursos

humanos, em ações que vêm se ampliando ao longo dos anos.

“(...) assessoria a gerência; atividades de recrutamento,

seleção, treinamento e reciclagem de pessoal; avaliação

de desempenho; administração de salários; prevenção e

atenção à saúde do trabalhador; prevenção de acidentes

de trabalho; programas de ‘qualidade total’, entre outros.”

(IAMAMOTO, 1998, pg. 17)

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Como aponta Mota (2010) a requisição do assistente social responde à

necessidade de se entregar a um técnico a administração racional e científica

dos serviços sociais geridos pela empresa. Tal racionalidade se baseia na

eficiência em administrar benefícios materiais e no caráter educativo de tal

administração, presente nas orientações a condutas “desviantes” do

empregado e sua família.

A especificidade e importância do trabalho de gerir recursos humanos

nas diferentes organizações são extremamente valorizados por seus gestores

em função da interferência que os problemas ou desvios de seus empregados

têm para o alcance de seus objetivos e para a manutenção da ordem

estabelecida no processo de trabalho. Daí a possiblidade de percebermos a

singularidade dos novos papéis colocados à profissão, como é o caso do

assessoramento à gerência, no trato de questões de caráter educativo e

orientador, que Cesar (2010) destaca possibilitar que os mesmos melhor

“administrem pessoas”, propiciando confiabilidade, amizade e satisfação de

seus colaboradores.

Nesse sentido Mota (2010:68) coloca a administração de conflitos como

uma função de destaque colocada ao serviço social nessa área. A priori,

portanto, pode-se afirmar que a organização solicita a ação profissional do

assistente social por entender que este é um elemento capacitado “para atuar

nos setores de Recursos Humanos, desenvolvendo atividades de caráter

educativo junto aos empregados, mediante prestação de serviços sociais”.

Como menciona Cesar (2010) a demanda tradicional ao serviço social mantém

seu espaço intacto, como a concessão de benefícios, o estabelecimento de

critérios de elegibilidade e a triagem socioeconômica. Continua sendo

solicitado a responder às questões que interferem na produtividade, como

absenteísmo, insubordinação, alcoolismo, e a executar serviços sociais que

assegurem a manutenção da força de trabalho.

O profissional é requisitado a compor equipes técnicas de RH para

substituir o trabalho improvisado, empírico e desarticulado, realizado por

funcionários com funções administrativas e modernizar o gerenciamento de

carências sociais do trabalhador.

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Para Lima e Cosac (2005) as atividades de planejamento, coordenação,

execução e avaliação de projetos estão implícitas na atuação dos assistentes

sociais independentemente da posição hierárquica que ocupam na empresa,

ao mesmo tempo em que se apresenta de forma clara a visão de muitos

dirigentes que lidam com Departamentos de RH, de que o assistente social

deve conciliar o inconciliável.

No que tange ao setor público verifica-se que nele o serviço social tem

encontrado o maior campo empregador, havendo destaque para as esferas

estadual e municipal. Porém, é importante sinalizar que a

desrenponsabilização crescente do Estado com as políticas sociais repassa tal

medida à sociedade civil e tem ampliado o crescimento das ONG’s na

formulação, gestão e avaliação de programas e projetos sociais.

“No campo das organizações, empresarias ou não, a área

de Recursos Humanos tem crescido como espaço

ocupacional dos assistentes sociais. Acompanhando ou

não os processos de reestruturação produtiva, a alteração

das formas de gestão da força de trabalho nas

organizações vem diversificando as requisições feitas aos

assistentes sociais. Esses têm sido chamados a atuar em

programas de ‘qualidade de vida no trabalho’, saúde do

trabalhador, gestão de recursos humanos, prevenção de

riscos sociais, círculos de qualidade, gerenciamento

participativo, clima social, sindicalismo de empresa,

reengenharia, administração de benefícios estruturados

segundo padrões meritocráticos, elaboração e

acompanhamento de orçamentos sociais, entre outros

programas.” (IAMAMOTO, 2005:130)

Para além de afirmar as novas exigências postas ao serviço social nas

diferentes organizações e seus departamentos de RH, se busca apontar aqui

que o assistente social deve atuar de acordo com os princípios e formação

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profissional, respondendo crítica e criativamente às exigências colocadas pela

reestruturação produtiva. No capítulo a seguir será sinalizada sua importância

e identificadas algumas estratégias de intervenção do serviço social na gestão

de RH, buscando reafirmar seu compromisso com o exercício de práticas

democráticas e a efetivação de direitos.

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CAPÍTULO III

As estratégias de intervenção do Serviço Social na área

de Recursos Humanos

Deve-se considerar o caráter contraditório presente no serviço social,

visto que este participa tanto do processo de reprodução dos interesses de

preservação do capital, quanto das repostas às necessidades de sobrevivência

e autonomia dos que vivem do trabalho. O exercício profissional que se

desenvolve no contexto das relações entre classes e o caráter contraditório de

seus interesses, não pode eliminar tal polarização de seu trabalho.

Conforme vem sendo exposto ao longo desse trabalho, um conjunto

diversificado de frentes de trabalho está posto ao assistente social em seus

espaços ocupacionais, destacando-se aqui, aquelas relativas à gestão de

recursos humanos.

Amaral e Cesar (2009) explicitam que no Brasil dos anos 70 e 80 houve

profundas alterações no mundo do trabalho e consequentemente na vida

social.

“Nesse movimento, a questão determinante é a

redefinição do processo de produção de mercadorias que

deverá permitir e potencializar o desenvolvimento da

dinâmica de acumulação. Isso resulta em mudanças na

organização da produção e do processo de trabalho, nas

estratégias de gestão da força de trabalho e nos sistemas

gerenciais que lhes servem de suporte. (AMARAL e

CESAR, 2009:417)

Podem-se constatar, nesse contexto, iniciativas do capital no sentido de

reproduzir novas formas de consumo, controle e reprodução material e

espiritual da força de trabalho.

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Principalmente nas empresas, espaço de trabalho onde o assistente

social foi inicialmente requisitado para o trabalho em Recursos Humanos, o

seu exercício profissional é perpassado por uma nova racionalidade técnica e

ideopolítica que “refuncionaliza o ‘tradicional’ em prol do ‘moderno’ e conjuga,

no campo das atividades profissionais, ‘velhas’ e ‘novas’ demandas, exigindo

dos assistentes sociais estratégias que assegurem sua legitimidade social”

(Idem:419).

A intervenção na propagação da colaboração entre empregado e

empregador e na neutralização das tensões inerentes às relações entre capital

e trabalho condiciona as requisições dessas organizações ao serviço social.

O que se busca salientar nesse capítulo é que o profissional de serviço social

deve considerar seu potencial crítico e relativa autonomia teórica, ética, política

e técnica a fim de direcionar seu exercício profissional aos interesses

fundamentais dos trabalhadores.

“Na atualidade, a forma ‘de ser no trabalho’ do assistente

social é marcada por um cenário, no qual coexistem

formas arcaicas e modernas de trabalho, ambientes em

que convivem terceirizados, subcontratados e

empregados ‘formais’, força de trabalho

superespecializada que lida com processos

informacionais dos mais sofisticados e, ao mesmo tempo,

trabalhadores que só necessitam de conhecimentos

básicos e estão expostos a condições precárias de

trabalho. Essa heterogeneidade no ambiente empresarial,

em que a capacidade de organização e de resistência se

torna cada vez mais diluída ou até mesmo inexistente, é

mediada pelo crescente desemprego de grande parte dos

trabalhadores, sob a justificativa de enxugamento de

quadros e de redução dos custos de produção.”

(Idem:423)

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A contribuição do profissional de Serviço Social na área de gestão de

Recursos Humanos tem como perspectiva o fortalecimento de uma gestão

democrática e participativa capaz de produzir, intersetorial e

interdisciplinarmente, propostas e ações que viabilizem a gestão em favor dos

trabalhadores, na garantia dos seus direitos.

Desse modo, o Serviço Social pode vir a contribuir para a construção de

formas de acesso aos recursos e informações, tendo em vista uma nova forma

de produção e organização social, desenvolvendo ações de enfrentamento à

fiscalização e controle do trabalho; ao individualismo e isolamento; e a

processos de trabalho que condicionam a exploração e alienação dos

trabalhadores.

Não se deve desconsiderar, então, que cabe ao assistente social em

seus diferentes espaços de trabalho, a prestação de serviços sociais que

contribuam para que as necessidades e interesses dos sujeitos adquiram

visibilidade na cena pública e possam ser reconhecidos. Como coloca

Iamamoto (2010) é imprescindível que este profissional estimule a organização

dos diferentes trabalhadores na defesa e ampliação de seus direitos,

especialmente os direitos sociais.

Na medida em que é chamado a atuar em ações que corroborem com

as estratégias de qualidade e produtividade, como programas de treinamento e

participativos, para mobilização ideológica à adesão do trabalhador às metas

da empresa, cabe ao profissional de Serviço Social formular análises críticas e

inovadoras às ações e programas desenvolvidos.

Amaral e Cesar (2009) apontam que a denúncia de questões como: o

aprofundamento da exploração, pela intensificação das pressões sobre o

trabalho; o crescimento da competitividade e rivalidade que dividem o coletivo

dos trabalhadores; a conversão da participação do trabalhador num meio de

cooptação política e apropriação do seu conhecimento; a manipulação dos

programas sociais como forma de angariar subsídios e incentivos fiscais ou

como estratégias de promoção e marketing social, é uma das formas de

articular estratégias de ação ao projeto ético político profissional.

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Tal Projeto tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como

valor ético central e o compromisso com a autonomia, equidade e justiça

social, sendo vinculado à proposta de construção de uma nova ordem social

sem dominação e exploração de classe, etnia e gênero. São o Código de Ética

e a Lei de Regulamentação da Profissão instrumentos fundamentais para

efetivação de um projeto profissional voltado a um exercício de qualidade,

competente e crítico. O desafio colocado ao assistente está em alinhar os

objetivos da organização, seus objetivos profissionais e as reais necessidades

dos trabalhadores.

Nesse sentido, uma das possiblidades de atuação do assistente social,

nas diferentes organizações, sejam elas públicas ou privadas, está associada à

gestão de recursos humanos para o desenvolvimento de programas e

ações voltadas à saúde do trabalhador. Cabe destacar que essa forma de

atuação do serviço social está associada ao entendimento da saúde do

trabalhador como expressão concreta das relações sociais e que, conforme

Olivar (2010), o recrudescimento das condições de trabalho, o qual atinge o

trabalhador, é uma das expressões da questão social que constitui a matéria-

prima ou objeto do trabalho do assistente social.

Seguindo as transformações trazidas pelos movimentos sociais da

reforma sanitária, a discussão sobre saúde do trabalhador ganha relevância,

sendo traduzida de forma ampliada como um processo de vida do trabalhador

ligado à totalidade das relações sociais e aos processos históricos que

abrange as condições de trabalho, de organização da produção, de

remuneração e as de vida (acesso à habitação, transporte, alimentação,

saneamento, educação, segurança, lazer, previdência, assistência social e

etc.).

Freire (2010) coloca que até 1997 a saúde do trabalhador parecia

constituir objeto de consenso da classe trabalhadora, sendo ponto de luta e

ferramenta para o crescimento dos conselhos e comissões voltados ao

assunto, porém somente a partir de 2003, perceberam-se novos estímulos à

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revitalização da política de saúde voltada ao trabalhador3. Nesse período

constata-se que os avanços sobre a discussão do tema demandam a

construção de base legal e normativa que contemple diretrizes políticas para a

atenção e a promoção da saúde do trabalhador.

“Se o local de trabalho é o espaço no qual os processos

organizativos estão disponibilizados para alcançar

determinados fins, é importante perceber que os

elementos que o integram não são homogêneos, pois os

trabalhadores criam vínculos e regras próprias, e nem

sempre obedecem ao dito, ao mensurável, ao controlável.

A observação dessas práticas de trabalho, bem como das

relações delas decorrentes, tornam-se pertinentes em

estudos que buscam compreender a relação do

adoecimento com o trabalho.” (MENDES e WÜNSCH,

2011:468)

A Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador – PNSST –

proposta pelo Grupo Executivo Interministerial de Saúde do Trabalhador –

GEISAT –, institucionalizado pela Portaria Interministerial nº 800, de 30/05/05,

define diretrizes, responsabilidades e mecanismos de financiamento, gestão,

acompanhamento e controle social, com o objetivo de orientar os planos de

trabalho e ações intra e intersetoriais no âmbito da saúde do trabalhador.

Porém ainda não há “efetivação da PNSST em decreto presidencial, para

assim viabilizar efetivamente as propostas nela contidas”. (Idem:469)

3 Freire (2010) destaca que a primeira medida foi a retomada das Conferências de Saúde do

Trabalhador, depois de onze anos, articuladas com as Conferências de Saúde nas três

instâncias governamentais, juntamente com a multiplicação desse instrumento e dos Conselhos

Municipais de Saúde, mais a implantação de Conselhos Gestores de Saúde e desenvolvimento

de Comissões de Saúde do Trabalhador nos Conselhos de Saúde. A segunda referiu-se à

efetivação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast).

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Mendes e Wünsch (2011) apontam que o campo da saúde do

trabalhador, pela sua natureza multidimensional e seu caráter interdisciplinar,

vem demarcando diferentes espaços sócio-ocupacionais para o Serviço Social,

requisitando sua intervenção em serviços como: de saúde e segurança no

trabalho, vinculados a empresas e instituições; de vigilância e educação em

saúde; nas comissões de saúde do trabalhador; em trabalhos de assessoria e

consultoria e em organizações de ensino e pesquisa em saúde.

A importância de tal intervenção se dá na atuação junto a características

presentes nos processos e relações de trabalho que podem causar desgaste à

saúde física e psíquica dos trabalhadores, e consequente desmotivação e

desestímulo ao trabalho coletivo.

“(...) a carga social (de origem externa e interna), na sua

dimensão particular do local de trabalho (coexistindo, em

relação, com a dimensão da universalidade societária),

ela é construída e reproduzida no próprio processo de

trabalho, expressando-se em fatos como desigualdade,

autoritarismo, privação de poder de enfrentamento direto,

coerção, chantagem e outras decorrentes da posição

social na divisão, processo e organização do trabalho,

incluindo-se as questões de gênero, idade e etnia,

embutidas nas demais. Ela se revela sob todas a formas

de ‘violência simbólica’, implicada nas relações

sóciopolíticas dos sujeitos em face da realidade deste

processo, o que é evidenciado na pesquisa.” (FREIRE,

2010:102)

Ainda considerando a intervenção junto à saúde do trabalhador,

destaca-se a capacidade do assistente social de trabalhar em equipes com

caráter interdisciplinar, objetivando e facilitando a intersetorialidade e a

interface do tema com as demais políticas sociais.

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Pressupõe ao assistente social conhecimento teórico-metodológico,

intencionalidade crítica e clareza ética que se expresse no compromisso com a

transformação e superação de seu objeto de trabalho. A busca pela

compreensão e desenvolvimento dos seguintes fatores: relações que envolvem

o processo saúde-doença e trabalho; capacidade de leitura crítica da

realidade, de análise sócioinstitucional e de articulação com rede de serviços;

postura investigativa, interpretativa, ética, reflexiva, relacional, propositiva,

capacidade de mobilizar pessoas, profissionais e instituições; capacidade de

trabalhar interdisciplinarmente, no planejamento, gestão, execução e

implementação de políticas e sua avaliação, aparece como algumas das

competências do serviço social em recursos humanos fundamentais ao

desenvolvimento de seu trabalho.

Diante do exposto quanto às contribuições do assistente social na área

de gestão de recursos humanos e as diferentes frentes de trabalho que esse

campo permite, cabem elencar algumas das ações e atividades realizadas por

esse profissional nas organizações, mantendo-se sua perspectiva de atribuir

respostas concretas as demandas colocadas e o compromisso com os

interesses e necessidades dos usuários, viabilizando processos contínuos de

conscientização quanto a seus direitos e estímulo a incorporação do

trabalhador como sujeito protagonista na efetivação de seus direitos.

Ações desenvolvidas pelo assistente social na composição das equipes

de recursos humanos das organizações:

• encaminhamento de providências e prestar orientação aos funcionários,

seus familiares e comunidade em geral sobre direitos e deveres

(normas, códigos e legislação), serviços e recursos sociais;

• realização de atendimento individual e sigiloso, assim como

acompanhamento de funcionário ou familiar, quando necessário;

• planejamento, coordenação e avaliação de planos, programas e projetos

sociais em diferentes áreas de atuação profissional (seguridade,

educação, trabalho, habitação e outras);

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• desenvolvimento de parcerias com setores da organização e outras

instituições;

• orientações e/ou encaminhamentos quanto a direitos e benefícios, tais

como: licença para tratamento de saúde, auxílios, pensão alimentícia,

auxílio funeral, etc.

• intervenção nas relações de trabalho (chefe/funcionário) quando

solicitados;

• encaminhamento e providências relativas aos benefícios e recursos

oferecidos pela instituição;

• orientação, encaminhamento e/ou acompanhamento na área da saúde;

• realização de visitas domiciliares, hospitalares e institucionais;

• orientação, intervenção e acompanhamento de processos, como de

aposentadoria por invalidez;

• organização de ações sócio-educativas que atendam o interesse da

comunidade da organização;

• estímulo a avaliação dos funcionários sobre seu ambiente e processo de

trabalho;

• realização de ações voltadas a vigilância, promoção e reabilitação à

saúde, na intervenção sobre os determinantes da saúde do trabalhador,

interferindo nos ambientes e formas de organização do trabalho;

• fomento a propostas de formação e qualificação continuada dos

profissionais;

• divulgação e estímulo a avaliação constante do trabalho do assistente

social na instituição;

• criação de campos de estágio e supervisionar diretamente estagiários

de Serviço Social, estabelecendo articulação com as unidades

acadêmicas;

• construção de perfil socioeconômico (habitacional, trabalhista e

previdenciária) dos usuários, evidenciando as condições determinantes

e condicionantes de saúde, com vistas a possibilitar a formulação de

estratégias de intervenção;

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• elaboração de estudos socioeconômicos dos usuários e de suas

famílias, para subsidiar a construção de laudos e pareceres individuais

ou conjuntos (em matéria de serviço social), com vistas à garantia de

direitos e de acesso aos serviços;

• ênfase aos determinantes sociais da saúde dos usuários, familiares e

acompanhantes por meio de abordagens individual e/ou grupal;

• fortalecimento dos vínculos familiares, na perspectiva de incentivar o

usuário e sua família a se tornarem sujeitos do processo de promoção,

proteção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde;

• construção de novo modelo assistencial e de gestão, promovendo a

articulação entre o ensino-pesquisa e a assistência; a democratização

da instituição; o controle social; a ampliação da consciência sanitária; a

integralidade das ações; e a interdisciplinariedade entre as ações e a

equipe;

• busca da intersetorialidade, tendo em vista realizar ações que

fortaleçam entre as políticas de seguridade social, superando a

fragmentação dos serviços e do atendimento às necessidades sociais;

• articulação de forma interdisciplinar com profissionais de saúde, numa

perspectiva mais coletiva e participativa, que favoreça o

desenvolvimento da consciência sobre a relação existente entre saúde e

trabalho;

• democratização de informações sobre a rede de atendimento e direitos

sociais;

• realização de atividades socioeducativas nas campanhas preventivas;

• elaboração e divulgação de materiais socioeducativos como folhetos,

cartilhas, vídeos, cartazes e outros que facilitem o conhecimento e o

acesso dos usuários;

• realização de atividades em grupo com usuários e suas famílias,

abordando temas de seu interesse;

• estímulo ao protagonismo dos usuários, familiares e trabalhadores de

saúde em espaços democráticos de controle social, contribuindo na

organização dos usuários enquanto sujeitos políticos para que possam

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lutar por melhores condições de vida, trabalho e de acesso aos serviços

de saúde, inscrevendo suas reivindicações na agenda pública da saúde;

• formulação de estratégias coletivas para a política de saúde do

trabalhador da instituição, bem como para outras esferas por meio de

organização e coordenação de seminários e outros eventos;

• participação em seminários, cursos, congressos, encontros de

pesquisas, objetivando apresentar estudos, investigações realizadas e

trocas de informações entre os diversos trabalhadores da saúde;

• qualificação do trabalho da equipe de saúde do trabalhador por meio de

assessoria e/ou educação continuada para o melhor funcionamento das

atividades e ações do Serviço, projetando e avaliando

permanentemente a prática;

• assessoria a gerência;

• realização de trabalho interdisciplinar e trabalho conjunto com os setores

e atividades de recrutamento, seleção, treinamento e reciclagem de

pessoal, assim como avaliação de desempenho;

• elaboração, proposição, divulgação e zelo pelo cumprimento de

Políticas, programas, normas e regulamento de segurança e saúde do

trabalhador, atuando nos eixos de Promoção e Vigilância, Assistência e

Perícia;

• desenvolvimento de projetos voltados para a identificação, avaliação e

controle dos fatores de risco, sugerindo ações que interfiram nas

relações sócio-profissionais, organização, reconhecimento profissional,

elo trabalho e vida social, motivações e relações com o trabalho;

• incentivo a implantação de CIPA´S

• desenvolvimento de projetos na área de saúde mental;

• contribuição para a realização de exames periódicos que permitem

avaliar a condição de saúde e identificar de maneira precoce doenças

relacionadas ou não ao trabalho;

• realização de projetos de acompanhamento ao servidor em estágio de

aposentadoria por invalidez; reversão da aposentadoria; pré-

aposentadoria (PPA) e pós-aposentadoria;

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• participação em cursos oferecidos pelo órgão para inovar o

conhecimento em diversas áreas e melhor entendimento da gestão de

Recursos Humanos na organização.

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CONCLUSÃO

As alterações na organização e processos de trabalho, em consonância

com o desenvolvimento da acumulação capitalista estruturam a postura

imposta à manutenção das organizações na sociedade.

A área de RH dos espaços organizacionais é uma das ferramentas

essenciais ao alinhamento de estratégias pautadas no alcance dos objetivos

propostos pelas diferentes organizações. O papel de desenvolvimento de

forma estratégica e sua propriedade de atrair, manter e desenvolver as

competências dos trabalhadores deve ser por ela enfatizado.

As pessoas devem ser entendidas como detentoras de conhecimento e

habilidades importantes ao enriquecimento da organização, superando a visão

de RH como restrito às atividades robotizadas e burocráticas, que visam tão

somente à garantia de produtividade e controle do trabalhador.

O trabalho do assistente social passou ao longo doas anos a ser exigido

na composição das equipes de recursos humanos. As requisições postas ao

Serviço Social nesse campo de atuação buscam substituir o improviso,

desenvolvendo ações de gerenciamento das necessidades do trabalhador.

Verifica-se a importância do profissional de Serviço Social na área de

gestão de Recursos Humanos, na medida em que viabiliza o fortalecimento de

uma gestão democrática e participativa, capaz de produzir propostas e ações

com vistas à garantia de direitos do trabalhador.

Desse modo, o Serviço Social contribui para a construção de formas de

acesso aos recursos e informações, tendo em vista uma nova forma de

produção e organização social, desenvolvendo ações de enfrentamento a

situações como a fiscalização e controle do trabalho, o individualismo e

isolamento, assim como os processos de trabalho exploradores e alienantes.

Conforme o exposto ao longo desse trabalho, tal profissional tem

relevante atuação junto à socialização do trabalhador e a formação de um

comportamento produtivo compatível com as exigências organizacionais,

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prestando serviços sociais e assessorando na administração de recursos

humanos de acordo com suas competências e formação profissional.

Deve ser colocada não só a importância da intervenção profissional do

assistente social, nesse contexto, para o seu contratante, mas também a

necessidade de garantia do desenvolvimento de um trabalho norteado e

compromissado ao projeto profissional, voltado para a equidade e liberdade do

sujeito.

Destaca-se, então, a relevante contribuição do profissional de Serviço

Social na área de gestão de Recursos Humanos, tendo como perspectiva o

fortalecimento de uma gestão democrática e participativa, capaz de viabilizar

propostas e ações para uma gestão em favor dos trabalhadores e a garantia

dos seus direitos.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Um breve panorama do atual contexto em que se insere a gestão

de Recursos Humanos nas organizações 11

1.1 - As organizações e a Administração de Recursos Humanos 12

1.2 - Gestão de Pessoas: uma abordagem estratégica para

recursos humanos 16

CAPÍTULO II

As requisições postas ao assistente social na equipe de Recursos

Humanos das organizações 20

2.1 - A questão social e o trabalho do assistente social 21

2.2 - O Serviço Social na área de gestão de RH das organizações 24

CAPÍTULO III

As estratégias de intervenção do Serviço Social na área de

Recursos Humanos 29

CONCLUSÃO 40

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 42

ÍNDICE 45