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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A CONTRIBUIÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS À QUALIDADE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Por: Simara Roberta Träsel Orientadora Prof. Aleksandra Sliwowska Rio de Janeiro Abril de 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A CONTRIBUIÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS À

QUALIDADE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Por: Simara Roberta Träsel

Orientadora

Prof. Aleksandra Sliwowska

Rio de Janeiro

Abril de 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A CONTRIBUIÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS À

QUALIDADE NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Engenharia de

Produção.

Por: Simara Roberta Träsel

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DEDICATÓRIA

A Ricardo Nader, com amor, dedico este

trabalho.

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RESUMO

O Gerenciamento de Riscos à Qualidade (Quality Risk Management –

QRM) pode representar um importante componente do sistema da qualidade

na indústria farmacêutica, garantindo a alta qualidade dos medicamentos

produzidos pela organização.

Uma vez realizado corretamente todo o processo de gerenciamento de

riscos, aliado à aplicação da(s) ferramenta(s) adequada(s), o resultado tende a

facilitar o processo de melhoria contínua, diminuindo o número de desvios da

qualidade e, conseqüentemente, contribuindo para um crescimento (tanto

físico, quanto de parcela do mercado) ordenado da organização, evitando,

também, o desperdício de recursos pessoais e financeiros.

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METODOLOGIA

A fim de obter as informações necessárias ao desenvolvimento do

presente trabalho, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica em compêndios

nacionais e internacionais, consulta de guias publicados e artigos científicos da

plataforma CAPES.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I - Processo de gerenciamento de riscos à qualidade 10

1.1 - Responsabilidades 12 1.2 – Início do Processo 12 1.3 – Avaliação de Risco 13 1.4 – Controle de Risco 16 1.5 – Comunicação de Risco 17 1.6 – Revisão de Risco 19

CAPÍTULO II - Ferramentas 22

2.1 – Ferramentas Básicas 22 2.2 – Failure Mode Effects Analysis - FMEA 22 2.3 – Failure Mode Effects Criticality Analysis - FMECA 24 2.4 – Fault Tree Analysis - FTA 24 2.5 – Hazard Analysis and Critical Control Points - HACCP 25 2.6 – Hazard Operability Analysis - HAZOP 26 2.7 – Preliminary Hazard Analysis - PHA 27 2.8 – Risk Ranking and Filtering 27 2.9 – Ferramentas Estatístcas de Apoio 28

CAPÍTULO III - Aplicações potenciais 32

3.1 – Gestão Integrada da Qualidade 32 3.2 – Atividades Regulatórias 34 3.3 – Desenvolvimento 34 3.4 – Instalações, Equipamentos e Utilidades 35 3.5 – Produção e Validação 36

CONCLUSÃO 37 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39 FOLHA DE AVALIAÇÃO 41

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INTRODUÇÃO

A produção e o uso de medicamentos implicam necessariamente em

certo grau de perigo. A qualidade do produto deve ser mantida durante todo o

ciclo de vida do produto, de forma que as características que são importantes

para a qualidade dos medicamentos permaneçam consistentes com as

utilizadas nos estudos clínicos (ICH, 2005).

Incontáveis problemas se manifestam em qualquer parte do ciclo de

vida do produto, desde a aquisição de matéria-prima, incluindo a fabricação, a

armazenagem, as operações de transporte até o uso pelo consumidor final.

Tais eventos inesperados podem ocasionar impactos no desempenho do

produto, comprometendo sua eficácia ou segurança. Desse modo, desvios de

qualidade do produto podem ocasionar, além de prejuízos financeiros ou

desgastes de marca ou imagem da empresa, danos ao paciente,

representando, portanto, um problema de saúde pública (ANVISA, 2009; ICH,

2009).

Um efetivo gerenciamento de riscos à qualidade pode ainda garantir a

alta qualidade do medicamento, proporcionando um meio para identificar e

controlar potenciais problemas de qualidade durante o desenvolvimento e

produção. Adicionalmente, o uso de gerenciamento de risco pode melhorar a

qualidade das tomadas de decisão, quando surgir um problema relacionado à

qualidade (ICH, 2005).

Considerando o ambiente com muitas exigências por parte dos

reguladores, o gerenciamento de riscos à qualidade pode ser decisivo para a

continuidade das operações de indústrias farmacêuticas. Isto porque as

autoridades regulatórias têm demonstrado forte preocupação com o assunto, o

que se reflete na publicação de guias e orientações, e no aumento das

exigências quanto à comprovação de que os riscos são devidamente

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identificados e considerados na tomada de decisão (ANVISA, 2009; ICH,

2009).

O gerenciamento de riscos à qualidade é um componente valioso de

um sistema de qualidade eficaz, uma vez que fornece instrumentos para

identificação e controle de potenciais problemas surgidos durante todo o ciclo

de vida do produto (ICH, 2005).

Desde a década de 1990, algumas indústrias farmacêuticas já realizam

esse trabalho, utilizando guias de outras áreas com experiência anterior no

assunto, como alimentícias e de dispositivos médicos. Porém, a implantação

do gerenciamento de riscos não é padronizada e freqüentemente não está

integrada ao sistema de qualidade destas organizações. Este cenário está

começando a ser alterado com a publicação do guia Quality Risk Management

ICH Q9 – International Conference on Harmonisation of Technical

Requirements for Registration of Pharmaceuticals for Human Use

(Gerenciamento de Riscos à Qualidade – Conferência Internacional de

Harmonização de Requerimentos Técnicos para Registro de Medicamentos

para Uso Humano). O guia Q9 foi lançado em novembro de 2005 e foi

integralmente aceita pelo FDA (agência americana regulatória dos mercados

de alimentos e medicamentos) em 2006 (Carvalho, 2009).

No Brasil, como a abordagem de gerenciamento de riscos para a

qualidade e análise de riscos ainda não é normativo, estas ainda são

timidamente utilizadas pelas indústrias farmacêuticas com as exigências de

validação de processos, mas o conceito deverá servir como elemento

fundamental na implantação dos sistemas de qualidade nas empresas

(Carvalho, 2009).

Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo identificar as

possibilidades de aplicação do processo de gerenciamento de risco à

qualidade, seus princípios e ferramentas. Foram definidos três objetivos

específicos, a fim de direcionar o desenvolvimento do trabalho: (1) analisar os

fundamentos teóricos do gerenciamento de riscos à qualidade; (2) levantar os

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requisitos regulatórios pertinentes; (3) identificar oportunidades para introdução

do gerenciamento de riscos à qualidade na produção.

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CAPÍTULO I

PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS À

QUALIDADE

O gerenciamento de riscos é um processo sistemático para avaliação,

controle, comunicação e revisão dos riscos à qualidade de um medicamento

ao longo de seu ciclo de vida (ICH, 2005).

Risco é comumente definido como uma combinação da probabilidade

de ocorrência de um dano e a da severidade deste dano (ICH, 2005), o que, no

caso da indústria farmacêutica, se refere principalmente a possíveis prejuízos à

saúde do paciente (ANVISA, 2009; ICH, 2009). Assim, a implementação de

gerenciamento de riscos à qualidade tem como propósito garantir que as

características de qualidade do produto permanecem aquelas avaliadas

durante os estudos clínicos e registradas nos órgãos regulatórios,

minimizando, com isso, a possibilidade de adição de outros riscos ao paciente

(ICH, 2005).

A referência mais freqüentemente citada e consultada pelas indústrias

farmacêuticas a respeito de gerenciamento de riscos à qualidade é o Q9 – ICH

Harmonised Tripartite Guideline, Quality Risk Management (QRM). Este guia

foi elaborado por um grupo de trabalho do ICH, tendo sido recomendado para

adoção pelos órgãos reguladores da União Européia, Japão e Estados Unidos.

O propósito do documento é fornecer orientações sobre os princípios e

algumas ferramentas de gerenciamento de riscos à qualidade aplicáveis a todo

ciclo de vida do produto.

Todas as etapas do gerenciamento de risco à qualidade devem ser

baseadas em conhecimento científico, considerando prioritariamente a

proteção ao paciente (ANVISA, 2009). Um modelo de gerenciamento de riscos

à qualidade é representado na Figura 1, na qual é exposto o modelo Q9.

Outros modelos podem ser admitidos, desde que incorporem as fases

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previstas. A extensão de cada passo deve ser proporcional ao risco específico

para a indústria, porém não se deve negligenciar nenhuma das etapas. Da

mesma forma, o nível de esforço, a formalidade e a documentação do

processo de gerenciamento de riscos à qualidade devem acompanhar o nível

de risco (ICH, 2005).

Figura 1: Modelo de Processo de Gerenciamento de Riscos à

Qualidade (ICH, 2005)

A seqüência dos passos do modelo é compreendida de cima para

baixo no fluxograma, acompanhando-se o sentido das setas. No entanto,

também são previstos retornos às etapas anteriores, sempre que se percebe a

necessidade de apuração de informações adicionais ou de revisão de

constatações anteriores. O termo “inaceitável” na figura não se refere apenas a

requisitos regulatórios, mas também à necessidade de rever o processo de

avaliação de risco (ANVISA, 2009; ICH, 2005).

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1.1 - Responsabilidades

As atividades de gerenciamento de riscos à qualidade são geralmente

conduzidas por equipes interdisciplinares, que agregam especialistas de

diferentes áreas (por exemplo, controle e garantia da qualidade, metrologia e

validação, assuntos regulatórios, pesquisa e desenvolvimento, produção,

estudos clínicos, engenharia) e profissionais que detém o conhecimento sobre

o processo de gerenciamento de riscos à qualidade (ICH, 2009; ICH, 2005).

Numa esfera hierarquicamente superior a esse grupo de trabalho, deve

haver uma equipe responsável pela tomada de decisão da organização que se

responsabilize pela coordenação do gerenciamento de riscos à qualidade entre

as várias funções e departamentos, além de garantir que o processo seja

definido, implantado e revisado, assegurando também a disponibilidade de

recursos adequados (ICH, 2005).

1.2 – Início do Processo

Primeiramente, faz-se necessário planejar o processo de

gerenciamento de riscos à qualidade, o que significa definir o problema,

realizando já algumas suposições pertinentes que auxiliem na identificação de

riscos potenciais. Além disso, reúnem-se informações básicas a respeito do

risco potencial, do dano ou do impacto deste sobre a saúde humana que sejam

relevantes para a avaliação de risco (ICH, 2005).

Nesta etapa é interessante definir também o líder do trabalho, assim

como os recursos requeridos. Outras definições importantes são cronograma,

resultados esperados e níveis adequados de tomada de decisão para o

processo de gerenciamento de riscos (ICH, 2005).

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1.3 – Avaliação de Risco

A avaliação de risco consiste na identificação dos perigos e análise e

estimativa dos riscos associados à exposição a esses perigos. A avaliação

engloba três tarefas: identificação, análise e classificação de risco. Esta etapa

começa com uma criteriosa descrição do problema ou questão de risco, o que

fundamentará a seleção posterior de uma ferramenta apropriada para o

gerenciamento (ICH, 2005).

A identificação de risco consiste do uso sistemático de dados ou

informações – hard data/information ou soft data/information – para reconhecer

os perigos relacionados ao problema. A Tabela 1 indica os diferentes tipos e

fontes de dados ou informações, explicitando a diferenciação entre hard e soft

data/information (ICH, 2005; PGQ, 2009).

Tabela 1: Tipos e Fontes de dados/informações que podem ser utilizados na

Identificação de Riscos (PGQ, 2009)

Tipo Fonte

Hard Soft

Qualitativo Atributos Suposições

Ambos

Fatos

Resultados de Análises

Tendências

Observações

Experiências

Quantitativo Medições

Variáveis

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A determinação dos limites na fase de identificação de risco ajuda a

definir quais os dados relevantes para se distinguir os perigos potenciais, o que

mantém o foco do trabalho e evita desperdício de tempo e recursos (ICH,

2005).

Um interessante recurso para facilitar a visualização de perigos

potenciais é o mapeamento do processo em questão, considerando as

interfaces dos processos, por se tratar de uma zona onde problemas

costumam passar despercebido (ICH, 2009).

O resultado da identificação de risco é uma lista de perigos conhecidos

e potenciais, baseada na informação disponível naquele momento. Devido à

limitação do conhecimento disponível, assume-se que, apesar dos esforços

empreendidos, sempre haverá riscos não-identificados e outros não-

identificáveis na organização, o que é comumente chamado de risco residual

(PGQ, 2009).

O risco associado aos perigos identificados é estimado durante a

análise de risco, o que pode ser feito de forma qualitativa ou quantitativa (ou

uma combinação delas). Em uma estimativa qualitativa, o resultado da análise

é uma expressão descritiva do nível de risco (por exemplo, baixo, médio ou

alto), sendo que numa análise quantitativa é gerada uma pontuação numérica

(PGQ, 2009; ICH, 2005).

Nesta fase, realiza-se uma ponderação entre a probabilidade de

ocorrência e a severidade do dano. Algumas ferramentas consideram também

a detectabilidade, ou seja, a capacidade de perceber o dano, como um dos

parâmetros para estimar o risco (ICH, 2005).

Na análise de risco, indica-se, sempre que possível, optar por hard

data ao invés de soft data, a fim de conferir maior confiança ao resultado, uma

vez que soft data representa uma adição de opinião subjetiva ao processo

(PGQ, 2009).

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Deve ser selecionada a ferramenta de análise de risco mais apropriada

ao processo em questão, considerando, para tanto, as vantagens e

desvantagens relacionadas a cada ferramenta. Na Tabela 2 apresenta-se um

resumo das vantagens e desvantagens referentes aos diferentes tipos de

ferramentas (PQG, 2009).

Tabela 2: Vantagens e Desvantagens dos Tipos de Ferramentas (PGQ, 2009)

TIPO VANTAGENS DESVANTAGENS

Qualitativo

Rápido;

Utilização de soft data;

Necessidade de treinamento restrito;

Aparentemente fácil de verificar.

Resultados imprecisos;

Diferenciação inferior entre os níveis

de risco.

Semi-

Quantitativo

Superior diferenciação de risco em

relação à abordagem qualitativa;

Bom equilíbrio entre vantagens e

desvantagens de outras ferramentas.

Insuficiente para um processo de

gerenciamento de riscos à qualidade

maduro.

Quantitativo

Resultado preciso;

Boa diferenciação entre riscos;

Inclusão de análise de

detectabilidade;

Fornece priorização clara entre os

riscos.

Dependência de hard data;

Necessidade de treinamento e

experiência;

Freqüente confusão entre falha e

efeito;

Demanda de mais tempo,

principalmente no início;

Dependência de especialistas para

estimar probabilidade, severidade e

detectabilidade.

A classificação de risco, por sua vez, representa uma comparação

entre o risco identificado e analisado, e um critério de risco. Portanto, é preciso

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definir tal critério ou nível tolerável de risco, o qual depende do produto e da

criticidade de sua utilização. No entanto, o estabelecimento do nível tolerável

de risco deve se basear em argumentos lógicos e científicos (ICH, 2009; ICH,

2005).

É importante lembrar que, mesmo seguindo as etapas estabelecidas e

documentando as constatações e conclusões ao longo de todo o estudo, toda

avaliação de risco carrega em si certo grau de incerteza. Esta limitação é

proveniente da combinação entre o conhecimento incompleto sobre o processo

e sua variabilidade, esperada ou não. Portanto, para aumentar a confiança na

avaliação de risco, deve-se identificar as limitações, revelando as suposições

feitas e as fontes razoáveis de incerteza (ICH, 2009).

O resultado da avaliação de risco é uma estimativa quantitativa ou uma

descrição qualitativa de riscos, classificados em dois grupos: acima do nível de

tolerância e abaixo do nível de tolerância, de acordo com os critérios que foram

definidos no início da avaliação do risco (ICH, 2005).

1.4 – Controle de Risco

O controle de risco contempla as tomadas de decisão para redução ou

aceitação dos riscos. De outra forma, pode-se dizer que o objetivo do controle

é reduzir o risco ao nível tolerável para a organização (PGQ, 2009; ICH, 2005).

A estratégia de controle de risco pode também incluir processos que

aumentem a detectabilidade dos perigos. Outra questão a considerar quando

se trata de controle de riscos é a possibilidade de introdução de novos riscos

ou de aumento da significância de outros riscos existentes como resultado do

controle implementado. Por isso, é indicado retornar à avaliação de riscos após

a definição das medidas de controle, para que seja possível identificar os

impactos de qualquer mudança, como evidenciado pela seta de retorno na

Figura 1 (ICH, 2005).

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A redução de risco compreende todas as ações direcionadas à

diminuição da severidade ou da probabilidade de um dano. Neste estágio,

várias soluções para reduzir ou eliminar riscos são apontadas. Contudo, nem

todas as soluções são práticas para implementação em um prazo razoável, ou

a um custo aceitável, ou mesmo tecnicamente viável. Portanto, deve-se fazer

uma priorização das ações propostas, considerando o balanço entre

benefícios, recursos disponíveis e a significância do risco (PGQ, 2009; ICH,

2005).

A aceitação de risco significa uma decisão formal de admissão dos

riscos que se encontram abaixo do nível tolerável ou daqueles que não podem

ser reduzidos no momento, por exemplo, devido à inexistência de tecnologia

apropriada. Embora a redução de risco represente a decisão mais adequada, o

processo de aceitação de risco deve demonstrar que a organização está

consciente a respeito de tais riscos, que devem ser monitorados, de modo que

seja possível reagir em tempo hábil (ANVISA, 2009; ICH, 2009: ICH, 2005).

1.5 – Comunicação de Risco

A comunicação de risco consiste do compartilhamento de informações

sobre o gerenciamento de riscos à qualidade entre os tomadores de decisão e

demais partes envolvidas, o que deve ocorrer em todos os estágios do

processo. O nível de detalhamento da comunicação varia conforme o público-

alvo, de modo a acompanhar as necessidades e expectativas dos envolvidos

(ICH, 2005).

O resultado final, assim como cada etapa, deve ser apropriadamente

comunicado e documentado. Na Tabela 3 são exemplificadas algumas das

entradas e saídas que podem ser comunicadas em cada estágio do processo

de gerenciamento de riscos à qualidade (PGQ, 2009).

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Tabela 3: Entradas e Saídas das Etapas do Processo de

Gerenciamento de Riscos à Qualidade (PGQ, 2009)

Etapa Entradas Saídas

Identificação

de Risco

Escopo;

Fases do processo;

Hard/soft data;

Suposições.

Perigos;

Riscos;

Mapa do processo;

Suposições.

Análise de

Risco

Resultado identificação de risco;

Escopo;

Hard/soft data;

Suposições;

Escolha da ferramenta de análise;

Racional.

Pontuação de análise de risco;

Altos riscos que requerem ação

imediata;

Ações.

Classificação

de Risco

Resultado análise de risco;

Nível tolerável de risco;

Racional;

Suposições.

Riscos ranqueados/ponderados;

Decisões/suposições feitas no

ranquemento;

Altos riscos que requerem ação

imediata.

Redução /

Aceitação de

Risco

Resultado classificação de risco;

Recursos;

Processo para controle;

Capabilidades;

Decisões;

Ações.

Recursos;

Processo para controle;

Suposições/racional;

Capabilidades;

Decisões;

Ações.

Revisão de

Risco

Resultado prévio do Gerenciamento de

Riscos à Qualidade;

Novos perigos/riscos;

Novos dados;

Mudanças.

Novos perigos/riscos;

Novas ações;

Mudanças.

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1.6 – Revisão de Risco

Um mecanismo para revisão e monitoramento contínuos dos riscos

deve ser implementado, uma vez que os modelos de riscos são altamente

dinâmicos. Novos conhecimentos e experiências relacionados ao sistema,

produto ou processo são considerados na revisão, quer sejam proveniente de

eventos planejados – como resultado da revisão periódica de produtos,

inspeções, auditorias e controle de mudança – ou não planejados – por

exemplo, oriundos da causa-raiz de uma investigação de desvio ou de um

recolhimento de produto (ICH, 2009; PGQ, 2009; ICH, 2005).

Certos acontecimentos ou fatores exigem a realização de uma revisão

de riscos, pelo fato de ser plausível que acarretem até mesmo uma alteração

nos resultados da avaliação de risco. Mudanças de especificação do produto

ou de matérias-primas; alterações no volume de produção; reclamações

críticas, eventos adversos graves ou recolhimento de produto; modificações na

legislação; resultados de auditorias ou inspeções; alterações em sistemas de

monitoramento são alguns dos exemplos de eventos que devem disparar uma

revisão de riscos, embora representem uma lista não exaustiva (ANVISA,

2009; ICH, 2005).

Diferentes ações decorrem da revisão de riscos. Primeiramente, é

possível que não se requeira qualquer ação no momento, uma vez que todos

os riscos são conhecidos e controlados. Nesse caso, a próxima revisão se dará

conforme a periodicidade definida pela organização (ao menos anualmente) ou

quando houver alguma nova informação ou mudança. No entanto, um evento

significativo pode invalidar a avaliação original, apontando a necessidade de

uma nova avaliação dos riscos (ICH, 2005).

O desempenho do próprio processo de gerenciamento de riscos

precisa ser avaliado. Para tanto, é preciso definir as ferramentas de medição

apropriadas, dentre as quais se incluem o resultado do Plano de Ações

Corretivas e Preventivas, os indicadores de desempenho, as análises de

tendência e benchmarking (ANVISA, 2009; ICH, 2005).

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A cada rodada do ciclo de gerenciamento de riscos à qualidade, uma

maior parcela do tempo disponível deve ser dedicada à melhoria da confiança

da estimativa de risco, agregando maior valor ao processo. Isto é viável,

porque, com a experiência, o tempo empregado em cada etapa tende a

diminuir e, com isso, há disponibilidade para pesquisa de dados e revisão de

suposições (PGQ, 2009; ICH, 2005).

O nível de maturidade do processo de gerenciamento de riscos cresce

com a prática. A Tabela 4 apresenta a evolução na percepção dos riscos a

partir da prática de gerenciamento de riscos à qualidade na organização (PGQ,

2009).

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Tabela 4: Maturidade do processo de Gerenciamento de Riscos (PGQ,

2009)

Nível de

Maturidade

Processo de

Risco Atitude Comportamento

Habilidade e

Conhecimento

Ceticismo

Inexistência de

processo

formal

Evita riscos Cultura de medo ou

culpa

Incompetência

inconsciente

Consciência

Uso de

processos

isolados

Crença

condicional

Reativo “apaga

incêndio”

Incompetência

consciente

Entendimento

e Aplicação

Enfoque

restrito

Aceitação

passiva Conformidade

Competência

consciente

Integração

Gestão de

riscos

integrada no

negócio

Compromisso

ativo

Tomada de decisão

baseada em riscos

Competência

inconsciente

Gerenciamento

Robusto

Revisão e

melhoria

regulares

Defensor Inovação Especialista

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CAPÍTULO II

FERRAMENTAS

Dentre as ferramentas mais utilizadas na avaliação de risco, podemos

citar: Ferramentas Básicas; Failure Mode Effects Analysis – FMEA; Failure

Mode, Effects and Criticality Analysis – FMECA; Fault Tree Analysis – FTA;

Hazard Analysis and Critical Control Points – HACCP; Hazard Operability

Analysis – HAZOP; Preliminary Hazard Analysis – PHA; Risk Ranking and

Filtering; e Ferramentas estatísticas de apoio (ICH, 2005).

É importante lembrar que nenhuma das ferramentas é aplicável a

qualquer situação no gerenciamento de riscos à qualidade.

2.1 – Ferramentas Básicas

Ferramentas freqüentemente utilizadas em gestão da qualidade são

aplicáveis na organização de dados e facilitam as tomadas de decisões, como

por exemplo, fluxogramas, listas de verificação, mapeamentos de processos e

diagramas de causa e efeito (diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe) (ICH,

2005).

2.2 – Failure Mode Effects Analysis (Análise de Modo e Efeitos

de Falha) - FMEA

FMEA pode ser definida como a ferramenta de gerenciamento de

riscos mais utilizada. O objetivo principal é analisar e modificar as etapas para

alcançar um melhor nível de confiabilidade no processo. FMEA foi

desenvolvida em meados da década de sessenta nos Estados Unidos pela

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NASA (National Aeronautics and Space Administration) para o projeto Apollo.

Posteriormente, este método continuou sendo aplicado em engenharia

aeroespacial e aeronáutica. Após este período, FMEA começou a ser utilizada

em tecnologia nuclear e na indústria automotiva. A Companhia Ford, na

América, foi a primeira empresa automotiva a integrar este método no seu

conceito de garantia da qualidade.

Devido ao aumento das exigências de qualidade, novas restrições

legais e a complexidade crescente do produto (ou processo), FMEA tornou-se

atualmente um sólido componente em matéria de garantia de qualidade.

Atualmente, FMEA é a ferramenta mais extensa e comumente utilizada,

especialmente na indústria automotiva, na Alemanha e na Europa (Bertsche,

2008).

FMEA foi a primeira ferramenta a ser empregada pelas indústrias

farmacêuticos no gerenciamento de riscos à qualidade. Fornece uma avaliação

dos potenciais modos de falha em um processo e seus prováveis efeitos nos

resultados ou no desempenho do produto. Uma vez que os modos de falha

estão estabelecidos, a redução de risco pode ser utilizada para eliminar,

conter, reduzir ou controlar as falhas potenciais.

O método de FMEA (que depende da compreensão do processo e do

produto) prevê a divisão de processos complexos em etapas mais facilmente

manejáveis, o que facilita a identificação dos modos de falha, dos fatores que

levam às falhas e dos prováveis efeitos.

FMEA pode ser empregada para equipamentos e instalações, sendo

também utilizada na análise de operações de produção, pois é capaz de

identificar elementos no sistema que o tornam vulnerável (ICH, 2005).

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2.3 – Failure Mode Effects Criticality Analysis (Análise de

Criticidade de Modo e Efeitos de Falha) - FMECA

FMECA foi desenvolvida formalmente na década de 1960 pela

indústria aeroespacial. O exército americano começou a usar FMECA na

década de 1970. Hoje, FMEA é adotada em muitos segmentos, como as

indústrias aeroespacial, militar, automobilística, eletricidade e mecânica.

FMECA combina análise de falhas e efeitos (FMEA), com análise de criticidade

(Chang et al., 2010).

Corresponde a uma extensão da FMEA, incorporando a investigação

do grau de severidade das conseqüências, suas respectivas probabilidades de

ocorrência e sua detectabilidade.

Para que essa análise possa ser realizada, as especificações do

produto ou processo devem ser estabelecidas.

Essa ferramenta pode identificar locais onde ações preventivas

adicionais podem ser adequadas para minimizar os riscos.

A aplicação de FMECA na indústria farmacêutica pode ser utilizada

para associar falhas e riscos ao processo produtivo. O resultado de FMECA é

uma pontuação de risco relativo de cada modo de falha, que é utilizado para

classificar os modos em função dos riscos relativos (ICH, 2005).

2.4 – Fault Tree Analysis (Análise de Árvore de Falhas) - FTA

FTA foi criada em 1961, junto às forças aéreas americanas. Seguindo

o exemplo da indústria aeroespacial, a indústria de energia nuclear descobriu

os benefícios desta ferramenta e passou a utilizá-la na criação e no

desenvolvimento de plantas nucleares. Depois disso, FTA também tem sido

aplicada em indústrias químicas, automobilísticas e de robótica (Ericson,

1999).

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A abordagem de FTA considera as falhas de funcionalidade de um

produto ou processo. Cada falha do sistema é avaliada a parte, porém a

ferramenta permite a combinação de múltiplas causas de falha por meio da

identificação de cadeias de causalidade. Os resultados são representados na

forma de uma árvore de modos de falha, organizada em níveis em que as

combinações de modos de falha são descritas com operadores lógicos (e, ou,

etc.).

FTA pode ser utilizada na investigação de reclamações e desvios, pois

ajuda na organização das causas e suas combinações, o que pode levar ao

entendimento da causa-raiz (ICH, 2005).

2.5 – Hazard Analysis and Critical Control Points (Análise de

Perigos e Pontos Críticos de Controle) - HACCP

HAACP foi desenvolvida na década de 1960 pela indústria alimentícia

americana e pela NASA. As bases do sistema HACCP é que ela é um controle

sobre o processo e não um controle do produto e que seu foco é o controle das

etapas do processo que são mais críticas à saúde dos consumidores. É uma

ferramenta amplamente utilizada na indústria de alimentos (Arvanitoyannis e

Varzakas, 2009).

HACCP engloba os seguintes passos: (1) análise de perigos e

identificação de medidas preventivas para cada etapa do processo; (2)

determinação dos pontos críticos; (3) definição dos limites críticos; (4)

estabelecimento de um sistema para monitorar os pontos críticos de controle;

(5) definição de ações corretivas para quando o monitoramento indicar que os

pontos críticos não estão sob controle; (6) desenvolvimento de um sistema

para verificação do desempenho do sistema de HACCP; e (7) estabelecimento

de um sistema de manutenção de registros.

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Esta ferramenta pode ser utilizada para identificar e gerenciar os riscos

associados a perigos físicos, químicos e biológicos, uma vez que o método

prevê a distribuição dos perigos entre essas três classes.

HACCP é mais útil quando se detém um conhecimento abrangente

sobre processo e produto para que seja possível fundamentar

apropriadamente a identificação dos pontos críticos de controle (ICH, 2005).

2.6 – Hazard Operability Analysis (Análise de Perigos e

Operabilidade) - HAZOP

Este conceito foi inicialmente desenvolvido na indústria química e

utiliza uma equipe multidisciplinar, para, através de uma abordagem criativa e

interativa, identificar os riscos potenciais existentes. Isso estimula uma análise

estruturada dos desvios potenciais do processo, permitindo aos fabricantes de

implementar medidas de controle preventivo. Ao final da análise, a equipe de

estudo deve ter identificado todos os riscos possíveis, as principais causas, e

apresentar uma série de prioridades para o controle baseado em um

entendimento claro do risco (Mayes e Kilsby, 1988).

Esta ferramenta parte do pressuposto de que os eventos de risco são

causados por desvios da concepção de projeto ou de funcionamento. Para

identificação dos perigos, o método propõe um brainstorming (técnica utilizada

em grupo para encontrar a solução para um dado problema, por meio da

geração indiscriminada de idéias em torno do tema) utilizando palavras-guias

(como não, mais, exceto, parte de) aplicadas a parâmetros relevantes.

HAZOP aplica-se a processos produtivos, incluindo produção

terceirizada, fornecedores, equipamentos e instalações, sendo principalmente

utilizada na indústria farmacêutica para avaliação de perigos quanto à

segurança dos processos. O resultado de uma análise HAZOP é uma lista de

operações críticas para o gerenciamento de riscos (ICH, 2005).

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2.7 – Preliminary Hazard Analysis (Análise Preliminar de

Perigos) - PHA

Baseando-se na experiência ou no conhecimento prévios da

organização sobre perigos e falhas, PHA tem por objetivo identificar as

situações ou os eventos futuros que podem representar perigos, estimando a

probabilidade de ocorrência para uma determinada atividade ou sistema.

Portanto, a ferramenta é útil no desenvolvimento de projetos, quer sejam

produtos, processos ou instalações.

A análise PHA começa com a identificação das possibilidades de que

um evento de risco aconteça. Em seguida, realiza-se uma avaliação qualitativa

do alcance dos possíveis danos relacionados. Os perigos identificados são

pontuados por uma combinação de severidade e probabilidade de ocorrência.

Finalmente, são definidas possíveis medidas de remediação.

Esta ferramenta é comumente utilizada nas etapas preliminares de um

projeto, quando ainda não se dispõe de informações detalhadas. A análise

realizada por PHA deve ser posteriormente aprofundada por meio de outras

ferramentas, conforme se avança na definição e no conhecimento dos

detalhes do projeto (ICH, 2005).

2.8 – Risk Ranking and Filtering (Hierarquização e Filtro de

Riscos)

Risk ranking and Filtering foi desenvolvida com a proposta de

priorização dos resultados de FMEAs. Esta metodologia de priorização de

riscos considera múltiplos fatores quantitativos, como estimativas, assim como

fatores qualitativos, como rankings (Haimes et al., 2002).

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Risk Ranking é uma ferramenta para comparação de riscos, que

envolve a partição de uma questão básica de risco em quantos componentes

forem necessários para apreender os fatores envolvidos no risco. Estes fatores

são, então, combinados em uma única pontuação de risco relativo, usada para

classificar os riscos.

Risk Filtering consiste na aplicação de fatores de ponderação à

pontuação de riscos, o que pode ser utilizado para ajustar a classificação aos

objetivos de gestão.

Este método adequa-se às situações em que se necessita classificar

riscos avaliados quantitativamente em conjunto com outros avaliados

qualitativamente (ICH, 2005).

2.9 – Ferramentas Estatísticas de Apoio

Ferramentas estatísticas facilitam e dão suporte ao gerenciamento de

riscos à qualidade. Elas possibilitam uma avaliação efetiva dos dados,

fundamentando, assim, a tomada de decisão de modo mais confiável. Algumas

das ferramentas estatísticas mais comumente utilizadas na Indústria

Farmacêutica são: gráficos de controle, Design of Experiments (Planejamento

de Experimentos), histogramas, gráficos de Pareto e Process Capability

Analysis (Análise de Capabilidade de Processo) (ICH, 2005).

Na Tabela 5, podemos visualizar um comparativo entre as aplicações

de diferentes ferramentas na análise de riscos.

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Tabela 5: Vantagens e Desvantagens das Metodologias (Carvalho, 2009)

Ferramenta Objetivos Aplicação Vantagens Desvantagens

FMEA Identificar,

analisar e

prevenir as falhas

potenciais, assim

como seus efeitos

e causas.

Definir as

medidas de

prevenção de

falhas, monitorar

e demonstrar a

eficácia destas

medidas.

Produtos

Processos

Maquinário

Instalações

Sistemas

Elevada flexibilidade por

sua ampla aplicação

Utilizada de maneira

prospectiva pode

evidenciar deficiências

que não haviam sido

contempladas

anteriormente

Não é útil para sistemas

muito complexos

FTA Identificar as

possíveis causas

de uma falha ou

conseqüência não

desejada de

forma a prevenir

sua repetição

Investigação

de

reclamações

e desvios

Trata-se de um

desdobramento gráfico

de uma cadeia de

eventos/acontecimentos

principais que podem

originar um

acontecimento

indesejável

Permite a identificação

de recursos necessários

para prevenir

acontecimentos

indesejáveis

É uma boa ferramenta

retrospectiva

Enfoque limitado: FTA

avalia somente um

acontecimento não

desejado

A quantificação dos

resultados requer uma

experiência prévia

significativa, já que é

complexo realizar

predições estatísticas

sobre o funcionamento

futuro do sistema

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Ferramenta Objetivos Aplicação Vantagens Desvantagens

HACCP Definir os pontos

críticos de

controle de um

processo

produtivo

estabelecido e

convertê-los em

pontos de

monitoramento

Todas as

etapas de

um processo

Estabelecer um sistema

através do qual se

obtenha um produto de

qualidade baseado na

prevenção e não na

análise do produto ao

final do processo

Os pontos críticos de

controle podem ser

equiparados com os

parâmetros críticos do

processo.

Permite melhoria

contínua e um maior

conhecimento do

processo

O sistema deve ser

revisado

periodicamente a fim de

incorporar as

modificações

introduzidas nos

processos.

Não é recomendável

aplicar em novos

processos ou processos

com poucos dados

históricos

Não existe sistemática

para avaliar o risco em

comparação com outras

ferramentas

HAZOP Aumentar a

segurança do

processo,

garantindo a

integridade do

projeto com

respeito aos

regulamentos e

normativas legais

vigentes

Instalações

Equipament

os

Contrastar distintos

pontos de uma planta

Aumentar o

conhecimento do

processo

Centrar as análises nas

áreas de maior risco

Técnica qualitativa. Não

existe uma estimativa

real da freqüência para

as causas que

produzem uma

conseqüência grave

As modificações

realizadas na planta

devem ser analisadas

com maior detalhe e

outros critérios

É muito dependente da

informação disponível

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Ferramenta Objetivos Aplicação Vantagens Desvantagens

PHA Utilizar

conhecimento e

experiência

prévia, para poder

identificar os

possíveis riscos

de um sistema

determinado,

realizando uma

avaliação de cada

um deles com

base em sua

severidade e

probabilidade

Instalações

Produtos

Sistemas

(em fase de

projeto ou

desenvolvim

ento)

É um método sensível e

muito fácil de utilizar

Prevê as possíveis

medidas corretivas a

serem aplicadas no

sistema para minimizar

os riscos

Se aplicado na fase de

projeto, pode fornecer

uma visão global dos

riscos que podemos ter

antes do “start up” do

projeto ou equipamento

Por sua natureza, não é

uma avaliação de riscos

completa (estimativa

preliminar)

Hierarquizaçã

o e Filtro de

Riscos

Obter uma lista

dos riscos

avaliados e

ordenados

segundo sua

criticidade

Em um

sistema com

riscos muito

variáveis

entre si e

com

conseqüênci

as muito

diversas

Permite priorizar ações

para diminuir os riscos

Útil quando se obtém

fatores muito diferentes

na avaliação de riscos

Amplamente aceito pelas

autoridades sanitárias

Deve ser realizada uma

boa justificativa para os

filtros

Requer revisão

freqüente, visto que o

ranking varia a medida

que vão sendo

implementadas as

ações para diminuir os

riscos

Ferramentas

Estatísticas

de Apoio

Servir de apoio

para as

ferramentas de

análise de risco

descritas

Para

compilar,

organizar e

analisar

dados

Servir de

base para a

obtenção de

conclusões e

tomada de

decisões

Facilita a interpretação

qualitativa a partir de

dados quantitativos

A representação gráfica

dos dados facilita a

compreensão da

informação

É necessário pessoal

com formação nestas

áreas e habituado a

trabalhar com estas

técnicas

Nem sempre é possível

obter toda a informação

necessária para

trabalhar com estas

técnicas

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · relevantes para a avaliação de risco (ICH, 2005). Nesta etapa é interessante definir também o líder do trabalho, assim como

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CAPÍTULO III

APLICAÇÕES POTENCIAIS

O gerenciamento de riscos à qualidade deve ser integrado às

operações da empresa. A seguir, são apontadas algumas das aplicações de

seus princípios e ferramentas em diversas áreas da Indústria Farmacêutica e

órgãos reguladores.

3.1 – Gestão Integrada da Qualidade

O gerenciamento de riscos à qualidade pode fornecer informações

para avaliação do potencial impacto à qualidade relacionado a uma

reclamação, tendência, investigação de não-conformidade ou resultado fora de

especificação. Pode ser aplicado também à comunicação de desvio e à

determinação de medidas adequadas para mitigar o dano, como por exemplo,

em caso de recolhimento de produto (ANVISA, 2009; ICH, 2005).

Em relação a auditorias e inspeções, as informações do

gerenciamento de risco podem orientar a definição do escopo e freqüência,

uma vez que as matrizes de risco são capazes de revelar a situação dos

processos (ICH, 2005).

Dentre as informações importantes para orientar o programa de

auditorias presentes na documentação do gerenciamento de risco, pode-se

citar: a existência de requisitos legais; a situação de conformidade e o histórico

da instalação; a robustez das atividades de gerenciamento de riscos à

qualidade; a complexidade da planta, do processo de produção e do produto; o

número e a relevância dos desvios de qualidade; os resultados de auditorias e

inspeções anteriores; as principais alterações das construções, dos

equipamentos, dos processos e do pessoal-chave; a experiência na fabricação

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do produto (freqüência, volume e número de lotes); e os resultados de ensaios

realizados por laboratórios de controle oficiais (ICH, 2005).

Com base nessas informações, a auditoria pode dedicar maior atenção

às atividades e áreas que oferecem maiores riscos. No entanto, o programa de

auditorias deve ser periodicamente revisto, para acompanhar a dinâmica de

monitoramento e revisão dos riscos. Quanto ao programa de treinamento, as

informações provenientes do gerenciamento de riscos podem ser úteis para

determinar a adequação dos treinamentos, com base em uma avaliação

periódica do seu resultado em relação ao processo executado (avaliação da

eficácia). Além disso, pode ser aplicado na definição da formação, da

experiência, das qualificações e das habilidades físicas que são requeridas

para que o profissional execute uma operação de modo confiável e sem

qualquer impacto negativo sobre a qualidade do produto (ANVISA, 2009).

As informações obtidas através do gerenciamento de riscos são úteis

na análise dos dados que formam a revisão periódica de produtos (que é uma

exigência por parte dos órgãos reguladores), pois facilita sua interpretação,

visto que os dados se tornam mais compreensíveis estando associados às

informações de monitoramento de processo. Assim sendo, o gerenciamento de

riscos aparece como um suporte à tomada de decisão a partir da revisão

periódica de produto, como por exemplo, no que diz respeito às necessidades

de revalidação ou mudanças na amostragem (ICH, 2005).

O gerenciamento de riscos pode fornecer à organização a competência

para gerenciar e controlar mudanças com base no conhecimento acumulado. A

organização se torna capaz de estimar potenciais impactos de quaisquer

modificações em instalações, equipamentos, materiais, processo produtivo ou

transferências de tecnologia na qualidade do produto final. Com isso, é

possível definir as ações que devem preceder a implementação de uma

mudança, tais como: testes adicionais, qualificação, validação e/ou

comunicação com os órgãos reguladores (ANVISA, 2009; ICH, 2009; ICH,

2005).

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3.2 – Atividades Regulatórias

As informações obtidas a partir do gerenciamento de risco interessam

também ao órgão regulador, que nelas encontra subsídios para tomada de

decisão no sentido de flexibilizar ou enrijecer seu relacionamento com a

indústria. Isto se reflete, por exemplo, na freqüência, no escopo e na duração

das inspeções (ANVISA, 2009).

Um melhor planejamento das inspeções, baseado em informações

confiáveis provenientes do produtor, auxilia o próprio órgão regulador a

otimizar a sua eficiência, pois possibilita uma alocação mais adequada de seus

recursos. Além disso, torna-se mais consistente a avaliação dos resultados de

inspeção, bem como a definição da forma de acompanhamento pós-inspeção

(ICH, 2005).

O órgão regulador encontra, ainda, respaldo para avaliar assuntos

relacionados à indústria, como a relevância de desvios de qualidade ou de um

potencial recolhimento, o impacto de mudanças ou variações, e informações

sobre o desenvolvimento de produtos (ICH, 2005).

3.3 – Desenvolvimento

A avaliação de risco ao longo do projeto de um produto fornece

subsídios para o aperfeiçoamento do desenvolvimento do produto e de seu

processo de fabricação, pois identifica antecipadamente possíveis problemas,

que podem, então, ser contornados de forma a assegurar o alcance do

desempenho esperado. Assim sendo, há um ganho quando o produto passa a

ser produzido para a comercialização, pois a variabilidade das características

de qualidade do produto ou do processo tende a diminuir (ICH, 2009; ICH,

2005).

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As informações a respeito dos riscos do projeto podem também

fundamentar a definição de especificações ao considerar as características

críticas de, por exemplo, matérias-primas, insumos farmacêuticos ativos e

materiais de embalagem (ANVISA, 2009).

Além disso, as conclusões sobre os riscos durante o estágio de

desenvolvimento podem indicar a necessidade de estudos complementares

relacionados, por exemplo, a aumentos de escala de produção e transferência

de tecnologia (ICH, 2005).

3.4 – Instalações, Equipamentos e Utilidades

Outra aplicação importante do gerenciamento de risco encontra-se na

determinação de diversos aspectos relacionados à elaboração de projetos de

edifícios e instalações (ICH, 2005).

Considerando que as características das instalações influenciam

fortemente as operações e, conseqüentemente, o desempenho dos processos

e dos produtos, a estimativa dos riscos tende a evitar possíveis problemas

futuros (ANVISA, 2009).

O gerenciamento de risco auxilia em diversas situações, podendo ser

citadas: o desenho dos fluxos de materiais e pessoal; a seleção de medidas

para prevenção de contaminação (cruzada ou microbiológica); a opção por

equipamentos abertos ou fechados; a escolha entre construção de áreas

limpas ou instalação de um isolador; e a decisão de dedicar ou não instalações

e equipamentos por produto (ICH, 2005).

Além dessas, tem aplicabilidade na determinação das características

requeridas para os materiais que entrarão em contato com o produto (partes

de equipamentos ou recipientes) e na definição das utilidades apropriadas

(vapor, gases, água, ar comprimido, etc.) (ICH, 2005).

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Tratando-se de calibração e manutenção preventiva, o conhecimento

sobre os riscos pode auxiliar no estabelecimento do cronograma dessas

atividades, bem como na identificação e na quantificação das peças de

reposição necessárias, o que é especialmente relevante quando se utilizam

equipamentos importados (ANVISA, 2009; ICH, 2009; ICH, 2005).

3.5 – Produção e Validação

Levando-se em consideração o planejamento da produção, o

gerenciamento de riscos à qualidade pode gerar uma flexibilização da rotina de

produção ou o seu relativo engessamento, em virtude dos riscos envolvidos.

Por exemplo, a seqüência e a simultaneidade de produtos podem representar

riscos à qualidade do produto, pois é possível que aumentem a chance de

contaminação cruzada (ANVISA, 2009).

Dessa forma, a avaliação dos riscos pode levar à conclusão de que

linhas de produção ou áreas dedicadas são mais apropriadas. Em outras

situações, o trabalho por campanha pode ser admitido ou mesmo a troca

freqüente de produtos, desde que os riscos relacionados se enquadrem abaixo

do nível tolerável (limite definido pela própria organização) (ANVISA, 2009;

ICH, 2005).

As informações obtidas no gerenciamento de riscos à qualidade são

muito úteis no delineamento de protocolos de validação, uma vez que

fornecem argumentos para determinação da criticidade dos processos e,

conseqüentemente, do escopo e da extensão das atividades de validação. Isso

se aplica não somente ao processo propriamente dito, como também aos

métodos analíticos e limpeza (ANVISA, 2009; ICH, 2005).

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CONCLUSÃO

Com base nas aplicações apresentadas, pode-se concluir que o

gerenciamento de riscos representa um facilitador para várias iniciativas de

melhoria contínua, ao longo de todo o ciclo de vida do produto. Isto porque os

dados são analisados segundo uma abordagem cientificamente válida e

transformados em informações, que são organizadas e comunicadas,

prestando-se aos mais diversos objetivos dentro do sistema da qualidade.

Dessa forma, pode-se trabalhar com uma base comum de informações, o que

promove a integração do sistema da qualidade, conferindo-lhe maior coerência

e aumentando a sua confiabilidade.

Com isso, a organização amplia o conhecimento sobre seus produtos e

processos, tornando-se capaz de tomar decisões mais acertadas quanto à

alocação de recursos, uma vez que o racional estruturado pelo gerenciamento

de riscos à qualidade pode fundamentar a priorização de ações.

Apesar de ainda não ser uma exigência regulatória no Brasil, a

tendência é que um número maior de empresas tenda a aplicar o conceito de

gerenciamento de riscos. Isso porque as ferramentas de análise de risco são

bem divulgadas, são simples, e não representam inicialmente um investimento

monetário. Além disso, as empresas que aplicam coerentemente o

gerenciamento de riscos à qualidade têm uma imagem privilegiada frente aos

órgãos reguladores, por demonstrarem a iniciativa de melhoria dos processos,

melhorando, conseqüentemente, a qualidade dos produtos.

Com a implantação de um gerenciamento de riscos à qualidade eficaz

torna-se possível, também, melhorar o rendimento da produção. Isso porque, a

partir do momento em que são conhecidas todas as vulnerabilidades dos

processos e dos produtos, faz-se possível a tomada de atitudes com

antecipação às falhas.

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A partir dessa antecipação, podem ser planejadas maneiras de

contornar, ao máximo, as situações de risco. Isso pode significar a redução de

desperdícios financeiros, uma vez que se reduz a probabilidade de ter lotes

reprovados, devoluções de produtos e efeitos adversos graves, que poderiam,

também, abalar a imagem da empresa. Em resumo, todo o processo de

gerenciamento de riscos passa a ser uma atitude estratégia a fim de proteger a

organização como um todo.

Contudo, é necessário que a organização defina suas estratégias de

gerenciamento de riscos à qualidade, a fim de que os modelos disponíveis

possam ser inseridos e alinhados às demais iniciativas, compondo-se um

quadro completo dos riscos da organização.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: A Contribuição do Gerenciamento de Riscos à

Qualidade na Indústria Farmacêutica

Autor: Simara Roberta Träsel

Data da entrega: 13/04/2010

Avaliado por: Conceito: