universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · o orçamento de projetos e obras públicas é...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ORÇAMENTO DE OBRAS PÚBLICAS
Por: Kiyomi Gondo
ORIENTADOR
Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ORÇAMENTO DE OBRAS PÚBLICAS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
de Projetos.
Por: Kiyomi Gondo
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AGRADECIMENTOS
Aos amigos, companheiros desta jornada,
apoiando e incentivando, mesmo nas horas
mais difíceis e aos professores, sempre
prontos a ensinar, e compreender as
dificuldades e limitações dos alunos
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Fabio Tetsuo Gondo,
sobrinho e afilhado e Silvana Bonfim,
grandes incentivadores, sempre presentes e
carinhosos, à querida e carinhosa irmã
Kazuyo Nakao e, aos meus pais In
Memorian.
.
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RESUMO
O orçamento de projetos e obras públicas é definido em legislações,
acórdãos e normas gerais. Este trabalho tem o objetivo de detalhar os
procedimentos necessários para a elaboração de orçamento de projetos e obras,
em especial os projetos e obras públicas,
No capítulo I, é definido o conceito de obras públicas, as condicionantes,
estudos de viabilidade e projeto básico, de acordo com as legislações.
No mesmo capítulo, são comentadas as exigências legais para licitação de
obras públicas.
No capítulo II, é abordado o método de orçamentação analítica, a
fragmentação de um projeto em Estrutura Analítica do Projeto, procedimento para
quantificação de serviços, custo unitário serviços apropriação de materiais, de
equipamentos, e de mão de obra. Em seguida é elaborada uma planilha de
orçamento analítico. Finalmente são abordadas as questões relativas ao
orçamento de obras públicas, que deverão estar de acordo com as legislações.
No capítulo III é abordado o Encargos Sociais, a definição as parcelas
incidentes, metodologia de cálculos das parcelas e o resumo de cálculos.
No capítulo IV é abordado o BDI - Benefícios e Despesas Indiretas de um
orçamento. As despesas a serem consideradas, os cálculos das parcelas e o
resumo de BDI de alguns autores e de instituições públicas
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METODOLOGIA
A metodologia foi baseada em estudos de publicações dos livros:
Orçamento de Obras em Foco do autor Roberto Sales Cardoso; Engenharia de
Custos, Uma Metodologia de Orçamentação para Obras Civis e Novo Conceito
de BDI, do Autor Paulo Roberto Vilela Dias; e Como Preparar Orçamentos de
Obras, do autor Aldo Doréa Mattos; de publicações de instituições públicas
como Tribunal de Contas da União, Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
Índices da Construção Civil (SINAPI), Sistema de Orçamento de Obras de
Sergipe (ORSE), publicações do Departamento Nacional de Infraestrutura
Terrestre – DNIT, Sindicato da Indústria de Construção Civil (SINDUSCON),
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - OBRAS PÚBLICAS 9
CAPÍTULO II - ORÇAMENTO 13
CAPÍTULO III – ENCARGOS SOCIAIS 28
CAPÍTULO IV – BENEFÍCIOS E DESPESAS INDIRETAS 39
CONCLUSÃO 52
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS 53
ÍNDICES 54
FOLHA DE AVALIAÇÃO 56
8
INTRODUÇÃO
Vários são os fatores que afetam o orçamento. A exatidão, confiabilidade e a
qualidade são condições necessárias tanto para cliente como para as empresas
executoras de obras, embora em alguns órgãos públicos, não seja dada devida
importância a esta atividade.
Segundo CAUL V. LUMMER, “Um orçamento pode ser definido como a
determinação dos gastos necessários para a realização de um projeto, de acordo
com um plano de execução previamente estabelecido, gastos esses traduzidos em
termos quantitativos”. (Livro sob título Planejamento, Orçamentação e Controle de
Projetos e Obras do autor CAUL V. LUMMER, Editora LTC, 1966),
A atuação rigorosa dos órgãos fiscalizadores como Controladoria Geral da
União e Tribunal de Contas da União, os quais passaram a cobrar, além do
cumprimento das obrigações legais da Lei nº 8.666/93, outras exigências, como
demonstração dos preços unitários, dos seus encargos sociais e do BDI,
revestindo esta atividade profissional de formalidades nunca antes exigida.
O objetivo deste trabalho tem o propósito de fornecer uma orientação para o
desenvolvimento de orçamentação de projetos e obras na área da construção civil,
principalmente, projetos de órgão públicos, de uma forma sucinta, uma vez que o
tema é bastante complexo e extenso.
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CAPÍTULO I
OBRAS PÚBLICAS
Definição
Obra Pública é definida por Lei1 como sendo toda construção, reforma,
fabricação, recuperação ou ampliação, realizada direta ou indiretamente. É direta
quando a execução é feita pelos próprios órgãos e entidades da Administração,
pelos próprios meios. A execução é indireta quando o órgão ou entidade contrata
com terceiros por meio de licitações.
1 - Condicionantes
1.1 - Programas de necessidades
Antes de iniciar o empreendimento, o Órgão Público deve levantar suas
principais necessidades, definindo o universo de ações e empreendimentos que
deverão ser relacionados para estudos de viabilidade. Esse é o programa de
necessidades.
Em seguida, é necessário que a Administração estabeleça as características
básicas de cada empreendimento, tais como: fim a que se destinam, futuros
usuários, dimensões, padrões de acabamentos pretendidos, equipamentos e
mobiliários a serem utilizados, entre outros aspectos. Deve-se considerar, também,
a área de influência de cada empreendimento, levando em conta a população e a
região a serem beneficiadas. Do mesmo modo, precisam ser observadas as
restrições legais e sociais relacionadas com o empreendimento em questão, isto é,
deve ser cumprido o Código de Obras Municipal da região.
______________________
1 – Art. 6º da Lei nº 8.666/1993
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1.2 - Estudos de viabilidade
A etapa seguinte é a realização de estudos de viabilidades, com objetivo de
eleger o empreendimento que melhor responda ao programa de necessidades, sob
os aspectos técnico, ambiental e socioeconômico.
No aspecto técnico, devem ser avaliadas as alternativas para a implantação
do projeto. A avaliação ambiental envolve o exame preliminar do impacto ambiental
do empreendimento, de forma a promover a perfeita adequação da obra com o
meio ambiente. A análise socioeconômica, por sua vez, inclui o exame das
melhorias e possíveis malefícios advindos da implantação da obra.
Durante esta etapa, deve ser promovida a avaliação expedita do custo de
cada possível alternativa. Uma das maneiras para isso é multiplicar o custo por
metro quadrado, custo este, obtido em revistas especializadas, em função do tipo
de obra, pela estimativa da área equivalente de construção, ou por analogia em
projetos equivalentes, calculada de acordo com a Norma da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT)2, obtendo desta forma, uma ordem de grandeza do
orçamento referente ao empreendimento. A estimativa permite prever a dotação
orçamentária necessária.
Para viabilizar o projeto é necessário verificar a relação custo/benefício do
empreendimento, levando em consideração a compatibilidade entre os recursos
disponíveis e as necessidades.
Concluídos os estudos e selecionada a alternativa, deve ser emitido um
relatório com a descrição e avaliação da opção selecionada, suas características
principais, os critérios, índices e parâmetros empregados na sua definição,
demandas que serão atendidas com a execução, e pré-dimensionamento dos
elementos, estimativa das dimensões de seus componentes e o valor estimado.
__________________
2 – NBR – 12.721/1993
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1.3 - Anteprojeto
Para projetos de maior porte maior, deve ser elaborado o anteprojeto, que
consiste na representação técnica da opção aprovada na etapa anterior. Deve
apresentar os principais elementos – plantas baixas, cortes e fachadas – de
arquitetura, da estrutura e de instalações em geral, do empreendimento, além de
determinar o padrão de acabamento.
Para projetos de obras públicas o anteprojeto não é suficiente para licitar,
pois ele não possui elementos necessários para a perfeita caracterização da obra,
pela ausência de alguns estudos que somente serão conduzidos nas próximas
fases. Ele apenas possibilita melhor definição e conhecimento do
empreendimento, bem como o estabelecimento das diretrizes a serem seguidas
quando da elaboração do projeto básico. A documentação gerada nesta etapa
deve fazer parte integrante do projeto.
1.4 - Projeto Básico
Definido o empreendimento, a próxima etapa é a elaboração de projeto
básico.
As Obras Públicas são regulamentadas pela Lei nº 8.666/93. Ela determina
que todas as licitações de obras públicas devam conter projetos básicos ou
executivos3.
O projeto básico é um dos elementos mais importantes na execução de obra
pública. Deve anteceder à licitação e receber a aprovação formal da autoridade
competente. Ele deve abranger toda obra e possuir os estabelecidos pela Lei das
Licitações:
- possuir os elementos necessários e suficientes para definir e caracterizar o
objeto a ser contratado;
- ter nível de precisão adequada;
- ser elaborado com base nos estudos técnicos preliminares que assegurem
_______________________
3 - Art. 7º da Lei nº 8.666/93
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a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento;
- possuir a avaliação do custo de da obra e a definição dos métodos executivos
e do prazo de execução.
Os Estatutos das Licitações determina, ainda, que o projeto básico contenha
entre outros aspectos4:
- a identificação clara de todos os elementos constitutivos do empreendimento;
- as soluções técnicas globais e localizadas;
- a identificação e especificação de todos os serviços, materiais e equipamentos
a incorporar à obra;
- orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos
de serviços e fornecimentos propriamente avaliados
1.5 - Licitação de Obras Públicas
As obras e serviços de orgãos públicos, para serem licitados obedecerão às
seguintes sequências, segundo a lei de licitações5:
I- projeto básico;
II- projeto executivo;
III- execução das obras e serviços.
A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e
aprovação, pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas
anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido
concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também
autorizado pela administração
_____________________
4 - Textos extraídos da publicação Obras Públicas. Recomendações Básicas para
a Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações Públicas, 2ª edição, do
TCU/2009, pag. 14.
5 - Art., 7º da Lei nº 8.666/93
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CAPÍTULO II
ORÇAMENTO
Conceito
Orçamento é um produto, único, temporal, oriundo do processo da
orçamentação, onde a técnica orçamentária envolve uma série de etapas.
Cada etapa, ordenada sequencialmente, com devida identificação, descrição,
quantificação e valorização monetária de cada item, leva à obtenção de um
conjunto de informações precisas que resultarão no seu sucesso. É único, em
função do local, geografia do terreno, clima, tempo, facilidades de acesso,
disponibilidade de materiais e equipamentos.
2 - Métodos de Orçamento
Os orçamentos podem variar em função do nível de sua pretensa finalidade,
ou disponibilidade de detalhamento dos projetos. Existem vários métodos. Nas
obras públicas, em geral, são utilizados os seguintes métodos:
- Método expedito: destina-se a atender uma necessidade de conhecer o
custo, em ordem de grandeza, de um determinado projeto, baseado em
experiências anteriores, ou pelo preço do mercado.
Para as obras públicas a lei não permite que a obra seja licitada quando o
seu valor é obtido por este método. Este método é utilizado somente para estimar
a dotação orçamentária para o projeto; e
- Método de orçamento analítico: fraciona-se o projeto em etapas
sucessivas em quantas forem necessárias, até atingir o nível, denominado de
serviços ou tarefas, de modo que o seus custos possam ser apropriados.
Em obra públicas, a Lei de Licitações6 determina a utilização de método de
orçamento analítico para que ela possa ser licitada.
___________________
6 – Art., 7º da Lei nº 8.666/93
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2.1 - Método de Orçamento Analítico
É o método mais adequado para se obter o custo estimado de um projeto, por
ser detalhado, conter quantidades e custos unitários de cada tarefa ou serviços
necessários para atingir o objetivo.
Os custos unitários são efetuados mediante a composição analítica de preços
unitários de cada serviço, levando em consideração os insumos ou elementos que
os constituem, como materiais, equipamentos e mão deobra, com seus respectivos
preços
Para uma correta orçamentação, é necessário que o orçamentista tenha a
posse do projeto com todas os documentos necessários, tais como escorpo,
especificações, memorial, licenciamento ambiental, período de execução da obra,
desenhos de projetos. De posse de todos estes documentos, se fará um estudo
detalhado do empreendimento, a fim de tomar ciência da abrangência do
orçamento a ser executada.
Analisado detalhadamente o projeto, são necessários os estudos de
condicionantes do local da obra, tais como as interferências legais, as dificuldades
logísticas, facilidades de acesso, geografia do terreno, disponibilidade de recursos
como materiais, mão de obra e equipamentos. Efetuados os estudos, inclusive
com visitas ao local do empreendimento, será efetuado o planejamento dos
serviços necessários à realização do orçamento, elaborando um relatório com
descrições detalhadas das especificidades. Sem o conhecimento detalhado do
projeto e das especificidades, o orçamento estará seriamente comprometido.
O passo seguinte será a criação da Estrutura Analítica do Projeto (EAP),
decompondo o projeto, por processo de fracionamento, em etapas menores, de
forma lógica, ordenando sequencialmente como será executada a obra, itenizando
e discriminando todos os serviços.
A EAP é de fundamental importância para as fases do processo de
orçamentação do projeto, até a conclusão de construção da obra. È através dela
que é elaborado o cronograma físico-financeiro da obra. Ela é específica para cada
obra em função da sua especificidade e complexidade, e cada profissional tem
uma visão da estrutura a ser desenvolvida
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A Estrutura Analítica do Projeto será decomposta em tantas etapas
necessárias e suficientes para avaliar com elevada precisão o custo do projeto.
Nas obras de edificação, na construção civil, ela deverá ter, no mínimo, o seguinte
formato e conteúdo:
2.2 - Estrutura Analítica do Projeto
A Estrutura Analítica de Projeto apresentada como exemplo, é uma
representação aleatória de um projeto de construção de um prédio Administrativo
de um órgão público.
Item Descrição 1 SERVIÇOS GERAIS 1.1 Serviços Preliminares 1.2 Instalações do Canteiro de Obras 1.3 Serviços Permanentes 2 INFRAESTRUTURA 2.1 Escavações e Aterro 2.2 Fundações 3 ESTRUTURA 3.1 Estrutura de Concreto 3.2 Estrutura Metálica 4 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E TELEFONIA 4.1 Instalações Elétricas 4.2 Instalações de Telefonia 5 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E INCÊNDIO 5.1 Instalações Hidráulicas 5.2 Instalações de Incêndio 6 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS E ÁGUAS PLUVIAIS 6.1 Instalações Sanitárias 6.2 Instalações de Águas Pluviais 7 INSTALAÇÕES DE GÁS 7.1 Ramal Interno 7.2 Ramal Externo 8 INSTALAÇÕES MECÂNICAS 8.1 Instalações de Ar Condicionado 8.2- Instalações de Elevadores 9 COBERTURA 9.1 Madeiramento 9.2 Telhamento
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Item Descrição 10 ELEVAÇÕES 10.1 Alvenaria 11 ESQUADRIAS, VIDROS E FERRAGENS 11.1 Esquadrias de Madeira 11.2 Vidros 11.3 Ferragens 12 REVESTIMENTOS 12.1 Revestimento de paredes 12.2 Revestimento de Pisos 12.3 Revestimento de tetos 13 APARELHOS E ELEMENTOS DE ACABAMENTOS 13.1 Louças 13.2 Bancadas 13.3 Metais
Para orçar o projeto é necessário fragmentar a EAP, ao menos, mais uma
vez, ao nível de serviços. Nesta etapa os serviços serão bem caracterizados,
sendo possível quantificar e inserir os seus custos unitários, transformando-a em
planilha orçamentária de custos unitários.
Em geral, as obras públicas são licitadas nesta etapa. Esta etapa será
detalhada na seção 4
2.3 - Quantificação de materiais e Serviços
A quantificação de materiais e serviços é uma etapa bastante exigente, uma
vez que uma falha sua quantificação, refletirá diretamente no custo do projeto.
A quantificação será efetuada com base em desenhos do projeto,
considerando as suas medidas em cotas. O levantamento de quantidades deve ser
anotado em Memorial de Cálculos, de forma clara e objetiva. O memorial será um
grande aliado em casos de dúvidas quanto às quantidades.
Em alguns serviços, ao levantar as quantidades de materiais, o profissional
deverá levar em consideração as especificidades desses materiais e as perdas
inevitáveis. Por exemplo: o solo compactado, ao ser escavado, sofre um aumento
de volume. O orçamentista deverá descrever se a quantidade levantada inclui este
aumento de volume ou não. Há perdas que não podem ser evitadas, por exemplo:
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na instalação do fio elétrico no interior de uma tubulação a norma não permite
emendas no interior de tubos. Normalmente, o fio é acondicionado em rolo de 100
metros. È impossível aproveitar todo o fio. Outro exemplo: na execução de bloco
de fundação, a área a ser escavada deverá ser maior, em função da necessidade
de se trabalhar dentro do buraco.
Um dado importante a ser considerado é a unidade de serviço. Por exemplo,
o tubo de PVC para água fria tem comprimento, normalmente, de 6,00 metros,
pode ter o seu custo unitário por metro ou por unidade de vara, caso não tenha a
unidade definida, comprometerá o orçamento. Todos estes cuidados devem ser
observados no levantamento de quantidades.
A seguir é transcrita uma tabela de outros exemplos de especificidades e
cuidados que devem ser observados para a quantificação de materiais
Serviços Critérios
Aterro
No levantamento de quantidade, o orçamentista deverá atentar para fenômeno de empolamento. Em geral, é adotado o seguinte grau de empolamento: areia: 10 %; solo silte arenoso: 20 %; e solo argiloso: 30 %
Fundações
No caso de fundações profundas, deverá haver um cuidado maior quanto ao tipo de fundação especificado. Em obras marítimas é comum encontrar rochas, matacões e enrocamentos, que dificultam e oneram a sua execução.
Formas
O orçamentista deverá estar ciente das especificidades dos serviços, como a quantidade de reutilização de madeiramento para a forma, se é plastificada ou resinada, se é para fundação ou estrutura, se deve ser escorada, etc. Todas estas informações deverão estar perfeitamente especificadas.
Alvenaria de elevação
Quantificar por diferentes tipos de alvenaria, diferentes espessuras. Por exemplo, no caso de alvenaria de tijolos cerâmicos furados com dimensões de 9 x 19 x 39 cm, normalmente, são assentados com a sua face menor em posição horizontal. Todos os vão, como de portas e janelas, devem ser descontados
Vergas contra vergas
O cálculo de comprimento de verga e contraverga em uma alvenaria de elevação, dependerá da largura do vão e comprimento da alvenaria. Para um vão até 1,80 metros,A viga deverá ter um apoio, no mínimo, de 20 cm e, a altura de verá ser de 15 a 20 cm
Instalações: elétricas, dados, telefonia, hidrosanitárias e
As leis de licitações proíbem quantificar os serviços por ponto de utilização. Todos os serviços, tais como dutos, conexões, caixas de passagem, registros, necessários àquele ponto
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águas pluviais de utilização, devem ser quantificadas separadamente.
Pintura de esquadria e elementos vazados
Para quantificar a área de pintura de esquadrias com panos fechados como porta e janela de madeira ou porta de aço, considerar 3 vezes a sua área; e para elementos vazados como grade ou cobogó, considerar 2,50 vezes a sua área
Impermeabilização
Para a impermeabilização de pisos das áreas frias,
como banheiros e cozinha, deverá elevar, também para
as paredes junto aos pisos, numa altura de 30 centímetros, e,
para dentro do box de chuveiro elevar a uma altura de
150 centímetros.
Revestimento de alvenaria de elevação em argamassa
O chapisco e emboço devem ser quantificados separadamente, uma vez que, em geral, a alvenaria acima do rebaixo de teto não recebe emboço.
2.4 - Composição Analítica de Preços Unitários
O Custo Unitário de Serviço é obtido mediante a Composição Analítica de
Preços Unitários. A composição é o processo de estabelecimento dos custos dos
insumos necessários para a execução de um serviço. Devem ser apropriados:
materiais com seu coeficiente de consumo e respectivos preços unitários; a
relação de mão de obra, com a sua produtividade e salário hora; e o consumo
horário de equipamentos
2.4.1 - Apropriação de Custos de Materiais
Identificados os materiais necessários à obra e efetuada a sua listagem, faz-
se a apropriação de seus custos. A apropriação de custos de materiais é uma
etapa que necessita de cuidados especiais porque é a parcela maior de um
orçamento, o seu custo é, em média, 60 % do total da obra.
São várias formas e meios para a obtenção de cotações de preços. As
cotações obtidas devem ser documentadas e arquivadas. No pedido de cotação
deverá ser indicada a quantidade do material, uma vez que o seu preço é
inversamente proporcional a sua quantidade. Para grandes quantidades, é
conveniente consultar o próprio fabricante, que indica a quantidade mínima da
venda direta, tornando o produto mais barato.
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O orçamentista deverá ter o cuidado de verificar se nos seus preços estão
considerados os impostos, como IPI, ICMS, e, no caso de produtos importados, a
tarifa de importação; se nos preços de materiais estão embutidos os custos com
fretes, isto é, preço FOB ou CIF; nos casos de materiais agregados, como
concreto, se no seu preço estão embutidos o transporte e o lançamento, ou uma
estrutura metálica, se no seu preço estão embutidos a fabricação, montagem e
pintura.
Num mercado com vários fabricantes e uma variedade grande de produtos
para os mesmos fins, o orçamentista experiente tem noção de preços de materiais
e deverá saber se aquele valor está compatível com o especificado. Mas para não
haver dúvidas, deverá cotar o produto com mais de um fornecedor, uma vez que
em obras públicas é admitido os produtos similares, independente de marcas.
2.4.2 - Apropriação de Custos de Equipamentos
O método tradicional para se levantar os custos de equipamentos é por custo
horário de utilização. No custo horário de equipamentos devem estar incorporados os
custos, como:
a- hora produtiva: soma de parcelas com custos de depreciação, juros, custos de
manutenção e custos de operação; e
b- hora improdutiva: é o tempo que o equipamento fica a disposição do serviço,
porém fica parado sem ser efetivamente utilizado. É o caso, por exemplo, de bate-
estaca, o equipamento não é produtivo quando muda de um ponto ao outro, quando
outros serviços estão em curso para o estaqueamento.
No caso de locação de equipamento, o orçamentista, ao fixar o valor, deverá estar
atento para identificar se nos seus custos estão inseridos o operador, combustíveis e
lubrificantes e custos de manutenção.
.Antigamente, na construção civil, as grandes empresas tinham a sua própria frota
de equipamentos e veículos. Mas devido aos altos custos de manutenção, atualmente
existem empresas voltadas para o aluguel destes equipamentos e veículos.
O TCPO, uma publicação da Editora PINI, traz um capítulo dedicado ao custo
horário de máquinas, equipamentos e veículos. O custo horário inclui a hora
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produtiva e improdutiva. Cada composição tem custo horário de depreciação,
operação e manutenção.
2.4.3 - Apropriação de Custos de Mão de Obra
O trabalhador é o elemento fundamental para a realização de um de uma
obra. È o trabalho humano que da forma ao produto final. Na construção civil
existem os oficiais, que são os profissionais especializados, e ajudantes. Os
oficiais são responsáveis pela elaboração do produto final, e os ajudantes são
aqueles que auxiliam os oficiais.
Existem duas categorias de trabalhadores assalariados na construção civil na
forma de contratação: os horistas e mensalistas. O salário base dos profissionais,
quando não for da política da empresa contratante, é fixado por acordo em
convenções coletivas da categoria em cada região de atuação. Para as obras
públicas o valor adotado é, em geral, aquele fixado por acordo de convenções
coletivas de cada região.
. Os trabalhadores horistas da construção civil, recebem os seus salários por
horas trabalhadas. Porém tem direitos a receber também em dias não trabalhadas
como domingos, feriados, férias, etc. Portanto no processo de composição
analítica de preço unitário de serviços, o valor a ser considerado de cada
profissional não é somente o salário básico. A este devem ser somados outros
custos previstos em leis e acordos intersindicais, denominado de Encargos Sociais.
Os Encargos Sociais são custos referentes aos encargos trabalhistas e
indenizatórios, previstos na Constituição Federal, em leis e acordos coletivos
intersindicais de cada região, que o empregador deverá arcar. Estes encargos são
incorporados ao salário básico. A taxa destes encargos é diferente para
trabalhador horista e mensalista e varia em função da região, das peculiaridades
de cada empresa, da alta rotatividade da mão de obra, da forma de contratação,
de intempéries, da incorporação de ressarcimentos como: vale transporte; auxílio
alimentação; equipamentos de proteção individual, seguro saúde, etc. Para trabalhadores mensalistas, engenheiros, mestres de obras,
encarregados de turmas, etc., ou seja, trabalhadores que atuam indiretamente nos
serviços, a taxa de encargos sociais é menor, porque no salário mensal acordado
com o empregador já estão incorporados os custos com repouso semanal, feriados
auxílio à enfermidade, acidente de trabalho, etc.
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O assunto Encargos Sociais é bastante polêmico, sendo objeto de estudos no
capítulo III.
2.4.4 - Elaboração da composição Analítica
Apos a apropriação de custos de cada elemento que compõe um serviço de
uma obra, será efetuada a elaboração da composição analítica de preços unitários.
O cálculo é efetuado mediante uma tabela contendo: descrição de cada
componente; a sua unidade; os materiais com os seus coeficiente e o seu preço
unitário; a mão de obra com seu custo unitário, inclusive os encargos sociais e o
coeficiente de produtividade. O somatório dos custos unitários de cada insumo
fornece o custo unitário da composição analítica, sempre em uma unidade se
serviço.
Existem no mercado vários sistemas para a elaboração de orçamento de
obras de edificação. Estes sistemas fornecem preços de materiais, mão de obra,
composição analítica de preços unitários e elaboração de planilha orçamentária,
por capitais da maioria de estados do Brasil. Nestes sistemas, cada insumo recebe
uma codificação com a sua descrição, e a composição analítica, que também
recebe uma codificação, é elaborada de acordo com estas codificações.
Exemplo de uma tabela de composição analítica
Concreto FCk 20 MPa
Descrição Unidade Quantidade Custo unitário Custo parcial
Materiais Areia grossa m3 0,58 36,75 21,32 Brita nº 1 m3 0,25 69,38 17,00 Brita nº 2 m3 0,52 70 36,47 Cimento CP kg 368,00 0,48 176,64 Soma materiais 251,42 Mão de Obra (MO) Pedreiro h 2,00 4,85 9,70 Servente h 6,00 3,60 21,60 Encargos sociais 130,73 (%)1,3073 40,92 Soma MO 72,22 Total 323,64
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2.5 - Planilha de Orçamento Analítico
Obtido o custo unitário de cada serviço, o projeto será planilhado para se
conhecer o seu custo direto total.
A EAP desenvolvida na seção 1.1, será mais uma vez fragmentada, e
inseridas as colunas de unidades, quantidades, custos unitários e custos parciais.
O somatório das parcelas da planilha, fornece o custo o total estimado da obra,
denominado de Custo Direto (CD).
A planilha a seguir apresentada é meramente ilustrativa e os dados
apresentados são aleatórios.
Exemplo de planilha de Orçamento Analítico
Item Descrição Unid Quant C. Unitário C. Parcial 1 SERVIÇOS GERAIS 190.495,00 1.1 Serviços Preliminares 17.215,00 1.1.1 Projetos executivos e complementares Cj 1,00 12.000,00 12.000,00 1.1.2 Demolição e remoção do galpão existente M² 50,00 98,00 4.900,00 1.1.3 Locação da obra M² 90,00 3,50 315,00 1.2 Instalação do Canteiro de Obras 19.680,00 1.2.1 Barracão de obra para escritório M² 24,00 220,00 5.280,00 1.2.2 Barracão de obra para alojamento M² 80,00 180,00 14.400,00 1.3 Serviços Permanentes 153.600,00 1.3.1 Administração local da obra Mês 8,00 18.000,00 144.000,00 1.3.2 Despesas gerais de consumo Mês 8,00 1.200,00 9.600,00 2 INFRAESTRUTURA 41.240,00 2.1 Escavações e Aterro 2.940,00 2.1.1 Limpeza do terreno M² 150,00 4,50 675,00 2.1.2 Escavação de vala até 1,50 m M3 55,00 23,00 1.265,00 2.1.3 Reaterro compactado M3 40,00 25,00 1.000,00 2.2 Fundações profundas 38.300,00 2.2.1 Estaca pré-moldada Ø 310 mm cap. 60 t M 120,00 240,00 28.800,00 2.2.2 Equipamento para cravação de estaca Un 1,00 9.500,00 9.500,00 3 ESTRUTURA 594.700,00 3.1 Estrutura de Concreto 552.200,00 3.1.1 Concreto estrutural usinado fck 25 Mpa M3500,00 350,00 175.000,00 3.1.2 Formas em chapa compensada resinada M² 600,00 62,00 37.200,00 3.1.3 Aço CA-50 Kg 40.000,08,50 340.000,00 3.2 Estrutura Metálica 42.500,00 3.1.1 Fornecimento de aço estrutural ASTM-A 106 Kg 2.500,009,00 22.500,00 3.1.2 Lançamento do aço estrutural Kg 2.500,004,50 11.250,00 3.1.3 Tratamento e pintura do aço estrutural kg 2.500,003,50 8.750,00 4 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E TELEFONIA 12.035,00 4.1 Instalações Elétricas 11.400,00
23
Item Descrição Unid Quant C. Unitário C. Parcial 4.1.1 Eletroduto em PVC roscável Ø 19 mm M 1.200,002,80 3.360,00 4.1.2 Fio de cobre isolado em PVC 450/750 v # 2,50 mm M 6.500,001,20 7.800,00 4.1.3 Caixa de passagem em PVC 4x4" Un 120,00 2,00 240,00 4.2 Instalações de Telefonia 635,00 4.2.1 Eletroduto em PVC roscável Ø 19 mm M 150,00 2,80 420,00 4.2.2 Fio telefônico 4 pares M 200,00 0,85 170,00 4.2.3 Caixa de passagem em PVC 4x2" 30,00 1,50 45,00 5 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E INCÊNDIO 2.824,80 5.1 Instalações Hidráulicas 364,80 5.1.1 Tubo de PVC soldável DN 19 mm M 48,00 3,85 184,80 5.1.2 Luva de PVC soldável Ø 19 mm Un 12,00 3,00 36,00 5.1.3 Registro de gaveta para acabamento Ø 1/2" Un 4,00 36,00 144,00 5.2 Instalação de Incêndio 2.460,00 5.2.1 Tubo de aço galvanizado roscável DN 75 mm M 24,00 85,00 2.040,00 5.2.2 Registro de gaveta acabamento bruto Ø 3" mm Un 2,00 150,00 300,00 5.2.3 Extintor para H2O pressão 10 kg Un 1,00 120,00 120,00 6 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS E ÁGUAS PLUVIA 1.129,50 6.1 Instalações Sanitárias 519,50 6.1.1 Tubo de PVC soldável DN 40 mm M 27,00 4,50 121,50 6.1.2 Joelho DN 40 mm Un 8,00 6,00 48,00 6.1.3 Cx. De inspeção de concreto Ø 60 cm, profund.60 cm c/tampo de ferro fundido articulado Un 1,00 350,00 350,00 6.2 Instalações de Águas Pluviais 610,00 6.2.1 Tubo de PVC soldável DN 100 mm M 18,00 15,00 270,00 5.2.2 Cx. de areia 40x40x40 cm em concreto pré molda Un 4,00 85,00 340,00 7 INSTALAÇÕES DE GÁS 424,00 7.1 Ramal interno 424,00 7.1.1 Tubo de cobre soldável DN 25 mm M 12,00 22,00 264,00 7.1.2 Válvula de esfera em cobre DN 19 mm Un 4,00 40,00 160,00 8 INSTALAÇÕES MECÂNICAS 116.000,00 8.1 Instalações de Ar Condicionado 8.1.1 Equip.de ar cond.tipo Fan coil 36.000 BTU Un 2,00 18.000,00 36.000,00 8.2 Instalação de Elevador 8.2.1 Elevador completo para 5 paradas Un 2,00 40.000,00 80.000,00 9 COBERTURA 10.700,00 9.1 Madeiramento 9.1.1 Madeiramento em madeira de lei tipo maçarandub M² 100,00 75,00 7.500,00 9.2 Telhamento 9.2.1 Telha em fibrocimento ondulada esp. 8 mm M² 100,00 32,00 3.200,00 10 ELEVAÇÕES 37.400,00 10.1 Alvenaria 10.1.1 Alvenaria de tijolo cerâmico 9x39 cm 1/2 vez M² 1.100,0034,00 37.400,00 11 ESQUADRIAS, VIDROS E FERRAGENS 5.456,00 11.1 Esquadrias 3.380,00 11.1.1 Porta de madeira, lisa para verniz de 0,90x2,10 mUn 2,00 250,00 500,00 11.1.2 Porta de madeira, lisa para pintura de 0,70x2,10 mUn 24,00 120,00 2.880,00 11.2 Vidros 11.2.1 Vidro cristal liso esp. 4 mm M² 45,00 42,00 1.890,00 11.3 Ferragens 186,00 11.3.1 Fechadura para porta externa com alavanca Un 2,00 75,00 150,00
24
Item Descrição Unid Quant C. Unitário C. Parcial 11.3.2 Dobradiça 3x3 em bronze p/porta externa Un 6,00 6,00 36,00 12 REVESTIMENTOS 87.460,00 12.1 Revestimento de paredes 67.300,00 12.1.1 Chapisco em argamassa de cimento e areia 1:3 M² 2.200,003,50 7.700,00 12.1.2 Emboço paulista M² 2.200,0023,00 50.600,00 12.1.3 Azulejo cerâmico de 20x30 cm M² 200,00 45,00 9.000,00 12.2 Revestimento de Piso 15.660,00 12.1.1 Contra piso esp. 2 cm em argamassa de cimento e areia traço 1:4 M² 300,00 23,00 6.900,00 12.1.2 Impermeabilização de piso das áreas frias M² 90,00 28,00 2.520,00 12.1.3 Piso em cerâmico esmaltado de 40x40 cm M² 120,00 52,00 6.240,00 12.3 Revestimento de teto 4.500,00 12.3.1 Rebaixo em placas de gesso de 60x60 cm M² 90,00 32,00 2.880,00 12.3.2 Pintura de teto em tinta PVA cor branca M² 90,00 18,00 1.620,00 13 APARELHOS E ACABAMENTOS 5.828,00 13.1 APARELHOS 3.168,00 13.1.1 Bacia sanitária com cx. Acoplada Un 8,00 280,00 2.240,00 13.1.2 Lavatório de embutir em louça Un 8,00 80,00 640,00 13.1.3 Rabicho metálico de 40 cm Un 16,00 18,00 288,00 13.2 Bancadas 13.2.1 Bancada em granito preto esp. 2 cm de 55x80 cm 8,00 120,00 960,00 13.3 Metais 1.700,00 13.3.1 Torneira para lavatório Un 8,00 80,00 640,00 13.1.2 Acabamento p/registro de gaveta Ø 1/2" Un 4,00 25,00 100,00 13.1.3 Chuveiro elétrico 110 V 4.100 W Un 8,00 120,00 960,00 Custo direto 1.105.692,30 BDI(30%) 331.707,69 P.Venda 1.437.399,99
Nos cálculos desenvolvidos para a obtenção de custos unitários, foram
considerados somente os insumos diretamente envolvidos no projeto, resultando
no seu custo direto. Para se obter o valor final de um projeto, o preço de venda,
deve ser incorporado outro componente importante, denominado de Benefícios e
Despesas Indiretas – BDI. É taxa decorrente das despesas com: administração
central, lucro da empresa, contribuições previstas em leis, impostos, riscos,
imprevistos, etc., da empresa contratada. No exemplo acima foi considerada a
taxa de BDI de 30 %.
O Benefícios e Despesas Indiretas será abordado no capítulo IV.
25
2.6 - Orçamento de Obras Públicas
Desde 2002, as Leis de Diretrizes Orçamentárias vigentes, determinam que
os materiais e serviços utilizados em obras públicas tenham como referência o
Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices da Construção Civil –
SINAPI.
SINAPI é um sistema de pesquisa mensal, aberto ao público, que informa os
custos e índices da construção civil. O Sistema tem a Caixa Econômica Federal –
CAIXA e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, como
responsáveis pela divulgação oficial dos resultados, manutenção, atualização e
aperfeiçoamento do cadastro de referências técnicas, métodos de cálculo e do
controle de qualidade dos dados disponibilizados pelo SINAPI.
Segundo informações da CAIXA, para realizar a pesquisa, a rede de coleta
do IBGE analisa mensalmente preços de materiais e equipamentos de
construção, bem como os salários das categorias profissionais, em
estabelecimentos comerciais, industriais e sindicatos da construção civil, em
todas as capitais dos estados. Enquanto a manutenção da base técnica de
engenharia, base cadastral de coleta e método de produção é de competência da
CAIXA.
A lei de diretrizes orçamentária para o ano 2010, Lei nº 12.017/2009,
determina no Artigo nº 112, que o custo global de obras e serviços contratados
com recursos dos orçamentos da União será obtido a partir de custos unitários de
insumos ou serviços, menores ou iguais à mediana de seus correspondentes no
Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices da Construção Civil –
SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Econômica Federal e, no
caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sistema de Custos de Obras
Rodoviárias – SICRO, do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes.
As séries mensais de custos e índices SINAPI são referentes ao custo
médio do metro quadrado de construção, considerando-se os materiais,
equipamentos e a mão de obra, diretamente envolvidos na execução de serviços.
Não sendo incluídas as despesas com projetos em geral, licenças, seguros,
administração da obra, financiamentos, equipamentos mecânicos (elevadores,
26
compactadores, exaustores, ar condicionado e outros). Também não estão
incluídos nos cálculos o BDI - Benefícios e Despesas Indiretas.
O SINAPI calcula custos para projetos residenciais, comerciais, equipamentos
comunitários, saneamento básico e emprego e renda.
No caso da planilha exemplo, para atender entender a determinação da
LDO é realizado o seguinte cálculo:
1 - Custo total do projeto sem BDI = R$ 1.105.692,30.
2 - Custos a serem descartados para o cálculo da mediana, uma vez que não
fazem parte da mediana dos custos divulgado pelo IBGE:
2.1 - item 1 - Serviços Gerais, menos o subitem 1.1.3 – Locação da obra:
R$ 190.495,00 – R$ 315,00 = R$ 190.180,00;
2.2 - subitem 2.2- Fundações profundas = R$ 38.300,00; e
2.3 - item 8 – Instalações mecânicas. = R$ 116.000,00.
Somatório de custos a descartar:
R$ 190.180,00 + R$ 38.300,00 + R$ 116.000,00 = R$ 344.480,00
3- A mediana da planilha exemplo é calculada com seguintes dados:
:3.1- Valor a ser considerado com os custos descartados
R$ 1.105.692,30 – R$ 344.480,00 = R$ 761.212,30.
3.2- Área da construção = 550,00 m²
A mediana planilha é: R$ 761.212,30 ÷ 550,00 m² = R$ 1.384,02/m².
A mediana dos custos divulgado pelo IBGE para este tipo de obra, para o
Estado do Rio de Janeiro é de R$ 764,75/m² (Março/2010).
O projeto exemplo tem o custo superior a 80 % em relação à mediana
divulgada pelo IBGE. Vários são os fatores quem podem causar a diferença
verificada:
Por exemplo o custo item 3 - Estruturas. Este item tem uma participação acima
de 78 % do custo direto total, muito acima do normal. A participação de estruturas
em obras desse porte gira em torno de 25 %. Com certeza existe algum erro.
Neste caso, será importante rever os projetos, as suas quantidades e os preços
27
unitários. Como a diferença é bastante significativa, certamente há um erro. Mas
persistindo a diferença, esta deverá ser plenamente justificada pelo orçamentista.
Segundo acórdão8 do Tribunal de Contas da União, “na elaboração de
orçamentos de serviços e equipamentos [...], para os quais não exista referência
de preços nos sistemas usualmente adotados (SICRO E SINAPI), ou para os
quais não seja possível ajustar as composições de preços dos sistemas
usualmente adotados às peculiariedades das obras [...], que sejam guardados os
registros das cotações de preços de insumos efetuadas e justificadas as
composições adotadas, com elementos suficientes que permitam o controle da
motivação dos atos que fundamentaram os preços unitários dos insumos e dos
serviços que integram o orçamento, devendo, ainda, o orçamento identificar os
responsáveis por sua elaboração e aprovação."
_____________________
8 - Acórdão nº 644/2007 – Plenário. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
28
CAPÍTULO III
ENCARGOS SOCIAIS
Conceito
O custo de um profissional da construção civil não se resume ao salário
básico. São incorporados vários outros custos, como encargos institucionais,
trabalhistas e indenizatórias previstas em leis e convenções coletivas.
Estes encargos são calculados mediantes vários parâmetros e estatísticas.
O resultado destes cálculos, em percentual, é denominado de Encargos Sociais,
e é aplicado aos salários de cada profissional. O percentual varia de acordo com:
as características do projeto, prazo, custos indenizatórios, convenções coletivas,
etc., portanto deveria ser único para cada projeto.
Para obras públicas, os encargos decorrentes das convenções coletivas
regionais, despesas estas como: transporte, alimentação, equipamentos de
proteção, etc., que o empregador é obrigado a acatar, não são considerados, sob
a alegação de que são despesas regionais e que devem ser computados como
despesas diretas.]
3 – Cálculo de Encargos Sociais
A matemática para o cálculo da taxa de encargos sociais obedece a uma
fundamentação legal decorrente de legislações, estatísticas e estimativas e, são
diferentes para os trabalhadores horistas e mensalistas
3.1 - Encargos Sociais de trabalhadores Horistas
Encargos sociais básicos, correspondendo às obrigações que incidem
diretamente sobre a folha de pagamento.
3.1.1 - Taxas do grupo A – Encargos Institucionais
A1- INSS – 20 %
29
Contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social, percentual
fundamentado na Lei nº 8.212/91;
A2- FGTS – 8 %
Contribuição para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, de acordo
com a Constituição Federal de 1988 e fundamentada na Lei nº 8.036/90;
A3- Salário Educação – 2,50 %
Recolhimento efetuado sobre a remuneração do trabalhador, fundamentado
no Decreto Lei nº 87.043/82;
A4- SESI – 1,50 %
Contribuição para o Serviço Social da Indústria, fundamentada na Lei
2.318/90;
A5- SENAI – 1,00 %
Contribuição para Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial,
fundamentada pelo Decreto Lei nº 2.318/86;
A6- SEBRAE – 0,60 %
Contribuição para apoio a micro e pequena empresa fundamentada pela Lei
nº 8.154/90;
A7- INCRA – 0,20 %
Contribuição para Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária,
fundamentada no Decreto Lei nº 1.146/70;
A8- Seguro para Acidente de Trabalho – 3,00 %
Fundamentado pela Lei nº 8.212/91, o acidente do trabalho é enquadrado
no grau 3 – risco grave.
Total do Grupo A
Grupo Descrição Taxa A1 INSS 20,00
30
A2 FGTS 8,00 A3 Salário Educação 2,50 A4 SESI 1,50 A5 SENAI 1,00 Grupo Descrição Taxa A6 SEBRAE 0,60 A7 INCRA 0,20 A8 Seguro Contra Acidente de Trabalho 3,00 Somatório grupo A 36,80
3.1.2 - Taxas do Grupo B - Encargos Trabalhistas
No grupo B estão as taxas correspondentes aos valores pagos diretamente
aos trabalhadores, nos dias em que não há prestação de serviços. Este grupo
receberá a incidência do grupo A.
Os cálculos das taxas do grupo B, foram baseados nos livros “Orçamento de
Obras em Foco”, do Autor Roberto Sales Cardoso, da Editora PINI e “Como
Preparar Orçamentos de Obras “, do Autor Aldo Dórea Mattos, da Editora PINI; e
do artigo “Os Encargos Sociais nos Orçamentos da Construção Civil dos autores
André Luiz Mendes e Patrícia Reis Leitão Bastos, publicado na Revista do
Tribunal de Constas da União.
Os trabalhadores horistas embora percebam o salário por horas
trabalhadas, tem direito de serem remunerados nos dias em que não há
prestação de serviços, como domingo, feriados, férias, etc.
Para o cálculo das taxas a serem consideradas, são necessários alguns
parâmetros e dados estatísticos. Primeiramente, para remunerar os dias não
trabalhados, é necessário conhecer os dias efetivamente trabalhados por ano.
B1- Férias – 30 dias
De acordo com Decreto Lei nº 5.432/43, da Consolidação das Leis
trabalhistas - CLT e, consolidada pela Constituição Federal do Brasil de 1988;
B2- Repouso semanal remunerado – 48 dias
31
De acordo com a CLT, os trabalhadores tem direito a remuneração de um
dia de descanso semanal (52 – 4 dias de férias);
B3- Feriados – 13 dias
No Estado do Rio de Janeiro, segundo SINDUSCÃO-RJ, são 15 dias de
feriados em 2010. Dois dias que caem no domingo não são computados (15 – 2);
B4- Auxílio Enfermidade – 3 dias
De acordo com a Lei nº 8.212/91, e CLT. Segundo as estatísticas, a media
de falta por enfermidade é de 3 por ano;
B5- Acidente de trabalho – 2,25 dias
De acordo com a Lei nº 6.367/76 e CLT, o trabalhador tem direito de
receber os primeiros 15 dias do empregador. Segundo as estatísticas, o
acidente de trabalho ocorre com 15 % dos trabalhadores. A quantidade de dias
de afastamento a considerar é: 15 dias x 15 % ;
B6- Licença paternidade – 0,14 dias
De acordo com a Constituição federal do Brasil, o trabalhador tem direito a 5
dias de afastamento. Dados estatísticos apontam que 95 % dos trabalhadores na
construção civil são homens, e que destes, 3 % são fecundo. Com estes dados
os dias a considerar é: 5 dias x 95 % x 3 %;
B7- Faltas justificadas = 2 dias
De acordo com a CLT, o trabalhador tem direito a se ausentar 10 dias
por ano em caso de:
a- morte de cônjuge, ascendente ou descendente – 2 dias;
b- registro de nascimento do filho – 1 dia;
c- casamento – 3 dias;
d- doação de sangue – 1 dia;
e- alistamento eleitoral – 2 dias; e
f- serviço militar – 1 dia.
Dados estatísticos indicam que estes tipos de faltas ocorrem dois dias por
ano por trabalhador.
32
Total de dias não trabalhados 30+48+13+3+2,25+0,14+2 = 94,39 dias
Total de dias trabalhadas (365 – 94,39) ------------------------270,61 dias.
Determinada a quantidade de dias trabalhados por ano, calculam-se as
taxas de encargos sociais do grupo B:
Grupo Descrição Fórmula Taxa
B1 Férias (com adicional de 1/3) (30 ÷ 270,61) x 1,3333 14,78
B2 Repouso semanal remunerado 48 ÷ 270,61 17,74
B3 Feriados 13 ÷ 270,61 4,80
B4 Auxílio enfermidade 3 ÷270,61 1,11
B5 Acidente do trabalho 2,25 ÷ 270,61 0,83
B6 Licença paternidade 0,14 ÷ 270,61 0,05
B7 Falta justificada 2 ÷ 270,61 0,74
B8 13º salário 30 ÷ 270,61 11,09
Total Grupo B 51,14
3.1.3 - Taxas do Grupo C – Encargos Indenizatórios
C1- Aviso prévio indenizado – 11,57 %
Corresponde à indenização por despedida sem justa, em que o empregador
comunica ao trabalhador com antecedência mínima de 30 dias.
Para o seu cálculo foram empregados os dados estatísticos do Autor
Roberto Sales Cardoso, no seu livro “Orçamentos de Obras em Foco, Editora
PINI.
Os parâmetros para o cálculo são:
a - 100 % dos trabalhadores recebem aviso prévio;
b - o tempo médio de permanência do trabalhador na obra é de 10 meses,
e o número de dias efetivamente trabalhados nestes 10 meses, calculado de
acordo com os dias trabalhados por ano é (10 ÷ 12) x 270,61 = 225,50 dias;
c - Prazo do aviso – 30 dias. 87 % dos trabalhadores recebem indenização,
segundo as estatísticas. Desta forma o encargo correspondente ao
aviso prévio será:
33
C1 = 87 % x 30 ÷ 225,50 dias = 11,57 %
C2- Multa por rescisão de contrato de trabalho – 5,32 %
Segundo a CLT, Constituição Federal e nos Atos das Disposições
Constitucionais transitórias, se a demissão se der sem justa causa, o empregador
deve pagar 40 % de multa ao trabalhador, correspondente ao Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço – FGTS, mais 10 % a título de contribuição social. Desta
forma, considerando os 10 meses trabalhados, a taxa a ser considerado é:
FGTS = 8 % x (30 ÷ 225,50) x 10 = 10,64 %, como a multa é de 50 %
C2 = 50 % x 10,64 % = 5,32 %
C3 – Indenização Adicional = 1,11 %
Segundo a Lei nº 8.036/90, o trabalhador dispensado sem justa causa, nos
30 dia que antecede a data da sua correção salarial, tem direito a uma
indenização adicional equivalente a um salário mensal, seja ou não optante por
FGTS.
Considerando que a probabilidade de ocorrer este tipo de demissão, em
média é de um a cada doze nos 10 meses, a taxa a ser considerado é de:
C3 = [((1 ÷ 12) x 30) ÷ 225,50] x 100 = 1,11 %
Total do grupo C = C1+ C2+ C3 = 11,57 + 5,32 + 1,11 = 18,00 %
3.1.4- Taxas do grupo D – Incidências Cumulativas
No grupo A, foram considerados os encargos sociais básicos, isto é, os
encargos que incidem diretamente na folha de pagamento do empregador.
No grupo B, foram considerados as despesas correspondentes aos
pagamentos dos dias não trabalhados. Em consequência, estas despesas
recebem, também, a incidência do grupo A, uma vez que são remunerações
pagas diretamente aos trabalhadores. Esta incidência é denominado de
“incidência do grupo A sobre grupo B”.
D1 - Incidência do grupo A (36,80 %) sobre grupo B (51,14 %)
34
D1 = 36,80 % x 51,14 % = 18,82 %
No grupo C, foram consideradas as despesas correspondentes aos
encargos indenizatórios. Como os encargos deste grupo são indenizações pagas
aos trabalhadores, esta sofre a incidência do grupo A
D2 - Incidência do FGTS (8 %) sobre aviso prévio indenizado (11,52 %):
D2 = 8,0 % x 11,52 % = 0,92 %
D3 - Incidência do FGTS (8 %) sobre Indenização adicional (1,11 %):
D3 = 8,0 % x 1,11 % = 0,09 %
D4 - O aviso prévio indenizado gera despesas relativas aos acréscimos com
as férias e 13 salário proporcionais:
D4.1- Incidência de aviso prévio indenizado (11,52 % sobre férias (14,78 %):
D4.1 = 11,52 % x 14,87 % = 1,71 %
D4.2- Incidência de aviso prévio indenizado (11,52 %) sobre 13º salário
(11,09 %), D4.2 = 11,52 % x 11,09 % = 1,28 %
D4 = D4.1 + D4.2 = 1,71 + 1,28 = 2,99 %
Total do grupo D = D1+D2+D3+D4 = 18,82 + 0,92 + 0,09 + 2,99 = 22,82 %
Somatório de encargos Sociais de trabalhadores Horistas
Grupo Descrição Taxa A Encargos Institucionais 36,80 B Encargos Trabalhistas 51,14 C Encargos Indenizatórios 18,00 D Incidências cumulativas 22,82
Total de Encargos Sociais de Horistas 128,76
3. 2 - Encargos Sociais de trabalhadores Mensalistas
São considerados trabalhadores mensalistas, aqueles que atuam
indiretamente em uma obra, tais como engenheiro, mestre de obra,
35
encarregados, vigias, apontador, almoxarife. Para estes, vários encargos estão
incorporados aos seus salários mensais, implicando em menor custo
indenizatório.
3.2.1 - Taxas do grupo A – Encargos Institucionais
A taxas são iguais aos dos horistas, 36,80 %
3.2.2 - Taxas do grupo B – Encargos Trabalhistas
Para mensalistas, os dias não trabalhados como: o repouso semanal
remunerado, feriado, enfermidade, faltas justificadas, etc., estão incorporados ao
seu salário, portanto, não são considerados para os cálculos das taxas. Para este
grupo as taxas a serem consideradas são somente os referentes às férias e ao
13º salário e, para o seu cálculo é necessário quantificar os dias efetivamente
trabalhados
Para calcular os dias trabalhados, primeiramente deverá ser calculado os
dias não trabalhados:
1- feriados por ano = 13 dias;
2- Repouso semanal por ano = 48 dias;
3- Férias = 30 dias;
4- Licença paternidade ( adotado ) = 3 dias.
Total de dias não trabalhados = 94 dias
Total de dias trabalhados = 365 – 94 = 271 dias
Calculados os dia trabalhados,as taxas do grupo B para mensalistas são:
B1- Férias (com adicional de 1/3) = (30 ÷ 271) x 1,3333 = 14,72 %
B2- 13º salário = 30 + 271 = 11,07 %
Total do grupo B = 14,72 + 11,07 = 25,79 %
3.2.3 - Taxas do grupo C - Encargos Indenizatórios
36
Para o cálculo das taxas deste grupo são necessárias as seguintes
premissas:
1- Tempo de permanência do trabalhador na empresa:
36 meses (estimado);
2- Número de dias efetivamente trabalhados neste período:
(36 ÷ 12) x 270,86 = 812,58 dias;
3- Prazo do aviso prévio, 30 dias.
4- No caso de aviso prévio trabalhado, a lei garante uma redução diária de
jornada de 2 horas. O encargo será correspondente a estas 2 horas diárias
durante os 30 dias:
5- para uma jornada diária de 44 ÷ 5 = 8,80 horas, o encargo será de
(2 ÷8,8) = 0,23 dia por dia;
6- para os 30 dias será de [0,23 x 30 x (270,86 ÷ 365)] = 5,12 dias.
Definidas as premissas, as taxas do grupo C serão as seguintes
C1- Aviso prévio trabalhado
Estimando que 20 % dos trabalhadores recebem aviso prévio trabalhando, a
taxa é de
C1 = 20 % x (5,12 ÷ 812,58) = 0,13 %
C2- Aviso prévio indenizado
Estimando que 80 % dos trabalhadores recebem o aviso prévio indenizado,
a taxa é de:
C2 = 80 % x (30 ÷ 812,58) = 2,95 %.
C3- Multa Por Rescisão de Contrato de Trabalho
Corresponde a uma multa de 50 % sobre o depósito de 8 % ao FGTS, sobre
os 36 meses:
C3 = 8 % x (30 ÷ 812,58) x 36 = 10,63 % x 50 % = 5,32 %
Total do grupo C = 0,13 + 2,95 + 5,32 = 8,40 %
3.2.4- Taxas do Grupo D – Incidências
37
D1- Incidência do grupo A (36,80 %) sobre o grupo B (25,92)
D1 = 36,80 % x 25,92 % = 9,54 %
D2- FGTS (8 %) sobre aviso prévio indenizado (2,95)
D2 = 8 % x 2,95 % = 0,24 %
D3- Incidência do grupo A (36,80 %) sobre aviso prévio indenizado
(0,13 %).
D3 = 36,80 % x 0,13 % = 0,05 %
D4- Incidência do aviso prévio (3,08 %) sobre férias (14,84 %) = 0,46 %
+ Incidência do aviso prévio (3,08 %) sobre 13º (11,11 %) = 0,34 %
D4 = D4.1 + D4.2 = 0,80 %
Total do grupo D = 9,54 + 0,24 + 0,05 + 0,80 = 10,63 %
Somatório de encargos Sociais de mensalistas
Grupo Descrição Taxa %A Encargos Institucionais 36,80 B Encargos Trabalhistas 25,79 C Encargos Indenizatórios 8,40 D Incidências 10,63
Total de Encargos Sociais de Mensalistas 81,62
O Encargos Sociais é um assunto muito polêmico. Cada autor adota um
critério e encontra percentuais diferentes. As parcelas fixas de Encargos Sociais
são iguais para qualquer empresa, em qualquer região do Brasil. As parcelas
variáveis, como são calculadas baseadas em estimativas, variam muito de
empresa para empresa e, de autor para autor. A alta rotatividade de
trabalhadores na construção civil, é um fator preponderante para as altas taxas
com avisos prévios e indenizatórios.
Além dos encargos acima mencionados, existem os Encargos Intersindicais
e Complementares, referentes a refeição, despesas com locomoção, seguro de
38
vida em grupo, cesta básica, equipamento de proteção individual, ferramentas,
etc. Estes encargos não são contabilizados por órgãos públicos.
A sugestão dos engenheiros André Luis Mendes e Patrícia .Reis Leitão
Bastos, é sejam incluídos como itens da planilha orçamentária, ficando excluída
da taxa de encargos sociais, devido a grande variabilidade destas despesas,
como transporte e refeição, que são diferentes em cada região do pais.
Nos orçamentos de projetos de engenharia civil elaborados na Diretoria de
Obras Civis da Marinha, são adotados os encargos socias constante no sistema
SINAPI por estado. Para o Estado do Rio de Janeiro, atualmente, é de 123,70 %.
39
CAPÍTULO IV
DENEFICIOS E DESPESAS INDIRETAS
BDI
Conceito
Na elaboração de orçamento de um projeto de obras de engenharia,
existem dois componentes que determinam o seu valor final, denominado de
Preço de Venda: custo direto e as despesas indiretas. O custo direto é
determinado de acordo com o escorpo, os projetos, as especificações e normas
de execução. As despesas indiretas são decorrentes de: lucro, despesas com
administração central, gastos com pagamento de tributos incidentes na operação
e despesas indiretas de comercialização como viagens, participações em
licitações, etc. È muito importante salientar que os custos indiretos como
administração da obra, canteiro de obra, equipamentos de apoio à obra, etc., não
devem inclusos como despesas indiretas. Estes devem ser considerados custos
diretos
As despesas indiretas, denominada de Benefícios e Despesas Indiretas –
BDI, denominados, também de "Lucros e despesas Indiretas” - LDI , é apurado
em forma de taxa, podendo ser inserido na composição analítica de preços
unitários ou ser somado ao custo direto total.
O cálculo da taxa envolve uma operação matemática, e varia em função das
características administrativas diferenciadas dos órgãos contratantes ou
contratadas e do custo de cada obra. O critério de cálculo dos benefícios e
despesas indiretas é extremamente controverso. Em projetos de obras públicas
são alvos frequentes de órgãos fiscalizadores como TCU, que questionam a
relação das despesas constantes para se determinar a sua taxa.
Os estudos a seguir desenvolvidos, tiveram como base os livros “Tabela de
Composição de Preços para Orçamentos” – TCPO, 13ª edição, Editora PINI,
“Novo Conceito de BDI”, do Engenheiro e Mestre Paulo Roberto Vilela Dias,
doravante denominado de Mestre Paulo Dias, publicação do Instituto de
Engenharia de Custos – IBEC, 2ª edição/janeiro de 2009, e o artigo “Um Aspecto
Polêmico dos Orçamentos de Obras Públicas: Benefícios de Despesas Indiretas
40
(BDI)”, de autoria dos engenheiros André Luis Mendes e Patrícia Reis Leitão
Bastos, doravante denominado de Engenheiros Mendes e Patrícia, publicado na
revista número 88 do Tribunal de Contas da União. No livro “Novo Conceito de
BDI”.
O Mestre Paulo dias dedica um especial estudo para órgãos contratantes de
administração pública.
4 – Cálculo da taxa de BDI
4.1 - Componentes das Despesas Indiretas da taxa do BDI
Os componentes das despesas indiretas a serem consideradas o cálculo da
taxa do BDI são:
4.1.1 - Administração central - AC
As despesas com a administração central são decorrentes de todas as
estruturas necessárias às atividades da contratada, como gastos com aluguel da
sede e de suas instalações, gastos com pessoal técnico e administrativo, gastos
com materiais de expedientes, luz telefone, etc.
As despesas decorrentes da administração central são rateadas por
diversas obras, porventura contratadas pela empresa.
A TCPO denomina de “Rateio da Administração Central” Rac, e adota os
seguintes parâmetros para o cálculo da administração Central:
1 - Despesa Mensal da Administração Central:
2 - Faturamento mensal da obra – FMO;
3 - Prazo da obra em meses – N;
4 - Faturamento mensal da administração central – FMAC; e
5 - Custo direto total da obra – CDTO
Rac10 = [(DMAC x FMO x N) / (FMAC x CDTO)] x 100
______________________
10 - Fórmulas extraídas do livro TCPO, 13ª edição, pag. 15 da Editora PINI.
41
O valor da taxa é obtido em função das características de cada empresa, do
prazo e do custo da obra e, é específico para cada obra. Para efeito de cálculo da
taxa de BDI a TCPO adota é de mínimo 10 % e máximo 20 %.
O mestre Paulo Dias adota uma faixa para as empresas contratantes de
acordo com o valor do contrato:11
Valor do contrato Variação média da AC %
Até R$ 150.000,00 10 % a 20 %
Acima de R$ 150.000,00 até R$ 1.500.000,00 8 % a 14 %
Acima de R$ 1.500.000,00 4 % a 8 %.
Os engenheiros Mendes e Patrícia, adotam a taxa da administração central
de 6 %.
A taxa do DNIT é de 3,80 % sobre o custo direto (outubro/2009).
O SINAPI, Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices de Custos
da Construção Civil, disponibiliza para os associados ao sistema, uma tabela com
os percentuais admissíveis de BDI. A despesa da administração central adotada
pelo SINAPI é: mínimo = 0,11 %; médio = 4,07 %; e máximo = 8,03 %.
4.1.2 - Taxa de Riscos - TR
As licitações de obras públicas são efetuadas, normalmente, a nível de
projeto básico. Muitas vezes os projetos são executados em tempo insuficiente
para sua correta execução, a obrigatoriedade de utilizar os sistemas oficiais para
as composições de custos unitários, assim como fenômeno natural, as
paralisações por greves, os retrabalhos por ineficiência da mão de obra, são
fatores de eventuais geradores de incertezas e indefinições. Desta forma a taxa
de risco deve ser considerada.
______________________
11 - Valores de modalidades de limites de licitações de obras públicas de acordo
com o Art. 23 da Lei nº 8.666/93 e, nova redação da Lei nº 9.648/1998.
42
A TCPO adota a taxa de mínimo 1,00 % e máximo 5,00 %.
O Mestre Paulo Dias adota taxa de risco de empresas contratantes, de
acordo com o valor do contrato:
Valor do contrato Taxa de risco %
Até R$ 150.000,00 7 %
Acima de R$ 150.000,00 até R$ 1.500.000,00 5 %
Acima de R$ 1.500.000,00 4 %
Os engenheiros Mendes e Patrícia, adotam a taxa de 1,00 %, somando-o à taxa
com seguro.
A Taxa do DNIT é de 0,50 % sobre o custo direto.
O SINAPI soma o risco + seguro + Garantia, com a taxa de:
Mínimo = 0,00 %; Médio = 1,18 %; e máximo = 2,47 %.
4.1.3 - Despesas Financeiras - DF
Despesas financeiras são decorrentes dos gastos da defasagem entre a
data do desembolso e da data da receita. No caso de obras públicas, a
contratada recebe por serviços efetivamente realizados, necessitando de
desembolsar recursos próprios para executar os referidos serviços. Normalmente,
o desembolso transcorre após 30 dias de efetiva realização.
A fórmula adotada pela TCPO é:
f = [(1 + i) n/30 x (1 + j) n/30] – 1.
Onde:
f = taxa de despesa financeira;
i = taxa de infração média mensal, ou média de infração de últimos meses;
43
t = taxa de juro mensal de financiamento do capital de giro cobradas pelas
instituições financeiras;
n = número de dias transcorridos entre os dias efetivo da realização dos
serviços e do recebimento.
Para o efeito de cálculo a TCPO adota a taxa de despesas financeiras de:
mínimo 2 % e máximo de 5 %.
O Mestre Paulo Dias sugere a seguinte fórmula para o cálculo da taxa de
custos financeiros CF
DF = [ ( 1+ t ÷100)n/30 – 1) x 100
Onde:
t = taxa de juros de mercado ou de correção monetária ao mês, em
percentagem;
n = número de dias transcorridos entre os dias efetiva de realização dos
serviços e do recebimento.
Para empresas contratantes, o Mestre Roberto Dias adota a taxa de 1,50 %
Os Engenheiros Mendes e Patrícia adotam o percentual de 1,12 %.
A taxa adotada pelo DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes é de 1,27 %.
O percentual da despesa financeira admissível pelo SINAPI é de: 0,59 na
média e, no máximo 1,20 %.
4.1.4 – Tributos - T
Na construção civil são os seguintes os tributos a serem considerados:
4.1.4.1 - COFINS – T1 = 3,00 % (Percentual definido em lei)
44
Contribuição para o financiamento da Seguridade Social, tributo federal,
devida pelas pessoas jurídicas de direito privado, instituída pela Lei nº
9.178/1998;
4.1.4.2 - PIS T2 = 0,65 % (Percentual definido em lei)
Programa de Integração Social, tributo federal, criado pelos decretos-Lei nº
2.445/1988 e nº 2.449/1988, é imposto cobrado sobre a receita operacional da
empresa;
4.1.4.3 - ISS – T3
Imposto Sobre Serviços. Imposto municipal devido no local da realização de
serviços de qualquer natureza. Cada município estabelece uma alíquota. O
imposto incide sobre a mão de obra. Na fatura de execução de serviços deverá
constar a parcela referente a mão de obra. Para o Município do Rio de Janeiro, a
alíquota é de 3 %.
A taxas adotados pelas pelos autores são sobre o faturamento, sendo que:
TCPO: mínimo = 2 % e máximo = 5 %;
Mestre Paulo Dias = 3 %;
Engenheiros Mendes e Patrícia = 3 %;
DNIT = 4,47 % sobre o custo direto; e
SINAPI adota uma taxa diferenciada:
Mínimo = 2,38 %, Média = 4 % e Máxima = 5,38 %.
Alem dos tributos acima, a TCPO e o Mestre Paulo Dias consideram o
imposto de renda de pessoas jurídicas – IRPJ e Contribuição social sobre lucro
liquido – CSLL, como despesas tributárias.
A TCPO adota as seguintes taxas:
- IRPJ = 1,20 % (15 % sobre lucro presumido); e
- CSLL = 1,08 % (9% sobre lucro presumido)
O Mestre Paulo Dias adota as taxas de acordo a faixa do valor do contrato:
- IRPJ:
45
Valor do contrato Taxa de risco %
Até R$ 150.000,00 1,20 %
Acima de R$ 150.000,00 até R$ 1.500.000,00 2,50 %
Acima de R$ 1.500.000,00 3,00 %
- CSLL = 1,08 %
O Mestre Paulo Dias considera que todos os impostos devem ser
contabilizados.
“Em um orçamento de obras todos os insumos avaliados são estimados,
assim, podem ocorrer em menor ou maior escala. Segundo esta definição
qualquer imposto encontra-se incluído neste mesmo critério.
Além do que um imposto é uma classificação de custo como outra qualquer,
isto é, passível de se desembolsar os recursos financeiros necessários ao
pagamento dos valores estabelecidos em lei.
Da mesma maneira, não existe diferença do aspecto de Engenharia de
Custos de um insumo, tipo cimento, mão de obra ou encargos sociais em um
tributo como IRPJ – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica ou CSLL -
Contribuição Sobre Lucro Líquido, ou seja , todos são estimados.”12
Os Engenheiros Mendes e Patrícia consideram indevida a inclusão de IRPJ
como despesa indireta, alegando não se tratar de imposto incidente sobre o
faturamento decorrente de um determinado serviço. Ele declara que:
“Se um determinado contratante concordar em pagar determinada taxa
percentual do imposto de renda embutida no BDI, estará pagando um gasto que
na verdade é imprevisível, podendo coincidir ou não com o valor pactuado como
despesa indireta.”13
___________________
12 - Texto extraido do livro Novo Conceito de BDI, do Autor Paulo Roberto Vilela
Dias, 2ª edição, 2009, pag. 32.
13 - Texto extraido do livro Novo Conceito de BDI, do Autor Paulo Roberto Vilela
Dias, 2ª edição, 2009, pag. 32.
46
Da mesma forma, os engenheiro Mendes e Patrícia, consideram indevida a
inclusão de CSLL como despesa indireta, uma vez que o CSLL é incidente sobre
lucro líquido.
O DNIT e o SINAPI também não incluem o IRPJ e a CSLL na composição
do BDI. Recentemente a Marinha do Brasil emitiu uma nota no Boletim de
Notícias - BONO, uma publicação diária, publicado em 01/06/2010, que estas
taxas não devam ser incluídas nas composições do BDI em obras da Marinha.
4.1.5 - Lucro - L
Numa economia de livre iniciativa e de livre concorrência, o lucro é a parcela
excedente das receitas, depois de subtraídos os custos. É o lucro que remunera o
capital investido num empreendimento. Sem ele não existem empresas ou
negócios.
Existem dezenas de conceitos diferentes de lucro, conforme a ótica
observada e a finalidade desejada. O conceito mais conhecido e mais utilizado é
o que define o lucro como sendo a diferença positiva entre as receitas obtidas
com a venda de mercadorias e serviços e os custos necessários para obtê-las.
Quando se fala em lucro como componente do BDI, é preciso definir qual tipo de
lucro deve ser considerado.
A TCPO considera que: “Devido aos enormes riscos financeiros envolvidos
numa empreitada de construção e a sua complexidade em estabelecer
parâmetros matemáticos que possam chegar a algum número objetivo e
considerando que o significado de lucro a ser utilizado na composição do BDI, no
caso de empresas optantes por Lucro Real, tem no seu conteúdo, componentes
que extrapolam a simples conceituação do lucro líquido com todos os ajustes,
adições e exclusões constantes do Decreto nº 3.000/99, e, considerando o valor
médio de todas as avaliações apresentadas pelos vários setores interessadas,
concluimos qual a taxa de lucro a ser atribuída ao BDI deva ficar em torno de 10
%.” 14
____________________
14 – Texto extraído do livro TCPO, 13ª edição, pag. 17 da Editora PINI.
47
O Mestre Paulo Dias adota o percentual do lucro conforme a faixa do valor
do contrato para empresas contratantes:
Valor do contrato Taxa de lucro %
Até R$ 150.000,00 14 %
Acima de R$ 150.000,00 até R$ 1.500.000,00 12,58 %
Acima de R$ 1.500.000,00 12,08 %
Os engenheiros Mendes e Patrícia apresentam vários estudos relacionados
ao tema, e considera que uma margem de lucro de 7,00 % e 8,5 % estaria
perfeitamente adequada aos valores atualmente praticados no mercado da
construção civil. No cálculo da taxa do BDI ele adota o percentual de 8%.
O DNIT adota o lucro operacional de 9,20 % sobre o custo direto;
O SINAPI/TCU adota a taxa de lucro de: mínimo = 3,83 % , médio = 6,90 %
e máximo = 9,96 %
4.1.6 - Seguros e garantias - SG
Administração tem a faculdade de exigir do licitante vencedor uma garantia
de que o contrato será cumprido. E compete ao contratado escolher qual garantia
prevista em lei será oferecida.
A TCPO não inclui as despesas referentes aos seguro e garantia na
composição do BDI.
O Mestre Paulo Dias classifica o Seguros como “custos referentes aos
seguros previstos no contrato ou não, entre outros: performance bond, garantia
de execução e contra terceiros”. Para ele a Garantia refere-se ao “custo para
cumprir o contrato oferecendo as garantias previstas , podem ser adotadas
diversas formas: caução, o seguro garantia ou papéis selecionados”. O mestre
adota o percentual de 2,00 % para o seguro e garantia.
Os engenheiros Mendes e Patrícia conceituam desta forma as despesas
referentes ao seguro, no Artigo Um aspecto polêmico dos Orçamentos de Obras
48
Públicas: Benefícios e Despesas Indiretas (BDI), do autores André Luiz Mendes e
Patrícia Reis Leitão Bastos, pag. 20, publicado na Revista do TCU, v. 32, nº 88,
abr/jun 2001.
"Sabe-se que nas atividades relacionadas com a construção civil há os mais
variados riscos, sejam para vida humana, equipamentos ou outros bens, relacionados
com a própria execução do serviço. Há ainda a possibilidade de se causar,
involuntariamente, danos materiais a terceiros. Contudo, existem seguros que
cobrem estes riscos. Vale ressaltar que a cobertura restringe-se a danos que sejam
classificados como acidentais, por serem súbitos e/ou imprevisíveis. Quanto a taxa de
imprevistos, essa pode estar incluída na taxa do BDI, pois há imprevisto que não são
cobertos pelo seguro. Consideram-se como imprevistos ou riscos os seguintes
acontecimentos, dentre outros cuja ocorrência prejudica o andamento dos serviços e
independe da atuação prévia do executor da obra: fenômenos naturais (águas
subterrâneas, ventos fortes, condições climáticas atípicas, etc.); perdas de eficiência
da mão de obra; perdas excessivas de material (por quebras ou retrabalhos) e greves.
Propõe-se a adoção de uma taxa de seguros/imprevistos no BDI de 1,00 % por
considerar que esta cobriria, alem do custo do seguro, os possíveis imprevistos que
pudessem acontecer no decorrer da obra."
O DNIT adota um percentual de 0,32 % sobre custo direto para Seguros e
garantias contratuais
O SINAPI Soma as taxas de seguro e garantia à taxa de risco do
empreendimento
4.1.7 - Taxa de Comercialização - TC
A TCPO define como custos de comercialização, as despesas com:
compras de editais de licitação, preparação de propostas de habilitação e técnica,
custos de caução e seguro por participação, reconhecimento de firmas, e
autenticações, cópias de xerox e toners de impressoras, emoluentos, despesas
cartoriais, despesas com acervos técnicos, anuidades e mensalidades com
CREA, SINDUSCONS, e associações de classes, despesas com visitas técnicas,
viagens comerciais, assessorias técnicas e jurídicas especializadas, almoços e
49
jantares com clientes potenciais, propaganda institucional, brindes, cartões e
folhetos de propaganda, comissão de representantes comerciais, placa de obra
não apropriado como custos, etc.
Segundo a TCPO a fórmula do cálculo da taxa é:
TC = Gc ÷ FAE,
Onde:
Gc = Gasto anual em comercialização da empresa; e
FAE = Faturamento anual da empresa.
Para a TCPO esta taxa é de: mínima = 2,00 %; e máxima = 5,00 %.
Outros autores não incorporam a taxa de comercialização no BDI
4.2 - Cálculo da taxa de BDI
Definidas e apuradas os componentes e suas respectivas taxas, é realizado
o cálculo de BDI.
A fórmula adotada pela TCPO e pelo Mestre Paulo Dias é:
BDI = [((1+AC%) x (1+TR%) x (1+DF%))÷((1- (T + L))] x 100
As taxas no numerador incidem sobre custos diretos.
As taxas no denominador incidem sobre o Preço de Venda – PV
Abaixo as taxas de BDI da TCPO e do Mestre Paulo Dias
ITEM DESCRIÇÃO TCPO Paulo Dias Mínimo Máximo Máxima Média Mínima AC Administração Central 10,00 20,00 14,00 11,00 8,00 TR Taxa de Riscos 1,00 5,00 7,00 5,00 4,00 DF Despesas Financeiras 2,00 5,00 1,50 1,50 1,50 SG Seguro e garantias 0,00 0,00 2,00 2,00 2,00 T Tributos 8,05 21,93 8,93 10,23 10,73 T1 PIS 0,65 1,65 0,65 0,65 0,65 T2 COFINS 3,00 7,60 3,00 3,00 3,00 T3 ISS 2,00 5,00 3,00 3,00 3,00 T4 IRPJ 1,50 4,80 1,20 2,50 3,00 T5 CSLL 0,90 2,88 1,08 1,08 1,08 L Lucro 12,00 20,00 14,00 12,58 12,08 Total BDI 41,74 116,63 63,84 56,32 49,68
50
Nota-se um conceito diferente entre a TCPO e o Mestre Paulo Dias. O
Mestre Paulo Dias adota percentuais decrescentes.
Para obras públicas o Mestre Paulo Dias adota percentuais decrescentes,
em função das faixas de valores de licitações.
BDI segundo Engenheiros Mendes e Patrícia
A fórmula proposta é BDI = [(1+ X) x (1+ Y) x (1 + Z ) ÷ (1-I)] – 1
Nesta fórmula os autores somam as taxas referentes Administração Central
(AC) e taxa de risco (TR). Inclusive, à taxa de risco são somadas as taxas de
seguro e garantia, com valor final diferente caso adotasse o cálculo por
multiplicação.
ITEM DESCRIÇÃO Taxa X Taxa do somatório das despesas indiretas, exceto tributos e despesas financeiras (AC+TR) 7,00
Y Taxa representativa das despesas financeiras 1,12 Z Taxa representativa do lucro 8,00 I Taxa representativa da incidência de impostos 7,15
Total BDI 25,85
BDI disponibilizada pela Caixa Econômica Federal aos associados do
sistema SINAPI.
D[((1+ AC÷100) x (1- DF÷100) x (1+ R÷100) x (1+ L÷100))÷(1-I/100))-1]x 100
SINAPI Sigla Itens Mínimo Média Máximo AC Administração Central 0,11 4,07 8,03 DF Despesas Financeira 0,00 1,18 2,47 R Risco, seguro e Garantia 0,00 0,59 1,20 L Lucro 3,83 6,90 9,96 I Tributos (Federal e Municipal) 6,03 7,65 9,03 TOTAL BDI 10,61 19,75 28,88
51
Na fórmula, disponibilizada pela Caixa Econômica Federal, a despesa
financeira é deduzida. Interessante que no mesmo documento, não conta os
resultados obtidos mas limita o intervalo admissível em:
mínimo = 20 %; médio = 25 %; e máximo = 30 %,
Outro conceito divergente entre autores independentes e autores de orgãos
públicos, é em relação ao lucro na fórmula do cálculo do BDI. Os autores
independentes consideram que o lucro é sobre a venda, assim devem ser
somado aos tributos. Os autores de orgãos públicos consideram que o lucro é
sobre custo direto e assim devem ser considerado como despesas indiretas.
Ao calcular o BDI com dados do sistema SINAPI, considerando a coluna do
máximo, com fórmula adotado por autores independentes, a taxa seria:
BDI=[((1+8,03÷100)x(1+2,47÷100)x(1+1,20÷100)÷(1-(9,96+9,03)/100))-1]x 100
= 38,29 %.
Cada órgão público adota o percentual do BDI diferente. Alguns adotam um
percentual único para projetos de edificações, independente da complexidade ou
localização. Existem orgãos públicos que adotam percentual máximo de 20 %.
Nos orçamentos de projetos de engenharia civil elaborados na Diretoria de
Obras Civis da Marinha, O BDI é definido de acordo com a complexidade do
projeto, porém, obedecendo aos intervalos admissíveis pelo sistema SINAPI
52
CONCLUSÃO
A atividade de orçar em órgãos públicos é muito complexa, uma vez que é
bastante limitada por leis, normas, acórdãos e interesses políticos e econômicos.
Muitos projetos de obras públicas tem interesse de cunho político,
acarretando elaboração de projetos em tempo insuficiente e consquentemente ,
orçamentos incorretos.
As obras de edificações, de infaestrutura ou de logísticas elaborados por
órgão públicos, principalmente, da Marinha do Brasil, normalmente são para a sua
própria utilização e de longa duração. Como a manutenção destas construções são
dispendiosas, os materiais e serviços especificados devem ser os mais
adequados.
Legislações confusas e em excesso, a falta de definições e critérios claros
para cálculos de Encargos Sociais e BDI, a obrigatoriedade de adotar as tabelas
dos sistemas, exigida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, sem que saiba como
foram feitas as coletas de preços, sem que se ofereçam as condições adequadas
de consultas desses sistemas, tornam o ofício de orçar um verdadeiro calvário.
53
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS
1 – Cardoso, Roberto Sales. Orçamento de Obras em Foco. Editora PINI, 2009.
2 – Dias, Paulo Roberto Vilela. Engenharia de Custos. Editora HOFFMANN,
2006.
3 - Dias, Paulo Roberto Vilela. Novo Conceito de BDI. IBEC, 2009.
4 - Matos, Audo Dórea. Como preparar Orçamentos de Obras. Editora PINI,
2006.
5 - Tribunal de Contas da União. Obras Públicas, [Recomendações básicas
para a Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações Públicas]. 2ª
edição/2009. www.tcu.gov.br
6 - André Luis Mendes e Patrícia Reis Leitão Bastos. Os Encargos Sociais
nos Orçamentos da Construção Civil. R. TCU, Brasília,v. 32, n. 89.
jul/set 2001. www.tcu.gov.br
7 - Tabela de Composição de Preços para Orçamentos, TCPO 13ª edição.
Editora PINI.
8 – Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre – DNIT. Composição
da Parcela do BDI. Outubro/2009. www.dnit.gov.br
9 – Caixa Econômica Federal. Sistema Nacional DE Pesquisas de Custos e
Índices da Construção Civil. SINAPI. www.sipci.caixa.gov.br.
10- Sistema de Orçamento de Obras de Sergipe (ORSE) www.cehop.se.gov.br
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - OBRAS PÚBLICAS 9
1 - Condicionantes 9
1.1 - Programas de Necessidades 9
1.2 - Estudos de viabilidades 10
1.3 - Anteprojeto 11
1.4 - Projeto Básico 11
1.5 - Licitações de Obras Públicas 12
CAPÍTULO II - ORÇAMENTO 13
Conceito 13
2- Métodos de Orçamento 13
2.1- Método de Orçamento analítico 14
2.2 - Estrutura Analítica do Projeto 15
2.3 - Quantificação de Materiais e Serviços 16
2.4 - Composição Analítica de Preço Unitário 18
2.4.1 - Apropriação de custos de Materiais 18
2.4.2 - Apropriação de custos de Equipamentos 19
2.4.3 - Apropriação de custos de Mão de Obra 20
2.4.4 - Elaboração de Composição Analítica 21
2.5 - Planilha de Orçamento Analítico 22
2.6 - Orçamento de Obras Públicas 25
CAPÍTULO III – ENCARGOS SOCIAIS 28
Conceito 28
55
3 - Cálculo de Encargos Sociais 28
3.1 - Encargos Sociais de Trabalhadores Horistas 28
3.2 - Encargos Sociais de Trabalhadores Mensalistas 34
CAPÍTULO IV – BENEFÍCIOS E DESPESAS INDIRETAS 39
Conceito 39
4 - Cálculo da Taxa de BDI 39
4.1 - Componentes das Despesas Indiretas da Taxa do BDI 40
4.2 - Cálculo da Taxa do BDI 49
CONCLUSÃO 52
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS 53
ÍNDICE 54
FOLHA DE AVALIAÇÃO 56
56
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Título da Monografia: ORÇAMENTO DE OBRAS PÚBLICAS
Autor: Kiyomi Gondo
Data da entrega: 16 de julho de 2010
Avaliado por: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves
Conceito:
Nome do arquivo: Monografia Diretório: C:\Documents and Settings\docm-241\Meus documentos Modelo: C:\Documents and Settings\docm-241\Dados de
aplicativos\Microsoft\Modelos\Normal.dotm Título: Exemplo de Monografia Assunto: Autor: a Palavras-chave: Comentários: Data de criação: 14/7/2010 09:04:00 Número de alterações: 46 Última gravação: 16/7/2010 14:48:00 Salvo por: docm-241 Tempo total de edição: 303 Minutos Última impressão: 16/7/2010 14:48:00 Como a última impressão Número de páginas: 56 Número de palavras: 12.280 (aprox.) Número de caracteres: 66.313 (aprox.)