universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · melhor aproveitamento de todo o lixo produzido....
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
CONSUMISMO: A REALIDADE CRUEL NA EVOLUÇÃO DO LIXO
Por: Renato Iezzi
Orientador
Prof. Maria Esther de Araújo
Co-Orientador
Alex Lamonica
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
CONSUMISMO: A REALIDADE CRUEL NA EVOLUÇÃO DO LIXO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Educação
Ambiental
Por: Renato Iezzi
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AGRADECIMENTOS
A todos os professores e funcionários, da AVM, por todo apoio, ensino de
qualidade e eficiência durante o ano letivo.
A minha mãe, super protetora, que me ensinou amar e perpetuá-lo. Meu porto-
seguro nos momentos difíceis. Minha amiga nos momentos de alegria. Seus
ensinamentos para sempre refletirá em mim.
Aos meus irmãos que sempre me apoiaram. Cada um a sua maneira, mas com
a mesma intensidade. Obrigado por sempre estarem ao meu lado. Essa
conquista é nossa.
Ao meu amigo Miguel Mussi que nos últimos anos foi minha fonte de consulta e
de amizade. Suas palavras desconexas, porém sábias ajudou-me a trilhar o
meu caminho Obrigado por tudo. Conte sempre comigo.
Aos meus amigos que conhecem minha história, meus questionamentos e de
alguma forma me incentivaram.
E todo meu amor...
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RESUMO
O objetivo deste estudo é orientar sobre os benefícios e malefícios do
lixo/resíduos sólidos ao meio ambiente, à sociedade e ao poder público,
apresentando os seus tipos e classificações, descarte e degradação, além de
contribuir com alternativas para o consumo e destinação final desses
resíduos.
Através da coleta seletiva, reutilização ou reciclagem admita-se um
melhor aproveitamento de todo o lixo produzido. Aliando-se as técnicas de
compostagem para o lixo orgânico e incineração de materiais contaminados
com possibilidade aproveitamento energéticos.
Diante dos problemas de degradação ambiental e social, esse estudo
disserta sobre os modos de produção mundiais, discorre sobre a problemática
do consumo - a sociedade vulnerável - e utiliza a história da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro, que durante anos sofre com a precariedade
das condições do lixo, descaso do governo e poluição.
Altas tecnologias serão usadas para o desenvolvimento e
implementação do Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, mas
outros problemas perpetuarão.
Conclui-se que, mesmo sem conscientização da sociedade, temos uma
parcela de educadores ambientais dispostos a ajudar quanto à esses
problemas, mas sem os padrões aceitáveis de consumo e descarte pouco
valerão os esforços.
Palavras-chave: Lixo, Reciclagem, Meio Ambiente, Consumismo, Rio de
Janeiro
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com abordagem descritiva
exploratória. Toda pesquisa foi de caráter bibliográfica, realizada a partir de
registro disponível, decorrente de pesquisas e teorias, em documentos
impressos, como livros, artigos, revistas ou teses. E cinematográfico, realizada
a partir de registro documental ou fictício disponível, decorrente de pesquisas e
teorias, em documentos audiovisuais.
Dados históricos serão relevantes para o entendimento do objetivo do
tema proposto. Assim, como pesquisas qualitativas e estatísticas para
investigar e consolidar alguns fenômenos voltados para a percepção e
subjetividade do assunto.
Alguns temas serão direcionados para a investigação dos significados
das relações humanas, em que suas ações são influenciadas pelas emoções e
sentimentos aflorados diante das situações vivenciadas do dia-a-dia.
Os principais autores utilizados foram Daniel Véras Ribeiro, Márcio
Raymundo Morelli, Amélia Damiani, Mauricio de A. Abreu, Victor Coelho, Felix
Guatari, Gilberto Cotrim e Francisco Capuano Scarlato. As pesquisas
explorativas foram realizadas no cotidiano, sempre visando a atualização do
assunto.
Todo o trabalho teve o acompanhamento das leis, decretos e resoluções
vigentes.
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .......................................................................................... 3
RESUMO ............................................................................................................ 4
METODOLOGIA ................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7
CAPÍTULO I – RADIOGRAFIA DO LIXO ........................................................... 9
CAPÍTULO II – A CAMINHADA HISTÓRICA DO LIXO NA REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO ..................................................... 17
CAPÍTULO III – SEC XXI – ERA DO CONSUMO E DA FALTA DE
CONSCIENTIZAÇÃO? ..................................................................................... 25
CAPÍTULO IV – POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............... 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 37
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 39
WEBGRAFIA ................................................................................................... 40
CINEGRAFIA ................................................................................................... 40
ÍNDICE ............................................................................................................. 33
FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................. 33
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INTRODUÇÃO
Durante o século XX, a população mundial explodiu de 1,6 bilhões em
1900 para 6,1 bilhões em 2000; paralelo a isso, seu consumo e sua produção
de lixo acompanham esse quantitativo populacional.
Estamos numa “era de descartáveis”, na qual os bens de consumo
satisfazem por menos tempo. Uma busca interminável pelo melhor ou pelo
mais prático e poucas vezes pelo sustentável.
A durabilidade dos bens adquire outro ritmo, suas validades estão cada
vez menores, temos a sensação de que tudo tornou-se “bens não-duráveis” e
que escorre entre os dedos. Há um vício, uma fixação na compra, levando a
população a consumir mais, com ou sem um comprometimento ambiental,
gerando o lixo, muito lixo.
O lixo, termo vulgamente designado a tudo que por ora não é mais útil.
Todo material, sem valor comercial para o consumidor é lançado e amontoado
em algum lugar, algum terreno, algum lixão ou em poucos aterros sanitários,
dando assim um destino final para estes.
O lixo, ou melhor, os resíduos sólidos podem ser caracterizados como
sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem:
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Além do lodo proveniente de sistemas de tratamento de água. (NBR 10.004)
Os resíduos hospitalares (biomédicos) e químicos são os que possuem
maior periculosidade, mas durante essa monografia iremos trabalhar apenas
com os domiciliares. Uma vez que esses, em tese, não deveriam ser
descartados em lixões e aterros.
Lixões e aterros são disposições ou destinos finais do lixo. E podem
ser feito de diversas maneiras. Muito comum pelo Brasil, e também pela cidade
do Rio de Janeiro, os lixões, consiste em uma prática ilegal e muito danosa ao
ambiente em que resíduos sólidos são lançados e amontoados em algum
terreno baldio; estimulando assim a prática dos catadores de lixo, ou mesmo,
sobreviventes diretos do lixo, que não só fazem daquilo como um trabalho, mas
que tiram dali seu alimento.
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Nos aterros sanitários, o processo é diferente, todo o lixo é recoberto
com solo local, a fim de isolá-lo do ambiente.
Nessa corrida contra o tempo, na qual o consumo aumenta a cada dia,
e os locais para destino final desse resíduo deve aumentar, porém o espaço
tende a ser tornar escasso. Buscas por espaço levam a escolhas duvidosas
como é o caso do Aterro Sanitário Seropédica. Novas tecnologias serão
usadas, mas novos problemas também haverá de existir.
A seguir, apresentarei o percurso do lixo. No capitulo um, iremos fazer
uma radiografia do lixo, conhecer suas classificações, seus tipos; a fim de
identificá-los e melhor trabalhá-los durante a monografia. No capitulo dois,
conheceremos a história do lixo na cidade do Rio de Janeiro, uma descrição
das principais questões históricas, passando pelo mundialmente conhecido
Lixão/Aterro de Jardim Gramacho e o novo Aterro Sanitário de Seropédica, sua
implementação, tecnologias e as possíveis vantagens. No capitulo três, será
feita uma a relação produção e consumo. O acelerado mercado mundial, os
conceitos de produção, marketing e a população consumista. No quarto
capítulo finalizaremos com as políticas e leis vigentes, suas vantagens e
limitações.
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CAPÍTULO I
A RADIOGRAFIA DO LIXO
“Na natureza nada se cria,
nada se perde, tudo se transforma.”
(Antoine Lavoisier)
Lixo numa linguagem mais técnica é o sinônimo de resíduos sólidos,
sendo todo material descartado pela atividade humana mundial.
Segundo BIDONE (1999), a denominação de resíduo é o que sobra de
determinadas substâncias e a palavra sólido é apenas incorporado para
diferenciá-los de gases e líquidos.
Na era pré Revolução Industrial, até meados do sec. XVIII, o lixo era
produzido em pequena escala, constituído de apenas por sobras de alimentos.
Após essa revolução, a indústria passou a produzir mercadorias em larga
escala e introduzi-las no mercado. Soma-se a isto a fato de ainda não existir
uma política pública para o destino destes resíduos sólidos, o que aumentou o
volume do lixo nas áreas urbanas.
Desde então, o consumo de produtos, suas embalagens e derivados
passaram a nos acompanhar pelos os anos seguintes. Mas apenas no final do
sec. XX e o início do século atual que o impacto do lixo tornou-se evidente,
reconhecido e debatido pela sociedade. Surgem então algumas preocupações
com o meio ambiente (poluição no solo, na água, no ar e visual) e
principalmente a saúde humana exposta a possíveis poluições geradas pelo
descarte ilegal ou impróprio do lixo.
O intuito deste capítulo é decifrar o lixo. Conhecer de forma simples e
clara os tipos, as classificações, o processo de decomposição, disposição e
tratamento. Estudar seus males para o meio ambiente e para saúde pública.
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1.1 – Tipo e Classificação dos Resíduos
A classificação dos resíduos gerados em uma determinada atividade é o
primeiro passo para estruturar um plano de gestão, conseqüentemente será o
nosso primeiro estudo.
Existem várias formas de classificar os diversos tipos de resíduos sólidos
que podem conflitar entre alguns autores. Esses tipos podem ser de acordo
com sua característica física, origem, tipo de resíduo, composição química e
periculosidade.
De acordo com as características físicas e químicas: Essas duas
características estão bem próximas correspondendo numa mesma divisão:
• Molhados e Orgânicos (ou biodegradáveis): são os materiais que podem
ser decompostos pelo os microrganismos do meio ambiente,
substancias provenientes de animais e vegetais, como cascas e
bagaços de frutas,
• Secos e Inorgânico (ou não biodegradáveis): são matérias de origens
mineral, manufaturado como vidros, latas de alumínio, lâmpadas,
cerâmicas, etc.
De acordo com a origem:
• Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): É o resíduo humano gerado nos
centros urbanos e coletado pelo serviço municipal.
São subclassficados em:
o Domiciliares
o Comerciais:
o Serviços Públicos
o Serviços de Saúde
o Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários
• Resíduo Industrial (RSI): representa outra categoria de detritos,
resultante na operação das fábricas, tais como os ramos químico,
petroquímico, etc.
São subclassficados em:
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o Radioativos
o Agrícolas
o Resíduos da Construção Civil ou Resíduos de Construção e
Demolição (RCD)
De acordo com a periculosidade: Segundo a NBR 10.004, os resíduos podem
ser classificados em três classes distintas:
o Classe I – Perigosos: caracterizado por sua toxicidade, inflameabilidade,
corrosividade, reatividade, radiotividade e patogenicidade, que, em
geral, podem apresentar risco à saúde pública.
o Classe II – Não perigosos:
• Classe IIA - não inertes: são aqueles que não se enquadram em
nenhuma das classes propostas. Podem ter propriedades, tais
como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em
água.
• Classe IIB – Inertes: são aqueles que não se solubilizam ou que
não têm nenhum de seus componentes solubilizados em
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.
No Brasil, a responsabilidade pela coleta e destino do lixo gerado varia
para cada Estado ou município, sempre levando em pauta a legislação local.
Em geral, os municípios são responsáveis pela coleta e destinação dos
resíduos domiciliares, comerciais e públicos; já os resíduos de serviços de
saúde, industrial, de portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários,
agrícolas e entulhos, são de responsabilidade de quem os gerou.
1.2 – O lixo, a saúde e o meio ambiente
O lixo não dura por toda eternidade. Cada material lançado ao lixo tem
duração distinta para sua decomposição.
Os materiais orgânicos possuem um tempo de vida menor, devido à
atividade de micróbios decompositores que vivem no meio ambiente. A
decomposição é a reciclagem dos materiais orgânicos.
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Os fungos, juntamente com as bactérias são os principais
decompositores da biofesra, quebrando os produtos orgânicos e reciclando
carbono e outros compostos do solo e do ar (LEITE, 2008).
Essa quebra ocorre pela a ação de enzimas. Ao liberar essas enzimas,
esses organismos dissolvem o alimento, formando um tipo de caldo que entra
facilmente em seu organismo. Como são formados por diversas cadeias ou
famílias; os micróbios têm suas preferências e hábitos alimentares próprios,
sendo assim cada um responsável por uma fase da decomposição ou
apodrecimento dos materiais. Esses são chamados de biodegradáveis, ou seja,
degradação biológica através da decomposição por micróbios.
As fases da decomposição ocorrem continuamente, em qualquer
ambiente propício ao ataque e a proliferação das bactérias. Quando expostos
ao ar livre, a decomposição é feita de maneira aeróbia, mais completa, dada
pela presença de oxigênio difundido no meio da massa sólida resultando em
gás carbônico, vapor d’água e sais minerais, formando assim, húmus, adubo
para o solo. Quando muito amassada ou enterrada, a decomposição é feita de
maneira anaeróbia, sem oxigênio gerando gases altamente inflamáveis como
metano e o gás sulfídrico e pior e maior vilão, o chorume, liquido escuro
produzido em alta escala, dependendo do volume que está sendo fermentado.
Altamente poluente, o chorume, se não for devidamente coletado, pode
penetrar no subsolo alcançando as águas subterrâneas que abastecem os
poços ou os mananciais que abastecem cidades. Quando penetrado pode
permanecer no solo, sendo carregado pelas águas subterrâneas para rios
próximos.
Os materiais inorgânicos podem levar anos ou até séculos para se
decomporem devido à modificação química. Esses são chamados de não-
biodegradáveis. Por isso a importância da coleta seletiva.
Essa forma de tratamento prevê a triagem manual dos resíduos que
podem ser feitos pelos consumidores ou realizados por esteiras rolantes em
galpões. Quando o município realiza a coleta seletiva, estimula os
consumidores a separar os resíduos, isto é, os materiais recicláveis chegam ao
local de tratamento separado dos resíduos orgânicos. Quando não é separado
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nas residências e nos estabelecimentos, os sacos de lixo coletados são
encaminhados para a triagem, onde acontece a separação. Nesse ultimo caso,
torna-se mais difícil porque os resíduos estão misturados, dificultando a
segregação.
Para que a coleta seletiva seja realmente eficiente é necessária a
mudança de hábito na disposição e acondicionamento do lixo na fonte
geradora (consumidor). Os resíduos inorgânicos são enviados para reciclagem
e seu tempo de vida reduzido. Ainda podemos considerar os benefícios de
inclusão social dos catadores quando esse de forma digna seja parceiro na
coleta seletiva.
1.3 – Disposição e tratamento
No Brasil, segundo estimativas, cada pessoa produz, em média, cerca de
500g de resíduo domiciliar por dia, sendo que metade deste peso é
correspondente a sobras de alimento. Todo esse material é enviado para um
destino final que nem sempre é o mais adequado, nem sempre é a melhor
alternativa para o meio ambiente natural e para a sociedade.
O mais usual e ainda o mais comum nas cidades do Brasil, é que todo
esse lixo, ou melhor, algumas toneladas de lixo sejam descartadas em lixões, o
que representa um desperdício de matérias para reciclagens, um desperdício
enérgico.
Os ‘lixões’, ‘monturos’, ‘vazadouros’ são grandes áreas na qual é
descartado todo lixo sem nenhum tratamento prévio, geralmente pouco visível
aos moradores, mas próximos a cidade, sempre nas periferias destas. Seu
cheiro é forte e extremamente desagradável, causando sérios danos ao solo,
aos corpos d’água superficiais e subterrâneos e a atmosfera devido a má
disposição/alocação. A matéria orgânica em biodegradação, além de produzir
metano, produz um líquido altamente poluente chamado chorume, esse
penetra no solo até os lençóis causando danos irreparáveis ao meio ambiente
(como visto no tópico anterior).
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E mais, estimula a prática da catação, um dos maiores problemas sociais
de nossa sociedade; nas quais pessoas desempregadas e sem perspectiva na
vida passam dias e noites inteiros atrás de dejetos que possam ser vendidos
para posterior reaproveitamento e disputam comida com urubus e ratos para o
sustento; sem nenhum tipo de proteção pessoal ou preocupação com a saúde.
Vivendo apenas pelo instinto de sobrevivência, num local desumano onde
infelizmente não se difere do lixo, como no poema “O Bicho” de Manuel
Bandeira.
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Na examinava, nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Nào era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Os aterros controlados são um upgrade dos lixões. Geralmente são lixões
adaptados a legislação local, porém inadequado do ponto de vista
socioambiental. Esses não visam prevenir a poluição, uma vez que já foram
instalados e estão operando. Nesses casos, a decisão paliativa é de apenas
minimizar os impactos.
Já os aterros sanitários são uma alternativa adequada e segura para a
disposição final do lixo. O lixo é lançado sobre um terreno, uma área
impermeável dividida em células, onde o lixo doméstico é alocado em
camadas, sendo recoberto com solo local de forma a isolá-lo do ambiente.
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Evitando assim, os problemas causados pelos lixões. Livre de qualquer
oxigênio, todo o processo por dentro dessas camadas será realizada de forma
anaeróbica, com liberação de gases e de chorume.
Os gases são drenados para queima ou mesmo para o beneficiamento do
aterro, esses são chamados de biogás, pois é produzido por atividade
biológica. O chorume, com a área devidamente impermeabilizada pelo
revestimento irá garantir que este não infiltre no solo; sendo captado direto
para a estação de tratamento, ou mesmo, reaplicado nas câmeras do aterro a
fim de aumentar o grau de biodegradação, como usado nos aterros sanitários-
energéticos.
A incineração é feita de maneira controlada, em usina de incineração, na
qual o lixo é reduzido a cinzas e gases decorrentes de sua combustão que
devem ser devidamente filtrados para não danificar ou poluir o ar. É usada para
materiais perigosos, altamente contaminantes, como os resíduos hospitalares.
Também recomendada e usada desde a Antiguidade; a técnica de
compostagem consiste num processo simples de decomposição aeróbia. São
indicadas para pequenas cidades, casas e até mesmo em apartamentos, pois o
processo é lento e requer uma triagem dos lixos.
Abaixo a tabela 1 trás de forma reduzida as vantagens e desvantagens de
cada técnica de destinação do lixo:
DESTINAÇÃO DO LIXO
Técnica Vantagens Desvantagens
Lixão - Barato, por não possuir
nenhuma técnica de tratamento.
- A decomposição produz
chorume que contamina a
água, o solo, o ar.
- Favorece a proliferação de
insetos, ratos e germes.
Aterro
Controlado
- Os resíduos são cobertos por
uma camada de material inerte,
não favorecendo a proliferação
de insetos ratos e germes
- Comprometimento da
qualidade do solo e da água,
devido ao contato com o
chorume
Aterro
Sanitário
- Respeita as normas de
instalação e funcionamento
- Compromete áreas extensas.
- Deve ser devidamente
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ambientalmente correta.
- Custo operacional baixo.
monitorado para não poluir ou
difundir organismos
patogênicos.
Incineração - Reduz o volume do lixo
- Produz resíduo sólido estéril
- Gera energia
- Apropriado para o uso de
material hospitalar
- Pode poluir a atmosfera
- O variado tipo de lixo pode
trazer danos ao incinerador
- Pode haver desperdício de
matérias reaproveitáveis
Compostagem - Reduz o lixo orgânico
- O produto final pode ser usado
como adubo ou em aterro
sanitários
- Processo lento
- Emissão de gases
Tabela 1: Destinação do lixo
A Reciclagem e o reúso são aplicados aos materiais que venha ser
reprocessado ou reutilizado de forma a permitir uma nova utilização. Na
reciclagem trata-se de tornar aquele material descartado, em matéria-prima,
devolvendo-o ao ciclo de produção, seria uma maneira de ressuscitar aquilo
que já não é mais útil. No reuso, o material pode ser reutilizado por outros ou
de forma diferente, prolongando a vida útil deste.
Ambos ocupam papel fundamental na sociedade, sendo considerada a
mais adequada, por razões ecológicas e econômicas. Minimiza o impacto
ambiental, diminui a demanda por recursos naturais, gera emprego, através
das indústrias recicladoras e produz materiais de forma sustentável –
economizando energia e diminuindo a poluição do ar e das águas.
No próximo capítulo será feita uma análise da situação da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro. Uma visão histórica e social da problemática
do lixo.
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CAPÍTULO II
A CAMINHADA HISTÓRICA DO LIXO NA REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO
“Cuidar de tudo é o nosso caminho.
Cuidar deste planeta para ele não morrer,
Mãe natureza...”
(Tim Maia em Mãe Natureza - 1990)
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, também conhecida como
Grande Rio, foi instituída pela Lei Complementar nº20, de 1º de julho de 1974,
após a fusão dos antigos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. São 19
municípios com uma população de 11.812.482 habitantes (IBGE/2008).
Durante a monografia trabalharemos com a história da cidade do Rio de
Janeiro e os respectivos municípios onde todo o lixo da cidade é despejado:
Duque de Caxias e Seropédica (Figura 1).
O Aterro de Jardim Gramacho, Duque de Caxias, ficou mundialmente
conhecido pelos filmes “Estamira” (2006) de Marcos Prada e “Lixo
Figura 1 - Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Fonte: http://www.mapas-rio.com/regiao-metropolitana.htm
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Extraordinário” (2010) devido ao grande foco de poluição, degradação
ambiental e social. Ambos os filmes tiveram os catadores de materiais
recicláveis como protagonista e o Aterro de Jardim Gramacho como cenário. O
Aterro próximo ao Baía de Guanabara nada tem de belo, suas montanhas de
lixo, transmite apenas uma vida degradante de uma sociedade esquecida.
Mas antes disso, o Rio de Janeiro passou por diversas fases. O lixo
percorreu bairros, poluiu, excluiu pessoas e até hoje seu descarte gera dúvidas
quando sua real eficácia.
Durante anos a cidade do Rio de Janeiro viveu num caos urbano de lixo
e má administração. Promessas de melhorias são feitas a cada quatro anos,
mas pouca mudança significativa se viu.
2.1 – A Gênese do problema e as soluções cabíveis
Antes da chegada da família real no Brasil em 1808, não havia nenhum
tipo de coleta de lixo. Seus 50 mil habitantes (aprox.) atiravam todo lixo
produzido em qualquer lugar, qualquer terreno ou no mar, sem nenhuma
preocupação; o importante era dar um destino final aquilo que não os servia
mais.
Em 1830, a Câmara Municipal deu seu primeiro passo, sua primeira
postura em referência à limpeza da cidade. Nela dizia: “limpeza,
desempachamento das ruas e praças, providências contra a divagação de
loucos, embriagados e animais ferozes e os que podiam incomodar o público",
ou seja, uma lei com caráter punitivo, sem o compromisso de conscientizar,
apenas para estabelecer sanções para quem descumpria e lançava o lixo em
vias públicas. E, ainda, solicitava providências contra loucos, embriagados e
animais ferozes que viessem incomodar a população.
A promessa de organização veio com o francês radicado no Rio, Aleixo
Gary, que em 1876 foi contratado provisoriamente pelo Ministério Imperial para
administrar e gerenciar a limpeza urbana. Com intuito de monopolizar o setor,
concentrando todas as atividades de limpeza, Gary passou durante os quinze
anos de sua administração como o responsável pelo serviço de limpeza e
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remoção do lixo. Introduziu métodos até hoje utilizados; como o serviço de
limpeza das ruas e praias e remoção para um destino final, que na época era a
Ilha de Sapucaia, próximo a enseada de Inhaúma, no bairro do Caju. Seu
contrato foi rescindido em 1891, mas até hoje temos uma herança do seu
legado: os “Garys”, ou melhor, os Garis.
A partir disso, foi criada a Superintendência de Limpeza Pública e
Particular da Cidade. Os serviços desta superintendência, no entanto, nunca
foram o suficientemente bons. Nunca conseguia cumprir com o que foi
acordado em seus contratos, agravando ainda mais os problemas da cidade.
Em 1899, com todos esses problemas, a prefeitura decide retomar a
operação de serviços de limpeza da cidade, ganhando assim sua primeira sede
na Tijuca.
Em 1906, o serviço de limpeza urbana dispunha de um pouco mais de
mil animais para a coleta e transporte do lixo, porém insuficientes para a
limpeza da cidade que já produzia 560 toneladas de lixo diariamente. Tendo
assim, a título de experiência, a compra de dois caminhões. Seria o início da
passagem do uso animal para o uso mecânico na coleta.
No primeiro quarto do século XX, representa, para a cidade, uma época
de grandes transformações, motivadas pela necessidade de adequar a forma
urbana às reais necessidades urbanas. Ainda como capital do Brasil, o Rio de
Janeiro não era bem visto, era sinônimo de febre amarela e de condições
insalubres. Era necessário transformá-lo numa real capital.
Sob a administração do Prefeito Pereira Passos (1902 – 1906); o
primeiro governante a terminar o mandato; a cidade do Rio passou por sua
maior transformação já verificada no espaço carioca num curto espaço de
quatro anos. Uma verdadeira reforma urbana.
A Superintendência de Limpeza Publica deixou de ser subordinada à
Diretoria de Higiene para autônoma. Mas pouco mudou, o lixo continuava
sendo transportado e abandonado na Ilha de Sapucaia. Tudo bem próximo a
Baia de Guanabara, que obviamente recebia todos os impactos em suas
águas.
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Durante as primeiras décadas, vários estudos foram realizados sobre a
destinação final do lixo. Os especialistas e técnicos realizaram inúmeros
estudos para viabilizar o destino final. Técnicas como de incineração, como a
construção de um grande forno, foram debatidas, mas sem grandes
conclusões. O aterro, ou melhor, o ato de enterrar o lixo surgiu como uma
forma simples e de menor custo operacional, já que a Ilha de Sapucaia era
tratado como vazadouros, na qual o lixo se dispunha a céu aberto. Nesse
estudo a preocupação com o meio ambiente não era prioritário, estavam
visando simplesmente esconder o lixo, evitando assim a proliferação de vetores
e o mau cheiro.
Assim, em 1933, seguindo os métodos usados em localidades
européias, instalou-se um aterro chamado de Retiro Saudoso, também no
Caju.
Durante décadas, o aterro do Caju infelizmente poluiu a Baia de
Guanabara. Seus detritos e seu chorume contaminavam o solo em largas
escalas e suas águas além da contaminação, perdia o espelho d’água. À
medida que o lixo era vazado, seu peso fazia aflorar o lodo do fundo da baia e,
com isso, seguiam-se os procedimentos de aterramento da baía, num círculo
vicioso.
Tal prática se perpetuou até 1976, quando outra área fora escolhida e
coincidência ou não; também às margens da Baia de Guanabara nascia o
Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias.
2.2 – Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho: um
protagonista na história do lixo
Numa área de 1,3km2, com aval e recursos da Fundrem (Fundação para o
Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro), foi então criado
o aterro durante o período militar, cujo maior usuário é a cidade do Rio de
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Janeiro e para lá são enviado entre 6 a 8 toneladas de lixo diariamente.
Figura 2 - Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho. Fonte: Google Earth.
Durante muito tempo, o Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho (Figura
2), sempre foi na verdade um lixão, sem a menor técnica de contenção e
canalização de chorume ou gás. Sua revitalização – parcial - veio em 2007,
quando a empresa Novo Gramacho ganhou a concessão para recuperar o
aterro/lixão. Sendo assim, passou a ser conhecido como Aterro Controlado, na
qual foi instaurado um programa de transformação. Nele visa uma preservação
ambiental e exploração de biogás. O projeto previa transformar lixo em luz
através da fonte de energia: gás metano.
O lixo é a mais visível forma de poluição na água. Na Baía de Guanabara,
a sujeira acumulada em suas margens e os detritos que nela flutuam causa
revolta e indignação, polui e causa prejuízo. Cercada por diversos municípios,
a Baía poderia trazer lazer e trabalho para seus moradores, proporcionando
banho de mar, pesca, turismo, navegação comercial e a beleza de uma baía
limpa e linda.
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O lixo doméstico lá disposto diverge opiniões, indo além das questões
ambientais. Em torno de sua área, famílias habitam e tiram todo o seu recurso
do lixão, vivendo um problema social ou uma solução ambiental.
Enquanto vivem em condições subumanas para habitar e trabalhar, os
catadores recuperam os materiais recicláveis como plástico, metais e outros.
São peças fundamentais na separação do lixo. A reciclagem gera renda para
as famílias carentes e amenizam os impactos ambientais.
Então, temos um grupo de pessoas excluídas pela sociedade que
indiretamente trabalham para a sociedade, para o coletivo. Onde o separar o
lixo e não poluir é benefícios de todos.
2.3 – Seropédica: a promessa de uma vida melhor
A partir de 2011, todo o lixo gerado na cidade do Rio de Janeiro terá um
novo destino, a Central de Resíduos Sólidos de Seropédica, a 60Km da capital.
Esse estabelecerá uma nova era de gestão do resíduos.
Todo o material que hoje é enviado para o Aterro de Jardim Gramacho
será devidamente separado e alocado nessa área, e, a partir de então
Gramacho será gradualmente desativado.
A instalação de um novo Aterro arrastou-se durante longos oitos anos,
em uma batalha pela escolha do local - que inicialmente seria em Paciência,
Zona Oeste – concessão de licenças e criação de uma estrutura de padrões
internacionais.
Desde seu lançamento, o Aterro de Seropédica divide opiniões devido
suas questões ambientais e sua real eficácia.
A construção do empreendimento localiza-se parcialmente sobre o
Aquífero Piranema, o terceiro maior do estado e grande contribuidor para o Rio
Guandú, o mesmo que abastece toda a cidade do Rio de Janeiro. O risco de
contaminação é muito alto.
O projeto é de al
uma rede de 300 senso
impermeabilização do s
um sistema para drena
será tratado e dará orig
Mas toda e qua
garantindo a integridad
Goes, professora da UF
XLVI – No 500, pg. 12
alto risco de enchentes
lugar certo para um ate
Uma coisa é cer
há alguns anos, está
evitará um desastre am
segura podendo decorr
de Guanabara, mas Se
Enquanto para o
município de Seropédic
mil empregos diretos
tratamento de esgoto
Figura 3 - Formação Aquífero P
de alta tecnologia e terá uma vida útil de 25 a
sensores para detectar qualquer tipo vazame
o do solo contará com camadas redundantes
drenagem de gás para geração de energia e d
á origem a água de reuso.
e qualquer tecnologia do mundo pode hav
gridade total do aqüífero. Para a geógrafa H
da UFFRJ, publicado no Jornal do Clube de E
g. 12): “Há estudos que mostram que, naqu
ntes, além de quatro cabeceiras de drenage
aterro sanitário”
é certa, o Aterro de Jardim Gramacho já atin
está inadequado e saturado. Sua transfe
tre ambiental de grandes proporções, sua es
ecorrer um acidente ou descarregamento de
as Seropédica pode ser um equivoco ambienta
ara o meio ambiente o futuro é incerto, os cof
pédica poderão ter grandes lucros. A CTR ir
iretos e indiretos, alta arrecadação de im
goto da região, desenvolverá projetos na ár
fero Piranema e CRT Seropédica. Fonte: Departamento de Ge
23
e 25 anos. Conta com
amento. E ainda, a
antes de polietileno e
gia e de chorume que
haver falhas, não
rafa Hilde de Barros
e de Engenharia (Ano
aquela área há um
agem. Aquele não é
já atingiu sua vida útil
ansferência imediata
ua estrutura já não é
to de lixo para a Baia
biental.
os cofres públicos e o
TR irá gerar mais de
de impostos, fará o
na área de esportes
de Geologia - UFFRJ
24
sociais nas áreas de esporte e lazer, geração de renda, informática e outros
que a população indicar; além de financiar projetos ambientais (talvez para
impressionar e desviar a atenção do povo) como a recuperação do lixão de
Seropédica e Itaguaí, plantio de cerca de 50 mil mudas e projetos de educação
ambiental)
Enquanto o projeto é implementado, no Aterro Controlado de Jardim
Gramacho, o 5 mil catadores que vivem da coleta e reciclagem do lixo temem
ficar sem a principal fonte de renda.
25
CAPÍTULO III
SEC. XXI – ERA DO CONSUMO E DA FALTA DE
CONSCIENTIZAÇÃO?
“Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que máquinas, precisamos de humanidade.”
(Charles Chaplin)
O recente “boom” consumista já vem está em processo por séculos. A
sociedade contemporânea dispõe de uma vasta gama de materiais de
consumo, são inúmeros produtos, artigos e objetos que hipnotizam o
consumidor.
Antes da Revolução Industrial, todo artigo era produzido em pequena
escala, muitos apenas por encomenda. O lixo era essencialmente orgânico.
Iniciada na Inglaterra, a Revolução Industrial trouxe mudanças sociais e
desenvolvimento econômico. As fábricas começaram a produzir artigos em
larga escala e o que era feito por encomenda, passou a ser estocado.
Para estocar tais artigos ou materiais eram necessárias embalagens
para manter esses limpos ou fora de contaminação. Introduzido no mercado, os
produtos, agora embalados, aumentando o volume e a diversidade do lixo.
No entanto, hoje em dia, não temos apenas a embalagem que é
descartada de maneira vulnerável. Temos uma diversidade de produtos que
são feitos para ter um curto tempo de vida útil. Gerando cada vez mais
consumo, mais produtos no planeta, mais lixo.
3.1 – Revolução Industrial: o inicio da revolução reversa
Desde os primórdios o homem busca por seu sustento; sempre reagindo
de acordo com sua necessidade. Mas diferente dos outros animais,
desenvolveu sua capacidade de transformar a matéria em objetos. Então se
26
criou a ferramenta. A ferramenta que lhe trazia sustento,era a mesma que
destruía e desmatava para aumentar seu campo de visão.
Durantes muitos anos essa ferramenta auxiliou para suprir apenas suas
necessidades e posteriormente seu trabalho e sustento. Durante a produção
feudal, foi um grande aliado para a produção agrícola e o artesanato.
O início da industrialização foi datada a partir de 1750 na Europa, mais
precisamente na Inglaterra, num processo de grandes transformações
socioeconômicas e ambientais.
Os artesãos foram substituídos pela figura do operário. Toda a produção
artesanal - realizada através do artesanato, na qual o artesão possuía plena
dominação sobre as etapas do produto - passou a ser manufaturado – primeira
divisão do trabalho, sem máquinas, os artesãos eram gerenciados e
coordenados por um superior - até que foi transformado em produção
mecânica – inclusão de máquinas através dos avanços técnico e tecnológicos -
, substituindo várias ferramentas e o trabalho de muitos operários.
Enquanto no trabalho artesanal prevalecia apenas o esforço humano, a
industrialização passou a usar carvão e a eletricidade como fonte de energia. O
meio ambiente sofre diretamente seu primeiro abalo nessa transição, a
emissão de gases poluentes e a partir de então, a busca incessante pela
energia.
Artesãos e agricultores tornaram-se operários urbanos que sem meios
de sobrevivência, buscavam oportunidades nos grandes centros em troca de
salários miseráveis, meios de trabalhos insalubres e jornada de trabalho que
ultrapassava 15 horas diárias.
O modelo produtivo ficou conhecido por duas correntes. O engenheiro
Frederick Taylor (1856 – 1915), na primeira década do século XX, defendia o
modo de produção conhecido como taylorismo. Organizar a produção de forma
a torná-la mais eficiente, simplificando o trabalho complexo, reduzindo-o em
tarefas simples e repetitivas.
Posteriormente, o industrial Henry Ford (1863 – 1947) aplicou esse
modelo de produção em sua indústria automobilística. Conhecido como
27
fordismo, nascia a produção estandardizada, a padronização dos produtos, a
linha de montagem e a economia em larga escala.
“Ford acreditava que uma nova concepção de sociedade
poderia ser construída propiciando ao trabalho melhor renda e
tempo de lazer que lhe possibilitassem consumir produtos
fabricados em massa. Na formação dessa nova ordem social,
presumia-se que os trabalhadores soubessem gastar seu
dinheiro com moderação.” (NASCIMENTO & BARBOSA, 2004,
p.73)
Esse modelo “perfeito” gerou diversos problemas, como a saúde dos
trabalhadores devido ao trabalho alienado com horas exaustivas de produção.
Operários revoltosos criaram o Sindicado dos Operários, que por um tempo
objetivaram a máquina como modernidade reversa e posteriormente virou-se
contra o capitalismo industrial.
Charles Chaplin (1889 – 1977), em seu último filme da era mudo, retrata
essa passagem social. “Tempos modernos” (1936) ironiza o modo de vida
mecanizada, o capitalismo; onde homens são substituídos por máquinas,
trabalho alienante, a criminalidade e a distância do amor.
O fordismo sofreu grandes abalos durante a década de 70, por produzir
grandes quantidades de artigos padronizados, sem flexibilidade para alterações
rápidas para o acompanhamento do mercado. Surge no Japão, nas fábricas da
Toyota outro modelo de produção, o toyotismo, visando maior flexibilidade na
produção. Agilidade e eficiência nas decisões passam ser prioritárias para
manter a concorrência. A “produção flexível” trouxe conseqüências negativas
como os postos de trabalhos mal remunerados, retrocesso do poder sindical e
a destruição de habilidades.
“A concorrência está se processando cada vez mais
agilmente, na mobilidade geográfica, nas respostas flexíveis
dos mercados de trabalho, na organização do trabalho e nos
mercados de consumo. E tudo isso se combina com fortes
doses de aprimoramento tecnológico, num acelerado ritmo de
inovação dos produtos e do tempo de giro de capital. Para
28
compensar os altos custos de investimentos, ampliam-se os
mercados mundiais”. (CARMO, 2007,p.78)
Muitos pensadores burgueses criaram e idealizaram o mundo capitalista.
Essas teorias nos remetem a reflexão como as de Malthus (1766 – 1834) e as
de Marx sobre população
Marx acredita que o pobre é aquele que é incapaz de se apropriar dos
meios de subsistência, por meio do trabalho. Toda sua subsistência vem a
partir do seu salário que não é suficiente. Isto ocorre porque no capitalismo, a
finalidade da produção é o lucro e não a satisfação da população. Marx
concluia:
“A superpopulação é relativa e não está ligada
diretamente ao crescimento absoluto da população mas aos
termos históricos do progresso da produção social, de como se
desenvolve e reproduz o capital” (DAMIANI,1991, p.16).
Para Malthus, em seu livro “Ensaio sobre os princípios da população”,
concluía que os pobres deviam parar de procriar. Essa visão seria uma lei
natural: o crescimento num ritmo geométrico e a dos produtos num ritmo
aritmético.
Seu idealismo não fora reconhecido e segundo estimativa da ONU, a
população cresceu sete vezes vez mais rápido, podendo chegar a 7 bilhões em
31 de outubro de 2011.
Nos últimos vinte ou trinta anos podemos ver a abundância e os
impactos exercidos pela ação do homem - que sem limites – explora os
recursos naturais em busca do desenvolvimento.
“... O crescimento natural da população, que é
determinado pela paixão entre os sexos, excede a capacidade
da terra para produzir alimentos para o homem. A dificuldade
da subsistência exerce uma forte e constante pressão restritiva,
sentida em um amplo setor da humanidade: os mais pobres
ficam com a pior parte e a menor parte, convivendo com a
fome e a miséria.” (DAMIANI, 1991, p.13)
29
Garantir condições dignas de vida ao homem será um grande desafio,
afinal toda e qualquer matéria-prima depende do meio que nos envolve. A
Terra é um sistema fechado. Os recursos possuem limites, se não cuidarmos,
não conscientizarmos até quando teremos comida, espaço e recursos para
todos.
3.2 – Nosso lixo de cada dia
“A cobiça da liberdade do consumidor é, afinal o direito de
escolher ‘por vontade própria’ um propósito e um estilo de vida
mecânica supra-individual do mercado já definiu e determinou
para o consumidor. A liberdade de consumidor significa uma
orientação da vida para as mercadorias aprovadas pelo
mercado, assim impedindo uma liberdade crucial: a de se
libertar do mercado, liberdade que significa tuno menos a
escolha entre produtos comerciais padronizados.” (BAUMAN,
1999, p.277)
Na sociedade contemporânea, principalmente aqueles que vivem
próximos aos grandes centros urbanos, tem em sua “alma” o consumismo
chancelado. Tudo tem que ser prático e ágil alterando o volume e geração de
lixo. Vive-se na “era dos descartáveis”, na qual a maior parte do produto que o
envolve ou mesmo o produto são descartados num tempo de vida útil ínfero,
como uma lata de “Coca-Cola”.
Poucos conseguem separar o consumismo do ritual diário. Os produtos
adquiridos, (pela manhã na “Casa do Pão de Queijo” ou um celular tão
desejado da “Motorola” à tarde) são indicadores de realizações. Transferência
de ânimo, de felicidade ao bem de consumo.
Segundo Scarlato (2009), “o objeto adquire qualidade de um “amuleto
encantado”, pois o simples fato de possuí-lo faz a pessoa se sentir “especial””.
O consumidor é envolvido num jogo de sedução, muito além de paixão.
São envolvidos por amor, condições impostas e criadas por publicitários que
mexem com o imaginário carente da sociedade moderna. “Seja feliz, compre
30
tudo que você sempre quis”, são estampas de propagandas camufladas
prontas para te conquistar.
A lógica é simples, ser humano carente, com necessidades e
ansiedades busca a felicidade no objeto de consumo. Consome, mas não se
sentindo satisfeito, descarta! Retorna ao ciclo da busca que pode ser de alguns
anos para a compra de um computador “HP”, algumas semanas para compra
de uma roupa na “C&A” ou um utensílio nas Casas Bahia e poucas horas após
um saboroso lanche do “McDonald”.
Em casa, ao tirar o pó dos modernos móveis “Tok & Stok”, lavar o
banheiro com “Veja, multiuso”, retirar o lixo orgânico e não-orgânico com
sacolinhas não biodegradáveis escrito “Prezunic” e dispor na sua calçada com
inúmeros outros sacos em uma bela rua de Ipanema. Provavelmente para o
usuário o fim, para o órgão público ou catadores uma jornada inicia-se. Todos
querem o lixo bem distante de suas portas, mas não se importam com o
destino final do lixo.
E quem se importa?! Apenas leve isso para bem longe do bairro, da rua,
da praia. Para a periferia.
No entanto, os funcionários da Comlurb (Companhia Municipal de
Limpeza Urbana) levarão sim, junto com outros resíduos que não deveriam
estar ali, assim como as pilhas Rayovac e qualquer outro material tóxico ou
hospitalar.
Descarregado agora em algum lixão, uma guimba de “Hollywood” se
mistura com o tomate, talvez aquele da “Ilha das Flores” (1989) - que mostra o
problema dos catadores que estão no final dessa cadeia - que poderá usar
desde tomate para subsistência.
Essa vulnerabilidade é o espelho da sociedade contemporânea onde
mudança alimentar e o sedentarismo, aumentam o estresse, altera o estilo de
vida e apresenta doenças cada vez mais recorrentes nas grandes cidades
como doenças coronárias, diabetes e obesidades.
Mas até quando somos enganados ou nos deixamos enganar? No
mercado temos vários produtos com apelos ecológicos, de saúde, naturais, de
bem-estar. Isso torna o consumidor ambivalente, dividido entre agir
31
“politicamente correto”, com responsabilidade com o meio ambiente ou aqueles
que estão em contato com a natureza, pensa na preservação, mas prevalece o
bem-estar individual, a fonte de consumo.
3.3 – Mercado Verde?
O consumismo invade o cidadão diariamente, porém não apenas no fato
de comprar algo, mas como também no ato de se apropriar. Consumindo
pessoas, idéias e atitudes. Nessa cultura, somos reconhecidos pelo o que
temos (ou parecemos ter) e não pelo o que somos. A produção e o consumo
tornam as pessoas semelhantes a outras dentro de uma mesma “tribo”.
A partir da Rio-92, a preocupação ambiental tornou-se uma exigência de
mercado e a busca por selos como a ISO 14000 torna-se uma vantagem, uma
diferenciação ambientalmente correta sobre outras empresas. Entre outros
aspectos, a ISO 14000 é uma maneira de a empresa aumentar o capital e sua
participação no mercado e não, necessariamente, preocupação ou
responsabilidade com o meio ambiente.
O olhar do consumidor em relação aos produtos verdes está associado
aos estímulos e idéias prontas produzida pelas campanhas publicitárias.
Produtos que “fazem bem à saúde”, “biodegradáveis: não agridem à natureza”,
“esse você pode confiar” geram credibilidade parciais.
Somos levados a acreditar que tudo é inesgotável, e que, quando
necessário é só cortar meia dúzia de árvores ou instalar duas usinas nucleares.
A natureza é vista como um produto de consumo, mas infelizmente isso não é
verdade, vivemos num mundo finito.
Através da articulação dos apelos, temos o Marketing Ambiental e/ou
Greenwashing, que é o exagero, intencional ou não, dos benefícios ambientais
de alguns produtos ou apresentação de uma imagem de preocupação com o
ambiente por parte da indústria, levando o consumidor a acreditar em meias
verdades.
32
Temos que nos atentar, pois as campanhas publicitárias induzem ao
consumo, a resistência aos desejos de consumo é baixa e o interesse ao
produto é imediatista.
Antes de consumir algum produto existe uma longa história que merece
e dever ser conhecida. Passado e futuro. Impactos sociais e ambientais. O
equilíbrio entre a satisfação, o bem estar da sociedade e da natureza. Num
nível mais clichê, buscar o verdadeiro eu, pois um terço de tudo que
compramos vai para o lixo, ou seja, quando jogamos uma banana no lixo: junto
com ela vai a água utilizada para a plantação, horas de trabalho, gás carbônico
emitido durante seu transporte.
.Então, como relativizar? O marketing te traz a oportunidade, de forma
maciça, mas apenas a sociedade poderá rever seus conceitos psicológicos e
ecológicos.
Os interessados no assunto podem assistir e discutir “A História das
Coisas” (2009 - Story of Stuff no original), que de forma didática e desenhada
mostra os processos e a realidade do consumo das coisas. Informação nunca
falta para o que interessa. Basta pesquisar, analisar e conscientizar.
Ou ainda usar o 4R’s (“nova” roupagem para o antigo 3R’s). O quarto “R”
vem de Repensar. Repensar nossos atos de consumo, de compras, de
exageros. Então, Repense, Reduza, Reutilize e Recicle.
33
CAPÍTULO IV
LEIS E POLITICA NACIONAL DOS RESIDUOS SOLIDOS
Depois de apresentar o passado (Jardim Gramacho), o futuro
(Seropédica) e as circunstâncias (Consumismo), afinal o que a lei discorre
sobre o tema.
A gestão inadequada de resíduos é crime ambiental e pode acarretar em
altas multas e até prisão do responsável. A legislação está cada vez mais
restritiva, os órgãos ambientais mais exigentes e até, talvez, uma sociedade
mais consciente com o lixo (e não com o consumo).
Para o empresário algumas questões tornaram-se viáveis e a busca pela
adequação pode render bons frutos como a redução da fonte, matéria prima,
reutilização e reciclagem.
A Lei de Crimes Ambientais - 9.605/98 – estabelece sanções para quem
praticar condutas ou atividades lesivas ao meio ambiente, englobando os
resíduos sólidos cuja as multas podem chegar a R$ 50 milhões (Art. 54, § 2º,
V)
Mas antes disso a nossa velha Constituição Federal Brasileira já previa
em seu artigo 225º que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.” E no § 3º, “As condutas e
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”
A preocupação é antiga, mas a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) só veio muito tempo depois.
34
4.1 – PNRS e derivações
Recém aprovada, a Lei Federal 12.305 de 2 de agosto de 2010 e
regulamentada pelo Decreto Federal 7.404 de 2010, 2010 tramitou por 20 anos
no Congresso Nacional instituindo; a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS); altera a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Para muitos é uma vitória de uma grande mobilização social, traz ações
de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do lixo, coleta seletiva
elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos, a disposição final
ambientalmente adequada e o reconhecimento do lixo como reutilizável e
reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de renda e
trabalho.
Os objetivos no compartilhamento entre consumidor, fabricantes,
importadores, distribuidores, comerciantes e agentes públicos promove
estratégias ambientais para conscientizar e aproveitar os resíduos descartados.
A nova regra denominada de logística reversa é o instrumento de
desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou
em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada (Art.13 do Decreto 7.404). Em outras palavras, obriga os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de alguns produtos à implantação
de métodos que viabilizem o retorno após o consumo. Já o consumidor terá por
obrigação acondicionar e descartar os materiais recicláveis ou reutilizáveis no
sistema de logística reversa.
A coleta seletiva é o instrumento essencial para atingir as metas de
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (§ 1o do art.9 do
Decreto no 7.404) e deverá ser implementada em até 4 (quatro) anos após a
data de publicação desta lei (Art. 54 da Lei no 12,305), ou seja, 2 de agosto de
2014. Porém não há previsão de penalidade ao órgão gestor. Num país onde
lixo é esquecido, cheio de vazadouros e lixões como adequar todos esses num
tempo restrito e sem trabalhos de conscientização.
35
Vale ressaltar que para garantir o cumprimento os consumidores que
descumprirem as respectivas obrigações previstas nos sistemas de logística
reversa e de coleta seletiva estarão sujeitos à penalidade de advertência e no
caso de reincidência no cometimento da infração, poderá ser aplicada
penalidade de multa, no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 500,00
(quinhentos reais), § 2o e § 3o do art. 84 do Decreto no 7.404.
Sempre quando o assunto é Coleta Seletiva, vêm em nossas cabeças às
lixeiras coloridas. Somente por curiosidade, tais cores foram estudadas e
detalhadas de forma aproximar-se de suas reais intenções. Em 2001, o
CONAMA, órgão consultivo e deliberativo, na resolução 275 institui as cores:
Amarelo Metal
Azul Papel/Papelão
Branco RSS
Cinza Rejeito não reciclável ou misturado
Laranja Resíduos Perigosos
Marrom Resíduos Orgânicos
Preto Madeira
Roxo Resíduos Radioativos
Verde Vidro
Vermelho Plástico
Tabela 2: Padrão de cores – CONAMA 275/01
Agora você deve estar se perguntando, afinal por que nossa cidade (Rio
de Janeiro) possui em massa lixeiras laranja pelas ruas? Produzimos resíduos
perigosos? Não! Não produzimos tais lixos pela cidade! Falta de Educação
Ambiental dos nossos administradores.
Infelizes com fechamento de Aterro Jardim Gramacho, os trabalhadores
do Movimento Nacional dos Catadores, acreditam que pode haver um futuro
para suas famílias. O sistema de coleta seletiva deverá priorizar as
cooperativas e associações constituídas por catadores de materiais recicláveis
e reutilizáveis de baixa renda (Art.11 do Decreto no 7.404).
A lei exige também uma elaboração de gerenciamento dos resíduos e o
decreto prevê que toda atividade individualizada e os resíduos sólidos gerados
36
bem como ações e responsabilidades do gerador deverão ser disponibilizados
ao órgão municipal competente com periodicidade anual. A utilização de
cooperativas e associações no gerenciamento desses resíduos quando
economicamente viável e sem conflitos com a segurança operacional. (Art. 55
aos 59 do Decreto no 7.404).
A Educação Ambiental é fundamental para que o cidadão se
conscientize e adote a coleta seletiva. Também disposto no decreto, obedecerá
as diretrizes gerais fixadas na Política Nacional de Educação Ambiental (Lei no
9.795, de 1999), e no respectivo Decreto no 4.281, de 2002. Mas o que assusta
é o tempo para que tudo isso ocorra. Reconheço as boas intenções dessa lei,
mas pouco provável que consiga atender seus objetivos. Não possível
programar uma coleta seletiva antes de um programa ambiental, precisamos
trazer o problema, informar e tornar isso como um benefício para as famílias e
para o mundo.
Difícil é acreditar nessa lei desenvolvida por governantes que defendem
interesses próprios, estipulando metas, datas, programas e multas tenham
interesses reais de contribuir com o meio ambiente ou mesmo com a sociedade
brasileira.
37
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas últimas décadas, o homem vem alterando de maneira drástica o
ambiente em que vive. A avaliação disposta nesse trabalho a partir da
Revolução Industrial e fomentada nos indicadores da Região Metropolitana do
Rio de Janeiro é extremamente preocupante.
Todos os problemas do lixo citados relacionados ao meio ambiente são
conhecidos por um longo tempo, suas disposições e tratamentos também; mas
apenas recentemente que alguns tratamentos e temas saíram do papel.
Quando discutimos meio ambiente tendemos a reduzir ou mitigar as
conseqüências e não nos preocupamos com as causa. O processo de
desenvolvimento de um país é promovido pela economia e qualidade de vida e
em geral choca-se com a preservação ambiental.
Durante todo o meu trabalho, apresentei de uma forma reduzida uma
parte da realidade ambiental da qual estamos passando. O histórico da cidade
do Rio de Janeiro e o poluidor Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho. A
atual preocupação com a coleta seletiva, prevista por lei e o Aterro Sanitário de
Seropédica são visto como conseqüência do lixo, pois é pontual, o fim de uma
cadeia de produção em massa.
O problema do lixo pode parece utópico, seu volume aumentou nas
últimas décadas e talvez não tenhamos espaço para destinação. Mas se
refletirmos profundamente sobre essa problemática, felizmente existem várias
soluções para dispor de forma correta o lixo, sem acarretar danos ao ambiente
e à saúde pública, além dos resíduos dispostos serem uma fonte de matéria-
prima, uma riqueza escondida sobre montanhas de rejeitos.
O resíduo bem gerenciado torna-se um uma oportunidade de receita,
trabalho e contribui para a preservação ambiental.
O ideal seria que todos evitassem o acúmulo destes, evitando assim o
consumo excessivo e conseqüentemente o desperdício. O consumismo, a
grande causa, é ignorado propositalmente, uma vez que este gera renda,
impulsiona o mercado e aumenta a ‘qualidade de vida’.
38
A educação ambiental é direito garantido por lei, mas privilégio de
poucos. A reciclagem e o reuso ensinam a população a não desperdiçar, a
doar algo que não lhe serve. Instrui a população a ver o lixo como algo que
pode ser útil e não como uma ameaça. O consumo consciente e produtos
verdes fazem os mesmo, refletem sobre as condições e a necessidade real de
compra para determinados produtos ou serviços.
Em vista disso, devemos cobrar por decisões palpáveis dos
governantes, empresários e até mesmo da população para os esclarecimentos
e comprometimentos em relação ao assunto. Educadores podem atuar de
forma maciça para uma mudança de comportamento na base do problema e
não no final do ciclo, para isso basta uma oportunidade.
.
39
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1 – ESTAMIRA. Direção: Marcos Prado. Produção: Marcos Prado e José
Padilha. Duração: 115 min. Ano: 2006
Sinopse: Estamira é uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais.
Ela vive e trabalha há 20 anos no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, um
local que recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo da cidade do Rio
2 – LIXO EXTRAORDINÁRIO/WASTE LAND. Direção: Karen Harley, João
Jardim, Lucy Walker. Produção: Hank Levine, Angus Aynsley. Duração: 90 min.
Ano: 2010.
Sinopse: Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo
Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos
maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio
de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis,
com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses
personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando
sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso
a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da
alquimia do espírito humano.
3 – TÁ LIMPO! Direção: Christina Koening. Produção: Campo 4 Duração:
11min. Ano: 1991.
Sinopse: Desenho animado sobre a coleta seletiva e a reciclagem de lixo. Os
problemas sociais e ambientais dos bairros pobres são mostrados através da
preocupação dos dois personagens - o menino Pipoca e seu amigo Bico, um
urubu.
4 – A HISTÓRIA DAS COISAS/THE STORY OF STUFF. Written by - Annie
Leonard. Director - Louis Fox. Versão brasileira: Direção e edição - Fábio Gavi.
Duração: 21min. Ano: 2009
Sinopse: Da extração e produção até a venda, consumo e descarte, todos os
produtos em nossa vida afetam comunidades em diversos países, a maior
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parte delas longe de nossos olhos. História das Coisas é um documentário de
20 minutos, direto, passo a passo, baseado nos subterrâneos de nossos
padrões de consumo. História das Coisas revela as conexões entre diversos
problemas ambientais e sociais, e é um alerta pela urgência em criarmos um
mundo mais sustentável e justo. História das Coisas nos ensina muita coisa,
nos faz rir, e pode mudar para sempre a forma como vemos os produtos que
consumimos em nossas vidas.
6 – ILHA DAS FLORES. Direção: Jorge Furtado. Duração: 13min. Ano: 1989.
Sinopse: Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo.
Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser
jogado fora, o curta escancara o processo de geração de riqueza e as
desigualdades que surgem no meio do caminho.
7 – JARDIM GRAMACHO. A short montage of recent footage captured by collectors in Gramacho and Andrew Lenz.
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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS .......................................................................................... 3
RESUMO ............................................................................................................ 4
METODOLOGIA ................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7
CAPÍTULO I – RADIOGRAFIA DO LIXO ........................................................... 9
1.1 – TIPOS E CLASSIFICACÕES DO LIXO ............................................................................. 10
1.2 – O LIXO, A SAÚDE E O MEIO AMBIENTE ........................................................................ 11
1.3 – DISPOSIÇÃO E TRATAMENTO ........................................................................................ 13
CAPÍTULO II – A CAMINHADA HISTÓRICA DO LIXO NA REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO ..................................................... 17
2.1 – A GÊNESE DO PROBLEMA E AS SOLUÇÕES CABIVÉIS ............................................ 18
2.2 – ATERRO METROPOLITANO DE JARDIM GRAMACHO: UMA PROTAGONISTA NA
HISTÓRIA DO LIXO ................................................................................................................... 20
2.3 – SEROPÉDICA: A PROMESSA DE UMA VIDA MELHOR ................................................ 22
CAPÍTULO III – SEC XXI – ERA DO CONSUMO E DA FALTA DE
CONSCIENTIZAÇÃO? ..................................................................................... 25
3.1 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: O INICIO DA REVOLUÇÃO REVERSA ............................. 25
3.2 – NOSSO LIXO DE CADA DIA ............................................................................................. 29
3.3 – MERCADO VERDE? ......................................................................................................... 31
CAPÍTULO IV – POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............... 33
4.1 – PNRS E DERIVAÇÕES .................................................................................................... 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 37
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 39
WEBGRAFIA ................................................................................................... 40
CINEGRAFIA ................................................................................................... 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................. 33
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FOLHA DE AVALIAÇÃO