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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
AVALIAÇÃO ESCOLAR
Por: VALÉRIA TEIXEIRA DE SOUZA
Orientadora
Profª. Simone Ferreira
Rio de Janeiro
2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
AVALIAÇÃO ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de Pós Graduação em
Psicopedagogia.
Por.: Valéria Teixeira de Souza
AGRADECIMENTOS
À professora Simone Ferreira, pelo
carinho e atenção dada por ela durante
este semestre.
A minha família, pelo incentivo de fazer
essa pós-graduação.
DEDICATÓRIA
Às minhas queridas filhas Camila e
Carina, pela força, pelo carinho e pela
dedicação.
À Deus, pela força dada durantes esses
meses na realização desse projeto.
RESUMO
A avaliação do processo de ensino e aprendizagem, é realizada de
forma contínua, cumulativa e sistemática na escola, com o objetivo de
diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à
programação curricular . A avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou
o processo, mas deve como prática de investigação, interrogar a relação
ensino aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as
dificuldades de uma forma dialógica. O erro, passa a ser considerado como
pista que indica como o educando está relacionando os conhecimentos que já
possui com os novos conhecimentos que vão sendo adquiridos, admitindo uma
melhor compreensão dos conhecimentos solidificados, interação necessária
em um processo de construção e de reconstrução. O erro, neste caso deixa de
representar a ausência de conhecimento adequado. Toda resposta ao
processo de aprendizagem, seja certa ou errada, é um ponto de chegada, por
mostrar os conhecimentos que já foram construídos e absorvidos, e um novo
ponto de partida, para um recomeço possibilitando novas tomadas de decisões.
METODOLOGIA
A metodologia adotada neste trabalho foram análises de textos, revistas,
Internet, vários livros foram consultados e procurou-se encontrar uma maneira
de sintetizá-los numa obra que tivesse o caráter de objetividade e riqueza de
dados, que possam ajudar no entendimento da avaliação do desempenho
escolar e da exclusão social.
A educação brasileira tem como grande desafio dentro do contexto da
atualidade promover a aprendizagem de todos os alunos e lhes assegurar uma
trajetória de sucesso. Esta trajetória só será possível se o aspecto pedagógico
tido como central passar a fazer parte de uma gestão que priorize formas de
pensar, sentir e atuar para garantir a permanência do aluno na sala.
Nessa perspectiva torna-se fundamental a constituição de um conceito
de avaliação escolar que atenda às necessidades de escolarização das
camadas populares, porque são elas que mais têm sofrido como o modelo de
escola atual. E, se o movimento amplo da sociedade impõe um novo tipo de
escola, impõe, também, a necessidade de um novo referencial para a
constituição dos processos de avaliação.
Questionam-se, assim, os processos de avaliação da aprendizagem dos
alunos que estão, usualmente, centrados num desempenho cognitivo, sem
referência a um projeto político-pedagógico de escola, e, ainda, o sentido das
avaliações escolares que se têm direcionado, especialmente, para o ato de
aprovar ou reprovar os alunos.
Há diversas modalidades de avaliação que podem ser empregadas na
escola, dependendo do que se pretende verificar. As formas de avaliação que,
atualmente, parecem ser mais freqüentemente empregadas nas escolas são a
prova escrita, os trabalhos em grupo, a auto-avaliação que alguns professores
convidam seus alunos a fazerem sobre o seu próprio desempenho e a
avaliação. Porém, a prova escrita, já que essa parece ser, ainda, o principal
instrumento de avaliação empregado pela maioria das escolas.
Neste trabalho, busca-se uma maior compreensão sobre avaliação no
contexto escolar e social. Essa compreensão é de grande importância no
processo pedagógico, para que a escola volte seu olhar para o objetivo do
processo educativo, que é o sucesso do aluno e não o seu fracasso.
Os problemas educacionais estão no conceito de que a escola reproduz
desigualdade social, na medida em que contribui para a reprodução da
ideologia das classes dominantes e mesmo para a reprodução das próprias
classes sociais.
As ações para uma avaliação mais racional ,pressupõe a ultrapassagem
das distorções encontradas, onde julga-se o resultado final sem preocupar-se
com o processo e a metodologia adotada durante o percurso. É preciso
questionar, analisar e compreender o contexto para que de posse desses
dados, se busque uma avaliação construída em prol da melhoria da qualidade
do processo ensino aprendizagem, compreendendo ser este um momento
único, o momento onde se pode verificar se o que se está fazendo é o que foi
planejado.
Busca por intermédio de uma revisão bibliográfica apontar quais os
critérios de avaliação mais adequados para que se avalie de forma eficaz os
alunos, os tipos de avaliação considerados pertinentes pelos autores, bem
como busca evidenciar a importância de se ter objetivos educacionais bem
definidos como forma de instrumentalizar o momento da avaliação. Para isso
foram pesquisados alguns dos mais conhecidos estudiosos da área, que são
também, os mais utilizados pelas escolas como forma de embasamento teórico
no momento do planejamento, são eles: Cipriano Luckesi, Jussara Hoffmann,
Celso Vasconcelos, Jean Piaget, Paulo Freire.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Avaliação no ensino fundamental 10
CAPÍTULO II - Avaliação no processo educacional 32
CAPÍTULO III – Processo de avaliação 40
CAPÍTULO IV – Estratégia de avaliação 44
CONCLUSÃO 55
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 57
ÍNDICE 59
9
INTRODUÇÃO
A educação brasileira tem como grande desafio dentro do contexto da
atualidade promover a aprendizagem de todos os alunos e lhes assegurar uma
trajetória de sucesso. Esta trajetória só será possível se o aspecto pedagógico
tido como central passar a fazer parte de uma gestão que priorize formas de
pensar, sentir e atuar para garantir a permanência do aluno na sala.
Nessa perspectiva torna-se fundamental a constituição de um conceito
de avaliação escolar que atenda às necessidades de escolarização das
camadas populares, porque são elas que mais têm sofrido como o modelo de
escola atual. E, se o movimento amplo da sociedade impõe um novo tipo de
escola, impõe, também, a necessidade de um novo referencial para a
constituição dos processos de avaliação.
Questionam-se, assim, os processos de avaliação da aprendizagem dos
alunos que estão, usualmente, centrados num desempenho cognitivo, sem
referência a um projeto político-pedagógico de escola, e, ainda, o sentido das
avaliações escolares que se têm direcionado, especialmente, para o ato de
aprovar ou reprovar os alunos.
Há diversas modalidades de avaliação que podem ser empregadas na
escola, dependendo do que se pretende verificar. As formas de avaliação que,
atualmente, parecem ser mais freqüentemente empregadas nas escolas são a
prova escrita, os trabalhos em grupo, a auto-avaliação que alguns professores
convidam seus alunos a fazerem sobre o seu próprio desempenho e a
avaliação. Porém, a prova escrita, já que essa parece ser, ainda, o principal
instrumento de avaliação empregado pela maioria das escolas.
Tem-se por objetivo levar os educadores a refletirem sobre a abordagem
do sistema de avaliação do ensino e aprendizagem nas instituições escolares
públicas e privadas a perceberem que não podem simplesmente medir e
transformar de zero a cem a aprendizagem dos educandos.
10
CAPÍTULO I
AVALIAÇÃO NO PROCESSO EDUCACIONAL
1.1 - Avaliar no contexto educacional
Na dinâmica escolar mais precisamente na sala de aula encontra-se:
“A contradição entre o discurso e a prática de alguns
educadores e, principalmente a ação classificatória e
autoritária, exercida pela maioria, encontra explicação na
concepção de avaliação do educador, reflexo de sua estória de
vida como aluno e professor”.
(HOFFMANN, 1966:12)
Ao analisar a citação acima, percebe - se como é difícil provocar
mudanças no cotidiano educacional, principalmente quando se refere à
avaliação, pois se está arraigado a paradigmas, as quais se foi educado, e
estes ficaram marcados nos subconscientes, tradicionalmente, nossa formação
e vivência escolar basearam-se, e isto confunde até hoje, no conceito de
avaliação como aferição da aprendizagem, obtida pela emissão de notas ou
conceitos, sendo que as práticas avaliativas, dentro de um contexto
fragmentado, tratam o conhecimento como o produto de um valor determinado,
devendo ser meramente medido e quantificado, em nada contribuindo para
auxiliar a escola naquilo que deve ser o objetivo fundamental da avaliação:
diagnosticar e redimensionar a experiência educativa, destacando os aspectos
e situações em que não foi bem sucedida e aquelas em que ainda não foi, mas
que poderá vir a ser. Assim ficam as lembranças à cerca de como se foi muitas
vezes avaliados. Qual a postura do professor diante do ato avaliativo, como foi
trabalhado o erro em nossa escolaridade. Estes pré-conceitos estão arraigados
á atuação profissional, ficam expostos no currículo oculto, onde diariamente
confronta-se teoria e prática. A teoria de uma avaliação libertadora com uma
11
prática conservadora, e muitas das vezes Obsoleta e ultrapassada para o
momento social o qual educador e educando está inserido.
“O fenômeno avaliação é, hoje um fenômeno indefinido de
professores e alunos que usam o termo atribuem-lhe diferentes
significados, relacionados, principalmente, aos elementos
constituintes da prática avaliativa tradicional: prova, nota,
conceito, boletim, recuperação, reprovação. Quando questiono
diretamente o significado da palavra avaliação recebo, por
vezes, tantas definições quanto são os professores presentes
nos encontros.”
(HOFFMANN, 1966:14)
A partir da situação que se vive hoje no sistema escolar, em termos de
avaliação, percebe-se que o ato avaliativo tomou uma conotação indefinida,
pois chegou - se a uma controvérsia. Sabe-se que as medidas de avaliação
utilizadas não suprem a necessidade de construir um novo homem, crítico e
consciente de seu papel no contexto social.
Entretanto, o ato avaliativo em vez de ser utilizado para a construção de
resultados satisfatórios, tornou-se um meio para classificar os educandos e
decidir sobre os seus destinos no momento subseqüente de suas vidas
escolares. Em conseqüência disso, o processo teve agregado a si um
significado de poder, que decide sobre a vida do educando, e não um meio de
auxiliá-lo ao crescimento.
“Os educadores percebem a ação de educar e a ação de
avaliar como dois momentos distintos e não relacionados.
Exercem essas ações, de forma diferenciada. Assim é, por
exemplo, a atitude de muitos professores de pré-escola e de
séries iniciais. Seu cotidiano revela um efetivo
acompanhamento do desenvolvimento dos alunos a partir de
um relacionamento afetivo e busca de compreensão de suas
dificuldades. Ao final de um semestre ou bimestre, entretanto
enfrentam a tarefa de transformar suas observações
significativas e conscientes em registros anacrônicos, sob a
12
forma de conceitos classificatórios ou listagens de
comportamentos estanques (elaborados em gabinetes de
supervisão e orientação). Esse professor não compreende e
com toda razão, esse segundo momento como educação.
Violenta-se e cumpre a exigência da escola sem perceber que
a ação avaliativa se faz presente de forma efetiva na sua ação
educativa. E que o equivoco se encontra nas exigências
burocráticas da escola e do sistema.
(HOFFMANN, 1966:16)
Percebe-se que estes equívocos e contradições se estabelecem na
maioria das vezes na Educação Infantil, na qual a avaliação é diária, sendo que
a cada semestre é preenchida uma ficha avaliativa contendo a evolução das
habilidades de cada criança, havendo também a feitura de um relatório
individual da mesma. É muito importante que não se perca de vista a principal
função do registro; muitas vezes os professores usam o seguinte argumento:
“Ah, eu anoto tudo para que o pai não tenha como reclamar no caso de uma
eventual retenção”. Ora, a grande finalidade do professor ao avaliar
constantemente, é registrar os resultados da avaliação não é “justificar-se”
diante dos pais, mas sim ter elementos para melhor ajudar a criança em suas
necessidades. Vale ressaltar, que os instrumentos avaliativos acima citados
não são, na sua grande maioria, elaborada pelas pessoas que desempenham o
trabalho com as crianças (professores ou estagiários), mas sim por diretores,
coordenadores pedagógicos, psicólogos, que não vivenciam a sala de aula,
logo não sabem as barreiras, os interesses, as necessidades que envolvem o
cotidiano do processo ensino-aprendizagem infantil, tornando-se difícil para o
professor preencher uma ficha que não elaborou ou ainda como fazer um
relatório que atinja os pontos de vista da equipe técnica, pois são visões de
educação diferentes, havendo com isto uma contra posição entre teoria e
prática.
“Nessa tarefa, de reconstrução da prática avaliativa, considero
premissa básica e fundamental a postura de ‘questionamento’
do educador. avaliação é a reflexão transformada em ação.
Ação essa que nos impulsiona a novas reflexões. Reflexão
13
permanente do educador sobre a realidade, e
acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua
trajetória de construção do conhecimento. Um processo
interativo, através do qual educandos e educadores aprendem
sobre si mesmos e sobre a realidade escolar no ato próprio da
avaliação. Joel Martins (1980) diz que ‘o que deveria estar
presente no paradigma de avaliação do aluno e do professor,
como indivíduos humanos, é que a essência do relacionamento
fosse sempre um encontro em que ambos os participantes se
modificassem’”.
(Apud: HOFFMANN, 1966:18 e 19)
O educador deve lutar para criar uma nova mentalidade junto aos
alunos, aos colegas educadores e aos pais, superando o senso comum
deformado a respeito da avaliação. O trabalho de sala de aula está inserido
numa totalidade e é muito difícil se concretizar uma transformação quando o
coletivo não está envolvido Desse modo, a avaliação resultaria em uma ação
renovadora e precursora de qualidade, medindo a construção do homem. O
educador não pode mais atuar como juiz dando o veredicto a réus (alunos),
professores e alunos não são culpados de nada, são apenas atores que fazem
parte do universo educacional.
“Não é tarefa simplória. A avaliação, na perspectiva de
construção de conhecimento, parte de duas premissas básicas;
confiança na possibilidade dos educandos construírem
suas próprias verdades e valorização de suas manifestações e
interesses. Entretanto, mais uma vez, esbarramos em nossa
estória de vida, que traz consigo uma conotação de erro como
fracasso e de dúvida como insapiência. Posturas pedagógicas
tradicionais de transmissão e informação de conteúdos
inquestionáveis. Uma nova perspectiva de avaliação exige do
educador uma concepção de criança, de jovem e adulto, como
sujeitos do seu próprio desenvolvimento, inseridos no contexto
de sua realidade social e política. Nessa dimensão, avaliar
oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento
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permanente do professor, que encitará o aluno a novas
questões a partir de respostas formuladas”.
(HOFFMANN, 1966:20)
Nesta abordagem não se quer considerar o professor como vilão (por
ser o único responsável pelo fracasso da criança) ou vitima (por
impossibilidade de fazer algo em função das determinações estruturais).
Entende - se que o professor, como qualquer agente social, está perpassado
por contradições.
“Por um lado, ele é a autoridade na sala de aula e, portanto,
goza de certa liberdade para fazer o que quiser; neste sentido,
o professor é o responsável pelo sucesso ou fracasso de seus
alunos. Por outro, esse ‘querer’ está transpassado por
determinantes presentes (regras estabelecidas pelo sistema
escolar, as quais deve seguir em sua prática pedagógica) e
passados (história pessoal e formação profissional)”.
(FREITAS, 2000:110)
Para que o professor possa por em prática a concepção de construção
de conhecimento a partir do ato avaliativo, este terá que fazer uma reflexão de
sua vida pessoal e profissional, ou seja, ver a avaliação como meio de (re)
construção desconhecimento, de história de vida, que vai lavrar toda uma visão
de homem e de mundo. Assim a verificação da aprendizagem passa a ser
início de uma construção e não mais um fim.
“A ação avaliativa, abrange justamente a compreensão do
processo de cognição. Porque o que interessa
fundamentalmente ao educador e dinamizar oportunidades de
o aluno refletir sobre o mundo e de conduzi-lo à construção de
um maior número de verdades, numa espiral necessária de
formulação e reformulação de hipóteses (abstração reflexiva).
Não há começo nem limites nem fim absoluto no processo de
construção do conhecimento, segundo CHIAROTTINO, 1998,
referindo-se à teoria de Piaget. Na medida em que a ação
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avaliativa exerce uma função dialética e interativa, ela promove
os seres moral e intelectual, tornando-os críticos e
participativos, inseridos no seu contexto social e político”.
(HOFFMANN, 1966:23)
Pode - se dizer que o novo conceito nos remete á idéia de um veículo
propulsor de melhoramento moral e intelectual e porque não dizer físico, pois
com a avaliação, é possível verificar pré-conceitos diante de uma pessoas e do
outro que divide o espaço social com o mesmo, a avaliação permite a
humanização.
A partir de uma análise da história da avaliação, perceber – se que: “A
teoria da avaliação educacional, no Brasil, sofreu uma grande influência dos
estudos norte-americanos. A partir dos anos 60, principalmente, foi muito
ampla a divulgação da proposta de Ralph Tyler conhecida como” avaliação por
objetivos”. Essa proposta passou a ser referencial teórico - básica nos cursos
de formação de educadores, causando até hoje grande e duradoura
repercussão nos meios educacionais. No enfoque avaliativo deste teórico, “a
avaliação é o processo destinado a verificar o grau em que mudanças
comportamentais estão ocorrendo (...) A avaliação deve julgar o
comportamento dos alunos, pois o que se pretende em educação é justamente
modificar tais comportamentos” (Apud: HOFFMANN, 1996:40).
Como se pode observar, o enfoque deste teórico é comportamentalista
(mudança de comportamento) e resume o processo avaliativo à verificação das
mudanças ocorridas, previamente delineadas em objetivos definidos pelo
professor. (HOFFMANN, 1996:39-40).
Dessa forma, SAUL desenvolve uma análise aprofundada dessa
evolução da teoria em direção a enfoques de julgamento de mérito dos
programas educacionais, dimensões filosófica e antropológica da avaliação, de
reflexão e tomada de decisão sobre fenômenos educacionais. Entretanto, seus
estudos pouco revelam, se houve evolução em relação ao enfoque de Tyler no
que se refere à avaliação da aprendizagem. As propostas que surgiram a
16
posteriori, como a de Benjamin Bloom, perpetuaram igualmente o pensamento
positivista daquele teórico.
“Em que pese o questionamento levantado quanto aos pressupostos da
proposta de avaliação de Tyler, o fato é que ela constitui o ‘superego’ de
professores e administradores que, mal ou bem, a utilizam” (SAUL, 2000: 32).
Percebe-se, contudo, que houve uma supervalorização da avaliação
acerca do que o professor espera de seu aluno ou ainda daquilo que espera
que o aluno realize ou modifique em seu comportamento. O aluno, nestas
perspectivas, é visto de fora para dentro, o conceito atingido é aquilo que o
professor, o orientador e o supervisor educacional é não o que o aluno
consegue construir dentro de seus limites, interesses e projeto de vida.
Outro fator observado no que tange à evolução da avaliação é “no que
se refere à análise dos objetivos previstos pelo professor, presente no modelo
de SCRIVEN (1967) de julgamento de mérito dos programas educacionais.
Dessa forma, o autoritarismo da avaliação emerge, assim, do próprio
planejamento do ensino que se efetiva (da pré-escola à universidade) sem a
reflexão necessária sobre o significado das propostas pedagógicas
desenvolvidas (avaliação do currículo)” (HOFFMANN, 1996: 41).
Logo pode - se afirmar a falta de uma avaliação que contemple os dois
lados: quem avalia – o educador e quem é avaliado – o educando, e claro
tendo em mente de que quem avalia sempre estará se avaliando.
No ambiente escolar, quando avalia um aluno utiliza-se um teste, logo...
• Todo teste envolve obrigatoriamente medida?
• Sempre medimos através de testes?
• A medida serve para descrever atitudes dos alunos?
• Toda tarefa assume muitas vezes papel absoluto nas
decisões de eliminação.
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• O teste é entendido como instrumento de constatação e
mensuração e não de investigação (HOFFMANN, 1996: 45-46).
É comum o educador aplicar um teste e o aluno não passar, ficando toda
uma esperança ou projeto de vida adiado por não ter conseguido nota para
passar de série. O professor acredita que o teste, e somente este verifica
realmente a aprendizagem de seu aluno, e se este não conseguir é porque não
foi capaz, o emocional não é levado em consideração e nem tão pouco se o
ambiente foi apropriado para acontecer o ato avaliativo. Assim será que
realmente tudo pode ser medido com precisão, será que o teste em qualquer
tarefa escolar mediu: a ansiedade, à noite mal dormida, a dificuldade de
locomoção até a escola, a falta de iluminação adequada na sala, se o
instrumento utilizado para medir o fazer, então ocorreu realmente a avaliação.
O professor deveria utilizar o teste como meio de sondar o nível que se
estar processando o aprendizado e não rotular o aluno de incompetente e
incapaz de construir seu próprio conhecimento.
“A avaliação é ‘movimento’, é ação e reflexão. À medida que as
crianças realizam suas tarefas, efetivam muitas conquistas:
refletem sobre suas hipóteses, discutem-nas com pais e
colegas, justificam suas alternativas diferenciadas. Esses
momentos ultrapassam o momento próprio da tarefa. E,
portanto, não se esgotam nelas. As tarefas seguintes incluem e
complementam dinamicamente as anteriores. A média de
escores, na escola, e a concepção do teste, contradiz-se a
esse dinamismo. Obstaculiza, provoca a estagnação, as
arbitrariedades”.
(HOFFMANN, 1966:61)
Constata- se, que uma das dificuldades em se trabalhar os erros dos
alunos, encontra-se justamente na dificuldade que o próprio professor tem em
trabalhar os seus erros, em decorrência de uma formação distorcida, onde não
havia lugar para o erro. Saber trabalhar com seus próprios erros é, portanto,
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condição para se trabalhar com os erros dos alunos, entendendo-os não como
“crime”, mas como hipóteses de construção do conhecimento. A correção
enérgica do erro desempenha um preciso papel social: a introjeção do medo,
da culpa, da indignidade.
Neste intento o professor deveria utilizar a avaliação como meio de
avaliar o seu trabalho docente, é o momento da práxis educativa para ambos,
se for concebida desta maneira, pode-se dizer que está avaliando realmente.
Assim, nesta disposição o erro assume a “concepção de erro
construtivo”. O que significa considerar que o conhecimento produzido pelo
educando, num dado momento de sua experiência de vida, é um conhecimento
em processo de superação. A criança, o jovem, aprimora sua forma de pensar
o mundo à medida que se depara com novas situações, novos desafios e
formulam suas hipóteses.
“Conceber-se-ia, assim a avaliação desvinculada da concepção
de “Verificação de respostas certas ou erradas”, encaminhando-a num sentido
investigativo e reflexivo do professor sobre as manifestações dos alunos”
(Hoffmann, 1996:67), só se aprende quando se erra, o erro nos faz refletir
sobre nossa atuação x docente de nosso aprendizado seja escolar, emocional
ou ainda do desempenho de nossa vida.
Sem dúvida, que deve-se corrigir os alunos, quando eles erram, mas
levando em consideração se “a questão que deve ser feita é se tal correção
favorece a compreensão e o desenvolvimento da autonomia dos alunos. Ou
seja, se o fato de o educador apontar ou ratificar suas respostas contribui para
a possibilidade de o estudante tomar consciência das contradições”.
(HOFFMANN, 1996:77).
Procurando estabelecer linhas norteadoras de uma avaliação sob uma
perspectiva mediadora, tem-se os seguintes itens a serem atingidos:
• “Conservação dos métodos de correção tradicionais (de verificação de
erros e acertos) em métodos investigativos, de interpretação das alternativas
de solução propostas pelos alunos às diferentes situações de aprendizagem”.
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• Privilégio a tarefas intermediárias e sucessivas em todos os graus de
ensino, descaracterizadas de funções de registro periódico por questões
burocráticas (Não advogo em princípio a não-existência dos registros
escolares, mas alerto quanto à subordinação do processo avaliativo a tais
exigências).
• Compromisso do educador com o acompanhamento do processo de
construção do conhecimento do educando numa postura epistemológica que
privilegie o atendimento e não a memorização “(HOFFMANN, 1996:81).
No que se refere à avaliação na educação infantil, deve-se levar em
consideração que “as crianças apresentam maneiras peculiares e diferenciadas
de vivenciar as situações de interagir com os objetos do mundo físico. A cada
minuto realizam novas conquistas, ultrapassando nossas expectativas e
causando muitas surpresas” (HOFFMANN, 1996:83) mas que também cada
criança possui um ritmo próprio de interagir com o meio e de construir seu
conhecimento, o professor deve atentar para este fator. Vale ressaltar que há
dois fatores básicos na avaliação feita na educação infantil:
• Observação atenta e curiosa sobe as manifestações de cada criança;
• Reflexão sobre o significado dessas manifestações em termos de seu
desenvolvimento.
Esses dois pressupostos enunciados de uma proposta de avaliação
contradizem a concepção tradicional que se evidencia entre os educadores.
Observar e refletir para dar continuidade às ações educativas não é sinônimo
de uma prática que se destina a julgar o valor de resultados alcançados pela
criança ao término de determinados períodos de trabalho com ela.
(HOFFMANN, 1996: 86,87).
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Avaliar um educando implica, antes de tudo, acolhe-lo no seu ser e no
seu modo de ser, como está, para, a partir daí, decidir o que fazer. A
disposição de acolher está no sujeito do avaliador, e não no objeto da
avaliação. O avaliador é o adulto da relação de avaliação, por isso ele deve
possuir a disposição de acolher. Ele é o detentor dessa disposição. E sem ela,
não há avaliação.
Segundo LUCKESI (2000: 7), não é possível avaliar um objeto, uma
pessoa ou uma ação, caso ela seja recusada ou escolhida, desde o início, ou
mesmo julgada previamente. Que mais se pode fazer com um objeto ou ação
ou pessoa que foram recusados desde o primeiro momento? Nada, com
certeza.
Percebe-se para tanto, que a disposição para acolher é, pois o ponto de
partida para qualquer prática de avaliação. É um estudo psicológico oposto ao
estado de exclusão, que tem na sua base o julgamento prévio. O julgamento
prévio está sempre na defesa ou no ataque, nunca no acolhimento.
“O que acontece hoje, em termos de avaliação, desconsidera a
criança em dois sentidos. Por um lado, observa-se e
acompanha-se, na maioria das vezes, a criança em suas
descobertas, entretanto, quando se registram aspectos do seu
desenvolvimento em geral, é para apresentar resultados aos
pais ou por necessidade de registros escolares. Os enunciados
não têm por objetivo subsidiar a ação educativa no seu
cotidiano, permanentemente voltada à criança, mas asseguram
aos pais e à escola que algumas atividades estão se
desenvolvendo, que a criança está realizando uma série de
‘trabalhinhos interessantes”. Os ‘pareceres descritivos’,
representam, em sua maioria, registros de observação
esporádicas e superficiais do professor, com base em listagens
de comportamentos elaborados em gabinetes de supervisão,
incluindo aspectos sobre a criança de difícil compreensão ou
de apreciação subjetivo.
(HOFFMANN, 1966:89)
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Reduzindo o desenvolvimento da criança a habilidades a serem
atingidas, onde todas deverão ter o mesmo nível, não se perguntando por que,
a criança não atingiu tal habilidade, mas somente que ela não realiza ou não foi
observado. Nesta perspectiva a criança é vista em departamentos/fragmentos,
não é olhado o todo, mesmo sabendo que é o todo aspecto físico emocional e
psíquico, que deveria ser levado em consideração.
Outro fator observado no que se refere à educação infantil e quanto às
atividades programadas pelos educadores não sofrem uma analise termos de
adequação as diferentes faixas etárias. Estórias monótonas, técnicas de
pintura complicadas, jogos de regras são propostos às crianças e o professor
garante a atenção delas através de sua autoridade. Ocorre-se de uma
atividade não ser bem sucedida, as justificativas tendem, a afastar-se da
criança, apontando-se a inadequação do momento, do material ou do
ambiente, por exemplo, como razões possíveis. Em uma das creches onde
temos estagiárias, desde as turmas de 2 anos às de 6 anos, apresentam-se os
mesmos desenhos ‘mimeografados’ para colorir e referem-se a ‘unidade
temáticas’ idênticas. (HOFFMANN, 1996:95), novamente o professor
erradamente ignora as faixas etárias de desenvolvimento infantil, acreditando
que uma atividade (colagem, pintura, etc.), interessará a todas as crianças de
uma sala de aula, ou ainda, falta criatividade por parte docente em realizar
novas atividades, logo quem não realiza tal atividade será erradamente
avaliado.
A avaliação escolar deveria privilegiar os interesses e as necessidades
de cada criança, confiar em suas tentativas de aprender erro/acerto, valorizar
suas descobertas. Com isto poder-se-ia dizer que realmente está se chegando
a um modelo avaliativo centrado na criança, e que tal modelo ajudará a formar
o adulto de amanhã.
Pode-se perceber, que a avaliação se pauta pela observação e registro.
Uma perspectiva de acompanhamento do processo de desenvolvimento,
podendo ser apontada na seguinte direção:
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- Observação da criança fundamentada no conhecimento de suas
etapas de desenvolvimento.
- Oportunização de novos desafios com base na observação e reflexão
teórica.
- Registro das manifestações das crianças e de aspectos significativos
de seu desenvolvimento.
- Diálogo freqüente e sistemático entre os adultos que lidam com a
criança e os pais ou responsáveis.
- No caso de comunicação aos pais, é muito mais significativo o parecer
descritivo (relatório) do desenvolvimento da criança, que a emissão de
conceitos ou menções. (Apud: VASCONCELLOS, 1994: 59)
Caso o professor e/ou instituição escolar consiga por em prática tal
proposta, este (a), estará realmente realizando um ato avaliativo, e
proporcionando o desenvolvimento integral da criança.
O ato avaliativo – avaliar controla o universo educacional como também
faz parte da dinâmica social, pois muita das vezes a avaliação se torna uma
sentenciação de poder, onde indivíduos, valores, conhecimentos – saberes, e
outros, são confrontados entre quem avalia sobre que está sendo avaliado,
logo...
“Esta concepção vai ser de profundo interesse para nós por
compreendermos que o instrumental provas e testes tem sua
origem justamente no contexto da apropriação e/ou divisão de
poder e que, desta forma, o âmago da discussão está em
desvendar os mecanismos do exercício do poder e,
conseqüentemente da liberdade, no ser e fazer sociais. Em
última instância, significa encontrar o lugar da luta pelo poder e
pela liberdade”.
23
(LIMA, 1994:31)
Neste intuito, a avaliação implica em ter assimilado algo ou alguma coisa
e este é poder, pois agora o indivíduo detém um conhecimento que lhe traz
validade / respeito social.
“A ‘adaptação’ é um processo geral de interação entre o sujeito
e o meio. Esta adaptação processa-se de duas formas
simultâneas: assimilação e acomodação. A primeira destas
categorias, a assimilação é o princípio geral epistemológico.
Isto significa que a ação natural primeira do sujeito é
assimilativa, ou seja, a redução do meio (incluam-se pessoas,
valores, símbolos etc.) às suas necessidades à recomposição
(sempre provisória de seu equilíbrio (equilibração) A segunda
categoria, a acomodação, ou seja, a aprendizagem constitui-se
no conjunto de transformações, as quais o sujeito se submete,
uma vez que o meio impôs resistências à sua pura assimilação.
O sujeito transforma-se, ‘motivado’ pelo objeto, de modo a
poder, por meio de suas transformações, finalmente assimilar o
objeto”.
(Apud: LIMA, 1994:35)
Vale ressaltar que a aprendizagem/construção do conhecimento se dá
na relação do sujeito com o meio que o cerca, onde na medida em que o
mesmo tenta transformá-lo com o intuito de satisfazer sua(s) necessidade(s)
assimilação, o sujeito se defronta com barreiras / resistências que o impele a
um esforço de adaptação, efetuando assim a aprendizagem, este processo
Piaget denominou de acomodação. Enquanto a assimilação é vista por ele,
como um esquema particular de aprender, cada criança tem sua maneira
própria de aprender, que vai ao encontro da etapa / nível de desenvolvimento a
que se encontra.
Outro fator marcante no processo de aprendizagem é a verificação da
mesma - avaliação. A avaliação esta presente em qualquer ato humano, as
pessoas se avaliam continuamente ao mesmo tempo em que avaliam os
indivíduos que dividem o mesmo espaço social e segundo LIMA os homens:
24
“Precisam dos outros homens para garantir sua própria
existência e, assim estão em contínuo processo adaptativo de
assimilação e acomodação, em termos de poder, dominando o
sendo dominado. As relações repressivas, de dominação,
submissão, subordinação etc. aparecerão no bojo das relações
sociais que os homens vão estabelecendo progressivamente
entre si, pela necessidade de convivência social – o
fundamento da sobrevivência como indivíduo e como
coletividade”
(LIMA, 1994:36)
A relação de poder existente entre o professor e o aluno é complexa,
pois em uma turma que é avaliada através de teste / prova, o resultado da
mesma é sempre visto como fracasso ou êxito individual do aluno é como se o
processo pedagógico fosse perfeito e somente o aluno culpado de dar errado o
seu desenvolvimento, deixando todo o resto – professor, livro didático, currículo
etc. acima de qualquer suspeita.
“O professor, não compreendendo a prova como instrumento
de avaliação do processo pedagógico como um todo acaba
realizando um julgamento da aprendizagem individual de cada
aluno. Os ‘bilhetes’ escritos nas provas são bons
demonstrativos desta relação individual, onde o motivo do erro
é visto (pela professora) como relativo a cada aluno
individualmente e relacionando com o ‘comportamento’ escolar.
Se o professor não tomar a totalidade, certamente isentase da
avaliação, isto é, não se questiona se ele de fato ensinou, mas
apenas se o aluno ‘aprendeu’. Se uma questão é respondida
erradamente por todos ou pela maioria não parece ser um fato
observado pelo professor. Ora, isentando-se da avaliação, está
também excluído do processo ensino aprendizagem, pois não
é parte avaliada do processo. Torna-se um mero avaliador
burocrático”.
(LIMA, 1994:41)
25
Assim o professor tem o poder, é ele quem diz quem é nota “dez ou
zero”, ou quem é promovido a série seguinte ou não, são rituais que fazem
parte do universo educacional, logo a criança ou adolescente é coagido sem
poder reagir, pois é ele quem é avaliado e não o sistema, e nem tão pouco é
privilegiado o erro como forma de (re) direcionar o processo ensino-
aprendizagem. “O professor, através do julgamento, deve estimular a
originalidade e o senso crítico. É seu dever elementar levar o aluno à
autonomia intelectual.” (Apud: LIMA, 1994:49)
A avaliação vista como modo de reprimir ou rotular alguém de bom ou
ruim faz parte do projeto histórico de nossa educação, segundo Ana Maria Saul
(2000).
O primeiro “foco de atenção” e a avaliação da aprendizagem, isto é, o
objeto e a aprendizagem do aluno. Esta corrente predomina no Brasil até
meados dos anos 70, quando outros objetos são introduzidos no processo
avaliativo.
Diversos “sistemas” avaliativos desenvolvem-se sob este enfoque onde
o controle do currículo e do planejamento é o principal objetivo e o que se
busca e a medida uma manipulação matemática de dados. O ideário
programático behaviorista americano, que subordina a avaliação a uma série
de quesitos comportamentais que se desdobram em tecnologias diversas,
entre as quais a “instrução programada” e a “prova objetiva”.
Novamente subordinado às mudanças ocorridas nos Estados Unidos, a
respeito da avaliação escolar. Mas, podemos dizer que este “ligeiro” deslocar
não sai do campo do controle curricular e de planejamento, apenas agrega
mais um ponto de vista. Em outras palavras, a avaliação que se igualava à
medida do rendimento do aluno, numa tentativa de mensurar o comportamento,
centrada no educando, passa a abordar o currículo como elemento do
processo avaliativo.
26
Somente por volta de 1978, é que começam aparecer trabalhos sob uma
“ótica qualitativa” de avaliação, onde agora podemos contrapor entre uma
avaliação quantitativa ou qualitativa, sendo estas analisadas também por Saul.
“As correntes qualitativas, ao contrário, passaram a questionar
precisamente as limitações dos testes padronizados para se ter
compreensão daquilo que o professor ensina e o que o aluno
aprende. A idéia de mensuração de comportamento é
extremamente estática, contraditória com a dinâmica
psicológica e social dos indivíduos”.
(LIMA, 1994:71,72)
Enquanto SAUL denomina a avaliação qualitativa de “avaliação
emancipatória”, LUCKESI denomina-a de “avaliação diagnóstica”, ou seja,
deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da
identificação de novos rumos. Enfim, terá de ser o instrumento do
reconhecimento dos caminhos perseguidos.
“’A avaliação teria uma função de qualificação do educando e
não a de classificação’, sendo esta última um instrumento
contra democratização do ensino. Teria, pois um papel de
diagnóstico da aprendizagem, no sentido de construir em lugar
de sentenciar. Luckesi não se ocupa tanto com uma análise da
história dos processos avaliativos. Seu propósito parece ser
propor, analisar criticamente a realidade e buscar saídas”.
(Apud LIMA, 1994: 74)
Para que a avaliação educacional escolar assuma o verdadeiro papel de
instrumento dialético de diagnóstico para o crescimento, terá de se situar e
estar a serviço de uma pedagogia que esteja preocupada com a transformação
social e não com a sua conservação.
Segundo LUCKESI, a avaliação diagnóstica para ocorrer têm que ter em
seu bojo três variáveis:
27
1- Juízo de qualidade, quando o juízo (afirmação ou negação) se faz sobre a
qualidade do objeto, o aspecto adjetivo;
2- Juízo de existência, quando o juízo se faz pelos dados empíricos da
realidade, o aspecto substantivo; e
3- Tomada de decisão, que com base nas duas primeiras variáveis resulta em
três possibilidades: a) continuar a situação; b) introduzir modificações; e c)
suprimir a situação ou objeto. (Apud: LIMA, 1994: 89)
Dando assim, condições de realmente se avaliar qualitativamente
alguém (aluno), e é claro para que se tire gradativamente o rotulo de poder
impregnado ao ato avaliativo.
Contudo, não pode-se conceber a avaliação da aprendizagem como a
tirana da prática educativa, que ameaça e submete a todos. Chega de
confundir avaliação da aprendizagem com exames. A avaliação da
aprendizagem, por ser avaliação é morosa, inclusiva, dinâmica e construtiva,
diversa dos exames, que não são amorosos, são excludentes, não são
construtivos, mas classificatórios.
A avaliação da aprendizagem deve ser concebida como um recurso
pedagógico útil e necessário para auxiliar cada educador e cada educando na
busca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de ser na vida.
1.2 - A avaliação no processo de aprendizagem
A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas,
emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz
de interagir e aprender com elas de forma que possa compreender e
influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e
formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para
28
se expressar, podendo aprender, nas trocas sociais com diferentes crianças e
adultos, cujas percepções e compreensões da realidade também são
diversas.
Assim o processo ensino-aprendizagem ocorre de forma gradual
continua cumulativa, integrativa, porém não se sabe como avaliá-lo, ou seja,
como promover a verificação da aprendizagem, avaliação do educando.
Para GADOTTI (1991: 16): “a avaliação é essencial à educação.
Inerente e indissociável enquanto concebida como problematizarão,
questionamento, reflexão sobre a ação”.
A avaliação pode ser um instrumento precioso de diagnóstico e diálogo,
sendo um momento de reflexão do professor sobre o processo de
aprendizagem e sobre as condições oferecidas por ele para que ela pudesse
ocorrer. Assim, caberá a ele investigar sobre a adequação dos conteúdos
escolhidos, sobre o tempo e ritmo imposto ao trabalho tanto quanto caberá
investigar sobre as aquisições das crianças em vista de todo o processo vivido,
na sua relação com os objetivos propostos.
Nessa perspectiva, a avaliação não se encerra com a qualificação do
estado em que está o educando. É tarefa permanente do professor instrumento
indispensável à constituição de uma prática pedagógica e educacional
verdadeiramente comprometida com o desenvolvimento das crianças.
Um educador que não avalia constantemente a ação educativa, no
sentido indagativo, investigativo do termo instala sua docência em verdades
absolutas, pré-moldadas e terminais;
Entretanto, para que se mude a forma como é praticado/pensado o ato
avaliativo, temos que antes de tudo rever o paradigma a qual empregamos na
avaliação neste intuito VASCONCELLOS (1995:13) nos dá um quadro síntese
sobre os paradigmas que envolvem a avaliação.
Se os educadores buscarem uma avaliação crítica de seus preconceitos
e atitudes diante da avaliação / verificação da aprendizagem já é um bom início
de mudança e os mesmos podem usar como princípio de suas práxis o
demonstrativo exposto acima que nos dá uma visão mais ampla dos
paradigmas que norteiam a avaliação e a partir deste como já falamos buscar
uma prática coerente com o espaço-tempo chamado sala de aula.
29
O professor tem que rever suas condições, pois na maioria das vezes o
aluno não aprende – fracassa a avaliação em decorrência do método adotado
pelo educador ser/ estar errado indo de encontro ao conteúdo ministrado, a
clientela, ao espaço físico de sala de aula dentre outras coisas que irão
interferir diretamente na aprendizagem dos alunos, que aparecerá na
verificação da aprendizagem.
Outro fator inerente a avaliação é que muitos professores a utilizam
como forma de poder.
“Nesse contexto a avaliação entra como mais um elemento
disciplinador e controlador, servindo para se obter desde o
silêncio momentâneo, até o ‘estudo para a prova’. E
interessante notar como as práticas avaliativas ao longo da
permanência do estudante na escola vão refinando-se no
sentido de tornarem-se mais castradoras e modeladoras de
corpos úteis”.
(OSOWSKI, 1997: 43)
A avaliação é o norteador do processo ensino-aprendizagem, pois esta
pode “produzir metodologias que viabilizem em sala de aula e laboratórios uma
prática diferente das simples “conferências” (SILVEIRA, 1998: 207), de
trabalhos de pesquisas bibliográficas - campo, de dever de cada, de exercícios.
A avaliação tem que transcender a simples conferência e a preocupação com a
nota que rotula como: bom, razoável, bom ou ótimo o desempenho do aluno no
processo ensino aprendizagem.
A verificação da aprendizagem possibilita indicar a seqüência e a
estruturação dos conhecimentos / saberes acumulados pela humanidade, seu
repasse às novas gerações – as criança, viabilizando a concretização do
conhecimento no espaço escolar. É intrínseco a vida humana –
individual/social, o erro como mediador da aprendizagem, “não se aprende sem
antes, errar, refazer, testar. É preciso que a avaliação escolar assuma o erro
como um rico momento de construção da aprendizagem” (ALMEIDA, 1995: 55).
30
Partir do erro como forma de (re) ver o processo ensino-aprendizagem é
imprimir alguma mudança na ação avaliativa, sendo que a avaliação escolar
não se dá somente em sala de aula entre professor – aluno, mas sim no
espaço escolar com um todo abrangendo a comunidade que a faz funcionar
como espaço de (re) elaboração e (re) construção de conhecimentos / saberes
para que esta ocorra o processo de avaliação escolar tem que se revestir das
seguintes características:
- “Ser democrático, no sentido de considerar que os integrantes da ação
educativa são capazes de assumir o processo de transformação da educação
escolar, sob a ótica dos interesses das camadas majoritárias da população”;
- Ser abrangente, significando que todos os integrantes e os diversos
componentes da organização escolar sejam avaliados: a atuação do professor
e de outros profissionais da escola; os conteúdos e processos de ensino; as
condições dinâmicas e materiais disponíveis; a articulação da escola com a
comunidade.
- Ser participativo, prevendo a cooperação de todos, desde a definição
de como a avaliação deve ser conduzida até a análise dos resultados e escolha
dos rumos de ação a serem seguidos.
- Ser contínuo constituindo-se efetivamente em uma prática dinâmica de
investigação que integra o planejamento escolar em uma dimensão educativa
“(SOUZA, 1995:64).
Tais colocações irão aparecer em sala de aula, mais precisamente na
aquisição de conhecimentos por parte dos alunos, ajudando os mesmos no
desenvolvimento de suas capacidades de pensar, criar, (re) elaborar os
conhecimentos existentes e sua aplicabilidade prática no contexto individual e
social.
Para tanto é importante manter sempre uma atitude construtiva, nunca
arrasar ou destruir ninguém. Todos podem errar. Mas todos podem mudar,
31
melhorar e crescer. Mesmo na situação mais grave e negativa, nosso papel é o
da renovação da superação e da construção, crianças (nossos alunos) ou pais
e professores (os adultos) envolvidos no processo educativo podem sempre
mudar e mudar para melhor.
Partindo da premissa de que o aprendizado e o desenvolvimento estão
inter-relacionados e que o aprendizado escolar, na nossa sociedade, é um
elemento muito importante no desenvolvimento dos cidadãos, a escola assume
um papel fundamental na formação desses sujeitos. No entanto, a escola só
conseguirá cumprir seu papel de forma eficaz, se conhecer profundamente os
educandos, sua história de vida, sua cultura, seu universo vocabular, seu
processo de socialização, para, então, direcionar sua ação pedagógica tendo
em vista os processos de desenvolvimento que ainda não foram incorporados
pelos alunos, funcionando efetivamente como impulsionadora de novos
avanços.
Compreende-se, contudo, que o desenvolvimento humano não ocorre
através de um caminho previsível, universal e linear, mas que, ao contrário, se
processa de forma dialética, através de sucessivos movimentos de rupturas e
situações de desequilíbrios que provocam reorganizações na formação global
dos indivíduos. Ao buscar os fundamentos epistemológicos do processo de
conhecimento, tem que se remeter á teoria do conhecimento.
O evento básico de toda teoria do conhecimento é a relação entre sujeito
e objeto, o problema clássico que se coloca é: como alguém conhece algo? A
relação de conhecimento pode ser entendida como sendo a relação de um
sujeito cognoscente com um objeto cognosível. Nesta relação sujeito-objeto, o
objeto resiste á relação do sujeito e o obriga a se modificar. Não há nem
identidade preestabelecida, nem redução total de um a outro, nem
exterioridade radical, mas uma série de ações e de reações que mostram o
esforço da idéia para envolver ou modificar a coisa e a resistência da coisa,
que obriga a própria idéia a se modificar.
32
CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL
2.1 - Desafio da atualidade
A educação brasileira tem como grande desafio dentro do contexto da
atualidade promover a aprendizagem de todos os alunos e lhes assegurar uma
trajetória de sucesso. Esta trajetória só será possível se o aspecto pedagógico
tido como central passar a fazer parte de uma gestão que priorize formas de
pensar, sentir e atuar para garantir a permanência do aluno na sala.
Nessa perspectiva torna-se fundamental a constituição de um conceito
de avaliação escolar que atenda às necessidades de escolarização das
camadas populares, porque são elas que mais têm sofrido como o modelo de
escola atual. E, se o movimento amplo da sociedade impõe um novo tipo de
escola, impõe, também, a necessidade de um novo referencial para a
constituição dos processos de avaliação.
Questionam-se, assim, os processos de avaliação da aprendizagem dos
alunos que estão, usualmente, centrados num desempenho cognitivo, sem
referência a um projeto político-pedagógico de escola, e, ainda, o sentido das
avaliações escolares que se têm direcionado, especialmente, para o ato de
aprovar ou reprovar os alunos.
Há diversas modalidades de avaliação que podem ser empregadas na
escola, dependendo do que se pretende verificar. As formas de avaliação que,
atualmente, parecem ser mais freqüentemente empregadas nas escolas são a
prova escrita, os trabalhos em grupo, a auto-avaliação que alguns professores
convidam seus alunos a fazerem sobre o seu próprio desempenho e a
avaliação. Porém, a prova escrita, já que essa parece ser, ainda, o principal
instrumento de avaliação empregado pela maioria das escolas.
33
2.2 - O professor e as formas de se avaliar
Tudo vai depender da maneira como são propostas as questões. Se a
intenção não for apenas a de verificar quantas informações o aluno "guardou
em sua cabeça", mas sim a de perceber como o aluno está aproveitando tudo o
que ele aprendeu durante as aulas, para compreender os temas estudados no
curso e para resolver problemas propostos pela disciplina estudada, então a
prova pode ser um bom momento para professores e alunos efetuarem uma
revisão de tudo o que foi – ou deveria ter sido aprendido – e perceberem o que
ainda pode ser melhorado.
Uma boa alternativa é permitir que os alunos re-elaborem as questões
da prova nas quais não conseguiram um bom resultado, de modo que possam
recuperar as falhas anteriores.
A prova operatória constitui um instrumento de avaliação que
corresponde a uma nova oportunidade dada ao aluno para ampliar o seu
conhecimento sobre uma determinada matéria. É possível avaliar os alunos
mediante a aplicação de provas sem que essa atividade seja, apenas, uma
tarefa burocrática, a qual rouba dos professores e alunos tempo preciosos que
poderia estar sendo dedicado ao desenvolvimento do ensino e do aprendizado.
Para eles, uma prova pode ser considerada operatória quando:
Longe de ser mecânicos questionários, testes ou exercícios, for um
momento a mais para o aluno viver internamente a construção ou reconstrução
de conceitos ao longo do caminho da aprendizagem. Ou seja, um momento de
aprendizagem, (HOFFMAN, 1994, p. 34).
Além de explicitarem os objetivos e as ações que devem ser cumpridos
pela realização de uma prova, os autores desenvolvem a proposta no sentido
de torná-la mais clara.
As questões referem-se a temas atuais que tenham relevância para a
compreensão do mundo, contribuindo para a reflexão do aluno sobre contexto
34
histórico em que vive. O aluno que se vê convidado a refletir sobre o mundo
que o cerca sente que não está respondendo a uma questão apenas porque o
professor quer assim, mas percebe a importância do estudo de cada disciplina
específica para o conhecimento de uma realidade da qual ele próprio faz parte.
Sendo assim, a avaliação escolar deve permitir verificar não apenas a
retenção de informações sobre a matéria pelo aluno, mas, principalmente, se
os alunos estão sendo capazes de utilizar aquilo que aprenderam a partir dos
exemplos dados pelo professor na compreensão de casos análogos. Segundo
Demo (1996)
“Avaliamos o êxito de qualquer ensino não pela capacidade de
reprodução que o aluno tem do que lhe foi apresentado como informação ou
caso exemplar, mas pela sua capacidade de construir soluções próprias a
novos problemas, ainda que para isso ele recorra àquilo que lhe foi colocado
como caso exemplar, ou seja, que ele lance mão das ‘soluções canônicas’ que
lhe foram apresentadas. “(p.186).
Para dar um exemplo, não pode-se ter certeza de que um aluno
aprendeu um novo idioma apenas ao verificar que reproduziu um texto escrito
em alemão, pois, para tal basta ter boa coordenação e prestar atenção na
tarefa. Evidentemente, contudo só pode dizer que uma pessoa aprendeu alemã
quando se observa que ela é capaz de criar um novo texto em alemão e não
apenas copiar.
Ao avaliar as competências dos alunos é preciso definir adequadamente
os objetivos que o aluno deve alcançar e levar em consideração ainda uma
distinção no que se refere à correção para o aprendizado de informações.
A modalidade diagnóstica consiste na sondagem, projeção e
retrospecção das situações dos desenvolvimentos do aluno, permitindo
constatar as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem. Quando os
objetivos não forem atingidos, são retomados e elaboram-se novas estratégias
para que se efetue a produção do conhecimento. Segundo Sant'anna (1999).
35
Esta modalidade deve ser feita no início de cada ciclo de estudos através de
uma reflexão constante, crítica e participativa.(p.124).
A avaliação possui três funções de fundamental importância para o
processo educativo como diagnosticar, controlar e classificar.
A função diagnóstica tem como objetivo identificar, analisar as causas de
repetidas incapacidades na aprendizagem, evidenciando dificuldades em seu
desempenho escolar, sendo que a função formativa ou de controle tem a
finalidade de localizar, apontar as deficiências, insuficiências no decorrer do
processo educativo, na qual os instrumentos deverão estar de acordo com os
objetivos a serem atingidos.
Quanto à função classificatória pode-se dizer que frente a este contexto,
o professor deve desenvolver o papel de problematizador, ou seja,
problematizar as situações de modo a fazer o aluno, ele próprio construir o
conhecimento sobre o tema abordado de acordo com o contexto histórico
social e político o qual está inserido, buscando a igualdade entre educador-
educando, onde ambos aprendem, trocam experiências e aprendizagens no
processo educativo, uma vez que "não há educador tão sábio que nada possa
aprender, nem educando tão ignorante que nada possa ensinar” (BECKER,
1997, p.147). Esse fato vem comprovar a interação do aluno no processo de
ensino-aprendizagem em que cada um tem a ensinar para o outro, sendo que a
avaliação é um elo entre a sociedade, as escolas e os estudantes.
É necessário que ocorra uma conscientização de todos estes
segmentos, onde a avaliação deve ser repensada para que a qualidade do
ensino não fique comprometida, tendo o cuidado nas influencias nas histórias
da vida do aluno e do próprio professor para que não haja, mesmo
inconscientemente, a presença do autoritarismo e da arbitrariedade que a
perspectiva construtivista tanto combate.
Segundo Hoffmann (1.993):
Avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades de ação -
reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve propiciar
36
ao aluno em seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo,
formando seres críticos libertários e participativos na construção de verdades
formuladas e reformuladas. (p.134).
A avaliação escolar é um processo pelo qual se observa, se verifica, se
analisa, se interpreta um determinado fenômeno (construção do
conhecimento), situando-o concretamente quanto aos dados relevantes,
objetivando uma tomada de decisão em busca da produção humana. Segundo
Luckesi (1995).
O ato de avaliar tem, basicamente, três passos: Conhecer o nível de
desempenho do aluno em forma de constatação da realidade. Comparar essa
informação com aquilo que é considerado importante no processo educativo.
(qualificação)-Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados
esperados. (p,148).
Neste sentido, é essencial definir critérios onde caberá ao professor
listar os itens realmente importantes, informá-los aos alunos sem uma
necessidade, pois a avaliação só tem sentido quando é contínua, provocando o
desenvolvimento do educando. O importante é que o educador utilize o diálogo
como fundamental eixo norteador e significativo papel da ação pedagógica.
Freire argumenta que:
O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no ato
comum de conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em vez de
transferir o conhecimento estaticamente, como se fosse fixa do professor, o
diálogo requer uma aproximação dinâmica na direção do objeto. (P. 125).
O diálogo é visto como uma concepção dialética de educação, pois se
supera tanto o sujeito passivo da educação tradicional, quanto o sujeito ativo
da educação nova em busca de um sujeito interativo.
Faz-se necessário ao educador o comprometimento como profissional
durante as suas inter-relações em que o compromisso não pode ser um ato
passivo, mas sim a inserção da práxis na prática educativa de professor e
aluno. Freire (1999), afirma que:
37
Se a possibilidade de reflexão sobre si, sobre seu estar no mundo,
associada indiscutivelmente à sua ação sobre o mundo, não existe no ser, seu
estar no mundo se reduz a um não poder transpor os limites que lhe são
impostos pelo próprio mundo, do que resulta que este ser não é capaz de
compromisso. É um ser imerso no mundo, no seu estar, adaptado a ele e sem
ter dele consciência. (p. 123).
Por conseguinte, a avaliação qualitativa deve estar alicerçada na
qualidade do ensino e pode ser feita para avaliar o aluno como um todo no
decorrer do ano letivo, observando a capacidade e o ritmo individual de cada
um. Desta forma, para haver uma avaliação qualitativa e não classificatória
deve acontecer uma mudança nos paradigmas de ensino em relação à
democratização do excesso da educação escolar e com isso haverá uma
qualidade de ensino do educando onde acontecerá um sentido de evolução
produtiva nos processos avaliativos.
A auto-avaliação deve estar presente em todos os momentos da vida,
uma vez que é o ato de julgar o próprio desempenho de aluno e professores. O
educador deve se auto-avaliar, revendo as metodologias utilizadas na sua
prática pedagógica. E a auto-avaliação do aluno para avaliar o professor deve
servir como subsídio para a sua própria auto-avaliação, momento este que
servirá para refletir sobre a relação e interação entre educando e educador.
Portanto, o professor deve utilizar instrumentos avaliativos vinculados à
necessidade de dinamizar, problematizar e refletir sobre a ação
educativa/avaliativa da instituição. Propicia, portanto, condições para o aluno
refletir sobre si mesmo e o que tem construído ao longo da vida.
Uma grande questão é que avaliar envolve valor, e valor envolve
pessoas. Quando se avalia uma pessoa, se envolve por inteiro – o que se
sabe, o que sente, o que se conhece desta pessoa, a relação que se tem com
ela. E é esta relação que o professor acaba criando com seu aluno. Então, para
que ele transforme essa sua prática, algumas concepções são extremamente
necessárias.
38
O sentimento de compromisso em relação àquela pessoa com quem
está se relacionando e reconhecê-la como uma pessoa digna de respeito e de
interesse.
O professor precisa estar preocupado com a aprendizagem desse aluno,
principalmente quando percebe nele, dificuldades oriundas e distúrbios mentais
ou sensoriais.
2.3 - Fatores que podem afetar a aprendizagem e prejudicar a avaliação
O sistema nervos comanda todos os outros sistemas do nosso corpo.
Por esse motivo, ele interfere em várias atividades humanas, especialmente no
campo da aprendizagem.
Muitos distúrbios neurológicos podem atingir tanto crianças quanto
adultos, causando problemas de fala, de locomoção, de memória, do próprio
funcionamento do cérebro (raciocínio) etc. Esses distúrbios prejudicam
qualquer tipo de aprendizagem.
Deve-se reconhecer as inúmeras diferenças, entendê-las e respeitá-las.
Percebe-se que em todas as Escolas, em todas as séries, encontram-se alunos
com problemas de aprendizagem, agressividade e com pouca estimulação
para estudar. Estes alunos, muitas vezes são discriminados e apontados como
alunos problemas. São alunos que algum momento apresentaram problemas
em seu desempenho escolar, e nada foi feito ou muito pouco para compensar o
que não aprenderam. Para a Escola, às vezes representam casos perdidos,
que quanto mais rotulados mais problemas representam.
Segundo Fernandez (1991).
39
Uma mensagem que precisa ser decodificada pelo professor é uma
mensagem que a criança emite, como um grito de desespero de
incompreensão do que acontece; é um pedido falido de ajuda, (p.136).
O trabalho pedagógico deveria partir de uma auto-avaliação do professor
quanto a sua postura. Quais são seus anseios, suas metas, suas frustrações?
Após olhar para bem dentro de si, só então, é que o educador pode olhar para
o aluno como mediador, não só de conhecimento, mas também de carinho,
compreensão e ajuda mútua. Ser professor não é só passar conteúdos, mas
ajudar na formação para se tornar um cidadão feliz. O potencial de cada
criança deve se buscar inesgotavelmente e expandir este potencial por
intermédio de uma orientação individualizada de acordo com a capacidade de
cada um. Toda criança possui um potencial pronto para ser expandido, pois
são seres que se desenvolvem continuamente.
Um dos principais objetivos do professor e dos pais é de instigar o
interesse e o amor da criança pelos estudos. Se a criança não for motivada não
terá interesse em aprender. É preciso dar-lhe o empurrão inicial, colocá-la em
movimento, transmitir-lhe animo.
De acordo com as características individuais dos alunos, o professor
poderá definir os tipos de testes de prontidão a que eles deverão ser
submetidos para atingir um bom nível inicial de aprendizagem assim estará
evitando futuros distúrbios de aprendizagem. Por isso, cada caso deve ser
avaliado particularmente, incluindo na avaliação o entorno familiar e escolar.
"Distúrbio neurológico" misterioso e não-detectável.
40
CAPÍTULO III
PROCESSO DE AVALIAÇÃO
3.1 – Como é feita a avaliação de aprendizagem escolar
A maioria das escolas promove exames, que não são uma prática de
avaliação. O ato de examinar é classificatório e seletivo. A avaliação, ao
contrário, diagnóstica e inclusiva. Hoje aplica-se instrumentos de qualidade
duvidosa: são corrigidas provas e contados os pontos para concluir se o aluno
será aprovado ou reprovado. O processo foi concebido para que alguns
estudantes sejam incluídos e outros, excluídos. Do ponto de vista político-
pedagógico, é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque centrada na
pessoa do professor e no sistema de ensino, não em quem aprende.
A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico, que levam a
uma intervenção visando à melhoria da aprendizagem. Se ela for obtida, o
estudante será sempre aprovado, por ter adquirido os conhecimentos e
habilidades necessários. A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser
ajudado a dar um passo à frente. Essa concepção político-pedagógica é para
todos os alunos e por outro lado é um ato dialógico, que implica
necessariamente uma negociação entre o professor e o estudante.
Segundo Luckesi, os educadores do início do século 21, são herdeiros
do século 17. O modelo atual foi sistematizado na época da emergência da
burguesia e da sociedade moderna. Se analisar documentos daquele tempo,
como o Ratio Studiorum, dos padres da ordem dos jesuítas, ou a Didactica
Magna, do educador tcheco Comênio, o modelo classificatório que se pratica
hoje foi concebido ali. Muitos outros educadores propuseram coisas diferentes
desde então, mas nenhuma dessas pedagogias conseguiu ter a vigência da
pedagogia tradicional, que responde a um modelo seletivo e excludente.
Existem também razões psicológicas para a insistência nos velhos métodos
de avaliação: o professor é muito examinado durante sua vida de estudante e,
41
ao se tornar profissional, tende a repetir esse comportamento.
3.2 – Justificativa pedagógica para o recurso da reprovação
A reprovação é um fenômeno que, historicamente, tem a ver com a
ideologia de que, se o estudante não aprende, isso se dá exclusivamente por
responsabilidade dele. As frases reveladoras são aquelas do gênero "eles não
querem mais nada", "não estudam", "não têm interesse" etc. Muitas outras
razões, além do próprio aluno, podem conduzir ao fracasso escolar, como as
políticas públicas que investem pouco no professor e no ensino, com baixos
salários e problemas de infra-estrutura. O recurso da reprovação não existe
em sistemas escolares de países que efetivamente investem na qualidade da
aprendizagem.
Há aspectos internos e externos à escola. Os externos são a
escassez de recursos e as más condições de ensino. Os fatores internos
dizem respeito à relação professor-aluno. O professor ensina uma coisa, o
estudante entende outra; ensina de uma forma e solicita que seja colocada
em prática de outra; ou não usa atividades inseridas no contexto do aluno.
Por exemplo: nas séries iniciais, o programa prevê o aprendizado de números
múltiplos. Então se pergunta no teste: "Quais os números menores de 200
múltiplos de 4 e de 6?". A parte que fala em "menores de 200" só está lá para
confundir o aluno e complicar a questão. Muitas crianças são reprovadas
porque o instrumento de avaliação é malfeito e as conduz ao erro.
Existem estudos estatísticos mostrando que o tempo médio de
alfabetização no Brasil é de 22 meses. Em algumas regiões, alfabetiza-se em
seis meses; em outras, demora-se três anos. Por isso se estabeleceram os
ciclos de aprendizagem. Mas não se investiu na qualidade. Se houvesse esse
investimento, um ano de alfabetização seria suficiente. Acredita-se que
qualquer criança com 6 anos e meio ou 7 se alfabetiza em um ano.
42
3.3 - Avaliação de um período letivo
O currículo escolar estabelece conteúdos para cada nível. É um
parâmetro que tem de ser conhecido. Depois é essencial o planejamento de
ensino, que direciona a prática pedagógica. Supondo que se ensine adição.
Será trabalhado o raciocínio aditivo, fórmulas de adição, propriedades,
solução de problemas simples e solução de problemas complexos. Esse é o
panorama que irá assegurar a prática de avaliação. Se o estudante tem o
raciocínio, mas dificuldade de operar preciso treinar essa fase. Um
planejamento didático consciente prevê a elaboração de instrumentos e a
correção deles quando ela for necessária para a reorientação do curso do
aprendizado.
O currículo tem de distinguir e prever o que é essencial. O que for
ampliação cultural deve ser abordado apenas se houver tempo. Muitas vezes
o que ocorre é uma distorção: tomar o livro didático como roteiro de aulas e
considerar essencial o que está ali como ilustração, curiosidade,
entretenimento.
Notas ou conceitos têm por objetivo registrar os resultados da
aprendizagem do aluno por uma determinada escola. Eles expressam o
testemunho do educador ou da educadora de que aquele estudante foi
acompanhado por ele ou ela na disciplina sob sua responsabilidade. O
registro é necessário. Afinal, memória viva não é capaz de reter tantos dados
relativos a um estudante, quanto mais de muitos, e por anos a fio. O que
ocorreu historicamente é que notas ou conceitos passaram a ser a própria
avaliação, o que é uma distorção. Se os registros tiverem por objetivo
observar o processo de aprendizagem de cada aluno e sua conseqüente
reorientação, eles subsidiam uma avaliação formativa. Mas não se esses
registros representarem apenas classificações sucessivas do estudante.
Existe uma fantasia de que, quando se fala de uma avaliação eficiente,
estamos nos referindo ao atendimento de três ou quatro estudantes por vez.
Mas os instrumentos de coleta de dados ampliam a capacidade de observar
43
do professor. Se eu aplico uma avaliação para 40 alunos, não há mudança do
ponto de vista da qualidade. Cada um vai manifestar sua aprendizagem por
meio do instrumento escolhido. Avaliação não precisa ser por observação
direta, mas por instrumentos como teste, questionário, redação, monografia,
participação em uma tarefa, diálogo. Em uma classe numerosa, não pode-se
usar entrevistas de meia hora para cada aluno. Se produz questionários de
perguntas fechadas e trabalhar mais de perto com quem não tiver um
desempenho satisfatório.
Se a intenção do professor é fazer um diagnóstico do desempenho de
cada um, o trabalho em grupo não vai ajudar muito, porque só avalia o
conjunto. Ele é mais útil como atividade de aprendizagem ou construção de
tarefa. Por outro lado, o trabalho em grupo favorece o crescimento do
indivíduo entre seus pares.
Há dois aspectos a considerar. Um é que o professor precisa estar
honestamente comprometido com o que acredita, e isso é uma atitude
subjetiva, não tem jeito. Outro aspecto é psicológico e exige autotrabalho para
não deixar que questões pessoais interfiram nas profissionais. Evitar a
subjetividade, nesse sentido, tem a ver com cuidar de si mesmo e do
cumprimento de seus compromissos.
44
CAPÍTULO IV
ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO
4.1 – O ato de avaliar
O ato de avaliar implica na coleta, na análise e na síntese dos dados que
configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma atribuição de valor ou de
qualidade, que se processa a partir da comparação da configuração do objeto
avaliado com um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido
para aquele tipo de objeto. O valor, ou, a qualidade atribuídos ao objeto conduz
a uma tomada de posição a seu favor ou contra ele. Esta tomada de decisão é
o posicionamento a favor ou contra o objeto, ato ou curso da ação, a partir do
valor ou qualidade atribuídos, conduz a uma decisão nova: manter o objeto
como está ou atuar sobre ele.
Segundo Luckesi (2002), a avaliação, diferentemente da verificação,
envolve um ato que ultrapassa a obtenção da configuração do objeto, exigindo
decisão do que fazer com ele. A verificação é uma ação que “congela” o objeto;
a avaliação, por sua vez, direciona o objeto numa trilha dinâmica da ação.
A avaliação da aprendizagem não se constitui matéria pronta e acabada,
neste sentido que esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de conhecer e
buscar os subsídios que fundamentem futuramente o caminho a ser
desenvolvido pelo professor durante o processo de avaliação dos educandos.
Ao avaliar o professor deve utilizar técnicas diversas e instrumentos
variados, para que se possa diagnosticar o começo, o durante e o fim de todo o
processo avaliativo, para que a partir de então possa progredir no processo
didático e retomar o que foi insatisfatório para o processo de aprendizagem dos
educandos.
45
4.2 - Perspectivas de avaliação
A avaliação, segundo Haydt (2000), Sant’anna (2001), Luckesi (2002)
apresenta-se em três modalidades. Dentre as referidas modalidades está à
avaliação somativa ou classificatória.
Segundo Haydt (2000), a avaliação somativa tem como função
classificar os alunos ao final da unidade, semestre ou ano letivo, segundo
níveis de aproveitamento apresentados. O objetivo da avaliação somativa é
classificar o aluno para determinar se ele será aprovado ou reprovado e está
vinculada à noção de medir.
“Medir significa determinar a quantidade, a extensão ou grau
de alguma coisa, tendo por base um sistema de unidades
convencionais. Na nossa vida diária estamos constantemente
usando unidades de medidas, unidades de tempo. O resultado
de uma medida é expresso e números. Daí a sua objetividade
e exatidão. A medida se refere sempre ao aspecto quantitativo
do fenômeno a ser descrito”
(HAYDT 2000, p. 9).
O sistema educacional, muitas vezes, tem se apoiado na avaliação
classificatória com a pretensão de verificar aprendizagem ou competências
através de medidas, de quantificações. Este tipo de avaliação pressupõe que
as pessoas aprendam do mesmo modo, nos mesmos momentos e tenta
evidenciar competências isoladas. Ou seja, algumas, pessoas que por diversas
razões têm maiores condições de aprender, aprendem mais e melhor. Outras,
com outras características, que não respondem tão bem ao conjunto de
disciplinas, aprendem cada vez menos e são muitas vezes excluídos do
processo de escolarização.
Dentre as concepções de avaliação além da somativa e/ou
classificatória, há também outras duas modalidades que são denominadas de
avaliação formativa e a outra, de avaliação diagnóstica.
46
Avaliação formativa é realizada com o propósito de informar o professor
e o aluno sobre o resultado da aprendizagem, durante o desenvolvimento das
atividades escolares. Localiza a deficiência na organização do ensino-
aprendizagem, de modo a possibilitar reformulações no mesmo e assegurar o
alcance dos objetivos.
A referente modalidade de avaliação é chamada formativa no sentido
que indica como os alunos estão se modificando em direção aos objetivos.
“Formativa tem como função informar o aluno e o professor
sobre os resultados que estão sendo alcançados durante o
desenvolvimento das atividades; melhorar o ensino e a
aprendizagem; localizar, apontar, discriminar deficiências,
insuficiências, no desenvolvimento do ensino-aprendizagem
para eliminá-las; proporcionar feedback de ação (leitura,
explicações, exercícios)”
(SANT’ANNA, 2001, p. 34)
A terceira concepção de avaliação, a avaliação diagnóstica é constituída
por uma sondagem, projeção e retrospecção da situação de desenvolvimento
do aluno, dando-lhe elementos para verificar o que aprendeu e como aprendeu.
É uma etapa do processo educacional que tem por objetivo verificar em que
medida os conhecimentos anteriores ocorreram e o que se faz necessário
planejar para selecionar dificuldades encontradas.
Os alunos e professores, a partir da avaliação diagnóstica de forma
integrada, reajustarão seus planos de ação. Esta avaliação deverá ocorrer no
início de cada ciclo de estudos, pois a variável tempo pode favorecer ou
prejudicar as trajetórias subseqüentes, caso não se faça uma reflexão
constante, crítica e participativa.
A referida função diagnóstica da avaliação obriga a uma tomada de
decisão posterior em favor do ensino, estando a serviço de uma pedagogia que
visa à transformação social. A avaliação deve estar comprometida, assim, com
uma proposta histórico-crítica.
47
4.3 - A avaliação como um instrumento diagnóstico do processo ensino-aprendizagem
A necessidade de avaliar sempre se fará presente, não importando a
norma ou padrão pela qual baseie-se o modelo educacional. Não há como fugir
da necessidade de avaliação de conhecimentos, muito embora se possa, com
efeito, torná-la eficaz naquilo a que se propõe: a melhora de todo o processo
educativo.
Luckesi (2002) ressalta que a prática escolar usualmente denominada
avaliação da aprendizagem pouco tem a ver com avaliação. Ela se constitui
muito de mais de provas/exames do que de avaliação. A prática de aplicação
de provas e exames, com atribuição de notas ou conceitos, tem sua origem na
escola moderna século XVI e XVII com a cristalização da sociedade burguesa.
A prática conhecida hoje é herdeira da referida época, que se constitui pela
exclusão e marginalização de grande parte dos indivíduos da sociedade.
Hoje (Século XXI), segundo Luckesi (2002), usa-se a denominação de
avaliação, mas a prática de aplicação dos instrumentos de avaliação tem se
resumido à aplicação de provas e exames, uma vez que estas são mais fáceis
e costumeiras de serem executadas.
A avaliação representa um dos pontos vitais para o alcance de uma
prática pedagógica competente. Muito pouco se conhece sobre processo de
avaliação que acontece nas escolas, devido à má utilização que se faz dela.
Por essa razão, que esta pesquisa justifica-se como fundamento necessário
para um satisfatório desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
No cenário educacional, a avaliação se difere, tem caráter sistematizado,
apóia-se em pressupostos explicitados em maior ou menor grau, variam em
complexidade e servem a múltiplos propósitos.
Segundo Haydt (2000) faz parte do trabalho docente verificar e julgar o
rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino, a avaliação está
48
sempre presente na sala de aula, fazendo parte da rotina escolar, daí ser
responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas.
É preciso enfatizar a necessidade de adoção pelo professor de
diversificados instrumentos avaliativos que possam oportunizar para que se
tenha a clareza sobre o que precisa ser aperfeiçoado e obter mais dados para
organizar o seu trabalho.
Ao avaliar o rendimento escolar do aluno, o professor deve utilizar
técnicas diversas e instrumentos variados, pois, quanto maior for a
amostragem, mais perfeita será a avaliação.
Haydt (2000) defende que a avaliação deve ser compreendida como um
processo dinâmico de permanente interação entre educador e educando no
apontamento e no desenvolvimento de conteúdos de ensino-aprendizagem, na
seleção e aplicação de suas metodologias, bem como no diagnóstico da
realidade social, visando à mudança comportamental educando e do seu
compromisso com a sociedade.
O processo avaliativo deverá ocorrer em favor do aluno, sujeito do
processo, aliado de sua aprendizagem e promover o desenvolvimento de sua
auto-estima, gerando o desejo de conhecer mais e fortalecendo o seu vínculo
com a escola.
Toda a avaliação dever-se-ia ter uma dimensão diagnóstica, no sentido
de que conduz, ou dever-se-ia conduzir, a um melhor ajuste do processo
ensino-aprendizagem. Dever-se-ia tratar a adaptação melhor do conteúdo às
formas de ensino com as características dos alunos revelados pela avaliação.
Um dos propósitos da avaliação com função diagnóstica consiste em
informar o professor sobre o nível de conhecimentos e habilidades de seus
alunos, antes de iniciar o processo de ensino – aprendizagem, para determinar
o quanto progrediram depois de um certo tempo.
É muito freqüente a existência de classes heterogêneas nas escolas e
devido a essas diferenças cognitivas, individuais, alguns alunos aprendem mais
49
rapidamente do que outros. Conforme Haydt (2000) é comum alunos que retêm
com mais facilidade o conteúdo e alunos que esquecem facilmente os mesmo.
O professor precisa antes de tudo, verificar se seus alunos dominam, ou
não, os pré-requisitos necessários para as novas aprendizagens, ou seja, se
apresentam as habilidades e os conhecimentos prévios necessários, sem os
quais não poderão prosseguir para a próxima etapa.
“Não é apenas no início do período letivo que se realiza a
avaliação diagnóstica. No início de cada unidade de ensino, é
recomendável que o professor verifique quais as informações
que seus alunos já têm sobre o assunto, e que habilidades
apresentam para dominar o conteúdo. Isso facilita o
desenvolvimento da unidade e ajuda a garantir a eficácia do
processo ensino – aprendizagem”
(HAYDT, 2000, p. 20).
Segundo Martins (1988), o diagnóstico poderá ser direcionado nos
seguintes sentidos: determinar a existência de comportamento de entrada do
aluno, que sejam pré-requisitos para o alcance dos objetivos formulados;
determinar o domínio de certos objetivos por parte do educando, que
possibilitem o ensino de assuntos de nível mais elevado; classificar os alunos
de acordo com seus interesses, aptidões e traços da personalidade.
4.4 - Componentes da Função Diagnóstica
Os dados que o professor vai obtendo por meio da avaliação são
sempre provisórios, pois o que o aluno demonstrou não compreender hoje,
poderá ser compreendido amanhã. Aprender é um processo ativo pelo qual o
aluno constrói, modifica, enriquece e diversifica seus esquemas de
conhecimento a respeito dos diferentes conteúdos escolares a partir do
significado e do sentido que pode atribuir a esses conteúdos e ao próprio fato
de aprendê-lo.
50
Na prática social libertadora, observa-se uma opção por um outro
modelo social, no qual as diferenças entre os seres humanos deveriam ser
reconhecidas e não poderiam se traduzir em mecanismos de exclusão social,
mas sim do ponto de partida para o trabalho a partir das necessidades
específicas decorrentes das diferenças. Desse modo, um entendimento
socializante da sociedade foi se formulando e uma nova pedagogia, a
pedagogia libertadora de Paulo Freire. Esta pedagogia está marcada pela idéia
de que a transformação virá pela emancipação das camadas populares, que é
definida pelo processo de conscientização cultural e políticas fora da escola,
destinadas fundamentalmente aos adultos.
A prática da avaliação escolar, dentro do modelo liberal conservador, é
autoritária, pois este caráter pertence à essência dessa perspectiva de
sociedade, que exige controle e enquadramento dos indivíduos nos parâmetros
previamente estabelecidos de equilíbrio social. A avaliação educacional será,
assim, um instrumento disciplinador não só das condutas cognitivas como
também das sociais, no contexto da escola.
Ao contrário, à prática da avaliação nas pedagogias preocupadas com a
transformação, deverá estar atenta aos modos de superação do autoritarismo e
ao estabelecimento da autonomia do educando. Isto porque o novo modelo
social exige a participação democrática de todos. Significa a igualdade efetiva
de oportunidades e condições, fato que não ocorrerá se não se conquistar a
autonomia e a reciprocidade nas relações sociais. Nesse contexto, a avaliação
escolar deverá manifestar-se como um mecanismo de diagnóstico da situação,
tendo em vista o avanço e o crescimento e não a estagnação disciplinadora.
Luckesi (2002, p.33) entende que a:
(...) avaliação pode ser caracterizada como uma forma de
ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica
uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou
para transformá-lo. A avaliação é um julgamento de valor sobre
manifestações relevantes da realidade, tenso em vista uma
tomada de decisão.
51
Na avaliação diagnóstica, conforme argumenta Luckesi (2002), o objeto
avaliado será tanto mais satisfatório quanto mais se aproximar do ideal
estabelecido, como protótipo ou como estágio de um processo. Esse
julgamento se faz com base nos caracteres relevantes da realidade do objeto
de avaliação. O julgamento apesar de qualitativo, não será inteiramente
subjetivo. O juízo emergirá dos indicadores da realidade que delimitam a
qualidade efetivamente esperada do objeto.
A avaliação também conduz a uma tomada de decisão. O julgamento de
valor, por sua constituição, desemboca num posicionamento de não-diferença,
o que significa obrigatoriamente uma tomada de posição sobre o objeto
avaliado, e uma tomada de decisão quando se trata de um processo, como é o
caso da aprendizagem.
Esses elementos que compõem a avaliação, da prática escolar podem
caracterizar o arbitrário da autoridade pedagógica. A tomada de decisão é o
componente da avaliação que coloca mais poder na mão do professor.
A atual prática da avaliação escolar tem como função classificar e não
diagnosticar como deveria ser. O julgamento de valor, que teria função de
possibilitar uma nova tomada de decisão sobre o objeto avaliado, passa a ter
uma função estática de classificar um objeto a um ser humano histórico num
padrão definitivamente determinado. Essas classificações são determinadas
em números que somadas ou divididas tornam-se médias.
A avaliação não serve como pausa para pensar a prática e retornar a
ela, mas sim, como um meio de julgar a prática e torná-la estratificada. Com a
função classificatória, a avaliação não auxilia em nada o avanço e o
crescimento cognitivo, mas somente com uma função diagnóstica ela pode
servir para essa finalidade.
Luckesi (2002) entende que a avaliação com a função classificatória,
constitui-se num instrumento estático do processo de crescimento. Com a
função diagnóstica, ao contrário, ela constitui-se num momento dialético do
52
processo de avançar no desenvolvimento da ação, do crescimento para a
autonomia, do crescimento para a competência.
A avaliação nas mãos do professor desempenha além de castigo, um
outro papel básico, que é significativo para um modelo liberal- conservador: o
papel disciplinador. Com o uso do poder, via avaliação classificatória, o
professor, enquadra os alunos dentro da normativa socialmente estabelecida. A
sociedade conservadora permite que se faça da avaliação um instrumento nas
mãos do professor autoritário para hostilizar os alunos, exigindo-lhes condutas,
as mais variadas que lhes parecerem adequadas. Então, aparecem às
armadilhas nos testes, surgem testes para derrubar todos os indisciplinados.
“A prática da avaliação escolar chega a um grau assustador de
pressão sobre os alunos, levando a distúrbios físicos e
emocionais: mal-estar, dor de cabeça, “branco”, medo,
angustia, insônia, ansiedade, decepção, introjeção de auto-
imagem negativa. Uma escola que precisa recorrer à pressão
da nota logo nas series iniciais, em certamente, uma triste
escola e não está educando, é uma escola fracassada.”
(VASCONCELLOS,1995, p. 37).
A avaliação na referida perspectiva, acaba desempenhando, na prática,
um papel mais político que pedagógico, pois não é usada como um recurso
metodológico de reorientação do processo de ensino-aprendizagem. Ao invés
disso é desenvolvida como instrumento e poder, de controle, tanto por parte do
sistema social, como pela escola, pelo professor e quanto pelos próprios pais.
Para que a avaliação educacional escolar assuma o seu verdadeiro
papel de instrumento dialético de diagnóstico para o crescimento, terá de se
situar e estar a serviço de uma pedagogia que esteja preocupada com a
transformação social e não com a sua conservação. A avaliação deixará de ser
autoritária se o modelo social e a concepção teórico-prática da educação
também não forem autoritários. Se as aspirações socializadas da humanidade
se traduzem num modelo socializante e democrático, a pedagogia e a
53
avaliação em seu interior também se transformarão na perspectiva de
encaminhamentos democráticos.
Luckesi (2002) afirma que a avaliação é um recurso pedagógico útil e
necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca e na
construção de si mesmos e dos seus melhores modos de ser na vida. Ela não
pode ser vista como sendo a tirana da pratica educativa, que ameaça e
submete a todos, mas sim amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva.
Por tanto, para avaliar o primeiro passo básico é o de diagnosticar, que
implica, como seu primeiro passo, coletar dados relevantes, que configurem o
estado de aprendizagem do educando.
A atual prática de avaliação tem estado contra a democratização do
ensino, na medida em que ela não tem colaborado para a permanência do
aluno na escola e a sua promoção qualitativa.
Para que a avaliação sirva à democratização do ensino, é preciso
modificar a sua utilização de classificatória para diagnóstica. Ou seja, a
avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão de
estágio da aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista as
tomadas decisões suficientes para o avanço no seu processo de
aprendizagem. Desse modo, a avaliação não seria somente um instrumento
para a aprovação ou reprovação dos alunos, mas sim um instrumento de
diagnóstico de uma situação, visando encaminhamentos adequados para a sua
aprendizagem.
A avaliação diagnóstica realizada com os alunos possibilita ao sistema
de ensino verificar como está atingindo os seus objetivos, portanto a avaliação
possibilita a auto compreensão. O professor, na medida em que está atento ao
andamento do aluno, poderá através da avaliação da aprendizagem, verificar o
quanto o seu trabalho está sendo deficiente e que desvios estão tendo. O
aluno, por sua vez, poderá estar permanentemente descobrindo em que nível
de aprendizagem se encontra, dentro de sua atividade escolar, adquirindo
consciência do seu limite e necessidades de avanço. Além disso, os resultados
54
manifestados por meio dos instrumentos de avaliação poderão auxiliar o aluno
num processo de auto motivação, na medida em que lhes fornece consciência
dos níveis obtidos da aprendizagem.
A avaliação não pode ser de cunho decorativo ou uma máscara apenas,
voltada à complementação de nota. Os resultados da avaliação devem ser a
chave para a tomada de decisões sobre o que deve ser reforçado ou retocado,
ou seja, um diagnóstico que leve à análise da realidade, para que se possa
captar os subsídios a tomar as decisões no sentido de superar os problemas
constatados. A avaliação deve servir, antes de tudo, como uma possibilidade
de reflexão, senão permanente, ao menos sobre as deficiências surgidas. Mais
ainda, não deve estar presa a argumentos ou padrões, ao contrário, deve ser
encarada como uma escala para justamente formar ou fundamentar tais
padrões, sejam eles de conduta ou diretamente ligados à aprendizagem.
55
CONCLUSÃO
A avaliação é o fio condutor da nossa educação; então, deve-se avaliar
a criança levando em consideração o seu ponto de vista; a forma como ela vê a
sua dificuldade.
Criam-se mil fórmulas e diferentes maneiras de avaliar, mas se o aluno
não for ouvido, ou se não tiver vez a sua visão do problema, se o professor não
se permitir ter sensibilidade (é aí que entra a Psicopedagogia), de nada valerá
a avaliação escolar, tanto de alunos com dificuldades quanto os outros.
Os conhecimentos que a Psicopedagogia integram foram construídos a
partir de vários outros, por exemplo: da psicologia, da pedagogia, da sociologia,
da biologia, da lingüística, etc. Ou seja, a Psicopedagogia procurou, desde a
sua origem, buscar possíveis vinculações, entre vários conhecimentos com o
intuito de encontrar possibilidades para compreender e atuar junto aos
processos de aprender e de ensinar, constituindo-se, a partir daí, ela mesma
em uma de área de conhecimento com especificidade própria (como se
percebe um movimento atual e condizente com a concepção da construção de
conhecimentos na pós-modernidade).
Sendo assim, os conhecimentos da Psicopedagogia podem contribuir
para uma avaliação mais abrangente junto aos alunos, considerando fatores
afetivos, cognitivos, sociais, familiares, escolares que poderão estar interferindo
em seus processos de aprender.
A avaliação deve ser feita para promover transformações, e para isso, o
professor precisa avaliar sua metodologia e verificar se está promovendo a
inclusão ou a exclusão do indivíduo socialmente. Nas palavras de Hoffman
(2003, p.93), "a construção do ressignificado da avaliação passa também por
um processo de auto-avaliar-se e pressupõe dos educadores um enfoque
crítico da educação e de seu papel social."
É necessário que o professor tome atitudes e proporcione aos seus
alunos um envolvimento amplo neste processo, responsabilizando-o também
56
neste avaliar contínuo, cabendo à Psicopedagogia auxiliar as instituições nesta
busca por mudanças efetivas.
É fundamental continuar avançando na linha de colaboração com as
escolas no momento-chave do prolongamento da escolaridade obrigatória. A
intervenção psicopedagógica deve ter como objetivo colaborar com equipes de
professores na melhoria da qualidade da educação e em conseguir que esta
seja acessível a todos os alunos.
Muito há ainda a fazer para preparar os educadores para a sua função
de avaliador numa perspectiva psicopedagógica bem entendida, isto é, na linha
de uma pedagogia do sucesso.
Concluindo, com as palavras de Luckesi (2002, p.45), "a avaliação só
faz sentido quando provoca o desenvolvimento do educando", pois "avaliar é
um ato amoroso".
57
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SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar?: Critérios e
instrumentos. 7. ed. Vozes. Petrópolis 2001.
59
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
AVALIAÇÃO NO PROCESSO EDUCACIONAL 10
1.1 - Avaliar no contexto educacional 10
1.2 - A avaliação no processo de aprendizagem 27
CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL 32
2.1 - Desafio de atualidade 32
2.2 - O professor e as formas de se avaliar 33
2.3 - Os fatores que podem afetar a aprendizagem
e prejudicar a avaliação 38
CAPÍTULO III
PROCESSO DE AVALIAÇÃO 40
3.1 - Como é feita a avaliação de aprendizagem escolar 40
3.2 - Justificativa pedagógica para o recurso da
Reprovação 41
3.3 - A avaliação de um período letivo 42
CAPÍTULO IV
ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO 44
4.1 - O ato de avaliar 44
4.2 - Perspectiva de avaliação 45