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0 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE DROGAS – Estudo para a orientação de alunos no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti DESIREE VIRGINIA MACHADO Orientador : Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 30 de abril 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DROGAS – Estudo para a orientação de alunos no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti

DESIREE VIRGINIA MACHADO

Orientador : Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro 30 de abril 2005

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer as Diretoras e aos

Professores da Escola Estadual

Amaro Cavalcanti, pelo carinho e

respeito para com o meu trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a Irmã Edith

Machado Brandão que sempre me

estimulou e a Luiz Vitor Constant de

Almeida que sempre acreditou no

meu trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 5

CAPÍTULO I 9

UM POUCO DA HISTÓRIA DAS DROGAS 9

CAPÍTULO II 13

MEDICINA 13

2.1 – A Devastação Cerebral 13

2.2 – Definições da Org. Mund. Da Saúde ( OMS ) 13

2.3 – Drogas Psicolépticas 15

2.4 – As Drogas Psiconalépticas/Psicodislépticas 19

2.5 – Sinais Gerais do Uso de Qualquer Droga 25

CAPÍTULO III 27

O DIREITO 27

3.1 – A Repressão 27

3.2 – A Descriminação 31

3.3 – A Lei e o Programa Educativo 33

CAPÍTULO IV 35

PSICOLOGIA 35

4.1 – Anátomo – Fisiológicas 35

4.2 – Psicológicas 35

4.3 – Psicosociais 42

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4.4 – Sócio-Econômicas 43

CAPÍTULO V 46

SOCIOLOGIA 46

5.1 – A Hipocrisia Social 46

5.2 – A Igreja Censura a Agressividade do Jovem 47

5.3 – A Família Censura a Agressividade do Jovem 48

CAPÍTULO VI 50

ECONOMIA 50

6.1 – O Amparo Econômico das Drogas 50

6.2 – O Controle do Cultivo 52

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 58

ÍNDICE 60

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INTRODUÇÃO

Mobilizada pela convivência durante o ano de 2004 com os alunos do

Colégio Estadual Amaro Cavalcanti e pelo crescente numero de casos de

envolvimento de alunos com drogas, decidi estudar o tema para melhor poder

orientar-los através de encontros mensais com a implantação das Oficinas de

Apoio .

Por coincidência, tem emergido, também, dos alunos das primeiras

séries do segundo grau profissionalizante , tanto em aula quanto em contato

direto como o Serviço de Orientação Educacional, um denodado interesse por

esclarecimentos sobre drogas.

Há problemas diante dos quais emudecemos. Uma força obscura nos

faz crer, que, se não abordados, sequer mencionados, estes fantasmas

dissipar-se-ão.

Exorcizar o diabo das drogas, benzendo-o com o silêncio, não impede a

sua incursão ao mundo escolar. Tal atitude apenas evidencia o perigo da

omissão.

O tóxico ataca suas vítimas em todas as classes sociais e avança voraz

para faixas etárias cada vez menores. É porém, nos grupos mais oprimidos

que o problema se agrava, pela falta quase total de recursos para a prestação

dos socorros necessários.

A clientela da Escola Pública vem, na sua maioria, dos bairros

suburbanos mais carentes. A escola deve estar sempre alerta e em

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disponibilidade de recursos humanos, pois, é para ela que estas famílias

desprotegidas correm, quando seus filhos estão com problemas.

Por outro lado, uma parcela da sociedade está conclamando, agora,

pela legalização dos entorpecentes. Esta idéia recebe a adesão de pessoas

ilustres do mundo inteiro .

A Escola deve estar sempre preparada para mudanças. A necessidade

de revisar periodicamente o processo educacional é tarefa básica daqueles que

assumiram fazer Educação, partindo do pressuposto que ela é um ato de

transformação e libertação. Como transformadora, a educação exige uma

atitude de permanente indagação, autorevisão e questionamento ontológico.

Como libertadora, desembaraça-se dos valores transitórios, pronta para novas

conquistas.

É necessário que o Escola se posicione diante dos fatos. O objetivo é adquirir conhecimento para a elaboração de um Plano

Preventivo do Consumo de Drogas, o qual deverá ser implantado por atuação

pedagógica, a partir de agosto de 2005, junto aos alunos das primeiras séries

do segundo grau, no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti através de encontros

mensais entre a comunidade , alunos , professores e psicólogos voluntários.

O relatório da UNESCO sobre drogas ressalta a importância da

divulgação de amplas informações sobre as mesmas e seus efeitos,

defendendo a tese de que esses conhecimentos bastariam para afastar os

jovens do perigo. A experiência, porém , demonstra que a informação pura e

simples pode deslizar para uma espécie de curiosidade, atraindo novas

adesões.

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Admitimos que informar não é o suficiente, mas que educar também não

é apenas isso. A aprendizagem é um processo pessoal, interno, condicionado

pela maneira de pensar, sentir, lembrar-se e, primordialmente, baseado na

percepção única de cada um.

A conduta humana depende de muitos fatores além do conhecimento e

do raciocínio. Seres humanos não são robôs, não obedecem instruções à risca.

Sentimentos, emoções, motivações, valores e atitudes pesam no

comportamento. Informações costumam modificar condutas somente quando

tornam-se significativas, isto é, quando a própria pessoa lhes dá efetivo valor.

A Escola pode e deve sim buscar condições que lhe permitam agir com

segurança contra a ingesta, uma vez que, como instituição, está em contato

diário com a clientela de maior risco.

Ao se fazer, por exemplo, a sondagem anual sobre temas de livre

escolha necessários aos cursos de segundo grau do Colégio Estadual Amaro

Cavalcanti, os professores, principalmente os de Biologia e Psicologia,

constataram um crescente interesse dos jovens pelos seguintes assuntos:

AIDS, sexo, drogas, violência, esportes, mercado de trabalho, entre outros.

A emergência do termo drogas para o contexto escolar traz consigo um

certo mal estar, uma boa dose de inquietação, bastante ansiedade por parte

dos professores que alegam não saber lidar com isto. Diante desta impotência,

evidencia-se a necessidade de promover-se, entre os interessados, um grupo

de estudo da bibliografia disponível sobre o assunto. Um bom professor pode

até emocionar-se no seu trabalho, mas só a razão lhe dará a compreensão e a

extensão dos problemas contextuais; a idéia do que importa ou não ser

mudado; os limites e as possibilidades de sua atuação. Onde o coração pára, a

razão ilumina-se, na descoberta de novos caminhos.

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A metodologia utilizada será a pesquisa da bibliografia existente sobre o

assunto, publicada em livros, jornais e revistas; separação do material por

áreas do conhecimento humano .

O uso de drogas será estudado sob o enfoque da Medicina, da História,

do Direito, da Psicologia, da Sociologia e da Economia.

O presente estudo será aplicado em forma de orientação no ano de

2005/2006 na Escola Estadual Amaro Cavalcanti na forma de encontros

mensais sob a forma de Oficinas de Apoio e Formação de Agentes

Multiplicadores.

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CAPITULO I

UM POUCO DA HISTÓRIA DAS DROGAS

O homem desenvolve e acumula conhecimentos práticos de química

desde a pré-história, em sua luta para dominar a natureza. Dentre as

conquistas mais antigas encontram-se a destilação e a fermentação de

tâmaras, figos, uvas, mel, arroz, centeio e cevada. Em nosso continente, o

homem fermentou e destilou o milho e a mandioca, com fins nitidamente

terapêuticos, mágicos e místicos.

Na mitologia grega, o vinho era considerado uma dádiva de Dionísio,

deus da videira e do vinho, da alegria, do êxtase, da exaltação. Dionísio é

retratado em cerâmicas, nas quais traz à mão o kantharos, jarro de vinho. É

igualmente conhecido por diferentes nomes dentre os quais Enos, significando

vinho. Os romanos chamavam-no Baco, uma degeneração de Iaco. Dionísio

era o filho mais novo de Zeus, o deus maior do Olimpo.

Entre hindus, uma bebida inebriante denominada Soma Indiana é citada

no Rig Vedas. Os Vedas, saber sagrado, constituem-se dos mais antigos

documentos da literatura sacra da humanidade.;

Através dos séculos o vinho sempre esteve presente, conforme citações

dos livros sagrados, nas cerimônias, desde Noé às libações do Nilo, dos

bacanais às procissões de Dionísio, nos festins dos Césares.

A região situada entre os rios Tigre e Eufrates, atualmente parte do

Iraque e antigamente conhecida como Mesopotâmia, era habitada desde 5000

a.C. por tribos de origem semita. Entre 3200 a 2000 a.C., povos de outras

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origens como sumérios, acadianos, assírios, elamitas e caldeus migraram para

essa região e fundaram cidades e estados independentes Esses povos criaram

a escrita cuneiforme, que consiste da gravação feita com estilete sobre tábua

de argila, através da qual deixaram receitas usadas para a cura de doenças

mediante o uso de 250 plantas, entre as quais a mandrágora, cujas

propriedades narcóticas seriam também ressaltadas no livro do Gênese, 30:14.

Datado de 800 a.C. e reunindo rituais mágicos e indicações de plantas

terapêuticas, o Ajurveda é o mais importante tratado de medicina hindu.

O papiro de Ebers, descoberto no Egito no século XIX d.C. pelo

arqueólogo alemão Georg Maritz, descreve cerca de 700 remédios baseados

em produtos naturais.

O médico grego Pedanius Discórides (40-90 d.C.) descreve cerca de

600 plantas medicinais e quase 1000 drogas delas resultantes, em sua obra

sobre a matéria médica.

Homero, século IX a.C. autor da Ilíada e da Odisséia, faz citações sobre

a embriaguez dos citas, que cozinhavam sementes de cânhamo sobre as

pedras e inalavam seus vapores.

A canabis sativa aparece como planta sagrada mencionada pelos hindus

no ano 1000 a.C.. Os maometanos usavam-na para conseguirem a

incorporação do profeta. Na Pérsia, o líder Hassansabá presenteava com

maconha os assassinos de seus adversários, por isso passou a ser

denominada a dádiva de Hassam. Em árabe, chama-se harshishin, de onde

originou-se etmologicamente a palavra inglesa assassin, assassino, em

português.

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Na Guerra do Golfo, em 1993, os 40 mil soldados sírios estacionados no

Líbano foram mobilizados para combater o cultivo da canabis sativa e da

papoula no Vale Bekaa .

O ópio, usado como suco coagulado da papoula, Papaver Somniferum,

já era conhecido pelos sumérios.

Interesses comerciais levaram a Grã-Bretanha, de 1839 a 1842, a

deflagrar a guerra do ópio contra a China. Vitoriosos, os britânicos garantiram o

monopólio do comércio desse produto. Esse comércio provocou uma

catastrófica epidemia de vício entre os chineses, que só foi minorada décadas

mais tarde, com a repressão do plantio da papoula .

Os povos primitivos dos Andes há séculos usam mascar as folhas de

coca; os índios da Amazônia, as do ipadu. Os índios brasileiros bebiam o

cauim, uma espécie de chá de ervas, como infusão alucinógena feita do caapi

ou aiausca. Os negros escravos trouxeram a maconha para o Brasil. Os índios

do México utilizam-se dos cogumelos sagrados, a “carne de Deus”, em seus

rituais místicos. Mascam também o cacto peiote, o “mensageiro divino”, a fim

de obter os efeitos alucinógenos da mescalina. Experiências deste uso foram

relatadas numa série de livros, dentre os quais destacam-se os escritos pelo

antropólogo norte-americano Carlos Castañeda, como “Erva do Diabo” e “Uma

estranha realidade”.

A partir de 1950, as drogas passaram a ser sintetizadas em laboratórios

clandestinos e intensificou-se a produção dos insumos necessários,

principalmente na América do Sul.

De 1960 até hoje, a maconha ganhou o mercado da América do Norte,

sendo muito usada pelos jovens. Conjuntamente com a filosofia hippie, que era

fortalecida pela ideologia existencialista dominante nas décadas anteriores,

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deu-se a alarmante disseminação do uso indiscriminado de tóxicos, inclusive

da cocaína.

Nos anos 80, surgiu nos Estados Unidos o crack, cigarro de coca pleno

de impurezas, que vem provocando inúmeras mortes. Também durante os

anos 90 deflagraram-se grandes campanhas anti-drogas, com perseguições

aos traficantes, fiscalizações alfandegárias, destruição de plantações,

apreensões de produto.

Nos dias de hoje as campanhas educativas intensificaram-se,

principalmente no que diz respeito ao contágio do AIDS (síndrome da

imunodeficiência adquirida), pelo uso de seringas contaminadas entre pessoas

viciadas.

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CAPITULO II

MEDICINA

Na área desse conhecimento humano, o consumidor é visto como

doente. Pesquisam-se os sintomas causados pelas drogas, os elementos

químicos das mesmas, buscando antídotos para seus efeitos no organismo e

remédios que interrompam a necessidade da ingestão.

2.1 A Devastação Cerebral

O cérebro possui milhões de células, os neurônios, que

intercomunicando-se geram as sensações, o pensamento ou a ação. Esta

intercomunicação é gerada por substâncias químicas conhecidas como neuro-

transmissores. As drogas interferem nestes neuro-transmissores, tornando

imprecisas as mensagens entre os neurônios. Elas podem estimulá-los pela

cocaína, a cafeína ou a nicotina, assim como podem deprimi-los pelo álcool, ou

pela heroína e perturba-los com a maconha, ou com o ácido lisérgico. Como

conseqüência a pessoa torna-se eufórica, inapetente ou insone, com

perturbações visuais e auditivas.

2.2 Definições da Organização Mundial de Saúde (OMS)

A OMS define a droga e seus termos afins como: Droga é toda

substância natural ou sintética que, introduzida num organismo vivo, pode

modificar uma ou mais de suas funções.

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Substâncias naturais obtidas de certas plantas, de animais e de alguns

minerais.

Substâncias sintéticas fabricadas em laboratórios, exigindo, para isso,

técnicas e aparelhagens especiais.

Tolerância é a resistência aos efeitos de determinada droga, sendo

necessário aumentar as doses em cada uso para se obter o efeito da aplicação

anterior. Na busca da sensação anteriormente sentida, a pessoa pode

exagerar, administrando-se dose tão alta que o organismo não resiste. É a

morte por overdose.

Dependência física é a que provoca a chamada síndrome de

abstinência, durante a qual instalam-se vários sintomas na pessoa enquanto

perdura essa mesma abstinência. A crise da abstinência, quando muito aguda,

pode provocar a morte.

A dependência psíquica é definida como o impulso para buscar contínua

ou periodicamente a droga, a fim de livrar-se da ansiedade psicológica.

A OMS também nomeia os grupos ou categorias das drogas como:

Psicolépticas, as que reduzem a atividade mental; Psicoanalépticas, as que

elevam a atividade mental; Psicodislépticas, as que produzem a distorção na

atividade mental e desvios da percepção de tempo e espaço;

Tranqüilizantes neurolépticos, os mais perigosos, atuam diretamente

sobre o sistema nervoso central. Devem ser usados apenas sob supervisão

médica.

Tranqüilizantes ansiolépticos, indicados para nervosismo e ansiedade.

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2.3 As drogas psicolépticas

Entre as drogas classificadas pela OMS como psicolépticas estão os

narcóticos, os barbitúricos e os tranqüilizantes.

Os Narcóticos (Opiáceos) algumas vezes denominados opiácitos, o

ópio, a morfina, a heroína e a codeína são as formas mais conhecidas dos

produtos extraídos dos frutos da papoula, os quais são vendidos nas mais

diferentes formas. A meperidina é um opiácito sintético.

O Ópio é extraído através de incisões feitas nos frutos verdes, de onde

sai um fluido leitoso, que é dessecado ao ar livre para obter-se a goma. Em sua

forma bruta o ópio é pardo e tem forte odor.

Podendo ser comercializados em pedaços ou em forma de pó, os

opiácitos são fumados, deglutidos ou injetados. No início do uso, o indivíduo

experimenta um leve estado de excitação geral, com sensações de êxtase e de

bem-estar. Outros efeitos, entretanto, podem ser observados, tais como:

inquietude, contração das pupilas, ou miose, distração e dificuldade para falar.

Após as primeiras vezes de uso dos opiácitos, o usuário passa para o estágio

da tolerância. Instala-se a insônia, a pele empalidece, esfria-se e humidifica-se,

o usuário sente falta de ar, dispnéia, alteração de humor e sonolência diurna.

Pode ocorrer a morte se não houver socorro imediato.

Os opiácitos causam dependência física e psíquica. A morte pode

ocorrer tanto por dose excessiva, overdose, ou por falta da droga, abstinência.

São comuns os casos de impotência devido à intoxicação crônica.

A síndrome de imuno-deficiência adquirida, AIDS, doença devastadora e

de proporções epidêmicas mundiais, afeta número cada vez maior de usuários

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de opiácitos, que se inoculam do vírus da doença através de seringas

contaminadas, anteriormente utilizadas por viciados doentes.

Acontecem, também, abcessos na pele, no local da picada, e inflamação

dos vasos, que pode degenerar em infecção do coração, encocardite ou

miocardite. A hepatite tem tido grande incidência no mundo das drogas e

determinado a morte de muitos que usam seringas ou líquidos solvente

contaminados.

Na crise de abstinência o indivíduo pode apresentar total

degradação de caráter, submetendo-se a humilhações e tornando-se capaz de

cometer crimes para obter o tóxico. A suspensão da droga determina a

retração, que surge em torno de 4 a 6 horas após a última dose. Aparecem,

neste momento, sintomas como a transpiração, os calafrios, as cãibras,

diarréias, agitação, coriza e lacrimejamento, que se intensificam de 24 a 72

horas após a retirada da droga, e duram 8 dias em média.

Qualquer droga utilizada sem receita médica pode prejudicar a gravidez.

É sabido que 50% (cinqüenta por cento) das mulheres dependentes de drogas

do grupo dos opiáceos sofre de anemia, hepatite e de cardiopatias. Há ainda

maior risco de abortos.

Para o feto, os riscos são sobremaneira maiores. A droga pode matá-lo.

Caso sobreviva, podem surgir anomalias físicas ou neurológicas. Há crianças

que nascem dependentes da droga utilizada pela mãe, apresentando crises de

abstinência seguidas ou não de morte.

A Morfina foi descoberta em 1803 é produzida pelo refino da goma de

ópio, através do ácido clorídrico. É um fortíssimo anestésico que causa forte

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dependência, só sendo usado pela medicina, portanto, em casos extremos e

para minorar dores atrozes.

A Heroína , a palavra heroína vem do alemão, heroich, que significa

enérgic, potente. Sintetizada em 1874, o cloridrato de diacetil é retirado da

base da morfina submetida a um processo com anidrido acético ou com o mais

perigoso cloreto de diacetil, sob aquecimento e filtragem, bem como com o

envolvimento de outras substâncias químicas, por exemplo, acetona, álcool e

ácido tartário, resultando num pó de cor branca ou escura. Tem ação mais forte

do que todos os outros opiáceos, com efeitos menos hipnóticos, mas cinco

vezes mais tóxicos do que a própria morfina.

A heroína é usada em injeções, após ser dissolvida em água. É a

primeira a matar nos casos de ingestão excessiva, ou overdose.

O tratamento complica-se porque deve adequar-se, sendo específico

para cada uma das drogas ingeridas pelo indivíduo. No caso da heroína, inicia-

se pela desintoxicação, que pode ser feita sem o uso de medicamentos. Isola-

se a pessoa por um curto período de tempo. Os usuários com forte

dependência necessitam de quantidades decrescentes do opiácito metadona,

que se mostra eficaz no alívio dos agudos sintomas da abstinência. Usa-se

também a clonidina, uma droga não opiada. A metadona vicia.

Há no mercado farmacêutico uma nova droga para o tratamento dos

viciados da heroína, a naltrexona, que não causa dependência e não produz os

efeitos dos opiácitos da metadona antes utilizados para a cura, os quais

deixam a pessoa adoidada. A naltrexona produz maior efeito nas pessoas mais

mobilizadas para superarem-se. A retirada gradual e supervisionada da droga

constitui-se na desintoxicação.

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A taxa de cura dos viciados é desalentadoramente baixa, uma vez que,

segundo relato dos especialistas, até 80% dos desintoxicados retornam aos

antigos hábitos dentro de seis meses. Para prevenir esse retorno, a pessoa

deve tomar maltrexona ou metadona uma vez ao dia, sob supervisão médica,

uma vez que estas reduzem os sintomas e a ânsia pela heroína, e não

produzem a viagem, apesar de também serem opiácitos.

Se a desintoxicação a curto prazo não surtir o efeito desejado, é

necessário internar-se a pessoa numa comunidade de recuperação por prazo

de mais ou menos um ano e meio.

Os Barbitúricos ou Tranqüilizantes , o ácido barbitúrico foi

sintetizado em 1864. Os barbitúricos são usados como anticonvulsivos, como

anestésicos e indutores do sono. Muito empregados para combater a insônia,

são comercializados como pentobarbital e secobarbital. São encontrados em

cápsulas, líquidos ou supositórios.

Produzem a tranqüilidade e o relaxamento, porém só devem ser usados

sob supervisão médica. As mães que fazem uso de tranqüilizantes durante a

gravidez, sem controle, podem ter filhos com anomalias físicas ou mentais.

Pode igualmente ocorrer a tolerância e a necessidade de aumento gradual das

doses.

Qualquer supressão brusca pode vir a ter como conseqüência a crise de

abstinência, com apresentação de cãibras, insônia, ansiedade, falta de apetite,

descontrole emocional, tremores, delírios e até convulsões.

Grandes doses podem produzir andar cambaleante, fala sem nexo,

perda parcial ou total dos reflexos. Doses excessivas (overdose) podem

produzir perda da consciência e até mesmo a morte. Ingeridos em

concomitância com o uso de álcool, podem provocar a morte, devido ao fato do

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álcool maximizar a ação dos tranqüilizantes e deprimir em absoluto o sistema

nervoso central.

2.4 As Drogas Psiconalépticas e Pcodislépticas

Entre as drogas classificadas pela Organização Mundial de Saúde como

psicoanalépticas estão a cocaína, as anfetaminas e os antidepressivos.

A Cocaína é um alcalóide extraído das folhas da coca, um arbusto da

família das Eritroxiláceas. Excetuando-se as regiões em que é mascada pelas

populações nativas, as folhas de coca necessitam ser submetidas a um longo

processamento antes de serem consumidas.

Efetua-se a operação em três etapas, bem distintas entre si, quais

sejam:

— As folhas são transformadas em pasta.

— A pasta é transformada em base.

— A base é transformada em hidrocloreto de cocaína

As folhas da coca são inicialmente maceradas com água e ácido

sulfúrico, a fim de separar-se uma pasta que é submetida a secagem,

formando a base. Esta base misturada a éter, acetona e ácido clorídrico. São

necessários 12 quilogramas de éter para processar-se um quilograma de base.

A Europa é a principal fornecedora de éter.

A cocaína, quando impura, pode vir misturada com outros estimulantes

perigosos. Às vezes, contém pó de mármore, que dificulta da circulação do

sangue podendo causar cegueira.

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Versão mais grosseira da cocaína, o crack surgiu em meados dos anos

80, nos Estados Unidos da América, em decorrência de um programa de

repressão às drogas. As pedras de crack são obtidas pela mistura da pasta de

coca, água e bicarbonato de sódio. Tudo é aspirado num cachimbo especial. O

som da queima soa como “crack”, daí o nome que recebeu. Para os traficantes,

o crack é vantajoso por ser mais barato e de mais fácil transporte. Para o

consumidor ele é mais potente, sendo que sua ação desencadeia-se logo após

15 minutos de sua aspiração, e em um mês fica criada a dependência.

A cocaína pode ser administrada por via oral, nasal, pela inalação, ou

injetada na veia.

Em pouco tempo, cerca de 15 minutos, ocorrem os efeitos da cocaína

sobre o aparelho cardiovascular, respiratório e nervoso. No aparelho

cardiovascular, há o surgimento da taquicardia, ou aumento das batidas

cardíacas, e elevação da pressão arterial. No aparelho respiratório, a

respiração acelera-se, podendo ocasionar edema pulmonar agudo. Ocorre

também a dilatação das pupilas, a elevação da temperatura corporal e, sobre o

sistema nervoso central, os efeitos são a dependência física e psíquica.

No início do uso, há um estado de euforia, com desinibição e sensação

de bem estar, mais energia e menos apetite. Com a rotina, há perda gradual do

autocontrole, agressividade e diminuição da força de vontade.

Quando aspirada a cocaína produz irritação nasal, podendo ocasionar

hemorragia pelo nariz. Se injetada, em alguns casos produz a morte por

overdose. O pó pode vir misturado com outras substâncias, como farinha, talco,

açúcar, leite em pó, cal virgem e pó de mármore.

O uso de seringas contaminadas entre os adeptos da cocaína vem

disseminando a AIDS.

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A cocaína é a segunda colocada em números de óbitos causados por

overdoses. Ela é considerada a mais rápida na devastação do organismo,

bastando poucas semanas de seu uso para causar um grande emagrecimento,

insônia, lesão na mucosa nasal e maior suscetibilidade a convulsões.

Um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia mostra que, na

última década, os casos de infartes cresceram 80%, dos quais 60% são

causados por ingestão excessiva de entorpecentes, sobretudo de cocaína e de

crack. O cardiologista Antônio Ramires, do Hospital das Clínicas de São Paulo,

diz:

Crescem os casos de infartos, enquanto diminui cada vez mais a faixa

etária dos enfermos, mas o risco não é só esse: o coração do drogado nunca

mais será o mesmo.

A dependência de cocaína é um sério desafio para os médicos que

trabalham com a erradicação de seu hábito. Alguns pacientes respondem bem

à terapia antidepressiva com drogas tais como a desipramina ou imipramina,

especialmente se o tratamento for acompanhado por aconselhamento

psicológico.

As Anfetaminas são conhecidas como bolinhas, e são usadas em

experiências de laboratório.

São ingeridas em cápsulas ou tabletes, e em pó, para aspiração ou

injeção.

Os efeitos das anfetaminas são a boca seca, os tremores, vertigem,

transpiração excessiva, taquicardia, extra-sístoles, dilatação das pupilas e

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elevação da pressão arterial, podendo ocasionar acidentes vascular-cerebrais

hemorrágicos, ou derrame cerebral. Em muitas situações o uso da droga

determina morte súbita.

Após longo uso, as anfetaminas podem ocasionar alucinações, isto é, o

dependente vê, sente ou ouve coisas que na realidade não existem,

configurando uma verdadeira paranóia. As anfetaminas reduzem o apetite,

dando origem à má nutrição e às carências vitamínicas. As anfetaminas, hoje,

são unicamente receitadas por médicos.

As drogas Psicodislépticas produzem distorção da realidade mental

(LSD, maconha, mescalina, psilocibina e a fenilciclidina).

O LSD é derivado do ácido lisérgico, um alucinógeno encontrado na

ergotamina, certo fungo obtido do esporão do centeio. A sigla LSD vem do

nome científico Lyberg Saure Diebylamid, sendo conhecida quimicamente

como dietilamida do ácido lisérgico.

A ação alucinógena do LSD foi descoberta por acaso, em 1943, pelo Dr.

Albert Hofmann, da Suíça, que, após manusear o LSD em laboratório, verificou

em si mesmo um estado alterado de consciência. Percebendo que esse fato

estava ligado à substância que manuseara, tornou a ingeri-la em forma de uns

poucos miligramas, o que o fez outra vez confirmar os mesmos sintomas antes

sentidos.

O LSD é um pó branco, inodoro, sem sabor, solúvel na água e usado em

injeções e comprimidos.

A reação do organismo dá-se 20 minutos após a ingestão do LSD, e

dura de 6 a 12 horas, podendo, outrossim, perdurar semanas, meses, com a

mesma intensidade. A isso denomina-se flash back, através do qual o usuário

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sente a ação da droga mesmo sem a ter ingerido repetidas vezes. O LSD tem

ação cumulativa no organismo, sendo seus efeitos imediatos a taquicardia, a

dilatação das pupilas, agitação psicomotora, inquietação, tremores, fraquezas,

suores, acompanhados de alterações mentais e emocionais.

Após o uso sobrevem a angústia, a hostilidade e a irritação. Em seguida,

a perda do contato com a realidade e a apatia, a letargia e a confusão. Durante

a viagem, o indivíduo sente-se como se fora outra pessoa, dando-se então a

ação de despersonalização provocada pela droga. As alucinações podem levar

o consumidor à loucura, ou causar-lhe a sensação de que nunca mais voltará a

ser o mesmo, principalmente se existem problemas mentais subjacentes.

A Mescalina, origina-se de uma planta conhecida como cactus

mexicano, também chamada mescal. Era usada pelos índios mexicanos e

norte-americanos em cerimônias religiosas, para provocar êxtase.

A Psilocibina, durante séculos, os índios mexicanos ingeriram

cogumelos cujo elemento alucinógeno é a psilocibina.

Os efeitos da Psilocibina no corpo humano são o pulso lento, as pupilas

dilatadas, as perturbações neurológicas e psíquicas e as experiências

psicodélicas.

A Maconha ou cânhamo, é uma planta da família das urticáceas

(Canabis Sativa), com grande sinonímia, graças às suas propriedades

inebriantes: abanga, cânhamo indiano, diamba, erva maldita, haxixe, liamba,

maconha, marijuana, pango, soruma. O talo desta planta fornece excelente

fibra têxtil e suas sementes oleaginosas são apreciadas como alimento de

pássaros. Fumada sob a forma de cigarros ou cachimbos especiais, é tida

como hipnótica e capaz de produzir sonhos eróticos de embriaguez eufórica.

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Ela é consumida, mundialmente, de três maneiras diferentes:

a) Como fumo, produzido de folhas secas e das pontas floridas;

b) Como haxixe, usando-se as secreções resinosas, dessecadas e

prensadas;

c) Como óleo de haxixe, líquido escuro e com alto teor de THC, delta 9-

tetra-hidrocanabil, obtido através de um processo de repetidas

extrações. O THC é a substância mais intensamente psicoativa da

maconha. Trata-se de uma gordura solúvel, que se adere às partes

graxas das células sangüíneas. Como exemplo, uma semana após

ter-se fumado um baseado de maconha, quantidades significativas

de THC ainda permanecem no organismo. Um baseado feito hoje

possui o dobro de THC que um feito com as ervas dos anos 60.

Além dos seus efeitos psicoativos, a maconha também produz mais que

o dobro da quantidade de alcatrão encontrada nos cigarros de alto teor, dessa

substância causadora de câncer.

A maconha altera a atenção do indivíduo. Quem a fuma torna-se

distraído, encontra dificuldade em pensar com objetividade, esquece-se de

coisas, perde o gosto pelo estudo, pela organização sistemática e pelo

trabalho.

Este fumo dá a ilusão de que o tempo está passando devagar e por isso

até em situações de emergência as reações do indivíduo retardam-se. Mesmo

4 a 6 horas após haver fumado os reflexos do consumidor ainda estão

vagarosos. Dirigir automóveis nestas condições não proporciona a habilidade

necessária para o cálculo preciso de espaço, velocidade, curvas, onde muitos

acidentes acontecem. Por outro lado, a maconha acelera o ritmo cardíaco,

provocando desgaste considerável ao organismo. O fumante pode sentir a

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boca ressecada, a garganta irritada, e, às vezes, pode sentir dor no peito e

uma constante falta de energia.

Hoje já são conhecidos 421 componentes químicos da maconha, muitos

deles sendo tóxicos para o homem.

Os estudos demonstram que muitos jovens usuários fumam para

escapar de problemas, para alívio das tensões. Assim, este entorpecente

contribui também para reforçar a falta de determinação.

O tratamento do abuso da maconha torna-se difícil porque, geralmente,

o indivíduo que a consome em grandes quantidades faz uso concomitante do

álcool e de outras drogas. Os que consomem exclusivamente maconha são

raros.

Não existe tratamento farmacológico específico para a cessação da

dependência (uso e abuso) da maconha.

2.5 Sinais Gerais do Uso de Qualquer droga

Os sinais mais freqüentes do uso de drogas, com presença de apenas

alguns ou de todos, são os listados a seguir, que, por outro lado, podem existir

mesmo sem o uso de drogas. O importante é observar o conjunto de sinais e

sintomas:

a) mudanças bruscas no comportamento

b) falta de motivação para as atividades cotidianas

c) queda do rendimento escolar ou abandono dos estudos

d) queda da qualidade do trabalho ou seu abandono

e) inquietação, irritabilidade, insônia ou, ao contrário, depressão e

sonolência

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f) atitudes furtivas ou impulsivas, olhos congestionados, avermelhados

e presença de marcas nos braços

g) troca do dia pela noite

h) emagrecimento repentino, sem causa aparente

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CAPITULO III

O DIREITO

Área do conhecimento humano que cria o conjunto de normas

obrigatórias para assegurar o equilíbrio das funções sociais, prevenindo e

reprimindo fatos que atentem contra a segurança e a ordem, igualmente

regulando o uso das drogas.

3.1 A Repressão

A política social repressiva tem como característica uma ação tendente a

restaurar a ordem jurídica alterada, aplicando sanções (leis que indicam penas)

aos transgressores, através de multas e de reclusões.

Bilhões, trilhões de unidades de dinheiro são gastos mundialmente.

Vidas humanas, inocentes ou não, são ceifadas e o batalhão de consumidores

de drogas aumenta a cada minuto.

Os traficantes mortos ou presos pela ação repressiva são imediatamente

substituídos por outros nas engrenagens massacrantes do comércio invicto.

Diante da quantidade de entorpecentes que abastece o mercado, as

apreensões são mínimas.

Ronald Reagan e George Bush (pai), ambos ex-presidentes dos Estados

Unidos da América, destinaram bilhões de dólares nos anos 80 ao trabalho de

redução da oferta de cocaína em 10% naquele país. Dez anos depois, a

agência antidrogas norte-americana constatou que a oferta aumentou em dez

vezes mais desde o início da repressão, isto é, durante o período pesquisado.

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O Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade de Michigan, após

estudos concluídos em 15-12-01, afirma que a droga está em alta em sete dos

dez maiores campus universitários norte-americanos.

No Brasil, a situação agrava-se pelo fato de o território nacional ser o

principal canal de distribuição mundial do pó produzido pelos cartéis

colombianos. Cinco milhões de brasileiros consomem maconha, cocaína ou

heroína.

Pesquisas do Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas

Psicotrópicas – CEBRIP – mostram que um em cada quatro alunos de escolas

públicas de primeiro e segundo graus já experimentou drogas, mas apenas um

em cada cem faz uso da cocaína.

Uma legião de jovens, principalmente os mais pobres é viciada em

xaropes contra a tosse, colírios, esmalte de unha, acetona, cola de sapateiro,

éter, benzina, reguladores de apetite e calmantes.

No Rio de Janeiro, aliás, como no mundo, o problema está associado à

alta criminalidade. A proximidade das favelas transforma a cidade num

ambiente sitiado por marginais. O narcotráfico que tem repúblicas nos morros,

onde reina com mãos de ferro ou com paternalismo econômico, estabelecendo

a lei de silêncio os moradores, que são calados à força ou comprados.

A classe média está cada vez mais acuada, temerosa dos seqüestros

relâmpago, enjaulada nos seus apartamentos que recebem saraivadas de tiros,

estarrecida com os noticiários alarmantes dos crimes hediondos.

A polícia é mal paga e mal equipada com armas e viaturas arcaicas,

obsoletas, enquanto os soldados do mercado criminoso são bem remunerados

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e usam AR15, Lalashnikov, além de pistolas, escopetas, munições e granadas.

Enfim, um arsenal que só regimentos em guerra comportam.

Em assaltos ou seqüestro, o risco de vida do assalto é muito alto, e a

recompensa não é tão grande quanto o lucro milionário do tráfico.

Com a ausência, na maioria das vezes, de reclamações por parte das

vítimas e testemunhas, a polícia apoia seu trabalho em rede de informações

formada por pessoas, em geral psicologicamente desajustadas. São as que

inventam façanhas inexistentes ou as que se arriscam sem necessidade,

imaginando-se participantes de filmes de suspense.

Além disso, é comum que o próprio traficante providencie certas

informações, quando deseja vingar-se de alguém, inclusive inocente, derrubar

a concorrência, espiar os movimentos da polícia em vantagem própria, desviar

a grande atenção para pequenos golpes e protegendo negociatas articuladas

para a mesma ocasião .

Sendo a polícia mal remunerada, a proximidade do bandido rico e

mocinho pobre facilita a corrupção. Os traficantes pagam bem pela liberdade.

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, através de seus Cadernos

de Polícia Volumes I e II defende-se afirmando: “mesmo perante suas

limitações, a polícia pode realizar muito mais prisões do que os promotores

podem incriminar, os tribunais sentenciar e as cadeias abrigar”.

De fato, no que se refere ao consumo, a atual legislação é bastante

arcaica, e necessitada de reformulação. O Artigo 19 da Lei 6368 diz o

seguinte:

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É isento de pena o agente que em razão da dependência, ou sob o

efeito de substância entorpecente ou que determine dependência física

ou psíquica proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao mesmo

tempo da ação ou omissão, qualquer que tenha sido a infração penal

praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de

determinar-se de acordo com esse entendimento.

Seu parágrafo único diz:

A pena pode ser reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se

por qualquer das circunstâncias previstas neste artigo o agente não

possuía, ao tempo de ação ou da omissão, a plena capacidade de

entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse

entendimento. Os dependentes (expressão utilizada pela lei atual em

substituição à antiga denominação “viciados”) de drogas ilícitas, estão

isentos de pena, uma vez que a lei os isenta de culpabilidade.

Aquele que adquire ou tem consigo o entorpecente para próprio uso

está sujeito a pena de detenção de seis meses a dois anos. Nessas

condições, responde ao processo em liberdade, a fiança podendo ser

paga na própria delegacia. Se acaso condenado, o usuário terá direito a

sursis, isto é, ao cumprimento de um período experimental em liberdade.

Raríssimos são os casos de cumprimento da pena e, mesmo assim, em

regime aberto, sem rigor carcerário. Trata-se, pois de uma simples ameaça de

sanção penal que inibiria o usuário.

A repressão tem por objetivo maior evitar que usuários eventuais

consumam em maior escala.

A Lei 6368 permite o tratamento diferenciado ao traficante e ao

dependente, a apreensão de veículos usados no transporte de drogas, a

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inclusão do assunto no currículo das escolas de Primeiro Grau e nos cursos de

formação de professores e a fundação do Sistema Nacional de Previsão,

Fiscalização e Repressão aos Entorpecentes, criado pelo Decreto 85110, que

hoje estabelece diretrizes básicas para a política anti-drogas brasileira.

O Conselho Federal de Entorpecentes é o órgão responsável por essa

política.

A lei brasileira separa e trata distintamente quatro categorias de pessoas

que se envolvem com as drogas, quais sejam o traficante, o dependente, o

traficante-dependente e o experimentador ou usuário eventual.

Os traficantes são considerados criminosos e são punidos pela lei com

pena de 3 a 15 anos de reclusão. Os dependentes são considerados doentes.

Após laudo médico constatando a dependência do réu e a ausência de

discernimento ou autodeterminação no momento do fato, o juiz determina que

a pessoa seja encaminhada para tratamento. Traficantes - dependentes sofrem

reclusão de 3 a 15 anos e são submetidos a tratamento na prisão. O

experimentador ou usuário eventual é punido por ser considerado uma pessoa

ciente de que a lei proíbe e de que a polícia tem autoridade para prender.

3.2 A Descriminação

Como efeito da repressão, criou-se uma constelação de máfias em torno

das drogas, um sistema poderosíssimo abarrotado de dólares, disposto a

corromper autoridades, a matar adversários e a fazer qualquer falcatrua para

vender seu produto.

Nos Estados Unidos, a Lei Seca proibiu, no início do século XX, o uso

das bebidas alcóolicas. Quadrilhas passaram a tomar conta do comércio e os

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apreciadores continuaram a saciar-se do mesmo jeito, só que com bebidas de

pior qualidade e mais caras.

A legislação dos entorpecentes visa acabar com a criminalidade que os

envolve.

Pessoas ilustres estão aderindo à idéia da legalização, como escritor

Gabriel Garcia Marquez, os economistas laureados com o Prêmio Nobel, Milton

Friedman e Gary Becker, ainda Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, que isolou

o vírus da AIDS.

Com a legalização, exterminar-se-ia o crime ligado ao tráfico, que

movimenta quinhentos bilhões de dólares por ano. Sendo uma fonte econômica

colossal, os governos poderiam cobrar impostos sobre o consumo.

A corrupção reduzir-se-ia, uma vez que a polícia, a Justiça, os políticos,

não mais seriam subornados, sendo o fator mais importante os consumidores

deixarem de ser tratados como criminosos.

Pais e adolescentes preferem que seus filhos não sejam presos, pois

acham que isso pode complicar ainda mais sua formação. Médicos e

terapeutas afirmam que o tratamento policial acaba prejudicando seu trabalho.

Pedagogos consideram negativa a prisão do viciado tanto como forma de

aprendizado quanto forma de superação da dependência.

O Presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Dr. Luiz

Tenório, afirma considerar problemático e delicado dar tratamento de urgência,

porque o temor da prisão faz com que o indivíduo consumidor tente

escamotear as causas de seus males.

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O tabaco provocou grandes males, porém foi a campanha mundial de

reeducação que conseguiu baixar seu consumo em quarenta por cento.

3.3 A Lei e o Programa Educativo

O desenvolvimento do programa educativo de prevenção ao uso indevido

de drogas é também uma imposição legal. De fato, a Lei número 6368 ,

popularmente conhecida como Lei Antidrogas, contém dois artigos referentes à

educação:

Artigo 40: Os dirigentes de estabelecimentos de ensino ou hospitalares,

ou de entidades sociais, culturais, recreativas, esportivas ou

beneficentes, adotarão, de comum acordo e sob a orientação técnica de

autoridades especializadas, todas as medidas necessárias à prevenção

do tráfico ilícito e do uso indevido de substância entorpecente ou que

determine dependência física ou psíquica, nos recintos ou imediações

de suas atividades.

Parágrafo único: A não observância do disposto neste artigo implicará

responsabilidade penal e administrativa dos referidos dirigentes.

Artigo 5: Nos programas dos cursos de formação de professores serão

incluídos ensinamentos referentes a substâncias entorpecentes ou que

determinem dependência física ou psíquica, a fim de que possam ser

transmitidos com observância dos seus princípios científicos.

Parágrafo único: Dos programas das disciplinas da área de ciências

naturais, integrantes dos currículos dos cursos de primeiro grau,

constarão obrigatoriamente pontos que tenham por objetivo o

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esclarecimento sobre a natureza e efeitos das substâncias entorpecentes

ou que determinem dependência física ou psíquica.

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CAPITULO IV

PSICOLOGIA

Ramo do conhecimento humano que oferece subsídios para o

entendimento dos problemas mentais, os quais podem levar ao uso e abuso de

drogas.

Necessário se faz uma visão das dificuldades inerentes ao

desenvolvimento humano, para se compreender porque o jovem recorre ao

tóxico.

4.1 Anátomo-Fisiológicas

a) crescimento rápido e aparentemente exagerado dos órgãos sexuais,

com perda do corpo infantil;

b) aparecimento dos caracteres secundários, com prontidão de todo o

aparelho reprodutor, quais sejam: seios, pelos, transpiração axilar,

torneamento da laringe;

c) alongamento dos braços e pernas dando aos adolescentes gestos

desengonçados;

d) disponibilidade total do aparato endocrinológico.

4.2 Psicológicas

As alterações do esquema corporal preocupam o jovem, que sente em si

uma dicotomia entre a imagem de si mesmo introjetada e a imagem atual em

contínuas mutações. Percebe que não é mais a criança e que se encaminha

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para ser um futuro adulto, mas hoje, quem ele é? Ele não é nem uma coisa,

nem outra. As vivências de despersonalização são sempre conflituosas. Trata-

se da mesma sensação causada por um acidente desfigurante ou por uma

plástica radical.

Sentindo-se ameaçado de extinção, o ego do adolescente desenvolve

uma série de defesas, tais como: regressão, fuga, negação, racionalização,

entre outras. Pode retornar para uma época primitiva de desenvolvimento,

ocultar-se no mundo da fantasia, negar o crescimento, apresentar uma

justificativa lógica, como a raposa diante das uvas que não as conseguia

alcançar porque “estão verdes”.

Nesta época, o jovem pode passar rapidamente de um extremo para o

outro em suas reações. Ora está excitado, alegre, eufórico, ora está deprimido,

mergulhado num mar de lágrimas, saindo dali extremamente mal-humorado,

para depois ficar calmo e interessado em alguma coisa.

O adolescente poderá fazer uma multiplicidade de identificações

contemporâneas e contraditórias; por isso, apresenta-se como vários

personagens: é uma combinação de vários corpos e identidades. Não pode

ainda, renunciar a aspectos de si mesmo e não pode sintetizar os que vai

adquirindo, e nessa dificuldade de adquirir uma identidade coerente reside o

principal obstáculo para resolver sua identidade sexual

.

Tudo isso causa grande desorientação e vazio. O jovem sente-se flutuar

entre dois mundos: um conhecido que se está tornando irreal e outro

desconhecido que aos poucos se faz real, porque se apresenta ainda em

mudanças.

Dependendo do grau da simbiose com a mãe, o jovem tenderá a

prolongar a infância, recusando-se a crescer.

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O tóxico é um convite ao esquecimento, uma satisfação oral, uma fuga

para o mundo da fantasia.

Dentro da fase das operações mentais concretas, a criança não faz

abstrações, raciocina sobre objetos presentes.

Dos 11 aos 12 anos o jovem alcança nova fase de desenvolvimento

mental, mergulhando na fase das operações formais. Esta capacidade

intelectual leva-o, agora, a conceituar, abstrair, filosofar. Descobrindo novos

potenciais e finalidades desses recursos, o jovem dispara um intenso

treinamento de protestos, argumentações e contestações. Os pais são as

maiores vítimas deste bombardeio. Outrora considerados a fonte de

inteligência e sabedoria, eles são destronados da confiabilidade de que

estavam investidos. Não só são criticados, dissecados, mas, despidos de toda

grandiosa fantasia com que foram investidos na infância. Passam a ser seres

humanos comuns.

O jovem necessita desiludir-se dos pais, a fim de que a separação seja

menos dolorosa. Analisando-os racionalmente, o filho vai descobrindo seus

defeitos e fraquezas.

Uma das coisas que este logo percebe é que os pais proíbem, mas

usam drogas lícitas e até ilícitas. Observa que, desde os primeiros anos de

vida, ele mesmo familiarizou-se com tais substâncias, quer sob a forma de

remédios prescritos, quer no trato com todas as pessoas que fumam e bebem

ou automedicam-se, até por motivos fúteis. Sem que se dissesse uma única

palavra, houve o ensinamento do consumo indiscriminado de drogas. O jovem

revolta-se contra proibições incoerentes.

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Tendo que se identificar consigo mesmo, ele precisa cortar o cordão

umbilical se, psicologicamente, estiver ainda atado a ele. Precisa depor

autoridade que lhe for imposta e assumir-se como responsável por sua própria

vida. O uso de drogas pode ser, apenas, uma forma passageira de

contestação.

Por outro lado, sentir-se rejeitado afoga-o em intenso sentimento de

culpa, uma vez que ama os pais. Não se suportando como abandonante deles,

o jovem pode projetar-se e transferir a eles esta tarefa. Libertando-se, então,

de seus problemas de consciência, acusa os pais de abandono. Convence-se

de que é rejeitado e sofre por isso.

O sentimento edipiano não resolvido na infância retorna, também, nesta

época, para a resolução final, que só acontecerá quando o amor incestuoso for

deslocado para outro objeto de desejo.

A identidade com seu próprio sexo dependerá muito da resolução desse

problema. Desejando a mãe, ele não pode assumir-se como macho, porque se

for homem, será aquele que deseja sua resolução sexual com ela. A identidade

com seu próprio sexo dependerá de suas vivências significativas. Mediante a

situação sofredora de um dos genitores, que se lhe parece vítima ou algoz,

poderá o adolescente não desejar, inconscientemente, ser igual a este.

Através das drogas, mantém-se a ilusão do mundo infantil e evitam-se

ansiedades relacionadas com a separação, com as perdas significativas e com

suas dores conseqüentes. Dessa forma, foge-se de tudo o que significa

crescimento, autonomia, individualização e personificação.

A relação entre pais e filhos adolescentes parece, freqüentemente, uma

paixão tumultuada, atravessada por faíscas de ódio e total incompreensão

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mútua. Há palavras ásperas, insultos, recriminações, ameaças de fuga, às

vezes cumpridas.

Aos poucos os pais vão se fechando, tornando-se aparentemente frios,

duros, frustrados com a hostilidade de quem até há bem pouco tempo era o

seu bem mais precioso.

Nesse clima de ressentimentos, tudo é pretexto para discussões, sendo

raros os momentos de tranqüilidade e calma. É uma fantasia dos pais pensar

que a criança que colocaram no mundo será sua para sempre, e que terão

poder para protegê-la sempre das vivências que lhes suscitem sofrimentos. Em

verdade, a criança cresce e necessita ter suas próprias experiências, para a

conquista de seu espaço interior e externo.

Quanto maior for a dependência e o vínculo, maiores serão os esforços

exagerados de libertação. A passagem quase obrigatória para a idade adulta é

feita aos berros (“sei cuidar de mim mesmo!”), dados a todo momento, em

todos os tons, inclusive os do ódio.

A violência dos jovens, também, é sinal dos tempos modernos, marcado

pelo esgotamento das instituições.

Com o adolescente, não se deve jamais recusar o confronto, uma vez

que o adolescente procura acima de tudo poder comunicar-se. Evitar conflitos

abertos, por medo, só fará aumentar a violência.

A inexistência de confrontos não significa ausência de problemas. A

situação é bem mais difícil quando não há provocações. Os sentimentos

reprimidos permanecem em estado de tensão constante, provocando sérios

transtornos psicológicos.

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Provocar significa fazer um apelo. Os conflitos são provas evidentes de

amor. É preciso saber reconhecer o pretenso ódio como uma manifestação

saudável, significando que na família em questão cada um é livre para dizer o

que pensa. E isto é muito importante.

Os paradoxos da adolescência são mais intoleráveis para os pais que

não se resolveram bem nas diversas etapas de seu próprio desenvolvimento,

para os que se reprimiram, impondo-se um total esquecimento do material

traumático de suas próprias vivências. A ameaça de uma reminiscência,

provocada pela rebeldia do jovem que revolve as velharias enterradas

dissimuladamente no passado, tende a ressuscitar ansiedades, sofrimentos,

frustrações e dilemas antigos. Para estes pais a repressão deve continuar

como está. Evitam mesmo pensar em tudo o que os aproxime do material

recalcado e se recondicionam afirmando: “No meu tempo não era assim”.

A dissecação turbulenta e irrefletida, própria dos jovens, pode esbarrar

naquelas verdades inquestionáveis, dogmaticamente admitidas pelos pais,

porque aplacavam temores. O questionamento juvenil pode abalar os frágeis

alicerces em que as mesmas se equilibravam, fazendo-as pó. Então, todos os

pavores virão à tona, como óleo em copo d’água.

A adolescência do filho é uma fase bem dura para muitos pais. Diante

das irônicas críticas, do ódio ou da taciturna indiferença dos filhos, os pais

sentem-se abandonados e ameaçam abandoná-los de vez.

Intuitivamente, percebem que é hora de liberar a cria, soltar-lhes as

rédeas, mas temem pelos filhos, justamente por temerem por si mesmos.

Libertar o filho pode significar, para alguns pais, que a sua missão na terra já

está concluída, mesmo que se consolem repetindo amiúde: Filhos criados,

trabalhos dobrados.

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O pai radical reage de forma inflexível, não admitindo que o filho tome

comportamento e atitudes que considera errados, os quais critica nos outros.

Suas providências com relação ao filho envolvido com drogas são atitudes

drásticas que variam do corte de mesadas à expulsão de casa. Em casos

extremos, este pai pode ser violento em relação ao filho. Como conseqüência,

sem conseguir o apoio da família, o filho tende a envolver-se cada vez mais

com as drogas.

O pai alienado, por sua vez, finge não estar percebendo o envolvimento

do filho com as drogas. Suas providências são pensar que este fato é reação

do jovem à própria adolescência. Este tipo de pai não interfere, uma vez que

acredita serem as drogas um problema passageiro. As conseqüências podem

vir em forma de sensações de abandono por parte do filho, que tem, portanto,

menores chances de recuperação.

O pai compreensivo procura abrir e manter um canal de diálogo para

discutir o problema e ajudar o filho, não apenas sozinho, mas com a união de

toda família. As atitudes que toma são buscar a orientação de profissionais

especializados ou de grupos de apoio, oferecendo ao filho opções para a

libertação da dependência. Neste caso, na maioria das vezes, o jovem

consegue livrar-se do problema sem grandes traumas.

O pai liberal é complacente diante da consciência que tem de que seu

filho tornou-se um dependente de drogas. Portanto, não toma providência

alguma, atitude com a qual deseja provar sua tese de que toda experiência é

válida, principalmente na juventude. As conseqüências são imprevisíveis para o

jovem, que tanto pode encontrar por si mesmo seus próprios limites, como

perdê-los para sempre .

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4.3 Psicossociais

Para proteção de seu ego, o jovem pode escapar para um mundo

mágico, de sonhos, de fantasias, onde tudo pode acontecer. Não tendo mais a

sua identidade ele identifica-se com um ídolo, imitando-o em tudo, até mesmo

no consumo de drogas.

A sociedade passa a exigir novos papéis sociais do adolescente, criando

expectativas quanto ao seu desempenho que deverá ser mais adulto, mais

responsável. A família sempre é a primeira a reclamar. Acha difícil o comando

dessa nova criatura, relaxada, preguiçosa, estabanada, irresponsável, suja,

dividida, temperamental. Segundo Maurício Knobel, sociólogo: “no lar o jovem

pode ser tudo isso e muito mais. Entretanto, se o surpreendermos, num grupo,

uns minutos mais tarde, podemos observá-lo interessado, cooperador,

realizador, criativo, esforçado, risonho, amável, encantador, participativo, até

mesmo um líder entre seus pares”.

A nova geração deseja novos valores, uma forma mais justa de vivenciar

o mundo. Em teoria, o adolescente é capaz de salvar o mundo. Nos anos 60,

os hippies fizeram uma tentativa nesse sentido. Os jovens abominam as

guerras, a fome, a miséria, a destruição do planeta.

A escola de hoje repete o sistema, induzindo os alunos à produção e ao

consumo, ao nivelamento e à estagnação criativa, levando-os à frustração e ao

vazio. Os currículos não estimulam a participação ativa, pois são desvinculados

dos reais interesses dos estudantes. A escola parou no tempo, na estrada

empoeirada do giz, atropelada pelo progresso.

Desgarrando-se de tudo e de todos, o jovem busca asilos nos grupos de

seus pares, quer para se salvar, quer para com eles destruir o que não pode

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ser aceito, o que se despreza. O jovem identifica-se com o grupo a ponto de se

achar perdido se o perder.

Para que isto não aconteça, o jovem submete-se a todas as exigências

do grupo, onde persistem regras muito valorizadas por todos os membros. Para

sentir-se igual aos outros (superidentificação grupal), o jovem pode viciar-se

em drogas. Muitas vezes, para ser admitido ou para freqüentar um grupo, é

necessário passar-se por um ritual iniciático onde as drogas podem estar

presentes.

A ameaça de morte psicológica e o vazio do não-ser levam o jovem a

filosofar sobre a morte real do seu corpo.

Através do desafio de situações de grande perigo, o jovem nega o medo

de morrer. Aventurando-se e saindo vencedor, o jovem sente-se mais forte do

que a morte. Assim, ele poderá tornar-se um risco para si mesmo e para outras

pessoas. A droga o apoiará.

Constantemente, o adolescente faz um teste de força, sondando ou

mesmo ultrapassando seus limites, como aliás todo ser humano. Em geral, as

pessoas estendem suas fronteiras, mas, ao mesmo tempo, respeitam as suas

limitações, ou o que podem ou não fazer. É um equilíbrio delicado entre força e

limite. Existem pessoas que s4e acham sem limites: o adolescente que dirige

em alta velocidade e tem um acidente (passou de seu limite), ou o executivo

que nunca tira férias e infarta (limite).

4.4 Sócio-Econômicas

A adolescência dos jovens marginais ocorre em seus corpos

desnutridos, doentes, com deficiências as mais diversas. A droga pode ser

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recurso para lhes minorar a fome ou para desligá-los do seu contexto hostil e

injusto.

Os jovens dessa classe utilizam-se com maior freqüência dos inalantes,

tais como: o aerosol, os fluidos dos materiais de limpeza, a gasolina, e

principalmente o crack, por ser mais barato e de mais rápido efeito. Nestas

condições, tornam-se presas fáceis dos traficantes.

Trabalhando para traficantes, os adolescentes que antes dificilmente

encontravam trabalho, recebem bem mais do que a mísera parcela que o

salário mínimo lhes oferece, quando lhes ocorre conseguir um emprego.

O adolescente permanece tempo demasiadam3ente longo preparando-

se para o mercado de trabalho. Após tantos esforços, tem dificuldades de

ingressar no mesmo.

Os jovens da classe média-alta continuam monetariamente dependentes

da família, preparando-se a nível de terceiro grau. A família muitas vezes usa

esse poder para infantilizar por um tempo maior os seus filhos. O controle dos

filhos através do dinheiro costuma gerar grandes atritos (Aquele que me ajuda

escraviza alguma coisa em mim). Os jovens permanecem na adolescência até

quase 27 anos, mais ou menos, uma vez que até aí não assumiram sua

identidade econômica e não são financeiramente independentes.

Os jovens carentes de tudo, os das classes baixas, recebem uma

preparação bem superficial, por força de todos os fatores desumanos que

incidem sobre a sua formação. São desde cedo, assim, condicionados para a

miséria, o desemprego, o subemprego, para a falta de perspectivas na vida,

para servir à industrialização robotizantes que tolhe toda e qualquer criatividade

em tarefas rotineiras, maçantes, monótonas e desgastantes, sem lhes dar

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sequer idéias do objeto pronto, pela repetição exaustiva do mesmo trabalho

nas linhas de produção.

A somatização de todos estes elementos pode propiciar o consumo de

drogas. Neste caso, o uso é um grito de alerta, um uivo de fera em agonia, um

clamor desesperado ao mundo por uma melhor qualidade de vida, na qual um

ser se reconheça com um homem, parte digna de pertencer à sociedade dos

seus semelhantes, sentindo que sua existência tem um sentido social e onde

possa de fato usufruir direitos, pelo menos os básicos de saúde, alimentação,

moradia e educação.

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CAPITULO V

SOCIOLOGIA

A sociologia faz o estudo objetivo das inter-relações pessoais e

institucionais contidas num dado grupo social ou comunidade, prevendo

também obter uma visão clara dos diferentes grupos coexistentes dentro de

uma sociedade mais ampla.

5.1 A Hipocrisia Social: A Sociedade Censura a

Agressividade do Jovem

A partir da década de 30, a sociedade passou a ser responsável pelas

manifestações de violência que culminaram com os princípios nazistas e

fascistas dominantes na última Guerra Mundial (1939 a 1945), na qual o

desrespeito humano atingiu o grau mais alto de genocídio. A partir de então,

estamos assistindo à ascensão da violência. O requinte das armas mortíferas

parece não ter limites.

A sociedade abomina as drogas, mas os soldados norte-americanos

regressaram do Vietnã viciados. Onde conseguiam tais substâncias? Nessa

guerra, segundo noticiários de televisão, foram muitos os acidentes com as

populações civis.

Podemos citar um cem número de agressividades que a sociedade

comete como a discriminação social, de credos, de raças, de classes sociais.

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São enormes os estigmas impostos por pressão social às pessoas que

desviam da dita normalidade.

5.2 A Igreja Censura a Agressividade do Jovem

Os livros ditos sagrados estão repletos com descrições de guerras,

traições e violências de todos os tipos. A Igreja Católica, que dominava o

comportamento, perdeu em credibilidade, ou foi substituída por uma infinidade

de seitas de onde muitas vezes chegam-nos notícias estarrecedoras de

fanatismos e suicídios coletivos. Algumas usam o tóxico como estimulante de

êxtases. No Japão, em nome da fé, atualmente, uma onda de terror que prega

o fim dos tempos está dizimando pessoas com gás mortífero nos metrôs de

Tóquio. Enfim, em todas as épocas e credos podemos notar a presença de

inúmeros Cains e Abéus.

5.3 A Família Censura a Agressividade do Jovem

A família deixou de ser a instituição que determina os padrões de

comportamento emocional e de atuação, pois ela própria encontra-se invadida

pelos estímulos avassaladores do social. A dinâmica familiar foi abalada.

Houve a perda gradual da autoridade paterna e a mãe integrou-se como foça

de trabalho de outras instituições, ficando os filhos entregues a terceiros. Esses

filhos, criados por pessoas nem sempre qualificadas para a tarefa, ganham

cedo demais a “liberação”, sem a satisfação plena de suas necessidades

básicas de afeto e disciplina interna, necessárias à autodeterminação futura,

criando aparências que dificilmente são compensadas na vida.

As mães das zonas mais carentes empregam-se como domésticas e

deixam seus filhos entregues aos cuidados dos próprios filhos mais velhos,

passando os dias e noites nas casas das patroas, onde permanecem por toda

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a semana. Crianças de 12 anos ou até menos cozinham, lavam e cuidam de

seus irmãos, numa época em que elas próprias necessitam de efetiva

assistência.

Tudo isso tem um preço e a sociedade é extremamente devedora, logo.

ou compensa as injustiças, o que é bem difícil dada a indiferença geral, ou

continua assim assaltada pelos que de uma forma ou de outra foram roubados

por ela. Ao nível do indivíduo, a sociedade não se entende como tal. Não há

como delegar responsabilidades.

Assistimos, também, à explosão da família mononuclear, com o

crescimento dos divórcios e ou dos concubinatos, sendo as separações em

geral, feitas sob um clima de agressividade e desrespeito mútuo dos pais entre

si.

Podemos observar que, inerente ao comportamento humano, a violência

sempre existiu como um fenômeno instalado em nossa cultura, ao longo da

história. Para a sua subsistência, o homem primitivo realizava atos predatórios

e a agressividade lá estava sob a forma de conduta ativa, cuja energia e força

estavam dinamizadas para aquele ato.

A agressividade tornou-se, paulatinamente, controlada por uma

aprendizagem progressiva, separada da predação, uma vez que o homem não

mais caça para sobreviver. Não tendo mais utilidade, a agressividade torna-se

vassala do poder. O homem modernos usa de sua agressividade em casa, no

trabalho, nas pelejas esportivas e políticas, em toda trama que objetive o

poder. A agressividade é a energia empregada pelo homem para conseguir

seus objetivos.

Sob o ponto de vista psicológico, podemos entender a violência como

decorrente de um elemento emocional – a ansiedade – com a qual o homem

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não sabe conviver. A ansiedade esteve sempre presente na história humana. É

o tributo que o homem paga por ser homem.

A ansiedade é uma manifestação desconfortável que corresponde a um

estado de alerta ante um perigo iminente de ameaça imprevista, real ou

subjetiva. Ela nunca foi vencida pelos seres humanos.

Enquanto a agressividade significa, para o ser humano, sentimentos que

dinamizam para o ganho, a ansiedade sempre esteve envolta em sentimentos

reais ou imaginários de perda.

A dinâmica social vem tentando livrar-se da ansiedade através da psico-

pedagogia reforçada por um arsenal de psicofármacos que pretendem vender

tranqüilidade a todo custo. A violência dos tempos modernos é uma

decorrência da ansiedade que os grupos não conseguem agüentar, mas a

violência evoluiu para uma finalidade explícita da destruição, acompanhada por

uma espécie de indiferença da maioria das pessoas.

A ordem educativa atual tem sido justamente esta: “não sentir”, apenas

atuar. A violência procura transformar o sofrimento que a ansiedade causa em

um atuar racionalizado.

A rejeição ou ameaça de rejeição está cada vez mais presente nos

agrupamentos humanos, pelo distanciamento entre os seres, uns dos outros. É

cada vez maior o número de indivíduos e de agrupamentos humanos

defendendo-se de estados ansiosos através de atos contra a sociedade, atos

anti-sociais, acompanhados de indiferença afetiva, outra forma hostil.

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CAPITULO VI

ECONOMIA

Definindo-se como a ciência do pouco, a economia trata dos fenômenos

relativos à produção, acumulação, distribuição e consumo dos bens materiais

numa dada sociedade.

6.1 O Amparo Econômico das Drogas em Países em

Desenvolvimento

A produção e tráfico de ópio, cocaína e maconha é um grande e

milionário negócio, que se torna cada vez maior. O produto é lucrativo, requer

pouca publicidade, mantém o cliente sempre ávido de voltar espontaneamente

a buscar mais, e não paga tributos aos governos.

Suas redes estendem-se desde as selvas mais remotas até as

coberturas luxuosas das principais cidades do mundo.

O arbusto da coca nasce em terrenos acidentados ou montanhosos

como os da Colômbia, sua principal produtora, bem como os da Bolívia e Peru.

Sua plantação dá-se em regiões altas da selva, nas fraldas orientais dos

Andes. São, em geral, regiões isoladas dos principais centros populacionais, de

difícil acesso e insuficientemente controladas pelos governos.

No Laos, o ópio é plantado em terreno montanhoso, onde não existem

estradas. Em muitas destas regiões os negociantes de drogas fornecem as

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sementes para as lavouras ilícitas diretamente aos agricultores, e depois

apanham as colheitas, permitindo assim ao agricultor produzir uma lavoura

lucrativa sem jamais sair da terra.

O desemprego dentro do sistema econômico dos países envolvidos com

a coca é muito grande, logo há muita mão de obra disponível. No Peru, estima-

se que existe algo em torno de 200.000 camponeses dependendo diretamente

da produção de coca. Outros 100.000 estão envolvidos no processamento e

transporte.

Nas selvas remotas da Colômbia, as plantações de coca são muitas

vezes a única fonte de renda dos trabalhadores empregados na colheita de

coca.

Grande parte dos terrenos onde é plantada a coca não se presta a

outras lavouras alternativas.

Os países produtores também possuem viciados porque muitos

trabalhadores ligados à produção de coca recebem parte da pasta de coca em

lugar de pagamento. O mesmo acontece com os contrabandistas das

substâncias necessárias para o fabrico da cocaína. É perigoso fumar esta

pasta, porque ela atinge imediatamente o cérebro e produz sensação de

euforia extremamente rápida, colocando o usuário no desespero do consumo

compulsivo.

Pelo fato de operar financeiramente apenas com dinheiro vivo, o

narcotráfico recorre a uma variedade de artifícios (esquemas de lavagem),

visando poder circular e tornar lícitos seus lucros, empregando-os em novos

negócios.

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6.2 O Controle do Cultivo

A repressão do cultivo feito o mais próximo possível da fonte é o meio

mais eficaz para a redução da oferta de drogas ilícitas. Há várias abordagens,

inclusive erradicação, substituição da lavoura e desenvolvimento promovido de

acordo com as características da região. A aspersão aérea é uma técnica

efetiva contra plantações de papoula e de maconha. Não existe, no entanto,

um herbicida efetivo para a destruição da coca.

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CONCLUSÃO

A conclusão do estudo mostra que o problema gerado pelo uso

indiscriminado das drogas tem proporções mundiais. Sua compreensão,

análise e solução estão intimamente ligados a aspectos de ordem econômico-

culturais, político-psicológicos e jurídico-sociais, sendo o fenômeno da eclosão

violenta dos tóxicos de etiologia diversificada.

Assim, a repressão, efetuada através das sanções previstas na Lei (No.

6368/95 ), não impede o constante aumento do consumo. A lei tornou-se

defasada, não só pelo tempo, quanto pela complexidade do problema. Uma

das dificuldades está no fato de que a oferta estruturou-se numa organização

quase inexpugnável, com eficaz destreza para agilizar quais quer mudanças

imprevistas, tanto de homens, quanto dos materiais à venda.

Existe, atualmente, um ressurgimento do debate pela legalização dos

entorpecentes e para que a demanda se equipare à venda do álcool e do fumo.

A idéia visa enfraquecer o poder dos traficantes, evitar que os tóxico-

dependentes sejam criminalizados , e impor pagamento de impostos aos

países onde a droga for industrializada, e por onde pode circular.

A Guerra do Ópio, (1839-1842), deflagrada pela Grã-Bretanha já

objetivava o monopólio do produto. O livre comércio do tóxico naquele país

causou uma catastrófica epidemia de vícios que só foi minorada décadas mais

tarde, com a repressão do plantio da papoula.

Os que desejam a legalização subestimam o custo que uma epidemia

deste tipo representaria para a saúde pública e individual, pois o consumo

parece aumentar proporcionalmente à sua disponibilidade no mercado. Além

disso, os que hoje estão quase vitoriosos, amoitados nas trincheiras da

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ilegalidade, os traficantes, estariam senhores da situação, tendo uma riqueza

incalculável para aplicar em jogos ilusórios de vendas.

O sério, segundo a Medicina, é que os tóxicos são mesmo muito

nocivos. Eles atuam diretamente na conexão inter-neurônios, interferindo nos

neurocondutores, substâncias químicas responsáveis pela comunicação das

mensagens emitidas pelo cérebro. A medicina cuida do consumidor como de

um doente, através de fármacos. Contra a maconha, não há alopatia. Ela não

apresenta risco de overdoses. Não é, entretanto, tão inofensiva quanto se crê.

Pode causar transtornos ao feto e interferir nos reflexos. Pilotos em teste nos

Estados Unidos, apresentando saúde perfeita, fumaram um cigarro de

maconha e 24 horas depois não conseguiam aterrissar seus aviões, em vôo

simulado. Os usuários de heroína são tratados com a metadona, que é

viciante, com a clonidina e a droga não opiada, naltrexona. A dependência de

cocaína responde favoravelmente à terapia antidepressiva com drogas como a

desipramina ou como a imiprimina. A cocaína produz graves efeitos sobre o

sistema cardiovascular podendo, tanto quanto a heroína, matar por overdose.

Os especialistas dizem que a taxa de cura é desalentadoramente baixa,

já que até 80% dos viciados retomam seus hábitos, dentro de seis meses após

a desintoxicação.

A Psicologia nos apresenta o adolescente como um ser altamente

vulnerável ao fascínio das drogas, uma vez que ele se encontra em uma fase

muito árdua do desenvolvimento. Segundo Anna Freud, é difícil assinalar o

limite entre o normal e o patológico nesta época, e mais, que a presença de um

equilíbrio estável durante este processo adolescente significaria uma

anormalidade.

O adolescente passa por desequilíbrios e instabilidades extremas nesta

fase considerada por Knobel como síndrome da adolescência normal. É uma

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etapa fundamental para o jovem que, após perder seu corpo, sua identidade,

seus pais e seus papéis sociais da infância, vai, paulatinamente, reconstruir

uma nova identidade. O sofrimento das múltiplas perdas poderão provocar

defesas contra a ansiedade, e o uso das drogas pode ser uma delas.

A Sociologia demonstra que o repúdio da sociedade pela agressividade

dos jovens é bastante hipócrita, uma vez que a agressividade, a partir da época

predatória, sempre esteve presente na história humana, na caça, na luta pelo

poder e como diminuidora da ansiedade básica que os seres não conseguem

suportar, bem como a ingestão de muitas drogas “legais”. O adolescente

abomina este mundo ao qual ele reluta em pertencer.

A Economia informa que a terrível onda de desemprego existente nos

países em desenvolvimento favorece a produção de drogas. É necessário um

reforçado e bem planejado orçamento para projetos de aproveitamento,

educação e reeducação desse exército humano que planta as ervas viciando-

se, por seu pagamento ser feito em parte com pasta de coca.

O controle do cultivo é apontado como meio para reduzir a oferta de

drogas, sendo a aspersão aérea a técnica efetiva contra plantações de papoula

e de maconha. Não existe herbicida efetivo para a destruição da cocaína.

As campanhas educativas anti-drogas têm sido baseadas no medo,

vinculando informações de fundo alarmista. Essas campanhas aboliram os

diálogos e a abordagem direta nas escolas, evitando dessa maneira, pelo

silêncio, despertar a curiosidade e o desejo de experimentar.

Qualquer que seja a postura filosófica adotada, as pessoas educam a

partir de certos valores. A educação não transforma sozinha, mas tem um

papel de participadora ativa na formação do sujeito, este sim o agente

fundamental de transformação.

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O espaço educacional deve, pois, configurar um ambiente de

permanente tensão, de questionamentos, pois é exatamente nesse espaço de

luta entre várias tendências que se poderá forjar a educação libertadora.

Essa perspectiva depende fundamentalmente de uma revisão do

autoritarismo escolar, pois não se consegue transmitir um discurso de liberdade

a partir de uma lógica de relações onde predomine a opressão. A Escola

precisa mudar sua prática tornando-se uma Escola aberta para uma visão

democrática, uma escola aberta para a vida.

Torna-se de fundamental importância a implantação dos encontros mensais

com as Oficinas de Apoio .

As Oficinas que serão criadas a partir deste estudo pretendem abrir

espaços de liberdade para realizar experiências de transformação na relação

professor-aluno-comunidade , de onde surjam:

— o questionamento

— o diálogo

— a alegria da descoberta

— o valor a participação ativa

— o poder da comunicação

— a coragem de dizer não

— a firmeza que rejeita o que é contra a vida

Será definido como lema de seu planejamento a valoração da vida. O

Plano Preventivo do Consumo de Drogas situará sua ação preventiva no

campo maior da educação para a saúde, aqui vista como um estado de

equilíbrio físico, mental e social, não somente como ausência de enfermidades.

Sendo o diálogo definitivamente importante para o adolescente, uma vez

que o mesmo busca este mesmo diálogo de forma exaustiva, conforme atesta

a Psicologia, os professores e demais profissionais dedicados ao Colégio

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(Pedagogos) devem favorecer e providenciar para que o diálogo sempre se

estabeleça, esclarecendo com objetiva franqueza e naturalidade os

questionamentos surgidos a respeito das drogas, afirmando serem estas

contrárias à VIDA e à SAÚDE, a toda vez que os alunos propuserem tal

assunto. O objetivo final é atingir a comunidade escolar quebrando o TABU de

se falar sobre drogas.

Tendo em vista a identificação grupal, os professores deverão motivar os

grupos a aderir aos encontros mensais para as Oficinas .

Todos os que trabalham no Colégio deverão receber instruções

específicas sobre como agir mediante as drogas, e serem freqüentemente

treinados na observação dos alunos, tendo em vista detectar possíveis roteiros.

O roteiro ‘Sinais Gerais do Uso de Qualquer Droga’ deve ser do conhecimento

de todos que lidam com os alunos.

As Oficinas possibilitarão a abertura para diálogos, encaminhamento aos

serviços especializados, conscientização das famílias, palestras elucidativas e

encontros intensivos são o que o Colégio poderá oferecer.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 4

CAPÍTULO I

UM POUCO DA HISTÓRIA DAS DROGAS 9

CAPÍTULO II 13

MEDICINA 13

2.1 – A Devastação Cerebral 13

2.2 – Definições da Org. Mund. Da Saúde ( OMS ) 13

2.3 – Drogas Psicolépticas 15

2.4 – As Drogas Psiconalépticas/Psicodislépticas 19

2.5 – Sinais Gerais do Uso de Qualquer Droga 25

CAPÍTULO III 27

O DIREITO 27

3.1 – A Repressão 27

3.2 – A Descriminação 31

3.3 – A Lei e o Programa Educativo 33

CAPÍTULO IV 35

PSICOLOGIA 35

4.1 – Anátomo – Fisiológicas 35

4.2 – Psicológicas 35

4.3 – Psicosociais 42

Page 62: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU … VIRGINIA MACHADO.pdfA clientela da Escola Pública vem, na sua maioria, dos bairros suburbanos mais carentes. A escola deve estar

61

4.4 – Sócio-Econômicas 43

CAPÍTULO V 46

SOCIOLOGIA 46

5.1 – A Hipocrisia Social 46

5.2 – A Igreja Censura a Agressividade do Jovem 47

5.3 – A Família Censura a Agressividade do Jovem 48

CAPÍTULO VI 50

ECONOMIA 50

6.1 – O Amparo Econômico das Drogas 50

6.2 – O Controle do Cultivo 52

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 58