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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PS-GRADUAO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTO ESCOLAR NA REDE PBLICA DE ENSINO,
POR UMA PERSPECTIVA DEMOCRTICO-PARTICIPATIVA:
DESAFIOS E POSSIBILIDADES.
Por: Fabola Silva dos Santos
Orientador
Prof. Mary Sue Pereira
Niteri
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PS-GRADUAO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTO ESCOLAR NA REDE PBLICA DE ENSINO,
POR UMA PERSPECTIVA DEMOCRTICO-PARTICIPATIVA:
DESAFIOS E POSSIBILIDADES.
Apresentao de monografia Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obteno do grau
de especialista em Administrao e Superviso Escolar
Por: Fabola Silva dos Santos
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AGRADECIMENTOS
... a Deus pela oportunidade de mais uma
jornada acadmica. Aos meus pais e
esposo pelo estmulo e confiana. E,
ainda, s minhas amigas pela parceria e
aos docentes pela interao durante o
curso...
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DEDICATRIA
...dedico este trabalho a minha me, que
sempre me incentivou e apoiou
incondicionalmente a na minha qualificao
profissional, com suas palavras, com a sua
proteo e carinho...
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RESUMO
Com os processos de redemocratizao do Brasil, associados ao
aprimoramento da qualidade da educao pblica, emergem movimentos de
transformao nas formas de gerir as escolas brasileiras. A participao de toda a
comunidade escolar, tanto de especialistas, professores, quanto pais, estudantes
e funcionrios, um imperativo para a ruptura com o modelo conservador e
autoritrio de gesto que at os dias atuais pouco favoreceram no atendimento
dos interesses da coletividade. Em virtude da necessidade de mudana na
organizao e no funcionamento da escola, a questo da democratizao da
gesto tornou-se formalmente uma determinao legal expressa na Lei de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional 9394/96. Em funo desse quadro, este
trabalho monogrfico abordar o histrico das prticas de gesto escolar no Brasil,
associada funo social da escola que sofreu modificaes devido a
transformaes no contexto social com o decorrer do tempo. Ressaltando a
concepo de gesto democrtico-participativa enquanto um conceito novo que se
assenta sobre a mobilizao dinmica e coletiva dos sujeitos escolares (servidores
e usurios), suas energias e competncias, como condies bsicas e
fundamentais para a melhoria da qualidade do ensino. Do mesmo modo, sero
reveladas possibilidades de prticas de gerenciamento de algumas escolas da
rede pblica de alguns municpios da regio metropolitana do Estado do Rio de
Janeiro, suas aes caracterizadas como democrticas e de cunho participativo,
os desafios que enfrentam para efetivar essas prticas e as estratgias que tm
surtido efeito positivo, conduzindo melhoria dos processos de ensino-
aprendizagem, possibilitando as escolas ficarem a servio da educao para a
vida, por meio da conquista da cidadania.
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METODOLOGIA
A metodologia empregada contemplou a coleta de documentos que
abordassem o tema gesto democrtico-participativa, tais como: livros,
documentos legais, publicaes de carter tcnico em revista e artigos publicados
em sites oficiais da Internet. Aps o levantamento bibliogrfico e a seleo de
informaes pertinentes fundamentao da pesquisa, se realizou um estudo
mais aprofundado para fichamento e anlise minuciosa das questes. Alm disso,
foi feita uma investigao das realidades cotidianas das escolas por meio de
coleta de depoimentos relativos ao assunto, utilizando como instrumento um
questionrio. Concludas as etapas anteriores, se efetuou a textualizao e
montagem da monografia.
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SUMRIO
INTRODUO
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CAPTULO I: A gesto da escola e seus reflexos diante de sua funo social 11
CAPTULO II: A gesto democrtico-participativa em prol da qualidade de ensino
no mbito das escolas
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CAPTULO III: O olhar dos atores escolares frente s realidades de gesto das
escolas pblicas
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CONCLUSO
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BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS 57
NDICE 87
FOLHA DE AVALIAO 89
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INTRODUO
No cenrio educativo atual possvel perceber que a melhoria da qualidade
das escolas est relacionada a vrios fatores, entre eles, a gesto dos processos
educacionais. Tal fator tem sido tomado, muito frequentemente, como objeto de
discusso e estudo, devido s transformaes ocorridas na sociedade e na prpria
escola que requerem formas mais democrticas de gesto. Alm disso, a questo
da democratizao da gesto est expressa formalmente na Lei de Diretrizes e
Bases da Educao Nacional 9394/96, se fazendo ento, no mais como um a
opo a se tomada, mas como uma determinao legal e incontestvel.
Os processos para implementao da gesto democrtico-participativa
exigem mudanas significativas no mbito das escolas, pois a maioria das
instituies pblicas brasileiras apresenta administraes caracterizadas pela
centralizao, verticalizao e improvisao de aes que, ao longo da histria,
tm debilitado esses espaos e produzido o fracasso de muitos estudantes. No
entanto, esses procedimentos tm ocorrido paulatinamente, na medida em que se
passa a ter o conhecimento das suas particularidades e princpios, e a conscincia
de seu devido valor na construo de uma instituio comprometida com sua
funo social. Funo esta que de formar cidado, atravs da construo de
conhecimentos, atitudes e valores que o tornem mais solidrio, crtico e tico; uma
tarefa que se amplia ao assumir tambm o compromisso de educar para a
participao na construo de uma sociedade mais justa e igualitria.
Os primeiros passos para que a escola venha cumprir sua funo social,
podem ser concretizados atravs da escolha dos dirigentes, da organizao dos
Conselhos Escolares e de toda Comunidade Escolar para participar de discusses
que tenham o intuito de esclarecer os objetivos educacionais que se deseja atingir,
bem como fazer valer direitos e deveres de todos os envolvidos. Pois este modo
de gerir se basea na relao orgnica da direo e a participao de membros da
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comunidade escolar em sua totalidade, o que acentua a importncia da busca de
objetivos comuns assumidos por todos.
Com isso, a organizao do trabalho pedaggico da escola pblica, diante
dessa nova perspectiva ir requerer uma formao de boa qualidade dos
gestores, da equipe tcnico pedaggica, dos professores entre outros atores da
escola, em virtude de um trabalho coletivo que busque incessantemente a
autonomia, a liberdade, a emancipao e a participao.
Na gesto democrtico-participativa, o gestor precisar saber como
trabalhar os conflitos e desencontros, dever ter competncia para buscar novas
alternativas que atendam os interesses da comunidade escolar. Dever
compreender que a qualidade da escola depender da participao ativa de todos
membros, respeitando a individualidade de cada um e buscando nos
conhecimentos individuais novas fontes de enriquecer o trabalho coletivo.
Diante de tais consideraes, o presente trabalho foi proposto visando a
necessidade da efetiva realizao de uma gesto democrtico-participativa nas
escolas da rede pblica de ensino e sua importncia na viabilizao da
significao qualitativa dos processos de ensino e aprendizagem. Assim, os
captulos a seguir trataro das especificidades dessa concepo de gesto
escolar, alguns desafios presentes no cotidiano das instituies para a
implementao desta tendncia, bem como determinados recursos que validam tal
perspectiva, alm do olhar de alguns atores escolares diante da nova realidade
que vem emergindo.
No primeiro captulo ser apresentada uma abordagem referente gesto
escolar ao longo da histria da educao brasileira, seus princpios e
embasamentos legais que os nortearam. Na sequncia, ser apontada a funo
da escola no sentido de atender as novas exigncias sociais e em cumprimento
com as determinaes das leis que regem a educao nacional.
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No segundo captulo sero tratadas, minuciosamente, as proposies
diretoras da gesto escolar democrtico-participativa, as possibilidades e desafios
cerca dessa concepo, bem como o conceito de alguns elementos que
fundamentam essa prtica, entre eles democracia e participao.
No terceiro e ltimo captulo ficar expressa as diferentes formas de
organizao e desenvolvimento do trabalho pedaggico na perspectiva desse
novo conceito de gesto escolar, como elas se apresentam nos diferentes
cotidianos de escolas da rede pblica de ensino localizadas em alguns municpios
da regio metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.
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CAPTULO I
A GESTO DA ESCOLA
E SEUS REFLEXOS DIANTE DE SUA FUNO SOCIAL
Ao longo da histria, mudanas ocorreram nas esferas sociais, polticas e
econmicas, que levaram educao e sua organizao a tambm sofrerem
transformaes para que pudessem atender s necessidades que emergiam a
cada novo contexto. Desse modo, a funo social da escola que se construiu no
passado tem sido reconstruda gradativamente, de acordo com as demandas
sociais, que atualmente j diverge progressivamente dos hbitos e valores
tradicionais.
Primeiramente a escola era frequentada por uma minoria privilegiada, e era
encarregada de formar cada indivduo a ocupar a posio social em que nascera.
Com o Iluminismo, no sculo XVIII, surgem os ideais de igualdade, inclusive no
que diz respeito ao ensino, no entanto no foram implementados porque no
correspondiam s necessidades sociais do momento. O advento da escola para
todos se deu somente no sculo seguinte, a servio da ordem social, pois a
industrializao e a crescente necessidade de mo de obra, fez das crianas e
jovens um problema para a sociedade porque ficavam sem lugar para ficar e sem
ocupao enquanto seus pais trabalhavam. Assim, a escola foi um instrumento
utilizado para a resoluo do problema da garantia do controle desse grupo, em
atendimento s necessidades econmicas e sociais da poca. Quanto aos
objetivos escolares, estes se restringiam a transmisso de valores morais e
religiosos e em segundo lugar, os conhecimentos cientficos e tecnolgicos.
Porm, no final do sculo, para atender s novas linhas de trabalho, o juzo de
valor dado aos objetivos se inverte, mais uma vez para o ajustamento social.
Como se pode perceber, a educao permeada de valores e finalidades, que
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norteiam a ligao entre ensino e sociedade no seu percurso evolutivo desde os
seus primrdios.
J no sculo XX, o entendimento de que a escola possui importante papel
na produo das contingncias sociais, tanto na produo das desigualdades
quanto na busca por igualdade de condies para os cidados se aprofundou
mediante pesquisas em educao realizadas entre as dcadas de 60 e 70 estas
constataram a produo das desigualdades sociais sendo parte de
responsabilidade da escola. Nesse perodo foi discutida a maneira pela qual a
estrutura scio-econmica se condiciona educao. A partir de ento, se passa
a requerer efeitos positivos da escola na sociedade, de modo a levar as
instituies a repensar na funo social que deve desempenhar, diante
consolidao das transformaes do paradigma capitalista crescente em escala
mundial e seus reflexos nos diversos setores.
A escola capaz de fazer frente essa nova realidade garantir formao
cultural e cientfica, meios de reduo do desajuste social e preconceito para a
construo de uma sociedade onde os preceitos de justia e igualdade sejam
vividos por todos cidados. Esse conceito de escola tem base no pensamento
liberal democrtico introduzido pelos educadores da escola nova que defendeu a
escola pblica para todos, para que se alcanasse uma sociedade sem privilgios
impregnada com ideais de equidade. Outra influncia marcante se deu com a
larga divulgao dos pensamentos de Paulo Freire e de sua pedagogia libertadora
preocupada com os contrastes sociais determinados por fatores de ordem
econmica e poltica.
O desenvolvimento do Brasil a cerca da educao se fez muito tardiamente.
Seu processo de desenvolvimento e modernizao demorou a tomar rumos
significativos em prol da emancipao poltica nacional. Essa questo se explica
pelas suas caractersticas conservadoras de tratamento da prpria educao e
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das instituies que a legitima atravs da suas sistematizao (escolas), seus
meios de administrao, princpios e fins.
Durante o perodo colonial, a dominao jesutica na educao era
caracterizada pelo modelo autoritrio importado da Europa e pela sua restrio a
uma minoria, um grupo privilegiado economicamente, que privava os demais
brasileiros do direito de acesso aos conhecimentos sistematizados to importantes
para o desenvolvimento do sujeito e da coletividade.
O modelo autoritrio e conservador das prticas pedaggicas desse
perodo capaz de remeter a ideia de que, naquela poca, a organizao e
administrao das instituies de ensino eram permeadas por estes mesmos
princpios: relaes centralizadoras e verticalizadas, que reproduziam e
perpetuavam a condio social onde a diviso de classes era tomada como
condio natural. Aps o desmantelamento do sistema jesutico, este modelo
ainda se manteve por bastante tempo nos primeiros sculos de nossa histria.
Somente no sculo XX, com o crescimento dos processos de urbanizao e
industrializao, assim como em outros pases que sofreram influncias da
Revoluo Industrial, a educao brasileira ganhou nova conotao, pois a escola
se tornou elemento bsico para o desenvolvimento e modernizao do pas. No
que diz respeito gesto das instituies, nesse momento, teorias e modelos de
organizao e administrao empresariais, burocrticos, foram transferidos para
as escolas. Estes objetivavam, por vezes, neutralizar os aspectos polticos do
ensino tornando-os dissociveis do fazer pedaggico.
Durante o Regime Militar ficaram bastante evidentes na educao os
princpios de administrao escolar pautados nos modelos das empresas
capitalistas, em que operacionalizao de objetivos e produtividade eram
elementos indispensveis aos processos de gesto. Muitos trabalhos tericos
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sobre administrao escolar que configuravam esta concepo foram publicados
no Brasil. Porm, esses estudos sobre a escola como organizao de trabalho j
tinham precedentes. Na dcada de 30, os pioneiros da educao nova realizaram
pesquisas nesse campo de conhecimento, dando-lhe enfoque crtico capaz de
permitir a distino entre possveis concepes de gesto escolar em relao s
finalidades sociais e polticas da educao. Foram distinguidas assim: a
concepo sociocrtica, que dava nfase importncia das relaes da escola
com o contexto sociocultural e poltico e s formas democrticas de gesto; e a
concepo cientfico-racional, onde a escola era entendida como neutra s
realidades sociais, pautada numa estrutura organizacional hierarquizada e
tendente ao tecnicismo do momento.
Diante da resistncia do modelo de base autoritria, a administrao da
escola se fez como um instrumento de reproduo o modelo capitalista, acabando
por consolidar e manter os interesses conservadores das classes dominantes em
detrimento da ascenso da classe trabalhadora.
No entanto, nas dcadas de 70 e 80, apesar de as classes menos
favorecidas j terem acesso educao, ainda que limitado, presses sociais se
fizeram presentes requerendo o direito de mais vagas nas instituies e
permanncia nas mesmas, j que o problema do fracasso escolar tornava-se
notrio, e um de seus reflexos se traduziam nos altos ndices de repetncia e
evaso. Essa nova postura da populao brasileira se explica pelas alteraes
que se processaram no campo poltico, que se redemocratizava atravs das
eleies diretas de alguns governantes, suscitando assim o desejo de conquistas
cada vez maiores do exerccio do direito de tomar parte das discusses sobre os
interesses da coletividade. Mais que isso, a ideia de democratizao superava ao
conceito de escola para todos, a ela se inclua o pensamento de que a escola
pblica deveria ser um espao de vivncia democrtica e administrao
participativa.
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O novo conceito a que se convertia a sociedade se configura nas palavras
de Vitor Paro, quando emite crticas ao modelo conservador de administrao
escolar, apontando-a como ineficiente no pelo formato dos seus aspectos
tcnicos, mas pela sua negligncia ao direcionar tais tcnicas em prol de uma
poltica dominadora e controladora da instituio escolar e dos sujeitos que dele
fazem parte, a favor da manuteno do domnio poltico e econmico das elites.
o que determina o carter conservador ou transformador da
administrao a natureza dos objetivos que ela busca
concretizar, os quais em conjunto e como resultante das
foras sociais predominantes num determinado momento
histrico, de uma dada formao econmico-social acabam
por determinar a prpria forma em que se d a atividade
administrativa. (...) preciso, pois, resgatar, na teoria e na
prtica, a administrao enquanto momento fundamental no
processo de transformao social (PARO, 1988, p. 157).
Para os gestores da poca, o problema da ineficincia das redes pblicas
estava na administrao dos recursos para o alcance dos seus objetivos. E, s a
partir dos anos 90 o paradigma da gesto da escola pblica comea de fato a
sofrer mudanas com nfase na descentralizao, na diminuio dos nveis
hierrquicos, na insero da autonomia para o uso de recursos e controle de
resultados visando resoluo desses problemas.
A legislao desempenhou um papel marcante para que se legitimasse a
concepo de gesto das escolas com a participao efetiva das comunidades. A
Constituio de 1988, e mais tarde, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao
Nacional de 1996, contemplam a promoo de algumas reformas necessrias no
sistema escolar de modo a atender as peculiaridades das diferentes realidades
regionais e locais do pas, as diferentes clientelas e necessidades do processo de
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ensino aprendizagem. A gesto democrtica, a partir de ento, se faz como um
princpio bsico de organizao do ensino pblico. Numa proposta de construo
da cidadania se contrapondo a ideia de subalternidade, fundamental para a
ultrapassagem de prticas aliceradas na segregao que inviabiliza a construo
histrico-social positiva do sujeito. Desde ento, suscita com mais fora um dos
maiores desafios ensino pblico daquela poca e que perdura at os dias de hoje.
De acordo com os parmetros legais vigentes, a funo social da escola se
define no artigo 205 da Constituio Federal promulgada em 1988, momento de
efervescncia dos ideais de democracia na histria brasileira:
A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia,
ser promovida e incentivada com a colaborao da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para
o trabalho.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional 9394/96 se posiciona da
seguinte maneira:
Art. 1 A educao abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivncia humana, no
trabalho, nas instituies de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizaes da sociedade civil e nas
manifestaes culturais.
2 A educao escolar dever vincular-se ao mundo do
trabalho e prtica social.
Diante dessas determinaes, fica claro que a educao no deve se
restringir a uma minoria, nem a simples formao intelectual obtida pela
apreenso de conhecimentos acadmicos. A formao do homem deve ser muito
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mais ampla, ultrapassando o seu individual e abrangendo a coletividade em que
est inserido, que tambm sofre influncias de suas aes. A formao do
cidado nesses parmetros essencial para as transformaes sociais desejadas.
Os processos educacionais s sero verdadeiramente autnomos e
libertadores se forem capazes de atravs da disseminao dos conhecimentos
cientficos e construo de outros tantos, formar cidados dotados de criticidade
para compreender os papis que desempenham (histricos, culturais, sociais e
econmicos) na sociedade em que esto inseridos. Bem como ter a conscincia
da importncia do reconhecimento dos seus direitos e deveres como sujeito
transformador da realidade atravs da participao ativa nos processos sociais.
Esses preceitos configuram a formao do cidado para a autonomia.
Os objetivos das escolas, enquanto espaos de socializao, esto
explcitos atravs de alguns princpios publicados na Constituio da Repblica
Federativa do Brasil, no artigo 206. O texto a seguir no corresponde ao original
em sua totalidade, eles sofreram alteraes com a Emenda Constitucional n 53
de 2006, onde o princpio V obteve nova redao e o VIII foi includo lista.
Vejamos:
I igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola;
II liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a
arte e o saber;
III pluralismo de idias e de concepes pedaggicas, e coexistncia de
instituies pblicas e privadas de ensino;
IV gratuidade do ensino pblico em estabelecimentos oficiais;
V valorizao dos profissionais da educao escolar, garantidos, na forma
da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso pblico de
provas e ttulos, aos das redes pblicas;
VI gesto democrtica do ensino pblico, na forma da lei;
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VII garantia de padro de qualidade.
VII piso salarial profissional nacional para os profissionais da educao
escolar pblica nos termos da lei federal.
Para viabilizar tais atribuies, a formao discente dever abranger a
aquisio de conhecimentos, idias, habilidades e capacidades formais, bem
como a formao de atitudes e modos de comportamento, alm de possibilidades
e exigncias dos postos de trabalho e sua forma de organizao em coletividade.
Apesar do reconhecimento da importncia de se assumir uma postura
caracterizada como democrtica a favor do fim das desigualdades atravs de
prticas pedaggicas que valorizem a formao de um sujeito transformador, no
cotidiano das instituies ainda so utilizados mecanismos de socializao
pertencentes a um processo de doutrinamento ideolgico e de inculcao de
representaes particulares e idias dominantes, e do importncia secundria a
seus objetivos polticos e sociais, dando nfase aos estritamente econmicos.
As relaes existentes entre as aes da escola e seus reflexos no contexto
social em que est inserida no pressupe somente a realidade histrica
vivenciada e demandas polticas e econmicas, nesta dinmica se inclui a tomada
de deciso dos gestores da educao de forma prtica nas instituies de ensino,
nas suas formas de organizao e gesto singular adequada s necessidades
locais que deve atender. Diante disso, ao fazer uma reflexo sobre a funo da
escola, j no se pode mais tomar como principio bsico de que a educao tem o
mero dever da transmisso sistemtica conhecimentos acumulados durante
sculos, de fundamental importncia para o desenvolvimento intelectual do ser
humano. preciso compreender que seu papel vai alm de transmitir
conhecimentos, a escola tambm extremamente responsvel pela tarefa de
difundir valores que favoream a compreenso crtica dos seus fins na sociedade.
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Uma vez que a escola uma pequena representao de uma sociedade
mais ampla, sabemos que ela sofre um processo de transposio das
caractersticas dessa mesma sociedade a que pertence para o seu interior. Diante
disto, torna-se relevante lembrar que a escola espao de vrias contradies. E
que a tarefa dos educadores deve ser a de conciliar as exigncias sociais com os
ideais de educao transformadora. Pois ainda que a sociedade queira que a
escola forme profissionais para o mercado de trabalho e os educadores tambm
devem formar pessoas mais humanizadas, solidrias e capazes de intervir na
sociedade.
Como j pregava Paulo Freire, a educao no neutra. O trabalho
realizado dentro das escolas tambm no . E diante dessa no neutralidade
torna-se essencial compreender que o trabalho desenvolvido dentro das escolas
intencionalmente planejado e executado para atingir fins propostos. O trabalho
realizado na escola pode auxiliar a romper com a sociedade excludente ou ajudar
a conserv-la. A gesto escolar, elemento desse processo exercer influncia
determinante como poder local vinculado a outros poderes maiores, podendo
assumir diferentes dimenses polticas conservadoras ou progressistas,
assistencialista ou burocrtica, pois qualquer poder no pode ser exercido
isoladamente. A gesto escolar, portanto, em conjunto com outros poderes
organizar uma escola que poder ser autnoma ou subordinada, dependendo do
encadeamento de exigncias e contextos histricos sociais.
Enfim, a proposta de educao escolar publica do sistema educacional
brasileiro, como vimos, tem como um de seus princpios a gesto democrtica do
ensino pblico. Naura Syria Carapeto Ferreira, num texto recente salienta o
carter formador de cidadania da gesto democrtica:
a gesto democrtica da educao hoje, um valor
consagrado no Brasil e no mundo, embora ainda no
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totalmente compreendido e incorporado prtica social global
e prtica educacional brasileira e mundial. indubitvel sua
importncia como um recurso de participao humana e de
formao para a cidadania. indubitvel sua necessidade
para a construo de uma sociedade mais justa e igualitria.
indubitvel sua importncia como fonte de humanizao.
(FERREIRA, 2000, p.167)
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CAPTULO II
A GESTO DEMOCRTICO-PARTICIPATIVA
EM PROL DA QUALIDADE DE ENSINO
NO MBITO DAS ESCOLAS
Devido complexidade da organizao e gesto escolar torna-se
imprescindvel que, de acordo com sua perspectiva de trabalho, ela esteja pautada
em determinados conhecimentos e princpios que oportunizem uma estrutura
capaz de viabilizar a concretizao de seus objetivos atravs da interdependncia
da racionalidade no uso de recursos com a coordenao do esforo coletivo. A
concepo de gesto democrtico-participativa, objeto de estudo deste trabalho,
apresenta os seguintes princpios, segundo Libneo (2008, p.141):
1. Autonomia das escolas e da comunidade educativa;
2. Relao orgnica entre direo e a participao dos membros
da equipe escolar;
3. Envolvimento da comunidade no processo escolar;
4. Planejamento de tarefas;
5. Formao continuada para desenvolvimento pessoal e
profissional dos integrantes da comunidade escolar;
6. Utilizao de informaes concretas e anlise de cada
problema em seus mltiplos aspectos, com ampla
democratizao das informaes;
7. Avaliao compartilhada;
8. Relaes humanas produtivas e criativas assentadas na
busca de objetivos comuns.
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O autor ainda aponta a direo (rumo) como princpio e atributo da gesto
democrtico-participativa, pois a esta implica intencionalidade perante os objetivo
sociais e polticos da escola, o esclarecimento de sua funo social atravs da
influncia que exerce na formao dos sujeitos. No mbito das escolas,
imprescindvel uma direo consciente e planejada do processo educacional.
J vimos anteriormente que na histria brasileira as formas de gesto tm
se caracterizado pelo autoritarismo. Restringindo esse conceito ao mbito das
escolas, a gesto das instituies se fez por muito tempo sob a responsabilidade
de um gestor solitrio, nico detentor do poder de deciso. Tal forma convencional
de representao pouco contribuiu para a participao popular nos processos da
escola favorecendo a conscientizao de suas atribuies enquanto parte e
produto do processo educativo, num movimento de conquista da cidadania.
A atual proposta de gesto democrtica das escolas baseia-se na crena
da possibilidade de suscitar na sociedade anseios na busca pela conquista de
transformaes sociais positivas para todos os indivduos, a partir da
compreenso de certos conceitos como democracia, participao e autonomia, de
sabendo coloc-los em prtica no seu dia a dia, num movimento de ao e
reflexo contnua. um processo que objetiva a construo da cidadania.
2.1 Democracia, autonomia e participao: pela conquista da
cidadania.
Um processo de gesto democrtico-participativa que realmente objetive a construo da cidadania brasileira s se far efetivo na medida em que forem
desenvolvidas a autonomia e participao democrtica de todos, num clima e
estrutura organizacional que propiciem esta prtica em prol da emancipao. Para
tanto importante que haja entendimento dos conceitos apresentados a seguir.
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2.1.1 Democracia. No h um modo simples para se definir a democracia. Democracia, em
primeira instncia, se relaciona com o poder do Estado, para a garantida dos
direitos individuais e proteo da vida particular. Todavia, ela tambm necessita
do consenso da maioria dos cidados e do respeito s regras democrticas, e, ao
mesmo tempo precede do conflito de ideias e opinies que lhe conferem vitalidade
e produtividade. Segundo Edgar Morin,
exigindo ao mesmo tempo consenso, diversidade e
conflituosidade, a democracia um sistema complexo de
organizao e de civilizao polticas que nutre e se nutre da
autonomia de esprito dos indivduos, da sua liberdade de
opinio e de expresso, do seu civismo, que nutre e se nutre
do ideal de Liberdade/Igualdade/Fraternidade, o qual comporta
um conflituosidade criadora entre estes trs termos
inseparveis. (MORIN, 2004, p.108)
extremamente significante a participao de todos os cidados no s no
governo atuante, mas tambm nas escolas, para que as mesmas possam se
tornar de fato democrticas. Na concepo da gesto democrtico-participativa, a
democracia representa a participao, o direito de vez e voz do membro da
comunidade escolar por um trabalho coletivo e cooperativo que busca o alcance
de objetivos comuns atendentes s reais necessidades da maioria.
2.1.2 Autonomia.
o conceito de autonomia est etimologicamente ligado a de
autogoverno, isto , faculdade que os indivduos (ou as
organizaes) tm de se regerem por regras prprias [e de
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que] a autonomia pressupe a liberdade (e capacidade) de
decidir, ela no se confunde com a independncia [na
medida em que a] autonomia um conceito relacional [...] sua
funo se exerce sempre num contexto de interdependncia e
num sistema de relaes (BARROSO, 1998:16)
O exerccio da autonomia conceito fundamental da cidadania. Diante
disso, a escola que trabalha na perspectiva da gesto democrtico-participativa
precisa fortalecer seu lugar e funo de centro do processo educativo autnomo.
Ela no se restringir ao cumprimento de ordens do sistema, num exerccio
aleatrio de suas atribuies. Alm disso, no seu interior em que sero
determinados os seus principais compromissos com o contexto em que est
inserida. Esse movimento tambm implica a livre escolha coletiva de objetivos,
metodologias e ambiente de trabalho.
Vale salientar que o conceito de autonomia, nas escolas de gesto
democrtico-participativa, fundamentar a consolidao do conceito de
participao, porque ela se impe s formas autoritrias de tomada de deciso. A
construo da autonomia pode ser concretizada pela participao, porque ela
oportuniza s pessoas o controle do prprio trabalho, levando-as a se assumirem
como agentes responsveis pelos seus resultados.
2.1.3 Participao.
A participao veculo principal para o exerccio da gesto democrtico-
participativa. ela que assegura o envolvimento dos profissionais da escola e
seus usurios nos processos de tomada de deciso e organizao do
funcionamento das instituies. Ela proporciona maior intimidade com os objetivos
educacionais estabelecidos e com a dinmica que lhes daro viabilidade, alm
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favorecer relaes mais prximas entre a prpria escola e a comunidade a quem
deve estar a servio, entre professores, pais, alunos e outros atores.
No entanto, a participao s tem sentido para o indivduo quando sua
causa pode ser julgada como relevante, e no como uma mera colaborao sem
acarretar senso de compromisso. O compromisso com a participao s se d
com a perspectiva de construo de algo pertencente a todos e proporcionando
benefcios para cada um, num sentido de realizao coletiva e individual ao
mesmo tempo.
A participao a principal condio para a gesto democrtico-
participativa, so interdependentes. Ambas fundamentam a organizao da escola
e sua cultura, porm a participao ser determinada pelo clima estabelecido na
instituio, podendo ser estimulador ou no.
Cabe aqui ressaltar a fundamental importncia da gesto da escola zelar
pelo clima organizacional construdo no espao da instituio. preciso que seja
estabelecido um ambiente em que as pessoas sintam-se vontade, gostem e
tenham o prazer de fazer parte e participar. Para isso, fundamental que alguns
elementos faam parte da escola, dentre eles:
Finalidades e objetivos da escola devem sempre estar claros, bem
definidos e sendo do conhecimento de todos;
Senso de responsabilidade pelas aes tanto do coletivo quanto do
individual;
Valorizao e respeito das diferenas entre os iguais de forma a
contribuir com a pluralidade de saberes;
Colocao das pessoas enquanto sujeitos capazes de se comprometer
e participar com autonomia;
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26
Mediao dialtica dos conflitos pela busca da negociao que contribua
para um fim positivo;
Informao sempre tratada com transparncia;
Cultivo ao respeito profissional acima das divergncias.
Uma mudana de paradigmas requer mudana de valores, o que no
uma tarefa fcil. Trata-se de algo abrangente que prescinde, entre tantos
elementos anteriormente apontados, da formao de boa qualidade do gestor
associado um trabalho coletivo que busque incessantemente a autonomia,
liberdade, emancipao e a participao na construo da proposta da instituio.
Perceberemos ainda, que na gesto democrtico-participativa o gestor,
despido da solido, necessitar de habilidade no tratamento das adversidades
das relaes entre os membros, que comumente gera situaes conflituosas
devido as possveis divergncias de idias. Ele dever se esforar para encontrar
alternativas de aes que vo ao encontro dos interesses da comunidade escolar.
E, principalmente dever compreender que a qualidade da escola pode alcanar
maiores nveis mediante a participao ativa de todos membros da comunidade,
que o respeito individualidade/diversidade so essenciais para a conquista de
elementos enriquecedores do trabalho coletivo.
2.2 A comunidade escolar e os possveis papis na participao
A forma de gesto da escola pblica de importncia singular para que a
comunidade a quem presta seus servios encontre nessa instituio
correspondncia dos seus anseios relacionados educao. Tornar possvel o
exerccio da participao, da autonomia e da democracia prev grande
responsabilidade. A prtica da gesto escolar democrtico-participativa exige
aes bem coordenadas e administradas.
-
27
A participao de cada um no deve ser dada de forma aleatria, sem
finalidade planejada e assim configurando-se em uma falcia. Para tanto, se faz
necessrio o entendimento que cada segmento escolar pode contribuir de uma
maneira especfica na gesto. A seguir sero apontadas algumas atribuies que
cada segmento pode colocar em prtica promovendo o exerccio da participao
democrtica na gesto escolar.
2.2.1- O papel do diretor
O diretor escolar, atualmente melhor reconhecido como gestor, confere o
desafio de elaborar um planejamento estratgico que facilitar o envolvimento de
todos os segmentos da unidade escolar na implementao das mudanas
proporcionadas pela nova concepo de gesto. Dever suscitar nas pessoas a
conscincia da importncia da participao de cada um na dinmica escolar, e
que a responsabilidade do sucesso da escola j no se restringe unicamente ao
seu trabalho, que o poder de deciso sobre os rumos da escola um
compromisso coletivo.
Ele tem a responsabilidade de exercer um trabalho de liderana na
articulao da participao, suas aes e tomadas de deciso que se
desenvolvero em grupo. Igualmente, dever ser capaz de prever conflitos e
meios de como enfrent-los. Nesse sentido, haver emprego de esforos para a
criao de um clima acolhedor que viabilize o trabalho educacional, firmando
estreitas relaes entre alunos, professores, pessoal de apoio, pais e comunidade
do entorno da escola, mediando a construo de uma identidade para a unidade
escolar.
Da mesma forma lhe conferida a funo de administrar espaos e
recursos, elaborar planos de ao para utilizao dos mesmos, gerir equipes,
garantir a formao continuada dos profissionais da escola e fazer uso da
-
28
tecnologia para uma melhor comunicao entre os profissionais da escola e seus
usurios.
Todas atitudes do gestor devero estar comprometidas com a qualidade
dos processos de ensino-aprendizagem. O gestor escolar sempre procurar
organizar o trabalho pedaggico de modo a garantir o desenvolvimento dos
sujeitos em vrios aspectos (social, poltico, intelectual e humano), considerando
as adversidades inerentes realidade da escola, da comunidade, enfim da
sociedade.
2.2.2 O papel dos professores.
A participao dos professores na gesto escolar democrtico-participativa
exerce influncia positiva na medida em que atuam organizados coletivamente,
promovendo discusses e anlise da problemtica pedaggica que vivenciam e
podendo compartilhar com outros segmentos da escola suas concluses que
facilitaro no apontamento de meios para a resoluo de problemas. Os
professores, quando se percebem como parte responsvel pelos processos de
tomada de deciso da gesto da escola, se sentem mais compromissados com
sua misso educativa.
Ainda se referindo aos procedimentos voltados para a prtica pedaggica
propriamente dita, os professores tm direito participao na avaliao de
programas, seus modos de implementao e resultados, na escolha de livros
didticos, elaborao de planejamentos e proposta da escola, etc. Da mesma
forma, essencial participao dos professores na organizao da escola em
termos de tempo, espaos e possibilidades. Eles devem tomar parte nas decises,
que se referem formao de turmas, oferecimento de cursos, sobre os aspectos
disciplinares, uso de recursos, etc.
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29
Tambm um imperativo as relaes que os professores estabelecem com
os estudantes, pais e outros membros da comunidade escola, pois traduz-se em
elemento favorecedor do clima organizacional da unidade de ensino. Atravs
desse contato, ele coopera na para a instalao da proposta democrtico-
participativa, disseminando o entendimento da importncia da participao como
um direito, uma prtica de cidadania.
2.2.3 O papel dos pais
A participao dos pais e outros responsveis de extrema necessidade
para o sucesso dos processos de ensino e aprendizagem. Alm disso, o direito
legal deles, definido no Estatuto da Criana e do Adolescente, de participar da
educao dos filhos tambm no seu contexto formal.
Os pais, assim como os professores, so responsveis pela misso de
educar, e compartilhar esta responsabilidade contribui significativamente para a
melhoria da qualidade do trabalho pedaggico. Cabe a eles buscar informaes
sobre a educao dos estudantes, assumir a responsabilidade no confronto dos
problemas e no controle dos resultados do trabalho pedaggico.
A participao dos pais no deve se limitar ao envolvimento nos processos
diretamente voltados para a relao professor-aluno. Sua participao no deve
ser resumida a presena em atividades festivas ou reunies para divulgao de
resultados de avaliaes, da situao do desempenho dos estudantes, problemas
com indisciplina, etc. Todos aspectos da instituio devem ter relevncia para os
pais, eles devem ter fcil acesso escola, conhecer seus aspectos educativos,
organizacionais e financeiros.
Os pais tambm podem e devem assumir um papel ativo na gesto escolar,
tanto nos processos de tomada de deciso, fazendo reivindicaes, dando
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30
sugestes na construo da proposta educativa, quanto no acompanhamento e
controle da consolidao de estratgias definidas pelo coletivo, e avaliao das
mesmas, seu desenvolvimento e resultados.
2.2.4 O papel dos funcionrios
Assim como os professores, os demais funcionrios da escola (porteiros,
merendeiros, inspetores, auxiliares, etc.) devem ter garantido o seu direito de
participao nas tomadas de deciso da escola, visto que estes tambm
contribuem significativamente para o desenvolvimento da dinmica escolar.
O processo educativo dos estudantes tambm sofre influncia das relaes
estabelecidas entre eles. Portanto, tais atores tambm devem estar
comprometidos e conscientes do papel que desempenham, pois so elementos de
grande valor para a manuteno de um bom clima organizacional.
Quando os funcionrios da escola se percebem em situao de conforto
material e relacional para o cumprimento de suas atribuies profissionais e/ou
quando veem suas opinies sendo validadas, seus esforos para a garantia de um
trabalho de qualidade se expandem, devido valorizao concebida no somente
ao prestador de servios, mas ao sujeito e cidado.
2.2.5 O papel dos estudantes.
Sendo o estudante o centro da ao educativa, principal elemento da
instituio escolar, cabe a ele estar ciente dos processos que resultam na sua
formao, reconhecer os problemas que fazem parte do cotidiano e suas
implicaes, para que possam exercer sua participao comprometidamente.
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31
No cotidiano do estudante tem de se fazer valer o seu direito de conquista
da cidadania, preciso que este se efetive j no mbito da escola. A ida do
estudante escola no pode ser restrita somente ao aprendizado. Sua
participao em processos de gesto escola d autenticidade democracia, que
normalmente vista como um objeto a ser conquistado num momento futuro.
fundamental que o estudante tenha condio para participar tanto
individualmente, como em grupo, da gesto escolar. Diante disso torna-se
relevante a formao para a participao. A prpria escola e os pais devero se
dedicar conscientizao dos estudantes a respeito do direito e dever de
participar, em funo da educao para a democracia, para a cidadania, a servio
do bem comum.
A participao dos estudantes tambm deve se estender s crianas. J na
infncia o indivduo capaz de participar de decises no cotidiano escolar, que
com o tempo ganhar maturidade para a participao em situaes mais
complexas. Apontar crianas como membros participantes da gesto da unidade
escolar das quais elas mesmas so alvo pode conotar uma viso romntica de
prtica democrtico-participativa de gesto. Porm, tambm um caminho para a
superao da histria de excluso da participao dos estudantes de qualquer
faixa etria.
Como vemos, a participao da comunidade escolar nos processos
decisrios das escolas pblicas um via para a prtica da democracia na gesto.
Sua consolidao s se efetivar mediante mudanas nas pessoas em relao a
umas s outras e em relao aos papis desempenham e como os interpretam, o
juzo de valor a que lhes confere.
A gesto democrtico-participativa enquanto prtica concreta nas unidades
escolares contribui fortemente para a significao do seu carter pblico, ao passo
-
32
em que a sociedade estabelece controle sobre tal instituio atravs da liberdade
para se expressar, criar e se organizar coletivamente.
2.3. Instrumentos normativos da gesto escolar democrtico-
participativa e seus desafios
Diante do imperativo da regulamentao da gesto democrtica nas escolas da rede pblica de ensino conferida pela Lei de Diretrizes e Bases
9394/96, as unidades escolares devero cuidar para que instrumentos legais e
normativos viabilizem os mecanismos participativos nas instituies. A
regulamentao de Conselhos Escolares e do Projeto Poltico Pedaggico
favorecem a efetiva implementao da atual concepo de gesto que se quer
instaurar. Alm desses elementos, percebemos como urgente a normatizao da
escolha dos dirigentes escolares, assunto no abordado na LDB.
Os instrumentos normativos pretendem garantir processos de discusso e
tomada de deciso na coletividade a respeito do cotidiano da escola, pela busca
da autonomia na criao de suas prprias diretrizes. Entretanto, precisamos estar
cientes de que esta proposta no significa estabelecer uma autonomia baseada na
a idia de liberdade total ou de independncia. Considerar os diferentes agentes
sociais que fazem parte da organizao educacional de vital importncia. A
implementao real da proposta deve ser muito bem trabalhada, para que as
decises no sejam manipuladas. A participao exige cuidado no trato com os
conflitos, com os descaminhos, pois a falha na coordenao do processo pode
levar a um determinado grupo ao domnio da situao, desapropriando a gesto
do seu carter democrtico.
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33
A organizao escolar verdadeiramente comprometida com a
implementao da gesto democrtico-participativa dever usar de um
pensamento sistmico pela promoo da mudana do paradigma caracterizado
pelo autoritarismo e subservincia. Portanto, torna-se fundamental a escola ser
conscientizada de que precisa estar sujeita a mecanismos de controle e
fiscalizao pela prpria sociedade, pois democracia tambm implica
responsabilidade e autoridade. Esse movimento dever preceder do
desenvolvimento de um aprendizado colaborativo entre as pessoas. Nesse
sentido, os instrumentos citados anteriormente estaro a servio dos direitos e
deveres democraticamente discutidos e definidos como primcias para o
cumprimento da funo social da escola, de contribuir efetivamente na afirmao
dos interesses coletivos.
Vejamos, ento os principais instrumentos de regulamentao da prtica de
gesto escolar democrtico-participativa nas escolas da rede pblica de ensino e
os desafios pertinentes aos mesmos comuns s unidades escolares.
2.3.1 A escolha do diretor/gestor
Quando se fala em democratizao das prticas de gesto das escolas pblicas, por muitos anos a primeira proposta para a mudana se pautava na
escolha do diretor atravs de eleies diretas. Havia a ideia que a escolha do
gestor por sua comunidade seria uma condio para a realizao de aes que
visassem a melhoria da qualidade das escolas e seus processos de ensino
aprendizagem, atravs da utilizao responsvel de recursos por algum confivel
e que conhecia a realidade da escola e da comunidade local. No entanto, ainda
que houvesse escolha, a maioria apresentava postura anti-democrtica sobretudo
quando encarnavam o poder centralizando as deciso sem a participao do
coletivo, no correspondendo s intenes de democratizao.
-
34
A escolha de dirigentes escolares por processo de eleio realmente se
configura em um mecanismo para a implementao da gesto democrtico-
participativa nas instituies de ensino pblico. Porm, sua importncia, como
ficou claro anteriormente, no se esgota no ato em si, mas na associao de
outros elementos que a acompanha, como a mobilizao das pessoas para
conhecer candidatos, a qualificao, competncia, experincia profissional e
proposta de trabalho, alm dos questionamentos que do relevncia as
passagens cotidianas da escola e sua amplitude. Uma outra opo democrtica
de escolha de diretores so os concursos pblicos, onde os candidatos tomam
posse do cargo por mrito de aprovao em avaliaes classificatrias.
Infelizmente, ainda predomina nas escolas pblicas do pas a nomeao
para cargos de diretores por prefeitos e governadores, o que gera um entrave na
efetivao de uma gesto comprometida apenas com os interesses da
comunidade, pois acaba por atender a convenincias e interesses polticos-
partidrios.
2.3.2 Os Conselhos Escolares
O Conselho Escolar, como alternativa de regulamentao da proposta de
gesto democrtico-participativa nas escolas pblicas infere cultura da escola
progressivos graus de autonomia pedaggica, administrativa e de gesto
financeira. Ele deve admitir a instituio escolar como um espao em funo da
cidadania para alm dos seus muros, concebendo-a como um bem pblico a
servio dos interesses da comunidade em que est localizada.
Por outro lado, o Conselho Escolar pode ser entendido como um parceiro
da escola, pois ambos compartilham do mesmo objetivo e dividem
responsabilidades, expandindo as chances de acertos em relao ao bem
sucedido desenrolar das funes pedaggicas e administrativas da escola e seus
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35
reflexos positivos na localidade onde est situada. Nele se promove o encontro
dos sujeitos para exposio de opinies, discusses e consenso.
As escolas, mediante suas especificidades de cultura organizacional,
atribuem aos conselhos diferentes sentidos para a participao da comunidade
escolar e local na gesto da escola. Algumas adotam-no como colegiado
deliberativo, consultivo, fiscal e mobilizador, compondo a equipe de gesto por
regulamentao do seu regimento. H outras escolas que confere a diferentes
entidades civis, como associaes de pais e mestres, ou outras similares, com
institucionalidade independente da escola as mesmas atribuies dos conselhos.
De acordo com a sua natureza, os Conselhos Escolares apresentaro
variaes na sua regulamentao. Como foi visto, os integrados a estrutura da
escola so regulados pelo regimento da escola, obedecendo as normas gerais do
sistema de ensino. J os que so constitudos por entidades independentes
possuem estatuto prprio. Porm, em ambos os casos h cuidado no
detalhamento de suas competncias, composio e funcionamento.
Os conselhos podem representar para as escolas concepes variadas
sobre suas competncias. De acordo com o Programa Nacional de
Fortalecimento dos Conselhos Escolares (2004, p.44) eles acabam por exercer
funes deliberativas, ao passo que decide, delibera, aprova e elabora;
consultivas, por ter o poder de opinar, emitir parecer, discutir e participar; fiscais,
porque fiscaliza, acompanha, supervisiona e aprova prestao de contas; e
mobilizadora, por apoiar, avaliar, promover, estimular e outros no-includos
acima.
H uma convergncia de princpios quanto a representatividade dos
segmentos escolares nos conselhos ou entidades com atribuies equivalentes.
Normalmente eles se dividem em uma parte constituda pelos prestadores de
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36
servios da escola (direo, professores, especialistas e demais servidores) e
outra pelos usurios (pais, estudantes e membros da comunidade local). Do
mesmo modo, a forma de escolha dos representantes segue uma linha comum,
esta se d atravs de eleio de um membro para cada segmento. Para
representantes estudantis geralmente h limite mnimo de idade para direito a voto
e representao (entre os 12 e 16 anos). O diretor da escola membro
incontestvel, de presena e permanncia definitiva, fato que, por vezes, pode
acarretar uma via para a legitimao das vontades da direo da escola, ao
que se desvia dos princpios da gesto democrtico-participativa.
A presidncia ou coordenao do conselho pode ser exercida pelo diretor
da Unidade Escolar ou eleita por seus membros. Nos sistemas de ensino em que
o gestor da escola escolhido por eleies ou pelo prprio conselho, este
geralmente preside o conselho, todavia quando o gestor indicado pelo governo,
o presidente do conselho, na maioria das vezes, eleito pelos pares. Os dados
desta afirmao so fornecidos por pesquisa contida no Programa Nacional de
Fortalecimento dos Conselhos Escolares (2004, p.50).
O mais importante que se tem a colocar sobre os Conselhos Escolares o
fato de estes desempenharem um papel fundamental no envolvimento dos atores
sociais no cotidiano das escolas em prol da prtica participativa e democrtica na
sua gesto, assumindo um carter de promotor da cidadania ativa.
2.3.3 O Projeto Poltico-Pedaggico
Outro importante mecanismo a favor da gesto democrtico-participativa
a elaborao do Projeto Poltico-Pedaggico, um documento orientador da prtica
das escolas, onde esto detalhados os objetivos da instituio, seus
compromissos sociais, polticos e pedaggicos. Tal instrumento define as
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37
diretrizes da escola e as aes que permearo o desenvolvimento do processo
educativo para que cumpra sua intencionalidade.
Por consistir em uma tarefa de planejamento, o PPP se traduz em uma
atividade de previso de aes, de procedimentos, recursos e tempo necessrios
a sua execuo. No entanto, tal documento dotado de flexibilidade,
caracterstica que o permite, durante o seu processo de implementao prtica,
estar em constante avaliao, para verificar se as aes esto correspondendo ao
que foi previsto, levando reflexo e gerando mudanas favorveis ao alcance
dos objetivos estabelecidos, caso haja necessidade de correo de
irregularidades.
A construo do Projeto Poltico-Pedaggico uma determinao da LDB
9394/96, que pressupe caracterizar e singularizar, na sua execuo,
acompanhamento e avaliao, a identidade de cada instituio de ensino. Ele a
expresso da cultura da escola, que se recria paralela ao seu desenvolvimento.
Nele ficam evidenciados valores, crenas, significados, modos de pensar e agir
das pessoas que o elaboram. Ele apresenta um conjunto de princpios e prticas
que reflete esta cultura to particular, e a recria ao traar coordenadas para intervir
na realidade transformando-a na mais adequada possvel para o atendimento de
necessidades coletivas e individuais. Ainda vale advertir que a construo da
identidade da escola atravs do PPP no se restringe adoo de uma linha
filosfica construtivista, libertadora, ou qualquer outra, apesar do grande valor
que representam para o direcionamento das aes pedaggicas pois, por vezes,
essa escolha acaba se transformando em um rtulo representado somente na
teoria do projeto e sem manifestao prtica de mudana da realidade.
O Projeto Poltico-Pedaggico, enquanto estratgia fiel gesto
democrtico-participativa, tem o dever de admitir verdadeiro sentido ao termo
poltico de sua nomenclatura. A princpio, pode-se pensar que esse termo se
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38
refere ao sentido da ao pedaggica, que inevitavelmente, uma ao poltica,
de modo ento, a revelar certa redundncia no termo. Neste caso, porm, ao
termo dever ser dada uma conotao fazendo referncia ao sentido do
posicionamento em conflitos na busca do bem comum, em outras palavras, o
termo poltico dar validade a participao de todos os segmentos da escola na
sua construo, de forma impretervel.
A participao de todos os segmentos da escola na elaborao do Projeto
Poltico-Pedaggico ainda no se configura em sua plenitude na grande maioria
dos cenrios escolares. Habitualmente o PPP elaborado por um pequeno grupo
da escola, constitudo pelos gestores, equipe tcnico pedaggica e alguns
professores, concludo o texto, este exposto aos demais membros da
comunidade escolar (dificilmente se incluem pais e estudantes) para aprovao ou
no aprovao. Este ltimo momento caracteriza-se em uma atitude fantasiosa, de
modo que dificilmente os atores interpem sua autoridade e direito de opinar nas
diretrizes j estabelecidas por j perceberem como minimizada a importncia do
seu papel nos processos decisrios da instituio suscitando ento, um
ambiente desfavorvel ao clima organizacional, conscincia poltica e, sobretudo,
ao exerccio democracia.
A construo do Projeto Poltico-Pedaggico com a participao uma
oportunidade mpar de a comunidade perceber-se como responsvel pela
qualidade da escola. A articulao desta participao exige organizao, embora
reconheamos que no h tcnica ou metodologia de construo do PPP. Cabe
ento, a cada gestor buscar meios de faz-la acontecer, partindo do princpio de
que as pessoas so capazes de se comprometer e participar de forma
significativa, manifestando seus desejos a partir das impresses que adquirem
com a leitura que fazem da realidade.
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Celso Vasconcellos apresenta uma forma de construo do Projeto Poltico-
Pedaggico, baseado no principio do Planejamento Participativo, vivenciada em
algumas instituies e que tem se revelado de grande pertinncia:
De incio, preciso uma viso geral sobre os passos do
processo de elaborao e aplicao do Projeto Poltico-
Pedaggico, desde o surgimento da sua necessidade at a
avaliao de conjunto. A metodologia de elaborao do projeto
no Planejamento Participativo baseada em perguntas que
so feitas tendo como referncia as dimenses consideradas
fundamentais para a instituio. A partir das questes
elaboradas pelo prprio grupo, cada membro convidado a se
posicionar pessoalmente por escrito; as contribuies
individuais so organizadas em textos, que vo a plenrio,
onde, mais uma vez, e agora de forma coletiva, cada um e
todos podem se posicionar e debater. (VASCONCELLOS,
2006, p. 42)
Em relao s etapas apontadas, ainda salienta a necessidade de
sensibilizao de todos os segmentos da escola como uma etapa de preparao
para a construo, com o interesse de provocar o desejo da participao e a
importncia da contribuio de cada um. E que este perodo preparatrio deve
contemplar o dilogo reflexivo sobre a percepo dos atores escolares frente s
realidades do dia a dia da instituio, como, por exemplo, como as aes da
escola tm repercutido nos estudante ou sobre como a falta de uma linha comum
de atuao dos professores reflete no coletivo, no que realmente se deseja
alcanar. Tambm deve ficar claro que a participao coletiva na elaborao no
significa que todos sero responsveis por todas as aes, a cada autor ou grupo
de autores competiro certas atribuies.
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40
A construo do Projeto Poltico-Pedaggico exige organizao, para tanto
uma equipe de coordenao dever estar segura da sua proposta de elaborao,
dominar tcnicas e etapas de realizao, para ter domnio do processo e sua
conduo. Vasconcellos ainda aborda a importncia da clareza na expresso das
ideia e a fidelidade na transposio das mesmas no texto escrito, dando
credibilidade a participao, alm do emprego de linguagem de fcil entendimento
que possa falar por si s. Concludo o documento, comea um novo desafio, o de
lhe dar vida no cotidiano escolar, atravs da criao de contingncias que
possibilitem o avano de uma educao realmente democrtica e transformadora.
Diante de tantas proposies, como tm repercutido os processos de
implementao da gesto democrtico-participativa em instituies de ensino
pblico, visto que h diversidade na organizao e desenvolvimento do trabalho
pedaggico, e que cada escola ou sistema de ensino apresentam peculiaridades
de sua cultura na prpria gesto? H um movimento de adoo desta concepo
baseada na relao orgnica da direo e a participao de membros da
comunidade escolar em sua totalidade, acentuando a importncia da busca de
objetivos comuns assumidos por todos? A utilizao efetiva de estratgias pela
qualidade dos processos de ensino e aprendizagem e da transformao social
pela conquista da cidadania? No prximo captulo, ser abordada a questo da
gesto escolar democrtico-participativa na realidade de escolas da rede pblica
de ensino localizadas em alguns municpios da regio metropolitana do Estado do
Rio de Janeiro, seus caminhos e descaminhos.
-
41
CAPTULO III
O OLHAR DOS ATORES ESCOLARES FRENTE
S REALIDADES DE GESTO DAS ESCOLAS PBLICAS
que a democracia, como qualquer sonho,
no se faz com palavras desencarnadas.
Paulo Freire
Diante da preocupao quase que mundialmente generalizada a cerca da
adequao da funo das escolas aos novos parmetros sociais, podemos
perceber que, paulatinamente o sistema de ensino brasileiro tem procurado em
encontrar meios para se qualificar. Entre tantas medidas de cunho organizacional,
administrativo, de aplicao de recursos financeiros e avaliativos, um dos
pressupostos para tanto, como vimos no primeiro captulo, estabelecida pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, a gesto das escolas na
perspectiva democrtico-participativa.
Nesse sentido, primeiramente, fundamental entender que a qualificao
das escolas tem total ligao com o conceito de qualidade social, pois uma escola
de qualidade, ofertar educao de qualidade, uma educao baseada na inter-
relao de sua qualidade formal atravs do domnio de conhecimentos e
desenvolvimento de capacidades (cognitivas, operativas e sociais), com sua
qualidade poltica, que visa a incluso como meio para a transformao social.
Portanto, neste ltimo captulo faremos reflexes sobre a diversidade das
prticas polticas e pedaggicas de escolas pblicas, na busca da sua
-
42
qualificao, dando enfoque privilegiado as estratgias de gesto pela
implementao dos princpios de democracia e participao, pela significao dos
processos de ensino e aprendizagem e formao para a cidadania.
3.1 As escolas e seus diferentes processos de gesto democrtico-participativa
Para a coleta de informaes que favorecessem uma leitura sobre os
processos de gesto das escolas pblicas, foi realizada uma pesquisa entre
educadores (anexo 1, Questionrio). A maioria desses colaboradores atuante na
rede municipal das prefeituras de Niteri e So Gonalo, do grupo tambm houve
pequena representao dos municpios de Itabora, Mag e Maric, todos
municpios da Regio Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Ressalto que
este estudo no pretendeu realizar uma avaliao baseada em dados
quantitativos, este teve como objetivo, atravs da anlise das respostas
concebidas, investigar as variaes dos modos de gesto democrtico-
participativa, se realmente h um movimento pela incorporao dessa concepo
s culturas das escolas da rede pblica de ensino. Igualmente foram verificados
os desafios enfrentados pelas escolas nos seus processos de democratizao.
Realizada a pesquisa, foi possvel perceber primeiramente que cada escola
da rede pblica de ensino ainda que, sob olhar cuidadoso de instncias superiores
(MEC, Conselho Federal e Secretarias Municipais de Educao), todas buscam
melhores estratgias para a qualificao da funo do seu trabalho, adequadas ao
seu perfil. No entanto, h semelhanas nos processos de gesto das escolas
pertencentes a uma mesma rede, ainda que cada Unidade Escolar apresente
identidade prpria associada s caractersticas pertinentes a comunidade local.
-
43
O reconhecimento da importncia do cumprimento s determinaes legais
expressas pela Constituio e pela LDB, mostrou-se como fundamental a todos os
entrevistados, visto que o regimento da educao das cidades tambm apontam
para este sentido. No entanto, o que diz respeito a prtica das polticas pblicas
em favorecimento a adequao ao cumprimento da lei h controvrsias. Houve
muitas expresses de que estas ora se encontram a favor da democratizao e
em outras ocasies agem em sentido contrrio. A exemplo disso, a escolha dos
diretores, sendo em alguns municpios por meio de eleies e em outros, esse
processo se efetua por nomeao de cargo de confiana um problema
mencionado no captulo 2 que se mostra como fato concreto e tema de discusso
provocador de indignao nos educadores.
Como j vimos, a indicao poltica acaba por refletir nas escolas uma
gesto comprometida com interesses partidrios, que trabalhar em funo de
agradar seus padrinhos, nunca indo de encontro aos seus mandos, e assim se
apropriando de uma postura submissa s instncias maiores, e omissa perante os
demais servidores e os usurios da escola, j que no se prope a lutar pelos
interesses comuns da coletividade. Por vezes, essa postura omissa vem
acompanhada de autoritarismo quando o assunto cumprimento de ordens
advindas dos polticos: no h discusso nem negociao, apenas comunicados.
Um entrave para a prtica da gesto democrtico-participativa.
Os municpios de Niteri e de So Gonalo, sendo to prximos,
apresentam realidades bem distintas nesse sentido: no primeiro h a eleio de
dirigentes, no segundo ainda se tem a prtica da nomeao.
A autonomia concebida aos estados e municpios sobre essa questo,
parece no ter resultado to positivamente, pois na prtica tem ferido os princpios
democrticos de gesto. O que nos leva a entender que preciso haver
regulamentao dos processos de escolha dos gestores escolares, mesmo que
-
44
haja mais de uma opo (eleio ou concurso), mas que seja excluda a hiptese
de nomeao para esse cargo definitivamente.
Da mesma forma, foi abordada a questo da participao dos membros da
comunidade escolar. Considerando que a maioria dos entrevistados foi constituda
de professores (profissionais que normalmente tm uma viso de totalidade da
dinmica da escola, talvez at maior do que a do gestor, porque parecerem estar
em posio mediadora entre o gestor e equipe tcnico-pedaggica com os
estudantes e seus responsveis) suas impresses a respeito da participao que
exercem na gesto foram positivas. Ficou claro que os professores tm poder de
opinar, avaliar e decidir, sobre aspectos pedaggicos, organizacionais,
administrativos, de usos de recursos financeiros e outros que possam surgir. No
dia a dia, as reunies de planejamento so os momentos em que dada nfase
na participao, que se estende a ocasies especiais como construo do Projeto
Poltico-Pedaggico, no estabelecimento das prioridades de gastos de recursos
financeiros provenientes de programas e projetos do Governo Federal, etc.
Quanto a participao dos pais, esta ainda se mostrou muito restrita s
reunies bimestrais e aos eventos de culminncia de projetos didtico-
pedaggicos (festas, feiras, festivais). Esta situao se explica pela grande
dificuldade que os pais das classes trabalhadoras tm para participar de reunies
nas escolas tanto por razes econmicas, como por cansao fsico, ou at mesmo
por no se sentirem responsveis pelo desenvolvimento dos filhos, por no serem
conscientes da importncia do seu envolvimento nos processos de educativos.
Tal dado tambm se justifica historicamente, porque durante muito tempo, a
presena dos pais era desprezada por todos os segmentos da escola (professores
inseguros, professores comprometidos, os prprios estudantes...), devido uma
ideia equivocada de que no tinham nada a acrescer nos processos de ensino dos
seus filhos, sua presena era evocada somente para resoluo de questes de
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fins disciplinar ou burocrtico. Somente coma difuso das teorias dos
escolanovistas, entre eles Dewey, Freinet e Wallon, que insistiram na necessidade
de relaes regulares entre a famlia e a escola. Mas foi s a partir do movimento
estudantil de 68 no Brasil, que os pais foram efetivamente admitidos a participar
na gesto escolar, passando a serem considerados parceiros na tarefa de educar
formalmente.
Hoje, embora essa participao na gesto no seja to tenaz, ela surte
efeitos importantes no elemento principal dos processos escolares, o estudante.
Os pais precisam se desfazer do sentimento de inferioridade que apresentam
diante dos professores, como profissionais da educao. E, no mesmo sentido h
de se valorizar sua liberdade educativa. Estes sujeitos devem entrar na escola
com a conscincia de serem cidados dotados do direito de usufruir dos servios
de qualidade e do dever de se envolver na gesto, enquanto co-responsveis por
um servio pblico fundamental para o desenvolvimento de seus filhos e da
sociedade como um todo.
J a participao direta dos alunos na gesto foi apontada com ausente na
maioria das escolas. Seus anseios tm representatividade direta no interior das
salas de aula, podendo propagar-se at o gestor somente na voz do professor.
Uma indicao de descuido pela educao para a cidadania participativa. Pois a
escola tem o dever de levar o estudante a compreender a sua realidade, sendo
capaz de reconhecer problemas e tomar posio participativa nas tomadas de
decises dos assuntos que lhe dizem respeito.
Alguns educadores justificaram a no participao ao descrever a clientela
da Unidade Escolar, quando se tratava de crianas entre 0 e 5 anos, Educao
Infantil. No entanto, h de se criar a concepo de que o estudante deve ter direito
responsabilidade na participao proporcional sua capacidade, no o privando
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de desenvolv-la gradativamente, o que lhe proporciona melhor amadurecimento
para se colocar frente aos desafios.
Por outro lado, ficou claro que na Educao de Jovens e Adultos essa
participao toma maiores propores. Mais conscientes de seus direitos e
deveres, os estudantes colocam-se apresentando sugestes e opinies sobre a
dinmica das escolas.
Um exemplo positivo de participao de estudantes na gesto de escolas
pblicas acontece no municpio de Itabora. Fato relatado em um dos
questionrios e divulgado pelo site da Secretaria de Educao da cidade, que
exibe os estudantes em sua participao nos Conselhos Escolares.
Apesar da confirmada participao dos estudantes de Itabora nos
Conselhos Escolares nas escolas da rede do municpio, expressando
fortalecimento nas prticas democrticas de exerccio pleno da cidadania na
sociedade poltica, em contrapartida, nos demais municpios, segundo relatos, os
Conselhos Escolares no apresentam to forte representatividade. A maioria dos
entrevistados mostrava-se cientes apenas da sua existncia e dos membros de
sua composio, porm desconheciam sua dinmica e atribuies, com exceo
da de fiscalizador de gastos de recursos financeiros.
No entanto, um relato de experincia de uma escola da rede municipal de
Niteri se destacou, devido o emprego de esforos para estimular a participao
da comunidade no Conselho Escolar: Na primeira reunio de pais, ns
professores pedimos dois pais de cada turma para compor o Conselho Escolar ,
que tem representantes do corpo docente da EAP (Pedagogos, Diretores,...) e do
servio de apoio. E convidamos todos da comunidade Escolar que queiram
participar. O convite a participao diante de tantos cenrios onde o conselho
parece uma incgnita, surge como uma ao que causa estranheza, quando na
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verdade deveria ser uma constante nas instituies de ensino pblico, um simples
consentimento de direito ao usurio.
Parece urgente a disseminao da importncia na participao dos
Conselhos Escolares e de suas atribuies enquanto orientador dos dirigentes
sobre o que as comunidades esperam das escolas. Enfatizando esse tipo de
colegiado como legitimador das vozes e votos dos diferentes atores da escola,
internos e externos, desde os diferentes pontos de vista, decidindo sobre a gesto
da escola, participante dos processos de construo da principal ferramenta de
orientao da dinmica escolar: o Projeto Poltico-Pedaggico.
Sobre a participao na construo do PPP das escolas, as manifestaes
foram as mais variadas: Sim. realizado todo comeo do ano, com todos.
Nesse aspecto deixamos um pouco a desejar. Nosso PPP precisa ser refeito em
alguns aspectos (isso j comeou a ser feito, mas no foi concludo) e precisa da
participao de mais atores, que no s os professores. (...) Bem, quando foi
formulado o Projeto Poltico-Pedaggico os atores foram todos os profissionais
que trabalhavam na escola. Porm, muitos no sabiam o que estavam fazendo.
(...).Ainda no participei de nenhuma ao relacionado ao PPP da unidade e
desconheo o PPP desta unidade.
Como bem pudemos observar, as escolas ainda no apresentam um
parmetro no trato com esse documento de fundamental importncia para a
consolidao de um trabalho planejado, com objetivos a serem alcanados.
Algumas Unidades Escolares zelam pela atualizao do PPP, outras fazem deste
um documento por ora esquecido ou de acesso restrito e, o mais lamentvel, a
participao descomprometida com o real sentido o processo por falta de
conhecimento, uma participao ocasional.
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At aqui, pudemos construir uma viso panormica da participao na
gesto de algumas escolas da rede pblicas de ensino, o que nos remete uma
ideia aproximada de como a mesma sucede em outras unidades escolares dos
mesmos municpios desta regio do Estado do Rio de Janeiro.
Mas, como fica a incidncia destas prticas participativas sob a significao
dos processos de ensino e aprendizagem pela qualificao educativa?
Diante de diversas declaraes que procuravam reproduzir minimamente o
que se realizava nas unidades escolares, algumas manifestavam a incidncia de
esforos somente por parte dos professores, num trabalho solitrio restrito ao
desenvolvimento do planejamento de sua autoria exclusiva, nos planos de aula
propriamente ditos.
Por outro lado, foi possvel notar unanimidade entre as Unidades Escolares
no sentido da valorizao da participao pela busca da melhoria de condies
que propiciem qualificao dos processos educativos, atravs de adaptaes
curriculares. Inclusive, no item 4 (H adequaes no currculo de sua escola para
atender as reais necessidades da comunidade para qual presta servios?) as
respostas dos educadores do mostras da preocupao em se garantir qualidade
atravs do atendimento das reais necessidades das comunidades que prestam
servios por meio de adequaes curriculares.
O currculo, embora no tenha sido mencionado anteriormente, enquanto
instrumento tcnico-pedaggico, a concretizao da intencionalidade da escola
diante da cultura produzida pela sociedade, e num mbito menor, pela
comunidade local. Segundo Forquim (cit in Libneo, 2008):
[Currculo ] o conjunto de contedos cognitivos e
simblicos (saberes, competncias, representaes,
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tendncias, valores) transmitidos (de modo explcito ou
implcito) nas prticas pedaggicas e nas situaes de
escolarizao, isto , tudo aquilo a que poderamos
chamar de dimenso cognitiva e cultural da educao
escolar. (FORQUIM, 2000, p.48)
Convergindo a definio citada, uma das professoras da rede municipal de
Niteri declarou precisamente: Como indicado na LDB, o currculo deve ter uma
base nacional comum, a ser complementada por uma parte diversificada,
atendendo caractersticas locais, da cultura e da clientela. (A afirmativa deriva do
artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional 9394/96). Por conta
dessa e de outras tantas afirmaes positivas constata-se que as escolas, de uma
maneira ou de outra, tm procurado cumprir sua funo social de educar pela
transformao social.
Associada s consideraes referentes ao currculo e a qualidade de
ensino, ao final do questionrio havia uma proposta de sugesto de aes que
pudessem ser implementadas nas escolas de modo a enriquecer os processos de
democratizao e melhoria da qualidade de educao. Neste item, diferentemente
de qualquer outro, as repostas foram as mais variadas possveis, pois cada olhar
se voltou para a realidade de sua escola, e os anseios prprios do profissional,
refletindo suas perspectivas sobre o devir da sua Unidade Escolar.
Os apontamentos deram nfase no fortalecimento da participao dos pais,
dos estudantes, dos Conselhos Escolares e comunidade em geral. Tambm se
exps a necessidade de mudana na postura dos gestores que, por mais que
tentam encobrir suas atitudes autoritrias, essas se mostram ainda muito
evidentes.
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Enfim, ainda que as relaes entre direo e membros da comunidade
escolar no sejam to orgnicas e estreitas, ainda que os objetivos das escolas
no estejam to claros para todos, ainda que o emprego dos esforos pela
conscientizao do quo fundamental a participao coletiva na gesto se
mostre como prioridade, ainda h expectativa de transformao a favor da
autonomia e democratizao, pelo bem comum.
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CONCLUSO
Com a redemocratizao, associada melhoria da eficincia e qualidade da
educao pblica brasileira, se tornou crescente o estmulo s transformaes na
gesto das escolas. Foi dada nfase na participao da comunidade escolar em
sua totalidade, atribuindo aos sujeitos as funes atores e autores,
concomitantemente, da dinmica organizacional, em face ao atendimento dos
interesses da coletividade e em detrimento de prticas conservadoras e
autoritrias de gesto.
Esse movimento a favor da descentralizao e democratizao das escolas
da rede pblica de ensino, fortalecido nos anos 80, encontrou vigor em
proposies legislativas. No entanto, essa tendncia tem encontrado entraves nos
cotidianos escolares, apesar de haver estratgias pr-estabelecidas para a
implementao desse novo paradigma. O fato que por si s, tais aes no
concebero almejada transformao em esfera social, se valores e crenas se
manterem como no passado.
Comunidade local e escola tm responsabilidades legais em relao ao
desenvolvimento dos estudantes, mas esta ocorre tambm para alm dos muros
das escolas. A coordenao destes elementos da educao importante. Nos
Conselhos Escolares, em outros colegiados e reunies, pais e educadores
profissionais devero encontrar oportunidade para definir os rumos do processo
educacional. A permanente avaliao do desempenho escolar parte essencial
de um projeto educativo que se dirija para a emancipao.
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Portanto, imprescindvel que haja conhecimento dos princpios de gesto
na perspectiva democrtico-participativa, para que a participao acontea no seu
sentido pleno. Participao caracterizada por uma fora de atuao consciente,
pelo qual os membros reconheam e assumam seu poder de influncia na
determinao da dinmica, da cultura e dos resultados de sua Unidade Escolar.
Devemos ainda lembrar que a funo social da escola pressupe da
educao dos estudantes para os valores da democracia. O processo democrtico
pode assegurar a participao das pessoas envolvidas e, consequentemente, o
seu comprometimento com tomadas de deciso. Outro importante motivo para as
escolas incorporarem o esprito democrtico-participativo so os valores de
incluso, justia, participao e dilogo, essenciais democracia. As escolas com
princpios ticos e democrticos so lugares onde cultivar a equidade e a
integridade permear todos os relacionamentos.
Porm, sabemos que qualquer mudana gera resistncia. Nenhuma cultura
mudada apenas por desejo, para tanto se exige competncia tcnica na
articulao de proposies e aes. Dia a dia, esforos devero ser dedicados
para que essa resistncia seja vencida de maneira construtiva, no impondo o
novo modelo, mas gerando comprometimento para que seja adotado e cultivado.
Talvez, algumas das afirmaes anteriores nos provoquem a ideia de que a
gesto democrtico-participativa nas escolas pblicas deve ser considerada uma
coisa utpica. Infelizmente, a escola ainda reprodutora de certa ideologia
dominante, de um grupo que dificilmente far concesses espontneas do seu
poder. E, com a implementao de tal concepo de gesto h de se conferir
poder e autonomia s escolas pblicas, o que tambm significa aferir poder e
condies concretas para o alcance dos objetivos educacionais articulados com os
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interesses das classes populares. Via para a diminuio da estratificao social,
por meio do exerccio pleno da cidadania.
Enfim, essa perspectiva no deve ser compreendida apenas como um
princpio de um novo paradigma, mas tambm como um objetivo a ser perseguido
incessantemente, e avaliado, com o intuito de se aprimorar gradativamente,
configurando-se em prticas cotidianas que ofeream contingncias para a
formao do cidado capaz de se colocar frente sociedade em que vive,
consciente de sua insero social.
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ANEXOS
Instrumento de pesquisa: Questionrios
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GESTO ESCOLAR NA REDE PBLICA DE ENSINO, POR UMA PERSPECTIVA DEMOCRTICO-PARTICIPATIVA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.
ANEXO I
INSTRUMENTO DE PESQUISA: QUESTIONRIO
Prezado entrevistado, este questionrio faz parte da monografia intitulada GESTO ESCOLAR NA REDE PBLICA DE ENSINO, POR UMA PERSPECTIVA DEMOCRTICO-PARTICIPATIVA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES, desenvolvido durante o curso de Ps-Graduao em Administrao e Superviso Escolar oferecido pelo Instituto A Vez do Mestre, na Universidade Cndido Mendes. Tal trabalho tem com principal objetivo investigar alternativas de aes que efetivem a gesto democrtico-participativa nas escolas da rede pblica de ensino, em prol da significao dos processos de ensino e aprendizagem. As informaes que aqui forem registradas serviro para compor um quadro avaliativo da situao e dos desafios enfrentados pelas escolas nos seus processos de democratizao e melhoria da qualidade da educao que oferece. Os dados que forem apresentados neste questionrio sero tratados em relatrio, no sendo divulgados individualmente. Diante disso, considere de grande importncia suas declaraes, e sinta-se agr