modificações sistêmicas da gestação

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ADAPTAÇÃO MATERNA À GESTAÇÃO Ir. Ana Paula Ribeiro

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Modificações sistêmicas da gestação

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Page 1: Modificações sistêmicas da gestação

ADAPTAÇÃO MATERNA À GESTAÇÃO

Ir. Ana Paula Ribeiro

Page 2: Modificações sistêmicas da gestação

IMPORTÂNCIA

• Modificações do organismo materno no sentido de nutrir de forma eficiente o feto, que tem demanda nutricional crescente, sendo priorizado pelo metabolismo materno.

• Maior exigência muitas vezes atinge os limites da capacidade funcional de alguns órgãos maternos.

• Desencadeamento quando função limítrofe ou piora de patologias preexistentes. Ex: IC, CI, IR, Asma, etc.

Page 3: Modificações sistêmicas da gestação

ADAPTAÇÃO MATERNA À GESTAÇÃO

MODIFICAÇÕESNA

GESTAÇÃO

LIMITE ENTRE FISIOLOGIA E PATOLOGIA

SINAIS E

SINTOMAS

Page 4: Modificações sistêmicas da gestação

1. POSTURA E DEAMBULAÇÃO

• Aumento uterino/saída da pelve - aumento

das mamas = centro de gravidade desviado

para frente, corpo se joga para trás -

compensação involuntária (objeto pesado

carregado diante do abdômen c/ 2 mãos).

• Queixas comuns: cervicalgia e lombalgia.

• Deambulação = andar dos "gansos“ - passos

curtos, base alargada, ângulo dos pés mais

aberto (+ direita - destrodesvio uterino).

Page 5: Modificações sistêmicas da gestação

2. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS

• Anemia ferropriva: microcitose, hipocromia, hb<11g% - maior necessidade do ferro.

• Anemia Megaloblástica: comum, demanda aumentada de ácido fólico na gravidez.

• Anemia é quase fisiológica, porém, deve-se suplementar ferro/ác. fólico a fim de prevenir agravamento.

• Outro fator que contribui para redução do htc/hb é a hemodiluição, sobretudo no final da gravidez.

Page 6: Modificações sistêmicas da gestação

2. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS

• Elevação dos leucócitos: às custas de neutrófilos, chegando a 12 mil/mm3 ou mesmo a 20-30 mil/ mm3 no parto, normalizando em 6-7 dias.

• Plaquetas: podem diminuir discretamente no 3º trimestre ( coag. intrav.).

• Redução das proteínas plasmáticas: sobretudo da albumina, reduzindo a pressão coloidosmótica.

• Lipídios: triglicerídios, colesterol - também estão aumentados.

Page 7: Modificações sistêmicas da gestação

2. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS • Fatores da coagulação: estão, de forma

geral, aumentados e, os anticoagulantes diminuídos, o que confere à gravidez um “estado de hipercoagulabilidade”, garantindo controle das perdas sangüíneas após o secundamento.

• Estado de hipercoagulabilidade começa a reverter cerca de 1 hora após o parto.

• Parto normal: perda de 500ml de sangue.

• Cesárea: perda de 1000ml de sangue, em média.

Page 8: Modificações sistêmicas da gestação

3. SISTEMA CARDIOVASCULAR

Índices Cardiovasculares Alteração

Resistência vascular periférica Diminuída

Volume sangüíneo Aumentado

Débito cardíaco Aumentado

Volume-minuto Aumentado

Freqüência cardíaca Aumentada

Pressão arterial Diminuída

Resistência vascular pulmonar Diminuída

Page 9: Modificações sistêmicas da gestação

3. SISTEMA CARDIOVASCULAR • Diafragma se eleva e o coração fica mais

horizontalizado.• Volume cardíaco, assim como o volume

sistólico estão aumentados.• Pode haver hipertrofia cardíaca na gravidez.• Sopros sistólicos podem ocorrer devido a

hipercinesia / hipoviscosidade do sangue (hemodiluição / Anemia).

• Extrasistolia e Taquicardia paroxística podem surgir.

• ECG alterado pode ocorrer (desvio do eixo p/esquerda, inversão da onda T em D3).

Page 10: Modificações sistêmicas da gestação

3. SISTEMA CARDIOVASCULAR

• Volume-minuto está aumentado.• No decúbito dorsal, por compressão da veia

cava e redução do retorno venoso, há redução do volume-minuto.

• “Síndrome de hipotensão supina“ - lipotímia por reflexo vaso-vagal, bradicardia e hipotensão.

• No parto/cesárea: pode ser necessário deslocar manualmente o útero para a esquerda na ocorrência de hipotensão.

Page 11: Modificações sistêmicas da gestação

3. SISTEMA CARDIOVASCULAR • Redução da resistência vascular periférica:

hiporeatividade vascular a angiotensina II.• Aumento do volume plasmático: alteração no

sistema renina-angiotensina-aldosterona e ação da progesterona e estrogênio aumentados – vasodilatação, retenção Na e H2O.

• Pressão venosa MMII: 3 vezes maior na gravidez pela compressão da cava e vasos pélvicos, dificultando o retorno venoso, aumentando a incidência/piora de varizes, hemorróidas e causando edema MMII.

Page 12: Modificações sistêmicas da gestação

3. SISTEMA CARDIOVASCULAR

• Vascularização da pele: aumentada,

especialmente em extremidades.

• Grávida queixa de calor nas extremidades -

finalidade de dissipar calor excessivo no feto.

• Aumento cerca 500ml para pele, variando

com a temperatura ambiente.

Page 13: Modificações sistêmicas da gestação

4. SISTEMA URINÁRIO

• 80% tem dilatação ureteral, sobretudo à direita pelo destrodesvio uterino - bloqueio mecânico do fluxo ureteral.

• Cruzamento das veias ovarianas sobre os ureteres também colaboram com o bloqueio mecânico.

• Retardo fluxo urinário = maior predisposição da grávida a ter ITU.

• Bexiga elevada pelo útero - incompetência válvulas ureterovesicais - refluxo de urina = predisposição PNA.

• Fluxo plasmático renal e a taxa de filtração glomerular estão aumentados.

Page 14: Modificações sistêmicas da gestação

4. SISTEMA URINÁRIO • DCE aumentada - utilizada para medir função

renal.• Creatinina e uréia estão reduzidas para cerca

de 2/3. A redução da uréia se deve ao aumento de sua depuração e a baixa degradação de proteínas.

• Redução dos uratos na urina pela sua maior reabsorção pelo rim.

• Filtração glicose rim 50% - capacidade reabsorção tubular permanece igual = glicosúria fisiológica.

• Atenção!!! Glicosúria pode estar relacionada com estado pré-diabético da gestante.

Page 15: Modificações sistêmicas da gestação

4. SISTEMA URINÁRIO

• Cuidar níveis de creatinina e uréia!!! Já que

baixam na gravidez, valores normais não

gravídicos podem significar algum grau de IR

em gestantes.

• Níveis endógenos elevados ácido úrico (>4,5)

podem significar sinal precoce de pré-

eclâmpsia.

• Proteinúria até 500mg/24hs = normal.

Page 16: Modificações sistêmicas da gestação

5. SISTEMA RESPIRATÓRIO

• Abertura últimas costelas - diafragma se eleva em 4 cm, aumentando seu diâmetro transverso em 2 cm.

• Volume-minuto de ventilação aumenta - clinicamente notado como hiperventilação (discreto aumento FR), com conseqüente redução da pCO2.

• Progesterona elevada estimula centro respiratório por reduzir seu limiar de sensibilidade ao CO2, mantendo a

hiperventilação.

Page 17: Modificações sistêmicas da gestação

5. SISTEMA RESPIRATÓRIO • Consumo de O2 aumenta 20-30%.

• Volume corrente também aumenta - maior dilatação das vias aéreas e melhor distribuição dos gases no pulmão.

• Todavia, é comum sensação de dispnéia, mais no final da gestação - incursão diafragmática está reduzida – respiração predomínio torácico.

• Saturação arterial de oxigênio e sensação de dispnéia, não se alteram com mudanças posturais – exceto em gestantes muito obesas ou em posição supina.

• Queixa de dispnéia está presente em 60-70%.

Page 18: Modificações sistêmicas da gestação

6. EQÜILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO

• Hiperventilação, com eliminação de CO2, leva à constante alcalose respiratória.

• Aumento dos ácidos metabólicos para tentar compensar alcalose respiratória.

• Ácidos permanecem sempre um pouco aumentados, pois, hiperventilação prevalece, havendo sempre algum grau de alcalose a ser compensada.

• Gestante mantém PH sangüíneo sempre no limite superior da normalidade – ácidos não são suficientes para compensar totalmente a alcalose, a qual prevalece discretamente.

Page 19: Modificações sistêmicas da gestação

7. ADAPTAÇÕES METABÓLICAS

• Feto exige nutrição do organismo materno - 150Kcal/dia a mais para suprir maior gasto energético e necessidades do feto.

• Feto necessita de glicose e aminoácidos para seu crescimento, extraindo-os da mãe constantemente = Parasitismo verdadeiro.

• Mãe poupa glicose p/ feto, reduzindo seu consumo periférico - ação de hormônios anti-insulínicos como HLP, estrogênio, progesterona, cortisol, prolactina e glucagon.

Page 20: Modificações sistêmicas da gestação

7. ADAPTAÇÕES METABÓLICAS • Hormônios causam resistência periférica à

insulina, o que estimula a produção de mais insulina.

• Conseqüência: Hiperinsulinismo + resistência periférica à insulina - mantém certo grau de hiperglicemia materna para que não falte glicose para o feto.

• Glicose vai para o feto por difusão facilitada, sendo que o feto apresenta glicemia cerca de 20 mg% abaixo da mãe.

• Pacientes com deficiência na produção de insulina não terão hiperinsulinismo = DMG.

Page 21: Modificações sistêmicas da gestação

7. ADAPTAÇÕES METABÓLICAS

• Ácidos graxos livres não atravessam a placenta - não são úteis ao feto - mãe armazena ácidos graxos para sua própria reserva a fim de suprir carência destes nutrientes ao final da gestação e puerpério (hormônios/lactação).

• Cálcio: retido pelo organismo materno visando reservas para a lactação.

• Fósforo: demanda para tecido ósseo e metabolismo energético cresce no último trimestre -uso de polivitamínicos na gestação!

Page 22: Modificações sistêmicas da gestação

7. ADAPTAÇÕES METABÓLICAS • Iodo: excretado em maior quantidade na

urina, assim, a gestante é carente de iodo, devendo ser também suplementado.

• Magnésio: está diminuído, podendo a gestante ter mialgia em função desta carência.

• Hipovitaminose A: ocorre e pode estar relacionada com defeitos na embriogênese, resultando em anomalias congênitas.

• Carência de vitaminas do complexo B: necessárias ao metabolismo energético – suplementar!

Page 23: Modificações sistêmicas da gestação

7. ADAPTAÇÕES METABÓLICAS • Carência de ácido fólico: além de causar

anemia, precocemente na gestação, pode causar malformações do tubo neural (olhos e face), além de RCIU.

• Carência de vitamina C: ocorre e deve ser suplementada, pois, em graus elevados, pode ocasionar abortamento e/ou morte fetal.

• Vitamina D: importante para absorção do cálcio e fósforo, essenciais para a estrutura óssea, tendo sua demanda aumentada.

• Vitamina E: aumentam seus níveis na gestação - fator protetor de abortamento e de envelhecimento precoce da placenta.

Page 24: Modificações sistêmicas da gestação

7. ADAPTAÇÕES METABÓLICAS

• Vitamina K: aumentada na gestação -

fundamental no mecanismo anti-

hemorrágico.

• Mecanismo hidroeletrolítico: sistema renina-

angiotensina-aldosterona está hiperativo,

aumentando a reabsorção tubular de sódio -

volume plasmático aumentado, precisando

de maior quantidade de sódio a fim de

manter a osmolaridade do plasma.

Page 25: Modificações sistêmicas da gestação

7. ADAPTAÇÕES METABÓLICAS

• 70% do aumento de peso na grávida é água.• Pelo aumento do volume plasmático, há

redistribuição de fluidos entre os espaços intra e extracelular, e intersticial, este último causando edema fisiológico(tornozelo) - cuidado c/ edema mais intenso/generalizado - pode estar associado a DHEG.

• Enzimas: envolvidas na nutrição, como a glicose-6-fosfatase (glicose), desidrogenases (Krebs) e fosfatase alcalina (transporte ativo), estão elevadas na gestação.

Page 26: Modificações sistêmicas da gestação

7. ADAPTAÇÕES METABÓLICAS • Enzimas: Plasminogênio (lise fibrina -

melhora fluxo), colinesterase e histaminase (regulam tono vascular) e fosfatase ácida (desintoxicação celular) - muito importantes para gestação - estão elevadas.

• Ocitocinase: está bastante aumentada no início da gravidez, diminuindo próximo ao termo, tendo a função de inibir a ocitocina, evitando o desencadeamento precoce do parto.

• Hormônios tireoidianos: BHCG e estrógenos competem nos receptores de TSH – hiperfunção.

Page 27: Modificações sistêmicas da gestação

8. SISTEMA DIGESTIVO • Secreção e absorção estão pouco ou nada

alteradas.• Motilidade bastante diminuída.• Muita fome e sede - muda qualitativamente

alimentação - avidez por frutas ácidas, alimentos condimentados, conservas, café, frituras e etc.

• Aversão a certos alimentos, podendo ocorrer náuseas e vômitos.

• Boca: pode haver hiperemia, edema e sangramento gengival, sialorréia, periodontite, cáries(comuns) - cuidar da saúde bucal da gestante!

• Pirose: 50% das gestantes, sobretudo após 5º mês.

Page 28: Modificações sistêmicas da gestação

8. SISTEMA DIGESTIVO • DRGE: diminuição do tônus do esfíncter

esofagiano inferior por fatores mecânicos e ação da progesterona - antiácidos e bloq. H2.

• Estômago: elevado pelo aumento uterino, motilidade diminuída, tempo de esvaziamento aumentado, havendo grande produção de muco com pouco HCl.

• Alças de delgado empurradas para cima/esquerda - cólon se eleva levando o apêndice para cima/direita (atenção para topografia apendicite gestação!).

• Intestino tem trânsito enlentecido (útero/ação progesterona), gerando constipação e meteorismo - orientar chás/alimentação - evitar laxantes.

Page 29: Modificações sistêmicas da gestação

9. PELE E ANEXOS • Hiperpigmentação da pele, sobretudo na

gestante mais exposta ao sol e em geral no último trimestre. O local mais freqüente é a face - cloasma, também ocorrendo em vulva, cicatrizes, nevos, linha alba e aréola.

• Pontilhado (glândulas) ao redor da aréola = Sinal de Hunter.

• Estrias são comuns, em geral após 6º mês, em abdômen e mamas. Ocorre por distensão da pele, com rotura do tecido sub-epitelial(derme). Com o tempo melhoram, porém, não revertem (profilaxia? = não engordar/óleo/hidratante).

Page 30: Modificações sistêmicas da gestação

9. PELE E ANEXOS

• Hipertricose: em geral de grau leve, com pêlos

na face, abdômen, etc. Reverte após parto.

• Eritema palmar: comum, acentuando-se com

decorrer da gesta (aumento vascularização).

• Glândulas sudoríparas e sebáceas: sofrem

hipertrofia e hiperfunção, com aumento da

sudorese e secreção sebácea.

Page 31: Modificações sistêmicas da gestação

10. OSSOS E ARTICULAÇÕES

• Alta demanda fetal de cálcio - grau discreto de osteopenia, sendo raros distúrbios graves como osteomalacia ou osteoporose.

• Articulações tem maior mobilidade na gestação, sobretudo nas articulações sacro-ilíacas e sínfise púbica.

• Mudanças na postura da gestante favorecem dor cervical e seguimentos inferiores da coluna.

• Modificações articulares provenientes ação estrogênio que ocasiona retenção líquida no tecido conjuntivo articular.

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11. SISTEMA NERVOSO • Podem ocorrer distúrbios passageiros da

função motora, sensitiva ou mental como: tremores, contraturas, hiperemese, parestesias, hipotonia gastrintestinal e vesical, alterações vasomotoras, convulsões, etc.

• Difícil diferenciação entre fisiologia e patologia.• Fisiopatologia não é bem estabelecida:

convulsões = podem ocorrer por retenção hídrica ou hiperventilação; Enxaquecas = retenção hídrica.

• Alterações de humor, depressão, e reações maníacas podem ser causadas por alterações bioquímicas.

• Sonolência, fadiga e lentidão psicomotora são típicas da ação da progesterona.

Page 33: Modificações sistêmicas da gestação

12. ÓRGÃOS DOS SENTIDOS

• Aumento da vascularização destes órgãos.

• Hipertensão ocular no último trimestre, decorrente de espasmos /estreitamentos arteriolares localizados - achados também ocorrem na DHEG.

• Hipersecreção lacrimal é freqüente - raras patologias oculares na gestação.

• Epistaxe é comum pelo aumento da vascularização das mucosas de modo geral, o que também favorece obstrução nasal e rinite.

Page 34: Modificações sistêmicas da gestação

12. ÓRGÃOS DOS SENTIDOS

• Hipo ou anosmia por edema e congestão,

impedindo as partículas de odor de chegarem

às terminações do nervo olfatório.

• Diminuição da acuidade auditiva durante a

gestação, zumbidos e vertigens.

• Parestesias em extremidades, alterando o tato.

• Alterações gustativas.

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