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Quantidade de “enter” para posicionar o cabeçalho, apague em seguida <> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA <> <> <> <> <> O Deficiente Auditivo e sua Inserção no Mundo Oralizado <> <> Por: Anita Verçosa Lins Silva <> <> <> Orientador Prof. Mary Sue Rio de Janeiro 2011

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM ... · Hoje está terminando o Curso de Analise e Desenvolvimento de Sistemas e acabou de fazer o Implante Coclear

Quantidade de “enter” para posicionar o cabeçalho, apague em seguida

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

<>

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<>

<>

<>

O Deficiente Auditivo e sua

Inserção no Mundo Oralizado

<>

<>

Por: Anita Verçosa Lins Silva

<>

<>

<>

Orientador

Prof. Mary Sue

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

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<>

O Deficiente Auditivo e sua

Inserção no Mundo Oralizado

<>

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<>

<>

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Educação Inclusiva

Por: Anita Verçosa Lins Silva

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AGRADECIMENTOS

Em 1º lugar agradecemos a Deus por nos dar a oportunidade de presenciar o

desenvolvimento pessoal e profissional da Letícia (perda auditiva profunda)

depois de muita garra e persistência. È um momento de muita emoção.

Hoje está terminando o Curso de Analise e Desenvolvimento de Sistemas e

acabou de fazer o Implante Coclear e está aguardando o momento da

ativação. É um momento único de toda família.

Agradeço a minha mãe Noemia e a todos os professores e amigos que

de alguma forma contribuíram para os meus estudos.

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DEDICATÓRIA

“A maior deficiência é da alma e do coração de quem não quer ver a essência

do Ser e de quem não quer ver a si mesmo”

Ao meu filho LÍVIO... Já não vive entre nós... Que mudou a minha forma de ver

o mundo e também a LETÍCIA e LÍGIA que souberam com sabedoria

compreender e apreender a essência daquele momento. E também aprender a

grande LIÇÃO DE VIDA que seu irmão veio proporcionar a todos nós.

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RESUMO

É com enorme satisfação que apresento esta Monografia. Este

estudo pretende contribuir principalmente aos pais de crianças portadores de

Necessidade especiais dando ênfase aos surdos.

Pretendemos demonstrar através deste trabalho em sua primeira

parte um apanhado geral sobre a natureza e causas da surdez. Inclui também

uma discussão ampla sobre a pessoa surda sendo inserida no mundo

oralizado e as mudanças que ocorrem da vida do surdo oralizado, não

esquecendo que o surdo é uma pessoa real, que pensa e se expressa, sem

nunca esquecer, porém das características individuais e únicas de cada

sujeito.

Podemos dizer ainda que um surdo oralizado é aquele indivíduo que

teve grande apoio de um fonoaudiólogo, família, escola ,se esforçou e se

esforça até hoje em sua aprendizagem. Conheceu Libras, aprendeu, conviveu

com vários surdos como ele e fez a escolha de falar mesmo que não possua

uma pronuncia perfeita, porém consegue se comunicar bem com os ouvintes.

Tudo isto é uma questão de opção de vida. O importante é ser feliz oralizado

ou não.

Porém existem surdos que por questão de escolha ou opção

familiar se identificam com a Língua Brasileira de Sinais A LIBRAS é capaz de

expressar idéias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir

filosofia, literatura ou política, além de esportes, empregos, moda, etc. A

LIBRAS PODE EXPRESSAR POESIA E HUMOR. Como outras línguas,

LIBRAS aumenta o vocabulário com novos sinais introduzidos pela

comunidade surda em resposta da mudança cultural e técnica.

Este estudo informa também os diferentes tipos de surdez.

Mostrará a importância para a vida dos surdos das novas tecnologias e as

mudanças que ocorrem em suas vidas.

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Principalmente o Implante Coclear que veio revolucionar com a vida

dos surdos... E as emoções dos primeiros sons na vida do surdo...

Acreditamos que este estudo enriquecerá enormemente o conhecimento a

respeito de pessoas portadoras de deficiência auditiva, trazendo novos dados,

estimulando reflexões e indagações, e quem sabe, indicando um novo

caminho para todos aqueles que de uma forma ou de outra, por razões

pessoais ou profissionais, estão envolvidos com pessoas surdas.

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METODOLOGIA

Este estudo sobre a Deficiência Auditiva (profunda) teve por base a

leitura de vários textos sobre o assunto abordado. Conversa com várias

pessoas surdas que fazem uso de Libras e outros surdos oralizados usuários

de Implante Coclear. Pesquisa em sites, revistas e relato de uma

Fonoaudióloga com grande experiência em trabalhar com surdos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - O QUE É UM SURDO ORALIZADO. 11

CAPÍTULO II - DIVULGAÇÃO DA LIBRAS. 24

CAPÍTULO III – OS DIFERENTES TIPOS DE SURDEZ 28

CAPÍTULO IV – AS NOVAS TECNOLOGIAS MUDANDO 37

A VIDA DOS SURDOS.

CONCLUSÃO 39

ANEXO 40 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

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INTRODUÇÃO

Este estudo tem por base demonstrar que o individuo independente

da deficiência que tenha, tem condição de se desenvolver desde que lhe seja

dado as oportunidades.

O surdo Através de várias técnicas especiais pode restaurar ou

adquirir a comunicação tanto expressiva como receptiva.

Assim respeitando-se as diferenças individuais pode ser

desenvolvido um trabalho, visando incentivar o surdo a usar diferentes

possibilidades comunicativas: linguagem oral, língua de sinais, alfabeto

manual.

Considerando-se o grau de perda auditiva e o tipo de deficiência,

todas as metodologias enfatizam a necessidade de se estimular, ao máximo, a

audição residual.

Assim, objetivando desenvolver a percepção sonora e a utilização

funcional da audição, o trabalho de estimulação auditiva é iniciado após a

avaliação do profissional especializado e sob sua orientação.

“Não há barreiras que o ser humano não possa transpor.”

Para que o surdo possa se integrar na sociedade nas mesmas

condições do ouvinte, são necessários vários anos de terapia. Sendo

fundamental a época do inicio da mesma, a idade cronológica do surdo e a

eficiência da terapia utilizada.

Podemos demonstrar ainda que o indivíduo surdo e o ouvinte têm

as mesmas condições intelectuais, quando realizado um bom trabalho de

oralização, com o uso do aparelho de amplificação sonora individual, ou ainda

o Implante coclear.

Outro fator muito importante é a participação da efetiva da família.

Com o apoio de um bom fonoaudiólogo o surdo pode surpreender a todos,

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mesmo que seja portador de uma surdez profunda, possibilitando dessa forma

à inclusão do surdo na sociedade.

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CAPÍTULO I

O QUE É UM SURDO ORALIZADO

1 – Antes de falarmos sobre o surdo oralizado, temos que saber o que é

surdez?

É a ausência, dificuldade, inabilidade para ouvir, sons específicos

(tons puros), ambientais (ruídos familiares), e os sons da fala humana (tons

complexos).

Dessa forma, podemos dizer que a audição está ligada a um

comportamento auditivo e a integridade neurológica, biopsicológica e perfeita

função das estruturas auditivas centrais e periféricas.

A prevenção da Surdez pode e deve ser iniciada num Posto de

Saúde, Escolas, Jornais, Revistas, e nos mais difundidos meios de

Comunicação: Rádio e TV.

Nestes meios de divulgação, a Saúde deveria ter o lugar de

prestígio que tem as propagandas de cigarro, bebidas, etc.

Sob os aspectos físico e mental, o surdo pode apresentar

deficiências que provocam prejuízos irreparáveis em suas capacidades se não

forem combatidas e sujeitas a um processo de recuperação desde cedo. Não é

objetivo deste estudo o relato minucioso desses aspectos. As informações

dadas, a seguir, tem como finalidade apresentar noções fundamentais da

capacidade física e mental do surdo, conhecimento indispensável à elaboração

de quaisquer estudos sobre os mesmos.

Aspetos físicos

Muitas são as deficiências físicas que podem ser provocadas pela

surdez:

a) Lesões cerebrais

A lesão cerebral, além da própria surdez, é, segundo alguns

estudiosos (Perelló e Tortosa, 1978, 67). Uma deficiência que pode ter sérias

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conseqüências no desenvolvimento do indivíduo. Scuri afirma que, a despeito

da aparente normalidade anatômica, há uma evolução evidente no córtex

cerebral. Hamberger, Floberg e Hyden, através da fotografia

microespectroscópica, encontraram uma concentração de proteínas deficiente

nas áreas correspondentes à audição; existe uma diminuição de fibras

nervosas do nervo acústico, as células ganglionares são poucas, de tamanho

reduzido e pigmentação anormal; registraram, também, redução de proteínas

no plasma.

Perelló e Tortosa (1978, 67), baseados nestas informações são

categóricos:

,A atrofia parcial por falta de uso de uma grande zona cerebral

determina um desequilíbrio na estrutura do circuito neuropsicoassociativo. A

parte do cérebro lesada perturba a parte restante. Por analogia, uma área

cerebral não desenvolvida repercute negativamente sobre o resto do

funcionamento cerebral. Por isto, o treinamento acústico da criança deve

começar o quanto antes, para que tal alteração não se estabeleça ou se torne

definitiva.

É imprescindível, portanto, desenvolver ao máximo o sentido

acústico no surdo e colocá-lo em funcionamento ainda que de modo

rudimentar, Isto é possível porque na grande maioria dos casos,, esses

deficientes apresentam restos de audição e podem ser educados

acusticamente. E mesmo nos casos mais graves, onde a audição é nula com

auxílio de amplificadores, a percepção do que é um som e o desenvolvimento

dessa percepção podem ser conseguidos.

b) Dificuldades respiratórias

Embora não se aperceba disto, a respiração do surdo não

recuperado é irregular, causando, invariavelmente, um cansaço desnecessário

em qualquer tentativa de fonação. Mitrinovitch (em Perelló e tortosa, 1978,78)

constatou que sua respiração é predominantemente diafragmática, não há

correspondência entre os movimentos do tórax e do abdome, não há simetria

entre os lados do tórax e do abdome, não existe ritmo nem regularidade

respiratória, os movimentos respiratórios não são flexíveis, a voz é nasalizada,

os surdos utilizam mais quantidade de ar por unidade de tempo durante a

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fonação. Foi constatado, também, que o perímetro torácico e a capacidade

pulmonar são menores nos surdos.

Todos esses problemas de respiração são devidos à falta de noção

de ritmo. Quando há tentativa de fonação a freqüência inspiratória aumenta,

cortando e interrompendo a fluidez das palavras. A produção de palavras

“sacudidas” e “desgarradas” dá-se, portanto, porque não há ritmo inspiratório e

expiratório.

A noção de ritmo para o desenvolvimento físico deve ser dada ao

surdo o mais cedo possível para anular ou diminuir algumas das deficiências

mostradas. Sabemos que a consciência da existência e utilização do ritmo é

indispensável para a fala.

c) O andar

O andar do surdo não treinado não deve ser considerado como

anomalia de marcha. Não é, portanto, uma deficiência física, embora seja um

comportamento anormal do corpo provocado pela surdez. Em geral, o surdo

faz mais ruído ao andar, arrasta os pés e bate com muita força no chão. Corpo

e braços muitas vezes parecem desengonçados por seus movimentos

disrítmicos.

Para Silvermann (em Perelló e Tortosa, 1978, 73), o comportamento

dos pés revela uma procura de contato maior e mais profundo com o solo.

A recuperação do modo correto de locomover-se pode ser feita

através de exercícios de coordenação motora baseados no ritmo.

d) anormalidade da laringe

A laringe dos surdos tende a encontrar-se muito elevada e

distendida. Seus movimentos são anormais. A dificuldade de contração das

cordas vocais, além da falta de retroalimentação auditiva, torna sua voz débil,

áspera ou rouca. Além disso, o ar inspirado não se transforma totalmente em

ondas vibratórias, encurtando o tempo de fonação e obrigando o falante a

inspirar com mais freqüência.

Exercícios vocais podem recuperar o órgão e suprir certos hábitos já

adquiridos. Tudo vai depender da idade com que o surdo começa a realizá-los.

e) Músculos da boca

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Os músculos da boca são normais, embora pouco desenvolvidos em

várias de suas potencialidades, pois não são, a priori, utilizados da mesma

forma que ocorre com os falantes normais. A língua, por exemplo, não faz

todos os movimentos que a de um falante normal e, se não for exercitada

desde cedo, haverá dificuldade para articulação dos sons.

No que se refere aos músculos da boca e ao sistema articulatório,

de modo geral, cabe, lembrar as observações de Lenneber (em Slogin, 1980,

163), que afirma serem cerca de cem os músculos responsáveis pelo sistema

da fala. Lenneberb admite que

Uma vez que a passagem de um som qualquer da fala para

outro depende no final das contas, de diferentes ajustes

musculares, quatorze vezes por segundo, uma “ordem deve

ser enviada a cada músculo”, seja para se contrair, seja para

relaxar, seja para manter o seu tono.

Tendo em vista que toda a musculatura ligada à articulação dos

sons, por falta de uso, encontra-se comprometida, compreende-se por que é

imprescindível um treinamento especial para o surdo na fase preparatória à

desmutização.

ASPECTOS MENTAIS

Deficiências mentais podem ser provocadas pela surdez:

a) Lesões cerebrais

As lesões cerebrais são fatores prejudiciais relevantes se, como

afirmam Perelló e Tortosa (1978, 67-8), houver prejuízo sobre o resto do

funcionamento cerebral provocado pela zona cerebral desativada e atrofiada

pela ausência de uso. Para evitá-lo, é preciso desenvolver ao máximo a

capacidade acústica do indivíduo.

b) Ausência do fator verbal no desenvolvimento da inteligência.

A maioria dos autores afirma que o surdo pode apresentar um

atraso intelectual de dois a cinco anos e responsabiliza a ausência da

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linguagem por esse atraso. Segundo alguns estudiosos, o aspecto mais

afetado é o pensamento abstrato: o raciocínio lógico, a simbolização, o cálculo

e as classificações e estes aspectos se estabelecem de modo bastante

rudimentar numa abordagem e só podem ser desenvolvidos através de ensino

especializado.

Perelló e Tortosa (1978, 93-4) não aceitam o diagnóstico de

retardamento: acham que o desenvolvimento é qualitativamente igual ao de

um indivíduo normal, mas quantitativamente diferente. Acreditam que o

desenvolvimento do raciocínio abstrato não depende essencialmente da

linguagem, embora esta influa consideravelmente.

Entre as várias espécies de percepção, o canal visual é muito

importante para o surdo e, através dele, é possível desenvolver os vários tipos

de memória e percepções que o ouvinte normal adquire através da

comunicação verbal

Surdez e Linguagem

A surdez é uma deficiência não visível fisicamente e se limita a

atingir uma pequena parte da anatomia do indivíduo. Suas conseqüências, no

entanto,são extraordinárias no que diz respeito ao desenvolvimento emocional,

social e educacional do surdo (em fine, 1977,81), isto por que a privação de

um dos sentidos devido à existência de uma inter-relação funcional tem como

conseqüência uma interferência direta no mecanismo perceptual.

Automaticamente, há uma alteração dos padrões de adaptação e de conduta

do ser humano. Falta ao surdo a capacidade de situar, através do som, um

objeto no espaço como também, as indicações alertadoras e os avisos do

nosso ambiente físico.

(Krech e Crutchfield, 1963,47). Falta-lhe, sobretudo, a facilidade de

aquisição da linguagem a fim de que possa se servir dela desde a mais tenra

idade para participar, efetivamente, do ambiente, expressar com facilidade

suas necessidades básicas e utilizá-la como instrumento de vital importância

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para seu desenvolvimento mental, emocional e de integração social, como

será demonstrado a seguir.

Linguagem E Formação de Processos Mentais

Por muito tempo a psicologia não considerou a linguagem como

fator participante da formação dos processos mentais da criança.

Procedimento típico dos behaviorostas encabeçados por Thorndike e Watson

até as últimas pesquisas de Guthrie, preponderou o pensamento de que as

formas complexas da atividade da criança advinham de uma combinação de

hábitos, considerada, então, a linguagem como um aspecto destes hábitos

motores, sem qualquer vínculo especial com a conduta e formação intelectual.

Vigotsky, por volta de 1934, apresenta-se como um dos primeiros

pesquisadores soviéticos e julgar ter a linguagem um papel decisivo na

formação dos processos mentais e, para prová-lo, empreendeu uma série de

experiências que visaram testar a formação da atenção ativa, processos de

desenvolvimento da memória) por meio da aquisição de linguagem, a

memorização passa a ser ativa e voluntária) e outros processos mentais

superiores. Todas as experiências levaram-no a dar, efetivamente, a

linguagem papel de destaque na formação dos processos mentais, como

previra.

Exemplo de Vigotsky, apareceram outros estudiosos como o

psicopatólogo Goldstein e o psicólogo Gelb, Ambos alemães, que em trabalhos

publicados em 1920, 1934 e 1937, defenderam a idéia de que a aquisição da

linguagem permite ao ser humano ir além da percepção direta e visual na

análise dos dados, relacionando os objetos percebidos com certas categorias,

tornando possível a organização de sua conduta não pela situação visualizada,

mas conforme uma reflexão “categorizada” do mundo e portanto mais

profunda.

A linguagem apresenta-se, assim, como fator fundamental de

formação da consciência, permitindo, pelo menos, três mudanças essenciais à

atividade consciente do homem: é capaz de duplicar o mundo perceptível,

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assegurar o processo de abstração e generalização, e ser veiculo fundamental

de transmissão de informação (Luria, 1979,80 segs.)

Isto posto, é impossível considerar como única diferença existente

entre a criança normal e a surda; o fato de esta não ouvir e, talvez,não falar.

Pesquisas realizadas por psicólogos e neurolinguistas de todo o mundo têm

mostrado as falhas dos processos perceptivos do surdo decorrentes da

ausência de fala ou fala pouco desenvolvida. E é neste sentido que Luria e

Yudovich (1978,20) são categóricos:

Ao ficar excluído da comunicação verbal por sua deficiência

auditiva, deixa de possuir todas estas formas de reflexão da realidade que se

produzem graças à linguagem verbal. O surdo a quem não se ensinou a falar

indica objetos ou ações com um gesto e é incapaz de abstrair a qualidade ou a

ação do próprio objeto, capaz de formar conceitos abstratos, de sistematizar os

fenômenos do mundo exterior com ajuda de sinais abstratos proporcionados

pela linguagem e que não são normais à experiência visual adquirida

praticamente.

A falta do instrumental lingüístico adequado comum aos indivíduos

que o cercam parece dificultar, portanto, não apenas o desenvolvimento do

surdo em si mesmo, como também a possibilidade, através de testes

comparativos com ouvintes, de conhecê-lo melhor.

O isolamento pela falta de audição deve ser colocado, também,

como um dos principais problemas de integração do surdo em termos

emocionais, influindo, portanto, em sua personalidade. Esse isolamento é

causado não só pela falta do domínio de um dos principais meios de

comunicação que é a língua usada pelo contexto em que vive o surdo, mas

porque o sentido auditivo proporciona uma série de informações referentes ao

ambiente que o cerca.

LINGUAGEM E INTEGRAÇÃO SOCIAL

No que se refere à importância da linguagem como instrumento de

socialização, muitos foram os estudos realizados, todos unânimes em dizer

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que a linguagem tem papel de destaque no comportamento da integração

social do individuo .

Klineberg (1967,72), preocupado em descrever a psicologia social,

afirma que a linguagem serve

COMO INSTRUMENTO DO PENSAMENTO E

COMUNICAÇÃO, COMO MEIO E CONTROLE DE AÇÃO DOS

OUTROS E COMO FORÇA QUE UNE OS MEMBROS DE UMA

COMUNIDADE PARTICULAR, AO PASSO QUE OS SEPARA

DE OUTRAS.

O significado social da surdez está, portanto, intimamente ligado a

ausência da linguagem comum ao meio cultural em que vive o surdo.

O que é um surdo oralizado?

Podemos dizer que um surdo oralizado é aquele indivíduo que teve

grande apoio de um fonoaudiólogo, família, escola ,se esforçou e se esforça

até hoje em sua aprendizagem. Conheceu Libras, aprendeu, conviveu com

vários surdos como ele e fez a escolha de falar mesmo que não possua uma

pronuncia perfeita, porém consegue se comunicar bem com os ouvintes. Tudo

isto é uma questão de opção de vida. O importante é ser feliz oralizado ou não.

Porém está realidade faz parte da minoria. Deveríamos ter políticas

Publicas voltadas para essas pessoas.

Exemplo:Iniciar a informação sobre surdez da seguinte forma:

Através de folhetos explicativos, vídeos, etc.

A família deveria ser esclarecida quanto as características que

determinam a possibilidade de a criança ser surda.

O cuidado de identificação da surdez o mais cedo possível, vai

favorecer na escolha de atendimento adequado, em tempo hábil para que não

haja uma defasagem no desenvolvimento da linguagem e sua integração ao

seu meio social.

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O bebê surdo ao nascer tem aparentemente as mesmas reações de

um bebê ouvinte, porém se ficarmos atentos vamos perceber que ele, não

reagirá a uma série de sons, como por exemplo:

Diante de um ruído muito intenso o bebê deve ter reações reflexas

do tipo;

à Reflexo de Moro – estremecer, abrindo os braços rápido;

à Pára a atividade que estiver fazendo (mamando, rindo, chorando,

olhando algo, etc);

à Aumenta ou diminui o ritmo da sucção;

à Aumenta ou diminui o ritmo cardíaco/respiratório;

à Arregala os olhos;

à Movimenta (ou tenta) a cabeça procurando o som.

à Quando a criança é maior:

à Fica desatenta, não responde, não entende o que é dito:

à Pede que repita/fale mais alto/fica agressiva, inquieta ou apática

(insegura); sua linguagem estará comprometida (em maior ou menor grau, de

acordo com a perda auditiva)

Portanto, é importante saber que o bebê surdo até mais ou menos 7

meses vai apresentar respostas lingüísticas semelhante ao ouvinte no contexto

social.

Porém é preciso estar atenta à ausência de respostas aos

estímulos auditivos que rodeiam a criança, para encaminhar ao especialista

para orientação.

Outro fator importante é a IDENTIFICAÇÃO da surdez

precocemente, de preferência no berçário se o bebê estiver no grupo de alto-

risco, que incluem:

à Asfixia. Meningite, Infecção congênita Perinatal, Toxicoplasmose,

Rubéola Congênita, Citomegalovirus, Herpes Genital.

Esse trabalho preventivo não poderia faltar em todos os Estados,

pois visa a adequação de atendimento, melhor desenvolvimento da

linguagem com bom desempenho na comunicação, suporte para familiares.

A maioria dos surdos não encontra escola especializada, e quando

encontra é longe e depende do esforço dos pais ou responsáveis. Uma

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situação que fica difícil para o surdo agüentar por muito tempo. E a

conseguência é o abandono da escola.

Falta principalmente esclarecimento, orientação aos pais e

atendimento precose das necessidades da criança surda; isso se tivesse

políticas publicas voltadas pra este fim.

Surdos oralizados usam aparelhos auditivos ou implantes cocleares

(ou não usam nenhum dos dois, inclusive) e são experts em leitura labial.

Surdos oralizados falam como qualquer pessoa ‘normal’ (ou melhor, ouvinte).

Alguns surdos oralizados também conhecem a Libras e se comunicam com

seus amigos/colegas/parentes que são sinalizados através dela – e são

considerados bilíngues. Surdos oralizados são pessoas independentes,

dominam o português falado e escrito e não necessitam de uma terceira

pessoa envolvida na sua comunicação (um intérprete). Surdos oralizados NÃO

vivem em função da surdez e NÃO vivem presos a um grupo pequeno de

pessoas (a chamada “comunidade surda”).

O oralismo como ideologia dominante

O oralismo tem sido e continua sendo, ainda hoje, em boa parte do

mundo, a ideologia dominante dentro da educação dos surdos. A concepção

do sujeito surdo ali presente diz respeito exclusivamente a uma dimensão

clínica — a surdez como deficiência, os surdos como sujeitos patológicos —

numa perspectiva terapêutica — a surdez deve reeducar-se e/ou curar-se, os

surdos devem ser reeducados e/ou curados. E a conjunção de idéias clínicas e

de idéias terapêuticas conduziu, historicamente, a uma transformação

progressiva e sistemática do contexto escolar e de suas discussões e

enunciados, em contextos médico-hospitalares (Lane, 1993).

A análise e as críticas relativas ao oralismo foram, de modo geral,

realizadas apenas como se se tratasse de um poder vertical, onipresente e

absoluto; essa simplificação provém, entre outras coisas, de uma leitura

legalista de suas estratégias negativas mais explícitas — proibições do uso da

linguagem de sinais, controle e castigo corporal, fracasso escolar maciço etc.

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Não obstante, a questão do oralismo como ideologia dominante extrapola

completamente a instituição escolar e implica todo um contínuo de senso

comum, de estereótipos e de imaginários sociais difundidos em vários níveis

das sociedades. Dessa perspectiva, o oralismo não deve ser compreendido

somente como um poder exercido através de leis e seria ingenuidade pensar

que surgiu, simplesmente, graças a um decreto em um momento preciso da

história.

Como qualquer ideologia dominante, o oralismo deu origem a

determinados efeitos, pois — seguindo a linha de raciocínio desenvolvida por

Moreira e Silva (1994) — contou com o consentimento e a cumplicidade da

medicina e dos médicos, dos

profissionais paramédicos, dos pais e familiares dos surdos, dos

professores ouvintes e inclusive com a de alguns surdos, os que então

representavam, e ainda representam, os progressos inevitáveis da terapêutica

— isto é, o surdo que fala — e da tecnologia — o surdo que escuta. Além

disso, não pode ser definida somente como um conjunto de idéias e práticas

institucionais supostamente coerentes, uniformes e homogêneas, orientadas

exclusivamente para que os surdos falem. Com essas idéias e essas práticas

convivem algumas concepções filosóficas, religiosas e políticas já dominantes

no século XIX.

Finalmente, a ideologia dominante não é hegemônica e dá origem a

interpretações diferentes.

Entre essas interpretações aparecem algumas formas de resistência

que, no caso dos surdos, expressam-se de múltiplas maneiras. A criação de

associações de surdos é apenas um exemplo disso e, curiosamente, todas

elas surgiram depois de ter sido imposta a oralidade nas escolas. Dessa

perspectiva, resulta no mínimo paradoxal que continuem sendo consideradas

guetos e não espaços libertos do controle relativo à deficiência. Atualmente, as

lutas pelos direitos humanos e pelo direito específico que têm os surdos à

aquisição de uma primeira língua constituem somente a face formal dessa

resistência. Talvez os matrimônios, as produções artísticas e culturais

diferenciadas, o refúgio das crianças surdas nos banheiros das escolas

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oralistas para comunicar-se sejam expressões ainda mais genuínas desse

processo.

Reflexões para uma redefinição ou para uma nova visão sobre os

problemas da educação dos surdos

Uma análise limitada da ideologia dominante pode dar origem

também a uma limitada explicação sobre os problemas cruciais que

caracterizam a educação dos surdos. Assim, as causas e as conseqüências do

fracasso parecem inverter-se. O fracasso na educação dos surdos, com seus

múltiplos e variados sintomas, constituiu e constitui ainda hoje motivo para dois

tipos de justificativas igualmente inapropriados: por um lado, que os surdos são

os responsáveis diretos por esse fracasso — fracasso, pois, da surdez, dos

dons biológicos naturais —; por outro, que se trata de uma dificuldade

metodológica, o que fortalece a necessidade de purificar e sistematizar ainda

mais os métodos. Nesses

dois tipos de justificativas mencionadas, procurou-se evitar qualquer

denúncia relativa ao fracasso da escola e/ou das políticas educacionais e/ou

do Estado (Arroyo, 1991). Uma síntese acerca do fracasso seria, , a seguinte:

na educação dos surdos, os surdos não fracassaram; fracassaram os ouvintes

que nela trabalham.

A educação dos surdos encontra-se, portanto, diante não de um

problema mas de um duplo sistema de problemas. O primeiro deles poderia

ser definido como o problema dos poderes e saberes dos ouvintes em torno

das modalidades de comunicação e de linguagem adequadas para os surdos.

Embora aparentemente contenham posições antagônicas, todas elas

conservam e reproduzem um círculo de baixas expectativas pedagógicas

(Johnson, Liddell & Erting, 1991). O segundo sistema de problemas poderia

ser entendido como o da existência de múltiplas variáveis que, efetivamente,

intervêm na construção de uma educação significativa para os surdos;

variáveis com que se cruzam fatores históricos, políticos, regionais e culturais

específicos, relativos a cada uma das situações pedagógicas concretas e que,

portanto, não permitem reduzir a educação dos surdos a uma questão

metodológica, a uma problemática fechada em si mesma.

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A proposta atual para a análise das construções educacionais

possíveis para os surdos seria, pois, determinada por um conjunto das

variáveis interdependentes (Skliar, 1996a; 1996b); são elas: o reconhecimento

do fracasso educativo em suas raízes e em suas conseqüências pessoais,

sociais, cognitivas, lingüísticas, comunicativas, de cidadania, de formação

acadêmica e profissionais; a natureza e tipo das atitudes, dos estereótipos, das

representações e do imaginário social acerca dos surdos e da surdez,

presentes dentro e fora da escola; as políticas e a situação lingüística concreta

da comunidade educativa; a participação da comunidade de surdos no debate

lingüístico e pedagógico e sua participação efetiva no projeto escolar; as bases

ideológicas e arquitetônicas para a estruturação e a consecução de objetivos

pedagógicos; a continuidade institucional do projeto educativo; e, finalmente,

as pressões geradas pelas políticas de integração social e escolar.

CAPÍTULO II

O que é Libras

Libras é a sigla da Língua Brasileira de Sinais

As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades

surdas.

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Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são

simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a

comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias.

Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas

também são compostas pelos níveis lingüísticos: o fonológico, o morfológico, o

sintático e o semântico.

O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-

auditivas são denominados sinais nas línguas de sinais.

O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua

modalidade visual-espacial.

Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de

Sinais irá aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês etc.

Os seus usuários podem discutir filosofia ou política e até mesmo

produzir poemas O que é Libras

Libras é a sigla da Língua Brasileira de Sinais

As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades

surdas.

Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são

simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a

comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias.

Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas

também são compostas pelos níveis lingüísticos: o fonológico, o morfológico, o

sintático e o semântico.

O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-

auditivas são denominados sinais nas línguas de sinais.

O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua

modalidade visual-espacial.

Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de

Sinais irá aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês etc.

Os seus usuários podem discutir filosofia ou política e até mesmo

produzir poemas

3 Convenções da LIBRAS

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3.1 A grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificação, serão

representados na Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA,

INSTRUTOR.

3.2 A datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de

pessoas, lugares e outras palavras que não possuem sinal em ará

representada pelas palavras separadas por hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-

S-E.

3.3 Os verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas as

concordâncias e conjugações são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO.

3.4 As frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não à do

Português. Ex.: VOCÊ GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?)

3.5 Os pronomes pessoais: serão representados pelo sistema de

apontarão. Apontar em LIBRAS é culturalmente e gramaticalmente aceito.

Muitas pessoas acreditam que a Língua Brasileira de Sinais

(LIBRAS) é o português nas mãos, na qual os sinais substituem as palavras.

Outras pensam que é linguagem como a linguagem das abelhas ou do corpo.

Muitas pensam que é somente gestos iguais daqueles que às línguas

verdadeiras. Entre as pessoas que acreditam que é uma língua, há algumas

que crêem que e limitada e expressa apenas informações concretas, e que

não tem o poder de expressar idéias abstratas

Pesquisa lingüística vem sendo desenvolvidas, mostrando porém,

que a LIBRAS é comparável em complexidade e expressividade a quaisquer

línguas orais. Não é uma forma de português. Tem sua própria estrutura

gramatical, que deve ser aprendida do mesmo modo que a gramática de

outras línguas. LIBRAS difere de línguas orais no canal comunicativo usado,

isto é, a visão em vez da audição, e os componentes do sistema são

configurações precisas das mãos e movimentos exatos

A LIBRAS é capaz de expressar idéias sutis, complexas e abstratas.

Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de

esportes, empregos, moda, etc. A LIBRAS PODE EXPRESSAR POOESIA E

HUMOR. Como outras línguas, LIBRAS aumenta o vocabulário com novos

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sinais introduzidos pela comunidade surda em resposta da mudança cultural e

técnica.

A LIBRAS não é universal. Assim como as pessoas ouvintes em

países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por todo

parte do mundo usam línguas de sinais diferentes. Observamos que surdos de

países diferentes comunicam-se mais facilmente uns com os outros do que os

falantes de línguas orais diferentes. Isso é devido a capacidade que as

pessoas surdas desenvolvem durante a vida de aproveitar gestos e

pantomimas para a comunicação, características mais semelhantes entre as

línguas de sinais.

A LIBRAS foi desenvolvida por surdos do Brasil para comunicação

entre eles existe há tanto tempo quanto a existência dos surdos brasileiros. A

padronização começou quando foi fundado o Instituto Nacional de Educação

dos Surdos IINES0 em 1857.

Sendo o INES, a única escola para surdos por muitos anos,

funcionando em regime de internato, recebia alunos de todas as regiões do

Brasil, os quais ao voltarem para suas cidades, nas férias, difundiram essa

língua por todo o país. Assim a LIBRAS difere da língua de sinais de Portugal.

A partir de um congresso em Milão em 1880, a filosofia educacional

começou na Europa e consequentemente em todo o mundo. O método

combinado, que utilizava tanto sinais como o treinamento em língua oral, foi

substituído em muitas escolas pelo método oral puro, o oralismo. Muitos

pedagogos de boa vontade, mas com pouca compreensão da experiência em

surdez, acreditavam que a única forma possível para que as crianças surdas

se integrassem ao mundo dos ouvintes seria falar e ler os lábios. E assim

passaram a insistir com os alunos surdos para que entendessem a língua oral

e passassem a falar. Os professores surdos já existentes nas escolas naquela

época, foram afastados, e os alunos desestimulados a usarem a língua de

sinais, tanto dentro da sala de aula como também fora. Era uma prática

amarrar as mãos das crianças para impedi-las de fazer sinais. Isso aconteceu

da mesma forma também no Brasil, mas apesar dessas tentativas de

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desestimular o uso da língua de sinais, LIBRAS continuou sendo a língua

preferida da comunidade Surda. Quando viram que o uso e sinais estava

proibido, os surdos reconheceram e consideraram LIBRAS como sua língua

natural, a qual reflete valores culturais e guarda suas tradições e heranças

vivas.

CAPÍTULO III

OS DIFERENTES TIPOS DE SURDEZ

E Principais meios de comunicação

Classificação da Surdez

Tipos de Perda Auditiva (Quanto ao local da lesão):

à Perda condutiva: São determinadas por Algumas patologias

localizadas no ouvido externo /médio como por exemplo: corpo estranho no

ouvido externo (grãos, insetos, introduzidos no conduto auditivo), malformação

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do ouvido, do conduto auditivo externo (estreitamento), e também da cadeia

ossicular, perfuração da membrana timpânica.

à Perda Neurossensorial: Local da lesão é determinada na Cóclea

e/ou no Nervo Coclear.

à Perda Mista: Quando afeta ao mesmo tempo o ouvido médio e

ouvido interno.

Classificação das Perdas de acordo com o grau:

Esta classificação foi elaborada por DAVIS e SILVERMANN (1970),

baseia-se na média obtida da soma do limiar encontrado em 500, 1000 e 2000

Hz comparando com a tabela a seguir:

CLASSIFICAÇA

O

MÉDIA

ENCONTRDA

CARACTERÍSTICAS

NORMAL

LEVE

0 a 25 Db

26 a 40 dB

Não percebe os fonemas da mesma

forma, isto altera a compreensão das

palavras; voz fraca e distante não é

ouvida – criança considerada

“desatenta”, a aquisição da linguagem é

“normal/lenta, mais tarde vai ter

dificuldade na leitura e/ou na escrita;

precisa acompanhamento.

MODERADA 41 a 70 dB Percebe a voz com certa intensidade;

pode ocorrer atraso na linguagem e

alteração articulatória; discriminação

difícil em lugares ruidosos.

SEVERA 70 a 90 dB Identifica ruídos familiares

(predominando os graves); percebe voz

(grave) a família necessita orientação

precoce para auxiliar o rendimento da

criança, compreensão verbal

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compreensão Verbal associada a

grande aptidão visual.

PROFUNDA Acima de 90 dB Não percebe a voz humana sem um

estímulo adequado; não há feed-back

auditivo; maior facilidade para perceber

as pistas visuais.

Porém, devido a irregularidade das curvas, adota-se combinação de

dois termos, por exemplo: leve a moderada ou severa/profunda.

Existe ainda uma outra consideração a ser feita: se a perda é

unilateral, se o grau de perda é o mesmo no ouvido direito e no esquerdo.

Audiometria

É o exame realizado em um audiometro ( com tons puros em

freqüência de 125, 250, 500, 1000, 2000, 3000, 4000, 6000, 8000, Hz,

variando em intensidades de -10, -5, 0, 10, até 120dB) que vai permitir a

determinação dos limiares auditivos (quanto precisa de intensidade em cada

freqüência testada para ouvir)

A realização desse exame requer muitos pré-requisitos do

examinador como:

à conhecimento do equipamento e seus recursos;

à conhecimento do desenvolvimento normal da criança;

à conhecimento das técnicas a serem aplicadas;

à ter facilidade em estabelecer empatia com a criança;

à ser capaz de identificar o comportamento através das mínimas

reações-respostas;

à ter criatividade e flexibilidade em sua atuação, conduzindo o

exame de modo agradável e produtivo;

Dar as coordenadas para o exame de modo ameno, porém seguro e

confiante.

Observar na criança condições ideais para a realização do exame

como:

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.tranqüilidade, empatia, disposição, estar bem alimentada (fome e

sede), ter dormido bem, se sentir segura com o ambiente e com o profissional:

à evitar que a criança se canse;

à observar se a criança tem necessidades fisiológicas a serem

satisfeitas(se está inquieta por isso

à Os exames e testes realizados com o objetivo de determinar os

limiares auditivos, entre eles;

à Screening Test; realizado com auxilio de instrumentos musicais

calibrados, que dão, a referencia da faixa de freqüência e do nível de

intensidade capaz de despertar a curiosidade da criança quando ela tem a

sensação sonora.

à Condicionamento; através desta técnica, consegue determinar o

limiar auditivo, seja com instrumentos ou com audiômetro.

à Audiometria com jogos de encaixe; a medida que se percebe o

som, a criança vai encaixando o jogo, e o profissional vai marcando no

audiograma (gráfico onde é traçado a curva da perda auditiva).

à Peep-Show; também usando o condicionamento temos a

resposta através do estímulo visual + auditivo nas freqüências e intensidades

pesquisadas, quando se tem o condicionamento, dá-se apenas o estímulo

auditivo, se a criança procurar o estímulo visual é porque ouviu o som..

à Audiometria Tonal; realizado com tom puro, pesquisando as

freqüências e intensidades já citadas anteriormente. Com base nos resultados

obtidos nos exames audiométricos pode-se pensar na indicação A.A;S;I., pois

ele vai mostrar os limiares auditivos, mostrando quanto o indivíduo tem de

ganho em cada freqüência e quanto de intensidade necessita para perceber os

sons.

O individuo precisa de um tempo com, o aparelho para se

familiarizar com os sons e então poder iniciar o trabalho de adaptação. Desse

modo ele terá a sua referencia e registro dos sons que passa a conhecer.

O TREINAMENTO AUDITIVO COM A PRÓTESE

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Segundo R. Carthart, treinamento auditivo é o processo de ensinar

crianças e adultos com dificuldades de audição a utilizarem de forma vantajosa

as pistas sonoras acessíveis a eles.

O treinamento auditivo tem por finalidade desenvolver a capacidade

de percepção, reconhecimento e discriminação de ruídos, sons ritmos e

entonação, favorecendo assim aquisição a aquisição e desenvolvimento da

linguagem, aproveitando a audição residual por meio da amplificação dos sons

e seguindo uma metodologia adequada e sistemática.

COMO AMPLIFICAR OS SONS

Alguns problemas acarretados pela surdez podem ser corrigidos ou

minimizados através do uso de aparelhos de amplificação, que permita

permitem ao paciente com perda auditiva, o acesso ao mundo sonoro, obtendo

maior facilidade de compreensão e controle de sua própria fala.

Esses aparelhos devem ser utilizados segundo indicação médica e

sob orientação de profissionais especializados que procederão a educação ou

reeducação auditiva, conforme o caso.

A prótese jamais poderá ser considerada como um novo ouvido.

Ela é uma tentativa válida de substituir, razoavelmente, o órgão

comprometido,

É importante frisar que qualquer aparelho de amplificação para

surdez, por mais aperfeiçoado que seja, por si só não será capaz de realizar

milagres. Os resultados só serão alcançados quando forem observvados

algum fatores essências. Como:

A correta indicação do aparelho, adequado ao tipo e ao grau de

perda auditiva do surdo

à um período de adaptação ao aparelho, seguido de educação ou

reeducação auditiva, orientada por profissional especializado (fonoaudiólogo

ou professor de surdos).

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à uso real do aparelho, isto é, uso constante, durante todo o dia

após adaptação.

Como Aprender a Ouvir

Para que uma criança surda possa chegar ao domínio da sua língua

materna partindo da audição, é necessário que em primeiro lugar, aprenda a

ouvir.

Aprender a “ouvir” não quer dizer recuperar a audição. Aprender a

“ouvir” significa tomar conhecimento de seus restos de audição e aprender a

utilizá-los, mesmo que a curva auditiva seja muito reduzida, como no caso da

surdes severa e profunda. Ainda nesses casos, há uma zona em que a criança

poderá perceber sons e, por menor que seja, sua importância é muito grande.

O aprimoramento do processo auditivo depende de estimulação e

oportunidades bem precoces. Experiências demonstram que a criança que for,

desde cedo beneficiada com rica estimulação auditiva, provavelmente atingirá

um alto nível de aprendizagem neste campo. Porém, outras experiências

demonstram que crianças com educação iniciada aos 6,7,10 e até 12 anos

também obtiveram bons resultados com relação a audição e aquisição da

linguagem, ou seja, sempre haverá muita coisa a ser feita, através de um

trabalho adequado quando e sistemático

São muito importantes no desenvolvimento auditivo os processos de:

a) –Consciência auditiva -capacidade de reagir a um estímulo sonoro,

b) – Localização auditiva - habilidade de determinar de qual direção

está vindo o som.

c) – Identificação auditiva - Habilidade de relacionar o som com a fonte

sonora.

d) Atenção auditiva - capacidade de concentrar a atividade

psíquica nos estímulos auditivos.

e) Memória auditiva - capacidade de reter, reproduzir e reconhecer

estímulos auditivos anteriormente apresentados.

f) Seqüência auditiva - capacidade de perceber a ordem em que os

estímulos são produzidos.

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g)Discriminação auditiva - habilidade de diferenciar um som de outro e

distinguir pequenas diferenças nos sons.

h) Análise e síntese auditivas - capacidade de identificar e reconhecer as

características dos sons de um todo e

resumidos formando este todo,

O trabalho de estimulação auditiva é demorado e os resultados não

aparecem

Logo que o aparelho é colocado. A criança tem que realizar um

longo e difícil

Trabalho, graças ao qual aprenderá primeiro a receber os sons,

descobre que esses sons podem ser diferentes e, aos poucos, começa a

decodificá-los, isto é, a identificá-los se desenvolvendo seus limiares

diferenciais

Muitas pessoas desanimam de ensinar linguagem oral aos surdos,

porque acham que acham que eles não entendem nada quando lhes falam. É

claro, não entendem mesmo no início. Podem precisar de dias e até semanas

para fazerem a grande descoberta “As coisas têm nomes!”. Só a partir daí

começa seu interesse pela linguagem de compreensão. A proporção que a

audição é estimulada a criança começa a ter mais facilidade para compreender

e, como conseqüência, começa a tentar alguns sons.

O trabalho fonético vai sendo feito paralelamente ao treinamento

auditivo, preparando os órgãos da fala, instalando ou corrigindo os fonemas,

aperfeiçoando a expressão oral, para que o surdo, além de querer falar, o faça

da melhor maneira possível, de acordo com sua capacidade individual.

TREINAMENTO FONOARTICULATÓRIO

O treinamento fonoarticulatório na verdade está ligado a um

conjunto de sistemas interligados entre si, que vão auxiliar o individuo a

estabelecer o elo de comunicação entre os seres: a fala,

A fala é produzida por um conjunto de 6 sistemas. Respiração,

emissão, ressonância, articulatório, nervoso central, e nervoso periférico.

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Em cada um desses sistemas atuam em harmonia vários

componentes que se afetados de alguma forma vão interferir em todo o

complexo.

No trabalho integrado da reabilitação cada sistema é observado e

realizado um trabalho específico para recompor suas funções.

Se não houver integridade em suas funções, uma dificulta a

estabilização da outra.

Uma das funções mais visadas, principalmente nos métodos orais, é

o sistema articulatório, sem esquecer o respiratório e o de emissão.

Articular e emitir um som depende da funcionalidade dos demais

(ressonância, respiração)

Ensinar exercícios fonoarticulatorios, é muito mais do que

simplesmente fazer caretas e soltar sons. Uma série de funções atuam em

conjunto, para se atingir o objetivo final: cada fonema (letra/som) necessita de

uma preparação prévia até que se chegue a articulação satisfatória.

Requer conhecimento de técnicas especiais, de profissional criativo

e responsável, que envolva a criança e a estimule a tentar sem medo de errar.

Requer, acima de tudo, muita paciência, desprendimento e uma boa

dose de carinho e amor pelo que faz.

Treino da Linguagem

Ao se desenvolver um trabalho com a criança portadora de surdez

temos

Temos como meta principal ensinar-lhe a compreender a linguagem

para que possa utilizá-la como meio de expressão

Há diversos caminhos a serem seguidos no processo de aquisição

de linguagem,.quer seja por metodologias oralistas ou por filosofias

educacionais.

A orientação dos pais e a intervenção precoce é essencial, visando

que a dificuldade dos pais é uma das barreiras mais profundas do que possa

aparece. Os sentimentos e comportamentos verificados necessitam ser

orientados, para que juntos possamos compartilhar as situações, trocar afeto,

fazendo assim com que os pais mantenham um equilíbrio emocional,

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proporcionando maior confiança em relação ao filho e ao trabalho terapêutico e

educacional.

A linguagem é o instrumento, a ferramenta, o meio pelo qual a

experiência é simbolizada e comunicada. Acreditando nisso: o método materno

Reflexivo, que é originado de fundamentos teóricos dos métodos naturais e

construtivos baseia-se no desenvolvimento normal da criança ouvinte e na

espontaneidade surgidas nas situações informais, visando oferecer a criança

portadora de surdez modelos de linguagem coloquial e progressivamente estes

vão sendo aumentados, este método é destinado à criança com perdas

auditivas na fase pré-linguistica, considerando a CONVERSAÇÃO, a repetição

a análise, suportes do desenvolvimento da linguagem considerando

As principais características deste método são:

,Conversação: Centro de todas as aquisições a nível de linguagem e

processo básico de toda aprendizagem.

.Uso de depósitos: É todo o material da conversação, fixado no

diário da criança, constituindo assim um depósito que usará em outras

situações.

. Leitura precoce: É uma leitura que visa facilitar a memorização do

conteúdo promovido pela conversação.

Retenção das Regras Gramaticais: Feitas pelo processo de

descoberta, semelhante ao uso da criança ouvinte.

.Controle das Produções Orais: Realiza-se um treino específico de

fala, que permite a criança utilizar a linguagem expressiva de forma clara. O

sucesso está vinculado ao bom funcionamento das vias responsáveis pela

linguagem oral (leitura labial), treinamento auditivo, respiração, articulação e

memória)

.Treino de Percepção sonora Estimula-se resíduos auditivos ou

sensação de vibração para melhorar a qualidade do ritmo:, entonação, e

acentuação da linguagem,

. Decepção de Estrutura da Língua: Feita sempre com base na

conversação, utilizando todo o material escrito nos diários, papelógrafos

(textos, redações, bilhetes, cartas, etc). Leva a criança desde a idade pré-

escolar a desenvolver a analise dos sistemas sintático e semântico,

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fundamentais na linguagem oral e escrita. Neste processo, não são dados

modelos para serem transformados. Ela descobre por si própria conversando.

Baseado nestas características, a utilização do método Materno

Reflexivo é imprescindível na educação de crianças portadoras surdez,

visando que a intervenção precoce e a utilização adequada do método são

pontos chaves para o sucesso da estruturação da linguagem oral e escrita,

sendo a base de toda a cultura.

Assim concluímos que o esforço dos que hoje lidam com portadores

de surdez representa uma vitória sobre preconceitos milenares, sendo a

comunicação natural a melhor forma, a mais eficiente e motivadora.

CAPÍTULO IV

AS NOVAS TECNOLOGIAS MUDANDO A VIDA DOS SURDOS

A informática está presente em todos os lugares da nossa vida. O

contato com os computadores, com a Internet e seus recursos é, hoje,

fundamental para uma melhor integração com o mundo moderno e com as

oportunidades de trabalho.

A universalização do acesso a Internet tem contribuído com

eficiência para minimizar dificuldades, oferecendo às pessoas com

necessidades educativas especiais oportunidade de acesso à comunicação

através dos avanços tecnológicos.

A Internet surgiu como uma nova forma de comunicação e pesquisa,

proporcionando um novo ambiente de aprendizagem, em Língua Portuguesa

escrita, para a pessoa surda, onde através dos e-mails e chats, a comunicação

se expande. A exploração dos sites pelos surdos proporciona aos mesmos

uma maior autonomia investigativa nas suas atividades de pesquisa.

A telefonia celular também merece destaque, pois as pessoas

surdas podem se comunicar através de mensagens escritas, não necessitando

mais de mediadores,

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A Internet tem influenciado significativamente para o surgimento de

novos paradigmas educacionais.

Sentimos que, diante de um ambiente de aprendizagem

informatizado o surdo interage com os amigos, com os professores e com a

comunidade virtual, onde manifesta seus sentimentos de maneira construtiva,

podendo através de um trabalho constante, superar algumas de suas

dificuldades, possibilitando, assim, uma inclusão social.

Com isso, acreditamos que possamos transformar e contribuir para

uma mudança significativa na vida das pessoas surda.

Não podemos esquecer que, ao mesmo tempo em que os

movimentos surdos reivindicam direitos e justiça social para esta comunidade,

a ciência avança em descobertas e novas possibilidades tecnológicas. Os

avanços tecnológicos trouxeram aparelhos de amplificação sonora mais

sofisticados – e mais caros também – além de treinadores de fala, técnicas

cirúrgicas mais complexas e implantes cocleares que restituem parte da

audição. Trouxeram, também, novos instrumentos de comunicação que

facilitaram, e muito, a vida das pessoas, como o vídeo e a televisão, os

aparelhos de fax, os telefones celulares com possibilidades de mensagens

escritas, pagers, correio eletrônico, vídeo-fone no computador, vídeo-fone no

aparelho celular... Embora muitos surdos dispensem os avanços na área

médica, fonoaudiológica e reabilitatória, poucos duvidam das infinitas

oportunidades trazidas pelas tecnologias de informação e comunicação, em

especial a Internet. Desta forma, na época em que vivemos, onde propostas

educacionais diametralmente opostas coexistem em todos os âmbitos da

sociedade, observamos uma avalanche de recursos tecnológicos disponíveis,

correspondendo tanto aos objetivos das escolas e clínicas de reabilitação da

fala e da audição, quanto aos dos próprios movimentos surdos em todo mundo

na preservação de sua língua, de sua identidade e de sua cultura.

Considerando apenas o aspecto da comunicação e da informação

originadas pela complexidade da própria sociedade, nos deparamos hoje com

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a supremacia da cultura audiovisual, observada na profusão de meios cada

vez

mais sofisticados de transmissão de imagens sonoras e,

especialmente visuais, num processo criativo inesgotável. E esta profusão de

informações visuais tem beneficiado, e muito, as pessoas surdas, ao mesmo

tempo em que têm despertado nelas o desejo e a necessidade de

apropriarem-se de uma antiga tecnologia, tida até então como privilégio

somente de quem fala com a boca e inacessível a ouvidos moucos – a escrita.

Além disso, a sociedade tem exigido “um novo tipo de indivíduo e trabalhador:

um indivíduo dotado de competências técnicas múltiplas, habilidade de

trabalho em equipe, capacidade de aprender e de adaptar-se a situações

novas”.

CONCLUSÃO

A historia é: Quem inclui quem? Ou, quem exclui quem ou o quê?

Não incluímos o portador de deficiência no mundo, incluimo-nos no

mundo do portador de deficiência. E aí, vamos ver onde está a deficiência, no

outro, ou em mim? Será que as limitações, as deficiências que vejo ou projeto

no outro não são deficiências do mim em lidar com a “deficiência” do outro?

Incluímos o verdadeiramente o outro quando incluímos o outro em nós.

Deixamos de ver as “muletas” do outro quando libertamo-nos das nossas

“muletas e permitimos superar obstáculos, subir montanhas e não somente ver

o outro – seja ele sujeito, objeto ou situação – como um obstáculo.

Quando oferecemos obstáculo para o outro não encontramos em nós

coragem para superar nossas próprias barreiras, O problema só é problema

quando o vemos como um problema. Quando o vemos com uma possibilidade

de crescimento, de alegria, de superação, de conhecimento de um novo

mundo e nossas possibilidades de desenvolver nossas competências, ele

deixa de ser problema.

.A vida familiar oferece educação importantíssima para o

desenvolvimento social, como a formação da identidade e a formação da auto-

imagem (sua formação é baseada no sentimento de aceitação que recebe dos

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pais) tão necessária para enfrentar as dificuldades do dia a como barreiras de

comunicação, o estigma que a sociedade coloca no surdo

O caminho que o surdo seguir, varia de acordo com a cultura, condição

financeira, estimulação precoce (fala gestual), disposição dos pais em

assumirem o compromisso de ajudá-los a se integrarem no meio

Os surdos que recebem uma base sólida da família, fato este que leva

o deficiente a acreditar no seu potencial – será complementado na escola –

quando leva dentro de si a imagem positiva dos estímulos adequados

recebidos ao longo do tempo, tem elementos que podem modificar conceitos

negativos existentes na sociedade, pela falta de reconhecimento da sociedade

em geral – do aspecto psicológico em relação ao mesmo.

ANEXO

Breve relato sobre Letícia e Célio.

Lembrando David Vlright, poeta e romancista sul africano ensurdecido aos 7 anos, ao citar o início do Evangelho de João: " no príncipio era o verbo"... Como indivíduos sem audição são capazes de formular conceitos diante de tal afirmação?

Adquirir um veículo para o pensamento e a comunicação, eis o grande desafio.

Buscando vencer este desafio imensurável, duas crianças Letícia e Célio,ambos no 1°ano de vida, investem numa proposta reeducativa, amparadas amorosamente por suas famílias na conquista do direito de oportunidades educacionais, integrados em turmas regulares de ensino. Seguindo-se paralelamente o atendimento fonoaudiológico e acompanhamento ao educando com necessidades especiais.

A vida deles transcorre em que no alcance de muitas metas: analisar criticamente o meio em que vive, desenvolver sua anatomia enquanto cidadão, agir como agente transformador e não apenas como mero expectador, ter postura crítica inclusiva, dominar a língua portuguesa numa proposta de educação monolíngue com pleno uso e compreensão semântica. A aquisição da língua de sinais ocorreu voluntária quando adultos.

Independentemente de possuir uma ótima compreensão e expressão lingüística (indivíduo surdo X ouvinte e vice-versa), podemos afirmar com certeza que Letícia e Célio cada um conquistou a partir de suas potencialidades o pleno exercício de sua cidadania consciente e responsável. Célio é arquiteto e Letícia é universitária de Análise e Desenvolvimento de Sistemas

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

III Congresso internacional e IX Seminário Nacional do Inês

22 a 24 de setembro de 2004 – Rio de Janeiro – RJ

Múltiplas faces do Cotidiano Escolar.

Fernandes,Eulália

Problemas lingüísticos e cognitivos do surdo/Eulália Fernandes.—Rio de

Janeiro: Agir, 1990

MultiEducação

Núcleo Curricular Básico – Rio de Janeiro: 1996

Sacs Oliver

Vendo Vozes: Uma jornada pelo mundo dos surdos – Oliver Sacs –

Imago

Revista Brasileira de Educação Especial

fonte na internet:

http://cronicasdasurdez.com/sobre-surdos-libras-acessibilidade-e-

noticias-equivocadas-sobre-surdez/

Indice

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FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 7 SUMÁRIO 8 INTRODUÇÃO 9 CAPITULO I 11 CAPITULO II 24 CAPITULO III 28 CAPITULO IV 37 CONCLUSÃO 39 ANEXO 40 BIBLIOGRAFIA 41 ÍNDICE 42