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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS AO MEIO AMBIENTE Por: Luiz Augusto dos Reis Orientador Prof. William L. Rocha Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS AO

MEIO AMBIENTE

Por: Luiz Augusto dos Reis

Orientador

Prof. William L. Rocha

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS AO

MEIO AMBIENTE

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Cândido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Pós Graduação em Direito

Ambiental.

Por: .Luiz Augusto dos Reis

3�

AGRADECIMENTOS

à minha família, que sempre me apoiou

em todos os momentos importantes da

minha vida, aos meus amigos, fieis

companheiros da longa jornada de

minha vida, professores William L.

Rocha e Francisco Carrera pelas

explicações bastante proveitosas que

me ajudaram em muito na realização

deste trabalho.

4�

DEDICATÓRIA

dedica-se à minha família, tesouro da

minha vida, e aos meus amigos e colegas

de trabalho, admiráveis companheiros

dessa minha jornada.

5�

RESUMO

O trabalho consistirá em delimitar a responsabilidade civil que um agressor

assumirá como consequências de seus atos danosos em face do meio

ambiente. Sendo assim, o estudo será focado tanto na parte doutrinária, em

busca de conceitos importantes, como também em leis ordinárias federais que

preveem em seus artigos situações de agressão, de uma pessoa física ou

jurídica, ao meio ambiente, relacionando-as às conseqüências jurídicas

cabíveis, na esfera civil.

6�

METODOLOGIA

O trabalho desenvolvido procurou consultar uma razoável quantidade de obras,

buscando importantes opiniões sobre conceitos básicos de responsabilidade

civil na área ambiental, não somente de renomados autores, consagrados na

área ambiental, como também matéria de pesquisa da Internet. Objetivou-se

pesquisar também exemplos práticos de tipos de responsabilidade ao meio

ambiente, bem como as respectivas reações do Estado perante tais problemas.

Adquiriu-se boa parte do material na biblioteca pública da Universidade

Estadual do Rio de Janeiro - U.E.R.J., onde é possível encontrar um grande

acervo de livros dos mais diversos autores. Desse modo, buscou-se obter uma

sólida base sobre os conceitos iniciais da responsabilidade civil, abrangendo

desde a sua origem até a sua atual aplicabilidade.

7�

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Responsabilidade Civil 09

CAPÍTULO II - Meio Ambiente: Responsabilidade de Todos 15

CAPÍTULO III – Responsabilidade Objetiva Ambiental 25

CONCLUSÃO 48

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 50

ÍNDICE 52

FOLHA DE AVALIAÇÃO 54

8�

INTRODUÇÃO

O trabalho desenvolvido procurou possibilitar a qualquer estudante se

aprofundar no campo da responsabilidade civil na área ambiental. Inicialmente,

preocupou-se em expor os conceitos básicos envolvidos no tema em questão,

como dano e meio ambiente. Posteriormente, expôs-se a evolução da

responsabilidade civil no âmbito ambiental, evidenciando a relação de

causalidade entre a ação agressora do homem e o dano causado, sem se

esquecer da conseqüente indenização. Por fim, abordou-se as espécies de

responsabilidade mais presentes em nossa sociedade capitalista, analisando

sempre o posicionamento da mais recente doutrina especializada no assunto

estudado.

9�

I: RESPONSABILIDADE CIVIL

I-1: Conceito

A responsabilidade civil na esfera ambiental possui previsão

constitucional, o que mostra que nosso legislador se preocupou bastante com a

matéria em pauta. Dessa forma, o autor Paulo de Bessa Antunes, em sua obra

intitulada Direito Ambiental, explica que

a responsabilidade por danos ao meio ambiente, no sistema jurídico brasileiro, é matéria que goza de status constitucional, visto que inserida no capítulo especialmente voltado para a proteção do meio ambiente. A abrangência jurídica do mencionado capítulo é suficientemente extensa para estabelecer um marco jurídico apto a assegurar uma eficiente proteção ao bem jurídico meio ambiente (ANTUNES, 2005, p. 199).

Demais, a responsabilidade se faz presente nas três áreas existentes:

civil, administrativa e penal. Em se tratando de responsabilidade civil, pode-se

dizer que a lei infraconstitucional estabeleceu como objetiva, não precisando,

portanto, estabelecer a existência da culpa. Segundo Antunes, “muito embora a

Constituição não defina se o regime de responsabilidade é objetivo ou

subjetivo, a lei definiu-o como objetivo e, portanto, independente de culpa [...]”

(op. cit., p. 199).

A presença da responsabilidade civil objetiva na Constituição Federal de

1988 não representa uma modificação substancial da aplicação da

responsabilidade civil, uma vez que já havia sua existência em textos

constitucionais anteriores. Antunes informa que

a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, parágrafo 6º, adotou a responsabilidade objetiva do Estado em razão de danos que os seus prepostos venham causar a terceiros. Não foi, entretanto, uma inovação, pois a matéria já se encontrava presente em diversos textos constitucionais pretéritos (op. cit., p. 116).

Portanto, não se trata de assunto completamente novo para o legislador,

pois há longo tempo a responsabilidade objetiva se faz presente em nosso

ordenamento jurídico.

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O Estado procura, enfim, defender o patrimônio ambiental, uma vez que

representa um bem coletivo de valor imensurável. Seguindo tal pensamento, o

autor Paulo Affonso Leme Machado, em sua obra intitulada Direito Ambiental

Brasileiro, diz que

[...] não é justo prejudicar nem os outros e nem a si mesmo facilita-se a obtenção da prova da responsabilidade, sem se exigir a intenção, a imprudência e a negligência para serem protegidos bens de alto interesse de todos e cuja lesão ou destruição terá consequências não só para a geração presente, como para a geração futura. Nenhum dos Poderes da República, ninguém, está autorizado, moral e constitucionalmente a concordar ou a praticar uma transação que acarrete perda de chance de vida e de saúde das gerações (MACHADO, 2005, p. 315).

A responsabilidade no âmbito ambiental possui a presença de, como dito

anteriormente, é aquela onde não há necessidade de se provar a existência de

culpa, baseada na teoria do risco integral. Antunes afirma que

muito embora exista uma cláusula geral de responsabilidade subjetiva no Direito Brasileiro, o parágrafo único do artigo 927 do Código Civil admite que a responsabilidade possa ser imposta em função do risco da atividade. Esta é uma questão bastante complexa, visto que a responsabilidade objetiva implica uma profunda alteração no sistema de igualdade processual das partes, visto que a simples prova do fato e do nexo de causalidade é suficiente para estabelecer a obrigação de reparar o dano. Existe Julgado no Superior Tribunal de Justiça considerando a responsabilidade ambiental derivada do risco integral (op. cit., p. 205).

Percebe-se claramente que o nosso legislador adotou a teoria do risco

integral com o intuito de controlar os danos ocorridos ao meio ambiente. Sendo

assim, a autora Jeanne da Silva Machado, em sua obra intitulada A

solidariedade na Responsabilidade Ambiental, esclarece que “[...].a disposição

expressa na legislação da responsabilidade independentemente de culpa

sugere a admissão da teoria do risco integral, considerando-se apenas o fato

do dano, com exclusão de qualquer outro externo a ele” (MACHADO, 2006, p.

89).

Jeanne ainda acrescenta que meio ambiente e interesse coletivo,

devendo, por tal fato, ser reparado sempre que sofrer algum tipo de dano

sofrido pela intervenção humana. Nesse sentido, a referidas autora informa o

seguinte:

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compreende-se a admissão do risco integral como a teoria finalista da proteção do meio ambiente, cuja natureza jurídica, segundo alguns autores, e o direito de todos, ao contrario da antiga visão de res nullius, ou seja, a proteção do meio ambiente interessa a todos e, não poderia haver exclusão, sob qualquer pretexto, do dever de reparação (op. cit., p. 90).

Grande parte das atividades humanas envolve uma grande quantidade

de pessoas, o que dificulta, muitas vezes, o controle das responsabilidades em

caso de danos ocorridos. A responsabilidade fundada na culpa, diante de tal

realidade, não conseguiu acompanhar o desenvolvimento da sociedade para

dirimir os problemas relacionados a responsabilização dos prejuízos. Nesse

sentido, Antunes explica que:

a responsabilidade fundada na culpa, a toda evidência, não possui os elementos capazes de solucionar a questão de forma socialmente justa. Utilizo a expressão socialmente justa no sentido de que as partes tenham os seus interesses legítimos atendidos e que, igualmente, a produção social dos bens gerados pelo contrato não sofra solução de continuidade. Não se pode deixar de ter em mente que todas as atividades e partes envolvidas, por exemplo, no contrato de transporte, estão desempenhando, em tese, atividades lícitas e que são socialmente desejadas (op. cit., p. 110).

No sentido de complementar o referido raciocínio, Antunes afirma que

“[...] por mais zeloso que seja o transportador, ele conseguirá apenas diminuir o

risco, jamais eliminá-lo.[...]. Por isto é que, em geral, estão ao abrigo das

tradicionais cláusulas de exclusão de responsabilidade subjetiva” (op. cit., p.

110).

É salutar lembrar que o Código Civil de 2002, em seu artigo 927,

estabeleceu, em seu parágrafo único, a responsabilidade civil objetiva, ou seja,

sem a necessidade de se comprovar a culpa do agente, adotando, portanto, a

teoria do risco. O parágrafo único do referido artigo diz assim: “haverá

obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos especificados

em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano

implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de outrem”. Percebe-se que a

transcrição acima aponta a previsão de casos em lei especifica, sendo esta lei

a Lei 6.938/81.

12�

Portanto, pode-se concluir que a existência de risco causa,

necessariamente, a aplicação da responsabilidade civil em questões

ambientais, independentemente de serem tais riscos concretos ou passiveis de

existência. O autor José Rubens Morato Leite, em sua obra intitulada Dano

Ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial, afirma que:

os danos ambientais continuados ou acumulados servem como exemplos característicos, pois as atividades de riscos podem por acumulações causarem danos futuros. Desta forma, a simples atividade geradora de riscos potenciais e não de danos concretos, pode suscitar a responsabilização do agente e obrigá-lo a cessar a atividade nociva, obviamente com fundamento nas provas e na utilização do principio da precaução do direito ambiental” (LEITE, 2003, p. 124).

O aumento da quantidade de relações entre os indivíduos em diversos

ramos da sociedade provocou a dificuldade de se identificar o efetivo

responsável pelo dano ocorrido. Nesse ínterim, a responsabilidade teve que ser

modificada, com o intuito de acompanhar as mudanças sociais, causadas pelo

aumento do risco. Nesse sentido, Leite afirma que:

No Brasil, e em muitos outros países, foi adotada, na área ambiental, a teoria da responsabilização objetiva, pelo risco criado e pela reparação integral. Entendem-se, por riscos criados, os produzidos por atividades e bens dos agentes que multiplicam, aumentam ou potencializam um dano ambiental. O risco criado tem lugar quando uma pessoa faz uso de mecanismos, instrumentos ou de meios que aumentam o perigo de dano. Nestas hipóteses, as pessoas que causaram dano respondem pela lesão praticada, devido a criação do risco ou perigo, e não pela culpa (op. cit., p. 128).

É valido frisar que não somente a pessoa física é responsável pelos

danos causados ao meio ambiente, mas também a pessoa jurídica por suas

atividades de risco ao meio que atua. Nesse caso, a responsabilidade objetiva

adotada atinge tanto a pessoa física como a jurídica que originou “a lesão

ambiental”.

Por fim, o referido dano causado a um bem ambiental tem de ser

ressarcido por completo, ou seja, não há a menor possibilidade de se permitir

que haja um fracionamento do valor a ser reembolsado pelo agressor, seja ele

pessoa física ou jurídica. De modo a complementa tal raciocínio, Leite diz que:

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“a reparação integral significa que o dano ambiental deve ser recomposto em

sua integralidade, e não limitadamente, trazendo uma proteção mais efetiva ao

bem ambiental” (op. cit., p. 129).

I-2: Diferenças entre Responsabilidade Civil, Responsabilidade

Penal e Responsabilidade Administrativa

O ordenamento jurídico brasileiro preocupou-se em deixar bem evidente

que as responsabilidades civil, administrativa e penal são institutos diferentes e

independentes. É certo que a irresponsabilidade administrativa ou penal não

acarreta a irresponsabilidade civil. De modo a complementar tal entendimento,

Machado afirma que:

a própria Constituição Federal tornou clara a diferença e a independência dos três tipos de responsabilidade – penal, administrativa e civil – ao dizer, no art. 225, parágrafo 3º: “as condutas e atividade consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (op. cit., p. 330).

Segundo Antunes,

a bipartição da responsabilidade, em civil e penal, é devida, em grande parte, aos autores do Código Napoleão, que, de forma até então absolutamente inédita, lograram estabelecer um limite claro e preciso entre ambos os campos. O modelo espalhou-se por diversos países, inclusive pelo Brasil (op. cit. p. 92).

Com relação à Responsabilidade Civil e Penal, muitos autores, há

bastante tempo, encontram dificuldades para distinguir o ilícito civil do ilícito

penal. É certo que ambos conseguem ter a característica de violar um dever

jurídico. Beling, tempos atrás, definiu que a diferenciação entre os referidos

ilícitos pode ser feita de acordo com a variação da gravidade.

O ilícito civil compreende danos de menor gravidade quando comparado

com o ilícito penal, que engloba condutas humanas mais graves, que infringem

bens jurídicos de maior importância tanto econômica quanto socialmente. Há

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inúmeros exemplos de condutas que infringem tanto a lei civil como a penal.

Um motorista de ônibus que atropelar um pedestre, causando-lhe a morte, terá

que responder por homicídio culposo, e também será obrigado a ressarcir os

prejuízos causados aos descendentes da vítima. Há nesse caso dupla sanção.

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II - MEIO AMBIENTE: RESPONSABILIDADE DE TODOS

II-1: Conceito de Meio Ambiente

A sociedade é responsável pela definição de meio ambiente. A

separação entre o meio urbano e a natureza é resultado de práticas capitalistas

assumidas ao longo dos anos. O autor Paulo de Bessa Antunes, em sua obra

intitulada Dano Ambiental: uma abordagem conceitual, afirma que

o conceito de meio ambiente é, evidentemente, cultural. E a ação criativa do ser humano que vai determinar aquilo que deve e o que não deve ser entendido como meio ambiente. A grande dificuldade do tema está em que a ideologia liberal sempre buscou acentuar a dicotomia entre o ser humano e a natureza, dicotomia esta necessária para que o modo de produção capitalista pudesse justificar a apropriação de matéria prima, para que pudesse justificar a transformação das realidades naturais em proveio da indústria e da acumulação do capital (ANTUNES, 2002, p. 110).

Desse modo, meio ambiente é bem jurídico capaz de reunir vários

elementos harmonizados, provenientes da natureza, podendo ser defendido

pela ação por meio de ação popular. Antunes afirma que

o meio ambiente é um bem jurídico autônomo e unitário, que não se confunde com os diversos bens jurídicos que o integram. O bem jurídico meio ambiente não é um simples somatório de flora e fauna, de recursos hídricos e recursos minerais. O bem jurídico ambiente resulta da supressão de todos os componentes que, isoladamente, podem ser identificados, tais como florestas, animais, ar etc. Este conjunto de bens adquire uma particularidade jurídica que é derivada da própria integração ecológica de seus elementos componentes. Tal qual ocorre com o conceito de ecossistema, que não pode ser compreendido como se fosse um simples aglomerado de seus componentes, o bem jurídico meio ambiente não pode ser decomposto, sob pena de desaparecer no mundo jurídico. Os múltiplos bens jurídicos autônomos que se agregam e transfiguram para a formação do bem jurídico meio ambiente encontram tutela, seja através de Direito público, seja pelo Direito Privado. O bem jurídico ambiente, por igual, encontra tutela, seja por Institutos de Direito Público, seja por aqueles de Direito Privado. Não obstante esta peculiaridade, o Direito Público brasileiro, há muito, tem oferecido ao cidadão a ação popular como instrumento de defesa ambiental (op. cit., p. 231).

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Por fim, meio ambiente é visto como um bem coletivo, usufruído por

todos aqueles que compõem a sociedade, a qual tem a obrigação de defendê-

lo, por meio de associações ou órgãos oficiais, como o Ministério Público.

Antunes expõe que

meio ambiente é, portanto, uma res communes omnium. Uma coisa comum a todos, que pode ser composta por bens pertencentes ao domínio público ou ao privado. A propriedade do bem jurídico meio ambiente, quando se tratar de coisa apropriável, pode ser publica ou privada. A fruição do bem jurídico meio ambiente é sempre de todos, da sociedade. Por outro lado, o dever jurídico de proteger o meio ambiente é de toda a coletividade e pode ser exercido por um cidadão, pelas associações, pelo Ministério Publico, ou pelo próprio Estado contra o proprietário dos bens ambientais que sejam propriedade de alguém (op. cit., p. 232).

O autor Sergio Cavalieri Filho, em sua obra intitulada Programa de

Responsabilidade Civil, afirma que “o meio ambiente, ecologicamente

equilibrado, é direito de todos, protegido pela própria Constituição Federal, cujo

art. 225 o considera “bem de uso comum do povo e essencial a sadia

qualidade de vida” (CAVALIERI FILHO, 2004, p. 153).

O meio ambiente consiste em um direito de terceira geração, que atende

a todos de forma indeterminada. De acordo com os ensinamentos de Cavalieri

Filho, ”é o que os autores chamam de direito de terceira geração, que assiste,

de modo subjetivamente indeterminado, a todo o gênero humano” (op. cit., p.

153).

Os Direitos denominados “de Terceira Geração” são aqueles

pertencentes à coletividade, ao bem comum. Cavalieri Filho complementa,

dizendo que “[...] Direitos de terceira geração materializam poderes de

titularidade coletiva, atribuídos genericamente a todas as formações sociais;

tais direitos soa fundados no principio da solidariedade universal” (op. cit., p.

153).

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II-2: Conceito de Dano

Segundo Antunes, “dano ambiental é o dano ao meio ambiente. Para

que se possa caracterizar o dano ambiental, é necessário que se caracterize,

preliminarmente, o próprio conceito de meio ambiente e a sua natureza

jurídica” (op. cit, p. 230).

Dano ambiental é, de acordo com os ensinamentos de Machado, “a

lesão (alteração, prejuízo) de um fator ecológico (ar, água, solo, floresta, como

também clima etc.), com a qual consiga-se uma modificação – para pior – da

condição de equilíbrio ecológico do ecossistema local ou abrangente [...]” (op.

cit, p. 312).

Nunca é demais lembrar que o valor da indenização por um dano

ambiental deve levar em consideração a importância que sua reparação no

âmbito ambiental. De acordo com Antunes,

[...] o caráter essencialmente cultural da natureza (conforme foi desenvolvido no capítulo precedente) impede que se pense a equivalência aplicada para a reparação dos danos ambientais nos mesmos moldes e padrões usualmente utilizados para a responsabilidade civil. Em minha opinião, o adequado equacionamento da reparação de danos ao meio ambiente necessita de uma correta compreensão do caráter cultural do próprio meio ambiente, fazendo com que se busque, não raras vezes, a recuperação de bens irrecuperáveis. Nos termos do artigo 1543 do Código Civil, busca-se, “quando não exista a própria coisa”, fazer uma estimação do “preço ordinário” ou daquele de “afeição”, contanto que este não se avantaje àquele (op. cit., p. 91).

Antunes ainda afirma que, atualmente, há uma grande dificuldade de se

delimitar parâmetros legais a respeito dos valores a serem atribuídos aos bens

ambientais:

a fixação de valores para os bens ambientais é um dos temas mais tormentosos da moderna economia e, sobre o particular, existem fundadas dúvidas quanto à própria capacidade da ciência econômica em chegar a alguma conclusão definitiva sobre o assunto (op. cit., p. 91).

No entanto, não se pode achar que toda e qualquer modificação no meio

ambiente irá gerar prejuízos a pessoas de uma forma geral. Sendo assim,

Machado entende que

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todas as alterações ecológicas constituem dano ecológico reparável diante do Direito? Seria excessivo dizer que todas as alterações no meio ambiente vão ocasionar um prejuízo, pois dessa forma estaríamos negando a possibilidade de mudança e de inovação, isto é, estaríamos entendendo que o estado adequado ao meio ambiente é o imobilismo, o que é irreal. Contudo, o admitirmos mudanças espontâneas ou até provocadas da natureza, não nos conduz a afirmar que todas essas mudanças são benéficas (op. cit., p. 313).

É importante frisar, no entanto, que há uma tendência das decisões de

nossos Tribunais de levar em consideração apenas os danos efetivamente

ocorridos, desconsiderando, portanto, a potencialidade de ocorrência da

agressão. Nesse sentido, Antunes afirma que

os Tribunais brasileiros têm tido uma compreensão extremamente restritiva do conceito de dano ambiental e, por consequência, do bem jurídico meio ambiente. Em geral, eles têm adotado uma postura que exige o dano real e não apenas o dano potencial. Parece-me que não tem sido aplicado e observado o Princípio da cautela em matéria ambiental que, como se sabe é um dos princípios básicos do Direito Ambiental. Ao exigirem que o autor faça prova do dano real, os Tribunais, de fato, impõem todo o ônus da prova judicial para os autores, enfraquecendo a responsabilidade objetiva do poluidor. Ademais, é importante que se observe o Direito Ambiental exerce a sua função protetora, também, em relação às gerações futuras, resultado do conceito de eqüidade intergeracional que é um de seus principais aspectos (op. cit., p. 232).

É salutar esclarecer que o Poder Público procura proteger os bens

ambientais visando, sobretudo, a integridade da saúde pública. Paulo Affonso

Leme Machado, de forma bem sucinta, esclarece que “[...] a existência das

normas de emissão e os padrões de qualidade representam uma fronteira,

além da qual não é lícito passar. Mas não se exonera o produtor de verificar

por si mesmo se suas atividades é ou não prejudicial” (op. cit., p. 319).

Meios de controle de poluição já são previstos em nossas normas

infraconstitucionais. No entanto, mesmo havendo controle por parte do Estado

dos índices de poluição por meios de seus órgãos especializados, o

desrespeito aos danos ambientais pode continuar por longo tempo, o que pode

causar dificuldade em se descobrir a identidade do responsável por tal

situação. Machado afirma que “diante da emissão de poluentes que prejudicam

a coletividade mas em cuja atividade não se ultrapassam os padrões fixados

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pelo organismo ambientais, surge a questão: esses gravames são

indenizáveis? Quem deve reparar o dano?” (op. cit., p. 319).

II-2.1: Reparação do Dano Ecológico e Seguro

A delimitação da reparação necessária de um dano ambiental não é uma

tarefa das mais tranquilas. Há sérias dificuldades para se fixar a extensão

exata de um problema no meio ambiente, diferentemente das esferas

administrativa e civil. Antunes esclarece que

a grande dificuldade, evidentemente, não está nas sanções penais e administrativas, mas na obrigação de reparar o dano. Em que consiste tal obrigação? A prática judicial brasileira ainda não nos oferece uma resposta segura. Tem havido uma certa divergência entre as diversas Cortes de Justiça existentes no País. A decisão que me parece a mais importante, pois emana do Superior Tribunal de Justiça, é aquela que consagra a autonomia do bem jurídico meio ambiente (op. cit., p. 234).

Há, na verdade, uma marcante dificuldade de se delimitar a

responsabilidade no âmbito civil. Antunes explica que

o Direito Ambiental deve buscar um equilíbrio entre os diferentes aspectos que compõem o sistema de proteção legal do meio ambiente. Privilegiar qualquer um dos diferentes componentes do Direito Ambiental é esvaziar sua principal característica, que é exatamente, a de efetivar uma ponderação entre valores que, aparentemente, são contraditórios. Vale observar que foi exatamente no exemplo óbvio do trafego de veículos automotores que o Superior Tribunal de Justiça consolidou a autonomia do ilícito ambiental em relação ao ilícito administrativo (op. cit., p. 235).

Outra definição difícil de se conseguir e a identificação do agente

responsável pela degradação ambiental. Antunes informa que:

a grande dificuldade para tipificar o ilícito ambiental e que os seus fundamentos estão, também, em uma esfera nova e que atormenta a mentalidade conservadora. Existe uma grande dificuldade para que se defina o agente poluidor e degradador, ainda que os termos da lei brasileira sejam extremamente claros. Esta grave questão mereceu apreciação do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, na qual a Corte, com acerto, decidiu (5ª C. Civil – AP. no 96536-1) que: aquele que proporciona, mesmo indiretamente, degradação ambiental é

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poluidor. Estes leading cases, contudo, ainda encontram enorme resistência na jurisprudência de diversos Tribunais e não se constituem na orientação majoritária. Penso que as decisões acima mencionadas constituem-se no que há de melhor em nossa jurisprudência ambiental, uma vez que lograram realizar uma adequada aplicação dos princípios do Direito Ambiental aos casos concretos (op. cit., p. 235).

Mesmo que o agente agressor tome a iniciativa de ressarcir os danos

que causou ao meio ambiente, responderá administrativa e penalmente pelos

mesmos atos. De acordo com Antunes,

o simples fato de que um degradador ou poluidor resolva “espontaneamente” reparar o dano que causou ao meio ambiente não pode servir como “alvará” para que este não sofra uma sanção administrativa. Ademais, nunca é ocioso reprisar que a Lei e a própria Constituição estabelecem que a obrigação de reparar os danos independe das sanções administrativas e penais (op. cit., p. 236).

É importante esclarecer que o fato do indivíduo agressor do meio

ambiente reparar o dano causado na esfera civil não significa que estará livre

de qualquer imposição penal e vice versa. De modo a complementar o

raciocínio, Antunes afirma que

aquele que tenha sido condenado por crime contra o meio ambiente não está isento da obrigação de reparar o dano causado como, também, não estará isento de pena se, após ter causado o dano ambiental, resolver repará-lo. A sanção administrativa tem uma função eminentemente repressiva e pedagógica. É exercida para que o poluidor e a sociedade saibam que não é admissível a prática de ilícitos ambientais (op. cit., p. 236).

Com relação a apuração do dano ambiental, existem dificuldades

consideráveis de se fixar o valor do dano ocorrido. Além disso, é sabido que

nem sempre é possível reparar completamente o dano, recuperando o

ambiente agredido ao seu estado inicial. Antunes afirma o seguinte:

por muito que se tenha falado sobre o assunto, a realidade é que, até hoje, não existe um critério para a fixação do que, efetivamente, constitui o dano ambiental e como este deve ser reparado. A primeira hipótese a ser considerada é a das repristinação do ambiente agredido ao seu status quo ante. Todos nós sabemos que não é simples a reconstrução de um local degradado. Muitas vezes, a degradação de um determinado local implicou a extinção de uma espécie vegetal, por exemplo. Evidentemente que, no caso, não será

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possível a plantação de novas plantas semelhantes àquelas que foram destruídas. Como proceder? A morte de um animal ou de uma planta, como pode ser compensada? (op. cit., p. 237).

É imprescindível, portanto, definir formas de rever o dano

causado. No entanto, calcular o valor exato que um dano possa ter causado ao

meio ambiente é uma tarefa bastante complexa. Ademais, aquele detentor de

vultosos recursos financeiros poderá concluir, erroneamente, que, ao ressarcir

as suas agressões ambientais, a sociedade como um todo o “absolverá” de

todos as suas más atitudes. Antunes diz que

estas questões estão longe de obter uma resposta consensual ou simples. A adoção de um valor arbitrado para significar a espécie destruída tem a desvantagem de estabelecer um macabro sistema pelo qual aqueles que possuem recursos financeiros poderão pagar uma soma para compensar a área ou espécie prejudicada. Por outro lado, este mecanismo tem como lado positivo a fixação de algum critério objetivo a ser imposto ao poluidor (op. cit., p. 237).

O referido autor ainda indica a compensação como método de

reparação:

outro critério que vem sendo adotado é o da compensação. Isto é, a degradação de uma área deve corresponder a recuperação de uma outra. O critério não é bom, pois muitas vezes as áreas soam extremamente diversas e não se pode restabelecer o ecossistema afetado (op. cit., p. 237).

Uma das dificuldades presentes no campo do Direito Ambiental refere-se

à definição do valor em moeda corrente que um dano sofrido pelo meio

ambiente pode sofrer. Segundo Antunes,

dano é o prejuízo causado a alguém por um terceiro que se vê obrigado ao ressarcimento. E juridicamente irrelevante o prejuízo que tenha por origem um ato ou uma omissão imputável ao próprio prejudicado. A ação ou omissão de um terceiro é essencial. Decorre daí que dano implica alteração de uma situação jurídica, material ou moral, cuja titularidade não possa ser atribuída aquele que, voluntária ou involuntariamente, tenha dado origem a mencionada alteração. Desnecessário dizer que, no conceito, somente se incluem as alterações negativas, pois não há dano se as condições foram alteradas para melhor. E a variação, moral ou material, negativa que deverá ser, na medida do possível, mensurada de forma que se possa efetivar o ressarcimento. Posta nestes termos, a questão parece simples. Contudo, é nesta aparente simplicidade que se encontram as mais significativas dificuldades do Direito Ambiental. A noção de dano, originariamente, tinha um conteúdo eminentemente patrimonial, na medida em que não se considerava prejuízo o menoscabo de um valor de ordem íntima, vez que esta não tem conteúdo econômico imediato (op. cit., p. 230).

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Muitas vezes não se tem mais como reparar um dano ocorrido, restando

apenas o levantamento de indenização, desde que considerados alguns fatores

de suma importância para se chegar a um valor que se aproxime da lesão

ocasionada. De acordo com os ensinamentos dos autores Paulo Henrique

Abujabra Peixoto e Tathiana de Haras Sanches Peixoto, na obra intitulada

Resumo Jurídico de Direito Ambiental,

a Política Nacional do Meio Ambiente previu duas formas de reparar o dano ambiental, sendo a primeira a recuperação, e, só esta não for possível, a indenização. A indenização por danos ambientais de efeitos extrapatrimoniais e de difícil liquidação e deve seguir alguns critérios como as circunstancias, a gravidade do dano e condições econômicas do poluidor, par se chegar ao quantum debeatur (ABUJABRA PEIXOTO E OUTROS, 2004, p. 33).

Sendo assim, e premente a necessidade de haver um seguro ambiental,

de forma que esteja, obviamente, de acordo com o previsto no art. 1432 do

Código Civil. Tal instrumento de proteção existe em outros países. A autora

Elida Séguin, em sua obra intitulada O Direito Ambiental Nossa Casa

Planetária, afirma que “na Holanda e na Inglaterra, o seguro somente cobre

danos ambientais decorrentes de evento súbito e inesperado, em apólices de

Responsabilidade Civil Geral” (SEGUIN, 2002, p. 390).

Porém, deve-se ter ciência de que a existência do seguro ambiental não

é suficiente para evitar problemas de poluição. É o que afirma Machado:

o seguro-poluição não resolve todos os problemas oriundos da produção do dano ecológico. Tenha-se em vista a limitação das indenizações existentes na lei de responsabilidade civil por dano nuclear e na Convenção Internacional para a Proteção contra a Poluição proveniente do Óleo. Uma indagação de interesse público é a de saber-se se uma tarifa inapropriada para a cobertura do dano desonera por completo o poluidor (op. cit., p. 334).

Ademais, é vital que o Poder Público garanta às vítimas um

ressarcimento integral em referência às lesões ocorridas. Segundo Machado,

injurídico é o Poder Público omitir-se em indenizar integralmente, limitando-se através de um teto, aceitando, entretanto, um risco limitado, como se vê no art. V, I, da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição (Convenção de Bruxelas, 1969, aprovada pelo Decreto Legislativo 74, de 30.9.1976, e promulgada pelo Decreto 79.437, de 28.3.1977) e arts. 90 e Lei 6.452/93, de 17.10.1977 (op. cit., p. 334).

23�

Já com relação à existência de fundo para reparação do dano ecológico,

pode-se dizer que sua origem vem relacionada à necessidade de se indenizar

as vítimas dos danos ocorridos. Nesse sentido, Machado diz que alguns países

assumiram a responsabilidade de criarem um mecanismo de reparação de

danos ambientais: “EUA, Holanda, Japão e França já se utilizam desse instituto

jurídico para reparar o dano ecológico” (op. cit., p. 335). Lembra ainda que “na

Holanda, desde 1970, opera um fundo para indenizar as ofensas causadas

pela poluição ao ar, quando o poluidor for de difícil identificação, ou a

indenização, por outras razões, for de difícil obtenção” (op. cit., p. 335).

A partir do momento em que o Poder Público cria padrões de qualidade

a serem seguidos por todas as empresas de ramos potencialmente poluidores,

está, também, criando métodos de monitoramento de suas próprias atividades.

Sobre esse assunto, Machado diz o seguinte:

a intervenção estatal no domínio ambiental visa preservar a saúde pública e ordenar as atividades produtoras. Não se pode esquecer que muitas vezes o Poder Público, ao baixar normas de emissão e elaborar padrões de qualidade, age em causa própria, pois ele, Poder Público, também exerce algumas atividades iguais às dos particulares (siderurgia, petroquímica...). Dessa forma, nem sempre os parâmetros oficiais são ajustados à realidade sanitária e ambiental, decorrendo daí, que, mesmo em se observado essas normas, as pessoas e a natureza sofrem prejuízos (op. cit., p. 319).

II-2.2: Valor da Indenização

Quando se tem um dano proveniente de um ato ilícito, contrário ao

ordenamento jurídico, o direito brasileiro possui meios eficazes de mensurar o

valor da respectiva indenização. No entanto, tal raciocínio não pode ser

aplicado ao dano ambiental da mesma maneira.

Segundo Séguin,

o Direito Ambiental brasileiro ainda persiste em mensurar a proteção ambiental sob uma perspectiva do dano como visto em outras áreas jurídicas. Apesar da Constituição ter expressado em seu texto que se deve “defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”,

24�

o quantum indenizável do dano ambiental ainda é calculado de acordo com quantidade de dejetos não tratados, arremessados no meio ambiente e dano àquele espaço ambiental em que fora imediatamente arremessado (op. cit., p. 379).

25�

III: RESPONSABILIDADE OBJETIVA AMBIENTAL

III-1: Origem

Inicialmente, o ordenamento jurídico imputava ao agente causador de

um dano na esfera civil a obrigação de responder por seu ato danoso, desde

que estivesse comprovada a existência de culpa. Com o passar dos tempos,

constatou-se que, pelo crescimento da atividade industrial e das relações de

trabalho, a dificuldade de caracterizar a responsabilidade civil, em

determinadas situações, ao individuo agressor, provocou a necessidade de

transferência do ônus de detectar a culpa do agente. Nesse instante, verificou-

se que a utilização da teoria objetiva resolvia, de forma significativa, a solução

de varias situações de dano. Nesse sentido, o autor Francisco José Marques

Sampaio, em sua obra intitulada Evolução da Responsabilidade Civil e

Reparação de Danos Ambientais, explica que:

o estudo do processo de evolução da responsabilidade civil revela que, diante da dificuldade experimentada para a produção de prova da culpa do agente, em certos casos, passaram-se a utilizar mecanismos que reduzissem, progressivamente, o referido ônus, ate a adoção parcial da teoria objetiva (SAMPAIO, 2003, p. 209).

Em relação à origem da implantação nas relações interpessoais da

responsabilidade objetiva por nosso ordenamento jurídico, Jeanne informa que

a impessoalidade das relações de trabalho impossibilitava a imputação de culpa do empregador, tendo sido a teoria da culpa substituída pela teoria da responsabilidade legal ou objetiva, que não visava a uma falta imputável ao empregador, considerava apenas um fato material ou objetivo, o contrato de trabalho, prevalecendo a justificativa do risco profissional ou da atividade (op. cit., p. 77).

É salutar lembrar que o Código Civil de 2002, em seu artigo 927,

estabeleceu, em seu parágrafo único, a responsabilidade civil objetiva, ou seja,

sem a necessidade de se comprovar a culpa do agente, adotando, portanto, a

teoria do risco. O parágrafo único do referido artigo diz assim: “haverá

obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos especificados

em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano

26�

implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de outrem”. Percebe-se que a

transcrição acima aponta a previsão de casos em lei especifica, sendo esta lei

a Lei 6.938/81.

Portanto, pode-se concluir que a existência de risco causa,

necessariamente, a aplicação da responsabilidade civil em questões

ambientais, independentemente de serem tais riscos concretos ou passiveis de

existência. Leite afirma que:

os danos ambientais continuados ou acumulados servem como exemplos característicos, pois as atividades de riscos podem por acumulações causarem danos futuros. Desta forma, a simples atividade geradora de riscos potenciais e não de danos concretos, podem suscitar a responsabilização do agente e obrigá-lo a cessar a atividade nociva, obviamente com fundamento nas provas e na utilização do principio da precaução do direito ambiental (op. cit., p. 124).

A reparação do meio ambiente danificado recebeu, por parte do

legislador infraconstitucional, um relevante destaque em nosso ordenamento

jurídico, de tal forma que não se cogita levantar a existência ou não de culpa na

atividade agressora. Nesse entendimento, Machado diz que

a responsabilidade objetiva ambiental significa que quem danificar o ambiente tem o dever jurídico de repará-lo. Presente, pois o binômio dano/reparação. Não se pergunta a razão da degradação para que haja o dever de indenizar e/ou reparar. A responsabilidade sem culpa tem incidência na indenização ou na reparação dos “danos causados ao meio ambiente e aos terceiros afetados por sua atividade (op. cit., p. 314).

Além disso, é válido ressaltar que tal responsabilidade independe do tipo

de atividade exercida pelo agente agressor. Sendo assim, Machado diz que

não interessa que tipo de obra ou atividade seja exercida pelo que degrada, pois não há necessidade de que ela apresente risco ou seja perigosa. Procura-se quem foi atingido e, se for o meio ambiente e o homem, inicia-se o processo lógico-jurídico da imputação civil objetiva ambiental (op. cit., p. 315).

Logo, primeiramente procura-se detectar a existência da

responsabilidade civil objetiva para só então se analisar o liame subjetivo entre

a conduta do agressor e o resultado. Machado entende que “só depois é que

se entrará na fase do estabelecimento do nexo de causalidade entre a ação ou

omissão e o dano. É contra o Direito enriquecer-se ou ter lucro à custa da

degradação do meio ambiente” (op. cit., p. 315).

27�

É bom que se deixe claro que a responsabilidade objetiva surgiu como

conseqüência do desenvolvimento as atividades industriais, grandes

causadoras da proliferação dos danos a sociedade, afetando, inclusive, o meio

ambiente. Nesse sentido, Sampaio afirma que

à medida que os avanços tecnológicos são incorporados as atividades produtivas e os danos ambientais de longa duração e de dimensões espaciais imprevisíveis se multiplicam, a dificuldade de obter reparação esta a gerar crescente injustiça social, pois os que se beneficiam com atividades que prejudicam o direito de todos a viver em ambiente ecologicamente equilibrado e sadio permanecem imunes a obrigação de reparar os danos a que deram origem (op. cit., p. 204).

Jeanne acrescenta que o aumento incessante da capacidade industrial

ao longo dos anos fez com que a o Poder Publico se preocupasse bastante

com as conseqüências sofridas pelos trabalhadores de um modo geral. O

Estado, perante o crescimento acentuado de problemas envolvendo as

condições de trabalho, de operários de fabricas, procurou regulamentar todas

as condições de risco sofridas pela sociedade, Sendo assim, a referida autora

expõe com clareza:

A ampliação das atividades industriais trouxe a reboque um aumento proporcional de acidentes oriundos dessas atividades, transferindo o interesse privado dessas relações para a égide do interesse publico, pois os acidentes de trabalho, e também acidentes de outras fontes, como automobilístico, emprego de materiais perigosos etc., passaram a causar dano considerável à capacidade laboral e a participação ativa na vida social de um número cada vez maior de pessoas, deixando, consequentemente, de ser uma questão de interesse entre o responsável pelo dano e o prejudicado, e sim de toda a coletividade, dando origem ao conceito de socialização da responsabilidade e da reparação através do seguro social (op. cit., p. 80-81).

Jeanne ainda afirma que as conseqüências desastrosas de atividades

humanas voltadas ao mercado de produção afetaram significativamente não

somente as propriedades privadas, mas também toda a coletividade. Ademais,

a referida autora diz que todas as nações do mundo estão envolvidas em tal

processo de degradação, sendo que o referido sintoma apareceu primeiro nos

países desenvolvidos:

28�

[...] desde que se percebeu o prejuízo de determinadas ações poderiam causar, não a propriedade individual, mas ao equilíbrio de um sistema vivo, ao qual todos nos estamos integrados indistintamente – ricos e pobres, desenvolvidos, emergentes ou subdesenvolvidos – o objeto da responsabilização em relação ao meio ambiente passou a ser analisado de forma mais abrangente. Evidentemente, essa iniciativa ocorreu primeiro e mais intensamente nos países industrializados, como conseqüência natural do processo industrial que, se de um lado elevou a capacidade humana de produção em massa, de outro, acelerou o consumo e provocou a escassez dos recursos naturais, a degradação e a poluição do meio ambiente (op. cit., p. 83).

As relações entre os indivíduos de uma sociedade fez com que

houvesse a inexorável necessidade de se implementar um mecanismo de

proteção em face dos danos provenientes do intercambio entre as pessoas.

Jeanne informa o seguinte:

O fato e que o desenvolvimento econômico e tecnológico, bem como o aumento da população, acrescentou às relações interpessoais as relações de massa, criando a necessidade de proteção contra os danos provenientes da complexidade dessas relações e foi, aos poucos, introduzindo no nosso ordenamento a teoria da responsabilidade sem culpa (op. cit., p. 80).

Com o passar dos tempos, a teoria da culpa mostrou-se ineficaz quanto

à definição das varias situações de dano, causadas pelas atividades industriais.

Nesse sentido, Jeanne acrescenta: “como a teoria da culpa se tornou incapaz

de resolver todos os problemas de danos causados pelas atividades da

sociedade industrial, a teoria do risco passou a ter um destaque cada vez maior

nas legislações modernas” (op. cit., p. 75).

Para alguns autores, a responsabilidade objetiva faz surgir uma

indenização de valor limitado, levando-se em consideração que os riscos

inerentes a atividade desenvolvida são perfeitamente previsíveis. Jeanne

afirma que:

uma das conseqüências da responsabilidade fundada em risco determinada por lei e a imposição da indenização limitada ou tarifada, na qual os riscos do empreendimento soa antecipadamente conhecidos, tal como acontece na legislação que trata de acidentes de trabalho e ferroviário (op. cit., p. 79).

Jeanne afirma que todas as pessoas envolvidas em problemas

ambientais devem responder, de forma proporcional, ao grau de participação

nos danos causados ao meio ambiente:

29�

O principio da co-responsabilidade poderia ser mais adequado para reclamar a participação de todos os que de forma direta ou indireta estivessem ligados por um nexo de causalidade ao dano, entendendo que esse princípio conferiria maior legitimação a solidariedade defendida pelos nossos tribunais em matéria ambiental (op. cit., p. 89).

III-2. Responsabilidade civil por dano ao meio ambiente no

âmbito da Lei 9.605/98

Antes da existência da Lei 9605/98, o ordenamento jurídico brasileiro já

previa a presença da responsabilidade sem culpa na área ambiental. A lei

6938/81 já possuía o condão de estabelecer a necessidade apenas de

estabelecer a conduta agressora, dano e o nexo causal. Leite possui uma

opinião muito importante sobre o regramento previsto na Lei de Crimes

Ambientais, uma vez que seu objetivo, além de prever sanções na área

administrativa e penal, foi também a de impor a obrigatoriedade de reparação

do dano ocorrido:

Com efeito, Alonso Junior, ao examinar a citada lei, aponta que, em inúmeras oportunidades, o legislador demonstra a clara intenção de induzir oi agente a reparar o dano, significando, desta forma, uma clara vinculação com a responsabilidade civil. De fato, nas palavras de Marques Sampaio, soa pontos de interseção entre a responsabilidade penal e civil. Restaurar, reintegrar, reparar e compensar a lesão ambiental soa elementos a ser ponderados pelos julgadores dos crimes ambientais (op. cit., p. 134).

A Lei 9605/98 procurou enfatizar o controle às infrações ao meio

ambiente, aumentando o tamanho da repressão estatal a tais atividades

poluidoras. Segundo Sampaio,

a promulgação da Lei 9605 de 12.02.98 – Lei de Crimes contra o Meio Ambiente ou Lei Jobim – avançou na disciplina da repressão as infrações ambientais e fez com que se fechasse o “círculo regulatório do controle da poluição, integrando as esferas administrativa, cível e penal” (op. cit., p. 203).

O art. 27 da lei em análise prevê a possibilidade de realização de

composição do dano ambiental. Ao se tratar de crimes de menor potencial

ofensivo, há chance de se aplicar a pena restritiva de direito ou de multa, desde

que se consiga a composição dos danos ambientais. O artigo em tela diz o

seguinte: art. 27: “Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a

30�

proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou de multa,

prevista no art. 76 da Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá

ser formulada desde que tenha havido a previa composição do dano ambiental,

de que trata o art. 74 da mesma Lei, salvo em caso de comprovada

impossibilidade”.

É notório explicar que os bens devem ser restaurados em sua

integralidade, ou seja, não há possibilidade de se declarar que os danos soa

irrecuperáveis. Leite diz que “[...] a composição preconizada não importa

qualquer disponibilidade do bem protegido, devendo ser a reparação integral,

considerando a indisponibilidade como característica do bem ambiental” (op.

cit., p. 135).

A Lei 9605/98 prevê, em seu art. 12, a existência de prestação

pecuniária, a qual deve ter os valores entre 01 (um) e trezentos e sessenta

salários mínimos, a ser pago à vitima ou à entidade pública ou privada com fim

social. Leite diz que “[...] ao final o valor pago, será dedutível da indenização,

em ação civil” (op. cit., p. 136).

Outro ponto de destaque da lei em tela é o fato de que, embora tenha a

sua essência voltada ao ambiento penal, não deixou de aplicar

responsabilidade civil aquele causador de um dano ambiental, e a sua

obrigação de repara o dano causado. Leite informa que “[...] não obstante o seu

caráter criminal, conferiu tratamento especial ao dano ambiental e a sua

reparação” (op. cit., p. 136).

Por fim, o art. 28 da Lei 9605/98 estabelece a possibilidade de

suspensão condicional do processo, que vai ocorrer em quase todos os crimes

previstos na lei em analise. Leite diz que

não obstante as inovações trazidas pela Lei de Crimes Ambientais, o ponto vulnerável é que a maior parte das condutas delitivas soa passiveis de suspensão do processo, conforme o art. 28. Assim e imprescindível uma maior preocupação, tanto do Ministério Público quanto do Poder Judiciário, visando garantir o interesse relevante do bem ambiental e da coletividade (op. cit., p. 137).

31�

III - 3: Relação de Causalidade

A descoberta da existência de uma ligação entre a fonte poluidora e a

existência de prejuízo é essencial para que se possa efetivamente imputar a

responsabilidade civil ao agente poluidor. Ademais, a existência de mais de um

agente causador do dano poderá originar dificuldades na descoberta da

relação de causalidade. Além da existência do prejuízo, é necessário

estabelecer-se a ligação entre a sua ocorrência e a fonte poluidora. Quando é

somente um foco emissor não existe nenhuma dificuldade jurídica. Quando

houver pluralidade de autores do dano ecológico, estabelecer-se o liame causal

pode resultar mais difícil, mas não é tarefa impossível.

Pode-se dizer, inclusive, que poderá haver dificuldade de se dividir a

responsabilidade pela ocorrência do dano ambiental entre os agentes

poluidores. Nesse sentido, Machado afirma que

a indivisibilidade do dano, portanto, pode aparecer como conseqüência da dificuldade de fixar o montante do prejuízo atribuível a cada um, operando a fusão dos dois danos num só e único prejuízo. Seria, na verdade, injurídico beneficiar os autores do ato ilícito com a incerteza que só eles estão em condições de desfazer e uma vez que não haja outra solução capaz de atender ao imperativo da reparação ao lesado (op. cit., p. 321).

É salutar esclarecer que a vítima de um dano ambiental não possui

obrigação de entra com ação contra todos aqueles responsáveis pelos

problemas ocorridos, podendo, se quiser, imbuir a responsabilidade a apenas

um dos agentes. Sendo assim, Machado diz que:

a vítima não está obrigada a processar conjuntamente todos os poluidores, podendo escolher aquele que lhe convier, chamar a responsabilidade, por exemplo, optando por um poluidor solvente e não elo insolvente”. Inclusive, “na produção de prejuízo não é preciso que um produto poluente cause por si só uma determinada doença, como por exemplo, asma ou a bronquite. Hão de ser considerados os efeitos sinergéticos das emissões, concorrendo conjuntamente para a eclosão da moléstia (op. cit., p. 321).

Outro ponto importante de destaque é a grande dificuldade de se

dimensionar o prejuízo ocorrido após um acidente ecológico. Machado cita o

exemplo de uma poluição de rio, por exemplo, onde a quantidade de peixes

mortos poderia variar, inviabilizando o levantamento do valor a ser reparado.

Segundo o referido autor, “a reparação poderia, no caso, ser uma

32�

recomposição efetiva e direta do ambiente prejudicado” (op. cit., p 326).

Machado complementa dizendo que a reparação também poderia ser obtida

“[...] com a obrigação de criarem-se os filhotes de peixe para sua reintrodução

em riachos poluídos. A reparação também seria atribuir aos poluidores as

despesas de purificação do ambiente agredido” (op. cit., p 326).

O ordenamento jurídico brasileiro prevê várias penalidades para o

infrator do meio ambiente. Machado cita a Lei 6938/81, a qual informa que a

referida lei “prevê como um dos objetivos da Política Nacional do Meio

Ambiente a imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar

e/ou indenizar os danos causados [...]” (op. cit., p 326). Machado ainda diz que

a lei em tela, em seu art. 14, parágrafo 1º, acrescenta que tal obrigação de

reparar os danos existe, “[...] independentemente de culpa” (op. cit., p 326).

Ademais, Machado esclarece que a Constituição Federal de 1988 prevê

a necessidade de se valorizar os princípios da reparação ao meio ambiente em

caso de danos sofridos: “A CF/88, com grande acuidade, agasalha os

princípios da restauração, recuperação e reparação do meio ambiente no art.

225” (op. cit., p. 326). Machado ainda acrescenta que “no parágrafo 3º do art.

225 consta a obrigação de reparar o dano causado ao meio ambiente. Acentua

este parágrafo que a obrigação de reparar é independente da aplicação de

sanções penais e administrativas” (op. cit. p. 326).

A Lei 6938/81 expôs sua preocupação não somente em estabelecer

meios de recuperar o meio ambiente degradado, mas também em preservar o

bem ecológico. Antunes diz que “a lei de Política Nacional do Meio Ambiente,

nos objetivos da política nacional, inseriu dois comportamentos a serem

procurados: preservação e restauração”, conforme previsto em seu art. 4º,

inciso VI. O referido autor acrescenta ainda que “não tendo sido eficaz o

procedimento preventivo, constata-se a ocorrência do dano ao meio ambiente.

Pode-se dizer também que “o Direito Ambiental apresenta um novo tipo de

comportamento ao efetivar-se a responsabilização jurídica do poluidor ou do

agressor dos recursos ambientais” (op. cit., p. 326-327).

Além do dano efetivamente causado, deve-se levar em consideração

outros prejuízos, muitas vezes de grandes proporções, oriundos do mesmo

33�

problema, suportados por toda sociedade. Machado informa que é importante

chamar atenção ao fato de que:

não é apenas a agressão à natureza que deve ser objeto de reparação, mas a privação, imposta à coletividade, do equilíbrio ecológico, do bem-estar e da qualidade de vida que aquele recurso ambiental proporciona, em conjunto com os demais. Desse modo, a reparação do dano ambiental deve compreender, também, o período em que a coletividade ficará privada daquele bem e dos efeitos benéficos que ele produzia, por si mesmo e decorrência de sua interação (art. 3º, I, da Lei 6.938/81). Se a recomposição integral do equilíbrio ecológico, com a reposição da situação anterior ao dano, depender, pelas leis da natureza, de lapso de tempo prolongado, a coletividade tem direito subjetivo a ser indenizada pelo período que mediar entre a ocorrência do dano e a integral reposição da situação anterior (op. cit., p. 328).

III-4: Responsabilidade de Prevenir

Responsável é aquele que dá origem ao perigo. O perigo, por sua vez,

está associado ao dano. Logo, é importante frisar que ambos devem ser

analisados conjuntamente. Machado informa que “os danos causados ao meio

ambiente encontram grande dificuldade de serem reparados. É a saúde do

homem e a sobrevivência das espécies da fauna e da flora que indicam a

necessidade de prevenir e evitar o dano” (op. cit., p. 318).

A prevenção é um artifício que a sociedade tem para evitar com que o

dano chegue ao seu estágio inicial. Dessa forma, Machado faz uma importante

alusão ao Instituto de Direito Internacional, em sua sessão de Estrasburgo, em

1997, que estabeleceu, no seu art. 13 da Comissão de nº 8 que

os regimes em matéria de meio ambiente deverão estabelecer ligações apropriadas entre a função preventiva da responsabilidade e outros mecanismos preventivos, tais como a notificação e a consulta, a troca regular de informações e o emprego intenso das avaliações de impacto sobre o meio ambiente. Eles deverão igualmente tomar em consideração os princípios da precaução, do poluidor-pagador e da responsabilidade comum mais diferenciada (op. cit., 2002, p. 318).

A lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) também prevê a necessidade

de se prevenir os danos ao meio ambiente. Tal observação se torna evidente

em seu art. 1º, “que deixa aberta a possibilidade de ser observada a

responsabilidade de prevenir ao ensejar a propositura da ação civil pública para

34�

o cumprimento da obrigação de fazer ou não-fazer”. Dessa forma, o juiz, de

acordo com o art. 11 da lei em pauta, determinará o cumprimento da prestação

da atividade devida, sob pena de cominação de multa diária, se esta for

suficiente ou compatível.

Sendo assim, Machado ensina o seguinte:

o Direito Ambiental engloba as duas funções da responsabilidade civil objetiva: a função preventiva – procurando, por meios eficazes, evitar o dano – e a função reparadora – tentando reconstituir e/ou indenizar os prejuízos ocorridos. Não é social e ecologicamente adequado deixar-se de valorizar a responsabilidade preventiva, mesmo porque há danos ambientais irreversíveis (op. cit., p. 318).

De forma a enfatizar o entendimento descrito, Jeanne diz:

duas são as funções da responsabilidade civil objetiva ambiental: a preventiva, que se destina a evitar o dano; e a reparadora, que procura devolver a sanidade ao meio ambiente ou indenizar os prejuízos já ocorridos. São grandes as dificuldades de atingir o objetivo colimado pela norma nessas duas funções (op. cit., p. 84).

De forma a complementar o raciocínio em tela, de acordo com os

ensinamentos de Machado, “[...] o binômio constitucional “prevenção-

restauração” deve passar a informar e servir de bússola na interpretação de

textos legais anteriores e posteriores à Constituição”. (op. cit., p. 329).

Ademais, como forma de enfatizar tal entendimento, o referido autor afirma que

o art. 3º da Lei 7347/1985, que trata da ação civil pública, não estabelece

alternância nas obrigações de prevenir e de restaurar:

o uso da palavra “ou” não pode ser interpretado como uma alternativa de exclusão, isto é, a reparação estaria eliminando a obrigação de fazer a prevenção. Uma interpretação em dissonância com a Constituição Federal poderia conduzir ao extremo de legitimar o comportamento “reparei, mas não tenho que prevenir, e posso continuar ou voltar a poluir” (op. cit., p. 329).

Diante de toda essa conjuntura, percebe-se que todo o ordenamento

jurídico está em harmonia, procurando demonstrar para todos que as práticas

de prevenção e de restauração estão interligadas, funcionando como a melhor

e mais correta saída dos problemas ambientais. Machado entende o seguinte:

tanto a Constituição Federal, que emprega os termos “restaurar”, “recuperar” e “reparar”, como a legislação infraconstitucional, que utiliza termos como “restauração” e “reconstituição”, estão em harmonia no sentido de indicar um caminho para as pessoas físicas e jurídicas que danificarem o meio ambiente, como para a Administração Pública e para os juízes que intervierem para proteger o meio ambiente (op. cit., p. 328).

35�

III-5: Responsabilidade do Particular

III-3.5.1: Responsabilidade das Pessoas Físicas

É importante que se chame atenção ao fato de ser reconhecido, em todo

o meio jurídico, que o Poder Público se coloca, perante a sociedade, como um

dos grandes causadores de muitas das agressões existentes ao meio

ambiente. Segundo Séguin,

a responsabilidade civil pode ter sido gerada por uma atividade estatal ou particular. No primeiro caso, teremos a responsabilidade civil do Estado e no segundo a do particular. Inegavelmente, o Estado é o maior poluidor, seja por suas ações seja por suas omissões em fiscalizar (op. cit., p. 380).

O dano ocorrido pode gerar problemas tanto para uma única pessoa

como para um grande número de indivíduos, todos vítimas de uma atividade

danosa do poluidor. Dessa forma, Séguin faz uma importante explicação sobre

o assunto em tela, dizendo que

o prejuízo pode ter sido sofrido pela comunidade, ou por uma pessoa em especial. Neste caso, a legitimidade de uma não exclui a da outra, podendo o poluidor ser acionado pelo particular e pela comunidade, mas o particular terá de comprovar o dano sofrido, enquanto para os interesses coletivos e difusos gozam de inversão do ônus da prova (op. cit., p. 380).

É importante frisar que a responsabilidade solidária se faz presente entre

os responsáveis pela ocorrência do dano ambiental. Séguin relata que

vigora o Princípio da Responsabilidade Solidária entre os causadores dos danos ambientais, sendo possível, depois da indenização, os co-responsáveis utilizarem a via regressiva, em processo autônomo, para distribuição do quinhão de responsabilidade (op. cit., p. 381).

Os efeitos da sentença da Justiça Brasileira no que tange a bens difusos

ou coletivos são direcionados a todas as pessoas envolvidas, ou seja, ocorre o

que a doutrina chama de efeito erga omnes. Nesse entendimento, Séguin

declara que

os efeitos da sentença referente a bens coletivos ou difusos são erga omnes, pois o dano ambiental atinge um número indeterminável de seres e se prolonga no tempo. Nas relações ambientais, o pólo ativo processual reage em nome de pessoas determinadas. O autor age em função da coletividade (op. cit., p. 380).

36�

É bom lembrar que poderá haver uma responsabilidade ambiental

coletiva, ou seja, vários responsáveis por um dano causado à sociedade. é

uma situação bastante comum. Segundo Elida Séguin, “frequentemente ocorre

uma co-responsabilidade pelos danos ambientais. É comum várias empresas

terem participação na poluição” (op. cit., p. 382).

No entanto, a grande dificuldade é saber qual é a cota de

responsabilidade de cada empresa responsável. Nesse sentido, Séguin

destaca que

o nó gótico que envolve a questão da responsabilidade solidária é a divisão do quinhão, que dependerá de difícil e complexa prova pericial, frequentemente embotada por anos de ação predadora. O tema ganha maior grau de dificuldade quando se trata de corpo d'água, onde vários poluidores concorrem para tornar o recurso hídrico impróprio para o consumo (op. cit., p. 382).

III-3-5.2: Responsabilidade das Pessoas Jurídicas

III-3.5.2.1: Responsabilidade de Instituições Financeiras

Embora o tema seja novo e complexo, a importância da

responsabilidade em questão vem crescendo ao longo do tempo. Antunes

esclarece de maneira bem salutar que

[...] é necessário que fique bem claro que riscos ambientais são riscos financeiros. Vários exemplos demonstram a veracidade da assertativa. Vejamos o caso do polêmico Projeto de Transposição de águas do Rio São Francisco. Como se sabe, há mais de 150 anos existem projetos com objetivo de retirar uma pequena quantidade de água do Rio São Francisco e levá-la para o semi-árido nordestino, como forma de amenizar a seca na região. O governo federal decidiu implementar um dos diversos projetos para a transposição das águas, programando investimentos de cerca de R$ 3 bilhões, ou seja, o equivalente aos gastos governamentais nos dois últimos anos de seca rigorosa. O projeto nada mais era do que um conjunto de canais e bombas que, em caso de necessidade, faria a transposição de cerca de 3% da vazão do rio para as regiões mais duramente afetadas pela seca. Logo, não se tratava de uma retirada constante das águas do rio, porem, de uma simples retirada em caso de necessidade externa, a ser decidida por um conselho gestor, com participação comunitária. Teríamos, no caso, um aumento da segurança hídrica dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O desenvolvimento do projeto foi paralisado por forca de uma liminar em ação civil publica que determinou a interrupção do procedimento de licenciamento ambiental, com a virtual suspensão do projeto ate a

37�

próxima mudança de governo, ou enquanto perdurarem os efeitos da medida liminar. E indiscutível que a paralisação do projeto, do ponto de vista financeiro, implica uma enorme perda de recursos, e, portanto, prejuízos (op. cit., p. 207).

Antunes aponta outra situação merecedora de destaque:

um outro exemplo bastante ilustrativo é o da implantação de uma grande planta siderúrgica no Estado de Santa Catarina, cujos investimentos previstos montam a aproximadamente US$ 420 milhões. Também neste caso, em função das dificuldades de licenciamento ambiental, o projeto está evoluindo em ritmo muito aquém do previsto no planejamento financeiro (op. cit., p. 207).

Desse modo, ressalta-se ao fato de que as atividades financiadas pelas

instituições de crédito agridem, em muitos casos, o meio ambiente. Dessa

forma, não se pode deixar de controlar tais investimentos que, na verdade,

estão acarretando prejuízos à toda coletividade. Nesse sentido, Antunes afirma

que:

ambos os exemplos antes apresentados demonstram que, obviamente, as instituições financeiras, ao concederem os créditos para investimentos em projetos industriais, necessariamente, devem considerar a variável ambiental como um potencial elemento de risco para seus negócios. Quanto maior o risco ambiental, maior o risco do investimento. Inversamente, se os riscos ambientais forem reduzidos, menores serão os riscos financeiros do negócio. Há que se considerar que, da analise de risco ambiental, pode resultar uma considerável variação da taxa de juros. Esta é uma percepção que começa lenta, mas firmemente, a tomar conta do cenário financeiro. Além do risco do investimento, as instituições financeiras devem considerar que é crescente a tendência a responsabilizar os agentes financeiros por danos causados pelos mutuários [...] (op. cit., p. 208).

Sendo assim, é de extrema importância esclarecer que vários produtos

com embalagens descartáveis acabam agredindo o meio ambiente por meio de

seus inúmeros consumidores. Sendo assim, há uma forte tendência de se

considerar que não seria nada razoável aplicar a responsabilidade ambiental

aos usuários de tais mercadorias, e sim cobrar daquele que lucra efetivamente

com a comercialização daqueles. Nesse sentido, Antunes esclarece que

[...] a responsabilidade ambiental vem ganhando contornos inteiramente diferentes da responsabilidade civil em geral. A responsabilidade ambiental caracteriza–se por incidir sobre aquele que é mais capaz de suportar os ônus decorrentes da ação prejudicial ao meio ambiente. Veja-se, por exemplo, a chamada responsabilidade pós-consumo. Em tal modalidade de responsabilidade, por exemplo, os fabricantes de pilhas e baterias são os responsáveis pelo seu destino final; igualmente os fabricantes de PET, ou de latas de

38�

alumínio, começam a ser responsabilizados pela destinação final de tais produtos. O raciocínio subjacente é o de que as empresas em questão são as maiores beneficiárias econômicas da comercialização dos produtos. Existe, ainda, a óbvia questão de que é impossível a responsabilização de milhares e milhares de pessoas que descartam PET e pilhas em qualquer lugar. Vejam-se as enchentes e o estado dos rios. As empresas produtoras, por outro lado, são facilmente identificáveis e, portanto, acionáveis judicialmente. Esta e uma aplicação pratica da chamada “deep pocket doctrine” (“doutrina do bolso profundo”), muito utilizada nos Estados Unidos e que, certamente, começará a ganhar notoriedade em nossas cortes judiciais (op. cit., p. 208).

Por fim, Antunes acrescenta que “(...) 90% dos bancos não possuem

qualquer tipo de gerencia ou departamento encarregado de questões

ambientais; igualmente, em 90% dos bancos não há qualquer analise de

performance ambiental da instituição” (op. cit., p. 32).

III-3.5.2.2: Responsabilidade das Instituições de Crédito

Imobiliário

A contaminação do solo é uma situação de extrema gravidade que vem

ocorrendo com grande frequência nas cidades. Isso se dá devido à mudança

de endereço de várias indústrias, puxada por diversos fatores. Segundo

Antunes,

a repetição de tais situações tem por base o fato de que se tem verificado uma “desindustrialização“, em decorrência da transferência de empresas para outras regiões. Muitos são os fatores para que assim seja, dentre eles se destacam: urbanização desordenada, fazendo com que plantas industriais fiquem “ilhadas” por residências, incentivas fiscais oferecidas por outros Estados e Municípios; decisões corporativas que implicam o fechamento de determinadas unidades industriais etc. E, obviamente, falta de controle da qualidade do solo (op. cit., p. 209-210).

Existe, de fato, uma responsabilidade solidária entre proprietário da área

contaminada e o novo proprietário. Antunes esclarece que:

do ponto de vista da responsabilidade legal, parece-me que, em tese, tanto o antigo proprietário do terreno como o adquirente são solidariamente responsáveis pela reparação dos danos causados aos terceiros de boa fé que tenham adquirido as unidades habitacionais postas a venda no mercado (op. cit., p. 210).

39�

De acordo com o entendimento de Antunes, é difícil estabelecer, de

forma clara, a responsabilidade das instituições de crédito imobiliário: “As

instituições de crédito imobiliário que tenham financiados projetos habitacionais

podem ser incluídos no rol dos responsáveis solidários? A resposta e

complexa” (op. cit., p. 210).

Mas muitas decisões de nossos Tribunais têm caminhado para o

entendimento de que as referidas instituições tem, sim, responsabilidade

solidária, no que tange aos danos causados a terceiros. Segundo Antunes,

o reconhecimento judicial da responsabilidade do agente financeiro pelos defeitos ocultos de unidades habitacionais e tranquilo e não causa a menor dúvida entre os Tribunais. Assim é que o STJ, ao decidir o Resp. nº 51.169/RS, relator o ministro Ari Pargendler, entendeu que: a obra iniciada mediante financiamento do Sistema Financeiro de Habitação acarreta a solidariedade do agente financeiro pela respectiva solidez e segurança (op. cit., p. 211).

Por fim, a responsabilidade solidária se faz presente em construções de

imóveis, havendo três partes centrais: empreiteiro construtor, o financiador da

obra, e o incorporador, sendo que cabe ao credor escolher quem será

executado. Antunes define que

[...] existe a responsabilidade solidária entre o agente financeiro, o construtor de imóvel e o incorporador, por empreendimentos construídos sobre terrenos contaminados ou em áreas que, por forca de lei ou outro ato normativo, sejam consideradas como non aedificandi. Ao credor cabe escolher qual dos devedores prefere executar com vistas a satisfazer o crédito que lhe e devido. A tendência da responsabilização das instituições financeiras e crescente, pois, como se sabe, tais instituições são mais sólidas e possuem uma estrutura capaz de arcar com custos de forma mais completa do que, em geral, as construtoras e incorporadoras imobiliárias (op. cit., p. 211-212).

III-3.6: Responsabilidade Civil do Estado

O Poder estatal é responsável por regulamentar as atividades

empresariais, de forma que não haja prejuízos à sociedade, inclusive em

questões ambientais. Segundo os ensinamentos de Séguin,

a responsabilidade estatal engloba a assistência técnica, a divulgação de informação, os incentivos fiscais ou de mercado, as linhas de crédito para as indústrias ecologicamente corretas, entre outras

40�

coisas, permitindo compartilhar entre um número significativo de empresas o custo ambiental (op. cit., p. 383).

No entanto, se o Estado se omitir em suas tarefas obrigatórias,

problemas ocorrerão, muitos deles na área ambiental. Como consequência,

tem-se inúmeras situações desagradáveis não somente para o cidadão, como

também para o empresariado de um modo geral, visto que passa a ser tratado

como vilão ecológico. Como exemplos de situações de ineficiência estatal,

Séguin assim relata:

frequentemente, a empresa trata de seus resíduos líquidos e o Estado, por falta de equipamentos, mistura as águas tratadas pelas indústrias com as águas servidas das residências. A comunidade implanta serviço de coleta seletiva, para reciclar materiais e o Estado ao recolher o lixo mistura o que havia sido previamente separado. (op. cit., p. 383-384).

Cabe ao Poder Público chamar a responsabilidade de observar as ações

potencialmente poluidoras. De acordo com o autor Maurício Mota, em sua obra

intitulada Fundamentos Teóricos do direito Ambiental,

[...] O Poder Público, que, por sua vez, abarca todos os entes políticos, tem o dever de preservar e fiscalizar a conservação do meio ambiente. Do mesmo modo, a Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins, mecanismos de formulação e aplicação preceitua em seu art. 3º, IV a responsabilização do agente que, direta ou indiretamente, der causa ao evento de danos, entendendo-se por poluidor a pessoa física ou jurídica, de direito publico ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (MOTA, 2008, p. 138).

A responsabilidade do Estado pela ocorrência de dano ambiental

caracteriza-se pela presença de um dano, possuidor de valor econômico,

atribuído a um agente determinado ou a uma coletividade, contrario ao

ordenamento jurídico, e, por fim, capaz de ser provado. Mota afirma:

para que seja possível a responsabilização do Estado por dano ambiental e necessário que esse dano seja efetivo, quantificável economicamente, individualizado em relação a uma pessoa ou grupo de pessoas, antijurídico, imputável ao Estado e provado” (op. cit., p. 140).

41�

Desse modo, pode-se acrescentar que a responsabilidade do Estado é

objetiva, sem necessidade de se comprovar a culpa do agente público. Mota

complementa tal raciocínio, dizendo o seguinte:

trata-se, portanto, de um amplo sistema de responsabilização pelo qual as pessoas jurídicas de direito publico, ou seja, a União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e fundações publicas respondem pelos danos causados ao meio ambiente. Há que se distinguir, entretanto, se o Estado responde sempre de forma objetiva e também sobre quais soa os pressupostos do dano ambiental para fins de responsabilização do Estado. (op. cit., p. 140)

Por fim, pode-se destacar que o Estado será responsável solidário

devido aos danos causados a terceiros por agentes de empresas prestadoras

de serviços públicos e de empresas contratadas pela Administração Pública

para realização de serviços públicos. Nesse pensamento, Séguin expõe que

a responsabilidade civil do Estado é solidária referente a pessoas prestadoras de serviços públicos por delegação negocial (concessionários e permissionários de serviço público) e também aquelas empresas que executam obras e serviços públicos por força de contratos administrativos, ou seja, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa (art. 37, parágrafo 6º, da CRF) (op. cit., p. 385).

Portanto, o Estado tem a obrigação de realizar as suas tarefas previstas

em nossa Carta Maior, de modo a impedir problemas ambientais. Nesse

sentido, Séguin afirma que

o Estado, com fincas no Principio do Poder-Dever, e responsável quando deixa de cumprir uma disposição legal ou se omite nas suas atribuições, em decorrência de seu Poder de Policia, como um acidente de animal abandonado na pista”. O Poder Publico deve não somente atentar ao fato de suas atividades estarem de acordo com a ordem legal, mas também procurar fazer com que não haja ausência das mesmas. A referida autora complementa o raciocínio, dizendo que “em matéria ambiental, e grande a importância da responsabilidade por omissão, pois quem tem o dever de evitar o dano, por uma ação de vigilância ou de fiscalização e se omite fica responsável civilmente. Não basta o Estado não fazer o que não deve, ele e obrigado também a fazer o que deve (op. cit., p. 385).

A responsabilidade do Estado pela ocorrência de dano ambiental

caracteriza-se pela presença de um dano, possuidor de valor econômico,

42�

atribuído a um agente determinado ou a uma coletividade, contrário ao

ordenamento jurídico, e, por fim, capaz de ser provado.

III-3.6.1: Responsabilidade por Dano Nuclear

É certo que a atividade nuclear gera a necessidade de um cuidado

bastante considerável e contínuo de todos os órgãos responsáveis pelo seu

zelo. Na verdade, já há muito tempo se falava que a responsabilidade civil em

caso de danos causados por atividades nucleares era objetiva, pautada no

risco integral. Séguin expõe, com bastante clareza, que

anteriormente à Carta de 1988, a legislação ordinária, Lei nº 6453, de 17.10.1977, já previa, nestes casos, a responsabilidade fundada no risco integral, sendo irrelevante a força maior ou o fato de terceiro, com campo de incidência apartado da responsabilidade civil em geral (op. cit., p. 382).

A lei 6.453/77 foi o grande marco na consolidação da responsabilidade

civil no âmbito das atividades nucleares, fixando inclusive sanções de caráter

penal. Antunes,

a responsabilidade decorrente de atividades nucleares está tratada em nosso direito pela Lei nº 6.453, de 17 de outubro de 1977, que dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal e dá outras providências. Tal lei, pela primeira vez em nosso sistema jurídico, estabeleceu um mecanismo bastante diverso daqueles anteriormente existentes no direito pátrio, a saber, a responsabilidade canalizada, que é uma forma bastante de dirigir toda e qualquer responsabilidade decorrente da atividade nuclear para operador de instalação nuclear; nela, também se encontra a previsão da responsabilidade tarifada (op. cit., p. 117).

No entanto, as atividades nucleares trazem benefícios não somente no

campo da energia nuclear como também nas áreas medicinais. No Brasil, por

exemplo, a Justiça nacional já julgou casos em que material radioativo originou

problemas sérios a pessoas inocentes. Séguin afirma o seguinte:

as atividades nucleares não se restringem à produção de energia, como aprioristicamente se imagina. Está muito difundido seu uso terapêutico e em diagnósticos. A Medicina Nuclear faz parte do cotidiano hospitalar. Em outubro de 1987, tivemos um grave acidente radioativo, na cidade de Goiânia, decorrente de violação, por catadores de ferro-velho, de um aparelho de radioterapia, cápsulas de césio 137, de uso medicinal, abandonado sob seu invólucro de chumbo. Ao julgar os aspectos criminais da questão, em junho de

43�

1995, o TRF da 1ª Região condenou os médicos e farmacêutico responsáveis, por quatro homicídios culposos e 16 lesões corporais, considerando sua omissão relevante, na forma do art. 13, parágrafo 2º. do CP (op. cit., p. 383).

Os rejeitos resultantes de atividades nucleares podem, logicamente,

causar sérios problemas ambientais. Pode-se afirma que a doutrina atual

possui a consistente convicção que a responsabilidade por tal material

radioativo independe de culpa. Antunes expõe, com bastante clareza que,

em se tratando de depósitos iniciais, a responsabilidade por danos radiológicos pessoais, patrimoniais e ambientais causados por rejeitos radioativos neles depositados, independente de culpa ou dolo, e do titular da autorização para operação da instalação; já nos depósitos intermediários e finais, a responsabilidade civil por danos radiológicos pessoais, patrimoniais e4 ambientais causados por rejeitos radioativos neles depositados, independente de culpa ou dolo, e da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (op. cit., p. 894).

Com relação a transporte de material radioativo, Antunes define que a

responsabilidade civil e da CNEN, mesmo que tal serviço seja delegado a

terceiros. Segundo o referido autor,

quando se tratar do transporte de rejeitos dos depósitos iniciais para os depósitos finais, a responsabilidade civil por danos radiológicos pessoais, patrimoniais e ambientais causados por rejeitos radioativos e do titular da autorização para operação da instalação que contem o deposito inicial. Já no transporte de rejeitos dos depósitos intermediários para os depósitos finais, a responsabilidade civil por danos radiológicos pessoas, patrimoniais e ambientais causados por rejeitos radioativos e da CNEN. Ainda que exista a possibilidade de delegação a terceiros da atividade de transporte para o material dos depósitos intermediários para os depósitos finais, a responsabilidade civil remanesce afetada a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (op. cit., p. 894).

Cavalieri Filho explica que a Constituição Federal prevê a existência da

responsabilidade objetiva na ocorrência de danos nucleares. O ilustre autor

lembra que,

ainda na Constituição, no art. 21, XXIII, “c”, vamos encontrar mais uma hipótese de responsabilidade objetiva, que tem lugar no caso de danos nucleares, de responsabilidade da União. Dado a enormidade dos riscos decorrentes da exploração da atividade nuclear, também aqui foi adotada a teoria do risco integral. O art. 8º da Lei nº. 6453/1977 exclui a responsabilidade do operador pelo dano resultante de acidente nuclear causado diretamente por conflito armado, hostilidades, guerra civil, insurreição ou excepcional fato da natureza. A base jurídica da responsabilidade do explorador da atividade nuclear, entretanto, passou a ser a Constituição a partir de 1988, e esta, em seu art. 21, XXXIII, “c”, não abre exceção alguma, pelo que entendemos não mais estarem em vigor as causas exonerativas

44�

previstas na lei infraconstitucional. Diga-se o mesmo em relação aos limites indenizatórios estabelecidos no art. 9º da citada Lei nº. 6453/1977 (op. cit., p. 154).

Não só o manuseio de material radioativo deverá ser objeto de atenção

do Estado. Muita preocupação se deve ter ao se realizar a locomoção deste

tipo de material por qualquer meio de transporte. Séguin define que “o

transporte e armazenagem, de materiais nucleares também são motivo de

grande preocupação, pelos riscos potenciais de acidentes. Alguns Estados da

federação proibiram depósito de resíduos nucleares em seus territórios (Piauí,

art. 241)” (op. cit., p. 383).

A consequência da existência dos rejeitos nucleares é o repúdio que os

Estados têm em assumir o referido material em seus territórios. Séguin

acrescenta que

atualmente, dentro da Teoria de “não no meu quintal”, as comunidades repudiam, por motivos ambientais, a vizinhança de usinas nucleares. Com a crise energética que assola o país, com uma política fincada em hidroelétricas, a energia nuclear volta a ser vista como solução (op. cit., p. 383).

Cavalieri Filho afirma ainda que uma lei infraconstitucional não pode fixar

os valores da verba indenizatória. Para ele,

sendo ilimitada a responsabilidade do Estado, consoante art. 37, parágrafo 6º, da Constituição Federal, não pode a lei ordinária estabelecer limites indenizatórios para os danos decorrentes de acidente nuclear, de responsabilidade desse mesmo Estado ou de entes privados prestadores de serviços públicos (op. cit., p. 154).

III-3.7: Responsabilidade Civil e Caso Fortuito e Força Maior

Caso Fortuito e Força maior são dois institutos jurídicos que excluem a

aplicação de culpa na conduta do agente. Segundo o autor Silvio de Salvo

Venosa, em sua obra intitulada Direito Civil – Parte Geral, “se o evento foi

ocasionado por caso fortuito ou força maior (nossa lei não distingue os efeitos

de ambos), deixa de existir o elemento culpa, cessando a responsabilidade”

(VENOSA, 2003, p. 598).

Seguindo o mesmo raciocínio, Cavalieri Filho afirma que “[...] o que é

indiscutível é que tanto um como outro estão fora dos limites da culpa. Fala-se

45�

em caso fortuito ou de força maior quando se trata de acontecimento que

escapa a toda diligência, inteiramente estranho à vontade do devedor da

obrigação” (op. cit., p. 76).

A previsibilidade da ocorrência de eventos que excluem a culpa é

essencial para que se possa diferenciar caso fortuito de força maior. Para

distinguir os dois institutos, Cavalieri Filho esclarece que:

[...] estaremos em face do caso fortuito quando se tratar de evento imprevisível e, por isso, inevitável. Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do agente, como normalmente são os fatos da Natureza, como as tempestades, enchentes etc., estaremos em face da força maior, como o próprio nome diz. É o Act of God, no fizer dos ingleses, em relação ao qual o agente nada pode fazer para evitá-lo, ainda que previsível (op. cit., p. 76).

De acordo com Cavalieri Filho, a imprevisibilidade, portanto, “é o

elemento indispensável para a caracterização do caso fortuito, enquanto a

inevitabilidade é o da força maior” (op. cit., p. 76).

Eventos inevitáveis sevem ser analisados separadamente, dependendo

de cada situação ocorrida. Não há, portanto, como padronizar todas as

ocorrências. Segundo Cavalieri Filho, a inevitabilidade, por sua vez, deve ser

considerada dentro de certa relatividade, tendo-se o acontecimento como

inevitável em função do que seria razoável exigir-se. “[...] É preciso, destarte,

apreciar caso por caso as condições em que o evento ocorreu, verificando se

nessas condições o fato era imprevisível ou inevitável em função do que seria

razoável exigir-se” (op. cit., p. 76).

Já com relação ao caso fortuito e a força maior, Cavalieri Filho afirma

que “excluem o nexo causal por constituírem também causa estranha à

conduta do aparente agente, ensejadora direta do evento” (op. cit., p. 76).

Há autores, porém, como Paulo Henrique Abujabra Peixoto e Thatiana

de Haro Sanches Peixoto, que dizem que “(...) a responsabilidade objetiva sob

a modalidade do risco integral implica na inadmissibilidade de excludentes. Isto

quer dizer que não cabe alegar caso fortuito e forca maior para se esquivar da

responsabilidade” (op. cit., p. 34).

Machado expõe o pensamento de mestres civilistas para explicar o caso

fortuito:

46�

Clóvis Beviláqua, autor do projeto do Código Civil Brasileiro, cita Huc para explicar que caso fortuito é “o acidente produzido por força física ininteligente, em condições que não podiam ser previstas pelas partes”; e força maior “é o fato de terceiro, que criou, para a inexecução da obrigação, um obstáculo, que a boa vontade do devedor não pode vencer (op. cit., p. 331).

De acordo com Machado, há um exemplo bastante pratico que evidencia

a referida situação debatida:

Terremotos, raios e inundações constituem exemplos de fatos necessários que poderão gerar efeitos que, em tese, poderiam afastar a responsabilidade do devedor. Mas é preciso que sejam examinados os casos concretos para comprovar se os efeitos desses fatos podiam ser evitados e impedidos (op. cit., p. 331).

O possível responsável pelos danos ambientais diante dos fatos da

Natureza e de fatos de terceiro deve considerar, pelo menos, um duplo

posicionamento psicológico: prever a ocorrência desses fatos e prever seus

prováveis efeitos. Machado cita os ensinamentos do jurista português

Fernando S. L. Pessoa Jorge, o qual afirma que “nem tudo o que é previsível é

evitável, mas previsível, não assume o caráter de caso fortuito ou de força

maior” (op. cit., p. 332).

Outra situação que pode servir como exemplo, segundo Machado, é a

seguinte:

o local onde está instalada uma usina nuclear é atingido por um terremoto. Esse seria o fato necessário, como afirma o art. 1058 do Código Civil Brasileiro. Como efeito do terremoto constata-se vazamento radioativo e consequente irradiação, lesando e matando pessoas (op. cit., p. 332).

Nesse acontecimento proveniente de um fenômeno da natureza, é

preciso verificar se se trata de um fato inevitável. Deve-se averiguar o grau de

probabilidade de ocorrência desses fenômenos naturais para se calcular o risco

de surgir um problema ambiental. Ademais, medidas preventivas são

essenciais e obrigatórias a qualquer tipo de empreendimento que possa vir a

originar danos ao meio ambiente. De acordo com Machado, pode-se afirmar

que

não é de se aplicar a isenção de responsabilidade de forma automática. Deverá ser analisada a forma de escolha do local, constatando se houve estudo sísmico da área. Se a área está sujeita, com maior probabilidade que outras áreas, a abalos sísmicos, ao se instalar nessa área o empreendedor não poderá beneficiar-se da excludente de responsabilidade. Também deverão ser avaliadas as medidas tomadas para serem evitados danos em decorrência de um

47�

possível terremoto. Se as medidas necessárias para evitar o vazamento radioativo não foram previamente tomadas, não houve o uso dos meios para evitar ou impedir efeitos nocivos ocorridos. Nesses casos não pode ser reconhecida a liberação da responsabilidade civil ambiental (op. cit., p. 332).

Outro exemplo dado por Machado é o seguinte:

depósito de vinhoto foi construído nas margens de um curso de água. Houve a queda de um raio sobre o depósito e o mesmo veio a vazar, poluindo as águas e matando os peixes. Temos que verificar a inadequação da escolha do local para situar o depósito, pois previsível a possibilidade de vazamento na hipótese de qualquer anomalia no funcionamento do depósito (op. cit., p. 332-333).

Por fim, Machado complementa o raciocínio com outro exemplo

merecedor de destaque:

proprietário agrícola deposita produtos agrotóxicos em local sujeito a inundações das águas de rio vizinho. Um temporal cai sobre a párea, o rio transborda e as águas atingem o depósito de agrotóxicos e esses produtos as contaminam, tornando-as impróprias para o consumo humano. Da mesma forma, como já se argumentou, inaplicável querer-se a irresponsabilidade civil do proprietário agrícola (op. cit., p. 333).

Em todas as hipóteses mostradas anteriormente, a responsabilidade civil

objetiva se faz presente, de acordo com o art. 14, parágrafo 1º da Lei 6.938, de

31.8.81. O referido autor acrescenta que “[...] quem alegar o caso fortuito ou a

força maior deve produzir a prova de que era impossível evitar ou impedir os

efeitos do fato necessário – terremoto, raio, temporal, enchente” (op. cit., p.

333).

48�

CONCLUSÃO

A responsabilidade civil por danos ao meio ambiente é um campo

bastante extenso e considerado essencial por todos os setores da sociedade.

Com o passar dos tempos, verificou-se que preservar todos os tipos de

vegetação, rios, lagos e mares, é vital não somente para a sobrevivência do

planeta, mas também para o bem estar do ser humano. Chega-se à conclusão

que não dá mais para o homem continuar com as suas atividades de

exploração desenfreada dos recursos naturais sem que haja um controle

permanente das possíveis agressões.

O Estado vem assumindo um papel essencial na imposição de limites às

formas de utilização e exploração do meio ambiente. É salutar esclarecer que

preservar e garantir a reparação dos danos por meio de imposição de multas e

de indenizações é essencial à continuidade da prática sustentável. Ademais, as

ações do próprio Poder Público estão diretamente relacionadas a muitas das

atividades consideradas agressoras ao meio ambiente em que se vive. Muitos

dos problemas existentes no que se refere a questões ambientais têm

participação indireta, ou até mesmo direta da maquina estatal, havendo,

nesses casos, a solidariedade na responsabilidade. Logo, o melhor exemplo

tem de partir das esferas superiores, ou seja, daqueles que tem a obrigação

constitucional de zelar pelo patrimônio coletivo da maior importância e

imprescindibilidade, que é o meio ambiente.

Princípios basilares do Direito Ambiental vêm recebendo grande

destaque por parte de nossa jurisprudência, como o do Poluidor-Pagador,

Desenvolvimento Sustentável, Prevenção, Precaução e outros. Nota-se que

todo o entendimento jurídico e decisões de nossos Tribunais cada vez mais

aplicam tais conceitos ambientais de maior relevância, acompanhando, assim,

a forte tendência nacional de proteger o meio em que todos vivem, com a

desnecessidade de se comprovar a culpa na ocorrência de danos ambientais,

por exemplo.

Portanto, pensar no meio ambiente é ter consciência de que a qualidade

de nossas vidas está diretamente associada ao respeito aos recursos naturais

49�

ainda presentes em nosso planeta. Contudo, muito ainda se tem a evoluir para

que se chegue a um patamar de conscientização capaz de preservar aquele

bem mais precioso que o mundo possui: o próprio planeta Terra. Toda vez que

o Poder Público se preocupar em zelar pelo que existe de mais valioso em

nossas vias, que o meio ambiente, mais a sociedade se vê beneficiada.

Contudo, para tanto, é mister que haja não somente uma legislação adequada

a realidade de nossa sociedade, abrangendo todas as situações de risco que o

nosso meio ambiente sofre, como também aumentar a fiscalização de nossas

atividades, sem se esquecer da necessária conscientização da população de

um modo geral.

50�

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ed 2ª tiragem. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2002

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atualizada 2ª Tiragem. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005

CAVALIERI FILHO, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil. 5ª edição

Revista, aumentada e atualizada de acordo com o novo C. C. 2ª tiragem São

Paulo: Ed. Malheiros, 2004

LEITE, Jose Rubens Morato, DANO AMBIENTAL: do individual ao coletivo

extrapatrimonial, 2ª edição, revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Ed

Revista dos Tribunais, 2003

MACHADO, Jeanne da Silva, A solidariedade na responsabilidade ambiental.

1ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Lúmen Júris, 2006.

MACHADO, Paulo Affonso Leme Machado Direito Ambiental Brasileiro. 10ª ed.

Revista, Atualizada e Ampliada. São Paulo: Ed Malheiros, 2002

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Janeiro: Forense, 2002

VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil: Parte Geral. 3ª ed. São Paulo: Atlas,

2003.

52�

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO S 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

RESPONSABILIADE CIVIL 9

1.1 - Conceito 9

1.2 - Diferenças entre Responsabilidade Civil, Responsabilidade Penal e

Responsabilidade Administrativa

13

CAPÍTULO II

MEIO AMBIENTE: RESPONSABILIDADE DE TODOS 15

2.1 - Conceito de Meio Ambiente

15

2.2 - Conceito de Dano 17

2.2.1 - Reparação do Dano Ecológico e Seguro 19

2.2.2 - Valor da indenização 23

CAPÍTULO III

RESPONSABILIDADE OBJETIVA AMBIENTAL 25

3.1 – Origem 25

3.2 - Responsabilidade civil por dano ao meio ambiente no âmbito da Lei

9.605/98 29

3.3 - Relação de Causalidade 31

3.4 - Responsabilidade de Prevenir 33

3.5 - Responsabilidade do Particular 35

3.5.1 - Responsabilidade das Pessoas Físicas 35

53�

3.5.2 - Responsabilidade das Pessoas Jurídicas 36

3.5.2.1 - Responsabilidade das Instituições Financeiras

36

3.5.2.2 - Responsabilidade das Instituições de Crédito Imobiliário 38

3.6 - Responsabilidade Civil do Estado

39

3.6.1 - Responsabilidade por Dano Nuclear 42

3.7 - Responsabilidade Civil e Caso Fortuito e Força Maior

44

CONCLUSÃO 48

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA 50

ÍNDICE 52

54�

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