assédio moral no trabalho: danos causados ao trabalhador e medidas preventivas

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ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO: danos causados ao trabalhador e medidas preventivas

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ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO:danos causados ao trabalhador

e medidas preventivas

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ANA CAROLINA GODOY TERCIOTI

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO:danos causados ao trabalhador

e medidas preventivas

Advogada. Mestranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas(PUC-Campinas). Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Presbiteriana

Mackenzie. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas(PUC-Campinas). Foi estagiária concursada do Ministério Público do Estado de São Paulo.

Autora do livro Famílias Monoparentais publicado pela Editora Millennium (2011).

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EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-001São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

Todos os direitos reservados

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: R. P. TIEZZI XProjeto de Capa: FABIO GIGLIOImpressão: COMETA GRÁFICA E EDITORAJulho, 2013

R

Tercioti, Ana Carolina Godoy

Assédio moral no trabalho : danos causados ao trabalhadore medidas preventivas / Ana Carolina Godoy Tercioti. — São Paulo: LTr, 2013.

Bibliografia

1. Ambiente de trabalho 2. Assédio moral 3. Dano moral 4.Direito do trabalho 5. Processo do trabalho 6. Responsabilidade(Direito) I. Título.

13-06084 CDU-34:331.101.37

1. Ambiente de trabalho : Assédio moral : Direito do trabalho 34:331.101.37

2. Assédio moral : Ambiente do trabalho : Direito do trabalho 34:331.101.37

Versão impressa - LTr 4791.3 - ISBN 978-85-361-2582-4

Versão digital - LTr 7619.0 - ISBN 978-85-361-2683.8

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me dar sabedoria para eu vencer mais esta etapa.

A minha família, pelo enorme apoio, em especial, agradeço ao meu irmão,Valdir Tercioti Júnior, por ser o meu grande exemplo e o meu grande amigo.

Agradeço a todos os meus professores deste curso de Especialização em Direitoe Processo do Trabalho, pela dedicação e excelência das aulas. Meu muito obrigadaà professora Alessandra Benedito, ao professor Túlio Augusto Tayano Afonso, àprofessora Christina de Almeida Pedreira, ao professor Moyses Simão Sznifer, àprofessora Luciana Veloso Rocha Portolese Baruki, ao professor Ionas Deda Gon-çalves, ao professor Carlos Gustavo Moimaz Marques, à professora Susana MesquitaBarbosa, à professora Sônia Aparecida Ribeiro Soares, ao professor Francisco Albertoda Motta Peixoto Giordani, à professora Dânia Fiorin Longhi, à professora LílianGonçalves, ao professor Emmerson Ornelas Forganes, à professora Bianca Bastos eao professor Antero Arantes Martins.

O meu especial agradecimento à professora Susana Mesquita Barbosa, queme orientou na realização deste trabalho, sempre com excelentes diretrizes,revelando-se uma grande mestra.

Ao Dr. Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, Desembargador Federaldo Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas), que foimeu professor no curso de Especialização, a minha enorme gratidão, porque seprontificou a me ajudar desde o início e efetivamente bem me guiou nas pesquisas,fornecendo-me um rico material sobre o tema, mas, principalmente, pela confiançadepositada em meu trabalho e pela alegria por me presentear com o prefácio.

À Dra. Ana Paula Pellegrina Lockmann, por me conceder a honra de apresentaresta obra, e ser grande exemplo de coragem e eficiência como Desembargadorado Trabalho.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO — ANA PAULA PELLEGRINA LOCKMANN ........................................... 9

PREFÁCIO — FRANCISCO ALBERTO DA MOTTA PEIXOTO GIORDANI .............................. 11

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

CAPÍTULO I — ASSÉDIO MORAL

1.1. CONCEITO DE ASSÉDIO MORAL .............................................................................17

1.2. ORIGEM ......................................................................................................32

1.3. ASSÉDIO MORAL INDIVIDUAL E COLETIVO .................................................................35

1.4. CONFIGURAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL ......................................................................40

1.4.1. O ASSEDIADOR ...................................................................................40

1.4.2. A VÍTIMA .........................................................................................45

1.4.3. A EMPRESA .......................................................................................47

1.5. TIPOS DE DANOS CAUSADOS PELO ASSÉDIO MORAL ...................................................... 51

1.5.1. DANO MORAL .................................................................................... 51

1.5.2. DANO PSÍQUICO ................................................................................. 53

1.5.3. DANO EXISTENCIAL ............................................................................... 55

1.6. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ASSÉDIO MORAL .......................................................... 56

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CAPÍTULO II — DANO MORAL NO TRABALHO

2.1. DISTINÇÃO ENTRE O ASSÉDIO MORAL E O ASSÉDIO SEXUAL .............................................. 63

2.2. RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR ............................................................... 66

2.3. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO AGENTE .................................................................. 73

2.4. CONSEQUÊNCIAS DO DANO MORAL ....................................................................... 75

2.5. O POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS ANTE O ASSÉDIO MORAL .......................................... 79

2.5.1. VALOR PRATICADO NAS INDENIZAÇÕES ......................................................... 79

2.5.2. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO ............................................. 88

CAPÍTULO III — MEDIDAS PREVENTIVAS PARA COMBATER O ASSÉDIO MORAL

3.1. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO ........................................................................... 96

3.2. ATUAÇÃO DA EMPRESA, OUVIDORIA E COMITÊ DE ÉTICA .............................................. 100

3.3. ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO E DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO ........................ 107

3.4. OUTRAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO ....................................................................... 110

3.5. COMO A VÍTIMA DEVE AGIR .............................................................................. 113

CONCLUSÃO ............................................................................................ 117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 121

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APRESENTAÇÃO

A autora traz a nós, estudiosos do Direito, em especial do Direito do Trabalho,a reflexão para um tema mais do que atual e que vem sendo amplamente discutidonos Tribunais e nas Academias.

Ana Carolina, advogada e com curso de especialização em Direito do Trabalhoe mestranda em Educação, encontra-se abalizada para debater e trazer argumentose propostas sobre matéria tão cadente, em nosso dia a dia. A obra discorre acercado assédio moral no ambiente laboral, bem como suas consequências e as possíveismedidas de prevenção. O trabalho traz um escorço histórico do tema, seja do assédiode forma individualizada, seja na esfera coletiva, o que, diga-se de passagem,igualmente tem sido debatido com frequência nos Tribunais do Trabalho. E, apósdiferenciar as modalidades de danos, adentra ao campo do assédio moral noambiente do trabalho, com suas nuança e especificidades, cerne da pesquisa.

Embora ainda não haja, em nosso sistema legal vigente, qualquer legislaçãoespecífica e direta sobre a temática, a autora apresenta, com clareza, importantesquestões, como as responsabilidades diretas do empregador e do próprio agenteagressor, assim como igualmente expõe a atual jurisprudência dos Tribunais e realçadifícil questão, qual seja, os balizamentos para a mensuração e a fixação dos valoresindenizatórios, em condenações de assédio moral.

Finamente, a obra ressalta as medidas preventivas que devem ou ao menosdeveriam ser debatidas nas empresas e pelos empregadores em geral, a fim de seevitar muitos entraves e, por vezes, o dano maior — a configuração do assédio moral.

É um trabalho que merece uma leitura atenta, eis que, por certo, o leitorpoderá refletir sobre tema tão importante para todos, acima de tudo porque nenhumde nós está ou estará alheio a eventuais situações, como as tão bem expostas nestaobra. Boa leitura a todos!

Ana Paula Pellegrina LockmannDesembargadora do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

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PREFÁCIO

Vivemos um período em que, com espantosa regularidade, o Direito doTrabalho é alvo de críticas, como se já houvesse cumprido sua missão e fosse horade sair de cena, por cuidar-se de modelo já esgotado, para não dizer ultrapassado.

Estou em que tal visão dirige-se para outros campos, para outros interesses,que não aqueles em que o homem que vive-do-seu-trabalho pode ser encontrado,e em que há a preocupação com a sua dignidade de pessoa humana.

Tomo a liberdade de indagar: melhorou já a condição daquele que dependeapenas do seu trabalho para sustentar-se e aos seus? Pode-se já lançá-lo à própriasorte, permitindo que exercite seu poder (???) de negociação, diretamente comum possível interessado em seus serviços? Há prestigiar, conferindo-lhe foros deregular existência, conforme a realidade, a autonomia contratual desse homemque vive-do-seu-trabalho?

Esse homem reúne condições de contratar em condições de equilíbrio comaquele que sonha possa ser seu futuro empregador, num momento em que osempregos tornam-se cada vez mais raros, e o medo de não consegui-lo carrega decores as mais pesadas, o futuro, o porvir? (mas... que futuro, que porvir, paraaquele que não tem um meio de subsistência?).

E admitindo-se que esse homem consiga — suprema alegria! — o emprego,terá ele força para se opor a eventuais abusos e pressões que se voltem contra ele?

Por óbvio, não será em todo e qualquer local de trabalho que isso acontecerá,mas que a possibilidade existe e em grande escala, parece irrecusável, se a leiturafor feita sem paixões, e aí a pertinência da pergunta retroformulada.

Afunilando e/ou sendo mais específico, diante do tema enfrentado na presentemonografia, tem o homem que vive-do-seu-trabalho meios eficazes para se defendere/ou arrostar, na medida necessária para afastá-lo, qualquer atitude que importe/caracterize assédio moral no local de trabalho ou por conta deste?

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Acaso, num ambiente de trabalho, se resolva investir contra um homem quevive-do-seu-trabalho e que lá labute como empregado, parcas, ou quase nenhuma,são as possibilidades de reação deste último, se quiser preservar o seu emprego,num sistema em que se admite a ruptura imotivada do vínculo de emprego, salvoalgumas exceções legais. E, claro, desnecessário enfatizar os danos que tal procederpodem (rectius: provocam) no íntimo do trabalhador assediado, quer praticadopelo empregador, quer por outro(s) empregado(s).

Cumpre, num sistema que privilegia a dignidade da pessoa humana, que afaz — como deve mesmo ser — o centro do ordenamento jurídico, envidar esforçospara que isso não ocorra e, em ocorrendo, seja devidamente reparado! E aí sesente o quanto o Direito do Trabalho, o mais afinado que puder, com o DireitoConstitucional, ainda é imprescindível, absolutamente imprescindível!

O estudo que ora vem a lume, com rara felicidade, cuida do assédio moral narelação de trabalho, o mal que provoca, pelo que deve ser evitado e, se praticado,reparado. Tenho-o como um trabalho profundo, consistente e que será de muitovalor e utilidade para os operadores do direito.

Cumprimento a autora, enxergando-a já como uma talentosa operadora dodireito, e já vejo também esse seu estudo servindo como referência para outrostrabalhos: é aguardar!

Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani Desembargador do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região

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INTRODUÇÃO

O presente estudo versa sobre o assédio moral ocorrido no ambiente detrabalho, com foco nos danos causados ao trabalhador e suas medidas de prevenção.

Trata-se de assunto que vem inquietando estudiosos de várias áreas, emboraseja um fato que, mesmo insidiosamente, sempre ocorreu nas relações de trabalho.Igualmente, estudiosos das áreas psicossociais e do Direito passaram a dar umamaior visibilidade ao assunto em razão dos enormes prejuízos, principalmente, psíquicos,que acometem a vítima, suas famílias, as empresas e a sociedade como um todo.

O assédio moral é uma violência muito prejudicial que ataca um dos grandesideais do ser humano, tais como o seu trabalho, o seu reconhecimento no trabalhoe o prazer pelo trabalho, pois o ambiente de trabalho deve ser o mais sadio eequilibrado possível para que o indivíduo se sinta bem e possa se realizar, sem dizerque, conforme será discutido ao longo dessa pesquisa, trata-se de DireitoConstitucional, refere-se à proteção do meio ambiente do trabalho e à preservaçãoda dignidade da pessoa humana, esta alçada como fundamento da RepúblicaFederativa do Brasil, juntamente com os valores sociais do trabalho (art. 1º, incisosIII e IV, da Constituição Federal).

Dessa forma, o assunto vem sendo estudado com muito interesse pelo Direitodo Trabalho, bem como por diversas outras áreas, pois ataca os direitos fundamentaise personalíssimos, gerando efeitos devastadores e levando as vítimas a se anularem,a se sentirem maltratadas, discriminadas, ofendidas e rebaixadas, fazendo ora comque percam a vontade por seu trabalho ou sua profissão, ora com que percam ointeresse por tudo, até pela própria vida, chegando ao cúmulo de pensarem emsuicídio.

Embora o assunto ainda não seja disciplinado por uma legislação federalespecífica, é inconteste a sua gravidade, vez que colide com todos os princípios enormas albergados pela nossa Constituição, a qual possui regramento suficiente,bem como regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e do direito comum,aptas a amparar todos os revezes do cotidiano laboral. Assim, trata-se de problema

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que possui proteção do nosso ordenamento jurídico, o qual possui como postuladomaior o primado da dignidade da pessoa humana.

Para tanto, a pesquisa foi dividida em três momentos.

No Capítulo I, fazemos um escorço geral do assédio moral, fornecendo concei-tos atuais sobre o tema, anotando um panorama da sua origem, caracterizando oassédio moral individual e o assédio moral coletivo, configurando os principais sujeitosdessa violência e uma reflexão acerca das normas que vêm sendo aplicadas até omomento para a solução dos casos concretos, enquanto ainda não existe umalegislação específica.

No Capítulo II, o foco é o principal efeito jurídico do assédio moral, que emboraenseje reparações pelos danos materiais e morais, enfatizamos o dano moral,começando pela distinção entre assédio moral e assédio sexual, passando pelateoria da responsabilidade civil do empregador e do agente, as principais conse-quências do dano moral, como o Poder Judiciário vem arbitrando as respectivasindenizações decorrentes de dano moral e, por fim, os elementos para o empregadoofendido poder pleitear uma eventual rescisão indireta do contrato de trabalho.

No Capítulo III, abordamos um elenco de medidas preventivas para combatero assédio moral, ressaltando a importância da educação e dos meios informativos,como a empresa pode fazer a sua parte na prevenção, outros meios preventivosimportantes e diretrizes de como a vítima deve agir. Acreditamos que somenteatuando por meio de uma prevenção eficiente este mal poderá ser combatido.Para tanto, imprescindível a colaboração do Estado, da empresa, dos trabalhadores,das entidades de classe, dos sindicatos, enfim, só mediante mobilização social,poderemos estancar o assédio moral.

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Ninguém ganha no confronto com um perverso.O máximo que se consegue é aprender algo sobre si mesmo.

Marie-France Hirigoyen

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Capítulo I

ASSÉDIO MORAL

Neste capítulo, abordaremos um panorama geral do assédio moral, fornecendoconceitos atuais sobre o tema, com base em recente jurisprudência e na doutrina,passando por sua origem, a caracterização do assédio moral individual e do assédiomoral coletivo, ressaltando os principais sujeitos dessa violência. Por fim, faremosuma reflexão acerca das normas que vêm sendo aplicadas até o momento para asolução dos casos concretos, enquanto ainda não existe uma legislação federalespecífica.

1.1. CONCEITO DE ASSÉDIO MORAL

Para conceituarmos assédio moral, iniciaremos a partir do significado daspalavras na Língua Portuguesa, segundo o Dicionário Aurélio.

Assédio: significa pôr-se diante, sitiar, atacar.

Moral: relativo aos costumes; conjunto de regras de conduta consideradascomo válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer paragrupo ou pessoa determinada; conjunto de nossas faculdades morais, brio, vergonha.

Assim, assédio moral seria o ataque ao brio, à vergonha de determinada pessoa.Para o Direito, significa constranger a pessoa no ambiente de trabalho com intuitode perversidade, desbancá-la, minar sua autoestima(1), atentando-se contra sua

(1) O Procurador do Trabalho Manoel Jorge e Silva Neto (2012, p. 114/115) define e explica: Assédiomoral, mobbing ou bullying é, portanto, toda conduta ilícita consumada no âmbito das relaçõesintersubjetivas com o propósito de, por meio de palavras ou comportamentos reiterados, diminuira autoestima, ridicularizando e/ou atingindo a honorabilidade dos indivíduos. (...). O assédio moralproduz na pessoa não apenas a clara sensação de impotência diante da prática assediante, mas,

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dignidade e personalidade, para que a vítima venha a se sentir tão mal a ponto dequerer desistir do seu emprego(2). Além disso, os ataques do agressor são contínuos(3).

O assunto é objeto de estudo da Psicologia, da Sociologia e agora está sendoinvestigado com muito interesse no âmbito jurídico(4).

sobretudo, drástica redução da autoestima. (...). O assédio moral é ato ilícito-meio, destinado àconsecução de finalidade igualmente ilícita, à qual chamamos de ato ilícito-fim, que é o propósitode quem pratica assédio moral: discriminar ou obter produtividade.(2) O assédio moral é caracterizado pelo cerco incansável à vítima, minando sua autoestima, seupoder de criação, sua capacidade de concentração, suas expectativas em melhorias profissionais.(...). Os atos aniquiladores repetitivos, assaz insuportáveis, impõem ao trabalhador o pedido dedemissão ou afastamento por algum distúrbio. Na presente lide, os relatos do Obreiro seconfirmaram frente à prova oral colhida. (TRT da 23ª Região, 1ª Turma, RO n. 01186.2007.003.23.00-2, Rel. Des. Edson Bueno, DJE de 25.8.2008).(3) Verificamos, hoje, um sem-número de táticas ou de técnicas que são usadas para forçar aspessoas consideradas indesejadas ou julgadas sem contribuição tão grande a dar, a fim de vencê--las pelo cansaço e levá-las a demitirem-se. Infelizmente, esse tipo de prática dos cortadores decusto tem ocorrido com bastante frequência, especialmente nos casos de fusão e aquisição, em quedeterminadas tarefas e posições são duplicadas. É também muito comum usar-se a tática da quaren-tena, ou do freezer, ou a morte simbólica por meio de fatos simples, como a pessoa não ter maisuma mesa ou cadeira para sentar-se, reforçando a sua inutilidade para desestabilizá-lo. (FREITAS,Maria Ester de apud ARAÚJO, 2012, p. 84).ASSÉDIO MORAL. PRÁTICA COMPROVADA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. O assédio moral consisteem conduta abusiva do empregador, de cunho psicológico, que atenta contra a dignidade dotrabalhador, de forma reiterada e prolongada, causando evidente abalo emocional, tendo comoprincipal objetivo, na maioria das vezes, a desestabilização emocional do trabalhador, com o intuitode induzi-lo a deixar espontaneamente o emprego, seja pedindo demissão, aposentadoria precoceou, até mesmo, licença para tratamento de saúde. Este assédio pode se exteriorizar de diversasformas, mas sempre há o abuso de direito do empregador ao exercer seu poder de direção. Otrabalhador, como se sabe, está subordinado ao jus variandi e ao poder diretivo do empregador,cumprindo salientar que o seu exercício encontra limites justamente na dignidade da pessoa humana,consagrada no art. 1º, III, da CF. Assim, comprovado o intuito da reclamada em tornar o ambientee as condições de trabalho do autor insuportáveis, com o objetivo de fazê-lo renunciar a suaestabilidade provisória e pedir demissão, faz jus o reclamante à indenização por danos morais.RECURSO ORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO NO PARTICULAR. (RO 0142900-52.2009.5.15.0097, TRT da 15ª Região, 5ª Câmara (3ª Turma), Relator Des. Lorival Ferreira dos Santos).(4) Ensina José Augusto Rodrigues Pinto: Assédio, no significado mais simples e substantivo, écerco, visando à conquista física, por pressão, de um objetivo determinado. Sua ilustração maisclara era a clássica estratégia militar de assediar (cercar) fortificações ou cidades para dominá-las,antes que a arte da guerra passasse a ser um confronto de botões em lugar de um confronto dehomens. A mesma ideia de sufocação opressiva é expressa por substantivos correspondentes eminglês (mobbing, ato de cercar, e bullying, ato de intimidar), em francês (harcèlement, pressão sufocante)e espanhol (acoso, ato de acossar). O qualificativo moral, aposto pelo direito, ao se preocupar comas consequências do assédio nas relações humanas, trouxe o substantivo para os domínios da mente,onde representa a sufocação da vontade individual com o fim de subjugar a personalidade aosdesígnios do assediador pelo esgotamento da capacidade de resistir, demolindo as defesas daautoestima. A formatação física do assédio é muito próxima dos impulsos instintivos, a exemplodo cerco do predador à caça que lhe servirá de alimento e a explosão momentânea da ira. Mas, aomerecer o qualificativo de moral, passa a ser uma atitude da razão, logo, exclusivamente humana.O conceito do assédio moral trabalhista é o do substantivo assédio duplamente qualificado peloconteúdo psicológico e pelo tipo de relacionamento humano que o propicia. Como ocorre com osinstitutos jurídicos, permite formulação sintética e analítica. Sinteticamente, é a sujeição, insistentee prolongada, do trabalhador pelo empregador, seus prepostos ou colegas, no curso da relação de

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Segundo Marie-France Hirigoyen (2011, p. 66):

Essa guerra psicológica no local de trabalho agrega dois fenômenos:

— o abuso de poder, que é rapidamente desmascarado e não énecessariamente aceito pelos empregados;

— a manipulação perversa, que se instala de forma mais insidiosa e que,no entanto, causa devastações muito maiores.(5)

Para André Luiz Sousa Aguiar (apud THOME, 2009, p. 29), o assédio moral é:

o resultado do abuso de poder, da permissividade de agressões no localde trabalho e também da impunidade para atitudes dessa natureza, além derefletir o autoritarismo e a forte hierarquização das organizações atuais,bem como a influência da cultura nacional na sua forma de gerir aspessoas.

Muitas vezes, acontece que as pessoas, por falta de conhecimento, ouimaturidade não contam com o fator habilidade para administrar, chefiar outraspessoas. Os agressores são, na maioria das vezes, chefes que não respeitam omínimo necessário para o relacionamento com a pessoa do subordinado, fazendocom que este venha a sentir um grande mal-estar(6).

trabalho, a condições que lhe violam a integridade psíquica com o propósito de arruinar-lhe adignidade humana. Analiticamente, é a conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contraa dignidade psíquica, de forma repetitiva e prolongada e que expõe o trabalhador a situaçõeshumilhantes e constrangedoras, capazes de causar ofensa à dignidade ou à integridade psíquica, eque tenha por efeito excluir a posição do empregado no emprego ou deteriorar o ambiente detrabalho, durante a jornada de trabalho no exercício de suas funções. Alguns autores preferemincluir num conceito único de assédio moral a exposição do trabalhador a constrangimentos físicosou psíquicos. Não partilhamos deste critério, pois o constrangimento físico, quando visa àdesarticulação psicológica, é processo para chegar ao assédio moral e não o assédio moral em si.(in RO n. 0149900-83.2009.5.15.0039, TRT da 15ª Região, 5ª Câmara (3ª Turma), Relator Des. LorivalFerreira dos Santos).(5) Manoel Jorge e Silva Neto (2012, p. 117/118) ressalta: É visível o dano acarretado pelo assédiomoral à indenidade psíquica da pessoa, posto que, submetido o indivíduo à gradativa hostilizaçãoe humilhação, sabendo ou não o motivo que o enseja, o deletério comportamento lhe produz grandeinstabilidade emocional, podendo, com o passar do tempo, originar grave perturbação psíquica.(...). O assédio se inicia sob a forma de brincadeira ingênua, como esclarece Marie-France Hirigoyen,começa a ser irritante para o assediado, mas como as pessoas envolvidas no entorno nada fazempara coibir o comportamento, prossegue firme até culminar com o total alijamento da pessoa,sendo causa importante para instalação de patologia mental.(6) Presente prova de que o preposto patronal manteve um ambiente de trabalho hostil e descortês,mantendo pressão na realização das tarefas cotidianas, inclusive em relação ao Autor, deve haverresponsabilidade da Reclamada pelo ilícito praticado, caracterizado pelo abuso do direito e quegerou danos morais ao trabalhador. (TRT da 23ª Região, 1ª Turma, RO n. 00219.2007.008.23.00-9,Rel. Des. Tarcísio Valente, DJE 16.1.2008).O ato de humilhar a autora praticado por preposto da reclamada, no intuito de pressioná-la aaumentar a produtividade, revela-se inaceitável. (...). A atitude assediante (assédio moral) depreposto da reclamada, representa, sem dúvida, dano moral à autora que era obrigada a trabalharem ambiente desgastante e inóspito, permeado de humilhações perante os demais colegas e a sociedade.

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Muitos chefes agem com essa arrogância e prepotência para acobertar assuas próprias fraquezas, porque se sentem inferiorizados diante de certos subor-dinados que se realçam no trabalho pela competência e eficiência. É um verdadeiromecanismo de autodefesa. Neste sentido, é o que diz a Desembargadora do E.Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região Beatriz Renck (apud FERREIRA, 2011,p. 90): A inveja, o ciúme e a rivalidade excessiva são elementos que podem desen-cadear o assédio, assim como o medo é um grande motor, pois quem teme seratacado frequentemente parte para o ataque.

Lílian Ramos Batalha (2009, p. 15) bem explica:

O perfil pessoal da vítima é delineado por uma inteligência, geralmente,um pouco acima da média, uma personalidade altruísta, ingênua,insatisfeita, honesta e consideradora dos valores morais, apegada aotrabalho e à instituição pública, o tipo de pessoa que não tolera injustiçacom ninguém.

Já o perfil pessoal do mobber ou assediador é delineado por uma personalidadecruel(7), geralmente, pessoa com problemas na família, de nível medíocre, muitoorgulhosa da meritocracia da instituição. Suas motivações intrínsecas são, via deregra, a megalomania, o dinheiro, a ganância e o animus criminal, ser cúmplice emeliminar alguém ou preferência por agir escondido.

Esses abusos(8) não ocorrem somente no setor privado, pois o problema doassédio moral também acontece no setor público. Lílian Ramos Batalha (2009,

(TRT da 9ª Região, 3ª Turma, RO n. 03036.2004.664.09.00-6, Ac. 32095/05, Relª Juíza Rosemarie D.Pimpão, DJPR de 6.12.2005, p. 327).(7) O assédio moral pode ser exteriorizado de variadas formas: gestos, agressões verbais,comportamentos obsessivos e vexatórios, humilhações públicas e privadas, amedrontamento,ironias, sarcasmos, coações públicas, difamações, exposição ao ridículo (p. ex.: servir cafezinho,lavar banheiro, levar sapatos para engraxar ou rebaixar médico para atendente de portaria), sorrisos,suspiros, trocadilhos, jogo de palavras de cunho sexista, indiferença à presença do outro, silêncioforçado, trabalho superior as forças do empregado, sugestão para pedido de demissão, ausênciade serviço e tarefas impossíveis ou de dificílima realização, controle do tempo no banheiro,divulgação pública de detalhes íntimos, agressões e ameaças, olhares de ódio, instruções confusas,referências a erros imaginários, solicitação de trabalhos urgentes para depois jogá-los no lixo ou nagaveta, imposição de horários injustificados, isolamento no local de trabalho, transferência de salapor mero capricho, retirada de mesas de trabalho e pessoal de apoio, boicote de material necessárioà prestação de serviços e supressão de funções. (PAROSKI, 2011, p. 108).(8) O assédio moral no ambiente laboral corresponde à exposição do empregado a situaçõeshumilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas, no exercício das funções. Ocorre muitasvezes dado o abuso do poder disciplinar do empregador dentro da organização.Para restar configurado o assédio moral, o empregado tem de comprovar a violência psicológicaque diz ter-lhe sido impingida. O empregador, ao seu turno, deve demonstrar que proporcionavaambiente de trabalho saudável e marcado pela urbanidade. (...).O linguajar empregado pelo chefe imediato do recorrido está longe de ser o que pode ser empregadonum ambiente em que deva prevalecer a urbanidade e a civilidade, como deve ser o de trabalho.Fica fácil afirmar que tal ou qual pessoa é um tanto rude no trato, como se fosse uma característica

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p. 26/27), inclusive, indica o porquê o assédio moral é mais frequente noserviço público:

Um dos motivos que está na origem do grande número dos que sofrempor mobbing na Administração Pública é, sem dúvida, o grande númerode pessoas ali empregadas. Quanto mais aumenta o número, maisanônimas se farão pessoas que, para subir e diferenciar-se do resto damassa, começam a pisar os seus subalternos, às vezes, oprimindo umainteira repartição. (...).

Outro aspecto de grande relevância é o fato de, no setor público, muitasvezes, os chefes serem indicados em decorrência de suas relações deparentesco (nepotismo), amizade ou relações políticas e não por qualquerqualificação. (...).

Neste ambiente, o assédio moral tende a ser mais frequente em razãode uma peculiaridade: o chefe, por estar vinculado às normas do serviçopúblico como a estabilidade, e, ao crivo do Processo AdministrativoDisciplinar em todas as suas fases, garantindo-se ao funcionário a ampladefesa e o contraditório, passa a estar mais distante da disposição sobreo vínculo funcional do servidor, restando-lhe mais dificultoso demiti-lo;passa então a humilhá-lo, sobrecarregá-lo de tarefas inócuas.

Ocorrerá assédio moral em todas as agressões que causar qualquer danopsíquico(9), podendo gerar prejuízos sociais e econômicos ao trabalhador. Ocorre odano psíquico que o assediador causa à vítima, além da situação vexatória queprovoca um grande dano à sua imagem(10). Entre os danos psíquicos, podem

sua, para o fim de alforriar o dador de serviço de responsabilidade por assédio moral, mas nadajustifica que alguém possa dar asas a sua “rudeza” num ambiente de trabalho, em prejuízo deoutros empregados, mormente se seus subordinados forem, sem que o empregador faça nada paracontê-lo, permitindo, assim, que o temor e a insegurança reinem no local de trabalho. (ProcessoTRT da 15ª Região n. 1403-44.2010.5.15.0120, 3ª Turma (6ª Câmara), Relator DesembargadorFrancisco Alberto da Motta Peixoto Giordani).(9) ASSÉDIO MORAL. DIVERGÊNCIAS NA ADMINISTRAÇÃO DE ENTIDADE. CONFLITUO-SIDADE INTRÍNSECA AO CONTRATO DE TRABALHO. RECONHECIMENTO DOS MÉRITOSDO EMPREGADO PELO EMPREGADOR. NÃO CONFIGURAÇÃO. As divergências entre superiorhierárquico e gerente de estabelecimento relativas à administração não configuram, por si sós,assédio moral numa relação conflituosa por natureza — vínculo de emprego —, caracterizada peloalto grau de subordinação. Notadamente quando o empregador reconhece os méritos do empregadono curso da relação com inúmeros benefícios e demonstração de satisfação com os serviços prestados.(TRT da 3ª Região, 9ª Turma, RO n. 00418-2011-011-03-00-5, Relator Des. Ricardo Antonio Mohallem,j. em 10.2.2012).(10) Restando evidenciada pelas provas dos autos a instalação de câmeras de monitoramento nosetor onde a autora trabalhava, fica configurado que houve desrespeito às regras básicas implícitasao contrato de trabalho, uma vez que a relação entre as partes que o integram devem ser fundadasno respeito mútuo. A prática da ré também desrespeitou o direito à imagem e à intimidade daobreira, ultrapassando os limites do poder diretivo do empregador. Portanto, é devida acompensação por danos morais em razão do assédio moral. (TRT da 12ª Região, 1ª Turma, ROn. 00786.2008.001.12.00-1, Relª Juíza Viviane Colucci, DOE 13.7.2009).

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ocorrer stress, fadiga, depressão(11), bloqueios, inibições etc.(12). Portanto, alertaBatalha (2009, p. 5):

Diante disso, pode-se afirmar que a relevância jurídica do assédio moralé cristalina, pois essa prática contamina o ambiente de trabalho, violandoa garantia constitucional de um meio ambiente de trabalho sadio, alémde agredir a dignidade da pessoa humana do trabalhador; viola atributossociais como a imagem, saúde, liberdade, intimidade, honra e boa fama,ingressando na seara do dano moral.

Vejamos o conceito de Marie-France Hirigoyen (2011, p. 65):

Por assédio em um local de trabalho temos que entender toda e qualquerconduta abusiva(13) manifestando-se, sobretudo por comportamentos,palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade,à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr emperigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho.

Outro conceito muito bem delineado é dado por Ana Parreira (2010, p. 39):

Definir o assédio moral é o mesmo que tentar definir ou descrever umbombardeio. Ninguém jamais irá formar um quadro completo, porquedescrever um bombardeio é muito diferente do que ter estado debaixode um. Em todo caso, se pode dizer que: o assédio moral é um tipo deabuso grave e severo nos relacionamentos, que se expressa por umconjunto de ações e omissões intencionais, gestos, atitudes e “medidasadministrativas”, bem como de uma boa dose de manipulação emocionale de humilhações. Elas se repetem, seja por um período “curto” ouprolongado de tempo, contra um alvo escolhido (individual ou coletivo),com a intenção de aterrorizar, desestabilizar e desacreditar esse alvo,para tornar mais fácil praticar o fim último, que é o de eliminá-lo de umdado ambiente. Um segundo objetivo é o de se apoderar de algum bempertencente ao alvo, que pode ser desde algo concreto até uma posiçãoou um bem intelectual, ou mesmo um simples estado feliz de ser. Oassédio moral é o sequestro da alma.

Os conceitos acima foram elaborados do ponto de vista da Psicologia, o quenão causa grande impacto no Direito, vez que os conceitos jurídicos são muitoparecidos.

(11) A depressão causada por assédio moral poderá ser classificada como doença do trabalho,desde que haja nexo causal entre o assédio moral no trabalho e a doença (THOME, 2009, p. 104.)(12) No tocante à saúde das mulheres trabalhadoras, o sofrimento psíquico causado pelo assédiomoral também pode causar alterações hormonais e alterações nos ciclos menstruais (THOME, 2009,p. 102.)(13) O processo circular, uma vez desencadeado, não pode parar sozinho, pois os mecanismospatológicos de cada um vão-se ampliando: o perverso torna-se cada vez mais humilhador e violento,a vítima cada vez mais impotente e ferida (HIRIGOYEN, 2011, p. 136.)

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