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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
FACULDADE INTEGRADA AVM
DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DA MENTE CRIATIVA
Por: Eliane da Conceição Ramos
Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
FACULDADE INTEGRADA AVM
Desvendando os mistérios da mente criativa
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Arte em Educação e Saúde
Por: Eliane da Conceição Ramos
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos professores,
tutores e orientadores que me auxiliaram
no decorrer deste processo.
METODOLOGIA
Esta monografia usou como procedimento metodológico a pesquisa
bibliográfica. A partir de uma leitura crítica dos estudiosos são destacados
trechos que contribuem para um melhor entendimento e aprofundamento do
tema em questão.
Goleman, Kaufman e Ray defendem a idéia de que a criatividade é para
todos e que esta deve ser usada entre outras coisas para melhorar a qualidade
de vida. Oferecem exercícios práticos, partilham histórias inspiradoras e nos
encorajam a correr riscos para sentir a alegria de viver ao deixar fluir o espírito
criativo.
A conquista do sucesso em qualquer que seja o aspecto da vida exige
atitudes criativas. Tal constatação é fundamental para o crescimento de
pessoas e grupos. Criatividade e inovação são tratadas de forma reflexiva,
teórica e prática por especialistas com o objetivo de levar os leitores a superar
obstáculos e vencer conflitos.
Giglio, Wechsler e Bragotto apresentam diversos olhares a cerca do
assunto, bem como a mudança histórica que sofreu o sentido de criatividade
que tinha dimensão individual e atualmente atinge caráter coletivo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I - Afinal, como definir criatividade ? 09 1.1 Privilégio de poucos ou de todos 1.2 A criatividade aliada à inteligência 1.3 Entendendo o processo criativo 1.4 Coragem para mudar 1.5 De onde vêm as idéias ? 1.6 Criar é necessário CAPÍTULO II - Contribuições do cotidiano 19
2.1 A criatividade em exercício 2.2 Novidades na escola 2.3 Novidades através da TV 2.4 Criatividade a céu aberto 2.5 Inovações da Literatura 2.6 Chovendo idéias 2.7 O desafio está lançado 2.8 O caráter terapêutico da criação CAPÍTULO III – Aprisionando a criatividade 28
3.1 O verdadeiro valor do erro 3.2 Exercitar sempre, desistir jamais 3.3 O grupo e o ambiente geram criatividade 3.4 Mudando de perspectiva CONCLUSÃO 36
ANEXOS 37
BIBLIOGRAFIA 43
INTRODUÇÃO
Este trabalho trata de um conceito que gera questionamentos, envolve mitos
e verdades. Sabe-se porém, que tal habilidade confere resultados positivos,
como o crescimento de pessoas e organizações; uma vez que haja
investimento e reconhecimento de sua importância.
Enquanto uns a consideram um acessório, a sociedade atual a exige
como uma necessidade em qualquer que seja o ambiente, desempenhando
as mais variadas funções. Durante anos, acreditou-se que a criatividade
fosse uma capacidade individual, no entanto , o avanço e continuidades dos
estudos revelaram que trata-se de um benefício coletivo. Assim alguém
dotado deste espírito pode influenciar todo seu grupo, por exemplo,
alcançando com êxito, seu objetivos.
É valido pesquisar este tema porque tal habilidade contribui para saúde
mental do indivíduo e pode ser cultivada por todos, possibilitando qualidade
de vida. Essa discussão torna-se cada vez mais urgente já que o âmbito
imediatista do mundo atual proporciona comodismo, oferecendo às pessoas
coisas prontas.
Desta maneira, pode-se dizer que a criatividade está a disposição
daquele que for capaz de ousar para ir além de soluções convencionais que
respondam aos desafios diários que se apresentam ao longo da vida.
Criatividade é o assunto em questão, desenvolvido com o fim de
apresentar aos educadores, alternativas que promovam a expansão da
mesma, possibilitando maior reflexão e proveito deste processo cognitivo.
Para tanto é preciso ter em mente a definição deste conceito. O que é
criatividade? É a pergunta respondida ao longo do capítulo I, a partir de
reflexões sobre como se dá o processo criativo, a necessidade de criar que
é uma especificidade do ser humano. A criatividade aliada à inteligência
pode contribuir de forma significativa para o crescimento do indivíduo que
precisa ter coragem ao assumir um comportamento incomum.
No decorrer do capítulo II serão descritas e comentadas as situações em
que são percebidas, no dia-a-dia, feitos criativos. Escola, TV, ruas do Rio de
Janeiro são alguns dos ambientes citados. Destaca-se ainda o constante
exercício e sua relevância como condição para o aprimoramento da
criatividade. O papel da Arte e das técnicas na busca deste caminho que
leva ao novo.
Por fim, o capítulo III refere-se ao empecilhos do processo criativo, suas
causas e conseqüências. As idéias são fruto de esforço e nem sempre
surgem no momento adequado, no entanto isto não é motivo para
desistência. Obstáculos existirão sempre, para vencê-los é preciso mudar de
perspectiva.
CAPÍTULO I
AFINAL, COMO DEFINIR CRIATIVIDADE?
1.1 Privilégio de poucos ou de todos?
Enquanto para os ocidentais a criatividade remete à invenção e resolução
de problemas, para os orientais é algo dotado de um significado bem distinto,
cuja metáfora utilizada é a imagem da água. Assim como esta se ajusta a
qualquer local ou recipiente, de acordo com Kenneth Kraft apud (Goleman,
Kaufman e Ray, 1992, p.42) “criatividade é uma espécie de conformação às
circunstâncias. Criativa será, pois a pessoa que se adequar inteiramente às
condições em que se encontra.”
Desta maneira, não se trata de um atributo restrito a pessoas relacionadas
à arte como músicos, poetas, pintores, mas a todo e qualquer indivíduo
variando apenas o grau de cada um.
Convém lembrar que a criatividade não é um talento global, mas um estilo
de vida desenvolvido numa determinada área do conhecimento, geralmente na
área em que a pessoa atua, pois é onde se encontra seu objeto de
investigação.
Criatividade é a habilidade que consiste em fugir do padrão, daquilo que
é convencional a fim de vencer um desafio de qualquer que seja a origem
pessoal, profissional... Trata-se de encontrar uma maneira singular de resolver
problemas, que não é algo esporádico, mas uma necessidade cada vez mais
freqüente nos dias atuais. Uma vez encontrada a solução, com o pensamento
criativo, existe a possibilidade de sucesso, recompensa e tranqüilidade por ter
uma questão a menos a ser equacionada.
Na visão de Mello apud (Giglio, Weschsler e Bragotto, 2009, p.101)
“Teorias atuais da criatividade aproximam o artista da pessoa comum, com a
ressalva de que o artista é mais criativo no campo das artes, assim como as
outras pessoas são mais criativas em outros domínios.”
Sabe-se que a criatividade não é privilégio dos artistas, mas de todos.
Logo, existe a necessidade desta habilidade em espaços diversos, inclusive no
ambiente corporativo, onde é considerado seu bem mais importante. A
produção de conhecimento e produtos novos será o diferencial de uma
empresa, inserida no mercado competitivo, podendo ser um fator decisivo para
definir os lucros da mesma.
Atualmente há um setor em evidência, considerado o que mais cresce
no mundo depois da indústria petrolífera e bélica: a indústria criativa. As
oportunidades estão começando , principalmente para jovens de 20 a 30 anos,
os melhores salários concentram-se no Rio de Janeiro, além de ser uma área
de grande rentabilidade, talvez por conta de sua expansão. Pode-se destacar
ainda a capital carioca no que diz respeito ao audiovisual e às agências de
eventos ( visando moda ou ações esportivas), cujas oportunidades estão cada
vez melhores com o advento da Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.
Ultimamente a atenção também está voltada para a área gastronômica no
interior da cidade.
A chamada indústria criativa tem sido uma novidade no mercado e na
economia do Brasil e do mundo. A sua arma é o cérebro no que diz respeito á
à produção de conhecimento, assim trabalha com material sustentável e que
não se esgota. Tecnologia, arquitetura, moda e design são os pilares desta
indústria aqui no país, no entanto outras atividades estão relacionadas ,
conquistando cada vez mais seu espaço, eis algumas delas: publicidade,
cinema, fotografia, música, softwares, rádio, TV, artes visuais, artes cênicas,
mercado editorial. Diferenças à parte, há entre elas algo que as unifica o
trabalho com a produção textual (verbal ou não), as imagens e os símbolos,
terreno propício para a imaginação criar asas.
Talentos criativos são grandes evidências no território brasileiro, o
Carnaval é um exemplo disso. Com o despontar deste ramo industrial existem
mais possibilidades de geração de emprego e renda, tendo como
conseqüência um faturamento lucrativo.
A habilidade que está sendo aqui tratada, como já foi mencionado, é
inerente a todas as pessoas , porém para que esta seja aprimorada é
importante o constante exercício da criatividade , de acordo com a aptidão de
cada indivíduo na escola, em casa, onde for possível.
A partir desta teoria, a FIRJAN (Federação das Indústrias de Rio
Janeiro) idealizou e concretizou o Curta-Criativo, concurso aberto a alunos e
ex-alunos dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em cursos referente a
atividades ligadas à criação (enumerados anteriormente) ou estudantes de
cursos técnicos ou livres de cinema. O cenário carioca é bem propício para
iniciativas como essa, já que o Rio de Janeiro é pioneiro da sétima arte, onde
foi construído o primeiro cinema brasileiro, realizada a primeira sessão e
transmitido o primeiro filme.
A indústria criativa contempla várias áreas, dentre elas a arquitetura.
Criatividade, talento, expressão nos remetem a alguém que viveu mais de um
século presenteando-nos com seu traçado inconfundível. Considerado um
gênio naquilo que fazia, Oscar Niemeyer ainda surpreende ao perpassar por
outras artes como a poesia:
Poema da curva
Não é o ângulo reto que me atrai,
Nem a linha reta dura inflexível criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro no curso dos rios,
Nas nuvens do céu,
No corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
O universo curvo de Einstein.
1.2 Criatividade aliada à inteligência
Para que a definição de criatividade seja adequada é importante a
compreensão de que esta se dá num contexto específico. Embora sendo
características da criação, a originalidade e utilidade não são elementos
suficientes para a formação do conceito em questão. Segundo Gardner apud
(Goleman, Kaufman e Ray,1992,p.65-69), os diversos tipos de inteligência
auxiliam nesta abordagem. Além de diferenciar cada habilidade serão
apresentadas formas de desenvolvê-las:
• Linguística: presente nos prosadores, poetas, nos amantes da língua.
“Induzir a criar histórias a partir de tabuleiros de jogos, bonecos,
figurinhas, objetos caseiros a fim de montar um cenário imaginário.”
• Matemática e Lógica: peculiar àqueles cuja vida é governada pelo
raciocínio. “Testar hipóteses, misturar duas cores para obter a
terceira, tentar outras combinações.”
• Música: percebida naqueles que são atraídos pelo mundo dos sons,
produzem combinações sonoras e solicitam aprender a tocar um
instrumento. “Tocar sinos, explorar sinos, reconhecer notas, observar
e compor canções.”
• Raciocínio Espacial: habilidade na construção com blocos de
madeira, além de visualizar um objeto de diferentes pontos de vista.
“Desmontar e montar objetos mecânicos”.
• Movimento: capacidade de usar o corpo ou parte dele para resolver
problemas ou fabricar produtos. Participar de “peladas em campos
improvisados e criação de novas coreografias...”
• Interpessoal: característica de entender os outros para liderá-los,
tratá-los, manifesta liderança espontânea. “Decide o que o grupo irá
fazer, simpatiza com outra criança que caiu e se machucou ou não
passou num exame”
• Intrapessoal: habilidade de conhecer a si próprio. “Encorajar as
crianças a serem introspectivas: manter um diário, conhecer pessoas
contemplativas”.
1.3 Entendendo o processo criativo
Martínez apud Giglio, Wechsler e Bragotto (2009) faz uma releitura das teorias
de Vigotsky e de como ele compreende o conceito em questão. Este traz uma
proposta diferente das conhecidas (mais abrangente, contemplando aspectos
que geralmente são desconsiderados): a criatividade é vista como produção de
novidade, porém a ênfase está no processo que é parte consubstancial da
expressão das necessidades do próprio sujeito em desenvolvimento no qual a
ação criativa tem papel importante.
Assim pode-se concluir que as diversas formas de manifestação criativa
são na verdade maneiras específicas de expressar subjetividade, compreender
e reorganizar a dimensão instrumental da criatividade, considerar a relevância
dos processos complexos de saúde e aprendizagem.
Com o advento da Neurociência, constatou-se que estímulos e situações
semelhantes são percebidos de formas diversas pelo cérebro de acordo com
a individualidade. Para melhor entendimento do que foi descrito, a seguir serão
esclarecidas algumas palavras-chave , segundo Guyton (1988) :
Neurônios- um dos tipos básicos de células do Sistema Nervoso Central.
Dentro destes as informações se propagam constantemente e repetidas vezes
neste universo microscopicamente organizado; por isso são possíveis ações
como o controle dos batimentos cardíacos ou a leitura de um texto.
Sinapses- comunicação ou ponto de contato entre a terminação neural de um
neurônio com o corpo celular de outra célula da mesma espécie, transmitindo
sinais elétricos.
Seguidas da percepção, ocorrem as reações individualizadas geradas
pelas sinapses que podem resultar na produção do novo, capacidade de criar
própria dos humanos. Por isso há métodos de exercícios que mantém tal
habilidade através da ampliação da percepção, que quanto maior, maiores são
as chances de encontrar desafios.
Na visão de Vomero (2002), a dinâmica do ato de criar é
tradicionalmente dividida em fases como preparação, incubação, iluminação e
verificação. Inicialmente é feita uma reflexão a cerca do problema, assim como
dos elementos importantes; em seguida acumula-se informações, na etapa
seguinte a mente continua em atividade, chegando ao insight, por fim é o
momento de aprimorar a idéia, trabalhando adequadamente sua forma,
verificando se ela é funcional.
É valido lembrar que o processo não ocorre de forma linear como foi
descrito acima, existe uma interação complexa entre as fases. É inconcebível
acreditar que as idéias surgem como mágica. A criação é fruto de dedicação ,
que ocorre gradativamente, sofrendo interferências e desvios.
E a inspiração? Realidade ou mito? Ela é real e permeia todo o ato
criador, tendo um papel significativo, pois relaciona-se com pensamentos
gerados no pré – consciente que segundo a teoria freudiana é a porção
acessível do inconsciente ( incluindo lembranças, cheiros, sensações). Tais
informações abastecem a mente e corroboram no desenvolvimento do trabalho
criativo.
Paulo C. A. Benetti apud (Giglio, Weschsler,Bragotto,2009,p.169) como
facilitador e consultor de processos de criação adaptou uma das metodologias
mais conhecidas no meio acadêmico para algo mais prático na transformação
da idéia em produto: primeiramente a necessidade do cliente(indivíduo de
maneira geral), e os dados disponíveis logo após analisa-se o problema a ser
resolvido para que surja a idéia, em seguida reflete-se a respeito da viabilidade
da idéia, apresenta-se um protótipo com finalidade de aplicá-lo e assim chega-
se aos resultados.
1.4 Coragem para mudar
Nem sempre é fácil se posicionar diante da novidade e do que ela pode
proporcionar: (Giglio,2009,p.87) “ Uma percepção ampliada exige coragem,
pois ela nos torna naturalmente vulneráveis ao desejo de mudança.Levantar a
cabeça e ver o que há para ser visto é um ato de bravura, que exige certa força
psíquica, capacidade de confrontar-se com seja lá o que for.”
Estudos feitos sobre o processo criativo só descobrem parte de seus
aspectos e atualmente ainda é considerada uma área pouco explorada, apesar
de despertar interesse de vários campos do conhecimentos. Inicialmente
classificada como dom ou talento, há pouco tempo percebeu-se que a
criatividade é um inatismo, sendo possível a todos crescerem neste sentido,
por meio de experiências diárias, esforço e educação formal/ informal.
Portanto, de acordo com Kehrwald (in www.artenaescola.org.br, acessado em
15/8/2012) “aprende-se a ser criativo e este é um processo contínuo que ocorre
ao longo de toda vida”.
Suscitando nas pessoas um pensamento mais elaborado e
consequentemente um maior desenvolvimento da criatividade, tornam-se
amplos os horizontes de suas experiências, para que haja outras atitudes,
porque aquilo que é pode ser diferente, realizando tentativas de outras
maneiras possíveis.
Ao investir na expansão do processo criativo na formação de alguém,
este se torna mais humano, além de levá-lo à compreensão de seu papel
enquanto sujeito da cultura. O primeiro passo para alcançar esta conquista é o
ensino da arte, que possibilita incontáveis experiências e novos rumos.
Uma vez descoberto o fato de que os indivíduos têm potencial para
evoluir no que diz respeito à criatividade, cabe a estes partir para a ação
prática do altruísmo, ou seja, colocar-se a serviço daqueles que precisam de
ajuda. Isto nos remete às palavras de Martin Luther King
apud(Goleman,Kaufman e Ray, 2009.p129): “Todo homem deve escolher entre
caminhar na luz do altruísmo ou nas trevas do egoísmo destrutivo. Essa é a
opção : A pergunta mais urgente e persistente da vida é : O que você faz pelos
outros?”
Conforme (Barbosa,1998,p.18) “através da apreciação e da
decodificação de trabalhos artísticos, desenvolvemos fluência, flexibilidade,
elaboração e originalidade _ processos básicos da criatividade.” O autor
acrescenta a importante informação que o ciclo criador não se esgota no fazer,
pois quando aponta para uma outra visão de criatividade que contempla
apreciação e leitura de imagens desfaz a ideia de que o processo criativo está
centrado somente no instante da produção.
Segundo Oliveira (2009), a criatividade tem despertado o interesse de
muitos estudiosos entre eles Wechsler que analisou a habilidade através
de duas categorias : criatividade do ensino e do trabalho; concluindo que a
importância da criatividade vai além de organizar pensamento levando a uma
atitude inovadora que amplia a motivação gerando expectativa profissional e
qualidade de vida.
Do latim creatio = criação, o termo criatividade refere-se à capacidade
de produzir pensamentos que vão de encontro às regras, gerando coisas novas
a partir da combinação do saber existente com o inusitado. Isso porém, não
basta porque nem toda idéia nova é boa. Conquistas significativas, como a
solução de problemas, sejam eles de pequeno ou grande porte, precisam
convencer, de acordo com critérios de utilidade, relevância e eficiência.
1.5 De onde vêm as idéias?
No cérebro, que é a fonte das idéias, configura-se a presença de dois
hemisférios: direito (analisa o material não-verbal) e esquerdo (explica
aspectos da comunicação). Cada uma destas partes está ligada ao
pensamento divergente e convergente, respectivamente. Ao fazer associações
amplas, encontra-se diversas soluções possíveis, uma pluralidade de respostas
que podem ser todas corretas/ adequadas (característica própria do
pensamento divergente). O pensamento convergente, por sua vez, leva a uma
possibilidade correta para equacionar a questão. No momento em que é
verificada a qualidade do produto, chega-se à fase do processo chamada
avaliação, que conta com a racionalidade do hemisfério esquerdo do cérebro a
fim de analisar se seu insight contribui para solucionar o problema.
Por outro lado, itens como curiosidade, ludicidade, flexibilidade, senso
artístico e prazer de experimentar são determinantes no fazer criativo e
segundo os neurocientistas essas qualidades fazem parte da composição do
hemisfério direito. Apesar de funções diferentes dentro do cérebro, a
criatividade é sempre relacionada a este órgão como um todo.
Após estimular o processo criativo é natural que surjam idéias e a este
surgimento chama-se insights que modificam o cotidiano, conferem
sensibilidade para a realidade ser vista com outro olhar.
Ainda neste contexto, é válido acrescentar que o córtex pré-frontal
constitui a região na superfície cerebral, localizado atrás da testa responsável
pelas decisões, pensamentos e ações. O estado de calma (sem muitas regras
a seguir, mais relaxado) ou hipofrontalidade dessa área favorece o pensamento
criativo, a aprendizagem de línguas e outros aspectos cognitivos.
Evangelia G. Chrysiko (2012) define criatividade como processo psíquico
por meio do qual primeiro sensibiliza-se com determinado problema, uma vez
identificada a dificuldade, testa-se as hipóteses a respeito da questão e
finalmente é obtida a solução. Solução essa que exige cada vez mais em
qualquer meio, uma tomada de decisão que rompa com aquilo que é comum a
partir de um olhar diferenciado.
Para alcançar tal estágio é indispensável que haja predisposição para
estimular as idéias que são frutos de uma “mente aberta”. Estudos comprovam
que é possível cultivar processos mentais, desenvolvendo a linguagem e a
memória para exercitar a criatividade.
Em seguida é feita uma seleção dentre as opções criadas, avaliando a
maneira mais adequada de colocá-las em prática. Nesta segunda fase do
processo criativo, entra em atividade o córtex pré-frontal, que trabalha mais do
que na elaboração das idéias.
1.6 Criar é necessário
Einstein e Picasso , um na ciência, outro na arte respectivamente foram
audaciosos, não se satisfizeram com as explicações teóricas da época . Eram
questionadores, experimentaram caminhos novos trabalharam e acumularam
tentativas até chegarem a conceitos originais. Embora não tivessem
conhecimento do termo, ambos se dedicaram ao desenvolvimento de suas
aptidões, podendo ser chamados simplesmente de criativos.
Talvez ainda não se tenha conseguido chegar a essa compreensão de
que a criatividade é fundamental para as transformações e tem instigado a
curiosidade dos estudiosos desde os primórdios. Platão considera a criação
como força superior e transcendental, já que para Freud o ato de criar resulta
de sublimação dos impulsos reprimidos. Conforme Vomero, (2002)
“essencialmente a criatividade pode ser definida como a capacidade de gerar
idéias e comportamentos que são surpreendentes, relevantes e úteis em um
dado momento.”
Ainda que seja inerente ao ser humano a manifestação da criatividade é
variável de acordo com cada indivíduo. Segundo Eunice Soriano de Alencar
(apud Vomero), psicóloga da Universidade de Brasília que estuda o tema a três
décadas, “comparo a criatividade à eletricidade, que pode tanto se expressar
numa poderosa descarga elétrica durante uma tempestade como acender uma
lâmpada de uns poucos volts.” Há dois aspectos que precisam ser
considerados em termos de criatividade o individual e o coletivo. Aquilo que
para uma pessoa é uma grande descoberta, para o mundo pode não ter
significado algum. É o crivo da sociedade que classificará uma idéia como
genial ou não.
A Neurociência também se interessa pelo assunto em questão dizendo
criatividade é proporcional ao repertório do indivíduo, um rico banco de dados
leva a uma maior possibilidade de rearrumações significativas de informações,
por isso os especialistas recomendam enriquecer o banco de dados com
leitura, viagens , artes pois estas aguçam a imaginação, fantasia e suscitam
novas imagens.
Para os psicanalistas Donald Winnicott e Melaine Klein ( in Mente e
Cérebro 2012, p.3) que a capacidade criativa está associada a processos
psíquicos complexos que favorecem a saúde mental. Percebe-se que durante
este fato, a intuição entra em cena , assim não há um controle racional e sim
atividade do inconsciente, alcançando a consciência na medida em que se
expressa e adquire forma. Quando isto se dá ocorre um relaxamento mental,
possibilitando um momento propício para a criação. Ao contrário do
conhecimento absoluto pautado pelas realidades concretas e muitas vezes
consideradas as mais corretas.
De acordo com Faya Ostrower criar é poder dar forma a algo novo.
Neste sentido, a partir do que foi descrito acima , ao longo da dinâmica do ato
de criar passa-se por um devaneio, cuja liberdade permite que a novidade
venha à tona para que em seguida adquira status de solução e seja posta em
prática. Isso porém, atinge tal estágio após ser julgada pela sociedade que
classificará a idéia como válida ou não, ou seja, o aspecto social influencia
diretamente na decisão.
Ao criar, o ser humano evolui, já que esta atividade é peculiar ao
mesmo. Não se trata de vontade, gosto e sim necessidade. Basta lembrar da
História do homem ao longo dos séculos, as descobertas e invenções que
contribuem para a vida no passado, no presente e com certeza no futuro.
Afinal, as boas idéias surgirão sempre!
CAPÍTULO II
CONTRIBUIÇÕES DO COTIDIANO
2.1 A criatividade em exercício
Se cada ser humano é capaz de criar, ao observar o que está a nossa
volta é possível encontrar muitos exemplos de feitos inovadores. Nem sempre
a opinião sobre a originalidade da obra será unânime, mas a verdade é que
repetidas vezes se vê, se ouve algo criativo. Convém ainda refletir sobre a
melhor maneira de utilizar estes exemplos como motivação.
Não se pretende com isso formar gênios, como o intuitivo Santos
Dummont ou Leonardo Da Vinci com seus multi-talentos; deseja-se, no
entanto, que as crianças a partir do aprimoramento das suas idéias, possam
explorar ao máximo esta capacidade e usufruir dela sempre que necessário.
Ribeiro apud Giglio, Weschsler e Bragotto,2009,p.197 fez menção a uma figura
importante nesta dinâmica do pensamento criativo, o facilitador: “... facilitação
diz respeito a criar para o aprendiz um conjunto de condições favoráveis, para
que respeitada suas necessidades, seus talentos e suas limitações, esse
aprendizado se efetue de forma a que aquele que é sujeito desse processo
(portanto, o aprendiz) se sinta confortável consigo mesmo e com suas
realizações.”
No contexto da pesquisa em questão, o papel descrito acima pode ser
desempenhado por pais, responsáveis, professores, educadores de forma
geral a quem cabe a tarefa de instruir, transmitir valores e proporcionar o
crescimento físico e intelectual às crianças. Uma vez exercida tal função,
espera-se atingir o objetivo da autodescoberta em que os educandos
concluirão: “Não é que eu tenha aprendido tanta coisa nova. É que percebi o
quanto eu já sabia e não percebia o que posso fazer com isso.” Ribeiro
(2009:199) .
Teresa Amabile apud Goleman, Kaufman e Ray(1992:49) também
compartilha o pensamento de que é preciso despertar aquilo que existe dentro
de cada indivíduo. “ A semente da criatividade já existe dentro da criança: o
desejo e o impulso de explorar, de descobrir coisas, de tentar, de experimentar
modos diferentes de manusear e examinar os objetos.” Eis aí uma área em que
os facilitadores devem investir.
A seguir serão vistos exemplos de idéias inovadoras que podem servir
de motivação a todos que buscam o desenvolvimento desta habilidade.
2.2 Novidades na escola
De acordo com Goleman, Kaufman e Ray (1992) é descrita a
experiência de uma Escola de Educação Infantil italiana, localizada no norte do
país, que utiliza o método Montessori e estudos de Piaget como fundamento de
suas atividades. Num ambiente agradável são executados projetos envolvendo
pintura, escultura, experiências científicas; mistura a curiosidade infantil com
esforço coletivo, contando com o apoio dos pais.
Durante a Primavera, as colinas próximas da escola ficam cobertas de
papoulas, oportunidade como essa não poderia ser desperdiçada; uma vez que
já havia gerado questionamentos entre as crianças. Organiza-se um passeio
aos campos floridos onde as crianças correm, escondem-se, colhem, se
enfeitam e “descobrem” como estes vegetais crescem, de onde eles vêm...
Entusiasmado, um menino se expressa dizendo: “_ Isso é melhor que
sorvete!”(p.74). Voltando à escola, os pequenos pintaram um mural retratando
o belo espetáculo da natureza que testemunharam. Foi uma espécie de
quebra-cabeça em que cada aluno teve participação fundamental. Resumindo,
o trabalho realizado nesta instituição é uma tentativa de desenvolver a
criatividade no indivíduo e no grupo.
2.3 Novidades através da TV
Em maio de 2012 foi exibido o Programa Globo Repórter (Inventores do
Brasil) em que se tornaram conhecidas invenções simples e complexas, bem
como seus respectivos criadores que facilitam o dia-a-dia doméstico e
profissional.
Numa escala gradual, veremos a seguir frutos da criatividade de
brasileiros que no momento da criação pensaram, sobretudo na funcionalidade
de seus produtos e também na praticidade de seus usuários, possíveis
consumidores:
Se cozinhar bem é uma arte, dividir o bolo em fatias com a mesma
espessura também. No entanto a invenção do cortador de bolo simétrico
chegou para eliminar este problema. Deste modo, tal tarefa se torna menos
penosa e tão doce quanto os recheios colocados nas partes da massa. Diante
disto, profissionais do ramo podem preocupar-se com outros aspectos: novas
receitas, combinação de sabores...
Doença é algo preocupante, principalmente os cuidados que esta
realidade exige; pensando nisso a banheira descartável foi criada. Com o
objetivo de auxiliar enfermeiros e outras pessoas que se ocupam da higiene de
pessoas acamadas. Ela é feita de plástico e deve ser amarrada nas
extremidades da cama enquanto o banho acontece. A água sai por um dreno e
os cantos são colados para não vazar.
O que não pode vazar também é o ar exalado pelos pacientes do
INCOR (SP), onde foi desenvolvido por médicos um aparelho chamado
Biomarcador, que detecta a gravidade dos problemas cardíacos através do ato
de bafejar. O material coletado vai para análise e em pouco tempo sai o
resultado; logo com este invento a Medicina tem maior chance de intervir e
salvar vidas.
E a vida é somente a batida de um coração?
Quando esse órgão apresenta um funcionamento deficiente, precisando
de transplante, antes do procedimento cirúrgico recorre-se ao coração artificial.
Este é inserido no corpo humano para complementar a atividade do coração
natural . O problema não se agrava e em alguns casos substitui a medicação
que já não faz o efeito adequado. É uma criação do cirurgião Adib Jatene que
atualmente junto com outros profissionais trabalham para substituir o
ventrículo: uma bomba que pulsa, fecha uma válvula, abre outra, fazendo o
sangue circular.
2.4 Criatividade a céu aberto
Dificilmente se passa pelas principais ruas da Zona Norte e Centro do
Rio de Janeiro sem ser atraído pelos outdoors da Rede HortiFruti. Com objetivo
de vender o produto são criados textos bem humorados sobre legumes, frutas
e hortaliças.
Periodicamente ocorre a troca de temas: filmes (... E o coentro levou),
músicas nacionais ( Olha que couve mais linda, mais cheia de graça) e
internacionais (Like a vagem), heróis da Liga da Saúde ( Tartaruvas Ninja),
Escolas de samba (Acadêmicos da Hidratação).
Textos publicitários costumam ser criativos e persuasivos para atingir os
consumidores e fazê-los comprar o produto; estes criados pela MP Publicidade
vão além, devido a sua originalidade.
Possivelmente rende uma boa discussão em família, inclusive mudança
de hábitos alimentares em adolescentes e crianças. Professores, pais podem
aproveitar a oportunidade para trabalhar esses aspectos com as crianças
usando um tema da preferência deles. Algumas sugestões: criar plágios de
músicas; escrever roteiros para filmes; inventar novos heróis; redigir histórias
em quadrinhos...
2.5 Inovações da Literatura
Poema Catar feijão de João Cabral de Melo Neto
Catar feijão limita-se com escrever:
Joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois joga fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras
a pedra dá a frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
O poema acima usa de meta linguagem para descrever de maneira
inovadora o próprio ato criador, uma reflexão sobre o fazer poético. A
construção do poema é a principal mensagem a ser percebida no texto em
questão, através de uma relação comparativa entre catar feijão e escrever.
O verbo limitar no primeiro verso não significa que as duas ações são
iguais, mas assemelham-se em alguns aspectos. Assim como atividade
doméstica de catar feijão, na escrita também é preciso escolher, selecionar
(grãos e palavras, respectivamente) para que o resultado seja satisfatório. “...
joga fora o que boiar” e também o “leve e oco, palha e eco”, com o objetivo de
limpar, pois o que serve está no fundo.
Como diferença pode-se citar a pedra que não pode juntar-se ao feijão,
porém às palavras dá um sabor especial. Sabor esse, que constitui uma
renovação e ruptura com o tradicional, ou seja, o ápice do processo criativo.
O ato de escrever, que tornou-se tema deste poema pode corroborar
com o desenvolvimento da criatividade das pessoas, especialmente se estas
são leitoras. O aprendizado, o vocabulário, as informações adquiridas com a
leitura, bem como a prática da escrita são ingredientes preciosos para obter um
bom texto e progressivamente atingir a originalidade.
2.6 Chovendo ideias
Criada por Alex Osborn, do termo inglês brainstorm, consiste numa
reunião em que os participantes interagem explorando o pensamento com
liberdade a fim de desenvolver algo inovador, a partir do potencial criativo.
Busca-se soluções para problemas com final aberto, ou seja, onde não há
somente uma resposta correta.
As diferentes idéias serão expostas visando a um denominador comum,
sendo assim os integrantes do grupo devem ter o pensamento flexível em que
saibam analisar a questão sob várias perspectivas.
Entre os membros que participam da tempestade de idéias é preciso
haver um mediador, alguém que estimule, instigue, encoraje o grupo a
empolgar-se com a resolução do problema. É importante que todos ouçam e
sejam ouvidos, ao partilhar o que pensam contribuindo para encontrar o x da
questão.
A técnica descrita tem início com a percepção dos fatos, segue com a
geração de idéias e culmina com a chegada da solução. O julgamento num
momento posterior ( para que as pessoas não se sintam inibidas ao se
expressarem), assim como a criatividade em qualidade são considerados o
princípios de tal dinâmica.
A tempestade de idéias é aplicável nas seguintes circunstâncias:
desenvolvimento de novos produtos, publicidade, resolução de problemas,
gestão de projetos, formação de equipes ( em geral situações que remetem ao
ambiente profissional).
Em sala de aula este recurso também pode ser usado: o professor atua
como mediador e conduz a exposição de idéias para a resolução do problema
previamente definido. Cada aluno se expressa enquanto os colegas ouvem,
juntos podem aperfeiçoar e fazer ajustes até alcançar o objetivo.
2.7 O desafio está lançado!
Como já foi visto, a criatividade se torna cada vez mais necessária nos
dias atuais, sendo assim é uma urgência aumentar o potencial desta
habilidade, proporcionando a maior freqüência dos insights.
Primeiramente considerada uma atitude criativa por si só, a
predisposição de incrementar a criatividade é fundamental para o
desencadeamento do processo em questão, é o pontapé inicial, onde tudo
começa.
É possível alcançar este objetivo exercitando a capacidade de colocar-
se no lugar do outro, porque é um importante passo para obter uma nova
visão de mundo. Preocupar-se e valorizar as idéias alheias contribui para a
construção das próprias soluções e pode ser surpreendente no que diz respeito
à utilidade no momento de criar.
Técnicas que ajudam a mudar a maneira de ver o mundo e fazem aflorar
processos inconscientes, favorecem a clareza mental; suscitando um estado
criativo. Pensamentos inovadores podem ser gerados ao atentarmos às
propriedades físicas (forma, tamanho e material de composição) daquilo que
observamos, sem nos limitarmos aos conhecimentos acumulados. Fazer
comparações e analogias adequam elementos a um contexto novo ou
conquistam um ponto de vista original.
Embora existentes e alguns comprovados cientificamente como
eficazes, os meios para estimular o pensamento criativo será em vão se não
houver persistência, um poderoso aliado, principalmente quando as soluções
parecem impossíveis. Esta surge da afinidade por algo ou alguém que leva ao
zelo e ao enfrentamento das frustrações.
Na visão de Chrysikou (2012) há inúmeras técnicas que podem auxiliar
na expansão do potencial criativo entre elas:
Teste de Stroop em que o contraste entre cores e palavras exige que as
informações sejam absorvidas de forma distinta e rápida; quebra- cabeças
aritméticos que promovem estratégias alternativas de resolução de problemas;
pensar novas utilidades para objeto do cotidiano: análise da situação sob várias
perspectivas; descrever objetos de forma incomum em termos de característica
e não de função. Ex: vela (cera e pavio ou cordão e lipídios de forma cilíndrica);
executar tarefas comuns em ordem não convencional, obrigando o processo a
tomar um novo rumo, dessa maneira amplia-se suas perspectivas criativas;
desligar-se um pouco do problema. Deixar a mente vagar ou nos distrairmos
deliberadamente, fazendo uma pausa: recorrer a aspectos inconscientes, o
estágio do sono conhecido como fase dos sonhos possibilita associações que
levam a respostas desejadas.
2.8 O caráter terapêutico da criação
“O trabalho criativo faz com que o indivíduo ao criar entre em contato
com sentimentos, sensações, conteúdos internos, muitas vezes
desconhecidos. O trabalho com a criatividade favorece o fluxo de informações,
imagens, sentimentos, sensações do inconsciente para o consciente, o mesmo
acontece do consciente para o inconsciente. Este fluxo é saudável, já que
possibilita a troca de imagens, sentimentos, sensações, informações
desagradáveis, dolorosas, negativas por positivas.
Quando criamos, colocamos um pouco de nós, do nosso universo
interior no que fazemos, na nossa criação; dessa forma, temos a oportunidade
de entrar em contato com o nosso universo interior e conhecê-lo um pouco
mais. Só assim é possível entender, mudar, transformar, significar,
ressignificar, transmutar, transcender, se e quando necessário”.
www.ccs.gov.br, www.museuimagensdoinconsciente
Sabendo disso, a estudiosa da área de Saúde mental, Nise da Silveira
recorreu à natureza terapêutica do trabalho criativo, pois deste modo
defenderia a vida, conferindo à mesma qualidade. Ela utilizou esse recurso a
fim de acompanhar melhor o processo psicótico de seus pacientes, uma vez
que era contrária aos métodos de tratamento da época (lobotomia,eletro
choques ...). Optou pela criação, acrescentando à rotina dos pacientes sessões
de Terapia Ocupacional, sendo assim pioneira de ações que levaram à
Reforma Psiquiátrica no país.
O resultado desta iniciativa foi a composição do acervo do Museu de
Imagens do Inconsciente, que conta com inúmeras obras criadas em ateliês de
pintura e modelagem; contribuindo para estabilidade da saúde dos pacientes e
sua auto-estima. O instrumento escolhido por Nise levou pessoas
consideradas incapazes a reorganizar sua ordem interna e amenizar a tristeza
que pairava no ambiente dos hospitais psiquiátricos. Desta forma, não garantiu
a cura, contudo possibilitou mais qualidade de vida àqueles que eram vítimas
de tratamentos retrógrados.
Na visão da psiquiatra em questão, “É indestrutível a criatividade/ ela
está presente em toda parte”; inclusive povoando a mente dos internos. Estes,
provavelmente vistos com olhos de preconceito, revelaram seu talento e o mais
profundo do seu ser através desta oportunidade de se expressar
espontaneamente.
Sendo assim pode-se concluir e salientar que a Arte traz consigo a
peculiaridade de expor talento e / ou criatividade, mas também possui caráter
preventivo e terapêutico quando se trata de saúde mental, já que amplia os
horizontes de quem pratica, permitindo que se expresse com liberdade e
externe o que há no seu íntimo.
A doutora Nise da Silveira foi revolucionária ao atender portadores de
transtornos mentais. Utilizava nova abordagem clínica com pacientes
psiquiátricos, principalmente esquizofrênicos, considerados incompreensíveis.
Por conta disso, tomou a iniciativa de criar em 1946 o Instituto Nise da Silveira,
antes denominado Centro Psiquiátrico PedroII, onde acontecia uma oficina de
Terapia Ocupacional, aliviando os conflitos psicológicos repletos de delírios e
alucinações destes indivíduos.
Anos depois, em 1952 inaugurou o Museu das Imagens do Inconsciente
(que teve suas instalações ampliadas em 1956) a partir da produção plástica
espontânea dos esquizofrênicos , ofereceu aos pesquisadores condições para
estudar as imagens e símbolos acompanhando a evolução dos casos.
CAPÍTULO III
APRISIONANDO A INOVAÇÃO
3.1 O verdadeiro valor do erro
O constante desejo de resultados positivos, tão característico de nossa
sociedade acaba impedindo a devida manifestação da criatividade. Tamanha é
a verdade da afirmação que nem mesmo as crianças são poupadas e desde
cedo já sentem na pele esta cobrança, dificultando muitas vezes uma atitude
criativa. Para (Bragotto,2009, p.81)
“vivemos numa sociedade que busca a estabilidade, ainda que o
próprio desenvolvimento humano seja marcado por fases,
mudanças e movimentos. Estamos acostumados a procurar a
resposta certa e a reagir negativamente ao que consideramos
fracasso ou erro, a procurar culpados e a lamentar e blasfemar
contra a má sorte , no entanto, o processo de aprendizado está
conectado ao viver.”
Sabe-se que há um tempo necessário bem como outras condições que
favorecem o ato de criar. A pressa, os inúmeros compromissos, toda essa
agitação que faz parte da modernidade vão de encontro à criação. Pois são
poucos os momentos tranqüilos para dedicação exclusiva a uma tarefa sem
que o relógio te leve a pensar na próxima atividade.
Embora a sociedade insista Goleman, Kaufman e Ray (1992: 36)
afirmam “o equívoco é uma lição, uma informação valiosa sobre o que se deve
tentar em seguida”. O erro, tão condenado, pode nos levar ao caminho que
conduz à solução adequada para determinado problema. Não deve ser em vão
o que diz a sabedoria popular: “É errando que se aprende”.
Ainda neste contexto, Nachmanovitch apud Giglio, Wescheler e Bragotto
(2009:73) “as circunstâncias adversas, ou seja, aquelas contrárias a nossa
vontade, que de imediato trazem desconforto e infortúnio, podem ser um mote
para um salto inovador. A necessidade nos obriga a improvisar com o que temos disponível e recorrer a uma inventividade que talvez não emergisse se
pudéssemos continuar acomodados em nossos hábitos ou mesmo adquirir
soluções prontas”. Deste modo, momentos infrutíferos aparentemente, podem
nos reservar boas surpresas como a criação de algo jamais imaginado. Por
isso algumas empresas consideram boa parte de sugestões de seus
funcionários, mesmo que essas pareçam absurdas.
Se a situação descrita acima ocorre num ambiente profissional, algumas
barreiras surgidas que a princípio prejudicam a nova criação são segundo
Veríssimo apud (Giglio, Wechsler e Bragotto,2009:161) “fatores econômicos
como riscos elevados, custo muito alto, falta de fontes apropriadas de
financiamento, prazos muito longos de retorno de investimento na inovação.
Podem também ser fatores internos à organização, como potencial de inovação
insuficiente, falta de pessoal qualificado, falta de informações sobre tecnologia
e mercados, gastos com inovação difíceis de controlar e elevada resistência às
mudanças na empresas.”
3.2 Exercitar sempre, desistir jamais
Em qualquer que seja o local, haverá empecilhos de diversas naturezas;
causando desânimo, angústia... O que não pode faltar é a persistência porque
ela motiva a busca por novos caminhos. O trabalho em equipe também é
considerado de grande valor nestes instantes: se um quer desistir, o outro dá
apoio e incentiva a continuar; quando existe espírito de grupo torna-se mais
fácil alcançar a solução, ainda que pareça impossível.
O cérebro é a fonte de idéias, logo é necessário mantê-lo em atividade,
desafiando-o com jogos tipo Tangran ou brinquedos simples como Blocos de
montar, Quebra-cabeça , Massinha de modelar, Lápis de cor , Papel. Na
infância, principalmente pode-se aproveitar as brincadeiras para incentivar as
crianças a serem mentalmente ativas. Ler também é válido pois deixa a
imaginação fluir e trabalha a associação de idéias originais. Do contrário “a
nossa maneira habitual de agir é internalizada e trilhar mesmos caminhos,
torna-se menos perigoso que escolher os menos conhecidos. A capacidade
criativa inerte por falta de treinamento pode levar à dificuldade de superar
bloqueios de pensamentos.” Kraft in Revista Mente e Cérebro (2004).
Bloqueios esses que possivelmente tiveram origem na infância, ou seja,
frutos de uma educação repressora que utiliza vigilância, exercícios
mecânicos limitando-se ao certo/errado, desconsiderando a individualidade
dos alunos. Muitas vezes, nas escolas percebe-se a ausência de meios que
propiciem o desenvolvimento criativo e as potencialidades do indivíduo.
Reflexão e raciocínio não são práticas comuns nas salas de aulas.
As crianças são donas de uma imaginação praticamente ilimitada,
comparando aos adultos que em sua maioria não possuem tal habilidade num
mesmo grau. O que ocorre da infância à maturidade? Estão sendo oferecidos
aos pequenos materiais que estimulem a criatividade? Esta tarefa cabe
somente à escola?
A TV é cada vez mais companheira das crianças, fornecendo muitas
informações, porém impedindo-as de conhecer o mundo e experimentá-lo de
fato, isto é, concretamente. Tal realidade pode ser transformada caso pais e
responsáveis preencham o espaço televisivo com outras opções: livros,
esportes, atividades artísticas, diálogo. Ann Lewin in (Goleman, Kaufman e
Ray,1992,p.80) alerta “ A sociedade está fora de sincronia com aquilo de que a
criança precisa para crescer de modo saudável. Precisamos descobrir novos
métodos que facilitem seu pleno desenvolvimento, façam florescer a
criatividade e permitam que a infância volte a ser infância.”
3.3 O grupo e o ambiente geram criatividade?
Com a evolução da sociedade, as organizações passaram de pequeno a
grande porte, isso dificulta o relacionamento entre as pessoas e atrapalha a
inovação. A massificação é mais econômica, todavia, perde-se o impulso
criativo, gerando o conformismo
. O entrosamento de uma equipe é de extrema importância para a
eficiência de um trabalho coletivo, pois entre os membros existe apoio, partilha,
resultando num produto que é fruto dessa harmonia. Produto esse que pode ter
um caráter inovador já que no ambiente há espaço para esta prática. Segundo
Goleman, Kaufman e Ray(1992) a inovação exige a criação de idéias e a
implementação desta e para haver êxito em cada um destes momentos torna-
se necessário a união do grupo.
É preciso também haver equilíbrio entre os que criam (empreendedores)
e os que executam ( responsáveis pela produtividade). O respeito mútuo , a
compreensão e a solidariedade contribuem para a conclusão da tarefa confiada
à equipe. Duas forças podem encorajar ou impedir a criatividade , a
receptividade (atitude interior) e a atmosfera que paira no ambiente são itens
decisivos para o sucesso ou fracasso da idéia.
Na visão de Goleman, Kaufman e Ray(1992) Tudo o que existe um dia
foi apenas uma idéia. Antes de descartá-la deve-se refletir e até mesmo
concretizá-la para que não haja equívocos e precipitações. Telefone, rádio e
microcomputadores foram considerados sem potencial de comércio; hoje é
difícil imaginar a vida sem estes aparelhos. Assim como o automóvel,
classificado no início como uma novidade passageira.
Cabe ao líder, além de estar a frente de um equipe , preocupar-se com
aqueles que são subordinados a ele, fazendo-os progredir e encorajando-os
sempre. Deste modo, os liderados não sentirão medo de arriscar-se ao expor
suas idéias e poderão receber novas oportunidades ainda que haja falhas.
Apesar de ser desconsiderado na maioria das vezes, neste
relacionamento, o amor deve ser um item indispensável, porque este
sentimento permitirá melhor convívio entre os membros do grupo e influenciará
nas decisões; como dar atenção às idéias, acreditar na capacidade de cada
um, incentivar sempre...
Convém ressaltar que o amor é a motivação para conhecer mais
profundamente um assunto, verificando suas complexidades. A partir daí,
chega-se à persistência que levará à superação das frustrações. Ao acreditar
numa idéia e defendê-la se tem a convicção de que esta pode ser
revolucionária e a confiança de que tal fato é possível. Logo, a pessoa que
deseja expandir a criatividade se dedica no processo de concretização do que
antes era somente abstração do seu pensamento.
As escolhas, avanços, recuos presentes na etapa do trabalho para a
implementação da idéia são tão fundamentais quanto o produto final. A
criatividade utilizada no momento de conceber a idéia também ocupará espaço
no decorrer de todo o processo até concluí-lo. Portanto, a habilidade para criar
flui num ambiente onde não há pressão por resultados, mas a compreensão de
que para alcançar um objetivo faz-se necessário traçar um percurso que nem
sempre é simples. Isso é válido tanto no mercado empresarial competitivo,
quanto no dia a dia de um aluno durante o ano letivo.
As descrições acima nos remetem aos bloqueios que o processo criativo
pode sofrer prejudicando seu desenvolvimento e uso das habilidades próprias
dessa dinâmica: medo de errar, receio de mudanças que podem acontecer
com pessoas inseguras e com pouca auto-estima, vigilância constante também
inibe o ato de criar. Pesquisas comprovam que as barreiras da criatividade são
de ordem pessoal e social .
3.4 Mudando de perspectiva
A capacidade criativa de autocontrole não é muito valorizada e quem a
exerce considera pode ser considerado ridículo, caso não leve em conta a
função crítica, que permite reconhecer os próprios limites, dentro deste
processo.
O comportamento criativo é comunicação, torna a vida mais feliz e pode
ser significante para o sucesso da busca que explora o desconhecido.
Apesar disso, o espaço para o pensamento criativo ainda é mínimo e no que
diz respeito á educação pouco se sabe ( e por conseqüência) se faz para o
desenvolvimento das habilidades dos alunos. Neste sentido, acrescenta
Oliveira apud (Giglio, Wechsler e Bragotto, 2009, p.143) aprimorar a
criatividade é “ um exercício permanente que passa pela convivência amorosa
do professor com seus alunos... sujeitos sócio-histórico-culturais do ato de
conhecer, criar e aprender.”
A criatividade pressupõe reflexão. Aquela idéia brilhante não surge como
passe de mágica, é preciso esforço do cérebro que transmite aos neurônios e
assim por diante. Tamanho empenho pode gerar desconforto e é
justamente este que garante o crescimento, resultante do processo de
transformação do insight em algo concreto como a solução de conflito.
Desafiar as pessoas a fugir do padrão e do convencional, dá-lhes a
chance de pensar “fora da caixa” como se diz popularmente, chegando à
novidade da resposta que solucione a questão e seja surpreendente, além de
útil, construir hipóteses, incrementar idéias são atitudes inovadoras que
auxiliam e aumentam o potencial criativo, favorecem a saúde mental, sendo
imprescindível no âmbito profissional, assim como na vida de maneira geral.
Embora tenha objetivo de encontrar respostas inusitadas resultando em
algo positivo, o conflito provocado pela expectativa da novidade pode causar
um incômodo. Tal situação é explicada pelo fato de preferirmos rotas seguras e
que por conseqüência não propiciam soluções radicalmente inovadoras.
Buscar novos conceitos requer atitude e constitui um verdadeiro desafio,
porém esta é uma das formas de tirar proveito do potencial criativo e exercitá-
lo. É válido lembrar que criatividade não combina com pressão. Momentos de
relaxamento podem ser bastante proveitosos: isso nos remete a Arquimedes,
autor da Lei do Empuxo, descoberta durante um banho de tina. Ele ficou tão
empolgado que saiu nu pelas ruas gritando “Eureka!” O afastamento temporal e
geográfico pode levar à transformação do olhar, garantindo discernimento que
criam tentativas de solução, talvez mais criativas. No primeiro estágio do
processo criativo, denominado preparação é preciso alimentar corretamente a
memória para que na etapa seguinte, incubação, continue a busca pela
solução mesmo estando longe do problema; desse modo chega-se à
descoberta, fase final e tão desejada.
Sabe-se que o processo de criação compreende algumas etapas. Para
se alcançar a solução e caso esta seja de fato considerada uma inovação,
faz-se necessário interromper caminhos já conhecidos a fim de lançar-se ao
novo, ainda que cause insegurança, é preciso arriscar.
Diante de todas as discussões realizadas pode-se dizer que ao aceitar a
proposta de criar, embarca-se numa viagem de descobrimento que leva a
todas as direções possíveis. Na medida em que se tem mais espírito de
aventura, desprendimento, abertura à novidade mais produtiva, será esta
viagem. “O maior aprendizado talvez seja mesmo pensar diferente, olhar com
“olhos de ver”, aquilo que já nem notávamos que havia.”Glaucia Leal in Mente
e Cérebro (ago/2012).
São poucas as pessoas que apresentam uma criatividade impactante e
profunda porque isso é resultado da aquisição de uma perícia que combina
trabalho, personalidade, técnica e meio favorável. Condições sociais, culturais
e econômicas de um período, por si só definem o grau da criatividade. As
circunstâncias porém podem encorajar esse potencial ou agir negativamente
como a guerra e a instabilidade política.
“ A trajetória do gênio Wolfgang Amadeus Mozart serve de
exemplo. Desde cedo ele havia demonstrado um talento especial
para a música. Aos 4 anos de idade já tocava cravo e violino e,
aos 5, compôs os seus primeiros minuetos. Além da aptidão
musical, outros fatores contribuíram para sua excepcional
criatividade: seu pai e seu tio eram músicos, ele teve
oportunidade de viajar pelo mundo e, sobretudo, viveu numa
cidade e numa época em que a música era valorizada e os
grandes compositores, reconhecidos. Mozart dificilmente
“nasceria” numa favela brasileira no final do século XX.” (Vomero,
Super Interessante Nov/2002)
A busca por ambientes estimulantes, onde há possibilidade de
expressar-se livremente, testar diferentes meios e perspectivas para chegar ao
X da questão são alternativas viáveis afastam o bloqueio de idéias,
favorecendo “inspiração” para o pensamento criativo.
Muitas circunstâncias podem impedir o surgimento de novas idéias.
Desde imposição de severas regras à falta de confiança em si mesmo, o maior
obstáculo para o processo criativo porém é o medo de arriscar, levando as
pessoas à preferência por rotas seguras nas quais os caminhos são
conhecidos e as surpresas previsíveis.
Soluções radicais remetem a um futuro incerto, portanto é preciso
coragem para enfrentar tal situação. Dessa maneira, uns optam por ter
garantias, fugindo do grande desafio e deixando de usufruir daquilo que o
potencial criativo pode proporcionar.
Ao criar deixando-se levar pela inovação que conforme Jeff Bezos in
Mente e Cérebro, (ago/2012) consiste numa interrupção a fim de saltar em
direção ao novo, muitas vezes causador de receio, visto que é algo inesperado.
Por outro lado, a novidade pode ser benéfica, ter êxito e gerar frutos positivos.
O descobrimento de algo novo é fundamental para que se dê o processo
criativo, mas por si só não é o bastante. É preciso verificar se a mesma tem
utilidade, se será aceita por outras pessoas e se o criador irá aventurar-se na
aplicabilidade do que pensou com tanto esforço.
Afinal, a sociedade valoriza a criatividade, considerando algumas
atitudes e invenções geniais, dando destaque aos seus criadores, divulgando
suas obras, por vezes lhes fazendo experimentar a fama. Por outro lado, de
forma contraditória incentiva a memorização, a resposta exata e as incontáveis
regras.
Diante disso, cabe aos criadores escolher um dos caminhos: continuar
na repetição de conceitos ou trilhar de maneira oposta rumo ao inusitado a
tentativa de levar a frente a missão de inovar que conforme Picasso se traduz
em “A coisa mais importante é criar.” Vomero in Super Interssante (Nov/2002).
CONCLUSÃO
Ao final deste trabalho monográfico, pode-se dizer que realmente as
habilidades aqui tratadas são como músculos, se não utilizadas acabam
atrofiando . Tal fato foi discutido ao longo deste texto a partir de técnicas que
exercitam o cérebro, além de ter sido provado e comprovado por estudiosos do
assunto.
Pode-se perceber o quanto a Neurociência contribuiu identificando o
córtex pré-frontal como a área do cérebro responsável pela criação de novas
alternativas. Estas caracterizam a capacidade em questão, são objetos de
desejo, porém exigem coragem ao serem expostas aos outros e quando
colocadas em prática.
Não basta criar é preciso sensatez para chegar a uma solução
adequada; antes porém, há necessidade de dar oportunidade e condições às
pessoas para exercitar o pensamento a fim de usá-lo em benefício próprio e
também dos outros.
Ao longo do processo surgem barreiras e empecilhos dificultando e
muitas vezes inibindo a expressão. No entanto o erro considerado negativo,
pode ser de grande valor, colaborando para a mudança de perspectiva diante
de um desafio. Atitudes como essa são fundamentais para solucionar dilemas
pequenos, médios e grandes encontrados no dia - a - dia.
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Sinapse;
Anexo 2 >> Hortifruti I ;
Anexo 3 >> Hortifruti II ;
Anexo 4 >> Teste de Stroop;
Anexo 5 >> Quebra-cabeça aritmético;
ANEXO 1
Sinapse - As células nervosas e seus prolongamentos fazem contatos umas com as outras através de pontos denominados sinapses; - Não há contato entre neurônios; - O estímulo nervoso passa do axônio de um neurônio até o dendrito de outro pelos neutrotransmissores. (1) Neurônio efetuador; (2) Neurotransmissores; (3) Neurônio receptor
Numberpi.blogpost.com.br
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