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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A PROFISSIONALIZAÇÃO DA SUPERVISÃO ESCOLAR: CONQUISTAS E DESAFIOS Por: Andressa de Almeida Barroso Orientador Prof. Carlos Alberto Cereja de Barros Rio de Janeiro 2005 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A PROFISSIONALIZAÇÃO DA SUPERVISÃO ESCOLAR:

CONQUISTAS E DESAFIOS

Por: Andressa de Almeida Barroso

Orientador

Prof. Carlos Alberto Cereja de Barros

Rio de Janeiro

2005

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A PROFISSIONALIZAÇÃO DA SUPERVISÃO ESCOLAR:

Conquistas e Desafios

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Supervisão Escolar, a qual tem como

objetivo principal elaborar um registro, para

consulta de futuros Coordenadores Pedagógicos

e pesquisadores em Educação, a fim de

compreender a profissão de Supervisão Escolar,

as conquistas e superação dos maiores desafios

ao longo da História da Educação.

Por: Andressa de Almeida Barroso

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AGRADECIMENTOS

Eu sigo aprendendo porque tive a oportunidade para tentar. Mas,

essa conquista foi construída com muitos passos e é preciso agradecer aos

que sempre caminharam comigo, ensinando-me que sou capaz de realizar

meus sonhos e ir tocando em frente:

Obrigada meu Deus pelo dom da vida, por fazer da minha vocação o

ato de ensinar, e que ensinando eu possa caminhar cada vez mais!

À minha Família por compartilhar todos os momentos da minha vida.

Essa conquista também é de vocês: pai, mãe, irmão e todos da nossa

Família. Vocês me ensinam que damos os primeiros passos em casa!

As palavras são simples para alcançar os sentimentos, mas gostaria

de expressar a minha eterna gratidão aos professores: Carlos Cereja,

Cheila Swzchumacker, Adélia Araújo e Mary Sue pelas dicas, incentivos,

disponibilidades e análises dos meus escritos. Por me ensinarem percorrer o

caminho da educação e pela realização do meu aprender, muito obrigada!

Aos irmãos de sempre Anna, Aury, Hilda, Polyana, Viviane e Luiz

pelas orações, preocupações, acompanhamento e diálogos sobre a

Monografia, amo vocês e tudo que me ensinam durante a caminhada!

Com grande carinho, para Alice, Clarice, Lorena, Marcela, Melinda,

Paulo, Andréa e Eliane pela amizade que construímos ao longo desse

percurso, vou levá-los comigo no coração. Obrigada, pois vocês me

ensinaram que podemos aprender uns com os outros.

Aos meus amigos educadores Inah, Rosangela Borges, Jane,

Sheila e Jorge Ricardo, pois vocês abriram as portas do Colégio Novo Rio,

mais do que ambiente de trabalho, um campo de pesquisa, local de

aprendizagens, práticas e amizades. Meus sinceros agradecimentos pela

oportunidade de ser feliz caminhando com vocês!

DEDICATÓRIA

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À nossa amada Vovó Alzira, com muitas, muitas saudades...

“TOCANDO EM FRENTE”

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“Ando devagar porque já tive pressa.

E levo esse sorriso porque já chorei demais.

Hoje me sinto mais forte mais feliz quem sabe,

Eu só levo a certeza de que pouco sei, ou nada sei.

É preciso amor pra poder pulsar,

É preciso paz para poder sorrir,

É preciso chuva para florir.

Penso que cumprir a vida seja simplesmente

Compreender a marcha e ir

Tocando em frente...

Todo mundo ama um dia,

Todo mundo chora, um dia a gente chega

E outro a gente vai embora.

Cada um de nós compõe a sua própria história

E cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz”

Almir Sater e Renato Teixeira

RESUMO

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Este trabalho é o resultado de um estudo monográfico que se propõe

a realizar uma análise reflexivo-crítico, sob um viés histórico, no que diz

respeito à Profissionalização da Supervisão Escolar – de meados de 1970

até os dias atuais – e de que maneira a qualificação profissional e a

instituição de ensino interferem nas atividades realizadas pelo Professor

Coordenador Pedagógico.

Nosso objetivo principal é elaborar um registro, para consulta de

futuros Coordenadores Pedagógicos e pesquisadores em Educação, a fim

de compreender a profissão de Supervisão Escolar, as conquistas e a

superação dos maiores desafios ao longo da História da Educação.

A intenção preliminar é valorizar o fazer pedagógico da Supervisão, a

fim de sublinhar a origem dessa profissão aqui na cidade do Rio de Janeiro,

através de sua historicidade. E a partir daí, evidenciar as estratégias da

Supervisão para as instituições de ensino, visando atenuar o fosso existente

entre a educação escolar e a educação para a vida.

Enfocamos três categorias de análise: a História da Supervisão

Escolar no Rio de Janeiro, a Educação Permanente e a Integração

Pedagógica.

Segundo as próprias questões priorizadas neste estudo, optamos por

uma Metodologia de Pesquisa Histórico Documental, dentro do paradigma

da teoria crítica. A triangulação foi construída tendo como pressupostos os

seguintes instrumentos: documentos oficiais do Ministério da Educação,

registros em livros, Revistas Científicas, Teses de Mestrados e Doutorados.

Ao percorrer a História, reconhecemos que a Educação estimula o

surgimento de uma nova maneira de pensar, que pressupõe a construção de

conhecimentos / saberes, em prol da socialização e contextualização.

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Portanto, os resultados encontrados apontam que as atividades

desenvolvidas pelos profissionais da área de Supervisão exigem

intencionalidade e recusa o amadorismo, em sua prática. E que, também, se

beneficia ao se dispor em reconstruir e abrir caminhos para uma pedagogia

mais preocupada com o ser humano. Neste contexto, insere-se a Supervisão

Escolar, enquanto profissão a serviço da vida que promove qualidade em

Educação.

METODOLOGIA “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. O de que se precisa é que, em

sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma,

porque professor, como pesquisador”

Paulo Freire

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Pretendemos realizar um trabalho de pesquisa, adotando como

metodologia mais pertinente para atingir os nossos objetivos a análise

Histórico-Documental, e, em virtude das questões priorizadas, optamos por

uma pesquisa de abordagem, assumindo o paradigma da teoria crítica.

1. Histórico Metodológico

Qual a importância de se estudar História? Qual a importância da História

para a Educação? Para responder à primeira pergunta, lembramos um

importante historiador brasileiro – Ciro Flamarion Cardoso que apresenta

argumentações interessantes. Primeiramente, o autor enfatiza sobre qual

História estamos nos referindo e nos preocupando, pois, no início do século

XX, a História era considerada como “ciência, disciplina ou arte cujo objeto é

o passado, cuja finalidade seria a reconstrução do passado por si mesmo”

(CARDOSO, 1994, p.117).

E num movimento posterior, por volta das décadas de 1910 e 1920, um

novo movimento para os estudos da História surge com os Annales,

proclamando a “Nova história” ou “História-problema”, atribuindo-lhes um

outro sentido, considerando-a: “a ciência das transformações das

sociedades humanas no tempo e, portanto, uma das ciências sociais”

(CARDOSO, 1994, P.118). Assim, Escola de Annales é o nome dado para o

movimento historiográfico. Entende-se historiografia como sendo um

conjunto de obras escritas referentes ao campo da educação.

Esse movimento surgiu basicamente em meados da década de 1920,

tendo como principais representantes Marc Bloch e LeFèbvre. Buscava-se,

basicamente, desde o início, redimensionar e ampliar, nos mais diversos

sentidos, as possibilidades de abordagem historiográfica, a partir da crítica

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da história rankeana, com uma visão reducionista e impregnada por

elementos do positivismo.

Dessa forma, a história deixa de uma simples sistematização de datas e

fatos, priorização de heróis, tornando-se uma iluminação do presente, ou

melhor, uma interpretação dos problemas passados, conforme nos mostra

Peter Burke:

“A necessidade de uma história mais abrangente e

totalizante nascia do fato de que o homem se sentia

como um ser cuja complexidade em sua maneira de

sentir, pensar e agir não podia reduzir-se a um pálido

reflexo de jogos de poder... Fazer uma outra história,

na expressão usada por Fevre, era, portanto menos

redescobrir o homem do que, enfim descobri-lo na

plenitude de suas virtualidades, que se inscreviam em

suas realizações históricas” (BUKER, 1991, p.7).

Mas qual é a contribuição da História para a Educação?

Miriam Warde chama atenção para algo de grande relevância: a

necessidade de compreendermos que a história da educação não rompe

com a História seja, uma das fragmentações, ou especializações estão

baseadas em vários critérios, como por exemplo: o critério cronológico, onde

se permeiam a História antiga, a moderna etc.; e o critério temático,

representado pela história das mentalidades, das técnicas, da Educação. É

neste último critério que a História da Educação se insere. A autora continua

atentando que, apesar de a História da Educação ser uma especialização da

História, ela não se instituiu a partir do movimento interno da História e nem

mesmo a ele foi incorporado. “A gênese e o desenvolvimento da História da

educação estão no campo da Educação do qual ela foi convertida em

enfoque, em abordagem histórica” (WARDE, 1989, p.8).

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Qual seria, então, o papel da História da Educação?

Os autores que estão envolvidos com os estudos da História da

educação justificam sua importância através de vários fatores, incluindo os já

apresentados e que se referem às próprias justificativas da História. Porém,

o que eles têm evidenciado e apontado para lacuna apresentada na

Historiografia da educação. Warde constata mesmo que “a nossa

historiografia da educação é, ainda hoje, precária” (WARDE, 1989, p.3).

Um outro fator importante é que a historiografia da educação brasileira

privilegia alguns períodos e temas, o que acabou por deixar marginalizados

outros assuntos, também importantes. E para tanto sugere “um acerto de

contas” com a historiografia, no sentido de abandonar os testemunhos que

aparecem ser definitivos sobre alguns acontecimentos estudados,

considerando-se os estereótipos que foram criados; assim como a

necessidade de se estabelecer novas relações com temas e períodos já

estudados.

Uma das possibilidades para a valorização da história da educação

brasileira seria o levantamento, descobrimento de novas fontes, para então

se (re) escrever novas histórias da educação. Para tanto, se faz

imprescindível à sensibilização dos pesquisadores do campo da Educação,

para que criem um novo olhar sobre as preciosas fontes que foram

analisadas, a fim de romper com os “estereótipos”. E principalmente, para

que criem uma postura árdua, no sentido de que novas fontes sejam

descobertas.

No que vem sendo debatido a respeito das fontes que são utilizadas para

fazer essa pesquisa, diversas correntes teóricas têm discutido bastante as

questões sobre o eu uso, sob as mais diversas óticas, principalmente depois

dos questionamentos lançados pelos precursores do que hoje costuma se

designar de “Nova História” ou “Escola dos Annales”.

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Mais especificamente, com a História das mentalidades e História

Cultural, edemas que possuem atualmente grande influência entre os

historiadores. “Independente da postura teórica, porém, são unânimes em

afirmar: que não existe história sem fontes” efetivamente, a ausência de

fontes impede que um historiador possa realizar plenamente a sua função:

como comprovar, sem elas, as suas hipóteses de trabalho?” (CARDOSO,

1994, p.51).

Ainda assim, o conceito de fonte não é único. Muitas vezes ele é

confundido com documento, sendo esse encarado mais especificamente

como atos escritos emanados dos poderes públicos ou particulares. Na

verdade, o uso quase exclusivo do documento, característica peculiar dos

estudos históricos e da concepção historiográfica predominante entre os

séculos XVII e XIX, acabou por ligar indefinidamente fonte a documento.

O registro privilegiado era o documento escrito, sobretudo o oficial, de

forma que a palavra “documento” era empregada num sentido jurídico, do

qual os positivistas se apropriaram, conservando o sentido como prova e

forma de legitimação científica; assim, verificar a autenticidade dos

documentos era prioridade para os historiadores daquela época.

2. Abordagem qualitativa

Nos anos 50 e 60 havia pesquisas que se baseavam no campo da

Biologia. No decorrer da pesquisa, era muito comum não serem analisados

fatores que influenciavam o objeto de estudo. Uma outra característica

peculiar dos métodos utilizados naquele tempo era a separação entre o

pesquisador e o seu objeto de estudo. Tornando-se difícil conhecer a

história, a cultura, os valores do que estava sendo pesquisado.

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A partir de meados dos anos 70, inicia-se um questionamento sobre

aspectos que guiavam as pesquisas na área da educação. Alguns teóricos

como Max Weber e Pierre Bourdieu, faziam parte do grupo que questionava

determinados fatores como, por exemplo, a neutralidade do pesquisador

frente ao objeto de pesquisa.

Esses autores propunham que o pesquisador tivesse consciência da

interferência de seus valores na seleção e no encaminhamento do problema

estudado. Também, perceberam a necessidade de se contextualizar a

pesquisa, se registrar toda orientação teórica e o momento sócio-histórico da

pesquisa, considerar a personalidade, o pesquisador entre outros fatores

que, para eles, eram aspectos determinantes e influentes no resultado do

estudo.

No Brasil, podemos citar Freire com um dos pesquisadores que utilizou

bastante essa abordagem em seus trabalhos. No caso de Freire,

percebemos que ele pesquisou o analfabetismo, porém, não o classificou

como sendo um problema exclusivo da área da Educação. Mas, como um

problema social e político, nos ensinando que não podemos estudar de

maneira isolada das outras ciências.

Ainda sob esse aspecto, Rubem Alves (2000) ressalta que a pesquisa

também é um ato político, pois, a importância de seus resultados aponta

para a melhoria da sociedade como um todo, destacando a relevância

política e social do ato de pesquisar.

No caso desse trabalho, utilizamos essa abordagem com a referida

concepção, quando ao analisarmos as propostas do Ministério da Educação

para a Supervisão Escolar como também, as medidas que estão

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acontecendo na adequação das normas definidas pela Lei de Diretrizes e

Bases (LDBEN) nº 9394/96.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 15 CAPÍTULO I - A História da Supervisão Escolar 18 CAPÍTULO II - A Educação Permanente 26 CAPÍTULO III – Integração Pedagógica 30 CONCLUSÃO 37 ANEXOS 42

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BIBLIOGRAFIA 46 ÍNDICE 50 FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

INTRODUÇÃO

“Eis o grande segredo: formar-se mais do que intelectuais, formam-se cidadãos de

maneira plena, capazes de superar diversidade com fraternidade”

Santo Agostinho

A Supervisão Escolar é tema que desperta um interesse especial

pela sua historicidade, tanto nos profissionais ligados diretamente à escola

quanto nos demais estudiosos da Educação, haja vista a gama de teorias e

discussões acadêmicas sobre o assunto.

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A escolha por pesquisar sobre “A Profissionalização da Supervisão

Escolar” como tema para Monografia tem como objetivo principal elaborar

um registro, para consulta de futuros Coordenadores Pedagógicos e

pesquisadores em Educação, a fim de compreender a profissão de

Supervisão Escolar, as conquistas e a superação dos maiores desafios ao

longo da História da Educação.

Considerar as atividades e estratégias desenvolvidas por esses

profissionais, bem como a interação entre conhecimentos e práticas que

orientam a vida diante da complexidade na formação do cidadão reflexivo no

início do século XXI configuram-se como estratégias de análise desse

estudo.

Em nosso entendimento, a Supervisão precisa preocupar-se com a

formação intelectual de educadores e educandos, por isso, é uma profissão

importante para desmitificar a visão reducionista de escola como um reduto

curricular, com disciplinas obrigatórias, regras, horários e decorebas. É

nossa opinião preliminar que as atividades desenvolvidas pelo professor

coordenador pedagógico dependem tanto da qualificação profissional, isto é,

a formação acadêmica quanto da instituição de ensino em que trabalha.

Enfocamos três categorias de análise: a História da Supervisão

Escolar no Rio de Janeiro, a Educação Permanente e a Integração

Pedagógica.

No discurso oficial, apresentamos o contexto do Rio de Janeiro, pois

em meados de 1970 a nomenclatura Supervisão Educacional passou a

englobar atividades de assistência técnico-pedagógica e administrativa,

tornando-se mais abrangente para atingir não apenas a escola, mas também

todo o sistema. Ao considerar a abrangência de saberes pedagógicos,

reconhecemos seis características fundamentais das abordagens

supervisivas e suas implicações na aprendizagem.

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Essa perspectiva favorece o desenvolvimento de um processo de

educação permanente destinada aos professores. Por isso, compreendemos

que o Supervisor Escolar é um agente articulador da construção coletiva do

projeto pedagógico para a escola e também agente responsável pela

coordenação dessa educação permanente no cotidiano escolar.

E no que tange as conquistas abordamos as atividades

desenvolvidas pela Supervisão Escolar e destacamos que o nosso grande

desafio é promover a Integração Pedagógica através da Direção, Supervisão

e Orientação.

Observamos que o mundo encontra-se em um momento

particularmente complexo, visto que o novo século emerge com fatos

inimagináveis, surpreendentes, ou pelo menos inesperados. No princípio do

terceiro milênio, a Educação não escapa dessas “turbulências”, entretanto,

vários são os sinais de esperança e de vida desabrochando através de

mobilizações, propostas e atitudes. Uma das atitudes que se configuram

como norteadoras deste propósito é a profissionalização da Supervisão

Escolar.

Consideramos o tema relevante porque valoriza o fazer pedagógico

da Supervisão Escolar, a fim de sublinhar a origem dessa profissão aqui na

cidade do Rio de Janeiro com enfoques de meados de 1970, através da

História da Educação. E a partir daí, evidenciar as estratégias da Supervisão

para as instituições de ensino, visando atenuar o fosso existente entre a

educação escolar e a educação para a vida.

“Se a educação é preparação para o exercício da

Cidadania, a luta em favor de uma escola de qualidade

é condição para que se realize o direito fundamental de

todos os brasileiros a essa Cidadania. Uma escola em

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que todos tenham, não só o direito de acesso, mas a

possibilidade de permanência e a garantia de nela se

apossarem do conhecimento que os capacite para o

exercício pleno da Cidadania” (ALVES & GARCIA,

1986, p.21).

CAPÍTULO I

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A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO - BRASIL

“Uma aranha executa operações semelhantes à do tecelão, e a abelha supera mais de um

arquiteto ao construir sua colméia. Mais o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é

que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo

de trabalho aparece o resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador”

Karl Marx

1.1 – Breve Histórico com enfoques a partir de 1970

No contexto do Rio de Janeiro a Supervisão Escolar tem uma

concepção histórica e uma prática relativamente recente, pois é remota de

meados dos anos 70, inicialmente como função de “controle” e assistência

técnico-pedagógica. Por isso, pensar no papel de supervisores é, antes de

tudo, pensar no seu surgimento no âmbito da História da Educação em

nosso país.

Os registros desse período apontam que a idéia de Supervisão

ganhou força institucional com a Lei de Diretrizes e bases do Ensino de 1º e

2º graus, lei 5.692/71 (Brasil, Congresso Nacional, 1971). Com isso,

somente a partir de 1975 adquiriu significância, em virtude da fusão dos

estados da Guanabara e do Rio de Janeiro. A nomenclatura de Supervisão

Escolar engloba atividades de assistência técnico-pedagógica e

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administrativa, com capacidade para atingir não apenas a escola, mas

também todo sistema.

Para Moulin (1975, p.24), a educação no novo estado teve como

característica marcante um processo global e permanente, visando à

formação integral do ser humano, que só poderia ser compreendida

mediante um processo educativo que envolve discente e docente, enquanto

agentes e sujeitos da aprendizagem, a fim de instituir-se numa “comunidade

educativa”.

É importante pontuar que a partir desse momento a escola assume

uma postura mais focada na sua realidade local, preocupada com as suas

necessidades. No documento oficial da Secretaria de Educação e Cultura do

Estado do Rio de Janeiro, intitulado “O processo de regionalização na área

de educação e cultura” (1975, p.13), a escola deveria fazer parte integrante

e integradora de uma “comunidade educativa”, para atingir todos os homens

e o homem como um todo. Nesse sentido, tal objetivo só seria alcançado por

uma escola viva, na qual todos os setores da comunidade escolar

interagissem.

A Supervisão Escolar teve um papel importante nesse momento,

uma vez que o supervisor foi o único técnico da Secretaria de Educação a

ter acesso sistemático aos níveis regional (o que chamamos de núcleo) e

local (a própria escola), trazendo as diretrizes oriundas da Secretaria de

Educação, e também levando as dificuldades encontradas nos núcleos e nas

escolas para que fossem encontradas as soluções de cada caso, permitindo

a manutenção das informações e promovendo o empreendimento educativo.

Através dessa perspectiva, percebemos que a Supervisão foi

imposta à Educação brasileira enquanto necessidade de “modernização” e

de “assistência técnica”, com o escopo de garantir a “qualidade do ensino”,

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mas, também, para legitimar a hegemonia da classe dominante entendida

como:

“Capacidade de direção cultural e ideológica que é

apropriada por uma classe exercida sobre o conjunto

da sociedade civil, articulando seus interesses

particulares com os das demais classes, de modo que

eles venham a se constituir em interesse geral” (CURY,

1985, p.53).

Compreende-se que a Supervisão Escolar desenvolveu uma prática

centrada nos aspectos tecnoburocráticos do ensino, no qual o controle

fiscalizador era a principal estratégia que iria garantir seu acentuado papel

na sociedade capitalista e elitista carioca.

Para ratificar essa tese, a formação do professor supervisor está

direcionada para o desenvolvimento de uma concepção de Supervisão

Escolar funcionalista, isto é, uma concepção que compreende a escola de

modo passivo, indo de encontro ao caráter dinâmico e evolutivo da própria

instituição escolar.

É importante acrescentar que essa dimensão funcionalista destaca a

necessidade e a importância da definição ainda mais clara dos papéis a

serem desempenhados pelos elementos que constituem a instituição. Por

isso, a crítica ao “funcionalismo” na Supervisão deriva das especialidades

pedagógicas (administração e orientação educacional) radicalizou-se no

Brasil nos anos 80. Todavia, os próprios fatos da realidade revelam que as

atividades desenvolvidas pelo supervisor têm uma atuação necessária à

organização e ao encaminhamento de todas as atividades pedagógicas,

diante da sua especificidade.

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Assim chegamos aos anos 90 reconhecendo, através da LDBEN

9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que a técnica

está a serviço da Supervisão Escolar, mas sem conotação de “tecnicismo”.

Trata-se da contextualização de uma função pedagógica, que auxilia e

promove a coordenação das atividades dos processos educacionais e sua

atualização, mediante os estudos e as práticas coletivas, as quais promovem

qualidade social. É acreditando nessa concepção e proposta que se iniciam

os anos 2000.

Cabe considerar que após tanto tempo de submissão a um sistema

alienante e silenciosamente violento, o Brasil está começando a dar seus

primeiros passos nos caminhos da democracia, os quais vislumbramos com

a reabertura política em 1985.

Por isso, não podemos exigir de nossos educadores uma preparação

para exercício efetivo da democracia participativa, visto que durante os

“anos de chumbo” suas vozes foram silenciadas e seus votos foram

negados.

Entretanto, se a profissionalização da Supervisão emergiu como

representação educacional de um sistema repressor e punitivo, atualmente

ele assume o contrário do que se pretendia, através de uma política de ação

coordenada. Nesse sentido, a Supervisão Escolar hoje é compreendida

como representação autêntica de um processo democrático.

Em síntese, tencionamos apontar, através desse breve histórico, que

tudo o que acontece na escola, facilitando ou dificultando a aprendizagem de

cada aluno, é muito mais abrangente que a rotina de ensinar e aprender.

Nesse processo de transformação ocorrido ao longo da História, não

somente a formação, mas também a mentalidade do Supervisor carecia

mudança. Assim, a postura de fiscal do processo pedagógico e dos fazeres

dos discentes / docentes, o supervisor passa a ser articulador educacional,

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sendo capaz de resgatar o aspecto político-pedagógico das relações

humanas. Afinal, “nada é meramente administrativo, ou racional, ou

pedagógico, mas fundamentalmente político” (Alves & Gracia, 1986, p.16).

1.2 – As abordagens supervisivas

Ao considerar a abrangência de saberes pedagógicos, reconhecemos

seis características fundamentais das abordagens supervisivas e suas

implicações na aprendizagem. Podemos destacamos as seguintes:

artesanal, comportamentalista, clínica, reflexiva, ecológica e dialógica.

Assim, analisaremos cada abordagem:

No que diz respeito à abordagem artesanal, segundo Rangel (1988),

podemos afirmar que é a aproximação entre o educando e o educador para

que ocorra a aprendizagem, porém, é a abordagem mais difícil de

caracterizar porque essa relação depende muito mais dos saberes

adquiridos através da experiência e da personalidade do professor

supervisor do que das teorias científicas, reflexões ou técnicas. O fazer do

supervisor perpassa a observação na sala de aula, uma vez que essa

abordagem estende-se a todo o saber educar: direção de turma,

organização de horários e biblioteca, gestão de laboratórios,

acompanhamento de docentes e discentes.

Sobre a abordagem comportamentalista percebemos que sua base

formativa é de origem behaviorista, a qual assume uma vertente mais

mecanicista ou racionalista, à medida que se preocupa com os

conhecimentos do profissional que são aprendidos pelos estudos, modelos e

técnicas que os candidatos a professor deveriam ter domínio, sob a ótica da

razão e cientificidade das competências pedagógicas. Para Sarmento (1998)

o supervisor que adotava a abordagem comportamentalista baseava-se na

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concepção positivista da ciência, cujos resultados eram obtidos por

experimentações e generalizações, seguindo a racionalidade.

A supervisão clínica ou o modelo crítico é uma abordagem que se

limita à sala de aula enquanto espaço clínico e, por isso, local de

observações, diagnósticos e experiências – contrapondo a concepção de

Supervisão Escolar geral. A prática da Supervisão, discutida por Alarcão

(1982), é realizada pelo profissional que é um colega, colaborador,

orientador, incentivador e questionador das atividades desenvolvidas pelos

professores e com disponibilidade para ajudar todos os envolvidos no

processo pedagógico.

A perspectiva reflexiva da supervisão emerge como reação ao modelo

racionalista e está alicerçada na metodologia da reflexão como forma de

desenvolvimento dos conhecimentos contextualizados e sistematizados,

permitindo relação constante entre ação e pensamento. A contribuição de

Cortesão (1991) permite compreender que prática e reflexão precisam ser

acompanhadas por supervisores que, pelas suas experiências, possuam

competências de treinadores, companheiros e conselheiros.

A partir do aprofundamento da abordagem reflexiva, a Supervisão

assume um caráter de aprendizagem socioconstrutivista, humanista, e

interativa, vislumbrando a chamada abordagem ecológica do

desenvolvimento profissional, defendida por Alarcão e Sá-Chaves (1994), a

qual enfoca as dinâmicas sociais que constituem o processo da interação

entre o sujeito e o meio em que ele está inserido. Desse modo, a Supervisão

tem como função proporcionar experiências educacionais diversificadas em

vários contextos, originando interações, experiências e transições

ecológicas.

Finalmente, destacamos a abordagem dialógica, influenciada pelas

correntes antropológicas, sociológicas e lingüísticas, valorizando o papel da

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linguagem no diálogo comunicativo, a cultura profissional e as vozes de

supervisores e professores enquanto colaboradores na comunidade escolar.

Afinal, “o supervisor é o sujeito que faz a leitura da escola na sua totalidade”

(Medina 1997, p.18).

No quadro 1 (vide Anexo 1) tencionamos apontar os aspectos

fundamentais das seis abordagens em oito dimensões de análise: 1)

realidade profissional; 2) acesso à realidade; 3) objetivo de formação; 4)

metodologia; 5) interação pessoa / grupo; 6) local privilegiado de formação;

7) função supervisiva; 8) avaliação.

A organização do quadro de Características Fundamentais das

Abordagens Supervisivas foi construída de maneira que permita uma leitura

vertical de um texto coerente para cada uma das abordagens, contudo,

também é possível comparar as características horizontalmente.

Então, de acordo com os conteúdos citados anteriormente,

destacamos a importância das abordagens supervisivas enquanto atividades

de qualidade, as quais promovem ensino e aprendizagem, não

simplesmente no contexto da sala de aula, mas e, sobretudo, no contexto

abrangente da comunidade escolar como espaço e tempo de conhecimentos

para todos (alunos, professores, responsáveis, funcionários) e para si

mesma, a partir do instante que constrói uma identidade de organização

qualificante, isto é, lugar bem propício para aprendizagem, cooperação e

desenvolvimento.

Nesses termos, é importante esclarecer também que não podemos

afirmar quais abordagens supervisivas são praticadas, ou se algumas não

existem mais, ou ainda se coexistem com outros modelos, sendo

aprimoradas e adaptadas às novas necessidades. Todavia, decidimos

mencioná-las a fim de apresentar referenciais teórico-práticos sobre o

assunto em questão.

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CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO PERMANENTE: MISSÃO

FUNDAMENTAL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

“Podemos aprender a pensar filosoficamente e a única coisa que precisamos

para nos tornarmos bons pensadores é a capacidade filosófica de admirar a

simplicidade das coisas diante a complexidade do mundo das idéias”

Sócrates

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É fundamental pensarmos que numa escola em permanente

aprendizagem, a grande atribuição do coordenador pedagógico está

associada ao processo de formação dos professores. A esse processo

damos o nome de Educação Continuada ou Permanente, tanto nos textos

oficiais de secretarias dos Municípios e Estados, como também na recente

bibliografia sobre esse tema, por isso, é um sistema que utiliza as

potencialidades dos profissionais da escola a serviço da produção de valores

e conhecimentos concretos.

A continuidade do processo educativo, uma das principais

características da Educação Permanente, explica-se através da própria

conclusão da UNESCO (1999): “todo indivíduo deve ter a possibilidade de

aprender durante toda a vida”. Assim, o processo educativo contínuo permite

a reformulação e a reeducação, fazendo com que haja a adaptação das

transformações tecnológicas da atualidade.

Nesse contexto, a Educação Permanente configura-se como crítica

aos termos: treinamento, capacitação e reciclagem, os quais não corroboram

para o desenvolvimento de profissionais com autonomia intelectual, pois se

baseiam em apresentar propostas previamente elaboradas, com o objetivo

de serem praticadas em sala de aula pelos professores, de maneira

mecânica.

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Uma das grandes expectativas da Educação Permanente faz-se

necessária pelo saber ligado aos conteúdos e também pelo saber humano /

social como práticas que se transformam a todo instante. Sabemos que a

realidade está em constante alteração e os saberes que construímos sobre

ela carece revisão e ampliação constantes.

O que significa dizer em outras palavras, que o supervisor escolar,

enquanto agente articulador, precisa desenvolver com a sua equipe um

programa de Educação Permanente para atualização de conhecimentos,

principalmente para realizarmos análises do que precisa ser mudado em

nossa prática docente, e encontrarmos subsídios para possíveis caminhos.

Em artigo publicado no Caderno CEDES n.36, dedicado integralmente

ao tema “Educação Continuada” Marin diz:

“A atividade profissional dos educadores é algo que,

continuamente, se refaz mediante processos

educacionais formais e informais variados,

amalgamados sem dicotomia entre vida e trabalho,

entre trabalho e lazer. Com as contradições

certamente, mas, afinal mantendo as inter-relações

múltiplas no mesmo homem. O uso do termo

“Educação Continuada” tem a significação fundamental

do conceito de que a educação consiste em auxiliar

profissionais a participar ativamente do mundo que os

cerca, incorporando tal vivência no conjunto dos

saberes de sua profissão”.

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Tendo como base os escritos publicados por Christov (2003), o

supervisor precisa constantemente buscar e promover atividades dentro de

um programa de Educação Permanente que pressupõe:

X As condições para a viabilização de suas ações, que podem ser

resumidas em três grandes aspectos: vontade política por parte dos

educadores e governantes, recursos financeiros e organização do

trabalho escolar com tempo privilegiado para estudos coletivos e

individuais por parte dos professores;

X A compreensão de que ela não será a responsável exclusiva pelas

transformações necessárias à escola, uma vez que isso depende de

um conjunto de relações, mas poderá ser um elemento de grande

contribuição para essas transformações;

X Um contexto de atuação: uma escola, um município, uma sociedade,

um país.

Como podemos perceber, a Educação Permanente ou Continuada,

desenvolvida pelo supervisor, é um processo coletivo e também individual

que pode abranger todos os setores da sociedade, principalmente no que diz

respeito à ação educativa e sua integração com os setores sócio-

econômicos. Ela ainda desmistifica a ilusão do educador que completa sua

Graduação ou Especialização, ao pensar que por receber o Diploma, está

preparado para sempre. Afinal, a Educação Permanente configura-se como

missão do supervisor a medida em que se pretende ser por toda a vida, uma

vez que a cada dia que passa o indivíduo realiza sua aprendizagem.

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CAPÍTULO III

A INTEGRAÇÃO PEDAGÓGICA: Conquistas e

Desafios

“Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”

Che Guevara

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3.1 – As nossas Conquistas: atividades desenvolvidas

No que diz respeito ao panorama da educação brasileira, a

Supervisão Escolar é uma atividade relativamente recente, pois o supervisor

escolar durante muito tempo foi tido como agente controlador, a partir das

mudanças no âmbito educacional, este profissional passou a participar mais

efetivamente do cotidiano escolar. Assim, hoje a ação supervisora pode ser

compreendida como um processo dinâmico e progressivo de crescimento

para todos os que se empenham, numa tendência reflexiva, por uma prática

educativa promotora de vida com qualidade.

Segundo Mendes (1985, p.7), “a ação supervisora deve assumir um

caráter capaz de alterar o processo educativo”. Essa ação precisa ser

acentuada pelo processo participativo, visto que promove o desenvolvimento

da autonomia, da interação e da responsabilidade, através do diálogo entre

supervisor e corpo docente. Com certeza as atividades desenvolvidas pela

prática supervisora é marcada por idéias norteadoras ao processo de

participação, pela confiança na capacidade das pessoas, pelo fortalecimento

da autonomia e da criatividade, pelo envolvimento global com o processo

educativo, pela busca de uma ação solidária e pela inserção no contexto

sociocultural da comunidade escolar.

Essa nova proposta fez surgir novos teóricos, os quais deixaram de

lado as idéias de suporte pragmático-estruturalista, técnico-linear e

mecanicista, para optar pela perspectiva libertadora, que entende o

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supervisor como agente facilitador do processo de aprendizagem. Sobre

esse aspecto, o supervisor passa a ter um papel fundamental de decodificar

as necessidades, tanto da administração escolar – a fim de fazer com que

sejam cumpridas as normas, quanto de facilitar a atividade docente – na

medida em que garante o sucesso do aprendizado.

O argumento citado por Falcão (1990, p.30) indica que “o supervisor é

o facilitador do desenvolvimento de projetos coletivos na escola e é também

o agente responsável por uma prática democrática, envolvendo professores,

alunos, funcionários e responsáveis”. Sobre esse ponto de vista, o

supervisor precisa desenvolver atividades de assessoramento ao professor

no campo das variáveis psicossociais e político-administrativas que

interferem na relação professor–aluno, tal contribuição configura-se como

prática bastante significativa para o processo de ensino-aprendizagem.

Vale a pena citar Medina (1995, p.21), pois ele defende que “O

supervisor abre mão de exercer poder e controle sobre o trabalho do

professor e assume uma posição de problematizador do desempenho

docente”, isso significa dizer que o supervisor assume com o “professor uma

atitude de indagar, comparar, responder, opinar, dividir, questionar, apreciar

e desnudar situações de ensino em geral e, em especial, da classe regida

pelo professor”. Compreende-se que o supervisor torna-se parceiro político-

pedagógico do educador, à medida que “contribui para integrar e

desintegrar, organizar e desorganizar o pensamento do professor, num

movimento de participação continuada, no qual os saberes e os

conhecimentos se confrontam” e interagem para a melhoria do processo de

ensino-aprendizagem.

Acreditamos que cabe à Supervisão ser mediadora no processo de

avaliação do Currículo – caminho pelo qual são escolhidos os conteúdos a

serem aprendidos, incluindo o ambiente escolar, a cultura local, a relação

professor-aluno, a interdisciplinaridade, todo isso centrado no ser humano e

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suas reais necessidades. Afinal, mais do que nunca o papel supervisor é o

de mediador no processo de aprendizagem, a fim de articular teoria e

prática.

Visando compreender as atividades desenvolvidas pelos profissionais

que atuam na Supervisão Escolar, esclarecemos e ratificamos a nossa

hipótese inicial de que tais práticas educativas dependem tanto da formação

acadêmica do professor coordenador pedagógico quanto da instituição de

ensino que ele atua. É fundamental pensarmos que compete ao supervisor

desenvolver atividades em parceria com os docentes e discentes,

dinamizando a proposta pedagógica assumida e vivenciada pelos que

participam do dia-a-dia escolar. Nesse sentido, todos os esforços da

Supervisão Escolar corroboram para a participação efetiva e articulação

organizada de todos, em torno dos propósitos e da missão de cada escola.

Em síntese, a eficácia das atividades desenvolvidas pelo supervisor

escolar torna-se intimamente ligada à sua habilidade em promover

mudanças de comportamento no professor, isto é, a aquisição de novas

habilidades ou a aglutinação de outras já existentes; e também o

desenvolvimento de novas perspectivas, idéias, opiniões e atitudes. Em

última análise, o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem,

preconizado pela Supervisão Escolar, não depende tanto das diretrizes

preestabelecidas e planos prontos, muitas vezes pouco aceitos ou aceitos

passivamente, mas das condições apresentadas por este profissional para

implementá-los. É o potencial do professor canalizado para o processo de

ensino-aprendizagem que “faz a diferença”.

3.2 - A questão da Integração: eis o nosso desafio

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No discurso oficial, a antiga LDB 5692/71 sugeria a Supervisão

Educacional e mencionava como obrigatória a Orientação Educacional, mas

ambas realizaram o papel ideológico e controlador. Atualmente, e sob a

vigência da Lei 9394/96, o grande debate que tem norteado o fazer e o

pensar sobre esses profissionais diz respeito tanto à sua formação quanto à

sua atuação nas mais diversas realidades educacionais.

Por isso, a própria Lei 9394/96 em seu artigo 64 promulga que “a

formação de profissionais da educação para administração, planejamento,

inspeção, supervisão e orientação educacional para educação básica, será

feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação,

a critério da instituição de ensino, garantida nesta formação, a base comum

nacional”, reforçando a necessidade de formar profissionais da educação

que atuem no sistema de educação fundamental e médio, a fim de “atender

aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às

características de cada fase do desenvolvimento do educando” (LDB, 1996,

art. 61).

Ao realizarmos uma simples observação do processo educativo, tal

como ele é concebido hoje, percebemos sua dicotomia. É consenso a

identificação de uma justaposição de atividades, experiências, unidades,

conteúdos, disciplinas, matérias, áreas de estudo que se unem, mas não se

somam e não se integram (Lück, 1979). Portanto, essa dinâmica demarca

que cada área, cada disciplina, cada professor, cada especialista em

educação constitui uma parte do todo, todavia, um todo que atua sem

preocupar-se com necessidades dos demais, formando atividades isoladas

que se fragmentam.

Tendo em vista o pensamento anterior, percebemos que a falta de

integração da Equipe Pedagógica implica numa multiplicidade de aspectos e

ângulos, ausência essa que se assume interna e externamente, tanto de

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concepção quanto de ação, havendo dificuldades em um determinado

ângulo do processo educativo, naturalmente produzirá em outras áreas.

É importante definir as responsabilidades de cada profissional que

integra a Equipe, lembrando que são potencialidades individuais que, por

vezes, precisam ser realizadas coletivamente. Ao Diretor cabe a execução

de políticas educacionais do sistema e o desenvolvimento pleno dos

objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando ações

educativas. Enquanto o Supervisor fica responsável pela disseminação e

globalização dos conhecimentos e o acompanhamento pedagógico dos

alunos, através da integração dos parâmetros que constituem as disciplinas

curriculares ministradas por seus professores. E sabemos que uma das

funções do Orientador é a socialização do saber sobre o aluno, seu

comportamento e sua família, na medida em que a ele cabe trazer a

realidade do aluno para o Currículo.

Nesse contexto, a ação integrada da Direção, Supervisão e

Orientação precisa de articulação, senão perde sua razão de ser, visto que

se os conhecimentos não forem contextualizados e significativos, não

adiantará a intervenção pedagógica. Com isso, torna-se fundamental que

cada área do conhecimento se proponha a desenvolver competências que

corroborem para a formação de alunos críticos e criativos, que são

conscientes do exercício da Cidadania.

Bem como todos os setores da escola tenham exata noção da função

e importância de cada um no processo educativo, distinguindo suas

atividades e inter-relações para realizar os propósitos que lhes são afins. Por

isso, a reunião é um momento privilegiado que permite ação integrada e

eficaz da equipe de profissionais que constituem a escola, em torno dela

partilhamos experiências e analisamos pontos de vista com o objetivo de

definir bem as diretrizes e os papéis de cada um na comunidade escolar.

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Vale a pena ressaltar que a ação do corpo técnico-administrativo

escolar precisa ser não apenas integrada, mas integradora, com capacidade

criadora de condições favoráveis para o pleno desenvolvimento das

potencialidades da comunidade escolar. Para isso, precisa estar apoiada por

atitudes, direções e objetivos comuns, a fim de promover uma educação

mais integradora.

Por fim, na tentativa de retornar às colocações que emergiram no

início desse Capítulo, podemos afirmar que as atividades desenvolvidas pelo

Diretor, Supervisor e Orientador Educacional só se consolidam na medida

em que agem sob a prática docente, e essa dinâmica só é possível a partir

de uma prática pedagógica integradora - esse é o nosso grande desafio. E é

em nome desse objetivo que acreditamos que tanto o Diretor, quanto o

Supervisor e o Orientador precisam ser, antes de tudo, educadores, porque

é necessário e urgente despertar o educador que existe em cada um de nós

– esse é o nosso ideal!

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CONCLUSÃO “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível; e

de repente você realizará o impossível”

São Francisco de Assis

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No início do século XX, acreditava-se que quanto mais o mundo

absorvesse ciência e erudição menor seria o papel da Educação

escolarizada. Os anos passaram e a tecnologia moderna se tornou parte

essencial do cotidiano da maioria da humanidade. Apesar de todas as

transformações, o início do século XXI apresenta um fenômeno global

inesperadamente preocupado com as questões educacionais.

Não resta dúvida de que a educação brasileira vem passando por um

intenso processo de aprimoramento nos últimos anos, em especial a partir

da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96).

Nesse cenário de transformações surgem algumas mudanças no que diz

respeito às tentativas de melhoria, tais como: na busca pela educação

permanente dos professores, na gestão administrativa, na implantação de

projetos interdisciplinares, na preocupação ecológica e social, na utilização

de ferramentas tecnológicas educativas, entre outras. Contudo, é momento

também de se enfrentar os desafios, como no caso da Supervisão Escolar, a

Integração Pedagógica.

Nesse sentido, diversas questões emergiram ao longo deste estudo

(de Agosto de 2004 até Janeiro de 2005), as quais serão retomadas a título

de recomendações e apresentação dos resultados obtidos. Isto não significa

que elas terão caráter definitivo, pois o debate continua aberto e é para

estimulá-lo que propomos as seguintes considerações.

Os resultados encontrados apontam à necessidade de lembrar que a

educação exige intencionalidade e recusa o amadorismo na prática. Mas,

que também se beneficia ao se dispor em reconstruir e abrir caminhos para

uma pedagogia mais preocupada com o ser humano, assim configuram-se

as atividades desenvolvidas pela Supervisão Escolar, enquanto profissão a

serviço da vida que promove qualidade em Educação. Afinal, não se constrói

um país sem Educação!

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Nossas pesquisas possibilitaram compreender que a implantação dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, Brasil, MEC, 1997) permitiu à

Supervisão Escolar aliar-se aos professores na aplicação e avaliação crítica

dos próprios PCN´s. Entretanto, essa dinâmica só é possível a partir do

momento que abandonamos a visão do Supervisor como um “X-9” e

entendemos que esse profissional exerce sua prática pedagógica baseada

na participação, cooperação, integração e flexibilidade. Na verdade,

reconhece-se a necessidade de que a Supervisão e a Equipe de professores

sejam parceiros, com atividades definidas e formação estimulada pela

instituição.

Abrindo parênteses, mesmo não sendo o foco desta pesquisa, cabe-

nos ainda dizer que o direito de todos à escola e o dever do Estado,

assegurados pela Constituição Federal à Educação, tem que fomentar e

dinamizar todos os que têm decência e competência política. Afinal, não

somos responsáveis apenas por nossos alunos, somos também,

politicamente responsáveis pelos que não puderam sê-lo e é nosso

compromisso profissional derrubar os muros da escola, permitindo acesso

democrático aos espaços dos saberes, e é nosso compromisso político

exigir que os órgãos competentes cumpram as Constituições, buscando

coerência entre o que é dito, o que é escrito e o que é feito de fato. Assim é

a missão da educação comprometida com o ser humano: ação pedagógica

prática, reflexiva e transformadora da realidade.

Os esforços desenvolvidos pela Direção, Supervisão Escolar e

Orientação Educacional se constituem em papéis de integração, os quais

garantem a melhoria na qualidade do processo educativo. Sua assistência e

apoio aos professores, promovendo e reforçando o nosso desafio: a ação

integrada, com capacidade criadora de condições favoráveis para o pleno

desenvolvimento das potencialidades da comunidade escolar. Para isso,

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precisa estar apoiada por atitudes, direções e objetivos comuns, a fim de

promover uma de fato educação mais integradora.

Cabe considerar a Supervisão Escolar como prática educativa, seja

através da formação específica em uma habilitação no Curso de Pedagogia,

em Cursos de Pós-Graduação ou como conjunto de conteúdos

desenvolvidos no Curso de Pedagogia, constitui-se num trabalho profissional

que tem como compromisso garantir os princípios de liberdade e

solidariedade humana, no pleno desenvolvimento do educando, no seu

preparo para o exercício da Cidadania e sua qualificação para o trabalho e,

para isso, garantir a qualidade do ensino, da educação e da formação sócio-

cultural-humanística.

Do ponto de vista da formação do profissional que irá desenvolver

atividades na área de Supervisão Escolar poderá ser feita, como assegura a

nova LDB, em Cursos de Graduação em Pedagogia ou em nível de Pós-

Graduação, a critério da instituição de ensino, desde que essa formação seja

garantida a base comum nacional – elemento unificador da profissão,

defendendo a docência como base da formação de todos os profissionais da

Educação, tese defendida por Saviani (1982).

Concluímos que as atividades desenvolvidas pelos profissionais que

atuam na Supervisão Escolar, como na gênese dessa pesquisa, dependem

tanto da sua formação acadêmica quanto da instituição de ensino em que

trabalham. Nessa linha de pensamento é fundamental pensarmos que essa

formação constitui-se com uma sólida bagagem teórica e interdisciplinar,

unidade teria-prática, gestão democrática, compromisso social e político,

trabalho coletivo e interdisciplinar, formação inicial articulada à formação

permanente.

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Em suma, através dessa pesquisa percebemos que nossa missão,

enquanto educadores, é urgente! Uma vez que se não lutarmos por nossos

direitos e de nossos alunos, pela qualidade da Educação, pelo cumprimento

da gestão governamental e tentarmos novos caminhos, a sociedade

moderna será marcada por um abismo ainda mais demarcado, de um lado a

elite dominadora / educada nas melhores escolas, e de outro lado a maioria

dominada / sem a oportunidade de escola. Há esperança? Sim, enquanto

houver profissionais comprometidos com a vida e a concretização da

Educação: dever do Estado e direito conquistado para todos.

Ao citar (para finalizar) Freire (1996, p.115), corroboro da mesma

opinião:

“Sou professor a favor da luta constante contra

qualquer forma de discriminação, contra a dominação

econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou

professor contra a ordem capitalista vigente que

inventou essa aberração: a miséria na fartura. Sou

professor a favor da esperança que me anima apesar

de tudo“.

Então, com a mesma esperança freireana, sejamos Diretores,

Supervisores Escolares, Orientadores Educacionais, Professores,

Inspetores, Pais, todos educadores, pois educar exige compreender que a

Educação é uma forma de intervenção no ser humano, na sociedade, no

país, no mundo.

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ANEXOS

Índice de anexos

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1. Quadro de Características Fundamentais das Abordagens Supervisivas;

2. Conteúdo de Revistas especializadas em Educação.

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ANEXO 1

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ANEXO 2

BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

EPÍGRAFE 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 8

SUMÁRIO 14

INTRODUÇÃO 15

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR 18

1.1 – Breve Histórico a partir de 1970 19

1.2 – As abordagens supervisivas 22

CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO PERMANENTE 26

CAPÍTULO III

A INTEGRAÇÃO PEDAGÓGICA 30

3.1 – As nossas Conquistas 31

3.2 – A questão da Integração 33

CONCLUSÃO 37

ANEXOS 42

ÍNDICE 43

BIBLIOGRAFIA 46

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FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia:

Autora: Andressa de Almeida Barroso

Data da entrega: 22/01/2005

Avaliado por: Conceito:

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CERTIFICADOS