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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A RESPONSABILIDADE CIVIL NA PROPAGANDA ENGANOSA E O DEVER DE INDENIZAR Por: Regina Célia de Farias Barros Orientador Prof. Willian Rocha Rio de Janeiro, RJ 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A RESPONSABILIDADE CIVIL NA PROPAGANDA ENGANOSA

E O DEVER DE INDENIZAR

Por: Regina Célia de Farias Barros

Orientador

Prof. Willian Rocha

Rio de Janeiro, RJ

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A Responsabilidade Civil na Publicidade Enganosa e o Dever

de Indenizar

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito do

Consumidor e Responsabilidade Civil.

Por: . Regina Célia de Farias Barros

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RESUMO

O presente estudo tem como escopo informar como a publicidade

enganosa e abusiva pode gerar prejuízos ao consumidor e como o Código do

Consumidor proíbe tal prática. A abusiva gera discriminação e violência,

desrespeitando valores ambientais e, etc. A enganosa, contém dados falsos ou

esconde informações importantes sobre o produto ou serviço.

Constatando que o consumidor poderá vir a considerar como verídicas

as informações apresentadas, caracterizado estará a publicidade enganosa.

Portanto, segundo o Código do Consumidor, os produtos ou serviços devem

informar clara e precisamente sobre: todas as suas características; prazo de

validade; composição; preço; garantia; nome do fabricante e endereço; e

possível risco ao consumidor, para que o mesmo se acautele de possíveis

enganos passados através da publicidade, que sendo detectados geram a

responsabilidade civil passível de indenização pelo fornecedor do produto.

Palavras-chave: Responsabilidade Civil, Direito do Consumidor,

Publicidade Enganosa e Abusiva, Consumidor.

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METODOLOGIA

A pesquisa teve um enfoque na legislação, doutrina e jurisprudência.

Através dos questionamentos e divergências doutrinárias e jurisprudenciais,

podemos medir a importância do tema.

O método de pesquisa foi dogmático crítico. A interpretação da

legislação aplicada ao tema sob o enfoque de Antonio Herman de Vasconcellos

e Benjamin, Claudia Lima Marques e Fabio Ulhoa Coelho, dentre outros, deu-

nos embasamento teórico para dirimir, comparar e avaliar as controvérsias que

ainda existem sobre o tema.

Doutrina - Várias pesquisas doutrinárias foram feitas, destacando Ada

Pellegrini Grinover, Adalberto Pasqualotto e outros.

Jurisprudência – A Jurisprudência comprova através de decisões de

acórdãos, a eficácia da aplicação do Código do Consumidor com decisões

favoráveis ao seu implemento nas relações de consumo.

Fontes de pesquisa de interesse jurídico – Internet, notícias de jornais,

links, etc.

Tipos de pesquisa – Pesquisa bibliográfica, livros, revistas jurídicas,

sites na internet.

Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros,

jornais, revistas, questionários. E a resposta, após coleta de dados, pesquisa

bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as

entrevistas, os questionários, etc. Contar passo a passo o processo de

produção da monografia. É importante incluir os créditos às instituições que

cederam o material ou que foi o objeto de observação e estudo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 8

CAPÍTULO II - SOCIEDADE DE CONSUMO 10

CAPÍTULO III - PUBLICIDADE 12

CAPÍTULO IV - RESPONSABILIDADE CIVIL 21

CAPÍTULO V - PUBLICIDADE EM OUTROS PAÍSES E VEÍCULOS DE

INFORMAÇÃO 27

CAPITULO VI - PROPAGANDA VEICULADA ATRAVÉS DE LIGAÇÕES

TELEFÔNICAS 30

CAPITULO VII - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 32

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 40

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INTRODUÇÃO

Uma das perguntas mais óbvias e nem por isso mais fácil de

responder, é a que se refere aos motivos que levaram o homem a consumir. A

resposta de que o faz para satisfazer suas necessidades não resolve a

questão, pois encerra outra pergunta: Quais são estas necessidades?

Todo mundo concorda que os homens trabalham para satisfazer suas

necessidades. O desacordo começa a aparecer no momento em que se

procura concretizar quais são estas necessidades. É claro que os filósofos

trataram ampla e inteligentemente desse tema ao longo dos séculos, mas com

freqüência suas elaborações serviram unicamente de base para formular

teorias, sem buscar com elas um direcionamento da ação prática.

Entretanto, ao denunciar situações reais em que certas necessidades

ficavam insatisfeitas, essas teorias se tornaram um elemento influente para

provocar mudanças na realidade. Nesse setor essencialmente prático

vislumbra-se a publicidade funcionando como um chamariz com o fito de atingir

as necessidades humanas, através daquilo que o senso comum nos diz a

propósito do tema.

Tal publicidade veiculada através de mensagens atrativas como forma

de divulgação da comercialização de produtos e serviços encontra limites no

Código de Defesa do Consumidor – CDC que adotou o termo publicidade

enquanto meio de incentivar a aquisição de produtos ou serviços; para tanto,

reconhecendo nela uma oferta, conferiu à publicidade a natureza jurídica de

declaração unilateral de vontade, pré-contratual, que vincula o fornecedor e

permite ao consumidor exigir o cumprimento do que anunciado.

Como a sociedade de consumo não existe sem a publicidade, torna-se

necessário, não só sua transmissão, como também a investigação sobre o

conteúdo transmitido e a conduta do fornecedor, diante do consumidor, para

que, além do campo ético, seja possível o controle administrativo e judicial.

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Segundo Everaldo Augusto Cambier, publicidade enganosa é uma

mensagem com informação total ou parcialmente falsa, ou que de algum

modo, induz o consumidor a erro, no que toca ao produto ou serviço

anunciado, proibido pelo Código de Defesa do Consumidor.

Impende esclarecer que o argumento do anunciante de não ter

intenção de lesar o consumidor ou induzi-lo a erro não é idôneo a elidir sua

responsabilidade. O móvel do fornecedor não interessa à caracterização da

publicidade enganosa; basta que a mensagem seja objetivamente capaz de

causar a enganosidade.

Na opinião de López, como as empresas dedicam-se à produção de

bens e serviços que satisfazem necessidades humanas, parece claro que, se

uma pessoa emprega seu esforço numa empresa, o faz para conseguir uma

parte destes bens e serviços, ou o seu equivalente em valor econômico. Se a

empresa funciona bem, será capaz de gerar suficiente valor econômico para

satisfazer os que contribuem com seu trabalho para gerá-lo.

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DA RESPONSABILIDADE CIVIL NA PUBLICIDADE

ENGANOSA E O DEVER DE INDENIZAR

CAPÍTULO I – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O inicio do processo de acumulação rápida de bens de capital com

conseqüente aumento da mecanização foi iniciado com a Revolução Industrial

com a entrada do capitalismo e a economia de mercado como sistema

econômico dominante. Até então a produção era manual e feita em duas

etapas definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo: o

artesanato e a manufatura.

O artesanato caracterizou a produção de caráter familiar na Baixa

Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, na qual o produtor

(artesão) possuía os meios de produção (era o proprietário da oficina e das

ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas

as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento

final; ou seja, não havia divisão do trabalho ou especialização para a confecção

de algum produto. Nesta época, a produção artesanal era controlada pelas

corporações de oficio, assim como o comércio era controlado pelas

associações, limitando o desenvolvimento da produção. Em algumas situações

o artesão tinha auxilio de um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o

mesmo trabalho pagando uma “taxa” pela utilização das ferramentas.

A manufatura, que predominou ao longo da Idade Moderna e na

Antiguidade Clássica, resultou da ampliação do mercado consumidor com o

desenvolvimento do comercio monetário. Nesse momento, ocorreu um

aumento na produtividade do trabalho, devido à divisão social da produção,

onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um único produto.

A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente com o

alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção a

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América e a grande característica foi a interferência do capitalista no processo

produtivo, que pessoalmente passou a comprar a matéria-prima e a determinar

o ritmo de produção.

Com o advento da Revolução Industrial e a instituição do regime

capitalista ampliou-se a necessidade de aquisição de bens de consumo e para

que isto ocorresse de forma mais célere introduziu-se a mensagem publicitária

para a divulgação dos produtos no mercado. Portanto, inseriram-se à

sociedade moderna padrões de comportamento tais que modificou toda uma

população, seus hábitos, suas idéias, seus valores exigindo um consumo cada

vez mais desenfreado incentivado pelos veículos de informação, rádio, TV e

também operadoras de telefonia.

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CAPITULO II - SOCIEDADE DE CONSUMO

Como dito anteriormente devido ao capitalismo, o cidadão transformou-

se em um consumidor desenfreado, embutido da necessidade de adquirir cada

vez mais bens de consumo: sejam aqueles indispensáveis para sua

subsistência quanto os dispensáveis e supérfluos. Contudo, para que a

sociedade possa saciar o seu desejo de compra, mister que ela tenha

conhecimento sobre quais produtos ou serviços estão no mercado a sua

disposição. No afã de obtenção destes produtos e valores que atualmente são

quase inatingíveis por grande parte da população, os consumidores como um

todo estão se deixando levar pelos anúncios e propagandas enganosas que

parecem mágicos aos olhos dos desavisados que aceitam sem pestanejar

como um chamariz que promete livrá-los da condição de consumidor impotente

e elevá-los a um mundo mágico que apenas é acessível àquelas pessoas

privilegiadas que são mais economicamente favorecidas.

Em resposta aos anseios da massa que, em sua maioria encontra-se

em situação de hipossuficiência perante o empresário, as grandes empresas,

principalmente as de comunicação, apelam desesperadamente para

estratégias de marketing, lançam mão de um ardil mascarado de promoção

para atrair os incautos a utilizar-se de seus serviços, principalmente telefônicos,

sem sequer especificar de maneira clara e precisa as condições do serviço e

veiculam publicidade enganosa ou abusiva a fim de dar vazão a produtos.

Porém, nem sempre tais produtos têm a qualidade condizente com as normas

técnicas exigidas. Por isto as operadoras de telemarketing e telefonia com o

aval das redes de telecomunicação, tal qual o radio e a TV, utilizam-se deste

expediente para incitar o povo desavisado a se atirar em aventuras fantásticas

rotuladas de promoções, com o intuito de auferir cada vez mais lucros

exorbitantes para a sua empresa em detrimento da boa-fé dos consumidores

que querem a todo custo ver seus nomes ligados a certames e prêmios como

futuros ou propensos ganhadores, com a certeza que esta será a única forma

de saírem do anonimato e da baixa condição financeira que se encontram, pois

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geralmente estes anúncios “mascarados de promoção” tem como objetivo

principal atingir a massa mais carente da população, a chamada população de

baixa renda.

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CAPITULO III - PUBLICIDADE

A tarefa de informar quais produtos ou serviços está no mercado à

disposição do consumidor é incumbida à publicidade. Entretanto, a publicidade

além de informar necessita utilizar de um alto grau de persuasão para atingir

seu objetivo final que é a aquisição de produtos pelo consumidor. Ao veicular-

se um anúncio publicitário não se espera apenas informar o consumidor, mas

sim vender o que está sendo anunciado. Toda informação através de

publicidade que é passada ao consumidor deve ser pautada dentro dos

princípios norteadores exigidos na legislação vigente, pois a despeito da

mesma não exigir que o comerciante anuncie o seu produto, quando o fizer é

necessário que o faça de forma clara e transparente para não incorrer em

publicidade enganosa induzindo o consumidor a erro, sendo, portanto passível

de ser responsabilizado pela má informação lançada ao mercado.

O empresário, no afã de atrair mais consumidores e obter um lucro

cada vez maior, passaram a socorrer-se do mercado publicitário onde através

da propaganda seus produtos eram oferecidos e obtidos com maior rapidez e

poucos deles ficariam muito tempo nas prateleiras. A par disso, o mercado não

satisfeito com a propaganda passou a utilizar de todos os modos de oferta nem

sempre veiculada de forma honesta, capaz inclusive, de induzir o usuário a

erro.

Dúvida nos assalta é até quando o marketing é aceitável na

publicidade? Desde que não viole o principio da boa-fé que deve reger todas as

relações de consumo, pois caso contrário deverá ser responsabilizado tanto o

fornecedor do serviço, quanto o responsável pela sua divulgação. O que se

depreende de uma sociedade capitalista é que é formada em sua maioria por

pessoas ávidas apenas a adquirir bens de consumo para acompanhar o

desenvolvimento que se lhes apresenta, sem a preocupação e o discernimento.

necessários para aquisição de produtos e serviços honestos e confiáveis.

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Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin explica o merchandising:

Denomina-se merchandising em técnica publicitária (...) a aparição de produtos no vídeo, no áudio ou nos outros artigos impressos, em sua situação normal de consumo, sem declaração ostensiva da marca. Portanto, a comunicação é subliminar. Como exemplo pode citar o consumo de cigarros, somente de determinada marca no filme, ou o uso exclusivo de carros da marca Ford numa determinada novela.

3.1 - Diferenças entre Propaganda e Publicidade

Vale esclarecer que os termos propaganda e publicidade não são

sinônimos. Propaganda deriva do latim propagare, que significa "reproduzir por

meio de mergulhia", ou seja, "enterrar o rebento no solo". Em outras palavras,

propagare quer dizer enterrar, mergulhar, plantar, isto é, a propagação de

princípios, teorias ou doutrinas. Propaganda tem caráter mais ideológico, sejam

tais idéias políticas, religiosas, cívicas entre outras.

O termo publicidade tem um caráter comercial, negocial. Publicidade

seria a arte de despertar no público o desejo da compra, levando-o à ação.

Assim, uma campanha governamental visando aumentar o consumo de leite

seria propaganda, enquanto que a veiculação do anúncio desta ou daquela

empresa com o mesmo conteúdo, mas com anúncio de uma marca, seria

publicidade.

Antonio Herman de Vasconcelos e Benjamin anota:

A publicidade tem um objetivo comercial (...) enquanto que a propaganda visa a um fim ideológico, religioso, filosófico, político, econômico ou social (...). A diferença essencial entre a publicidade e A PROPAGANDA BASEIA-SE NO FATO DE QUE A PRIMEIRA FAZ-SE COM A INTENSÃO DE ALCANÇAR LUCRO, ENQUANTO QUE A SEGUNDA EXCLUI quase sempre a ideia de beneficio econômico.

A publicidade tem o condão de responder e informar sobre as

necessidades do indivíduo, pois estas precisam ser atendidas. São positivas,

quando tem um caráter de utilidade no contexto social, se vierem com um

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sistema de informação adequada sobre os bens e serviços colocados à

disposição do consumidor. O aspecto negativo da publicidade só é vislumbrado

quando foge a esta finalidade quando tal publicidade é feita apenas com a

finalidade de locupletar o empresário em detrimento da fragilidade humana. Do

que se depreende é que, a publicidade repercute significativamente sobre o

emocional de seres humanos. E todas as relações existentes tanto no campo

emocional, quanto no campo empresarial necessitam ser tuteladas pelo

seguimento jurídico precisam ser pautadas com as regras traçadas pelo

ordenamento jurídico pátrio.

Segundo Nelly de Carvalho (Publicidade, A Linguagem da Sedução,

2000) “

Uma publicidade bem feita é capaz de transformar um relógio em jóia, um carro em símbolo de prestígio e um pântano em um paraíso tropica.

Por força do princípio da veracidade, decorrente da regra da boa-fé que

norteia o Código de Defesa do Consumidor, proíbe-se, no direito pátrio, três

formas de publicidade ilegal: a simulada, a enganosa e a abusiva.

Fábio Ulhoa Coelho as distingue: (A Publicidade Enganosa no CDC,

1993:

Na primeira, o caráter publicitário do anúncio é disfarçado para que o seu destinatário não perceba a intenção promocional ínsita à mensagem veiculada na segunda, o anúncio induz o consumidor em erro afirmando falsidades ou sonegando informações essenciais acerca do objeto da mensagem, E, na terceira, valores socialmente aceitos são denegridos ou deturpados com objetivos meramente comerciais.

A Coibição da Publicidade Enganosa por Comissão a repressão da

publicidade enganosa pelo CDC e conseqüência imediata do princípio da

veracidade da informação publicitária albergado nos termos do caput do art. 37

da Lei 8.078/90.

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3.2 – Publicidade Simulada

É aquela em que o conteúdo publicitário da mensagem é disfarçado

para que o consumidor não perceba o propósito mercantil do anúncio, como

ocorre com as mensagens subliminares, no caso da prestadora de serviço

telefônico quando anunciava em 2005 o programa do BIG BROTHER, o

merchandising e pretensas reportagens com fins indiretos de promover o

consumo de produtos e serviços.

Também se expressa a publicidade simulada sob a forma de patrocínio

indireto de serviço ou produto como em entrevistas e artigos em jornais e em

outros meios de comunicação que, a pretexto de ventilar novidades, se presta,

na verdade, a veicular anúncios publicitários de produtos e serviços, iludindo o

consumidor acerca do verdadeiro objetivo da reportagem, de puro

merchandising. É prática condenada pelo CDC porque oculta, e não ostensiva,

ferindo o princípio da identificabilidade.

3.3 – Publicidade Abusiva

É aquela em que incita à violência a discriminação, a exploração do

medo que corrompa a integridade infantil ou os valores ambientais, ou que

traga a ameaça à saúde e à segurança (art. 37, §2º CDC), tão somente

animada de interesses comerciais, e que termina por atentar contra valores

consagrados pela sociedade.

Anota João Batista de Almeida, em “Proteção Jurídica do Consumidor”,

que:

Não chega a ser mentirosa, mas é distorcida, desvirtuada dos padrões de publicidade escorreita e violadora de valores éticos que a sociedade deve preservar. Além disso, deturpa a vontade do consumidor, que pode, inclusive, ser induzido a comportamento prejudicial ou perigoso à sua saúde e

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segurança.

Recente publicidade esportiva apregoava a superioridade de um

produto com um filme de duvidoso gosto, quando um corredor, ao contemplar a

marca do tênis do concorrente, desiste da prova e se suicida com um tiro.

Enseja discussão a possível abusividade da mensagem.

Determinado jogo de informática para adolescentes e crianças foi

retirado do mercado por premiar os competidores que atropelavam mais

pessoas, ferindo e matando pedestres. O mesmo se diga quanto ao uso de

armas de fogo, fixadas em encartes de jornais de grande circulação. Não se

tolera a venda de amuletos, por estímulo à superstição popular. Do mesmo

modo, a veiculação de anúncios de serviços de tele-sexo, na televisão, em

horário vespertino ou noturno muito cedo, com influência nociva sobre crianças.

O apelo à discriminação racial, estética, religiosa, entre outras formas,

constitui publicidade abusiva porque agridem princípios fundamentais da

República Federativa do Brasil e preceitos constitucionais diversos, como a

dignidade da pessoa humana e a promoção do bem de todos, sem

preconceitos (art. 1o., III e IV, Constituição Federal de 1988). Proíbe-se o

emprego da expressão boa aparência para seleção de empregados. Gera

polêmica a veiculação de publicidade de cigarros, em vista da ameaça à saúde

pública, prevalecendo na doutrina a ideia de possibilidade de restrição de

horários, não de vedação, o que é mais reflexo do lobby da indústria do fumo

do que preocupação com o bem-estar da população, principalmente os jovens

(consumidores em potencial por longos anos do produto), que são estimulados

com as belas paisagens e os prazeres de consumir o produto nocivo, anúncios

claramente eivados de falsidade, desde que sobejamente conhecidos os males

causados pelo hábito de fumar.

3.4 – Publicidade Enganosa

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Quando se constata que o consumidor é induzido a considerar

verdadeira uma informação falsa. Pode ser por omissão ou comissão. Está

exemplificada no art. 37 do CDC e é aquela que, através de sua veiculação

pode induzir o consumidor em erro, por afirmar falsidades (enganosidade por

comissão) ou aquela em que se ocultam informações essenciais sobre o

produto anunciado (enganosidade por omissão).

A gravidade da publicidade enganosa repousa no fato de que, se o

consumidor tivesse conhecimento de que a mensagem era falsa, não adquiriria

o produto ou o serviço, o que, ao final, representa violência ao próprio princípio

da autonomia da vontade, desde que esta se expressa de modo viciado pela

enganosidade da mensagem publicitária.

José Geraldo Brito Filomeno, Procurador de Justiça do Estado de São

Paulo, exemplifica a enganosidade de anúncio de película de escurecimento do

interior de veículo, a ser posta nos vidros do automóvel, que, por ser proibida

pela legislação de trânsito, causava danos ao consumidor por publicidade

enganosa, o que ensejou a propositura de ação civil pública.

Já Fábio Ulhoa Coelho, aduz que:

É enganosa a publicidade capaz de induzir consumidores em erro quanto ao serviço ou produto em promoção (...) o decisivo é investigar se o conteúdo transmitido é suscetível de induzir em erro o consumidor do fornecimento em programação. Se, a partir da mensagem, se constata que ele pode ser levado a tomar por verdadeira a informação falsa, então se caracteriza a publicidade enganosa.

Vamos nos ater apenas a publicidade enganosa que é o objeto do

presente artigo.

Segundo preleciona, Claudia Lima Marques (Contratos no CDC, 1995):

A característica principal da publicidade enganosa, segundo o CDC, é ser suscetível de induzir ao erro o consumidor, mesmo

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através de suas omissões.

A interpretação dessa norma deve ser necessariamente ampla, uma

vez que o "erro" é a falsa noção da realidade, falsa noção esta potencial

formada na mente do consumidor por ação da publicidade. Parâmetro para

determinar se a publicidade é ou não enganosa deveria ser o observador

menos atento, pois este representa uma parte não negligenciável dos

consumidores e, principalmente, telespectadores.

3.4.1 - Publicidade enganosa por omissão

Uma publicidade pode ser totalmente correta e mesmo assim ser

enganosa, como por exemplo, quando omite algum dado essencial. O que fora

anunciado é verdadeiro, porém por faltar o dado essencial, torna-se enganosa

por omissão.

A publicidade enganosa por omissão se verifica quando se omitem

dados essenciais quanto à aquisição do produto ou serviço, como, nos casos

de pacote turístico, a classificação do hotel e as condições de hospedagem

(quartos individuais, ou não, com TV, frigobar, ar condicionado, telefone, ou

não). A omissão relevante é aquela que, ciente dos dados sonegados, levaria o

consumidor a não celebrar o contrato com o fornecedor.

Fábio Ulhoa Coelho consigna:

A enganosidade por omissão, nesse sentido, se caracteriza na hipótese de se revelar de tal forma importante o dado omitido que tal consumidor-padrão deixaria de concretizar o negócio se dele soubesse anteriormente.

Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamim (Código de Defesa do

Consumidor, 1991), enfatizam que:

O legislador demonstrou colossal antipatia pela publicidade enganosa (...). Esse traço patológico afeta não apenas os

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consumidores, mas também a sanidade do próprio mercado. Provoca uma distorção no processo decisório do consumidor, levando-o a adquirir produtos e serviços que, estivesse mais bem informado, possivelmente não o faria.

3.4.2. Publicidade enganosa por comissão

É aquela em que a mensagem conduz o consumidor a erro por afirmar

falsidades (enganosidade por comissão).

A publicidade enganosa por comissão se revela quando, de modo

inteira ou parcialmente falso, se induz em erro o consumidor a respeito da

natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e

quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. Assim, exempli gratia, o

anúncio de pacote para hotel cinco estrelas que, em realidade, não goza dessa

classificação, ou a promessa de suíte individual com TV, frigobar, etc., quando

não são verídicas essas comodidades. Se o consumidor adquire o aludido

pacote, seduzido pelas condições prometidas no contrato, na proposta ou no

anúncio publicitário, e a realidade da estadia é de padrão de qualidade inferior,

está-se perante a figura da publicidade enganosa por comissão. A expressão

legal “qualquer modalidade de informação ou comunicação" compreende o

veículo divulgador da publicidade (modalidade escrita, oral, visual, estética):

jornais, rádio, televisão, outdoors, cartazes, encartes e outros

A publicidade por ter grandiosa influência diante do consumidor deve

ser utilizada pelos fornecedores de forma sadia, sem infringir o contido no

artigo 37 do CDC, bem como os dispositivos presentes nos artigos 63 a 69 do

mesmo código, entre outros que disciplinam a publicidade.

Quando a informação não é veiculada de forma transparente, a

publicidade torna-se cada vez mais enganosa visando somente auferir lucros

em detrimento da passividade e desinformação do consumidor, induzindo-o ao

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erro, isto é, através de vantagens inverídicas que caso o consumidor tivesse

conhecimento talvez não adquirisse o produto, optando por outro existente no

mercado que melhor lhe aprouvesse.

A publicidade não fornece informação para um consumo consciente e

racional e sim apela para sensações e ilusões de que o consumo daquele bem

ou serviço modificara positivamente a vida do consumidor.

Novamente citando Nelly de Carvalho em seu livro, Publicidade, A

Linguagem da Sedução

Ao contrário de panorama caótico do mundo apresentado nos noticiários dos jornais, a mensagem publicitária cria e exibe um mundo perfeito e ideal, verdadeira ilha da deusa Calipso, que acolheu Ulisses em sua Odisséia – sem guerras, fome, deterioração ou subdesenvolvimento. Tudo são luzes, calor e encanto, numa beleza perfeita e não-perecível.

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CAPITULO IV - RESPONSABILIDADE CIVIL

A colocação de bens ou serviços no mercado de consumo a cargo

dos fornecedores suscita em contrapartida a relação de responsabilidade

decorrente do inadimplemento contratual. A responsabilidade civil,

principalmente na esfera consumerista deve desempenhar tanto a tarefa de

ressarcir os danos sofridos por algum lesado, quanto à de restabelecer o status

quo ante, sendo um desestímulo a futuras violações.

Considerando-se ao disposto no CDC, é dispensável que haja o

induzimento ou não do consumidor a erro, pois em se tratando de publicidade

enganosa o que se tem em conta e a potencialidade ou perigo de dano “in

abstrato” a uma coletividade de consumidores difusamente considerados.

O dever do fornecedor em indenizar independe da existência de culpa.

Basta o consumidor provar que através de uma publicidade enganosa pelo

descumprimento do estatuído no art. 37, CDC, o fornecedor cometeu ato ilícito,

configurando nesta hipótese a existência do fato e o nexo causal para obter a

indenização.

Segundo “Enrico Ferri, em sua obra, Discursos de Acusação:

Na verdade, se na dolorosa e sangrenta engrenagem do mundo moderno, não garantirmos ao povo nem um só dia de justiça contra os poderosos e os onipotentes, o que lhe restará?

Os produtos que são colocados no mercado e veiculados através da

publicidade como um chamariz para atrair os consumidores inicialmente

alcançam o seu objetivo, porém provam que mais tarde estes mesmos

consumidores desinformados sempre se socorrem do poder judiciário que cada

vez mais esta abarrotada de ações e recursos advindos do descumprimento

contratual existente entre as grandes empresas, principalmente telefonia e os

consumidores desavisados que não percebem de pronto que estão sendo

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vítima da publicidade enganosa, que da margem a responsabilização civil penal

e administrativa do fornecedor.

A jurisprudência tem se posicionado majoritariamente no sentido

de imputar a responsabilidade aos responsáveis por mensagem de

propaganda com informação total ou parcialmente falsa.

Abaixo, posicionamentos dos magistrados do STJ favoráveis no

que tange à indenização por danos moral e material:

CONSUMIDOR – PROPAGANDA ENGANOSA – CONTRATO DE

AQUISIÇÃO DE TITULOS DE CAPITALIZAÇÃO COMO SE FOSSE DE

FINANCIAMENTO – OFENSA AO PRINCIPIO DA TRANSPARENCIA -

.RESPONSABILIDADE SOLIDARIA E OBJETIVA COM A EMPRESA

VENDEDORA DOS TITULOS – INDENIZAÇÃO MORAL E MATERIAL

DEVIDAS.

I) As empresas, ao celebrar contratos com consumidor

hipossuficiente pela própria definição da lei – precisam cercar-se de uma serie

de cuidados, dando-lhe ciência de todos os termos do contrato, direitos,

deveres e conseqüências, e mais importante ainda, certificando-se, sem

sombra de dúvida que estas condições foram compreendidas e aceitas.

II) Pelo princípio da transparência é direito básico do consumidor a

informação adequada e clara sobre os serviços oferecidos, com todas as suas

especificações corretas, devidamente caracterizados, além do alerta para os

riscos que apresentam.

III) É absolutamente ilícito celebrar contrato referente à aquisição

de Títulos de Capitalização, modalidade de compra programada, onde o

subscritor se propõe a formar uma determinada economia pelo pagamento

disciplinado de mensalidades ao longo de um determinado prazo para, ao final

resgatar o capital programado, ainda com a possibilidade de ser beneficiado,

mediante sorteio, com resgate antecipado, como se fosse um Contrato de

Financiamento, onde é assegurado ao consumidor enganado promessas de

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reformas ou aquisição de imóveis ou veículos com o pagamento de pequenas

parcelas, por um período de 10 anos.

IV) Empresa de capitalização que celebra contrato com empresas de

corretagem, para a venda dos títulos de capitalização aos consumidores,

recebendo e repassando os valores das prestações, assume responsabilidade

objetiva e solidaria pelos serviços contratados, nos termos de parágrafo único

do artigo 7° do CDC.

V) Justo é o valor arbitrado que observa a proporcionalidade entre o

ato lesivo e o dano moral sofrido, tendo em conta os melhores critérios que

norteiam a fixação, decorrentes do fato, das circunstâncias que o envolveram,

das condições pessoais econômicas e financeiras dos envolvidos, do grau da

ofensa moral, da repercussão do ato, além de não se mostrar excessivo a

ponto de resultar enriquecimento sem causa do ofendido, e não ser tão

parcimoniosos a ponto de passar despercebido pelo ofensor, afetando-lhe o

patrimônio de forma moderada, mas sensível para que exerça o efeito

pedagógico esperado.

VI) Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida (Rel. Juiz

CARLOS CANEZIN, Julgado em 23 de maio de 2005).

1) Número do processo: 1.0710.03.006016-8/001(1)

Relator: DUARTE DE PAULA

Data do acordão: 13/09/2006

Data da publicação: 25/10/2006

Ementa: INDENIZAÇÃO - DANOS MATERIAIS E

MORAIS - TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO -

PROPAGANDA ENGANOSA - CODIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR - APLICABILIDADE - PRINCÍPIOS DA

TRANSPARÊNCIA E DA BOA-FÉ - PROMESSA DE

RETORNO DO NUMERÁRIO SEM NECESSIDADE DE

SORTEIO - DEVER DE INDENIZAR - VOTO VENCIDO

PARCIALMENTE.

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O princípio da transparência e da vinculação da publicidade são

norteadores de toda e qualquer propaganda, de modo que a empresa que

comercializa títulos de capitalização e veicula comercial em televisão, deve

satisfazer exatamente às expectativas despertadas no público consumidor,

devendo prestar informações claras e precisas a respeito do produto oferecido.

Configurado o dano moral, pelo aborrecimento causado à parte autora,

ludibriado em sua boa-fé, frustrada em sua expectativa de conseguir adquirir

um determinando bem com o dinheiro prometido pela propaganda e nas

informações recebidas da empresa, é cabível a indenização por danos morais.

2) APL 3418160320088190001 RJ 0341816-

03.2008.8.19.0001

Relator (a): DES. PEDRO SARAIVA ANDRADE LEMOS

Julgamento: 12/01/2011

Órgão Julgador: DECIMA CAMARA CIVEL

Publicação: 31/01/2011

Parte(s): Apdo: UNICARD BANCO MULTIPLO S A

Apte: ALEX JOSE DOS SANTOS

Ementa

AGRAVO INTERNO.

Apelação Cível. Ação indenizatória. Cartão "Mega-

Bônus". Propaganda enganosa. Indução do consumidor a

erro. Dano moral configurado. Inteligência do art. 6º,

inciso VII do CDC. Publicidade deve atender aos

princípios da transparência e da veracidade da

publicidade, insculpidos no CDC. Jurisprudência do

TJ/RJ. Manutenção da Decisão Monocrática.

DESPROVIMENTO DO RECURSO.

3) 0304285-77.2008.8.19.0001 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. PEDRO SARAIVA ANDRADE LEMOS -

Julgamento: 11/05/2011 – DECIMA CAMARA CIVEL

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APELAÇÃO CÍVEL. Cartão "Mega-Bônus". Propaganda

enganosa. Indução do consumidor a erro. Dano moral

configurado. Inteligência do art. 6º, inciso VII do CDC.

Publicidade não é obrigação do fornecedor, mas um

direito que, ao ser exercido, deve atender aos princípios

da transparência e da veracidade da publicidade,

insculpidos no CDC. Sentença que se reforma para

condenar a parte ré a reparar o dano moral sofrido pela

autora mediante indenização que fixo no valor de R$

2.000,00 (dois mil reais). Jurisprudência do TJ/RJ.

Recurso provido.

Na decisão, a seguir temos um exemplo de publicidade enganosa que

menciona uma liquidação ou rebaixa os preços inexistentes em uma rede de

lojas:

4) "Direito Constitucional, civil e processual – Código de

Defesa do Consumidor. Ação Civil pública – Propaganda

enganosa durante a campanha “Liquida Porto Alegre” de

fevereiro de 1997 – Condenação à veiculação de

contrapropaganda (art. 56, XII – CDC) e ao pagamento de

indenização ao fundo de restituição de bens lesados (art.

13 – Lei 7.347/85). Caracteriza-se propaganda enganosa

a prática, por estabelecimento comercial participante da

campanha “Liquida Porto Alegre” de fevereiro de 1997, de

veiculação de publicidade anunciando mercadorias, cujos

preços estavam iguais e, no caso de alguns produtos, até

superiores aos praticados anteriormente a referida

campanha, já que consumidores foram enganados, na

medida em que, atraídos pela grande publicidade do

evento liquidatário,, dirigiram-se ao estabelecimento,

pensando encontrar produtos a venda com preços mais

baixos, no que foram negativamente surpreendidos. Em

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assim agindo, infringiu, o estabelecimento comercial, o

Código de Defesa do Consumidor no seu art. 37 e

correlatos, sendo condenado a veicular contrapropaganda

e a pagar indenização ao fundo de restituição de bens

lesados, de acordo com o art. 13 da Lei 7.347/85.

Apelação não provida (APC 598498970, TJRS, Des.

Wellington Pacheco Barros, RJ.17.02.1999).

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CAPITULO V – PUBLICIDADE EM OUTROS PAÍSES E

VEÍCULOS DE INFORMAÇÃO

As crianças e os jovens são muito vulneráveis a publicidade, porque

não tem uma mentalidade critica, nem a capacidade de ler o verdadeiro teor

que uma determinada mensagem esta transmitindo. O publico infantil é um alvo

cobiçado pela publicidade, pois são mais facilmente atraídos pela publicidade

de determinados produtos e indiretamente vão atrair os adultos, pois ainda

estão na fase das descobertas.

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos revelou que as crianças ficam

expostas anualmente a cerca de 30 mil mensagens publicitárias veiculadas por

meio de comunicação.

Na Suécia, não há publicidade na TV para as acrianças. O que reflete

um consenso que as crianças necessitam de proteção especial. Na Austrália,

Áustria, Reino Unido, entre outros países, também restringem a publicidade

comercial destinada às crianças.

Na França, em uma pesquisa foram consultadas 289 crianças, de 5 a

11 anos, foram atribuídas duas espécies de intenção à publicidade feita em

televisão: uma intenção de assistência ou informativa (respostas do tipo “eles

dizem coisas sobre os produtos”, “serve para descrever um objeto”, “dão

idéias”, “ajuda a escolher”) e uma intenção persuasiva (respostas do tipo “é

feito para que as pessoas comprem”). A percepção da intenção persuasiva

cresce com a idade (de 52% para 68%), mas a partir daí decai (55% aos 11

anos). O crescimento da percepção da função persuasiva foi atribuído à

progressão cognitiva da criança e também ao efeito de uma experiência

cumulativa de contato com a publicidade.

A exposição das crianças aos efeitos da publicidade suscita o debate

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de questões importantes, tais como a exploração de sua natural

vulnerabilidade; o seu uso para enternecer o público adulto, especialmente os

pais e daí podem ocorrer conflitos familiares, pela frustração dos desejos

fomentados, particularmente nas famílias pobres: a conseqüência futura do

tratamento de pequenos consumidores, potenciais futuros adultos ávidos pelo

consumo desenfreado, os efeitos nocivos que alguns comestíveis

industrializados, sucedâneos de produtos naturais, podem produzir sobre a

saúde infantil; a confusão intencional entre programação e publicidade, dentre

outros.

Geralmente os veículos de informação levam ao expectador uma

mensagem publicitária com a finalidade de incentivá-lo a obter determinado

produto ou serviço, além de formar ou orientar a opinião do consumidor acerca

de uma empresa. E, ainda vale-se dos programas que detém um alto índice de

audiência para divulgar esses produtos através da veiculação da publicidade

enganosa nos intervalos destes programas, pois sabem que são destinados a

uma grande massa de expectadores/consumidores como foi e esta sendo

sempre o caso das empresas de telefonia anunciando suas promoções através

de ligações telefônicas, quer para aquisição de produtos, quer para participar

de promoções, tanto no Rádio quanto na TV.

Daí porque é necessário não só fiscalizar as empresas quanto às

ofertas como também analisar o trabalho dos responsáveis pela sua

veiculação, quais sejam os meios de comunicação, pois sem sombra de

dúvida, os apresentadores de programas, de anúncios, quer da televisão, quer

do rádio que está divulgando um produto ou serviço, como formadores de

opinião que são, detém um alto controle na difusão do consumismo, através da

publicidade por eles diretamente veiculada. E também podem ser

responsabilizados concomitantemente junto aos veículos de informação, ainda

que subjetivamente (artigo 186 do CC), pela publicidade enganosa e abusiva

causadora de danos aos consumidores, recaindo, ainda sobre eles, o ônus de

provar em juízo que não agiram com culpa ao anunciar uma publicidade

enganosa ou abusiva. O fato é que eles, aproveitando-se do carisma e da

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confiabilidade que representam para o grande público, oferecem o produto e,

vista de conseqüência cria expectativas que devem ser protegidas. Levando

em conta o baixo grau de instrução da maior parte da população brasileira,

podemos dizer que o expectador é, muitas vezes, “iludido” pelos

apresentadores e somente adquire o produto por força da influência daqueles.

Para configurar a publicidade enganosa, não se exige a intenção de

enganar do anunciante, basta somente a veiculação do anúncio enganoso.

Também convém salientar que não existe um direito adquirido de enganar, ou

seja, para eximir de sua culpa o fornecedor alegar que tal prática vem sendo

reiteradamente praticada ou que é de praxe tal anúncio. O erro neste caso é o

mesmo considerado pelo Código Civil nos artigos 136 a 141, ou seja,

declarações de vontade viciadas com erro não são plenamente eficazes. Não

precisa necessariamente induzir o consumidor a erro, basta a potencialização

da indução em erro.

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CAPÍTULO VI - PROPAGANDA VEICULADA ATRAVÉS

DE LIGAÇÕES TELEFÔNICAS

O CDC capitulou a natureza jurídica da publicidade, como oferta, como

declaração unilateral de vontade, pré-contratual, que vincula o fornecedor e

permite ao consumidor exigir o cumprimento do que anunciado, conforme art.

30, CDC.

Art. 30 – Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa

veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos

e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular

ou dela se utilizar, integra o contrato que vier a ser celebrado.

Os meios de comunicação devem ajustar a esses parâmetros

superiores, aos valores éticos e sociais da pessoa e da família (art. 221, IV,

CF/88). Assim, fica vedada a difusão de mensagens publicitárias ofensivas a

esses cânones.

Assim, sem dúvida nenhuma, o caso de um indivíduo que assiste a um

programa e é induzido em erro (art. 37, §1º, CDC), mas que não contrata ou

“utiliza o serviço” (art. 2º, CDC), mesmo assim é considerado consumidor

equiparado (parágrafo único do art. 2º e art. 29, CDC).

Quando existem propagandas que apelam para as ligações telefônicas,

por exemplo, o programa BIG BROTHER era feito desta maneira. O

merchandising e pretensas reportagens com fins indiretos de promover o

consumo de produtos e serviços, na qual a publicidade veicula uma promessa

ao despertar no consumidor interesses e desejos, incitados desta forma a

efetuar as ligações oferecidas.

Na época de tal veiculação deste e outros programas sua divulgação

era feita de forma dissimulada, através de publicidade enganosa, sem sombra

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de dúvida, pois no anúncio veiculado nos intervalos de programas de TV,

convidava os interessados a fazerem ligações para, sem, no entanto, definir

com total transparência o valor das mesmas, induzindo o consumidor a erro. A

informação sobre o custo da ligação aparecia no rodapé de forma quase

invisível, precisando quiçá de uma lupa para sua identificação.

Importante ressaltar, neste caso específico que a publicidade já se

inicia enganosa quando anuncia em letras minúsculas o valor da ligação, sem

oferecer ao consumidor a opção da veracidade da informação.

Durante muito tempo tais abusos foram cometidos, porém com a

incidência de várias ações tramitando no judiciário e a aplicabilidade da lei

consumerista, tal prática já vem diminuindo prevalecendo a hipossuficiência do

consumidor diante do fornecedor de cuja fraqueza se locupletava.

Pelo principio da informação, portanto, é ônus da Fornecedora de

serviços de telefone, levar ao conhecimento dos consumidores todas as

informações, custo das diversas ligações, enfim, tudo que possibilite a

adequada fruição dos produtos ou serviços que ofertam no mercado.

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CAPÍTULO VII - CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Com a freqüência cada vez maior da publicidade na veiculação de

produtos e serviços foi necessária a elaboração de um instrumento informador

que não deixasse os usuários ao abandono de sua própria sorte, o Código de

Defesa do Consumidor, um código disciplinador de todos os contratos que

envolvam relação de consumo.

Desta forma buscava-se a proteção do consumidor da grande oferta de

produtos colocados no mercado e da imposição das armadilhas publicitárias

por parte do empresário. Com a regulamentação dos direitos e deveres do

consumidor e fornecedor, este ao violar preceito estabelecido sobre aquele

incidirá em responsabilidade civil passível de ressarcimento ao consumidor.

Com efeito, ao consumidor se assegurou o direito à informação sobre

os produtos e serviços que adquire (artigos 6o., III, e 31, CDC), daí a

preocupação do legislador em dispor sobre a publicidade (art. 36 e seu

parágrafo único, a enganosa, na modalidade comissiva e omissiva, e sobre a

abusiva, como dispõe o art. 37, caput e § § 1º, 2°; e 3º e sobre o ônus da prova

no art. 38, todos da Lei nº. 8.078/90, abaixo:

“Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o

consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.

Parágrafo único - O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou

serviços, manterá em seu poder, para informação dos legítimos interessados,

os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1°. É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação

de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falso, ou, por qualquer outro

modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito

da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,

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preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços;

§ 2º. É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de

qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se

aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeite

valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar

de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

§ 3°. Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por

omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou

serviço.

Art. 38. “O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou

comunicação publicitária cabe a quem as patrocina”.

Segundo PASQUALLOTO:

O Enxerto publicitário tem que se apresentar expresso, direto, induvidoso como uma peça de publicidade. A ratio legis é além de proporcionara ao consumidor a imediata identificação do anuncio (art. 36, caput, CDC), permitir-lhe posicionar-se defensivamente em face do apelo que se lhe dirige. Em outros termos, não se tolera que os fornecedores logrem proveito comercial com a ignorância, com a influencia do subconsciente do consumidor; quer dizer, as técnicas de persuasão devem voltar-se para o convencimento honesto e espontâneo do destinatário da mensagem, que tem o direito de optar por adquirir, ou não, o bem de consumo, e não ser forçado a tanto.

Para proteger o interesse dos consumidores o CDC, impõe ao

fornecedor do produto ou serviço, como já assinalado, além do principio da

identificação da mensagem, art. 30, o da veracidade; art. 36; o da não

abusividade, art. 37, §2º. prevê o principio da veracidade de informação

publicitária. A doutrina explicita que o CDC se preocupou em defender o

consumidor contra o resultado lesivo causado pela publicidade enganosa, cuja

responsabilidade é objetiva, em virtude da veiculação de mensagem inteira ou

parcialmente falsa. A falsidade parcial também e vedada, a doutrina censura

as legendas com tipos minúsculos em filmes publicitários.

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Conforme suso mencionado, o artigo 37 do CDC é categórico ao proibir

a publicidade enganosa, independentemente de dolo ou culpa do fornecedor,

quando a mesma induz o consumidor a erro, a ter uma falsa noção da

realidade. Basta que a informação publicitária seja falsa ou parcialmente falsa

ao omitir dados importantes para que seja caracterizada como enganosa. Ou

seja, a responsabilização civil do fornecedor de produtos independe de

qualquer apreciação subjetiva, mesmo que ele não tenha o animus de enganar

os consumidores.

O ônus da prova da veracidade da informação refere-se à publicidade

enganosa (art. 37, p.1º), enquanto correção da informação refere-se à

publicidade abusiva (art. 37, p.2º).

Nada obsta que em um caso concreto incida a regra tipificada no art.

38, CDC, segundo o qual o ônus da prova de que a propaganda não é falsa ou

incorreta incumbe a quem a veicula, e não aos destinatários finais, o que

representa notável avanço e, ainda mais, estabelece facilitação da defesa em

juízo dos interesses dos consumidores vitimados pela mensagem publicitária

enganosa.

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CONCLUSÃO

Como é público e notório a publicidade exerce grande influência sobre

as pessoas, modificando seus pensamentos, valores e comportamentos assim

como os veículos de informação radiam e televisão. Sua difusão com o

propósito de estimular o consumo de produtos e serviços, é livre no estado

democrático, porém como meio de influenciar pensamentos, valores,

comportamentos e modificar condutas, tem que ser controlada quanto ao seu

eventual caráter abusivo, sob pena de ameaça à própria sociedade e aos

valores que são o alicerce dela, aos quais os anunciantes devem respeitar.

Tal controle coube ao Estado, pois sendo o mesmo o principal

interessado em manter um mercado de competição regulado e saudável, deve

coibir e fiscalizar com mais rigor os abusos cometidos pela publicidade,

fiscalizando os anunciantes, que devem pautar a sua mensagem pela

obediência ao Princípio da boa-fé e outros dispositivos insertos no Código de

Defesa do Consumidor (CDC), em nome da própria estabilidade jurídico-social

vigente, tutelada pela Lei Maior, sob pena de responsabilidade.

O Código de Defesa do Consumidor - CDC adotou o termo publicidade

enquanto meio de incentivar a aquisição de produtos ou serviços; para tanto,

conferiu à publicidade a natureza jurídica de declaração unilateral de vontade,

pré-contratual, que vincula o fornecedor e permite ao consumidor exigir o

cumprimento do que anunciado

Insta frisar que a publicidade dos produtos colocados no mercado de

consumo, deve ser difundida às grandes massas com probidade e seriedade,

porém a publicidade enganosa e abusiva, muitas vezes ainda é empregada por

alguns fornecedores com práticas mercantilistas com resultados enganosos,

dando ensejo aos seguintes provérbios, “comprando gato por lebre” ou

“comprando laranja podre”.

Tal prática constitui-se crime e quando identificada, as medidas

administrativas e penais devem ser tomadas, para que os direitos dos

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consumidores não sejam lesados por aqueles que buscam o lucro fácil e em

desconformidade com a lei.

Note-se que isto vem sendo corrigido paulatinamente e se adequando

a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ao direito civil em

consonância ao direito consumerista em conformidade com os princípios da

boa-fé e do interesse social, considerando-se acertada a posição que os

tribunais vêm adotando nas demandas de responsabilidade civil quanto à

publicidade enganosa nas relações de consumo, buscando apurar fatos e

circunstâncias envolvidos em eventos danosos, avaliando melhor o caso

concreto e uma solução mais justa para a lide.

Por tudo que se relatou e por qualquer ângulo que se observe,

constata-se que as ações de responsabilidade civil decorrente da publicidade

enganosa tem sido uma das maiores responsáveis pelas inúmeras que

abarrotam o Judiciário; tanto na justiça comum, como nos Juizados Especiais,

quando o fornecedor de serviços, vale-se de sua posição mais vantajosa na

relação contratual com o manifesto propósito de locupletar-se à custa do

consumidor, sabidamente o pólo mais fraco da relação.

Por conta disso, o CDC, apontando moldes de conduta para o

anunciante (lealdade, boa-fé, transparência, identificação, veracidade e

informação) albergou os princípios da Dignidade da Pessoa Humana, da Boa-

Fé, da Informação e da Transparência que devem reger as relações de

consumo. O que se pretende é que tanto a violação a estes princípios quanto

os abusos decorrentes desta violação sejam proibidos, resultando em

ressarcimento ao consumidor lesado.

Na maioria das vezes, porém o resultado dos conflitos coloca o

consumidor, em posição de desvantagem em relação ao fornecedor, cuja

condenação ainda está longe de ser adequadamente punitiva.

O que se busca com este trabalho é que as decisões judiciais ao

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condenarem o fornecedor pelos abusos cometidos reduzam de maneira eficaz

a relação custo/benefício do seu negócio para que não mais incorram em

novas práticas abusivas.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMEIDA, João Baptista de Almeida, Proteção Jurídica do Consumidor,

Saraiva, RJ, 2009

BENJAMIN, Antônio Herman, Código de Defesa do Consumidor, Forense São

Paulo, 1995

CAMBIER, Everaldo Augusto. Incorporação Imobiliária. São Paulo. Revista dos

Tribunais, 1993

CARVALHO, Nelly de Publicidade: A linguagem da sedução. 3ª. Ed. São Paulo:

Editora Ática, 2000.

COELHO, Fábio Ulhoa. A Publicidade Enganosa no Código de Defesa do

Consumidor. Rev. de Direito do Consumidor, vol.1: São Paulo. Editora Revista

dos Tribunais, 1993.

FERRI, Enrico. Discursos de Acusação. Rio de Janeiro, Editora Martin Claret,

2005.

FILOMENO, José Geraldo. Manual de direitos do consumidor. Editora Atlas,

São Paulo, 1991.

JACOBINA, Paulo Vasconcellos. A Publicidade no Direito do Consumidor

Editora Forense, 2002.

MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor

2.ed. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 1995.

--------------------------------------------, Comentários ao Código de Defesa do

Consumidor. 2. Ed. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. 2005.

PASQUALOTTO, Adalberto. Os efeitos obrigacionais da publicidade no Código

de Defesa do Consumidor. 5 ed. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais,

1997.

GRINOVER, Ada Pellegrini, BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcelos e,

FINK, Roberto, FILOMENO, José Geraldo Brito, WATANABE, Kazuo, JÚNIOR,

Nelson Néry, DENARI, Zelmo. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor

comentado pelos autores do anteprojeto. 9 a. ed, Rio de Janeiro, Forense,

2007.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

RESUMO 3

METODOLOGIA 4

SUMÁRIO 5

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 8

CAPITULO II – SOCIEDADE DE CONSUMO 10

CAPITULO III – PUBLICIDADE 12

3.1. DIFERENÇA ENTRE PROPAGANDA E PUBLICIDADE 13

3.2. PUBLICIDADE SIMULADA 15

3.3. PUBLICIDADE ABUSIVA 15

3.4. PUBLICIDADE ENGANOSA 17

3.4.1. PUBLICIDADE ENGANOSA POR OMISSÃO 18

3.4.2. PUBLICIDADE ENGANOSA POR COMISSÃO 19

CAPITULO IV – RESPONSABILIDADE CIVIL 21

CAPITULO V – PUBLICIDADE EM OUTROS PAÍSES E VEÍCULOS DE

INFORMAÇÃO 27

CAPITULO VI – PROPAGANDA VEICULADA ATRAVÉS DE LIGAÇÕES

TELEFÔNICAS 30

CAPITULO VII – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 32

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ÍNDICE 41

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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