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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E A INTERFACE COM APRENDIZAGEM ESCOLAR Por: Patricia Alves da Fonseca Orientador Prof. Marta Relvas Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E A INTERFACE COM

APRENDIZAGEM ESCOLAR

Por: Patricia Alves da Fonseca

Orientador

Prof. Marta Relvas

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E A INTERFACE COM

APRENDIZAGEM ESCOLAR

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista no Curso de Neurociência Pedagógica

Por: Patricia Alves da Fonseca

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AGRADECIMENTOS

A natureza e aos astros que me

permitem a cada novo dia despertar e

lembrar do ontem, seguir pelo hoje e

trilhar o amanhã.

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha família, e em especial

a Marcela, pela compreensão e apoio

no decorrer de mais uma caminhada.

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RESUMO

Este trabalho pretende apresentar através das pesquisas

científicas acerca de como se dá a aprendizagem e os mistérios que envolvem

o cérebro no momento da aprendizagem, e, assim, compreender os

mecanismos cerebrais responsáveis por ela .

Ressaltar a importância de uma aprendizagem significativa, levando

em consideração os processos emocionais.

A capacidade de aprender está ligada ao prazer que a conquista do

conhecimento pode proporcionar.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho é a pesquisa bibliográfica,

apoiada nos autores Marta Relvas, Lent, Le Doux, Wallon ,Vitor da Fonseca...

A leitura de livros será complementada pela de revistas e artigos.

A proposta deste trabalho tem por finalidade por em contato o leitor

com o que tem sido escrito em torno do assunto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I- Contribuições da Neurociência

Nos Processos de Ensino Aprendizagem 11

CAPÍTULO II- Educação Pelo Afeto 19

CAPÍTULO III – Aprendizagem : Em Busca de

Novas Conexões Neurais 26

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 35

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INTRODUÇÃO

O que é aprender? Aprender é um processo de aquisição de

informação e é indissociável entre razão e emoção e quando se aprende novas

conexões neurais são estabelecidas.

É nesta tríade aprendizagem, emoção e conexões neurais que

apresenta-se o tema: Aprendizagem interseção entre aprendizagem e

neurociência.

Este tema tem sido motivado de muitas pesquisas e descobertas na

área da neurociência, oferecendo um potencial para nortear as pesquisas

educacionais e sua futura aplicação em sala de aula a acerca dos processos

pelo quais aprendemos.

O aprender e o lembrar do indivíduo ocorrem no seu cérebro.

Conhecer como o cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual a

melhor maneira de ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem e a educação

estão intimamente ligadas ao desenvolvimento do cérebro, o qual é “ moldável”

aos estímulos do ambiente , os estímulos levam os neurônios a formar novas

sinapses sendo assim a aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro reage

aos estímulos do ambiente , ativando sinapses, estas se constituem em

circuitos neurais que processam as informações com capacidade de

armazenamento molecular . O cérebro armazena fatos separadamente , entre

neurônios, e que a aprendizagem se da quando associados através das

sinapses, essa associação ocorre quando novos estímulos provenientes do

meio através dos sentidos, são propagados, daí a importância do educador

saber como proporcionar esses estímulos .Então o que se fazer?

O interesse é interno e cabe o professor estimular para que de livre

espontânea vontade, por interesse próprio os alunos participem, pois quando

praticamos qualquer atividade com satisfação , prazer, temos liberação de

glutamato que através das sinapses glutamaergicas, acessa uma rede interna

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de neurônio. Deve-se estimular os alunos a desenvolver o poder de armazenar

informações através de um plano de aula que venham atender este objetivo

No capitulo 2 o tema abordado é :aprender que é indissociável da

emoção; complementando esta idéia, cito Piaget,(2001:22) “ A afetividade e a

inteligência são , portanto, indissociáveis e constituem os dois aspectos

complementares de toda conduta humana”..

Assim, a aproximação, o despertar para os vínculos afetivos é um

fator primordial e de extrema importância durante o processo de cognição..

Desta forma, então é correto afirmar que a aprendizagem está

ligada a afetividade, ambas caminham juntas, sendo importante, assim, que

sejam criados no ambiente escolar mecanismos para a afetividade e

aprendizagem ocorram e se completem , no intuito de obter um resultado

prazeroso, que é a construção de conhecimento tanto para o educando ,

quanto para o educador.

Mais do que professores bem titulados e equipamentos modernos,

as relações estabelecidas na escola necessitam de afetividade, pois

O grau de afetividade que envolve a relação do (a) professor(a) com seus pares representa o fio condutor e o suporte para aquisição do conhecimento pelo sujeito .O aluno, precisa sentir-se integralmente aceito para que alcance plenamente o desenvolvimento de seus aspectos cognitivos, afetivo, e social”(BALESTRA, 2007p50).

Complementando esta idéia é importante que haja uma relação de

diálogo e afetividade entre o ser aprendente e a escola.

No capítulo 3 procura-se demonstrar como o cérebro funciona

durante a aprendizagem, quanto mais se aprende mais conexões neurais são

realizadas.

No cérebro humano existem aproximadamente cem bilhões de

neurônios(unidade básica que processa a informação no cérebro) e, cada um

destes pode se conectar a milhares de outros,fazendo com que os sinais de

informação fluam em várias direções, as chamadas conexos neurais ou

sinapses. Os estados mentais são provenientes de atividade neural, então a

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aprendizagem é alcançada através da estimulação das conexões neurais, por

meio da plasticidade sináptica.

Este sistema possui um papel fundamental nos processos de

aprendizagem e, também, de memória. Todo este processo pode ser

fortalecido ou não, dependendo da qualidade da intervenção pedagógica

A aprendizagem e a educação estão intimamente ligadas ao

desenvolvimento do cérebro, o qual é “ moldável” aos estímulos do ambiente

.Os estímulos do ambiente levam os neurônios a formar novas sinapses.

Quanto mais se aprende mais conexões neurais são realizadas.

As células glias também tem um papel importante para aprendizagem,

sendo elas, que fornecem o arcabouço de sustentação, nutrição e metabolismo

do órgão como um todo, temos também e os neurônios ou células nervosas,

responsáveis pela transmissão e processamento das informações codificadas

através de impulsos elétricos.

As células gliais tem a ver com aprendizagem, em suas ligações

sinápticas e das possibilidades de regeneração celular, e sináptica que

constituem a plasticidade neuronal.

Quanto mais se aprendem coisas diferentes, mais se fazem

conexões neurais, no entanto, estas conexões são fixadas através das células

gliais ( colágeno) que liga um neurônio em outro.

Por fim, a escola tem um importante desafio, que é de aproveitar o

potencial de inteligência de seus alunos para conquista do sucesso de novos

conhecimentos, pois a aprendizagem envolve cérebro, corpo e sentimentos .

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CAPÍTULO I

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA NO

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Aprendemos sempre. Desde a primeira molécula, a vida só se mantém pela adaptação, pela comunicação e, claro pela aprendizagem. Essa lógica se aplica a cada célula, órgão, ser humano, grupo social ou cultura.

(LEAL,2011.p.3)

1- CONCEITO DE APRENDIZAGEM

Sendo assim o conhecimento determina em grande parte, a maneira

como o mundo é visto. Refletindo sob esta ótica é importante analisar os

vários conceitos que envolvem o processo ensino-aprendizagem, é necessário

ter-se em mente as diferentes épocas nas quais estes se desenvolveram,

como também compreender sua mudança no decorrer da história de produção

do saber do homem.

O conceito de aprendizagem emergiu das investigações empiristas em

Psicologia, ou seja, de investigações levadas a termo com base no

pressuposto de que todo conhecimento provém da experiência. Ora, se o

conhecimento provém de outrem, externo ao indivíduo, isto significa afirmar e

considerar o sujeito como uma tábula rasa, como um ser vazio, sem saberes e

com a função única de depositário de conhecimento.

Este conceito inicial é baseado no positivismo que influenciou diferentes

conhecimentos, entre eles o behaviorismo. Neste, a aprendizagem se dá pela

mudança de comportamento resultante do treino ou da experiência. E se

sustenta sobre os trabalhos dos condicionamentos respondente e,

posteriormente,operante.

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Para refutar estes conceitos que determinam o ser humano como passivo

e não produtor, surge a Gestalt, racionalista. Neste momento histórico não se

fala em aprendizagem, mas em percepção, posto que tal corrente não acredita

no conhecimento adquirido, mas defende o conhecimento como resultado de

estruturas pré-formadas, do biológico do indivíduo.

Por fim, há de se chegar à psicologia genética tendo como representantes

nomes como Piaget, Vygotsk e Wallon e que segundo Giusta , levam a uma

concepção de aprendizagem a partir do confronto e colaboração do

conhecimento destes três: empirismo, behaviorismo e gestáltico.

Atualmente, não só na área da educação mas também em outras áreas,

como a da saúde, pensa-se no indivíduo como um todo – paradigma holístico.

Parte-se de uma visão sistêmica e, portanto, amplia-se o conceito de

educação, o conceito do processo de ensino-aprendizagem.

O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente

caracterizado de formas diferentes que vão desde a ênfase no papel do

professor como transmissor de conhecimento, até as concepções atuais que

concebem o processo de ensino-aprendizagem com um todo integrado que

destaca o papel do educando.

As reflexões sobre o estado atual do processo ensino-aprendizagem

permite identificar um movimento de idéias de diferentes correntes teóricas

sobre a profundidade do binômio ensino e aprendizagem. Entre os fatores que

estão provocando esse movimento podem-se apontar as contribuições da

Psicologia atual em relação à aprendizagem, que levam todos a repensar a

prática educativa.

Apesar de tantas reflexões, a situação atual da prática educativa

das escolas ainda demonstra a massificação dos alunos com pouca ou

nenhuma capacidade de resolução de problemas e poder crítico-reflexivo, a

padronização dos mesmos em decorar os conteúdos, além da dicotomia

ensino-aprendizagem e do estabelecimento de uma hierarquia entre educador

e educando.

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A solução para tais problemas está no aprofundamento de

como os educandos aprendem e como o processo de ensinar pode conduzir à

aprendizagem.

Acrescenta-se ainda que a solução está em, a partir da teoria e colocar em

prática os conhecimentos adquiridos ao longo do tempo de forma crítica-

reflexiva: crítica e reflexiva para pensar os conceitos atuais e passados e

identificar o que há de melhor; não só para mudar como também para criar

novos conhecimentos,Fonseca complementa

Para que se repensem as ciências humanas e a possibilidade de um conhecimento científico humanizado há que se romper com a relação hierárquica entre teoria, prática e metodologia. Teoria e prática não se cristalizam, mas se redimensionam, criam e são também objetos de investigação. Nesse sentido, pesquisa é a atividade básica da ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino/aprendizagem e a atualiza”. (FONSECA,1995. p 18 )

Paulo Freire diz que daí que seja tão fundamental conhecer o

conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção

do conhecimento ainda não existente. Ensinar, aprender e pesquisar lidam

com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o que se ensina e se aprende

o conhecimento já existente e aquele em que se trabalha a produção do

conhecimento

No processo pedagógico alunos e professores são sujeitos e

devem atuar de forma consciente.

Não se trata apenas de sujeitos do processo de conhecimento e

aprendizagem, mas de seres humanos imersos numa cultura e com histórias

particulares de vida. O aluno que o professor tem à sua frente traz seus

componentes biológico, social, cultural, afetivo, lingüístico entre outros. Os

conteúdos de ensino e as atividades propostas enredam-se nessa trama de

constituição complexa do indivíduo.

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O processo de ensino-aprendizagem envolve um conteúdo que

é ao mesmo tempo produção e produto. Parte de um conhecimento que é

formal (curricular) e outro que é latente, oculto e provém dos indivíduos.

Todo ato educativo depende, em grande parte, das características,

interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, professores,

comunidades escolares e demais fatores do processo. Assim, a educação se

dá na coletividade, mas não perde de vista o indivíduo que é singular

(contextual, histórico, particular, complexo). Portanto, é preciso compreender

que o processo ensino-aprendizagem se dá na relação entre indivíduos que

possuem sua história de vida e estão inseridos em contextos de vida próprios.

Pela diversidade individual e pela potencialidade que esta pode oferecer à

produção de conhecimento, conseqüentemente ao processo de ensino e

aprendizagem, pode-se entender que há necessidade de estabelecer vínculos

significativos entre as experiências de vida dos alunos, os conteúdos

oferecidos pela escola e as exigências da sociedade, estabelecendo também

relações necessárias para compreensão da realidade social em que vive e

para mobilização em direção a novas aprendizagens com sentido concreto.

Assim sendo, conquistas culturais específicas delineiam caminhos de desenvolvimento particulares. É nesse sentido que a escola, como criação cultural das sociedades letradas, tem um papel singular na construção do desenvolvimento pleno dos membros dessas sociedades.. A escola é um lugar social em que o contato com o sistema de escrita e com a ciência como modalidade de construção de conhecimento se dá de forma sistemática e intensa potencializando os efeitos dessas outras conquistas culturais sobre os modos de pensamento. (FERREIRO, 1981, p.13).

Complementando Oliveira cada indivíduo é um contribuinte no

processo de ensinar-aprender sugerindo que se deve superar a dicotomia

transmissão x produção do saber levando a uma concepção de aprendizagem

que permite resgatar, a unidade do conhecimento, através de uma visão da

relação sujeito/objeto, em que se afirma, ao mesmo tempo, a objetividade do

mundo e a subjetividade; a realidade concreta da vida dos indivíduos, como

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fundamento para toda e qualquer investigação.

Lembrando que o processo ensino-aprendizagem ocorre a todo

momento e em qualquer lugar questiona-se então neste processo, qual o papel

da escola? Como deve esta deve ser considerada? E qual o papel do

professor?

É função da escola realizar a mediação entre o conhecimento prévio dos

alunos e o sistematizado, propiciando formas de acesso ao conhecimento

científico. Nesse sentido os alunos caminham, ao mesmo tempo, na

apropriação do conhecimento sistematizado, na capacidade de buscar e

organizar informações, no desenvolvimento de seu pensamento e na formação

de conceitos. O processo de ensino deve, pois, possibilitar a apropriação dos

conteúdos e da própria atividade de conhecer.

A escola é um palco de ações e reações, onde ocorre o saber-

fazer. É constituída por características políticas, sociais, culturais e críticas. Ela

é um sistema vivo, aberto. E como tal, deve ser considerada como em

contínuo processo de desenvolvimento influenciando e sendo influenciada pelo

ambiente, onde no qual existe um feedback dinâmico e contínuo.

É neste ambiente de produções e produto que se insere o professor, o

educador, não como um indivíduo superior, em hierarquia com o educando,

como detentor do saber-fazer, mas como igual, onde o relacionamento

entre ambos concretiza o processo de ensinar-aprender.

O papel do professor é o de dirigir e orientar a atividade mental

dos alunos, de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ativo e

autônomo. É seu dever conhecer como funciona o processo ensino-

aprendizagem para descobrir o seu papel no todo e isoladamente. Pois, além

de professor, ele será sempre ser humano, com direitos e obrigações diversas.

Pensar no educador como um ser humano é levar à sua formação o

desafio de resgatar as dimensões cultural, política, social e pedagógica, isto é,

resgatar os elementos cruciais para que se possa redimensionar suas ações

para o mundo.

Ainda no processo da história da produção do saber,

permanece na atualidade o desafio de tornar as práticas educativas mais

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condizentes com a realidade, mais humanas e, com teorias capazes de

abranger o indivíduo como um todo, promovendo o conhecimento e a

educação.sendo assim complementa Fonseca (1995.p.5 )” Aprender envolve

processos complexos e determinado número de condições e oportunidades”

1.2 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Ensinar a pescar ao invés de entregar o peixe pronto. Fazer do

caminho, e não da chegada, a razão da jornada. Aprender com os erros.

Todas essas máximas, tão embasadoras de uma nova postura diante do

mundo são, também, o ponto de partida da promoção de uma aprendizagem

significativa.

A função instrumentalizante da Educação nunca foi tão ratificada

quanto nos tempos atuais. Nunca se esteve tão diante da necessidade de

criar, construir, mudar e redimensionar quanto na era atual.

A evolução da humanidade depende diretamente da evolução de

como o mundo é visto e compreendido essa visão é essencialmente

determinada pela maneira pela qual se aprende a aprender esse mundo. A

aceleração das mudanças e das inovações trouxe um problema de natureza

essencialmente educacional:

O modelo de aprendizagem comportamental não é mais suficiente

para aprender o mundo, da forma como ele vem se apresentando de 30 anos

para cá. A razão é simples. O conceito de aprendizagem teve que se tornar

mais dinâmico e aprender passou a ser exigência instrumental, relativa e

deixou de ser capacidade determinante, absoluta e estanque. A sobrevivência

no mundo atual e no mundo que se anuncia dependerá da habilidade de saber

aprender e “desaprender” com certa desenvoltura.

As características da Educação do tempo atual, coerentes com a

formação de um cidadão futuro instrumentalizado para protagonizar o seu

tempo podem se resumir nas seguintes: autonomia, seletividade,

planejamento, interação social, coletividade, flexibilidade e criatividade. Há

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evidências de que estas são as condições básicas para se atingir o sucesso

nesse novo século.

O modelo de aprendizagem que embasa as necessidades dos dias

atuais não é mais o modelo tradicional que acredita que o aluno deve receber

informações prontas e ter,como única tarefa, repeti-las na íntegra. A promoção

da aprendizagem significativa se fundamenta num modelo dinâmico, no qual o

aluno é levado em conta, com todos os seus saberes e interconexões mentais.

A verdadeira aprendizagem se dá quando o aluno (re)constrói o conhecimento

e forma conceitos sólidos sobre o mundo, o que vai possibilitá-lo agir e reagir

diante da realidade. Acredita-se, com convicção e com o respaldo do mundo,

que não há mais espaço para a repetição automática, para a falta de

contextualização e para a aprendizagem que não seja significativa.

Fonseca(1995.p.9) “ as crianças não podem continuar a ser vítimas de

métodos por mais populares que sejam” complementando Fonseca,é preciso

que ajustar as condições internas de aprendizagem ,ao sistema de ensino , ou

seja, aos processos de transmissão cultural .toda aprendizagem parte de um

significado contextual e emocional.

O professor deve construir um sentido real e concreto com relação

ao conteúdo apresentado. Essa necessidade decorre de uma característica

fundamental do cérebro humano que é a totalização. Cito Lima

Para o ensino na escola, levar em considerações o desenvolvimento do cérebro não é uma opção teórica , mas uma necessidade , pois a aprendizagem dos conhecimentos escolares ocorrem em função do desenvolvimento e funcionamento do cérebro.(LIMA.2007.p 9)

O cérebro percebe primeiro a forma global, o contexto total do

objeto. Dessa forma, não há aprendizagem significativa se não houver

construção de sentido. A primeira preocupação do professor há de ser a de

levar o aluno a construir o sentido do objeto no contexto de seu mundo.

Por fim, toda aprendizagem só é, de fato, significativa caso se insira

de forma ativa na realidade. Intervir no real é o fim último da aprendizagem. A

condução dessa fase passa pela atitude do professor no sentido de levar o

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aluno a simular sua ação num contexto real. Apresentar projetos, desenvolver

novas idéias, resolver problemas, aplicar o conceito em sua vida prática são

exemplos de atividades que se adequam à fase do “transformar”.

Pain(2000: p24) posiciona-se sobre o papel do educador

(.....) a tarefa que damos à criança não é para ensinar-lhes coisa alguma porque, verdareiramente , nada ensinamos.Nem a fazer contas, nem a escrever . o que buscamos é desenvolver-lhes o interesse de aprender, o interesse por si mesma, o interesse de poder ser sujeito de uma ação inteligente.

Poder-se-ia complementar, dizendo que o desejo do saber é uma

característica presente no ser humano , a qual pode ter se esvaído , e que é

possível de ser resgatada .

Para vencer o desafio de promover a aprendizagem significativa o

professor precisa acreditar que não é ele sozinho o único responsável pela

aprendizagem, e que o aluno é co-responsável, e que nem sempre o conteúdo

precisa estar todo organizado para que seu aluno aprenda , é preciso confiar

na capacidade do aluno de organizar a sua própria aprendizagem.

A neurociência já nos comprova que o cérebro aprende também de

forma desorganizada. É preciso facilitar essa ação do cérebro, desafiando-o a

fazer novas ligações sinápticas. O principal papel do cérebro não é guardar

informações, mas, sim criar novas relações. A partir da mudança dessa

crença, o professor vai compreender que seu principal papel não é dar aulas,

mas sim provocar aprendizagem.

Esses são alguns desafios que a escola deverá enfrentar com a sua

função de transmissora de saber e do conhecer.

Como afirma Freud em o mal- estar na civilização(1930).” A

felicidade é o desejo último de cada ser humano”.

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CAPITULO 2

EDUCAÇÃO PELO AFETO

Diferentemente dos outros animais, o filhote humano, que, ao

nascer é tão desprotegido de recursos para sobreviver por si só, revela,

durante seu crescimento, interessantes aparatos neuropsicosociais que lhe

permitem dominar com inegável competência de base neural, variáveis de

autocontrole nas áreas tanto cognitiva quanto afetiva, o que tem grande

importância na prática educacional e especificamente no diagnóstico e

intervenção psicopedagógicos.

Entre muitos pesquisadores da atualidade, médicos e

neurocientistas realizam importantes trabalhos em que apontam os

componentes biológicos da aprendizagem e da expressão emocional;

descrevem com sucesso as funções e integrações entre várias estruturas

cerebrais, como, por exemplo, a do sistema límbico (o também denominado

“cérebro emocional”) com o córtex frontal, região nobre do cérebro humano

envolvida na razão, planejamento, pensamento abstrato e outras funções

cognitivas complexas, além da função motora.

Descobertas recentes como as do Dr. Joseph Le Doux aperfeiçoam

o conceito de que as estruturas centrais do sistema límbico, como da amígdala

, estão diretamente envolvidas na produção das emoções , promovendo

ligações entre circuitos cerebrais de várias regiões do cérebro.As estruturas

límbicas são responsáveis por grande parte da aprendizagem e da memória do

cérebro ; a amígdala é especializada em questões emocionais,

O sistema límbico responde pelos componentes instintivos, pelas

emoções e pelos impulsos básicos, como ira, prazer e sobrevivência. Forma

um elo entre os centros de consciência superiores no córtex cerebral e o

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tronco encefálico que regula os sistemas corporais.Podemos afirmar que o

sistema límbico é um grupo de estruturas que inclui: hipotálamo, tálamo,

hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cíngulo. Todas essas áreas são

fundamentais para a emoção e as reações emocionais, sem esquecer que o

hipocampo também é importante para a memória e o aprendizado; LeDoux

considera que as emoções são funções biológicas do sistema nervoso e afirma

que saber como as emoções são representadas no cérebro pode ajudar-nos a

entendê-las.

Como observa Aristóteles, o problema não está na emocionalidade ,

mas na adequação da emoção e sua manifestação. Complementando o

pensamento de Aristóteles, a figura do professor é bastante significativa ,já que

toda aprendizagem é facilitada quando vem acompanhada de emoção , pois

ativa o sistema límbico,liberando neurotransmissores, fazendo com que os

circuitos cerebrais fiquem mais rápidos, facilitando a armazenagem de

informações , ou seja, uma manifestação da emoção depende do convívio

com o outro , da interação do indivíduo com o mundo. É preciso que haja um

vínculo afetivo entre todos os que estão envolvidos no processo de

aprendizagem , isto é,aluno- professor , para que o aprendizado se dê forma

satisfatória e seja prazeroso.

Quando se fala em afetividade na educação, contrariamente ao

senso comum, não se está querendo que os ensinantes saiam aos beijos e

abraços com seus alunos. Podem até acontecer essas manifestações, porém,

é bom lembrar que nem sempre os professores amam todos seus alunos, o

que é bem compreensível. Contudo, respeito e atenção são formas de

afetividade, estágio projetivo, em que a criança consegue entender como

afetivo o fato de ser respeitada em sua individualidade.

Outras pesquisas mostram, que se interrompidas conexões entre o

“cérebro emocional” e o córtex frontal, devido a situações de perigo que gerem

medo, o pensamento e a ação do indivíduo são descontinuados para priorizar

o surgimento de uma reação corporal indispensável à sobrevivência.

Pode-se perguntar se há uma relação entre a situação de um aluno

em sala de aula e esse rompimento entre as duas funções cerebrais, causada

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pelo medo? o medo é uma das seis emoções primárias ou universais

(alegria,tristeza,medo,cólera,surpresa e aversão), surge, não apenas quando

nos sentimos fisicamente ameaçados, mas quando nossa situação de

conforto, bem estar, segurança afetiva e social podem estar em risco, como no

caso de crianças com baixa autoestima, com dificuldades de aprendizagem,

com conflitos afetivos, que sofrem violências físicas e emocionais de toda

ordem, atravessam um período de luto, etc.

Nesses contextos, é de se esperar que as emoções tenham um

papel decisivo na educação formal, na capacidade de manter a atenção e de

aprender. Tanto o comportamento social quanto o desempenho escolar podem

ser prejudicados pelos problemas afetivos, apesar de não haver uma perda

nos aspectos cognitivos.

Os professores e os psicopedagogos podem utilizar-se dos

conhecimentos da neurociência, deles extraindo o respaldo para estabelecer

novas estratégias de conduta profissional que lhes permitam alcançar o

sucesso em seu trabalho. Assim, estarão aptos a promover uma condição

facilitadora da aprendizagem de todos os alunos, reconhece que o cérebro

humano é a sede da emoção e da razão.

Estudando a emoção através do cérebro, ampliamos enormemente as oportunidades de novas descobertas, muito superiores àquelas que podem ser realizadas pela experiência psicológica apenas.(LE DOUX 2001, p 25)

Estudos da neurociência também revelam que as emoções estão

presentes nos diversos tipos de aprendizagem, pois só se aprende com a

formação de novas memórias que, por sua vez, são moldadas pela emoção.

(Wallon,1986.p15 ),complementa “Isto quer dizer que as informações, imagens

e experiências são construídas e modificadas pelas emoções que

acompanham os processos de percepção”

Assim, toda ação de ensino deve considerar as emoções, tanto de

quem ensina, como de quem aprende; elas são constitutivas da interação

humana que se estabelece na vida escolar, bem como dos processos

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cerebrais envolvidos no ensino e na aprendizagem, “A emoção é um veículo

para o afeto”.(Wallon, 1986.p50 ).

Antonio Damasio vem completar esta afirmativa quando, em seu

livro “O Erro de Descartes” e muda o paradigma de “Penso, logo,existo” para

“Existo e Sinto, logo Penso”. Para Descartes, a ênfase era colocada na pessoa

racional e Damasio traz outra concepção:em primeiro lugar, é preciso existir

(num corpo biológico); em segundo, é preciso sentir e, em terceiro, então, é

possível pensar. Finalmente, chega-se à síntese da Pessoa Completa e Inteira.

Corpo, Emoção e Razão são inseparáveis: uma unidade indivisível e, sendo

assim, a emoção é responsável pelos comportamentos apresentados para

preservar o ser humano; uma das suas funções é a avaliação da situação

para chegar à decisão de qual o comportamento a ser adotado , “As emoções

são responsáveis para a racionalidade” (Relvas , 2010p 128).

As emoções estão presentes nos diversos tipos de aprendizagem ,

pois só se aprende com novas memórias e os processos da memória , por sua

vez, são moldados pela emoção . Isto quer dizer que as informações, imagens

e experiências são constituídas e modificadas pelas emoções que

acompanham os processos de percepção. Assim, toda ação de ensino deve

considerar as emoções de quem ensina e de quem aprende , pois elas são

constituídas da interação humana que se estabelece na vida escolar , bem

como são constitutivas dos processos cerebrais envolvidos no ensino e na

aprendizagem,

WALLON, (1986. P 24) com esta citação reforça a idéia de que

emoção existe nas relações

As emoções criam público ao mesmo tempo em que criam um consentimento geral que escapa ao controle individual. Às vezes, elas têm efeitos instantâneos e totalitários que desorientam a reflexão. Seu terreno propício são as situações em que existem relações organizadas, técnicas e conceituais entre as pessoas.

Toda situação de ensino e aprendizagem é pautada por inúmeras

tomadas de decisão , tanto para o aluno como o professor . Na escola, o

processo de tomar decisões está evidenciado no planejamento, que é

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realizado do ponto de vista, principalmente , do conhecimento .É interessante

observar que, na educação, é comum a crença de que o professor é quem

decide , exclusivamente .No entanto , não é bem assim, na realidade do

processo educativo.De fato , o professor decide o que vai ensinar , como vai

ensinar , mas o aluno, também ,decide se quer aprender ou não, se vai ou não

prestar atenção, se vai ou não fazer a lição de casa. É preciso que o professor

redimensione sua didática, para que não haja desmotivação de seus alunos .

É importante observar que esses processos não são meramente ,

psicológicos.

LE DOUX(2001.p35) complementa

A investigação psicológica tem sido extremamente valiosa, mas o enfoque que considera as emoções como uma função do cérebro é bem mais eficaz... O cérebro constitui uma fonte inestimável de variáveis passíveis de manipulação. as reações emocionais são produzidas de maneira inconsciente e que Freud acertou em cheio ao descrever a consciência como a ponto do iceberg mental.

Portanto, estes processos são também físico-químicos.Ou seja,

existe uma dinâmica de liberação de substâncias químicas(neurotrasmissores)

e troca entre neurônios , que são subjacentes aos comportamentos que

observamos , e dos processos internos que não são , diretamente,

observáveis. Isto significa que o professor não tem total controle do

comportamento dos alunos.

Na perspectiva Walloniana, sem o vínculo afetivo não há

aprendizagem, já que aprender é um investimento que o sujeito empreende e o

sujeito aprendiz surge a partir da qualidade e do clima emocional que

estabelece com seus educadores. Dito por Dantas de outra forma: “Isto

significa que a afetividade depende, para evoluir, de conquistas realizadas no

plano da inteligência e vice-versa” (1992, pg. 90).

Pensando em como a emoção é fundamental para as relações

de aprendizagem, as escolas devem se tornar locais de produção do

conhecimento crítico e da ação sócio-política.Mais do que em qualquer outra

época da história mundial, as práticas escolares precisam enfocar as

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condições objetivas, materiais dos locais de trabalho e das relações de

trabalho dentro do capitalismo global.

As escolas devem prover os alunos de uma linguagem crítica de

esperança, a qual será usada para preparar os estudantes para esclarecer

claramente a relação entre sonhos, desejos particulares e os sonhos coletivos.

.Para tanto, devem eles ser capazes de analisar as condições sociais e

materiais que criam os sonhos , realizando-os, diminuindo-os ou destruindo-os.

O conhecimento entendido como um processo de construção que

implica transformação pessoal, não podemos pensar em conhecimento como

algo separado da construção do sujeito e da realidade. A epistemologia que

acompanha o novo sistema científico deixa de ser “coisista” (Bachelard, 1985)

deixa de ser dualista, fragmentária e substancial para tornar-se processo,

interação, construção. Piaget surge, portanto, num momento muito importante

de virada nesta estrada científica.. As escolas precisam criar “ formações de

afeto”, Piaget(,1983.p48) diz:

A relação sujeito/objeto do conhecimento não se dá de mão única: de dentro para fora ou de fora para dentro, mas na dialética da ação/ interação entre sujeito e objeto, relação na qual ambos se transformam.

Piaget ao elaborar a Epistemologia Genética (1983) foi genial ao

perceber profundamente a necessidade de uma nova postura epistemológica

que acompanhasse a construção de um novo paradigma , mas, centrou-se a

um formalismo que o levava a colocar demasiada ênfase no pensamento

lógico.Outros estudiosos do desenvolvimento trabalharam de forma profunda

esta interface entre sujeito e o objeto no bojo da construção de sujeito e de

conhecimento. Aparece como marco fundamental os trabalhos da nova

biologia , principalmente as pesquisas de Francisco Varela e Maturana , eles

mostram as imbricações profunda entre ser e conhecer e entre os humanos

uns com os outros nas relações de afeto que seriam constituintes de

conhecimento e de ser humano. Varela (1993, p85), completa “ a competência

pessoal esta profundamente imbricada com a competência sócio/afetiva”.

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A ênfase da escola será, pois, centrada no aprender a aprender e

será proporcionada uma abertura a novos conceitos, com a participação ativa

do discente.

Cabe, então, à educação criar situações para que os fenômenos do

dia-a-dia entrem na esfera do conhecido, para que o aprendiz consiga melhor

refletir para poder transformar positivamente a sua realidade. A melhoria do

mundo depende das conexões existentes entre o mundo interior, das conexões

entre o local e o global, entre o indivíduo e o coletivo

O professor precisará estar atento ao que planeja para que o

cérebro das crianças, adolescentes e adultos aprenda bem, sendo

corretamente estimulado e aproveitado.

É preciso levar em consideração as contribuições da neurociência,

pois demonstram como o cérebro humano aprende e guarda esse

aprendizado.Entender como se passa a emoção em áreas específicas no

encéfalo, destacando-se o hipocampo, a área pré- frontal e o sistema límbico,

vai facilitar aos professores a organização de suas atividades pedagógicas,

promovendo o aprofundamento dos conceitos e o desenvolvimento de

pensamentos mais abrangentes e complexos do cérebro , a fim de saber

provocar e aplicar diferentes estímulos.

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CAPITULO 3

APRENDIZAGEM: EM BUSCA DE NOVAS CONEXÕES

Através da História, vários pesquisadores se perguntaram como o

homem aprendia e como o cérebro funcionava para aprender. Para Aristóteles,

o cérebro só servia para resfriar o sangue. Os egípcios guardavam as vísceras

em vasos e jogavam o cérebro fora, pois achavam que não tinha utilidade. Os

assírios acreditavam que o centro do pensamento estava no fígado. Então,

Hipócrates demonstrou que o cérebro se dividia em dois hemisférios e que

neles estavam todas as funções biológicas e da mente. Surgia, assim, a

Medicina Moderna.

Mais tarde, com os experimentos de Luria e outros, chegou-se ao

Paradigma do Cérebro em Ação. O ponto se encontra no fato de que, antes, os

dois – Homem e Cérebro – estariam dissociados e, agora, não mais: integram-

se dinamicamente, constituindo o sistema funcional do ser Humano em ação

para aprender, interagir e se relacionar.

O comportamento humano é resultado do funcionamento do

cérebro. Esse funcionamento depende da organização cerebral, determinada

por fatores genéticos e ambientais e estímulos aos quais a criança está

exposta, vindos dos educadores, família e comunidade onde está inserida. É

importante que o professor tome conhecimento do funcionamento cerebral,

pois pode ressignificar sua prática docente ,adotando uma didática que

caminhe na forma sensório-motora ao funcionamento operatório formal.

(Soares, 2003)

Se o professor tiver conhecimento da modalidade de aprendizagem

do seu aluno, poderá transformar- se em um facilitador do processo ensino –

aprendizagem,ao perceber que cada um é um, com o seu próprio tempo

lógico e psicológico e cada um tem uma maneira específica de lidar com o

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conhecimento. Respeitar este tempo para o ato de aprender é preservar o

cérebro de uma possível sobrecarga.

Proporcionar uma aula trabalhando com as crianças os quatro níveis

de aprendizagem: Organismo – Corpo - Desejo - Inteligência ( Fernàndez,

1991) permeados pelos princípios ligados ao ato de aprender: Atividade –

Criatividade – Autoridade – Liberdade (Borges, 1994) com certeza favorecerá

uma atuação preventiva, de forma a que não surjam nas crianças os

problemas de aprendizagem em função do desconhecimento da relação que

há entre cérebro e as formas pelas quais o homem aprende.

O cérebro é constituído de vários circuitos neuronais, denominados

sistemas funcionais, especializados em funções diversas, como: sensibilidade,

motricidade, percepção, visio-construção, memória, linguagem, pensamento,

raciocínio lógico-matemático, atenção, emoção, entre outras. Atua como um

todo interligado, é receptor, coordenador e processador de todos os estímulos

do ambiente, através do Sistema Nervoso.

Do Sistema Nervoso Central humano se ramificam cerca de 43

pares de nervos, sendo 12 a partir do encéfalo, que pesa em torno de 1,4 kg

em adultos e apresenta mais de 100 bilhões de células nervosas,

denominadas neurônios; tais células são excitáveis e, quando estimuladas,

sofrem alterações químicas que produzem minúsculas ondas elétricas

viajantes. Estes impulsos nervosos, ou potenciais de ação,

transmitem/transportam as informações com a intensidade de 100 milivolts (0,1

volt) em 01 milissegundo (1/1000 s) de duração (Moore, 2004; Lent, 2002).

Essas ações e reações neurais dependem da sua posição no

encéfalo e da freqüência, isto é, dependerá de haver um impulso em cada

alguns segundos ou até várias centenas por segundo. Nesse processo,

quando um neurônio recebe impulso de outro, este dispara o seu impulso para

o próximo, por meio de ondas iônicas eletricamente carregadas; esses saltos

no impulso nervoso são denominados sinapses. A comunicação entre

neurônios, para transmissão do impulso nervoso, depende de substâncias

químicas, os neurotransmissores. O conjunto de vários neurônios

interconectados é denominado circuito neuronal ou neural.

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A aprendizagem se dá no sistema nervoso central. Toda

aprendizagem requer nova conexão do neurônio.” A aprendizagem é uma

modificação biológica na comunicação entre neurônios, formando uma rede de

interligações, que podem ser evocados e retomadas com relativa facilidade e

rapidez”( Lent, 2001 p13,).

E o que se entende por aprendizagem? Aprendizagem, nada mais é

do que esse maravilhoso e complexo processo pelo qual o cérebro reage aos

estímulos do ambiente, ativa essas sinapses (ligações entre os neurônios por

onde passam os estímulos), tornando-as mais “intensas”. A cada estímulo

novo, a cada repetição de um comportamento que se deseja que seja

consolidado, tem-se circuitos que processam as informações, que deverão ser,

então, consolidadas.

O cérebro é matricial nesse processo do aprender. Suas regiões,

lobos, sulcos, reentrâncias têm sua função e real importância num trabalho em

conjunto, onde cada um precisa e interage com o outro.

A aprendizagem é, portanto , uma função do cérebro.Não há uma região especificas do cérebro que seja exclusivamente responsável pela aprendizagem .O cérebro é, no seu todo funcional e estrutural, responsável pela aprendizagem.A aprendizagem é uma resultante de complexas operações neurofisiológicas. .(FONSECA,1995.p128)

É importante que o professor conheça em que parte do cérebro o

aprender tem a sua sede, para que possa estimular adequadamente os alunos,

conhecer o papel do hipocampo na consolidação das memórias, a importância

do sistema límbico, responsável pelas emoções, desvendar os mistérios que

envolvem a região frontal, sede da cognição, linguagem e escrita,poder

entender os mecanismos atencionais e comportamentais de crianças com

TDAH.

O lobo frontal é hoje fundamental na educação, assim como

compreender as vias e rotas que norteiam a leitura e escrita (regidas,

inicialmente, pela região visual mais especifica, parietal, que reconhece as

formas visuais das letras).

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É preciso penetrar nos mistérios da região temporal, relacionada á

percepção e identificações dos sons, não esquecendo a occipital,que tem

como uma de suas funções coordenar e reconhecer os objetos, assim como o

reconhecimento da palavra escrita. Assim, cada órgão se conecta e se interliga

nesse trabalho, em que cada estrutura, com seus neurônios específicos e

especializados, desempenham um papel importantíssimo nesse aprender.

Desta forma, pode-se compreender que o uso de estratégias

adequadas, em um processo de ensino dinâmico e prazeroso, provocará,

conseqüentemente, alterações na quantidade e qualidade destas conexões

sinápticas, afetando assim o funcionamento cerebral, de forma positiva e

permanente, com resultados extremamente satisfatórios. .

Desta forma, o grande desafio dos educadores é viabilizar uma aula

que' facilite' esse disparo neural, as sinapses e o funcionamento desses

sistemas.

Princípios de aprendizagem começam a aflorar das descobertas

recentes da neurociência, a fim de refletir sobre as várias maneiras que o

cérebro pode apresentar e realizar tarefas. Tais princípios podem inspirar

práticas escolares mais efetivas e também uma nova pedagogia para o Século

XXI.

Estes princípios podem ajudar ao professor a uma organização de

seu trabalho pedagógico, tendo em mente que cada cérebro é único e as

pessoas aprendem diferentemente. Cada ser humano possui um cérebro

único: não existe outro igual. É um órgão distinto que, em cada indivíduo,

resulta da interação dinâmica entre natureza (genética) e ambiente

(estimulação). Ambos os hemisférios, esquerdo e direito, estão envolvidos em

praticamente todas as atividades humanas.

A pessoa usa o cérebro inteiro para existir e funcionar.

As pessoas aprendem de formas diferentes. Um único método não

serve para todos. É preciso variar as estratégias de ensinar, desenvolver um

ensino diversificado e diferenciado capaz de identificar, respeitar e aproveitar o

potencial de cada aluno, a aprendizagem é também fisiológica, realizada pelo

corpo-mente.Os movimentos aumentam os batimentos cardíacos, o fluxo

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sanguíneo, o oxigênio que chega ao cérebro, além de melhorarem a qualidade

do seu funcionamento. Estimulam a liberação de neurotransmissores

(adrenalina e endorfina) que expandem os níveis de energia da pessoa.

Durante os exercícios, há produção de dopamina, que funciona orquestrando a

atividade do córtex frontal, sendo, portanto, fundamental na solução de

problemas, tomada de decisões e desenvolvimento de outras capacidades de

raciocínio. A atividade física pode melhorar o desempenho acadêmico. A

aprendizagem ativa tem vantagens reais sobre a aprendizagem sedentária: é

mais duradoura, mais facilmente lembrada, mais divertida, mais ajustada à

idade e alcança vários tipos de aprendizes.

Para energizar a classe, sugere-se estimular o uso do corpo para

aprender, fazendo dramatizações , desempenhando papéis e realizando

outras atividades que resgatem e ativem o corpo , Froid diz que a

aprendizagem é impulsionada por sentimentos e razão. RELVAS(2010p.125,)

complementa

Para enfrentarmos o mundo da informação, não basta, simplesmente, encará-lo com a razão.O melhor caminho para as convivências sociais do mundo atual é unir razão e emoção para que se construa o alicerce necessário a construção do conhecimento e da aprendizagem.

No cérebro, o sistema límbico regula as emoções, sendo tão

poderoso que pode anular tanto os pensamentos racionais como as respostas

vitais. A amígdala, centro do sistema límbico, é responsável por qualquer

resposta emocional. .Há uma ligação entre cérebro racional e cérebro

emocional.

Os professores precisam entender que os sentimentos impulsionam a

aprendizagem, positiva ou negativamente. Devem compreender que o ser

humano é um ser emocional e que pensa; aprender a ler e a entender as

emoções (alegria, tristeza, nojo, surpresa, raiva, medo) de seus alunos e,

principalmente, a lidar adequada e competentemente com elas e, para

finalizar, entender que o cérebro é um órgão social, que se desenvolve melhor

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em interação com outros cérebros; sendo assim, é preciso haver uma

aprendizagem cooperativa.

Esta é uma valiosa contribuição da neurociência para o campo

educacional, professores atentos vão contribuir para que seus alunos sejam

vistos como seres sociais.LIMA(,2007.p6,) complementa

É de interesse do professor saber como transformamos informações em novas memórias, nos apropriando do sistema simbólicos e construindo conceitos complexos das várias áreas do conhecimento.

Professores que transformam vão possibilitar que seus alunos

construam conhecimento através do diálogo com colegas e adultos e neste

contexto social, desenvolver competências e valores essenciais para viver na

família, na sociedade e, futuramente, no exigente mundo do trabalho.

(LENT 2001.p7,), acrescenta que temos aéreas diferentes para

perceber o mundo que nos cerca .

temos cerca de 100 bilhões de neurônio, cada um deles passível de fazer centenas de conexões com outros neurônios.Temos várias aéreas no cérebro, cujos neurônios são destinados a processar coisas específicas.Por exemplo temos aérea para visão, área para audição, área para o olfato, área para o paladar e aérea para o tato.

Quando o professor tem acesso a conhecimentos sobre

desenvolvimento humano, pode ajustar , adaptar ou criar suas formas de

ensinar, bem como de propor atividades que o aluno precisa de fato realizar

para se apropriar do conhecimento. Os conhecimentos sobre o cérebro podem

colaborar para uma didática alinhada com processos mentais em cada período

do conhecimento.

É fundamental que educadores conheçam as estruturas cerebrais como interfaces da aprendizagem e que sejam sempre um campo a ser explorado.Para isso, os estudos da biologia cerebral vêm contribuindo para a práxis em sala de aula , na compreensão das dimensões cognitivas, motoras, afetivas e sociais no redimensionamento do sujeito aprendente

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e suas formas de interferir nos ambientes pelos quais perpassam.” (RELVAS, 2010.p34.)

Quando se aprende algo, o cérebro se modifica; tanto a substância

cinzenta quanto a branca aumentam quando adquirimos conhecimentos. O

aprendizado, antes de mais nada, baseia-se em uma alteração da

comunicação entre as células do cérebro. Assim, é bastante plausível que a

substância branca também se modifique quando aprendemos algo novo.

Alterações na massa cinzenta se dão quando surgem novos corpos

celulares ou quando células cerebrais já existentes criam sinapses que

possibilitam o processamento de informação de maneira diferenciada.

Adequação da massa branca, portanto, indica melhor transmissão de

informações, enquanto diferenças na estrutura cinzenta dizem respeito ao

processamento de dados.

A plasticidade cerebral também permite que áreas do cérebro

destinadas a uma função específica possam assumir outras funções.Áreas

cerebrais desenvolvidas por meio de um tipo de atividade podem ser

“aproveitadas” para aprender outros conhecimentos ou desenvolver áreas

relativas a outro tipo de atividade .

Conforme explicitado anteriormente, o cérebro humano dispõe de

cerca de 100 bilhões de neurônios, sendo que cada um pode chegar a

estabelecer cerca de alguns milhares de sinapses. Dessa forma, a capacidade

de aprender é muito ampla.

O fracasso e insucesso escolar são vistos , hoje, sob um novo olhar,

já que uma nova e fascinante gama de informações e conhecimentos está á

disposição do educador moderno.

Graças á neurociência da aprendizagem, os transtornos

comportamentais e da aprendizagem passaram a ser mais facilmente

compreendidos pelos educadores, que aliados à neurociência, tem subsídios

para a elaboração de estratégias mais adequadas a cada caso. Um professor

qualificado e capacitado, um método de ensino adequado e uma família

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facilitadora dessa aprendizagem são fatores fundamentais para que todo esse

conhecimento seja efetivo, interagindo com as características do cérebro de

nosso aluno. Esta nova base de conhecimentos habilita o educador a ampliar

ainda mais as suas atividades educacionais, abrindo uma nova estrada no

campo do aprendizado e da transmissão do saber.

A aproximação entre neurociência e pedagogia pode reverter em

melhoria da qualidade de ensino para milhares de estudantes

Assim Complementa Elvira

Elvira perguntou a um aluno da Amazônia, de cor era árvore.

”depende”, respondeu ele. Depende da árvore, do tipo, da hora do dia e de

como a luz incide sobre ela.

Parece banal, mas é fundamental que o professor compreenda

como o cérebro da criança funciona para ajudá-la a aprender. Caso contrário ,

o professor vai dizer que a árvore é verde e o aluno apenas vai decorar a

resposta , sem que isso faça sentido para ele.

O aprendizado é um processo único, é fundamental valorizar as

experiências dos alunos.

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CONCLUSÃO

Diante dos assuntos abordados no presente trabalho, é possível ter

uma visão ampliada sobre os processos de ensino-aprendizagem.

Não basta entender como se aprende, é preciso se ter uma visão da

melhor forma de ensinar. Há décadas, a psicologia, amparada pela

neurociência, defende que, quando um aluno que se sente efetivamente

protegido e é desafiado a aprender , ocorrem mudanças físicas e químicas em

seu cérebro, o que facilita o acolhimento e a reconstrução da informação.

A aproximação entre neurociência e pedagogia pode reverter em

melhoria da qualidade de ensino para muitos estudantes. Ela é grande aliada

do professor ajudando-o a identificar o individuo como um ser único , pensante,

que aprende à sua própria maneira .A aprendizagem constitui uma mudança

de comportamento resultante da experiência.Esta mudança de

comportamento ou de conduta assume várias características.É uma resposta

modificada estável e durável, interiorizada e consolidada no próprio cérebro do

individuo.Para que isto se dê de forma satisfatória, é preciso que se tenha

motivação e estimulação.A ocorrência da aprendizagem depende não só do

estímulo apropriado, como também de alguma condição interior do aluno. O

ensino deve ser desafiador, ministrado de forma lúdica, em que o aluno não é

um mero observador, passivo e distante, mas sim, participante, questionador e

ativo nessa construção do seu próprio saber; com isto, o professor pode ajudar

o “ fortalecimento neural”.

O aprendizado é um processo de cada indivíduo, que envolve afeto.

Por isso, tratá-lo como sujeito único pode mudar o rumo da sua vida ; é

fundamental valorizar suas experiência..

A criança aprende o que tem sentido para ela, mas o sentido é

utilidade imediata: ”Fazer sentido” com os saberes escolares é transferir esses

saberes à sua própria existência, encontrar oportunidades de se reconhecer;

por este motivo, as emoções têm um papel decisivo na educação formal, na

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capacidade de manter a atenção e de aprender. Tanto o comportamento

social quanto o desempenho escolar podem ser prejudicados pelos problemas

afetivos. Assim, toda ação de ensino deve considerar as emoções, tanto de

quem ensina, como de quem se aprende.

A aprendizagem é concebida como capacidade de processar,

armazenar a informação ao ponto de intervenção e investigação de cada

sujeito, sendo ela uma função do cérebro. Desde a primeira infância a

estrutura cerebral e suas conexões neurais são esculpidas por numerosas

influencias ambientais. Como centro do pensamento, das emoções, dos planos

de ação e da autorregulação da mente e do corpo, o cérebro passa por longo

processo de crescimento que, de fato, dura a vida inteira. Isso significa que as

experiências precoces teriam um impacto profundo sobre o potencial

subseqüente de cada pessoa. Portanto, pensando do ponto de vista

educacional, conhecer o processo de aprendizagem se tornou um novo desafio

para ao professores, É preciso repensar nesta instituição social, a escola, de

forma que se possa promover um elo entre a ciência, aprendizagem, ensino e

educação.A cada estímulo novo, ocorrem mudanças físicas e químicas no

cérebro,por isso precisamos ser estimulados a vida toda, movimentar o corpo é

incluir atividades sociais na rotina. Isto é tão importante para manter o cérebro

saudável quanto atividade que estimulem diretamente o intelecto. Quanto mais

nos exercitamos, mais o fortalecemos. Felizmente, isso é bastante prazeroso.

Em resumo, a aprendizagem visa permitir uma adaptação a

situações novas, inéditas, imprevisíveis, isto é, uma disponibilidade adaptativa

a situações futuras; conclui-se que existe uma intima ligação entre o aprender

e a forma como ocorre o processo de compreensão das informações.Quando

este processo ocorre de forma harmônica entre as partes cerebrais, a

aprendizagem torna-se integral, significativa, prazerosa , humanizada.

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WALLON, H. La vie mentale,Tomo VIII da Enciclopédia Francesa, 1986