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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A DISLEXIA: PROBLEMAS E INTERVENÇÔES DURANTE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Por: Vanessa Correa Orientador Prof. Flavia Cavalcanti Niterói 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A DISLEXIA: PROBLEMAS E INTERVENÇÔES DURANTE O

PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Por: Vanessa Correa

Orientador

Prof. Flavia Cavalcanti

Niterói

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A DISLEXIA: PROBLEMAS E INTERVENÇÔES DURANTE O

PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Orientação Educacional e

Pedagógica.

Por: Vanessa Correa

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AGRADECIMENTOS

....a meus amigos e professores......

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DEDICATÓRIA

.....a meus pais, minha filha Isabelle e ao

meu marido Wellington, amo vocês.......

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RESUMO

O presente trabalho faz uma abordagem sobre a dislexia, transtorno de causas

genéticas e neurológicas, que ocasiona dificuldades no aprendizado da

criança, principalmente na leitura e escrita. Também, apresenta suas causas e

características, porém, citando os problemas das crianças disléxicas. O

objetivo principal é a busca de maiores informações sobre a dislexia, incluindo

sugestões e ideias que possam minimizar esse problema, frente aos

tratamentos que são aplicados atualmente por profissionais de psicologia,

fonoaudiologia, psiquiatria e educadores. O estudo também destaca a

importância dos cuidados de pais e educadores para com a criança disléxica,

que são de grande valor nos cuidados com esse transtorno, pois o apoio

psicológico é um fator fundamental nos programas de melhorias, juntamente

com estratégias adequadas e específicas para cada criança.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesta monografia foi à pesquisa bibliográfica,

onde procurou-se explicar e estudar o problema a partir de referências teóricas

publicadas em documentos específicos como livros, revistas, periódicos, entre

outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - A história da dislexia 11

1.1 – O conceito de dislexia 13 1.2 – Legislação Nacional 16 CAPÍTULO II - Características e principais causas da dislexia 19

2.1 – Causas físicas 19 2.2 – Causas de má formação congênita 20 2.3 – fatores que influenciam a dislexia 20 2.4 – Sintomas da dislexia 20 2.5 – Tipos de dislexia 22 CAPÍTULO III – O disléxico e a inclusão 27

3.1 – A inclusão escolar 27 3.2 – Mudanças na metodologia 29 3.3 – Mudanças na forma de avaliação 30 3.4 – Mudanças sócio emocionais 31 3.5 – Procedimentos quanto a avaliação 32 CAPÍTULO IV – A dislexia no contexto familiar 36 4.1 – O papel dos pais 37 4.2 – O preconceito 39

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CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 43

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INTRODUÇÂO

A dislexia: problemas e intervenções durante o processo de alfabetização. A educação deve ser um meio para a promoção e o desenvolvimento da pessoa, tanto a nível individual como social, não devendo reduzir-se a um instrumento de seleção e classificação que só contempla aos mais capacitados.Dentre as dificuldades de aprendizagem, encontra-se com maior recorrência a dificuldade denominada dislexia, para caracterizar as pessoas que apresentam limitações no tocante à leitura e à escrita. A dislexia é um transtorno genético e hereditário presente em aproximadamente 10% da população mundial. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) a definição utilizada é a de 1994 da International Dyslexia Association (IDA): “Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem caracterizado pela dificuldade de decodificação das palavras simples, mostrando uma insuficiência no processamento fonológico”. Identificada pela primeira vez por BERKLAN em 1881, o termo dislexia foi denominado pela primeira vez por Rudolf Berlin um oftalmologista da Alemanha. Ele usou o termo para se referir a um jovem que tinha dificuldade de leitura e escrita ao mesmo tempo que apresentava habilidades intelectuais normais.Acreditava-se nessa época que o problema seria de visão, em 1925 Samuel T. Orton, neurologista e um dos primeiros pesquisadores a estudar a dislexia observou que a dificuldade de leitura escrita não estava correlacionada com a visão, ele acreditava que essa condição era causada por uma falha da lateralização do cérebro. Orton (1925). A palavra dislexia é formada pela contração das palavras gregas dis que significa difícil e lexis, palavra caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração. A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante o processo de alfabetização, sendo comum provocar uma defasagem inicial de aprendizado. Diante disso, os objetivos deste trabalho são: compreender o conceito de dislexia e suas implicações no desenvolvimento da aprendizagem do educando, abordando suas causas e sintomas facilitando, assim, seu diagnóstico inicial; sugerir os procedimentos que a escola deve seguir para trabalhar com o aluno disléxico e, por fim, apresentar sugestões para ajudar a criança disléxica no convívio familiar e escolar. Para um melhor entendimento, o trabalho está estruturado em quatro segmentos: inicialmente será abordado o conceito de Dislexia, onde será apresentada sua classificação e a legislação nacional sobre o tema. A criança com dislexia, está amparada na legislação brasileira sobre a égide da Lei

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8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA), da Lei 9.394/96 (LDB), da Lei 10.172 de 9 de janeiro de 2001 - Plano Nacional de Educação - Capítulo 8 - Da Educação Especial e do Parecer CNE/CEB nº 17/2001 / Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001. Num segundo momento serão abordados os principais sinais e sintomas para identificar a dislexia, segundo a ABD, como a dislexia é genética e hereditária, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor para os pais, à escola e à própria criança. A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada, mas se não houver passado pelo processo de alfabetização o diagnóstico será apenas de uma "criança de risco". Em seguida, trataremos da inclusão escolar do disléxico no espaço escolar, mostrando a necessidade da escola estar preparada para receber esse público, que necessita de orientadores capacitados, que possam efetivamente lidar com suas necessidades, criando metodologias eficientes, respeitando a individualidade de cada um. Logo após, será abordado a questão da dislexia no contexto familiar, a relevância do papel que a família desempenha na vida de um disléxico, respeitando seus limites e valorizando suas potencialidades, pois é de grande importância a atitude da família para ajudar no diagnóstico e tratamento da dislexia, tendo em vista que a partir das observações feita pelos pais é possível viabilizar um tratamento mais específico para possibilitar a essa criança um desenvolvimento pleno, tanto na esfera educacional como social. A família deve descobrir tudo que você puder sobre o desempenho de seu filho para prestar um melhor acompanhamento, buscando também um o profissional adequado para ajudá-lo. Por fim, têm-se as considerações finais. Durante o desenvolvimento da pesquisa, vários autores fundamentaram o trabalho, entre eles:Braggio (2006); Ellis (1995); Fernandes (1991); Luczinski (2002); Jonhson (1987), Massi (2004); Orton (1925); Piaget (1982), Vygotsky (1992) O presente artigo, visa ajudar aos orientadores educacionais no trabalho cotidiano do aluno com dislexia, contribuindo com informações e metodologias voltadas para a inclusão do aluno disléxico em turmas regulares, assegurando uma formação de qualidade, sem qualquer discriminação e, consequentemente, facilitando sua vida acadêmica.

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CAPÍTULO I

A história da dislexia

Pringle Morgan, em 1896, deparou-se com um caso de um jovem

de 14 anos que, apesar de ser inteligente, tinha uma incapacidade

relativamente à linguagem escrita. Este autor chamou isto de “cegueira verbal”.

Com o tempo foi chamada de “cegueira verbal congénita”, “dislexia congénita”,

“estrefossimbolia”, “alexia do desenvolvimento”, “dislexia constitucional”, e até

“parte do contínuo das perturbações de linguagem, caracterizada por um

défice no processamento verbal dos sons”.

Em 1925, se iniciou em Iowa uma pesquisa sobre as causas de se

encaminharem crianças para unidades de saúde mental. A dificuldade de ler,

escrever e soletrar surgiu como uma das causas principais.

Foi então que surgiu como um grande interessado no campo do

distúrbio de aprendizado, Dr. Samuel Orton, psiquiatra, neuroanatomista, que

fez vários estudos post-mortem em cérebros humanos. Orton propôs várias

hipóteses para a ocorrência da dislexia e também vários procedimentos para a

redução das suas dificuldades. Orton deparou-se, com um caso de um menino

que não conseguia ler e que apresentava sintomas parecidos aos de vítimas

de traumatismo, estudou as dificuldades de leitura e concluiu a dificuldade na

leitura não estava relacionada com dificuldades visuais, mas sim por uma falha

na lateralização do cérebro. Entre 1928 e 1937, estudou famílias de disléxicos

e encontrou algumas alterações, como escrita em espelho, e chamou a

atenção para o aspecto genético. Sugeriu que o fenômeno era provocado por

imagens competitivas nos dois hemisférios cerebrais devido a falência em

estabelecer dominância cerebral unilateral e consistência perceptiva.

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Seguiram-se a ele vários outros estudiosos interessados no assunto. (Rotta,

2006)

Em 1968, a Federação Mundial de Neurologia, definiu dislexia como “um

transtorno que se manifesta por dificuldades na aprendizagem da leitura,

apesar das crianças serem ensinadas com métodos de ensino convencionais,

terem inteligência normal e oportunidades socioculturais adequadas.” Foi a

primeira vez que foi utilizado o nome de Dislexia de Desenvolvimento.

No Brasil foi criada, no ano de 1983, a Associação Brasileira de Dislexia

(ABD), com o objetivo de esclarecer, divulgar, ampliar conhecimentos e ajudar

os disléxicos em sua dificuldade específica de linguagem. Se a dislexia for

diagnosticada e tratada adequadamente, o paciente pode ter melhora de até

80%.

Já em 1994, a dislexia é incluída no Manual de Diagnóstico e Estatística

de Doenças Mentais, DSM IV, como “Perturbação da Leitura e da Escrita

estabelecendo alguns critérios de diagnóstico.

A Associação Internacional de Dislexia, em 2003 definiu a dislexia como

“uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É

caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras

e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de

um déficit fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas

e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de

compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o

desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais”. Esta é a

definição de dislexia atualmente aceita dentro da comunidade médico

científica. Hoje, os estudos mais recentes estão no campo psiconeurológico. O

Brasil também tem sua contribuição com a pesquisa sobre “A diferença dos

volumes dos lobos temporais direito e esquerdo”.

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1.1 – O conceito de dislexia

Dislexia (do grego) dus = difícil, dificuldade; lexis = palavra é um

distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e

soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. E de

acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5%

a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência

normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.

Ao contrário do que muitos pensam a dislexia não é o resultado de má

alfabetização, desatenção, desmotivação, condição socioeconômica ou baixa

inteligência. Ela tem sido vista como uma condição hereditária devido a

alterações genéticas, mas tal só acontece numa pequena percentagem de

casos. Ela também é caracterizada por apresentar alterações no padrão

neurológico.

Entende-se por dislexia:

Um conjunto de sintomas reveladores de uma disfunção parietal (o lobo do cérebro onde fica o centro nervoso da escrita), geralmente hereditária, ou às vezes adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do leve sintoma ao sintoma grave. A dislexia é frequentemente acompanhada de transtornos na aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação. A dislexia afeta os meninos em uma proporção maior dos que as meninas (DROUET, 2001, p. 137).

Os Fonoaudiólogos especialistas em voz definem dislexia como a

dificuldade específica que afeta a aprendizagem da decodificação do sistema

verbal escrito, classificada entre as patologias de linguagem, mais

especificamente de linguagem escrita. Conforme publicou a Dr.ª. Sally

Shaywitz, na Scientific American, de novembro de 1996, há cem anos, em

novembro de 1896, um médico de Sussex, Inglaterra, publicou a primeira

descrição do distúrbio de aprendizagem que viria a ser conhecido como

dislexia desenvolvimental. Em 1996, assim como em 1896, a capacidade para

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ler é tomada como um "sinal" de inteligência, a maioria das pessoas supõe que

se alguém é inteligente, motivado e escolarizado, ele ou ela irá aprender a ler.

Mas a experiência de milhões de disléxicos demonstrou que aquela suposição

é falsa. Na dislexia a aparentemente invariável relação entre inteligência e

capacidade para ler não se aplica.

A dislexia pode ser definida como a situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com que leem as crianças do mesmo grupo etário, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.(SERRANO 2002)

A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que

explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes

mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de

testosterona pela mãe durante a gestação da criança. (VARELLA, 2006)

Um gene recentemente relacionado com a dislexia descoberto em 2006

é chamado de DCDC2. Segundo o Dr. Jeffrey R. Gruen, geneticista da

Universidade de Yale, Estados Unidos, ele é ativo nos centros da leitura do

cérebro humano. Os pesquisadores também descobriram que uma alteração

genética no DCDC2 leva a uma ruptura na constituição do cérebro circuitos

que permitem ler. Esta alteração genética é transmitida no seio das famílias.

Outro gene, chamado Robo1, descoberto por Juha Kere, professor de

genética molecular do Instituto Karolinska de Estocolmo, é um gene de

desenvolvimento que guia conexões, chamadas axônios, entre os dois

hemisférios do cérebro.

Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por

uma equipe multidisciplinar incluindo Psicólogo, Fonoaudiólogo e

Psicopedagogo Clínico para iniciar a investigação detalhada e verificar a

necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista,

Oftalmologista e outros, conforme o caso. Esse tipo de avaliação dá condições

de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico,

direcionando-o às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados,

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segundo a LDB 9.394/96

Dislexia é muito mais do que uma dificuldade em leitura, embora muitas vezes, ainda lhe seja atribuído este significado circunscrito.

Refere-se à disfunção ou dano no uso de palavras. O prefixo dys do grego, significando imperfeita como disfunção, isto é, uma função anormal ou prejudicada; lexia, do grego referente ao uso de palavras (não somente em leitura). E palavras dão sentido à comunicação através da Linguagem – em leitura, sim, porém também na escrita, na fala, na linguagem receptiva. Palavras que, na escola, são usadas em todo ensino como na matemática, ciências, estudos sociais ou em qualquer outra atividade.LUCZYNSKI (2002, p. 134)

Segundo Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla, psicóloga, doutora e

pós-doutorada em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo, a

intervenção na dislexia tem sido feita principalmente por meio de dois métodos

de alfabetização, o multissensorial e o fônico ( método de alfabetização que

primeiro ensina os sons de cada letra e então constrói a mistura destes sons

em conjunto para alcançar a pronúncia completa da palavra. Permitindo dessa

forma que se consiga ler toda e qualquer palavra. O método nasceu como uma

crítica ao método da soletração ou alfabético usado no Brasil até a década de

1980. O método fônico diferentemente do método Paulo Freire é indicado para

crianças mais jovens e recomendado ser introduzido logo no início da

alfabetização ). Enquanto o método multissensorial ( O método multissensorial

combina diferentes modalidades sensoriais no ensino da linguagem escrita ao

unir as modalidades auditiva, visual, cinestésica e tátil, facilitando a leitura e a

escrita ao estabelecer a conexão entre os aspectos visuais - a forma

ortográfica da palavra, auditivo - a forma fonológica e cinestésicos - os

movimentos necessários para escrever aquela palavra) é mais indicado para

crianças mais velhas, que já possuem histórico de fracasso escolar, o método

fônico é indicado para crianças mais jovens e deve ser introduzido logo no

início da alfabetização.

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1.2 – Legislação Nacional

A legislação brasileira atual não possui regras específicas para os

disléxicos, não havendo, portanto, uma lei em particular garantindo ao disléxico

o direito de fazer prova oral, ter um tempo maior para realização de provas ou

de que ele não possa ser reprovado.

O que existe são várias leis que, apreciadas em conjunto, possibilitam

defender os direitos dos educandos com necessidades especiais, como são

considerados os disléxicos.

Aproveita-se para observar que a avaliação de dislexia deve ser

realizada através de uma equipe multidisciplinar (psicóloga, fonoaudióloga e

psicopedagoga clínica, pelo menos), visto ser a dislexia uma avaliação de

exclusão de outras possíveis comorbidades.

Para defender os direitos dos disléxicos é necessário observar a

Constituição Federal (art. 208), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (Lei_nº_9394) (art. 4º), a Resolução_CNE/CEB_nº02 de 11 de

dezembro de 2001 (art. 3º, 5º e 8º), o Estatuto da Criança e do Adolescente

(arts. 53 e 54), além de outros artigos dessas leis e de outros documentos

legais venham a existir, sendo estes os básicos.

Também auxilia nesta questão a Lei Estadual n.º12.524, de 2 de janeiro

de 2007, que dispõe sobre a criação do Programa Estadual para Identificação

e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação. Esta lei foi aprovada,

mas ainda não foi regulamentada, o que impede a sua aplicação.

Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA) - artigo 53, incisos I, II e III “a

criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I – igualdade de condições

para o acesso e permanência na escola; II – direito de ser respeitado pelos

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seus educadores; III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo

recorrer às instâncias escolares superiores”.

Lei 9.394/96 (LDB)

Art. 12 – Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas

comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – elaborar e

executar sua Proposta Pedagógica; V – prover meios para a recuperação dos

alunos de menor rendimento.

Art. 13 - Os docentes incumbir-se-ão de: - III - zelar pela aprendizagem

dos alunos; IV, estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de

menor rendimento.

Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais,

períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos

não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por

forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de

aprendizagem assim o recomendar.

Art. 24, V, a) avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período

Lei 10.172 de 9 de janeiro de 2001 –

Plano Nacional de Educação - Capítulo 8 - a Educação Especial - 8.2 –

Diretrizes - A educação especial se destina a pessoas com necessidades

especiais no campo da aprendizagem, originadas quer de deficiência física,

sensorial, mental ou múltipla, quer de características como de altas

habilidades, superdotação ou talentos.

A integração dessas pessoas no sistema de ensino regular é uma

diretriz constitucional (art. 208, III), fazendo parte da política governamental há

pelo menos uma década. Mas, apesar desse relativamente longo período, tal

diretriz ainda não produziu a mudança necessária na realidade escolar, de

sorte que todas as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais

sejam atendidos em escolas regulares, sempre que for recomendado pela

avaliação de suas condições pessoais. Uma política explícita e vigorosa de

acesso à educação, de responsabilidade da União, dos Estados e Distrito

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Federal e dos Municípios, é uma condição para que às pessoas especiais

sejam assegurados seus direitos à educação. Tal política abrange: o âmbito

social, do reconhecimento das crianças, jovens e adultos especiais como

cidadãos e de seu direito de estarem integrados na sociedade o mais

plenamente possível; e o âmbito educacional, tanto nos aspectos

administrativos (adequação do espaço escolar, de seus equipamentos e

materiais pedagógicos), quanto na qualificação dos professores e demais

profissionais envolvidos. O ambiente escolar como um todo deve ser

sensibilizado para uma perfeita integração. Propõe-se uma escola integradora,

inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que a participação da

comunidade é fator essencial. Quanto às escolas especiais, a política de

inclusão as reorienta para prestarem apoio aos programas de integração.

Requer-se um esforço determinado das autoridades educacionais para

valorizar a permanência dos alunos nas classes regulares, eliminando a nociva

prática de encaminhamento para classes especiais daqueles que apresentam

dificuldades comuns de aprendizagem, problemas de dispersão de atenção ou

de disciplina. A esses deve ser dado maior apoio pedagógico nas suas

próprias classes, e não separá-los como se precisassem de atendimento

especial.

Parecer CNE/CEB nº 17/2001 // Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro

de 2001 “O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma diversidade

de necessidades educacionais, destacadamente aquelas associadas a:

dificuldades específicas de aprendizagem como a dislexia e disfunções

correlatas; problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de memória,

cognitivos, psicolingüísticos, psicomotores, motores, de comportamento; e

ainda há fatores ecológicos e socioeconômicos, como as privações de caráter

sóciocultural e nutricional”.

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CAPÍTULO II

Características e principais causas da dislexia

A dislexia tem sido relacionada a fatores genéticos, acometendo

pacientes que tenham familiares com problemas fonológicos, mesmo que não

apresentem dislexia. As alterações ocorreriam em um gene do cromossomo 6 .

A dislexia, em nível cognitivo- lingüístico, reflete um déficit no componente

específico da linguagem, o módulo fonológico, implicado no processamento

dos sons da fala. Uma criança que tenha um genitor disléxico apresenta um

risco importante de apresentar dislexia, sendo que 23 a 65 % delas apresenta

o distúrbio.

2.1- Causas físicas

Umas das causas da dislexia é a causa física. Apesar de não haver um

consenso dos cientistas sobre as causas da dislexia, pesquisas recentes

apontam fortes evidências neurológicas para a dislexia. Vários pesquisadores

sugerem uma origem genética para a dislexia. Outro fator que vem sendo

estudado é a exposição do feto a doses exageradas de testosterona, hormônio

masculino, durante a sua formação in-útero no ramo de estudos da teratologia;

nesse caso a maior incidência da dislexia em pessoas do sexo masculino seria

explicada por abortos naturais de fetos do sexo feminino durante a gestação.

Segundo essas teorias, a dislexia pode ser explicada por causas físico-

químicas (genéticas ou hormonais) durante a concepção e a gestação, dando

uma explicação sobre os motivos de haver, aproximadamente, 4 pessoas

disléxicas do sexo masculino para 1 do sexo feminino. Segundo essa

abordagem da dislexia, ela é uma condição que se manifesta por toda a vida

não havendo cura. Em alguns casos remédios e estratégias de compensação

auxiliam os disléxicos a conviver e superar suas dificuldades com a linguagem

escrita.

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2.2- Causas de má formação congênita

Nessa teoria as causas da dislexia têm origem numa má-formação congênita

que devem ser corrigidas por meio de cirurgia e tratamentos medicinais.

Seguindo essa teoria:

Muitas dessas causas têm a ver com alterações do sistema

craniossacral que precisam ser detectadas e corrigidas.

Muitas outras causas se referem ao sistema proprioceptivo, um sistema

que tem sido descurado pela medicina até muito recentemente.

Muitas outras causas têm a ver com o sistema facial (fáscia), que é um

sistema ainda não muito falado mundialmente.

2.3- Fatores que influenciam a dislexia

Os padrões de movimentos oculares são fundamentais para a leitura

eficiente. São as fixações nos movimentos oculares que garantem que o leitor

possa extrair informações visuais do texto. No entanto, algumas palavras são

fixadas por um tempo maior que outras.

Por que isso ocorre? Existiriam assim fatores que influenciam ou

determinam ou afetam a facilidade ou dificuldade do reconhecimento de

palavras, a saber: familiaridade, freqüência, idade da aquisição, repetição,

significado e contexto, Regularidade de correspondência entre ortografia-som

ou grafema-fonema, e Interações.

2.4- Sintomas da dislexia

Os principais sintomas verificados são:

No plano da linguagem, os disléxicos fazem confusão entre letras,

sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia, como "a-o", "h-n" e "e-d".

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As crianças disléxicas escrevem com letra muito defeituosa, de desenho

irregular, o que denota perda de concentração e de fluidez no raciocínio.

As crianças disléxicas confundem letras com grafia similar, mas com

diferente orientação no espaço, como "b-d", "d-p", "b-q", "d-b", "d-q", "n-u" e "a-

e". A dificuldade pode acontecer ainda com letras que possuem um ponto de

articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos, como "d-t" e "c-

q". Na lista de dificuldades dos disléxicos, para o diagnóstico precoce dos

distúrbios de letras, educadores, professores e pais devem ficar atentos para

as inversões de sílabas ou palavras como "sol-los", "som-mos", bem como

para a adição ou omissão de sons como "casa-casaco", repetição de sílabas,

salto de linhas e soletração defeituosa de palavras.

Com base em Calafange (2004), um dos principais sintomas da dislexia é

a leitura sem modulação, sobre o assunto, a autora descreve que a criança

apresenta leitura lenta sem modulação, sem ritmo e sem domínio da

compreensão/interpretação do texto lido; confunde algumas letras; sérios erros

ortográficos; apresenta dificuldades de memória; dificuldades no manuseio de

dicionários e mapas; dificuldades de copiar do quadro ou dos livros;

dificuldades de entender o tempo: passado presente e futuro; tendência a uma

escrita descuidada, desordenada e às vezes incompreensível; não utilização

de sinais de pontuação/acentuação gramaticais; inversões, omissões,

reiterações e substituições de letras, palavras ou silabas na leitura e na escrita,

problemas com sequenciações.

Essas são apenas algumas das características disléxicas que podem ser

observadas nas crianças com dificuldades escolares. Se pudermos dissociar

as dificuldades de ler e escrever corretamente à ausência de problemas

intelectuais ou de outro tipo de problemas que possam dar uma explicação

alternativa ao problema apresentado, então podemos suspeitar de uma

possível dislexia.

Numa primeira etapa da aprendizagem, algumas crianças

podem apresentar estas características, e esses são considerados erros normais dentro do processo de aprendizagem, é preciso distinguir essas dificuldades das dificuldades disléxicas que são mais profundas, constantes e contínuas. Crianças com expressivas

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dificuldades de leitura não são necessariamente disléxicas, mas todas as crianças disléxicas têm um sério distúrbio de leitura. (CALAFANGE, 2004)

Haverá sempre: dificuldades com a linguagem e escrita; dificuldades em

escrever; dificuldades com a ortografia e lentidão na aprendizagem da leitura.

Haverá muitas vezes: disgrafia (letra feia); discalculia, dificuldade com a

matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada;

dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização’; dificuldades

em seguir indicações de caminhos e em executar sequências de tarefas

complexas; dificuldades para compreender textos escritos e dificuldades em

aprender uma segunda língua.

Haverá às vezes: dificuldades com a linguagem falada; dificuldade com a

percepção espacial; confusão entre direita e esquerda.

2.5- Tipos de dislexia

Dislexia adquirida

O termo dislexia foi usado primeiramente por médicos para descrever as

dificuldades de leitura e ortografia de doentes que tinham sofrido certos tipos

de danos cerebrais. Estes danos podem ter sido ocasionados por acidentes ou

durante ações de guerra, ou como resultado de tumores, embolias, transtornos

psiquiátricos, drogas os efeitos do envelhecimento. A dislexia não é uma

enfermidade, senão um termo que se utiliza para descobrir sintomas de dano

do cérebro: isto é a deterioração das funciones da leitura. Certos pacientes só

têm problemas para ler e soletrar palavras compridas e pouco comuns, no

entanto outros demonstram dificuldades em reconhecer as letras do alfabeto, e

outros as "palavras pequenas" como "a", "se", "por", "porem". Alguns não

conseguem ler bem em voz alta; outros conseguem faze-lo, mas sem

compreender o que leram. Cada vez mais especialistas distinguem não só

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simplesmente entre graus de dificuldade de leitura, ortografia ou escrita, senão

também entre tipos de dislexia adquirida como: profunda, superficial, central,

semântica, auditiva e visual.

Em todos os casos de dislexia adquirida, os especialistas contam com

sinais diretos ou indiretos que suportem a sua opinião de que tais dificuldades

são causadas em parte por dano cerebral. Os sinais diretos são, por exemplo,

o dano físico o lesão cerebral, e as evidencias reveladas por uma operação ou

autopsia, ou quaisquer outros que mostrem que pudesse existir lesões

cerebrais ou hemorragia, como numa embolia. Os sinais indiretos consistem

em padrões irregulares numa eletroencefalografia (EEG), reflexos anormais,

ou dificuldades na coordenação e orientação mão/olho, por exemplo.

A dislexia visual é a dificuldade para seguir e reter sequências visuais e

para a análise e integração visual de quebra-cabeças e tarefas similares. Esta

dificuldade caracteriza-se pela inabilidade para captar o significado dos

símbolos da linguagem impressa. Não esta relacionada com problemas de

visão, só com a inabilidade de captar o que se vê. A maioria percepciona letras

invertidas e percepciona também invertidas algumas partes das palavras e têm

problemas com as sequências. Este tipo de dislexia é o mais fácil de corrigir,

por meio de exercícios adequados pode-se aprender os signos gráficos com

precisão e gradualmente aprender sequencias; porém a lentidão pode persistir.

A dislexia auditiva é a dificuldade de discriminar os sons de letras,

reconhecer variações de sons, sequencias de palavras, ordens e historias.

Esta é a forma de dislexia mais difícil de corrigir e radica na inabilidade de

perceber os sons separados (descontínuos) da linguagem oral. A maioria dos

disléxicos auditivos apresenta uma audição normal. A sua faculdade

discriminativa auditiva traz como consequência, grandes dificuldades no ditado

e na composição.

O ensino da fonética tradicional carece de sentido para eles. Também

apresentam dificuldades em repetir palavras que rimem interpretar marcas

diacríticas, aplicar generalizações fonéticas e pronunciar palavras com

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exatidão, tendo estas crianças obstruídas as relações fundamentais de sons e

símbolos da linguagem o seu transtorno torna difícil de corrigir, e as ideias e

exercícios especialmente pensados para eles requerem de muita paciência,

tanto para o docente como para a criança. Regra geral, os disléxicos auditivos

devem delinear os seus próprios exercícios de soletrar e outras tarefas

análogas.

Na dislexia profunda ou fonética encontram-se erros de tipo semântico,

dificuldade para compreender o significado das palavras, com adição de

prefixos e sufixos, maior facilidade para as palavras de conteúdo que para as

de função.

A dislexia fonológica, sobre a qual existem poucos trabalhos, encontram-

se menos erros que na profunda.

A dislexia superficial as crianças revelam dificuldades dependendo da

longitude e complicação das palavras, como acontece a tantas crianças

disléxicas.

Dislexia Congênita ou Inata

É a dislexia que nasce com o indivíduo. Pode apresentar as mais

variadas causas e tem características próprias como, por exemplo, uma

comprovada alteração hemisférica cerebral, onde os hemisférios encontram-se

com tamanhos invertidos ou em tamanhos exatamente iguais, quando o

considerado normal é que o esquerdo seja maior que o direito. Em

consequência desta alteração, o indivíduo disléxico tem pouca ou nenhuma

habilidade para a aquisição da leitura e da escrita, geralmente não chega a ser

alfabetizado e, quando o é, não consegue ler e escrever por muito tempo e,

quando termina de ler e escrever já não se lembra de nada. Esse tipo de

dislexia é incurável devendo ser tratada por uma junta de profissionais

envolvendo psicopedagogo, neurologista e/ou psiquiatra dependendo da

gravidade do caso. Em casos onde haja também distúrbios de fala e audição,

um fonoaudiólogo.

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Caso haja dificuldades motoras e/ou de lateralidade, um psicomotricista

e, neste caso, também é aconselhável que um psicólogo acompanhe o

tratamento e desenvolva atendimento paralelo.

Dislexia ocasional

É a Dislexia causada por fatores externos e que aparece

ocasionalmente. Pode ser causada por esgotamento do Sistema

Nervoso/estresse, excesso de atividades, e, em alguns casos considerados

raros por TPM e/ou hipertensão. Se este tipo de Dislexia for diagnosticado, não

há a necessidade de grandes tratamentos. Apenas repouso, talvez umas boas

férias, uma mudança de horários/rotina e tudo voltará ao normal.

Dentro destes tipos existem variações que parecem tornar cada caso um

caso, cada disléxico, único. Portanto não dá mais para admitir generalizações.

Sobre generalizações destaca Drouet (2001, p. 132):

É preciso parar definitivamente de imaginar que a Dislexia faça trocar letras. O que acontece com o disléxico é que, na maioria os casos, ele não identifica sinais gráficos/letras ou qualquer código que caracterize um texto. Portanto ele não troca letras porque seu cérebro sequer identifica o que seja letra. Inverte-se letras/sílabas é simplesmente por nem saber o que são e não como se insiste em divulgar porque "troque letras". Existem muitos distúrbios que fazem realmente trocar letras que, em outra oportunidade, poderei esclarecer.

Portanto, o processo da linguagem é conceituado como uma série

hierárquica de componentes, em que sistemas neurais altamente

especializados modulam o processamento de elementos distintos que

constituem a linguagem.

Para o ato de falar uma palavra é preciso que a pessoa lembre-se dos

fonemas que constituem o seu léxico interno, analise-os e converta-os em

palavra. Para o ato de ler uma palavra o processo é inverso: o leitor

inicialmente fraciona a palavra em pequenas unidades fonêmicas, analisa e

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compara com segmentos e som previamente armazenado posteriormente

reúne os elementos de acordo com seu léxico interno, para depois ler a

palavra de forma completa, tornando assim a leitura um ato extremamente

difícil.

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CAPÍTULO III

O disléxico e a inclusão

"O QUE IMPORTA NÃO É AQUILO QUE FIZERAM DE TI, MAS O

QUE VAI FAZER COM O QUE FIZERAM DE TI" (Sartre).

É na escola que a dislexia, de fato, aparece. Há disléxicos que revelam

suas dificuldades em outros ambientes e situações, mas nenhum deles se

compara à escola, local onde a leitura e a escrita são permanentemente

utilizadas e, sobretudo, valorizadas. A educação é um direito de todos e para

todos, para isso a escola deve se adequar às necessidades educacionais de

seu alunado. Necessidades Educativas Especiais não são sinônimo de

deficiência como muitos ainda pensam.

3.1 - A inclusão escolar

Refletir sobre a questão se o disléxico deve ser inserido em uma escola

dita comum e regular (caracterizada pela diferença), ou em uma especial,

remete-nos ao fato de que a história de um indivíduo sempre nos chega antes

dele próprio. Sendo assim, ficamos subordinados a ela e desenvolvemos um

modelo com o qual passamos a nos relacionar. Por vezes essa história é

pragmática, determina o rumo, gera impotência, segrega o indivíduo a tal ponto

que o limita e o aprisiona dentro do seu próprio contexto.

Não seria essa a visão da escola regular, que julgando as diferenças e as

deficiências do aluno como impedimento para acompanhar seu esquema pré-

moldado de aprendizagem, estaria privilegiando um único caminho para todos?

Não estaria a Instituição Escola apresentando um modelo padrão de aluno,

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modelo esse elitista e, portanto, por si só alienante e auto-destrutivo, não

somente para o disléxico, mas para qualquer aluno?

Não é raro encontrarmos na prática acadêmica a substituição do aluno pela

sua história, com todo o caráter esteriotipado que ela encerra, perpetuando

assim os fracassos na esfera e responsabilidade do aluno. Assim sendo, se o

disléxico não aprende do mesmo jeito e na mesma velocidade dos demais

colegas de sala de aula, deve ir para uma escola especial, pois é ele o

problemático e o fracassado. Nem é raro o disléxico ser rotulado de deficiente

mental, burro, incompetente, desleixado ou irresponsável pela equipe de

professores, quando não pelos próprios familiares e por modelo pelos seus

próprios amigos.

"Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças" (Mantoan).

A tendência de se colocar o problema como sendo do indivíduo,

impede os educadores de buscarem informações e recursos que os

capacitassem efetivamente a lidar com seus alunos, já que tomariam para si o

desafio de criar metodologias eficientes, que acolhessem cada aluno,

respeitando e entendendo sua individualidade. Além do mais, sabemos que até

as limitações genéticas da inteligência podem ser compensadas pelos desafios

do meio ambiente, que a inteligência se alimenta de desafios; assim, uma

classe heterogênea em escola regular pode e deve favorecer esse meio

estimulador para que, não apenas o disléxico, mas qualquer aluno, possam

desenvolver seu processo sócio-cultural.

Entendemos que colocar disléxicos em salas de educação especial significa

negar-lhes o acesso a toda uma gama de informações, ao desenvolvimento de

sua potencialidade através da riqueza de alimentos que a escola comum pode

lhe oferecer, além da possibilidade de sociabilização que ele desfrutaria,

devido à diversidade presente.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte

do voo, pássaros engaiolados são pássaros sob controle; escolas que são

asas amam os pássaros em voo, elas existem para dar aos pássaros coragem

para voar; o voo não pode ser ensinado, só pode ser encorajado! (Alves,2004)

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A perspectiva de inclusão dos disléxicos em escolas regulares é um

direito de cidadão, já que elas existem com a função de promover educação

para todos, indiscriminadamente. Além disso, todos, alunos comuns ou alunos

com dificuldades, professores e a comunidade em geral seriam beneficiados,

pois a qualidade das escolas aumentaria na medida que se exigisse da

mesma, uma postura coerente e segura em sua prática pedagógica e, a

história do aluno seria entendida como meio de conhecimento do mesmo e

sobretudo como ponto de partida para encontrar-se meios eficientes para os

pontos de chegada.

As adaptações metodológicas e avaliativas em ambiente escolar se

tornam necessárias. A evolução do conceito de educação especial, que

passou a abranger qualquer criança que tenha uma necessidade educativa

especial, e a proposta da educação inclusiva, defendendo educação para

todos, pressupondo um movimento da escola na direção dos alunos, vêm

assegurar essa possibilidade.

As propostas de adaptações para alunos disléxicos puderam ser

divididas em três áreas, a saber, metodologia, avaliação e aspectos sócio-

emocionais.

3.2 - Mudanças na metodologia

Segmentar uma atividade em sala de aula em várias outras solicitando

que o aluno apresente pouco a pouco suas atividades, dará oportunidade do

aluno ter mediação mais freqüente, de modo a organizar a informação e não

correr o risco de manter uma atividade começada de forma errônea, até o fim.

Também favorece a auto-regulação da atenção. Se a atividade for de leitura,

problema central de sujeitos com dislexia, a orientação apresenta ainda outro

objetivo: favorecer a motivação. Um longo texto causa um efeito negativo se

comparado a alguns textos pequenos, além de tornar a interpretação mais

difícil.

Aumentar os recursos visuais, pois Imagens podem proporcionar ao

aluno disléxico uma nova perspectiva do assunto.

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A modificação da metodologia é mais comumente proposta na classe de

alfabetização, mas é necessário avaliar caso a caso para escolher a melhor

opção. A explicitação do ensino até o nível fonológico torna-se imprescindível,

uma vez que não se conta com uma intuição lingüística, ao menos a priori, em

sujeitos disléxicos. Há discussões freqüentes sobre o estilo de aprendizagem

que eles possuem (Sioned, 2003), mas a palavra de ordem tem sido

precaução (Tilly,2005). Em alguns momentos, não é imperativo mudar a

metodologia propriamente dita, mas buscar estratégias que favoreçam a

aprendizagem de indivíduos disléxicos.

Além de disponibilizar textos sobre algum assunto, criar formas

esquemáticas de apresentar alguns temas (reforçando também o item

anterior).

Gravar as aulas, considerando que a dificuldade é específica na leitura,

e que a compreensão em nível oral é boa, disponibilizar um material em que a

entrada da informação possa se dar desta forma é extremamente útil.

3.3 - Mudanças na forma de avaliação

Para uma melhor inclusão do aluno disléxico nas escolas regulares

algumas mudanças deverão ocorrer:

Provas escritas, de caráter operatório, contendo questões objetivas e/ou

dissertativas, realizadas individualmente e/ou em grupo, sem ou com consulta

a qualquer fonte; Provas orais, através de discurso ou argüições, realizadas

individualmente ou em grupo, sem ou com consulta a qualquer fonte;

Atividades práticas, tais como trabalhos variados, produzidos e apresentados

através de diferentes expressões e linguagens, envolvendo estudo, pesquisa,

criatividade e experiências práticas, realizados individualmente ou em grupo,

intra ou extraclasse; Observação de comportamentos, tendo por base os

valores e as atitudes identificados nos objetivos da escola (solidariedade,

participação, responsabilidade, disciplina e ética).

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A experiência tem demonstrado a necessidade de se manter a

comunidade educativa permanentemente informada a respeito da dislexia.

Informações sobre eventos que tratam do assunto e seus resultados,

desempenho dos alunos portadores de dislexia, características da síndrome,

maneiras de ajudar o aluno disléxico na escola, etc. Ações de informações

podem facilmente veiculadas em reuniões da escola, com pais e por meio de

cartazes, informativos internos, folders sobre o assunto, etc.

Não é necessário que alunos disléxicos fiquem em classe especial. Alunos

disléxicos têm muito a oferecer para os colegas e muito a receber deles. Essa

troca de humores e de saberes, além de afetos, competências e habilidades só

faz crescer a amizade, a cooperação e a solidariedade.

O diagnóstico de dislexia traz quase sempre indicação para

acompanhamento específico em uma ou mais áreas profissionais

(fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, dentre outros especialistas), de

acordo com o tipo e nível de dislexia constatada. Assim sendo, a escola

procura assegurar, desde logo, os canais de comunicação com os profissionais

envolvidos, tendo em vista a troca de experiências e de informações.

3.4 - Mudanças sócio emocionais

Permitir saídas constantes da sala de aula tendo em vista a grande

demanda de energia das tarefas acadêmicas, já que a leitura faz parte de boa

parte delas, alunos disléxicos poderiam sair mais frequentemente de sala de

aula, para “recarregar as baterias’”. Esses momentos deveriam ser regulares,

mas não sob livre demanda, para não prejudicar momentos cruciais.

Realizar adaptações sem que os outros se sintam prejudicados, se a

população geral fosse consciente das dificuldades específicas dos disléxicos,

este ponto não seria nem levantado. Portanto, a divulgação científica do

assunto e conscientização quanto à natureza das dificuldades é

importantíssima para que os colegas entendam que as adaptações feitas não

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são diferentes do uso de lentes corretivas para a visão (óculos) para quem

precisa delas.

Interferir nas escolhas de grupos de trabalhos considerando que cada

aluno tem uma habilidade maior em uma área e que há alunos que podem ser

tutores (aqueles que têm mais possibilidades de ajudar os que possuem

dificuldades), o professor poderia mesclar os grupos de forma a atender a

todos.

Estudiosos (Vloedgraven & Verhoeven,2007) chamam a atenção para o

fato de que, nas últimas décadas, pesquisadores, educadores e políticos vêm

dando mais atenção ao impacto positivo de programas de intervenção precoce

sobre possíveis problemas de leitura (National Institute of Child Health and

Human Development, 2000). O desafio é detectar essas dificuldades em

crianças que não receberam ainda instrução formal. Dessa forma, as

adaptações também poderiam ser minimizadas.

Por outro lado, aqueles que continuassem a mostrar dificuldades

precisariam de intervenção adequada. Um tratamento apropriado é, portanto,

indispensável para que o indivíduo disléxico ganhe a autonomia desejada,

fazendo com que tais adaptações se tornem cada vez menos necessárias. Por

esta razão, para garantir os direitos, é importante que se apresente um laudo

comprobatório e uma declaração de acompanhamento especializado.

3.5 – Procedimentos quanto à avaliação

O disléxico tem dificuldade para ler, portanto as avaliações precisam

conter alguns procedimentos:

Avaliações que contenham exclusivamente textos, sobretudo textos

longos, não devem ser aplicadas a tais alunos; Utilização de uma única fonte,

simples, em toda a prova (preferencialmente “Arial 11” ou Times New Roman

12), evitando-se misturas de fontes e de tamanhos, sobretudo as manuscritas,

as itálicas e as rebuscadas); Dar preferência a avaliações orais, através das

quais, em tom de conversa, o aluno tenha a oportunidade de dizer o que sabe

sobre os assuntos em questão; Não indicar livros para leituras paralelas.

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Quando necessário, propor outras experiências que possam contribuir para o

alcance dos objetivos previstos: assistir a um filme, a um documentário, a uma

peça de teatro; visitar um museu, um laboratório, uma instituição, empresa ou

assemelhado; recorrer a versões em quadrinhos, em animações, em

programas de informática; Oferecer uma folha de prova limpa, sem rasuras,

sem riscos ou sinais que possam confundir o leitor; Ao empregar questões

falso-verdadeiro: construir um bom número de afirmações verdadeiras e em

seguida reescrever a metade, tornando-as falsas; Evitar o uso da negativa e

também de expressões absolutas; Construir as afirmações com bastante

clareza e, aproximadamente com a mesma extensão; Incluir somente uma

ideia em cada afirmação; ao empregar questões de associações: Tratar de um

só assunto em cada questão; Redigir cuidadosamente os itens para que o

aluno não se atrapalhe com os mesmos; ao empregar questões de lacuna: Use

somente um claro, no máximo dois, em cada sentença; Fazer com que a

lacuna corresponda à palavra ou expressão significativas, que envolvam

conceitos e conhecimentos básicos e essenciais - também chamados de

“ferramentas”, e não a detalhes secundários; Conservar a terminologia

presente no livro adotado ou no registro feito em aula.

O disléxico tem dificuldade para entender o que lê; para decodificar o

texto; para interpretar a mensagem; tende a ler e a interpretar o que ouve de

maneira literal. Assim sendo:

Utilizar linguagem clara, objetiva, com termos conhecidos, elaborar

enunciados com textos curtos, com linguagem objetiva, direta, com palavras

precisas e inequívocas (sem ‘duplo’ sentido) procurando deixar as questões ou

alternativas com a mesma extensão evitando formular questões que possuem

negativas.

Tratar de um só assunto em cada questão, se for indispensável à

utilização de um determinado texto subdividir o original em partes (não mais do

que cinco ou seis linhas cada uma).

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Recorrer a símbolos, sinais, gráficos, desenhos, modelos, esquemas e

assemelhados, que possam fazer referência aos conceitos trabalhados.

Não utilizar textos científicos ou literários (mormente os poéticos), que

sejam densos, carregados de terminologia específica, de simbolismos, de

eufemismos, de vocábulos com múltiplas conotações, para que o aluno os

interprete exclusivamente a partir da leitura. Nesses casos, recorrer à oralidade

evitando estímulos visuais ‘estranhos’ ao tema em questão cuiidando para que

haja exata correspondência entre o texto escrito e a imagem;

Ler a prova em voz alta e, antes de iniciá-la, verificando se os alunos

entenderam o que foi perguntado, se compreenderam o que se espera que

seja feito (o que e como) destacando claramente o texto de suas respectivas

questões.

O disléxico tem dificuldade para reconhecer e orientar-se no espaço

visual.· Observe as direções da escrita (da esquerda para a direita e de cima

para baixo) em todo o corpo da avaliação.

O aluno disléxico ou com outras dificuldades de aprendizagem tende a

ser lento (ou muito lento). Dê-lhe mais tempo para realizar a prova, possibilite-

lhe fazer a prova num outro ambiente da escola (sala de orientação, biblioteca,

sala de grupo), elabore mais avaliações e com menos conteúdo, para que o

aluno possa realizá-las num menor tempo.

Considere que o disléxico já tem dificuldade para automatizar o código

lingüístico da sua própria Língua e isso se acentua em relação à língua

estrangeira. Não espere acumular conteúdos para começar a aplicar as

avaliações. Ao contrário, aplique-as amiúde, de acordo com a progressão dos

estudos, dando mais oportunidades aos alunos e evitando o acúmulo de

conteúdos a serem estudados. Para os disléxicos é preferível mais avaliações

com menos conteúdo em cada uma delas. Sempre que possível, prepare

avaliação individualizada. O ideal é que os instrumentais de avaliação sejam

elaborados de acordo com as características do aluno disléxico. Desenhos,

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figuras, esquemas, gráficos e fluxogramas, ilustram, evocam lembranças, ou

substituem muitas palavras e levam aos mesmos objetivos.

Dê ao aluno a opção de fazer prova oral ou atividade que utilize

diferentes expressões e linguagens. Exigir que o disléxico comunique o que

sabe, levante questões, proponha problemas e apresente soluções

exclusivamente através da leitura e da escrita é violentá-lo; é, sobretudo,

negar-lhe um direito – natural – de comunicar-se, de criar, de livre expressar-

se.

Assim sendo, compete aos educadores, em conjunto com a comunidade

e profissionais de equipe multidisciplinar, demonstrar que a escola tem

competência para atender às necessidades de todos os estudantes. Para

persuadi-los, retórica não basta, há necessidade de serem apresentados

propostas e resultados concretos, que garantam o acesso, a permanência e o

sucesso dos alunos. O atendimento educacional especializado deve integrar a

proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser

realizado em articulação com as demais políticas públicas. Diante dessas

ideias, chega-se à constatação que a inclusão escolar pressupõe, além da

crença na inclusão, uma atitude inclusiva, que implica em mudanças filosóficas

e de paradigmas no contexto escolar, oportunizando assim uma integração

social aos portadores de dislexia.

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CAPÍTULO IV

A dislexia no contexto familiar

É de grande importância a atitude da família para ajudar no diagnóstico e

tratamento da dislexia, tendo em vista que a partir das observações feita pelos

pais é possível viabilizar um tratamento mais específico para possibilitar a essa

criança um desenvolvimento pleno, tanto na esfera educacional como social. A

família deve descobrir tudo que você puder sobre o desempenho de seu filho

para prestar um melhor acompanhamento, buscando também um o

profissional adequado para ajudá-lo.

Quando a dificuldade de aprendizagem entra em cena no contexto

familiar os seus membros se deparam com uma nova circunstância fazendo

parte de seu dia a dia. Consequentemente, podemos esperar que haja uma

modificação dos papéis desempenhados por seus elementos. A família

passará por mudanças diante dessa nova situação.

Antes de tudo, é necessário que pais, professores, educadores e quem

mais estiver envolvido neste contexto esteja ciente de que muitas crianças

apresentam alguma dificuldade no processo complexo que é a aprendizagem.

Shaywitz (2006) ressalta que a dislexia, por exemplo, atinge uma em cada

cinco crianças. Portanto, é fundamental a atenção dos pais no momento de

identificar os sinais que indicam que uma criança apresenta, de fato, algum

tipo de dificuldade de aprendizagem, e não que seja preguiçosa, pouco

inteligente ou mal comportada. Trata-se de um quadro que atinge um grande

número de crianças, e, portanto, de famílias que vivem situação semelhante.

As famílias lidam de maneiras diferentes com a dificuldade do filho e

essas diferenças podem estar relacionadas com o momento atual que estão

vivendo como, por exemplo, separação do casal, mudança de cidade, situação

econômica da família, mudança de escola, entre outros. Também, como sua

própria história de vida, ou seja, experiências vividas até então tais como o tipo

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de criação, direitos e deveres a serem cumpridos, crenças e valores.

Coelho (2006) considera a família como uma instituição, um grupo social, no

nível funcional que contém regras de relação entre os seus elementos e cujas

funções são desempenhadas no seu dia a dia e modificadas constantemente.

Portanto, a família está sempre em processo de interação e as transformações

nela ocorridas refletem mudanças de comportamento e mudanças nos papéis

de seus membros.

4.1 – O papel dos pais

Todos os pais sentem uma pontinha de orgulho quando ouvem dizer

que os seus filhos são inteligentes, ativos, competentes, criativos, que

aprendem com facilidade. Na verdade e numa sociedade marcada pela

competição e necessidade de perfeição, estas podem ser características

promissoras de um futuro risonho. Acontece, porém, que algumas vezes e sem

ainda se saber muito bem porque, há crianças que independentemente do seu

nível de inteligência, características emocionais e culturais, têm dificuldades na

aprendizagem da leitura e da escrita.

Muitas destas crianças sofrem terrivelmente com a escola. É na escola

que estes problemas se manifestam e precisam fazer um esforço enorme para

tentarem superar estas dificuldades, que influenciam todo o rendimento

escolar. Este esforço provoca-lhes um enorme cansaço que pode acarretar

instabilidade e flutuação na atenção. São, por isso, muitas vezes apelidadas de

distraídas e pouco motivadas. Por outro lado, têm como qualquer outra criança

necessidade de reconhecimento, e, como não o conseguem por meio dos

resultados escolares, recorrem muitas vezes a comportamentos indesejados

na sala de aula (recusa do trabalho escolar, falar, espreguiçar-se, etc.).

A nível emocional são crianças que têm tendência para desenvolver uma baixa

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autoestima e um baixo auto conceito. É a este nível que os pais podem ter um

papel determinante.

Antes de mais, os pais devem evitar transmitir à criança a angústia e

ansiedade que eles próprios sentem perante estas dificuldades e o importante

é que transmitam à criança que compreendem a razão das suas dificuldades

de aprendizagem, e, sempre que possível explicando-as. Os pais devem evitar

comparar a criança com os irmãos ou colegas da sala ou colocá-la perante

situações, nas quais sabem, à partida, que a criança não tem sucesso. Mais

importante do que elogiar os sucessos é elogiar os enormes esforços que a

criança faz para consegui-los.

A nível de aprendizagem, os especialistas recomendam uma atenção

individualizada em que se respeite o ritmo de aprendizagem da criança e em

que se evite a aprendizagem pelo erro. Há pequenas alterações fáceis de

superar, mas também há dificuldades que se podem manter por toda a vida.

A dislexia impõe um diagnóstico diferencial, feito por especialistas nesta área,

até porque há problemas de leitura e escrita que nada têm a ver com dislexia.

O melhor que os pais podem fazer é aceitar a situação, procurar ajuda e ter paciência. Além disso, é importante mostrar à criança que ela não é burra nem preguiçosa, mas que enfrenta uma condição um pouco diferente e que tem tratamento. Ao perceber isso, ela ficará aliviada ao perceber que essa situação tem solução. É fundamental que seu filho conte com a aceitação e o suporte da família, para que consiga superar suas dificuldades. (Maluf 2009)

Estas são algumas dicas/estratégias para pais que poderão revelar-se

importantes: Incentivar a prática de exercício físico, em que se promova o

atirar, capturar, chutar bolas, saltar e treinar o equilíbrio; Incentivar a prática de

atividades lúdicas e artísticas, como dança, pintura ou outra que a criança se

sinta inclinada; Incentivar o gosto pela leitura, usando a linguagem dos livros

— as imagens, as palavras e as letras — para perceber que os livros podem

ser analisados, lidos e desfrutados, vezes sem conta; Mostrar como segurar

num livro, de que forma ele abre, onde começa a história, onde é o topo da

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página e que direção segue o texto, apreciar as imagens; Promover o aspecto

cultural: visitar museus, assistir peças de teatro ou musicais, conhecer outras

cidades, etc.

Ajudar a criança disléxica a aprender a seguir instruções, por exemplo,

“por favor pega no lápis e coloca-o na caixa”, e fazer gradualmente sequências

mais longas, por exemplo, “ir à prateleira, encontrar a caixa vermelha, trazê-la

para mim”. Incentivar a criança disléxica a repetir a instrução antes de realizá-

la.

Para (Patrícia Secco, 2005, p. 14) "Bem, as coisas mudaram lá em casa

também, pois os meus pais começaram a me ajudar da maneira certa. Eles

têm lido muito para mim, além de me encorajar a ler livros curtos, mas muito

interessantes".

A motivação é muito importante para criança disléxica, pois, ao se sentir

limitada, inferiorizada, ela pode se revoltar e assumir uma atitude de

negativismo. Por outro lado, quando se vê compreendida e amparada, ganha

segurança e vontade de colaborar.

4.2 – O preconceito

A fonoaudióloga e psicopedagoga da Associação Nacional de Dislexia

Clélia Estill alerta que, na maioria das vezes, o preconceito chega através dos

pais, que sentem o seu filho injustiçado pelo fato de receber um tratamento

diferente. Nesses casos, é sempre interessante realizar uma reunião de pais

para discutir o tema, explicando que cada um tem uma necessidade especial

que deve ser atendida.

Os pais da criança com dislexia devem entender que o que eles

consideram um tratamento diferente, no sentido de "facilitar" para a criança, na

verdade é atender às suas necessidades. É igual a uma família de muitos

filhos, na qual cada um é atendido de acordo com o que precisa.

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Talvez por soar como se fosse uma palavra que caracteriza

uma doença, é que o termo dislexia afasta tanto as pessoas e alguns

pais, que acreditam ser o fim do mundo ter um filho disléxico. Isto

ocorre por total falta de informação. ( Ianhez ,2002)

Em razão das particularidades da dislexia, e do preconceito e descaso

que seus portadores podem sofrer; diagnosticá-la, precocemente, pode ser

uma boa saída para que seus portadores, desde já, saibam como lidar com

suas limitações.

Apesar desse transtorno não ter cura, tal medida será de grande valia

no que tange à compreensão e superação de algumas limitações e,

consequentemente, na melhoria da socialização e autoestima da pessoa

envolvida.

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CONCLUSÃO

Dentro do que foi abordado, de que forma a escola, os professores e os

pais podem colaborar na prevenção das dificuldades de aprendizagem do

aluno portador de dislexia, e dentre outras dificuldades?

Primeiramente há uma necessidade que todos se conscientizem de que

esses problemas existem e que qualquer criança independente da classe

social, está sujeita a algum deles. Por isso devemos fazer um esforço conjunto

para tentar minimizar esses problemas ou até fazer com que eles sejam

completamente excluídos da vida de todos os envolvidos.

À escola cabe o papel de orientar os professores, cuidar da atualização

e aperfeiçoamento, fornecendo assistência pedagógica, biblioteca, recursos e

materiais necessários, procurando ainda não superlotar as classes, para

permitir o atendimento às diferenças individuais dos alunos. Também orientar

os pais, a respeito desses problemas, através de palestras, filmes e

discussões com especialistas.

Aos pais, cabe conhecer e compreender os distúrbios que seu filho pode

apresentar, aceitando e seguindo orientações de algum especialista. Participar

das reuniões escolares, onde pode acompanhar a evolução ou não do filho.

Em casa é importante seu acompanhamento nas lições, supervisionando os

hábitos de higiene e disciplina nos estudos, garantindo assim afetividade e um

bom desenvolvimento tanto em casa quanto na escola.

Se cada um desempenhar seu papel de forma correta há uma garantia

de que as crianças com ou sem dificuldades de aprendizagem se saiam muito

bem acima do esperado.

A educação em seu ponto conceitual vai muito além de metodologia e

transmissão, é através dela que uma sociedade perpetua seus conhecimentos,

seus valores e sua cultura, transformando homens em pessoas melhores. A

educação científica tem como objetivo principal (desenvolver a capacidade de

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pensar e agir de forma consciente), então se torna evidente que a metodologia

de ensino pode fundamentar-se na pura transmissão de um conteúdo

estanque, dogmático. Mas deve ajudar o aluno a aprender a observar,

comparar, classificar, interpretar, criticar, elaborar hipóteses...

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