dislexia - trabalho

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Resumo A dificuldade de transformar letras em sons, aca Introdução Dislexia (derivado do grego: dis = difícil, prejudicada, e lexis = palavra) caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração. A dislexia tem como características principais a dificuldade na aprendizagem da decodificação das palavras, o disléxico tem uma complicação na leitura e na escrita que pode afetar também a percepção dos sons da fala.. A dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita são algumas das fortes evidencias que indicam que uma criança pode ter dislexia. A criança com dislexia sofre muito durante o processo de alfabetização, ela se esforça, mas, tem dificuldades para juntar as letras formando silaba, depois, juntar essas silabas formando palavras, é isso que compromete a escrita e a leitura de um disléxico. Para Nico e Yanhez (2001), a dislexia está relacionada a uma desorganização no processamento cerebral das informações recebidas pelo sistema visual. Sendo assim, devido ao esforço despendido no processamento das informações visuais, a leitura torna-se mais lenta e segmentada, o que compromete a velocidade de cognição e a memorização, produzindo cansaço, troca de palavras, desfocamento, fotofobia e distração, após um intervalo relativamente curto na leitura. A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização, neste momento

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Resumo

A dificuldade de transformar letras em sons, aca

IntroduçãoDislexia (derivado do grego: dis = difícil, prejudicada,

e lexis = palavra) caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração.

A dislexia tem como características principais a dificuldade na aprendizagem da decodificação das palavras, o disléxico tem uma complicação na leitura e na escrita que pode afetar também a percepção dos sons da fala.. A dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita são algumas das fortes evidencias que indicam que uma criança pode ter dislexia. A criança com dislexia sofre muito durante o processo de alfabetização, ela se esforça, mas, tem dificuldades para juntar as letras formando silaba, depois, juntar essas silabas formando palavras, é isso que compromete a escrita e a leitura de um disléxico.

Para Nico e Yanhez (2001), a dislexia está relacionada a uma desorganização no processamento cerebral das informações recebidas pelo sistema visual. Sendo assim, devido ao esforço despendido no processamento das informações visuais, a leitura torna-se mais lenta e segmentada, o que compromete a velocidade de cognição e a memorização, produzindo cansaço, troca de palavras, desfocamento, fotofobia e distração, após um intervalo relativamente curto na leitura.

A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização, neste momento acontece uma limitação, sendo comum provocar uma defasagem inicial de aprendizado, os portadores costumam trocar letras, p. ex. b com d, ou mesmo escrevê-la de forma invertida, p.ex "ovóv" para vovó, sendo comum também confundir a direita com a esquerda no sentido espacial.

A definição atual do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que diz:"Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo

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de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem, frequentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar." Causas

Apesar de ainda não haver total consenso entre os cientistas a respeito das causas da dislexia, as pesquisas mais recentes apontam para uma associação de problemas genéticos como fator para o aparecimento do distúrbio.

Os disléxicos teriam sofrido modificações em alguns de seus cromossomos, a estrutura da célula que carrega a informação genética de cada pessoa. Alguns genes atuariam de forma conjunta e determinariam a pouca capacidade de leitura e escrita.

Por ser um distúrbio genético e hereditário, os especialistas recomendam que as crianças que possuem pais ou outros parentes com dislexia sejam analisadas com cuidado.

¿situado no cromossomo 6.. (FELIPE MAIAda Folha Online- 2007 )

Transtorno ético se situado no cromossomo 6, ela é confundida com transtornos psicológicos, como tdh, por isso é muito importante encaminha-lo a uma equipe de saúde para um diagnostico preciso. Essa defasagem na aprendizagem, acarretará a desmotivação de ir a escola por motivos de chacotas e gozações. Esta disfunção neurológica hereditária acomete mais as meninas, é a principal doença que acomete as crianças na escola. É possível ter uma vida normal e tranquila. A pessoa com disle precisa se tratar a vida toda. A dislexia tem espectros............. o diagnostico da dislexia é feio por exclusão de outros possíveis transportonos.

A dislexia é caracterizada pela dificuldade na aprendizagem da decodficação das palavras, na leitura precisa e fluente e na fala. Pessoas disléxicas apresentam dificuldades na associação do som à letra (o princípio do alfabeto); também costumam trocar letras, p. ex. b com d, ou mesmo escrevê-las na ordem inversa, p.ex "ovóv" para vovó. A dislexia, contudo, não é um problema visual, envolvendo o processamento da fala e escrita no cérebro, sendo comum também confundir a direita com a esquerda no sentido espacial. Esses sintomas podem coexistir ou mesmo confundir-se com características de vários outros fatores de dificuldade de aprendizagem, tais como o déficit de atenção/hiperatividade, dispraxia, discalculia, e/ou disgrafia. Contudo a dislexia e as

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desordens do déficit de atenção e hiperatividade não estão correlacionados com problemas de desenvolvimento.Apesar de não haver um consenso dos cientistas sobre as causas da dislexia, pesquisas recentes apontam fortes evidências neurológicas para a dislexia. Vários pesquisadores sugerem uma origem genética para a dislexia. Outro fator que vem sendo estudado é a exposição do feto a doses exageradas de testosterona, hormônio masculino, durante a sua formação in-útero no ramo de estudos da teratologia; nesse caso a maior incidência da dislexia em pessoas do sexo masculino seria explicada por abortos naturais de fetos do sexo feminino durante a gestação. Segundo essas teorias, a dislexia pode ser explicada por causas físico-químicas (genéticas ou hormonais) durante a concepção e a gestação, dando uma explicação sobre os motivos de haver, aproximadamente, 4 pessoas disléxicas do sexo masculino para 1 do sexo feminino. Segundo essa abordagem da dislexia, ela é uma condição que manifesta-se por toda a vida não havendo cura. Em alguns casos remédios e estratégias de compensação auxiliam os disléxicos a conviver e superar suas dificuldades com a linguagem escrita.

O que é dislexia?

A dislexia é uma dificuldade de leitura e escrita que pode afetar também a percepção dos sons da fala e se manifesta inicialmente durante a fase de alfabetização. É uma condição de aprendizagem de base genética, ou seja, tem natureza hereditária. Existem vários genes envolvidos nesta condição e pesquisadores no mundo todo estão trabalhando para identificar quais são esses genes.A dislexia consta da Classificação Internacional de Doenças (CID) que descreve suas características e sintomas. Entretanto, o Instituto ABCD prefere abordá-la como um transtorno de aprendizagem persistente e inesperado, pois a criança não apresenta deficiências intelectuais nem sensoriais. As dificuldades podem ser minimizadas utilizando-se métodos pedagógicos alternativos, que se adaptam às dificuldades e necessidades da criança.Estima-se que 4% da população brasileira tenham dislexia. Portanto são mais de 7 milhões de pessoas convivendo com o problema.

Se um dos pais tiver dislexia, obrigatoriamente os filhos também terão?

Não. A herança genética aumenta a tendência para desenvolver a dislexia, ou seja, é maior a probabilidade da criança apresentar o

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problema caso um dos pais seja portador. Mas, se ela tiver dislexia, vários fatores podem contribuir para atenuar ou reforçar os sinais, como o estímulo que ela tem em casa e o ambiente sócio-cultural, que pode oferecer a ela recursos para lidar com suas dificuldades. O ambiente vai moldar esta tendência genética. Por isso mesmo em gêmeos idênticos a manifestação pode ser diferente.

Quais são os sinais da dislexia?

Leitura com erros de reconhecimento das palavras, leitura não fluente de textos e com alteração de ritmo e entonação (por exemplo, leitura de sílaba por sílaba), dificuldade de compreensão de textos, escrita com erros de ortografia, inversão de letras e/ou sílabas, leitura e escrita com rendimento abaixo do esperado para a idade e a escolaridade. A intensidade dos sintomas varia caso a caso.Como é feito o diagnóstico?

Ao ser identificada a dificuldade para o aprendizado da leitura e da escrita, a criança é encaminhada para a avaliação de uma equipe multidisciplinar composta, em geral, por um neuropediatra, um fonoaudiólogo e um psicólogo que farão as avaliações específicas. São aplicadas provas e testes para avaliar o nível de leitura, o vocabulário e habilidades específicas, como memória, atenção e velocidade de processamento.Existem diferentes níveis de dislexia?

Sim. Atualmente, considera-se mais correto pensar em uma escala de desempenho contínuo que vai desde casos leves até os severos. Em casos leves, por exemplo, ocorrem alguns erros na escrita e a compreensão de texto é possível após algumas leituras. Já em casos graves, há pessoas que não conseguem ser alfabetizadas porque não conseguem ler ou escrever, mas, ainda assim, compreendem textos se alguém fizer a leitura para elas e conseguem fazer uma redação ditando para um digitador. De qualquer maneira, é importante fazer o diagnóstico correto, pois algumas dificuldades leves podem ser decorrentes de uma alfabetização mal feita.

Como é o tratamento?

Não há prescrição de medicamentos, e, sim, adaptações pedagógicas aliadas ao atendimento especializado. O tratamento varia de acordo com a dificuldade e a idade da criança ou do jovem. Algumas crianças conseguem se alfabetizar apesar das dificuldades, utilizando figuras e outros elementos visuais e contando com o estímulo dos pais e professores para melhorar a

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compreensão, por exemplo. Uma forma de fazer isso é conversar sobre o que foi apresentado, seja um filme, uma peça de teatro ou outro recurso. São coisas simples que podem ser feitas no dia a dia.

Algumas crianças não conseguem ler nem palavras isoladas e, nestes casos, é necessário desenvolver o conhecimento das letras, das sílabas e assim por diante. A resposta ao tratamento depende da condição geral da criança com dislexia, do estímulo que ela tem em casa e na escola, da motivação pessoal etc.Quem é o profissional responsável pelo tratamento?

Dependendo da dificuldade da criança, ela pode precisar de acompanhamento especializado de um psicólogo, psicopedagogo ou fonoaudiólogo. Entretanto, o tratamento não acontece apenas no contexto da clínica. É necessário o envolvimento da família e dos professores para estimular continuamente a criança.

É possível prevenir a dislexia?

Por se tratar de uma doença genética, não é possível prevenir seu surgimento. Mas o diagnóstico precoce e a aplicação de atividades específicas podem minimizar os sintomas. Além disso, quanto antes o transtorno for diagnosticado, menor será a defasagem escolar e os impactos emocionais da criança com dislexia.

A dislexia pode vir acompanhada de outros transtornos?

Sim. A base genética comum favorece o surgimento de outros transtornos de aprendizagem, como a discalculia (dificuldade em aprender e manipular conceitos matemáticos), a disortografia (dificuldade no aprendizado e desenvolvimento da linguagem escrita expressiva), a dispraxia (que afeta a noção de espaço, coordenação e habilidade motora). O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) não é considerado um transtorno específico de aprendizagem, mas, pode afetar o desempenho escolar quando o grau de desatenção é grande, e neste caso o tratamento com medicamento pode ser recomendado. Quando há mais de um transtorno associado considera-se uma comorbidade.

Definição da DislexiaPosted on 8 de Março de 2012 by abdadmin

A nova definição de Dislexia(Evolução e comparação com a definição original)(Tradução e adaptação do “Annals of Dyslexia” volume 53, 2003,

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por M.Ângela N. Nico e José Carlos Ferreira de Souza)

 

A NOVA DEFINIÇÃO DA DISLEXIA

Definição de 1995 (G, Reid Lyon)“Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio

específico de origem constitucional caracterizado por uma dificuldade na

decodificação de palavras simples que, como regra, mostra uma insuficiência

no processamento fonológico. Essas dificuldades não são esperadas com

relação à idade e a outras dificuldades acadêmicas cognitivas; não são um

resultado de distúrbios de desenvolvimento geral nem sensorial. A dislexia se

manifesta por várias dificuldades em diferentes formas de linguagem

frequentemente incluindo, além das dificuldades com leitura, uma dificuldade

de escrita e de soletração.”

Atual definição de 2003(Susan Brady, Hugh Catts, Emerson Dickman, Guinevere Eden, Jack Fletcher,Jeffrey Gilger, Robin Moris, Harley Tomey and Thomas Viall)“Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica.

É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade

na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam

tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado

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em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária .“ 

“Dislexia é um distúrbio específico de aprendizagem…

Esta definição identifica a dislexia como uma dificuldade específica de aprendizagem

ao contrário dos termos mais gerais para distúrbios de aprendizagem.

Enquanto esta categoria geral de dificuldade inclui uma grande variedade de

distúrbios de audição, fala, leitura, escrita e matemática (USOE 1997), nós

recomendamos (Fletcher et al., 2002; Lyon, 1995) que essa categoria deva ser

descartada por ser um termo geral a esse distúrbio, quando se discute dificuldade

de leitura. Sugerimos que se deve discutir distúrbio específico, definido em termos

de domínio operacional coerente. Do ponto de vista epidemiológico, dificuldade de

leitura, afeta pelo menos 80% da população. Isto constitui o mais prevalente tipo de

distúrbio de aprendizagem.Como já foi dito antes Lyon (1995) é importante

reconhecer que muitos indivíduos com dislexia têm também deficiência e

comorbidades em outras áreas cognitivas e acadêmicas como v.g. : a atenção

(Schnkweiler, at al.,1995; B.A Shaywitz, Fletcher, & S.E.Shaywitz,1994),

matemática ( Fletcher & Loveland, 1986 ) a soletração e expressão escrita

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(Lindamood, 1994; Moats,1994).Essas observações de comorbidades não vão aoencontro da especificidade da definição proposta da dislexia, mesmo porque

características cognitivas como déficit de atenção e matemática são bem diferentes

daquelas características de cognição, associadas ao déficit na habilidade básica para

leitura (Lyon, Fletcher, & Barnes, 2003).

 

…que é de origem neurobiológica.”

Essa frase mostra um grande avanço na compreensão das bases neuronais dadislexia nos últimos oito anos, desde a primeira definição e vai muito além da frase“de origem constitucional (1995). Suspeitou-se da origem neurobiológica dadislexia há mais de um século. Em 1891 uma neurologista francesa, Djerine,sugeriu que a porção posterior do lado esquerdo do cérebro é crítica para a leitura.A partir de Djerine, uma grande quantidade de trabalhos a respeito dainabilidade na aquisição da leitura (alexia) descreve as lesões neuroanatômicasmais encontradas localizadas na área parietal-temporal (incluindo o giros angular,supramarginal e as porções posteriores do giro temporal superior) como a regiãoprincipal no mapeamento da percepção visual para a impressão das estruturasfonológicas do sistema da linguagem,( Damásio). Outra região posterior docérebro (mais ventral na área occipto-temporal) foi também descrita porDjerine (1892) como crítica para a leitura. Mais modernamente a investigaçãoneurobiológica usa cérebros de disléxicos mortos,(Galaburda, Sherman, Rosen,

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Aboitz, & Geschwind,1985), Morfometria craneana (Brown, et al., 2001; Eliez, et al.,2000; Filipek, 1996) e Imagem de Ressonância Magnética por Tensão Difusa(técnica que acessa a conectividade das fibras nervosas cerebrais). Esse métododá uma estimativa da orientação das fibras e da anisotropia (qualidade peculiar acertas substâncias cristalizadas de reagir de modo diferente a outrosfenômenos físicos: como propagação da luz , calor, crescimento do cristal,dureza etc) tecidual para estabelecer seu caminho, segundo a direção consideradacapaz de produzir dupla polarização. Fornece informação sobre conexões namatéria branca. Essa informação é de interesse no estudo da neurologia, psiquiatriae distúrbios de desenvolvimento e (Klingberg, et al.,2000) suporta a crença deque há diferenças nas regiões temporo-parieto-occiptais no cérebro entredisléxicos e leitores sem dificuldade.Talvez a mais convincente evidência parabase neurobiológica da dislexia vem dos achados das investigações sobre aimagem funcional do cérebro. Mais do que examinar por autópsia cerebral oumedir o tamanho de regiões do cérebro usando dados morfométricos estáticos, eimagem funcional oferece a possibilidade de se examinar o cérebro funcionandodurante uma tarefa cognitiva. Em princípio a imagem funcional do cérebro émuito simples. Quando é pedido para um indivíduo realizar uma tarefa cognitivasimples, essa tarefa demanda processamento em regiões particulares do sistemaneuronal cerebral. Para atingir o resultado, é necessário, ativação de sistemasneuronais específicos em regiões cerebrais e estas mudanças de atividades

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neuronais podem ser medidos por técnicas de imagem funcional por ressonânciamagnética (fMRI) e magnetoencefalografia (MEG). Como os procedimentos de(FMRI) e (MEG) não são invasivos e são seguros, podem ser usadosrepetitivamente, propriedade ideal para estudar pessoas, especialmente crianças. 

Uma grande variedade de investigações neurobiológicas por cientistas

de todo mundo, tem documentado o sistema neuronal para a leitura em

disléxicos através das linguagens e culturas.

Usando imagem funcional do cérebro de adultos disléxicos leitores, é evidente afalha no hemisfério esquerdo posterior cerebral que não funciona adequadamenteà leitura, (Brunswick, McCrory, Price, Frith & Frith 1999; Helenius, Tarkiainen,Cornelissen, Hansen, & Salmelin,1999; Horwitz, Rumsey, & Donohue,1998;Paulesu, et al., 2001; Rumsey, et al.,1992; Rumsey et al.,1997; Samelin, Service,Kiesila, Uutela, & Salonen,1996; S.E. Shaywitz, et al .,2003; E.Shaywitz etal.,1998; Simos, Breier, Fletcher, Bergman, & Papanicolaou, 2000). Assimtambém tarefas de processamento não visual (Demb, Boynton, & Heerger,1998; Eden, et al.,1996) nos sistemas anteriores especialmente envolvendoregiões ao redor do giro frontal inferior também têm sido implicados na leitura.Em trabalhos com indivíduos com lesões cerebrais (Benson, 1997) assim comoimagens funcionais cerebrais (Brunswick, et al.,1999; Corina, et al., 2001;Georgiewa, et al.,1999; Gross-Glenn, et al .,1991; Paulesu, et al.,1996; Rumsey, et al,

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1997; S.E. Shaywitz, et al.,1998).Essa evidência neurobiológica de disfunçãonos circuitos de leitura no hemisfério esquerdo posterior, está evidente emcrianças com dificuldade de leitura causadas por falta de estímulos.(Seki, et al.,2001; B. Shaywitz, et al.,2002; Simos, et al. , 2000; Temple, et al.,2001). 

Esses dados permitem aos cientistas e clínicos usar o modelo de trabalho dossistemas neurais para leitura baseada num histórico trabalho de Djerine e em umateoria mais moderna de Gordon Logan. Logan (1998,1997) propôs dois sistemascríticos no desenvolvimento das habilidades do processamento automático.Um envolve a análise da palavra separando-a em fonemas e isto requer atenção eseu processamento é relativamente vagaroso. O segundo sistema opera na palavracomo um todo. É um sistema obrigatório que não requer atenção sendoprocessada muito rapidamente. Dados convergentes de linhas de investigaçãoindicam que o sistema de análise de palavras de Logan está localizado dentroda região parietal-temporal enquanto que a nomeação rápida automatizada élocalizada dentro da área visual da palavra (Cohen, et al., 2000; Cohen, et al .,2002; Dehaene, Le Clec’H, Poline, Lê Bihan,& Dehaene, 2003, et al., 2001;McCandliss, Cohen & Dehaene, 2003; Moore & Price,1999). A área visual dapalavra parece responder preferencialmente a estímulos apresentadosrapidamente (Price, Moore, & Frackowiak,1996) e está ligada mesmo quando apalavra não tenha sido conscientizada. (Dehaene, et al.,2001).È esse sistema

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occiptal-temporal que parece predominar, quando o leitor se torna hábil e juntatudo como uma unidade ortográfica, fonológica e semântica de palavras. 

É caracterizada por dificuldade no reconhecimento fluente da leitura e pobrehabilidade de decodificação e soletração de palavras simples. 

Essa definição substitui a de 1995 que se refere simplesmente a “dificuldade dedecodificar uma palavra”. A nova definição amplia esta frase referindo-seespecificamente ao reconhecimento correto das palavras (identificando asverdadeiras palavras ) e as habilidades de decodificação (pronunciandologatomas ). Também reconhece a soletração pobre como uma característicada dislexia. A soletração esta intimamente relacionada com a leitura não sóporque os sons estão ligados às letras, mas porque as palavras estão literalmentecolocadas em código ao invés de meramente decifradas (S.Shaywitz, 2003).Talvez a mais importante mudança nesta parte da decodificação é oreconhecimento do que caracteriza os indivíduos disléxicos, particularmentedisléxicos adolescentes e adultos: a inabilidade de ler fluentemente. Fluência éa habilidade de ler um texto rapidamente , precisamente e com bomentendimento. (Report of the National Panel, 2000; Wolf, Bowers, & Biddle, 2001).É a marca registrada de um bom leitor. Os dados indicam que leitoresdisléxicos podem melhorar a leitura conforme vão se tornando mais madurosmas continuam com falta de fluência, que resulta num sobre-esforço e lentidão.(Lefly & Pennington,1991; Shaywitz, 2003). 

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Essas dificuldades resultam tipicamente na deficiência do componente fonológicoda linguagem. A teoria sobre dislexia tem sido proposta baseada no sistemavisual (Stein & Walsh,1997), e outros fatores como processamento temporal(auditivo) do estímulo dentro deste sistema (Talcott, et al., 2000; Tallal,2000). Existe agora uma forte consciência dos investigadores neste campo deque, a dificuldade central na dislexia reflete um déficit dentro do sistema dalinguagem (Ramus, et al., 2003 ). Investigadores de há muito sabem que a falaproporciona a quem a usa criar um infinito número de palavras combinando epermutando um pequeno número de segmentos fonológicos, as consoantes evogais que servem como constituintes naturais da especialidade biológica:a linguagem. Uma transcrição alfabética (leitura) mostra estas mesmashabilidades aos leitores, mas somente quando eles conectam estes caracteresarbitrários (representam o sistema fonológico por letras). Fazer esta conexãorequer uma consciência de que todas as palavras podem ser decompostas emsegmentos fonológicos. Essa consciência permite ao leitor conectar as letras(ortografia ) e a unidade da fala que eles representam (consciência fonológica).A consciência de que todas as palavras podem ser decompostas nesses elementosbásicos (fonemas), permite ao leitor decifrar o código de leitura. Para ler,a criança deve desenvolver a visão de que as palavras podem se dividir emfonemas e que estas letras numa palavra escrita, representem este som.Como mostram numerosos estudos, tal consciência, entretanto, não existe nas

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crianças e adultos disléxicos (Bruck, 1992; Fletcher, et al.,199; Liberman &Shanweiler,1991). Estudos bem feitos em grandes populações com distúrbiosde leitura confirmam que, na idade escolar de crianças e jovens (Fletcher, et al .,1994; Stanovich & Siegel,1994) assim como em adolescentes, (S.E.Shaywitz, et al.,1999) o déficit fonológico representa a mais forte e específica co-relação com odistúrbio de leitura. (Morris, et al.,1998 ).Tais achados formam a base para a melhorintervenção baseada em evidência destinada à melhora da leitura (Report of theNational Reading Panel,2000). 

Não é esperada em relação a outras habilidades cognitivas consideradas

no grupo (faixa etária).

Essa afirmação gerou grande discussão no Comitê. Por outro lado o Comitê

reconheceu que a noção de dificuldade inesperada no aprendizado da leitura é

básico em quase todas as definições de dislexia, incluindo a definição de 1995

(Lyon,1995; Orton,1937 ).

 

Por outro lado, enquanto preserva o conceito de aprendizagem defasada, o Comitênão quer abraçar a idéia de que déficits básicos na decodificação ereconhecimento de palavras devam ser significantemente inferior ao QI como estáespecificado na fórmula de discrepância típica. “De fato há entre os pesquisadores eclínicos um conceito crescente da dependência da discrepância entre o QI(geralmente muito alto) e aquisição de leitura para o diagnóstico da dislexia

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(S. Shaywitz, 2003,p.137). Ao invés disso os dados sugerem que essa defasagemdeve ser acessada através de comparação da idade de leitura com a idadecronológica e ou por comparação entre habilidade de ler o nível educacional e oprofessor envolvido. ( S.Shaywitz,2003,p.133) A maior preocupação que repousanessa discrepância é que isso freqüentemente resulta num atraso na identificaçãodo problema de leitura e esse atraso resulta no atraso no fornecimento de ensinoadequado. (Fletcher ,et al 2002 and Lyon, et al 2003). 

Novo neste componente da definição é o conceito de que a criança necessitade ensino adequado. A história de instrução individual é crítica noentendimento da natureza da dificuldade observada. Por exemplo, muitas criançasde risco vêm do meio ambiente não adequado com educação de pré-escola comfalha. Portanto, freqüentemente, entram na escola com falha de muitascaracterísticas lingüísticas essenciais e pré-requisitos para a leitura (ou seja,sensibilidade fonológica, vocabulário e motricidade fina) fatores críticos paraproficiência da leitura. Se o ensino de leitura, fornecido para a criança na sala deaula não preencher as lacunas das habilidades fundamentais, e não forajustado para se ensinar essas habilidades faltantes, ocorrerão falhas típicasna leitura (Lyon ,et al.,2001). Por outro lado, numerosos estudos recentes(Torgesen, 2000 ) mostraram muitas crianças identificadas como de risco napré–escola e 1 a série fundamental e que lhes foram dadas ensino adequadodesenvolveram proficiência desde cedo. Torgesen (2000) , afirma que a

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intervenção precoce tem a capacidade de reduzir a possível falha na leitura eescrita de 18% na população escolar, para de 1,4 até 5,4. 

Mas, o estudo sobre intervenção precoce, resumido por Torgesen (2000),indica claramente que nenhum dos professores que atuaram na intervençãoprecoce foram igualmente efetivos para todas as crianças de risco estudadas,mesmo quando a intervenção foi feita intensamente por professores eprofissionais (fonoaudiólogos e psicopedagogos) bem preparados. 

Enquanto o Comitê discutia esses achados, surgiu um consenso de que o papelda história educacional deve ser levado muito a sério. Especificamente a falta deresposta para instrução científica dada é um fator que diferencia a dislexia severaagravada com ensino inadequado. Portanto a definição de dislexia dedesenvolvimento e a identificação desses indivíduos, pode nos levar a desconfiar daqualidade de resposta dada por especialistas. 

… Consequências secundárias podem influir na compreensão daleitura que impedirão o conhecimento do vocabulário.É fato que o entendimento das dificuldades fonológicas leva a problemas de fluência

e precisão, que pode levar a problemas de vocabulário. Tudo isso junto interfere na

leitura e entendimento do texto como um todo. È importante afirmarmos que essa

explicação remove o argumento antigo de que precisão e fluência na palavra escrita

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“não é realmente leitura”.

SUMÁRIO

Houve um relevante desenvolvimento na epidemiologia, neurobiologia ecaracterísticas linguísticas e conectivas de dislexia, desde a definição inicial que oComitê publicou em 1995. Assim também, desde 1995, nosso entendimento sobredislexia tem sido formado por um número de intervenções e tratamentos queagora dão oportunidade de integrar as informações sobre a natureza e amagnitude da resposta, ao ensino no nosso conceito de dislexia de evolução.A definição proposta em 2003, discutida neste trabalho reflete nosso respeito ànatureza dinâmica do processo científico e sua utilidade em aumentar nossacompreensão sobre a dislexia. Fizemos a revisão da definição de 1995, com basenas evidências relevantes no desenvolvimento da leitura e escrita, dificuldade deleitura e escrita e ensino da leitura e escrita. Mas a tarefa não está completa.Nosso entendimento de dislexia é um trabalho em andamento e irá continuar.Para termos certeza nos próximos cinco anos teremos de comparar pesquisasmetodológicas e modalidades investigativas para o estudo da dislexia.Literalmente garantirá a aquisição de novos conhecimentos que mais tarde,modificarão a definição. A única constante é que isso e as futuras definiçõesrefletirão o que a ciência tem de melhor para oferecer.(Tradução e adaptação do “Annals of Dyslexia” volume 53, 2003, feita porM.Ângela.N. Nico e José Carlos Ferreira de Souza).

Entender como aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes e, até, geniais experimentarem dificuldades paralelas

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em seu caminho diferencial do aprendizado, é desafio que a Ciência vem deslindando paulatinamente, em130 anos de pesquisas. E com o avanço tecnológico de nossos dias, com destaque ao apoio da técnica de ressonância magnética funcional, as conquistas dos últimos dez anos têm trazido respostas significativas sobre o que é Dislexia.

A complexidade do entendimento do que é Dislexia, está diretamente vinculada ao entendimento do ser humano: de quem somos; do que é Memória e Pensamento- Pensamento e Linguagem; de como aprendemos e do por quê podemos encontrar facilidades até geniais, mescladas de dificuldades até básicas em nosso processo individual de aprendizado. O maior problema para assimilarmos esta realidade está no conceito arcaico de que: "quem é bom, é bom em tudo"; isto é, a pessoa, porque inteligente, tem que saber tudo e ser habilidosa em tudo o que faz. Posição equivocada que Howard Gardner aprofundou com excepcional mestria, em suas pesquisas e estudos registrados, especialmente, em sua obra Inteligências Múltiplas. Insight que ele transformou em pesquisa cientificamente comprovada, que o alçou à posição de um dos maiores educadores de todos os tempos.

A evolução progressiva de entendimento do que é Disléxia, resultante do trabalho cooperativo de mentes brilhantes que têm-se doado em persistentes estudos, tem marcadores claros do progresso que vem sendo conquistado. Durante esse longo período de pesquisas que transcende gerações, o desencontro de opiniões sobre o que é Dislexia redundou em mais de cem nomes para designar essas específicas dificuldades de aprendizado, e em cerca de 40 definições, sem que nenhuma delas tenha sido universalmente aceita. Recentemente, porém, no entrelaçamento de descobertas realizadas por diferentes áreas relacionadas aos campos da Educação e da Saúde, foram surgindo respostas importantes e conclusivas, como:

que Dislexia tem base neurológica, e que existe uma incidência expressiva de fator genético em suas causas, transmitido por um gene de uma pequena ramificação do cromossomo # 6 que, por ser dominante, torna Dislexia altamente hereditária, o que justifica que se repita nas mesmas famílias;

que o disléxico tem mais desenvolvida área específica de seu hemisfério cerebrallateral-direito do que leitores normais. Condição que, segundo estudiosos, justificaria seus "dons" como

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expressão significativa desse potencial, que está relacionado à sensibilidade, artes, atletismo, mecânica, visualização em 3 dimenões, criatividade na solução de problemas e habilidades intuitivas;

que, embora existindo disléxicos ganhadores de medalha olímpica em esportes, a maioria deles apresenta imaturidade psicomotora ou conflito em sua dominância e colaboração hemisférica cerebral direita-esquerda. Dentre estes, há um grande exemplo brasileiro que, embora somente com sua autorização pessoal poderíamos declinar o seu nome, ele que é uma de nossas mentes mais brilhantes e criativas no campo da mídia, declarou: "Não sei por que, mas quem me conhece também sabe que não tenho domínio motor que me dê a capacidade de, por exemplo, apertar um simples parafuso";

que, com a conquista científica de uma avaliação mais clara da dinâmica de comando cerebral em Dislexia, pesquisadores da equipe da Dra. Sally Shaywitz, da Yale University, anunciaram, recentemente, uma significativa descoberta neurofisiológica, que justifica ser a falta de consciência fonológica do disléxico, a determinante mais forte da probabilidade de sua falência no aprendizado da leitura;

que o Dr. Breitmeyer descobriu que há dois mecanismos inter-relacionados no ato de ler: o mecanismo de fixação visual e o mecanismo de transição ocular que, mais tarde, foram estudados pelo Dr. William Lovegrove e seus colaboradores, e demonstraram que crianças disléxicas e não-disléxicas não apresentaram diferença na fixação visual ao ler; mas que os disléxicos, porém, encontraram dificuldades significativas em seu mecanismo de transição no correr dos olhos, em seu ato de mudança de foco de uma sílaba à seguinte, fazendo com que a palavra passasse a ser percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado e sobreposto. Sensação que dificultava a discriminação visual das letras que formavam a palavra escrita. Como bem figura uma educadora e especialista alemã, "... É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos do disléxico".

 

A dificuldade de conhecimento e de definição do que é Dislexia, faz com que se tenha criado um mundo tão diversificado de informações, que confunde e desinforma. Além do que a mídia, no Brasil, as poucas vezes em que aborda esse grave problema,

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somente o faz de maneira parcial, quando não de forma inadequada e, mesmo, fora do contexto global das descobertas atuais da Ciência.

Dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país, e uma das causas do chamado "analfabetismo funcional" que, por permanecer envolta no desconhecimento, na desinformação ou na informação imprecisa, não é considerada como desencadeante de insucessos no aprendizado.

Hoje, os mais abrangentes e sérios estudos a respeito desse assunto, registram 20% da população americana como disléxica, com a observação adicional: "existem muitos disléxicos não diagnosticados em nosso país". Para sublinhar, de cada 10 alunos em sala de aula, dois são disléxicos, com algum grau significativo de dificuldades. Graus leves, embora importantes, não costumam sequer ser considerados.

Também para realçar a grande importância da posição do disléxico em sala de aula cabe, além de considerar o seríssimo problema da violência infanto-juvenil, citar o lamentável fenômeno do suicídio de crianças que, nos USA, traz o gravíssimo registro de que 40 (quarenta) crianças se suicidam todos os dias, naquele país. E que dificuldades na escola e decepção que eles não gostariam de dar a seus pais estão citadas entre as causas determinantes dessa tragédia.

Ainda é de extrema relevância considerar estudos americanos, que provam ser de 70% a 80% o número de jovens delinqüentes nos USA, que apresentam algum tipo de dificuldades de aprendizado. E que também é comum que crimes violentos sejam praticados por pessoas que têm dificuldades para ler. E quando, na prisão, eles aprendem a ler, seu nível de agressividade diminui consideravelmente.

O Dr. Norman Geschwind, M.D., professor de Neurologia da Harvard Medical School; professor de Psicologia do MIT - Massachussets Institute of Tecnology; diretor da Unidade de Neurologia do Beth Israel Hospital, em Boston, MA, pesquisador lúcido e perseverante que assumiu a direção da pesquisa neurológica em Dislexia, após a morte do pesquisador pioneiro, o Dr. Samuel Orton, afirma que a falta de consenso no entendimento do que é Dislexia, começou a partir da decodificação do termo criado para nomear essas específicas dificuldades de aprendizado; que foi elegido o significado latino dys, como dificuldade; e lexia, como palavra. Mas que é na

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decodificação do sentido da derivação grega de Dislexia, que está a significação intrínsica do termo: dys, significando imperfeito como disfunção, isto é, uma função anormal ou prejudicada; elexia que, do grego, dá significação mais ampla ao termo palavra, isto é, comoLinguagem em seu sentido abrangente.

Por toda complexidade do que, realmente, é Dislexia; por muita contradição derivada de diferentes focos e ângulos pessoais e profissionais de visão; porque os caminhos de descobertas científicas que trazem respostas sobre essas específicas dificuldades de aprendizado têm sido longos e extremamente laboriosos, necessitando, sempre, de consenso, é imprescindível um olhar humano, lógico e lúcido para o entendimento maior do que é Dislexia.

Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos. 

Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente...

 

  dislexia não é uma doença , portanto não podemos falar em cura. Ela é congênita e hereditária, e seus sintomas podem ser identificados logo na pré-escola.

Os sintomas, ainda, podem ser aliviados, contornados, com acompanhamento adequado, direcionado às condições de cada caso. Não podemos considerar como "comprometimento" sua origem constitucional (neurológica), mas sim como uma diferença, que é mais notada em relação à dominância cerebral.

"A DISLEXIA é uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade de uma criança para ler ou escrever está abaixo de seu nível de inteligência." 

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"A DISLEXIA é uma função, um problema, um transtorno, uma deficiência, um distúrbio. Refere a uma dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem."

"A DISLEXIA é um transtorno, uma perturbação, uma dificuldade estável, isto é duradoura ou parcial e, portanto, temporária, do processo de leitura que se manifesta na insuficiência para assimilar os símbolos gráficos da linguagem.” 

"A DISLEXIA não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos. Acomete mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3 para 1."

 "A DISLEXIA é caracterizada por dificuldades na leitura, escrita (ortografia e semântica), matemática (geometria, cálculo), atraso na aquisição da linguagem, comprometimento da discriminação visual e auditiva e da memória seqüencial.”

Etiologia:

A rigor, não há nenhuma segurança em afirmar uma ou outra etiologia para a causa da dislexia, mas há algumas situações que foram descartadas:

Em hipótese alguma o disléxico tem comprometimento intelectual. Segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas, o ser humano possui habilidades cognitivas: inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal, inteligência lógica-matemática, inteligência espacial, inteligência corporal-cinestésica, inteligência verbal-linguística, inteligência musical, naturalista, existencial e pictórica. O disléxico teria sua inteligência mais predisposta à inteligência corporal-cinestésica, musical, espacial.

Quanto ao emocional, é preciso avaliar muito bem. Pode haver um comprometimento do emocional como conseqüência das dificuldades da dislexia, mas nunca como causa única.

A criança dislexia não tem perda auditiva.

Há vários estudos:

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A) Uma falha no sistema nervoso central em sua habilidade para organizar os grafemas, isto é, as letras ou decodificar os fonemas, ou seja, as unidades sonoras distintivas no âmbito da palavra.

B) O impedimento cerebral relacionado com a capacidade de visualização das palavras.

C) Diferenças entre os hemisférios e alteração (displasias e ectopias) do lado direito do cérebro. Isso implica, entre outras coisas, uma dominância da lateralidade invertida ou indefinida. Mas também justifica o desenvolvimento maior da intuição, da criatividade, da aptidão para as artes, do raciocínio mais holístico, de serem mais subjetivos e todas as outras qualidades características do hemisfério direito.

D) Inadequado processamento auditivo (consciência fonológica) da informação lingüística.

E) Implicações relação afetiva materno-filial, o que pode entravar a necessidade da linguagem, e mais tarde a aprendizagem da leitura e escrita.

Sinais encontrados em Disléxicos:

Desde a pré-escola alguns sinais e sintomas podem oferecer pistas que a criança é disléxica. Eles não são suficientes para se fechar um diagnóstico, mas vale prestar atenção:

Fraco desenvolvimento da atenção. Falta de capacidade para brincar com outras crianças. Atraso no desenvolvimento da fala e escrita. Atraso no desenvolvimento visual. Falta de coordenação motora. Dificuldade em aprender rimas/canções. Falta de interesse em livros impressos. Dificuldade em acompanhar histórias. Dificuldade com a memória imediata organização geral.

Dificuldades encontradas em crianças com Dislexia:

Dificuldade para ler orações e palavras simples.

A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade evidente nos disléxicos.

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As crianças ou adultos disléxicos invertem as palavras de maneira total ou parcial, por exemplo, “casa” é lida “saca”. Uma coisa é uma brincadeira ou um jogo de palavras, observando a produtividade morfológica ou sintagmática dos léxicos de uma língua, outra coisa é, sem intencionalidade, a criança ou adulto trocar a seqüência de grafemas.

Invertem as letras ou números, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por/ b /3/ por /5/ ou /8/, /6/ por /9/ especialmente quando na escrita minúscula ou em textos manuscritos escolares. Assim, é patente a confusão de letras de simetria oposta.

A ortografia é alterada, podendo estar ligada a chamada CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA (alterações no processamento auditivo).

Copiam de forma errada as palavras, mesmo observando na lousa ou no livro como são escritas. Em geral, as professoras ficam desesperadas: “como podem - pensam e reclamam - ela está vendo a forma correta e escreve exatamente o contrário?". Ora, o processamento da informação léxica, que é de ordem cerebral, está invertida ou simplesmente deficiente.

As crianças disléxicas conhecem o texto ou a escrita, mas usam outras palavras, de maneira involuntária. Trocam as palavras quando lêem ou escrevem, por exemplo: “gato” por “casa”.

Têm as crianças disléxicas dificuldades em distinguir a esquerda e a direita.

Alteração na seqüência das letras que formam as sílabas e as palavras.

Confusão de palavras parecidas ou opostas em seu significado. Os homônimos, isto é, palavras semelhantes (seção, cessão e seção) são uma dificuldade nas crianças disléxicas.

Os erros na separação das palavras.

Os disléxicos sofrem com a falta de rapidez ao ler. A leitura é sem modulação e sem ritmo. Os disléxicos, às vezes, com muito sacrifício, decodificam as palavras, mas não conseguem ter compreensão.

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Os disléxicos têm falha na construção gramatical, especialmente na elaboração de orações complexas (coordenadas e subordinadas) na hora da redação espontânea.

Tipos de Dislexia:

DISLEXIA ACÚSTICA : manifesta-se na insuficiência para a diferenciação acústica (sonora ou fonética) dos fonemas e na análise e síntese dos mesmos, ocorrendo omissões, distorções, transposições ou substituições de fonemas. Confundem-se os fonemas por sua semelhança Articulatória. 

DISLEXIA VISUAL : Ocorre quando há imprecisão de coordenação viso-especial manifestando-se na confusão de letras com semelhança gráfica. Não temos dúvida que o primeiro procedimento dos pais e educadores é levar a criança a um médico oftalmologista.

DISLEXIA MOTRIZ : evidencia-se na dificuldade para o movimento ocular. Há uma nítida limitação do campo visual que provoca retrocessos e principalmente intervalos mudos ao ler.

Lembre-se em observar:

Alterações de grafia como "a-o", "e-d", "h-n" e "e-d", por exemplo.

As crianças disléxicas apresentam uma caligrafia muito defeituosa, verificando-se irregularidade do desenho das letras, denotando, assim, perda de concentração e de fluidez de raciocínio.

As crianças disléxicas, ainda segundo o professor, apresentam confusão com letras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço como "b-d". "d-p", "b-q", "d-b", "d-p", "d-q", "n-u" e "a-e". Ocorre também com os números 6;9;1;7;3;5, etc.

Apresenta dificuldade em realizar cálculos por se atrapalhar com a grafia numérica ou não compreende a situação problema a ser resolvida.

Confusões com os sinais (+) adição e (x) multiplicação.

A dificuldade pode ser ainda para letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: "d-t" e "c-q", por exemplo.

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Na lista de dificuldades dos disléxicos, para o diagnóstico precoce dos distúrbios de letras, chamamos a atenção de educadores, e pais para as inversões de sílabas ou palavras como "sol-los", "som-mos" bem como a adição ou omissão de sons como "casa-casaco", repetição de sílabas, salto de linhas e soletração defeituosa de palavras.

 Alfabetização do Disléxico:

O disléxico precisa olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala. Assim sendo, a criança disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos FALAR-OUVIR-LER-ESCREVER, são atividades da linguagem. FALAR E OUVIR são atividades com fundamentos biológicos.

O método mais adequado tem sido o fonético e montagem de ”manuais” de alfabetização apropriada à criança disléxica.

A criança aprende a usar a linguagem falada, mas isto depende do:

Meio ambiente compreensivo, estimulador e paciente. Trato vocal. Organização do cérebro. Sensibilidade perceptual para falar os sons.

O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial (aprender pelo uso de todos os sentidos), combinando sempre a visão, a audição e o tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras.

Estratégias que ajudam:

Uso freqüente de material concreto:

Relógio digital.

Calculadora.

Gravador.

Confecção do próprio material para alfabetização, como desenhar, montar uma cartilha.

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Uso de gravuras, fotografias (a imagem é essencial para sua aprendizagem).

Material Cusineire / Material Dourado.

Folhas quadriculadas para matemática.

Máscara para leitura de texto.

Letras com várias texturas.

Evitar dizer que ela é lenta, preguiçosa ou compará-la aos outros alunos da classe.

Ela não deve ser forçada a ler em voz alta em classe a menos que demonstre desejo em fazê-lo.

Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas orais do que nas escritas.

Sempre que possível, a criança deve ser encorajada a repetir o que foi lhe dito para fazer, isto inclui mensagens. Sua própria voz é de muita ajuda para melhorar a memória.

Revisões devem ser freqüentes e importantes.

Copiar do quadro é sempre um problema, tente evitar isso, ou dê-lhe mais tempo para fazê-lo.

Demonstre paciência, compreensão e amizade durante todo o tempo, principalmente quando você estiver ensinando a alunos que possam ser considerados disléxicos.

Ensine-a quando for ler palavras longas, a separá-las com uma linha a lápis.

Dê-lhes menos dever de casa e avalie a necessidade e aproveitamento desta tarefa.

Não risque de vermelho seus erros ou coloque lembretes tipo: estude! Precisa estudar mais! Precisa melhorar! 

Procure não dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha e a faz infeliz.

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Não a force a modificar sua escrita, ela sempre acha sua letra horrível e não gosta de vê-la no papel. A modulação da caligrafia é um processo longo.

Procure não reforçar sentimentos que minimizam sua auto-estima. 

Dê-lhes um tempo maior para realizar as avaliações escritas. Uma tarefa em que a criança não-disléxica leva 20 minutos para realizar, a disléxica pode levar duas horas. 

Usar sempre uma linguagem clara e simples nas avaliações orais e principalmente nas escritas. 

Uma língua estrangeira é muito difícil para eles, faça suas avaliações sempre em termos de trabalhos e pesquisas.

Orientação aos pais:

A coisa mais importante a fazer: AJUDAR A MELHORAR A AUTO-ESTIMA. Ofereça segurança, carinho, compreensão e elogie seus pequenos acertos.

Procurar ajuda profissional para realizar um diagnóstico correto: fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista ou psicopedagogo.

Explique que suas dificuldades têm um nome: DISLEXIA e que você vai ajudá-lo a superá-las, mas que ele é o principal agente desta mudança. 

Encoraje-o e encontre coisas em que se saia bem, estimulando-o nessas coisas. 

Elogie por seus esforços, lembre-se como ele tem de esforçar-se muito para ter algum sucesso na leitura e na escrita. 

Ajude-o nos seus trabalhos escolares, ou, em algumas lições em especial, com paciência (mas não escreva para ele, ou resolva suas tarefas de matemática). 

Ajude-o a ser organizado. 

Encoraje-o a ter hobbies e atividades fora da escola, como esportes, música, fotografia, desenhos, etc. 

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Observe se ele está recebendo ajuda na escola, porque isso faz muita diferença na habilidade dele de enfrentar suas dificuldades, de prosperar e de crescer normalmente. 

Não permita que os problemas escolares impliquem em mau comportamento ou falta de limites. Uma coisa nada tem a ver com a outra!

Dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.SintomasOs sintomas variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades: 1) para ler, escrever e soletrar; 2) de entendimento do texto escrito; 3) para de identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações; 4) para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia); 5) ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia); 6) de organização temporal e espacial e coordenação motora.DiagnósticoO diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas,

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déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.

É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua auto-estima e projeto de vida.TratamentoAinda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.

Recomendações* Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;

* O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;

* O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência;

* Portadores de dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;

* Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.

A Dislexia no Contexto da Aprendizagem

Autora: Flávia Sayegh

Resumo: A dislexia acompanha a pessoa no dia-a-dia em sua aprendizagem. Não é uma dificuldade em compreender os conteúdos de aula, o que seria resolvido com aulas particulares, um reforço em algo dificultoso para o aluno. É

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um distúrbio, e como tal segue a criança e adolescente em sua aprendizagem. O que ocorre, é que pode acontecer da equipe de saúde fornecer o diagnóstico, e muitas vezes não conseguir fazer o acompanhamento. Algo que poderia ser terapeuticamente melhorado acaba por tornar o diagnóstico erroneamente taxativo ao paciente. A família acaba por perder-se e não saber lidar com a situação, colocada em suas mãos. A família chega a procurar profissionais e dizer que o filho tem dislexia, e que é por isso que não se comporta bem em casa. Uma razão seria um mau comportamento, e outra, a dificuldade no progresso escolar, devido à dislexia.

1. Introdução

O que foi percebido é que os estudantes cometem erros diferentes, o que nos faz pensar em diferentes tipos de dislexia, comparadas com as crianças normais. Como exemplo aos leigos, uma criança sem o diagnóstico de dislexia lê páginas e páginas sem cometer erro de leitura, visto que a criança com dislexia troca as sílabas por outras, lê com omissões de palavras e até prende-se em determinado ponto do livro, sem conseguir ir além.

Segundo Eleanor Boder (1973) and Nunes. T e cols (2000), foi percebido erros distintos. A autora classificou as crianças disléxicas em três grupos. O grupo dos difonéticos, que apresentam dificuldade na fonologia das palavras, com dificuldade em usar as correspondências entre letra e som na leitura e na escrita. Ou seja, ocorre discrepância em relação entre o que está escrito e o que é lido. Ao invés de ler nato, pode-se dizer mato.

O segundo grupo de crianças são as diseidéticas, são crianças que não cometem erros entre o que é lido, e o que é pronunciado, são crianças com dificuldade visual, com pouco reconhecimento global das palavras. Acontece mais na leitura da língua americana, com dificuldade em fazer a correspondência entre letra e som, como por exemplo: ought, one ou laugh.

O terceito grupo, são as dislexias adquiridas por remoção de tumor cerebral ou acidentes.

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Segundo Nunes. T (2000) e cols, as crianças disléxicas possuem compreensão gramatical fraca, com difilculdades em utilizar essas regras na leitura.

Comentando Nunes.T e cols (2000), esse argumento não pode ser utilizado no diagnóstico, porque qualquer criança que não recebe uma aprendizagem gramatical, pode também não compreendê-la. O que ocorre é a dificuldade em fazer a correspondência entre o que está escrito e o que é lido. A criança disléxica chega ao estágio alfabético, com erros por trocas, omissão e esquecimento de letras, com maior freqüência do que as outras crianças.

Segundo Moraes.(1997), às crianças disléxicas possuem um nível intelectual normal ou acima da média, apesar de suas dificuldades de leitura e escrita.

Segundo Johnson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), a dislexia não é encontrada de forma isolada, e sim associada a outros distúrbios.

O que pode ocorrer é que a criança e o adolescente tenham sintomas isolados de dificuldade que não caracterize a dislexia ou um conjunto de fatores que possamos compreender mais sobre ela.

Por isso Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), comenta dos distúrbios de memória que podem surgir a curto prazo, ou a longo prazo.

Por exemplo, o paciente pode ter dificuldade para recordar o que aconteceu num momento anterior (curto prazo) ou o que aconteceu a longo prazo (vários dias). Uma pessoa que lembra com detalhes vários fatos ocorridos a curto e a longo prazo, não apresentaria um distúrbio de memória. Por isso, é importante um trabalho lingüístico com crianças. Com uma proposta de fazê-la recordar o que fez no final de semana.

Por isso Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), crianças com problemas de memória auditiva são incapazes de recordar os sons das letras ou relacionar os diferentes sons para formar palavras. E no nível visual, caracterizam-

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se pelos problemas em relacionar os sons que escutam ou palavras que são constituídas mentalmente, junto as suas grafias próprias.

Segundo Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), apresentam desorientação temporal, com dificuldades em saber as horas, saber os dias da semana, os meses do ano.

O que poderia ajudar, na orientação psicológica, é o treino ao ver as horas no relógio de ponteiro e até a troca de um relógio analógico por um digital e uma agenda para que a criança não se sinta perdida nas realizações das atividades.

As crianças com dislexia apresentam dificuldade com seqüência, como espacial e temporal, por isso suas frases podem perder o significado e o sentido. Muitas vezes, perdem-se no tempo, trocando os dias da semana, o mês do ano ou esquecem o dia em que estão.

Segundo Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), o problema principal seria a escrita e a soletração, porque a criança com dificuldades na leitura , é incapaz de escrever, porque esse é um processo posterior a leitura.

Segundo Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), o distúrbio topográfico, seria a dificuldade da criança ler e se situar em gráficos, globos e mapas. E o distúrbio no padrão motor seria a dificuldade de correr, manter o equilíbrio numa perna só, saltar.

Sintomas:

Segundo Lanhez. M. E Nico. M (2002), os sintomas da dislexia são: desempenho inconstante, lentidão nas tarefas de leitura e escrita, dificuldades com soletração, escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinação de fonemas, dificuldade em associar o som ao símbolo, dificuldade com a rima, dificuldade em associações, como por exemplo, associar os rótulos aos seus produtos. Além de dificuldade para organização seqüencial, como tabuada, meses do ano. Dificuldade em nomear tarefas e objetos. Dificuldade em organizar-se com o tempo (hora), no espaço (antes e depois) e direção (direita e esquerda). Dificuldade

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em memorizar números de telefone, em organizar tarefas, em fazer cálculos mentais, desconforto em tomar notas e relutância para escrever.

O diagnóstico

Segundo Lanhez. M. E Nico. M (2002), o diagnóstico é feito por exclusão de possibilidades e por isso, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, fonoaudiólogo e médico. E quando necessário, se faz um encaminhamento para outros profissionais, como oftamologista, geneticista, etc.

O psicólogo faz uma entrevista com os pais da criança ou com a pessoa que vai ser avaliada. Quando o avaliado freqüenta escola, é encaminhado para o professor um questionário.

Logo, são feitos os testes que medem o nível de inteligência, para determinar as habilidades globais de aprendizagem da pessoa. São aplicados testes visuomotores, neuropsicológicos e de personalidade. Essas avaliações revelam possíveis comprometimentos na inteligência, indícios de lesões neurológicas ou conflitos emocionais. São aplicados também por parte do psicopedagogo testes de lateralidade, leitura e linguagem.

Segundo Lanhez. M. E Nico. M (2002), são pedidos ainda , teste oftalmológico e audiométrico.

O primeiro colegial- estudo de caso

Bauer .James (1997), escreveu um livro sobre sua experiência com a dislexia. Foi percebido que Bauer passou por uma dificuldade que se percebida, poderia ter sido amenizada. Ao chegar no primeiro colegial, com 14 anos de idade, já estava convencido que sua vida estava chegando ao fim, com poucas chances para si, apesar de sua boa vontade. Já desestimulado, freqüentava a escola, porque lhe era exigido por lei. Já adolescente, temia que lhe pedissem para ler ou escrever algo. Ao pegar um ônibus, foi encaminhado para um ginásio onde receberia junto aos

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colegas os horários que teriam que seguir pelo resto do ano.

Escolheu fazer um curso de oficina elétrica porque já havia trabalhado com seu pai e conhecia todos os tipos de equipamentos que via ao seu redor. Seu professor pediu para que antes de operar a máquina, seria útil ler o material. Foi nesse momento que se perdeu e pulava a maioria das palavras novas e desconhecidas. Seu professor de matemática também pediu que ele fizesse exercícios em suas páginas de caderno e que copiasse anotações do quadro negro. Somente sua professora de estudos sociais deu a matéria conversando. E segundo o seu relato: - “Eu estava entendendo tudo o que ela dizia e se a cada ano o curso fosse apresentado daquela maneira, eu teria aprendido melhor academicamente”.

A professora de educação física deu exercícios para copiar e o professor de ciências também. Segundo Bauer, sua energia na escola era gasta em se misturar com os outros estudantes e não ser descoberto com sua dificuldade de leitura.

O temido dia de Bauer chegou. Era o dia da avaliação. Alguns dias depois ao olhar o boletim, viu que recebeu D em todas as matérias, menos em ginástica. Ele ficou arrasado e queria fugir. Com o tempo, Bauer passou por alguns testes e começou a freqüentar o laboratório de leitura da escola, composto por mais 12 estudantes. Com os anos, foi descobrindo o seu potencial na leitura, foi se tornando uma pessoa mais feliz e realizada.

Considerações finais

É necessário saber em qual ponto esse estudante está na aprendizagem, para montar estratégias, para que ele alcance um melhor percurso e êxito em sua vida escolar. Não adianta fazer da descoberta, uma desculpa para uma possível falha comportamental.

Uma aprendizagem saudável pode até ir, além dos limites, de uma forma agradável, continuada, com rotina e disciplina. É importante um teste de aptidão textual, de

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inteligência e avaliação de leitura, uma anamnese profunda, que investigue toda a saúde orgânica do paciente. Como seria sua compreensão gramatical. É percebido se o paciente tem consciência fonológica do que está escrito e o que ele próprio lê.

A dislexia não se refere somente à dificuldade de leitura, a escrita e a soletração também são afetadas.

Uma pessoa, com dislexia pode apresentar problemas emocionais, devido à falta de tratamento psicológico diante do acontecimento. Para evitarmos um prejuízo acadêmico e frustrações, é necessário um diagnóstico, e um acompanhamento profissional. Além de orientação familiar e escolar, para que não se estabeleçam culpas e descrenças e sim, uma forma de compreender que a dislexia é uma dificuldade e não impossibilidade, se estabelecendo assim, quais as melhores formas de aprender.

Referências bibliográficas

BAUER, J.J. Dislexia: Ultrapassando as barreiras do preconceito. São Paulo. Casa do psicólogo, 1997.LANHEZ, M.E e NICO. M.A. Nem sempre é o que parece: Como enfrentar a dislexia e os fracassos escolares. São Paulo: Alegro, 2002. MORAES, A.M.P. Distúrbios da aprendizagem: Uma abordagem psicopedagógica. São Paulo: EDICON, 1997.NUNES. T e cols. Dificuldades na aprendizagem da leitura: Teoria e prática. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2000.