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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÂO “LATO SENSU”
O QUE É DISLEXIA E SUAS CAUSAS
Por: Jéssica Domingues Vicente Moreira Cruz
Orientadora: Maria Poppe
RIO DE JANEIRO
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
O QUE É DISLEXIA E SUAS CAUSAS
Apresentação de monografia ao Instituto A
Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes
como requisito parcial para obtenção do grau de Pós
Graduação em Psicopedagogia
Por: Jéssica Domingues Vicente Moreira
Cruz
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Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus que me deu
resistência para ultrapassar as barreiras impostas em
meu caminhar, sabedoria e coragem.
Agradeço à minha família e as amigas da
faculdade, por todo apoio e compreensão.
Muito obrigada a todos.
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Dedicatória
Dedico este trabalho especialmente a DEUS e aos
meus pais que tanto me apoiaram. E a todos que
estiveram comigo nessa longa caminhada.
Amo vocês!!!
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Resumo
O presente estudo volta-se para as definições da dislexia e suas causas
durante a infância, onde durante o período inicial da alfabetização se
desenvolve de forma silenciosa e pode passar despercebida pelo professor
dentro de sala de aula, porém não deve escapar dos olhos do psicopedagogo,
que deve estar apto a perceber o distúrbio ao primeiro sinal do professor, que
provavelmente irá rotular o aluno como uma criança desatenta, bagunceira e
inquieta.
Definindo a dislexia como um distúrbio de aprendizagem, caracterizado
pela dificuldade na leitura e seus fonemas, e também comportamento do aluno
disléxico, que são principalmente a falta de organização tanto de si próprio
quanto do seu material escolar, perda de memória, lentidão ao realizar os
deveres propostos, falta de concentração, é uma criança que vive no “mundo
da lua” entre outras características tão marcantes. O aluno com dislexia na
deve ser tratado de forma diferenciada perante os outros alunos, e sim deve
ser ressaltado que o modo de aplicação de suas atividades serão modificadas,
garantido assim o aprendizado, levando-o não a cura e sim a melhora de seu
distúrbio
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Metodologia
O presente estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica, onde
será realizado um levantamento condizente ao assunto estudado
Sendo focalizado a Dislexia e seus transtornos durante a fase da
alfabetização, porém durante a pesquisa houve um impasse sobre a cura da
mesma ou se pode ser amenizada ao ponto de quase não ser percebida e
também seus transtornos durante a vida escolar. Ou seja, em vários momentos
foram mudados o rumo do presente trabalho para que pudesse melhor se
adaptar há um bom resultado no final ou a melhor conclusão plausível.
Durante esse período ficou claro a necessidade de estimulação da auto-
estima da criança, que por ser tão rotulado se torna tão baixa, que a mesma
passa a acreditar não é capaz de fazer nada direito ou mesmo que não
consegue fazer nada. Infelizmente a criança é martirizada pelos pais que não
teem paciência e não compreendem o que se passa com seu filho nesse
momento, os professores que o estigmatizam de “burro” ou “encrenqueiro sem
capricho” ou passam a implicar e os próprios alunos que o acham chato e que
atrapalha muito.
Momento em que na verdade deveria ser encarado como um novo
desafio não só para a criança mais também para todos os envolvidos no seu
processo de aprendizagem, onde deve ser encarado de forma séria como um
distúrbio e garantido por lei, como um problema que pode e deve ser tratado.
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Sumário
Introdução 10
Capítulo I - O que é Dislexia? 12
1.1- Quais as suas causas? 15
1.2- A Dislexia tem cura? 16
1.3- Suas influências durante a infância 17
Capítulo II – Dislexia x Alfabetização 18
2.1 – A dificuldade do disléxico na escola 18
2.2 – Como a escola pode diagnosticar a Dislexia 20
Capítulo III – A atuação psicopedagógica no âmbito escolar diante a Dislexia 22
Conclusão 25
Referências Bibliográficas 26
Anexos 27
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Introdução
Esta monografia tem por objetivo entender a dislexia, suas causas e o
que afeta na vida de uma criança, principalmente no âmbito escolar. Ou seja, a
dislexia vem sendo estudada ao longo do tempo como um distúrbio específico
da aprendizagem escrita, sendo primeiramente, tratada como uma “cegueira
verbal congênita” ocasionada por uma lesão cortial em adultos que sofreram de
transtornos na escrita após sofrer tal lesão. Russmal (1978), foi o primeiro
médico a relatar problemas cerebrais relacionados à linguagem escrita em
adultos, descrevendo-a como perda afásica – lesão no sistema nervoso central
devido a alterações do processo lingüístico. Porém nas ultimas décadas a
dislexia vem se tornando também um problema infantil, em crianças na fase da
alfabetização, que possuem como característica a troca de letras, escrita
espalhada, segmento de vocábulos, omissão de sílabas e entre outros. A
dislexia ocorre independente dos aspectos sociais, econômicos e/ou culturais e
sim, acontece nas escolas podendo tornar-se um grande desafio não só para a
criança, mas também a todos que a cerca.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) 1994 e a
International Dyslexy Association a definição para o distúrbio é:
Dislexia é um dos muitos distúrbios de
aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem,
de origem constitucional, caracterizada pela dificuldade
em decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência
no processo fonológico. Essas dificuldades de decodificar
palavras simples não são esperadas em relação à idade.
Apesar de submeter a instrução convencional, adequada
inteligência, oportunidade sociocultural e não possuir
distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança
falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é
apresentada em várias formas de linguagem,
frequentemente incluídos problemas de leitura, em
aquisição e capacidade de escrever e soletrar. (p.44 e 45)
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Tendo por justificativa definir a dificuldade de aprendizagem enfrentada
pelo portador de dislexia. Levando em conta não somente sua dificuldade em
língua portuguesa como também em outras áreas do conhecimento, tornando –
o na infância uma criança diferenciada, muitas vezes repetentes ( pois não
conseguem alcançar seu objetivo ao longo do ano) e rotulada por professores e
pais primeiramente como uma criança preguiçosa e que não quer aprender,
que simplesmente está na escola por estar. Geralmente seu problema não é
percebido rapidamente, somente n o segundo semestre da alfabetização ( se
tiver responsáveis/ professores que possam perceber o seu problema e que
possa encaminhá-lo para ajuda especializada), ou caso não ocorra seu
problema poderá se desenvolver até o extremo que seria a evasão escolar por
estar com uma idade avançada e ainda não ter aprendido a ler. Para que esse
problema será resolvido é necessário o comprometimento da família e da
escola com essa criança.
E como hipótese entender melhor a dislexia, seus problemas não só em
crianças mais também suas consequências na vida adulta. além de tentar
apoiar os profissionais da educação que muitas vezes não sabem lidar com
essa situação.
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Capitulo I – O que é dislexia?
Este capítulo tende a definir o que é dislexia segundo especialistas no
assunto, como: médicos, pedagogos, psicólogos, psicopedagogos, entre
outros, quais são suas causas – se são de origem neurológica, orgânica e/ou
ambos os casos e sua influência durante a infância. A dislexia pode afetar não
somente a leitura e a escrita, mais também a ortografia e a matemática.
1.1 - O que é dislexia?
Dys- dificuldade lexia- palavra
A dislexia é um transtorno da leitura, segundo o DSM IV – Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, estando classificada sob o
código 315.00, na seção sobre transtornos de aprendizagem na categoria
Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou
adolescência e também formulada pelo CID 10 – Código Internacional de
Doenças- sob o código F81.0, como transtorno específico de leitura. Esse
distúrbio pode ser de fundo neurológico, de caráter hereditário, transmitido por
uma pequena ramificação do cromossomo 06, além disso, a criança disléxica
possui uma área específica mais desenvolvida em seu hemisfério cerebral
lateral- direito. Note-se também que a criança disléxica possui dificuldade na
discriminação fonológica das palavras, pronunciando-as de forma errada, pois
mesma ainda não construiu os sons básicos que as compõem.
Seus principais sintomas são: distorção, substituição ou omissão de
letras, sílabas e palavras, compreensão reduzida, lentidão da leitura e
dificuldade na escrita.
A criança com dislexia possui um alto nível de criatividade, porém sua
capacidade de aprender não é igual ao processo educacional aplicado em
muitas escolas, levando a frustração e muitas vezes ao fracasso, pois muitos
pais e até professores veem o distúrbio como falta de interesse, ou desculpa
para não realizar as atividades escritas e causar muitos problemas na sala de
aula e com sérios problemas diante a sociedade.
Todavia, serão apresentados os sintomas que podem caracterizar a
dislexia a partir dos sete anos de idade, segundo ABD.
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1 - pode ser extremamente lento ao fazer seus deveres:
2 - ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com muitos
erros;
3 - cópia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou não lê o
que escreve;
4 - a fluência em leitura é inadequada para a idade;
5 - inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;
6 - só faz leitura silenciosa;
7 - ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para poder ouvir o
som da palavra;
8 - sua letra pode ser mal grafada e, até, ininteligível; pode borrar ou ligar as
palavras entre si;
9 - pode omitir, acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção de letras e
sílabas;
10 - esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias ou
semanas;
11 - é mais fácil, ou só é capaz de bem transmitir o que sabe através de
exames orais;
12 - ao contrário, pode ser mais fácil escrever o que sabe do que falar aquilo
que sabe;
13 - tem grande imaginação e criatividade;
14 - desliga-se facilmente, entrando "no mundo da lua";
15 - tem dor de barriga na hora de ir para a escola e pode ter febre alta em dias
de prova;
16 - porque se liga em tudo, não consegue concentrar a atenção em um só
estímulo;
17 - baixa auto-imagem e auto-estima; não gosta de ir para a escola;
18 - esquiva-se de ler, especialmente em voz alta;
19 - perde-se facilmente no espaço e no tempo; sempre perde e esquece seus
pertences;
20 - tem mudanças bruscas de humor;
21 - é impulsivo e interrompe os demais para falar;
22 - não consegue falar se outra pessoa estiver falando ao mesmo tempo em
que ele fala;
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23 - é muito tímido e desligado; sob pressão, pode falar o oposto do que
desejaria;
24 - tem dificuldades visuais, embora um exame não revele problemas com
seus olhos;
25 - embora alguns sejam atletas, outros mal conseguem chutar, jogar ou
apanhar uma bola;
26 - confunde direita- esquerda, em cima- em baixo; na frente-atrás;
27 - é comum apresentar lateralidade cruzada; muitos são canhestros e outros
ambidestros;
28 - dificuldade para ler as horas, para seqüências como dia, mês e estação do
ano;
29 - dificuldade em aritmética básica e/ou em matemática mais avançada;
30 - depende do uso dos dedos para contar, de truques e objetos para calcular;
31 - sabe contar, mas tem dificuldades em contar objetos e lidar com dinheiro;
32 - é capaz de cálculos aritméticos, mas não resolve problemas matemáticos
ou algébricos;
33 - embora resolva cálculo algébrico mentalmente, não elabora cálculo
aritmético;
34 - tem excelente memória de longo prazo, lembrando experiências, filmes,
lugares e faces;
35 - boa memória longa, mas pobre memória imediata, curta e de médio prazo;
36 - pode ter pobre memória visual, mas excelente memória e acuidade
auditivas;
37 - pensa através de imagem e sentimento, não com o som de palavras;
38 - é extremamente desordenado, seus cadernos e livros são borrados e
amassados;
39 - não tem atraso e dificuldades suficientes para que seja percebido e
ajudado na escola;
40 - pode estar sempre brincando, tentando ser aceito nem que seja como
"palhaço" ;
41 - frustra-se facilmente com a escola, com a leitura, com a matemática, com
a escrita;
42 - tem pré-disposição à alergias e à doenças infecciosas;
43 - tolerância muito alta ou muito baixa à dor;
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44 - forte senso de justiça;
45 - muito sensível e emocional, busca sempre a perfeição que lhe é difícil
atingir;
46 - dificuldades para andar de bicicleta, para abotoar, para amarrar o cordão
dos sapatos;
47 - manter o equilíbrio e exercícios físicos são extremamente difíceis para
muitos disléxicos;
48 - com muito barulho, o disléxico se sente confuso, desliga e age como se
estivesse distraído;
49 - sua escrita pode ser extremamente lenta, laboriosa, ilegível, sem domínio
do espaço na página;
50 - cerca de 80% dos disléxicos têm dificuldades em soletração e em leitura.
Muitos poderão apresentar uma combinação desses sintomas e em
níveis variados, porém é necessário estar atento ao desenvolvimento da
criança. Porém, existem habilidades básicas que todos os disléxicos possuem
como, serem mais curiosos que a média, são mais intuitivos, podem criar
imagens reais – vivenciando seus pensamentos como realidade-, utilizam
todos os sentidos para pensar e para a percepção, podem alterar ou criar
novas percepções facilmente e são mais conscientes sobre si e o meio
ambiente.
1.2 -A dislexia tem cura?
Por se tratar de um distúrbio da aprendizagem, pode-se obter uma cura
parcial, porém deverá ser primeiramente diagnosticada por um especialista no
assunto e condicionada a aprender da melhor forma possível, através de
exercícios de memorização, organização, repetição de palavras – desde que
não sejam aplicadas de forma exaustiva-, fixação das palavras gatilho,
estimulação de seu processo fonológico, desenvolvendo atividades que
envolvam a percepção, sendo essencial elucidar as três funções para aprender
a ler, escrever e processar as informações, que são a percepção, cognição e
emoção. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia “existem estudos que
revelaram a melhora dos sintomas nas crianças que receberam suplementos,
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incluindo óleo de peixes (ômega 6), óleo de prímula, óleo de tomilho e vitamina
E.
Ou seja, até o presente momento a dislexia não tem cura e sim
tratamento para que a criança possa ser bem sucedida e integrada
normalmente à sala de aula.
1.3 - Suas influências durante a infância
A criança já nasce com dislexia e começa a desenvolvê-la entre os três
e seis meses de idade, através de suas percepções primárias, podendo
reconhecer a mãe antes mesmo de ver seu rosto, utilizando sua intuição que é
mais aguçada, durante esse período até mais ou menos os dois anos de idade
poderá se desenvolver mais rapidamente em alguns aspectos, principalmente
quanto à intuição do que as crianças normais. A partir do dois anos de idade
sua curiosidade será primordial, pois estará experimentando mais sensações
do que os outros, irá identificar e traduzir da melhor maneira tudo que já
descobriu.
Entre os três e cinco anos de idade, se tornará mais inteligente do que a
média nesta mesma idade, porém também, estará desenvolvendo o transtorno
de aprendizagem, deixando de desenvolver o raciocínio analítico e a lógica (já
desenvolvendo possível dificuldade também em matemática), desenvolvendo
cada vez mais a imagem como fala, podendo se atrapalhar com seus
pensamentos que não consegue expressar ou acompanhar.
Já na idade da alfabetização o distúrbio vem à tona, pois não mais
consegue entender somente através de imagens, é necessário ler o que está
escrito, é nesta fase que as palavras se tornam símbolos inelegíveis, como por
exemplo: L-Á-P-I-S, ao olhar a palavra irá vê-la como um símbolo
incompreensível, porém se lhe for mostrado mesmo parte do objeto, logo
saberá de que se trata de um simples lápis. É nessa idade em que começa sua
angustia, frustração e problemas com os outros alunos que o rotulam como
“burro” ou “idiota”, com a professora que não consegue lidar com sua
agressividade e sua facilidade em arrumar confusão, com a escola que “diz”
possuir um aluno que não consegue aprender e com os pais que não sabem
lidar ou o que fazer com uma criança problemática. Muitas vezes a criança
sente-se desestimulada e abandona a escola ou é colocada em uma classe
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para alunos especiais, dificultando ainda mais o seu processo de
aprendizagem.
1.4 - A conexão da criatividade como recurso de tratamento do disléxico
“A dislexia está amiúde, associada ao uso da mão esquerda, que por
sua vez está ligada a criatividade visual” (Associação Brasileira de Dislexia). O
cérebro humano é dividido em dois hemisférios – o esquerdo é o dominante
para a linguagem, enquanto o direito processa, principalmente, informações
visuais e emocionais. Nos destros essa divisão essa divisão é verdadeira,
porém, nos sinistros (canhotos), existe uma tendência para processar todo o
tipo de informação mais igualmente nos dois hemisférios. Acredita-se que a
capacidade de fazer com que os dois hemisférios trabalhem dessa forma seja
a chave da criatividade, sobre tudo nas artes visuais.
Dessa forma uma maneira excelente de testar a criatividade, auxiliando
o tratamento da dislexia, seria aplicar testes psicológicos em crianças no
primeiro ciclo escolar, para que dessa forma sejam apontados as dificuldades
logo no início do período educacional.
Todo disléxico possui uma dificuldade, como por exemplo: má pronuncia
dos sons, não reconhecimento das letras, números e símbolos, porém muitos
não conseguem se concentrar em algo por muito tempo. Quando os testes
apontam essas dificuldades, as informação diagnosticadas podem ser
aplicadas de forma mais simples, que podem ser tratadas com jogos
específicos do problemas ou em casos mais graves pode ser necessário o uso
de medicação.
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CAPITULO II – Dislexia x Alfabetização
É importante que a dislexia seja detectada o quanto antes, porém seus
sintomas somente são percebidos por muitos pais somente na fase da
alfabetização. Do nascimento até mais ou menos os seis anos de idade a
criança já internalizou seus problemas e também os evoluiu, ou seja, uma
criança que aos dois anos de idade não consegue se lembrar onde deixou seu
carrinho preferido, aos seis anos pode não saber que deveria fazer os deveres
de casa como os outros alunos, simplesmente porque em seu cérebro não
houve o comando de fixação e memorização de algo. Por isso é importante que
pais e responsáveis estejam atentos a pequenos detalhes na vida de seus
filhos.
2.1– A dificuldade do disléxico na escola
É necessário que o professor compreenda o problema do aluno,
tentando ajudá-lo o máximo quanto aos conteúdos e exercícios dados,
aplicando algo diferenciado como: prova oral, trabalhos em grupo, tempo para
se organizar, ler os trabalhos ou provas em voz alta, está sempre
acompanhando seu desenvolvimento na leitura e escrita. É necessário
entender que a criança disléxica se esforça demasiadamente na realização de
seus trabalhos, porém o resultado não reflete em seu esforço, pois o professor
costuma fazer péssimas observações como: “Você pode fazer melhor do que
isso” ou “ Trabalho descuidado”. Contudo sua nota deveria ser dada de acordo
com seu conhecimento e não devido as suas dificuldades e erros de ortografia.
É necessário entender que aumentar a carga escolar da criança com
dislexia, pode ajudar a piorar seu problema, o ideal é que em casa sejam
aplicados jogos educativos, sendo importante conferir sempre se houve
aprendizado de fato, caso não o método aplicado deverá ser revisto.
Sendo assim é provável que havendo ajuda em casa, existirá uma
possibilidade de melhora nas atividades escolares, caso contrário, tudo fica
mais confuso para a criança em seu cotidiano escolar, que poderão ocasionar
sérias conseqüências, como até mesmo seu afastamento da escola, por falta
de conhecimento tanto do professor como da própria direção escolar, que
tende a entender que a criança é “muito bagunceira e impossível de ser
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controlada” e que por isso é melhor afastar o problema do que ajudar. Por essa
razão foram pesquisadas diversas técnicas que podem ajudar como:
• Ter um acompanhamento multiprofissional (com
fonoaudiólogos, neurologistas, psicopedagogo, pedagogo,
psicólogo entre outros profissionais);
• Ressaltar seus pontos fortes;
• Trabalhar os pontos fracos com jogos lúdicos;
• Estimular atividades físicas do gosto infantil;
• Auxiliar na reconquista de sua auto-estima,
apontando principalmente suas qualidades e insinuando seus
defeitos/dificuldades, mostrando que todos possuem problemas
também.
Além desse estímulos é importante frisar que a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB 9.349/96) garante ao aluno disléxico ajuda na leitura e na escrita e que
no período de provas ou teste possa fazê-lo por escrito, descritos nos:
Art. 23º. A educação básica poderá organizar -se em séries anuais,
períodos semestrais,
ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados,
com base na idade,
na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
organização, sempre que o
interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. Art. 24º. A
educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo
com as seguintes regras comuns:
Parágrafo V - a verificação do rendimento escolar observará os
seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados
ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso
escolar;
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c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação
do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos
ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;
Com esses direitos garantidos por lei, a criança com dislexia deve
freqüentar normalmente as aulas cabendo ao professor respeitar seus limites e
encontrar o método mais adequado. Os métodos fonéticos são os mais
adequados à alfabetização e leitura, pois enfatizam a aquisição e
desenvolvimento da consciência fonológica, para que venha a perceber a
importância do discurso espontâneo e que também perceba a sequências das
sentenças (palavras), outro método bastante utilizado é o multidimensional, em
que consiste no reforço da memorização de respostas automáticas e
duradouras (sons, nomes,...) e depois ajudá-lo a desenvolver suas próprias
sequências de palavras e frases.
2.2 Como a escola pode diagnosticar a dislexia
São apontados alguns sintomas na idade escolar que podem
servir como base para diagnóstico, como:
• Lentidão na aprendizagem;
• Troca de ortografia;
• Fonemas repetidos em frases orais;
• Desatenção e dispersão;
• Rendimento baixo em atividades escritas;
• Coordenação motora fina imperfeita e a grossa
descoordenada;
• Problema de lateralidade;
• Dificuldade em interpretar livros, mapas ou qualquer tipo de
material bibliográfico;
• Facilidade em provas e exercícios orais;
• Leitura monossilábica;
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• Desnível no que ouve e o que vê;
• Esquecimento constante do que lê e
• Entre outros problemas.
Quando detectados alguns desses sintomas, juntos ou separados
cabe ao professor comunicar a direção e coordenação pedagógica para
que sejam tomadas devidas providências para sua solução, que devem
ser tomadas de comum acordo com os pais do aluno, devendo ser
encaminhado e acompanhado pro profissionais da educação e saúde
especializados. Porém, decisões, metas, técnicas e métodos podem ser
aplicados tanto na escola quanto em casa.
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CAPÍTULO III
A atuação psicopedagógica no âmbito escolar diante a dislexia
Para entender a dislexia no âmbito da educação inclusiva é
necessário rever alguns conceitos, incluindo sua própria definição e o
contexto educacional em que está inserida. A dislexia é um transtorno
específico de leitura que prejudica a precisão e a fluência de leitura,
podendo prejudicar a compreensão do material lido, o que repercute em
todas as áreas do conhecimento. A escrita fica igualmente prejudicada
provocando falhas freqüentes no nível da ortografia e da redação
(Mousinho, 2003).
É importante que a dislexia seja detectada o quanto antes, porém
seus sintomas somente serão percebidos por muitos pais já na fase da
alfabetização. Do seu nascimento até mais ou menos os seus seis anos
de idade a criança já internalizou seus problemas e também os evoluiu,
ou seja, uma criança que aos dois anos de idade, não conseguia se
lembrar de onde colocou seu carrinho preferido, aos seis anos pode não
saber que deveria fazer o dever de casa como os outros alunos,
simplesmente por que em seu cérebro não houve o comando de fixação
e memorização de algo. Por isso, é importante que os pais estejam
atentos a esses pequenos detalhes na vida de seu filho que podem
mudar sua vida.
E o que o psicopedagogo tem haver com isso?
O psicopedagogo deve estar preparado para enfrentar o desafio
de ajudar uma criança com dislexia, pois sua dificuldade de leitura e falta
de memorização faz com que cada encontro seja um desafio constante,
tornando cada encontro em uma nova primeira vez até que sejam
internalizados seus problemas.
Para estar apto a diagnosticar a dislexia dentro da escola o
psicopedagogo deve fazer primeiramente uma observação geral do
aluno, como seu comportamento dentro de sala de aula, como é a turma
com e sem sua presença, seu rendimento escolar, seu comportamento
em atividades fora da sala de aula, bom, até este momento somente a
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própria professora, a direção e o psicopedagogo devem estar ciente
sobre a observação que deverá ser feita por um longo período, tendo
certeza de que a suposta reclamação do professor tem algum
fundamento e para onde a criança deve ser encaminhada, num segundo
momento os pais devem ser chamados a escola, para que a criança seja
observada e avaliada sozinha, através de conversas informais e jogos
memorização (jogo da memória), fixação e concentração (batalha naval),
onde possam ser recolhidas pistas sobre suas dificuldades, é importante
frisar que o educando para que não haja um retrocesso. Dado fim a esse
contato inicial a professora, a direção, o psicopedagogo e os pais ou
responsáveis devem se reunir para que sejam apontados todos os fatos
ocorridos, aprofundando-se em sua suspeita e encaminhando o aluno
para o início de seu tratamento.
A criança deve ser encaminhada para o pediatra para que sejam
descartadas qualquer causa orgânica, depois ao neurologista,
fonoaudiologista, psicólogo e também deverá ser acompanhado pelo
próprio psicopedagogo da escola de forma lúdica e também irá preparar
os professores para que possam se adaptar a nova realidade
apresentando-lhes uma nova metodologia de ensino, avaliação e o
modo como o aluno deve ser tratado socialmente – o mesmo deve ser
tratado de forma normal pelos outros alunos e professores, sem nenhum
tipo de discriminação ou apontamento de suas dificuldades.
Quanto ao professor e a metodologia, o psicopedagogo exigirá
que os trabalhos a serem apresentados pelo aluno sejam feitos por
parte, paulatinamente, ajudando-o a se organizar e ter mais motivação
para terminá-lo, oferecendo textos curtos, de fácil interpretação, com
letras maiores do que o restante da turma, sempre evitando textos ou
atividades em folha frente e verso, dando-lhe sempre as folhas já na
ordem ou grampeadas, o professor também deverá aumentar a
quantidade de recursos visuais, para que o disléxico possa visualizar
melhor e entender o que lhe foi proposto e explicar que as aulas podem
ser gravadas, para que o aluno repita-a sempre que necessário.
Para avaliação o psicopedagogo deve explicar ao professor que o
aluno necessita fazer sua avaliações separadamente, com a presença
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do próprio psicopedagogo ou de um segundo professor e que devem ser
aplicadas com um limite de tempo maior do que dos outros, oralmente
em substituição as avaliações escritas, onde o aluno possa ler seus
textos em voz alta para que possa ser entendido o que lhe foi proposto.
Quanto ao aluno o psicopedagogo deve lhe mostrar seus direitos
e deveres dentro da escola, onde podem ser permitidas saídas
constante para que possa observar melhor o funcionamento das aulas
das aulas que mais lhe interessam, ou exploração da leitura em outras
áreas dentro da escola, como a sala de leitura, explicar-lhe sobre sua
dificuldade e estar sempre inseridos em grupos, onde lhe possa ser
escolhido um tutor que irá ajudá-lo, deixando claro que o disléxico
possui outras habilidades que podem favorecer o grupo num todo.
Quanto ao restante da turma talvez seja necessário explicar sobre as
mudanças feitas e que o aluno não seja apontado como um grande
causador de problemas, a turma deve perceber que as mudanças foram
feitas para a melhora de seu problema e que todos deverão ajudá-lo da
melhor maneira possível.
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Conclusão
O presente trabalho concluiu que a escola ainda não está
preparada para lidar com a criança com dislexia devido as sérias
modificação que deverão ser feitas em seu cotidiano, dentro e fora da
sala de aula. Onde toda sua metodologia deverá ser revista e aplicada
na prática. Infelizmente poucos professores e escolas estão aptas a
descobrir esse transtorno e necessitam da ajuda permanente de um
psicopedagogo, para a solução desses problemas, o que não acontece
muito, pois poucas escolas possuem um profissional especializado para
esse caso e a criança precisa passar por todo um processo penoso até
que seja milagrosamente descoberto seu problema, antes de chegar a
uma fase crítica em que a mesma já está com a auto-estima totalmente
deteriorada.
Segundo Marta Relvas (p.86), o professor ainda mal preparado,
precisa estar atento ao seu comportamento perante o aluno, ou seja,
• aceitá-lo como é;
• ser paciente;
• apresentar soluções positivas;
• dar-lhe segurança, deixando-o perceber por palavras
e ações que pode estar confiante;
• procurar descobrir suas aptidões, pois as
deficiências já são de seu conhecimento;
• ele tem mais semelhanças que diferenças com seus
companheiros que aprendem depressa;
É nesse momento em que o psicopedagogo deve interferir,
juntamente os profissionais já mencionados, tanto da área da saúde,
quanto da área pedagógica e psicológica, para que possa haver uma
maior integração d conhecimento e aprendizagem envolvida e todos os
aspectos. Intervindo da melhor forma para que possa ajudar o aluno
nesse longo processo e às vezes cansativo de ensino e aprendizagem.
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Bibliografia
DAVIS, Ronald D. O Dom da Dislexia.RJ. Ed Rocco, 2004
DE LA TAILLE, Yves. OLIVEIRA, Marta Kohl de. DANTAS, Heloísa.
Piaget, Vygotsky, Wallon. Teorias Psicogenéticas em Discussão. 21ª Ed.
SP.Summus editorial. 1992.
LAMOGLIA, Aliny (org.). Temas em Inclusão: Saberes e Práticas. RJ.
Synergia, UNIRIO.2009.
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Anexos:
Integração:
História: Conhecer como se comemora a Páscoa em outros países, sua
história, seus símbolos...
Matemática: Trabalhando com as medidas de capacidade, dezena,
dúzia, preços etc.
Música: Pode-se associar uma determinada música à receita.
Ciências: Noções básicas de higiene, os riscos que corremos se não
lavarmos as mãos para o preparo de uma receita.
O perigo de utilizarmos produtos fora da validade.
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Para trabalhar organização própria e regras dentro da sala de
aula. Onde o professor deverá pedir sempre que o aluno disléxico se
organize e possa ajudar os outros e vice e versa.
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Jogo Batalha Naval para trabalhar a memorização, o modo como
a criança copia do quadro ou o modo como também se organiza.
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Teste de Memória recente, onde a criança deverá memorizar a
ordem dos objetos e depois tentar lembrar sem que veja a folha, no final
o psicopedagogo deve pedir a criança que conte seus erros e acertos.
Obs: o psicopedagogo não só pode como deve jogar juntamente com a
criança.