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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ECOCIDADANIA: UM DIÁLOGO POSSÍVEL COM OS PCNs DE LÍNGUA PORTUGUESA Por: IVONE DA SILVA REBELLO Orientadora: Profª. Mariana Moreira Co-orientador: Prof. Leonardo Silva da Costa Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ECOCIDADANIA: UM

DIÁLOGO POSSÍVEL COM OS PCNs DE LÍNGUA

PORTUGUESA

Por: IVONE DA SILVA REBELLO

Orientadora: Profª. Mariana Moreira

Co-orientador: Prof. Leonardo Silva da Costa

Rio de Janeiro

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ECOCIDADANIA: UM

DIÁLOGO POSSÍVEL COM OS PCNs DE LÍNGUA

PORTUGUESA

Apresentação de monografia ao Instituto A

Vez do Mestre – Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para

obtenção do Grau de Especialista em

Educação Ambiental.

Por: Ivone da Silva Rebello

3

REBELLO, Ivone da Silva. Educação Ambiental e Ecocidadania:

um diálogo possível com os PCNs de Língua Portuguesa. Rio de

Janeiro: UCAM, 2010.

Monografia (Especialização em Educação Ambiental) –

Universidade Candido Mendes, Instituto “A Vez do Mestre”, 2010.

Orientadora: Profª. Mariana Moreira/ Co-orientador: Prof. Leonardo

Silva da Costa.

1. Educação Ambiental. 2. Parâmetros Curriculares Nacionais. 3.

Tema Transversal Meio Ambiental. 4. Língua Portuguesa. 5.

Ecocidadania. 6. Prática Pedagógica. I – MOREIRA, Mariana. II -

UCAM – Instituto “A Vez do Mestre”. Pós-Graduação Latu Sensu.

III – Título.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo encorajamento e

sabedoria dispensados nos momentos de

realização desta pesquisa.

Agradeço aos professores e especialistas em

Educação Ambiental que participaram desta

pesquisa, através de seus depoimentos

significativos, e também a todos que, direta e

indiretamente, contribuíram para a elaboração

desta pesquisa.

Agradeço ao INPA (Instituto de Pesquisas da

Amazônia) pelas informações a respeito do

trabalho desenvolvido pelos especialistas e

técnicos em Educação Ambiental e pela

oportunidade de conhecer um pedacinho da

Floresta Amazônica, o Rio Negro e o seu

encontro deslumbrante com o Rio Amazonas.

“Ai de nós, educadores, se deixamos de sonhar sonhos

possíveis”. Paulo Freire

5

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que estão

envolvidos na importante luta pela preservação

ambiental e na importante tarefa de educar e

preparar para o exercício pleno da cidadania.

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.

Cora Coralina

6

RESUMO

O presente trabalho analisou, a partir de uma revisão bibliográfica, o

longo caminho de discussões sobre a Educação Ambiental no mundo e no

Brasil, sua efetivação enquanto Política de Educação Ambiental nas

Instituições de Ensino, e mostrou como a Educação Ambiental pode ser

trabalhada num projeto pedagógico de base transdisciplinar, especialmente, na

disciplina de Língua Portuguesa. Para isso, inicialmente, realizamos uma

abordagem histórica da Educação Ambiental e a sua importância de ser

colocada em prática, principalmente na escola, por ser esta uma instituição

com um enorme papel social. A seguir, fizemos uma releitura dos documentos

assinados em reuniões mundiais, visando acordos para a preservação do meio

ambiente, e da Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA -, prevista na

Lei Federal nº. 9.795 de 1999, a qual estabelece em seu segundo artigo: “A

educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação

nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e

modalidades do processo educativo em caráter formal e não formal”. A

fundamentação teórica está centrada em autores diversos, todos considerados

importantes no tocante aos pressupostos apontados. Além disso, teve

relevância em nosso trabalho os PCNs de Língua Portuguesa (de Ensino

Fundamental e Médio) e do Tema Transversal Meio Ambiente, tendo em vista o

foco da pesquisa: “Educação Ambiental e Ecocidadania: um diálogo possível

com os PCNs de Língua Portuguesa”. Os resultados mostraram que a

Educação Ambiental no ambiente escolar exige articulação entre planejamento

e as atividades em Língua Portuguesa, com o objetivo de favorecer e facilitar o

trabalho do educador, ao lidar com uma disciplina diversa da que leciona.

Assim, a relação entre Educação Ambiental e Língua Portuguesa favorece a

inserção dos alunos em atividades de Educação Ambiental, promove a

cidadania e estimula a participação social. O trabalho depende da ação da

escola em sensibilizar os alunos em relação aos problemas relativos à

realidade sócio-ambiental.

7

METODOLOGIA

O presente estudo é uma pesquisa qualitativa que envolve a pesquisa

bibliográfica e documental.

Santos (1999) afirma que a pesquisa bibliográfica é baseada no conjunto

de materiais escritos ou gravados, mecânica ou eletronicamente, que contém

informações já elaboradas e publicadas por outros autores.

Assim, os procedimentos metodológicos utilizados em nossa

investigação compreendem as seguintes etapas: 1ª. ) fundamentação teórica a

partir de abordagem bibliográfica; 2ª.) pesquisa documental; 3ª.) elaboração de

um plano de aula de Língua Portuguesa interdisciplinar com a Educação

Ambiental; 4ª.) conclusão reflexiva sobre o tema em estudo.

Na primeira etapa trabalhamos alguns conceitos envolvidos nos

pressupostos da Educação Ambiental – conceituação, relação homem e

natureza, problemática ambiental a partir da década de 60, ecocidadania –

através de uma revisão bibliográfica baseada em autores importantes no

assunto.

A segunda etapa corresponde à pesquisa de documentos referentes às

políticas públicas em Educação Ambiental: PCNs dos Temas Transversais –

Meio Ambiente - e a Legislação Nacional do Meio Ambiente, estes dialogando

com os PCNs de Língua Portuguesa.

A terceira etapa consiste na elaboração de um plano de aula de Língua

Portuguesa, tendo por base a Educação Ambiental.

E, finalmente, a quarta etapa compreendeu uma reflexão sobre o tema

em estudo, apresentando conclusões e propostas concretas para a introdução

da Educação Ambiental no trabalho com Língua Portuguesa.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1 - Aspectos gerais e origem do problema

2 - Objetivos da pesquisa

3 – Metodologia

3.1. Abordagem bibliográfica e documental

3.2. Delineamento do trabalho

CAPÍTULO I

1 - Pressupostos teóricos

1.1. A problemática ambiental a partir da década de 60

1.1.1. A consolidação da Educação Ambiental no Brasil

1.2. A legislação brasileira do Meio Ambiente

1.3. Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs

1.3.1. Os Parâmetros Curriculares Nacionais e a problemática ambiental

1.3.2. O Tema Transversal Meio Ambiente e a questão ambiental

1.3.2.1. O meio ambiente como tema transversal

1.3.3. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa e a

sua proposta de trabalho pedagógico

CAPÍTULO II

2 – Educação Ambiental e Língua Portuguesa: um diálogo possível para a

formação da Ecocidadania

9CAPÍTULO III

3 – Uma prática de Educação Ambiental em Língua Portuguesa –

exemplificando

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

INTRODUÇÃO

1- Aspectos gerais e origem do problema

A consciência ecológica levanta-nos um problema duma

profundidade e duma vastidão extraordinários. Temos de defrontar ao

mesmo tempo o problema da Vida no planeta Terra, o problema da

sociedade moderna e o problema do destino do Homem. Isto obriga-

nos a repor em questão a própria orientação da civilização ocidental.

Na aurora do terceiro milênio, é preciso compreender que revolucionar,

desenvolver, inventar, sobreviver, viver, morrer, anda tudo

inseparavelmente ligado.

Edgar Morin

A cada dia, sentimos uma grande necessidade de transformações em

nossa sociedade a fim de suplantarmos as injustiças ambientais e a

desigualdade social em relação à apropriação dos bens naturais, os quais

estão passando por visíveis degradações no que diz respeito ao seu uso

indiscriminado de exploração e consumo. Nunca o mundo esteve envolvido

numa crise ambiental tão séria, de acordo com os estudos já realizados,

levando a transformações visíveis na natureza, as quais têm afetado

drasticamente as águas, o solo, o ar e todo o entorno natural.

Esta crise ambiental vem se fortalecendo com os novos avanços

tecnológicos. E, atualmente, muitos temas como clonagem, transgênicos,

biodiversidade, projeto genoma, dentre outros, têm sido alvo de discussão de

chefes de estado, por estarem diretamente relacionados a questões políticas,

sociais, éticas e inseridos nas propostas de globalização.

A discussão sobre essas novas tecnologias vem exigindo a adoção de

uma nova ética mundial voltada para o social e também para um novo

paradigma ambiental, com a finalidade de formar uma nova cidadania local e

planetária.

11 Os esforços empreendidos, no entanto, ainda não foram suficientes para

conscientizar o mundo sobre a importância de se desenvolver uma educação

voltada para as questões ambientais. E, diante desse quadro, a Educação

Ambiental vem assumir um papel crucial na formação humana, visando realizar

uma mudança de hábito, de atitude, de comportamento, que possibilite acender

e valorizar o respeito à diversidade étnica, biológica, cultural, conduzindo a

uma inter-relação do homem com o meio ambiente.

No artigo 1º. da Lei nº. 9.795/99, a Educação Ambiental já é definida

como:

O processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidade.

De acordo com essa conceituação, é outorgada ao ser humano a

responsabilidade individual e coletiva pela sustentabilidade do seu meio

específico e do planeta. Isso porque a natureza do problema da crise ambiental

que vivenciamos hoje está “no atual modelo de sociedade e seus paradigmas,

que ressaltam os aspectos antropocêntrico, cartesiano, individualista,

consumista, concentrador de riqueza, que gera destruição de uma natureza

que é coletiva, que recicla, que mantém a vida”. (GUIMARÃES, 2007:88)

Entretanto, o conceito e a prática da Educação Ambiental ainda estão

confusos em nossa sociedade, mesmo com a inclusão desse tema nas

reformas da política nacional de educação, pois desde 1973, com o Decreto nº.

73.030, já se pregava o “esclarecimento e educação do povo brasileiro para o

uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista a conservação do meio

ambiente”.

A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu artigo 222, afirma que

“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes

12e futuras gerações”. E no parágrafo 1º. inciso VI do mesmo artigo, atribui-se ao

Poder Público o dever de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis

de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.

Diante do exposto na legislação, a Educação Ambiental é, em sua

essência, interdisciplinar e assume, em nossa sociedade contemporânea, um

papel importante na formação do cidadão, e a sua inclusão em todos os níveis

de ensino é primordial para a construção de valores, comportamentos e ações

com vistas à sustentabilidade ambiental.

Há de se notar que primeiro a Educação Ambiental surgiu como tema

transversal nos PCNs (embora já tenha sido tema do Programa Nacional de

Educação Ambiental em 1994), os quais possibilitaram uma abrangência maior

da questão ambiental, além de mostrar que esse tema poderá ser desenvolvido

em todas as disciplinas. Abordar questões ambientais na escola não é apenas

falar de crises ou impactos ecológicos, mas chamar a atenção para outros

aspectos que estão diretamente relacionados com a ética e que norteiam as

relações sociais e de consumo que estruturam a sociedade.

Assim, a lei dá o direito a todo cidadão brasileiro de ter Educação

Ambiental durante todo o seu período de escolaridade. E, de acordo com os

PCNs, é possível estabelecer um diálogo com a Língua Portuguesa no que diz

respeito à leitura e análise de textos e de outros materiais que têm focalizado o

problema ambiental.

No entanto, em se tratando de meio ambiente e da inter-relação deste

com o homem, concordamos com Aguiar (1994) quando afirma:

Verdade seja dita: a legislação tem sido uma alquimia

desconhecida para o povo. É assunto para ‘especialistas’ que

manipulam e desvendam os caminhos no labirinto complexo

das normas jurídicas. Assim, a lei que deveria sair do povo,

passa a ser atributo do Estado, que deveria realizar alguma

concepção de justiça, torna-se possível instrumento de

dominação, e que deveria regular a sociedade, passa a

justificar as desigualdades.

13 Partindo desse pressuposto, como a legislação da Educação Ambiental

interfere nas políticas educacionais? Além desse questionamento, outros

também poderiam ser suscitados: que aspectos positivos o conhecimento em

Educação Ambiental traria na formação de um cidadão ecologicamente

correto? Por que não há ‘obrigatoriedade’ para as escolas trabalharem com a

Educação Ambiental, já que os PCNs abordam o assunto como Tema

Transversal?

Analisando, portanto, a literatura sobre o tema, pode-se afirmar que o

homem tem se apropriado e utilizado os recursos naturais do planeta de

maneira desordenada e inconsciente no que diz respeito à sustentabilidade. E,

como solução para esta crise ambiental, muitos autores afirmam que só por

meio de ações educativas poder-se-ia pensar numa solução concreta para a

problemática ambiental. Segundo Saviani (1989), o saber ”torna o homem cada

vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação para intervir nela

transformando-a no sentido de uma ampliação da liberdade, da comunicação e

colaboração entre os homens”.

Assim, a Educação deve ser considerada um ato político, um processo

de construção do conhecimento que se dá através da troca entre os seres

humanos e o meio social, e a aprendizagem se dá por meio do respeito, do

diálogo, possibilitando, enfim, o crescimento e a transformação do homem. E,

segundo Paulo Freire (1981), não há educação sem esperança: “Movo-me na

esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero”, o que não significa

esperar de “braços cruzados”, mas lutar dentro de um momento historicamente

favorável.

A intencionalidade deste estudo é mostrar como a Educação Ambiental,

sob o enfoque transdisciplinar, pode ser trabalhada em Língua Portuguesa a

fim de sensibilizar o educando na participação de uma sociedade mais justa,

igualitária e na sua formação ecocidadã. A proposta pedagógica da escola

deve proporcionar ao educador possibilidades de desenvolver um trabalho que

não esteja preso a um currículo estático e que não proporcione significado

nenhum para o aluno e seu meio.

14 A escolha do tema tem seu foco na concepção de que a partir do diálogo

entre Educação Ambiental e Língua Portuguesa será possível a construção de

um trabalho didático-pedagógico, no qual o educador poderá sensibilizar os

educandos e a comunidade escolar a realizar práticas cotidianas apreendidas

em Educação Ambiental, a fim de criar comportamentos ambientalmente

éticos. Entretanto, há o embate da Educação Ambiental que se forma na

dificuldade de a escola trabalhar de maneira transdisciplinar, pois dentro dessa

perspectiva, seria possível esse tema ser abordado em várias disciplinas,

dentro de várias dimensões, enfoques e abordagens.

Enfim, o desafio que a Educação Ambiental deve enfrentar é a

possibilidade de construir um projeto de civilização que atenda as

necessidades principais de cada sociedade, para trabalhar as relações entre o

homem e o meio ambiente, ou seja, a formação de uma ecocidadania. Há uma

procura incessante por soluções que possibilitem preservar o ambiente, mas

para isso será preciso superar os modelos didáticos tradicionais que se

encontram cristalizados na escola, com o objetivo de construir novos olhares,

enfoques e alternativas que orientem soluções para os reais problemas que a

sociedade enfrenta.

A fundamentação teórica para a abordagem do tema está centrada em

vários autores, considerados importantes no desenvolvimento das ideias

abordadas. São eles: Loureiro (2002 e 2004); Pedrini (1998); Reigota (1998 e

2001); Sorrentino (2005); Araújo (2003); Cascino (2000); Guimarães (2000)

Layrargues (2002 e 2004), Carvalho (2004), Tozoni-Reis (2004) dentre outros.

A importância deste estudo está baseada no pressuposto de que a

escola tem um importante papel social na criação de ações educativas na área

ambiental, dando oportunidade ao educando de se tornar um cidadão

ambiental, a fim de que o mesmo possa participar ativamente das discussões

em torno da preservação e sustentabilidade de nosso planeta.

Enfim, ao percebermos o modo de utilização dos recursos naturais no

nosso cotidiano, teremos a necessidade de conduzir os nossos alunos a

conhecerem certos documentos que se constituíram como marco na luta

15ambiental: a Declaração de Estocolmo (1972), a Agenda 21, o Protocolo de

Kyoto, a Eco-92. E o professor de Língua Portuguesa poderá trabalhar com

esses textos, dentre outros, pois o jeito de ensinar Língua Portuguesa pelos

PCNs – o texto como unidade básica – faz com que o idioma seja um

instrumento privilegiado de trabalho com os Temas Transversais. Compreender

um texto, lê-lo criticamente, significa verificar qual é a sua origem, de que modo

ele faz as afirmações, a que interesses ele serve. E só assim, o leitor tem

condições de adotar uma atitude consciente diante do texto, concordar ou não

com a oposição adotada pelo autor.

2 - Objetivos da pesquisa

O presente estudo objetiva abordar sobre o Tema Transversal Meio

Ambiente no contexto escolar e a sua relação com a Língua Portuguesa.

Inserido nesse objetivo geral, outros estarão em evidência. São eles:

Ø Abordar questões ambientais que estão diretamente vinculadas

com a ética e que norteiam as relações sociais que estruturam a

sociedade.

Ø Enriquecer o currículo escolar com a exploração do Tema

Transversal Meio Ambiente – Educação Ambiental.

Ø Incentivar os alunos, através dos conhecimentos obtidos, a

adotarem posturas e hábitos de proteção ao Meio Ambiente, seja

em casa, na escola ou em qualquer outro ambiente.

Ø Explorar, através de diferentes textos (literários ou informativos,

verbais e não verbais), temas sobre o Meio Ambiente e sua

problemática, criando um diálogo com os PCNs de Língua

Portuguesa.

16 Para elucidar tais objetivos, foram feitos estudos sobre a Educação

Ambiental, seu histórico e desenvolvimento no mundo e no Brasil, os seus

efeitos na sociedade e o seu reflexo na escola.

O tema bem como os objetivos inter-relacionam-se e foram elaborados

tendo em vista a realidade urgente em que se coloca a questão ambiental para

a manutenção da vida na Terra, e por acreditar nas possibilidades que a

educação é capaz de trazer à sociedade para reverter o quadro atual.

3 – Metodologia

3.1. Abordagem bibliográfica e documental

Os procedimentos metodológicos utilizados em nossa investigação

compreendem as seguintes etapas: 1ª. fundamentação teórica a partir de

abordagem bibliográfica; 2ª. pesquisa documental; 3ª. elaboração de um plano

de aula de Língua Portuguesa interdisciplinar com a Educação Ambiental; 4ª.

conclusão reflexiva sobre o tema em estudo.

Na primeira etapa foram trabalhados alguns conceitos envolvidos nos

pressupostos da Educação Ambiental – conceituação, relação homem e

natureza, problemática ambiental a partir da década de 60, ecocidadania – por

meio de uma revisão bibliográfica de alguns autores, com visões distintas,

pertencentes à Educação Ambiental. São eles: Carlos Frederico Bernardo

Loureiro (2002, 2003 e 2004), Mauro Guimarães (2004), Philippe Pomier

Layrargues (2002 e 2004), Isabel Cristina de Moura Carvalho (2004), Maria

Freitas Campos Tozoni-Reis (2004) dentre outros.

A segunda etapa correspondeu à pesquisa de documentos referentes às

políticas públicas em Educação Ambiental. Analisamos os Parâmetros

Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa e o específico ao Tema

Transversal Meio Ambiente, no âmbito do MEC e a Legislação Nacional de

17Meio Ambiente, pelo fato de se tratarem de documentos oficiais voltados para a

educação formal. A partir de uma análise crítica das fontes documentais,

levantamos reflexões teóricas sobre o PCN de Tema Transversal Meio

Ambiente, e acerca do “lugar” que a Educação Ambiental ocupa na educação

escolar. Esta pesquisa foi realizada utilizando-se de sítios governamentais

(www.mma.gov.br e www.mec.gov.br).

A terceira etapa foi a elaboração de um plano de aula de Língua

Portuguesa tendo por base a Educação Ambiental, onde foram exploradas a

leitura e análise de textos, produção textual, debates orais e relatório de filme.

A quarta etapa compreende uma reflexão sobre o tema em estudo,

apresentando conclusões e propostas concretas para a introdução da

Educação Ambiental no trabalho com Língua Portuguesa, ou seja, a

intencionalidade do estudo é mostrar como o professor de Língua Portuguesa

poderá inserir a Educação Ambiental sob o enfoque interdisciplinar para a

sensibilização do educando na participação e debates que envolvam a

Educação Ambiental, além de promover a cidadania e a participação social.

3.2. Delineamento do trabalho

O estudo será realizado através de pesquisas em bibliotecas

especializadas (como a do IBAMA, no Rio), em centros de pesquisas sobre o

Meio Ambiente (como a Secretaria de Urbanismo de Niterói), no acervo da

Biblioteca Nacional, em conversas informativas com profissionais que

trabalham diretamente na área ambiental, em conversas com professores nas

escolas sobre o enfoque dos Temas Transversais no trabalho pedagógico,

assistindo a documentários diversos sobre a problemática ambiental e com a

leitura de outros materiais informativos sobre os PCNs de Língua Portuguesa,

dos Temas Transversais de Meio Ambiente e a própria Legislação Educacional

e Ambiental, além da revista REBEA.

18 A monografia está estruturada em tópicos distintos. O primeiro referente

à parte introdutória apresenta a intencionalidade da pesquisa e seus aspectos

gerais, a motivação para a escolha do tema, o objetivo geral e os específicos e

a metodologia adotada. Já o segundo tópico, capítulo I, aborda os

pressupostos teóricos utilizados na pesquisa, enfocando uma visão geral sobre

a problemática ambiental, conceitos pedagógicos de Educação Ambiental,

aspectos relativos ao Meio Ambiente e à Educação Ambiental, a legislação

educacional e do meio ambiente além dos PCNs.

O terceiro tópico, capítulo II, mais específico e relacionado ao tema,

aborda as interfaces entre Educação Ambiental e Língua Portuguesa,

construindo um diálogo entre ambas com a finalidade de formar a Ecocidadania

no espaço do cotidiano escolar.

No quarto tópico, capítulo III, apresenta-se um plano de aula elaborado

numa visão interdisciplinar entre a Língua Portuguesa e a Educação Ambiental.

E, finalmente, no último tópico teceremos as considerações finais, com uma

visão pessoal do tema, após delinearmos uma reflexão sobre a Educação

Ambiental no espaço escolar.

19

CAPÍTULO I

1 - Pressupostos teóricos

Neste capítulo, traçaremos a trajetória histórica da Educação Ambiental,

dividindo-a em décadas e ressaltando em cada período os fatos mais

importantes, os quais serviram de base para o processo de legalização e

institucionalização da Educação Ambiental no Brasil.

1.1. A problemática ambiental a partir da década de 60

Os debates ambientalistas vão ser suscitados na década de 60, em

virtude dos movimentos sociais e políticos que afloravam nessa época, os

quais reivindicavam uma melhor qualidade de vida e questionavam o

desenvolvimento desordenado da sociedade global. A partir daí, a Educação

Ambiental passa a ser vista como uma alternativa para restaurar os

ecossistemas e ambientes naturais, mas também para impactar a sociedade

com um novo paradigma de vida, no qual ressalte valores e princípios morais

que conduzam a humanidade a se tornar mais fraterna e solidária (Tbilisi, 1977

e Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, 1992).

Segundo JACOBI (2005: 236), estamos vivendo uma crise ambiental

planetária sem precedentes, a qual coloca em risco o futuro do Planeta. E,

assim, o referido autor afirma:

Dentre as transformações mundiais nestas duas décadas,

aquelas vinculadas à degradação ambiental e à crescente

desigualdade entre as regiões assumem um lugar de destaque

que reforçou a importância de adotar esquemas integradores.

Embora ambos os processos fossem concebidos inicialmente

20de maneira fragmentada, sem vinculações evidentes, hoje se

torna mais explícita a sua articulação dentro da compreensão

no plano de uma crise que assume dimensões globais.

Articulam-se, portanto, de um lado, os impactos da crise

econômica dos anos de 1980 e a necessidade de repensar os

paradigmas existentes e, de outro, o alarme dado pelos

fenômenos de aquecimento global e a destruição da camada

de ozônio, dentre outros problemas.

Diante dessa realidade, a temática ambiental surge a fim de esclarecer

os problemas oriundos do nosso modo de vida, e coube à educação o papel de

ser o “agente difusor dos conhecimentos sobre o meio ambiente, e indutor da

mudança dos hábitos e comportamentos considerados predatórios”.

(CARVALHO, 2001: 86)

No entanto, os impactos sociais e ecológicos causados pela

globalização têm produzido consequências desastrosas como: o aumento

vertiginoso da população humana, aglomerada, principalmente, nas zonas

urbanas; as catástrofes ambientais tais como: a seca, a aridez do solo, a falta

de água potável, dentre outros, têm tornado o Planeta insustentável. Os

recursos naturais renováveis não conseguem se restaurar devido o consumo

acelerado e mal planejado pelo homem moderno.

Assim, a partir da década de 60, com o Clube de Roma1 e, logo a seguir,

em Estocolmo, 1972, com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente Humano, realizada pela ONU, é que se manifestam as preocupações

com os impactos negativos sobre o meio ambiente causados pela sociedade, e

a Educação Ambiental, então, passa a ser vista como um importante

instrumento para a construção de uma sociedade “sustentável”.

Na Conferência de Estocolmo participaram 113 países, além de

organizações não-governamentais e organismos da ONU. Essa conferência

impulsionou a criação do PIEA – Programa Internacional de Educação

Ambiental, do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

1 Realizou-se em Roma, no ano de 1968, uma reunião de cientistas dos países desenvolvidos para se discutir sobre o consumo e as reservas de recursos naturais não-renováveis, e também sobre o crescimento da população mundial até meados do século XXI.

21a aprovação da Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, conhecida

também como Declaração de Estocolmo, na qual são destacados 26

princípios2 que envolvem comportamentos e responsabilidades, a fim de

orientarem a tomada de decisões nas questões ambientais.

O governo brasileiro, nessa época, rejeitou todas as propostas dessa

conferência, alegando que “a poluição é o preço que se paga pelo progresso”.

Em 1975, em Belgrado, deu-se o Seminário Internacional sobre

Educação Ambiental que reuniu 65 países e foram estabelecidas diretrizes e

objetivos do PIEA, culminando em 1976 com o Encontro de Chosica, no qual a

Educação Ambiental foi discutida no âmbito latino-americano. Nesse encontro,

elaboraram a seguinte conceituação para a Educação Ambiental (In:

GUIMARÃES, 1995: 19):

A Educação Ambiental é um instrumento de tomada de

consciência do fenômeno do desenvolvimento e de suas

implicações ambientais que tem a responsabilidade de

promover estudos e de criar condições para enfrentar esta

problemática eficazmente.

Apesar de todos esses esforços na busca de uma conscientização

ambiental global, a Conferência de Tbilisi, ocorrida na Geórgia em 1977, foi o

marco político fundamental, na qual foram traçados os principais fundamentos,

objetivos e estratégias de ação para nortear a Educação Ambiental.

O documento elaborado nessa conferência tornou-se um importante

instrumento de consulta na atualidade, pois nele estão as orientações

pedagógicas e práticas para a aplicação da Educação Ambiental. E, a

Educação Ambiental, dentro de uma visão política e interventiva, passa a ser

definida como sendo (DIAS, 1992: 31):

...uma dimensão dada ao conteúdo e a prática da

Educação, orientada para a resolução dos problemas

concretos do meio ambiente através de enfoques

2 O Princípio 19 da Declaração de Estocolmo aponta para a necessidade de um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiada, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana.

22interdisciplinares, e de uma participação ativa e

responsável de cada indivíduo e da coletividade.

E, ainda, (DIAS, 1992: 68):

...uma educação permanente, geral, que reaja às mudanças

que se produzem em um mundo em rápida evolução. Essa

educação deve preparar o indivíduo, mediante a compreensão

dos principais problemas do mundo contemporâneo,

proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e qualidades

necessárias para desempenhar uma função produtiva, com

vistas a melhoria da qualidade de vida e proteger o meio

ambiente, prestando a devida atenção aos valores éticos.

Enfim, a Conferência de Tbilisi levava à frente as diretrizes traçadas na

Conferência de Estocolmo.

No Brasil, porém, surgia a preocupação de que a questão ambiental

mudaria os rumos do processo acelerado de desenvolvimento tanto almejado

pelos governos militares. Daí, inicialmente, o país se mostrar avesso às

questões mundiais de preservação ambiental.

A década de 80 marca o período em que os biomas brasileiros chegam

ao auge da degradação e, com isso, surgem vários movimentos internacionais

que começam a alertar o mundo sobre os danos que o Brasil estava causando

à sua própria biodiversidade. Nessa época, muitas ONGs (Organização não

Governamental) começam a pisar o solo nacional, como a Greenpeace e a

WWF, onde atuam como defensoras dos biomas brasileiros, lutando pela sua

preservação. E, até o próprio setor empresarial, pressionado pela imprensa,

começa a mudar suas práticas de produção e os acidentes ambientais passam

a ser denunciados pela mídia.

Em 1987, na Rússia, acontecia a Conferência de Moscou para avaliar os

dez anos após a Conferência de Tbilisi, reforçando as questões já discutidas e

propondo uma estrutura teórico-metodológica para a Educação Ambiental.

No Brasil, em 1988, é promulgada a nova Constituição da República

Federativa do Brasil, na qual, em seu capítulo VI artigo 225 inciso VI, trata da

23questão ambiental: “Promover a Educação Ambiental em todos os níveis e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.

Tal texto já nos mostra um amadurecimento do Brasil em relação às

questões ambientais.

Na década de 90 temos a consolidação da Educação Ambiental. A ONU

(Organização das Nações Unidas) declara 1990 como o Ano Internacional do

Meio Ambiente, e o Brasil começa a se preocupar para sediar a RIO-92 ou

Conferência das Nações Unidas para o Mio Ambiente e Desenvolvimento –

CNUMAD -, denominada também de Conferência de Cúpula da Terra.

A RIO-92, ocorrida em junho de 1992, contou com representantes de

182 países e 103 chefes de Estado estiveram presentes. Nesse encontro

aprovaram cinco acordos oficiais internacionais. São eles:

Ø a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ou Carta

do Rio, ou Carta da Terra);

Ø a Agenda 21;

Ø a Declaração das Florestas;

Ø a Convenção – Quadro sobre Mudanças Climáticas;

Ø a Convenção sobre Biodiversidade.

Paralelamente à RIO-92, acontecia um grande evento popular – o Fórum

Global ou ECO-92 -, onde cerca de 1300 ONGs de todas as partes do mundo

se reuniram debaixo de imensas tendas para discutir vários problemas que

atingiam o mundo. Hoje tal movimento é conhecido como Fórum Social

Mundial. Nesse evento, vários educadores ambientais de todo o Brasil e de

mais de 50 países redigiram o Tratado de Educação Ambiental para

Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, sendo um documento de

referência para a Educação Ambiental mundial e para o nosso Programa

Nacional de educação Ambiental (o ProNEA). Em seu preâmbulo, podemos ler:

Este Tratado, assim como a educação, é um processo

dinâmico em permanente construção. Deve, portanto, propiciar

a reflexão, o debate e a sua própria modificação. Nós

24signatários, pessoas de todas as partes do mundo,

comprometidos com a proteção da vida na Terra,

reconhecemos o papel central da educação na formação de

valores e na ação social. Comprometemos-nos com o processo

educativo transformador através do envolvimento pessoal, de

nossas comunidades e nações para criar sociedades

sustentáveis e eqüitativas. Assim, tentamos trazer novas

esperanças e vida para o nosso pequeno, tumultuado, mas

ainda assim belo planeta.

Em dezembro de 1998, em Thessaloniki, na Grécia, aconteceu um

importante encontro internacional promovido pela UNESCO/PNUMA, no qual

foram confirmados os conceitos de Tbilisi, dando importância às ações locais

realizadas por cada comunidade e à implementação da Agenda 21 locais

conjugadas aos processos de Educação Ambiental; ampliou-se, também, a

rede de comunicação entre educadores ambientais, visando o intercâmbio de

experiências.

1.1.1. A consolidação da Educação Ambiental no Brasil

A ECO-92 foi o principal movimento de articulação dos educadores

ambientais no Brasil. Houve a mobilização de várias ONGs na produção textual

do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global. Nesse contexto, começou a ser definida a REBEA –

Rede Brasileira de Educação Ambiental -, na qual surgiram e consolidaram

muitas ideias, estabelecendo uma nova articulação social, as redes.

Em 1993, é instituído o Grupo de Trabalho em Educação Ambiental do

Ministério da Educação, através da Portaria 773, tendo como objetivo: apoiar,

coordenar, avaliar e consolidar a Educação Ambiental no Brasil.

No ano seguinte, em 1994, é criado pela presidência da República o

Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), em atendimento ao

25que já havia sido definido pela Constituição Federal de 1988 e aos acordos

assumidos com a Conferência da RIO-92. Em seu documento oficial, a ProNEA

(ProNEA/MEC/MMA, novembro de 2003 – www.mma.gov.br) se apresenta e

define os seus objetivos:

...compartilhado pelo então Ministério do Meio Ambiente, dos

Recursos Hídricos e da Amazônia Legal e pelo Ministério da

Educação e do Desporto, com a parceria do Ministério da

Cultura e do Ministério da Ciência e Tecnologia. O PRONEA foi

executado pela Coordenação de Educação Ambiental do MEC

e pelos setores correspondentes do MMA/IBAMA,

responsáveis pelas ações voltadas respectivamente ao sistema

de ensino e à gestão ambiental, embora também tenha

envolvido, em sua execução, outras entidades públicas e

privadas do país. O PRONEA previu três componentes: (a)

capacitação de gestores e educadores, (b) desenvolvimento de

ações educativas e (c) desenvolvimento de instrumentos e

metodologias, contemplando sete linhas de ação:

• educação ambiental através do ensino formal;

• educação no processo de gestão ambiental;

• campanhas de educação ambiental para usuários de recursos

naturais;

• cooperação com meios de comunicação e comunicadores

sociais;

• articulação e integração comunitária;

• articulação intra e interinstitucional;

• rede de centros especializados em educação ambiental em

todos os Estados.

Em 1995, cria-se a Câmara Técnica Temporária de Educação

Ambiental, como parte do Conselho Nacional de meio Ambiente – CONAMA, a

qual só foi se consolidar em junho de 1996, ao ser discutido o documento

intitulado “Subsídios para a formulação de uma Política Nacional de Educação

Ambiental”, sendo o mesmo elaborado pelo MEC/IBAMA e MEC, no qual são

26traçados os seus princípios orientadores: “a participação, a descentralização, o

reconhecimento da pluralidade e diversidade cultural e a interdisciplinaridade”.

O Ministério do Meio Ambiente, em outubro de 1996, cria o Grupo de

Trabalho de Educação Ambiental, e em dezembro, firma um protocolo de

intenções com o MEC, buscando cooperação técnica e institucional em

Educação Ambiental. Esse Grupo de Trabalho desempenhou as seguintes

atividades (www.mma.gov.br):

• “elaboração e coordenação da primeira Conferência Nacional de

Educação Ambiental;

• estabelecimento de parceria com o Projeto de Educação Ambiental para

o Ensino Básico “Muda o Mundo, Raimundo”;

• promoção de Seminários sobre a prática de Educação Ambiental no

ecoturismo, biodiversidade e Agenda 21;

• promoção de palestras técnicas, inseridas na ação “Temporada de

palestras”;

• definição das ações de educação ambiental no âmbito dos Programas

Nacionais de Pesca Amadora e Agroecologia;

• promoção do Levantamento Nacional de projetos de Educação

Ambiental”.

Em 1997, muitas atividades em Educação Ambiental ocorreram,

incluindo o Encontro da Rede Nacional de Educação Ambiental, em Brasília,

conhecido como IV Fórum de Educação Ambiental, no qual se reuniram 2868

participantes de todas as partes do país com trabalhos importantes. Nesse

encontro foi produzido o documento “Carta de Brasília para a Educação

Ambiental” (www.mma.gov.br), destacando cinco áreas temáticas para

discussão:

ü “Educação Ambiental e as vertentes do desenvolvimento

sustentável.

27ü Educação Ambiental formal: papel, desafios, metodologias e

capacitação.

ü Educação Ambiental no processo de gestão ambiental:

metodologia e capacitação.

ü Educação Ambiental e as políticas públicas: PRONEA, políticas

de recursos hídricos, urbanas, agricultura, ciência e tecnologia.

ü Educação Ambiental, ética, formação da cidadania, educação,

comunicação e informação da sociedade”.

Nesse mesmo ano, houve o Simpósio Brasileiro de Educação Ambiental,

promovido pela PUC/RJ. Além disso, foi aprovada a nova Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – LDB -, que coloca a Educação Ambiental no

currículo básico escolar como disciplina pedagógica complementar aos 20%

adicionais de carga horária adicionados por lei para o ensino básico. Mas,

segundo Layrargues (1995, 1999), a LDB é um retrocesso a tudo o que foi

discutido em Educação Ambiental, pois coloca esta como uma disciplina a mais

no currículo, não valorizando a interdisciplinaridade.

Ainda, em 1997, o MEC divulga os Novos Parâmetros Curriculares

Nacionais, os PCNs, no qual a questão ambiental é tratada como Tema

Transversal. Para o ProNEA (Ibiden, 2003):

Em 1997, depois de dois anos de debates, os Parâmetros

Curriculares Nacionais foram aprovados pelo Conselho

Nacional de Educação. Os PCNs constituem-se como um

subsídio para apoiar a escola na elaboração do seu projeto

educativo, inserindo procedimentos, atitudes e valores no

convívio escolar, bem como a necessidade de tratar de alguns

temas sociais urgentes, de abrangência nacional, denominados

como temas transversais: meio ambiente, ética, pluralidade

cultural, orientação social, trabalho e consumo, com

possibilidade de as escolas e/ou comunidades elegerem outros

de importância relevante para sua realidade.

Em 1999 é sancionada a Lei nº. 9795/99, a qual institui a Política

Nacional de Educação Ambiental. Essa Lei coloca a Educação Ambiental no

28âmbito governamental, além de definir princípios, fundamentos e objetivos da

Educação Ambiental e dar diretrizes para a sua aplicação nos diferentes níveis

de ensino, e também no âmbito formal e não-informal. A Lei também ressalta a

importância ao fomento de recursos humanos, à pesquisa em Educação

Ambiental e define regras para a utilização de recursos públicos em Educação

Ambiental. Assim, a mesma se manifesta:

Art. 1º. – Entende-se por educação ambiental os processos por

meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores

sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua

sustentabilidade.

Art. 2º. – A educação ambiental é um componente essencial e

permanente da educação nacional, devendo estar presente, de

forma articulada, em todos os níveis e modalidades do

processo educativo, em caráter formal e não-formal.

Nesse mesmo ano, foi criada uma Diretoria para o Programa Nacional

de Educação Ambiental (ProNEA) (Ibiden), ligada ao MMA, com o objetivo de

realizar as seguintes ações:

ü “Implantação do Sistema Brasileiro de Informações em Educação

Ambiental (SIBEA), objetivando atuar como um sistema integrador das

informações de Educação Ambiental no país.

ü Implantação de Pólos de Educação Ambiental e Difusão de Práticas

Sustentáveis nos Estados, objetivando irradiar as ações de Educação

Ambiental.

ü Fomento à formação de Comissões Interinstitucionais de Educação

Ambiental nos estados e auxílio na elaboração de programas estaduais

de Educação Ambiental.

ü Implantação de curso de Educação Ambiental à Distância, objetivando

capacitar gestores, professores e técnicos de meio ambiente de todos os

municípios do país.

29ü Implantação do projeto “Protetores da Vida”, objetivando sensibilizar e

mobilizar jovens para as questões ambientais”.

Com relação à Política de Educação Ambiental, Layrargues (2002: 2),

novamente afirma que não houve avanços e, assim, se expressa:

Comemora-se atualmente a institucionalização da Política

Nacional de Educação Ambiental (PNEA) no Brasil. Trata-se,

em essência, da consolidação de um processo de inclusão da

dimensão ambiental na Educação, que ocorreu de modo

paulatino e gradativo ao longo de pouco mais de duas décadas

de esforços dirigidos por parte dos educadores ambientais,

com vistas à instauração de uma nova ética na relação

estabelecida entre a Sociedade brasileira e a Natureza.

Evidentemente, estes esforços foram favorecidos pela

disseminação progressiva de uma consciência ecológica pelo

tecido social que institui novas regras de convívio

constrangidas pela crise ecológica contemporânea. A

sociedade, com efeito, passa por um processo de adequação

da sua relação secular com a natureza, instituída desde a

constituição da moderna civilização industrial. Porém, as

comemorações relativas à conquista de um espaço formal na

doutrina jurídica precisam ceder espaço a análises críticas a

respeito dos fundamentos, perspectivas e limitações desse

fazer educativo consolidado no texto legal.

O mesmo autor argumenta ainda que a aplicação da PNEA no Brasil

deva ser realizada de forma crítica, de forma conjunta com os educadores

ambientais, o que não ocorreu, pois houve:

(a) ausência de oposição política à Lei nº. 9795/99; (b)

ausência de uma base social profissional minimamente

articulada em torno de uma comunidade de educadores

ambientais; (c) inexistência de um corpo teórico estruturado a

respeito da educação ambiental; (d) indefinição de um campo

político-ideológico estabelecido em torno dos modelos

pedagógicos possíveis. (p. 1)

Finalmente, no Governo de Fernando Henrique Cardoso, é criada a

Diretoria de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e a

30Coordenadoria de Educação Ambiental, no âmbito do MEC, a qual em 2001

promoveu o Seminário Nacional de Educação Ambiental, com a presença das

Secretarias de Educação Municipais e Estaduais, além de várias instituições de

todo o país, onde se dá a propagação dos PCNs, em especial ao Tema

Transversal Meio Ambiente.

Em junho de 2002, a Lei nº. 9795/99 foi regulamentada pelo Decreto nº.

4281, o qual define as competências do Órgão Gestor da PNEA.

1.2. A legislação brasileira do Meio Ambiente

A maneira como nos relacionamos com o meio ambiente à nossa volta

está diretamente ligada à nossa qualidade de vida. Partindo desse

pressuposto, é tarefa da Escola integrar-se ao tema “meio ambiente”,

trabalhando-o de forma transversal através de ações práticas e teóricas,

reflexivas, a fim de levar o aluno a se envolver com a natureza, aprendendo a

amá-la e respeitá-la. E, o papel da Educação Ambiental é dar subsídios para

que tal tarefa se realize no interior da escola, pois além de tratar de assuntos

pertinentes à proteção e uso racional dos recursos naturais como ar, água,

solo, flora, fauna, também deve favorecer ideias e princípios que levem à

construção de um mundo sustentável.

Inicialmente, a Educação Ambiental foi incluída na Lei nº. 6938, de 1º. de

agosto de 1981, que versa sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus

fins e fundamentos e, anos mais tarde, na Constituição Federal de 1988 (artigo

225, § 1º, capítulo VI), a qual coloca o poder público frente à promoção da

educação ambiental em todos os níveis de ensino e também na

conscientização da coletividade na preservação do meio ambiente, in verbis:

Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações.

31§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder

Público:

I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover

o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do

País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de

material genético;

III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e

seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a

alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada

qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que

justifiquem sua proteção;

IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação do meio

ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará

publicidade;

V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,

métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade

de vida e o meio ambiente;

VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas

que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção

de espécies ou submetam os animais à crueldade.

O texto constitucional reconhece o direito a um meio ambiente

ecologicamente equilibrado e protegido, ligado ao direito à vida e ao princípio

da dignidade humana (cf. artigo 1º. III). Essa lei está em conformidade com os

tratados e declarações ambientais produzidos no âmbito da Conferência das

Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em 1972, na Declaração de

Estocolmo:

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e

ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio cuja

qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-

estar e tem a solene obrigação de proteger e melhorar esse

meio para as gerações presentes e futuras.

32 Em nossa Carta Magna, os incisos XIV e XXXIII do artigo 5º. (capítulo I)

mencionam o nosso direito à informação:

XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e

resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício

profissional;

XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos

informações de seu interesse particular, ou de interesse

coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob

pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja

imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Diante do exposto, a informação sobre os problemas ambientais é de

grande importância para a conscientização das pessoas, a fim de garantir-lhe

uma melhor qualidade de vida. Assim, no que diz respeito ao direito à

informação, este data desde 1965. O Código Florestal Brasileiro – Lei nº. 4771,

de 15 de setembro de 1965, em seu artigo 42 §§ 1º. e 3º. já determinava que:

Art. 42 – Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma

autoridade poderá permitir a adoção de livros escolares de

leitura que não contenham textos de educação florestal,

previamente aprovados pelo Conselho Federal de Educação,

ouvido o órgão florestal competente.

§ 1º. – As estações de rádio e televisão incluirão,

obrigatoriamente, em suas programações, textos e dispositivos

de interesse florestal, aprovados pelo órgão competente no

limite mínimo de cinco (5) minutos semanais, distribuídos ou

não em diferentes dias.

§ 3º. – A União e os Estados promoverão a criação e o

desenvolvimento de escolas para o ensino florestal, em seus

diferentes níveis.

A obrigatoriedade prevista na Lei nº. 4771/65 foi reafirmada na

Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225 § 1º. Inciso VI.

Apesar de o contexto histórico clamar em defesa dos problemas

ambientais e da importância da Educação Ambiental na sociedade atual, o

tema Meio Ambiente não foi abordado na Lei Federal nº. 9394 de 20 de

33dezembro de 1996, a qual dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação

Nacional – LDB. Nessa lei, apenas o artigo 32, II faz certa menção ao tema:

Art. 32 – O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9

(nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6

(seis) anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão,

mediante: [...]

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema

político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade. (grifos nossos)

Em 1987, o Parecer 226 do Conselho Federal de Educação (MEC) já

enfocava a Educação Ambiental, propondo a sua inclusão nos conteúdos

curriculares das escolas de 1º. e 2º. graus. (DIAS, 2003)

O MEC, em 1991, aprovou a Portaria nº. 678 que determinava que a

educação escolar deveria contemplar a Educação Ambiental, permeando todo

o currículo dos diferentes níveis e modalidades de ensino. E, meses depois,

nesse mesmo ano, estabelece a Portaria nº. 2421, a qual institui em caráter

permanente um Grupo de Trabalho para Educação Ambiental, com o objetivo

de definir, com as Secretarias de Educação, as metas e estratégias para a

implementação da Educação Ambiental em todo o Brasil e elaborar proposta

de atuação do MEC na área de educação formal e não-formal para a

Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Em 1997, são publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),

que surgem como proposta de reorientação curricular da Secretaria de

Educação Fundamental do Ministério da Educação e do Desporto (SEF-MEC),

nos quais se incluem os Temas Transversais, onde são elencados seis temas

para serem trabalhados de forma transversal, com o objetivo de incentivar a

compreensão crítica da realidade pelos educandos. Dentre os seis Temas

Transversais destaca-se o Meio Ambiente.

34 Os PCNs constituem-se num importante texto no âmbito educacional,

pois estão de acordo com a atual visão de ambiente, ou seja, destacam não só

os aspectos físicos, mas também os sociais.

Apesar do princípio da Educação Ambiental estar previsto no texto

constitucional desde 1988, sua regulamentação só foi efetivada através da Lei

nº. 9795, de 27 de abril de 1999, conhecida como Política Nacional de

Educação Ambiental, seguida do Decreto nº. 4281 de 2002. A aprovação dessa

lei deu ao Brasil a condição de ser o primeiro país latino-americano a possuir

uma política nacional de Educação Ambiental.

De acordo com a Lei 9795/99, vamos observar que a Educação

Ambiental é reconhecida como um importante e necessário processo de

educação formal e informal, cabendo a efetivação desse processo não só ao

Poder Público como aos meios de comunicação de massa, às entidades

educacionais, aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente,

às empresas, às entidades de classe, às instituições públicas e privadas e à

coletividade (artigo 3º. e seus incisos).

“I – a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa,

em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de

informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;

II – a ampla participação da escola, da universidade e de

organizações não-governamentais na formulação e execução de

programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal;

III – a participação de empresas públicas e privadas no

desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria

com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais;

IV – a sensibilização da sociedade para a importância das unidades

de conservação;

V – a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às

unidades de conservação;

VI – a sensibilização ambiental dos agricultores;

VII – o ecoturismo.”

Essa lei, em seu artigo 1º., define juridicamente a Educação Ambiental e

dá determinações em seus artigos 2º. e 3/º., incisos I a III:

35Art. 1º. – Entende-se por educação ambiental os processos por meio

dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,

conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,

essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2º. – A educação ambiental é um componente essencial e

permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma

articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo,

em caráter formal e não-formal.

Art. 3º. – Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm

direito à educação ambiental, incumbindo:

I – ao Poder Público, nos termos dos artigos 205 e 225 da

Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a

dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os

níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação,

recuperação e melhoria do meio ambiente;

II – às instituições educativas, promover a educação ambiental de

maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;

III – aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente –

SISNAMA, promover ações de educação ambiental integradas aos

programas de conservação, recuperação e melhoria do meio

ambiente.

De acordo com os artigos supra citados, é da incumbência não só pó

Poder Público, mas também das instituições educativas, dos meios de

comunicação , dos órgãos integrantes do SISNAMA, das entidades de classe,

das instituições públicas e privadas e de toda a sociedade garantir o processo

de educação ambiental e de informação de maneira eficiente, a fim de efetivar

o processo educativo no tocante ao meio ambiente.

No entanto, essa lei só prescreve responsabilidades, princípios de

educação ambiental e objetivos, mas não estabelece qualquer tipo de sanções

para quem age ao contrário do que se objetiva, daí encontrar inúmeras

dificuldades para ser efetivada.

No mesmo ano em que foi assinada a Lei nº. 9795, o MEC publicou a

Portaria nº.1648 que cria o Grupo de Trabalho de Meio Ambiente do MEC. A

36partir dessa portaria, várias organizações estaduais e municipais criaram

programas de Educação Ambiental.

Embora tenhamos toda essa legislação e da própria Educação

Ambiental ser reconhecida mundialmente como ciência educacional, com

recomendações da UNESCO e da Agenda 21, o Brasil ainda está muito longe

na sua efetiva implantação.

Em 2003 foi editada a Lei nº. 10650, de 16 de abril de 2003, a qual

dispõe sobre o acesso público às informações e aos dados contidos nos

órgãos e entidades integrantes do SISNAMA, cujo artigo 2º. enfatiza como

dever estatal em todos os níveis, o acesso público às informações ambientais:

Art. 2º. – Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta,

indireta e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam obrigados a

permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos

administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as

informações ambientais que tratem de matéria ambiental e a fornecer

todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, em

meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas

à:

I – qualidade do meio ambiente;

II – políticas, planos e programas potencialmente causadores de

impacto ambiental;

III – resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle

de poluição e de atividades potencialmente poluidoras, bem como de

planos e ações de recuperação de áreas degradadas;

IV – acidentes, situações de risco ou de emergências ambientais;

V – emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de resíduos

sólidos;

VI – substâncias tóxicas e perigosas;

VII – diversidade biológica;

VIII – organismos geneticamente modificados.

§ 1º. – Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de

interesse específico, terá acesso às informações de que trata esta Lei,

mediante requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não

utilizar as informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da

lei civil, penal, de direito autoral e de propriedade industrial, assim

37como de citar as fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os

aludidos dados.

Quanto ao Decreto nº. 4281, de 25 de junho de 2002, este regulamenta

a lei que institui a Política Nacional de Educação Ambiental.

Podemos observar nas legislações apresentadas que o que se destaca

é a Educação Ambiental e a sua referida informação como elementos

importantíssimos e indispensáveis ao exercício da cidadania. Cabe ao Estado,

em todas as esferas, propiciar a aplicação da Educação Ambiental em todas as

entidades e/ou instituições que formam a nossa sociedade.

A Educação Ambiental, portanto, constitui-se num grande desafio para a

nossa sociedade, em especial, para os educadores ambientais e professores,

os quais têm a difícil tarefa de levar, para dentro da escola e de toda a

comunidade ao seu entorno, o debate que envolva a preservação ambiental, o

atual modelo de produção capitalista e os problemas sociais em conexão com

a nossa problemática ambiental.

No Brasil, a Política de Educação Ambiental é realizada por meio de leis,

decretos, portarias, normas, regulamentos, os quais são deliberados pelo

Poder Público, de acordo com cada esfera pública dentro de suas devidas

competências. E, dentre toda essa legislação abordada anteriormente,

destacam-se dois textos que são de grande importância no contexto da

Educação Ambiental.

● Política Nacional de Educação Ambiental

Houve necessidade de se regulamentar os dispositivos do artigo 225, §

1º., capítulo VI, da Constituição Federal e do artigo 2º., X, da PNMA,

promulgando a Lei Federal nº. 9795, no dia 27 de abril de 1999, a qual dispõe

sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação

Ambiental (PNEA) e dá outras providências. Esse texto possui 21 artigos,

divididos em quatro capítulos. Nele a Educação Ambiental é conceituada no

Capítulo I – Da educação ambiental:

Art. 1º. – [...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a

coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

38habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,

essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

O artigo 2º. determina que a Educação Ambiental seja um componente

essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente de

modo articulado, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em

caráter formal e não-formal. O artigo 4º. aponta os princípios básicos e o 5º.

aborda os objetivos fundamentais da educação ambiental.

No capítulo II – Da Política Nacional do Meio Ambiente – temos a

consolidação da PNEA. Na seção I, os artigos 6º, 7º e 8º referem-se às

disposições gerais da PNEA, determinando os órgãos integrantes (art. 7º) e as

áreas de atuação inter-relacionadas (art. 8º).

Na seção II, os artigos 9º ao 12 se referem à Educação Ambiental no

ensino formal, sendo que o artigo 9/] assim a define:

Art. 9º - Entende-se educação ambiental na educação escolar a

desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino

públicas e privadas, englobando:

I – educação básica:

a) educação infantil;

b) educação fundamental; e

c) ensino médio;

II – educação superior;

III – educação especial;

IV – educação profissional;

V – educação para jovens e adultos.

Segundo a PNEA, a Educação Ambiental deverá ser trabalhada como

uma prática educativa contínua, permanente e integrada em todos os níveis e

modalidades do ensino formal (art. 10), não sendo abordada como uma

disciplina específica no currículo (art. 10, § 1º). Mas, em relação aos cursos de

extensão e pós-graduação, a Educação Ambiental deverá ter seu enfoque

voltado para o aspecto metodológico (art. 10, § 2º).

39 O artigo 11 determina que a Educação Ambiental faça parte dos

currículos de formação de professores, em todos os níveis e disciplinas, com o

propósito de atender à PNMA (art. 11, parágrafo único).

A seção III, artigo 13, parágrafo único, incisos I a VI refere-se à

Educação Ambiental não-formal, definindo-a como ações e práticas educativas

voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e

também à organização e participação na defesa da qualidade do meio

ambiente (art. 13, caput).

No capítulo III – Da execução da Política Nacional de Educação

Ambiental – os seus artigos de 14 a 19 tratam da coordenação da PNEA por

um órgão gestor e suas atribuições (artigos 14 e 15). O artigo 16 enfoca que os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão as diretrizes, normas e

critérios para a Educação Ambiental, respeitados os objetivos e princípios da

PNEA.

Finalmente, no capítulo IV, os artigos 20 e 21 mencionam as disposições

finais.

● Decreto Federal nº. 4281 de 25 de junho de 2005

Este decreto regulamenta a Lei nº. 9795, de 27 de abril de 1999, a qual

institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

O referido decreto, em seu artigo 1º., determina que a PNEA seja

executada pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio

Ambiente – SISNAMA, pelas instituições educacionais públicas e privadas dos

sistemas de ensino, pelos órgãos públicos da União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, envolvendo entidades não governamentais, entidades de classe,

meios de comunicação e demais segmentos da sociedade.

No artigo 2º, cria o Órgão Gestor, nos termos do artigo 14 da Lei

9795/99, sendo este responsável pela coordenação da PNEA, e o artigo 3º

define as suas funções e atribuições, criando ainda o Comitê Assessor com o

objetivo de assessorar o Órgão Gestor (artigo 4º).

40 No artigo 5º, recomenda-se como referência, os Parâmetros Curriculares

Nacionais, na inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis e

modalidades de ensino.

Enfim, no artigo 7º, determina que os Ministérios do Meio Ambiente, da

Educação e seus órgãos vinculados destinem recursos para a realização de

atividades e para o cumprimento dos objetivos da PNEA na elaboração de seus

respectivos orçamentos.

Infelizmente, grande parte de toda essa legislação está só no papel, pois

ainda não temos a sua plena implementação.

1.3. Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) constituem um conjunto

de documentos implementado desde 1997 em todo o território nacional, como

referência para a “renovação e reelaboração da proposta curricular. [...]

buscam auxiliar o professor na sua tarefa de assumir, como profissional, o

lugar que lhe cabe pela responsabilidade e importância no processo de

formação do povo brasileiro”. (BRASIL, 1997a: 9)

A princípio, a Lei Federal nº. 5692, de 11 de agosto de 1971, estruturava

o Ensino Fundamental até a aprovação e implementação da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – Lei Federal nº. 9394, em 1996. Tal

reestruturação no quadro da Educação brasileira teve suas bases na

Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na

Tailândia, em 1990. Essa conferência contou com importantes representantes

da UNESCO3, UNICEF4, PNUD5 e do Banco Mundial, na qual se elaborou um

relatório denominado Educação: um tesouro a descobrir.

O Brasil, devido aos compromissos assumidos internacionalmente, a

partir do seu (BRASIL, 1997a: 15):

3 Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas. 4 Fundo das Nações Unidas para a Infância. 5 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

41[...] Ministério de Educação e do Desporto coordenou a

elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos (1993-

2003), concebido como um conjunto de diretrizes políticas em

contínuo processo de negociação, voltado para a recuperação

da escola fundamental, a partir do compromisso com a

equidade e com o incremento da qualidade, como também com

a constante avaliação dos sistemas escolares, visando ao seu

contínuo aprimoramento.

Este novo plano de educação, levando já em conta as leis da

Constituição Federal de 1988, apresenta a necessidade de se elaborar um

parâmetro curricular que oriente as ações educativas do ensino básico

obrigatório, objetivando, assim, à melhoria da qualidade do ensino fundamental

e do ensino médio. Assim, a nova LDB (Lei Federal nº. 9394) foi aprovada em

20 de dezembro de 1996, destacando em seu artigo 22 que “[...] a educação

básica, da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegurar a

todos ‘a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e

fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores’ [...]”.

(Ibiden.)

Grosso modo, com os PCNs, tem-se uma homogeneização dos

conteúdos a serem ensinados aos alunos pelos professores, porém os PCNs

são flexíveis, pois permitem que cada região ou mesmo local utilize-os

conforme as suas necessidades, programas, especificidades socioculturais ou

autonomia de professores e equipes pedagógicas. Assim,

Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexível, a

ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre

currículos e sobre programas de transformação da realidade

educacional empreendidos pelas autoridades governamentais,

pelas escolas e pelos professores. Não configuram, portanto,

um modelo curricular homogêneo e impositivo, que se

sobreporia à competência político-executiva dos Estados e

municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões

do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas.

(BRASIL, 1997a: 13)

42 Os conteúdos a serem ensinados estão dispostos em dois grupos: 1º)

das áreas de conhecimento, que são: Língua Portuguesa, História, Geografia,

Matemática, Ciências Naturais, Artes e Educação Física. “O ensino de ao

menos uma língua estrangeira moderna passa a se constituir um componente

curricular obrigatório, a partir da quinta série do ensino fundamental (art. 26 §

5º)” (BRASIL, 1997a: 16); 2º) conteúdos organizados em temas transversais,

assim chamados por já indicarem “[...] a metodologia proposta para sua

inclusão no currículo e seu tratamento didático”. (BRASIL, 1997b: 29): Ética,

Educação Ambiental, Orientação Sexual, Pluralidade Cultural e Saúde

(BRASIL, 1997b). Esses temas foram incorporados a fim de cumprir o

“compromisso com a construção da cidadania” a partir da “compreensão da

realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal,

coletiva e ambiental”. (BRASIL, 1997b: 15)

Os Temas Transversais dizem respeito a conteúdos de caráter social, os

quais devem ser incluídos no currículo do ensino fundamental e médio, de

forma “transversal”, ou seja, “pretende-se que esses temas integrem as áreas

convencionais de forma a estarem presentes em todas elas, relacionando-as

as questões da atualidade”. (BRASIL, 1997b: 36)

Sabemos que, de uma forma geral, a concretização dos PCNs em

nossas escolas ainda está longe de ser uma realidade. O próprio Ministério da

Educação e do Desporto, no volume introdutório dos PCNs, reconhece as

condições precárias de nossas escolas, afirmando que a efetivação das

propostas contidas nos Parâmetros necessitará de:

[...] uma política educacional que contemple a formação inicial

e continuada de professores, uma decisiva revisão das

condições salariais, além da organização de uma estrutura de

apoio que favoreça o desenvolvimento do trabalho (acervo de

livros e obras de referência, equipe técnica para supervisão,

materiais didáticos, instalações adequadas para a realização

de trabalho de qualidade), aspectos que, sem dúvida, implicam

a valorização da atividade do professor. (BRASIL, 1997b: 38)

43 No documento introdutório dos PCNs (1997a), na apresentação (p. 9),

contém a seguinte afirmação:

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, referenciais para a

renovação e reelaboração da proposta curricular, reforçam a

importância de que cada escola formule seu projeto

educacional, compartilhado por toda a equipe, para que a

melhoria da qualidade da educação resulte da co-

responsabilidade entre todos os educadores. A forma mais

eficaz de elaboração e desenvolvimento de projetos

educacionais envolve o debate em grupo e no local de

trabalho. (BRASIL, 1997a: 9 – grifos nossos)

Urge, nos dias atuais, a necessidade de a escola, em especial, a pública

passar a ser vista como um local de trabalho. É muito difícil reunir uma equipe

de professores se os mesmos permanecem um período fragmentado na

escola, bem como atuam em duas, três ou mais escolas, durante o dia ou

numa semana de trabalho. Tal jornada de trabalho inviabiliza o debate, o

investimento em projetos pedagógicos e até a própria organização da escola.

Segundo Silva Júnior (1995: 17):

Para que as pessoas se organizem ou sejam organizadas, é

preciso, antes de mais nada, que elas se encontrem em seu

cotidiano de trabalho. Sem a presença física do trabalhador

individual, o trabalhador coletivo não se constitui, mas também

o projeto político não se elabora.

Tal afirmação corrobora para que se pense numa renovação do ensino

começando pelo local de trabalho do professor, a fim de que este possa

realizar seu trabalho com qualidade e satisfação.

Enfim, para que o professor esteja comprometido com a formação da

cidadania, é necessário que o mesmo seja visto como cidadão, pois, segundo

os PCNs, a educação deve estar comprometida com a cidadania, trabalhando

com os alunos os princípios de: igualdade de direitos, dignidade da pessoa,

participação e co-responsabilidade pela vida social.

44 1.3.1. Os Parâmetros Curriculares Nacionais e a problemática

ambiental

Os PCNs se desenvolveram num período de discussões sócio-

econômicas e históricas, e também dos debates globais a respeito dos

problemas ambientais. Daí apresentarem o que é Educação Ambiental e

Sustentabilidade, destacando a importância de ambas na atual conjuntura.

Como eixo estruturador dessa organização curricular é a formação para a

cidadania, os PCNs referenciam não só as áreas clássicas do conhecimento

mas também abrem espaço para as discussões das grandes questões sociais,

permitindo que as mesmas sejam introduzidas em sala de aula.

E a Educação Ambiental é enfocada nos PCNs com o objetivo de

incentivar a sua prática, seja pela sua aplicabilidade na instituição escolar, seja

pela necessidade de levar os professores das diferentes áreas de ensino a

perceberem que é fundamental vincular a educação a uma dimensão mais

ampla que é a ambiental.

Verifica-se, portanto, que muitas ideias defendidas em encontros,

conferências, simpósios, documentos sobre a importância da Educação

Ambiental são expressas nos PCNs (1997c: 24):

Por ocasião da Conferência Internacional Rio/92, cidadãos

representando instituições de mais de 170 países assinaram

tratados nos quais se reconhece o papel central da educação

para “construção de um mundo socialmente justo e

ecologicamente equilibrado”, o que requer “responsabilidade

individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário”. E é

isso o que se espera da Educação Ambiental no Brasil, que foi

assumida como obrigação nacional pela Constituição

promulgada em 1988.

O referido documento ainda explicita que a Educação Ambiental deve

ser vista e compreendida como “[...] meio indispensável para se conseguir criar

e aplicar formas cada vez mais sustentáveis de interação sociedade-natureza e

soluções para os problemas ambientais”. (Ibiden)

45 Os PCNs (1997c) também apresentam uma discussão em torno do

termo desenvolvimento sustentável, enfatizando a ideia contraditória presente

no termo:

[...] A própria base conceitual – definições como a de meio

ambiente e de desenvolvimento sustentável, por exemplo –

está em plena construção. [...] Justamente pelo fato de estar

em pleno processo de construção, a definição de muitos

desses elementos é controvertida. [...] (p. 30)

[...] Porque desenvolvimento pode ser entendido como

crescimento, e crescimento sustentável é uma contradição:

nenhum elemento físico pode crescer indefinidamente. (p. 38)

Mais adiante no texto, os PCNs (1997c: 38) citam que:

Nas propostas apresentadas pelo Programa das Nações

Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), emprega-se o termo

“desenvolvimento sustentável” significando “melhorar a

qualidade da vida humana dentro dos limites da capacidade de

suporte dos ecossistemas”.

Devido a essa controvérsia, os PCNs (BRASIL, 1997d: 177) optam pelo

termo sustentabilidade e assim justificam:

Optou-se pelo termo “sustentabilidade”, pois muitos

consideram a ideia de desenvolvimento sustentável ambígua,

permitindo interpretações contraditórias. Desenvolvimento é

uma noção associada à modernização das sociedades no

interior do modelo industrial. Um dos aspectos mais relevantes

para a compreensão da discussão diz respeito a uma

característica fundamental dessa ideia de desenvolvimento: a

busca da expansão constante e, de certo modo, ilimitada.

Neste sentido, a necessidade de garantir o desenvolvimento

sustentável, consenso nos pactos internacionais, é uma meta

praticamente inatingível numa sociedade organizada sob este

modelo de produção.

E, quanto aos critérios de sustentabilidade, destacam-se quatro:

melhorar a qualidade da vida humana; conservar a vitalidade e a diversidade

46do Planeta Terra; minimizar o esgotamento de recursos não renováveis e

permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta Terra. (p. 39-40)

Segundo o PNUMA6, o primeiro critério é “o verdadeiro objetivo do

desenvolvimento, ao qual o crescimento econômico deve estar sujeito: permitir

aos seres humanos ‘perceber o seu potencial, obter autoconfiança e uma vida

plena de dignidade e satisfação”. (BRASIL, 1997c: 39)

Assim, dentro da visão de sustentabilidade, a escola, como uma das

instâncias da sociedade, pode contribuir com orientação, monitoramento,

tomada de decisão, avaliação e redimensionamento de ações. (BRASIL,

1997c)

Enfim, os PCNs apresentam, a partir do conceito de sociedade

sustentável proposto pelo PNUMA, com o apoio da ONU, princípios e critérios

que podem propiciar esse modelo de sociedade. O princípio fundamental de

uma sociedade sustentável seria “um princípio ético que reflete o dever de nos

preocuparmos com as outras pessoas e outras formas de vida, agora e no

futuro”. (BRASIL, 1997c: 39)

Em relação aos meios para se chegar à sustentabilidade, os PCNs

destacam: modificar atitudes e práticas pessoais, permitir que as comunidades

cuidem de seu próprio ambiente, gerar uma estrutura nacional para a

integração de desenvolvimento e conservação e constituir uma aliança global.

Com relação à mudança de atitudes e práticas pessoais, os PCNs

(BRASIL, 1997c: 41) afirmam:

Para adotar a ética de se viver sustentavelmente, as pessoas

devem reexaminar os seus valores e alterar o seu

comportamento. A sociedade deve promover atitudes que

apóiem a nova ética e desfavoreçam aqueles que não se

coadunem com o modo de vida sustentável.

E, em relação a uma aliança global, a sustentabilidade depende de

todos: “Todas as nações só têm a ganhar com a sustentabilidade mundial e

6 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

47todas estão ameaçadas caso não consigamos essa sustentabilidade”.

(BRASIL, 1997c: 42)

Finalizando, os PCNs apresentam propostas atuais e eficazes,

contemplando a Educação Ambiental, e colocando a escola como a instituição

capaz de sensibilizar as diferentes camadas sociais da população no que diz

respeito aos problemas ambientais, a fim de que se possa chegar a uma

possível solução.

1.3.2. O Tema Transversal Meio Ambiente e a questão ambiental

Os Temas Transversais dizem respeito às questões contemporâneas de

interesse social, as quais atingem várias áreas do conhecimento. Os temas

transversais propostos pelos PCNs são: Ética, Saúde, Meio Ambiente,

Orientação Sexual, Pluralidade Cultura, Trabalho e Consumo. Tais temas

devem ser contemplados em todas as áreas, pois foram eleitos segundo

critérios de “urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino e

aprendizagem no ensino fundamental e favorecer a compreensão da realidade

e a participação social”. (Cf. PCNs, 1998: 25 e 26) Além disso, os temas

transversais, baseados no texto constitucional, ressaltam que a educação

escolar deve ser orientada para a: dignidade da pessoa humana, igualdade de

direitos, participação e co-responsabilidade pela vida social”. (BRASIL, 1998:

21)

Assim,

A educação para a cidadania requer, portanto, que questões

sociais sejam apresentadas para a aprendizagem, a reflexão

dos alunos, buscando um tratamento didático que contemple

sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma

importância das áreas convencionais. (BRASIL, 1998: 25)

Os temas transversais, portanto, integrar-se-iam ao trabalho da escola

não como disciplinas isoladas, mas como questões que seriam discutidas em

48todas as áreas de ensino “relacionando-as às questões da atualidade”, pois as

mesmas

[...] interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que

está sendo construída e que demandam transformações

macrossociais e também de atitudes pessoais, exigindo,

portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos relativos a

estas duas dimensões. (BRASIL, 1998: 26)

O conceito de transversalidade está expresso nos Parâmetros

Curriculares Nacionais de Meio Ambiente como:

Os conteúdos de Meio Ambiente serão integrados ao currículo

através da transversalidade, pois serão tratados nas diversas

áreas do conhecimento, de modo a impregnar toda a prática

educativa e, ao mesmo tempo, criar uma visão global e

abrangente da questão ambiental. (BRASIL, 1997c: 49)

A Educação Ambiental, como tema transversal, insere-se numa

concepção de construção interdisciplinar do conhecimento e pretende levar o

educando a estabelecer relações sociais e éticas de respeito ao próximo, à

diversidade cultural e social, o respeito aos direitos humanos e ao meio

ambiente.

O trabalho de Educação Ambiental deve ser desenvolvido a fim

de ajudar os alunos a construírem uma consciência global das

questões relativas ao meio para que possam assumir posições

afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria.

(BRASIL, 1997c: 47)

Assim, segundo os PCNs, os temas transversais

Não constituem novas áreas, pressupondo um tratamento

integrado nas diferentes áreas [...]. A transversalidade diz

respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática

educativa, uma relação entre aprender na realidade e da

realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados

(aprender sobre a realidade) e as questões da vida real

(aprender na realidade e da realidade). (BRASIL, 1997b: 38;

40)

49 E, ainda, os PCNs,

Não constituem novas áreas, mas antes um conjunto de temas

que aparecem transversalizados nas áreas definidas, isto é,

permeando a concepção, os objetivos, os conteúdos e as

orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a

escolaridade obrigatória. A transversalidade pressupõe um

tratamento integrado das áreas e um compromisso das

relações interpessoais e sociais escolares com as questões

que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma

coerência entre os valores experimentados na vivência que a

escola propicia aos alunos e o contato intelectual com tais

valores. (BRASIL, 1997a: 64)

Se refletirmos, no entanto, sobre a viabilidade da aplicação dos Temas

Transversais, conforme determinam os PCNs, veremos que está muito longe

de se concretizar devido às condições de trabalho e os limites impostos pela

própria bagagem do professor que, dentro do seu contexto de formação e

atuação profissional, mostram-se como uma problemática à concretização da

transversalidade.

Segundo Perrenoud (1997),

[...] o professor vê-se frequentemente dividido entre os seus

projetos de longo prazo e a preparação do dia seguinte; cada

atividade ocupá-lo-ia horas a fio se quisesse fazer as coisas a

sério, até o fim, refletindo o tempo necessário [...] O professor

limita-se a ir ao essencial, com um sentimento de culpa, em

numerosas atividades, por não ter podido fazer mais e melhor.

Acredita-se, porém, que é na confluência dos Temas Transversais com

as disciplinas clássicas que o professor poderá promover mudanças na sua

prática pedagógica.

Segundo Ulisses Ferreira de Araújo, ao apresentar seu livro “Temas

transversais em educação: bases para uma formação integral”, à edição

brasileira, afirma que:

50Uma das formas propostas de se influir nesse processo de

transformação da sociedade, sem abrir mão dos conteúdos

curriculares tradicionais, é por meio da inserção transversal, na

estrutura curricular das escolas, de temas como: saúde, ética,

meio ambiente, o respeito às diferenças, os direitos do

consumidor, as relações capital-trabalho, a igualdade de

oportunidades e a educação de sentimentos. (apud

BUSQUETS, 1999:12)

Conforme abordamos em páginas anteriores, os objetivos fundamentais

dos PCNs estruturados nas áreas de: Língua Portuguesa, Matemática,

Ciências Naturais, História, Geografia, Arte, Educação Física e Língua

Estrangeira não são executados facilmente. Em síntese, eles foram elaborados

com vistas a que os alunos concluindo o ensino fundamental sejam capazes

de:

● compreender a cidadania como participação social e política;

● posicionar-se de uma maneira crítica, responsável e

construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando-

se do diálogo;

● conhecer as características fundamentais do Brasil em

suas diferentes dimensões;

● conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio

sociocultural brasileiro e de outros povos e nações,

posicionando-se contra qualquer discriminação;

● perceber-se parte integrante do meio ambiente e

agente transformador do mesmo, podendo contribuir

para sua melhoria;

● utilizar as diferentes linguagens para produzir,

expressar e comunicar suas ideias;

● saber utilizar diferentes fontes de informação e

recursos tecnológicos;

● questionar a realidade, formulando problemas e

buscando resolve-los, utilizando o pensamento lógico, a

51criatividade, a intuição e a capacidade de análise

crítica. (BRASIL, 1997a: 107-108)

Em relação a tais objetivos, o principal critério da transversalidade é o

relacionamento entre as questões disciplinares com os temas do cotidiano

vivenciados pelos alunos, no momento em que o conhecimento está sendo

construído em aula. Assim, a preocupação da proposta transversal é que a

prática pedagógica expresse a respectiva política, social e cultural de nossa

sociedade, abrindo um espaço de diálogo em sala de aula, a fim de que

professores e alunos juntos possam discutir e se posicionar frente aos

problemas sociais da atualidade em que vivem.

1.3.2.1. O meio ambiente como tema transversal

A inclusão do Tema Transversal Meio Ambiente nos currículos foi um

grande passo ao incentivo da Educação Ambiental no ensino fundamental e

médio, e está em consonância com a política e tratados internacionais que

afirmam que a Educação Ambiental possibilita um “modo de ver o mundo em

que evidenciam as interrelações e a interdependência dos diversos elementos

na constituição e manutenção da vida. Em termos de educação, essa

perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de um trabalho vinculado

aos princípios da dignidade do ser humano, da participação, da co-

responsabilidade, da solidariedade e da equidade”. (BRASIL, 1997c: 19)

Os PCNs e o Tema Transversal Meio Ambiente ainda afirmam que “a

questão ambiental impõe às sociedades a busca de novas formas de pensar e

agir, individual e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produção de

bens, para suprir necessidades humanas, e relações sociais que não

perpetuem tantas desigualdades e exclusão social e, ao mesmo tempo, que

garantam a sustentabilidade ecológica. Isto implica um novo universo de

valores no qual a educação tem um importante papel a desempenhar”.

(BRASIL, 1998: 180)

Assim, de modo geral, A Educação Ambiental pode ser entendida como

“uma ferramenta privilegiada para o estabelecimento de um novo contrato com

52a natureza, baseado em uma conscientização mais profunda, tanto dos

elementos que compõem o ambiente, onde o homem passe a ser encarado

como um elemento chave do contexto ambiental, quando da necessidade de

ver o meio ambiente como condição maior da vida”. (BRASIL, 1997:?)

Através do Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA),

aprovado na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano,

em Estocolmo (1972), as questões ambientais foram reconhecidas oficialmente

como sendo assunto de relevada importância na ação educadora. A partir

desta reflexão, as outras conferências – Belgrado (1975), Tbilisi (1997),

Moscou (1987) e Rio-92 (1992) -, confirmaram esse ideal e passaram a

defender o ensino formal como um dos eixos essenciais para que a Educação

Ambiental fosse aplicada, e insistiram que a mesma figurasse em todos os

sistemas de ensino de todos os países.

Nos PCNs, (1997, vol. 9 e 1998 – Temas Transversais), a escola

assume um papel fundamental na formação de cidadãos críticos, reflexivos,

ativos e responsáveis, sendo capaz de resgatar valores essenciais à vida,

como a ética, a fraternidade e o respeito à vida em geral. E a Educação

Ambiental, dentro desse contexto, passa a ser trabalhada de forma mais

sensível nos PCNs, tendo o Meio Ambiente como Tema Transversal. Dessa

forma, deixa claro que a Educação Ambiental não deva ser pensada como uma

disciplina da grade curricular a ser trabalhada nas Ciências Naturais ou

Biologia. Além disso, reconhece-se de forma mais ampla os problemas

ambientais, tais como: a distribuição desigual de renda, a corrida biológica, a

injustiça social, o individualismo, a pluralidade cultural, os quais caracterizam o

mundo globalizado, desfazendo todo o ideal de qualidade de vida. Isto porque

a questão ambiental compõe “o conjunto de temáticas relativas não só à

proteção da vida no planeta, mas também à melhoria do meio ambiente e à

qualidade de vida das comunidades”. (BRASIL, 1997c: 23)

A escolha do Meio Ambiente como um dos seis temas transversais foi

definida de acordo com quatro critérios básicos:

● urgência social;

53● questões de abrangência social;

● possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental;

● favorecimento da compreensão da realidade e da participação social

(desenvolvimento da capacidade de posicionamento frente às questões que

interferem na vida coletiva). (Cf. BRASIL, 1997b: 30-31)

Os PCNs destacam, portanto, que por meio da Educação Ambiental é

possível levar o educando a uma transformação da consciência ambiental,

levando-o também a mudanças de valores, comportamentos e atitudes para a

formação de uma Ecocidadania. E, assim, a Educação Ambiental é definida

como uma proposta revolucionária que, se bem empregada, pode levar “a

mudanças de comportamento pessoal e a atitudes e valores de cidadania que

podem ter fortes consequências sociais”. E isto porque “a questão ambiental

vem sendo considerada como cada vez mais urgente e importante para a

sociedade, pois o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre

a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis”. E, ainda

afirma que “a principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é

contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e

atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida,

com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global”. (BRASIL, 1997:

15; 29)

Trabalhar de forma transversal é buscar transformação de conceitos e

valores vinculados à realidade cotidiana da sociedade.

A apresentação do tema transversal nos PCNs se dá em dois momentos

definidos: no primeiro momento, procura-se traçar um histórico resumido a

respeito das conferências e reuniões mundiais sobre o tema, no qual a

Educação Ambiental é apontada como o elemento chave para a promoção de

novos pontos de vista e a instauração de novas posturas diante da

problemática ambiental; no segundo momento, discute-se a Educação

Ambiental de forma pedagógica, sendo esta voltada para o ensino fundamental

no que diz respeito ao conteúdo, critérios de avaliação, práticas e orientações

didáticas fundamentadas na primeira parte do documento.

54 Observamos que através das sugestões teórico-práticas, destaca-se a

importância de se educar os futuros cidadãos a tomarem uma postura diante

da luta planetária por um ambiente mais saudável para as gerações atuais e as

vindouras.

O segundo momento do documento refere-se à seleção de conteúdos e

orientações didáticas para o trabalho com Educação Ambiental, destacando

como objetivos fundamentais:

■ conhecer e compreender as noções básicas de meio

ambiente;

■ adotar posturas sustentáveis em casa e em sua comunidade;

■ observar e analisar fatos e situações ambientais, de modo

crítico;

■ perceber fenômenos de causa e efeito na natureza,

importantes para a compreensão do meio ambiente;

■ dominar procedimentos de conservação e manejo dos

recursos naturais;

■ perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e

sociocultural;

■ identificar-se como parte integrante da natureza. (BRASIL,

1997c: 53-54)

Os conteúdos enfocados na temática ambiental são:

♦ ciclos da natureza (possibilitam ampliar e aprofundar o

conhecimento da dinâmica das interações ocorridas na

natureza);

♦ sociedade e meio ambiente (estudo da relação

sociedade/natureza, enfatizando as diferentes formas e

consequências ambientais da organização dos espaços pelo

homem);

♦ manejo e conservação ambiental (volta-se para as

interferências negativas e positivas dos seres humanos sobre o

55ambiente, apontando suas consequências). (BRASIL, 1998:

203)

Esses blocos não são estanques e nem seqüenciais, mas compõem-se

de conteúdos relativos aos diferentes aspectos da problemática ambiental. (Cf.

BRASIL, 1998: 204)

A partir da inclusão da temática ambiental como tema transversal, os

PCNs favorecem o desenvolvimento da Educação Ambiental no âmbito formal,

chamando a atenção da escola para a importância da temática, destacando a

necessidade de todos os profissionais da escola se engajar nessa nova

proposta de atuação pedagógica. No entanto, será preciso usar a criatividade,

para buscar as melhores formas de atender as demandas de cada realidade

escolar.

Os PCNs apresentam a escola não somente como uma instituição de

poder com possibilidade de intervenção na sociedade, mas também como

aquela que deve dar meios de se pôr em prática as propostas desse trabalho.

A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é “possibilitar

aos alunos o reconhecimento de fatores que produzam bem-estar ao conjunto

da população; ajuda-lo a desenvolver um espírito de crítica às induções de

consumismo e o senso de responsabilidade e solidariedade no uso dos bens

comuns e recursos naturais, de modo que respeite o ambiente e as pessoas de

sua comunidade”. (BRASIL, 1998: 202)

Assim, a grande tarefa da escola é proporcionar um ambiente saudável

e de acordo com aquilo que ela deseja que os seus educandos apreendam, a

fim de contribuir para a formação da cidadania, tornando-os conscientes de

suas responsabilidades com o meio ambiente e capacitando-os a terem

atitudes de proteção e melhoria em relação ao meio ambiente. Além disso, faz-

se necessário dar oportunidades aos alunos para que os mesmos possam pôr

em prática sua capacidade de atuação, promovendo atividades que

possibilitem a participação concreta dos mesmos, desde o planejamento até a

avaliação final do trabalho. E, “nesse contexto fica evidente a importância de

educar os brasileiros para que ajam de modo responsável e com sensibilidade,

56conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro; saibam exigir e

respeitar os direitos próprios e os de toda a comunidade, tanto local como

internacional; e se modifiquem tanto interiormente, como pessoas, quanto nas

suas relações com o ambiente”. (BRASIL, 1998: 181)

1.3.3. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa

e a sua proposta de trabalho pedagógico

Nos PCNs de Língua Portuguesa, o que nos chama a atenção é a

contribuição de diversas teorias linguísticas. Ao lermos esse documento,

percebemos a sua linha sociointeracionista, tendo ainda por base os aportes

teóricos da Sociolingüística, das Teorias do Enunciado, da Linguística Textual e

também da Gramática Tradicional.

A língua, nos PCNs, é definida como “a capacidade humana de articular

significados coletivos e compartilha-los em sistemas arbitrários de

representação que variam de acordo com as necessidades e experiências da

vida e sociedade”. (BRASIL, 1999: 13)

De acordo com esse conceito, os PCNs determinam que o ensino de

língua materna deva centrar-se na aquisição e no desenvolvimento de três

competências: interativa, textual e gramatical.

A competência interativa diz respeito ao “caráter sociointeracionista da

linguagem verbal... tendo como referência o valor da linguagem nas diferentes

esferas sociais”. (BRASIL, 1999: 38) Essa competência abarca “as variantes

linguísticas marcadas pelo gênero, pela profissão, camada social, idade,

região” (p. 43) e a adequação do registro linguístico à situação comunicativa,

ou seja, “saber utilizar a língua em situações subjetivas e/ou objetivas que

exijam graus de distanciamento e reflexão sobre contextos e estatutos de

interlocutores” (p.23).

Com relação à competência textual, os PCNs conceituam texto como

“uma unidade linguística concreta, que é tomada pelos usuários da língua, em

57uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de

sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e

reconhecida, independentemente de sua extensão”. (BRASIL, 2000: 77) Além

disso, no documento publicado em 1999: 38, afirma-se que:

A unidade básica da linguagem verbal é o texto, compreendido

como a fala e o discurso que se produz, e a função

comunicativa, o principal eixo de sua atualização e a razão do

ato linguístico.

O texto só existe na sociedade e é produto de uma história

social e cultural, único em cada contexto, porque marca o

diálogo entre os interlocutores que produzem e entre os outros

textos que o compõem.

Assim, o texto vai figurar como um todo significativo e acabado, que dará

subsídios ao ensino da língua, através de atividades produtivas. (BRASIL,

1998: 78):

Quando se toma o texto como unidade de ensino, os aspectos

a serem tematizados não se referem somente à dimensão

gramatical. Há conteúdos relacionados às dimensões

pragmática e semântica da linguagem, por serem inerentes à

própria atividade discursiva, precisam, na escola, ser tratados

de maneira articulada e simultânea no desenvolvimento das

práticas de produção e recepção de textos.

A competência gramatical, enfim, está relacionada à teoria da variação

linguística, propondo se trabalhar com as noções de adequação e

inadequação, em virtude das diferentes situações comunicativas que o falante

participa. Além disso, “o estudo da gramática passa a ser uma estratégia para

compreensão/ interpretação/ produção de textos”. (BRASIL, 1999: 38)

Em relação aos PCNEM (Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino

Médio), o documento expõe que:

O processo de ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa

deve basear-se em propostas interativas língua/linguagem,

consideradas em um processo discursivo de construção do

pensamento simbólico, constitutivo de cada aluno em particular

e da sociedade em geral [...] O trabalho do professor centra-se

58no objetivo de desenvolvimento e sistematização da linguagem

interiorizada pelo aluno, incentivando a verbalização da mesma

e o domínio de outras utilizadas em diferentes esferas sociais.

Os conteúdos tradicionais de ensino de língua, ou seja,

nomenclatura gramatical e história da literatura são deslocados

para um segundo plano. O estudo da gramática passa a ser

uma estratégia para compreensão/interpretação/produção de

textos e a literatura integra-se à área de leitura. (BRASIL, 1999:

38)

No sentido exposto acima, os PCNs dão um avanço no que diz respeito

às concepções de língua e apontam para o trabalho com os gêneros

discursivos como objeto de ensino e os textos como unidade de ensino.

Enfim, nos PCNs de Língua Portuguesa, a intenção é que as propostas

apresentadas sirvam de subsídios para um ensino que permita ao aluno o uso

eficaz da leitura e da escrita, bem como dos benefícios que o mesmo irá

usufruir ao se apropriar dessas práticas linguísticas, como a diminuição do

fracasso escolar, da evasão e a possibilidade de exercer a sua cidadania. E

ainda, o ensino de Língua Portuguesa deve partir do texto e apoiar-s em três

propostas: leitura/escrita – produção textual – análise linguística.

59

CAPÍTULO II

2 – Educação Ambiental e Língua Portuguesa: um diálogo

possível para a formação da Ecocidadania

A Conferência de Tbilisi, em sua recomendação nº. 3, afirmou o papel

dos educadores na implementação da Educação Ambiental no ensino formal,

destacando que devemos “confiar à escola um papel determinante no conjunto

da educação ambiental e organizar, com esse fim, uma ação sistemática na

educação primária e secundária”.

De acordo com tal proposta, a Secretaria de Educação Fundamental

O(SEF), durante o ano de 1996, traçou diretrizes básicas que deveriam nortear

os processos de ensino-aprendizagem no ensino fundamental. Essas diretrizes

propõem uma educação comprometida com a cidadania democrática e

participativa, destacando como princípios da educação escolar “a dignidade da

pessoa humana; a igualdade de direitos; participação e co-responsabilidade

pela vida social”. Daí a educação ter um papel crucial no desenvolvimento das

pessoas e das sociedades.

Os PCNs foram elaborados visando respeitar diversidades regionais,

culturais e políticas do país e criar uma referência nacional comum ao processo

educativo em todas as regiões brasileiras. Assim, a intenção foi dar às escolas

condições de nossos jovens terem acesso a um conjunto de conhecimentos

elaborados socialmente e reconhecidos como fundamentais ao exercício da

cidadania. O eixo estruturador dessa proposta curricular, portanto, é a

formação para a cidadania. Mas para que isso se concretize é necessária uma

prática educacional voltada para a compreensão da nossa realidade social, dos

direitos e responsabilidade com relação à vida pessoal e coletiva e da

participação política.

Dentro dessa perspectiva, a escola passa a ser não apenas um espaço

de reprodução, mas sim de transformação da sociedade.

60 Desde 1997, no Brasil, os professores contam com um documento oficial

de apoio à implementação da Educação Ambiental nas escolas: os PCNs com

o seu Tema Transversal Meio Ambiente, no qual sugere a abordagem da

Educação Ambiental em todos os níveis de ensino.

Mas isso só não é suficiente. É necessário que o professor deseje

trabalhar a Educação Ambiental dentro do seu currículo, encontrando tópicos

da matéria que possam ser encaixados com as práticas de Educação

Ambiental a serem ensinadas, além de ser capaz de criar material didático e

atividades de ensino que abordam assuntos ligados à Educação Ambiental.

Dentre os vários objetivos propostos pelos PCNs, elaborados com vistas

à formação dos alunos, três se destacam:

a) “compreender a cidadania como participação social e política”;

b) “posicionar-se de maneira crítica e responsável em diferentes situações

sociais, utilizando-se do diálogo”;

c) “perceber-se parte integrante do meio ambiente e agente transformador

do mesmo, podendo contribuir para sua melhoria”. (BRASIL, 1997a:

107)

A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir

para a formação de cidadãos conscientes, capazes de atuar em nossa

realidade sócio-ambiental e decidirem sobre ela, comprometidos com a vida,

com o bem-estar de cada um e da sociedade global e local.

No entanto, para que tal proposta se realiza, é necessário que a escola

trabalhe com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem

de procedimentos sócio-educativos, pois a defesa da qualidade ambiental

depende da participação e do exercício da cidadania, com responsabilidade e

empenho, para que possamos construir uma nova sociedade, mais justa e em

harmonia com o meio ambiente. A falta de conscientização da população, de

um modo geral, em saber que a preservação do ambiente está relacionada à

nossa qualidade de vida impede que haja uma convivência harmônica entre

meio ambiente-homem. Porém, tornar-se consciente dos problemas ambientais

61e não tornar-se crítico e participativo, não irá garantir a efetiva luta em defesa

do meio ambiente. Sabemos que o homem transforma a natureza por meio do

trabalho a fim de garantir a sua sobrevivência.

Segundo Paulo Freire (1981), a escola cidadã é aquela que viabiliza a

cidadania de quem está nela. Sendo assim, há necessidade da escola ter um

compromisso sócio-político, no sentido de formar cidadãos conscientes do

meio em que vivem. Tal visão está em consonância com a definição de

Educação Ambiental dada pelo Ministério do Meio Ambiente: “Um processo

permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu

meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências,

determinação que os tornam após a agir – individual e coletivamente – [...]”

Cidadania tem muito a ver com a identidade e o pertencimento a uma

coletividade. E a Educação Ambiental, como formação e exercício da

cidadania, diz respeito a uma nova forma de ver a relação do homem com a

natureza.

Dessa forma, a Educação Ambiental assume uma função

transformadora, a fim de levar o homem a promover um novo tipo de

desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável, pois a “noção de

sustentabilidade implica uma inter-relação necessária de justiça social,

qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de

desenvolvimento”. (JACOBI, 1997)

A Educação Ambiental precisa ser vista como um processo constante de

aprendizagem para que possamos formar cidadãos com consciência local e

planetária. Mas, para isso, é necessário visar a transformação do educando,

levando-o a aprendizagem e desenvolvimento de novos valores, hábitos,

posturas, condutas e atos na sua relação com o ambiente.

Assim, a escola torna-se um local privilegiado para o desenvolvimento

do processo de aprendizagem em Educação Ambiental, incentivando o diálogo,

criando espaços coletivos para convívio social na busca da compreensão do

mundo com toda a sua complexidade. (Cf. LOUREIRO, 2004) E, ainda,

62[...] a questão ambiental impõe às sociedades a busca de

novas formas de pensar e agir, individual e coletivamente, de

novos caminhos e modelos de produção de bens, para suprir

necessidades humanas, e relações sociais que não perpetuem

tantas desigualdades e exclusão social e, ao mesmo tempo,

que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um

novo universo de valores no qual a educação tem um

importante papel a desempenhar”. (BRASIL, 1998: 192)

Segundo os autores Baeta e Castro (2002: 99-100), existem alguns

pressupostos necessários à prática da Educação Ambiental, como sendo estes

direitos básicos da cidadania. São eles:

Ø “acesso ao conhecimento, a valores e habilidades relativos à realidade,

conforme os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais”;

Ø “direito a formas de organização de pessoas, a partir da consciência de

direitos e deveres, como estágios de participação nas esferas de poder

na sociedade”;

Ø “direito ao acesso a mecanismos e locais de negociação, de diálogo, de

debate e de troca de ideias, com fundamento na liberdade, na igualdade

e na justiça”.

Em síntese, observamos que o propósito principal de se trabalhar a

Educação Ambiental na escola é contribuir para formar cidadãos conscientes,

através de uma postura crítica de si mesmo e diante da natureza, para que o

indivíduo possa atuar e intervir na realidade socioambiental, comprometido com

o bem-estar individual e coletivo, tanto da sociedade global quanto da local. A

esta nova postura pode ser chamada de ecocidadania.

Segundo Arthur Soffiati, ser ecocidadão implica em:

“trabalhar para que todos os humanos tenham direitos civis, políticos e

sociais”;

“respeitar a individualidade, a diferença e a subjetividade do outro, seja

ele quem for”;

63 “batalhar para a construção da democracia, respeitando as diferenças

culturais”;

“respeitar a diversidade cultural dos povos, assegurando, juntamente

com eles, o direito de manter e perpetuar sua cultura”;

“propugnar por um contrato natural em que os ecossistemas e os seres

vivos tenham direito à vida e à perpetuação de suas respectivas

espécies, buscando o ser humano inserir-se no contexto ecossistêmico”;

“restaurar e revitalizar os ecossistemas para recuperar o equilíbrio

perdido”;

“empenhar-se na busca de uma nova aliança que assegure a todos os

seres vivos e aos ecossistemas integridade, dignidade e direitos

intrínsecos”;

“cultivar a espiritualidade, mesmo que ela não perpasse as confissões

religiosas existentes”.

Entretanto, diante de tudo o que foi exposto, notamos que as teorias e

os discursos são belíssimos, mas ainda não têm funcionado na prática. E isto

porque:

Como pode existir um crescimento com equidade,

sustentabilidade, numa economia regida pelo lucro, pela

acumulação ilimitada de bens, pelo consumo desenfreado, pela

exploração do trabalho e não pelas necessidades das

pessoas? (GADOTTI, 2000: 61)

E, ainda, conforme afirma Arroyo (1988: 61-62),

[...] o pensamento pedagógico continua a insistir na preparação

da criança para o convívio social harmônico, não entende que

a questão da cidadania se insere em uma temática mais

conflitiva, qual seja, a temática da possibilidade ou não da

democracia, da participação no poder e da igualdade política

numa sociedade capitalista, baseada na desigualdade social e

econômica.

64 Observamos, conforme afirmam os autores supra citados, que os

direitos do indivíduo que fazem parte da cidadania não atendem a todos, mas

apenas àqueles que já detêm um padrão mínimo de qualidade de vida, com

acesso à Saúde, Moradia, Educação, Transporte, Trabalho etc.

65

CAPÍTULO III

3 – Uma prática de Educação Ambiental em Língua Portuguesa –

exemplificando

Como professora de Língua Portuguesa, Redação e Literatura no Ensino

Médio, em escola pública, organizei um planejamento para ser aplicado em

turmas de 1ª. série do Ensino Médio, onde observo que há uma enorme

necessidade de se elaborarem projetos que possam orientar e sensibilizar os

alunos para a problemática ambiental.

O Plano de Aula abaixo será desenvolvido em seis aulas.

PLANO DE AULA TEMA: Desmatamento OBJETIVO GERAL: ● Conscientizar os alunos para a importância da preservação das florestas e demais áreas verdes. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ● Sensibilizar os alunos, através de um texto literário, da importância da preservação ambiental. ● Informar os alunos, através de textos de jornais e outros, da situação do desmatamento dos Biomas Brasileiros. ● Motivar os alunos a participarem de discussões e campanhas na escola e na comunidade sobre questões ambientais que estão afetando diretamente o ambiente onde estão inseridos. ● Incentivar os alunos a participarem das atividades sistematizadas de sala de aula que abordam temas de Educação Ambiental. ● Incentivar os alunos a se tornarem defensores da causa ambiental e multiplicadores das ideias debatidas em sala de aula. ESTRATÉGIAS DE ENSINO:

ü Aula expositiva ü Leitura de textos seguida de debate. ü Elaboração de um jornal-mural sobre questões ambientais (atualizado

semanalmente) ü Produção textual

66ü Trabalho em grupo ü Criação de histórias em quadrinhos ü Filme-documentário sobre o desmatamento na Amazônia.

RECURSOS:

o Estudo de textos diversos o Produção de relatório o Produção textual o Pesquisas em jornais o Debates

AVALIAÇÃO

Ø Observação do professor durante a realização das atividades. Ø Participação ativa dos alunos nas atividades propostas em sala de aula. Ø Produção de textos coletivos. Ø Leitura e interpretação de textos literários e de jornais. Ø Confecção do jornal-mural.

BIBLIOGRAFIA: DANTAS, José Maria de Sousa et NASCENTES, Paulo. Português falando e escrevendo. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1989. GARCEZ, L. H. C. Técnicas de redação. São Paulo: Martins Fontes, 2000. GUIMARÃES, M. A. A formação de educadores ambientais. Campinas: Papirus, 2004. PAULINO, Graça et alii. Intertextualidades: teoria e prática. Belo Horizonte: Lê, 1997. RICHE, Rosa Cuba et SOUZA, Denise M. Oficina de textos: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. ROJO, Roxane (org.) A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCN’s. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2000. (Coleção As Faces da Linguística Aplicada) ROXO, Maria do Rosário et WILSON, Victória. Leitura e criação: leitura e produção de textos no ensino de Língua Portuguesa. São Paulo: Moderna, 1995. TERRA, Ernani et NICOLA, José de. Práticas de linguagem: leitura e produção de textos. São Paulo: Scipione, 2000. TRAVAGLIA, Luiz Carlos et alii. Metodologia e prática de ensino da língua portuguesa. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984. WALTY, I. et alii. Tipos de textos, modos de leitura. Belo Horizonte: Formato, 2000.

67

DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE AULA

Primeira Aula (2 tempos): 1ª. Atividade: Motivação ● Através de diversas fotos que mostram o desmatamento de nossas florestas e áreas verdes, iniciarei um rápido debate sobre o tema. 2ª. Atividade: Leitura de texto. ● Distribuir para os alunos o texto “O homem que espalhou o deserto”, de Ignácio de Loyola Brandão, e pedir aos mesmos que façam uma leitura silenciosa. ● A seguir, pedir aos alunos que identifiquem o tipo de texto (trata-se de uma crônica) e iniciar um debate coletivo sobre o tema abordado pelo texto, solicitando, ainda, que, durante o decorrer do debate, os alunos leiam oralmente partes do texto que comprovem as argumentações. 3ª. Atividade: Estudo do texto por escrito. ● Será entregue a cada aluno os exercícios de estudo do texto que foi lido. 4ª. Atividade: Intertextualidade com uma história em quadrinhos. ● Cada aluno receberá a história em quadrinhos e redigirá um texto (trabalho individual) com base na temática de ambos os textos.

Segunda Aula (2 tempos): 1ª. Atividade: Formação de três grupos para a realização das produções textuais. ● Cada grupo receberá um trabalho de produção textual para ser realizado em grupo. Todos deverão pensar e tecer argumentos na construção dos textos. 2ª. Atividade: Leitura de texto e pesquisa em jornais e revistas. ● Será entregue a cada aluno um trecho do livro ”Apenas um curumim” de Werner Zotz. Esse texto servirá de motivação e base para a pesquisa em jornais e revistas sobre o tema proposto pelo texto. Na aula seguinte será montado o jornal-mural.

Terceira Aula (2 tempos): 1ª. Atividade: Montagem do jornal-mural. ● Os grupos montarão no mural do corredor da escola um jornal-mural com as

68notícias pesquisadas. 2ª. Atividade: Leitura de história em quadrinhos. ● Todos os alunos receberão a história em quadrinhos “A chegada do ‘progresso’” do livro Amazônia (Coleção Ecologia em Quadrinhos) da editora Brasiliense. A seguir, será realizado um debate. 3ª. Atividade: Produção textual. ● Cada aluno redigirá um texto dissertativo sobre as consequências do progresso para as pessoas de hoje e de amanhã. 4ª. Atividade: Criação de uma história em quadrinhos. ● Os alunos serão divididos em grupo e cada grupo criará uma história em quadrinhos cuja temática será o desmatamento de florestas e áreas verdes. Obs.: Em todas as atividades, os alunos estarão sendo avaliados direta e indiretamente.

♦ Primeira aula

▪ 1ª Atividade: Motivação

▪ 2ª Atividade: Leitura de texto

TEXTO:

O HOMEM QUE ESPALHOU O DESERTO

Ignácio de Loyola Brandão

Quando menino, costumava apanhar a tesoura da mãe e ia para o

quintal, cortando folhas das árvores. Havia mangueiras, abacateiros,

ameixeiras, pessegueiros e até mesmo jabuticabeiras. Um quintal enorme, que

parecia uma chácara e onde o menino passava o dia cortando folhas. A mãe

gostava, assim ele não ia para a rua, não andava em más companhias. E

sempre que o menino apanhava o seu caminhão de madeira (naquele tempo,

ainda não havia os caminhões de plástico, felizmente) e cruzava o portão, a

mãe corria com a tesoura: tome filhinho, venha brincar com as suas folhas. Ele

69voltava e cortava. As árvores levaram vantagens, porque eram imensas e o

menino pequeno. O seu trabalho rendia pouco, apesar do dia a dia constante,

de manhã à noite.

Mas o menino cresceu, ganhou tesouras maiores. Parecia determinado,

à medida que o tempo passava, a acabar com as folhas todas. Dominado por

uma estranha impulsão, ele não queria ir à escola, não queria ir ao cinema, não

tinha namoradas ou amigos. Apenas tesouras, das mais diversas qualidades e

tipos. Dormia com elas no quarto. À noite, com uma pedra de amolar, afiava

bem os cortes, preparando-as para as tarefas do dia seguinte. Às vezes,

deixava aberta a janela, para que o luar brilhasse nas tesouras polidas.

A mãe, muito contente, apesar de o filho detestar a escola e ir mal nas

letras. Todavia, era um menino comportado, não saía de casa, não andava em

más companhias, não se embriagava aos sábados como os outros meninos do

quarteirão, não freqüentava ruas suspeitas onde mulheres pintadas

exageradamente se postavam às janelas, chamando os incautos. Seu único

prazer eram as tesouras e o corte das folhas.

Só que, agora, ele era maior e as árvores começaram a perder. Ele

demorou apenas uma semana para limpar a jabuticabeira. Quinze dias para a

mangueira menor e vinte e cinco para a maior. Quarenta dias para o abacateiro

que era imenso, tinha mais de cinquenta anos. E seis meses depois, quando

concluiu, já a jabuticabeira tinha novas folhas e ele precisou recomeçar.

Certa noite, regressando do quintal agora silencioso, porque o

desbastamento das árvores tinha afugentado pássaros e destruído ninhos, ele

70concluiu que de nada adiantaria podar as folhas. Elas se recomporiam sempre.

É uma capacidade da natureza, morrer e reviver. Como o seu cérebro era

diminuto, ele demorou meses para encontrar a solução: um machado.

Numa terça-feira, bem cedo, que não era de perder tempo, começou a

derrubada do abacateiro. Levou dez dias, porque não estava habituado a

manejar machados, as mãos calejaram, sangraram. Adquirida a prática, limpou

o quintal e descansou aliviado.

Mas insatisfeito, porque passava os dias a olhar aquela desolação, ele

saiu de machado em punho, para os arredores da cidade. Onde encontrava

árvore, capões, matos, atacava, limpava, deixava os montes de lenha

arrumadinho para quem quisesse se servir. Os donos dos terrenos não se

importavam, estavam em via de vendê-los para fábricas ou imobiliárias e

precisavam de tudo limpo mesmo.

E o homem do machado descobriu que podia ganhar a vida com o seu

instrumento. Onde quer que precisassem derrubar árvores, ele era chamado.

Não parava. Contratou uma secretária para organizar uma agenda. Depois,

auxiliares. Montou uma companhia, construiu edifícios para guardar machados,

abrigar seus operários devastadores. Importou tratores e máquinas

especializadas do estrangeiro. Mandou assistentes fazerem cursos nos

Estados Unidos e Europa. Eles voltaram peritos de primeira linha. E

trabalhavam, derrubavam. Foram do sul ao norte, não deixando nada em pé.

Onde quer que houvesse uma folha verde, lá estava uma tesoura, um

machado, um aparelho eletrônico, para arrasar.

71 E enquanto ele ficava milionário, o país se transformava num deserto,

terra calcinada. E então, o governo, para remediar, mandou buscar em Israel

técnicos especializados em tornar férteis as terras do deserto. E os homens

mandaram plantar árvores. E enquanto as árvores eram plantadas, o homem

do machado ensinava ao filho a sua profissão.

▪ 3ª Atividade: Estudo do texto por escrito

I – VOCABULÁRIO 1 – Procure em seu minidicionário o significado das palavras abaixo, de acordo com o sentido do texto: a) capões: _____________________________________________________ b) calcinada: ___________________________________________________ c) impulsão: ___________________________________________________ d) incautos: ___________________________________________________ e) peritos: ____________________________________________________ II - ESTUDO DO TEXTO Estamos diante de um texto que, com certa ironia, tem um caráter crítico. Trata-se de uma crônica, que coloca o homem e a natureza em questão, condenando a atitudew antinatural e antiecológica do ser humano. ●Agora responda: 1 – Qual a razão do título da crônica: “O homem que espalhou o deserto”? 2 – Em que ponto a crônica de Ignácio de Loyola Brandão continua tão atual? Faça comentários. 3 – “O menino cresceu...” Ele cresceu também espiritualmente (ou seja, o seu lado emocional)? Comente. 4 – Quem levou vantagem na “luta”: o menino ou as árvores? 5 – Quais as consequências disto para a humanidade?

726 – Insatisfeito com a derrubada das árvores que fizera no quintal, o menino partiu para os arredores da cidade e continuou a devastação. Por que ele não foi impedido? 7 – Que passagem, no 5º parágrafo, expressa severa crítica contra a destruição das árvores, contra a violência à natureza? 8 – Por que o governo mandou buscar em Israel técnicos especializados? 9 – Qual a sequência que demonstra o processo primitivo até o industrializado? Marque a opção verdadeira. a) tesoura – machado – aparelho eletrônico. b) machado – tesoura – aparelho eletrônico. c) aparelho eletrônico – machado – tesoura. 10 – “O homem do machado ensinava ao filho a sua profissão” significa um processo de: a) transmissão. b) interrupção. c) hesitação. 11 – Ignácio de Loyola Brandão mostra no texto que a devastação das matas não tem fim. O que comprova isto no texto? Justifique sua resposta transcrevendo um período do texto. 12 – O texto inicia e termina com uma situação um tanto fantástica. Essa é a técnica da narração projetada pelo realismo mágico, ou seja, mostrar uma realidade através da maneira fantástica de narrar. Em relação a personagem que espalhou o deserto, que fatos você considera fantásticos? Em relação às consequências surgidas desses fatos fantásticos, o que se pode considerar real? Explique.

73▪ 4ª Atividade: Intertextualidade com uma história em quadrinhos

● Repare como a história em quadrinhos ao lado retoma um ponto central do

texto “O homem que espalhou o deserto”. Que ponto é esse?

Observe bem os quadrinhos, considere os recursos que o autor utilizou para

transmitir a idéia que tinha em mente e, depois, redija um pequeno texto

retomando o tema dos quadrinhos.

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74♦ Segunda aula

▪1ª atividade: Formação de três grupos para a realização das produções textuais. ● Imagine que você é uma árvore prestes a ser derrubada. Ao seu redor, espalhadas pelo chão, encontram-se várias outras já cortadas. Você deverá convencer o madeireiro encarregado de cortá-la a não realizar essa ação. Para tanto, seus argumentos devem ser fortes; suas qualidades – isto é, as qualidades das árvores – devem ser exaltadas. Vamos lá, você é uma árvore e deve lutar por sua vida.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________

75● Observe a imagem. A partir dela, elabore dois textos:

a) o discurso da natureza, como vítima da ação do homem. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) o discurso do homem, como responsável pela destruição da natureza. _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

76● Como eu era. Observe a primeira foto e imagine como era a mata antes de ser destruída. Coloque-se na “pele” da mata e dos seres que nela viviam. Faça uma descrição de como era e como ficou. Use a primeira pessoa do verbo e o pronome eu. Lembre-se dos sons, cores, formas e aromas do ambiente.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ▪ 2ª Atividade: Leitura de texto e pesquisa em jornais e revistas

A profecia

Caraíbas têm cabeça oca. Deviam ter aprendido muitas lições com o

povo filho da terra e não souberam enxergar, nem ouvir, nem sentir. E sofrerão

por isso.

Dia virá em que ficarão com sede, muita sede, e não terão água pra

beber: os rios e lagoas e valos e regatos e até a água da chuva estarão sujos e

pobres. E chorarão. E continuarão com sede porque a água do choro é salgada

e amarga...

77 O tempo da fome também virá. E a terra estará seca, o chão duro. As

sementes do milho e a mandioca não mais nascerão verdes, alimentando a

esperança de quarups ao redor do fogo com muita comida e bebida. A caça e

peixe também terão fugido ou morrido. E a fome apertará o estômago do

caraíba e ele não poderá comer nem sua riqueza, nem sua terra nua e estéril.

Os dias serão sempre mais quentes. E quando o caraíba procurar uma

sombra como abrigo, descobrirá que a terra não tem mais árvores.

As noites serão escuras e frias. Sem lua, sem estrelas. E sem fogueiras

quentes.

E o caraíba, o homem-branco, chorará. E quando acordar de sua imensa

estupidez será tarde, muito tarde.

Eu, Tamãi, o velho pajé, falei.

(ZOTZ, Werner. Apenas um curumim. 12. ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1979. p. 14)

→Segundo o velho pajé Tamãi, o caraíba, homem-branco, está

acabando com o seu próprio futuro, pois não será possível viver sobre uma

terra árida, estéril e poluída.

Pesquise, em jornais e revistas, notícias que comprovem a profecia do

velho pajé. A seguir, organize-as em um mural.

78●Terceira aula ▪ 1ª Atividade: Montagem do jornal-mural. ▪ 2ª Atividade: Leitura de história em quadrinhos. ●Leia atentamente os quadrinhos e veja como eles demonstram uma idéia sobre o “progresso” e os males que traz consigo.

79

80▪ 3ª Atividade: Produção textual. ● Redija um pequeno texto sobre as consequências do progresso para as pessoas de hoje e de amanhã. Procure deixar clara sua posição, fundamentando-a adequadamente. Baseie-se na história que leu e nas discussões em classe. ▪ 4ª Atividade: Criação de uma história em quadrinhos.

81CONCLUSÃO

O modo como nos relacionamos com o meio ambiente está ligado

diretamente a nossa qualidade de vida. E o papel da Educação Ambiental é

não só tratar da proteção e do uso racional dos recursos naturais, mas também

deve focar em ideias e princípios que possibilitem a construção de um mundo

sustentável, a fim de conscientizar o ser humano que ele é uma parte do meio

em que vive, reconhecendo o seu papel na proteção de todos os lugares onde

a vida surge e se organiza.

Cabe à Escola lançar mão do tema “meio ambiente” de forma

transversal, através de ações teóricas e práticas, a fim de que o aluno possa se

sensibilizar e aprenda a amar e respeitar o espaço à sua volta, incorporando,

assim, a responsabilidade e o respeito para com a natureza. A própria Lei

Federal nº. 9795, de 27 de abril de 1999, em seu artigo 2º, afirma que: A

Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação

nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e

modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Nesse

processo de Educação Ambiental, as informações sobre o meio ambiente

possuem relevante significado, porque possibilitam que o cidadão tome

conhecimento da situação do meio em que vive, organize-se e também

influencie nas discussões públicas, exigindo uma maior tutela e

responsabilidade para com o meio ambiente.

Com a luta dos movimentos ambientalistas organizados e da

conscientização de que o meio ambiente é um bem jurídico essencial para a

garantia de vida no planeta, a própria Constituição Federal de 1988 incluiu um

capítulo (caput do artigo 225) sobre a proteção integral do meio ambiente,

afirmando que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

82 No entanto, a regulamentação da Educação Ambiental prevista no texto

constitucional só foi efetuada onze anos mais tarde, através da Lei 9795/1999,

conhecida como Política Nacional de Educação Ambiental, na qual a Educação

Ambiental é reconhecida como um importante e imprescindível processo formal

e informal de educação, devendo estar presente em todos os níveis e

modalidades educativas.

Essa lei, entretanto, somente prescreve responsabilidades, obrigações e

objetivos de Educação Ambiental, mas ignora qualquer tipo de sanções, além

de encontrar sérias dificuldades para ser efetivada.

Daí o grande desafio da Educação Ambiental, rumo a um

desenvolvimento democrático e sustentável, é aplicar medidas efetivas que

garantam a conservação e proteção ambiental, levando todos à

conscientização da necessidade de proteção ambiental e de mudanças dos

atuais padrões de desenvolvimento.

Mas, para isso, será necessário muito mais que informação, será

necessário que a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com a formação

de valores, com ensino e aprendizagem de habilidades e procedimentos

ambientais.

Sabe-se que a legislação garante o direito a um meio ambiente

equilibrado para todos, impondo a co-responsabilidade da coletividade em

defendê-lo e preservá-lo, chamando para uma participação ativa do cidadão

em conjunto com o poder público na tutela ambiental. No entanto, o que temos

visto é o desenfreado ideal capitalista sufocando o poder público, deixando-o

incapaz de frear, controlar e regular a destruição dos recursos naturais e a

poluição ambiental.

A Educação Ambiental coloca-se na difícil tarefa de chamar a todos para

um debate sobre a destruição ambiental, o desenfreado modelo de produção

capitalista e os problemas sociais, além de abordar a diversidade cultural, a

ecologia e os diferentes interesses da sociedade em relação à proteção

ambiental.

83 Segundo Gadotti (200: 61), como pode existir um crescimento com

equidade, sustentabilidade, numa economia regida pelo lucro, pela acumulação

ilimitada de bens, pelo consumo desenfreado, pela exploração do trabalho e

não pelas necessidades das pessoas?

Enfim, observa-se que, embora muitos já tenham apontado caminhos

para a solução da crise ambiental, na prática, no âmbito da educação escolar,

o problema tem sido pouco explorado. Há grandes esforços para fazer a

Educação Ambiental acontecer nas escolas, no entanto, a Educação Ambiental

tem sido inserida lentamente e está distante da interdisciplinaridade proposta

pela mesma.

Com relação aos PCNs, estes estão de acordo com a atual visão de

ambiente, mas os mesmos não têm conseguido dar subsídios necessários à

formação docente para a construção de uma prática educativa voltada para a

transformação social, tendo como eixo as necessidades humanas e

ambientais. O educador, portanto, seja ele de qualquer disciplina, tem a função

de mediador na construção de referenciais ambientais, sabendo usa-los como

instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social em prol da

preservação ambiental. Assim, o papel do professor é essencial na educação a

fim de levar o educando a assumir um compromisso com os valores

ressaltados pela sustentabilidade: interrelação de justiça social, qualidade de

vida, equilíbrio ambientais e ruptura com o atual padrão de desenvolvimento.

84

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