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7Wi
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
UM OLHAR SOBRE A DISLEXIA NO PROCESSO
DE APRENDIZAGEM
Maria de Fatima Araújo Walcher
ORIENTADORA: Profª Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro 2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva. Por: Maria de Fatima Araujo Walcher
Rio de Janeiro 2015
UM OLHAR SOBRE A DISLEXIA NO PROCESSO
DE APRENDIZAGEM
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao poder divino, por me permitir chegar até aqui. A minha orientadora, Mary Sue Pereira, por me encorajar ao me responder: “Boa tentativa de postagem de Plano”. Ao meu marido, Claudio Silva da Luz, sempre ao meu lado, falando com o coração. As minhas gêmeas, Beatriz e Bianca Walcher Silva, pelo apoio e carinho.
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DEDICATÓRIA
Dedico às mudanças ocorridas em minha vida profissional, que me proporcionaram trilhar novos rumos, e aos meus professores, que me incentivaram para que uma área antes não trilhada, hoje seja fonte de pesquisa e conhecimento.
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RESUMO
Esta pesquisa objetiva o estudo da dislexia caracterizada como um
distúrbio de aprendizagem, que acarreta perceptíveis dificuldades de leitura,
escrita e soletração.
Comumente alunos disléxicos apresentam dificuldades no processo
de alfabetização, e na compreensão da estrutura sonora das palavras, dessa
maneira, tendem a ter dificuldades em desenvolver a habilidade para
identificação dos fonemas, o que impacta na qualidade, no rendimento e
contribui para uma defasagem inicial de aprendizado.
A família do aluno disléxico necessita e deve ser sinalizada das
dificuldades apresentadas, e da importância da avaliação psicopedagógica ,
diagnóstico prévio e acompanhamento especializado. No geral alunos
disléxicos, apresentam melhoras significativas no rendimento escolar quando
acompanhados desde cedo, por equipe multidisciplinar.
O professor deve buscar capacitação, ferramentas, estratégias,
metodologias eficientes e inovadoras, novas formas de ensinar que favoreçam
a educação de qualidade, que lhe torne apto a atuar com as dificuldades de
aprendizagem do aluno disléxico e lhe permita ser um agente no processo de
desenvolvimento e transfomação do aluno, independente de sua dificuldade .
É importante ter como foco a premissa que o sistema escolar deve se ajustar
ao aluno e não o aluno ao sistema, e de que deve haver respeito a
individualidade, aos limites e potencialidades de cada um .
Fundamenta essa pesquisa levar o corpo docente no trabalho
cotidiano a reflexão de que compreensão, parceria, educação diferenciada e
foco no desenvolvimento do ser, agregado a objetivos alinhados entre:
Instituição, corpo docente, equipe multidisciplinar e família, são fatores
determinantes, para a quebra de barreiras, para o favorecimento da
aprendizagem e para a verdadeira inclusão.
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METODOLOGIA
Para a realização deste presente trabalho busquei informações
através de pesquisa e análise bibliográfica em livros, sites , revistas , jornais,
teses, artigos científicos, pesquisa web gráfica, cds entre outros sobre a
temática dislexia envolvendo: descrição, causas, sintomas, diagnóstico,
incidências, potencialidades, sugestões de intervenções e metodologias
pedagógicas a serem aplicadas nos alunos disléxicos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Conceituando a Dislexia 10
CAPÍTULO II – Aprendizado e Dislexia 20
CAPÍTULO III – A Inclusão do Aluno Disléxico 28
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38
WEBGRAFIA 39
ÍNDICE 40
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INTRODUÇÃO
A relevância deste trabalho se pauta em descrever a dislexia como
uma das possíveis causas do não aprendizado da leitura e da escrita, conhecer
e compreender as causas, sintomas, prejuízo educacional, assim como, a
importância do diagnóstico e de metodologias pedagógicas que se apliquem ao
aluno disléxico.
A dislexia é um distúrbio linguístico, convém ressaltar que não se
trata de uma doença conforme publicado pela Associação Portuguesa
APPDAE, que define ser uma dificuldade de linguagem inesperada, pois não
está relacionada com problemas visuais, auditivos, lesões neurológicas,atraso,
problemas psicológicos ou sócio culturais.
É caracterizada pela dificuldade na decodificação das palavras,
sendo um entrave educacional que compromete a capacidade de ler e de
entender as palavras manuscritas, tendo significativa importância no cotidiano
das pessoas e trazendo relevantes complicações no processo de
aprendizagem escolar. É comum que seja identificada no processo de
alfabetização, e quanto mais cedo uma pessoa disléxica for identificada e
medidas de tratamento forem iniciadas, mais oportunidades ela terá de
amenizar suas dificuldades e de ser beneficiar.
Por sua vez, o diagnóstico tardio poderá favorecer o aparecimento
de baixa autoestima, sentimento de incapacidade, de fracasso, de inferioridade,
além de favorecer suposições equivocadas como preguiça, desatenção, falta
de empenho em aprender etc.
Aprender a ler e escrever envolve um processo complexo onde se
exigem habilidades distintas.
Família, Escola e Educadores possuem papel fundamental e devem
empenhar-se em facilitar o processo de aprendizagem. Ainda que o empenho
ocorra, não raro, alguns alunos não obtêm sucesso escolar. De modo geral, os
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professores conseguem perceber as dificuldades apresentadas por seus
alunos, porém faz-se necessário um olhar mais profundo, atento e humano,
sem a errônea pretensão de “apontar culpados”, para se identificar as causas
ou levantar hipóteses que respondam quais motivos podem levar alguns alunos
a não obtenção do rendimento desejado. Devem-se levantar com alto grau de
profundidade, as características da estimulação oferecida à criança, nos
aspectos quantidade, qualidade, acessibilidade e disponibilidade, exclusividade
e incondicionalidade (LÓPEZ, 1995).
Profissionais precisam de capacitação, treinamentos, ferramentas
que o auxiliem a diferenciar qual aluno apresenta dificuldade de aprendizagem
comum e qual necessita ser indicado para avaliação psicopedagógica , feita
preferencialmente por um profissional competente, que se permita conhecer o
aluno no seu todo, não para segmentá-lo e, sim avaliá-lo e acompanhá-lo a fim
de diagnosticar de forma confiável, um possível distúrbio de aprendizagem.
Precisam explorar o que leva ainda hoje professores e alunos a
sofrerem com as dificuldades de aprendizagem decorrentes da dislexia,
precisam se vigiar para que não habitem o conformismo e a acomodação, ou
para que não tomem como natural se conviver com tão relevante dificuldade
de aprendizagem. Faz-se necessário, habituar-se a um olhar minucioso a cada
um de seus alunos, respeitando-os na individualidade e na totalidade,
auxiliando-os em suas defasagens, evitando-se assim, a possibilidade de
evasão escolar.
A sociedade atual nos mostra que a inclusão do aluno disléxico na
escola, como pessoa portadora de necessidade educacional, está garantida e
orientada por diversos textos legais e normativos, como por exemplo, na Lei
9.394, de 20/12/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) Artigo 4°, sendo
assim, o aluno disléxico pode e deve ser incluído desde que se entenda, que
mais que uma proposta escolar a inclusão é um dever do Estado, garantindo
assim, o direito de uma escola para todos independente das suas condições
físicas, intelectuais, sociais, étnicas, religiosas ou outras.
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CAPÍTULO I
CONCEITUANDO A DISLEXIA
A palavra "dislexia" é oriundo do grego DIS, que significa
dificuldade\ distúrbio e LEXIA (latim) = LEITURA (grego) = linguagem.
Dificuldade essas que ocorrem no processo de leitura, escrita, soletração e
ortografia, ressaltando que nem todos os problemas relacionados a fala, leitura
e escrita podem ser caracterizados como dislexia.
Em 1987 o médico oftalmologista alemão, Rudolf Berlin, de Stuttgart,
definiu o termo dislexia, ao se referir a um paciente que apresentava
dificuldades em leitura e escrita e preservava habilidades intelectuais.
Dislexia é um transtorno do desenvolvimento da linguagem, uma
insuficiência no processo fonológico, que afeta a aprendizagem da leitura, da
escrita e da soletração, e caracteriza-se pela dificuldade
de decodificar palavras simples. É uma dificuldade de aprendizagem, na qual a
capacidade da pessoa para ler ou escrever está abaixo do seu nível de
inteligência, ainda que o seu cérebro seja considerado normal. Não raro,
errônea é interpretada com falta de interesse, desatenção ou preguiça e é
comum associa-se a dificuldades em outras áreas do desenvolvimento, como
a concentração, a memória de trabalho e a capacidade de organização.
Cabe enfatizar que a dislexia não é uma doença, nem o resultado de
má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição socioeconômica ou
baixa inteligência, e sim, uma condição hereditária com alterações genéticas
que culminam em uma falha no processo de aquisição da linguagem.
“Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de
aprender que reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta
e até genial, mas que aprende de maneira diferente”. (Associação Brasileira de
Dislexia – ABD, 2014).
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De acordo com o Dr. Drauzio Varella (2014) a dislexia é um
transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que
se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo
gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com
correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus, os
portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória
fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.
1.1. Compreendendo a Dislexia
Fundamentar a dislexia é complexo e contraditório, pois muitos
estudos provêm de distintos focos e ângulos, a exploração do conceito permeia
por profissionais de segmentos distintos, por olhares e caminhares diferentes,
porém vamos ter como base que são alterações genéticas, neurológicas e
neurolinguisticas, que acarretam falhas nas conexões cerebrais, levando os
disléxicos a fazerem confusão entre letras, sílabas ou palavras que apresentem
diferenças sutis de grafia.
Ainda que haja compatibilidade entre algumas opiniões, a
complexidade das teorias ocupa um território vasto, e nem todas as teorias
definem a etiologia da dislexia partindo do mesmo princípio. Pelo que pude
perceber, divergências permeiam a real origem da dislexia há alguns anos.
No entanto, é estimulante saber que já temos como pilar estudos
atuais, onde cientistas identificaram alguns cromossomas como estando
associados a dislexia, assim como, existem informações de que se estudam as
regiões do córtex cerebral esquerdo (lobo temporal, occipital e parietal). Cabe
ressaltar que estudiosos compartilham a opinião que há uma incidência maior
em meninos, atingindo de 10 % a 15% da população mundial.
Definida como patologia no código de doenças, assim como muitos
estudiosos, prefiro tratá-la aqui como um transtorno de aprendizagem
persistente e inesperado, que é isento de deficiências intelectuais ou
sensoriais, ou seja, um funcionamento peculiar do cérebro, uma dificuldade
de estabelecer associações entre sinais gráficos (grafemas) e os sinais
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auditivos (fonemas), ocasionando um processamento de informações peculiar
e diferente.
Os disléxicos podem ser conceituados, como pessoas únicas, cada
uma com suas características, habilidades e inabilidades próprias, que
precisam ter reconhecidas todas as suas potencialidades, o que me remete a
Teoria das Inteligências Múltiplas nobremente defendido por Howard Gardner.
Um olhar estimulado, apurado, amplo e humano, faz-se fundamental
e pode ser a base para se comprovar, que mesmo com dificuldades na
aquisição da leitura e escrita, os disléxicos podem ser bastante criativos, afinal
sua dificuldade está relacionada a ler, escrever e soletrar.
Cada vez mais pessoas diagnosticadas com dislexia, demonstram
que integram um universo de singularidades, de crença em sua capacidade
pessoal e de superação. Assim, reinam nas adaptações cotidianas, e nos
mostram que suas dificuldades não ofuscam sua capacidade de superação, a
exemplo do grande número de pessoas disléxicas que obtiveram sucesso,
entre elas, Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney (fundador
dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora) e mais algumas
dezenas divulgadas em vários canais de comunicação.
1.2. Classificando os Diferentes Tipos de Dislexia
Podemos descrever a dislexia como um déficit na dinâmica
cognitiva, uma desordem de desenvolvimento, uma interrupção na sintonia
entre os processos mentais associados a aprendizagem da leitura que resultam
em dificuldades na forma precisa e fluente de reconhecer as palavras.
Segundo cita Ellis (1995), os disléxicos possuem problemas nos
módulos cognitivos utilizados na conversão da palavra escrita para o som e,
dependendo do módulo afetado, têm-se diferentes padrões de disfunção na
leitura.
Sendo assim, fica evidente, que as dificuldades em leitura e
ortografia podem afetar o indivíduo de diferentes formas. Assim como os não
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disléxicos, os disléxicos não são todos iguais, e a medida que os conhecemos
é possível que tenhamos dados, para identificarmos diferentes tipos de
dislexia. Dessa maneira, temos a possibilidade de desmistificar a concepção
unitária da dislexia, podendo assim, associar e compreender na prática, com
maior exatidão a complexidade de cada ser disléxico.
Para falarmos sobre a classificação das dislexias, precisamos
entender que os especialistas as distinguem categoricamente e que há um
embasamento diferenciado entre a visão da Neuropsicologia e da
Psicopedagogia e Multiterapia.
Com o intuito de prosseguirmos com a classificação, iniciaremos
com a conceituação de dois tipos distintos de dislexias, porém devido a
temática desse trabalho, convém nos determos com atenção peculiar, na
dislexia de desenvolvimento, já que tem grande ênfase no contexto escolar.
Essa dislexia caracteriza-se como um distúrbio específico da aprendizagem, da
leitura e da escrita e normalmente é percebida com maior frequência em
crianças nas séries iniciais, tendo como consequência, a inabilidade na
aquisição da leitura, erros e esquecimentos ortográficos e por vezes,
dificuldade com palavras escritas.
Há quem defina que a dislexia de desenvolvimento é resultado de
uma perturbação na aprendizagem, uma dificuldade na capacidade de
decodificação do código escrito, o que segundo alguns autores pode ter
associação com disgrafia, que é caracterizada como um problema com a
linguagem escrita, que prejudica a formação de letras pela mão, ou seja, uma
deficiência em caligrafia e em alguns casos também em ortografia.
Existem registros datados de 1877, onde o termo dislexia de
desenvolvimento já era utilizado, e desde que teorias cognitivas,
neurobiológicas, genéticas e hereditárias ampliaram a visão sobre o tema, a
relação exclusiva com fatores do processamento visual que fundamentou a
terminologia, vem se dissipando. Hoje, a ideia inicial que as dificuldades de
leitura e escrita estariam associadas a comprometimentos na esfera da
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discriminação visual, dos movimentos oculares e da memória visual, vem
sendo fortemente combatida.
A segunda classificação refere-se a dislexia adquirida, também
denominada distúrbio adquirido da leitura, alexia adquirida e cegueira verbal
adquirida.
É envaidecedor caminhar por sua origem datada de 1978, tendo sido
identificada e pesquisada pela psicoterapeuta e psicopedagoga brasileira Lou
de Olivier .
É interessante saber que a conceituação da dislexia adquirida, como
sendo resultado de lesões cerebrais (anóxia perinatal, anóxia por afogamento,
acidente vascular cerebral etc.) ocorridas por um acidente qualquer, que
ocasiona diferentes prejuízos no processo de leitura e ortografia, fundamenta-
se na própria história de Lou de Oliver. É nobre e honroso sabermos que a
percussora da dislexia adquirida, passou a pesquisar o tema após um acidente
onde perdeu a memória e teve alterada sua capacidade para a leitura, isso nos
remete ao mundo de possibilidades, de amplitude que permeiam o disléxico.
É sublime saber que pesquisas prosseguiram e hoje a dislexia
adquirida ganhou credibilidade, adeptos, espaço e está classificada
oficialmente em nível mundial.
Para melhor entendimento vejamos a definição proposta pela
Wikipedia (2015) “A classificação oficial consta da seguinte forma: Afasia visual
receptiva caracterizada pela perda da capacidade adquirida previamente em
compreender o significado ou significância de palavras escritas a mão, apesar
da visão estar intacta. Esta afecção pode estar associada com Infarto da
Artéria Cerebral Posterior e outras doenças cerebrais”.
A exploração do tema disléxica, permite ainda que os principais
padrões de disfunção na leitura sejam divididos como : dislexias periféricas e
dislexias centrais.
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Dislexias periféricas são transtornos com danos localizados no
sistema de análise visual, acarretando inúmeros prejuízos na percepção das
letras nas palavras e no nível da análise visual. Assim, os danos podem ocorrer
no nível da identificação de letras, nível do processamento global ou no
reconhecimento de palavras como um todo.
Conceituando um pouco mais podemos dispor uma subdivisão em
três tipos para as dislexias periféricas sendo: dislexia por negligência, dislexia
por atenção e leitura letra por letra.
A dislexia por negligência é a incapacidade em observar a
extremidade esquerda das palavras, e identificar suas letras iniciais, ainda que
se possua a consciência, de que as letras se encontram devidamente
posicionadas. Os distúrbios se apresentam no sistema de análise visual das
palavras e os erros de leitura mostram semelhanças entre a palavra escrita e a
falada. . Assim se lê “lanta” ao invés de “planta”.
Dislexia atencional ou dislexia da atenção, que tem como
característica principal a dificuldade em focar a atenção e codificar a posição
das letras, o que pode favorecer mudanças de letras dentro de uma mesma
palavra, ou ainda de uma palavra por outra de cunho semelhante ou não dentro
de um texto.
É comum que o indivíduo, ao identificar variadas letras de forma
sequencial ou diferentes palavras numa frase, apresente erros, fazendo com
que as letras se transfiram de uma palavra para outra. Por exemplo: "a lama é
suja”, por "a mala é suja"
Letra por letra, é a classificação onde a pessoa apresenta
dificuldade em perceber a forma global das palavras, e apresenta leitura lenta,
identificando as letras de forma isolada, através de seus nomes ao invés de
convertê-los em seus sons. È comum que ocorra soletração, leitura monótona
e sujeita a erros das palavras de maneira individual como, por exemplo:
“camarada” c/a ca, m/a ma, r/a ra, d/o do.
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O terceiro tipo é a dislexia central que pode ser definida como um
transtorno, onde danos no processo e no sistema de análise visual, ocasionam
dificuldades de compreensão do material gráfico e afetam diretamente a
capacidade de leitura ou de produção de palavras escritas.
A variedade de dislexias centrais agrupam-se em quatro tipos:
1) Dislexia não semântica onde existe a preservação do sistema
de análise visual e do nível do fonema, porém o sistema semântico é
prejudicado, o que afeta diretamente a capacidade de leitura , o entendimento
das palavras lidas e a compreensão do significado das palavras. Cabe
ressaltar que a pessoa tem preservada sua capacidade para converter as letras
em sons e para fazer leitura de não-palavras.
2) Dislexia de superfície que caracteriza-se como um distúrbio
de moderado a severo, que ocasiona a incapacidade de reconhecer as
palavras escritas no campo unicamente visual. Os portadores da dislexia de
superfície, apresentam pouca capacidade na leitura pela via lexical, o que os
leva a dificuldades para reconhecer palavras irregulares e a tratar como novas
palavras já conhecidas. Por basearem-se nos procedimentos fonológicos de
conversão de grafemas em fonemas, é comum apresentarem dificuldade
quando a leitura é feita em voz alta, assim como, maior problema com a
ortografia (erros de omissão, adição ou substituição), já que se baseiam pela
informação auditiva.
3) Dislexia Fonológica caracterizada pela disfunção encontrar-se
no processamento fonológico, sugerindo danos ou lesões na via de conversão
de grafema e fonema, ocasionando à impossibilidade de ler palavras que não
sejam familiares a pessoa. A característica principal é a dificuldade na
execução de palavras desconhecidas, a leitura visual das palavras e o
aparecimento de erros ortográficos foneticamente imprecisos .
Na leitura os disléxicos fonológicos, baseiam-se maciçamente
no reconhecimento da palavra inteira (leitura lexical), tendo em vista que
possuem dificuldades na conversão grafema-fonema, e mesmo as palavras
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conhecidas passam como despercebidas, pois não são lidas e sim suprimidas,
devido a incapacidade de analisar e sintetizar os sons da fala. É muito comum
que ocorram confusões, omissões, inversões, reiterações, substituições,
hesitações, e que no processo de leitura transformem as palavras inventadas
em reais (lexicalizações).
4) Dislexia profunda, mista ou por assemelhar-se chamada
também de fonológica, nesse quadro os erros nos processos da leitura são
cometidos por vias auditivas e visuais. Ocorre bloqueio para a leitura de não
palavras, existe a manifestação dos chamados erros visuais, semânticos e de
derivação, compreende-se então, o disléxico apresentar dificuldades para
decifrar o significado das palavras, a impossibilidade de ler pseudopalavras, a
dificuldade para ler as palavras abstratas e os verbos. Alguns escritores citam
evidências de que nessa classificação, existe uma maior facilidade em leitura
de palavras concretas e frequentes.
Corrrentes distintas divergem ao descreverem a origem da dislexia
profunda e, nos históricos observamos citações que a associam com a
existência de lesões múltiplas no hemisfério esquerdo, contrariando aos que
atribuem com a possibilidade de habilidades residuais do hemisfério direito
no contexto de extensa lesão no hemisfério dominante.
As classificações acima não são as únicas encontradas no universo
bibliográfico, e a vastidão do tema “classificação dos diferentes tipos de
dislexias”, nos remete a conceitos de autores distintos, descrevendo-as e
classificando-as de acordo com sua abordagem profissional, como sugere a
exposição abaixo:
Exemplo de outras classificações:
Dislexia visual (Ortográfica ou Diseitética), Dislexia auditiva
(Fonológica ou Disfonética) e Dislexia mista.
Dislexia primária ou genética, dislexia secundária ou de
desenvolvimento, dislexia tardia ou por trauma.
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Convém a reflexão que independente de qualquer classificação, o
mais importante é apoiar, incentivar e se fundamentar na afirmativa de que o
disléxico tem preservado seu desenvolvimento intelectual e a sua capacidade
de comunicação, sendo assim, tem condições de desenvolver a leitura e a
escrita, desde que esteja sendo corretamente assistido na sua trajetória.
1.3. Os Sintomas da Dislexia
Os sintomas mais comuns da dislexia podem e devem ser
observados precocemente, desde que os envolvidos estejam atentos a alguns
sinais visíveis nos comportamentos das crianças, cabendo ressaltar, que a
avaliação de um distúrbio linguístico, deve sempre ser feita por um
profissional especializado ou na maioria das vezes por uma equipe
multidisciplinar.
Os sintomas da dislexia variam de acordo com os diferentes graus
do transtorno, indo do sutil ao severo, havendo casos que em percebe-se uma
presença maior de sintomas e sinais; e em outros, são observadas somente
algumas características.
É importante uma ressalva para a existência de casos em que os
fatores sequer têm associação com a dislexia, há crianças com ritmo
diferenciado para a conquista de sua maturação neurológica, o que
consequentemente implicara em uma evolução mais tardia de seu
aprendizado, o que necessariamente não se caracteriza como dislexia.
Pesquisadores defendem que ao contrário do que muitos pensam,
embora seja um distúrbio linguístico, nem sempre a manifestação inicial ocorre
nesse campo, compete aqui, uma olhar mais diversificado, que permeie os
campos físicos, emocionais e comportamentais (ansiedade, depressão,
relutância em ir à escola, dores de cabeça, problemas estomacais) podem ser
sinalizadores de quadro disléxico.
Embora a certeza de um distúrbio de aprendizagem dependa de
avaliação criteriosa e ocorra somente após o acesso a leitura, algumas pistas,
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sinais e sintomas como os descritos abaixo, podem ser observados desde
cedo, auxiliando assim na identificação precoce da dislexia.
.Atraso no desenvolvimento motor, atraso ou deficiência na
aquisição da fala, distúrbios do sono, enurese noturna, suscetibilidade à
alergias e à infecções, tendência à hiper ou a hipo-atividade motora, choro
compulsivo, inquietude, agitação, dificuldades de adaptação nos primeiros
anos escolares, forte imaginação e criatividade, dispersão, atraso na fala,
vocabulário restrito e simplificado, dificuldade de memorização, baixa
autoestima, mudanças bruscas de humor, impulsividade, impaciência para
aguardar sua vez de falar, timidez excessiva, dificuldades visuais não
reveladas em exames, excelente memória de longo prazo (lembrando
experiências, filmes, lugares e faces) mas baixa memória imediata, curta e de
médio prazo, baixa memória visual, mas excelente memória e acuidade
auditivas, pensamento elaborado através de imagem e sentimento, pré-
disposição à alergias e à doenças infecciosas, tolerância muito alta ou muito
baixa à dor, forte senso de justiça, sensibilidade e emoção aguçadas,
dificuldades para andar de bicicleta, para abotoar, para amarrar o cordão dos
sapatos, dificuldade em manter o equilíbrio e em praticar alguns exercícios
físicos, distração e estado confuso diante de muito barulho, , escassez de
conhecimento prévio, dificuldades em seguir indicações de caminhos,
dificuldade em executar sequencias de tarefas complexas, confusão com
mensagens telefônicas etc.
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CAPÍTULO II
APRENDIZADO E DISLEXIA
“Se uma criança não consegue aprender da maneira como
ensinamos, talvez devêssemos ensinar da maneira como ela aprende”.
(Ignacio Estrada).
Entende-se como aprendizagem o processo de mudança do
comportamento, obtido através da experiência construída em
estudo, experiência, formação, raciocínio e observação. Aprender é o resultado
da interação entre estruturas mentais e emocionais, neurológicas, relacionais e
ambientais.
A fundamentação da aprendizagem apropria-se de conhecimentos e
teorias da neuropsicologia, psicologia, educação e pedagogia.
Cada criança é um ser individual que terá necessidades específicas
de aprendizagem. Um professor verdadeiramente alinhado com seus alunos,
certamente será capaz de identificar tais necessidades, facilitando assim, a
inserção do aluno disléxico no mundo cultural e simbólico..
Se compreendermos que afetividade, toque, cheiro, olho, ouvidos e
gosto, são canais para a aprendizagem e que algumas crianças podem
depender enormemente de um desses canais, possivelmente conseguiremos
levar alunos a trilharem sucesso.
Muitos são os métodos encontrados para se trabalhar o processo de
aprendizagem dos alunos disléxicos, como por exemplo: os que se
fundamentam em explorar a assimilação de fonemas, desenvolver vocabulário,
melhorar a compreensão e fluência na leitura, tendo como intuito, estimular o
reconhecimento de sílabas, sons, palavras e, por fim, frases. Sabemos que
independente do método adotado, alguns disléxicos conseguirão obter êxito,
outros não e alguns poderão ter o quadro melhorado, ainda que a deficiência
permaneça.
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De modo geral, a certeza que impera, é que independente da
metodologia adotada, as questões que enfaticamente os pais trazem a respeito
da aprendizagem de seus filhos, só serão respondidas com a efetiva
participação do tripé escola, indivíduo e família, base que alicerçam qualquer
possibilidade de êxito no processo de aprendizagem.
2.1. Conceituando Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem
Quem não aprende, tem um motivo para não aprender. Podemos
está aqui falando de uma dificuldade de aprendizagem ou de um distúrbio de
aprendizagem.
Ainda que fundamental na formação do professor , observamos que
na prática diária , alguns profissionais não estão aptos para identificar o que
impede a aprendizagem de alguns alunos. Convém ressaltar que não se trata
de elaboração de diagnóstico, competência essa designada a psicopedagogos,
fonoaudiólogos, neuropsicólogos, neurologistas, psiquiatras, entre outros, mas
sim, de conhecimento do processo de aprendizagem e das etapas de
desenvolvimento do aluno.
Diante da vastidão de escritos sobre aprendizagem, há um consenso
entre escritores ainda que de correntes distintas, ao afirmarem a existência de
controvérsias entre os profissionais, tanto da área da educação quanto da área
de saúde, ao se referenciarem ao termos dificuldades e distúrbios de
aprendizagem. Possivelmente isso ocorra, em função da amplitude de
sintomas e pelos diferentes agentes causadores, quando se trata do
aprendizado da leitura e escrita.
Dificuldade de aprendizagem se relaciona especificamente a um
problema de ordem e origem pedagógica. Sabendo-se que cada ser aprende
de uma forma peculiar, e que esse saber passa pelo seu filtro perceptivo
preferencial, eis aqui um campo onde a individualidade deveria não só ser
respeitada como trilhada.
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È comum que paralelo a dificuldade de aprendizagem emirjam
problemas psicológicos, muitas vezes oriundos do ambientes familiar ou
escolar, principalmente quando a escola opta em fazer uso de abordagens
pedagógicas inadequadas para o educando. Embora possam ser problemas
transitórios, convém o reconhecimento do problema por um profissional
adequado, com o intuito de favorecer o educando.
Explorando ainda mais, podemos aqui problematizar o fator
motivacional, já que muitas vezes observamos o educando recebendo pouco
estímulo, por vezes demonstrando sofrimento e se intitulando como “incapaz”.
É comum, que tal sofrimento permeie também aos pais, que inseguros acabam
por pressionar a criança e a escola, optando em alguns casos , pela retirada
do educando, conduzindo-o a um rodízio de instituições escolares, o que pode
dificultar ainda mais o êxito escolar.
Segundo Moojen apud Bassols,(2003), os termos dificuldades e
distúrbios de aprendizagem têm gerado muitas controvérsias entre os
profissionais, tanto da área da educação quanto da saúde. Isto porque, há uma
sintomatologia muito ampla, com diversidade de fatores etiológicos, quando se
considera o aprendizado da leitura, escrita e matemática. Sigamos com as
definições abaixo:
Collares e Moysés (1992) fazem a seguinte definição:
Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central. Apesar de um distúrbio de aprendizagem poder ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis (por exemplo, alteração sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional) ou influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), não é resultado direto dessas condições ou influências. (Collares e Moysés,1992, p. 56).
Um dado relevante na diferenciação entre uma dificuldade de
aprendizagem e um transtorno de aprendizagem é o fato dos transtornos terem
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classificação e códigos definidos na classificação de doenças – CID-10, o que
permite uma identificação pautada em sinais, sintomas, aspectos anormais,
queixas, circunstâncias sociais e causas externas.
Compete o conhecimento de tais transtornos, não para estigmatizar,
mas para que se encontre o caminho mais acessível e assertivo, para que
educando obtenha êxito no contexto escolar, dessa forma seguem as
classificações: transtorno específico de leitura (dislexia de desenvolvimento,
leitura especular e retardo específico da leitura), transtorno específico de
soletração (retardo específico da soletração, sem transtorno da leitura),
transtorno específico da habilidade e aritmética (acalculia de desenvolvimento,
discalculia, síndrome de Gerstmann de desenvolvimento e transtorno de
desenvolvimento do tipo acalculia), transtorno misto de habilidades escolares
(categoria residual mal definida de transtornos nos quais existe tanto uma
alteração significativa do cálculo quanto da leitura ou da ortografia), Outros
transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares (transtorno de
desenvolvimento da expressão escrita), transtorno não especificado do
desenvolvimento das habilidades escolares (incapacidade de
aprendizagem, aquisição de conhecimentos e de transtorno de aprendizagem
sem origem específica).
Convém identificar que os transtornos específicos do
desenvolvimento das habilidades escolares estão diretamente associados aos
transtornos do desenvolvimento psicológico, e que embora com classificações
distintas , os transtornos específicos do desenvolvimento apresentam algumas
características em comum entre si, sendo elas: o início no decorrer da infância,
o desenvolvimento de funções que são relacionadas à maturação biológica do
sistema nervoso central apresentando comprometimento ou atraso, a presença
de situações orgânicas que impedem o educando de aprender, a condição
estável , digo, não envolve desaparecimentos e as recaídas comumente
encontradas em muitos transtornos.
Podemos ainda, classificar os distúrbios de aprendizagem como
verbais ou não verbais. Os verbais se relacionam com as dificuldades
24
encontradas nas habilidades de leitura e escrita, que são as dislexias temas
desse trabalho.
Enfim, os educandos independente da categorização de suas
dificuldades, precisam continuamente de: suporte nas atividades escolares,
apoio familiar, de intervenção e apoio profissional e necessitam urgentemente
aprender a aprender, pois só assim, conseguirão desenvolver autonomia e
adquirir conhecimento próprio, tornando-se sujeito do seu conhecimento e
não de suas limitações.
Remeto-me aqui não só ao aspecto cognitivo, mas ao
desenvolvimento da autonomia, da aquisição do conhecimento próprio, do
tornar-se sujeito do seu conhecimento e não de suas limitações.
2.2. Descrevendo as Principais Dificuldades de Aprendizagem
do Aluno Disléxico
Segundo a definição de dificuldades de aprendizagem proposta por
Correia & Martins (1999) numa perspectiva orgânica, as dificuldades de
aprendizagem são desordens neurológicas que interferem com a recepção,
integração ou expressão de informação, caracterizando-se, em geral, por
discrepância acentuada entre o potencial estimado do aluno e a sua realização
escolar.
Sabemos que nem sempre é possível sucesso e aprovação na área
educacional, muitas vezes no percurso do ano letivo a dificuldade de
aprendizagem se evidencia. Escritores afirmam que uma dificuldade de
aprendizagem pode ter origem em fatores orgânicos ou até mesmo
emocionais, e que podem desencadear inadaptação, recusa em frequentar a
escola, desinteresse, agressividade, passividade e possíveis somatizações. A
submissão em executar algo que não se consegue ainda que haja empenho,
esforço e dedicação, é a realidade de muitos alunos disléxicos. A exposição
diária a tais condições afetam o modo como um disléxico percebe o mundo, e
exerce influência na sua conduta familiar e social. Evidentemente, faz-se
necessário uma atenção contínua e especial, por todos os envolvidos no
25
processo de educação a essas dificuldades, sendo de suma relevância que se
observe se as mesmas são momentâneas ou se ao longo do tempo irão
persistir.
Dificuldade com atenção, organização e fracasso crônico para
concluir tarefas parecem traduzir a dislexia, no entanto, no contexto escolar
podemos observar outras dificuldades, que muitas vezes, começam nas
classes iniciais.
Soletração fraca, lentidão em leitura, fraco desenvolvimento da
atenção, dificuldade em identificar esquerda e direita, em cima - em baixo, na
frente-atrás, incapacidade de produzir rimas, presença de linguagem verbal
imatura, pobre compreensão do texto ou ausência de leitura daquilo que se
escreve, invenção, acréscimo ou omissão de palavras ao ler e ao escrever,
dificuldade para aprender o alfabeto ou para reproduzir os sons das letras que
o representam, dislalia (pronúncia inadequada das palavras com trocas de
fonemas e sons errados), disgrafia, escrita lenta, letra mal grafada ou
ininteligível; borrões ou palavras ligadas entre si, dificuldade para controlar um
lápis ao escrever ou desenhar, dificuldade em copiar de livros ou quadro,
dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa
(ginástica, dança etc.), constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares ,
dificuldade em manusear mapas, dicionários, dificuldade na memória de curto
prazo, como instruções, recados etc., dificuldades em decorar sequencias,
como: meses do ano, alfabeto, tabuada etc., discalculia (dificuldade com a
matemática), dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomias),
dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua, lentidão na execução dos
deveres ou agilidade com a presença de muitos erros ou omissões.
Visto a importância, convém o registro da perda constante de
materiais ou objetos pessoais, o que pode vir a torna-se um fator gerador de
conflitos, assim como, contribui de maneira significativa para o aumento da
dispersão tão peculiar na dislexia.
26
2.3. Estratégias Educacionais para o uso com Alunos
Disléxicos
Ao se propor a trabalhar com o aluno disléxico, o professor deve
priorizar o respeito pela individualidade, tendo em mente a premissa que cada
ser aprende no seu próprio tempo. Deve ainda, diversificar, explorar atividades
claras e objetivas que trabalhem concomitantemente os aspectos
psicomotores: esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial,
orientação temporal, pré-escrita e os aspectos cognitivos, percepção, memória
visual, auditiva, visomotora, atenção, raciocínio, linguagem e compreensão da
leitura. É possível que essa junção não seja assertiva na sua totalidade, mas
certamente é um caminho a ser trilhado, na esperança de abrir portas para
novos saberes.
Antes da escolha de qualquer modalidade de trabalho a ser aplicado
no aluno disléxico, devemos ter a sabedoria para perceber como se encontra
sua auto estima e a sua valorização pessoal.
É fato que quando se conhece as habilidades, as competências e as
aspirações do aluno, fica mais fácil a escolha da estratégia educacional, do
limite da flexibilização e da aplicação do conteúdo. O acreditar, apostar e
confiar amplia os recursos do professor e lhe confere a possibilidade de
diversificar entre desenhos, pinturas, histórias, cálculos, oralidade, música,
memorização, ou o que considere mais favorável para desenvolver a auto
confiança e conduzir sem expor seu aluno. Nesse modelo, é bem possível que
o professor leve seu aluno a acreditar em si mesmo e a se destacar através do
desenvolvimento de suas potencialidades. Considerando-se o processo de
ensino como uma via de mão dupla, celebra-se aqui o crescimento de aluno
e professor.
Ainda nesse contexto, é importante enfatizar que outras medidas
podem ser adotadas para facilitar a aprendizagem do aluno disléxico, algumas
estão aqui relatas, mas certamente o desejo de acertar e a criatividade de cada
um é capaz de torná-las muito maior ou quem sabe infinita.
27
No cotidiano ilustre para seus alunos o plano para as aulas da semana,
mostrando de maneira clara e objetiva o que será necessário para cada dia de
aula, sempre que preciso liste os objetos necessários: dinheiro para as refeições
quando de costume, caneta, régua, tesoura etc., auxilie os alunos a manterem a
organização do seu material, uma boa sugestão é o uso de cores distintas, a
numeração e datas nas folhas , a organização de pastas com datas e títulos,
quando possível permita que verifiquem os trabalhos de casa ainda em sala de
aula, assim o aluno terá a oportunidade de sanar possíveis dúvidas, reforce
demasiadamente sobre o planejamento da lição de casa, de trabalhos elaborados
ou de compromissos que tenham data definida de entrega, tenha em mente que
disléxicos apresentam dificuldades no cálculo do tempo, flexibilize um tempo maior
durante as avaliações , opte pelo uso de papel amarelo para a impressão das
provas, nesse caso, a cor facilita o processo de reter a atenção do aluno, considere
a possibilidade de prova oral, disléxicos costumam ter bom desempenho no plano
oral, mantenha-se disponível e de suporte contínuo na execução das atividades
escolares, ofereça apoio e certifique-se de que de fato ocorreu o entendimento por
parte do aluno, trabalhe com a percepção entre sons e letras, com palavras que
tenham sons semelhantes em determinadas posições, ao usar textos maiores opte
em colorir as sílabas ou enfatizar certos aspectos de uma palavra específica ,
sinalize e auxilie na correção dos espelhamentos e inversões, use rimas para
estimular a consciência fonológica, explore ao máximo a divisão silábica, use e
abuse de gravuras, fotos e imagens, leia e releia histórias, enfatize a interpretação
oral, explore fatos que aconteceram na história. Onde se passou? Quem são os
personagens?, Permita que o aluno acrescente personagens, que mude o final, que
faça e refaça a história, aproprie-se de ditados curtos, caça palavras, jogos de
memória, compreensão de piadas, provérbios e gírias, respeite quando profissionais
sugerirem posicionamento estratégico em sala de aula.
Terminando o capítulo, fica a reflexão de que sem dúvidas, o professor é
capaz de conduzir o aluno a desenvolver sua capacidade intelectual e
independência, favorecendo assim, sua vida pratica e social que vai muito além da
dislexia.
28
CAPÍTULO III
A INCLUSÃO DO ALUNO DISLÉXICO
“Vivendo um dia de cada vez, apreciando um momento de cada vez,
recebendo as dificuldades como um caminho para a paz”. Oração da
Serenidade
Quando falamos de inclusão nos referimos à reflexão,
sensibilização, a integração não só enquanto constitucional, mas de fato, a
interação do sujeito com o seu meio, ao respeito a diversidade, a valorização
de competências pessoais, ao domínio de si e a possibilidade de se construir
uma identidade.
Refletindo sobre a essência e individualidade de cada aluno
disléxico, entenderemos facilmente que cada experiência traz novas
demandas. Considerando o contexto devemos refletir se a escola que temos
hoje tem a proposta de respeito à individualidade, se é uma instituição que
critica, repensa e se propõe a modificar sua prática pedagógica e regimento
interno em detrimento dos alunos disléxicos, observem que estamos iniciando
aqui a “receita” de um verdadeiro processo de inclusão. Flexibilização de
objetivos, conteúdos, metodologias, avaliação, garantia de direitos , de espaço,
de acesso, reflexão sobre o cotidiano da escola como um todo , são fatores
considerados fundamentais dento do contexto da inclusão , e que quando bem
aplicados tendem a gerar mudanças significativas a altamente vantajosas. Fica
o registro que não é simples, não é fácil, mas certamente é um excelente
exercício de cidadania que indiscutivelmente irá beneficiar a instituição e acima
de tudo, todos os alunos com ou sem dificuldades de qualquer natureza.
Fica praticamente impossível falarmos sobre inclusão, sem falarmos
em ação integrada entre família, instituição escolar, professores, orientação
pedagógica, direção, terapeutas ou equipe multidisciplinar, meio social, pois
esses, quando alinhados serão os verdadeiros agentes que irão delinear a
totalidade da inclusão, entendendo que existe um espaço para a construção do
29
conhecimento que independe das diferenças, trazendo consideráveis
contribuições para ser e para prática pedagógica.
Segregação jamais, os alunos disléxicos não devem, não precisam
e certamente não querem ser retirados da sala de aula, pois é no convívio
diário que eles trocam saberes, afetos, humores, competências , praticam a
colaboração, doação e amizade. Quebrar protocolos, vencer nossas próprias
barreiras, eliminar a resistência, não ter medo de errar e oferecer espaço para
os disléxicos apresentarem seus dons peculiares, é fácil, simples, utiliza
poucos recursos e chama-se inclusão , “receita “ gratuita que resulta em
benefícios para todos.
Faz-se importante ressaltar as Leis que embasam a inclusão:
A criança com dislexia, está amparada na legislação brasileira sobre
a égide da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA), da Lei 9.394/96 (LDB), da
Lei 10.172 de 9 de janeiro de 2001 - Plano Nacional de Educação - Capítulo 8 -
Da Educação Especial e do Parecer CNE/CEB nº 17/2001 / Resolução
CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001.
Na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA) - artigo 53, incisos I, II e
III: A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I – igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola; II – direito de ser respeitado pelos
seus educadores; III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo
recorrer às instâncias escolares superiores.
Na Lei 9.394/96 (LDB): Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino,
respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
incumbência de: I - elaborar e executar sua Proposta Pedagógica; V - prover
meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento. Art. 13 - Os
docentes incumbir-se-ão de:III, zelar pela aprendizagem dos alunos; IV,
estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.
30
3.1. A Importância do Diagnóstico e da Parceria Família e
Escola
Alguns escritores compartilham a opinião que sendo tratada mais
cedo, a dislexia apresenta maiores possibilidades de ser corrigida, outros
sugerem que o diagnóstico seja iniciado após dois anos de vivências leitoras.
Infelizmente, contrariando essas recomendações, a realidade nos mostra
muitos casos de diagnóstico tardio, havendo ocorrências de adultos sendo
diagnóstico, ao procurar ajuda profissional para os problemas de aprendizagem
dos filhos.
Geralmente a identificação de uma suspeita de dislexia, tem seu
inicio no primeiro grupo social frequentado pelo criança , que é a família. É
muito comum que os pais, agucem sua curiosidade ao perceberem certas
habilidades ou inabilidades em seus filhos, sendo frequente também que façam
comparações com outras crianças de idade igual, com os pais e até com outros
familiares; o que não é recomendado, pois pode implicar em um atraso na
busca por um diagnóstico mais preciso e pode contribuir para o agravamento
do transtorno.
Os indícios mais visíveis da dislexia revelam-se no contexto escolar,
no desempenho, no rendimento, nas atividades referentes ao processo de
aprendizagem, mas tais indicadores não são suficientes para a elaboração de
um diagnóstico, de modo geral, assim como outros distúrbios, não é tão
simples realizar o diagnóstico da dislexia. Comumente, ele é feito através de
uma investigação minuciosa, realizada por equipe multidisciplinar composta de
profissionais como: psicólogo, neuropsicólogo, fonoaudiólogo,
psicopedagogo, neurologista e em alguns casos psiquiatra, oftalmologista e
otorrinolaringologista. Deve-se considera o caráter excludente, sendo comum e
imprescindível, que se descarte a possibilidade de déficit de atenção,
deficiências visuais e auditivas, lesões cerebrais, hiperatividade, escolarização
incorreta, dificuldades emocionais, psicológicas ou socioeconômicas, que
venham a interferir na aprendizagem.
31
No processo de diagnostico da dislexia, precisa-se considerar que
ela não é uma doença, que possui variações e classificações distintas , e que
independe de falta de atenção, desinteresse, desmotivação, preguiça, cansaço,
falta de vontade de aprender ou alfabetização mal feita.
Uma das importâncias do diagnóstico é prevenir que sejam
atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, o que
consequentemente gera reflexos negativos sobre sua autoestima o que pode
ser estendido até a fase de vida adulta.
Entenda-se que a importância do diagnóstico se faz evidente para
que o disléxico e seus familiares façam valer os seus direitos, como por
exemplo, no exame do Enem, onde se permite que uma vez
Diagnosticado e comprovando suas necessidades especiais, o portador de dislexia, faça valer seu direito de ter atendimento diferenciado em provas de seleção, conforme Decreto nº 5.296/2004, tendo direito a utilizar instrumentos, equipamentos ou tecnologias adaptados que favoreça sua autonomia , além desses recursos poderá também ter direito a tempo adicional e atendimento diferenciado . Vale lembrar que é preciso comprovar, com laudos médicos, as necessidades especiais INEP (2014).
Ser diagnosticada como disléxica, não é sinônimo de que a criança
seja menos inteligente; ou que deva se sentenciada, significa que porta um
distúrbio possível de ser corrigido ou atenuado, com tratamento adequado,
que em geral requer um processo longo , exigindo persistência e paciência.
É importante enfatizar que a dislexia não é superada com o tempo; e
que não pode e não deve passar despercebida, nem pela escola nem pela
família. Nesse contexto, a escola e a família são indissolúveis e devem trilham
o mesmo caminho, ou seja, o caminho das descobertas, ambas devem se
abdicar da posição de espectadores e criar alianças, fortalecendo os laços
com os demais envolvidos no processo, só assim, em concomitância
provavelmente encontrarão alternativas, respostas ou possíveis soluções,
para as questões cotidianas ou para as questões levantadas nos diagnósticos.
32
3.2. Professores Qualificados Fazem a Diferença
Fonseca (1995), nos remete a concluir que professores e instituições
escolares devem trabalhar com competência e dedicação (revendo seus
métodos de ensino e adaptando-os quando necessário), para atraírem os
alunos para a escola, onde terão a oportunidade de aprender a ler e escrever.
Percebemos que muito professor não tem o devido conhecimento na área à qual ele é formado e devia ser especialista. E, para piorar, tem a questão da inclusão. Eles têm dentro de sua sala de aula os alunos de inclusão portadores de algum tipo de transtorno, que têm direito à educação. Mas o professor precisa de assistência para isso, e muitas vezes isto não acontece. (APARECIDA, 2011, p. 56).
Acima se encontram explanados dois cenários distintos, um teórico
e o outro prático, ainda que concordando de forma parcial com o cenário
prático, optei em pautar este capítulo sobre o teórico. Sendo assim, compete-
me retratar os profissionais que mais que uma escolha profissional, parecem
possuir certa vocação para o magistério e com esforços imensuráveis,
conteúdo e coração, alicerçam a base para fazer um ser humano melhor.
Professores assim, me remetem ao filme Somos todos diferentes,
que retrata um professor de artes que ao identificar um caso de dislexia em
sala de aula, sabiamente lança mão do lúdico, facilitando o processo de
socialização, comunicação e de desenvolvimento do aluno. É apoderando-se
das artes em sua amplitude, encenando, cantando, dançando, desenhando,
pintando e transformando, que o professor acessa o inacessível, e penetra no
terreno criativo de quem até então só demonstrava apatia. Corpo, ação e
emoção, possibilitam a esse aluno um reconhecimento de si, uma
personalização, e o despertar dos primeiros passos para o convívio social e
para um desabrochar, independente da sua condição de disléxico.
Profissionais de educação quando bem informados são capazes de
transformar filmes em realidade, são conscientes de que para se trabalhar
com alunos disléxicos, faz-se necessário muito mais do que técnicas
pedagógicas. Compreendem que por vezes, mais do que desenvolvimento
33
cognitivo, o aluno clama pela valorização da sua identidade pessoal e pela
estimulação de sua autoestima, para que assim adquira a segurança
necessária para expressar-se com mais facilidade, o que certamente
contribuirá no seu processo de leitura e escrita.
Professores verdadeiramente qualificados, sabem que dislexia não é
doença, conseguem distinguir o que é dificuldade e o que é distúrbio de
aprendizagem, tem convicção que a capacidade de aprendizagem do disléxico
está preservada , e assim , incentiva, ativa a motivação, identifica estilos de
aprendizagem, lida com as necessidades dos seus aluno na individualidade,
descobre seus pontos fracos e fortes , insiste, persiste, acerta, erra, valoriza
e não desiste, até descobrir como lidar com as defasagens na aprendizagem
desses alunos.
Por vezes, mostram-se incansáveis e após uma dia exaustivo de
trabalho, saem da zona do conformismo e vão ao encontro de novos
conhecimentos, tornando-se quase que especialista em determinados
assuntos, afim de se aproximar de soluções, que possam favorecer o lidar
com as dificuldades de aprendizagem de alguns alunos. Tais profissionais são
verdadeiros guerreiros, são lutadores que sabem criar metodologias eficientes
que possam ir de encontro com as necessidades de seus alunos, também
sabem modificar suas práticas pedagógicas incorporando a elas novas
tecnologias, deixando-as mais dinâmicas, interessantes e instigantes,
tornando-as capazes de criar novas relações entre o aprender, o aluno e a
escola.
Imbatíveis, alimentam o desejo de que ocorram melhorias no
atendimento escolar e psicológico de seus alunos, em um futuro muito próximo.
É, de fato, professores qualificados assim como nos filmes, na vida real
também fazem toda a diferença.
3.3. Adaptações Curriculares
Falarmos em adaptações curriculares, possivelmente nos remeta as
complexidades e as infinitas barreiras que ainda existem, e que impedem que
34
os direitos das pessoas com alguma necessidade especial sejam garantidos. É
fato que desde a Declaração de Salamanca , que defende o princípio da
inclusão como uma escola para todos, percebe-se um crescimento significativo
na qualidade dos sistemas educacionais, ainda que, a realidade ainda não
tenha contemplado os anseios de muitos pais, professores e alunos.
O direito a educação é fundamental a todos os cidadãos brasileiros
e está amparado pela nossa Carta Maior, e foi em busca de atender a esse
direito, e em atender a toda diversidade humana, que surgiram às estratégias
de adaptações curriculares.
Adaptações curriculares são respostas educativas que visam
favorecer o direito à igualdade de oportunidades sem caráter assistencialista ou
penoso, mas de forma legítima, democrática e eficaz. Tem como objetivo a
condição de proporcionar aos alunos o acesso ao conhecimento, favorecendo
seu caminhar próprio , seu progresso escolar , conduzindo-o a tornar-se quem
ele pode tornar-se.
Podemos classificar as adaptações curriculares em três grandes
grupos: Adaptações no nível do projeto pedagógico (currículo escolar,
organização escolar e os serviços de apoio), adaptações relativas ao currículo
da classe (programação das atividades elaboradas para sala de aula, e por
último, adaptações individualizadas do currículo (foco na avaliação e no
atendimento ao aluno)
Conhecer o aluno, contemplar sua individualidade, identificar seus
pontos fortes e fracos e suas reais necessidades, são fatores fundamentais
para a escolha das ações adaptativas, que são de caráter distintos e vão
muito além de atividades lúdicas e artísticas, transitando por territórios
auditivos, físicos, intelectuais, visuais etc. Convém como ilustração, citar que
sendo a dislexia temática desse trabalho, ao optar-se por um tipo de
adaptação, o foco não seria a dislexia, e sim a capacidade do aluno, sendo
relevante considerar as suas possibilidades de aprendizagem e não as suas
dificuldades.
35
O processo de adaptação curricular se constrói de maneira flexível e
gradativa, devendo ter a participação efetiva de professores, alunos, família e
demais profissionais. Tal construção, além de muito empenho requer:
identificação, acolhimento do aluno e da família, envolvimento da direção,
coordenação, professores e demais colaboradores, fazendo-se necessária a
sensibilização do aluno, da turma e da instituição escolar.
No âmbito desse contexto, é assertivo dizer que um processo de
adaptação elaborado de maneira a respeitar as diferenças, apoiar a
aprendizagem e responder de maneira adequada às necessidades individuais,
pode ser uma das chaves, para minimizar ou até mesmo reverter o quadro
perceptível ainda na data de hoje, de alunos que migram de escolas ou
centros especiais para escolas regulares, e por inadaptação , despreparo de
professores e até mesmo do sistema , acabam por retornar as escolas de
origem.
O sucesso no processo de inclusão ocorre, quando o professor é
capaz de observar o aluno no todo, quando o incentiva: a inventar, pesquisar,
se expressar, desenvolver suas potencialidades, vencer dificuldades, quando
percebe que por trás de toda deficiência, tem uma eficiência chamada ser
humano pronta para desabrochar.
“Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer
o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a
caminhar.” (Paulo Freire).
36
CONCLUSÃO
A elaboração desse trabalho me permitiu um olhar mais acentuado
sobre a dislexia e suas implicâncias no contexto escolar.
Como já esperado, a trajetória percorrida para chegar até aqui me
levou a muitos erros, acertos e conhecimentos, no entanto, o fator surpresa foi
a emoção, que por vezes me fez parar, respirar isso , para não chorar. Não
me remeto aqui a tristeza e sim, aos encontros e desencontros, as estradas
sinuosas, que muitas vezes, parecem infinitas, quando o assunto é dislexia.
Escolas, professores, pais, alunos todos tem como objetivo a
aquisição do conhecimento, é lógico que não desejam entraves, mas eles
inesperadamente surgem, e junto com eles emerge também a esperança do
desaparecimento, de se constatar que isso não é real.
E o tempo passa..., as dificuldades se solidificam e o desafio agora é
grande, mas em compensação é de muita gente, na verdade é de todos. Como
a vida é feita de desafios, podemos considerá-lo mais um.
Eis que estamos diante de uma luz apagada esperando para ser
acessa, ela precisa atingir o seu potencial pleno, desvendar seus talentos,
florescer ativamente, mas logo agora o interruptor falhou.
Culpa? Fracasso? Vergonha? Não sei, não me importa saber, o que
eu preciso é encontrar uma abordagem diferente, uma nova conexão, um olhar
diferenciado ou até uma forma revolucionária para acender a lâmpada.
Em suma, pude perceber que embora o disléxico talvez (será?) não
consiga compreender a metáfora acima, ele é capaz de conviver e até de
superar a dislexia, isso, quando os que o cercam se propõe a ajudá-lo a
funcionar da forma mais eficiente possível, aumentando o seu ritmo de
comportamentos adaptativos. Não só os mestres como os familiares
necessitam mergulhar no mundo do disléxico, atentando para o contato visual,
propondo-se a dividir com ele as suas brincadeiras, alegrias, tristezas,
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entenderem suas igualdades, suas diferenças e acima de tudo terem
envolvimento, compreensão e a sensível arte de conviver com as diferenças.
Possivelmente assim, os professores ainda que não estando mais
por perto, possam ser lembrados no futuro, e quem sabe seus alunos se
apropriem da canção Meus Tempos de Criança, e cantem com o coração “Que
saudade da professorinha Que me ensinou o beabá”.
38
BIBLIOGRAFIA
COLLARES, C. A. L. e MOYSÉS, M. M. A. A. A História não Contada dos
Distúrbios de Aprendizagem. Campinas: Papirus, 1993.
CORREIA, L. M., & MARTINS, A. P. Dificuldades de Aprendizagem: que
são? Como entendê-las?. Biblioteca Digital. Porto: Porto Editora,1999.
FONSECA, Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto
Alegre: Artmed: 1995.
MORAIS, Jose. A arte de ler. São Paulo: Editora Unesp, 1996.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (Org.). Classificação de Transtornos
Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes
diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
WELLIS, Andrew. Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1995.
39
WEBGRAFIA
http://drauziovarella.com.br/crianca-2/dislexia/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dislexia_adquirida)
http://www.dislexia.org.br/
http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=178661 (Psicopedagoga
Nadia Aparecida Bossa).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/edital/2014/edital_enem_20
14.pdf
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I Conceituando a Dislexia 10 1.1. Compreendendo a Dislexia 11 1.2. Classificando os Diferentes Tipos de Dislexia 12 1.3. Os Sintomas da Dislexia 18 CAPÍTULO II Aprendizado e Dislexia 20 2.1. Conceituando Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem 21 2.2. Descrevendo as Principais Dificuldades de Aprendizagem do Aluno Disléxico 24 2.3. Estratégias Educacionais para o uso com Alunos Disléxicos 26 CAPÍTULO III A Inclusão do Aluno Disléxico 28 3.1. A Importância do Diagnóstico e da Parceria Família e Escola 30 3.2. Professores Qualificados Fazem a Diferença 32 3.3. Adaptações Curriculares 33 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 38 WEBGRAFIA 39