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UNIDADE DIDÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA O INCENTIVO À LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO ATRAVÉS DA CRÔNICA Série indicada: 1º ano do Ensino Médio Professora: Lucimary Bateloqui Gomes Concepção teórico-metodológica: Estética da Recepção TEMA: O prazer estético da literatura e seu caráter humanizador TÍTULO: A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E O GOSTO PELA LITERATURA: A CRÔNICA QUE DIVERTE E HUMANIZA “A literatura é o sonho acordado das civilizações.” (Antonio Candido) A LITERATURA E O LEITOR Na tentativa de elaborar um conceito sobre literatura e de resumir as idéias de diferentes autores em relação ao tema, podemos dizer que literatura é um tipo de texto que exige uma forma especial de leitura, baseada em convenções que se aprendem. O principal traço que caracteriza o literário é a representação de um mundo ficcional, que mesmo tendo falas, personagens e fatos que possam ser semelhantes com o mundo real, não tem compromisso com a verdade e, portanto, não deve ser vista como a expressão da opinião ou posicionamento de um autor para informar ou persuadir, pois muitas vezes a opinião do autor difere muito da opinião do narrador. Literatura é uma manifestação artística, e, como tal, apresenta diferentes faces ao longo da

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UNIDADE DIDÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA

O INCENTIVO À LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO ATRAVÉS DA CRÔNICA

Série indicada: 1º ano do Ensino Médio

Professora: Lucimary Bateloqui Gomes

Concepção teórico-metodológica: Estética da Recepção

TEMA: O prazer estético da literatura e seu caráter humanizador

TÍTULO: A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E O GOSTO PELA LITERATURA: A CRÔNICA QUE DIVERTE E HUMANIZA

“A literatura é o sonho acordado das civilizações.”

(Antonio Candido)

A LITERATURA E O LEITOR

Na tentativa de elaborar um conceito sobre literatura e de resumir as

idéias de diferentes autores em relação ao tema, podemos dizer que literatura

é um tipo de texto que exige uma forma especial de leitura, baseada em

convenções que se aprendem. O principal traço que caracteriza o literário é a

representação de um mundo ficcional, que mesmo tendo falas, personagens e

fatos que possam ser semelhantes com o mundo real, não tem compromisso

com a verdade e, portanto, não deve ser vista como a expressão da opinião ou

posicionamento de um autor para informar ou persuadir, pois muitas vezes a

opinião do autor difere muito da opinião do narrador. Literatura é uma

manifestação artística, e, como tal, apresenta diferentes faces ao longo da

história, pois reflete as características que dão peculiaridade ao momento em

que se produz a obra, recebendo e proporcionando fortes influências artísticas,

culturais e sociais, numa interação com a sociedade.

Em busca de um definição de Literatura, apresentamos o conceito dado

por Eagleton que parece dialogar com as idéias da estética da recepção. Para

ele, a Literatura não pode ser definida objetivamente, pois “a definição de

literatura fica dependendo da maneira pela qual alguém lê e não da natureza

daquilo que é lido” (EAGLETON, 2001:11). Como podemos ver, ele dá

importância ao leitor, considerando-o um agente do processo literário, e não

aos aspectos estruturais que podem intervir também no processo de atribuir

significado à leitura literária. Referindo-se especificamente a um outro aspecto

presente quando a tarefa é definir literatura e determinar seus limites, o autor

diz que a literatura inglesa no século XVII incluía tanto as obras de

Shakespeare, quanto os ensaios de Francis Bacon, os sermões de John Donne

e a autobiografia espiritual de Bunyan, ou seja, não havia, nessa época, uma

distinção entre “fato” e “ficção”. A esse respeito, ele questiona algumas

classificações, pois diz que: [...] se a literatura inclui muito da escrita “fatual”,

também exclui uma boa margem de ficção. As histórias em quadrinhos do

Super homem e os romances de Mills Boon são ficção, mas isso não faz com

que sejam geralmente considerados como literatura, e muito menos como

Literatura.

Dessa afirmação, podemos inferir a dificuldade de classificar o literário e

o não literário, pois esses critérios também apresentam mudanças espaço-

temporais. O autor diz que talvez não seja o fato de ser ficcional ou

“imaginativa” o que classifique um texto como literário ou não, mas o fato “de

empregar a linguagem de forma peculiar.” (EAGLETON, 2001). Nesse sentido,

ele cita as palavras de Jakobson, que diz que a literatura é uma violência

contra a fala comum e acrescenta que a literatura transforma e intensifica a

linguagem comum, afastando-se sistematicamente da fala cotidiana. Ele

exemplifica com a seguinte afirmação: “Se alguém se aproximar de mim em um

ponto de ônibus e disser: ‘Tu, noiva ainda imaculada da quietude’, tenho

consciência imediata de que estou em presença do literário. Sei disso porque a

tessitura, o ritmo e a ressonância das palavras superam o seu significado

abstrato – ou, como os lingüistas diriam de maneira mais técnica, existe uma

desconformidade entre os significantes e os significados. (EAGLETON, 2001).

Explica o autor, após dar esse exemplo, que a literatura usa um tipo de

linguagem que chama a atenção sobre si mesma, traço distintivo da definição

de “literário” apresentada pelos formalistas russos, que afirmavam que a

literatura era “uma organização peculiar da linguagem.” (EAGLETON, 2001).

Nessa linha de reflexão, o mesmo autor ainda afirma que a Literatura,

impondo-nos uma consciência dramática da linguagem, renova as reações

habituais, tornando os objetos mais perceptíveis, e, que o discurso literário

aliena a fala comum, porém, ao fazê-lo, “paradoxalmente nos leva a vivenciar a

experiência de maneira mais íntima, mais intensa.” (EAGLETON, 2001), ou

seja, o autor explica claramente que a literatura diferencia-se dos textos não

literários, pois oferece ao leitor a possibilidade de vivenciar e de sentir

intensamente aquilo que é apresentado pelo artista.

Vale ainda ressaltar o conceito de literatura dado por Antônio Candido,

uma vez que nos interessa, também, enfatizar o caráter humanizador da

literatura. O referido autor preocupa-se com outro aspecto da literatura e

percorre uns caminhos poucas vezes apresentados por outros teóricos: o do

direito dos indivíduos à literatura, ou seja, para o autor, além de outras

definições, a literatura é um direito. Ele analisa a sociedade, dando ênfase nas

classes sociais e nas enormes diferenças que as separam. A partir desse

ponto, ele diz que é preciso criar, desde a infância, a consciência de que os

pobres têm direito aos bens materiais, ao lazer, à arte e à literatura. Diz que

compreende Literatura, de forma muito abrangente, abarcando todas as

criações de caráter poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma

sociedade e em todos os tipos de cultura. Abrangente também, diz ele, devem

ser os grupos favorecidos com a literatura. Nesse sentido, faz uma espécie de

chamamento à sociedade, com as seguintes palavras:

“Para que a literatura chamada erudita deixe de ser privilégio de

pequenos grupos, é preciso que a organização da sociedade seja feita de

maneira a garantir uma distribuição eqüitativa dos bens. Em principio só numa

sociedade igualitária os produtos literários poderão circular sem barreiras, e

neste domínio a situação é particularmente dramática em países como o Brasil,

onde a maioria da população é analfabeta, ou quase, e vive em condições que

não permitem a margem de lazer indispensável à leitura. Por isso, numa

sociedade estratificada deste tipo, a fruição da literatura se estratifica de

maneira abrupta e alienante”. (CANDIDO, 1995: 257).

Como podemos ver, o autor faz um enfoque claramente social do direito

à literatura, chamando-a de bem humanizador, por permitir ao homem

encontrar na literatura aspectos de sua própria humanidade, devolvendo-lhe

uma consciência humana modificada pela leitura da obra literária. Este enfoque

social também apresenta uma crítica à sociedade por negar esse bem a uma

grande parte da população. Isso nos leva a pensar que a Literatura, ao ser

abordada como um bem social, e ao reconhecer que a leitura de um texto

literário provoca efeitos no leitor, deve ser repensada na sociedade, obrigando

a fazer uma análise da sua forma de inserção na escola e do tratamento dado

à disciplina em todo o contexto sócio-cultural que é um produto de consumo, de

lazer e de comunicação.

Considerando que a arte de modo geral tem uma função social, e que,

em especial, a obra literária contribui para a inserção cultural e social dos

indivíduos, centraremos nossa atenção nas necessidades dos alunos e na

escolha de elementos que sejam indispensáveis para sua formação. Para dar

ênfase às nossas reflexões sobre a importância da educação literária e de que

essa atenda às necessidades e interesses dos alunos, devemos dizer que por

meio do conhecimento e da formação literária, atingir-se-á uma conquista

maior, que é a de humanizar e de contribuir para a expressão da visão do

mundo, assim como para realizar um registro da história do homem e das

gerações, segundo Antonio Candido.

Para Zilberman (1989), geralmente as atividades pedagógicas

relacionadas com a leitura provocam tédio e fazem o aluno vivenciá-las como

se tratasse de aprisionamento, controle ou obrigação, porque o professor não

incorpora a leitura no universo do ensino. A autora diz também que a

“imaginação pertence ao mundo interior de todo individuo, mas não pode ser

acionada sem os estímulos provenientes do exterior”. (ZILBERMAN, 1989,

p.25). Esse exterior seria o texto literário, palavras escritas que enriquecem

com mais propriedade o imaginário, pois podem ir de encontro a situações

pessoais ou a situações inusitadas, produzindo, nas palavras da autora , o

“afastamento do cotidiano ou o retorno a ele, estando o leitor agora de posse

de uma nova experiência, que o prepara melhor para o enfrentamento da

experiência existencial”. (ZILBERMAN, 1989, p.25). A leitura do texto literário

contribui com o sujeito despertando a curiosidade, ajudando a desenvolver a

criatividade, a sensibilidade, dando lugar à fantasia e à expressão de

sentimentos.

Como se pode observar pela discussão aqui proposta, a literatura constitui-

se um componente curricular fundamental para a formação dos leitores. Neste

sentido propomos, a seguir, uma metodologia centrada no leitor, fazendo uso

do método recepcional, que segundo Jauss amplia o horizonte de expectativas

do leitor, na medida em que tanto em termos temáticos quanto formais, a obra

se aproxima ou se distancia dos conhecimentos do leitor.

O método recepcional de ensino da literatura enfatiza a comparação entre

o familiar e o novo, entre o próximo e o distante no tempo e no espaço”.

(Bordini & Aguiar, 1993, p.86). Esse método apresenta, com relação ao leitor,

cinco etapas:

1. Determinação do horizonte de expectativas;

2. Atendimento do horizonte de expectativas;

3. Ruptura do horizonte de expectativas;

4. Questionamento do horizonte de expectativas;

5. Ampliação do horizonte de expectativas.

Nesse processo de interação leitor texto, consideramos fundamental a

figura do leitor. Este é visto como um co-participante na produção de sentido do

texto; na medida em que o leitor leva para o texto suas expectativas, suas

experiências passadas, com as quais, seguindo pistas deixadas pelo autor,

elabora hipóteses, refutando ou reafirmando idéias e, dessa forma, constrói um

sentido para o texto. Para tal desenvolvimento, será utilizado o gênero literário

Crônica, por seu caráter leve e despretensioso que atrai e estimula a atenção

do leitor, na medida em que fala de coisas aparentemente banais e cotidianas,

mas carregadas de sensibilidade e profundidade. Assim sendo, a crônica

atende a intenção primordial deste projeto que é o de incentivar a leitura do

texto literário pelo prazer estético que o mesmo possibilita e,

conseqüentemente, por seu caráter humanizador, uma vez que satisfaz a

necessidade de fantasia de todo ser humano.

ATIVIDADES PROPOSTAS:

1.Determinação do horizonte de expectativas:

Faz-se necessário nesse momento determinar o horizonte de expectativa

do nosso leitor. Para tanto faremos alguns questionamentos oralmente com

relação a sua experiência como leitor:

1) Que tipos de texto você já leu ? Cite alguns?

2) Você tem dificuldade para ler e compreender algum texto? Há textos mais difíceis ou mais fáceis de se compreender?

3) Você se lembra de algum texto ou história lida que você achou engraçado? Qual?

4) O que mais chama sua atenção em um texto? O assunto? O tamanho? A maneira como foi escrito?

5) Diante de um texto mais longo ou difícil de entender, qual é a sua atitude ou reação? Insistir na leitura? Pular partes? Desistir?

2. Atendimento do horizonte de expectativas.

Neste momento será proposto aos alunos a leitura da crônica “A velha

contrabandista”, por se tratar de um texto fácil, curto e engraçado bem ao gosto

de suas expectativas, uma vez que estamos levando em conta os possíveis

resultados obtidos na primeira etapa de nosso trabalho. Sabe-se que os

alunos, de modo geral, tendem a gostar mais dos textos mais leves e curtos.

A Velha Contrabandista

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha. Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela: - Escuta aqui, vovozinha, a senha passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco? A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: - É areia! Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás. Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se chateou: - Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista. - Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs: - Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias? - O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha. - Juro - respondeu o fiscal. - É lambreta.

Algumas considerações a respeito do texto e que serão propostas aos

alunos para que comentem oralmente e façam uma breve análise do mesmo.

Espera- se que os alunos sejam capazes de refletir sobre o texto.

1) Quais são os personagens do texto?

2) Quais são suas principais características?

3) Existe no texto um narrador? Ele participa dos fatos narrados ou apenas conta?

4) Você achou o texto engraçado? O que dá ao texto seu tom humorístico?

5) Trata-se de um fato real (algo que realmente aconteceu) ou é apenas ficção? Comente.

6) Embora, no texto, os personagens sejam ficcionais, podemos dizer que é possível encontrar pessoas como o fiscal ou a velhinha?

2º MOMENTO

Propomos aqui a leitura de mais uma crônica humorística :

O Homem Nu

(Fernando Sabino)

Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o

sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro

da cidade, estou a nenhum.

— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.

— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir

rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica

quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.

Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.

Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um

banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu

fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o

pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e

para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado

pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia

aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si

fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à

espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do

chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher

pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:

— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.

Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.

Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro

subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!

Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o

elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a

segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:

— Maria, por favor! Sou eu!

Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos,

regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo

uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet

grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem

onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de

abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida

de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa

com o embrulho do pão.

Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.

— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.

E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em

pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que

estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava

a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o

mais autêntico e desvairado Regime do Terror!

— Isso é que não — repetiu, furioso.

Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares,

obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a

momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do

seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada:

"Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela

desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o

elevador subir. O elevador subiu.

— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem

nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.

Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-

se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:

— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...

A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:

— Valha-me Deus! O padeiro está nu!

E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:

— Tem um homem pelado aqui na porta!

Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:

— É um tarado!

— Olha, que horror!

— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!

Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele

entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do

banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na

porta.

— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.

Não era: era o cobrador da televisão.

Esta é uma das crônicas mais famosas do grande escritor mineiro

Fernando Sabino. Extraída do livro de mesmo nome, Editora do Autor - Rio de

Janeiro, 1960, pág. 65.

Trabalhando com o texto:

1) Quem é o personagem principal do texto?

2) Por que o homem combinou com a mulher de não abrir a porta se

alguém batesse?

3) Por fez silêncio dentro do apartamento, quando o homem nu bateu

na porta querendo entrar?

4) O homem nu apresenta diversas reações que mostram seu estado

emocional , o que dá um tom humorístico ao texto,pois mostra o desespero

dele. Como ele se sentiu quando:

a) Ouviu que outra porta se abria atrás de si:____________________

b) Ouviu passos na escada, lentos, vindos lá debaixo:_____________

c) Encontrou-se com a velha do apartamento vizinho:______________

d) A porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer:_______

5) Por que depois de passar por tanto sufoco, na tentativa de escapar

do cobrador da televisão, o homem nu acabou abrindo a porta para ele?

Explique com suas palavras.

6) O narrador participa dos fatos ou apenas conta o que aconteceu?

7) Podemos dizer que nos textos lidos, os personagens são tipos

comuns?

8) Quanto à linguagem utilizada nos textos, pode-se dizer que se trata

de uma linguagem comum, do dia a dia? Cite um exemplo de cada texto.

Neste momento faremos algumas considerações a respeito dos textos

lidos quanto à forma, linguagem utilizada, temática, tipo de narrador,

especificando que se trata de uma crônica humorística, além de apontar outras

características do gênero.

3) Ruptura do horizonte de expectativas:

Propomos para este momento uma pesquisa bibliográfica (livros,

internet), que será realizada em grupo de 04 alunos, sobre alguns cronistas

brasileiros e suas crônicas, entre eles os dois autores dos textos estudados:

Stanislaw Ponte Preta, Fernando Sabino, além de Rubem Braga, Carlos Heitor

Cony e Luís Fernando Veríssimo entre outros. Vale ressaltar que os temas

agora serão os mais variados, podendo aparecer crônicas de humor, costumes

e temas urbanos, crítica social, pois para Jauss, o valor de uma obra literária

decorre da percepção estética que a obra desperta no leitor, ao mesmo tempo

em que contraria a expectativa do leitor. Uma de suas teses refere-se ao

relacionamento entre literatura e a vida prática, onde procura examinar as

relações da literatura com a sociedade. Nas suas palavras: “ a relação entre

literatura e leitor pode atualizar-se tanto no terreno sensorial como estímulo à

percepção estética, como também no terreno ético enquanto exortação à

reflexão moral.” (JAUSS, 1994)

Atividades práticas:

_ Organização dos grupos;

_ Escolha ou sorteio dos autores a serem pesquisados:

_ Cada grupo irá apresentar para a sala a pesquisa realizada e

apresentar duas crônicas escolhidas por eles, durante a pesquisa;

_ Montagem de um painel com todos os autores e crônicas

selecionadas para que toda a turma tenha possibilidade de ler.

4) Questionamento do horizonte de expectativas:

O que propomos aqui é levar os alunos a se questionarem sobre seus

horizontes de expectativas, o que pode ser feito oralmemte. Ao pesquisar e ler

várias crônicas, percebe-se que é um texto de linguagem mais fácil e

acessível? É um texto que estimula o leitor por ser mais simples ou mais fácil

de compreender? Embora se trate de um tipo único (crônica), os temas ou

assuntos abordados são os mesmos? Trata-se de um texto que apenas diverte

pelo seu humor ou também leva a reflexão sobre temas mais complexos?

Atividades práticas:

1) Leitura e estudo do texto teórico sobre a crônica:

A CRÔNICA

Do grego chronikós, relativo a tempo e do Latim, ‘crônica’; o vocábulo

designava, nos tempos mais antigos, uma relação ou listagem de

acontecimentos históricos, em ordem cronológica. Os antigos cronicões eram

uma espécie de história, sem a preocupação de fazer-se uma análise ou

mesmo interpretação dos fatos. Eles foram muito comuns entre os séculos II

até aproximadamente o século XV. A partir desse momento, o termo utilizado

para esse tipo de relato cristalizou-se como ‘História’. Mas o termo crônica

continuou a ser empregado ainda durante o século XVI.

Com o passar do tempo, a conotação historicista do vocábulo ‘crônica’

foi se desfazendo até ganhar sua acepção moderna, ou seja, a de texto um

caráter com literário, mas ainda assim híbrido por circular amplamente na

imprensa. Foi no século XIX que, a partir da ampla difusão e circulação dos

jornais, a crônica estabeleceu a sua adesão definitiva aos jornais. Tornou-se

comum nos jornais franceses e não tardiamente chegou ao Brasil. Ao final do

século XIX, o Brasil tinha já importantes cronistas como J. de Alencar,

Machado de Assis e outros. Já no século XX, João do Rio, Lima Barreto fazem

o gênero ganhar larga difusão. As décadas de 30/40 contam com a presença

de Rubem Braga, Raquel Queirós, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e

Carlos Drummond de Andrade. Hoje ponteiam os jornais de grande circulação

Luís F. Veríssimo, Lourenço Diaféria, João Ubaldo ribeiro, Raquel de Queirós e

outros.

Características do gênero:

Exatamente por estar situada num suporte de natureza efêmera e que

trata do cotidiano,a crônica oscila entre a reportagem e a literatura,entre o

relato de acontecimentos triviais e a recriação do cotidiano por meio da

fantasia. Nesse sentido, será tanto mais literária quanto mais fugir da mera

descrição ou comentário do cotidiano. Por isso, a crônica literária tende sempre

à conotação, sua alma são metáforas, as comparações, o humor que dão ao

fato/acontecimento comentado uma visão sempre particular e aguçada

realidade por parte do cronista.

Marcas formais:

1.Brevidade: em geral,a crônica é um texto curto, em virtude de seu

suporte, o jornal.

2. Presença forte de subjetividade do cronista: numa crônica avulta

sempre o ‘eu’ particular do cronista que incide sobre o fato/acontecimento

comentado a sua visão muito particular. A veracidade positiva dos

acontecimentos cede lugar à veracidade emotiva com que o cronista olha o

mundo.

3.Constante interlocução com o leitor: o cronista fala diretamente com o

leitor, ele é seu alvo no sentido de transmitir uma visão da realidade, a sua

visão. Embora haja esse interlocutor explícito, MOISÉS (1983) considera a

crônica um monodiálogo, já que o cronista fala o tempo todo de si mesmo,

mesmo que a propósito de um certo acontecimento do cotidiano.

4.Linguagem literária:diferentemente dos outros textos que figuram um

jornal ou revista, a crônica tem uma linguagem que lhe é muito própria .Ela é

diferente da linguagem objetiva do texto jornalístico, pois é marcada pelo estilo

literário,cheio de metáforas,ironias,alegorias,etc. Por tratar de temas cotidianos,

a crônica é marcada pela oralidade,muito embora não deixe de lado certo

filosofismo ou mesmo uma análise mais contundente do fato/acontecimento do

qual trata o cronista.’Se,por vezes,como nos crônicas dum Rubem Braga,dum

Fernando Sabino ou dum Carlos Drummond de Andrade, para citar apenas três

dos maiores, uma transcendência emana do acontecimento,trata-se duma

transcendência ain a rasteira, a que o leitor pode aceder prontamente:

transcendência que se pode assimilar com uma simples leitura,sem apelo à

reflexão ou à inteligência crítica;transcendência que aflora ao sabor da

conversa descontraída,não a que emerge da análise exigente e vertical de uma

complexa questão ‘ (MOISES,1983)

5.Efermidade:”Ambigüidade, brevidade, subjetividade, diálogo, estilo

entre oral e literário, temas do cotidiano,ausência do transcendente,- eis os

requisitos essenciais da crônica, a que falta adicionar tão-somente um outro,

anteriormente mencionado: a efermidade. Ainda que incorrendo no pecado da

repetição creio apropositado retomar o tópico mesmo porque se relaciona com

o próprio núcleo da crônica: destina-se ao consumo diário, como nenhuma obra

que se pretenda literária.” (MOISÉS, 1983)

MOISÉS, Massaud. Crônica. In:______. A criação literária (prosa).

São Paulo: Cultrix,1993.

2) Cada grupo deverá elaborar um texto em que seja relatado os pontos

principais apresentados na discussão oral realizada até esse momento. O texto

produzido deverá contemplar também as considerações e opinião do grupo a

respeito da crônica.

5) Ampliação do horizonte de expectativas:

A ampliação do horizonte de expectativas se dará, quando o

aluno/leitor tiver o mesmo atendido para depois passar para a ruptura e

questionamento desse mesmo horizonte. Para tanto, é necessária a

intervenção do professor através da motivação e desenvolvimento de ações

concretas.

Atividades propostas:

Cada grupo deverá selecionar uma crônica, dentre todas as que foram

lidas e pesquisadas, para apresentar para toda a turma. Será feita uma

exposição oral, podendo utilizar cartazes, slides, ilustrações para expor a

análise realizada pelo grupo sobre a crônica escolhida. Deverão ser

observadas as marcas formais da crônica estuda anteriormente.

Recursos:

Textos impressos, livros de crônicas, papel, ilustrações, dicionário,

internet.

Avaliação:

Será contínua e ocorrerá através da observação direta das respostas

dadas pelos alunos (oralmente e/ou por escrito) às questões propostas, bem

como de sua participação no desenvolvimento das atividades.

Contextualizando:

A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E A LITERATURA

O foco do nosso trabalho é o incentivo à leitura de textos literários e

sabemos que nessa leitura o espaço do leitor é ainda maior do que o espaço

do qual dispõe o leitor de outros tipos de textos. Para tanto, vamos nos ater às

idéias sobre leitura apresentadas pela teoria literária, a partir das teorias que

enfocam mais especificamente o leitor e a forma como este se apropria e cria

sentidos para o texto. Entre os teóricos que se dedicam a essa abordagem

destacamos Hans R. Jauss, um dos expoentes da Estética da Recepção,

assim como Iser.

Para Jauss, o valor de uma obra literária decorre da percepção estética

que a obra desperta no leitor, ao mesmo tempo em que contraria a expectativa

do leitor. Uma de suas teses refere-se ao relacionamento entre literatura e a

vida prática, onde procura examinar as relações da literatura com a sociedade.

Nas suas palavras: “ a relação entre literatura e leitor pode atualizar-se tanto no

terreno sensorial como estímulo à percepção estética, como também no

terreno ético enquanto exortação à reflexão moral.” (JAUSS, 1994)

Em outras palavras, pode-se dizer que quando o leitor mergulha no texto

vai fazendo previsões em todo momento, durante toda a leitura e, tais

previsões, com certeza, serão construídas a partir do seu universo particular e

é isso o que estabelece a diferença entre as formas de ler um texto e as formas

de completá-lo, haja vista que nele há trilhas, como se fosse um bosque, as

quais se bifurcam e o leitor decide se toma a trilha da direita ou a da esquerda,

porque quando o texto se cala, deixando lacunas, espaços vazios, silêncios, o

leitor exerce sua função de co-autor, completando o sentido do texto.

Iser (1999) diz que a descrição da interação entre texto e leitor deve referir-

se em primeiro lugar aos processos constitutivos pelos quais os textos são

experimentados na leitura. Desse modo, deve-se substituir a velha pergunta

sobre o que significa determinado texto, pela de quais efeitos causou no leitor

no momento de ler, e depois, já que a obra literária tem dois pólos: um,

artístico, que é o próprio texto criado pelo autor e um pólo estético, que é a

concretização produzida pelo leitor. O objeto ideal não é dado pela obra e sim o

constitui o leitor. Isso não significa que o leque de possibilidades que a obra

abre para o leitor, dê a oportunidade de uma interpretação aleatória, pois os

elementos de indeterminação permitem, sem dúvida, certo espectro de

realização, mas isso não significa que a compreensão seja aleatória, pois

representa a condição central para a interação entre texto e leitor.

A ESCOLHA DA CRÔNICA

Mesmo considerada por muitos como um “gênero menor” (CANDIDO,

1992), ainda assim, a crônica, está incorporada à categoria de Gênero

Literário, e, por extensão, passa a pertencer ao universo das obras de arte.

O fato de a crônica não participar, dentro do campo da Literatura, do

elenco dos gêneros considerados mais “nobres”, em vez de diminuir sua

importância, acaba por ressaltar qualidades que, além de serem decisivas para

sua fixação e permanência no campo, serão reveladoras de um instrumento

imprescindível na arte da iniciação à leitura e à vida literária, como bem

destacou Antônio Candido:

“... a crônica é um gênero menor. [...] Graças a Deus, __ seria o caso de

dizer, porque sendo assim ela fica perto de nós. E para muitos pode servir de

caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto, mas para a literatura.

[...] Por meio dos assuntos, da composição aparentemente solta, do ar de coisa

sem necessidade que costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo

dia. Principalmente por que elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso

modo de ser mais natural. Na sua despretensão, humaniza; e esta

humanização lhe permite, como compensação sorrateira, recuperar com a

outra mão uma certa profundidade de significado e um acabamento de forma,

que de repente podem fazer dela uma inesperada embora discreta candidata à

perfeição.”

A arte, pelo fato de poder retratar as experiências universais dos

indivíduos e pela sua capacidade humanizadora, muitas das vezes, consegue

explicar melhor o mundo concreto do que inúmeros tratados de Ciências

Sociais. Nesse sentido, Candido (1992) menciona que para a investigação em

andamento, a crônica cumpre plenamente seu papel, como pode ser

observado a seguir:

“É curioso como elas (as crônicas) mantêm o ar despreocupado, de

quem está falando de coisas sem maior conseqüência; e, no entanto, não

apenas entram fundo no significado dos atos e sentimentos do homem, mas

podem levar longe a crítica social.

[...] Quero dizer que por serem leves e accessíveis talvez elas

comuniquem mais do que um estudo intencional a visão humana do homem na

sua vida de todo o dia.

[...] É importante insistir no papel de simplicidade, brevidade e graça

próprias da crônica. Os professores tendem muitas vezes a incutir nos alunos

uma idéia falsa de seriedade; uma noção duvidosa de que as coisas sérias são

graves, pesadas, e que conseqüentemente a leveza é superficial. Na verdade,

aprende-se muito quando se diverte, e aqueles traços constitutivos da crônica

são um veículo privilegiado para mostrar de modo persuasivo muita coisa que,

divertindo, atrai, inspira e faz amadurecer a nossa visão das coisas.”

CANDIDO, Antônio. “A Vida ao Rés-do-Chão” In. A Crônica: O Gênero, sua

Fixação e suas Transformações no Brasil. Campinas, SP: Editora da

UNICAMP; Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa, 1992, p. 13-14. 25

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de & BORDINI, Maria da glória. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. 2ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

CANDIDO, Antônio. “A Vida ao Rés-do-Chão” In. A Crônica: O Gênero, sua Fixação e suas Transformações no Brasil. Campinas, SP: Editora da UNICAMP; Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa, 1992, p. 13-14. 25

_________________. Literatura e sociedade. São Paulo: Nacional, 1976.

_________________. A literatura e a formação do homem, In: Revista Ciência e Cultura. Piauí: Universidade Federal do Piauí, 1972.

_________________"O direito à literatura". In: Vários escritos. 3. ed. revista e ampliada. São Paulo: Duas Cidades, 1995.

EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma introdução. Tradução de Waltensir Dutra.São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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________. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução J. Kretschmer.São Paulo: Editora 34, 1999. v.2

JAUSS, H. R. A história da literatura como provocação à teoria literária. Trad. S.Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994.

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ZILBERMAN, Regina. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo: Ática, 1989.