unidade 2 parte 3
TRANSCRIPT
13/04/2015
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Mercado Financeiro
Unidade 2 – Parte 3
Profa. Gisele F. Tiryaki
ECO 174 – Economia Monetária
FCE/UFBA
Sumário
Custos de Transação e de Informação
Informação Adversa e Risco Moral
Informação Assimétrica e o Mercado Financeiro
Crises Financeiras – Análise Novo-Keynesiana
Causas e consequências: as fases das crises financeiras
Países desenvolvidos
Países em desenvolvimento
Crises Financeiras – Análise de Minsky
13/04/2015
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Custos de
Transação e de
Informação
Introdução Custos de transação e de informação: elevam o custo de obtenção
de recursos pelos tomadores de empréstimos e reduzem o retorno esperado dos poupadores Custos de transação: custos associados com a venda/compra de
instrumentos financeiros (comissões, requisitos mínimos de investimento, despesas de advocacia)
Custos de informação: custos associados com a avaliação da credibilidade dos tomadores de recursos e monitoramento de uso desses recursos Trabalhos importantes nesta área: Bernanke & Gertler (1995), Bernanke &
Blinder (1992), Bernanke, Gertler & Gilchrist (1994)
Oportunidades de ganhos: agentes econômicos que se especializam na intermediação entre tomadores de empréstimos e poupadores e no monitoramento e seleção de tomadores de empréstimos
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Introdução Intermediários financeiros: vantagens associadas à economia de
escala e escopo
Poupadores individuais incorrem em menores custos na aquisição de
ativos financeiros se a operação é feita em conjunto: custo por
unidade transacionada reduz (custos legais, networks de caixas
eletrônicos)
Problemas de assimetria de informação são minimizados: tomadores
de empréstimos possuem informações sobre as condições financeiras
e operacionais da empresa e sobre a utilização de recursos que não
estão facilmente disponíveis aos poupadores
Problema Principal-agente: Desinformado vs. Detentor de informação
privada
Economias de escopo: oferta de serviços múltiplos
Assimetria de Informação Implicação: preço reflete qualidade (Stiglitz, 1987)
O equilíbrio não ocorre necessariamente onde demanda é igual à oferta
Lei do preço único pode não ser válida: observa-se um conjunto de preços de equilíbrio para bens/serviços com qualificações observáveis semelhantes
Curva de demanda pode ser inclinada positivamente: Quando o preço de uma ação sobe, compradores desinformados podem
acreditar que o retorno esperado é maior, elevando a demanda
Quando o salário aumenta, a produtividade pode aumentar, elevando a demanda por trabalho
Mercados tornam-se restritos e podem até deixar de existir
Bem estar social pode ser melhorado com intervenções, sejam elas do setor privado ou governamentais
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Assimetria de Informação Seleção adversa: como diferenciar, em um conjunto de
demandadores de recursos, aqueles que representam maior ou menor risco de default?
Problema dos “limões” no mercado de carros usados: Akerlof (1970) Vendedores de carros usados possuem informação sobre o estado do
veículo que não estão disponíveis para os compradores em potencial
Exemplo: assuma que p(bom estado) = p(mau estado) e que o valor de um carro em bom estado é igual a R$30 mil e em mau estado é igual a R$20 mil. Qual o preço que um comprador estaria disposto a pagar pelo carro usado? Esse preço pode representar um equilíbrio?
Resultado: possibilidade de extinção do mercado de carros usados!!!
Solução: concessionárias (intermediação)
Assimetria de Informação
Seleção adversa em outros mercados:
Mercado de trabalho
Mercado de seguros de saúde
Mercado financeiro: seleção adversa eleva o custo com
concessão de empréstimos e gera racionamento de crédito
Taxas de juros altas: tomadores de empréstimos em potencial
tendem a direcionar recursos para projetos envolvendo maior
risco
Stiglitz (1987): curva de oferta invertida!
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Seleção Adversa no Mercado
Financeiro
Taxa de
Juros, r
Empréstimos
D
S1 S2
r*
Racionamento
de crédito
Seleção Adversa no Mercado
Financeiro
Taxas de juros: componente de risco é internalizado, o que
eleva o custo com obtenção de recursos externos (“external
finance premium”)
Empresas com situação financeira robusta: financiamento de
projetos principalmente com recursos internos
Racionamento de crédito: limitações no volume de recursos
para empréstimos
Implicação: restrições de oportunidades para investimento em
capital, geração de emprego e produção
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Fontes de Financiamento de
Projetos Como fica o Teorema
de Modigliani e Miller
na presença da
assimetria de
informação?
Seleção Adversa no Mercado
Financeiro – O Que Fazer?
Estabelecimentos de contratos lastreados por garantias (ativos
da empresa) e possibilidade de acesso ao patrimônio líquido
(e.g. pagamento prioritário aos portadores de títulos em caso
de falência da empresa)
Produção e comercialização de informação: avaliadores de
risco
Problema 1: existência de “free-riding” entre investidores
desestimula a aquisição de informação
Problema 2: conflito de interesse
Quem remunera os avaliadores de risco? O que ocorre quando avaliadores
ofertam serviços de consultoria para empresas?
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Seleção Adversa no Mercado
Financeiro – O Que Fazer?
Disponibilização mandatória de dados financeiros auditados
independentemente: regulação governamental
Problema: conflito de interesse (quando auditores ofertam serviços
relacionados e não relacionados com auditoria)
Exemplo: Arthur Andersen
Até os anos 80: auditoria representava a fração mais significativa do negócio
Final dos anos 80: receitas com serviços de consultoria cresceram
significativamente e o mercado de auditoria tornou-se mais competitivo
2000: divisão das unidades de negócio (Arthur Andersen/Andersen Consulting)
2002: Arthur Andersen é condenada por obstrução à justiça em relação ao caso
Enron e fecha as portas
Assimetria de Informação Risco Moral: assimetria que ocorre ex-post
Exemplo clássico de risco moral: mercado de trabalho
Risco moral em outros mercados: mercado de seguros,
mercado de produtos
Mercado financeiro: há incentivo para utilizar os recursos com
uma estratégia que envolve mais risco e assim absorver o ganho
excedente em caso de sucesso
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Risco Moral no Mercado Financeiro Financiamento através da emissão de ações: conflito de interesses
entre a gerência da empresa e os acionistas (Jensen & Meckling, 1976)
Interesse da gerência: maximizar benefícios pessoais e apresentar um menor nível de lucro e de pagamento de dividendos
Solução 1: auditoria de informações financeiras
Solução 2: desempenho da firma e reputação da gerência (importância de mercados de capitais desenvolvidos)
Financiamento através de empréstimos: tomadores de empréstimos têm incentivo em incorrer em risco adicional em relação ao indicado na contratação (absorver lucro excedente)
Risco Moral no Mercado Financeiro Como reduzir os custos de informação?
Restrição no nível de risco que o tomador de empréstimo pode
incorrer: cláusula contratual impondo o investimento de
recursos somente em projeto pré-especificado
Imposição de nível mínimo de patrimônio líquido a ser mantido
Estabelecimentos de contratos lastreados por garantias (ativos
da empresa) e possibilidade de acesso ao patrimônio líquido
(e.g. pagamento prioritário aos portadores de títulos em caso de
falência da empresa)
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Informação Assimétrica no Mercado
Financeiro: Implicação
Custos de agência: custo incorrido pelos emprestadores de
recursos na tentativa de suprimir a assimetria de informação
Prêmio pago quando se necessita de recursos de terceiros: “external finance
premium”
Acelerador financeiro e os ciclos econômicos
Balanço contábil-financeiro da empresa e a taxa de investimento:
excesso de sensibilidade do investimento a flutuações no fluxo de
caixa
O que acontece quando a taxa de juros se eleva em razão de uma política
monetária restritiva?
Desestimula a atividade econômica, reduzindo consumo e receitas das empresas
Reduz os preços de ativos, deteriorando o valor do colateral
Eleva as despesas financeiras, reduzindo o fluxo de caixa das firmas
Papel dos Intermediários Financeiros
Possibilitam a minimização de problemas de assimetria de
informação: especialização em avaliação e monitoramento de
tomadores de empréstimos
Fonte de financiamento principalmente para pequenas e médias
empresas
Grandes corporações: mercado de capitais
Gertler & Gilchrist (1994):
Evidência: firmas de pequeno porte estão mais expostas a choques
monetários, pois são mais dependentes do sistema bancário
Firmas de grande porte: impacto sobre estoques com defasagem e menos
representativo (acesso ao mercado de capitais)
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Gertler & Gilchrist (1994)
Risco Liquidez
Infor-
mação
Informação Assimétrica: Resumo
Poupadores
Seleção
Adversa e
Risco Moral
Tomadores
de
Empréstimo
1. Não conseguem
diferenciar riscos
2. Não conseguem
monitorar uso de
recursos
1. Possuem informação
privada sobre riscos
2. Possuem informação
privada sobre uso de
recursos Soluções:
• Disponibilização de dados financeiros
• Contratos lastreados por garantias
• Acesso prioritário ao PL
• Regulação governamental
• Intermediação financeira
Recursos Recursos
Retorno Retorno
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Questões para Revisão
Como a existência de informação assimétrica justificaria a
intervenção governamental na economia? Existiriam
alternativas?
Quanto maior o valor da garantia de um empréstimo, menos
o emprestador tem que se preocupar com seleção adversa.
Essa afirmação é verdadeira, falsa ou incerta?
Como o conflito de interesses pode fazer com que empresas
que ofertam serviços financeiros tornem-se menos eficientes?
Como a existência de “free riding” agrava os problemas de
informação assimétrica nos mercados financeiros?
Crises Financeiras
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Crises Financeiras
Característica principal: declínio abrupto nos preços de ações
e falências de empresas
Diagnóstico Novo-Keynesiano: problema de informação
assimétrica se torna crônico em função de uma ruptura no
sistema financeiro
Mercado financeiro torna-se incapaz de canalizar de forma
eficiente os recursos dos poupadores para os tomadores de
empréstimos
Resultado: atividade econômica declina acentuadamente
Impacto na concessão de financiamentos, no investimento,
emprego e produção
Crises Financeiras – Causas
Deterioração do balanço patrimonial de tomadores
de empréstimos
Deterioração do balanço patrimonial de instituições
financeiras
Crises bancárias
Elevação na incerteza
Elevação das taxas de juros
Desequilíbrio fiscal do governo
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Deterioração no Balanço Patrimonial –
Tomadores de Empréstimos
Desvalorização substancial no mercado de
ações: redução no patrimônio líquido das empresas
Dificuldade de obter financiamento em função do
agravamento de problemas com seleção adversa e com
risco moral:
Credores estão menos protegidos (perdas com empréstimos
concedidos podem ser severas)
Firmas tendem a incorrer em maior risco (relação capital
próprio/débito reduz com a queda no patrimônio líquido)
Deterioração no Balanço Patrimonial –
Tomadores de Empréstimos
Redução no nível de preço esperado de forma
inesperada: eleva o nível de endividamento em termos
reais
Contratos de financiamento baseado em taxas de juros
nominais: redução da inflação eleva o valor de financiamentos
contratados em termos reais, mas não eleva o valor real dos
ativos
r = i – πe
Implicação: deterioração do patrimônio líquido das empresas,
agravando os problemas de risco moral e seleção adversa
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Deterioração no Balanço Patrimonial –
Tomadores de Empréstimos
Depreciação inesperada na taxa de câmbio:
Se agentes econômicos fizeram contratos de financiamento no
mercado internacional, ocorre a elevação do valor de
financiamentos contratados em termos reais, mas não eleva o
valor real dos ativos (denominados em moeda local)
Implicação: deterioração do patrimônio líquido das empresas,
agravando os problemas de risco moral e seleção adversa
Impacto do Mercado de Ativos no
Balanço Patrimonial - Resumo
Efeitos do Mercado de Ativos:
• Queda da Bolsa
• Queda em PE
• Depreciação da ε
Redução do PL das empresas ou
elevação no passivo
Agravamento de problemas de informação assimétrica
Redução na disponibilidade de
financiamento
Queda no investimento
Queda na produção agregada da economia
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Outros Fatores que Causam uma Crise
Financeira
Deterioração do balanço patrimonial de instituições
financeiras
Redução no capital dos bancos diminui a concessão de
empréstimos: redução em investimento e contração da atividade
econômica
Crise bancária: falência de instituições financeiras
Pânico e contágio: agravamento do problema de assimetria de
informações (poupadores preocupam-se com a segurança de
seus depósitos)
Implicação: redução nos depósitos diminui o volume de
recursos disponíveis para financiamento
Outros Fatores que Causam uma Crise
Financeira
Elevação da incerteza: falência de instituição financeira de porte,
recessão ou colapso da bolsa de valores
Maior dificuldade para emprestadores distinguirem entre riscos de
crédito elevados e baixos
Elevação das taxas de juros: aumento na demanda por crédito ou
redução na oferta monetária
Tomadores de empréstimos com riscos de crédito menos
significativos saem do mercado: agravamento do problema de seleção
adversa
Impacto negativo no fluxo de caixa das firmas com a elevação nas
despesas financeiras: redução na disponibilidade de recursos internos
para financiamento de projetos agravando problemas de seleção
adversa e risco moral
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Outros Fatores que Causam uma Crise
Financeira – Países Emergentes
Desequilíbrios fiscais: elevação da incerteza relacionada
ao pagamento de dívidas por parte do governo
Redução na disposição de investidores individuais em adquirir
títulos do governo: instituições financeiras podem ser
compelidas pelo governo a adquirir títulos
Preço dos títulos do governo tende a reduzir: deterioração do
balanço patrimonial das instituições financeiras, diminuindo a
disponibilidade de recursos disponíveis para empréstimos
Crise Financeira: Fase 1
Agravamento de problemas
de seleção adversa e
risco moral
Deterioração dos balanços
patrimoniais de inst. financeiras
Declínio nos preços dos ativos
Elevação nas taxas de juros
Elevação da incerteza
Fatores que causam a crise financeira Consequências das variações nesses fatores
Legenda:
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Fase 1 – Razões para o Declínio dos
Preços dos Ativos
Valorização e desvalorização dos preços dos ativos: mercado
de capitais e de hipotecas
“Psicologia do investidor” (espírito animal): preços > valor
fundamental
Flexibilização da concessão de crédito e utilização dos recursos
para compra de ativos financeiros e residenciais
Colapso da bolha:
Redução da credibilidade de tomadores de empréstimos
Deterioração do balanço patrimonial das instituições financeiras
Contração na concessão de empréstimos, redução nos investimentos e na
atividade econômica
Fase 1 – Razões para a Elevação nas
Taxas de Juros
Política monetária restritiva ou elevação na demanda por
empréstimos
Redução no fluxo de caixa das empresas e das unidades
familiares
Elevação no pagamento de juros de empréstimos
Implicação: redução no volume de recursos próprios que
podem ser destinados ao financiamento de projetos
Agravamento dos problemas de seleção adversa e risco moral
Redução na concessão de empréstimos, no investimento e na
atividade econômica
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Fase 1 – Razões para a Elevação
na Incerteza
Iminência de uma recessão, colapso do mercado de capitais
ou colapso de uma instituição financeira proeminente
Possibilidade de pânico e hesitação dos poupadores de
manterem recursos nas instituições financeiras
Deterioração do balanço patrimonial das instituições financeiras
Contração na concessão de empréstimos, redução nos
investimentos e na atividade econômica
Fase 1 – Razões para a Deterioração dos
Balanços Patrimoniais das Inst. Financeiras
Gerenciamento Precário do Processo de Liberalização
Financeira
Liberalização: eliminação de restrições impostas anteriormente
ao mercado e instituições financeiras
Vantagens da liberalização: desenvolvimento do mercado
financeiro
Problema: concessão rápida e expressiva de empréstimos e
exposição excessiva das instituições financeiras ao risco
Risco moral: possibilidade de resgate pelo banco central
Solução: regulação e supervisão constante do governo
Ausência de regulação e supervisão: exposição ao risco pode ser
explosiva
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Gerenciamento Precário do Processo de
Liberalização Financeira
Erosão do patrimônio líquido das instituições financeiras
Redução na concessão de empréstimos, agravada pela hesitação dos poupadores de manterem recursos nas instituições financeiras
Agravamento dos problemas de seleção adversa e risco moral
Declínio no investimento e na atividade econômica
Crise Bancária: Fase 2
Fase 1: agravamento de problemas de
seleção adversa e risco moral
Crise bancária: pânico e retirada de recursos das inst. financeiras pelos poupadores
Agravamento de problemas de seleção adversa e risco moral
Declínio da atividade econômica ainda
maior
Fatores que causam a crise financeira Consequências das variações nesses fatores
Legenda:
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Crises Financeiras Brandas
Processo recessivo: firmas e instituições financeiras robustas
sobrevivem
Declínio da incerteza, mercado de capitais começa a reagir e
taxas de juros declinam
Problemas de seleção adversa e risco moral diminuem e a
economia retoma a estabilidade
Problema: quando o processo recessivo leva a uma redução
expressiva e inesperada no nível de preços dos ativos...
Deflação de Ativos: Fase 3
Declínio não-antecipado no nível de preços
Elevação do endividamento e deterioração do
Patrimônio Líquido das empresas
Agravamento de problemas de seleção adversa e risco moral
Declínio da atividade econômica
Fatores que causam a crise financeira Consequências das variações nesses fatores
Legenda:
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A Grande Depressão Bolha no mercado de capitais: especulação levou o Fed a elevar as
taxas de juros
Bolha rompeu: queda de 11% na bolsa em outubro de 1929
1930: declínio de preços foi revertido, mas novo choque
ocorreu...
Agricultura sofreu choques expressivos: falência de bancos nas regiões
agrícolas espalhou-se pelos centros financeiros mais relevantes
Pânico reduziu o volume de intermediação financeira e agravou problemas
de seleção adversa e risco moral
Investimento e atividade econômica: declínio abrupto (desemprego: 20%)
Preços declinaram de maneira substancial: deflação de ativos
A Grande Depressão - 1930
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Crise Financeira de 2007-2008 Origem: gerenciamento precário de inovação financeira no
mercado de hipoteca residencial sub-prime e rompimento de
bolha na precificação de ativos residenciais
Origem da bolha: fluxo substancial de recursos de países como
China e Índia a partir do final da crise em 2001
Crédito barato: preços dos ativos aumentaram substancialmente
Elevação na complexidade dos instrumentos financeiros utilizados
Agravamento dos problemas de informação assimétrica
Rompimento da bolha: queda nos preços do mercado residencial
Valor dos empréstimos excede valor do ativo hipotecado: defaults
generalizados
Dow Jones Industrial Average
0
100,000,000
200,000,000
300,000,000
400,000,000
500,000,000
600,000,000
700,000,000
800,000,000
0.00
2,000.00
4,000.00
6,000.00
8,000.00
10,000.00
12,000.00
14,000.00
Jan
2, 2
008
Jan
17, 2
008
Feb
4, 2
008
Feb
20, 2
008
Mar
6, 2
008
Mar
24,
200
8
Apr
8, 2
008
Apr
23,
200
8
May
8,
2008
May
23,
200
8
Jun
10, 2
008
Jun
25, 2
008
Jul 1
1, 2
008
Jul 2
8, 2
008
Aug
12,
200
8
Aug
27,
200
8
Sep
12, 2
008
Sep
29, 2
008
Oct
14,
200
8
Oct
29,
200
8
Nov
13,
200
8
Dec
1, 2
008
Dec
16,
200
8
Vo
lum
e N
ego
ciad
o
Pre
ço d
e F
ech
amen
to
Preço Volume
Preço em
25/04/14:
US$ 16.361,46 Fonte: Commodity
Systems Inc., 2014
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Crise Financeira de 2007-2008 Deterioração no balanço patrimonial das instituições
financeiras: impacto global
Falência de bancos de investimento de porte
Resgate pelos bancos centrais
Brasil:
Regulação do mercado financeiro mais restritiva
Baixa exposição a riscos pelos bancos
Atividade econômica declinou substancialmente, mas se
recuperou mais rápido
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Atividade Econômica (PIB Real per
capita – US$ 2005): Brasil vs. EUA
Fonte: Banco Mundial (2015)
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000 19
60
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
Brasil EUA
Atividade Econômica
(Desemprego): Brasil vs. EUA
Fonte: Banco Mundial (2015)
0
2
4
6
8
10
12
1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
BRA USA
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Crises Financeiras em Mercados
Emergentes
Agravamento de problemas
de seleção adversa e
risco moral
Deterioração dos balanços
patrimoniais de inst. financeiras
Declínio nos preços dos
ativos
Elevação nas taxas de juros
Elevação da incerteza
Desequilíbrios Fiscais
Fatores que causam a crise financeira Consequências das variações nesses fatores
Legenda:
Crises Financeiras em Mercados
Emergentes: Dois Caminhos Iniciais
Gerenciamento precário do processo de liberalização
financeira
Supervisão regulatória das instituições financeiras: precária
Instituições financeiras possuem pouca capacitação na seleção e
monitoramento dos tomadores de recursos
Resultado: expansões de crédito normalmente ocorrem com
maior exposição ao risco por parte das instituições financeiras
Liberalização: facilita a tomada de empréstimos por parte de
bancos domésticos no mercado internacional
Exemplo: Asia em 1997
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Crises Financeiras em Mercados
Emergentes: Dois Caminhos Iniciais
Desequilíbrios fiscais: déficits fiscais significativos que
precisam ser financiados
Bancos domésticos são compelidos a adquirir títulos do governo
Crise de credibilidade: descrença na capacidade do governo de
pagar dívidas e deflação no preço desses ativos
Implicações:
Deterioração no balanço patrimonial dos bancos
Declínio na concessão de empréstimos
Exemplos: Argentina em 2001-2002, Rússia em 1998, Grécia e
outros países do sul da Europa em 2011/2012
Crise Cambial: Fase 2
Fase 1: agravamento de problemas de seleção adversa e
risco moral
Crise Cambial
Agravamento de problemas de seleção adversa e risco moral
Declínio da atividade econômica ainda
maior
Fatores que causam a crise financeira Consequências das variações nesses fatores
Legenda:
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Crise Cambial
Ataque especulativo e depreciação da taxa de câmbio:
oportunidade de lucros
Fatores que precipitam o ataque:
Deterioração no balanço patrimonial das instituições financeiras
Governo: habilidade limitada para defender a moeda local
Exaustão das reservas cambiais
Desvalorização cambial
Desequilíbrios fiscais severos: impacto sobre o balanço
patrimonial das instituições financeiras
Crises Gêmeas: Fase 3
Crise Cambial: endividamento das
firmas se eleva (empréstimos em
moeda estrangeira)
Agravamento de problemas de seleção adversa e risco moral
Crise Bancária
Agravamento de problemas de seleção adversa e risco moral
Declínio da atividade econômica
Fatores que causam a crise financeira Consequências das variações nesses fatores
Legenda:
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Crises Financeiras – Visão de
Minsky
Hipótese da Fragilidade Financeira – Minsky
Objetivo: adicionar uma teoria financeira do investimento à
teoria dos ciclos (investimento) de Keynes
As economias de mercado são inerentemente instáveis
Não existem mecanismos de mercado capazes de garantir uma
trajetória de crescimento com estabilidade
Instabilidade endógena: resultado da própria estrutura das
economias de mercado, independente da ocorrência de “choques
exógenos”
Moeda não é neutra: curto e longo prazo
Papel central das instituições financeiras
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Papel do Sistema Financeiro
Método utilizado para se financiar aquisição de ativos
assume papel de grande relevância
Presença de incerteza para ambas as partes no contrato de
financiamento: pagamento futuro do empréstimo será
realizado?
Instabilidade financeira: se uma parte falha em honrar o
contrato, a outra parte pode enfrentar problemas de
solvência
Quando o não pagamento de contratos se generaliza, o valor dos
ativos financeiros cai: deflação de débito
Teoria Financeira do Investimento
Os ciclos na economia capitalista refletem a instabilidade
inerente da economia
Funcionamento saudável da economia capitalista depende da
existência de investimentos geradores de lucros
Em uma economia capitalista dinâmica, firmas normalmente precisam de
recursos de terceiros para financiar seus projetos
Flutuações nos investimentos determinam se as dívidas poderão ou não ser
pagas
Fluxos de caixa (lucros) gerados pela atividade econômica:
Utilizados como garantias para financiar posições em ativos de capital
Utilizados para honrar as obrigações de pagamentos originadas em decisões
passadas de financiamento
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Teoria Financeira do Investimento
Porque os investimentos flutuam? Financiamento com recursos de terceiros e o comportamento dos agentes
econômicos no ciclo econômico Hedge: fluxo de caixa esperado excede, em todos os períodos, os compromissos
contratuais de pagamentos de passivos
Especulativo: fluxo de caixa esperado para todo o período previsto excede o total de pagamentos de dívidas, mas, no curto prazo, o fluxo de caixa pode ser inferior aos compromissos totais
Refinanciamento de empréstimos eventualmente é necessário
Ponzi: o fluxo de caixa é inferior aos compromissos financeiros em todo o período
Refinanciamento do principal e do pagamento de juros: postura de alto risco
Grau de instabilidade depende do número de empresas com comportamento especulativo e Ponzi
Importante: o comportamento precisa ser validado pelo mercado financeiro Pontos de inflexão dos ciclos: reflexo de mudanças na política de concessão de
crédito por parte do mercado financeiro
Minsky e os Ciclos Econômicos
Tempo
Y
QH > QE + QP
QE e QP ↑
QH < QE + QP
QE e QP ↓
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Minsky e os Ciclos Econômicos
Recessão: expectativas de lucro são desfavoráveis, mas a estrutura
financeira da economia é robusta
Maioria das firmas com posturas especulativas e Ponzi entraram em falência no
período de deflação de débito anterior
Recuperação: os lucros começam a crescer, mas o comportamento
cauteloso predomina
Paulatinamente, com a melhora nas perspectivas de lucro e com expectativas
mais otimistas, as firmas começam a pleitear financiamento externo: cresce o
número de firmas com comportamento especulativo e Ponzi
Minsky e os Ciclos Econômicos
Boom: expectativas estão extremamente otimistas e o crescimento nos
compromissos financeiros excede o crescimento nos lucros
Firmas precisam recorrer crescentemente a novos recursos externos para
refinanciar seus compromissos financeiros: exposição ao risco cresce
significativamente
Instituições financeiras passam a recusar a concessão de novos empréstimos
As dificuldades no acesso ao crédito levam empresas à falência e a
atividade econômica começa a reduzir: novo período recessivo
emerge