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UniBrasil Centro Universitário Jornalismo Dar à luz histórias sobre partos Uma discussão sobre a utilização do livro-reportagem para esclarecimento de informações sobre saúde

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UniBrasil Centro Universitário Jornalismo

Dar à luz – histórias sobre partos Uma discussão sobre a utilização do livro-reportagem para esclarecimento de

informações sobre saúde

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Curitiba

2016 Andreza Paula Rossini

Dar à luz – histórias sobre partos Uma discussão sobre a utilização do livro-reportagem para esclarecimento de

informações sobre saúde

Projeto experimental de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Jornalismo no Centro Universitário UniBrasil como requisito para obtenção de graduação em jornalismo. Orientador: Prof. Paulo Camargo.

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Curitiba

2016 - Dedicatória

Aos meus pais, pelo imenso apoio durante todo o período de graduação.

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- Agradecimentos

As orientadoras Ivana Paulatti e Maura Martins e ao orientador Paulo

Camargo. Agradeço também a todos os calouros que ajudaram com a transcrição

dos áudios das entrevistas e aos colegas que indicaram fontes. Um obrigada

especial para todas as mães que compartilham as histórias pessoais e aos

profissionais que passaram um pouquinho do conhecimento. Todos tem minha

gratidão.

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Resumo do Trabalho

A pesquisa investiga a utilização do livro-reportagem como forma de

comunicação com as gestantes, em assuntos referentes à saúde. O estudo

aborda a aplicação de recursos do jornalismo literário, como a descrição de cenas,

espaço temporal, geográfico e perfil de personagens para tratar de saúde com o

público leigo na linguagem científica.

Para tanto, foi construído um livro-reportagem que descreve os diversos

tipos de partos, como o natural, normal, cesáreo e humanizado – com uma

narrativa humanista.

O objetivo é explicar às gestantes como são realizados os procedimentos,

quais as possibilidades, riscos e indicações de cada um deles, intercalando

histórias de personagens e opiniões médicas.

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Sumário

Introdução 07

1 - Identificação do Tema e Delimitação do Problema 08

1.1- Conceito de Parto 08

1.2- Gestantes e a adaptação da transição do parto de casa para o

hospital 09

1.3- Humanização do parto 10

1.4- Humanização do parto na medicina 14

1.5- Parto humanizado em Curitiba 16

1.6- Pesquisa de conteúdo na mídia 21

2 – Objetivo Geral 25

3 – Objetivos específicos 26

4 – Justificativa 27

4.1 – Panorama do Parto no Brasil 27

4.2 – Produtos jornalísticos relacionados ao tema 28

4.3 – Escolha do livro-reportagem 30

5 – Fundamentação teórica pertinente ao trabalho 32

5.1 – Agenda Setting 32

5.2– Como é o agendamento do parto na mídia paranaense 34

5.3 – A hipótese da agulha hipodérmica e a questão da organização 35

5.4 – A humanização no jornalismo e a relação com a ciência 40

5.5 – A representação da realidade por meio do livro-reportagem 43

5.6 – Perfil de personagens no jornalismo literário 45

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6 – Metodologia 47

6.1 – Metodologias aplicadas no processo científico 47

6.1.1 – Pesquisa bibliográfica 47

6.1.2 – Pesquisa de Campo 50

6.1.3 – Pesquisa de mídia 52

6.2 – Metodologias aplicadas no produto 54

6.2.1 – Técnicas de entrevista 55

6.2.2 – A ética na produção do livro-reportagem sobre parto humanizado 57

6.2.3 – Aplicação das técnicas no desenvolvimento do produto 60

7 – Delineamento do produto 65

7.1 – Orçamento 67

7.2 – Publicação 67

8 – Considerações finais 69

9 – Referências Bibliográficas 70

10 – Apêndices 78

11 – Anexos 91

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Introdução

Esta pesquisa discute de que forma o jornalismo pode ser utilizado para

auxiliar as gestantes a alcançarem mais informações a respeito das possíveis

formas de parto existentes. A pesquisadora aborda o parto natural – quando é

realizado o parto normal sem intervenções medicamentosas – parto normal e

cesáreo, além da humanização que pode ser realizada em qualquer um dos

procedimentos citados, respeitando e dando maior autonomia à gestante.

Também são tratados assuntos correlatos à gestação, como depressão e

violência obstétrica, intervenção de familiares na gestação, relação entre médico e

paciente e anestesias.

Todo o contexto histórico dos partos é tratado na monografia, que discute

também a transição dos partos de casa para o hospital, possibilitado por

facilidades econômicas. A diferença no entendimento de humanização das

gestantes e dos profissionais de saúde, responsáveis pelo atendimento também é

um dos pontos ressaltados na pesquisa. No Brasil, a taxa de realização de

cesarianas é de 84% enquanto o recomendado pela Organização Mundial da

Saúde é de 15%.

Para esclarecer as gestantes sobre o assunto, foi desenvolvido um livro-

reportagem, escrito com técnicas do jornalismo literário, elaborando perfis de

personagens capazes de abordar as particularidades do assunto e explicar os

ônus e os bônus de cada tipo de parto. A linguagem do produto humaniza as

entrevistadas e as aproxima da realidade das leitoras.

Foram relatados casos de partos normais, cesáreos e naturais, em casa e

no hospital, casos simples e complicados de cada forma de parir, para possibilitar

a exemplificação e explicação dos pontos positivos e negativos de cada uma

delas.

O jornalismo literário permite que o jornalista possa perceber e transmitir

emoções, além de contextualizar o leitor com o tempo e espaço da cena, deixando

o texto mais livre, sem permitir fugir da realidade.

Após extensa pesquisa, não foi encontrado produto semelhante ao proposto

neste projeto, que trouxesse a história de parto da mulher, intercalada com

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opiniões de profissionais da saúde que debatem sobre o tema de forma que

possibilita para a gestante entender sobre o parto. Os documentários encontrados

apresentam partos humanizados de forma romantizada e com muitos cortes.

Entre os especialistas entrevistados para esclarecer sobre o assunto estão

ginecologistas, doulas, psicóloga, pediatra e advogado, entre outros.

A obra discute temas polêmicos entre os profissionais de saúde, como o parto

domiciliar, a humanização e realização de episiotomia (corte na região entre o

períneo e o ânus para aumentar o canal vaginal) que não é comprovadamente

necessária e é aplicada em algumas maternidades e hospitais, muitas vezes sem

o consentimento das mães.

Em pesquisa de campo realizada para este projeto verificou-se que 54,7%

das gestantes e mães (com filhos de até um ano de idade) afirmam não saber

quais são os procedimentos padrões adotados pela instituição de saúde no

momento do parto, sendo que 99,3% disseram que é importante ter esse

conhecimento e 58,3% consideram insuficientes as informações repassadas pelos

médicos.

Além disso, a pesquisa de mídia realizada para o desenvolvimento deste

projeto apontou que existem notícias e informações a respeito de partos nos

jornais paranaenses e que o número de conteúdos cresceu no último ano, porém

foi constatado que as informações não são organizadas e, por isso, não atingem o

público alvo de forma satisfatória, de acordo com a agenda setting e a teoria da

agulha hipodérmica, explicadas na fundamentação teórica desta monografia.

O livro reportagem foi considerado ideal para a realização deste projeto por

não expor excessivamente as gestantes e os bebês e, de acordo com Edvaldo

Pereira Lima, é uma plataforma que permite a discussão mais aprofundada sobre

o assunto devido ao espaço que oferece para o debate.

As histórias foram escritas em forma de perfil porque o objetivo é retratar

apenas parte da vida das personagens, qual é assunto deste livro. A relação do

jornalismo com a ciência na área de saúde traz grande responsabilidade na

descrição dos fatos, considerando que mulheres podem tomar decisões de acordo

com informações divulgadas neste produto.

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Todas as mães e profissionais foram entrevistados presencialmente pela

pesquisadora. Os áudios das entrevistas foram gravados e transcritos antes de

iniciar o texto para garantir a exatidão das informações.

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1 - Identificação do Tema e Delimitação do Problema

1.1 - Conceito de Parto

Até o final do século XIX, os partos eram realizados tradicionalmente nas

residências com o apoio de parteiras e vistos como uma “punição divina” para a

mulher, a partir dos preceitos católicos. Nessa época o médico só era chamado

em casos complicados, quando a parteira1 não conseguia resolver o problema

(LIESTER, RIESCO, 2011). As mulheres não consideravam seguro ter seus filhos

em hospitais e o atendimento com as parteiras eram mais viáveis social e

economicamente.

Durante o século XX, o parto deixou de ser visto como punição e passou a

ser visto como patologia. Nessa época, a mulher precisava ser “protegida” pelos

médicos e, a partir da analgesia2, da sua própria natureza que a faria sentir dor no

momento de parir. No Brasil, o hábito de atendimento pré-natal em consultórios

obstetras e pediatras, o uso de medicamentos e as intervenções médicas durante

o trabalho de parto começaram a ser consideradas normais na década de 1960,

com o crescimento da assistência hospitalar, provocada por uma crescente oferta

do serviço público de saúde para o atendimento materno e infantil, com apoio de

instituições filantrópicas, patronais e dos trabalhadores, de acordo com Liester e

Riesco (2011)

A política de saúde materno-infantil no Brasil começou a ser formulada nos anos 1930 e executada a partir da década de 1940, atendendo primeiro às demandas de centros urbanos maiores e só mais tarde, já na década de 1950, cidades menores passaram a contar com os postos de puericultura

3 e maternidades (id; p.4).

A transição do atendimento das gestantes de casas para os hospitais no

Brasil foi causada por facilidades econômicas de acesso, através do Instituto

Nacional de Previdência Social (INPS) em 1967, com apoio do governo e

entidades trabalhistas, além de instituições de caridade. A partir dos primeiros

1 Entende-se por parteira a mulher que dá apoio ao trabalho de parto, sem necessariamente ter

cursos para exercer seu ofício, de acordo com o Ministério da Saúde. 2 Medicamento que leva à perda ou ausência da sensibilidade à dor.

3 Prevenção e tratamento de doenças em crianças – UNA SUS

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anos de funcionamento do INPS, as unidades de saúde e os médicos recebiam

mais pelo parto cirúrgico do que pelo parto vaginal (ibid, 2011) o que gerou a

primeira epidemia de cesarianas. Em 1980 essa taxa foi equiparada e todos os

partos eram pagos com o mesmo valor, mas a taxa para cesarianas voltou a subir.

Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incentiva a realização

de partos naturais, com o mínimo de interferências, através de programas sociais

e ações conjuntas com as unidades de saúde. O Brasil tem uma taxa de 84% de

cesarianas na rede privada e de 40% na rede pública, enquanto o recomendado

pela OMS é 15% (CHIORO, 2015).

Entre as reclamações constantes dos médicos para a realização do parto

normal estava que o pagamento para ambos os procedimentos eram parecidos e

um parto normal leva, em média, oito horas, enquanto uma cirurgia leva em média

três horas de trabalho, além de ter a possibilidade de agendamento.

Em dezembro de 2015, a Justiça determinou que Agência Nacional de

Saúde Suplementar (ANS) colocasse em prática três decisões para aumentar o

número de partos normais e, entre elas, está o pagamento triplo para os médicos

da rede particular que realizarem parto normal.

1.2 – Gestantes e a adaptação da transição do parto de casa para o

hospital

Durante um período, as cirurgias cesarianas eram realizadas apenas em

mulheres mortas para salvar a vida do feto e passou a ser uma cirurgia que em

algumas ocasiões salvam tanto a vida da gestante quanto a vida fetal, mas esse

procedimento passou a ser utilizado sem justificativas obstétricas adequadas

(CASTRO, CLAPIS, 2005). Após diversas pesquisas médicas e a divulgação das

recomendações da Organização Mundial da Saúde (1996) – voltadas aos médicos

– para a realização de partos, a mulher passou a ser vista como apta a dar a luz,

na maioria das vezes sem quaisquer intervenções médicas.

Riesco e Liester (2011) realizaram uma pesquisa com 20 mulheres que

deram a luz entre as décadas de 1940 e 1980 e apontam as reações dessas

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mulheres que passaram pela transição do parto em casa para o parto no hospital.

Doze delas pariram 24 vezes entre os anos de 1981 e 1989, sendo que 16

passaram por cesarianas. As mães que passaram pela cirurgia hospitalar

afirmaram que sentiram medo e solidão por não poder contar com o apoio de um

conhecido dentro da sala de cirurgia, além de perceber rispidez nos profissionais,

falta de privacidade e rigidez nas rotinas hospitalares com os procedimentos

aplicados de forma padrão para todas as gestantes, como a prática de retirar o

bebê de perto da mãe logo após o nascimento. Cinco das 12 mães falaram em

depressão pós-parto.

1.3 - Humanização do Parto

Um movimento internacional surgiu na década de 1980 com o objetivo de

erradicar o uso irracional de tecnologia durante os partos, com apoio e influência

das feministas. No Brasil, esse movimento foi batizado de humanização do parto.

De acordo com Clapis e Castro (2005) isso significa

um processo que respeita a individualidade das mulheres, valorizando-a como protagonista e permitindo a adequação da assistência à cultura, valores e diversidade de opiniões dessas pessoas. Assim ‘humanizar’ o parto é respeitar e criar condições para que todas as dimensões do ser humano sejam atendidas: espirituais, psicológicas e biológicas. (id; p.2).

O parto humanizado não define local ou profissional para a realização do

procedimento e pode acontecer em partos naturais e em cirurgias cesarianas, em

casa, na maternidade ou no hospital.

O parto entendido como humanizado não deseja abolir as tecnologias alcançadas para auxiliar a mulher nesse processo, porém elas não devem ser usadas rotineiramente, medicalizando o parto ou tornando-o estritamente cirúrgico (LONGO, ANDRAUS, BARBOSA. 1994; p.2).

O princípio da humanização é o respeito pela mulher, que deve ter seus

direitos garantidos, com respeito a cultura, vontades e medos (CLAPIS,

CLASTRO).

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Dentre outras práticas adotadas na humanização do parto e nascimento, está a possibilidade da parturiente escolher a posição mais confortável e também a pessoa que a acompanhará, além de outros manejos, conforme recomendam o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (LONGO, ANDRAUS, BARBOSA. 1994;2).

No Brasil, a lei que garante o direito de um acompanhante durante o

trabalho de parto, parto e pós-parto imediato começou a vigorar em abril de 2005,

válida para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em dezembro do mesmo ano, a

medida foi estendida para todos os hospitais conveniados ao SUS, decisão

essencial para a humanização, mas que na prática encontra barreiras em alguns

hospitais, sob o argumento de falta de estrutura institucional (id).

De acordo com Crizóstomo, Nery e Luz (2007), o ambiente onde o parto é

realizado interfere na evolução processo. Relatos de sete mulheres multíparas que

tiveram filhos em casa e no hospital foram colhidos para a pesquisa realizada

pelos autores.

As gestantes que tiveram parto domiciliar, assistidas pela mãe ou por

parteiras e algumas vezes até parindo sozinhas, com a disponibilidade de tomar

líquidos, escolher a melhor posição para ficar e caminhar, apontam que o parto foi

rápido e tranquilo.

O parto em casa atende, de maneira particular, às necessidades psicológicas e sociais e também permite a participação e a presença ativa do pai ou companheiro. Possui muitas vantagens, tais como a liberdade de movimentos, segurança, privacidade, condições excepcionais de acolhimento do bebê, necessidades afetivas atendidas e autonomia durante o processo (id; 4).

As mães que prestaram depoimento após terem a experiência de parto no

hospital falam em partos mais demorados e traumas devido às intervenções

médicas (ibid).

O parto convencional, em sua maioria, ocorre de uma forma agressiva, em que há muita intervenção externa da equipe que o acompanha. Muitas vezes, a mulher passa por uma série de rotinas que nem sempre é necessária para a aceleração do trabalho de parto, como medicamento, amniotomia, o bebê é afastado da mãe nos primeiros minutos, dentre outros procedimentos (ibid; 4).

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Ao final da pesquisa, seis das sete mulheres afirmaram que preferem o

parto normal em casa por ter maior liberdade de movimentos, de emitir sons

durante as contrações e por estarem em um ambiente familiar.

Uma pesquisa realizada por Oliveira e Madeira (2002) com oito

adolescentes que passaram pelo processo de parto humanizado em uma

instituição filantrópica de Belo Horizonte (MG) aponta insatisfação das

entrevistadas com os pedidos de silencio feitos pelas profissionais de saúde

quando as parturientes tinham o desejo de gritar, devido a dor causada pelo

processo de parto, além disso, exames de toque vaginais também foram alvos de

reclamações.

As enfermeiras escolheram as adolescentes para a pesquisa considerando

que o trabalho de parto é algo que marca a vida das garotas positiva ou

negativamente, dependendo da forma como ele é realizado. Mesmo com muitas

reclamações relacionadas às dores, as jovens mães se disseram felizes e

satisfeitas após o nascimento do bebê, salientando a necessidade do toque e do

contato entre mãe e filho logo após o nascimento.

Apreendo das falas das adolescentes que o nascimento representa o grande divisor de águas, ele separa um período sofrido, doloroso, o do trabalho de parto, de um outro tranqüilo e prazeroso, o da expulsão do bebê. É como se naquele momento sublime finalizasse mais uma etapa da vida da mulher, e se anunciasse uma outra fase, na qual a vinda da criança ratificasse o papel de mulher, de mãe, de cuidadora. (OLIVEIRA; MADEIRA, 2002;6)

As pesquisadoras relacionaram a presença de acompanhante para a

parturiente como fonte de tranquilidade e força para ajudar a mãe a dar a luz. Na

instituição pesquisada, que se apresenta como humanizada, a mulher recebe

dicas de possíveis posições que podem ser confortáveis e ajudar no parto além de

atendimento com profissionais da psicologia durante o período que permanece no

hospital. De acordo com os depoimentos colhidos pelas enfermeiras, a presença

da doula na sala de parto acalmou e ajudou as mulheres a suportarem as dores

do parto, devido a forma como elas tocam e auxiliam a futura mãe, demonstrando

carinho.

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Aprendi que, como profissional de saúde, é necessário interagir com o outro com mais respeito e dignidade, entendendo que são experiências adversas, visões de mundo diferentes, e como tal exigem de mim uma postura mais humana, livre de preconceitos. É preciso que eu direcione o meu olhar para a compreensão do sujeito, tentando assim estabelecer com ele uma relação de empatia, de ajuda, o que pode amenizar a situação vivenciada por ele.(ibid;7)

A partir dos depoimentos das mães e conclusão das profissionais de saúde

é possível verificar a importância da humanização durante o parto, como apoio

emocional às gestantes.

Uma pesquisa realizada por Marque, Dias e Azevedo (2006) aponta que

os(as) enfermeiros(as) e técnicos de enfermagem e as gestantes têm visões

diferentes sobre o que é parto humanizado. De acordo com o estudo, os

profissionais entendem a humanização pelo não uso de drogas e aparelhos como

o fórceps:

As depoentes da maternidade referiram que humanização do parto e nascimento é a realização de um parto sem nenhum tipo de manobras ou adição de drogas como a ocitocina. Entendem, ainda, que dar atenção à parturiente e orientá-la no pré-natal é uma forma de humanizar a assistência ao parto, conforme ilustra o depoimento a seguir: “O parto humanizado, para mim, é um parto sem nenhuma droga e sem nenhuma manobra; o fórceps ou outras coisas. É um parto natural. Humanizado, para mim, o que eu entendo, é isso”. (id;5)

Já e as gestantes enxergam como maior atenção e cuidado durante os

atendimentos:

as depoentes da casa de parto apresentam a questão da humanização através do respeito pela mulher, sendo este o fator primordial para a humanização da assistência ao parto, proporcionando à parturiente condições de escolha sobre o tipo e formas de parto, o direito de acompanhante no momento do parto e os cuidados que essa mulher deseja ter. Como pode ser verificado na fala a seguir: “O que é humanizar mesmo: tratar o ser humano, a mulher, da forma mais humana possível, dando a ela a possibilidade de parir o próprio filho. Humanizar, para mim, é oferecer condições à mulher de ter o seu próprio filho, do jeito que ela quer, da forma que ela deseja” (ibid;5).

Os depoimentos das profissionais que trabalham em casas de parto

consideram que o pré-natal, a orientação para amamentação e apoio da equipe de

enfermagem para a amamentação são práticas humanizadas. As parturientes dão

maior ênfase à presença de familiares durante o processo, música relaxante e

massagens.

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Marque, Dias e Azevedo ainda apontam que as enfermeiras não têm os

conhecimentos científicos necessários para definir o que é um parto

desumanizado. As profissionais citaram o uso de fórceps, negligência e

estimulação de ocitocina4 como causa da desumanização, as mães rebateram

afirmando que desumanizar é “roubar o poder da parturiente”, mas os

pesquisadores veem outros fatores além dos citados.

De uma forma geral, as depoentes da maternidade não souberam esclarecer através do conhecimento científico as técnicas ineficazes ou prejudiciais que são consideradas desumanizadoras. Observou-se pouca argumentação sobre o tema. (ibid;7).

As enfermeiras das casas de parto entendem melhor a humanização do

parto devido ao contato direto que mantêm com o nascimento das crianças e todo

o preparo pré e pós-parto.

1.4 – Humanização do parto na medicina

O diretor do Conselho Federal de Medicina, ginecologista e obstetra Hiran Gallo

afirmou em entrevista ao G1 (2015)5, após um caso de complicação em parto normal

realizado em casa, que a entidade é contra a prática de parto domiciliar, devido a

possibilidade de causar lesões graves em um recém-nascido, caso seja mal

acompanhado. De acordo com Gallo o parto hospitalar é mais indicado por ter

estrutura e equipe para atender a gestante e o bebê em casos de complicações.

Em caso da escolha do parto domiciliar o médico orienta que a gestante tenha

uma ambulância disponível na porta de casa.

Em 2012 o Conselho Federal de Medicina (CFM) recomendou que os partos

devem ser realizados apenas em hospitais, devido aos supostos riscos aos quais as

gestantes e os bebês ficam expostos, inclusive em casas de parto. Além disso, o CFM

4 Hormônio responsável por promover contrações musculares uterinas.

5 CALZOLARI, Izabella.TJ-DF aceita denúncia contra equipe que fez parto normal

malsucedido. Distrito Federal. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/05/tjdf-aceita-denuncia-contra-equipe-que-fez-parto-domiciliar-malsucedido.html. Acesso em: 15/03/2016

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determinou que os médicos que atenderem partos fora do ambiente hospitalar podem

responder processo disciplinar. O conselho não se posicionou contra o parto

humanizado, mas afirma que ele deve ser realizado dentro de instituições de saúde.

Gestantes reclamam da dificuldade em encontrar médicos disponíveis para

realização de parto normal nas unidades de saúde, principalmente da rede particular,

mesmo sem o processo de humanização. Entre 2008 e 2012, o parto normal foi o

serviço mais procurado no SUS por usuárias de planos de saúde, de acordo com a

ANS.

Segundo com uma pesquisa realizada por Rebello e Neto (2012), na

Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), os estudantes de Medicina

associam a humanização da assistência ao parto a acolhimento, direito a

acompanhante, segurança, menor intervenção e equipe multiprofissional.

A maior ênfase foi dada ao acolhimento, que envolve fornecimento de informações, atenção às necessidades individuais e melhora da relação médico-paciente. Nota-se, ainda, o reconhecimento do parto como um evento fisiológico que necessita de menor intervenção e a importância do envolvimento de profissionais não médicos (id;8).

Estudantes de Jornalismo6 produziram um aplicativo chamado “Nascer Bem”7

(2015), voltado para as mães de Curitiba, apontando os nomes dos médicos da rede

pública e de privada e a quantidade de cirurgias cesáreas e partos normais realizados

por cada um deles, com o objetivo de facilitar a busca das gestantes por um

profissional que realiza o parto normal.

Após cerca de um mês, os dirigentes da Associação de Ginecologia e

Obstetrícia do Paraná (Sogipa) tentaram retirar o aplicativo do ar, alegando que os

dados não eram “fiéis à realidade” e que poderiam causar riscos às gestantes. Até

novembro de 2016 os criadores conseguiram manter a plataforma acessível aos

interessados por meio da internet.

1.5 – Parto Humanizado em Curitiba

6 Os estudantes produziram o aplicativo sobre coordenação da professora da Universidade

Positivo, Rosiane Correa, durante a maratona Hacknaton. Informações sobre os procedimentos/médicos estão disponíveis no tópico 1.5 – Parto Humanizado em Curitiba. 7 Aplicativo disponível em: http://nascerbem.redeteia.com/ - Acesso em 16/03/2016

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Em Curitiba, a primeira maternidade a realizar um parto foi a Vitor Ferreira

do Amaral, filiada ao Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba, em 3 de junho de 1960,

de acordo com os registros encontrados.

Ainda na capital, a maternidade Bairro Novo, que atende apenas gestantes

de baixo risco pelo SUS, alcançou o índice de 80% de partos normais em agosto

de 2015, segundo informações da Pesquisa Nacional da Saúde (2013). O número

é 26% maior do que a média brasileira. No mês citado, foram realizados 171

partos na maternidade e destes apenas 33 foram cesarianas.

Segundo informações da Prefeitura de Curitiba8 (2015), assim que as

gestantes são acolhidas nesta instituição, elas recebem informações sobre todas

as etapas do parto (pré-parto, parto e pós-parto) e de seus direitos, inclusive o de

escolher a posição no momento do nascimento do bebê.

Antes de dar à luz, a mulher passa por procedimentos intitulados como

“relaxantes” pelo serviço de saúde: como a utilização de bolas plásticas,

fisioterapia, banho terapêutico e massagem, característicos da humanização.

Assim que o bebê nasce, a maternidade permite que os irmãos possam visita-lo,

com o objetivo de apoiar os vínculos afetivos familiares.

A maternidade prioriza casos mais graves e quando necessário realiza

cirurgias cesarianas.

A humanização começa durante o pré-natal com uma “preparação” para o

parto e acontece deixando que a mulher vivencie a sua gravidez. Segundo Diniz

(2005), é necessário retirar o estereótipo de doença que recai sobre a gestação e

o parto, além de diminuir as técnicas médicas invasivas durante o trabalho do

mesmo.

A mudança da assistência [do parto humanizado], nas suas muitas versões, expressa uma mudança na compreensão do parto como experiência humana e para quem o assiste uma mudança no “que fazer” diante do sofrimento do outro humano (DINIZ, 2005; p.2)

8 Prefeitura de Curitiba. “Maternidade Bairro Novo alcança índice de 80% de partos naturais”. 2015.

Disponível em: http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/maternidade-bairro-novo-alcanca-indice-de-80-de-partos-naturais/37499. Acesso em: 18/01/2016

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19

A primeira maternidade brasileira a se autodefinir como “humanizada” foi a

Maternidade Leila Diniz, em 1994. A instituição continua aberta, no Rio de Janeiro,

e com a titulação de humanizada, apesar de várias gestantes registrarem

reclamações nas redes sociais. A humanização dos partos no país foi incentivada

pela criação do prêmio Galba Araujo9, em 1988, que incentiva as práticas

definidas pela OMS e acompanhantes no pré-parto, parto e pós-parto entre outras

recomendações.

De acordo com dados obtidos em parceria com o programa Hackathon10

(2015) da Universidade Positivo (UP), em Curitiba, entre os 475 médicos obstetras

que atendem nos planos de saúde Amil, Sulamérica e Unimed em Curitiba, 391

têm mais de 80% de cirurgias cesarianas, nos partos realizados em 2014. Juntos,

os três planos de saúde representam 48% do mercado e meio milhão de pessoas.

A capital paranaense registrou em 2014 um total de 30.827 partos durante todo o

ano, uma média de 2.500 ao mês.

A Unimed conta com 299 médicos em sua equipe de obstetrícia, destes

apenas um registrou 100% de parto normal no ano, mas durante todo o período

ele só acompanhou uma gestante. A franquia teve 100 médicos que realizaram

100% de cesáreas e 249 com 80% ou mais de cesáreas. No ano, foram

registrados 7.569 partos pela Unimed, sendo que destes 6.658 foram cesáreas, o

que representa 87,88% dos procedimentos e 917 partos normais11.

O plano Sulamerica tem 70 profissionais na área pesquisada, sendo que 46

destes têm 100% de taxa de cesárea, o que representa 65,7% da equipe e 59 têm

mais de 80% de cesárea, uma parcela de 84,3% dos médicos obstetras. Apenas

um profissional tem 100% de parto normal e dois realizaram mais partos normais

do que cesáreas. A empresa só informou os percentuais, então não se sabe

quantos partos foram realizados por cada médico. A franquia tem 20 mil clientes

9 Profissional paranaense dissidente inspirado por práticas tradicionais de parteiras e índios que

incentivou o parto humanizado (1979). 10

Programa da Universidade Positivo (UP) no qual alunos de jornalismo e jornalistas se unem em uma maratona de trabalho com o objetivo de produzir produtos através de jornalismo dados. 11

Segundo informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a empresa tem 340 mil clientes na capital paranaense, o que representa 33% do mercado de planos privados.

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20

em Curitiba e representa 2% do mercado de planos privados em Curitiba, de

acordo com a ANS.

Os dados repassados pelo plano Amil são semelhantes ao da Sulamerica e

não apontam quantos partos foram realizados, apenas o percentual por

profissional, que é de um total de 88 médicos, 48% têm 100% de cesárea, 83%

com mais de 80% de cesárea e apenas dois com mais partos normais do que

cirurgias cesarianas, A franquia tem 136 mil clientes em Curitiba o que segundo a

ANS representa 13% do mercado curitibano de planos privados.

O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (2015)

publicaram uma resolução que determina que as operadoras de planos de saúde

devem ampliar o acesso a informação, com a disponibilidade das usuárias para

solicitar aos planos os percentuais de cirurgia e de parto normal por

estabelecimento e por médico obstetra.

Durante a maratona, os participantes produziram um aplicativo para

celulares, tablets e computadores, chamado “Nascer Bem” que disponibiliza as

informações sobre o perfil profissional dos obstetras para as gestantes. O usuário

tem acesso ao número de partos realizados em 2014 nos planos particulares e em

2013 no Sistema Único de Saúde (SUS), uma lista organizada por índice de

cesárea ou parto normal.

De acordo com Castro e Clapis (2005), o sistema atual não dá espaço para

a mulher pensar sobre o parto

Devido ao modelo assistencial vigente, entretanto, a mulher não tem sequer noção do que seria respeito a sua individualidade – satisfaz-se em encontrar um leito obstétrico para acolhê-la quando vai parir. A assistência à mulher perdeu seu ponto básico que é o de ser voltada para ela própria, sendo essa uma pessoa completa, com princípios, culturas, vontades e medos (id;2).

O Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba disponibiliza doulas voluntárias que

receberam treinamento no HC para realizar o atendimento às gestantes que estão

em trabalho de parto na instituição, sem substituir o acompanhante que é um

direito garantido por lei para a gravida. A equipe de enfermagem do hospital

também é capacitada para a realização de partos humanizados.

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21

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), hospitais que não

oferecem o serviço só aceitam a entrada da profissional na sala de parto como

acompanhante, não possibilitando que um familiar acompanhe o procedimento.

1.6 – O parto humanizado na mídia

Hoje, existem produtos com informações sobre parto humanizado, mas eles

não são suficientes para informar as gestantes que precisam de apoio para decidir

a melhor forma de parir devido a falta de organização.

Durante a pesquisa realizada para este projeto, ficou clara a deficiência de

produtos12 que apresentam relatos de pessoas que experimentaram as diferentes

formas de parir e debatem sobre o tema: tanto em livros, documentários e grupos

de apoio na internet. A obra que mais se aproximou da proposta deste trabalho foi

o livro “Parto com Amor”, de Luciana Benatti e Marcelo Min (2001), que conta a

experiência de nove mães durante o trabalho de parto, a partir do relato de cada

uma delas, sendo que Marcelo Min participou dos partos como fotógrafo e, após

os depoimentos serem colhidos, foram editados e publicados com previa

autorização das mães que tiveram os partos relatados.

“Humanizando Nascimentos e Partos”, de Daphne Rattner & Belkis Trench

(2005), faz uma análise das formas de nascimento já conhecidas, é escrito por

profissionais da saúde com base em relatos das mães parturientes. Existe

também o manual de parto normal da OMS “Assistência ao Parto Normal –

Maternidade Segura” (1996), que define o que é parto normal e aponta algumas

regras para sua realização.

Uma pesquisa realizada com 139 mulheres entre o primeiro mês de

gestação até o primeiro ano após o parto, que tiveram filho(s) nas instituições de

Curitiba e Região Metropolitana nos últimos 12 meses (2015)13, com idade entre

12

Pesquisa de análise de conteúdo disponível no tópico 1.5 da delimitação do tema, chamado “Pesquisa de conteúdo na mídia”, na página 11. 13

Pesquisa realizada por esta pesquisadora com o intuito de descobrir qual é a necessidade de informação das gestantes de Curitiba. Um questionário foi divulgado por meio das redes sociais, em grupos voltados para mães e gestantes e catalogado automaticamente pelo programa de

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22

16 e 45 anos, aponta que a divulgação a respeito das práticas humanizadas do

parto não atinge as gestantes de forma satisfatória.

Do total, 54,7% afirmam não saber quais são os procedimentos padrão

adotados pela instituição de saúde no momento do parto, sendo que 99,3%

disseram que é importante ter esse conhecimento e 58,3% consideram

insuficientes as informações repassadas pelos médicos.

formulários do Google. Mais informações sobre a pesquisa estão disponíveis no campo “Metodologia”.

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23

Os números apontam a importância de produtos com informações

detalhadas a respeito do trabalho de parto, debatendo os prós e contras de cada

um deles com gestantes e especialistas da área. Além disso, 54% das mulheres

entrevistadas nunca receberam qualquer tipo de informação sobre o parto

humanizado, o que aponta a falta de orientação sobre o procedimento nas

unidades de saúde.

1.7 – Pesquisa de conteúdo na mídia

A imprensa é um órgão que ajuda a formar opinião e disseminar notícias

junto à sociedade e para analisar o quadro de informações a respeito do parto

humanizado é indispensável uma pesquisa na área.

A análise do conteúdo, “uma metodologia de pesquisa usada para

descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos”

(MORAES, 2009; 2) será utilizada para entender o que representa as informações

contidas nas matérias publicadas no jornal Gazeta do Povo14 que, de acordo com

a Associação Nacional de Jornais (ANJ) é o maior jornal em circulação no Paraná

(2014).

A pesquisa será realizada na plataforma online, já que as matérias

veiculadas impresso também são divulgadas no site15, o que possibilita acesso ao

14

De acordo com a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) ele é o 27º maior veículo do país, com 40.525 exemplares diários em circulação, entre o impresso e digital. 15

A informação é do editor-chefe do online do jornal Gazeta do Povo, Fabiano Klostermann, em entrevista a autora, em março de 2016.

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24

maior número de conteúdos. As palavras-chaves escolhidas para a busca foram:

parto; parto humanizado, doula, cesárea, e parto domiciliar.

As buscas no site apontaram um número de resultados infinitamente maior

do que o disponível em cada busca16, destes apenas os 291 conteúdos

disponíveis e não repetidos foram utilizados na pesquisa.

Para evitar que materiais repetidos fossem utilizados para a análise de

conteúdo, os links encontrados foram enumerados e adicionados a um documento

do Word17. Assim, os endereços encontrados passavam por uma busca no

documento para verificar se o mesmo já existia entre os links selecionados,

utilizando a ferramenta chamada “localização”, disponível na plataforma.

As matérias foram publicadas entre os anos de 2006 e 2016 e do total

apenas 172 (59,1%) tinham ligação com procedimentos realizados no período em

que a mulher entra em trabalho de parto até o momento em que recebe o bebê.

Destas, quatro foram retiradas do ar pelo jornal restando apenas 168 conteúdos

disponíveis para a pesquisa.

Entre as 168, 129 não tinham informações a respeito dos procedimentos

padrões realizados nos hospitais, maternidades ou nas próprias casas, por

médicos, enfermeiros ou doulas, durante partos normais, cirurgias cesáreas ou

16

Para a busca de “parto domiciliar” foram apontadas 3.800 matérias, na busca por “parto” 20.200, “cesárea” apontou 368, “doula” apontou 1.230 e parto 117, mas o número máximo de conteúdos disponíveis foram de 100 em cada busca, assim a pesquisa trabalhou apenas com as matérias possíveis. Os números podem ser verificados no campo “pesquisa de campo”, dos anexos. 17

O arquivo pode ser encontrado no endereço: https://drive.google.com/file/d/0ByG0I9WQZwOiN0tzSnEzeTJmMFk/view?usp=sharing

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25

partos humanizados. O dado é relevante já que a pesquisa busca entender a

quantidade de informações disponíveis para as gestantes a respeito dos diversos

tipos de parto e mostra a importância da produção de análises aprofundadas e

debates sobre o tema.

Dentro do total de matérias, apenas 70 (41,7%) tinham entrevistas com

especialistas na área de saúde (física e psicológica) e nos direitos garantidos por

lei que envolvem as gestantes, opiniões e informações necessárias para poder

explicar e diferenciar as diferentes formas de parto disponíveis, seus benefícios e

malefícios. 66 (39,3%) não tiveram nenhum tipo de entrevista na produção do

conteúdo, 30 (17,9%) ouviram representantes de hospitais, órgãos públicos e

ONGs18 e somente 29 (17,3%) entrevistaram as gestantes/mães, apresentando o

ponto de vista das pessoas mais afetadas pelos procedimentos.

18

Organizações Não Governamentais

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26

Do total de 168 conteúdos, 79 (47%) eram reportagens, aprofundadas ou

não, que foram definidas pela existência de alguma entrevista direta. Outros 42

(25%) eram notas, quando a informação é dada sem a apresentação de

entrevistas, 22 (13%) tratam-se de conteúdos de opinião ou relato produzidos por

blogueiros e/ou colunistas, 16 (9,5%) tratavam-se de entrevista “ping pong” e 9

(5,4%) eram conteúdos de publicidade.

Diante da falta de organização das informações a respeito do que é parto

humanizado e de todos os procedimentos realizados durante os diferentes

processos de parto, de que maneira o jornalismo literário, usando técnicas de

entrevistas, pode contribuir para sanar essa falta de informação e dar apoio para

as gestantes definirem como querem ter seus filhos, por meio de um livro

reportagem?

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27

2 – Objetivo geral

Produzir um livro-reportagem capaz de organizar informações e explicar

sobre partos normal, cesáreo e humanizado, utilizando estratégias narrativas e de

apuração do jornalismo literário, com a produção de perfis de mães intercalados

com opiniões de especialistas.

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3 – Objetivos Específicos

• Desenvolver um produto jornalístico capaz de informar gestantes de diversas

classes sociais, com métodos de apuração de dados e entrevistas, produzindo

perfis capazes de exemplificar partos.

• Produzir um livro com informações sobre saúde em linguagem clara e

acessiva para o público leigo na área.

• Proporcionar às leitoras compartilhar as experiências de outras mães e sanar

as dúvidas a respeito de parto por meio das narrativas apresentadas.

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29

4 – Justificativa

4.1- Panorama do parto no Brasil

De acordo com dados de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), 54,7% dos partos realizados no Brasil, entre 1º de janeiro de

2012 e 27 de julho de 2013 foram cesáreas. No Sistema Único de Saúde (SUS)

esse número chega a 88%, sendo que a recomendação da Organização Mundial

de Saúde (OMS) é de 15%. Além disso, a pesquisa aponta que 53,5% das

cesarianas feitas no Brasil são marcadas antes do início do trabalho de parto.

Segundo Chioro (2015), a cesariana mal indicada aumenta em 120 vezes os

riscos de prematuridade para a criança e em 24% o risco de mortalidade neonatal.

Uma pesquisa19 realizada para o projeto apontou que 75 de 139 grávidas

da capital nunca receberam informações sobre parto humanizado, deixando clara

a importância de um produto capaz de esclarecer os prós e contras desta forma

de parir, comparando com as outras possibilidades de parto.

Entre as mulheres que responderam a pesquisa (2015)20, 49 (35,3%) têm

renda de até dois salários mínimos, 35 (25,2%) até três, 16 (11,5%) recebem entre

três e quatro salários e apenas 15 (10,8) recebem mais que quatro salários.

A partir dos dados analisados é visível a necessidade de um produto capaz

de organizar as informações existentes sobre os procedimentos de parto,

adicionar as novidades e debates entre especialistas que estejam em uma

19

Os detalhes estão disponíveis no tópico “1.4 - parto humanizado na mídia” desta pesquisa. 20

Idem ao anterior.

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30

linguagem clara às gestantes, para que assim elas possam ter acesso à

informação.

4.2 – Produtos jornalísticos relacionados ao tema

O livro que mais se aproxima desta proposta é o “Parto com Amor”, de

Luciana Benati e Marcelo Min (2011) que conta a experiência de nove mães

durante o trabalho de parto, a partir do relato de cada uma delas, sendo que

Marcelo Min participou dos partos como fotógrafo e, após os depoimentos serem

colhidos, foram editados e publicados com prévia autorização das mães que

tiveram os partos relatados.

Outras obras que esclarecem sobre os procedimentos realizados durante o

parto são voltadas para os profissionais de medicina e foram produzidos com

linguagem cientifica, o que pode dificultar o acesso das gestantes. Um exemplo é

o manual do parto normal, da OMS, chamado “Assistência ao Parto Normal –

Maternidade Segura” (1996).

Na área dos documentários, os relatos das gestantes e de profissionais

(como as doulas, por exemplo) geralmente são romantizados: o parto natural

parece não provocar dores fortes ou incômodos reais. Não são explorados os prós

e contras de cada procedimento e a narrativa é cortada, ou seja, quem assiste a

um documentário não consegue acompanhar tudo o que acontece e sanar

possíveis dúvidas.

Os fatos podem ser verificados, por exemplo, no documentário “Na Hora

Certa”21 (2014), que tem relatos de médicos e mães que pretendem fazer o parto

humanizado. Mostra o bebê como o responsável por escolher a hora certa para o

nascimento e não apresenta pontos negativos do parto humanizado. Este

documentário romantiza a preparação para o parto, mostrando os cursos e

exercícios preparatórios sem debates sobre as possíveis consequências.

21

Na hora certa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fkGfzptCaME. Acesso em 27/08/2015

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O documentário “Parto Humanizado”22 (2013) traz o relato de mães que

passaram pelo processo de parto humanizado no hospital. A personagem explica

como foi o processo e aponta os detalhes mais importantes para conseguir passar

pelo parto normal sem analgesia. Profissionais como doula e médico ginecologista

falam sobre os dados negativos das outras formas de parir, como objetivo de

melhorar a imagem do procedimento que é realizado com humanização. O vídeo

apresenta uma ideia pronta, não aponta os fatos para quem consome o produto

decidir o que é melhor de acordo com sua cultura e bagagem intelectual.

A matéria do programa Profissão Repórter sobre o parto humanizado

(2014)23 é a que mais se aproxima da realidade e apresenta vários partos. A

sensação da repórter que presencia os diversos acontecimentos é repassada do

espectador. Os profissionais acompanham desde uma cesárea em um hospital da

cidade até um parto natural realizado no chão de uma simples casa no Piauí.

Mesmo sendo uma produção audiovisual, se aproxima da proposta deste

projeto devido a algumas formas de apuração adotadas pela repórter, que inclui o

debate sobre as possibilidades do parto.

Os maiores fóruns de discussão sobre o assunto foram encontrados nas

redes sociais, como o Google Mais24 e o Facebook25, que reúnem grupos de mães

que trocam experiências e indicam profissionais e procedimentos. Um dos

problemas é que a maioria destes grupos recebe muitos anúncios publicitários e

acabam ocultando a informação, de forma não intencional. As postagens

publicitárias acabam escondendo os conteúdos que realmente importam às

gestantes, como dicas de outras mulheres e troca de informações sobre médicos

e instituições.

A plataforma das redes sociais aqui citadas não tem organização para

separar os conteúdos e deixa-los acessíveis de forma organizada aos

interessados.

22

PASCOAL, Luciano. Parto Humanizado. 1. ed. Maringá, 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SxDjusb1DFo. Acesso em 27/08/2015. 23

Profissão Repórter mostra a emoção do nascimento de um filho. Disponível em: http://globotv.globo.com/rede-globo/profissao-reporter/v/profissao-reporter-mostra-a-emocao-do-nascimento-de-um-filho-parte-1/3313958/. Acesso em 01/09/2015. 24

Rede Social do Google – https://plus.google.com/ 25

Rede Social. https://www.facebook.com/

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32

Por fim, não foram encontradas obras que tragam histórias reais de partos e

gestantes com debate junto a profissionais, que busca apresentar a história da

forma mais realista possível, utilizando personagens tridimensionais – com

história, cultura, costumes, rostos, classe social e etc – cenários, espaços

geográficos e temporais, entre outros (LIMA, 2004).

4.3 – Escolha do livro-reportagem

O livro-reportagem26 é um subsistema do jornalismo que se utiliza da

grande-reportagem. Lima (1998) afirma que o livro-reportagem é uma forma de

utilizar a eficiência e a fluência textual, itens apontados como necessários para a

construção de um produto capaz de informar sem influências de donos de veículos

de comunicação e limitação de espaço para o texto.

É um produto de imprensa que penetra em campos desprezados ou

superficialmente tratados pelos veículos jornalísticos periódicos, que incorpora

conceitos de história e literatura (id, 1998).

É capaz de integrar elementos do jornalismo, da literatura, da antropologia,

da sociologia, da história, da psicologia, capazes de abordar, com eficiência, as

complexas transformações do mundo (LIMA, 2004). O conteúdo do livro-

reportagem deve ter o objetivo de reproduzir a realidade por se tratar de um

produto jornalístico. Para alcançar o objetivo utiliza o recurso dos relatos de fatos.

Essa forma é a reportagem, que nos casos mais felizes oferece, em torno do núcleo frio que marca a face árida de um acontecimento, todo um contexto embelezado pela dimensão humana, pela tradução viva do ambiente onde ocorrem os fatos, pela explicação de suas causas, pela indicação dos rumos que poderá tomar (LIMA, 1998; 10).

O jornalista é incapaz de produzir um conteúdo objetivo e neutro já que

percebe os acontecimentos com seus valores culturais, sua mentalidade e

escolaridade que, entre outros fatores, influenciam na forma como ele “enxerga” a

26

Um livro é uma publicação não periódica que reúne um conjunto de folhas, identificado por um livro e uma capa específicos, utilizados para comunicar ideias, acontecimentos, experiências, emoções e ensinamentos com o leitor (LIMA, 1998; 8). Entende-se reportagem por um dos gêneros do jornalismo interpretativo que busca um certo grau de extensão ou aprofundamento.

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33

notícia (id). Mas, ainda assim, deve utilizar todos os procedimentos do jornalismo

diário, como apuração e ética, para a construção do texto, conforme Pena (2006)

define na primeira extremidade do esquema que chama de estrela de sete pontas:

O jornalista literário não ignora o que aprendeu no jornalismo diário. Nem joga suas técnicas narrativas no lixo. O que ele faz é desenvolvê-las de tal maneira que acaba constituindo novas estratégias profissionais. Mas os velhos e bons princípios da redação continuam extremamente importantes, como, por exemplo, a apuração rigorosa, a observação atenta, a abordagem ética e a capacidade de se expressar claramente, entre outras coisas (PENA, 2006; 7).

A reportagem dos veículos tradicionais tenta ouvir todos os lados possíveis

de um caso, em um texto solto e com tamanho determinado. O livro-reportagem

tem o benefício de ter limite de espaço maior para publicação de um debate sobre

determinado assunto, em comparação com os veículos jornalísticos diários,

semanais e até mensais convencionais, além de considerar mais longo o período

de validade de uma notícia (LIMA, 1998). Assim sendo, o livro reportagem serve

para “estender o papel do jornalismo contemporâneo, fazendo avançar as baterias

de explicações para além do terreno onde estaciona as grandes reportagens na

imprensa convencional” (id;16).

O produto contribui para “que o leitor conquiste uma compreensão

ampliada da contemporaneidade” (ibid; 17) e “tapa os buracos” deixados pela

cobertura diária da imprensa, com maior ênfase ao tema em foco, quando

comparado aos outros meios de comunicação existentes. “Em lugar da atualidade,

o jornalismo em profundidade deve buscar ler a contemporaneidade” (ibid; 20).

Como contribuição para a área do jornalismo o livro apresenta formas de

apuração de informação, através de entrevistas e escrita literária, com técnicas de

entrevistas pensadas especialmente para cada categoria de entrevistado, entre

gestantes e profissionais da saúde.

O produto também experimenta os recursos do jornalismo literário para

tratar de informações sobre saúde de forma clara e acessível para o público leigo

em medicina.

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34

5 – Fundamentação teórica pertinente ao trabalho

5.1 - Agenda Setting

A teoria da agenda setting defende que o público sabe ou ignora certos

assuntos devido à ação dos meios de comunicação em massa, com tendência em

incluir ou excluir do próprio pensamento o que é apresentado na mídia. Além

disso, as pessoas atribuem uma importância maior aos assuntos pautados na

grande imprensa (WOLF, 1985; p. 62).

Os temas agendados podem ser os mais variados possíveis, desde que

tenham um contexto e uma relevância social evidentes para a sociedade.

Enquanto, em princípio, é possível pensar-se num efeito de agenda-setting a propósito de qualquer série de assuntos, contando que seja extensivamente coberta pelos mass média, a tematização (com consequente agenda-setting) só deveria ser possível em domínios já providos de uma relevância “institucional” própria (WOLF,1985; p.71).

Atualmente o parto humanizado é um dos assuntos pautados pelos meios

de comunicação em massa, que trazem informações e apresentam temas

polêmicos relativos ao assunto, como os partos realizados em casa, sem o apoio

de médicos.

O tema passou a ser debatido na mídia, primeiramente devido ao número

de cirurgias cesarianas que são realizadas no Brasil. A Organização Mundial da

Saúde considera ideal que 15% dos partos ocorram da forma cirúrgica, mas 43%

dos brasileiros vem ao mundo desta forma, no país que é campeão mundial em

cesarianas27.

O parto normal passou a ser incentivado pelo governo, para as gestantes

que não correm risco sem a realização da cesariana, na rede pública de saúde.

Entre os métodos de incentivo está a humanização no atendimento às gestantes,

que devem receber atenção e os cuidados necessários durante o parto para

minimizar as dores naturais causadas pelo procedimento, seguindo as próprias

27

Informação veiculada pela revista Super Interessante, em dezembro de 2008.

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35

recomendações do Guia da Saúde da OMS “Os métodos farmacológicos nunca

devem substituir a atenção pessoal e o carinho.” (1996; p.33).

A humanização do parto ganhou reforços, principalmente entre grupos de

feministas, que passou a realizar partos em casa e - de acordo com as vontades

das gestantes - com maior frequência. Devido à oposição de muitos médicos

ginecologistas e obstetras quanto à realização de parto fora de hospitais e

maternidades, o tema se tornou polêmico, e a discussão sobre o assunto tomou

conta dos veículos de comunicação em massa e as redes sociais.

Apenas em 2015, o jornal Gazeta do Povo publicou 7228 conteúdos relativos

ao tema. Nos dois primeiros meses de 2016 foram dez matérias produzidas com

relação ao assunto. Entre os anos de 2006 e 2014, foram publicados 209

conteúdos a respeito da humanização no trabalho de parto, o que aponta um

crescimento relevante do debate do tema em 2015.

De acordo com a agenda setting, a mídia apresenta ao público uma lista

dos assuntos quais devem ser pensados, de acordo com a publicação de

conteúdo programada no veículo. A influência midiática não mostra como o

público deve pensar sobre os temas, mas sim sobre quais eles devem pensar

(Wolf, 1985).

Para atingir o público, os materiais agendados são pensados em dois

níveis: primeiro são escolhidos quais serão os assuntos, temas e problemas da

ordem do dia e, em seguida, a relevância de cada um deles, para que seja

definida a ordem de apresentação dos itens.

Os agendamentos encontrados sobre parto humanizado na mídia mostram

que o assunto é debatido e não apenas apresentado ao público como algo positivo

ou negativo, seguindo a agenda setting. Além disso, ele é oferecido em diversos

formatos ao leitor.

Das 291 matérias selecionadas para a pesquisa, já aqui citada29, 168 foram

selecionadas para a produção desta análise, por cumprirem quesitos como: ter

ligação direta com os procedimentos realizados durante o trabalho de parto e

28

Todos os detalhes da pesquisa no campo “pesquisa de mídia”, na delimitação do tema e do problema. 29

Idem ao 26

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36

estarem disponíveis ao público. Dentro deste grupo de conteúdos, foram

encontradas notas, reportagens, entrevistas, conteúdos de blogs e colunas e de

publicidade, com diversos enfoques, apresentando pontos supostamente positivos

e negativos em relação à prática da humanização.

O público não tem contato direto com algumas fatias da realidade tratadas

na imprensa, assim a mídia passa a ser o instrumento que faz a “ponte” entre a

população e esse “pacote” de informação (id, 1985). Os assuntos agendados

passam a ter maior importância, devido a essa dependência cognitiva do público.

No caso da informação a respeito do parto humanizado, a ponte de

informação é falha mesmo com a grande quantidade de conteúdos disponíveis.

Uma pesquisa30 realizada com 139 mulheres entre o primeiro mês de gestação até

o primeiro ano após o parto, que tiveram filho(s) nas instituições de Curitiba e

Região Metropolitana nos últimos 12 meses (2015), com idade entre 16 e 45 anos,

aponta que a divulgação a respeito das práticas humanizadas do parto não atinge

as gestantes de forma satisfatória.

Do total, 54,7% afirmam não saber quais são os procedimentos padrões

adotados pela instituição de saúde no momento do parto, sendo que 99,3%

disseram que é importante ter esse conhecimento e 58,3% consideram

insuficientes as informações repassadas pelos médicos.

Os dados apresentados apontam que mesmo com a quantidade de

matérias agendadas, que deixam o assunto em pauta na mídia a informação não é

eficaz com o público-alvo.

5.2 – Como é o agendamento do parto na mídia paranaense

As publicações agendadas nos meios de comunicação de massa são

abordadas com enfoques diferentes em cada veículo de comunicação, deixando

acessível ao público, vários pontos de vista a respeito de um mesmo tema.

30

Detalhes da pesquisa podem ser encontrados no campo “parto humanizado na mídia”, na delimitação do tema e identificação do problema.

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37

Nos conteúdos analisados para pesquisa de mídia deste trabalho, os

principais entrevistados foram os especialistas na área de ginecologia, obstetrícia

e pediatria (41%). As mães, peças centrais neste cenário, foram as que tiveram

menor espaço para expressar a opinião sobre o assunto (29%), ou seja, a

cobertura é técnica.

Os meios de comunicação em massa precisam atingir o leitor com a

mensagem programada de forma eficiente. A partir da conclusão de que o assunto

é agendado na mídia com diversos enfoques, como aponta a hipótese, e que as

gestantes não têm informações a respeito do parto humanizado, é identificável

uma falta de organização para a apresentação deste produto ao público alvo,

interessado em conhecer as possibilidades para a realização de partos.

5.3 – A hipótese da agulha hipodérmica e a questão da organização

A organização do conteúdo e a forma como ele é direcionado ao público é

discutido nas teorias da agulha hipodérmica e funcionalista.

A agulha hipodérmica analisa principalmente como a notícia do meio de

comunicação afeta o público, provocando uma reação. Este fator começou a ser

discutido com a industrialização, quando ocorreu a disseminação de ideais como a

igualdade e a liberdade e a redução na diferença entre as classes sociais.

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38

Estes processos sociais provocam a perda da exclusividade por parte das elites que se vêem expostas às massas. O enfraquecimento dos laços tradicionais (de família, comunidade, associações de ofícios, religião e etc.) contribui, por seu lado, para afrouxar o tecido conectivo da sociedade e para preparar as condições que conduzem ao isolamento e à alienação das massas (Wolf, 1985; p.7).

O homem da massa que recebe os conteúdos noticiosos é considerado o

contrário do culto: um grupo de pessoas que se consideram iguais e não tem o

costume de agir ou aderir a ideias diferentes e, então, absorveriam os conteúdos

jogados pela mídia (id).

A massa é constituída por um conjunto homogêneo de indivíduos que, enquanto seus membros são essencialmente iguais, indiferenciáveis, mesmo que provenham de ambientes diferentes, heterogêneos, e de todos os grupos sociais (ibid, 8).

As reportagens pesquisadas do jornal Gazeta do Povo31 apontam um único

tipo de linguagem e apresentam as informações de forma padrão para todo o

grupo de gestantes, das diversas culturas e classes sociais. O comportamento é

padrão nos meios de comunicação de massa, que estão preparados para receber

determinado público. Uma amostra do padrão é o uso das imagens, foi constatado

que apenas 43,5% (73 do total de 168) tinham fotos ou outros recursos

audiovisuais e gráficos, que pudessem facilitar a compreensão do conteúdo.

31

Idem ao 27

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39

A pesquisa32 realizada com as gestantes da capital foi respondida por

grávidas e mães que realizaram processo de parto recentemente, de diversas

classes sociais, entre as 159 mães, 52 recebiam entre 1 e 2 salários mínimos e 10

mais de seis salários mínimos ao mês.

Ao dirigir-se ao público leigo, o jornalista deve ter em conta a tradução de termos técnicos que, sendo na maior parte dos casos relacionados com as ciências médicas, biológicas ou tecnológicas, não são familiares aos leitores (AZEVEDO, 2009; p.9).

A não diferenciação pela mídia do público que procura ter acesso a esse

conteúdo pode ser um dos fatos responsáveis pelo não alcance das informações,

a respeito do parto humanizado - às gestantes.

Após pesquisas e aplicação de questionários ao público, os pesquisadores

entenderam que cada indivíduo entende a mensagem de uma forma e ele mesmo

é responsável por decidir se vai prestar atenção, ou não (ibid). Além disso, o

receptor pode não aceitar a mensagem ou a entender de forma contrária ao

objetivo do meio de comunicação de massa.

Existe de facto uma oscilação entre a ideia de que é possível obter efeitos relevantes, se as mensagens forem adequadamente estruturadas e a certeza de que, frequentemente, os efeitos que se procurava obter não foram conseguidos (ibid; p.12).

Segundo Wolf (1985), é possível persuadir o receptor a partir do momento

que a informação foi organizada e pensada para atingi-lo, de forma individual.

Entre os motivos apontados como possibilidade de ineficácia do produto produzido

32

Detalhes da pesquisa estão disponíveis no campo “o parto humanizado na mídia”, na delimitação do tema.

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40

para a mídia estão: dificuldade de acesso à própria informação e apatia social,

entre outras causas. “Quanto mais expostas as pessoas a um determinado

assunto, mais o seu interesse aumenta e, à medida que o interesse aumenta as

pessoas se sentem mais motivadas para saberem a cerca dele” (ibid; p.13).

No caso do parto humanizado que é um assunto pautado pela mídia,

conforme já discutido, as informações chegam ao público (não necessariamente

ao público-alvo), mas nem sempre o atinge de forma eficaz.

Dando sequência a analise estipulada pela agulha hipodérmica, a teoria

funcionalista deixa de estudar os efeitos de influência da mensagem no receptor e

passa a investigar a sua eficácia de acordo com a organização do conteúdo.

As matérias jornalísticas atuais “deixa[m] de cumprir a missão nobre de

verdadeiramente auxiliar o público a compreender globalmente o que acontece no

mundo contemporâneo” (LIMA, 1998; 22). A pauta fechada limita a visão do

repórter para a construção da matéria, isso é: o sair a campo, entrevistar pessoas,

observar cenas e cenários, entrar em ambientes, consultar fontes registradas de

informações, relacionar-se com o mundo, enfim, para descrevê-lo” (id; p. 24)

Entre os itens discutidos nesta teoria está a disfunção que pode ser

causada em casos de excesso de informação sobre um assunto, como é o caso

do parto humanizado. – “O cidadão bem interessado e informado pode deleitar-se

com tudo aquilo que sabe, não percebendo que se abstém de decidir e de agir”

(WOLF, 1985; p. 28), deixando de buscar conhecer o conteúdo na prática e se

satisfazendo com o que é apresentado nos veículos de comunicação.

O principal ponto em discussão é o que o leitor faz com o conteúdo

apresentado pela imprensa. Assim surge a reflexão: até que ponto ele vai levar em

consideração e dar importância aos temas agendados pela grande mídia?

A influência das comunicações de massa permanecerá incompreensível se não se considerar a sua importância relativamente aos critérios de experiência e aos contextos situacionais do público: as mensagens são captadas, interpretadas e adaptadas ao contexto subjetivo das experiências, conhecimentos e motivações (Merton, 1982, apud Wolf, 1985; p. 29).

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A desorganização das notícias é chamada de entropia (id). O grau desta

entropia deve ser medido de acordo com o feedback da sociedade em relação à

informação, pensando no sentido da comunicação retroativa, em que os meios de

comunicação de massa apresentam um conteúdo e a população corresponde.

O elevado número de conteúdos informativos, ao invés de informar,

prejudica o leitor. Atualmente temos acesso a um imenso número de notícias e

conteúdos diversos através da internet, que hoje, está acessível a todo o tempo,

por meio de tablets e smartphones. A tecnologia é vista como algo bom para o

público em geral, devido à facilidade de comunicação que trouxe,

Mas é mal que nos sintamos cada vez mais confusos com a avalanche de informações redundantes, superficiais, manipuladas ou simplesmente erradas (por causa da pressa em informar para concorrer). Neste caso um alto nível de entropia – na forma de dúvida e confusão mental – instala-se ao nível do receptor que certamente gostaria de receber informações fidedignas e de qualidade (CAMPOS, 2006; p.6).

O responsável por evitar o excesso de informação nos meios de

comunicação em massa é o próprio jornalista, que é quem deve apurar e

selecionar as informações de acordo com a sua relevância antes de repassar o

assunto ao público.

O jornalista será o responsável por hierarquizar, organizar e apresentar a informação que interesse a cada pessoa, segundo as suas necessidades, pois um motor de busca ou uma base de dados não podem substituir este serviço prestado pelo jornalismo. O jornalista tem obrigação de separar a informação que importa e que é séria, e apresentá-la de forma coerente (MARQUES, 2008; p.8).

Uma alternativa para a junção e organização das informações a respeito do

parto humanizado e seus desdobramentos é o livro-reportagem. A produção do

livro é feita através de práticas essencialmente jornalísticas e, em sua maioria, por

profissionais da área, ou seja, são trabalhados a partir de fatos reais e procuram

uma variedade de causas e consequências, reunidas em uma única obra para a

discussão de um tema.

A técnica do jornalismo literário, utilizada no livro-reportagem que investiga

fatos de forma mais aprofundada e criteriosa, é uma forma de fazer história.

A característica forte que o Jornalismo Literário traz é transformar o

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jornalismo em fonte de história e não só de informação. Além de guardar nas páginas dos jornais uma informação importante para aquele dia, o jornalista escreve um texto que vai ser guardado como fonte de informação daquela época para as futuras gerações, por isso o trabalho a mais de apurar e ter uma história completa e não só o último acontecimento (TOLEDO, TOMAZ. 2014; 10).

A apuração em uma única narrativa, com as informações necessárias sobre

a realização do parto, além de organizar e pontuar às gestantes como é realizado

o procedimento atualmente, permite a mães já experientes comparar os dados

com experiências próprias ou relatadas por pessoas próximas.

5.4 – A humanização no jornalismo e a relação com a ciência

O jornalista é influenciado por questões éticas e práticas, como a

objetividade, a novidade e principalmente a verdade. Esses quesitos envolvem a

profissão na produção de conteúdos para publicação, como é o caso do livro-

reportagem.

Entre as alternativas para uma narrativa de fácil compreensão, capaz de

apontar fatos jornalísticos de relevância relacionados ao parto humanizado, está o

relato de gestantes, apresentado de forma humanizada ao público.

No jornalismo literário, o autor deve utilizar recursos para aproximar o leitor

da realidade, apresentando itens como o espaço geográfico e temporal, os

personagens, um contexto social e só então contando a história (LIMA, 1998). O

estilo de escrita caracteriza os personagens como seres humanos, semelhantes

ao leitor.

O jornalismo humanizado não se proporia apenas a produzir textos diferenciados, com linguagem que usufrui dos recursos da Literatura, que valoriza personagens. Mais do que isso, buscaria a essência das ações humanas – é a escolha de um olhar, uma perspectiva, um ponto de partida diferenciado. Um olhar que deve priorizar o combate às causas da dor e do sofrimento humano (MONTEIRO, 2015; p.3).

A humanização é possível dentro de um produto feito a partir de entrevistas,

já que o autor vai ouvir e interagir com os personagens e pode construir uma

narrativa que apresente as ações e reações dos envolvidos, como é o objetivo

deste projeto.

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O profissional cuja formação o teria capacitado para manejar a linguagem preencheria um perfil que aliaria responsabilidade ética à habilidade linguística e criatividade para transmitir mensagens que satisfariam o público (id; p.5).

O jornalismo humanizado busca não apenas conteúdos que reproduzam

fatos, mas sim itens que tratam da essência humana e suas influências sociais,

respeitando as diversidades pessoais e culturais, itens que devem ser levados em

consideração durante os processos de parto apurados pela pesquisadora para a

produção do livro.

(...) um jornalismo de saúde civicamente orientado, no qual as informações dirigidas ao público não tenham foco apenas na responsabilidade individual dos leitores. De outra forma: numa notícia sobre a gravidez de uma menina no início da adolescência, o foco central é sempre no comportamento das adolescentes e não nas iniciativas (ou falta delas) do governo para mudar este cenário (AZEVEDO, 2009; p.11).

O compromisso com a verdade e a realidade não deve ser um empecilho

para impedir que o jornalista crie novos formatos textuais (MONTEIRO, 2015),

recheando as informações apuradas com histórias de pessoas reais. O produto

final deste projeto traz histórias de gestantes que passaram por diferentes

experiências durante o processo de parto, sem deixar de lado a apuração rigorosa

dos depoimentos.

O relato jornalístico humanizado pode sensibilizar e ampliar a compreensão dos leitores sobre a realidade na qual estão inseridos, além de se tornar uma ferramenta de divulgação das ações humanas para a construção de uma sociedade igualitária. A intenção, no caso de um Jornalismo mais sensível, é aproximar as pessoas de uma realidade que nem sempre conhecem e, por isso, com a qual não se preocupam. A descrição, a apuração detalhada nesse caso, seria feita com o intuito de inquietar e suscitar informações em uma comunidade, a fim de explicitar os conflitos que a raça humana tem enfrentado. Sem estereótipos ou preconceitos (id, 2015; p.13).

Um conteúdo humanizado é produzido para a sociedade, em contato direto

com os personagens que fazem parte dela. A narrativa é constituída por meio de

histórias humanas que levam a representação e interpretação de um fato. “Da

mesma forma, a notícia humanista pode orientar, guiar e amparar. Ela abraça o

objetivo primordial de informar e vai além, fazendo uso da experiência humana

para provocar a reflexão e, consequentemente, a compreensão” (AMIN, 2014;

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44

p.2), possibilitando levar às gestantes experiências de mulheres que já passaram

pelo parto.

Quanto mais expostos estiverem o leitor, o ouvinte ou o telespectador a um tema que o afeta, mais sujeitos estarão a tomar atitudes com base nas informações recebidas. Ocorre na cobertura de saúde o mesmo que acontece nos demais campos do jornalismo: a inclusão de certos temas e a exclusão de outros, colocando em evidência determinadas doenças e políticas públicas em detrimento de outras (AZEVEDO, 2009; p.28).

Os padrões para produção de conteúdos jornalísticos tendem a orientar o

profissional a seguir pelos caminhos pré-estabelecidos, como é o caso do lead,

que responde as perguntas “O que?” “Quem?”, “Quando?”, “Onde?”, “Como?” e

“Por quê?” e da pirâmide invertida, que define a ordem como as informações

devem ser apresentadas no texto. A utilização das estratégias da literatura no

jornalismo é uma forma de deixar a narrativa livre.

O fato é que a literatura é presente como forma, não como conteúdo, ou seja, trata-se do uso da linguagem esteticamente trabalhada no texto jornalístico, independente do assunto a ser tratado. Sendo assim, a literatura representa a fuga da pirâmide, com alternativas de escrita diante da técnica tradicional do lead. A realidade é exposta de forma ampla e complexa (id, 2014; p.5).

No texto humanista a diferença está em como as informações são

apresentadas, escolhendo a linguagem correta para cada situação. Também é

necessário atentar-se durante o processo de produção para ter contato com os

personagens e, consequentemente, observar suas reações que serão destinados

ao jornalismo literário, na produção do livro.

O assunto a ser tratado neste projeto envolve a ciência da Medicina e por

isso tem uma relação direta com a saúde das gestantes que vão consumi-lo. Com

as técnicas do jornalismo literário é possível aproximar as gestantes dos

processos científicos adotados durante o parto, utilizando uma linguagem

acessível ao público leigo na área da medicina, despertando uma consciência

crítica no receptor.

Por meio da fusão de Jornalismo Literário e Jornalismo Científico é possível, além de humanizar a figura do cientista, estimular o interesse do público por Ciência e Tecnologia. Humanizar significa aproximar socialmente o cientista que fica nos laboratórios, afastado de uma realidade comum à maioria, da sociedade que vai receber os resultados das pesquisas; isso inclui caracterizá-lo e descrevê-lo como parte dessa

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mesma sociedade (CHICA, FIRMINO, NERING, VIEIRA, PASSOS E CARVALHO, 2011; p. 3)

5.5 – A representação da realidade por meio do livro-reportagem

Os métodos de apuração de conteúdos do jornalismo propõem a

apresentação de um conteúdo o mais próximo possível da realidade, descrevendo

itens que normalmente não são utilizados no jornalismo diário, como a descrição

geográfica, temporal e de expressões dos personagens, entre outros.

(...)que permite associar a exigência do real com todo tipo de jogos de linguagem, como a ironia e a jocosidade. Assim, tenta-se causar um efeito quase visual, possibilitando que o leitor esteja perto de enxergar as personagens e os cenários em que elas se inserem (MARTINS, 2006; p.4).

A representação do real é a condição necessária que justifica a existência

do jornalismo (DELMONTE, 2008; p.1). A capacidade do jornalista de representar

o real é debatida, considerando que um relato jornalístico é uma versão dos fatos

ocorridos.

O jornalismo literário permite que ao autor ter maior liberdade com o uso

das palavras e seus significados. Segundo Mônica Martinez, nesse gênero

jornalístico é possível dar voz e forma as pessoas comuns, com seus problemas e

limitações e pode ser rico em detalhes e informações.

No campo do pensamento mítico, o JL [jornalismo literário] tem em comum com os primeiros contadores de histórias a riqueza imagética, isto é, a capacidade de tecer narrativas com símbolos, metáforas e imagens que são de fácil compreensão para todos. Assim, em vez de gastar linhas e linhas explicando que tal político age, digamos, sem escrúpulos, pode-se dizer que o sujeito é uma raposa. Uma pequena palavra, mas com conteúdo tão abrangente que até uma criança a entende (MARTINEZ, 2009; p.73).

Por meio das palavras em uma narrativa de jornalismo literário, a

possibilidade explicar itens como as pequenas atitudes dos personagens, que não

seriam utilizadas no jornalismo diário, trazem representações sobre a pessoa e o

meio no qual ela vive, que podem ser de extrema importância para o relato da

notícia.

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A relação de gestos cotidianos, hábitos, modos, costumes, estilos de mobília, de vestir, de decoração, estilos de viajar, de comer, de lidar com a casa, modos de comportamento com as crianças, empregados, superiores, inferiores, iguais, além das diversas aparências, olhares, passos, estilo de andar e outros detalhes simbólicos que podem existir no interior de uma cena. Simbólicos do que? Simbólicos, em termos gerais, do status de vida das pessoas, empregando este termo no sentido amplo do esquema completo de comportamentos e bens através do qual as pessoas expressam sua posição no mundo (...) A relação de tais detalhes não é meramente um modo de adornar a prosa. Encontra-se tão perto do núcleo da força do realismo como qualquer outro procedimento da literatura (WOLFE, 1976; p.52 apud MARTINZ, 2006; p.6).

O jornalista é capaz de perceber situações e emoções e aplicá-las ao texto,

de forma que possibilita ao leitor maior aproximação com o ocorrido. “Esse

mergulho na realidade, que tem como um dos alvos um alto nível de exatidão de

informação, demanda muita pesquisa e familiaridade com a temática”

(MARTINEZ, 2009; p.80).

O Jornalismo literário coloca o autor em contato com os personagens para

ouvir histórias e testemunhar fatos, possibilitando contar as histórias com maior

exatidão.

Para fazê-la, o jornalista deve deixar claro seu método de trabalho. Isso demanda uma conversa prévia na qual expõe a duração prevista da apuração, o enfoque e eventual tamanho da matéria, onde será publicada, se ouvirá outras pessoas e pretende ou não compartilhar o texto antes da publicação, bem como o impacto que imagina que a cobertura pode causar na vida daquela pessoa ou comunidade — ou seja, deve haver transparência no relacionamento com a fonte para que ela possa, inclusive, recusar o convite para participar. Jornalismo Literário pede acesso fácil e constante à fonte para gerar a familiarização necessária, daí os eventos rotineiros serem um campo fértil e inesgotável para boas pautas (Id, 2009; p.80).

Para ser uma obra jornalística – um livro reportagem – é necessário que o

autor seja extremamente fiel aos fatos, tendo cuidado ao escrever relatos e aspas

dos personagens.

Isso significa não inventar nem alterar nada. Em Jornalismo Literário, quem conta um ponto não aumenta um ponto. Citações e pensamentos, por exemplo, devem ser verificados da forma mais simples que existe: perguntando à fonte (ibid, 2009; p.81).

O gênero jornalístico também permite que o autor possa apresentar sua

personalidade ao leitor, em detalhes do texto que complementem a obra e tornem

a leitura mais interessante.

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47

Voz autoral é a quarta característica proposta por Kramer. Segundo o autor, o jornalista literário tem personalidade. Como pessoa integral que é, pode ter traços tão díspares como intimidade, franqueza, ironia, estranhamento, confusão, até ser julgador ou um tremendo gozador. Aliás, é essa voz íntima que, manifestada de forma mais implícita do que ostensiva, gera um campo de conexão com o leitor. Há personalidades mais fortes, claro (ibid, 2009; p. 82).

O texto do jornalismo literário pode usar simbologias e metáforas para

facilitar o entendimento do leitor, que precisa ser conduzido pela história, sem ficar

confuso com as informações apresentadas.

A história precisa ter um fio condutor e ressoar na experiência pessoal do leitor, que tem de sentir a catarse de chegar a algum lugar depois de ter aceitado acompanhar o protagonista da história por várias cenas, ordenadas de forma a revelar gradativamente a situação (ibid, 2009; p. 82).

É possível que o autor produza um texto humano que passe a informação

desejada de forma acessível e atraente.

5.6– Perfil de personagens no jornalismo literário

Existem várias formas de classificar um livro-reportagem de acordo com a

linha de temática. Entre eles está o livro-reportagem perfil, que contém textos

considerados curtos. (LIMA, 2004). O gênero surgiu no Brasil em revistas como “O

cruzeiro e a realidade” e ficou conhecido após ser utilizado por escritores como

Truman Capote e Gay Talese (BARROS, SANTOS, 2015).

Trata-se de uma obra que procura evidenciar o lado humano de uma personalidade pública ou de uma personalidade anônima que, por algum motivo, torna-se de interesse. No primeiro caso, trata-se, em geral, de uma figura olimpiana. No segundo, a pessoa geralmente representa, por suas características e circunstâncias de vida, um determinado grupo social, passando como que a personificar a realidade do grupo em questão. (LIMA, 2004; p.51).

Ao contrário da biografia que apresenta a vida completa do personagem, o

perfil escolhe um espaço temporal vivenciado pelo mesmo. Pode ser narrado de

forma linear, ou não.

Ao contrário da biografia, o perfil não pretende descrever por completo uma vida, mas apresentar num recorte temporal as características, valores e o modo de vida de um personagem, numa estrutura semelhante

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à do conto, porém cujos elementos se orientam para a caracterização do protagonista. Obras de outras categorias podem conter mini-perfis, descrições que pretendam oferecer um "instantâneo" de um indivíduo (VILAS BOAS, 2003 apud PASSOS e ORLANDINI, 2008; p.16).

Os personagens da vida real, presentes nos perfis, são descritos de forma

mais simples se comparados aos personagens literários.

Uma das diferenças fundamentais entre as personagens literárias e as pessoas na vida real: as personagens são esboçadas com traços muito mais amplos e grosseiros, são criaturas muito mais simples, mais genéricas (ou, como se dizia antes, míticas) que as pessoas reais, e a vividez sobrenatural que elas demonstram deriva da sua fixidez e consistência nada ambíguas (MALCOM, 1990 apud Camargo, 2016).

Os textos serão parte de um livro cujo objetivo é explicar sobre partos.

Segundo Paulo Camargo (2016) os perfis são capazes de criar um contexto do

assunto e apresentar quais são as condições de partos no Brasil. “A ideia de

resgatar uma memória coletiva, um conhecimento da nossa história através dos

personagens” (id, 2016; p.3).

Os perfis produzidos pela pesquisadora devem fogem do conhecido padrão

narrativo “jornada do herói” que glamouriza o personagem, apresentando uma

história de superação. De acordo com Daniel Piza (2003) este é um erro cometido

por jornalistas.

Em geral, no jornalismo brasileiro, os perfis terminam sempre glamourizando o personagem (detalhando alguns de seus gestos elogiáveis, por exemplo) ou desancando-o (dando corda para seus detratores), dois erros semelhantes pelo fato de que põem o autor à frente da obra (PIZA, 2003).

Para a produção do perfil a entrevista presencial com o personagem é uma

etapa indispensável de apuração, para que o autor possa entender o contexto dos

fatos e as emoções do personagem.

No caso proposto, a discussão sobre as experiências de vida do entrevistado torna-se parte fundamental, pois apenas assim poderá ser efetuado o envolvimento para a elaboração de um perfil que reflita os seus atores sociais (SILVA, 2009; p. 2).

O gênero dá destaque ao personagem e à história de vida do mesmo,

reconstituindo fatos ocorridos na vida do personagem da forma mais próxima do

real possível.

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Importante ressaltar os principais atributos do gênero, entre os quais, podemos destacar: pleno destaque na pessoa, preocupando-se em desvendar a ideologia dos personagens, mesmo que esta esteja sendo encenada; e eliminação dos pressupostos do jornalismo meramente informativo, diminuindo a negação da subjetividade e o famoso foco no factual (id, 2009; p.6).

Na obra em questão, os perfis dos personagens são costurados com a

narração da autora, situando os itens básicos dos acontecimentos para

contextualizar o leitor. As narrativas são hibridas em gêneros do jornalismo e

estão presentes sempre que o autor descreve uma história (ibid, 2009; p. 4)

No livro-reportagem, a narração edifica-se, quase sempre, a partir de uma ação dada, mas privilegiando a intensidade e, menos frequentemente, o ambiente. É compreensível isso, já que a grande-reportagem toma um item dado como foco a partir do qual descarna o contexto que o envolve (ibid, 2004; p.148).

A narração serve como uma “linha guia” para apontar os caminhos ao leitor.

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50

.

6 – Metodologia

Para o desenvolvimento de um conteúdo jornalístico, como um livro-

reportagem que é a proposta deste projeto, é necessário fazer uso de técnicas de

pesquisa, coleta e apuração de dados, técnicas de entrevistas e escolha de uma

narrativa jornalística para o relato dos fatos apurados, entre outros itens.

Parte-se do pressuposto de duas etapas distintas na produção do projeto,

sendo que a primeira fase centra-se na pesquisa bibliográfica para entender e

debater o tema e definir como será o desenvolvimento do produto: a segunda é a

própria apuração dos dados e a construção do livro-reportagem. Assim, no intuito

de uma melhor organização do presente projeto a metodologia utilizada para

pesquisa foi dividida em duas partes:

6.1 – Metodologias aplicadas no processo científico

6.1.1 – Pesquisa bibliográfica

Entendendo como pesquisa a prática constante de busca por respostas por

parte do pesquisador, a pesquisa bibliográfica

consiste em uma leitura rápida que objetiva localizar e selecionar o material que pode apresentar informações e/ou dados referentes ao tema. Momento de incursão em bibliotecas e bases de dados computadorizadas para a localização de obras relacionadas ao tema (LIMA, MIOTO, 2007; p.41).

O pesquisador, ao iniciar a pesquisa bibliográfica, tem um tema a ser

debatido e precisa de documentos que apontem o que já é conhecido sobre o

assunto para complementar a própria narrativa e definir o foco da pesquisa.

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte de pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema (MANZATO, SANTOS, 2012; p.4)

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Esta etapa do projeto buscou autores para definir o que é o parto

humanizado e traçar uma linha histórica desde quando esse tipo de procedimento

era realizado tradicionalmente nas residências por parteiras, apontando como foi a

transição dos partos, de casa para o hospital, com destaque para as alterações

provocadas no emocional das mães.

Autores, como Liester e Riesco (2011), Oliveira (2011), Castro e Clapis

(2005), Diniz (2005), Oliveira e Madeira (2002), Longo, Andraus e Barbosa (2014),

Crizóstomo, Luz e Nery (2007) foram essenciais para as definições deste projeto

e, além dos itens já citados no parágrafo anterior, ajudaram a discutir sobre as

epidemias de cesarianas, que começaram a acontecer junto com a

industrialização no Brasil e é um dos problemas que persistem na saúde pública

até os dias atuais.

Para traçar um panorama mais próximo do real possível, também foram

utilizados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que

estavam disponíveis na internet, além de apurações feitas para o projeto junto ao

Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba e a Secretaria de Saúde do Paraná, para

definir quando foi realizada a primeira cirurgia cesariana na capital e ter um

panorama de quantas gestantes a instituição de saúde, no caso o HC, atende ao

ano.

Ainda foram utilizados dados levantados por Freitas (2015) para o

hackathon da Universidade Positivo (UP), que possibilitou saber quantas

gestantes foram atendidas, em Curitiba, pelo Sistema Único de Saúde e pelos

principais planos de saúde, apontando quantos nascimentos foram realizados por

meio de partos normais e das cesarianas, no ano de 2013 – referente ao SUS – e

de 2014 nos planos de saúde. Além disso, o levantamento também aponta os

nomes dos médicos e a porcentagem de cada tipo de parto realizado por cada um

deles.

Para complementar a abordagem sobre os partos, buscou-se nos meios de

comunicação a opinião do então ministro da saúde, Arthur Chioro (2015) sobre a

epidemia de cesarianas que atinge o Brasil e as medidas que são tomadas pelas

entidades públicas para reverter este quadro (Laboissoère, 2015). Outro item

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52

pesquisado foi o mapeamento da violência obstétrica no país (Maciel, 2015) e as

medidas para garantir os direitos das mulheres (Piva, 2015), além de consultar

quais são os direitos das mulheres na hora do parto (Martinhago, 2013).

Ainda em matérias jornalísticas, foram encontradas informações sobre os

motivos pelos quais as cesáreas sobrepõem o número de partos normais (Barba,

2015) e ficou clara a posição do conselho de ginecologia sobre a exposição dos

dados que apontam a relação dos médicos e o tipo de parto realizado (Rezende,

2015).

Para conhecer os produtos concorrentes e saber como o tema está sendo

debatido, a pesquisadora utilizou-se da leitura de livros e assistência de

documentários sobre o assunto. Entre eles estão as obras de Luciana Benati e

Marcelo Min, “Parto com Amor” (2011) que apresenta relatos de parturientes com

fotografias, além do Manual de Parto Normal da Organização Mundial da Saúde

(1996), os documentários “Na Hora Certa” (2011) e Parto Humanizado (2013).

O produto consumido para esta fase do projeto do projeto, que mais se

aproximou da proposta aqui apresentada foi a reportagem do programa global

“Profissão Repórter”, chamada “‘Profissão Repórter’ e a emoção do nascimento de

um filho” (Barcelos, 2014), que exibe uma jornalista imersa nos hospitais e

acompanhando partos domiciliares.

Como exemplos de livro-reportagem produzidos por alunos do UniBrasil,

utilizados para observar os processos de produção foram escolhidos os livros “O

autismo é outra história” (Guimarães, 2008) e “Rememórias: a Trajetória dos

Condenados” (Candido e Lima, 2012).

Sobre as definições de jornalismo literário, livro reportagem e como deve se

dar a produção do mesmo, o principal autor utilizado foi Edvaldo Pereira Lima

(1998 e 2004). Também foram levadas em consideração e utilizadas para debate

as obras de Wolfe (2005), Toledo e Thomaz (2014) e Monteiro (2015).

Ainda nesta pesquisa foram debatidos itens como a observação participante

e jornalismo humanizado com o apoio de alguns autores já citados como Lima

(1998 e 2004) e Wolfe (2005), além de Marques (2008) e Campos (2006). A

análise da relação do jornalismo com a área da saúde, a relação com teorias já

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existentes e o impacto da divulgação de informações foi produzida com base nas

obras de Chica, Firmino, Nering, Vieira, Passos e Carvalho (2011), Azevedo

(2009), Wolf (1985) e Dalmonte (2008).

6.1.2 – Pesquisa de campo

Com o objetivo de saber de que forma as informações disparadas pela

mídia, sobre os procedimentos realizados durante o processo de parto e sobre o

parto humanizado atingem as gestantes de Curitiba e Região Metropolitana,

aplicou-se um questionário33 via web, em cerca de dez grupos que reúnem mães e

parturientes, nas redes sociais Facebook e Google Mais. Essas perguntas foram

respondias por 139 mulheres entre o primeiro mês de gestação e o primeiro ano

após o parto. De todas as entrevistadas, apenas sete eram conhecidas e tiveram

contato direto com a pesquisadora para as respostas, as outras viram o

questionário nas redes sociais e optaram por responder. Foram selecionadas as

que tiveram filhos na janela de tempo citada, nos últimos 12 meses.

Cerca de dez das gestantes mantêm contato com esta pesquisadora e

foram escolhidas para responder ao questionário. As outras mulheres se

dispuseram a compartilhar as informações após receberem a solicitação nos

grupos de mães e gestantes das redes sociais.

Os métodos de pesquisa quantitativa, de modo geral, são utilizados quando se quer medir opiniões, reações, sensações, hábitos e atitudes etc. de um universo (público-alvo) através de uma amostra que o represente de forma estatisticamente comprovada (MANZATO, SANTOS, 2012; p.7)

Curitiba realizou cerca de 30 mil partos em 2014, uma média de 2.500 ao

mês. Para chegar a uma amostragem em relação ao conhecimento das mães foi

utilizada uma amostragem probabilística, quando todos os elementos da

população têm a possibilidade diferente de zero de participar da amostra (id) e é

considerada casual simples, já que os elementos não são escolhidos e respondem

a pesquisa devido ao acaso (ibid).

33

Todos os detalhes da pesquisa estão disponíveis no campo “Parto Humanizado em Curitiba”, na delimitação do tema.

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54

Responderam o questionário, que foi disparado em cerca de dez grupos

referentes ao tema das redes sociais Facebook e Google Mais, mães com idade

entre 16 e 45 anos. Do total, 54,7% das entrevistadas afirmam não saber quais

são os procedimentos padrão adotados pela instituição de saúde no momento do

parto, sendo que 99,3% disseram que é importante ter esse conhecimento e

58,3% consideram insuficientes as informações repassadas pelos médicos.

Além disso, 54% das mulheres entrevistadas nunca receberam qualquer

tipo de informação sobre o parto humanizado, o que aponta a falta de orientação

sobre o procedimento nas unidades de saúde.

Seguindo as orientações de Manzato e Santos (2010), o questionário

aplicado apresenta o entrevistador, identifica o entrevistado e em seguida aplica

as perguntas necessárias para a pesquisa.

Para evitar possíveis erros, o questionário passou pelo teste de 20 pessoas,

que apontaram suas considerações sobre as perguntas, opinando sobre a clareza

e objetividade das questões. Dos 20 entrevistados, duas ofereceram

considerações negativas, foram elas:

- As alternativas para a renda dos entrevistados estavam muito

abrangentes, pois havia sido feita de dois em dois salários mínimos. A sugestão

da jornalista Kelli Kadanus era reduzir os valores apresentados.

- Alteração do tempo de gestação de meses para semanas, sugestão da

enfermeira e estudante de Jornalismo, Camila Babeto.

A primeira sugestão foi acatada e as alternativas de renda do questionário

apresentaram as opções subindo um salário a cada opção, da questão de múltipla

escolha. Já o tempo de gestação continua sendo medido através dos meses, com

o objetivo de evitar questões com alternativas extensas.

Os dados foram aplicados na plataforma do Google34, que cataloga os

dados e produz os gráficos com resultados números e percentuais

automaticamente. As perguntas foram elaboradas na plataforma citada e

34

Google Forms

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divulgada nos grupo de mães e gestantes das redes sociais Facebook e Google

mais, para obtenção das respostas necessárias para a pesquisa.

6.1.3 – Pesquisa de mídia

Para ter conhecimento de como a mídia está tratando o tema do parto

humanizado e a frequência das publicações, foi realizada uma pesquisa para

analisar o conteúdo do jornal Gazeta do Povo, um dos maiores do estado,

segundo a Associação Nacional dos Jornais. Foram analisadas matérias

publicadas entre os anos de 2006 e 2016, que estavam disponíveis para consulta

no site.

Optou-se por observar os dados por meio da metodologia da análise de

conteúdo como, entendida aqui como “um conjunto de técnicas de exploração de

documentos, que procura identificar os principais conceitos ou principais temas

abordados em um determinado texto” (OLIVEIRA, ENS, ANDRADE, MUSSIS,

2003; p.4). No total, foram analisados 291 conteúdos da plataforma online do

jornal. O site foi escolhido já que as matérias veiculadas no impresso também são

divulgadas no site35.

O objetivo final da análise de conteúdo é fornecer indicadores úteis aos objetivos da pesquisa. O pesquisador poderá, assim, interpretar os resultados obtidos relacionando-os ao próprio contexto de produção do documento e aos objetivos do indivíduo ou organização/instituição que o elaborou (id; p.5).

Para a elaboração das perguntas a serem aplicadas na pesquisa de análise

de conteúdo, o pesquisador precisa ter um conhecimento prévio sobre o assunto,

para que possa apreender sobre realidade estudada e buscar soluções para os

problemas apresentados antes do início da pesquisa (CAVALCANTE, CALIXTO,

PINHEIRO, 2014).

Neste sentido a análise requer uma pré- compreensão do ser, suas manifestações, suas interações com contexto, e principalmente requer um olhar meticuloso do investigador. Para isso, é importante verificar os níveis que estruturam uma pergunta de pesquisa tais como o saber que

35

A afirmação é do editor-chefe do online do jornal Gazeta do Povo, Fabiano Klostermann, em entrevista a autora, em março de 2016.

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penetra tangencialmente ou lateralmente, o saber concomitante e atemático e ainda o pré-saber não singularmente determinado (id; p.15)

As fases envolvidas na análise do conteúdo são a pré-análise, que é a

formulação e reformulação de hipóteses e pressupostos, por meio da leitura

flutuante que coloca o pesquisador em contato com o objeto em estudo; a

exploração do material ou codificação, onde o pesquisador procura palavras e

expressões significantes no conteúdo estudado, recortando o texto em itens de

análise e de registro; e por fim o tratamento dos resultados obtidos e a

interpretação, com a classificação dos dados (ibid; p.16).

As palavras-chaves escolhidas para a busca foram: parto; parto

humanizado, doula, cesárea, e parto domiciliar. As buscas no site apontaram um

número de resultados infinitamente maior do que o disponível em cada busca36,

destes apenas os 291 conteúdos disponíveis e não repetidos foram utilizados na

pesquisa.

Para evitar que materiais repetidos fossem utilizados para a análise de

conteúdo, os links encontrados foram enumerados e adicionados a um documento

do Word37. Assim, os endereços encontrados passavam por uma busca no

documento para verificar se o mesmo já existia entre os links selecionados,

utilizando a ferramenta chamada “localização” disponível na plataforma.

Após a separação dos links uteis para a pesquisa, cada matéria foi

acessada individualmente e as questões analisadas foram: o ano da publicação e

a relação dela com o trabalho de parto. Os conteúdos encontrados pela busca no

site que não tinham relação com o tema pesquisado foram eliminados nesta fase

da análise.

As matérias que passaram por este filtro e não estavam com acesso

disponível ao público também foram eliminadas. Apenas com as matérias que

realmente passariam pelo processo de análise, foram identificados nos conteúdos

36

Para a busca de “parto domiciliar” foram apontadas 3.800 matérias, na busca por “parto” 20.200, “cesárea” apontou 368, “doula” apontou 1.230 e parto 117, mas o número máximo de conteúdos disponíveis foram de 100 em cada busca, assim a pesquisa trabalhou apenas com as matérias possíveis. Os números podem ser verificados no campo “pesquisa de campo”, dos anexos. 37

O arquivo pode ser encontrado no endereço: https://drive.google.com/file/d/0ByG0I9WQZwOiN0tzSnEzeTJmMFk/view?usp=sharing

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57

itens como as que tinham ou não entrevistados e quais eram os entrevistados que

apareciam na pesquisa; Se o conteúdo falava diretamente sobre os procedimentos

realizados durante o trabalho de parto, levando em consideração o período em

que a gestante entra no pré-parto até o momento em que recebe a criança; A

existência ou não de recursos audiovisuais; e o formato do conteúdo (reportagem,

matéria, entrevista, publicidade, blogs e colunas).

As matérias analisadas foram publicadas entre os anos de 2006 e 2016 e

do total 172 (59,1%) tinham relação com os procedimentos realizados durante o

período em que a mulher entra em trabalho de parto até o momento em que

recebe o bebê.

Entre as 168 matérias analisadas, 129 não tinham informações a respeito

dos procedimentos padrões realizados nos hospitais, maternidades ou nas

próprias casas, por médicos, enfermeiros ou doulas, durante partos normais,

cirurgias cesáreas ou partos humanizados

Do total de 168 conteúdos, 79 (47%) eram reportagens, aprofundadas ou

não, que foram definidas pela existência de alguma entrevista direta. Outros 42

(25%) eram notas, quando a informação é dada sem a apresentação de

entrevistas, 22 (13%) tratam-se de conteúdos de opinião ou relato produzidos por

blogueiros e/ou colunistas, 16 (9,5%) tratavam-se de entrevista “ping pong” e 9

(5,4%) eram conteúdos de publicidade.

Os conteúdos colhidos foram aplicados na plataforma do Google38, já citado

na pesquisa anterior, que cataloga os dados colhidos e produz gráficos a partir

dos números apresentados.

6.2 – Metodologias empregadas no produto

Na metodologia referente ao produto, assinala-se as técnicas que devem

ser adotadas para a produção do livro reportagem, considerando a pesquisa de

campo que será a coleta dos dados necessários.

A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos

38

Google Forms

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mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado (FUZZI, 2010).

Esta etapa do projeto foi desenvolvida durante o oitavo período do curso de

Jornalismo, do Centro Universitário UniBrasil.

6.2.1 – Técnicas de entrevista

Foram entrevistados seis médicos (as), duas doulas, nove mães e

profissionais que estão diretamente ligados com a realização dos partos nas

instituições, como anestesista, advogado para explicar sobre os direitos das

gestantes e uma psicóloga.

Esses entrevistados devem debateram sobre o assunto parto, humanizados

ou não, em casa ou no hospital, definiram os pontos quais consideram positivos e

os pontos quais consideram negativos à mãe e ao bebê, os riscos que expõem os

pacientes e opinar sobre o debate deste assunto entre as gestantes.

A entrevista como coleta de dados sobre um determinado tema científico é a técnica mais utilizada no processo de trabalho de campo. Através dela os pesquisadores buscam obter informações, ou seja, coletar dados objetivos e subjetivos. Os dados objetivos podem ser obtidos também através de fontes secundárias tais como: censos, estatísticas, etc. Já os dados subjetivos só poderão ser obtidos através da entrevista, pois que, eles se relacionam com os valores, às atitudes e às opiniões dos sujeitos entrevistados (BONI, QUARESMA, 2005; p.72).

Além do tema do parto humanizado, as gestantes relataram as histórias

vivenciadas durante os períodos de pré-parto, parto e pós-parto e os profissionais

debateram sobre as duvidas comuns, apresentadas pelas entrevistadas, como por

exemplo, quando uma cirurgia cesariana é necessária.

As entrevistas foram planejadas, pensando nos questionários que foram

aplicados elaborados para cada entrevistado39 e aplicados presencialmente.

Lembrando que o questionário elaborado serviu como base, uma espécie de

coluna dorsal para os assuntos quais devem ser abordados. Ele não limitou os

assuntos tratados durante a entrevista.

39

Os roteiros das perguntas estão disponíveis neste link: https://drive.google.com/file/d/0ByG0I9WQZwOiR2tKd0p4WWlDekU/view?usp=sharing

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As mães devem foram entrevistadas no método “História de Vida” e

“Tópica”, que, segundo Boni e Quaresma (id), tem como objetivo principal fazer

com que o entrevistado retome um ponto específico da vida e o retrate durante a

conversa. O objetivo é encontrar um reflexo do resultado coletivo no individual.

Já os profissionais da área da saúde responderam a questões em uma

entrevista semi-estruturada, que, “combinam perguntas abertas e fechadas onde o

informante tem possibilidade de discorrer sobre o tema proposto” (id; p.75). Neste

caso o pesquisador leva uma série de perguntas pré-elaboradas, mas tem a

possibilidade de fugir destas questões e a ordem pré-definida, fazer perguntas

adicionais, conversar e voltar ao tema sempre que o entrevistado se distanciar do

assunto e fazer novos questionamentos sempre que considerar que as repostas

não foram claras o suficiente, entre outros itens.

As técnicas de entrevista aberta e semi-estruturada também têm como vantagem a sua elasticidade quanto à duração, permitindo uma cobertura mais profunda sobre determinados assuntos. Além disso, a interação entre o entrevistador e o entrevistado favorece as respostas espontâneas. Elas também são possibilitadoras de uma abertura e proximidade maior entre entrevistador e entrevistado, o que permite ao entrevistador tocar em assuntos mais complexos e delicados, ou seja, quanto menos estruturada a entrevista maior será o favorecimento de uma troca mais afetiva entre as duas partes. Desse modo, estes tipos de entrevista colaboram muito na investigação dos aspectos afetivos e valorativos dos informantes que determinam significados pessoais de suas atitudes e comportamentos. As respostas espontâneas dos entrevistados e a maior liberdade que estes têm podem fazer surgir questões inesperadas ao entrevistador que poderão ser de grande utilidade em sua pesquisa (ibid; p.76).

Nos dois casos citados existe a possibilidade de usar imagens e fotografias

com os entrevistados durante a conversa para ajudar a lembrar e esclarecer

alguns fatos. O item foi utilizado com algumas gestantes, como é o caso de

Thayná Mendes que teve parto humanizado natural e disponibilizou fotos e vídeos

do momento para a pesquisadora.

A entrevistadora sempre deve buscou deixar o entrevistado à vontade para

aumentar o grau de confiança e assim conseguir informações mais detalhadas.

Para isso, é necessário sempre estar ao nível do entrevistado, ou seja, se

aproximar dos seus hábitos e costumes e tentar deixar a conversa o mais informal

possível.

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O pesquisador deve levar em conta que no momento da entrevista ele estará convivendo com sentimentos, afetos pessoais, fragilidades, por isso todo respeito à pessoa pesquisada. O pesquisador não pode esquecer que cada um dos pesquisados faz parte de uma singularidade, cada um deles têm uma história de vida diferente, têm uma existência singular. Portanto nada de distração durante a entrevista, precisa-se estar atento e atencioso com o informante. Além disso, ao realizar o relatório da pesquisa é dever do pesquisador se esforçar ao máximo para situar o leitor de que lugar o entrevistado fala, qual o seu espaço social, sua condição social e quais os condicionamentos dos quais o pesquisado é o produto. Tem que ficar claro para o leitor a tomada de posição do pesquisado (ibid; p.77).

O uso do gravador como objeto de pesquisa só foi utilizado após a

autorização do personagem ou especialista. O entrevistador avaliou se o uso do

instrumento não vai prejudicaria a conversa, já que poderia causar

constrangimento ao entrevistado. O domínio do roteiro e conhecimento sobre o

assunto da entrevista é essencial para ajudar na proximidade com o entrevistado.

Em todas as entrevistas realizadas para este projeto o áudio foi captado e,

aquelas em que o personagem tem o nome divulgado, estão disponíveis para

consulta40.

6.2.2 - A ética na produção do livro reportagem sobre o parto

humanizado

Em toda a produção do livro-reportagem a pesquisadora esteve em contato

com pessoas e, na maioria dos casos, dentro de instituições de saúde ou

residências. Assim sendo, torna-se necessária a discussão sobre como esses

seres humanos, gestantes, mães e bebês serão retratados dentro do produto e,

além disso, como será feita a abordagem a cada um deles para que participem do

projeto de pesquisa.

De acordo com Christofoletti (2008) a ética é uma dimensão que não toca

apenas o lado individual das pessoas e não está ligada apenas à verdade. Os

seres humanos convivem com as regras do chamado “valores morais”, que são

uma série de normas estabelecidas, inconscientemente, entre as pessoas e as

40

- Os áudios estão disponíveis neste link do google drive - https://drive.google.com/drive/folders/0ByG0I9WQZwOiRHc1Qll5VW56TGM?usp=sharing

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61

diferentes culturas para possibilitar uma harmonia saudável entre todas, que

resultam na ética.

A moral é isso: um conjunto de valores que orientam a conduta, as ações e os julgamentos humanos. Valores como bondade, justiça, liberdade, igualdade, respeito à vida, entre tantos outros. E com base nesses valores morais que fazemos escolhas sobre nossas condutas e atuamos diante de situações cotidianas (id; p.5).

“A ética é reflexiva, maleável, praticante e questionadora” (ibid; p.6) e nos

faz a pensar a relação entre os valores morais e as relações com o mundo. Ela

tem a dimensão individual, que é a que nos faz pensar os valores cultivados pelo

próprio individuo (o nosso eu) e a social, que nos faz pensar sobre o que nos

rodeia.

Para tomar uma atitude ética é necessário levar em consideração os dois

pontos citados, o individual e o coletivo, sem deixar de lembrar-se dos resultados

que a atitude pode provocar para a decisão. Mesmo a ética não sendo algo

material, tocável, devemos pensar que os resultados provocados por ela podem

não ser. Por exemplo, a divulgação de uma foto ou informação errada (e negativa)

em um meio de comunicação de massa sobre uma pessoa pode fazer com que

ela sofra consequências como perder o emprego, perseguição e discriminação,

entre tantas outras.

O jornalismo é uma atividade social, que revela dados da realidade e interliga fatos desconexos para uma maior compreensão humana. É uma prática que orienta, instrui e denuncia desmandos e desvios. É uma profissão que lida com pessoas, interesses, honras e reputações. É um campo que dissemina afirmações, reforça preconceitos, forma opiniões e organiza (ou tenta organizar) o cotidiano das pessoas. Por isso, a responsabilidade cresce no exercício dessa profissão, já que há muita coisa em jogo (ibid; p.8)

A ética está diretamente ligada às atitudes tomadas no dia a dia do

jornalista e nas decisões sobre o que vai ou não ser publicado, sempre ligando os

fatos à realidade e à veracidade das informações.

O direito à vida privada e à liberdade de informação com interesse público é

um dos temas que aumentam a complexidade quando a discussão é a ética

jornalística.

De um lado, parece-nos bastante genérico, confuso e subjetivo somente definir que onde termina a vida privada começa o interesse público, ou

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simplesmente que a privacidade deve estar submetida ao interesse público. Essa síntese, muitas vezes expressas em códigos, como veremos adiante, só pode ser entendida como referencia normativa para a discussão, análise e julgamento de um caso com o qual o profissional se defronte e tenha de fazer uma escolha, tanto no método e abrangência da investigação informativa quanto na opção de publicação, incluindo sua forma e conteúdo (KARAM, 2014).

Definir os limites da vida pública e vida privada é um dos objetivos da ética

jornalística. No caso da produção deste livro-reportagem, que terá uma narrativa

humanista e pretende retratar os personagens com humanização, as histórias

descritas devem ser autorizadas pelos entrevistados, que tiveram a possibilidade

de escolher entre ter a identidade divulgada ou não.

Por se tratar de informações na área da saúde, as pesquisas, métodos e

dados apresentados não podem ser sensacionalistas, visto que podem provocar

expectativas falsas em quem precisa passar pelos procedimentos, de acordo com

Azevedo (2009). As fontes consultadas precisam ser seguras e o tratamento dado

ao paciente não pode o idealizar como “herói”/“coitado” dependendo da situação

pela qual a pessoa passa. Deve-se lembrar que são seres humanos, e não

personagens fictícios, que passam pelos procedimentos de saúde (id).

De acordo com a Resolução do Conselho Nacional da Saúde41, o

pesquisador que vai lidar com seres humanos precisa de autorização das pessoas

envolvidas para a realização da pesquisa, sendo que é estritamente necessário

deixar claro quais são os objetivos do estudo e de que forma as informações

recolhidas serão utilizadas. Para lidar com seres humanos é necessário que o

tema em estudo seja de relevância pública.

O pesquisador também deve esclarecer caso as informações recolhidas

possam causar algum transtorno ou ter qualquer tipo de efeito ao entrevistado,

que deve ter assistência durante o período de pesquisa e a qualquer ônus

causado após o estudo.

Ainda de acordo com a resolução, quem participa da pesquisa tem o direito

de confidencialidade, respeitando os valores culturais, morais, éticos e costumes

dos envolvidos.

41

Resolução 446 do Conselho Nacional de Saúde, publicada no Diário Oficial da União em 13 de junho de 2013. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf

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63

6.2.3 – Aplicação das técnicas no desenvolvimento do produto

A produção do livro-reportagem começou com a procura por personagens.

Inicialmente as personagens seriam encontradas dentro das instituições de saúde,

enquanto a pesquisadora realizaria as observações participativas planejadas nas

salas de parto e centros cirúrgicos.

As observações não foram realizadas devido ao extenso tempo necessário

para análise de documentos necessários para autorização da observação na

maternidade Bairro Nova e pela reprovação do projeto por parte do Hospital de

Clínicas de Curitiba. O tempo demandado não era compatível com o prazo para

entrega do projeto.

Foram realizadas alterações no projeto original desta monografia e na

forma de produção do livro. A partir de então, a narrativa foi construída através de

entrevistas com mães que passaram por diversos trabalhos de partos,

profissionais da saúde e da área jurídica.

A busca por personagens foi feita utilizando a rede social Facebook. A ideia

era encontrar alguma das personagens antes de seguir para outros meios de

busca.

Um texto42 foi desenvolvido e postado na minha página pessoal da rede e

em grandes grupos que reúnem mulheres de Curitiba, como é o caso do “Clube da

Alice43”, que tem cerca de 342 mil membros, todas mulheres.

42

Boa tarde mamães, tudo bem?

Estou me formando em jornalismo e produzindo um livro-reportagem sobre partos, com o objetivo de ajudar as parturientes a escolher a melhor opção para ter o bebê, com as informações necessárias e opiniões de diversos profissionais da área.

Para isso, preciso de histórias de partos. Procuro mamães que sofreram violência obstétrica, que fizeram parto normal, parto humanizado, cesárea, as que não foram informadas sobre o que acontecia durante o processo, as que não conseguiram médico para parto normal, também as que tiveram um parto dos sonhos e todas as histórias possíveis de parturientes.

As entrevistas são apenas em texto, para o livro. Caso alguém queira colaborar, vai me ajudar e ajudar as próximas mulheres que vão passar por este momento.

Desde já, obrigada ;*

43

https://www.facebook.com/groups/715501445204704/

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A interação das mães nos comentários na minha página e nos grupos foi

maior do que a esperada44, também recebi muitas mensagens privadas. Cerca de

150 mães com diferentes histórias sobre partos entraram em contato com a

pesquisadora.

Fiz o primeiro contato com cada uma delas pela plataforma no Facebook e,

do total, foram selecionadas 15 personagens com as quais marquei entrevista

para o livro, considerando critérios como local de moradia da entrevistada – sendo

selecionada apenas as que existiam possibilidade de entrevista pessoalmente, em

Curitiba e Região Metropolitana – e curiosidade do caso. Procurei por histórias de

cesarianas bem sucedidas e com complicações, assim como partos normais

tranquilos e polêmicos. Também foram selecionadas mães que tiveram seus

bebês com parto humanizado, em casa e no hospital.

Além disso, uma mulher que teve o filho com parteira durante um ritual de

ayahuasca45 também foi selecionada.

Após a seleção com as mães as entrevistas foram marcadas e uma planilha

no excel46 foi criada para organizar as datas/horários e locais de entrevista com

cada uma das gestantes.

Entre as selecionadas estavam:

1. Thayná de Souza – teve um parto domiciliar sem complicações

2. Louise Procópio – passou uma cesárea desnecessária na primeira

gestação e sofreu depressão pós-parto. Na segunda gestação teve

parto normal humanizado de gêmeos no hospital

3. Brenda Degenhardt – teve o bebê no instituto xamânico47 Luz da

Consciência com a utilização da ayahuasca em um parto normal com

complicações no pós-parto.

4. Vanessa Garlace – Sofreu violência obstétrica durante o parto no

hospital

44

Prints nos anexos 45

Chá enteogeno utilizado em rituais religiosos. 46

Programa de computador – Planilhas disponíveis no link: https://drive.google.com/file/d/0ByG0I9WQZwOiZzkxUjJYYl9uRVE/view?usp=sharing 47

Religião que faz uso da ayahuasca

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5. Jaqueline – passou por uma cesárea necessária e teve complicações

no pós-parto

6. Karina Souza – passou por uma cesárea necessária sem a aplicação

correta da anestesia

7. Debora Andreatta – escolheu a cesariana e se arrependeu após

problemas no pós-parto

8. Denise Duarte – a cesárea salvou a vida dela e do bebê e a

recuperação foi tranquila.

9. Elaine Javorski – teve parto natural e humanizado em uma

maternidade.

10. Jéssica Rodrigues – teve dois partos normais tranquilos, precisou

deixar o plano de saúde para conseguir os procedimentos naturais

dentro de instituição de saúde.

11. Camila Beck Skroch – teve dois partos normais tranquilos.

12. Daniela Rangel – teve complicações no parto normal

13. Janayna Turbai – teve parto domiciliar sem complicações

14. Grazielle Hack – teve problemas durante o parto normal

15. Débora Pereira – demora no início do trabalho de parto por suposto

erro médico.

No dia previsto para o início da realização das entrevistas, complicações de

saúde da pesquisadora fizeram com que os encontros com as gestantes

precisassem ser remarcados. Devido a desencontro de horários foram

desmarcadas as entrevistas com cinco gestantes, restando dez entrevistadas. São

elas:

1. Thayná Souza

2. Louise Procópio

3. Vanessa Garlace

4. Brenda Degenhardt

5. Elaine Javorski

6. Debora Andreatta

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7. Jaqueline

8. Denise Duarte

9. Jéssica Rodrigues

10. Karina Sousa

Todas as entrevistas foram realizadas de forma presencial com as

mães, nas residências ou outros locais combinados, como livrarias e cafés, de

acordo com a preferência da entrevistada. Os questionários foram elaborados

para cada gestante antes da entrevista, com base na história de parto de cada

uma delas, pré-relatada em conversas por telefone.

Foi realizada uma média de três a quatro entrevistas diárias. Durante as

conversas foram feitas anotações e o áudio foi gravado. Após essa etapa, os

áudios foram decupados com auxílio de alguns calouros do curso de

jornalismo.

Depois de todos os áudios transcritos, foram elaborados questionários

para os médicos ginecologistas e outros especialistas, com o objetivo de

explicar os casos escolhidos para o livro e esclarecer as questões levantadas

pelas gestantes.

Foram entrevistados dez especialistas, entre eles:

Os ginecologistas Bruno Grillo e Antônio Roxo Neto, os médicos de

Curitiba com os maiores índice de cesáreas, de acordo com a Associação

médica. A ginecologista Regina Celi que é membro do Instituto Pró-vida da

Secretaria Municipal de Saúde, o ginecologista Sheldon Rodrigues que é o

presidente da Sociedade Paranaense de Ginecologia e Obstetrícia (Sogipa) e

o obstetra da capital mais conhecido por apoiar o parto normal e realizar

humanização nos procedimentos, Cláudio Paciornik.

O pediatra Luiz Ernesto Pujol, presidente do Conselho Regional de

Medicina, a doula fundadora da Associação Nacional de Doulas, Maria de

Lourdes da Silva Teixeira, a doula de Curitiba Sindriani Fonseca, a psicóloga

Rosangela Daiana Peixe e o advogado Fabrício Tairo Matos.

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Neste caso, apenas a entrevista com a Maria de Lourdes foi realizada

por telefone, pelo fato de ela morar no Rio de Janeiro e ser uma fonte

importante para a obra.

As outras entrevistas seguiram o padrão das entrevistas com

personagens e tiveram anotações e os áudios decupados.

Com todas as transcrições de áudios prontas, comecei a escrever o

livro. Utilizei todas as decupagens e construí as narrativas em cima delas:

primeiro as histórias das personagens, que depois fui intercalando com as

explicações dos profissionais e os subcapítulos relativos aos casos de cada

uma delas.

Nesta etapa, procurei as instituições que precisavam dar respostas

sobre os casos. A personagem Brenda, que teve o filho no instituto Luz da

Consciência, com o uso de ayahuasca, se negou a passar o nome do hospital

onde foi atendida após o parto e teria sofrido violência obstétrica, causando

hemorragia e graves problemas de saúde consequentes.

A mãe apresentou-se irredutível em passar quaisquer nomes de

médicos, instituições ou mesmo familiares que pudessem confirmar a versão

da história. Em seguida, pediu que a parte complicada do pós-parto fosse

retirada da narrativa. Sem poder confirmar os casos, toda a história de parto de

Brenda foi retirada do livro.

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7 – Delineamento do Produto

Após a construção da narrativa foram definidos treze capítulos principais

do livro, intitulado como “Dar à luz – histórias sobre partos”, sendo dez de

histórias de gestantes, considerando que das nove personagens selecionadas

os partos de Louise Procópio foram separados em capítulos diferentes, um que

inicia e um que finaliza o livro, e um último capitulo explicativo sobre possíveis

dúvidas das gestantes, além da introdução e do prefácio.

O índice ficou da seguinte forma:

1. Introdução

2. Prefácio

3. Cesárea desnecessária e a depressão pós-parto

3.1 – Tratamento e prevenção para a depressão pós-parto

3.2 – Os sinais da necessidade da terapia

4. Thayná de Souza e o parto Selvagem

4.1 – Parto domiciliar: pode ou não pode?

4.2 Doula, afinal quem é essa mulher?

4.3 Trabalho da doula

5. Denise Duarte e a cesárea satisfatória

5.1 – A sensibilidade gestacional explicada cientificamente

6. A cesárea sem anestesia e o trauma da gravidez

6.1 – Traumas gerados pelo parto e o vínculo entre mãe e bebê

6.2 – Quais são as anestesias utilizadas para partos?

6.3 – Jejum

6.4 – Complicações

7. Gravidez que transforma

7.1 – Drogas e os bebês

8. Jéssica, a parideira

8.1 – Ocitocina, o que é e quanto é necessária?

9 – A cesárea que tirou a autonomia da mãe

9.1 – Benefícios do parto normal em relação à cesárea

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10. O parto humanizado é comercializado?

10.1 – Plano de parto

11. Vanessa Garlace e o descaso da saúde pública

11.1 – Episiotomia é necessária?

12. Parto normal e humanizado de gêmeos, após depressão

12.1 – O que é o “parto humanizado”?

13. Afinal, quais são as indicações para parto normal ou cesárea?

13.1 – O bebê passa do tempo?

13.2 – Cesárea anterior

13.3 – Pré-natal

As narrativas foram construídas de forma humanizada utilizando as técnicas

do jornalismo literário apresentadas neste trabalho.

A obra ficou com 132 páginas. A folha utilizada é a Pollen Bold, 90 g, foi

escolhida devido a tonalidade mais amarelada, que torna a leitura mas confortável.

A capa foi feita no material Supremo Alta Alvura, 250 gramas, com

laminação fosca. No texto corrente foi utilizada a fonte Mrs Eaves Serif – Regular

entre 12 e 15,2 pt. Nos títulos foi utilizada a fonte Bodoni – book 24/28,8 pt e os

subtítulos em Bodono bk 16/19,2 pt. No texto corrente foi utilizado ajuste de

kerning optico, tracking -10 e o título tem ajuste igual. O livro tem 14 x 22

centímetros.

Para a capa, a pesquisadora escolheu a marca de pés de bebês, como se

fossem carimbos, combinadas com a cor verde. O título e subtítulo do produto

ficaram posicionados em cima da capa e o nome da autora na parte de baixo.

O verso do livro continua a arte na cor verde e apresenta uma frase48, dita

por uma das personagens. O livro tem orelhas, uma com a continuação da arte da

capa e a final com um mini currículo e foto da autora.

Todo o projeto de diagramação e desenvolvimento de capa foram feitos

com o auxílio do design Felipe Dolci.

48

“Eu consegui parir, acho que até lambi minha cria”, de Louise Procópio.

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7.1– Orçamento

O desenvolvimento do produto gerou custos para a pesquisadora, desde os

gastos para a realização das entrevistas, como transporte e alimentação, aos

gatos de diagramação e impressão do livro.

Os valores foram organizados em tabela para melhor visualização:

Transporte R$ 400,00

Alimentação R$ 150,00

Equipamentos R$ 255,00

Diagramação R$ 450,00

Capa R$ 200,00

Impressão de 4 exemplares R$ 152,00

Total: R$ 1607,00

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O gasto com transporte é referente à gasolina e aos estacionamentos

pagos durante a realização das entrevistas, assim como os custos com

alimentação, que são referentes ao período de conversas presenciais com os

entrevistados.

Para equipamentos, o valor citado é referente a gravador, pilhas, caneta e

bloco de notas.

A diagramação e a capa foi desenvolvida pelos designers Felipe Dolci e

Guilherme Passos e a impressão das cópias necessárias para a banca foi

realizada na gráfica Corgraf.

7.2 – Publicação

Recursos da lei Rouanet não foram solicitados devido ao período do ano

em que fica aberto. Os valores deveriam ser solicitados no início do projeto de

monografia, o que não foi realizado.

O livro foi submetido à avaliação de várias editoras, que tem o prazo de até

quatro meses para avaliar se querem, ou não, publicar produto.

A editora Novo Século apresentou proposta para publicação de 1.500

cópias, solicitando que a autora adquirisse 500 cópias, o que geraria o custo de

aproximadamente R$ 12 mil.

A pesquisadora aguarda a resposta de outras editoras antes de fechar

contrato. A “Novo Conceito” tem um projeto para novos autores, apresentou

interesse na obra, que está sendo avaliada pelo conselho editorial. A empresa não

exige que o autor adquira cópias do produto, o que zera o custo de publicação

para a pesquisadora.

Como a autora pretende fazer a publicação oficial do livro com impressão

de milhares de cópias, não foi feita, neste momento, a divulgação da obra nas

redes sociais ou em qualquer outro veículo de comunicação. O objetivo é que a

obra seja divulgada próxima à data de impressão em massa para causar impacto

no público.

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8 – Considerações finais

Durante as pesquisas para a monografia e para o produto relacionado ao

projeto desta pesquisadora, ficou claro que o livro é a plataforma ideal neste caso,

já que não expõe as gestantes e as crianças e tem espaço para explicar sobre as

diferentes formas de partos.

A importância da realização das entrevistas presenciais, para escutar tanto

os personagens quanto os especialistas foi percebida durante as conversas com

cada um dos entrevistados, tanto pelas emoções demonstradas, gestos

observados e por aumentar a confiança do personagem, que passou as

informações dos momentos dos partos.

Os detalhes observados foram essenciais para a construção da narrativa

literária, que permite um texto mais livre, que pode transmitir as emoções

percebidas pelo autor.

Elaboração de roteiros para as entrevistas foi essencial para não permitir

que nenhum dos assuntos chaves, deixassem de ser questionados para cada uma

das gestantes ou especialistas, mas não deixou a entrevista engessada nas

perguntas pré-elaboradas. Da mesma forma, a transcrição dos áudios gravados foi

importante para que nenhuma informação fosse distorcida ou esquecida no

produto final.

A utilização do jornalismo literário e a produção de perfis para elaborar

histórias sobre partos, que fossem capazes de esclarecer duvidas de outras

gestantes, possíveis leitoras do livro, deixou a linguagem humana e acessível ao

público leigo na área de saúde, mesmo intercalando com as narrativas com as

opiniões dos especialistas.

Jornalisticamente, o material é importante, pois apresenta técnicas de

apuração de informações, organização de dados e opiniões, de entrevistas e de

escrita de informações científicas, relacionadas à saúde, de forma clara e

acessível para o público leigo.

O design do produto foi pensado em conjunto com os designers Felipe Dolci

e Guilherme Passos, responsáveis pela execução do projeto, que tem como

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objetivo ser um livro com características que chame a atenção das gestantes e

que proporcione leitura fluente, o que motivou a escolha da fonte, de espaçamento

e a cor da página escolhida.

A expectativa é de que o lançamento do livro, com cópias em grande

escala, aconteça dentro do prazo de um ano, considerando o período de análise

solicitado por algumas das gráficas, tempo para impressão e divulgação.

No período de publicação da obra, devem ser criadas páginas em redes

sociais como Facebook e Instagram para fazer a publicidade do livro. Para isso, a

pesquisadora deve produzir e publicar vídeos curtos com frases impactantes de

cada uma das mães entrevistadas, gravar um teaser explicando como é o produto,

além de fazer postagens com fotos e trechos de “Dar à luz – Histórias sobre

partos”.

Também devem ser criadas interfaces digitais para interagir com a obra. O

objetivo é que seja um site, de publicação mensal, que trabalhe de forma

aprofundada temas relacionados à saúde das gestantes, desde os exames pré-

natais até as diversas complicações que podem acontecer com a mãe e o bebê no

pós-parto.

A plataforma deve continuar utilizando recursos do jornalismo literário, com

texto livre e humanizado, podendo ser aplicado em perfis, biografias e descrição

de cenas realizadas com observação participativa, além de todas as

possibilidades que o gênero jornalístico oferece.

A pesquisa científica deve continuar de acordo com as próximas produções,

estudando a aplicação do jornalismo literário com informações sobre saúde em um

site e as particularidades de cada conteúdo, estudando como qual é a melhor

forma para produção dos mesmos, com embasamento em autores como Edvaldo

Pereira Lima e Sérgio Vilas Boas.

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10 - Apêndices

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Resultados da pesquisa durante o período de testes:

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Resultado final da pesquisa:

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Resultados da pesquisa de conteúdo:

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11 - Anexos

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PROPOSTA DE CRONOGRAMA DE TRABALHO

ALUNO/EQUIPE: Andreza Paula Rossini

Descrição de Atividades

MÊS (a partir do início do 7º período até a defesa)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Definição e regionalização dos temas x Definição da metodologia adotada para a produção do livro x Pesquisa de campo sobre o tratamento da mídia sobre partos x Finalização da monografia x x Banca de qualificação x Entrevistas com mães x x Entrevistas com especialistas x x Checagem das informações x Decupagem dos áudios x Escrita do livro x x Adaptações da monografia x Diagramação e impressão do livro x Banca de qualificação x