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UNHA DE GATO Andressa Vitcoski Nome botânico: Uncaria guianensis/ Uncaria tomentosa Família: Rubiáceas Parte utilizada: raiz. Nomes populares: unha-de-gato, unha-de-cigana, garra-de-gavião, cat’s claw, carrapato- amarelo. Histórico Planta medicinal mais popular no Peru, a unha de gato (Uncaria tomentosa) é um arbusto trepador que cresce apoiada a outra árvore, com folhas compostas, opostas e ovais. O nome vem da semelhança de seus espinhos com as unhas de gato sendo assim, conhecida nos Estados Unidos como Cat's Claw. Os incas pioneiros em seu uso, já tinham por hábito beneficiar-se de seus princípios ativos e passaram os seus conhecimentos da planta para os índios que a usavam no tratamento de doenças como artrite, gastrite, reumatismo e inflamações em geral. Acredita-se que os indígenas do Peru usam-nas pelos menos por 2 mil anos e hoje, exportam suas hastes e ramos para vários países. Descrita pela primeira vez em 1830, ela pode ser encontrada em toda a Amazônia peruano, e principalmente, nas bacias dos rios da selva central do Peru. O interesse científico pela planta só ocorreu em 1970, através da realização de inúmeras pesquisas feitas na Europa, onde foi comprovado o seu valor terapêutico. 4 É nativa da Amazônia, principalmente na parte central e noroeste, quase sempre em matas de várzeas inundáveis ou não. Existem na América tropical pelo menos 50 espécies deste gênero. Na Amazônia ocidental, nos estados do Amazonas, Acre e Rondônia, ocorre a espécie Uncaria tomentosa, com características e propriedades mais ou menos semelhantes e uma das mais utilizadas na medicina tradicional, principalmente fora do Brasil. Em vários estudos, realizados na Áustria, Alemanha, Inglaterra, Hungria Itália, Peru e Brasil mostram-se os efeitos benéficos da unha de gato. O sucesso do seu uso pelas populações indígenas logo despertou a atenção do mundo civilizado, tendo o primeiro registro escrito sobre suas propriedades na década de 60. Logo em seguida iniciarem-se os levantamentos de seus usos étnicos, coletas de material e os primeiros estudos químicos e farmacológicos. Em 1994 a Organização Mundial de Saúde organizou na Suíça uma conferencia internacional sobre esta planta, recebendo o reconhecimento oficial como “planta medicinal”. Nenhuma outra planta tropical, depois da quina-quina (Cinchona calisaya) no século XVII, havia recebido tão ampla atenção. 1 2 Aspectos botânicos Arbusto vigoroso e robusto, pouco ramificado, perenifólio, de ramos escandentes ou trepadores com um espinho em forma de gancho em cada axila foliar, de 30 m de comprimento (quando cresce isolado fora da mata forma uma pequena touceira de hastes mais ou menos verticais de ate 5 m de altura). Folhas simples, opostas, pecioladas, membranáceas, de 5-10 cm de comprimento. Inflorescências em glomérulos axilares, pedunculados, de forma perfeitamente globosa, com flores branco-amareladas, sendo estas numerosas e pequenas, apresentando um cálice e corola de tipo tubular e infundibuliforme com cinco dentes.

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UNHA DE GATO Andressa Vitcoski Nome botânico: Uncaria guianensis/ Uncaria tomentosa

Família: Rubiáceas

Parte utilizada: raiz.

Nomes populares: unha-de-gato, unha-de-cigana, garra-de-gavião, cat’s claw, carrapato-

amarelo.

Histórico

Planta medicinal mais popular no Peru, a unha de gato (Uncaria tomentosa) é um arbusto trepador que cresce apoiada a outra árvore, com folhas compostas, opostas e ovais. O nome vem da semelhança de seus espinhos com as unhas de gato sendo assim, conhecida nos

Estados Unidos como Cat's Claw. Os incas pioneiros em seu uso, já tinham por hábito beneficiar-se de seus princípios ativos e passaram os seus conhecimentos da planta para os índios que a usavam no tratamento de doenças como artrite, gastrite, reumatismo e inflamações em geral. Acredita-se que os indígenas do Peru usam-nas pelos menos por 2 mil anos e hoje, exportam suas hastes e ramos para vários países. Descrita pela primeira vez em 1830, ela pode ser encontrada em toda a Amazônia peruano, e principalmente, nas bacias dos rios da selva central do

Peru. O interesse científico pela planta só ocorreu em 1970, através da realização de inúmeras pesquisas feitas na Europa, onde foi comprovado o seu valor terapêutico. 4 É nativa da Amazônia, principalmente na parte central e noroeste, quase sempre em matas de várzeas inundáveis ou não. Existem na América tropical pelo menos 50 espécies deste gênero. Na Amazônia ocidental, nos estados do Amazonas, Acre e Rondônia, ocorre a espécie Uncaria tomentosa, com características e propriedades mais ou menos semelhantes e uma das mais utilizadas na medicina tradicional, principalmente fora do Brasil. Em vários estudos, realizados na Áustria, Alemanha, Inglaterra, Hungria Itália, Peru e Brasil mostram-se os efeitos benéficos da unha de gato. O sucesso do seu uso pelas populações indígenas logo despertou a atenção do mundo civilizado, tendo o primeiro registro escrito sobre suas propriedades na década de 60. Logo em seguida iniciarem-se os levantamentos de seus usos étnicos, coletas de material e os primeiros estudos químicos e farmacológicos. Em 1994 a Organização Mundial de Saúde organizou na Suíça uma conferencia internacional sobre esta planta, recebendo o reconhecimento oficial como “planta medicinal”. Nenhuma outra planta tropical, depois da quina-quina (Cinchona calisaya) no século XVII, havia recebido tão ampla atenção. 1 2

Aspectos botânicos

Arbusto vigoroso e robusto, pouco ramificado, perenifólio, de ramos escandentes ou trepadores com um espinho em forma de gancho em cada axila foliar, de 30 m de comprimento (quando cresce isolado fora da mata forma uma pequena touceira de hastes mais ou menos verticais de ate 5 m de altura). Folhas simples, opostas, pecioladas, membranáceas, de 5-10 cm de comprimento. Inflorescências em glomérulos axilares, pedunculados, de forma perfeitamente globosa, com flores branco-amareladas, sendo estas numerosas e pequenas, apresentando um cálice e corola de tipo tubular e infundibuliforme com cinco dentes.

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Diferencia-se de Uncaria guianensis principalmente pelos espinhos menos curvos, pelas hastes mais anguladas e pelas folhas um pouco menores (3-5 cm). Multiplica-se por sementes e por meios vegetativos. 1 Uncaria guianensis

Uncaria tomentosa

Estudos Etnofarmacológicos

Alguns representantes deste gênero são amplamente empregados na medicina popular. U. sinensis é utilizada secularmente na medicina tradicional chinesa para o tratamento de desordens nervosas e de febre. Na Tailândia, U. callophylla é indicada para tratamento de várias enfermidades, incluindo a hipertensão. A espécie U. glabata, na Sumatra, é empregada na medicina tradicional como remédio contra intoxicação alimentar e U. gambir, na Malásia, na forma de pasta e loções para alívio de queimaduras e enfermidades da pele. Ambas as espécies de Uncaria citadas são amplamente empregadas na medicina caseira para os mesmos fins, indiferentemente. Contudo, alguns autores afirmam que os efeitos de U. guianensis são inferiores para alguns tipos de tratamento.

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Na amazônica é típica de floresta primaria. Espécie pouco freqüente apresenta uso popular amplo e localizado e encontra-se sob regular pressão antrópica. O extrativismo é a principal forma de exploração da espécie que visa atender ao mercado externo e regional. 2 4

Usos Pesquisas comprovaram a sua eficácia nas ações antiinflamatórias. No tratamento de amidalite, sinusite e rinite. Outro benefício que a planta traz, são os tratamentos de doenças reumáticas e musculares, principalmente em pessoas que estão na terceira idade. Indígenas da Amazônia empregam esta planta para o tratamento de uma ampla gama de moléstias, como asma, artrite, reumatismo, como antiinflamatória do trato urinário e purificador dos rins, para a cura de ferimentos profundos e controle da inflamação de ulceras gástricas, dores nos ossos e ate câncer. A espécie U. guianensis é empregada pelos indígenas do noroeste do Amazonas na forma de chá de seus ramos mais finos para o tratamento de disenteria. A maior atenção dispensada a esta planta ate hoje é relativo à presença em suas raízes e cascas de alcalóides oxindólicos, com vários estudos relatando o poder de estimular o sistema imunológico em ate 50%. Isto induziu, em todo o mundo, o seu amplo uso como adjuvante no tratamento da AIDS, do câncer e de outras doenças que afetam o sistema imunológico, como herpes genital e herpes zóster. Através de seu mecanismo imunoestimulante e antimutagênico, pode ser empregada para o tratamento de tumores metastásicos, sarcoma de Kaposi e candidíase. Outra propriedade desta planta que vem merecendo ampla atenção dos cientistas atualmente é a antiinflamatória, principalmente os “glicosídeos do ácido quinóvico”, considerados os mais potentes antiinflamatórios encontrados em plantas, capazes de inibir inflamações em ate 69%. Com estes resultados validou-se sua longa historia de uso indígena desta planta contra artrite e reumatismo, bem como contra outros tipos de inflamações associadas com vários males do estomago e ulceras, onde se mostrou clinicamente eficaz. Esta planta contém ainda outros alcalóides em que estudos farmacológicos demonstraram atividades vasodilatadora e hipotensiva. A casca é usada popularmente contra diarréia, cistite, gastrites, diabetes e viroses, tendo ação imunoestimulante e antiinflamatória. 1 3 4

Composição química Os princípios ativos de maior interesse são os alcalóides oxindólicos e os compostos glicosídeos do ácido quinóvico que demonstram ser os responsáveis pelos efeitos antiinflamatórios.

Alcalóides: rincofilina, isorincofilina, mitrafilina, dihidrocorianteína, pteropodina, uncarina. Polifenóis, Procianidinas A, B1, B2, B4, Glicosídeos e triterpenos do ácido quinóvico, Fitosteróis (B-sitosterol, estigmasterol, campesterol), Ácido oleânico e um alcalóide indólico. 3 4

Propriedades Farmacológicas/ Farmacocinética

Efeito imunomodulador e anti-tumoral: a atividade anti-tumoral se consegue a partir da estimulação dos processos de fagocitose, por meio de extratos alcoólicos previamente alcalinizados, logo tratados com etilacetato e posteriormente acidificados. Chegou-se a esta conclusão após realizar teste com granulócitos medindo a atividade defensiva dos glóbulos

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brancos, bem como por técnicas de quimioluminescência, que mede o grau de fagocitose dos leucócitos por meio de multiplicadores de luz. A atividade fagocitária foi observada através de uma maior proliferação de granulócitos neutrófilos e macrófagos, uma vez que existia uma maior produção de linfoquinas (substâncias de intercomunicação linfocitaria). O número de monócitos também teve um aumento substancial. Os granulócitos aumentaram em 60% seu poder fagocitário em presença de extratos a 0,01%. Já os linfócitos T, não apresentaram modificações proliferativas, mas sim baixa presença de antígenos, a qual abre uma porta a investigações de enfermidades como Sarcoma de Kaposi, candidíases sistêmica, herpes e câncer. Em Munique, um grupo de investigadores, estudou a atividade imunoestimulante e o efeito biológico sobre os eritrócitos e diferentes cepas bacterianas. Para eles, o principio ativo de maior interesse estava representado pelos alcalóides oxiindólicos que apresentam um grande efeito antiinflamatório.

De acordo com essas investigações, se pode comprovar que o conjunto de alcalóides precisa de muitas propriedades farmacológicas, salvo quando se encontra ligado a um tanino denominado catequina a 10%. Não obstante, os extratos livres de taninos têm demonstrado conservar a atividade contra determinados vírus in vitro, produzindo uma inibição da síntese de DNA em sarcomas e um aumento do nível de imunoglobulinas em pacientes afetados por melanoma. Por outro lado, os glicosídeos do ácido quinóvico e os alcalóides influíram sobre a atividade macrofagocitária, aumentando a mesma e permitindo assim eliminar complexos imunizantes determinantes de asma brônquica.

A unha de gato possui também atividade anti-mutagênica, antioxidante, antiinflamatória e anti-viral. 2 3 4

Contra-indicações: não deve ser utilizada durante a gravidez, lactação e em crianças

menores de três anos, isto devido à falta de estudos relacionados. Também deve ser evitado em pessoas portadoras de transplantes, é aconselhado esperar um ano após o termino do tratamento com a planta para se aceitar um transplante. Recomenda-se não tomar U. tomentosa dois dias antes e depois da aplicação de quimioterapia, devido ao seu forte efeito imunoestimulante. 3

Precauções: Evitar utilizar em doses superiores à recomendada na literatura 3

Toxicidade: As doses usuais são bem toleradas. Ocasionalmente se têm verificado

casos de febre, constipação ou diarréia, que antecedem a suspensão da medicação. Verificaram-se também sintomas pancreáticos e alterações de nervo óptico. Em altas doses, tem se verificado um efeito contraceptivo. 3

A DL50 do extrato seco foi calculada em aproximadamente 162 mg/kg em ratos. A administração em ratos por via intraperitoneal de 2 a 5 g/k durante 18 dias, não produziu

alterações e nem comportamentos anormais nos animais. A probabilidade de ocorrer algum episódio de intoxicação por unha de gato

é praticamente nula, visto que necessita de grande quantidade da mesma sendo ingerida em um dia. Pode ocorrer toxicidade subaguda devido ao longo

período de uso, por isso é indicado o uso durante 90 dias, com um mês de descanso. 3

Especialidades farmacêuticas:

Cápsulas fitoterápicas de extrato seco.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1LORENZI H. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum, 2002. Nova Odessa, São Paulo. 2TESKE M., TRENTINI A. M. Herbarium: compêndio de fitoterapia. Editora Herbarium Laboratório Botânico. Curitiba, Paraná. 1995. 3ALONSO, J. R. Tratado de fitomedicina – bases clínicas e farmacológicas. Isis. Buenos Aires: 1998. 4www.plantaservas.hpg.ig.com.br/arquivos/ervas

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URUCUM Andressa Vitcoski Nome botânico: Bixa orellana L. syn Bixa arbórea Hubr Família: Bixaceae

Parte utilizada: folha, semente e raiz.

Nomes populares: urucu, urucum, urucuzeiro, açafrão, açafroa, anoto, colorau,

falso-açafrão, urucuuba, uru-uva.

Histórico

O urucum tornou-se bastante conhecido graças ao pigmento extraído de suas sementes. Entre os índios brasileiros era denominado uru’ku, cujo significado é “vermelho”, em referência a cor do revestimento de suas sementes. A pintura no corpo faz parte das tradições indígenas,

representa uma forma de linguagem e serve de proteção contra as picadas de insetos. Geralmente, os índios a usavam como adorno em festas e rituais, para demonstrar alegria e agradecimento. O urucum era usado na pintura dos recém-nascidos e das meninas (por ocasião da primeira menstruação), assim como em cerimônias nupciais, rituais antropofágicos de sacrifícios de prisioneiros, ritos funerários e na pintura de ossos, em cerimônias de exumação. Na primeira expedição ao Brasil em 1500, em cartas encaminhadas à Coroa Portuguesa, já eram feitas referencias à pintura feita com o urucum pelos indígenas da costa da Bahia, indicando este fato que já era cultivada nessa época,

uma vez que ano ocorre no estado nativo naquela região. O pó extraído delas era muito utilizado para pintura de utensílios domésticos e para tingir a pele. Este pigmento era por eles considerado tinta sagrada de rito e magia. Entre os índios, o pó das sementes era considerado afrodisíaco e um antídoto para o veneno da mandioca. 1 4

Aspectos botânicos

Arbusto grande ou árvore pequena, com 3-5 m de altura, de tronco revestido por casca parda e copa bem desenvolvida. Folhas simples, glabras, medindo 8-11 cm de comprimento. Flores, grandes e vistosas, possuem coloração branca, levemente rósea ou purpura, de 3 a 5 cm de diâmetro, dispostas em panículas terminais muito vistosas. Aparecem entre fevereiro e agosto. Fruto do tipo cápsula deiscente, ovóide, com dois ou três carpelos (divisões), coberto de espinhos flexíveis, de cor vermelha, esverdeada ou parda, com 3-5 cm de comprimento, contendo muitas sementes pretas cobertas por um arilo ceroso de cor vermelha e odor característica. Os frutos encontram-se em cachos com até 17 unidades. 3 4

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Características gerais

Originária da América tropical incluindo a Amazônia brasileira é cultivada com finalidade doméstica ou industrial, principalmente no Peru e em menor escala no Brasil, Paraguai e Bolívia. Seu cultivo tem se expandido em muitos países tropicais, sendo esta uma espécie pouco exigente com o solo, desde que esteja bem drenado. A reprodução acontece por galhos ou sementes. A polpa do fruto fornece duas matérias corantes, a orelina (amarela), solúvel em água, e a bixina (vermelha), insolúvel em água e solúvel em gorduras, amplamente utilizados como condimento (colorau), e também nas indústrias de alimentos e cosméticos. Seu estudo fotoquímico revelou a existência, na folha, de um óleo volátil contendo mono e sesquiterpenos, entre os quais destaca-se o ishwarano e de vários flavonóides. No arilo ceroso da semente ocorre um óleo essencial rico em all-E-geranilgeraniol, monoterpenos e sesquiterpenos oxigenados, além dos carotenóides bixina e norbixina, responsáveis por sua cor e alfa e beta-caroteno em teores mais baixos. A atividade vitamínica A deste estrato é da ordem de 1000 a 2000 unidades internacionais por grama, que pode ser considerada pequena, se comparada com o dendê, o buriti, a batata-doce vermelha, ou mesmo a cenoura. 2 4

Composição química

-Folha: Óleo contendo mono e sesquiterpenos Flavonóides: apigenina, hipoaletina Diterpenos: geranil geraniol, geranil formato, farnesilacetona. Vestígios de alcalóides, ácido gálico. -Semente: Celulose (40-45%) Açúcares (3,5-5,2%) Óleo essencial (0,3-09%) Óleo fixo (3%) Pigmentos (4,5-5,5%): carotenóides: bixina (2,5-3,0%) e orelina Proteínas (13-16%) Betacaroteno (1000-2000 UI/g), vitamina C e vitamina A Flavonóides: apigenina, luteolina Ácidos graxos saturados e insaturados. 2

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Usos

Desde os tempos mais remotos os indígenas no Brasil usam o pigmento do urucum para pintar a pele, supostamente como ornamento, ou como proteção contra insetos e queimaduras por exposição ao sol. Graças à cor de seu pigmento, o urucum tem um isso muito antigo na culinária nacional, como corante e condimento, sendo empregado até hoje no preparo do colorau (pó vermelho de uso culinário, em cuja composição entra também o pimentão). Empregado em medicina popular, utilizado pelo menos desde o século XVII, na forma de chá ou maceradas em água fria, ou ainda como xarope nos casos de faringite e bronquite. As sementes são referidas na literatura etnofarmacológica como medicação estomáquica, afecções do estômago e intestino, hemorragias, constipação intestinal, prisão de ventre, tonificante do aparelho gastrintestinal, antidiarréica, antifebril, bem como para o tratamento caseiro das palpitações do coração, crises de asma, coqueluche e gripe. Também é indicada para tratamento de doenças coronarianas como cardite, endocardite, pericardite, para afecções respiratórias: tosse, bronquite, faringite, asma, gripe, catarros, acompanhados de febre.

Intoxicação com ácido prússico, presente na mandioca brava, queimaduras, evitando a formação de bolhas. As sementes piladas e maceradas em água são usadas como expectorante e tem demonstrado eficácia na redução do açúcar no sangue. Além disso, é usado como afrodisíaco e fonte de betacaroteno. O extrato concentrado, rico em bixina, obtido das sementes do urucum, é utilizado pela indústria de enlatados de carne, margarina e cosméticos, em substituição aos corantes sintéticos. Seu emprego como corante estende-se também ao melhoramento da cor na preparação de vinagre, na avicultura para intensificar a coloração amarela da casca e

da gema dos ovos e ainda, na cera vermelha para assoalhos. As raízes são usadas como diurético, antidiabético, hipotensor e broncodilatador, inibindo a secreção gástrica e eliminando cólicas. Afecções renais, asma, coqueluche. As folhas têm sido empregadas como tônico, facilitadoras da menstruação, afecções renais e contra náuseas. Há comprovação de atividades antiespasmódicas, hipoglicemiante, antipirética e antiinflamatória. Utiliza-se o cozimento das folhas (decocto) é bebido para atenuar os enjôos da gravidez, porém, esta propriedade ainda não foi confirmada cientificamente. Atualmente, o urucum é empregado na indústria de cosméticos, para a produção de bronzeadores. Na Venezuela as folhas são esmagadas e usadas como diurético, purgativo e para tratar gonorréia. As cápsulas (que recobrem as sementes) vazias são fervidas e bebidas como chá para as diarréias e diminuir as hemorróidas (varizes no ânus). As sementes são consideradas antídotos do envenenamento pela mandioca brava (ácido prusiaco). Na Colômbia as sementes são consideradas afrodisíacas e digestivas. A pasta de Urucum é usada externamente para tratar eczemas e herpes zoster. 1 2 3

Colorau

O produto colorau ou colorífico é preparado a partir da fervura das sementes em água, separando-se assim a polpa das sementes. Em seguida côa para separar as sementes e deixa a mistura decantar (ficar parado até a parte pesada descer ao fundo), retira-se a

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água e obtêm-se uma pasta a qual é colocada ao sol para secar, depois é moída.

Uso do colorau: corante, aditivo em alimentos, em margarinas, massas, ovos, pós para pudim, refrescos, sorvetes, queijos, recheios, biscoitos e produtos de confeitaria. Seu uso tem sido estimulado para substituir as anilinas que possuem comprovada ação cancerígena. O Urucum é usado também como corante natural em produtos cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal. Até em filtros solares. 3 6

Propriedades farmacológicas/ Farmacocinética

A bixina protege a pele contra os raios ultravioleta da luz solar. As sementes são expectorantes e no arilo das mesmas encontra-se regular porcentagem de vitamina C. É utilizada como antídoto do ácido prússico, contido na mandioca. Suas sementes também desenvolvem atividade hipotensora e contração do duodeno. Extratos alcoólicos produzem grande inibição em culturas de Clostridium botulinum. Os pigmentos do urucum são metabolizados no fígado. As raízes pulverizadas fornecem ação anti-secretora e hipotensora semelhante a da reserpina.

O extrato aquoso das sementes administradas por via intraperitoneal em ratas, provocou uma diminuição da atividade motora e uma elevação da diurese, sem sinais de toxicidade, enquanto que, por outro lado, a infusão de folhas não tem demonstrado atividade antiinflamatória em modelos experimentais de edema de pata de ratas. O extrato clorofórmio das sementes introduzido por intubação gástrica em cachorros anestesiados demonstrou ação hipoglicemiante significativa, não insulino-dependente. Por outro lado, o extrato alcoólico tem provocado

hiperglicemia. O extrato aquoso das raízes, administrado em ratas (doses de 400 mg/kg) demonstrou atividade anti-secretora gástrica, enquanto que o extrato hidroalcóolico tem demonstrado inibir a enzima prostaglandina sintetase (em concentrações de 750 ug/ mL). O mesmo extrato aquoso, administrado em doses de 50 mg/kg tem causado hipotensão arterial e sedação leve. As folhas administradas na forma de tintura têm demonstrado uma importante ação inibitória sobre Neisseria gonorrhoeae e também sobre a Trichomona vaginalis. Recentes pesquisas realizadas no Canadá mostraram que o extrato alcoólico das folhas do Urucum tem evidenciado in vitro, efeitos inibitórios sobre o crescimento de bactérias gram-positivas tais como Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus e Streptococcus fecalis. Enquanto que para bactérias gram-negativas, como no caso da Escherichia coli, os resultados foram bem menores. Finalmente, a concentração da vitamina A ou carotenos presentes nas sementes, implicam em atividade antioxidante, combatendo radicais livres. 1 3

Dosagem/ modo de usar • Fitoterápico:

⇒ Uso interno Pó: até 1g de raiz ou semente ao dia. Infuso: 10 a 15g de raiz ou sementes em 1 litro de água.

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Tomar 1 a 3 xícaras ao dia ⇒ Uso externo Infuso: aplicação tópica, como auxiliar no processo de cicatrização. Dose diária admissível para o homem é 0,065mg/kg de peso corpóreo, expressa em bixina. 2

• Fitocosmético:

Extrato oleoso: em produtos bronzeadores e protetores solares.

Precauções: Evitar utilizar em doses superiores à recomendada, principalmente a casca da semente. 2

Contra-indicações: Não é indicado para indivíduos sensíveis aos componentes da

planta. 2

Uso durante gestação/lactação: Não é recomendado o uso, principalmente a raiz que possui propriedades abortivas. 2

Duração da administração: Pelo tempo que se fizer necessário. 2

Superdosagem: Doses elevadas têm efeito purgativo e hepatotóxico. 2

Precauções de armazenamento: O pigmento das sementes de urucum tem pouca

estabilidade a luz e altas temperaturas, portanto deve ser mantido em ambiente fresco e arejado, ao abrigo da luz solar, preferencialmente em frasco âmbar. 2

Toxicidade: A casca da semente pode produzir efeitos tóxicos no pâncreas e fígado,

acompanhados de variações no nível de glicose. Em cães se detectou toxicidade hepática e pancreática, com aumento da insulina no sangue em doses elevadas. A DL50 da administração de sementes por via intraperitoneal em ratos de experimentação é de 700 mg/kg e por via oral é de 1.902 mg/kg. 2 3

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1LORENZI H. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum, 2002. Nova Odessa, São Paulo. 2TESKE M., TRENTINI A. M. Herbarium: compêndio de fitoterapia. Editora Herbarium Laboratório Botânico. Curitiba, Paraná. 1995. 3ALONSO, J. R. Tratado de fitomedicina – bases clínicas e farmacológicas. Isis. Buenos Aires: 1998. 4Segredos e virtudes das plantas medicinais. Editora Reader’s Digest Brasil Ltda. Rio de Janeiro, 1999. 5www. plantaservas.hpg.ig.com.br/arquivos/ervas 6hppt. wikipedia.org/wiki/Urucum

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CAVALINHA Andressa Vitcoski Nome botânico: Equisetum arvense

Família: Equisetaceae

Parte utilizada: Partes aéreas, talos estéreis.

Nomes populares: cavalinha, cavalinha-gigante, cola-de-cavalo,

erva-canudo, milho-de-cobra, cana-de-jacaré, cauda-de-raposa,

lixa-vegetal.

Histórico

Originária da Europa, seu nome latino deriva de “equi” = cavalo e “setum” = cauda. É uma planta utilizada desde a época medieval, onde era conhecida como cauda eqüina, devido à semelhança de suas hastes com a cauda dos cavalos. Suas virtudes medicinais, sobretudo como hemostática datam de longa data. Na idade média, um médico francês chamado Arnaud de Villeneuve, realizou a cura de uma fistula pectorial mesclando a cavalinha com legumes, ovos e carne de acordo com o conselho de um colega. A partir de então, observou-se os excelentes exemplos regeneradores e cicatrizantes do uso da cavalinha. O amplo emprego dessa planta nas práticas caseiras da medicina popular e na indústria de fitoterápicos, é motivo suficiente para sua escolha como tema de estudos químicos, farmacológicos e clínicos, inclusive teses, visando complementar sua validação como medicamento eficaz e seguro. Seus talos verdes conferem-lhe o aspecto de uma pequena árvore de natal. 2 3

Aspectos botânicos

A cavalinha é conhecida também como equiseto, é uma planta que não possui flores e consequentemente, sementes. Subarbusto ereto, perene, rizomatoso, com hastes de cor verde, acanaladas, oca e monopodial, com numerosos ramos que partem dos nós dos verticilos, de textura áspera ao tato pela presença de silício em sua epiderme, de 80-160 cm de altura. As folhas são verticiladas e reduzidas a pecíolos soldados que formam uma bainha membranácea. A reprodução é assegurada por esporos contidos nos esporângios, situados na base de pequenos escudos agrupados numa

espécie de espiga terminal. Os próprios esporos são dotados pela natureza de um extraordinário sistema de propagação, pois o invólucro rasga-se em quatro faixas elásticas que, ao deformarem-se por efeito do calor, provocam a dispersão dos esporos. Pode também multiplicar-se através de rizomas.

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Outra particularidade da cavalinha é a sucessão, na mesma planta, de dois tipos de caules. Os primeiros (férteis), sem clorofila, brotam no início da primavera e apresentam na extremidade a espiga produtora de esporos (estróbilo). Terminada a sua função, murcham e são substituídos por caules verdes canelados, muito ramificados, mais altos e divididos em segmentos separados por nós: são os caules estéreis, única parte da planta que possui propriedades medicinais. Devem ser colhidos na primavera e secos ao sol ou no forno. Atualmente, aparecem em terrenos baldios, arenosos e úmidos, na forma silvestre ao lado de estradas, margens de rios e em campo aberto. 2 3 4

Características gerais

Amplamente utilizada na medicina caseira de longa data em toda a América do Sul, inclusive Brasil, especialmente nas regiões sul e sudeste, sendo praticamente desconhecida do nordeste. A cavalinha tem sabor levemente salgado e amargo e cresce em locais próximos a água. É nativa de áreas pantanosas de quase todo o Brasil sendo frequentemente cultivada com fins ornamentais em lagos decorativos e áreas brejosas, mas por ser agressiva e persistente, deve ser contida para evitar que escape e se transforme numa planta daninha. Outras espécies americanas - Equisetum martii e Equisetum hiemale e a espécie européia Equisetum arvensis, têm características semelhantes. A cavalinha é uma espécie de uso popular regional cujas partes usadas são a casca/caule. Obtida por extrativismo vem sofrendo pressão antrópica moderada, devendo receber alta prioridade para a conservação de germoplasma. 3

Composição química

Ácido salicílico (10-15%) fonte de silício e compostos hidrossolúveis de sílica. Compostos inorgânicos: Ca,Mg, Na, F, Mn, Si, S, P, Cl e K cerca de 2,1 a2,9% Flavonóides: isoquercetina, equisetrina, canferol e galutenonina, fitosterol Triglicerídeos: acido oléico, esteorico, linoleico e linolenico. Alcalóides: metosapiridina, nicotina, palustrina e palustrinina. Ácidos orgânicos: acido gálico, málico, oxálico. Saponinas: equisetonina 1 a 5% Pequenas quantidades de óleos Substâncias amargas Vitamina C Taninos

Na composição química dessa espécie e das outras citadas tem sido registrada a presença, dos alcalóides piridínicos, dos flavonóides glicosilados da apigenina, quercetina e do campferol, e de derivados dos ácidos clorogênico, cafênico e tartárico. Também se constatou a presença de tiaminase, uma enzima que acelera a destruição da tiamina também chamada de vitamina B1 ou aneurina. 2 5

Usos/ Estudos Etnofamacológicos

A literatura etnofarmacológica recomenda o uso do chá preparado por fervura, de uma colher das de sopa de pedacinhos de suas hastes picadas em água suficiente para dar uma xícara

das medias duas vezes ao dia. As hastes férteis não são utilizadas para fins terapêuticos. As hastes estéreis são usadas na forma de chá como adstringentes, diuréticas e estípticas, sendo empregadas também para o tratamento da gonorréia, diarréias e infecções dos rins e bexiga. Pode ser utilizada também contra hemorragias nasais e renais,

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anemia, para eliminação de ácido úrico, bem como para afecções dos brônquios e pulmões, aterosclerose, hipertensão, afecções articulares, menstruação excessiva, inflamação e edema da próstata; Na forma de tintura em uso interno e externo, para estimular a consolidação de fraturas ósseas (calcificação). Também para uso externo, como tratamento de frieiras, feridas, aftas, ulceras varicosas, tonificante e revitalizante de unhas e pele secas e senis. Os caules estéreis contêm em sua composição tanino e silício, o que lhes confere propriedades adstringentes e remineralizantes, para pacientes debilitados, tuberculosos e convalescentes. Além disso, é hemostática, cicatrizante e diurética. Alguns pesquisadores encontraram evidências de que a planta possui propriedades antibióticas. Como fitocosmético, possui propriedades anti-acne e é usada no tratamento de queda de cabelos e como fortalecedor de unhas. No interior da Argentina e em algumas comunidades andinas utiliza-se a cavalinha para o tratamento de doenças do fígado, baço, resfriados e enfermidades pulmonares. 4

Propriedades farmacológicas/ farmacocinética

Glicosídeos flavônicos, saponinas, ácido gálico, potássio e sílica são os principais constituintes responsáveis pela sua atividade diurética e remineralizante, permitindo a eliminação de substâncias tóxicas. É um diurético suave, sendo aprovado para o tratamento de hipertensão arterial, possui também ação reguladora e adstringente do trato genito-urinário, muito útil em casos de incontinência noturna de crianças. Os taninos são os principais responsáveis por sua ação adstringente, que auxiliam em conjunto com substâncias coagulantes e silício a melhorar os transtornos circulatórios. Atua como hemostático. Apresenta propriedades remineralizantes atribuídas ao silício, que também tem a capacidade de ligar-se a mucopolissacarídeos e glicoproteínas da estrutura do tecido conectivo, estimulando a biossíntese de fibras colágenas e elastina, preservando a elasticidade e tonicidade do tecido cutânea. Participa da calcificação dos ossos, tendo parte na matriz fibrosa colágena. Age sobre as fibras elásticas das artérias, diminuindo o risco de ateromatose, principalmente em pessoas com colesterol elevado, regularizando o tônus, elasticidade e resistência dos vasos sanguíneos. Também devido ao seu alto conteúdo mineral, sobretudo de silício, é empregado para reforçar o tecido conjuntivo de sustentação, processo este necessário nos casos de reumatismo e osteoporose. Não devemos esquecer que o silício contribui para a formação de glicosaminaglicanos, elemento vital para o metabolismo e desenvolvimento de ossos e cartilagens. A cavalinha atua de maneira específica em casos de inchaço e inflamação da próstata como antiinflamatória. Estimula o metabolismo cutâneo, acelera a cicatrização e aumenta a elasticidade de peles secas e senis, atuando como hidratante profundo. Atua como abrasivo, devido ao seu alto teor de ácido sílico. Ajuda a recuperar a pele e ferimentos pela sua ação vulnerária. Desenvolve certa ação antimicrobiana devido aos flavonóides. Por suas propriedades adstringentes e detergentes (saponinas) pode atuar como coadjuvante no tratamento externo da acne. 2 3

Contra-indicações: Disfunção cardíaca ou renal. Os alcalóides podem induzir uma ação anticolinérgica e oxitócica, devendo-se evitar seu uso durante a gravidez. 2 3

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Precauções: Não ultrapassar a dose terapêutica. A literatura recomenda não ultrapassar a dose diária de 5g do pó da planta por dia. 2

Interações: Pode ser associada à hortênsia-branca (Hydrangea arborescens), em casos

de distúrbios da próstata. 2

Dosagem/ modo de usar

• Fitoterápico:

⇒ Uso interno ADULTOS: Decocto ou infuso a 5% - diurético: 50 a 200 ml/dia - hemostático: até 500 ml/dia Extrato fluido em álcool 25%: 1 a 4 ml três vezes ao dia Pó: 1 a 2 g/dia, como remineralizante, após as refeições. 2 a 5 g/dia como hemostático 1 a 4 g três vezes ao dia em forma de infusão ou decocção. Tintura: 1 colher de café 3 vezes ao dia Tintura-mãe: 20 a 50 gotas por dia CRIANÇAS: metade da dose de adultos. ⇒ Uso externo Creme capilar dermatológico: infuso 5-10%

• Fitocosmético: Extrato glicólico: xampus, loções capilares, cremes anticelulite e antiestriais, antiperpirantes e cremes e loções adstringentes: 4 a 6%, podendo-se usar ate 10% deste extrato. 2 5

Duração da administração: Pelo tempo que se fizer necessário. 2

Superdosagem: Evitar doses superiores a 5g de pó ao dia.2

Precauções de armazenamento: Armazenar em recipiente hermético, ao abrigo do

calor, umidade e luz solar direto. 2

Toxicidade: Os primeiros estudos realizados sobre a toxicidade desta espécie foram feitos, referindo-se ao consumo animal (cavalos e outra espécies domesticas), observando-se, a princípio, falta de coordenação dos movimentos, perda de peso, pulso lento, hipotermia e ocasionalmente diarréias. Estes efeitos foram observados quando a cavalinha era consumida em altas quantidades e especialmente por animais jovens.

É considerada tóxica ao gado vacum, devido à presença de grande quantidade de sílica em seus tecidos (ate 13%) o que causa diarréias sanguinolentas, abortos e fraquezas nos animais. 2 3

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1LORENZI H. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum, 2002. Nova Odessa, São Paulo. 2TESKE M., TRENTINI A. M. Herbarium: compêndio de fitoterapia. Editora Herbarium Laboratório Botânico. Curitiba, Paraná. 1995.

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3ALONSO, J. R. Tratado de fitomedicina – bases clínicas e farmacológicas. Isis. Buenos Aires: 1998. 4Segredos e virtudes das plantas medicinais. Editora Reader’s Digest Brasil Ltda. Rio de Janeiro, 1999. 5www.plantaservas.hpg.ig.com.br/arquivos/ervas