uma reflexÃo avaliativa sobre o trabalho …€¦ · monografia apresentada ao curso de pós ......

62
ROSÂNGELA BENEDITA GOUVEIA UMA REFLEXÃO AVALIATIVA SOBRE O TRABALHO PEDAGÓGICO DO PROJOVEM ADOLESCENTE – SERVIÇO SOCIOEDUCATIVO NO MUNICÍPIO DE CASCAVEL - PARANÁ Cascavel 2010

Upload: phamdat

Post on 21-Sep-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ROSÂNGELA BENEDITA GOUVEIA

UMA REFLEXÃO AVALIATIVA SOBRE O TRABALHO PEDAGÓGICO DO PROJOVEM ADOLESCENTE – SERVIÇO SOCIOEDUCATIVO NO MUNICÍPIO DE

CASCAVEL - PARANÁ

Cascavel2010

ROSÂNGELA BENEDITA GOUVEIA

UMA REFLEXÃO AVALIATIVA SOBRE O TRABALHO PEDAGÓGICO DO PROJOVEM ADOLESCENTE – SERVIÇO SOCIOEDUCATIVO NO MUNICÍPIO DE

CASCAVEL - PARANÁ

Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação em História da Educação Brasileira, do Centro de Educação, Comunicação e Artes, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação.

Orientadora: Profª Ms. Lucia Terezinha Zanato Tureck

Cascavel2010

ROSÂNGELA BENEDITA GOUVEIA

UMA REFLEXÃO AVALIATIVA SOBRE O TRABALHO PEDAGÓGICO DO PROJOVEM ADOLESCENTE – SERVIÇO SOCIOEDUCATIVO NO MUNICÍPIO DE

CASCAVEL - PARANÁ

Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação em História da Educação Brasileira, do Centro de Educação, Comunicação e Artes, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação.

Banca Examinadora

Profa. Dra. Tânia Maria Rechia

Prof. Ms.Marco Antonio Batista de Carvalho

Profa. Ms. Lucia Terezinha Zanato Tureck Orientadora

Cascavel, março de 2010.

LISTA DE SIGLAS

CEBS - Comunidade Eclesial de Base

CNAS - Conselho Nacional dos Direitos da Assistência Social

CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

CMAS - Conselho de Municipal de Assistência Social

CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

CRAS - Centros de Referência de Assistência Social

CREAS - Centro Especializado de Assistência Social

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

EURECA - Espaço de União, Recreação e Educação da Criança e do Adolescente

FGT – Formação Técnica Geral

FUNABEM - Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LBA - Legião Brasileira de Assistência

LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social

MEC - Ministério da Educação e Cultura

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e combate a Fome

MTE - Ministério Trabalho Emprego

PBF - Programa Bolsa Família

PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

SAM - Serviço de Assistência ao Menor

SUAS - Sistema Único da Assistência Social

UNICEF - Fundo Nacional das Nações Unidas para a Infância no Brasil

SUMÁRIO

2 UM OLHAR SOBRE A INFÂNCIA E OS AVANÇOS DAS POLÍTICAS SOCIAIS

NO BRASIL 10

Código de Menores...............................................................................................................173.1 CONSTRUINDO O PROCESSO PEDAGÓGICO NOS SERVIÇOS

SOCIOEDUCATIVOS COM JOVENS DE 15 A 17 ANOS.........................................26

4 IMPLANTANDO O PROJOVEM ADOLESCENTE NO MUNICÍPIO DE

CASCAVEL 31

_______. Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Brasília, 2010. Disponível

em: <http://www.mds.gov.br/programas/rede-suas/protecao-social-basica/paif>.

Acesso em: 20/01/2010a. 42

_______. Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Brasília,

2010. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/programas/rede-suas/protecao-social-

especial/centros-de-referencia-especializados-de-assistencia-social-servicos-de-

protecao-social-especial-a-familia-pessoa-idosa-crianca-adolescente-e-pessoa-com-

deficiencia/centros-de-referencia-especializado-da-assistencia-social-2013-creas-

familias-e-individuos>. Acesso em: 20/01/2010b............................................................42

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe-se a refletir sobre o trabalho pedagógico com

adolescentes em programa socioeducativo. Esse assunto vem ao longo do tempo

sendo discutido na política nacional de assistência social. No entanto, até pouco

tempo atrás, a abordagem com crianças e adolescentes nos contraturnos sociais

especificamente em programas governamentais, tanto em nível municipal como

federal, eram pensados de forma assistencialista, ou seja, ocupar o tempo. Nesse

5

sentido, as idéias infantis e juvenis eram fragmentadas, a proposta era

simplesmente um espaço de ocupação do “fazer por fazer”, do “cuidar por cuidar”,

sem vislumbrar um enfoque pedagógico que promovesse o desenvolvimento integral

e assim contribuir para o protagonismo infanto-juvenil.

Segundo Vieira (1992), as políticas sociais emergem do movimento e

organização da classe trabalhadora, sendo assim, elas vem sendo estudadas ou

atendidas de maneira fragmentada.

Esse atendimento dentro da assistência social possivelmente tenha sido em

decorrência da falta de uma política educacional que assegurasse o atendimento

integral, ou seja, contraturnos escolares para crianças e adolescentes, filhos de

famílias em situação econômica desfavorecida momentaneamente. Essa questão

ainda perdura na maior parte dos municípios do país apesar de a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – LDBN (1996, art. 34, § 2º) preceituar que “o ensino

fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos

sistemas de ensino”. Porém, como esse regulamento ainda não se efetivou em sua

íntegra, há uma lacuna deixando sob a responsabilidade da assistência social esse

atendimento, uma vez que historicamente a mesma o realizava, principalmente por

meio de entidades filantrópicas.

Diante do contexto social e das poucas oportunidades dadas às famílias que

se encontram em situação de vulnerabilidade social, se faz necessário que a

assistência social preste esse serviço. Não é o ideal, mas é o real porque esse

público está aí necessitando ser auxiliado, que o seja da melhor maneira, pois a

violação de direitos sociais pelos governos e pela sociedade como um todo é

verificado constantemente e desafia a política de Assistência Social a pensar e agir

diante dos entraves existentes para que leis sejam cumpridas. Essa realidade

demanda também desafios para que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA,

1990) possa ser materializado em sua íntegra. E não se findam as discussões

realizadas entre sociedade civil organizada e governo por meio de mobilizações

como conferências, fóruns, reuniões dos conselhos da assistência social e dos

conselhos dos direitos da criança e do adolescente, nas várias esferas de governo,

alimentando um contínuo processo histórico de lutas sociais, ratificando a afirmação

de Netto (1992, p. 29):

Não há dúvida de que as políticas sociais decorrem fundamentalmente da capacidade de mobilização e organização da

6

classe operária e do conjunto de trabalhadores, e que o estado por vezes, responde com antecipações e estratégicas.

A partir das lutas da sociedade e da categoria profissional do Serviço Social,

a Constituição Brasileira estabelece nos seus artigos 203 e 204 a assistência social

como política pública continuando com processo de consolidação da assistência

social como política pública, neste século deu-se a implantação de seu Sistema

Único de Assistência Social - SUAS, estruturando as áreas de proteção social básica

e proteção social especial (LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS),

1993).

Neste trabalho, pontua-se a área de proteção social básica, que visa à

prevenção de situações de risco pessoal e social por meio do desenvolvimento de

potencialidades e aquisições em várias dimensões e do fortalecimento de vínculos

familiares e comunitários, enfrentando as situações do trabalho infantil, exploração

sexual, violência doméstica e, em algumas situações, a proteção social especial

quando acolhe adolescentes em situações de conflito com a lei, no cumprimento de

medidas socioeducativas, em meio aberto ou egresso medida de internação, de

acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.

A assistência social busca prestar serviços socioeducativos que na prática

preenchem a falta do tempo integral escolar, como vislumbra a LBDN, porém como

um espaço de prevenção às diversas vulnerabilidades e situações de risco pessoal e

social, sendo acolhedores, dinâmicos, afetivos, democráticos, respeitando as

individualidades e as necessidades de cada um dos envolvidos nesse processo e,

com isso, contribuir para aumentar a autoestima, fazendo com que os adolescentes

se sintam pertencentes a esses espaços. E ainda, que os mesmos encontrem

nesses ambientes, respostas para suas variadas indagações cotidianas. Os

encaminhamentos por mais simples que sejam podem contribuir para o

fortalecimento de vínculos familiares e conseqüentemente, a promoção do

protagonismo infanto-juvenil.

Nesse repensar e refazer da política nacional de assistência social que se

materializa através do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, composto por

uma rede articulada e orgânica de serviços, programas, projetos e benefícios

socioassistenciais, encontra-se o programa federal Projovem Adolescente - Serviço

Socioeducativo, implantado em julho de 2008 no Município de Cascavel pela

Secretaria Municipal de Assistência Social.

7

O ProJovem Adolescente é um serviço socioassistencial continuado que

também articula um conjunto de ações dos dois âmbitos das proteções sociais, de

proteção social básica e especial com o intuito de desenvolver seguranças sociais

de acolhida, convívio familiar e comunitário. Destina-se aos jovens de famílias em

condições de extrema pobreza e àqueles marcados por vivências resultantes de

diferentes situações de riscos e vulnerabilidades sociais. Este serviço oferece um

espaço de convivência social voltada ao desenvolvimento de potencialidades dos

jovens e aquisições para atuação crítica para que saiba como prever, reconhecer e

assumir a responsabilidade de interferir e fazer como que coisas importantes

aconteçam no seu contexto, bem como, incentivar o retorno à escola e

consequentemente o aumento do nível da escolaridade e o fortalecimento dos

vínculos familiares e comunitários.

É nessa linha de reflexão que este estudo veio a ser realizado. A partir da

necessidade de conhecer e de estudar em que medida o trabalho pedagógico se

efetiva nos projetos e programas sociais voltados aos adolescentes, pertencentes às

famílias que fazem parte do programa bolsa família ou que tenham o perfil e não

recebem a bolsa auxilio.

Percebe-se a necessidade de um registro histórico que nos permita

reconstituir os acontecimentos do passado e mensurar o que está no presente, para

possibilitar uma reflexão avaliativa sobre o trabalho pedagógico intrínseco em

programas sociais, particularmente no serviço socioeducativo citado.

Para tanto, refletimos brevemente sobre trabalho pedagógico no Programa

ProJovem Adolescente – Serviço Socioeducativo. E ao refletir sobre o trabalho

pedagógico com os adolescentes, temos que entender quem é esse ser humano

que está na fase da adolescência.

Há que se considerar que o termo adolescência é uma terminologia que

passou a ser utilizada no fim do século XVIII, é um termo latino, do verbo

adolescere, que significa desenvolver, crescer. Portanto, é um processo de

transformações físicas, psíquicas, emocionais, sociais e espirituais. Diante desse

entendimento, julgamos necessário mensurar que não é somente a questão

econômica que leva o jovem a uma situação de vulnerabilidade, mas também as

questões culturais, a falta de relações positivas no seio familiar que também

contribuem para uma realidade de exclusão social.

8

Esta desigualdade não é somente a biológica, é um fruto da economia mal distribuída, das diferenças de classe que conseqüentemente levam a modos de vidas distintos com aptidões intelectuais diversificadas e desenvolvidas através do processo histórico, contribuindo para a centralização dos bens materiais nas mãos de uma minoria de classe dominante, que tem o controle intelectual de um país, ou seja, pão e circo para o povo (LEONTIEV, 2004, p. 277).

Tentando contrapor o que está instalado historicamente em relação às

questões sociais e a garantia de direitos dentro da política pública nacional de

assistência social, é que novas formas de pensar e agir vem emergindo e dando um

direcionamento pró-ativo dentro dos serviços, visando desenvolver um espaço de

reflexão e ação educativa, formadora, deliberada e planejada. Dessa forma, ao criar

situações desafiadoras que estimulam e orientam os jovens na construção e

reconstrução de suas historias e vivências individuais e coletivas, quer seja no seio

da família, na escola ou na comunidade, leva-os ao protagonismo juvenil.

Ao apresentar essas descrições, após leituras e pesquisas, queremos

levantar uma reflexão avaliativa que contribua para identificar o trabalho pedagógico

e seu alcance na vida dos adolescentes e não “receitas prontas” sobre esse trabalho

com adolescentes pertencentes às famílias consideradas em condição de

vulnerabilidade social.

Nesse contexto, além desta introdução, apresenta-se uma retrospectiva a

respeito da infância e da adolescência, assim como as formas de tratamento pela

sociedade e o reflexo das legislações, buscando identificar os avanços das políticas

sociais brasileiras (capítulo 2). No capítulo 3, busca-se a compreensão do

adolescente como ser em desenvolvimento, bem como a análise de programas

sociais que buscaram atender esse grupo etário. Já no capítulo 4 destaca-se o

Programa ProJovem Adolescente – Serviço Socioeducativo do município de

Cascavel, Paraná, com seus objetivos, estrutura e funcionamento, além de dados

avaliativos de sua implantação e primeiros anos de funcionamento, por meio de

pesquisa junto aos adolescentes e seus familiares, o que poderá contribuir para

registro históricos dos serviços socioeducativos e futuras análises da área social e

educacional, na cidade de Cascavel. As considerações finais encontram-se no

capítulo 5.

9

2 UM OLHAR SOBRE A INFÂNCIA E OS AVANÇOS DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL

Neste capítulo faz-se uma breve caracterização histórica, conforme o

CONANDA1, sobre o tratamento e o atendimento assistencialista a crianças e

adolescentes e as conquistas de lutas referentes às políticas públicas destinadas ao

atendimento à infância e à juventude na área social.

1 Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA, 2003).

10

Para situar melhor esse aspecto, importa conhecer e reconhecer a

importância de buscar informações que ajudem a entender a concepção de infância

e o tratamento enquanto pessoa pela sociedade, nos tempos atuais.

Por muito tempo tratado como simplesmente um adulto em miniatura,

chegou o momento em que se tenta reconhecer a sua cidadania, com direitos e

deveres, em direção ao protagonismo.

De acordo com Del Priore (1991, p. 7),

a história da criança fez-se à sombra daquela dos adultos. Entre pais, mestres e senhores ou patrões, os pequenos corpos dobravam-se tanto à violência, à força e às humilhações, quanto foram amparados pela ternura e os sentimentos maternos.

Ainda, segundo o mesmo autor,

a historiografia internacional já acumulou consideráveis informações sobre a criança e seu passado, embora os historiadores brasileiros têm que partir de constatações bem concretas, tiradas, na maior parte das vezes, das fontes documentais com as quais trabalham e da sua observação crítica da realidade para contar sua própria história. Ainda, ir em busca da historia da infância brasileira significa uma importância impar dando a ‘fala’ através de documentos históricos, uma vez que é pela voz de médicos, professores, padres, educadores, legisladores que obtemos informações sobre a infância no passado; essa fala obriga, contudo, o historiador a uma crítica e a uma interpretação de como o adulto retrata o estereótipo da criança ideal (DEL PRIORE, 1999, p. 12-14).

Para melhor compreensão, descreve-se uma linha do tempo sobre o

atendimento histórico, quanto à atenção social à infância e à adolescência no Brasil

desde a chegada dos portugueses.

Antes de 1500, os habitantes indígenas ou primitivos deste país viviam de

forma coletiva e solidária. Uma criança não era responsabilidade apenas dos pais

biológicos, mas de toda a tribo. Nesta época, a infância não existia como uma

categoria específica, ou seja, naquela sociedade a criança era tratada com um ser

indiferenciado.

No entanto com a chegada dos portugueses esse quadro muda, pois

crianças e adolescentes que “não davam certo” em Portugal eram trazidos pelos

colonizadores ao Brasil para colaborar nas atividades de aproximação com os índios

e na catequese. Ao longo do século XVII, a categoria da infância foi se

11

consolidando, porém sempre em condição de inferioridade e submissão em relação

aos adultos, sendo considerados adultos em miniatura.

Em 1800, foi criada a escola como lugar de ordem e homogeneização das

crianças oriundas das elites, ou seja, o direto a frequentar um espaço como este era

privilégio de poucos, pois aquelas que ficavam fora desta instituição eram

consideradas as sem possibilidades, sem família, sem poder, sem dinheiro: os

“menores”. Nessa época, foram implantadas as Rodas dos Expostos, um

mecanismo de misericórdia, em que os bebês rejeitados pelas mães (por serem

filhos ilegítimos, ou com deficiências físicas, ou mesmo por pobreza) eram deixados

nos mosteiros e igrejas e criados pelos padres e freiras.

Durante 100 anos, os “menores” eram inseridos ao trabalho escravo. Os

adolescentes eram preferidos por seu porte físico e por apresentarem perspectiva de

retorno mais prolongado aos seus senhores. As adolescentes negras eram usadas

sexualmente para a satisfação de seus senhores e para gerarem filhos mais claros

que podiam ser vendidos no mercado escravo por preços mais altos.

Com esta situação agravante criou-se em Salvador, na Bahia, a primeira

iniciativa de atendimento a meninos e meninas abandonados, por meio de ações

sociais arquidiocesanas, cujo padre responsável foi autorizado pelos governantes a

pedir esmolas em praça pública para manter o atendimento, porém, com a Lei do

Ventre Livre (uma estratégia de economia para os senhores de escravos) aumentou

o número de crianças e adolescentes abandonados, vivendo nas ruas. O

atendimento aos “desamparados” era executado exclusivamente pela Igreja

Católica, com base na lógica higienista predominante na época, que tinha como

princípio segregar e confinar tudo o que fosse doente na sociedade. Assim foi que

em 1922 criou-se o primeiro estabelecimento público para “menores” na cidade do

Rio de Janeiro.

Após alguns anos, em 1927, foi aprovada a primeira legislação brasileira

para infância e adolescência que se encontravam em situações “de carências

materiais ou moral, além de infratoras”, o primeiro Código de Menores. Ou seja,

mesmo tendo uma legislação, a infância continuava sendo tratada de forma

arbitrária e desumana, tendo como retaguarda o Código de Menores. Assim,

podemos considerar que até hoje a questão social é vista por boa parte da

sociedade como perigosa, esquecendo que desigualdade significa riqueza para

alguns e exploração e pobreza para muitos.

12

Anos depois, no governo de Getulio Vargas, criou-se o Serviço de

Assistência ao Menor - SAM. A lógica desse serviço era correcional-repressiva, ou

seja, crianças e adolescentes abandonados ou infratores eram caso de polícia e

reclusão. Como cita Iamamoto (1998, p. 72), “historicamente, a pobreza tem sido

considerada caso de policia e, portanto, associada a classes perigosas e a alvos de

estratégias repressivas ou a vigilância sanitária”.

Segundo Veronese (1997, apud Ferreira, 2008, p. 47), o Código de

Menores,

(...) se propôs no contexto socioeconômico em que viviam os pais, no qual eram pungentes as estatísticas sobre crianças e adolescentes, carentes, abandonados, desassistidos ou dados a pratica de atos anti-sociais, atualizar o conceito dos direitos dos menores, bem como a criação de novas garantias, antes as profundas transformações ocorridas no corpo social entre 1927 (Código Mello Matos) e 1979. Contudo, contemplo um sistema de desrespeito à condição de ser criança, de ser adolescente.

De acordo com Ferreira (2008), mesmo sendo revogado o Código acima, e

estabelecendo um novo Código de Menores pela Lei nº 6697, de 10 de outubro de

1979, não enfocou a questão ao direito a educação e nem a prevenção específica

tratando prioritariamente a questão do ato infracional e os centros de permanências,

os quais serviriam para manter os menores reclusos, instrumento de controle de

toda a infância socialmente assistida.

Pelo que consta, ainda há muitos espaços sem condições de permanência

do adolescente que comete um ato infracional2 como um sistema prisional em todo

território brasileiro, mesmo tendo o Estatuto da Criança e do Adolescente como

legislação que basicamente se refere à doutrina jurídica com três princípios como,

criança e adolescente como sujeitos de direito, tendo prioridades absolutas, sendo

respeitado em sua particularidade, e no seu desenvolvimento.

Nesta mesma época foi criada a Legião Brasileira de Assistência - LBA,

instituição voltada ao atendimento de crianças pobres e órfãs da guerra e filhos de

camponeses. Algum tempo depois, implantaram-se outros atendimentos como: casa

do pequeno jornaleiro, casa do pequeno trabalhador, programa de apoio aos jovens

de baixa renda com base no trabalho informal e no apoio assistencial e 2 Ato infracional é a ação tipificada como contrária à lei que tenha sido efetuada pela criança ou adolescente. São inimputáveis todos os menores de 18 anos e não poderão ser condenados a penas. Recebem, portanto, um tratamento legal diferente dos réus imputáveis (maiores de 18 anos) a quem cabe a penalização (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA), 1990).

13

socioeducativo; Casa do pequeno lavrador; programa de assistência e

aprendizagem rural; programa de apoio assistencial e sócio-educativo a

adolescentes do sexo feminino com problemas de “conduta”.

Consta ainda, que em 1950, foi instalado o primeiro escritório do Fundo

Nacional das Nações Unidas para a Infância no Brasil - UNICEF, em João Pessoa,

na Paraíba. O primeiro projeto realizado no Brasil destinou-se às iniciativas de

proteção à saúde da criança e de gestantes em alguns Estados do nordeste do país.

Segundo a organização popular, o período de 1945 a 1964 foi marcado por

duas tendências: o aprofundamento da conquistas sociais em relação à população

de baixa renda e o controle da mobilização e organização, que começaram a surgir

nas comunidades. Foi nesse período que o serviço de assistência ao menor passou

a ser considerado pela opinião pública como repressivo, desumano e visto como

“universidade do crime”.

O início da década de 1960 foi marcado por organizações da sociedade civil

que começaram a lutar contra o coronelismo e a favor de uma sociedade civil

organizada, reivindicando políticas sociais redistributivas de terra, trabalho,

educação, saúde e condições dignas de moradia.

No entanto, o despertar de uma nova consciência por boa parte da

sociedade provocou a idéia de um futuro, de esperança e de um tempo melhor,

porém, essa idéia se perdeu no contexto daquela época decorrente do Golpe Militar.

Com o Golpe Militar de 1964 a ditadura foi instituída, interrompendo por mais

de 20 anos o avanço da democracia no país. Em 1967, houve a elaboração de uma

nova Constituição, que estabeleceu diferentes diretrizes para a vida civil. A presença

autoritária do Estado tornou-se uma realidade. Restrição à liberdade de opinião e

expressão, recuos no campo dos direitos sociais e instituição dos Atos Institucionais

que permitiam punições, exclusões e marginalizações políticas eram algumas das

medidas desta nova ordem trazidas pelo golpe. Como forma de conferir normalidade

a está prática de exceção foi promulgada em 1967, a nova Constituição Brasileira.

O período dos governos militares foi pautado, para a área da infância, por

dois documentos significativos na época. A Fundação Nacional do Bem-Estar do

Menor - FUNABEM (1964), tinha como objetivo formular e implantar a Política

Nacional do Bem Estar do Menor, herdando do SAM, prédio e pessoal e, com isso,

toda a sua cultura organizacional. A FUNABEM propunha-se a ser a grande

14

instituição de assistência à infância, cuja linha de ação tinha na internação, tanto dos

abandonados e carentes como dos infratores, seu principal foco.

O Código de Menores de 1979 constituiu-se em uma revisão do Código de

Menores de 1927, não rompendo, no entanto, com sua linha principal de

arbitrariedade, assistencialismo e repressão junto à população infanto-juvenil. Esta

lei introduziu o conceito de "menor em situação irregular", que reunia o conjunto de

meninos e meninas que estavam dentro do que alguns autores denominam infância

em "perigo" e infância "perigosa". Esta população era colocada como objeto

potencial da administração da Justiça de Menores. "O menor, de um ou outro sexo,

abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18 anos de idade, será submetido pela

autoridade competente às medidas de assistência e proteção contidas neste

Código" (CÓDIGO DE MENORES, 1927).

Segundo Volpi (2001), no século XIX deu-se origem nos Estados Unidos da

América ao Movimento dos Reformadores após constatação das péssimas

condições do sistema carcerário e seus respectivos alojamentos que acolhiam

homens e “menores” que acabavam sendo levados à promiscuidade. Esta etapa

jurídica foi denominada “tutelada”, ou seja, as autoridades de “menores” decidiam

em seu nome o que era melhor para eles.

Na América Latina, influenciada pela experiência européia, o Direito e a

Administração do Menor foram introduzidos em 1919 na Argentina, a partir dos quais

os demais paises da região acabaram adotando o mesmo modelo.

Com a disseminação deste movimento por toda a Europa, houve influência

na legislação brasileira através da França, partiu daí a criação do Código de

Menores em toda a Europa. Após alguns anos passou por reformulação decorrente

ao tratamento desumano que ainda sofriam os adolescentes que eram considerados

“menores”, e que essa nova reformulação incorpora a nova concepção

assistencialista à população infanto-juvenil.

As instituições de atendimento passaram a conviver com três tendências: a

repressiva, a assistencialista e a educativa. Deu-se o ciclo “apreensão – triagem –

rotulação – deportação – confinamento” executado pela a Fundação Nacional do

Bem-Estar do Menor, a quem competia formular e implantar a Política Nacional do

Bem–Estar do Menor em todo o território nacional, substituindo o SAM. Após seu

15

surgimento foram criadas em 1967 as Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor

– FEBEM, que tinha por finalidade, “formular e implantar programas de atendimento

a menores em situação irregular, prevenindo-lhes a marginalização e oferecendo-

lhes oportunidades de promoção social“. Surge então o Plano de Integração Menor

- Comunidade, uma tentativa de desinstitucionalizar crianças e adolescentes da

FEBEM, incentivando as iniciativas comunitárias de atendimento.

Nos primeiro anos da década de 80, surge um movimento social do tipo

novo – esfera de organizações independentes do Estado - associações de

moradores; novos grupos sindicais; movimentos contra a carestia; movimentos

culturais nas periferias, com ênfase na cultura afro-brasileira; imprensa de bairro;

Comunidades Eclesiais de Base - CEB’s. Pontua-se também a importância sobre a

política pública de atendimento a pessoa com deficiência3 que ganha em 1970 o

reconhecimento e fortalecimento referente ao atendimento, principalmente na área

da educação, através de serviços que vem de encontro com as necessidades da

pessoa com deficiência. Em 1985, constitui-se o Movimento Nacional de Meninos e

Meninas de Rua. Pela primeira vez fala-se em protagonismo infanto-juvenil,

reconhecendo-se a criança e o adolescente como sujeitos participativos, através da

garantia do direito, mas ainda uma enorme distância do que é assegurado pela lei e

o realizado.

“De menor a cidadão”: esta é a trajetória histórica que o movimento social

pelos direitos da criança e do adolescente tenta fazer acontecer no Brasil desde o

século passado, mais precisamente a partir da década de 80.

O desafio era mudar uma visão distorcida socialmente que classificava de

“menores” os filhos dos pobres, e de crianças e adolescentes, os cidadãos que

moram com suas famílias, que vão às escolas e convivem livremente em sua

comunidade.

A partir de 1988 começa o maior processo de sensibilização,

conscientização e mobilização da opinião pública reivindicando maior atenção e

reconhecimento legal de direitos a criança e ao adolescente, buscando a articulação

de setores da sociedade civil, concretizada no movimento em defesa da criança e do

adolescente, bem como iniciativas de afirmação de direitos emergiram no espaço

governamental, diante desses fatos foi desencadeada a Campanha Criança

3 Ver ROSA, E. R ; ANDRÉ, M. F. C. Aspectos políticos e jurídicos da Educação Especial Brasileira. In: Pessoa com deficiência; aspectos teóricos e práticos. PEE - Cascavel: Edunioeste, 2006.

16

Constituinte, pelo Ministério da Educação. Parlamentares e atores sociais

asseguram dentro da Constituição Federal de 1988 os direitos infanto-juvenis,

recebendo atenção em vários artigos garantindo os diretos fundamentais para o

desenvolvimento integral da criança e do adolescente. Porém, após a promulgação

da carta magna, sociedade e juristas profissionais escreveram o Estatuto da Criança

e do Adolescente.

Com as definições de garantias de direitos, o quatro a seguir explicita a

doutrina da situação irregular e a situação da proteção integral no processo histórico

do atendimento à criança e adolescente.

Código de Menores Estatuto da Criança e do Adolescente

Dirigido a... Menores em situação irregular, carentes e abandonados, alvo de medidas.

Todas as crianças e adolescentes sujeitos de direitos, alvo de atenção social e de políticas públicas com prioridade absoluta.

Destina-se a... Vigiar e punir Proteger integralmente

Direciona-se a... Controle social da pobreza Desenvolvimento socialÉ de natureza... Jurídica, proposto por juristas. Jurídico-social, proposto por

grupos e movimentos sociais.Propõe... A centralização do poder no

Estado e das ações no âmbito federal

A descentralização político-administrativo e a paridade governo-sociedade civil para a tomada de decisões

Resulta na... Estigmatização do pobre como menor (em direitos, dignidade, respeito e liberdade)

Integração de gerações (adultos, crianças e adolescentes), de classes sociais, de políticas públicas, de governo e sociedade.

Fonte: CONANDA (2003)

Quadro 1 – Doutrina da situação irregular e a situação da proteção integral no processo histórico do atendimento à criança e adolescente

É possível perceber que durante muitos anos, no Brasil, as crianças e

adolescentes das classes populares e que estavam em situação de risco pessoal e

social eram alvo de atendimento por instituições assistencialistas ou permaneciam

nas ruas em situação de completa exclusão social. E que só após 1990 com o

Estatuto da Criança e do Adolescente é que começa a se pensar em assegurar a

prioridade absoluta ao atendimento infanto-juvenil. Foi então o inicio da elaboração

de políticas ao atendimento a crianças e adolescente em situação de risco social

como apoio sócio-educativo em meio aberto é uma inserção complementar à

17

atuação da família e da escola. Em termos de conteúdo, suas ações se dão nas

áreas de reforço escolar, apoio nutricional, preparação para o trabalho, esporte,

atividades artístico-culturais, educação para a saúde, para o meio-ambiente, para a

cidadania e assim por diante.

Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF

(2003), ser filho de mãe com menos de um ano de estudo aumenta em sete vezes a

possibilidade de viver numa família com renda per capita mensal até 120 reais. Ser

negro aumenta em duas vezes a chance de viver na pobreza. Ter uma deficiência

aumenta em quase quatro vezes a possibilidade de um adolescente chegar aos 17

anos analfabeto. Diante dessas afirmações, são claras as situações de

vulnerabilidade social em que são criadas ou se encontram as crianças e

adolescentes brasileiros.

Crianças e adolescentes têm seus direitos violados no Brasil mesmo antes

de seu nascimento. Nascer indígena ou branco, viver na cidade ou no campo, no sul

ou no norte, ser menina ou menino, ou filho de mãe com baixa escolaridade, ter ou

não deficiência, são fatores que determinam as oportunidades que crianças e

adolescentes terão à saúde e à educação, ou ser ou não, explorados. Essa lógica no

Brasil priva de cidadania milhões de meninas e meninos

O Estatuto da Criança e do Adolescente (1990, livro I, § 4°) preceitua que é

dever da família, comunidade e sociedade em geral e do poder público assegurar

com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à

educação, à alimentação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização e assim por

diante. Sabemos que o Brasil é o melhor país do mundo para se viver, pois é espaço

territorial para todos, “as melhores leis do mundo”, no papel, mas o índice de

analfabetismo, o desemprego, a falta de oportunidades e de qualidade de vida

abrange a maioria da população acarretando tanta violência.

Segundo Volpi (2001, p. 57),

o delito é parte viva da sociedade e vem sendo administrado ao longo da história com maior ou menor tolerância, dependendo das estruturas explicativas de cada época e a das ideologias hegemônicas de cada período.

Numa visão marxista, podemos compreender que o delito é o resultado de

um modo de produção social, ou seja, não é a tão somente a parte jurídica e política

baseada na totalidade das relações de produção, ou seja, as desigualdades sociais

18

são provocadas pelas relações de produção, que no capitalismo se divide em

proprietários e não-proprietários dos meios de produção, como afirma Marx (1982, p.

24, apud Volpi, 2001, p. 57),

(...) na produção social da vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção essas que correspondem a uma etapa determinada do desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e a correspondem qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral de vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser que determina sua consciência.

É neste contexto que famílias em situação de vulnerabilidade social

decorrente da pobreza, do precário ou nulo acesso aos serviços públicos, da

fragilização de vínculos de pertencimento e sociabilidade e/ou qualquer outra

situação de vulnerabilidade e risco social onde geram e criam seus filhos; pais sem

oportunidades de dar um ambiente familiar adequado para os seus filhos que muitas

vezes, acabam sendo cooptados para o mundo das drogas, prostituição, atos

infracionais, colocando-os à margem da sociedade.

Decorrente das fragilidades históricas no que se referem aos direitos sociais

e à exclusão que a população se encontra e vem sendo sofrendo de longa data, foi

que, movimentos sociais e sociedade cível organizada atuavam nessa realidade,

bem como, juristas, gestores municipais, estaduais, governo federal e congressistas

que, apoiaram a aprovação da constituição da Lei Orgânica da Assistência Social –

LOAS, em 1993, o que significou mudança no cenário nacional.

A Lei Orgânica da Assistência Social criou mecanismos de organização na

área da assistência social entre governo e sociedade civil organizada de forma

participativa e descentralizadora do poder, definindo atribuições das três esferas de

governo na área da assistência social e estabelecendo também a responsabilidade

do governo na gestão das políticas públicas de assistência social, reconhecendo o

direito do cidadão. Foi a partir do processo - iniciado com a criação desta lei - que

19

surgiu o Sistema Único de Assistência Social - SUAS, este sistema veio para

estabelecer um padrão de gestão nacional com metodologias para a proteção social,

descentralizando a política-institucional e a gestão e planejamento de forma

conjunta. Os serviços socioassistenciais são co-financiados a partir de análise

técnica, usando como ponto de partida os indicadores do município que fundamenta

a real necessidade de tais serviços (BRASIL, 2006a).

Segundo documentos do Mistério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome, em 13 de dezembro de 2006 foi realizada a Assembléia onde o Conselho

Nacional de Assistência Social – CNAS e o Conselho Nacional dos Direitos da

Criança e do Adolescente – CONANDA, aprovaram o plano nacional de convivência

familiar e comunitária. Esse plano veio para mapear e analisar as iniciativas de apoio

sócio-familiar e incluir dados sobre crianças e adolescentes que estão sob os

cuidados de terceiros sem ordem jurídica ou esteja em situação de rua ou em

programas de acolhimento institucional, bem como, a ampliação de serviços como

os Centros de Referência de Assistência Social -CRAS4 e os Centros Especializados

– CREAS5 e de projetos de inclusão produtiva. Consta também, a capacitação dos

gestores e atividades de mobilização também fazem parte das estratégias que irão

contribuir para evitar que crianças sejam colocadas em abrigos, trabalhem na rua ou

sofram abuso e exploração sexual assegurando investimentos em programa que

visem a matricialidade familiar e o convívio familiar e comunitário.

Proteger a criança e o adolescente propiciar-lhes as condições para o seu pleno desenvolvimento, no seio de uma família e de uma comunidade, ou prestar-lhes cuidados alternativos temporários, quando afastados do convívio com a família de origem, são antes de tudo e na sua essência, para além de meros atos de generosidade, beneficência, caridade ou piedade, o cumprimento de deveres para com acriança e o adolescente e o exercício da responsabilidade da família, da sociedade e do Estado (BRASIL, 2006b, p. 25).

Diante de um novo redirecionamento da política de assistência social, novos

programas sociais emergem, pautados na matricialidade familiar segundo a política

4 Unidade pública da política de assistência social, de base municipal, integrante do SUAS, localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinado à prestação de serviços e programas socioassistenciais de proteção social básica às famílias e indivíduos, e à articulação destes serviços no seu território de abrangência, e uma atuação intersetorial na perspectiva de potencializar a proteção social (BRASIL, 2010a).5 Unidade pública e estatal onde se ofertam serviços especializados e continuados a famílias e indivíduos nas diversas situações de violação de direitos. Como unidade de referência deve promover a integração de esforços, recursos e meios para enfrentar a dispersão dos serviços e potencializar ações para os (as) usuários (as) (BRASIL, 2010b).

20

nacional de convivência familiar e comunitária, promovendo e provocando um novo

olhar sobre o atendimento e acompanhamento social no que se refere à promoção

do protagonismo da família e seus membros.

Nesse sentido, o Programa Bolsa Família - integrante da política de

assistência social - é um programa de transferência direta de renda que exige

condicionalidades e beneficia famílias em situação de pobreza (com renda mensal

por pessoa de R$ 69,01 a R$ 137,00) e extrema pobreza (com renda mensal per

capita de até R$ 69,00). Esse Programa, regulamentado pela lei nº 10.836, de 09 de

janeiro de 2004, integra a estratégia que visa assegurar o direito humano à

alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e

contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para a conquista da cidadania

pela parcela da população mais vulnerável à fome. O Programa tem objetivo de

interligar as seguintes dimensões essenciais à superação da fome e da pobreza:

Promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda à família; Reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por meio do cumprimento das condicionalidades, o que contribui para que as famílias consigam romper o ciclo da pobreza entre gerações; Coordenação de programas complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários da Bolsa Família consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. São exemplos de programas complementares: programas de geração de trabalho e renda, de alfabetização de adultos, de fornecimento de registro civil e demais documentos (BRASIL, 2010c).

Diante desse plano de atendimento às famílias, em 2008 foi realizada a

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - PNAD. Segundo os dados divulgados

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o país passa “por um

momento histórico” em termos de redução da pobreza afirma que naquele ano,

diminuiu em seis milhões o número de pessoas que vivem em situação de extrema

pobreza no Brasil. No entanto, ainda há 36,2 milhões de brasileiros vivendo com até

R$ 125,00 por mês, valor que estabelece a linha de pobreza segundo a classificação

da Fundação Getulio Vargas (NÉRI apud CASTRO, 2007, p. 1).

Para Demo (1994, p. 17), “política social autêntica é aquela que implica

compromissos evidentes de atendimento ao combate da desigualdade, reduzindo-a.

Caso contrário, não será ‘social’ “. Daí decorre, primeiro, que política social

necessita ser preventiva, no sentido de ir às raízes do problema.

21

Pode-se notar que, o que vem sendo construindo em conjunto com todas as

políticas públicas em um traçado metodológico de atendimento às famílias é

pensado a partir dos indicadores sociais·, visando à promoção e ao protagonismo

das mesmas. Porém, ainda há muitos desafios a serem enfrentados, pois o

protagonismo daquelas famílias para ser efetivado, há que se ter também um novo

olhar de oportunidades e aceitação por parte da sociedade em geral. Porém, a

gestão dessa política tem que ser eficaz e eficiente entre ambas às esferas de

governo, para o alcance dos resultados positivos de promoção junto àquelas

famílias.

22

3 O ADOLESCENTE E O PROCESSO SOCIOEDUCATIVO

Este capítulo é dedicado a uma reflexão sobre o meio social e familiar em

que o adolescente está inserido e as relações que nele se estabelecem e como foi a

sua constituição enquanto pessoa, considerando que a família é fundamental para a

construção de sua personalidade.

Segundo Wallon (apud Vasconcelos, 2008, p. 67),

brinda-nos com a noção de “constelação familiar”, propiciando à criança que nasce um contexto social e simbólico, no qual seus outros sociais mediarão e interpretarão suas ações no mundo, dando a elas desde sempre significados.

Para que a humanidade possa sobreviver, é necessário que a imperícia do

recém-nascido afete o outro e provoque nele sentimentos de solidariedade, é a

garantia de sobrevivência da espécie é o maior indicador de que o meio social é

privilegiado para a criança em desenvolvimento, e para o homem adulto, em relação

ao meio físico. Vivenciar a necessidade de se perceber como indivíduo, e ao mesmo

tempo, de medir sua força em relação ao grupo social a que pertence, faz desta fase

um período crítico do processo de socialização, pois “há a tomada de consciência

pelo indivíduo do grupo de que faz parte, há a tomada de consciência pelo grupo da

importância que pode ter aos indivíduos” WALLON (apud VASCONCELOS, 2008, p.

68).

Segundo Kramer (2008, p. 171-172),

as crianças não formam uma comunidade isolada, mas são parte do grupo e suas brincadeiras expressam este pertencimento. Como sujeitos sociais, as crianças nascem no interior de uma classe, de uma etnia, de um grupo social. Os Costumes valores hábitos interferem em suas ações e nos significados que contribuem ás pessoas , ás coisas e as relações . No entanto, apesar do seu direito de brincar, para muitos é imposto como meio de sobrevivência e pertencimento. Considerar simultaneamente a singularidade das crianças e as determinações sociais e econômicas que interferem nas suas condições exige reconhecer a adversidade cultural e combater a desigualdade social e a situação de pobreza da maioria de nossas populações com políticas e práticas capazes de assegurar as identidades e igualdade e a justiça social.

Neste sentido, percebemos a necessidade de que a sociedade veja a

criança como um ser único, porém, fazendo parte de uma comunidade que age e

pensa diferente ou vice versa. A criança esta aí, crescendo nesse contexto de

relações pluralistas e é aí que a garantia do direito tem que ser gradativa e eficaz

para o atendimento dessas crianças que crescem e passam para uma outra fase,

que é a adolescência.

A adolescência, que tem início aos 12 anos com a puberdade, é marcada

por transformações de ordem psicológica, mudanças corporais impostas pelo

amadurecimento sexual, assim como transformações de ordem psíquicas com

preponderância afetiva. Nesse estágio, os sentimentos se alternam procurando

buscar a consciência de si na figura do outro, contrapondo-se a ele, além de

incorporar uma nova percepção temporal.

O meio social e cultural passam a ser de grande importância. Os

adolescentes tornam-se intolerantes em relação às regras e ao controle exercido

pelos pais, e necessitam identificar-se com um grupo de amigos.

Na adolescência torna-se visível a forma como o meio social condiciona a

existência da pessoa, moldando a personalidade de maneiras diversas. Enquanto os

adolescentes de classe média exteriorizam seus sentimentos e questionam valores

e padrões morais, os de classes operárias, que enfrentam precocemente a realidade

social do adulto, a necessidade do trabalho vivem essa fase de outra maneira, pois

tem que contribuir para a subsistência da família.

Então podemos concluir que a adolescência é uma fase da vida humana que

nenhuma pessoa que esteja nessa idade biológica pode escapar, é marcada pelas

transformações, sejam físicas, psíquicas, emocionais e sociais. Os conflitos são

internos, pessoais e familiares. É uma fase vital onde se deixa de ser criança,

atravessando um longo caminho até atingir a fase adulta. É uma fase importante do

desenvolvimento da personalidade.

Para Cardoso (2005, p. 27),

a juventude, com sua adversidade, anseios, posturas, preocupações, tendências e comportamentos - por vezes contraditórios-, move-se em busca da felicidade e, no fundamental, por generosos valores de solidariedade e de partilha. É nessa diferença de ideal justo na sociedade que nos empurra para o individualismo, a competição e ao consumismo que se geram movimentos de revolta e insubmissão característicos da juventude. A sua força e a sua consciência, muitas vezes assumindo um caráter revolucionário, são de grande importância para a transformação da sociedade.

24

Segundo Bourdieu (1980, p. 113-114), existem duas juventudes

relacionadas a classes sociais:

uma é constituída pelos filhos de famílias operárias desprovidas de recursos materiais, na qual o trabalho é a busca principal para se pertencer ao mundo; não tem estudo, segurança e outros elementos identificatórios (lazer, roupas,etc.) definidos ou estáveis. Há outra juventude é constituída por pessoas oriundas da burguesia, que tem suas necessidades assistidas pelos pais, que cultivam sonhos e tem apoio para realizá-los; são em geral apenas estudantes, e o trabalho é uma pretensão adiada extensamente, pois há um longo preparo nos bancos escolares e uma boa disputa pelas melhores oportunidades.

O jovem da classe economicamente inferior é obrigado a deixar os bancos

escolares, seus sonhos de oportunidades verdadeiras, para adentrar num mercado

de trabalho informal, explorador e alienador, para “contribuir” com sustento da

família, pois, numa sociedade esculpida pelo capitalismo devastador, onde o ter e o

poder econômico estão nas mãos de alguns, conforme um sistema que contribui

cada vez mais para geração das mazelas sociais, colocando à margem milhões e

milhões de jovens, levando à reflexão qual é o futuro dessa juventude, pois sem uma

crítica do que é o mundo do trabalho, uma qualificação para o trabalho no mercado

que está ai e não incorpora esse grupo. Então o jovem continua a reproduzir o

histórico de vida de seus familiares submetendo-se à exploração.

A incerteza quanto ao futuro é a nota dominante junto aos jovens em meu país. A educação cada vez mais cara, o emprego cada vez mais difícil de arranjar, a casa é cada vez mais na periferia, a saúde é cada vez mais privada (..) No entanto, a todo o momento se enche a boca com declarações de intenção feitas – os jovens são os homens do amanhã, os jovens são o futuro”. Mas que futuro perguntamos a nós? (CARDOSO, 2005, p. 26).

A instituição familiar tem característica fundamental no processo de

constituição das relações sociais. Essa importância é apresentada no Estatuto da

Criança e do Adolescente, sob a perspectiva de deveres da família, é proveniente de

resultados que foram obtidos com os inúmeros projetos sociais para a criança e

adolescente em todo o Brasil, conforme afirma Seda (1991, p. 54):

O Estatuto da Criança e do Adolescente, Livro I, art. 4° preceitua que é dever da família, comunidade e sociedade em geral e do poder público assegurar com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à educação, à alimentação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização e assim por diante. Sabemos que o Brasil é o melhor país do mundo para se viver, pois é multi cultural,

25

espaço territorial para todos, as melhores leis do mundo, no papel, mas o índice de analfabetismo, o desemprego, a falta de oportunidades e de qualidade de vida abrange a maioria da população.

O conceito acima nos remete a pensarmos e refletirmos sobre a práxis em

relação à forma que se dá ao atendimento de adolescentes no que se refere aos

serviços socioeducativos, porém sem deixar de mensurar a preservação da

singularidade, os aspectos emocionais, socioculturais da criança e do adolescente

dentro dos serviços socioeducativos. Também não podemos deixar de lado e tentar

ilustrar os avanços significativos dentro da Política de Assistência Social, em relação

ao atendimento nos programas governamentais socioeducativos para este público.

Não é o ideal, mas é o real e assim temos que ofertar um atendimento socioeducativo

com caráter pedagógico que possa contribuir para uma emancipação social,

contrapondo com individualismo e somando com nova cultura de paz.

3.1 CONSTRUINDO O PROCESSO PEDAGÓGICO NOS SERVIÇOS

SOCIOEDUCATIVOS COM JOVENS DE 15 A 17 ANOS

Como apresentado no capítulo primeiro, o atendimento no Brasil a crianças

e adolescentes, por decorrente a pobreza, foram alvos de mera benesse ou da

filantropia, o que contribuiu e ainda contribui muito para o pouco desenvolvimento

educacional, onde a minoria tinha e tem acesso a uma qualificação não adequada.

Mas, esse quadro ainda perdura nos resultados vistos quanto aos alfabetizados

funcionais, ou seja, pessoa que mesmo sabendo ler e escrever um bilhete simples,

não consegue interpretar textos ou aplicar seus conhecimentos adquiridos, levando-

os à opressão.

Para Freire (2005, p. 7),

a educação libertadora é incompatível com uma pedagogia que, de maneira consciente ou mistificada, tem sido prática a prática dominação. A prática da liberdade só encontrará adequada expressão numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica.

26

Ou seja, a educação libertadora é aquela que se impõem para àqueles que

se comprometem com libertação e promoção do cidadão, levando-o a uma

consciência especializada, sabendo ver, julgar e agir diante dos contextos impostos

pela sociedade opressora, e não como seres vazios a que o mundo enche de

conteúdos de forma mecanicista e utilitarista, próprio para ser expropriado até de

sua própria vida.

Nesse contexto, vale ressaltar que os documentos e instrumentais que estão

sendo produzidos pelo governo e sociedade civil organizada em relação à nova

práxis da política de assistência social, particularmente o Traçado Metodológico do

ProJovem Adolescente, proposto pelo Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome, possuem conteúdos consistentes na direção ao objetivo de

promover o protagonismo juvenil, por meio do reconhecimento desses enquanto

sujeitos de direitos sociais e de cidadania.

Para Demo (1994, p. 31),

enquanto o assistencialismo é estratégia e manutenção das desigualdades sociais, a assistência corresponde a um direito humano. Certamente, devemos aceitar que assistência não é propriamente a solução, pois assistir não é solucionar. (...) Cabe ao Estado cumprir adequadamente esse dever, sobretudo não rebaixar assistência a assistencialismo (...) É nesse contexto, que hoje se discute muito metodologias produtivas e participativas no campo das assistências, como expedientes criativos emancipatórios, sempre que possível. A meta da assistência é assistir, obviamente, mas sempre que possível, deve-se assistir de tal forma que se favoreçam atividades de produção e participação.

É importante salientar a existência de pequenas comunidades ou pessoas

anônimas e profissionais que há tempo estão envolvidos no processo de construção

de uma nova forma estratégica e emancipatória de promoção humana através de

um pensar e fazer diferente, pautado numa cidadania não tutelada, em favor da

autonomia do ser, pois, “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é

imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos

outros” (FREIRE, 1996, p. 59).

Ao buscarmos essa autonomia passamos a fazer parte da construção de

uma nova cultura de participação em espaços decisórios no campo de políticas

públicas, cobrando junto ao governo municipal, através dos Conselhos: Conselho

27

Municipal de Assistência Social - CMAS6 e Conselho Municipal dos Direitos da

Criança e do Adolescente -CMDCA7 o cumprimento adequado de um política social

emancipatória na luta para não rebaixar a assistência ao assistencialismo

tradicional, nesse foco, o atendimento às crianças e à juventude.

O Programa Federal Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano,

regulamentado pela Portaria MPAS/SEAS nº 879, de 3 de dezembro de 2001, era

uma ação da Assistência Social que tinha por objetivo atender jovens que estavam

fora da escola e em situação de fragilidade financeira, recebendo uma bolsa auxílio,

visando ao desenvolvimento pessoal, social e comunitário. Foi implantado no

município de Cascavel nos territórios dos Centros de Referência de Assistência

Social – CRAS, da Secretaria de Assistência Social, para 175 jovens com a faixa

etária de 15 a 17 anos, no ano de 2006 a julho de 2008. Contudo, carecia de uma

fundamentação pedagógica para seu desenvolvimento, caracterizando-se mais pelo

auxílio da bolsa financeira e do tempo que agrupava os jovens com algumas

atividades.

Conforme reportagem (Anexo A) publicada no Jornal Diário Comunitário

(2008, p. 6), em uma entrevista com equipe que atuava nesse programa, demonstra

claramente a necessidade de ter instrumentais pedagógicos consistentes.

O governo federal em conjunto com a sociedade civil organizada, em 2004,

instituiu o Grupo Interministerial da Juventude, coordenado pela Secretaria-Geral da

Presidência da República com 19 Ministérios e Secretarias, diante da realidade

brasileira que clama por ações efetivas, como relata o texto publicado no site do

ministério do desenvolvimento social, que segue:

O Brasil tem 48 milhões de habitantes entre 15 e 29 anos, dos quais 34 milhões têm entre 15 e 24 anos. É nesta faixa etária que se encontra a parte da população brasileira atingida pelos piores índices de desemprego, de evasão escolar, de falta de formação profissional,

6O Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), composto paritariamente por representação de governo e da sociedade civil, é um órgão deliberativo, responsável pelas formulações, controle, acompanhamento e fiscalização da Política Municipal de Assistência Social, no intuito de garantir a predominância do atendimento por entidades públicas na qualidade de direito social (BRASIL, 2005).7 É um órgão paritário, composto por membros da Sociedade Civil e do Poder Executivo Municipal. É deliberador, formulador e controlador das políticas públicas voltadas para atendimento à criança e ao adolescente, criada pela Lei nº 4.231, de 29 de novembro de 1990. Além de formulador das Políticas Públicas, é também atribuição do CMDCA manter o registro das entidades que atuam com crianças e adolescentes, bem como de seus programas e projetos, zelando para que esta ação seja realizada de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOSDA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CMDCA), 2010).

28

mortes por homicídio, envolvimento com drogas e com a criminalidade. Para enfrentar esses desafios, foi instituída a Política Nacional de Juventude, por meio da Medida Provisória 238 assinada pelo Presidente da República em 1º de fevereiro de 2005, já aprovada pelo Congresso Nacional e transformada em lei. No mesmo ato, o Presidente criou o Conselho Nacional de Juventude, a Secretaria Nacional de Juventude e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem). Pela primeira vez na história, o País passa a contar com uma política de Estado voltada para os jovens.A implantação da Política Nacional de Juventude é fruto da reivindicação de variados movimentos juvenis, de organizações da sociedade civil e de iniciativas do Poder Legislativo e do Governo Federal. O relatório da Comissão Especial de Políticas Públicas de Juventude da Câmara dos Deputados, as conclusões do Projeto Juventude, coordenado pelo Instituto Cidadania com mais de 40 organizações da sociedade, e a criação de secretarias de Juventude em Estados e Municípios confirmam essa tendência (BRASIL, 2010d).

Instituiu-se, assim, o Programa Nacional de Inclusão de Jovens - ProJovem,

financiado com recursos federais, apresentando quatro modalidades sediadas em

Ministérios conforme sua natureza e área de atuação:

a) O ProJovem Urbano, sediado no MEC, implantado em todas as capitais e

no Distrito Federal. Atende moças e rapazes com 18 a 24 anos de idade que

terminaram a quarta série, mas não concluíram o Ensino Fundamental e que não

têm emprego com carteira profissional assinada;

b) O ProJovem Rural, com a programação dos “Saberes da Terra”, sediado

no MEC com implantação gradativa a partir da adesão dos Governos Municipais;

c) O ProJovem Trabalhador, sediado no MTE, realizado também a partir de

convênios com os Governos Municipais, possibilita a formação profissional com

cursos de qualificação no arco de ocupações apresentado pelo projeto local,

contemplando ações de 200 a 300 horas de formação;

d) O ProJovem Adolescente, sediado no MDS, mediante adesão do Governo

Municipal, atende exclusivamente a faixa etária de 15 a 17 anos; é um serviço

socioeducativo, que integra as ações de proteção social básica do sistema único de

assistência social, com objetivos de complementar a proteção social básica à

família, criando mecanismos para garantir a convivência familiar e comunitária e

criar condições para a inserção, reinserção e permanência do jovem no sistema

educacional. Podem participar os jovens pertencentes às famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família – PBF, os egressos de medida socioeducativa de

internação ou em cumprimento de outras medidas socioeducativas em meio aberto,

29

conforme disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 do Estatuto da Criança e

do Adolescente, os que estão em cumprimento ou egressos de medida de proteção,

conforme a lei citada, os egressos do programa de Erradicação do Trabalho Infantil

– PETI, os egressos ou vinculados a programas de combate à violência, ao abuso e

à exploração sexual (BRASIL, 2010e).

O próximo capítulo aborda a concepção pedagógica do Projovem

Adolescente - serviço socioeducativo e sua implantação e processo avaliativo nos

Coletivos do município de Cascavel, Paraná.

30

4 IMPLANTANDO O PROJOVEM ADOLESCENTE NO MUNICÍPIO DE CASCAVEL

Este capítulo trata da concepção pedagógica do Programa Projovem

Adolescente - Serviço Socioeducativo lançado no ano de 2005 e regulamentado pela

Lei nº 11.629, de 10 de junho de 2008 (BRASIL, 2009a). Sua concepção social e

fundamentação já foram brevemente explicitadas no capítulo anterior e a seguir

apresenta-se sua implantação no município de Cascavel e o seu Traçado

Metodológico.

Em julho de 2008, o governo municipal de Cascavel, através da Secretaria

de Assistência Social, implantou o Programa ProJovem Adolescente - Serviço

Socioeducativo, o qual tem seu alicerce apoiado em dois pilares básicos do Sistema

Único de Assistência: Matricialidade Familiar8 e Territorialização9. É ligado

diretamente e se constitui por meio dos Centros de Referência de Assistência Social

– CRAS, em seis territórios, oito Coletivos com o total de 200 jovens atendidos, na

faixa etária de 15 a 17 anos, com o recorte de renda do Programa Bolsa Família,

pois as vagas são destinadas aos filhos de famílias que estão recebem ou não a

bolsa auxílio (CASCAVEL, 2008).

A constituição dos Coletivos de jovens se dá nos CRAS, pois o

desenvolvimento dos Coletivos é de fundamental importância que ocorra no espaço

territorial desses centros, fazendo com que o adolescente se envolva em sua

comunidade de forma positiva, reconhecendo-se enquanto pessoa responsável pelo

meio no qual está inserido e ao qual pertence, buscando e contribuindo junto com

esta comunidade alternativas de superação das dificuldades presentes. Define-se aí

um universo cultural e histórico e um conjunto de relações e interrelações a serem

considerados, bem como situações a serem objeto da ação articulada das diversas

políticas públicas (BRASIL, 2005).8 Que considera a capacidade protetiva e socializadora da família (seja ela biológica ou construída) em relação aos jovens em seus processos peculiares de desenvolvimento, assim como leva em conta a necessidade de que as políticas públicas compreendam a família como portadora de direitos e de proteção do Estado, bem como assegurem o seu papel de responsável pelo desenvolvimento dos jovens e garantam o exercício pleno de suas funções sociais (BRASIL, 2009).9 O serviço deve ser ofertado próximo à moradia dos jovens e suas famílias, no território de abrangência do CRAS. Define-se aí um universo cultural e histórico e um conjunto de relações e interrelações a serem considerados, bem como situações a serem objeto da ação articulada das diversas políticas públicas (BRASIL, 2009).

Fica clara a importância da constituição dos Coletivos como espaços de

espaço relacional e de convívio, instância organizativa, deliberativa, gestionária,

grupo orientado para a ação, contraponto ao individualismo, sendo vetor de

transformação social nestes territórios, pois assim o envolvimento e o sentimento de

pertencimento, o que se resulta através do conhecer da forma integrada com outros

adolescentes, tomando assim, um posicionamento frente às dificuldades

encontradas neste território, sob um novo olhar para essa realidade.

Porém, com a deficiência ou falta de estruturas físicas condizentes para o

desenvolvimento dos Coletivos em algumas regiões da cidade de Cascavel, houve

uma reformulação no atendimento, fazendo que alguns Coletivos, passassem a

serem organizados em um espaço adequado, ainda que localizado externamente às

territorialidades em que pertencem, isso levou a equipe pedagógica juntamente com

os Coletivos a se reorganizarem, pensarem em alternativas para contextualizar seus

questionamentos e vivências, formulando ações que venham ao encontro com a

realidade social dos territórios e suas particularidades.

O trabalho de orientação no Projovem Adolescente Serviço Socioeducativo,

está pautado no Traçado Metodológico que tem fundamental importância para o

desenvolvimento dos Coletivos, elaborado por uma equipe multidisciplinar que atua

no âmbito da política de assistência social e publicado pelo Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS.

O Traçado Metodológico é parte integrante do conjunto das publicações

elaboradas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,

proporcionando às equipes de profissionais e aos gestores responsáveis pelo

Programa, se embasarem em instrumento que conceitue, e dê subsídios teóricos e

práticos necessários à estruturação dos Coletivos (BRASIL, 2009a, p. 01).

Este Traçado está organizado e tem como alicerce três eixos estruturantes:

Convivência Social, Participação Cidadã e Mundo do Trabalho, integrados para a

estruturação de um processo formativo que pretende contribuir para que os jovens

se apropriem criticamente dos conhecimentos sociais e historicamente acumulados,

cultivem e adensem os valores éticos e democráticos e se constituam individual e

coletivamente como cidadãos de direitos comprometidos com a transformação.

A proposta acima está dividida em dois ciclos, ou seja, Ciclo I no qual forma-

se o Coletivo, tornando-se um lugar de convívio e contribuindo para

desenvolvimento integral do adolescente e o Ciclo II que, após sua constituição,

32

propicia ao Coletivo, interação e participação na comunidade, bem como, reflexão e

formação para o mundo do trabalho. Toda essa dinâmica tem duração de dois anos,

com um total de 1200 horas.

De acordo com o Traçado Metodológico, o Ciclo I objetiva:

estabelecer o Coletivo de jovens como espaço de convívio cooperativo, afetivo, lúdico e solidário. Propiciando oportunidades para o desenvolvimento da criatividade, valorizando ações e reflexões sobre valores éticos, sobre a formação para o mundo do trabalho e a cidadania, de forma participativa e democrática (BRASIL, 2009b, p. 45).

E o Ciclo II:

estabelecer o Coletivo de jovens como espaço de formação, envolvendo a troca de novos conhecimentos, a inclusão digital, a orientação para a qualificação profissional e o desenvolvimento de experiências práticas, planejadas coletivamente a partir dos interesses comuns às vidas social e profissional dos jovens(BRASIL, 2009f, p. 46).

Os instrumentais que auxiliam neste processo são chamados de Cadernos e

tem os objetivos e a programação detalhada das ações com os Coletivos, os quais

orientam passo a passo metodologicamente, envolvendo seis temas transversais,

que citaremos logo abaixo e instrumentaliza o trabalho socioeducativo. São os

Cadernos: “Concepções e Fundamentos” (Brasil, 2009h), que apresenta as noções

de juventudes e adolescências as quais dão base ao ProJovem Adolescente, além

de um breve histórico sobre as políticas públicas traz dimensões metodológicas,

aliadas a um conjunto de princípios e valores que permeiam e contribuem com

direcionamento para organização dos espaços educativos e a convivência com e

entre os jovens, norteando e subsidiando a práxis do orientador nos Coletivos;

Caderno do Orientador Social – Ciclo I – Percurso Socioeducativo II – Consolidação

do Coletivo, Caderno do Orientador Social – Ciclo I – Percurso Socioeducativo III –

“Coletivo Pesquisador, Caderno do Orientador Social – Ciclo I – Percurso

Socioeducativo IV – “Coletivo Questionador, Caderno do Orientador Social – Ciclo II

– Percurso Socioeducativo V – “Coletivo Articulador-Realizador: Participação

Cidadã”; Caderno do Facilitador da Formação Técnica Geral - FTG – Ciclo II –

Percurso Socioeducativo Coletivo Articulador- Realizador: “Formação Técnica Geral”

(BRASIL, 2009c, 2009d, 2009e, 2009g).

33

Há que se mensurar que após a consolidação desses Coletivos, nesses

espaços estão presentes discussões sociais com diferentes temas transversais, tais

como: Juventude e Diretos Humanos, Juventude e Saúde, Juventude e Meio

Ambiente, Juventude e Trabalho, Juventude e Cultura, Juventude, Esporte e Lazer,

tendo como objetivo a reflexão sobre as realidades locais passíveis de intervenção

desta juventude.

Para melhor compreensão de como se dá a distribuição da carga horária por

Ciclo, seguindo a orientação do Ministério do Desenvolvimento Social, conforme

quadro a seguir.

Ações Socioeducativas(modalidade)

Conteúdos Carga Horária

Profissional Responsável

EncontrosTemas transversais (ênfase: “Convivência Social”)

260 Orientador Social

Oficinas de Convívio por meio do Esporte, Lazer, Arte e Cultura

Esporte e Lazer 100 Orientador Social

Arte 60 Facilitador

Cultura 180 Facilitador

Fonte: TRAÇADO METODOLÓGICO (2009a)

Quadro 2 – Distribuição da carga horária do Ciclo I do ProJovem Adolescente

Tal distribuição se justifica no Traçado Metodológico:

(...) O ciclo I tem por objetivo tornar o Coletivo um espaço de referência formativa e de convívio afetivo, lúdico e solidário, autonomia, (...) gerando oportunidades para o seu desenvolvimento da criatividade. (..) este ciclo tem um total de 600 horas (BRASIL, 2009a, p. 44-46).

Conforme planejamento, os Coletivos em Cascavel procuram desenvolver

suas atividades dentro desta carga horária, com lógica do respeito e individualidade

de cada Coletivo no processo de construção. Sendo assim, existe a possibilidade,

quando é discutida com os adolescentes, de trazer momentos do II Ciclo, pois nada

é estático e o processo de construção se dá na prática, como segue.

Modalidade das Conteúdos Carga Profissional

34

Ações Socioeducativas Horária Responsável

EncontrosParticipação Cidadã: Plano de Atuação Social – PLA

240 Orientador Social

Oficinas de FTG - Formação Técnica Geral:

Formação Técnica Geral:• Conhecimentos sobre o mundo do trabalho; • Pontocom@ (inclusão digital e ampliação de competências comunicativas) • Projeto de Orientação Profissional - POP

240 Facilitador

Oficinas de Convívio por meio do Esporte, Lazer, Arte e Cultura

Esporte, Lazer, Arte e Cultura 120 Orientador

Social

Fonte: TRAÇADO METODOLÓGICO (2009a)

Quadro 3 – Distribuição da carga horária do Ciclo II do ProJovem Adolescente

Ainda segundo o Traçado Metodológico,

(...) Ações socioeducativas com proposta Formação Geral para o Trabalho / FTG leva-os ao aumento da expectativa na inserção do mundo do trabalho, suas competências de expressar, a inclusão digital e a construção de um projeto de Orientação / POP, e por outro lado engajamento nas questões sociais (BRASIL, 2009a, p. 47).

Indicam-se neste Ciclo II, ações socioeducativas no que se refere à

Formação Técnica Geral - FTG para os jovens, ampliando suas expectativa de

inclusão no mundo do trabalho, desenvolvendo competências comunicativas e

inclusão digital, favorecendo o desenvolvimento integral no ponto de vista de

participação, opinando em espaços democráticos, participando coletivamente em

conferências, conselhos, valorizando a prática social.

Ainda o traçado metodológico consta que, o papel do orientador, que é

“alma” do ProJovem Adolescente, o qual tem a “função–chave” de facilitar a

trajetória de cada um e do Coletivo juvenil na direção do desenvolvimento pessoal e

social, contribuindo para a criação de ambiente educativo, participativo e

democrático, cabendo a ele planejar, organizar e executar as ações socioeducativas.

35

Segundo o Traçado Metodológico,

o orientador social com os jovens é fator que impulsiona o processo socioeducativo e implica não apenas em trazer experiências e conhecimentos, mas propicia que os jovens desenvolvem as próprias idéias e caminhos de atuação (BRASIL, 2009a, p, 37).

Apresentam-se a seguir as dimensões metodológicas que norteiam todo o

trabalho do orientador acerca das atividades realizadas nos Coletivos, sendo

também instrumento de avaliação frente ao desenvolvimento do Coletivo, a

individualidade do jovem, levando-o a desenvolver suas habilidades, conhecimento e

aplicando em suas vivências com intuito do desenvolvimento do protagonismo

juvenil e de sua coletividade.Dimensão dialógica – o alargamento da percepção e da aprendizagem se produz em diálogo entre iguais. Significa considerar a todos como sujeitos de saberes e favorece as ações socioeducativas que se realizem na troca de idéias.Dimensão cognitiva - a ampliação da capacidade de analisar, comparar, refletir, não só sobre o que se aprende, mas sobre como se aprende; capacidade de acessar informações e conhecimentos, de apropriar-se das aprendizagens, reproduzir e criar novos saberes e transformá-los em novas experiências. Dimensão ética – o exercício da participação democrática, da tolerância, da cooperação, da solidariedade, do respeito às diferenças nas relações entre os jovens e entre estes e a equipe de profissionais, para o desenvolvimento de princípios e valores relacionados aos direitos, à dignidade humana, à cidadania e à democracia.Dimensão afetiva – o desenvolvimento e ampliação de relacionamentos interpessoais, envolvimento e comprometimento, construção de interesses comuns, cumplicidades e criação de vínculos afetivos que proporcionam alegria e prazer na participação das ações socioeducativas.Dimensão estética – o estímulo ao desenvolvimento das sensibilidades estéticas na perspectiva da percepção do outro em suas diferenças, independentemente dos valores e padrões impostos como mecanismos de exclusão e invisibilidade social. A valorização e legitimação das diferentes expressões artísticas, culturais, de condições físicas, origem étnica, racial, de opção religiosa e de orientação sexual (BRASIL, 2009a, p. 20).

Resumindo, com a implantação do Programa ProJovem Adolescente –

serviço socioeducativo no Município de Cascavel, há atendimento à 200 jovens

divididos em oito Coletivos, compostos por 25 jovens cada um, todos proveniente de

diversos bairros e de um distrito rural. Seu funcionamento ocorre de segunda à

quinta-feira, perfazendo um total de 12,5 horas por semana, com oficinas variadas,

36

tais como: esporte, teatro, dança em três modalidades (hip-hop, moderna e dança

de salão), cinema, canto, percussão corporal, educomunicação. Essas oficinas são

distribuídas conforme aptidão dos adolescentes, com resultados positivos efetivando

o protagonismo juvenil. Além dessas oficinas, cada Coletivo com seu orientador

planeja e desenvolve suas atividades, conforme o Traçado Metodológico, porém,

suas necessidades, o que e como trabalhar são prioritariamente respeitadas dentro

do Coletivo. O que fica claro é que, esses espaços de construção e interação são

procurados diariamente por outros adolescentes e rede de serviço para sua inserção

nos Coletivos.

37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da reflexão proposta, verificou-se que a sociedade em tempos

remotos tinha um olhar desfavorável quanto à prática do atendimento às crianças e

adolescentes, tratando-os como adultos em miniatura. Para crianças pobres e em

nome da “proteção”, simplesmente realizavam-se um conjunto de ações por

iniciativas de caridade e filantropia. Logo depois, emergiu o assistencialismo com

forte intenção de retirar do convívio familiar crianças e adolescentes das classes

economicamente desfavoráveis, como por exemplo, números significativos de

acolhimentos, com a segregação de crianças e adolescentes, institucionalizando-os.

Essas práticas não romperam, no entanto, com sua linha principal de

arbitrariedade, assistencialismo e repressão junto à população infanto-juvenil, sem o

menor reconhecimento desse “ser” enquanto pessoa, passível de transformações

físicas, biológicas, psíquicas, emocionais, sociais, espirituais, enfim, um ser humano

em processo de desenvolvimento, de hominização.

Observaram-se, também, as lutas sociais para as mudanças que se faziam e

fazem necessárias no que tange ao atendimento às populações que se encontravam

e se encontram em situação de vulnerabilidade social, através de uma política de

direitos sociais de cidadania, no tocante ao acesso aos mínimos sociais. Essa

política foi constituída e hoje é conhecida como o Sistema Único Assistência Social -

SUAS, sistema esse, que desafia profissionais, usuários, governo e sociedade a

construírem uma concepção de direitos enquanto política pública, e não benesses e

caridade.

Dentro desta perspectiva, vem o novo desenho dos atendimentos nos

programas, projetos e serviços socioassistenciais, mantidos pelos governos para

crianças e adolescentes. Quanto ao Programa ProJovem Adolescente – Serviço

Socioeducativo, vem sendo desenvolvido pelo município de Cascavel desde o ano

de 2008 e, pelo que se avalia, com ganhos significativos em relação ao

desenvolvimento dos adolescentes e suas famílias, pois o processo de construção

está interligado com a prática social e pedagógica, a qual proporciona, através do

Traçado Metodológico constituído dentro da Assistência Social, em parceria com as

demais políticas básicas, instrumentalização aos orientadores, que desempenham a

“função-chave” de facilitar a trajetória de cada jovem e de cada Coletivo.

38

O que se percebeu, ainda, é que os adolescentes ensinam, aprendem e

descobrem seu papel na sociedade, reconhecendo-se e sentindo-se pertencentes a

um determinado Coletivo juvenil, sendo este espaço de convívio cooperativo, afetivo,

lúdico e solidário. Propicia oportunidades para o desenvolvimento da criatividade,

valorizando ações e reflexões sobre valores éticos, sobre a formação para o mundo

do trabalho e a cidadania, de forma participativa e democrática.

A percepção de alguns entrevistados sobre o Projeto se encontra no Anexo

B.

Os resultados da pesquisa realizada com alguns pais (Anexo C), mostram

que as respostas deixam clara a satisfação pelo avanço, para alguns muito

significativa, contribuindo para o aumento do nível de escolarização, bem como,

melhoria na convivência familiar e comunitária.

É perceptível, também, que a forma como alguns Coletivos estão

distribuídos, ou seja, fora do território dos Centros de Referência de Assistência

Social - CRAS, não contempla em sua íntegra a orientação do SUAS, no que se

refere à territorialização, pois, quanto mais os Coletivos se envolvem nas questões

locais, mais sentimento de pertencimento e respeito tem para com sua comunidade.

Percebe-se o envolvimento constante dos adolescentes nas oficinas,

trazendo idéias, ajudando a construir processos socioeducativos que os levem a

efetivar o protagonismo juvenil.

Em relação ao processo pedagógico, vale salientar que a preocupação

maior é que essa questão seja inserida no âmbito das discussões da política local de

Assistência Social, para que não se perca o foco e objetivo deste processo e que se

garanta sua continuidade e aperfeiçoamento por meio da atuação técnica e

comprometida dos profissionais da Assistência Social envolvidos na execução dos

serviços socioeducativos, sejam eles assistentes sociais, psicólogos, sociólogos e,

principalmente, pedagogos, para que não se corra o risco de perder ou não se

efetivar o que está sendo construído e apresentando resultados importantes para a

vida dos adolescentes, com reflexos positivos na família e na comunidade, mas

ainda, tendo que ser aprimorado continuamente através de discussões com os

envolvidos no processo pedagógico.

Quanto às manifestações em espaços de escuta com os adolescentes e

com seus familiares, verifica-se que em um espaço de tempo razoável, ou seja, em

dois anos foram iniciados mais quatro coletivos, ainda em processo de

39

desenvolvimento acerca destes, entretanto na sede do Programa Projovem, no

Centro Esportivo Ciro Nardi, percebe-se nos adolescentes que frequentam o

Programa de segunda à quinta-feira:

- Maior permanência dos jovens no sistema de ensino;

- Fortalecimento da auto-estima;

- Desenvolvimento da responsabilidade;

- Maior facilidade para se expressar em público e manifestar idéias;

- Estabelecimento de um maior vínculo com a família e colegas do

coletivo;

- Construção do Grêmio Juvenil do Projovem Adolescente;

- Realização de alguns projetos através das propostas trazidas pelos

adolescentes, que vem de encontro com uma participação mais assídua

dos coletivos;

- Trabalhado algumas dificuldades dos adolescentes, seja na coordenação

motora, no cognitivo, escolaridade diferenciada para que todos possam

compreender o que esta sendo desenvolvido;

Percebe-se que quando há referência nos gráficos (Anexo C) com a legenda

“não opinaram”, foram adolescentes que haviam sido incluídos há pouco tempo, e

estavam no processo de conhecimento da dinâmica do Coletivo, faltando ainda o

sentimento de pertencimento, o qual faz parte da construção de qualquer Coletivo.

. E como ressalta Azevedo (2008, pág. 5),

“Qualquer Política pública que tenha como foco a Juventude não pode ignorar a historia de protagonismo dos jovens na vida brasileira, sob pena de incorrer no erro da efetivação de diretrizes indiferentes aos reais anseios e á participação desse importante segmento populacional”.

40

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, F. P. (Org). Juventude, cultura e políticas públicas: intervenções apresentadas no seminário teórico-político do Centro de Estudos e Memória da Juventude (realizado de 15 a 18 de julho de 2004 em São Paulo). São Paulo: Anita Garibaldi, 2005. ------________--

BOURDIEU, P. A juventude é apenas uma palavra. In: Questões da sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1980.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Anais da V conferência nacional de assistência social. Brasília, 2005. Disponível em: < http://www.mds.gov.br/suas/menu_superior/legislacao-1/cd-suas-vol-01/cd_anais/anais_V_conferencia_nacional.pdf>. Acesso em: 20/01/2010.

______. Norma operacional básica de recursos humanos do SUAS. Brasília, 2006. Disponível em: < http://www.saserj.org.br/norma_op_basica_suas.pdf>. Acesso em: 20/01/2010a.

_______. Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.campolimpopaulista.sp.gov.br/conselhos/PNCFC-DocumentoOficial-dez-2006.pdf>. Acesso em: 20/01/2010b.

________ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Traçado metodológico. – 1. ed. – Brasília: 2009a.

_______. Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo: Caderno do Orientador: Ciclo I: Percurso Socioeducativo I: “Criação do Coletivo”. 1. ed. Brasília, 2009b.

_______. Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo: Caderno do Orientador Social: Ciclo I: Percurso Socioeducativo II: “Consolidação do Coletivo”. 1. ed. Brasília, 2009c.

______. Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo: Caderno do Orientador Social: Ciclo I: Percurso Socioeducativo III: “Coletivo Pesquisador”. 1. ed. Brasília, 2009d.

_______. Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo: Caderno do Orientador Social: Ciclo I: Percurso Socioeducativo IV: “Coletivo Questionador”. 1. ed. Brasília, 2009e.

_______. Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo: Caderno do Orientador Social: Ciclo II: Percurso Socioeducativo V: “Coletivo Articulador-Realizador”: Participação cidadã. 1. ed. Brasília, 2009f.

41

_______. Projovem Adolescente: Serviço Socioeducativo: Caderno do Facilitador da FTG: Ciclo II: Percurso Socioeducativo V: “Coletivo Articulador-Realizador”: Formação Técnica Geral. 1. ed. Brasília, 2009g.

_______. Adolescências, juventudes e socioeducativo: concepções e fundamentos. 1. ed. Brasília, 2009h.

_______. Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/programas/rede-suas/protecao-social-basica/paif>. Acesso em: 20/01/2010a.

_______. Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/programas/rede-suas/protecao-social-especial/centros-de-referencia-especializados-de-assistencia-social-servicos-de-protecao-social-especial-a-familia-pessoa-idosa-crianca-adolescente-e-pessoa-com-deficiencia/centros-de-referencia-especializado-da-assistencia-social-2013-creas-familias-e-individuos>. Acesso em: 20/01/2010b.

_______. Programa Bolsa Família. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/o_programa_bolsa_familia/o-que-e>. Acesso em: 20/01/2010c.

_______. Juventude. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/secgeral/frame_juventude.htm>. Acesso: 20/01/2010d.

_______. PROJOVEM Urbano. Brasília, 2010. Disponível em: < http://www.projovemurbano.gov.br/s. php?p=material&tipo=Conteudos&cod=11>. Acesso em: 20/01/2010e.

CARDOSO, V. Juventude, Cultura e políticas públicas: intervenções apresentadas no seminário teórico-político do Centro de Estudos e Memória da Juventude (realizado de 15 a 18 de Julho de 2004 em São Paulo). AZEVEDO, F. P. (Org.). São Paulo: Anita Garibaldi, 2005.

CASCAVEL. Secretaria Municipal de Assistência Social. Projeto Pedagógico Municipal: Projovem Adolescente. Cascavel, 2008.

CASTRO, H. R. Brasil registra menor índice de pobreza dos últimos 15 anos . Política & Sustentabilidade. Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2007. Disponível em: <http://hrcastro.wordpress.com/2007/09/26/brasil-registra-menor-indice-de-pobreza-dos-ultimos-15-anos/>. Acesso em: 20/01/2010.

CÓDIGO DE MENORES. Decreto n. 17.943 A – de 12 de Outubro de 1927. Disponível em: <http://www.ciespi.org.br/base_legis/legislacao/DECRETO_17943.html>. Acesso em: 20/01/2010.

CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CONANDA). Resolução no 91, de 23 de Junho de 2003. Disponível em: < http://www.mp.go.gov.br/ancb/documentos/ACERVO_DE_

42

%20APOIO/LEGISLACAO/RESOLU%C3%87%C3%95ES%20DO%20CONANDA/Resolu%C3%A7%C3%A3o%20n%C2%BA%2091%20-%20Crian%C3%A7a%20e%20Adolescente%20Ind%C3%ADgena.pdf>. Acesso em: 20/01/2010.

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOSDA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CMDCA). O que é o CMDCA? 2010. Disponível em: < http://www.cmdca.salvador.ba.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=12&Itemid=26>. Acesso em: 20/01/2010.

DEL PRIORE, M. (org.) História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 1991.

_______. (org.) História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 1999.

DEMO, P. Política social, educação e cidadania. Campinas/SP: Papirus, 1994.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA). lei Nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 20/01/2010.

FERREIRA, L. A. M. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o professor: reflexos na sua formação e atuação. São Paulo: Cortez, 2008.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

_______. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO BEM-ESTAR DO MENOR (FUNABEM). Lei nº 4.513 - de 1o de Dezembro de 1964. Disponível em: < http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1964/4513.htm>. Acesso em: 20/01/2010.

FUNDAÇÃO ESTADUAL DO BEM-ESTAR DO MENOR (FEBEM). Lei Estadual 1.534 de 27/11/1967. Disponível em: <http://www.fia.rj.gov.br/historia.htm>. Acesso em: 20/01/2010.

FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA (UNICEF). As condições de vida das crianças e adolescentes. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/SA2003_parte2.pdf>. . Acesso em: 20/01/2010.

IAMAMOTO, M. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional - São Paulo: Cortez, 1998.

JORNAL DIÁRIO COMUNITÁRIO. Cascavel, Paraná. Dezembro de 2008.

KRAMER, Estudos da Infância, educação e práticas sociais. SARMENTO, M.; GOUVEA, M. C. S. (Orgs.). Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. Coleção ciências Sociais da educação.

43

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDBN). Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 20/01/2010.

LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS). Lei 8742, de 07.12.1993. Disponível em: <http://www.congemas.org.br/loas.pdf>. Acesso em: 20/01/2010.

LEONTIEV, A. Desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Centauro, 2004.

MIRAGLIA, P. Juventude ferida. Biblioteca Nacional, São Paulo, 01/10.2007. Disponível em: < http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1155>. Acesso em: 20/01/2010.

NETTO, J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1996.

ROSA, E. R.; ANDRÉ, M. F. C. Aspectos políticos e jurídicos da educação especial brasileira. In: Programa Institucional de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais - PEE (org). Pessoas com deficiência: aspectos teóricos e práticos. Cascavel, Pr: Edunioeste, 2006.

SEDA, E. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. 1991.

VASCONCELOS, V. M. R. Infância e Psicologia: marcos teóricos da compreensão do desenvolvimento da criança pequena. In: SARMENTO, M.; GOUVEIA, M.C. S. (orgs). Estudos da infância: educação e práticas sociais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 62 – 81.

VIEIRA, E. Democracia e política social. São Paulo: Cortez, 1992.

VOLPI, M. Sem direitos e sem liberdade: privação de liberdade na percepção do adolescente. São Paulo: Cortez, 2001.

44

ANEXOS

ANEXO A

46

Reportagem publicada no Jornal Diário Comunitário (2008, p. 6):

”Diante das participações da juventude brasileira a través de alguns segmentos da

sociedade, passaram a cobrar políticas públicas que efetivem os direitos até então

garantidos pela legislação. ... Foi então que emergiram programas sociais para essa faixa

etária, que até então quase não se discutia (sic). É claro que, como todo programa ou

projeto, tem que ter sua construção na base, passo a passo, com a participação dos

adolescentes, mas com a cultura de se opinar ou se colocar a disposição para contribuir na

construção desses núcleos de jovens e sentirem pertencentes aos mesmos, e como é

comum, o processo de participação foi lento, mas gradativo, e teve alguns resultados

positivos e decorrente a avaliação do governo federal juntamente com a sociedade civil

organizada, veio a reformulação do projeto o qual passou a ter um corpo maior, envolvendo

as políticas de saúde, cultura, assistência, educação, às quais construíram um traçado

metodológico que atende o jovem na sua integralidade, os jovens enquanto sujeitos de

direitos, assegurando assim o compromisso público na continuidade deste Programa” (sic).

47

ANEXO B

48

A percepção de alguns entrevistados sobre o Programa:

“No começo eu não tinha interesse, mas com o passar do tempo, comecei a gostar

de participar das atividades. O Projeto me ensinou muita coisa, ex: Perder a

vergonha de falar em público, o meu comportamento melhorou, aprendi muita coisa

como: informática, dança, teatro e fiz o curso de “modelagem industrial” pelo Senai .

E tudo que aprendi ensino na minha comunidade, no colégio, na família e aprendi

uma coisa muito importante a união em grupo e sempre ajudo o grupo” (sic M.L.P

-18 anos).

“O projeto contribuiu muito, ele, nos ajuda no crescimento pessoal, pois aqui eu

comecei a perder a timidez, a ter mais responsabilidade, aprendi a se superar na

vida, por mais que fosse difícil, eu aprendi a lutar até o fim, e sempre se superar. Eu,

estou no Projovem faz um ano, durante esse ano , eu conheci muitas pessoas, que

me ajudaram , pessoas que se tornaram meus amigos, adolescentes que ajudaram

a ficar mais amigos dos outros. Nos primeiros dias pensei que seria mais uma

ocupação na minha vida, onde eu, ia iria mais uma vez na vida ficar sozinho, sem

nenhum amigo para conversar. Mas tudo era imaginação, com o passar do tempo,

fui ficando amigo dos outros, conhecendo mais cada um. Eu aprendi muitas coisas,

educomunicação, teatro, informática entre outras oficinas. Na minha família eu senti

a diferença, pois comecei a ter mais dialogo com meu pai, em vez de ficar isolado

em meu quarto, No colégio estou bem. Pois então, o projeto só me trouxe

benefícios, eu só tenho que agradecer” (sic - D.C.A - 16 anos).

“Me ajudou muito, tanto em casa quanto na vida social. Em cassa me ajudou a

conviver melhor com a minha família, me ajudou também no colégio melhorando as

notas, a falar com as pessoas a minha vida social melhorou muito fiz muitos amigos,

eles, me falam com eu era antes e agora, O projeto melhorou a minha vida pra

melhor”( sic - R.S - 16 anos).

49

ANEXO C

50

AVALIAÇÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS EM RELAÇÃO À CONTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA PROJOVEM ADOLESCENTE NO DESENVOLVIMENTO DOS ADOLESCENTES NO ANO DE DEZEMBRO 2009

1) Após a inserção do adolescente (a) no Coletivo houve contribuição positiva na

vida do mesmo10?

Gráfico 1 – Contribuição na vida do adolescente após inserção no Coletivo

Fonte: Resultados da pesquisa

2) Seu filho (a) demonstra interesse e gosta das atividades desenvolvidas no

Coletivo11 do Programa?

Gráfico 2 – Interesse pelas atividades desenvolvidas no Coletivo do Programa

Fonte: Resultados da pesquisa

3) O Programa tem contribuído para o aumento do interesse do adolescente (a) em

relação ao nível de escolaridade12?

10 Articulação com as diversas dimensões da sua vida como indivíduo, como futuro profissional e como cidadão.11 Dimensão dialógica – o alargamento da percepção e da aprendizagem se produz em diálogo entre iguais. Significa considerar a todos como sujeitos de saberes e favorecem as ações socioeducativas que se realizem na troca de idéias.12 Dimensão cognitiva - a ampliação da capacidade de analisar, comparar, refletir, não só sobre o que se aprende, mas sobre como se aprende; capacidade de acessar informações e conhecimentos, de apropriar-se das aprendizagens, reproduzir e criar novos saberes e transformá-los em novas experiências.

51

Gráfico 3 – Contribuição do Programa para o aumento do interesse do adolescente

com a escolaridade

Fonte: Resultados da pesquisa

4) A participação do seu filho (a) no Coletivo contribuiu e contribui para o melhor

relacionamento13 familiar?

Gráfico 4 – Contribuição do Programa para melhor relacionamento familiar

Fonte: Resultados da pesquisa

5) Seu filho (a) tem demonstrado maior diálogo e respeito14 para com seus

responsáveis?

Gráfico 5 – Demonstração de maior diálogo e respeito pelos responsáveis

Fonte: Resultados da pesquisa

13 Dimensão ética – o exercício da participação democrática, da tolerância, da cooperação, da solidariedade, do respeito às diferenças nas relações entre os jovens e entre estes e a equipe de profissionais, para o desenvolvimento de princípios e valores relacionados aos direitos, à dignidade humana, à cidadania e à democracia. 14 Dimensão afetiva – o desenvolvimento e ampliação de relacionamentos interpessoais, envolvimento e comprometimento, construção de interesses comuns, cumplicidades e criação de vínculos afetivos que proporcionam alegria e prazer na participação das ações socioeducativas.

52

6) Seu filho (a) tem demonstrado respeito para com seus irmãos e demais membros

da família 15?

Gráfico 6 – Demonstração de respeito para com a família

Fonte: Resultados da pesquisa

7) Você como responsável, gostaria que o Programa continuasse?

Gráfico 7 – O Programa deve continuar?

Fonte: Resultados da pesquisa

Segundo o Traçado Metodológico (2009, p. 48),

na concepção socioeducativa do Projovem Adolescente, a avaliação é um processo intencional, contínuo, sistemático, qualitativo e cumulativo que subsidia o planejamento das ações. O processo avaliativo permite a verificação quanto ao atingimento dos objetivos propostos e um acompanhamento mais adequado do desempenho de cada jovem e do coletivo, gerando formas de apoio aos jovens em suas dificuldades e propondo ações para correção de rumos no processo socioeducativo.

15 Dimensão estética – o estímulo ao desenvolvimento das sensibilidades estéticas na perspectiva da percepção do outro em suas diferenças, independentemente dos valores e padrões impostos como mecanismos de exclusão e invisibilidade social. A valorização e legitimação das diferentes expressões artísticas, culturais, de condições físicas, origem étnica, racial, de opção religiosa e de orientação sexual.

53

Gráfico 8 – Motivos que levaram o adolescente a fazer parte do Programa

Fonte: Resultados da pesquisa

54

Gráfico 9 – Participação e Contribuição para com o Programa

Fonte: Resultados da pesquisa

55

Gráfico 10 – Dificuldades em relação ao Programa

Fonte: Resultados da pesquisa

56

Gráfico 11 – Significado do ProJovem para o adolescente

Fonte: Resultados da pesquisa

57

Gráfico 12 – Satisfação com o material pedagógico

Fonte: Resultados da pesquisa

58

Gráfico 13 – Entendimento do conteúdo

Voc ê c ons eg ue entend er a forma c omo o c on teú do lh es é rep as s ad o? S im ou n ão?

74%

5%

21%

Sim, os professoresexplicam de forma bemdiferenciada docolégio, é divertido enão cansativo

Não opinaram ou nãosabem

Não entendem, poisexistem conteúdosdifíceis e professoresque não conseguemrepassarconhecimento.

Gráficos : Ana Paula Joaquim Menezes Fonte: Resultados da pesquisa

59

Gráfico 14 – Atividades que mais gosta

Quais atividades que voc ê g os ta de partic ipar no P rog rama?

Não sabe ou não respondeu

6%

Dança, teatro e artesanato,

técnicas vocais18%

Todas44%

Esporte32%

Gráficos : Ana Paula Joaquim Menezes

Fonte: Resultados da pesquisa

60

Gráfico 15 – Atividades que gostaria de participar

Fonte: Resultados da pesquisa

61

Gráfico 16 – Atividades que não gostaria de participar

Fonte: Resultados da pesquisa

62